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Terror na Polônia! O Assustador Caso Envolvendo uma Suposta Atividade "Poltergeist" no Vilarejo de Turza Wielka!

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Por Marco Faustino

Em meados do mês passado, apresentei a vocês uma história um tanto quanto estranha e inacreditável, que circulou de forma ostensiva na mídia russa, e que chegou até o nosso país através da agência internacional de notícias "Sputnik", um veículo de imprensa russo, que é controlado e operado pela empresa estatal Rossiya Segodnya (particularmente, considero a Sputnik muito mais como um veículo de desinformação do que informação). Segundo um curto texto publicado pela agência, um comunicado enviado ao Ministério do Interior da Região de Tomsk, na Rússia, informava, que uma moradora do povoado de Maraksa havia chamado a polícia mediante uma ocorrência incomum: resolver o problema de "objetos que estavam voando pela sua casa". A polícia, ao chegar na casa, teria visto, com os próprios olhos, livros caindo sozinhos de uma estante, uma faca cravada na parede de madeira, e até mesmo um bastão, que teria saído voando de um dos cômodos. Segundo o comunicado, não teria sido encontrada nenhuma explicação racional para o evento. Assim sendo, os policiais teriam chamado religiosos locais, que teriam realizado um ritual de consagração para tentar resolver a situação, mas que teria sido em vão. Enfim, vale muito a pena conferir aquele caso, que supostamente envolveria uma "atividade poltergeist". Aliás, recentemente acrescentei uma atualização, que talvez ajude a tentar entender todo esse mistério (leia mais: Poltergeist na Rússia? Policiais Teriam Pedido Ajuda da Igreja ao se Depararem com "Fenômenos Paranormais", no Vilarejo de Maraksa!).

Agora, eis que fiquei sabendo de um caso ocorrido entre o fim de novembro e início de dezembro do ano passado, na Polônia, que tomou conta da imprensa local, mas que acabou não repercutindo em praticamente nenhum veículo de comunicação de língua inglesa e, muito menos, aqui no Brasil. É a história de uma família, que mora no vilarejo de Turza Wielka (ou "Turzy Wielkiej"), localizado a cerca de 160 km a noroeste de Varsóvia, que teria passado por momentos assustadores em seu apartamento, com diversos objetos que também teriam começado a cair de cima de móveis, e a voar pelo apartamento. Um padre teria sido chamado, porém o mesmo teria sido igualmente atacado por supostas "forças demoníacas". Esse é um caso particularmente interessante, porque além de uma adolescente de 12 anos fazer parte da família (uma pessoa que, segundo a literatura, poderia ser o objeto central de uma "atividade poltergeist"), a própria família alegou, que tudo teria começado após terem comprado uma espécie de sofá-cama de um vizinho. Estranho, não é mesmo? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Entenda o Caso: Um Resumo do que Foi Publicado pela Mídia Polonesa em Dezembro do Ano Passado!


Em uma tentativa de ser o mais sucinto possível, mas igualmente informativo, vou tentar fazer uma espécie de resumo do que foi mencionado pela mídia polonesa no ano passado. Bem, conforme mencionei anteriormente, os estranhos eventos começaram no fim de novembro, mas precisamente no dia 23 de novembro, no apartamento de uma família, no pequeno vilarejo de Turza Wielka, no condado de Działdowo, a cerca de 160 km a noroeste de Varsóvia, a capital da Polônia. Para vocês terem uma ideia, o vilarejo é bem pequeno mesmo, uma vez que possui aproximadamente 700 habitantes.



Bem, conforme mencionei anteriormente, os estranhos eventos começaram no fim de novembro, mas precisamente no dia 23 de novembro, no apartamento de uma família, no pequeno vilarejo de Turza Wielka, no condado de Działdowo, a cerca de 160 km a noroeste de Varsóvia, a capital da Polônia.
Foto da Igreja Nossa Senhora do Rosário, no vilarejo de Turza Wielka
Na noite de 23 de novembro do ano passado, pilhas antigas começaram a cair dos móveis e, posteriormente, uma estranha "força" teria começado a arremessar objetos diferentes no interior dos cômodos. No prédio, que costumava abrigar uma escola no passado remoto, moravam outras três famílias distintas, e que não possuíam qualquer grau de parentesco entre si.

No sótão do prédio morava a família Pokropska. Aliás, eles moravam naquele local há 15 anos. Eis os integrantes da família: a Sra. Krystyna, 40 anos, seu marido Kazimierz, 58 anos, seu filho Irek, 18 anos, a filha Martyna, 12 anos, e os gêmeos Adaś e Ewunia, que possuíam cerca de um ano e meio de idade.

Foto divulgada da família Pokropska no início de dezembro do ano passado.
Foto divulgada da família Pokropska no dia 18 de dezembro do ano passado.
Essa foto inclui o filha mais velho, o Irek, que possui 18 anos de idade.
"Deve ser uma maldição. Pilhas, bloquinhos de brinquedo, facas e cadeados começaram a voar espontaneamente pelo nosso apartamento. Ficamos horrorizados. Fugi com meu marido e as crianças no meio da noite. A intervenção do nosso pároco local não resolveu nada", disse a Sra. Krystyna, que teria passado a morar em um centro de acolhimento da Cáritas, uma entidade de promoção e atuação social que trabalha na defesa dos direitos humanos, da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável solidário. As informações apontavam que a família teria ficado entre os dias 24 de novembro a 4 de dezembro no abrigo localizado no condado de Działdowo.

"Tudo começou quando compramos um sofá-cama de um dos nossos vizinhos por cerca de 100 zlotys (cerca de R$ 95 pela cotação atual) . Tudo estava bem no primeiro dia e durante a noite. No entanto, na noite seguinte, pilhas antigas começaram a cair sozinhas das estantes de livros. Meu marido colocou-as de volta no lugar, e fomos para cama. Então, fomos acordados por batidas na porta e outros barulhos", continuou. De acordo com Krystyna, não havia ninguém atrás da porta, quando seu marido se levantou para abri-la.

Foto mostrando o prédio onde a família Pokropska mora, em Turza Wielka.
Foto mostrando as janelas da residência da família Pokropska, em Turza Wielka.
"Quando brinquedos, bloquinhos de montar, moedas e ferramentas afiadas, assim como facas ou garfos, começaram a voar pelo apartamento, ficamos aterrorizados. Esta situação teve um enorme impacto sobre nós e nossos filhos. Nossa filha de 12 anos está sem ir na escola há uma semana", continuou.

Assim sendo, a família rapidamente decidiu pedir ajuda a um padre local. O padre Miroslaw Culepa, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Turza Wielka, foi até o apartamento da família para abençoar o local.

"Tudo começou quando compramos um sofá-cama de um dos nossos vizinhos por cerca de 100 zlotys (cerca de R$ 95 pela cotação atual) . Tudo estava bem no primeiro dia e durante a noite. No entanto, na noite seguinte, pilhas antigas começaram a cair sozinhas das estantes de livros. Meu marido colocou-as de volta no lugar, e fomos para cama. Então, fomos acordados por batidas na porta e outros barulhos", disse Krystyna.
"Quando brinquedos, bloquinhos de montar, moedas e ferramentas afiadas, assim como facas ou garfos, começaram a voar pelo apartamento, ficamos aterrorizados. Esta situação teve um enorme impacto sobre nós e nossos filhos. Nossa filha de 12 anos ficou sem ir na escola por uma semana", continuou.
Foto mostrando talheres, que teriam voado espontaneamente no interior da residência.
"Primeiramente, o padre realizou uma missa na igreja, depois veio até o nosso apartamento e juntos oramos pela paz e pelo bem da nossa família. No entanto, em um determinado momento, quando o padre se sentou no sofá, um cadeado voou e o atingiu logo acima da cabeça, arrancando sua biretta (uma espécie de adorno quadrangular, com três ou quatro pontas, utilizado por determinados clérigos católicos, anglicanos e luteranos, acima da cabeça)", seguiu dizendo a Sra. Krystyna.

Então, o padre recomendou que a família saísse do apartamento. Uma vez que estavam sendo perturbados por "fenômenos desconhecidos", a família foi até uma "cidade vizinha" chamada Płowęż, localizada a cerca de 70 km a leste de Turza Wielka para recorrer a um "padre exorcista" local.

"Três de nós - eu, meu marido e nosso filho mais velho - fomos ver o exorcista. No entanto, de nada adiantou. Objetos ainda estão voando pelo apartamento. Aliás, eles continuaram voando mesmo quando repórteres de canais de televisão, jornais e da mídia em geral estiveram presentes no apartamento", disse a Sra. Krystyna, em declaração ao site de notícias "Codziennik mławski", em uma reportagem publicada no dia 4 de dezembro do ano passado, que estou usando como base para fazer esse resumo (contudo essa informação será contestada mais a frente).



Infelizmente, no dia da visita de uma equipe de reportagem do "Codziennik mławski", a mesma não conseguiu entrar em contato com o padre local. No entanto, eles conseguiram entrar em contato com o Sr. Marek Waśkowiak, responsável administrativo do vilarejo de Turza Wielka.

"Não vi nada disso com meus próprios olhos, mas há uma força sinistra nesse apartamento. Acredito em tudo que os moradores e o padre me contaram. Há coisas realmente estranhas acontecendo lá, que vão além do entendimento da maioria dos nossos moradores locais", disse Marek Waśkowiak.

Conforme dissemos anteriormente, o prédio onde a família Pokropska morava, costumava ser uma escola, porém há quase 100 anos. De acordo com moradores locais, antes da família se mudar para o prédio, o sótão era habitado por um idoso, de nacionalidade alemã, com sobrenome Stern. Os moradores mais antigos dizem que ele doou terrenos para a construção da igreja e do cemitério, mas fez questão de enfatizar que as pessoas deveriam ser enterradas gratuitamente. Por outro lado, alguns moradores tinham passado a associar a situação, que a família vinha enfrentando, com o assassinato desse mesmo idoso por tropas russas.

O casal Krystyna e Kazimierz teriam passado a andar pela residência segurando terços
No molho de chaves teria sido adicionado um chaveiro com a chamada "Cruz de São Bento"
O casal Krystyna e Kazimierz mostrando uma das facas, que teria saído "voando" pela cozinha do apartamento.
Como isso não bastasse, outros moradores relembraram uma história, de quase um ano atrás, sobre uma suposta "menininha assombrada".

"Houve uma situação semelhante há quase um ano. Na época, uma pessoa estava assombrada, uma menininha, que morava com seus pais. As pessoas costumavam dizer que ele vivia brincando de 'invocar espíritos' e, eventualmente, ela conseguiu, mas teria começado a ser assombrada pelos espíritos", disse uma moradora local, que pediu para não ser identificada.

De acordo com as informações obtidas a partir de moradores de Turza Wielka, a família se mudou com a menina, e nunca mais ninguém teria tido notícias da mesma. Aliás, a Sra. Krystyna Pokropska e seu marido Kazimierz, lembravam perfeitamente desse outro incidente.

"Conhecemos a história, também ficamos sabendo que os pais da menina visitaram o exorcista. Estamos esperando pelo exorcista de Toruń, uma vez que nossa paróquia pertence a essa diocese", disse a Sra. Krystyna, no dia 2 de dezembro do ano passado, acrescentando que estavam vivendo em um centro de acolhimento da Cáritas, e que naquele dia seu marido e seu filho mais velho iriam retornar ao apartamento e ver o que iria acontecer. Enquanto isso a administração do vilarejo estava cobrindo as despesas da família durante a permanência no centro.

Foto de um dos padres que compareceram a residência da família
Mias uma foto mostrando a entrada principal do prédio onde a família Pokropska mora
"Recebemos cerca de 900 PNL (cerca de R$ 860 pela cotação atual) da administração do vilarejo para cobrir as despesas. Entretanto, precisamos procurar por um outro apartamento em Działdowo. Não é algo simples, porque poucas pessoas alugam imóveis para famílias com crianças pequenas", disse a Sra. Krystyna. Aliás, a família não queria morar muito longe, visto que o Sr. Kazimierz trabalhava no referido condado.

"O melhor cenário seria voltar para o nosso apartamento. Há uma igreja, escola e trabalho em Turza, basta dobrar a esquina. Tudo deve melhorar em breve, uma vez que estamos aguardando pelo exorcista e pela ajuda das autoridades locais", continuou.

No dia 8 de dezembro, o site "Codziennik mławski" publicou uma nova atualização sobre o caso. Na época foi mencionado, que a família havia voltado para o apartamento em Turza Wielka. Porém, após cerca de dois dias de paz, ou seja, sem quaisquer estranhas atividades, a família foi obrigada a deixar novamente o apartamento. Bloquinhos de brinquedo teriam começado novamente a voar pelo apartamento, pratos de vidros começaram a quebrar e, no assento do vaso sanitário, no banheiro, foram encontradas duas facas posicionadas em formato de cruz.

Após cerca de dois dias de paz, ou seja, sem quaisquer estranhas atividades, a família foi obrigada a deixar novamente o apartamento. Bloquinhos de brinquedo teriam começado novamente a voar pelo apartamento, pratos de vidros começaram a quebrar e, no assento do vaso sanitário, no banheiro, foram encontradas duas facas posicionadas em formato de cruz.
Na notícia foi mencionado, que a família havia voltado ao apartamento no dia 4 de dezembro, uma segunda-feira. Nenhum "fenômeno paranormal" teria acontecido nos dias 5 e 6 de dezembro. Contudo, na noite de 7 de dezembro, estranhas "forças" teriam começado a agir novamente no apartamento.

"Não faço ideia do que pensar sobre essa situação. Ontem, quinta-feira (7), por volta das 20h, a Sra. Pokropska veio até mim, e disse que, novamente, coisas estranhas estavam acontecendo em sua casa. Hoje (8), fiquei sabendo que eles levaram as crianças e saíram novamente do apartamento", disse Marek Waśkowiak, responsável administrativo do vilarejo de Turza Wielka. A família desesperada não sabia o que fazer, e a única esperança era a visita do tal padre exorcista de Toruń.

"Ontem (7) começou tudo de novo. Primeiramente, alguns blocos de brinquedo caíram, e então facas começaram a flutuar no ar. Posteriormente, um copo de vidro voou com tanta força dentro de um quarto, que o partiu em pedacinhos", disse a Sra. Krystyna. No entanto, foram as facas em formato de cruz, que mais assustaram a família Pokropska. A família tinha certeza, que alguma coisa queria expulsá-los de sua própria casa. Ainda segundo a Sra. Krystyna, sua filha de 12 anos, a Martyna Pokropska, já estava há duas semanas sem frequentar a escola, sendo que ela ficou muito nervosa com toda essa situação. Ainda segundo a atualização, aparentemente, a menina chegou a ser levada até um hospital.

A Reportagem Realizada pelo Jornal Gazeta Olsztyńska: O Apartamento Supostamente Assombrado de Turza Wielka


No dia 12 de dezembro, o jornal "Gazeta Olsztyńska" publicou uma reportagem sobre o caso, que estava no vilarejo Turza Wielka, em seu próprio canal no YouTube. Confira o mesmo abaixo (em polonês, mas irei destrinchá-lo para vocês a seguir):



Inicialmente, a reportagem basicamente nos informou sobre aquilo, que já havia sido anteriormente divulgado sobre o caso. O jornalista enviado pela "Gazeta Olsztyńska" perguntou a Sra. Krystyna Pokropska se ela achava que um exorcista iria realmente ajudá-los diante daquela situação. Ela respondeu que esperava que ajudasse, e que estavam esperando ansiosamente pelo mesmo. Havia uma grande esperança, que o exorcista pudesse expulsar o mais novo "morador" da casa.

Ao conversar com o primeiro exorcista, na cidade de Płowęż, Krystyna disse que o exorcista lhe perguntou, após orarem juntos, se a família tinha adquirido algum mobiliário novo ou algum tapete recentemente. Então, ela respondeu que havia comprado um sofá de um amigo. Ela disse que chegou a devolver o sofá, mas isso não resolveu o problema. O exorcista também teria mencionado, que alguém poderia ter rogado uma maldição contra sua família. Krystyna disse que, ultimamente, a família não estava tendo uma boa relação com os vizinhos. De qualquer forma, a família não sabia o que estava acontecendo. Ela voltou a confirmar que morava há 15 anos no apartamento, e era a primeira vez que algo assim acontecia. Ela definiu a experiência como um pesadelo pior que um filme de terror. De qualquer forma, o padre exorcista de Płowęż não foi entrevistado pela mídia.

Inicialmente, a reportagem basicamente nos informou sobre aquilo, que já havia sido anteriormente divulgado sobre o caso. O jornalista enviado pela "Gazeta Olsztyńska" perguntou a Sra. Krystyna Pokropska se ela achava que um exorcista iria realmente ajudá-los diante daquela situação. Ela respondeu que esperava que ajudasse, e que estavam esperando ansiosamente pelo mesmo.
Krystyna disse que, ultimamente, a família não estava tendo uma boa relação com os vizinhos. De qualquer forma, a família não sabia o que estava acontecendo. Ela voltou a confirmar que morava há 15 anos no apartamento, e era a primeira vez que algo assim acontecia.
Ao ser questionada como tudo havia começado, Krystyna disse que havia comprado um sofá usado, e no dia seguinte pilhas começaram a cair do armário. Posteriormente, moedas também teriam começado a cair por todos os lados. Segundo ela, era como se alguém tivesse jogando-as em todos os cantos. Depois das moedas foi a vez dos bloquinhos de brinquedo, colheres, garfos, facas e cadeados. Os objetos estavam na cozinha e na sala de estar.

Antes do padre local abençoar a residência, Krystyna disse que água teria começado a escorrer do teto, sendo que não havia nenhuma mancha ou vazamento. No dia seguinte a visita do padre, Krystyna disse que queria limpar o apartamento. Ela disse que chegou a limpar uma das janelas, mas não conseguiu pendurar uma cortina, porque objetos teriam começado novamente a voar pela casa.

Antes do padre local abençoar a residência, Krystyna disse que água teria começado a escorrer do teto, sendo que não havia nenhuma mancha ou vazamento. No dia seguinte a visita do padre, Krystyna disse que queria limpar o apartamento. Ela disse que chegou a limpar uma das janelas, mas não conseguiu pendurar uma cortina, porque objetos teriam começado novamente a voar pela casa.
Krystyna disse que voltou a procurar o padre, que dessa vez lhe aconselhou a sair da casa. Assim sendo, ela, o marido e as crianças teriam ido para casa de parentes. O padre teria ido mais uma vez na residência, abençoado a mesma, e em um determinado momento, colocou sua biretta sobre a cama de um dos cômodos. Após um tempo, a biretta teria caído no chão. Eles teriam pegado o adorno e debaixo do mesmo havia um cadeado, ou seja, essa versão é bem diferente da anterior, que dava a entender que um cadeado havia sido arremessado contra a cabeça do padre. Assustado, o padre teria rezado o terço com a família e ido embora. Depois de um tempo, a família teria encontrado uma grande faca de cozinha caída no corredor. Não encontrei nenhuma entrevista realizada por parte da mídia com esse padre em questão.

A família passou um fim de semana na casa de parentes, e posteriormente procurou ajuda da administração do vilarejo. Krystyna disse que explicou o que estava acontecendo, mas o representante municipal disse que não havia nenhum apartamento disponível, razão pela qual eles ficaram no centro de acolhimento da Cáritas. Após alguns dias eles retornaram para a residência e, após dois dias de relativa tranquilidade, facas teriam começado a voar novamente pelo apartamento. Além disso, colheres também teria começado a voar em todas as direções. Segundo Krystyna, as colheres estavam tão quentes, que parecia que as mesmas tinham sido colocadas no forno.

A família passou um fim de semana na casa de parentes, e posteriormente procurou ajuda da administração do vilarejo. Krystyna disse que explicou o que estava acontecendo, mas o representante municipal disse que não havia nenhum apartamento disponível, razão pela qual eles ficaram no centro de acolhimento da Cáritas.
Após alguns dias eles retornaram para a residência e, após dois dias de relativa tranquilidade, facas teriam começado a voar novamente pelo apartamento. Além disso, colheres também teria começado a voar em todas as direções. Segundo Krystyna, as colheres estavam tão quentes, que parecia que as mesmas tinham sido colocadas no forno.
Ao ser questionada se ela tinha presenciado tudo o que estava falando, Krystyna disse que sim. Ela também acrescentou que, em um determinado momento, uma taça de vinho foi arremessada contra um armário, e partiu em vários pedaços antes de cair no chão (anteriormente havia sido mencionado apenas que era um copo de vidro). Ela também mencionou sobre as facas, que foram encontradas em formato de cruz sobre o assento sanitário, alegando que estava com medo da situação, porque ela tinha filhos pequenos, que se movimentavam constantemente pelo apartamento, ou seja, ela tinha medo que algo os atingisse.

Eles teriam ido novamente para a casa de parentes, e posteriormente voltado para o centro de acolhimento da Cáritas. Krystyna disse que voltou novamente para a residência, esperando que tudo voltasse ao normal. Ela disse que não podia mais recorrer a casa de sua sogra, porque a mesma estaria muito doente, e uma família com seis pessoas seria um fardo para qualquer um. Os parentes de família de Krystyna também não foram entrevistados pela mídia.

Ela também mencionou sobre as facas, que foram encontradas em formato de cruz sobre o assento sanitário, alegando que estava com medo da situação, porque ela tinha filhos pequenos, que se movimentavam constantemente pelo apartamento, ou seja, ela tinha medo que algo os atingisse.
Martyna Pokropska, a filha de 12 anos do casal, também foi rapidamente entrevistada. Ela disse que estava muito assustada com a situação, e que ela estava com medo dos objetos que estavam voando pela casa. Ela disse que seus amigos na escola sabiam sobre o que estava ocorrendo em sua casa, e que mandavam mensagens de texto perguntando se era mesmo verdade ou não.

Martyna Pokropska, a filha de 12 anos do casal, também foi rapidamente entrevistada. Ela disse que estava muito assustada com a situação, e que ela estava com medo dos objetos que estavam voando pela casa.
Na reportagem também apareceu um pastor protestante chamado Leszek Korzeniecki dizendo que queria primeiramente conversar com a família sobre a "espiritualidade" no interior da casa. Então, disse que todos rezariam juntos, e finalmente pediriam para que o "demônio" deixasse a residência. Ele disse que tinha experiência em relação a casos anteriores.

Ao ser questionado sobre quais seriam esses casos, Leszek explicou apenas, que eles eram bem semelhantes ao que a família Pokropska vinha enfrentando. As famílias não conseguiam mais morar em suas casas devido a atividades assustadoras, sendo, portanto, obrigadas a se mudar. Leszek também disse que havia aprendido, que o ocultismo favorecia a aparição dos demônios, mas, em geral, eles estavam presentes onde quer que o pecado estivesse, sendo que o pecado estaria em toda parte. Segundo o pastor, os demônios eram, por definição, desonestos. De acordo com ele, Jesus os chamava de "mentirosos", "ladrões" e "assassinos", uma vez que suas ações seriam baseadas na injustiça.

Na reportagem também apareceu um pastor protestante chamado Leszek Korzeniecki dizendo que queria primeiramente conversar com a família sobre a "espiritualidade" no interior da casa. Então, disse que todos rezariam juntos, e finalmente pediriam para que o "demônio" deixasse a residência. Ele disse que tinha experiência em relação a casos anteriores.
Leszek também disse que havia aprendido, que o ocultismo favorecia a aparição dos demônios, mas, em geral, eles estavam presentes onde quer que o pecado estivesse, sendo que o pecado estaria em toda parte. Segundo o pastor, os demônios eram, por definição, desonestos.
O jornalista questionou o fato, que a família já havia orado, usado água benta no apartamento e até mesmo construído um pequeno altar, e nada teria melhorado a situação. Leszek meio que desconversou, citou algumas coisas sobre Jesus e o pecado, e que ele próprio tinha sido convertido há 25 anos. Ele também alegou que havia sido atormentado por demônios durante sua conversão.

Ao final, Leszek disse que ele tinha orado juntamente com a família, e declarado com sucesso a "autoridade de Cristo" sobre a família e cada membro separadamente. Ele disse que, em casos semelhantes, uma única visita tinha sido suficiente, porém caso a família desejasse, ele poderia voltar novamente. Segundo Leszek, tudo o que a família precisava era de Jesus Cristo, visto que ele seria o Salvador, e não qualquer outro homem.

O jornalista questionou o fato, que a família já havia orado, usado água benta no apartamento e até mesmo construído um pequeno altar, e nada teria melhorado a situação. Leszek meio que desconversou, citou algumas coisas sobre Jesus e o pecado, e que ele próprio tinha sido convertido há 25 anos. Ele também alegou que havia sido atormentado por demônios durante sua conversão.
Ao final, Leszek disse que ele tinha orado juntamente com a família, e declarado com sucesso a "autoridade de Cristo" sobre a família e cada membro separadamente. Ele disse que, em casos semelhantes, uma única visita tinha sido suficiente, porém caso a família desejasse, ele poderia voltar novamente.
No últimos minutos, um senhor chamado Andrzej Hupka, 60 anos, disse que conhecia a região, porque havia nascido em Turza Wielka, e que morou no mesmo prédio que a família entre os anos de 1974 e 1987. Ele disse que morou no primeiro andar, e posteriormente teria se mudado para o andar térreo.

No últimos minutos, um senhor chamado Andrzej Hupka, 60 anos, disse que conhecia a região, porque havia nascido em Turza Wielka, e que morou no mesmo prédio que a família entre os anos de 1974 e 1987. Ele disse que morou no primeiro andar, e posteriormente teria se mudado para o andar térreo.
Ele disse que, durante esse período, nunca ouviu falar sobre nada estranho. Apesar de não saber o que estava acontecendo, ele não acreditava em atividades paranormais. Segundo Andrzej, somente uma pessoa de carne e osso podia atacar outras pessoas, não uma fantasma. Além disso, apenas uma pessoa viva poderia matar ou causar algum mal a outra.

A Família Pokropska Estava Interessada em Lucrar com Toda Aquela Situação? Investigando um Pouco Mais a Fundo Sobre Toda Essa História Veiculada pela Mídia Polonesa


Conforme vocês puderam perceber, o espaço ocupado pela família é pequeno diante de tantos familiares (um casal e quatro filhos), porém a residência é bem organizada, possui aquecimento, e conta com móveis em ótimo estado de conservação. Também é possível ver diversos bichinhos de pelúcia e brinquedos espalhados no sofá e no quarto onde os filhos dormem, além de um televisor aparentemente de LED na sala de estar. Para completar, a família possui ao menos um notebook e celulares. Apesar do vilarejo ser pequeno, e o prédio estar em um estado de conservação bem precário, existe um certo ar de modernidade na família Pokropska, e as crianças, aparentemente, não passam necessidade.

Assim sendo, existe uma simples pergunta sobre esse caso. Onde estão os vídeos mostrando os supostos fenômenos paranormais acontecendo em tempo real, uma vez que eles aconteceriam o tempo todo e, inclusive, na presença da imprensa polonesa? Não encontrei praticamente nada que fosse realmente credível.

Conforme vocês puderam perceber, o espaço ocupado pela família é pequeno diante de tantos familiares (um casal e quatro filhos), porém a residência é bem organizada, possui aquecimento, e conta com móveis em ótimo estado de conservação. Também é possível ver diversos bichinhos de pelúcia e brinquedos espalhados no sofá e no quarto onde os filhos dormem, além de um televisor aparentemente de LED na sala de estar. Para completar, a família possui ao menos um notebook e celulares.
Apesar do vilarejo ser pequeno, e o prédio estar em um estado de conservação bem precário, existe um certo ar de modernidade na família Pokropska, e as crianças, aparentemente, não passam necessidade.
Em minha pesquisa encontrei apenas o barulho de algo metálico aparentemente caindo no chão durante uma reportagem realizada pela "Polsat News", uma emissora de TV polonesa, porém não é possível identificar qual seria esse objeto, e nem como o mesmo teria caído no chão. A equipe de reportagem simplesmente não mostrou absolutamente nada nesse sentido, um erro que considero bem grotesco, quando existe a suspeita de algo totalmente incomum acontecendo na casa de uma família.

Confira a reportagem abaixo, que foi publicada em um canal de terceiros no YouTube (a suposta atividade paranormal ocorre em 1:42):



Além desse vídeo, encontrei uma outra reportagem, dessa vez produzida pelo site de notícias "NaTemat.pl", e publicada no próprio canal deles, no YouTube, no dia 18 de dezembro. Essa foi uma reportagem muito interessante por dois aspectos.

O primeiro deles é a declaração de Marek Waśkowiak, responsável administrativo do vilarejo de Turza Wielka, dizendo que os moradores do vilarejo estavam divididos, ou seja, havia aqueles que acreditavam na família, porém muitos desconfiavam da história, ao dizer que a mesma havia inventado tudo aquilo para conseguir benefícios financeiros e, quem sabe, conseguir morar em outro lugar devido a desavenças com vizinhos.
 
Marek Waśkowiak, responsável administrativo do vilarejo de Turza Wielka, disse que os moradores do vilarejo estavam divididos, ou seja, havia aqueles que acreditavam na família, porém muitos desconfiavam da história, ao dizer que a mesma havia inventado tudo aquilo para conseguir benefícios financeiros e, quem sabe, conseguir morar em outro lugar devido a desavenças com vizinhos.
Já o segundo aspecto foi o registro, em vídeo, de uma pilha sendo arremessada. Porém, vale ressaltar algo fundamental. A pilha foi arremessada, quando o repórter e o operador de câmera estavam de costas. A única pessoa da família, que estava sendo filmada era Krystyna, ou seja, não sabemos se alguém de carne e osso jogou a pilha para simular uma eventual atividade paranormal. Confira a reportagem abaixo (a suposta atividade paranormal ocorre em 1:50):



Além disso, é possível perceber no vídeo, que Krystyna olha exatamente na mesma direção, antes do objeto ser lançado, e não esboça nenhuma surpresa, medo ou apreensão com o que acontece. Para completar, também foi possível notar que, mesmo após a ida do pastor Leszek, as tais "atividades paranormais" ainda estavam acontecendo.

Além disso, é possível perceber no vídeo, que Krystyna olha exatamente na mesma direção, antes do objeto ser lançado, e não esboça nenhuma surpresa, medo ou apreensão com o que acontece. Para completar, também foi possível notar que, mesmo após a ida do pastor Leszek, as tais "atividades paranormais" ainda estavam acontecendo.
Em uma entrevista concedida ao jornal "Gazeta Olsztyńska", e publicada no respectivo site, no dia 30 de novembro do ano passado, Krystyna disse que queria registrar os tais fenômenos em foto ou vídeo, mas que seria impossível registrá-los, porque ela não sabia quando e de que lado os objetos viriam. Além disso, ela alegou que estava com medo de tirar quaisquer objetos da casa, devido ao receio, que o "espírito" fosse juntamente com o objeto. Contudo, bastaria deixar um celular ou um notebook (através da webcam) gravando em um canto do apartamento ou da cozinha, visto que o mesmo não é tão grande assim. Isso, aparentemente, não foi feito em nenhum momento.

Esse ponto é bem interessante, porque "espíritos", "demônios" e afins, possuem a curiosa mania de sempre arremessar ou derrubar objetos de baixo valor comercial, assim como copos e talheres. Nesse caso, teriam sido pilhas, moedas, bloquinhos de montar, brinquedos, cadeados, talheres e um copo de vidro ou uma taça de vinho. Sinceramente, nunca vi nenhum celular, notebook ou uma TV 4K, por exemplo, sendo arremessados e quebrando em mil pedaços, ainda mais em casos envolvendo famílias mais humildes ou modestas.

Krystyna disse que queria registrar os tais fenômenos em foto ou vídeo, mas que seria impossível registrá-los, porque ela não sabia quando e de que lado os objetos viriam. Contudo, bastaria deixar um celular ou um notebook gravando em um canto do apartamento ou da cozinha, visto que o mesmo não é tão grande assim. Isso, aparentemente, não foi feito em nenhum momento.
Outro detalhe muito importante é que, mesmo com objetos supostamente voando intensamente pela casa, nenhum familiar foi atingido pelos mesmos, e nenhuma criança pequena ficou ferida. Como pode um apartamento bem pequeno, que abriga seis pessoas, e ninguém ser atingido por nenhum objeto? Para alguns pode ter sido apenas sorte, para outros o tal "espírito" teria uma mira bem ruim ou então os tais objetos estariam sendo mesmo arremessados pelos próprios familiares. No entanto, conforme sabemos, há quem acredite piamente em toda a história, a exemplo de Marek Waśkowiak. Apesar de não ter visto nada, ele alegou para o "Gazeta Olsztyńska", que um amigo teria presenciado tais atividades paranormais (a velha história que um amigo contou para fulano, que disse para beltrano). De qualquer forma, o tal amigo não foi entrevistado por nenhum veículo de comunicação.

Enfim, a possibilidade da família estar atrás do recebimento de benefícios (leia-se "dinheiro") também foi cogitada por um grupo de investigação paranormal, que possui um canal no YouTube chamado "Mystery Hunters". Eles chegaram a gravar um vídeo sobre esse assunto, e o publicaram no dia 18 de dezembro, algo que vocês podem conferir logo abaixo (em polonês, é claro):



Quem deu destaque a esse vídeo foi o site polonês de notícias "Info Iława", que basicamente fez um grande resumo sobre o que foi divulgado pelo grupo. Segundo membros desse grupo, nenhuma outra família, que morava no prédio, havia passado por quaisquer perturbações ou experiências semelhantes ao que a família Pokropska vinha alegando. As únicas pertubações estavam vindo de inúmeros repórteres e curiosos. Os demais moradores do prédio disseram, inclusive, que a família não havia comentado nada com eles, e tudo o que eles sabiam era proveniente da mídia.

Além disso, Krystyna decidiu não permitir que os membros do grupo de investigação entrassem com seus equipamentos no apartamento. Durante a conversa, ela deixou claro que não queria mais nenhum tipo de exposição na mídia, porque, de acordo com suas palavras, "os jornalistas apenas vinham, gravavam reportagens, ganhavam dinheiro, e família não ganhava nada com isso". Segundo o grupo, Krystyna aparentemente não estava interessada na coleta de evidências, e estava esperando uma "forma diferente de ajuda", uma visão que também era compartilhada por muitos moradores locais.

Como Terminou Toda Essa História? Um Assunto Para os Meus Comentários Finais


No dia 21 de dezembro do ano passado, o site do jornal "Gazeta Olsztyńska" publicou uma atualização sobre o caso, que acabaria sendo a última notícia realmente relevante sobre essa história até hoje. No texto foi mencionado, que um pastor exorcista (provavelmente Leszek Korzeniecki) iria visitar novamente o apartamento antes do Natal. Segundo Krystyna, a situação havia melhorado, mas o "espírito maligno" não tinha sido "completamente expulso" da residência. Marek Waśkowiak, responsável administrativo do vilarejo de Turza Wielka, chegou a dizer que estava contente, que a situação estava lentamente caminhando para um "final feliz", e que o vilarejo tinha conseguido seus cinco minutos de fama na mídia, mas que eles não estavam se importando com tal fama. Desde então, não há praticamente nenhuma atualização sobre essa história. Aparentemente, as tais atividades cessaram, independentemente de quem ou o que estava provocando-as e, a família, teoricamente, continua morando, onde sempre morou nos últimos 15 anos.

Agora, será que realmente ocorreu uma atividade inexplicável e de cunho paranormal em Turza Wielka, na Polônia, no fim do ano passado? Bem, diante das informações que foram divulgadas e das reportagens que foram realizadas, é extremamente prematuro afirmar isso. Tudo o que temos são apenas evidências anedóticas dos familiares, e uma série de rumores ou lendas complemente inverificáveis. Aliás, nem mesmo o padre local foi encontrado para comentar o assunto por diversas vezes. A alegação era de que o mesmo estava em um "retiro espiritual", e que não tinha como falar com a imprensa. Fora isso, não há nenhum vídeo credível mostrando uma atividade inexplicável ocorrendo. Assim como acontece na maioria das histórias envolvendo supostas "atividades poltergeist", as mesmas só ocorrem quando ninguém está filmando corretamente ou de costas para a câmera. No mínimo suspeito, é claro. Essa suspeita é reforçada diante das reportagens. Quando a casa estava repleta de jornalistas, câmeras, microfones, e a família estava reunida na sala de estar, não houve houve nenhuma "manifestação paranormal". Agora, quando havia apenas uma câmera filmando um único membro da família, sempre alguma coisa acontecia. É preciso acreditar piamente nas palavras de Krystyna, assim como Marek Waśkowiak acreditava, para que o caso seja realmente considerado paranormal ou algo do gênero. É justamente nesse ponto, que mora o principal perigo de toda essa história.

Quando nos deparamos com casos de cunho paranormal ou sobrenatural, muitos têm a singela mania de fazer um julgamento moral da história. Frases do tipo "Ah, fulano ou ciclano não teria porque mentir, porque é uma pessoa humilde", "Ah, a família não inventaria algo assim, porque eles parecem estar assustados". Ao longo do tempo já me deparei com inúmeras frases e "análises morais" semelhantes. Recentemente, inclusive, ouvi alguém dizer que "não tinha o porquê mentir, porque era empresário". Considerando o que é divulgado diariamente e ostensivamente nos telejornais nacionais, declarações como essa não fazem nenhum sentido, para não dizer outra coisa.

A mentira não tem cor, cheiro, classe social, idade ou fronteiras. Ela está em todos os lugares, razão pela qual sempre é importante ter uma gama muito robusta de informações pertinentes a um determinado caso, e uma análise bem extensa de inúmeros aspectos. Aliás, é bom deixar claro, que nem sempre uma mentira é intencional. Há quem diga que ouviu ou viu algo, mediante lembranças de um acontecimento, embora a memória humana muitas vezes não seja tão confiável assim (vide o especial que fiz sobre o "Homem-Mariposa"). Porém, algumas vezes, a mentira é intencional e por um motivo claro: dinheiro. Com o passar do tempo, a própria mídia polonesa deixou de acompanhar o caso, porque provavelmente não estava mais dando audiência (sem audiência, sem dinheiro), e com isso as esperanças da família de se mudar ou conseguir algum benefício financeiro maior se esvaíram. Nesse contexto, não seria de se estranhar que o "poltergeist" também sumisse com o tempo. Obviamente, cada um pode acreditar no que quiser, mas diante do material que pesquisei e trouxe da forma mais completa possível para vocês, é bem difícil acreditar que algo inexplicável estivesse mesmo acontecendo em Turza Wielka. É fácil enganar as pessoas, quando a informação é tratada como entretenimento, porém quando a informação é tratada como informação, a situação é completamente diferente. Máscaras caem e sobra apenas a triste e muitas vezes enfadonha verdade humana.

Até a próxima, AssombradOs.

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://codziennikmlawski.pl/2017/12/04/nieznana-sila-atakuje-rodzine-z-turzy-wielkiej-latajacymi-przedmiotami/
http://dzialdowo.wm.pl/480923,Nieznana-sila-rzuca-w-nich-roznymi-przedmiotami-w-ich-domu-teraz-mieszkaja-w-Caritasie.html?sort=newest#axzz50B8oSwvG
http://dzialdowo.wm.pl/483044,Pastor-odprawil-egzorcyzmy-w-nawiedzonym-domu-w-Turzy-Wielkiej-FILM.html
http://dzialdowo.wm.pl/484823,Duchy-w-Turzy-Wielkiej-sie-uspokoily-ale-nie-odeszly.html
http://extra.natemat.pl/z-wizyta-w-domu-w-ktorym-podobno-straszy
http://globalne-archiwum.pl/nawiedzony-dom-w-turzy-wielkiej-polskie-amityville/
http://wiadomosci.gazeta.pl/wiadomosci/7,114883,22729228,tajemnicza-sila-opanowala-dom-na-mazurach-rodzina-znalazla.html
http://www.fakt.pl/wydarzenia/polska/egzorcysta-w-nawiedzonym-domu-w-turzy-wielkiej/vlq4lev
http://www.fakt.pl/wydarzenia/polska/nawiedzony-dom-demon-wypedzil-rodzine-z-domu-w-turzy-wielkiej/73xyrt9
http://www.infoilawa.pl/aktualnosci/item/53302-jaka-jest-prawdziwa-historia-nawiedzonego-domu-w-turzy-wielkiej-wideo
http://www.polsatnews.pl/wiadomosc/2017-12-02/nawiedzony-dom-rodzina-woli-mieszkac-w-przytulisku-caritasu-niz-u-siebie/
https://naszamlawa.pl/wiadomosci/rodzina-pokropskich-wrocila-do-domu-mieszkancy-turzy-wielkiej-maja-juz-dosc-duchow/

Mãe Alega que Teria Ouvido "Voz Demoníaca" Dizendo para "Machucá-la" Enquanto Brigava com Criança, na Austrália!

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Por Marco Faustino

De tempos em tempos acabam surgindo casos, principalmente na mídia britânica, onde mulheres, geralmente mães, alegam que se depararam com algum fenômeno paranormal ou sobrenatural em relação aos seus bebês ou filhos pequenos. Um exemplo disso foi uma curta matéria publicada em novembro do ano passado, envolvendo uma mulher chamada Francesca Riley, mãe de uma menininha chamada Phoebe, de apenas 18 meses de vida, que tirou uma foto, aparentemente aleatória, na casa de uma amiga chamada Danielle. Alguns sites de notícias apontaram, que Francesca vinha alegando, que "médiuns" consultados por ela teriam informado-lhe, que uma estranha figura que aparece na foto seria um "anjo da guarda" ou então um dos bebês, que ela havia perdido recentemente. Francesca estava grávida de gêmeos, porém, infelizmente, sofreu complicações e acabou abortando cerca de duas semanas antes da foto ser tirada por ela. No entanto, na matéria também foi informado, que Francesca teria recebido informações por parte de investigadores paranormais, cujos nomes não foram mencionados, que a "menina" fotografada por ela, morava anteriormente na propriedade que, no passado, teria sido um antigo moinho. Esses tais investigadores também teriam dito, que a menina teria morado no local há séculos, se chamaria Lily, e estaria procurando por sua antiga família. De qualquer forma, apesar das efusivas declarações anônimas, havia uma fortíssima possibilidade da foto de Francesca ter sido manipulada digitalmente, principalmente através do uso de aplicativos para celulares (leia mais: Um "Fantasma" Procurando por sua Família Teria Sido Fotografado Próximo a um Carrinho de Bebê em Dewsbury, na Inglaterra?).

Agora, eis que surgiu um estranho caso ocorrido na Austrália, mas que foi amplamente divulgado pela mídia britânica. Uma jovem mãe alegou ter registrado uma estranha voz "fantasmagórica" ou "demoníaca", que teria sussurrado a frase "hurt her" ("machuque-a", em português), no momento em que a mesma estava correndo atrás de seu filho. Ash Birdy, 23 anos, moradora do estado australiano de Queensland, disse que começou a gravar um vídeo, depois que sua mãe perguntou se o neto Ben, de apenas dois anos de idade, estava se comportando após semanas de ataques de fúria. O vídeo possui apenas cerca de 15 segundos de duração, porém, após reproduzir o vídeo por diversas vezes, Ash passou a acreditar que tivesse ouvido algo de cunho paranormal. Contudo, será que Ash ouviu mesmo a voz de um demônio ou de um fantasma? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Entenda o Caso: A Versão Divulgada Pelo Site "Kidspot"


No dia 22 de fevereiro deste ano, o "Kidspot", um site australiano que em sua descrição alega, que há 10 anos vem ajudando pais e mães a resolver problemas parentais, com informações e conselhos para todas as fases da criação de um filho, desde a gravidez até a adolescência, publicou uma notícia um tanto quanto "fora da curva". No texto intitulado "Mum hears ghost whispering while filming toddler and the internet loses it" ("Mãe ouve sussurros de fantasma enquanto filma criança, e a internet vai à loucura", em português), a jornalista Leesa Smith começou a contar uma história, em que "milhares de pessoas" estavam se perguntando o que a estranha voz registrada por uma jovem mãe chamada Ash Birdy queria dizer.

Apesar de notícias que incluem a expressão "vai à loucura" em suas manchetes ser algo bem clássico de textos populares, apelativos, com baixo nível de informação, e beirando um "clickbait", resolvi dar um crédito a mesma.

No texto intitulado "Mum hears ghost whispering while filming toddler and the internet loses it" ("Mãe ouve sussurros de fantasma enquanto filma criança, e a internet vai à loucura", em português), a jornalista Leesa Smith começou a contar uma história, em que "milhares de pessoas" estavam se perguntando o que a estranha voz registrada por uma jovem mãe chamada Ash Birdy queria dizer.
A mãe de Ash, que não teve seu nome divulgado, perguntou a filha se o seu neto, o Ben, de apenas dois anos, estava se comportando. Então, Ash disse que decidiu gravar um vídeo para provar - assim como a maioria das crianças pequenas que estão aprendendo a andar e a falar - que Ben estava inventando suas próprias regras. Porém, segundo Leesa, o que Ash que não esperava era que uma "atividade paranormal" ocorresse durante o vídeo.

"Notei o sussurro a primeira vez que escutei, logo após enviar o vídeo para a minha mãe através de uma mensagem no Facebook", disse Ash.

"Só gravei o vídeo para responder a pergunta da minha mãe, quando ela perguntou se o comportamento do meu filho havia melhorado, porque ele estava um pouco descontrolado nas últimas semanas", continuou.

A mãe de Ash, que não teve seu nome divulgado, perguntou a filha se o seu neto, o Ben, de apenas dois anos, estava se comportando. Então, Ash disse que decidiu gravar um vídeo para provar - assim como a maioria das crianças pequenas que estão aprendendo a andar e a falar - que Ben estava inventando suas próprias regras. Porém, segundo Leesa, o que Ash que não esperava era que uma "atividade paranormal" ocorresse durante o vídeo.
"Escutei cerca de seis vezes seguidas, porque, não importava quantas vezes eu tentasse, não conseguia descobrir o que podia ter gerado aquele som terrível. Após analisá-lo um pouco, por conta própria, e enviar para alguns amigos para ver o que eles achavam, percebi que o material era bem intrigante, e outras pessoas poderiam ter uma ideia do que poderia ser, então compartilhei no Facebook", completou.

Aparentemente, Ash compartilhou o vídeo em um grupo no Facebook, porém o nome desse grupo também não foi mencionado.

"Notei o sussurro a primeira vez que escutei, logo após enviar o vídeo para a minha mãe através de uma mensagem no Facebook", disse Ash. Na foto acima temos a Ash (à esquerda), e o Luke (ao fundo), que é o pai do Ben (à direita).
No vídeo de apenas 15 segundos, é possível ver Ash brigando (no sentido de repreender) com Ben e pedindo para que ele saia da cozinha. Então, Ben corre em direção a sala ao lado, onde é possível notar que existe uma TV ligada e com o som alto. Porém, Ben é teimoso e corre de volta para a cozinha na parte final do vídeo. Segundo Ash, seria possível ouvir um som estranho nos últimos dois segundos, antes do vídeo encerrar. Confira o vídeo abaixo, que foi publicado em um canal de terceiros, no YouTube:



"Parece algo como 'hunter' ('caçador') ou 'hunt her' ('cace-a' ou 'bata nela'), mas como a frase é interrompida, é muito difícil saber", disse Ash, alegando que, ao postar o vídeo, não esperava receber uma reação tão grande por parte das pessoas.

"Parte de mim estava esperando uma explicação, que acabaria com a minha confusão, mas em vez disso, fiquei impressionada com as milhares de outras mulheres que ficaram tão assustadas quanto eu", continuou.

"Parte de mim estava esperando uma explicação, que acabaria com a minha confusão, mas em vez disso, fiquei impressionada com as milhares de outras mulheres que ficaram tão assustadas quanto eu", continuou.
"A maioria das pessoas disse, que significa 'hunt her' ('cace-a' ou 'bata nela') ou 'hurt her' ('machuque-a'). Outras pessoas disseram que, independentemente 'do que' ou 'quem' tivesse gerado o som, poderia ser responsável pelo comportamento alterado do Ben, que alguma coisa tivesse atrelada a criança ou que a mesma estivesse o encorajando a bater ou machucar sua mãe", continuou.

"O vídeo deixou espectadores arrepiados, e muitos disseram que começaram a chorar sem motivo aparente depois de assisti-lo, assim como outras pessoas, que alegaram que as coisas começaram a se mover em suas casas logo após ver o vídeo", completou.

"O vídeo deixou espectadores arrepiados, e muitos disseram que começaram a chorar sem motivo aparente depois de assisti-lo, assim como outras pessoas, que alegaram que as coisas começaram a se mover em suas casas logo após ver o vídeo", completou.
Além disso, Ash disse que o tal "fantasma" poderia estar atrelado a um presente, que eles tinham recebido recentemente.

"Algumas semanas atrás, recebemos um antigo e pesado cofre de um hospital dedicado a cuidar da saúde de idosos, e algumas pessoas formularam teorias que o mesmo pode ter alguma relação", finalizou.

Algumas Outras Informações Divulgadas Sobre Esse Caso


Em entrevista ao site "Cafemom", que basicamente possui o mesmo público e missão do "Kidspot", Ash praticamente disse as mesmas coisas, com exceção de dois detalhes. O primeiro deles é que Ash, teoricamente, teria gravado um segundo vídeo, naquele mesmo local, cerca de 1h depois. Desta vez, o segundo vídeo teria registrado pequenas interrupções aos 10 e 15 segundos de gravação.

Segundo o "Cafemom" isso dava uma espécie de suporte a sua "teoria fantasmagórica", porque muitos investigadores paranormais acreditam, que a atividade paranormal pode se alimentar e fazer uso da energia elétrica, o que pode causar problemas em qualquer dispositivo eletrônico. Infelizmente, no entanto, não encontrei esse segundo vídeo disponível em lugar algum.

Ash, teoricamente, teria gravado um segundo vídeo, naquele mesmo local, cerca de 1h depois. Desta vez, o segundo vídeo teria registrado pequenas interrupções aos 10 e 15 segundos de gravação. Infelizmente, no entanto, não encontrei esse segundo vídeo disponível em lugar algum.
Além disso, Ash teria postado, que havia comprado sálvia branca ("sage"), mas que ela estaria esperando "as coisas se acalmarem" antes de limpar sua casa de "espíritos indesejáveis".

"Preciso limpar esse lugar, mas tenho que fazer isso direito. A energia aqui tem estado caótica, e preciso fazer uma limpeza séria, mas não posso fazer isso diante de tudo que vem acontecendo", teria dito Ash.

Vale ressaltar nesse ponto, que a sálvia branca é uma planta usada há vários séculos por tribos indígenas norte-americanas devido ao seu alegado e extraordinário poder de limpeza energética, de atrair a cura e a proteção. Para os índios, a sálvia branca é sagrada, já para os árabes, a sálvia branca seria considerada a planta da imortalidade. Aliás, cheguei a mencionar sobre a sálvia branca em uma das matérias sobre o Adam Ellis, quando ele comprou um maço dessa planta para incensar seu apartamento contra o "Querido David". Alguém se lembra desse "capítulo" da saga?

Vale ressaltar nesse ponto, que a sálvia branca é uma planta usada há vários séculos por tribos indígenas norte-americanas devido ao seu alegado e extraordinário poder de limpeza energética, de atrair a cura e a proteção.
Ash Birdy também deu declarações extremamente parecidas para a sucursal do "Daily Mail", na Austrália. Porém, também tivemos alguns detalhes, que não foram mencionados anteriormente. Segundo Ash, a TV ao fundo estava exibindo um episódio da série norte-americana "Dinotrux", da Netflix, que já está em sua sexta temporada e irá estrear sua sétima no fim deste mês. É uma série de animação, que basicamente retrata um mundo pré-histórico de ficção habitado por personagens híbridos, uma mistura de dinossauro com veículos de construção mecânicos.

Infelizmente, no entanto, Ash não mencionou qual era o episódio, em específico, que estava sendo exibido. Ela chegou a comentar que muitas pessoas falaram que a "estranha voz" seria apenas o som da TV, mas que ela não acreditava nisso, porque, após analisar o som, disse que o mesmo estava muito próximo do telefone em comparação com os "gritos" da TV.

Segundo Ash, a TV ao fundo estava exibindo um episódio da série norte-americana "Dinotrux", da Netflix, que já está em sua sexta temporada e irá estrear sua sétima no fim deste mês. É uma série de animação, que basicamente retrata um mundo pré-histórico de ficção habitado por personagens híbridos, uma mistura de dinossauro com veículos de construção mecânicos.
Ash também comentou, que o antigo cofre havia sido um "presente" dado pelo seu pai, e teria sido a partir do momento que o mesmo entrou em sua casa, que Ben teria passado a apresentar um "comportamento difícil" de se lidar.

A jovem mãe também comentou, que a energia estava muito ruim em sua casa. Ela contou que, naquele dia, seu filho bateu a porta do quarto, saiu e apontou para o quarto falando sobre uma tempestade, sendo que sequer estava chovendo. Curiosamente, ela voltou a dizer que chegou a gravar outro vídeo, alegando que tanto a imagem quanto o áudio falhavam, quando ela passava pelo ponto onde a "estranha voz" teria sido captada.

Ash também comentou, que o antigo cofre havia sido um "presente" dado pelo seu pai, e teria sido a partir do momento que o mesmo entrou em sua casa, que Ben teria passado a apresentar um "comportamento difícil" de se lidar.
"Eu e meu filho dormimos abraçados no sofá. Ele nunca havia deixado seu quarto daquela forma antes", disse Ash.

Ash Birdy Registrou Mesmo uma Voz "Demoníaca" ou "Fantasmagórica"?


Talvez a parte mais estranha de toda essa história foi perceber como dois sites destinados a prover conselhos parentais foram incapazes de aconselhar Ash sobre a melhor forma de controlar os impulsos naturais de Ben, uma criança de apenas dois anos, que está descobrindo o nosso caótico mundo agora, e diante de uma mãe, aparentemente amorosa, mas de primeira viagem. Em vez disso, apenas uma simples notícia foi dada, que rapidamente chegou aos veículos de comunicação australianos, sendo que muitos deles pertencem a conglomerados britânicos. O restante, é claro, vocês podem imaginar. No entanto, acreditar em uma eventual paranormalidade neste caso é necessário uma grande e generosa dose de boa vontade, além de uma crença completamente cega no relato de Ash.

Para evitar qualquer tipo de sugestão, fiz questão de assistir a esse vídeo sem saber exatamente onde a expressão "hunt her" ou "hurt her" seria mencionada. Aliás, não deixe que a barreira idiomática, caso você não saiba inglês, lhe impeça de apreciar ou acompanhar casos assim. Caso tenha alguma dificuldade, vá agora mesmo no Google Translate (clique aqui), digite "hunt her" ou "hurt her" e, em seguida, aumente o volume do seu computador, celular ou tablet, e clique no símbolo de alto-falante logo abaixo da expressão em inglês. Não é a melhor pronúncia do mundo, mas é uma ótima base para que você tenha uma noção da fonética. Agora, ciente disso, volte no vídeo e tente encontrar pontos semelhantes.

Talvez a parte mais estranha de toda essa história foi perceber como dois sites destinados a prover conselhos parentais foram incapazes de aconselhar Ash sobre a melhor forma de controlar os impulsos naturais de Ben, uma criança de apenas dois anos, que está descobrindo o nosso caótico mundo agora, e diante de uma mãe, aparentemente amorosa, mas de primeira viagem.
Sem saber onde encontrar a expressão, inicialmente pensei que se tratava de uma "voz grossa" aos 8 segundos de vídeo. Depois, ouvi algo parecido aos 12 segundos, mas pensei que pudesse ser tão somente a TV ao fundo. Posteriormente, me espantei ao saber que a estranha voz era ouvida nos dois últimos segundos, porque não notei nenhuma anomalia. Assistindo novamente ao vídeo, e sendo informado sobre o que ouvir e onde ouvir, acabei notando algo realmente parecido com "hunt her" ou "hurt her". Então, isso prova que estamos diante uma voz demoníaca ou fantasmagórica? Não, na verdade isso demonstra algo chamado de "pareidolia sonora". Sim, isso existe. Aliás, entender a pareidolia sonora é muito simples, uma vez que consiste, basicamente, de uma sequência de barulhos ou sons, que nos causam a impressão de formar palavras ou até mesmo frases inteiras. Um exemplo clássico é aquela velha história, que ao reproduzir músicas infantis de trás para frente seria possível ouvir mensagens subliminares demoníacas. Contudo, a maioria dos casos não passa de pareidolia sonora (embora seja possível fazer isso intencionalmente, através de uma técnica chamada "backmasking", sendo que há casos comprovados de utilização dessa técnica, geralmente para burlar eventuais censuras). De qualquer forma, não é porque um determinado som ou sequência de sons se parece com algo familiar para nós, que seu significado original seja o mesmo. Entenderam?

No caso de Ash, para piorar a situação, havia um desenho animado sendo exibido na TV, em um volume considerável. Nesse ponto, muitos podem falar sobre o comportamento exaltado de Ben, e a alegação da mãe que o mesmo começou após um cofre usado ter sido dado de presente. Sinceramente, soa ser apenas mais um exemplo de validação subjetiva, algo que já mencionei anteriormente no especial sobre "Setealém". Inicialmente, Ash passou a acreditar, que ouviu algo misterioso em um vídeo. Em seguida, para tentar explicar isso, ela associou o que acreditou ter ouvido, reforçando isso com a opinião de outras pessoas, com o comportamento do Ben e, para completar, fez mais uma associação com o cofre. Provavelmente, nada disso tem relação entre si, mas para Ash tem. Dessa forma, ela irá fazer com que mais pessoas acreditem nessa série de pontos aleatórios, que ela ligou de uma maneira que fizesse sentido. É muito provável que, se não fosse o vídeo, Ash jamais faria qualquer relação do cofre com o comportamento do filho. Aliás, Ben tem apenas dois anos de idade e, dependendo da criança, é normal que tenha um comportamento mais impulsivo. Aliás, encontrei o perfil de Ash, no Facebook. Recentemente, ela publicou que Ben estava lhe dizendo "go home" ("vá para casa"), e posteriormente trocou a expressão por "eat carrots" ("coma cenouras", quando ela mandava que ele fizesse algo ou a obedecesse. Ela tinha certeza que isso era a versão infantil dele para "get fu****" ("vai se f****"). Resumindo? Ben é apenas uma criança normal, que está lidando com o mundo ao seu redor e com uma mãe de primeira viagem, que está descobrindo ou prazeres e as dificuldades de ser simplesmente mãe. Apenas isso.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://thestir.cafemom.com/parenting_news/210908/video-mom-hears-ghost-whispering
http://www.dailymail.co.uk/femail/article-5443235/Ash-Birdy-capture-eerie-voice-ghost-son-tantrum.html
http://www.kidspot.com.au/parenting/real-life/in-the-news/mum-hears-ghost-whispering-while-filming-toddler/news-story/432975c1d0cf3d7a1e949bf0ce99bf73

http://www.nzherald.co.nz/lifestyle/news/article.cfm?c_id=6&objectid=12004831
https://au.be.yahoo.com/parenting/real-life/a/39338478/mum-ash-birdy-hears-chilling-ghost-during-toddler-s-tantrum/
https://www.ecr.co.za/shows/jane-linley-thomas-show/mom-records-strange-ghost-noise-during-sons-tantrum/

Uma Menininha de Apenas 2 Anos Teria Visto um "Fantasma" Enquanto Tomava Café da Manhã, nos Estados Unidos?

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Por Marco Faustino

Ontem (15), comentei com vocês sobre um estranho caso ocorrido na Austrália, mas que foi amplamente divulgado pela mídia britânica. Uma jovem mãe alegou ter registrado uma estranha voz "fantasmagórica" ou "demoníaca", que teria sussurrado a frase "hurt her" ("machuque-a", em português), no momento em que a mesma estava correndo atrás de seu filho. Ash Birdy, 23 anos, moradora do estado australiano de Queensland, disse que começou a gravar um vídeo, depois que sua mãe perguntou se o seu neto, o Ben, de apenas dois anos de idade, estava se comportando após semanas de ataques de fúria. O vídeo possui apenas cerca de 15 segundos de duração, porém, após reproduzir o vídeo por diversas vezes, Ash passou a acreditar que tivesse ouvido algo de cunho paranormal. Contudo, será que Ash ouviu mesmo a voz de um "demônio" ou de um "fantasma"? Foi exatamente isso que tentamos responder para vocês diante das informações que foram divulgadas. Vale a pena conferir! (leia mais: Mãe Alega que Teria Ouvido "Voz Demoníaca" Dizendo para "Machucá-la" Enquanto Brigava com Criança, na Austrália!).

Agora, eis que descobri um outro caso envolvendo uma menininha de apenas 2 anos de idade, e uma suposta relação com o sobrenatural. O caso foi divulgado recentemente em alguns poucos sites norte-americanos de entretenimento e variedades, porém no Twitter, o vídeo de tão somente um minuto de duração, mostrando o momento em que a menina teria visto algo "assustador", porém invisível para seus pais, já superou a marca de 5 milhões de visualizações. No vídeo, é possível ver a menininha, chamada Maya, se deliciando com uma fatia de pão regada com muita manteiga de amendoim, mas em um determinado momento ela aponta para o seu lado esquerdo, indicando a presença de algo, na visão dela, assustador. O problema, no entanto, é que segundo o pai dela, Ryan Dalton, responsável pela filmagem, não havia mais ninguém na sala. Será que Maya teria visto um "fantasma" ou "algo de outro mundo"? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Entenda o Caso: A Divulgação Inicial da História no Site Buzzfeed


Apesar de muita gente torcer o nariz, quando algum caso é divulgado pelo polêmico site Buzzfeed (e me incluo nesse grupo de pessoas, que colocam um pé e meio atrás quando o nome desse site é mencionado), resolvi dar um pequeno crédito e entender melhor o caso.

Segundo a notícia intitulada "People Are Weirded Out After A 2-Year-Old Said She Saw Something Spooky" ("As Pessoas Estão Espantadas Após uma Criança de 2 Anos Dizer que Viu Algo Assustador", em português), que foi publicada pelo repórter Ikran Dahir, na última segunda-feira (12), um homem chamado Ryan Dalton, 37 anos, e sua filha, a pequena Maya, de apenas 2 anos, acordaram cedo para tomar café da manhã, e ele resolveu filmar a pequena lambança que ela estava fazendo enquanto comia uma fatia de pão com manteiga de amendoim.

Apesar de muita gente torcer o nariz, quando algum caso é divulgado pelo polêmico site Buzzfeed (e me incluo nesse grupo de pessoas, que colocam um pé e meio atrás quando o nome desse site é mencionado), resolvi dar um pequeno crédito e entender melhor o caso.
Conforme dissemos anteriormente, foi publicado um vídeo bem curto, com apenas um minuto de duração. No início do vídeo podemos ver Maya balbuciado e meio que brincando com a fatia de pão, e posteriormente ouvimos a voz do seu pai, o Ryan, perguntando o que estava fazendo (aos 24 segundos). Maya não responde e começa a olhar, sorrir, e mostrar a língua, para o seu lado esquerdo, como se estivesse vendo algo. Em seguida, ela volta a sua atenção para sua fatia de pão, e aos 42 segundos ela sorri novamente para o seu lado esquerdo, quase querendo dar uma risada. Então aos 48 segundos, seu semblante muda. Ela chama pelo pai e diz "spooky" ("assustador", em português), apontando a mão para o lado esquerdo, enquanto olha para o pai. Logo em seguida ela diz: "That's spooky" ("Aquilo é assustador"), e meio que começa a se afastar para a direita, como se algo estivesse se aproximando dela. Também é possível ouvir Ryan dizer que aquilo também era assustador para ele, visto que, teoricamente, não haveria ninguém no local onde Maya estava apontando o dedo.

Confira o vídeo abaixo, que foi publicado em um canal de terceiros no YouTube:



O caso teria acontecido no dia 10 de março desse ano, na cidade de Montgomery, a capital do estado norte-americano do Alabama, uma vez que o vídeo foi publicado naquela manhã na conta de Ryan, no Twitter, com a seguinte frase (devidamente traduzida): "Maya estava fazendo bobagens, comendo um pouco de pão com manteiga de amendoim e, de repente, apontou e disse 'Aquilo é assustador'. Hora de se mudar"

O caso teria acontecido no dia 10 de março desse ano, na cidade de Montgomery, a capital do estado norte-americano do Alabama, uma vez que o vídeo foi publicado naquela manhã na conta de Ryan, no Twitter, com a seguinte frase (devidamente traduzida): "Maya estava fazendo bobagens, comendo um pouco de pão com manteiga de amendoim e, de repente, apontou e disse 'Aquilo é assustador'. Hora de se mudar".
A reação dos seus seguidores e não seguidores foi imediata. Muitos usuários alegaram que crianças geralmente tinham um "sexto sentido" muito forte, e que conseguiam ver seres espirituais devido a uma sensibilidade muito elevada com o "reino espiritual". Esse foi o caso, por exemplo, da "Chidimma Rita" e do usuário "YT: The Focus Group"

A reação dos seus seguidores e não seguidores foi imediata. Muitos usuários alegaram que crianças geralmente tinham um "sexto sentido" muito forte, e que conseguiam ver seres espirituais. Esse foi o caso, por exemplo, da "Chidimma Rita"...
...e do usuário "YT: The Focus Group".‏
Já a usuária "Monica Laire" chegou a contar uma espécie de relato dizendo que, certa vez, ela estava bancando a babá de uma criança, quando a mesma começou a acenar para algo, que estava atrás dela. Então, ela perguntou para criança para quem ela estava dando "oi", e a mesma apontou para a lâmpada atrás da Monica. Ela disse que começou a olhar para a lâmpada que, logo em seguida, teria começado a piscar. Monica disse que pegou a criança, saiu de casa, e ambas ficaram dentro do seu carro.

Para completar, a usuária "Simply TC" reparou que toda a vibe, ou seja, todo o comportamento e expressão facial da menina mudou do nada, e que a mesma tentou se afastar daquilo que estava considerando como assustador.

Já a usuária "Monica Laire" chegou a contar uma espécie de relato dizendo que, certa vez, ela estava bancando a babá de uma criança, quando a mesma chegou a acenar para algo, que estava atrás dela. Então, ela perguntou para criança para quem ela estava dando "oi", e a mesma apontou para a lâmpada atrás da Monica. Ela disse que começou a olhar para a lâmpada, que logo em seguida começou a piscar. Monica disse que pegou a criança, saiu de casa, e ambas ficaram dentro do seu carro.
Para completar, a usuária "Simply TC" reparou que toda a vibe, ou seja, todo o comportamento e expressão facial da menina mudou do nada, e que a mesma tentou se afastar daquilo que estava considerando como assustador.


É interessante notar, que Ryan Dalton não mora sozinho com a Maya, visto que na casa também mora sua esposa chamada Raniece, 33 anos, e a irmãzinha de Maya, a pequena Teige, que possui alguns meses de vida. Porém, nenhuma delas aparece no vídeo ou estaria presente na cozinha ou na sala de estar no momento da gravação do vídeo.

É interessante notar, que Ryan Dalton (à esquerda) não mora sozinho com a Maya,
visto que na casa também mora sua esposa chamada Raniece (à direita), 33 anos...
...e a irmãzinha de Maya, a pequena Teige (à esquerda), que possui alguns meses de vida.


De qualquer forma, em entrevista ao Buzzfeed, Ryan Dalton disse que ainda era muito cedo, e o Sol sequer havia nascido. Então, a sala de estar, que era para onde a Maya estava apontando, estava muito escura.

Segundo Ryan, Maya parecia estar apontando para as janelas, cujas persianas estavam fechadas. Ele também disse, que eles não costumavam usar a palavra "spooky" em casa, mas que os primos de Maya utilizam para descrever coisas que os assustavam.

De qualquer forma, em entrevista ao Buzzfeed, Ryan Dalton disse que ainda era muito cedo, e o Sol sequer havia nascido, então a sala de estar, que era para onde a Maya estava apontando, estava muito escura.


Vale ressaltar nesse ponto, que Ryan frequentemente grava vídeos com Maya sentada naquela mesma posição e comendo, enquanto ele interage com a filha. Ele também publica diversas fotos realizando atividades com a menina, além da interação da mesma com a irmã. Esse recente vídeo não é algo "incomum" considerando a ampla utilização do Twitter por parte de Ryan.

Vale ressaltar nesse ponto, que Ryan frequentemente grava vídeos com Maya sentada naquela mesma posição e comendo, enquanto ele interage com a filha. Ele também publica diversas fotos realizando atividades com a menina, além da interação da mesma com a irmã.


No entanto, sites como "Hello Giggles" e o "Bustle" passaram a divulgar que a "internet" estava dizendo que Maya teria visto algo sobrenatural, e que o mais certo era a família mudar de casa (como se mudanças fossem algo simples de serem feitas), ou seja, muitas pessoas estavam realmente acreditando nessa possibilidade, embora Ryan visse tudo aquilo com muito bom humor. Em um tweet (ou "tuíte", como quiserem), ele disse que provavelmente sua casa estava possuída, mas que um amigo de sua esposa estava mais preocupado se Maya tinha comido a fatia de pão ou apenas lambido a manteiga de amendoim. É interessante notar que a caixa de diálogo azul seria de Raniece, esposa de Ryan, alegando que estava dormindo no momento em que tudo aconteceu.

Alguns Questionamentos Feitos por Usuários no Twitter


Uma vez que o vídeo superou a marca das 5 milhões de visualizações e dezenas de milhares de comentários, surgiram inúmeras especulações sobre o caso. A primeira delas, conforme vocês podem notar, seria a razão pela qual Ryan não moveu a câmera para o lado, para mostrar que não havia ninguém na sala de estar da casa. Afinal de contas, essa talvez fosse a primeira reação de alguém para ao menos indicar que não tinha realmente ninguém usando uma máscara ou fazendo caretas para Maya. Outro questionamento veio parte de alguns usuários, que alegaram ouvir um som semelhante a uma "risada de bebê" ao fundo (altamente recomendável que coloquem fones de ouvido).

Ryan explicou que não virou a câmera, porque não havia nada (ao menos nada visível para ele) no local. Ele disse que não tinha começado a filmar para registrar algo paranormal, mas apenas para filmar Maya fazendo bobagens. Ele disse que chegou a virar a cabeça para ver se realmente não havia nada, mas não a câmera. Em relação a suposta risada de bebê, Ryan disse que o som era proveniente de um pássaro, que há alguns dias vinha espreitando a janela da família. Ele acreditava que, talvez, fosse uma época de acasalamento.

Uma vez que o vídeo superou a marca das 5 milhões de visualizações e dezenas de milhares de comentários,
surgiram inúmeras especulações sobre o caso.


O lado "paranormal" ou "sobrenatural" da história acabou sendo propagado mais por seguidores e não seguidores de Ryan, do que por ele próprio. Contudo, mesmo alegando que não começou a gravar com o intuito de registrar algo de outro mundo, será que Ryan gravou o vídeo com a intenção que o mesmo viralizasse?

A Pequena "Maya"é uma "Velha Conhecida" do Buzzfeed


A pequena Maya tem apenas 2 anos de idade, mas é uma "velha conhecida", por assim dizer, do Buzzfeed. O motivo? Bem, ela apareceu no ano passado em um notícia do referido site, porque ela já tinha viralizado no Twitter ao fazer "quadros", verdadeiras obras de arte abstratas, e chamou muita atenção com sua realização. Ela chegou a ser apelidada de "A Pequena Picasso".

Na notícia publicada em junho do ano passado, Maya tinha cerca de 16 meses de vida, e tinha sido fotografada por seu pai usando pincéis e muita tinta sobre uma tela, em meio a um gramado. As fotos divulgadas no Buzzfeed já tinham viralizado intensamente no Twitter. Na época, Ryan Dalton declarou que gostava de deixar Maya livre para explorar o mundo ao seu redor. Também foi mencionado que ele e Raniece estavam esperando pela segunda filha, e que finalmente tinham conseguido comprar uma casa, após anos pagando aluguel. Assim sendo, Ryan disse que teve a ideia de permitir que Maya criasse sua própria arte para seu novo quarto, ou seja, que ela participasse ativamente da decoração do seu próprio espaço.

As fotos divulgadas no Buzzfeed já tinham viralizado intensamente no Twitter. Na época, Ryan Dalton declarou que gostava de deixar Maya livre para explorar o mundo ao seu redor. Também foi mencionado que ele e Raniece estavam esperando pela segunda filha, e que finalmente tinham conseguido comprar uma casa, após anos pagando aluguel.
Assim sendo, Ryan disse que teve a ideia de permitir que Maya criasse sua própria arte para seu novo quarto, ou seja, que ela participasse ativamente da decoração do seu próprio espaço.


Aparentemente, Maya nunca tinha pintado antes, exceto por uma breve experiência em um museu infantil. Após Ryan colocar tinta em alguns recipientes, e ensinar a filha a como usar o pincel, ela teria começado a fazer sua arte. A parte favorita dela teria sido misturar as cores.

Aparentemente, Maya nunca tinha pintado antes, exceto por uma breve experiência em um museu infantil. Após Ryan colocar tinta em alguns recipientes, e ensinar a filha a como usar o pincel, ela teria começado a fazer sua arte. A parte favorita dela teria sido misturar as cores.


Aliás, o sucesso teria sido tão grande, que Maya fez um outro quadro, dessa vez em uma tela escura. Ryan disse que a filha tinha plena consciência de que ela era a autora dos quadros, e que apesar da pintura ser abstrata, ela parecia saber o que estava fazendo.

Já na recente notícia divulgada sobre Maya, Ryan disse que aquelas fotos tinham viralizado tanto, que a filha teria começado a criar um quadro para a Chelsea Clinton, a filha do ex-presidente norte-americano Bill Clinton.

Aliás, o sucesso teria sido tão grande, que Maya fez um outro quadro, dessa vez em uma tela escura. Ryan disse que a filha tinha plena consciência de que ela era a autora dos quadros, e que apesar da pintura ser abstrata, ela parecia saber o que estava fazendo.


Ao ser questionado se ele se importava, que sua filha havia se tornado um viral da internet, Ryan disse que não irá parar de publicar fotos e vídeos de Maya. Ele alegou ter amigos e familiares em todas as partes do mundo, então compartilhar vídeos, fotos e anedotas de Maya e Teige na internet seria uma maneira deles se sentirem conectados, uma vez que não podem estar presentes.

De qualquer forma, Ryan também teria alegado ao Buzzfeed, que acreditava haver mais do que o "mundo físico", que vemos ao nosso redor. Ryan disse, que ele próprio teria sido uma pessoa muito sensível "ao que não é possível ver" durante a maior parte de sua infância. Não teria sido nada semelhante ao filme "Sexto Sentido", mas que ele podia sentir o sobrenatural.

Agora, será que Maya realmente viu algo de outro mundo ou apenas ficou espantada com a escuridão? Bem, é extremamente provável que tenha acontecido exatamente aquilo que Ryan disse, ou seja, a filha achou a escuridão simplesmente assustadora (por associação) e ponto final. Não entrarei no mérito da questão sobre se crianças tem maior ou menor propensão ou sensibilidade em termos paranormais, porque esse é um assunto muito extenso e seria necessário uma matéria inteira somente sobre isso para mostrar os dois lados dessa questão. De antemão, no entanto, sabe-se que dos dois anos aos quatro de idade as crianças vivem uma das fases da vida, que se apresenta cheia de encantos. Todos os dias elas se surpreendem com novas conquistas, e novas proezas. Esta também seria a idade da entrada nas nossas casas dos chamados amigos imaginários. Até os cinco anos de idade seria o "auge do período de representação simbólica" da criança, ou seja, nessa fase, é forte a capacidade de evocação do que não é real, da fantasia. A criança entra em constante dramatização e a brincadeira de faz de conta é parte do dia a dia. Portanto, o comportamento de Maya, a princípio, seria normal perante a escuridão, algo que ela associou com a palavra "spooky" devido ao exemplo dado por seus primos. Enfim, e vocês, o que acham? Maya teria realmente visto algo de "outro mundo" ou apenas fantasiou com a escuridão? Deixem a opinião de vocês nos comentários!

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?codigo=AOP0133
https://hellogiggles.com/news/toddler-ghost-viral-video/
https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2014/02/seu-filho-tem-um-amigo-imaginario-saiba-como-agir.html
https://www.bustle.com/p/a-two-year-old-spotted-something-spooky-in-her-house-now-everyone-says-its-time-for-her-family-to-move-8475315
https://www.buzzfeed.com/ikrd/spooky-content?utm_term=.eipe1ZnRY#.mi0MGNPXp

O Caso Vallecas: O Filme "Verónica" Foi Mesmo Baseado em um Caso de "Possessão Demoníaca" Ocorrido na Espanha?

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Por Marco Faustino

Recentemente, a Netflix adicionou em seu catálogo um filme chamado "Verónica" (não estranhem o acento agudo, uma vez que é o título original do filme em espanhol). Em diversos sites brasileiros, que não irei citar os nomes, as pessoas vêm sendo informadas, que se trata de um obra "baseada em fatos reais" sobre um caso de possessão demoníaca ocorrido na Espanha, na década de 1990. Inicialmente, o filme foi exibido no Festival de Cinema de Toronto, no Canadá, no ano passado, e vem sendo taxado de o "filme de terror mais assustador de todos os tempos". Outros sites publicaram com grande entusiasmo que a "crítica especializada" apontava o filme com 100% de aprovação em um dos maiores sites de classificação de filmes e séries do mundo, o Rotten Tomatoes. Atualmente, no entanto, o filme tem 88% de aprovação da "crítica especializada" (de um total de 16 críticos), e apenas 44% de aprovação do público, que é aquele que efetivamente paga para assistir um determinado filme, ou seja, sem público, sem bilheteria (de um total de 815 votos). Entender o filme é algo relativamente bem simples, ainda mais quando se trata do gênero de terror. Neste caso, a obra cinematográfica acompanha uma jovem, que precisa proteger seu irmãos mais novos depois que ela tenta trazer de volta o espírito de seu pai ao usar uma tábua Ouija durante um eclipse (sim, mais um filme sobre a famigerada tábua Ouija). Sinceramente, por mais que eu goste do diretor Paco Plaza - que conseguiu fazer um filme bem interessante chamado "[•REC]" (o mesmo não é possível dizer de suas sequências [•REC]² e [•REC]³, sendo que este último foi massacrado pela crítica e pelo público), e que acabou ganhando adaptações com outros atores para o mercado norte-americano (e muito mais fraco que o filme em espanhol), onde acabou sendo chamado de "Quarantine" - existe uma forte apelação contextual nessa história, ou seja, a tentativa de usar um suposto instrumento de comunicação com os mortos com um eventual misticismo arcaico sobre eclipses.

Entretanto, como se não bastante todo o apelo contextual para obviamente tentar induzir o medo nas pessoas (afinal de contas trata-se de um filme de terror), os sites começaram a divulgar, conforme acabei de dizer, que o filme seria "baseado em fatos reais", sendo que outros resolveram apontar "a verdadeira história por trás de Verónica". Uma vez que sempre sou muito honesto com o público que nos acompanha, preciso dizer uma coisa bem sincera para vocês: o filme é, no máximo, vagamente inspirado em um suposto caso de "possessão demoníaca" ocorrido em Puente de Vallecas, um distrito de Madri, capital da Espanha, em 1990. Isso significa, que praticamente nada do que você viu ou verá no filme realmente aconteceu. Para piorar a situação o chamado "Caso Vallecas", que teria servido para a vaga inspiração de "Verónica"é um caso extremamente mal documentado, e o que vocês verão a seguir é uma espécie de tentativa de reconstruir o que teria acontecido no passado, a partir do cruzamento de inúmeras informações coletadas a partir de entrevistas, programas televisivos e conteúdo publicado por terceiros, na internet. Existe muito joio em todo esse trigo, e essa matéria especial é uma tentativa de trazer esse caso o mais próximo possível da realidade para vocês. Vamos saber mais sobre esse assunto?

Uma Breve Reflexão Inicial


Em março do ano passado publiquei uma matéria chamada "A História Completa da Tábua Ouija: Apenas um Mero Brinquedo ou um Poderoso Instrumento de Comunicação com os Mortos?", na qual apresentei a vocês a forma pela qual a tábua Ouija, que conhecemos atualmente, nasceu, por assim dizer. Expliquei detalhadamente o caso das Irmãs Fox, um dupla que enganou centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo, e promoveu o "Espiritualismo" de forma totalmente irresponsável. Também mostrei como isso fez com que o "Espiritualismo" entrasse na Casa Branca, e ganhasse tanta força, que foi capaz de culminar indiretamente no assassinato de Abraham Lincoln. E tudo isso levou a criação de inúmeros mecanismos e instrumentos supostamente destinados a comunicação com os mortos.

Mostrei a vocês como a tábua Ouija originou-se, quem registrou sua patente, e a finalidade benéfica, e não maléfica, que a mesma foi adquirindo ao longo do tempo. Aproveitei para esclarecer se a tábua Ouija era utilizada na Antiguidade, se tinha inspirado obras literárias ou músicas, e apontei exatamente o momento em que a mesma se tornou "maligna" aos olhos das pessoas.

Mostrei a vocês como a tábua Ouija originou-se, quem registrou sua patente, e a finalidade benéfica, e não maléfica, que a mesma foi adquirindo ao longo do tempo. Aproveitei para esclarecer se a tábua Ouija era utilizada na Antiguidade, se tinha inspirado obras literárias ou músicas, e apontei exatamente o momento em que a mesma se tornou "maligna" aos olhos das pessoas.
É justamente nesse ponto, onde ela se torna "maligna" na mente das pessoas, o mais interessante (principalmente graças a Hollywood, com o filme "O Exorcista"), porque muito antes disso, o mecanismo de funcionamento da tábua Ouija já era bem conhecido: o chamado "efeito ideomotor", termo cunhado pelo naturalista britânico William B. Carpenter, em 1852. Com o poder da sugestão ou expectativa, somado com os sutis movimentos inconscientes feitos pelas mãos, pode parecer que algo sobrenatural esteja ocorrendo, assim como o indicador da tábua aparenta estar se movendo por conta própria. William Carpenter também observou que os movimentos musculares podem ser realizados pelo cérebro independentemente das emoções. Porém, desde que Hollywood quis dizer ao mundo que a tábua Ouija era satânica, inúmeras histórias vêm sendo inventadas sobre a mesma. Uma delas é que a tábua não pegaria fogo. Sim, ela pega, exceto, é claro, que você passe algum produto especial na mesma. Aliás, nunca existiu, por exemplo, um "demônio da tábua Ouija" chamado "Zozo", visto que fui na raiz de toda essa história para mostrar a vocês como isso surgiu.

Ao final, mostrei que tudo indicava que a tábua Ouija fosse tão somente um brinquedo, nada além disso. Infelizmente, muitas pessoas são enganadas deliberadamente nesse sentido por filmes, séries, sites na internet, canais do YouTube etc. Por outro lado, isso não quer dizer que sua utilização por crianças ou pré-adolescentes seja recomendável, muito pelo contrário. A questão não está relacionada se a tábua poderia gerar uma possessão demoníaca, ou se a mesma é permitida ou não por determinada religião, mas potencialmente por gerar um fenômeno chamado "histeria coletiva" (também conhecido como doença psicogênica de massa).

Por outro lado, isso não quer dizer que sua utilização por crianças ou pré-adolescentes seja recomendável, muito pelo contrário. A questão não está relacionada se a tábua poderia gerar uma possessão demoníaca, ou se a mesma é permitida ou não por determinada religião, mas potencialmente por gerar um fenômeno chamado "histeria coletiva" (também conhecido como doença psicogênica de massa).
Geralmente, em casos de "histerias coletivas", as meninas são mais susceptíveis de serem afetadas do que os homens (raramente se ouve falar de meninos sendo "possuídos" por usar a tábua Ouija). Muitas vezes começa simplesmente com uma única menina. As pessoas pertencentes ao grupo, geralmente fechado, assim como uma roda de amigas em um quarto, são mais afetadas se a primeira pessoa a desmaiar for alguém que elas conheçam bem, ainda mais se a menina possuir uma grande relevância ou elevada admiração pelo grupo. Além disso, as escolas são particularmente mais vulneráveis, justamente por conterem um alto número de estudantes, de uma mesma faixa etária, o que agrava a situação. Após a demonstração dos sintomas por uma determinada pessoa, outras pessoas começam a manifestar sintomas semelhantes, geralmente náuseas, fraqueza muscular, convulsões ou dores de cabeça. Na visão de muitos, tal comportamento é interpretado como "possessão demoníaca", mas na verdade não é, e cada caso deve ser tratado individualmente e fora do ambiente que gerou essa histeria coletiva por psicólogos capacitados. Isso não se resolve com oração e trabalhos espirituais.

Para finalizar, diante do longo dossiê que escrevi sobre a tábua Ouija, nada indica que a mesma promova possessões demoníacas. Infelizmente, não conheço um único caso envolvendo a tábua Ouija, que não seja passível de inúmeros questionamentos se for realmente a fundo nas histórias, algo que nem sempre todo mundo faz pelos mais variados motivos (falta de interesse, de tempo, de paciência etc.). Assim sendo, o caso Vallecas é praticamente uma "história paranormal natimorta", ou seja, um caso que já nasceu sob uma fortíssima suspeita em relação a sua veracidade. Contudo, o que realmente teria acontecido na Espanha, na década de 1990?

O Caso Vallecas: Onde Aconteceu e as Informações Preliminares do Caso


O caso que teria vagamente inspirado o filme "Verónica" ocorreu no distrito de Puente de Vallecas (atualmente com pouco mais de 240 mil habitantes), um dos 21 distritos que compõe a cidade de Madri, capital da Espanha. Juntamente com o distrito de "Villa de Vallecas", o mesmo forma a chamada região de Vallecas. Aliás, é interessante ressaltar nesse ponto, que Vallecas era um município espanhol até 1950, quando a anexação a Madri acabou ocorrendo. Desde então, Vallecas é um região conhecida por seus moradores, predominantemente de classe média baixa (classe trabalhadora ou operária), por assim dizer. É possível notar, por exemplo, inúmeros conjuntos habitacionais praticamente iguais espalhados por todo o distrito.

O caso que teria vagamente inspirado o filme "Verónica" ocorreu no distrito de Puente de Vallecas, um dos 21 distritos que compõe a cidade de Madri, capital da Espanha. Juntamente com o distrito de "Villa de Vallecas", o mesmo forma a chamada região de Vallecas. Acima temos a visão aérea do distrito em 2011.
Desde então, Vallecas é um região conhecida por seus moradores, predominantemente de classe média baixa (classe trabalhadora ou operária), por assim dizer. É possível notar, por exemplo, inúmeros conjuntos habitacionais praticamente iguais espalhados por todo o distrito.
Entre 1960 e 2006, a região sofreu transformações similares aos outros distritos periféricos de Madri, e passou de ruas sem asfalto e sem iluminação, a ser incorporada a rede de metrô, a ter uma melhor urbanização das ruas, áreas com jardins, centros comerciais etc. Contudo, tenham em mente que não é um local glamouroso ou que tenha um ambiente socioeconômico expressivo, ainda mais se pensarmos como era a região em 1990, ou seja, 28 anos atrás.
Contudo, tenham em mente que não é um local glamuroso ou que tenha um ambiente socioeconômico expressivo, ainda mais se pensarmos como era a região em 1990, ou seja, 28 anos atrás.
Era exatamente nesse bairro, mais precisamente em um apartamento de um prédio residencial da rua Luís Marín nº 8, que morava a família Gutierrez Lázaro. Em 1990, a família era composta pela mãe, Concepción Lázaro de la Iglesia, 36 anos; pelo pai, Máximo Gutiérrez Palomares, 44 anos; e pelos seguintes filhos: Maria Estefanía Gutiérrez Lázaro (16 anos, porém morreu aos 17 anos), Ricardo Gutiérrez Lázaro (15 anos), Querubina Gutiérrez Lázaro (13 anos), Marianela Gutiérrez Lázaro (11 anos), Maximiliano Gutiérrez Lázaro (7 anos), e José Luis Gutiérrez Lázaro, que tinha apenas alguns meses de vida.





É válido ressaltar, que a família Gutierrez Lázaro morava em um apartamento desse prédio, que é basicamente o mesmo de 1990, ou seja, não havia uma casa ou um prédio anterior, é exatamente esse o local onde a família morava, e que outras famílias moram atualmente.

Posto isso, é extremamente importante mencionar, que praticamente toda a informação sobre os supostos eventos paranormais ocorridos no interior do apartamento partiram das declarações da senhora Concepción Lázaro de la Iglesia para veículos de comunicação espanhóis, a mãe de seis filhos. Segundo ela, uma de suas filhas, a Maria Estefanía Gutiérrez Lázaro, de 16 anos, um belo dia, em 1990, resolveu usar a tábua Ouija juntamente com colegas de classe, no banheiro de uma instituição pública de ensino chamada "Colegio Público Aragón", que foi fundado em 1973, e que ficava a apenas 400 metros (cerca de 5 minutos a pé) de distância do apartamento da família.



Maria Estefanía Gutiérrez Lázaro, de 16 anos, um belo dia, em 1990, resolveu usar a tábua Ouija juntamente com colegas de classe, no banheiro de uma instituição pública de ensino chamada "Colegio Público Aragón" (na foto), que foi fundado em 1973, e que ficava a apenas 400 metros (cerca de 5 minutos a pé) de distância do apartamento da família.
Tanto Estefanía quanto suas colegas de classe teriam se assustado, quando uma professora teria flagrado as meninas no banheiro, usando a tábua Ouija. Devido ao susto, um copo que estava sendo usado como indicador teria quebrado, e liberado uma espécie de fumaça negra de seu interior que, logo em seguida, teria sido inalada acidentalmente pela Estefanía.

Você pode até estar impressionado nesse momento, mas é importante dizer algumas coisas nesse ponto. Em primeiro lugar, nunca houve nenhuma declaração ou depoimento de qualquer professora, funcionário ou da direção da escola, assim como da administração pública sobre esse incidente. Além disso, não há quaisquer depoimentos de colegas ou amigos(as) de Estefanía. Para completar, nunca foi citado o nome de quaisquer pessoas que teriam participado da cena, ou seja, de pessoas envolvidas na suposta utilização ou flagrante de utilização de uma tábua Ouija no interior do "Colegio Público Aragón". Tudo o que temos foi mencionado pela mãe de Estefanía. Aliás, a razão pela qual não há nenhum depoimento da própria Estefanía, é que ela morreu em meados do ano seguinte, e o caso só apareceu na imprensa espanhola após a sua morte.

Nunca houve nenhuma declaração ou depoimento de qualquer professora, funcionário ou da direção da escola, assim como da administração pública sobre esse incidente. Além disso, não há quaisquer depoimentos de colegas ou amigos(as) de Estefanía. Para completar, nunca foi citado o nome de quaisquer pessoas que teriam participado da cena, ou seja, de pessoas envolvidas na suposta utilização ou flagrante de utilização de uma tábua Ouija no interior do "Colegio Público Aragón".
Uma vez que não há o depoimento de nenhuma eventual testemunha do que realmente teria acontecido, aparentemente cada um começou a publicar aleatoriamente a sua própria versão para o que teria ocorrido. Alguns sites na internet apontam, que Estefanía costumava usar a tábua Ouija e, inclusive, a usaria sozinha. Outros dizem que a "sessão Ouija" na escola teria sido para entrar em contato com o namorado de uma das amigas de Estefanía, que teria morrido em um acidente de moto (a versão mais popular conhecida atualmente). Já outros, no entanto, dizem que a mesma era para entrar em contato com o próprio namorado de Estefanía, que teria morrido em um acidente de trânsito.

Além disso, também não sabemos, quando a tal sessão teria acontecido, ao menos não o dia e nem mesmo o mês, apenas o ano, 1990. Alguns sites apontam que a sessão teria acontecido em março de 1990, mas há uma certa imprecisão sobre isso. Como se nada disso bastasse, ainda existe uma grande imprecisão até mesmo em relação a idade de Estefanía. Diversos veículos de comunicação ao longo do tempo já apontaram para as mais diversas idades: 14 anos, 16 anos, 18 anos e 19 anos. Infelizmente, não encontrei nenhuma declaração da mãe, a senhora Concepción Lázaro de la Iglesia, dizendo a idade da própria filha. Tudo o que temos são informações de terceiros, que podem ou não estar incorretas. Em minha matéria optei por usar a idade de 16 anos, devido a um estudo realizado por um grupo de investigação espanhol, e que mostrarei para vocês somente no final.

As Supostas "Consequências" e a Morte de Estefanía Gutiérrez Lázaro


Após esse suposto incidente, a mãe de Estefanía alegou que a filha teria passado a apresentar comportamentos estranhos. De acordo com a mãe, a adolescente teria sofrido com alucinações e convulsões, que deixavam o seu corpo rígido e seus olhos revirados. A menina também teria passado a ter visões noturna com sombras negras, no formato de homens, que cercavam a sua cama, e que constantemente pediam para que a mesma "fosse juntamente com eles". Tudo isso teria acontecido durante meses, sendo que a mãe alegou ter ido a diversos hospitais, e passado por diversos médicos, porém ninguém sabia o que sua filha tinha (algo que sempre me lembra a fabulosa rede de saúde pública em diversos países da América Latina e Central).

De acordo com a mãe, a adolescente teria sofrido com alucinações e convulsões, que deixavam o seu corpo rígido e seus olhos revirados. A menina também teria passado a ter visões noturna com sombras negras, no formato de homens, que cercavam a sua cama, e que constantemente pediam para que a mesma "fosse juntamente com eles".
Estefanía viria a morrer aos 17 anos, na madrugada de 14 de julho de 1991, por volta das 2h da manhã, no Hospital Gregorio Marañón, um hospital público, (que existe até hoje, diga-se de passagem), após chegar inconsciente devido a mais uma forte crise convulsiva. De acordo com um atestado de óbito assinado, que teria sido assinado pelos médicos "Dr. Pedro Cabezas" e "Dr. Gregorio Arroyo", a jovem teria morrido devido a uma asfixia pulmonar sob circunstâncias suspeitas. A jovem teria morrido somente no hospital, e não em sua casa.

No entanto, é importante ressaltar alguns detalhes em relação a essa parte. Nunca tivemos nenhuma declaração ou depoimento de quaisquer médicos envolvidos no atestado de óbito de Estefanía, e nem mesmo nenhuma declaração por parte do hospital ou de quaisquer outras clínicas ou hospitais que Estefanía teria, eventualmente, passado. Não existe absolutamente nada nesse sentido.



Estafenía viria a morrer na madrugada de 14 de julho de 1991, por volta das 2h da manhã, no Hospital Gregorio Marañón, um hospital público, (que existe até hoje, diga-se de passagem), após chegar inconsciente devido a mais uma forte crise convulsiva. De acordo com um atestado de óbito assinado, que teria sido assinado pelos médicos "Dr. Pedro Cabezas" e "Dr. Gregorio Arroyo", a jovem teria morrido devido a uma asfixia pulmonar sob circunstâncias suspeitas.
Alguns sites apontam que, um dia antes de sua morte, Estefanía teria avançado violentamente contra uma de suas irmãs, a Marianela, porém a menina teria conseguido se desviar, e a Estefanía teria ido parar no chão, em meio a uma crise convulsiva e espumando pela boca. Posteriormente, a jovem teria se recuperado, porém sem lembrar de nada do que havia acontecido, e curiosamente teria saído normalmente para passear com seu namorado, um indivíduo identificado como Pablo G. Porém, infelizmente, essa parte também não é verificável, uma vez que, para variar, nunca houve declarações ou depoimentos de quaisquer filhos do casal e muito menos do tal namorado identificado como Pablo G. Além disso, também foi mencionado que Estefanía já havia avisado anteriormente que, caso morresse, que a família paterna não fosse avisada e que fosse colocada uma foto de seus pais no interior do seu caixão.

Enfim, acredito que vocês já perceberam o quão esse caso é muito mal documentado, não é mesmo? Aliás, embora haja poucos detalhes verificáveis ou credíveis, esse caso poderia ser facilmente explicável diante do avanço da Medicina e da Psicologia, sendo extremamente parecido com casos que ocorrem atualmente com meninas ou grupos de meninas na Ásia, América Latina e América Central.

A Reportagem Exibida Pela Emissora de TV "Antena 3"


No YouTube, é possível encontrar uma reportagem de uma emissora de TV espanhola, a "Antena 3", que teria sido exibida em 14 de outubro de 1992. Vocês podem conferir a mesma abaixo, a partir de um canal de terceiros (em espanhol, mas irei dissecá-la para vocês):



Aparentemente, o vídeo foi extraído de uma gravação de um videocassete, que não sabemos quem gravou, no qual inicialmente podemos ver a âncora, Olga Viza, dizendo que uma equipe de reportagem, composta pela repórter Chus Morán e pelo cinegrafista Antonio Baena, esteve na casa da família Gutiérrez Lázaro, e registraram o momento onde uma "médium" teria sido supostamente possuída pelos espíritos que estariam na residência.

Inicialmente podemos ver a âncora, Olga Viza, dizendo que uma equipe de reportagem, composta pela repórter Chus Morán e pelo cinegrafista Antonio Baena, esteve na casa da família "Gutiérrez Lázaro", e registram o momento onde uma "médium" teria sido supostamente possuída pelos espíritos que estariam na residência.
Na reportagem foi mencionado, que espíritos vinham se manifestando na casa da família Gutiérrez, desde que o avô havia morrido, e expressou como último desejo, dificultar a vida da família como um todo. Segundo a reportagem, o avô costumava discutir muito com sua filha, a senhora Concepción Lázaro de la Iglesia, por motivos financeiros. Essa é uma parte interessante e igualmente mal documentada. Isso porque o pai de Concepción teria morrido bem antes de Estefanía, porém não há praticamente nenhum detalhe sobre a morte desse homem.

Na reportagem foi mencionado, que espíritos vinham se manifestando na casa da família Gutiérrez, desde que o avô havia morrido, e expressou como último desejo, dificultar a vida da família como um todo. Segundo a reportagem, o avô costumava discutir muito com sua filha, a senhora Concepción Lázaro de la Iglesia, por motivos financeiros.
Essa é uma parte interessante e igualmente mal documentada. Isso porque o pai de Concepción teria morrido bem antes de Estefanía, porém não há praticamente nenhum detalhe sobre a morte desse homem.
Alguns sites apontaram ao longo do tempo, que o avô tinha uma "estranha fixação" pela neta, mas isso não foi mencionado na reportagem, uma vez que, aparentemente, a discussão do homem era com a filha, e por motivos financeiros, ou seja, dinheiro.

Foi mencionado também, que Estefanía era a filha mais velha de Concepción, e que teria morrido de "forma inexplicável", por asfixia pulmonar, de maneira súbita e suspeita. Além disso, a menina (apontada na reportagem como tendo 14 anos) costumava usar a tábua Ouija, uma "prática considerada perigosa para os especialistas em parapsicologia".

Foi mencionado também, que Estefanía era a filha mais velha de Concepción, e que teria morrido de "forma inexplicável", por asfixia pulmonar, de maneira súbita e suspeita. Além disso, a menina (apontada na reportagem como tendo 14 anos) costumava usar a tábua Ouija, uma "prática considerada perigosa para os especialistas em parapsicologia".
Então, nos deparamos com a senhora Concepción dizendo que a filha costumava espumar pela boca e pelo nariz. A mãe tinha certeza, que a filha tinha sido possuída por alguma coisa. A reportagem também mencionou que, após a morte do avô, dois possíveis espíritos teriam entrado no apartamento, mais precisamente dentro de um dos banheiros da residência, que na verdade era usado como uma espécie de depósito.

Também foi mencionado, que se escutavam ruídos estranhos pelo apartamento, que eletrodomésticos ligavam sozinhos e, para completar, de vez em quando uma "silhueta humana" e uma "bola" atravessava o corredor do apartamento.

Então, nos deparamos com a senhora Concepción dizendo que a filha costumava espumar pela boca e pelo nariz. A mãe tinha certeza, que a filha tinha sido possuída por alguma coisa.
A reportagem também mencionou que, após a morte do avô, dois possíveis espíritos teriam entrado no apartamento, mais precisamente dentro de um dos banheiros da residência, que na verdade era usado como uma espécie de depósito.
Também foi mencionado, que se escutavam ruídos estranhos pelo apartamento, que eletrodomésticos ligavam sozinhos e, para completar, de vez em quando uma "silhueta humana" e uma "bola" atravessava o corredor do apartamento.
Na época, um grupo de parapsicólogos denominado "Unidad Cero" teria começado a investigar o caso, e registrado algumas psicofonias (fenômeno mediúnico, no qual um espírito se comunicaria através da voz de um médium). Entre essas supostas psicofonias, havia uma que dizia: "¡Cuidado com el abuelo!" ("Cuidado com o avô, em português).

Na época, um grupo de parapsicólogos denominado "Unidad Cero" teria começado a investigar o caso, e registrado algumas psicofonias (fenômeno mediúnico, no qual um espírito se comunicaria através da voz de um médium).
Entre essas supostas psicofonias, havia uma que dizia: "¡Cuidado com el abuelo!" ("Cuidado com o avô, em português).
De acordo com um homem chamado "Tristan Braker", identificado como parapsicólogo, havia duas energias na casa. A primeira seria de Estefanía, uma energia pacífica e positiva, e a segunda seria do avô, que seria muito negativa e ameaçadora.

De acordo com um homem chamado "Tristan Baker", identificado como parapsicólogo, havia duas energias na casa. A primeira seria de Estefanía, uma energia pacífica e positiva, e a segunda seria do avô, que seria muito negativa e ameaçadora.
Se encaminhando para a parte final da reportagem, nos deparamos com uma suposta "vidente" chamada "Lola", que teria supostamente sido possuída por essa tal "energia negativa" do avô, quando a mesma tentou se comunicar com Estefanía. É possível notar o Tristan segurando com força a cabeça de Lola, e gritando com a mesma, pedindo para que ela "voltasse". Também podemos ouvir a repórter, Chus Morán, narrando que, apesar de assustados, os familiares não pretendiam se mudar, porque "segundo os especialistas, os espíritos seguiriam a família, onde quer que eles fossem".

Se encaminhando para a parte final da reportagem, nos deparamos com uma suposta "vidente" chamada "Lola", que teria supostamente sido possuída por essa tal "energia negativa" do avô, quando a mesma tentou se comunicar com Estefanía.
É possível notar o Tristan segurando com força a cabeça de Lola, e gritando com a mesma, pedindo para que ela "voltasse". Também podemos ouvir a repórter, Chus Morán, narrando que, apesar de assustados, os familiares não pretendiam se mudar, porque "segundo os especialistas, os espíritos seguiriam a família, onde quer que eles fossem".
Essa reportagem acima é fundamental por diversos motivos. O primeiro deles é relação aos personagens dessa história. Nenhum outro membro da família, exceto a senhora Concepción Lázaro de la Iglesia, foi entrevistado, ou seja, não sabemos as demais versões dos familiares.

Em segundo lugar temos a questão do "grupo de parapsicólogos", sendo que o nosso principal foco é em "Tristan Braker". Muito provavelmente, quase ninguém conhece esse indivíduo, porém ele foi uma espécie de "caça-fantasmas", que apareceu em uma diversos programas dedicados a supostos fenômenos paranormais na década de 1990, e muitos deles de forma satírica e de humor. Quer um exemplo do profissionalismo dele? Confira o vídeo abaixo:



Na verdade, "Tristan Braker" foi uma espécie de personagem de um homem chamado Alfonso Galán, autor e compositor de livros e músicas. Ele se autointitulava um ator, e dizia ser um parapsicólogo. Em uma entrevista para o jornal "El País", em 2016, por telefone, Alfonso disse que "Tristan Braker" foi um nome inventado por ele, e que "Tristán" em castelhano significa "barulho", e que "Braker" em inglês significa "freio, frenagem", ou seja, "o barulho que retardava tudo".

Na verdade, "Tristan Braker" foi uma espécie de personagem de um homem chamado Alfonso Galán, autor e compositor de livros e músicas. Ele se autointitulava um ator, e dizia ser um parapsicólogo.
Ele também alegou que "a mídia havia mudado o que ele realmente era", uma pessoa que havia estudado parapsicologia desde os 20 anos de idade, e que tinha uma má lembrança da TV. Ironicamente, no entanto, não vemos nenhum desconforto de Alfonso Galán empunhando uma "arma" de plástico, e dizendo que a mesma seria capaz de caçar fantasmas. Por falar nessa "arma", Tristan Braker a apelidava de "Bobby", um arma de plástico com uma lanterna, que ele dizia detectava espíritos, energias, e entidades. Teria sido através dessa "arma", que o mesmo teria "fotografado diversos ectoplasmas". Acho que não preciso dizer muita coisa, mas na Espanha é muito difícil encontrar alguém que não considere Alfonso Galán um farsante.

Em terceiro lugar, temos um "complicativo espiritual" em toda essa história. Se Estefanía morreu no Hospital Gregorio Marañón, seu espírito estaria mesmo dentro de sua residência? Aliás, onde morreu o avô de Estefanía e pai de Concepción? Segundo inúmeros casos, a resposta para a primeira pergunta seria "não". Já a segunda resposta não sabemos, porque nada nesse sentido foi divulgado.

Em quarto e último lugar, onde está a história de que a menina teria usado uma tábua Ouija no colégio, juntamente com algumas amigas, sendo posteriormente flagrada por uma professora, e que um copo teria quebrado e liberado uma fumaça escura? A reportagem da "Antena 3" deu nitidamente a entender que o "principal responsável" pelos supostos fenômenos paranormais na residência da família seria a "energia negativa do avô", ou seja, o pai de Concepción.

A Tentativa de Validar os Supostos Fenômenos Paranormais na Casa da Família Gutiérrez Lázaro: Policiais Teriam Comprovado uma Atividade Paranormal?


Eis que entramos em um ponto nevrálgico, em que muitos gostam de dizer, a plenos pulmões, que a polícia espanhola teria testemunhado e comprovado a existência de fenômenos paranormais na residência da família Gutiérrez Lázaro. Tudo isso porque, por volta das 2h30 da madrugada, do dia 27 de novembro de 1992, Máximo Gutiérrez Palomares, marido de Concepción, que até aquele momento não tinha voz ativa nenhuma nessa história, teria ligado para a polícia. O motivo? Estranhos e supostos fenômenos paranormais estariam acontecendo na residência da família Gutiérrez Lázaro.

Cerca de seis policiais teriam ido até a casa da família, sendo que entre eles estava um inspetor de polícia chamado José Pedro Negri, que é uma outra figura emblemática dessa história, porque nunca houve o depoimento ou quaisquer declarações dos demais policiais até hoje, somente de José Pedro Negri e muitos anos depois do ocorrido. Aparentemente, os policiais foram recebidos pela família na portaria do prédio, sendo que o casal alegava que uma sombra negra e alta estaria rondando a residência. Assim sendo, os policiais subiram até o apartamento e, segundo inúmeros sites na internet, teriam visto as portas de um dos móveis da sala de jantar abrindo e fechando violentamente. Diante de suposto "fenômeno paranormal", quatro policiais teriam ficado com medo e resolveram sair do apartamento, ou seja, teria ficado apenas José Pedro Negri e mais um policial, que até hoje não sabemos o nome.

Cerca de seis policiais teriam ido até a casa da família, sendo que entre eles estava um inspetor de polícia chamado José Pedro Negri, que é uma outra figura emblemática dessa história, porque nunca houve o depoimento ou quaisquer declarações dos demais policiais até hoje, somente de José Pedro Negri e muitos anos depois do ocorrido. A imagem acima é meramente ilustrativa.
Posteriormente, os dois policiais restantes teriam ouvido um barulho "inexplicável", vindo da sacada do apartamento, onde eles não encontraram ninguém ou nenhuma razão para o barulho. Momentos depois, eles teriam percebido em uma mesa, onde ficava o telefone fixo da família, uma espécie de mancha consistente, de coloração marrom, que foi identificada como saliva ou secreção. Logo depois, Máximo acompanhou José Pedro Negri até o quarto do casal para mostrar uma imagem de Jesus Cristo, que havia sido arrancada e arranhada. Aliás, os arranhões teriam sido produzido por "algo semelhante a três garras".

Para completar, os policiais teriam visto um crucifixo, em que a imagem sacra havia se separado da madeira, e ao abrir o banheiro, que servia como depósito, José Pedro Negri teria sentido um frio, que jamais sentiu antes. Incrível, não é mesmo? Porém, nada foi investigado e foi gerado apenas um "informe" uma espécie de documento de polícia informando os detalhes da ocorrência, que muitos dizem que serve de prova que ocorreu algo paranormal no apartamento da família Gutiérrez Lázaro.

Nada foi investigado e foi gerado apenas um "informe" uma espécie de documento de polícia informando os detalhes da ocorrência, que muitos dizem que serve de prova que ocorreu algo paranormal no apartamento da família Gutiérrez Lázaro.
No dia 1º de novembro de 1993, uma foto de Estefanía, em um porta-retrato teria "queimado sozinha", porém com o passar dos tempos os supostos fenômenos teriam diminuído, sendo que a família também resolveu se mudar. O apartamento foi alugado por outras pessoas, mas, curiosamente os mesmos disseram que nunca notaram nada de anormal na residência, sendo que a própria família Gutiérrez Lázaro, que dizer, Concepción e Máximo, uma vez que só houve declarações de ambos para a mídia até hoje, alegaram que não havia acontecido nada na nova residência.

No dia 1º de novembro de 1993, uma foto de Estefanía, em um porta-retrato teria "queimado sozinha", porém com o passar dos tempos os supostos fenômenos teriam diminuído, sendo que a família também resolveu se mudar.
Agora, será mesmo que os policiais presenciaram algo paranormal? Para responder a essa pergunta é necessário assistir dois vídeos. O primeiro deles é uma espécie de reportagem chamada "Expediente Vallecas", que foi exibida no programa "Cuarto Milenio" (um programa espanhol dedicado a temas misteriosos ou de cunho paranormal e sobrenatural), em 27 de novembro de 2005, que vocês podem conferir em um canal de terceiros, no YouTube (em espanhol, mas irei destrinchá-lo rapidamente para vocês):



A reportagem acima é basicamente um resumo do sabemos atualmente. Inicialmente, vemos a senhora Concepcíon dizendo que tudo havia começado, quando sua filha usou a tábua Ouija com algumas colegas no colégio (o narrador diz que isso teria acontecido em março de 1990). Então, uma professora teria flagrado as meninas, e quebrado a tábua Ouija. Um copo usado como indicador, contendo uma espécie de fumaça também teria sido quebrado. Assim sendo, Estefanía teria sido a única a inalar a tal fumaça.

É interessante notar que Concepcíon sempre olha para seu lado esquerdo, enquanto conta sua versão. Quem estuda a linguagem corporal humana costuma dizer que esse ato (de olhar para o lado esquerdo), salvo em condições bem específicas, representa a busca futura, ou seja, Concepción muito provavelmente estaria mentindo sobre a história.

A reportagem acima é basicamente um resumo do sabemos atualmente. Inicialmente, vemos a senhora Concepcíon dizendo que tudo havia começado, quando sua filha usou a tábua Ouija com algumas colegas no colégio (o narrador diz que isso teria acontecido em março de 1990). Então, uma professora teria flagrado as meninas, e quebrado a tábua Ouija. Um copo usado como indicador, contendo uma espécie de fumaça também teria sido quebrado.
É interessante notar que Concepcíon sempre olha para seu lado esquerdo, enquanto conta sua versão. Quem estuda a linguagem corporal humana costuma dizer que esse ato (de olhar para o lado esquerdo), salvo em condições bem específicas, representa a busca futura, ou seja, Concepción muito provavelmente estaria mentindo sobre a história.
Desde esse episódio, sendo ele verdadeiro ou não, Estefanía teria começado a agir de forma estranha, a ter convulsões, a ser agressiva e, em algumas ocasiões, espumava pela boca. A mãe teria levado a filha a vários médicos (sendo que nenhuma clínica ou médico é citado), mas ninguém dizia saber o que a menina tinha.

A situação de Estefanía, no entanto, só piorava e suas crises convulsivas começaram a acontecer com mais frequência, até que, finalmente, ela veio a falecer. Após 15 anos, sua morte continuava sendo um mistério.

A situação de Estefanía, no entanto, só piorava e suas crises convulsivas começaram a acontecer com mais frequência, até que, finalmente, ela veio a falecer. Após 15 anos, sua morte continuava sendo um mistério.
Posteriormente, foi mencionado que o casal teria instalado detectores de movimento na residência, principalmente no corredor, e também foi comentado sobre a foto de Estefanía, que teria pegado fogo sozinha, dentro de um porta-retrato. Como não podia deixar de constar, a ida dos policiais até o apartamento da família também foi citada, muito embora nenhum envolvido diretamente na história foi consultado. Talvez a parte mais interessante seja a declaração de Máximo Gutiérrez dizendo que, os policiais teriam sacado suas armas, quando a porta do armário da estante teria começado a bater.

Posteriormente, foi mencionado que o casal teria instalado detectores de movimento na residência, principalmente no corredor...
...e também foi comentado sobre a foto de Estefanía, que teria pegado fogo sozinha, dentro de um porta-retrato.
Como não podia deixar de constar, a ida dos policiais até o apartamento da família também foi citada, muito embora nenhum envolvido diretamente na história foi consultado.
Então, foi dito que há sete meses a família havia vendido o apartamento e se mudado, ou seja, a família teria morado ao longo de 15 anos no mesmo local, mas nenhum outro incidente teria acontecido. Os novos moradores no antigo apartamento, no entanto, disseram que não havia nada errado com o mesmo. Nenhuma sombra ou batida em portas ou paredes. Aliás, o único barulho que escutavam eram os passos do vizinho de cima.

Os novos moradores no antigo apartamento, no entanto, disseram que não havia nada errado com o mesmo. Nenhuma sombra ou batida em portas ou paredes. Aliás, o único barulho que escutavam eram os passos do vizinho de cima.
O segundo vídeo não é encontrado no YouTube, mas em um site chamado "Mitele", uma espécie de plataforma que possui conteúdo de diversas emissoras de TV na Espanha. No meio desse conteúdo disponível gratuitamente está justamente uma edição do programa "Cuarto Milênio", apresentado pelo controverso jornalista Iker Jiménez Elizari, que foi exibida em 25 de novembro de 2012 (T08xPrograma 296).

Essa edição abriu justamente com o depoimento de José Pedro Negri sobre o que teria acontecido durante a ida dos policiais até a residência da família Gutiérrez Lázaro. E acredite, o que ele falou pode decepcionar muitos de vocês.

O segundo vídeo não é encontrado no YouTube, mas em um site chamado "Mitele", uma espécie de plataforma que possui conteúdo de diversas emissoras de TV na Espanha. No meio desse conteúdo disponível gratuitamente está justamente uma edição do programa "Cuarto Milênio", apresentado pelo controverso jornalista Iker Jiménez Elizari, que foi exibida em 25 de novembro de 2012
Antes de mostrar a vocês o depoimento dele, é importante ressaltar que, de acordo com Iker Jiménez, essa era a primeira vez que o ex-inspetor de polícia havia resolvido falar sobre o caso, visto que ele já tinha se aposentado, e que muitos já tinham tentado entrevistá-lo antes, porém sem sucesso. Ele também disse que José Pedro Negri era totalmente agnóstico e cético sobre essas questões e que, desde então, passou a frequentar missas. Ele teria assegurado, que a natureza daquilo que teria presenciado era diabólica.

Iker também disse, em uma entrevista para site chamado "Formula TV", que já havia estado na casa da família em 1996, e que Concepción mencionou para que ele evitasse o banheiro, porque o mesmo "sugaria energia". Iker estava acompanhado de uma equipe, que transportava duas pilhas, sendo que as mesmas descarregaram, uma após a outra, sem motivo aparente.

Iker também disse, em uma entrevista para site chamado "Formula TV", que já havia estado na casa da família em 1996, e que Concepción mencionou para que ele evitasse o banheiro, porque o mesmo "sugaria energia". Iker estava acompanhado de uma equipe, que transportava duas pilhas, sendo que as mesmas descarregaram, uma após a outra.
Para completar, ele disse que os estranhos e supostos fenômenos na residência não teriam acontecido somente na madrugada em que os policiais compareceram, mas que teria começado a acontecer entre 2 e 3 semanas após a morte de Estefanía, e que tudo teria começado a partir de uma voz que Concepción escutou do banheiro, que ficava próximo do quarto da menina. Os fenômenos teriam começado a se intensificar até que eles chamaram a polícia, praticamente um ano depois da morte da menina.

Posto isso, vou contar a vocês exatamente a versão dada pelo ex-inspetor de polícia. Inicialmente, José Pedro Nigri disse convictamente, que tinha sido testemunha dos fatos, e que lembrava muito bem do que aconteceu, e que tudo estava gravado em sua memória. Ele disse que a chamada teria acontecido por volta das 2h30 da manhã, e que estava muito frio na rua, cerca de 1ºC ou até mesmo 0,5ºC. Ele também disse que Concepción tinha um bebê (provavelmente José Luis Gutiérrez Lázaro). Sua impressão inicial era de que a família não estava mentindo, que dizer, ao menos para eles, soava ser uma verdade que tinham vivido.

José Pedro Nigri disse convictamente, que tinha sido testemunha dos fatos, e que lembrava muito bem do que aconteceu, e que tudo estava gravado em sua memória. Ele disse que a chamada teria acontecido por volta das 2h30 da manhã, e que estava muito frio na rua, cerca de 1ºC ou até mesmo 0,5ºC.
José Pedro Nigri confirmou que seis policiais foram até o apartamento da família, e se sentaram na sala de estar, onde eles começaram a conversar. Os familiares (Concepción e seu marido) teriam mostrado documentos médicos da filha falecida, a Estefanía, que ele considerou como verdadeiros, e que estranhos acontecimentos teriam ocorrido após a menina usar a tábua Ouija. Teria sido mencionado, que a menina desmaiava no colégio, entrava em transe, entre outras coisas.  

Curiosamente, a família disse que os estranhos fenômenos aconteciam, quando as luzes da casa eram apagadas. Então, o pai, Máximo Gutiérrez, teria apagado as luzes, e após cerca de dois ou três minutos, no máximo, a porta de um armário da sala começou a abrir e fechar de forma violenta, sucessivas vezes. Ao acender a luz, os policiais viram a porta fechada e José Pedro Nigri declarou que, em sua visão, a mesma tinha sido aberta de forma "antinatural".

Informe Policial relacionado ao caso Vallecas
José Pedro Nigri confirmou que seis policiais foram até o apartamento da família, e se sentaram na sala de estar, onde eles começaram a conversar. Os familiares (Concepción e seu marido) teriam mostrado documentos médicos da filha falecida, a Estefanía, que ele considerou como verdadeiros, e que estranhos acontecimentos teriam ocorrido após a menina usar a tábua Ouija.
Posteriormente, quatro policiais, provavelmente temerosos, resolveram deixar o apartamento, e ficou apenas o José Pedro Nigri acompanhado de um policial, que ele não recordava o nome. Então, Concepción levou o ex-inspetor e o seu colega até o quarto da filha falecida, onde havia um crucifixo de madeira e um espécie de "poster" (uma imagem ou fotografia, que nesse caso provavelmente era de cunho religioso) presos na parte de trás da porta do quarto. Concepción contou que, algumas vezes, quando ela estava sentada em uma das camas, e conversando com um dos seus filhos de 7 a 8 anos, o mesmo simplesmente "saltava de um lado para o outro" devido a uma "força desconhecia". Pouco tempo depois dessa conversa, José Pedro Nigri teria ouvido um forte barulho na parte de trás do apartamento. Imediatamente, ele se encaminhou até a sala de estar, abriu uma porta que dava acesso a um corredor, mas logo notou não havia nada caído no chão, que pudesse ter causado aquele barulho. Novamente, ele classificou o evento como "antinatural"

Algum tempo depois, José Pedro Nigri foi informado pela família, que havia uma estranha força no interior de um banheiro da residência (aquele usado como uma espécie de depósito). Assim que abriu a porta do banheiro, ele disse que os pelos do seu corpo se arrepiaram, e que ele teve uma estranha sensação de frio, que nunca havia sentido antes em sua vida. Então, ele fechou a porta, e tentou parecer calmo, como se nada tivesse acontecido. Ao se questionado por Iker Jiménez, sobre como ele explicava aquela situação, o ex-inspetor de polícia disse que não sabia como explicar, que sempre tinha sido agnóstico, e que não acreditava em coisas paranormais.

Ao se questionado por Iker Jiménez, sobre como ele explicava aquela situação, o ex-inspetor de polícia disse que não sabia como explicar, que sempre tinha sido agnóstico, e que não acreditava em coisas paranormais.
Em seguida, Iker abiu um "link televisivo" em tempo real com a casa onde os fenômenos tinham ocorrido há mais de 20 anos. Uma equipe do programa estava no interior da residência, provavelmente na expectativa que algo estranho acontecesse.

Foi nesse momento, que o ex-inspetor de polícia reconheceu uma mesa, onde ficava o telefone da família. Ele estranhou que a mesa ainda era a mesma, após tantas pessoas terem morado na casa, mas acabou dizendo que era mesmo o local onde ele havia comparecido em 1992. Aliás, uma móvel da sala, uma estante para ser mais preciso, onde uma única porta teria sido aberta e fechada violentamente, de maneira "antinatural", ainda era o mesmo.

O ex-inspetor de polícia reconheceu uma mesa, onde ficava o telefone da família. Ele estranhou que a mesa ainda era a mesma, após tantas pessoas terem morado na casa, mas acabou dizendo que era mesmo o local onde ele havia comparecido em 1992.
Aliás, uma móvel da sala, uma estante para ser mais preciso, onde uma única porta teria sido aberta e fechada violentamente, de maneira "antinatural", ainda era o mesmo.
Porta da estante que teria aberto e fechado violentamente em 1992.
Seguindo no interior da residência, também foi mostrado o banheiro, que tinha sido inteiramente reformado por alguma outra família.

Seguindo no interior da residência, também foi mostrado o banheiro,
que tinha sido inteiramente reformado por alguma outra família.
José Pedro Nigri disse que algumas pessoas alegaram ao longo do tempo, que os policiais chegaram a empunhar as armas, mas que isso era mentira, porque eles não tinham do que se defender. De qualquer forma, José Pedro Nigri alegou que passou mal durante alguns dias após a ocorrência, e que também teria passado a frequentar a igreja. Continuando a entrevista, a câmera nos mostrou o quarto de Estefanía, bem ao lado do banheiro.

Quando o ex-inspetor de polícia estava saindo do banheiro, Máximo, o pai da família teria chamado sua atenção para um ruído, que tinha acontecido atrás deles (no quarto de Estefanía). Teria sido nesse momento que ele percebeu, que o tal "poster" estava arranhado, uma espécie de marca de garra aparentemente "diabólica", porém ele fez questão de dizer que essa parte de "diabólica" era apenas uma coisa da cabeça dele. Aliás, não somente o "poster" estava arranhado, mas a madeira da porta também. Além disso, o crucifixo teria sido encontrado invertido (de ponta cabeça). Ele não entendia como isso tinha acontecido, porque segundo ele a porta estava fechada.

Quando o ex-inspetor de polícia estava saindo do banheiro, Máximo, o pai da família teria chamado sua atenção para um ruído, que tinha acontecido atrás deles (no quarto de Estefanía). Teria sido nesse momento que ele percebeu, que o tal "poster" estava arranhado, uma espécie de marca de garra aparentemente "diabólica", porém ele fez questão de dizer que essa parte de "diabólica" era apenas uma coisa da cabeça dele.
Além disso, o crucifixo teria sido encontrado invertido (de ponta cabeça). Ele não entendia como isso tinha acontecido, porque segundo ele a porta estava fechada.
Então, José Pedro Nigri disse que teria visto uma "secreção" escura sobre a mesa onde ficava o telefone da família. Ele definiu a secreção como uma espécie de "muco", algo que não teria visto anteriormente.

Então, José Pedro Nigri disse que teria visto uma "secreção" escura sobre a mesa onde ficava o telefone da família. Ele definiu a secreção como uma espécie de "muco", algo que não teria visto anteriormente.
Para terminar, ao ser questionado se ele poderia dizer que presenciou algo demoníaco, o ex-inspetor de polícia disse que não sabia dizer, mas que não era algo bom.

Para terminar, ao ser questionado se ele poderia dizer que presenciou algo demoníaco, o ex-inspetor de polícia disse que não sabia dizer, mas que não era algo bom.
Enfim, conforme vocês puderam notar, cerca de seis policiais estiveram na residência e, com as luzes apagadas, ou seja, sem enxergar nada, e com mais 8 membros da família no apartamento, ouviram uma porta da estante, na sala de estar, batendo violentamente algumas vezes. Quando as luzes foram acesas, José Pedro Nigri disse que a ocorrência era "antinatural". Posteriormente, somente ele e mais um colega de trabalho teriam permanecido, sendo que nunca tivemos o depoimento dessa outra pessoa. De qualquer forma, em nenhum momento, José Pedro Nigri realmente viu algo com seus próprios olhos acontecendo em tempo real. Tudo o que ele relatou aconteceu no escuro, quando ele estava de costas ou então longe de sua presença.

A Opinião dos Especialistas que Costumavam Participar do Programa de Iker Jiménez


Após o depoimento de José Pedro Nigri, o caso acabou sendo analisado por quatro especialistas, que costumavam ser convocados por Iker Jiménez. Entre eles estavam: Enrique de Vicente, autointitulado parapsicólogo, fundador e então diretor da revista Año cero (uma revista espanhola dedicada ao esoterismo, ocultismo, ufologia, teorias de conspiração, parapsicologia e espiritualidade); José Manuel Neves, então diretor da área de Ciência do jornal espanhol "ABC"; Santiago Vásquez, jornalista e investigador paranormal; e Manoel Martín Loeches, professor e coordenador de Neurociência Cognitiva da Universidade Complutense de Madri (UCM). Abaixo, vamos conferir a opinião de cada um.

Enrique de Vicente


Inicialmente, Enrique disse acreditar que se tratava realmente de um caso paranormal. Ele citou que casos assim aconteciam em outros países ao redor do mundo, a exemplo da França, que há mais de 70 anos autoridades policiais falavam abertamente sobre "casas encantadas".

Inicialmente, Enrique disse acreditar que se tratava realmente de um caso paranormal. Ele citou que casos assim aconteciam em outros países ao redor do mundo, a exemplo da França, que há mais de 70 anos autoridades policiais falavam abertamente sobre "casas encantadas".
Durante o debate, Enrique concordou com algumas opiniões baseadas na psicologia, que foram fornecidas por Manoel Martín Loeches, porém alegou que os policiais teriam visto um crucifixo girando sozinho. No entanto, aparentemente isso não aconteceu, visto que sequer consta no informe policial. A participação de Enrique Vicente foi a mais fraca dos quatro especialistas.

José Manuel Neves


Inicialmente, ele disse que havia lido previamente o informe policial e ouviu as declarações de José Pedro Nigri. O jornalista enumerou alguns pontos de toda essa história, que eram muito duvidosos, e que em sua visão poderiam ser perfeitamente explicáveis diante de um outro ponto de vista, é claro. Um dos primeiros debates mais calorosos foi justamente entre José Manuel Neves e Santiago Vásquez.

Inicialmente, ele disse que havia lido previamente o informe policial e ouviu as declarações de José Pedro Nigri. O jornalista enumerou alguns pontos de toda essa história, que eram muito duvidosos, e que em sua visão poderiam ser perfeitamente explicáveis diante de um outro ponto de vista, é claro.
José Manuel estranhou o fato de que "quatro" policiais teriam subido ao apartamento e, ao simplesmente escutar uma porta batendo, três teriam descido ficando somente o ex-inspetor de polícia. Curiosamente, é justamente isso que está escrito no informe policial. Porém, em depoimento ao programa "Cuarto Milenio", José Pedro Nigri declarou que eram seis policiais, que quatro desceram, e que ele não se lembrava do nome do colega de trabalho que teria permanecido com ele no apartamento da família. Santigo Vásquez se mostrou bem nervoso com a situação, meio que não admitindo que José Manuel questionasse o que chamou de "autênticos fenômenos paranormais", de um "verdadeiro clássico" espanhol.

Santiago Vásquez


Inicialmente, Santiago Vásquez elogiou a coragem de José Pedro Nigri em fornecer publicamente o seu "testemunho muito valioso". Conforme vimos anteriormente, Santiago Vásquez discutiu com José Manuel Neves, tentando defender o que chamou de "autênticos fenômenos paranormais", de um "verdadeiro clássico" da Espanha que, inclusive, contava com o depoimento de um inspetor de polícia. Rapidamente, José Manuel o refutou perguntando: "E por ser uma autoridade significa alguma coisa?". Sinceramente, essa foi uma pergunta bem válida, visto que as pessoas acabam tendo uma tendência a acreditar ou valorizar mais uma opinião, quando a mesma vem de um policial ou acadêmico, mas se esquecem que todos são seres humanos e passíveis de cometer erros.

Inicialmente, Santiago Vásquez elogiou a coragem de José Pedro Nigri em fornecer publicamente o seu "testemunho muito valioso". Conforme vimos anteriormente, Santiago Vásquez discutiu com José Manuel Neves, tentando defender o que chamou de "autênticos fenômenos paranormais", de um "verdadeiro clássico" da Espanha que, inclusive, contava com o depoimento de um inspetor de polícia. Rapidamente, José Manuel o refutou perguntando: "E por ser uma autoridade significa alguma coisa?"
Santiago Vásquez sempre batia em uma mesma tecla, a história da menina que teria usado uma tábua Ouija com colegas na escola. Essa é uma informação que, infelizmente, não é verificável, uma vez que não há o depoimento de ninguém que tivesse presenciado a cena. Porém, chegando ao final do debate, ele acrescentou dois detalhes interessantes. O primeiro era que a cachorra da família costumava olhar para um ponto do corredor, ficava rosnando, e em posição de ataque em relação ao mesmo. O segundo é que Concepción dizia ter colocado um crucifixo em uma porta, que teria aparecido invertido por mais de 10 vezes, um sintoma de algo diabólico e invocado pela tábua Ouija.

Posteriormente, Santiago comentou sobre alguns outros fenômenos que teriam acontecido na casa. Uma bola teria sido arremessada contra a cabeça de um menino, e um copo teria sido lançado sobre o menino enquanto jogava dominó. De qualquer forma, ele se mostrou bem incomodado, quando Manoel Martín Loeches comentou que, na presença da polícia, a porta do armário bateu apenas com a luz apagada, um ponto bem crítico de toda essa história, diga-se de passagem.

Manoel Martín Loeches


Inicialmente, Manoel Martín disse que José Pedro Nigri havia contado algo que ele próprio acreditava fortemente, porém não havia nada inexplicável em sua narrativa, ou seja, era possível explicar o que aconteceu através do poder da sugestão, da empatia com a família, e tantas outras coisas que ocorrem na mente humana. Explanando melhor sobre o assunto, Manoel disse que tudo poderia ter sido efeito de sugestão, ao menos, é claro, em relação ao depoimento do ex-inspetor de polícia. Era uma uma madrugada fria de novembro, e lhe foi contada uma série de coisas estranhas. Além disso, o ex-policial teria encontrado com os moradores na portaria do prédio, provavelmente com expressão de medo em seus rostos, ou seja, teria dado a impressão de que tudo era verdadeiro.

Nesse sentido, Manoel sugeriu a possibilidade dos "fenômenos" estarem sendo produzidos por um membro da família de forma deliberada ou inconscientemente. Ele também disse que havia inúmeros experimentos científicos que apontavam que, assim que uma pessoa vê uma expressão de medo no rosto de outra pessoa, o cérebro da pessoa também passava a sentir medo, de forma inconsciente.

Inicialmente, Manoel Martín disse que José Pedro Nigri havia contado algo que ele próprio acreditava fortemente, porém não havia nada inexplicável em sua narrativa, ou seja, era possível explicar o que aconteceu através do poder da sugestão, da empatia com a família, e tantas outras coisas que ocorrem na mente humana.
Em determinado momento do debate, Manoel Martín levantou uma contradição em relação ao depoimento do ex-inspetor de polícia e dos familiares. Isso porque José Pedro Nigri disse, que a história sobre os policiais terem sacado suas, armas assim que as portas de um armário da estante começaram a bater era falsa. Porém, o pai da família, Máximo Gutiérrez Palomares disse em 2005, que os policiais tinham sacado suas armas, ou seja, em quem deveríamos acreditar? Ele também ressaltou, que o relatório forense sobre a morte da menina mencionava várias vezes a palavra epilepsia, e que provavelmente a menina sofria de ataques epilépticos.

Nesse ponto Iker disse que Concecpción e o marido alegaram que a menina nunca teria tido um ataque epiléptico, e que a família havia mencionado que, certa vez, a menina teria se posicionado feito um cachorro, um lobo, e tentado atacar os irmãos. Na opinião de Manoel Martín, a menina poderia estar tendo algum transtorno psicótico ou algum outro transtorno de ordem psicológica. Ele chegou a dizer que era possível que os pais, por acreditar que algo sobrenatural estivesse realmente acontecendo, poderiam induzir os filhos e fazê-los acreditar em um eventual terror doméstico.

O Perfil Psicológico da Senhora Concepción Lázaro de la Iglesia: Uma Grande Reviravolta em Toda Essa História


Existe um documento pouco conhecido relacionado a esse caso, que é igualmente e raramente divulgado pela imprensa ou sites que abordam mistérios envolvendo o paranormal ou sobrenatural. Um documento que traça o perfil psicológico da senhora Concepcíon Lázaro de la Iglesia, visto que desde o começo havia uma certa desconfiança sobre a mesma, ou seja, que ela era a principal liderança da família, e que estava induzindo conscientemente ou não, os demais a acreditar nas mesmas coisas que ela pensava.

Esse documento foi produzido e assinado em novembro de 1996, porém veio à tona somente 20 anos depois, em 2016, devido a permissão, que um homem chamado Pablo Moreira, principal responsável pelo site espanhol "Mundo Parapsicológico" recebeu de um antigo e extinto grupo de investigação chamado "FEDINE", que era composto por pesquisadores profissionais, incluindo psicólogos, investigadores forenses, entre outros, e que sempre ficou longe dos holofotes da mídia. Porém, eles realizaram um estudo interdisciplinar sobre o caso Vallecas, abordando aspectos sociais e psicológicos, que não tinham sido abordados pelo restante dos pesquisadores. Farei questão de traduzir os principais detalhes que constam nesse extenso documento para vocês.

Esse documento foi produzido e assinado em novembro de 1996, porém veio à tona somente 20 anos depois, em 2016, devido a permissão, que um homem chamado Pablo Moreira (à direita), principal responsável pelo site espanhol "Mundo Parapsicológico" recebeu de um antigo e extinto grupo de investigação chamado "FEDINE", que era composto por pesquisadores profissionais, incluindo psicólogos, investigadores forenses, entre outros, e que sempre ficou longe dos holofotes da mídia.
O estudo chamado "Informe: Poltergeist - Vallecas" havia sido liderado pelo Dr. Luis M. Rivero, diplomado em Parapsicologia Superior, Hipnose Clínica e Estomatologia Médica Legal e Forense, e pelo Dr. Enrique Sánchez, diplomado em Parapsicologia Superior. Além disso, o mesmo também contou com a participação da Dra. Mónica N-C., licenciada em Pedagogia e diplomada em Grafologia, e do Dr. Carlos I. G., licenciado em Psicologia e diplomado em Estomatologia Médica Legal e Forense. Portanto, uma equipe de quatro profissionais.
O estudo chamado "Informe: Poltergeist - Vallecas" havia sido liderado pelo Dr. Luis M. Rivero, diplomado em Parapsicologia Superior, Hipnose Clínica e Estomatologia Médica Legal e Forense, e pelo Dr. Enrique Sánchez, diplomado em Parapsicologia Superior. Além disso, o mesmo também contou com a participação da Dra. Mónica N-C., licenciada em Pedagogia e diplomada em Grafologia, e do Dr. Carlos I. G., licenciado em Psicologia e diplomado em Estomatologia Médica Legal e Forense. Portanto, uma equipe de quatro profissionais.
Inicialmente, o estudo fez uma espécie de resumo sobre o caso, dizendo que Estefanía tinha 16 anos, e que segundo sua mãe a menina teria usado a tábua Ouija juntamente com colegas de escola, que o tabuleiro e o copo tinham sido quebrados, e que ela teria inalado uma fumaça negra. Posteriormente, a menina teria apresentado comportamentos estranhos, até que na noite de 13 de julho de 1991 ela teria começado a passar mal, sendo levada de ambulância até o Hospital Gregorio Marañon, por volta das 23h, e vindo a falecer na madrugada do dia 14, por volta das 2h da manhã, com apenas 17 anos de idade.
Inicialmente, o estudo fez uma espécie de resumo sobre o caso, dizendo que Estefanía tinha 16 anos, e que segundo sua mãe a menina teria usado a tábua Ouija juntamente com colegas de escola, que o tabuleiro e o copo tinham sido quebrados, e que ela teria inalado uma fumaça negra.
Posteriormente, a menina teria apresentado comportamentos estranhos, até que na noite de 13 de julho de 1991 ela teria começado a passar mal, sendo levada de ambulância até o Hospital Gregorio Marañon, por volta das 23h, e vindo a falecer na madrugada do dia 14, por volta das 2h da manhã, com apenas 17 anos de idade.
Em seguida, foi apresentado o resultado de um teste parapsicológico realizado com a mãe. Não foi encontrado nenhum dado significativo e relacionado a uma eventual faculdade parapsicológica por parte de Concepcíon. Então, fomos apresentados ao teste psicológico realizado com a mesma, que apresentou conclusões muito peculiares. Confira abaixo o resultado:
  • Indivíduo com leve tendência a introversão (o estado de estar predominantemente interessado no próprio eu mental, ou seja, uma pessoa reservada ou reflexiva);
  • Angústia emocional expressiva, neurótica, com tendência expressiva a ansiedade;
  • Comportamento apático, marcado, às vezes, por violentas explosões;
  • Delírio sistematizado com pensamentos de grandeza ou megalomania;
  • Necessidade de chamar a atenção, superestimando a si própria;
  • Inclinação para a constituição maníaca-depressiva.
Em seguida, foi apresentado o resultado de um teste parapsicológico realizado com a mãe. Não foi encontrado nenhum dado significativo e relacionado a uma eventual faculdade parapsicológica por parte de Concepcíon
Então, fomos apresentados ao teste psicológico realizado com a mesma, que apresentou conclusões muito peculiares
Posteriormente, foi utilizado uma espécie de formulário elaborado pela famosa Sociedade de Investigações Psíquicas de Londres (SPR) para coletar uma amostra caligráfica da senhora Concepción. Assim sendo um estudo grafológico (a grafologia é definida como uma técnica pseudocientífica, que estuda as características psicológicas das pessoas através da forma e dos traços da escrita. São analisados trechos da escrita espontânea ou a assinatura dos indivíduos) também foi realizado. O estudo fez questão de ressaltar inicialmente, que a análise era de uma pessoa em um determinado momento de sua vida, com uma determinada idade, e que as experiências ao longo da vida podiam ter modificado sua personalidade. De qualquer forma, vamos ao resultado:
  • Pessoa com mais de 30 anos não madura. Personalidade não formada, imatura, com traços infantis que fortalecem sua imaturidade;
  • Otimismo. Capacidade imaginativa e fantasiosa;
  • Independente. Ela acredita ser autossuficiente, e confia em não depender de ninguém, mas ela considera que os outros dependem dela, e isso faz com que ela se sinta útil;
  • Desequilíbrio emocional discreto;
  • Necessita de fingir autoconfiança;
  • Introversão;
  • Agressividade;
  • Sentimentos e emoções encontrados, isto é, contradição em suas emoções;
  • Desconfiança;
  • Precisa atrair a atenção.
  • Gosta de se destacar;
  • Orgulho da figura paterna, que lhe transmitiu agressividade como autodefesa em situações adversas;
Posteriormente, foi utilizado uma espécie de formulário elaborado pela famosa Sociedade de Investigações Psíquicas de Londres (SPR) para coletar uma amostra caligráfica da senhora Concepción.
O estudo fez questão de ressaltar inicialmente, que a análise era de uma pessoa em um determinado momento de sua vida, com uma determinada idade, e que as experiências ao longo da vida podiam ter modificado sua personalidade.
Também foi mencionado no estudo que, baseando-se no conteúdo das palavras de Concepción e fazendo uma análise psicológica de suas respostas, a equipe podia acrescentar que se tratava de uma pessoa semi-analfabeta. Concepción sabia como se expressar através da escrita sem ter conhecimento das regras ortográficas. Ela apresentava uma verdadeira convicção do que contava, ou seja, ela tinha certeza de que tudo o que dizia era verdade. Por outro lado, Concepción tinha uma capacidade imaginativa considerável, o que fez a equipe supor que seu relato não fosse real, ao menos nem tudo. Foi mencionado que a mãe podia sofrer de um desvio na percepção da realidade. O informe apontou que era necessário um estudo psicológico para ampliar essas conclusões, e definir se as experiências foram realmente verdadeiras ou fruto de imaginação fantasiosa, cujo potencial de Concepción foi considerado como notável.

Durante a investigação do apartamento em si, não foi detectada nenhuma anormalidade. Não houve nenhuma foto relevante para ser analisada, nenhuma psicofonia e nenhuma alteração no detector de EMF, exceto, é claro, oscilações decorrentes dos equipamentos eletrônicos do apartamento e da fiação elétrica do mesmo.

Durante a investigação do apartamento em si, não foi detectada nenhuma anormalidade. Não houve nenhuma foto relevante para ser analisada, nenhuma psicofonia e nenhuma alteração no detector de EMF, exceto, é claro, oscilações decorrentes dos equipamentos eletrônicos do apartamento e da fiação elétrica do mesmo.
Enfim, agora eis as conclusões gerais da equipe:
  • A jovem Estefanía, após usar a tábua Ouija com suas colegas de classe no Colégio Aragón, em 1990, e após "aspirar uma fumaça" no interior do copo, poderia ter sido psicologicamente impregnada com a carga energética relacionada ao jogo, e uma vez no contexto familiar, experimentado um excesso de potencialidade psi (psicorragia), que se manifesta nos limites da residência em que se encontrava;
  • Durante o período de tempo entre o uso da tábua Ouija, e o falecimento da jovem, a mesma sofreu de períodos em que ela se desconectava da realidade. Neste período de tempo, a mãe e a jovem conversaram, em determinada ocasião, sobre a morte. A filha teria dito que, se morresse antes da mãe, que lhe enterrassem sem avisar a família paterna, e que fosse colocada uma fotografia do casamento dos pais no interior do seu caixão;
  • Os dois episódios ocorridos com a jovem, em 13 de julho de 1991, poderiam ter sido ataque epilépticos ou qualquer outro tipo de alteração psíquica. Não sendo possível determinar;
  • Os fenômenos foram mantidos após a morte da menina, resultando na alteração de equipamentos de TV, vídeo, câmeras e baterias de profissionais de comunicação que estiveram em casa, antes desta investigação;
  • A polícia esteve no local, e pode evidenciar a realidade de um fenômeno estranho;
  • A Sra. Concepción Lázaro de la Iglesia sofria de epilepsia, e tomava um medicamento chamado "Tegretol" (usado  no  tratamento  de  determinados  tipos  de  crises  convulsivas, sendo também usado no  tratamento de algumas doenças neurológicas, assim como em determinadas condições psiquiátricas, tais como distúrbios do humor bipolar e um certo tipo de depressão); tinha uma capacidade imaginativa considerável; podia sofrer um desvio na percepção da realidade; apresentava um discreto desequilíbrio emocional, neurótico, com tendência a ansiedade, possivelmente devido aos eventos que ocorreram em sua casa diante da morte de sua filha, juntamente com o não cumprimento das promessas feitas à jovem; contradição em suas emoções, e necessidade de chamar a atenção;
  • A desencadeadora do poltergeist (Concepción Lázaro de la Iglesia) podia sofrer de alterações psicopatológicas principalmente devido à sua experiência na situação em que se encontrava. Fatos estranhos ocorrem, presumivelmente devido à impregnação ambiental existente causada por sua filha Estefanía, e mantida por ela mesma;
  • Na sala de estar da casa, existia um lugar especialmente reservado (uma espécie de santuário) para a jovem Estefanía, onde foi encontrado um retrato e fotografias da mesma, imagens religiosas e flores, o que faz pensar que a jovem está sempre presente, ao menos na vida da mãe;
  • Possível fenômeno de transferência sugestiva aos demais membros da família;
  • Os fenômenos ocorridos na casa da família Gutiérrez Lázaro parecem ter cessado desde outubro de 1996, quando a jovem teria sido exumada para a realização das promessas pendentes;
  • O término da atividade poltergeist ocorreu apenas por extenuação do elemento ativador;
Primeira parte das conclusões da equipe da FEDINE
Segunda parte das conclusões da equipe da FEDINE
É importante ressaltar é que o grupo "FEDINE" também foi analisar uma possível atividade poltergeist, ou seja, que a menina pressionada de alguma forma em seu ambiente familiar poderia estar desencadeando fenômenos parapsicológicos. Nas conclusões gerais foi mencionado que a menina teria sido exumada, talvez para a colocação da foto do casamento dos pais, no interior do caixão, dando a entender que os estranhos fenômenos ainda continuavam até outubro de 1996. Infelizmente, não temos informações suficientemente claras se essa exumação realmente aconteceu e nenhum outro detalhe da manutenção das atividades supostamente paranormais entre 1º de novembro de 1993 até outubro de 1996. Resumindo? Ninguém comentou sobre nada disso e nunca mais a polícia foi chamada para atender qualquer ocorrência, exceto aquela única vez em 1992.

Uma outra situação igualmente interessante é que, durante uma entrevista para o programa de rádio "Milenio 3", da emissora "Cadena SER", em 2005 (a publicação no YouTube data de 2015, mas o programa ocorreu em 2005), um ouvinte teria enviado uma pergunta para Concepción, questionando quando os supostos fenômenos paranormais tinham realmente cessado. Então, ela disse que tinha sido há mais ou menos um ano atrás, ou seja, em 2004. Os fenômenos só teriam parado, quando ele se mudaram de casa (quem vive por 23 anos sendo supostamente "ameaçado" por uma "entidade sobrenatural"?). No entanto, temos um pequeno problema. Logo que a família Guitérrez Lázaro se mudou, uma família de equatorianos (aquela que já mostramos anteriormente) também se mudou para o referido imóvel e afirmou por diversas vezes, depois de meses morando no apartamento, que não tinha notado nada de estranho no imóvel. Nenhuma batida estranha, sombra, nada. Absolutamente nada.

Outro detalhe fundamental nessa história é que a mãe sofria com epilepsia. Atualmente, acredita-se que a epilepsia, na maioria dos casos, não é hereditária (apenas alguns tipos), porém a hereditariedade é uma espécie de fator de risco. Em alguns casos existe uma tendência maior das crianças poderem desenvolver epilepsia, quando um dos pais é epiléptico, mas somente isso não é suficiente, visto que é necessário ocorrer condições desfavoráveis no cérebro para que as crises convulsivas comecem.

A crise epiléptica é causada por descargas anormais e excessivas de um grupo de neurônios. Isso pode ocorrer por diversas causas diferentes, como lesões cerebrais permanentes (sequelas de acidente vascular cerebral, tumores ou traumas) ou predisposição genética. Pode ocorrer, também, por alterações metabólicas, como uso de drogas ilícitas ou hipoglicemia ou na fase aguda de acidente vascular cerebral, traumas ou infecções, e, nessas circunstâncias, não são chamadas de epilepsia. As crises epilépticas são provocadas por alterações biológicas que ocorrem em alguns neurônios. Porém, alguns pacientes com epilepsia, quando submetidos a estresse físico ou emocional podem ter uma piora na frequência das crises. Quando a crise torna-se ou se inicia como parcial complexa (com comprometimento da consciência), o raciocínio está comprometido e, algumas vezes, a pessoa não se recordar que teve uma crise. Para completar, durante ou após alguns tipos de crise epiléptica, a pessoa pode ficar bastante confusa e parecer agressiva, principalmente se outras pessoas tentarem lhe conter fisicamente. E isso encaixa em inúmeros aspectos dos supostos comportamentos de Estefanía.
Outro detalhe fundamental nessa história é que a mãe sofria com epilepsia. Atualmente, acredita-se que a epilepsia, na maioria dos casos, não é hereditária (apenas alguns tipos), porém a hereditariedade é uma espécie de fator de risco.
Simplificando? Estefanía poderia ter uma tendência, assim como os demais irmãos, a desenvolver epilepsia. Ter uma tendência não significa que irá desenvolver. Provavelmente, os irmãos não desenvolveram ou não irão desenvolver epilepsia, porém é muito possível que Estefanía por uma série de alterações metabólicas, emocionais e clínicas tenha passado a manifestar tais sintomas. Esse conjunto de fatores, infelizmente, é desconhecido.

De qualquer forma, o caso Vallecas é extremamente parecido com outros que vemos ocorrendo em países da Ásia, América Latina e Central, que ocorrem primordialmente com meninas, que naturalmente sofrem uma pressão social muito maior. Em todos os casos, que já tive a oportunidade de escrever e pesquisar, principalmente relacionado a tábua Ouija, nunca encontrei um único caso, que eu pudesse dizer que não houve um fator desencadeante humano (não sobrenatural). Inúmeros casos já foram referendados, inclusive por médicos e psicológicos renomados, como histeria coletiva, que também provoca uma série de sintomas, tais como: desmaios, convulsões, alucinações, entre outros. Muito provavelmente, as condições financeiras de Concepción, atrelada as suas crenças, grau de instrução, e percepções do mundo ao se redor, impediram que Estefanía recebesse um diagnóstico e um tratamento médico adequado, algo que acabou levando ao seu óbito.

O Filme Verónica: Uma Vaga e Precária Inspiração no Caso Vallecas


Se vocês acompanharam essa matéria até o presente momento puderam notar o quão vocês foram enganados por inúmeros sites que apresentaram o filme "Verónica" como se fosse baseado em fatos reais. Infelizmente, não é. Praticamente nada do que aparece no filme realmente aconteceu tanto com Estefanía, quanto com a família Gutiérrez Lázaro. O filme "Verónica"é apenas vagamente inspirado no caso Vallecas. Para poder mostrar isso, vou fazer uma pequena resenha sobre o mesmo dizendo o que acontece no filme, e as diferenças para o caso verdadeiro. Portanto, caso não tenha visto o filme e queira muito vê-lo (muito embora não recomende vê-lo, porque o considerei muito fraco para o gênero) é melhor pular essa parte.

Enfim, o filme começa de trás para frente, quando viaturas policiais se encaminham para a residência onde Verônica mora com os três irmãos (duas irmãs e um irmão), todos bem mais novos do que ela, e sua mãe, que trabalha fora, em uma espécie de bar/cafeteria, e quase sempre está ausente no seio familiar. O pai teria morrido em circunstâncias não explicadas. Tudo acontece em uma noite tempestuosa (com direito a muitos raios, trovões e chuva) de junho de 1991. Em um determinado momento, podemos ouvir Verônica desesperada ao telefone ligando para polícia, e também a voz de seus irmãos ao fundo.


Posteriormente, a polícia chega ao prédio onde eles moram, na rua Gerardo Nuñez nº 8  e encontram as irmãs de Verônica na rua, enquanto a mãe delas aparece correndo e confusa em direção as filhas. Alguns policiais sobem até o apartamento, sendo que entre eles está um inspetor de polícia chamado José Ramón Romero, e uma outra policial, não identificada.

Ao entrarem no apartamento, eles notam o mesmo revirado, um crucifixo no chão, e uma luminosidade vinda de um dos cômodos. A cena termina com os policiais atônitos, diante de algo que não é revelado para nós, somente no final do filme. Em seguida, Verônica aparece acordando, seguido a rotina matinal juntamente com seus irmãos, e os levando para escola. Todos estudam na mesma escola, uma espécie de colégio de freiras.

Ao entrarem no apartamento, eles notam o mesmo revirado, um crucifixo no chão, e uma luminosidade vinda de um dos cômodos. A cena termina com os policiais atônitos, diante de algo que não é revelado para nós, somente no final do filme.
Em seguida, Verônica aparece acordando, seguido a rotina matinal juntamente com seus irmãos, e os levando para escola. Todos estudam na mesma escola, uma espécie de colégio de freiras.
Acredito que somente os primeiros minutos já seriam suficientes para mostrar como essa história original foi completamente distorcida. Primeiramente, Estefanía tinha 5 irmãos, e tanto o pai quanto a mãe estavam vivos e aparentemente presentes na vida das crianças. Além disso, Estefanía não morreu em junho de 1991, mas em julho de 1991. O chamado policial aconteceu depois de uma ligação, que partiu da família, sobre supostos fenômenos paranormais acontecendo mais de um ano depois da morte da jovem, em 1992. Não estava chovendo, apenas fazia muito frio, e tudo ocorreu no mês de novembro. Além disso, cerca de seis policiais teriam subido ao apartamento, e posteriormente quatro policiais, temerosos por um simples porta batendo, teriam descido.

Continuando, Verônica levou uma tábua Ouija para a escola, aparentemente por incentivo de suas amigas. Ela indica para uma das amigas, que a tábua está na mochila durante uma aula que falava sobre um eclipse solar, que iria ocorrer naquela manhã. Na aula foi mencionado uma série de supostos misticismos de civilizações antigas, sacrifícios etc. Pouco tempos depois, Verônica e suas colegas resolvem usar a tábua Ouija em uma espécie de depósito subterrâneo abandonado. Entre as amigas havia uma que pretendia entrar em contato com o namorado morto em um acidente de moto, porém para "facilitar" a comunicação espiritual seria necessário um pertence ou foto da pessoa falecida. Verônica havia levado a foto do pai, já a menina não tinha nada do ex-namorado. Além disso, é mencionado no filme, que para a comunicação espiritual ser mais forte também era necessário fechar os olhos e estar em número ímpar de participantes.

Continuando, Verônica levou uma tábua Ouija para a escola, aparentemente por incentivo de suas amigas. Ela indica para uma das amigas, que a tábua está na mochila...
...durante uma aula que falava sobre um eclipse solar, que iria ocorrer naquela manhã. Na aula foi mencionado uma série de supostos misticismos de civilizações antigas, sacrifícios etc.
Pouco tempos depois, Verônica e suas colegas resolvem usar a tábua Ouija em uma espécie de depósito subterrâneo abandonado. Entre as amigas havia uma que pretendia entrar em contato com o namorado morto em um acidente de moto, porém para "facilitar" a comunicação espiritual seria necessário um pertence ou foto da pessoa falecida. Verônica havia levado a foto do pai, já a menina não tinha nada do ex-namorado.
Enfim, as meninas começam a usar a tábua Ouija justamente durante o eclipse solar. Em um determinado momento, Verônica move rapidamente um copo usado como indicador, e depois de uma certa expectativa o copo quebra, cortando seu dedo, cujo sangue cai em cima da representação do Sol na tábua Ouija. Assim sendo, a mesma acaba pegando fogo e para apagá-lo Verônica pisa na mesma, quebrando-a. Essa parte termina com Verônica sussurrando algo no ouvido de uma amiga, e acaba acordando, sem se lembrar de muita coisa, na enfermaria do colégio.

Enfim, as meninas começam a usar a tábua Ouija justamente durante o eclipse solar. Em um determinado momento, Verônica move rapidamente um copo usado como indicador, e depois de uma certa expectativa o copo quebra, cortando seu dedo, cujo sangue cai em cima da representação do Sol na tábua Ouija.
Essa parte termina com Verônica sussurando algo no ouvido de uma amiga, e acaba acordando, sem se lembrar de muita coisa, na enfermaria do colégio.
Bem, conforme vocês podem notar, essa parte também difere e muito do caso Vallecas. Em primeiro lugar, no caso original não havia nenhum eclipse solar; não sabemos exatamente se Estefanía usou mesmo uma tábua Ouija e, se usou, quantas eram as colegas que participaram. Tudo o que sabemos é que uma professora teria quebrado a tábua Ouija, e aparentemente o copo usado de indicador também teria quebrado, liberando uma fumaça que, então teria sido inalada por Estefanía, que por sua vez, ao que tudo indica, não estava tentando entrar em contato com ninguém, era apenas mais uma participante. Ela não teria cortado seu dedo, a tábua Ouija não teria pegado fogo, a menina não teria desmaiado no colégio ou tampouco sido atendida em uma eventual enfermaria. Aliás, o Colégio Aragón não é uma instituição religiosa. Para completar, é importante dizer que nas "regras" originais da tábua Ouija nenhuma dessas recomendações para "potencializar" a comunicação espiritual são mencionadas, essa é uma invenção ou uma adição moderna as regras. O único elemento de inspiração é a menção que o namorado de uma colegas teria falecido em um acidente.

Pouco tempo depois vemos uma uma freira cega, que posteriormente saberíamos que seu apelido era "Irmã Morte", e que ela mesmo tinha se cegado para evitar ver os espíritos (muito embora, segundo ela, continuaria vendo os espíritos mesmo assim). Verônica volta para casa juntamente com seus irmãos, demonstra diversos problemas para se alimentar na mesa de jantar e, quando vai ao banheiro nota um arranhão em seu ombro (uma espécie de marca de garra). Há um incidente envolvendo o irmão mais novo, o Antoñito, onde o mesmo se queima durante o banho, em uma banheira, quando a água esquenta demasiadamente e de forma misteriosa (no final sabemos que o incidente foi provocado inconscientemente por ela mesma). Durante a noite, Verônica nota a TV ligando sozinha, passa a escutar a voz do pai a chamando, e o posteriormente o vê, aparentemente nu, caminhando em sua direção, até que a jovem cai na própria cama, e nota como se mãos estivessem a agarrando em todas as partes do corpo. Essa parte termina com a jovem acordando pela manhã.

Verônica volta para casa juntamente com seus irmãos, demonstra diversos problemas para se alimentar na mesa de jantar e, quando vai ao banheiro nota um arranhão em seu ombro (uma espécie de marca de garra).
Durante a noite, Verônica nota a TV ligando sozinha, passa a escutar a voz do pai a chamando, e o posteriormente o vê, aparentemente nu, caminhando em sua direção, até que a jovem cai na própria cama, e nota como se mãos estivessem a agarrando em todas as partes do corpo. Essa parte termina com a jovem acordando pela manhã.
Conforme podemos notar claramente, nada disso aconteceu no caso Vallecas. Não havia nenhuma freira cega, não há relato de nenhuma marca de garra no ombro de Estefanía, e ninguém se queimou durante o banho. Os únicos elementos de inspiração é o tal arranhão que teria aparecido em uma imagem pregada na porta do quarto de Estefanía, e os eletrodomésticos que supostamente ligavam sozinhos, após a sua morte.

No dia seguinte, Verônica foi visitar o local onde usou a tábua Ouija, e a Irmã Morte aparece para dizer que a mesma não estava sozinha, no sentido de algo de outro mundo estava a seguindo. Assim sendo, ela tenta desenhar "símbolos vikings de proteção", e os pendura no teto, espalhando-os pela casa. Ela usa como base um desenho, que constava em uma enciclopédia sobre ocultismo. Pouco tempo depois uma vizinha bate na porta para reclamar de problemas com luzes piscando em seu apartamento e uma espécie de mancha negra que teria aparecido em seu teto. Verônica não sabia o que dizer e negou qualquer tipo de vazamento na residência.

Assim sendo, ela tenta desenhar "símbolos vikings de proteção", e os pendura no teto, espalhando-os pela casa. Ela usa como base um desenho, que constava em uma enciclopédia sobre ocultismo.
Pouco tempo depois uma vizinha bate na porta para reclamar de problemas com luzes piscando em seu apartamento e uma espécie de mancha negra que teria aparecido em seu teto. Verônica não sabia o que dizer e negou qualquer tipo de vazamento na residência.
Durante a noite, a jovem começa a ouvir uma voz a chamando em um walkie-talkie, o mesmo que usava para se comunicar eventualmente com os irmãos. Então, em seguida, ela vê luzes piscando no quarto dos mesmos, que é justamente quando ela nota um sombra negra, no formato de um homem, entrando no quarto dos irmãos. Ela corre desesperada, acende a luz, percebe tudo está bem, mas quando apaga um antigo brinquedo chamado "genius" começa a piscar sozinho. Pouco tempo depois, ela nota a sombra negra queimando os "símbolos de proteção vikings".

Verônica também nota uma espécie de mão negra querendo sufocar uma de suas irmãs, porém no final, ela se depara com ela mesmo tentando sufocar a irmã. Essa parte termina com Verônica tendo um pesadelo, onde os irmãos a mordiam, arrancando pedaços de sua pele e, inclusive, sua mãe aparece dizendo que a mesma teria que crescer, esticando a mão sobre a região genital da menina, que acaba sangrando.

Ela corre desesperada, acende a luz, percebe tudo está bem, mas quando apaga um antigo brinquedo chamado "genius" começa a piscar sozinho. Pouco tempo depois, ela nota a sombra negra queimando os "símbolos de proteção vikings".
Verônica também nota uma espécie de mão negra querendo sufocar uma de suas irmãs, porém no final, ela se depara com ela mesmo tentando sufocar a irmã.
Bem, no caso Vallecas, aparentemente nenhum vizinho foi entrevistado, sendo que também não há nenhum relato de quaisquer vizinhos da família daquela época. Portanto, a cena da vizinha não aconteceu originalmente. Estefanía também não desenhou símbolos de proteção pela casa. A adição do "genius" talvez seja a mais grotesca, visto que é uma espécie de adição moderna tipicamente vista em determinados canais no YouTube, que alegam que o "genius" pode entrar em contato com espíritos. Não, infelizmente não pode, e não passa da mais pura enganação. Estefanía não teria sonhado com os irmãos a devorando, sendo que não sabemos se a menina já havia menstruado alguma vez ou não. Aliás, adicionar o elemento "menstruação" nesse contexto é extremamente delicado, porque milhões de mulheres sofrem preconceito e são alvo de superstições extremamente controversas e degradantes ao redor do mundo simplesmente por menstruarem. O único elemento inspirador do caso original dessa parte seria o relato de que Estefanía via sombras negras, que a chamavam pelo nome. Apenas isso.

Verônica acorda, percebe que realmente teria menstruado ao notar sangue no colchão e, pouco tempo depois, nota uma espécie de marca de queimado embaixo do seu colchão, além de uma marca de garra. Ela também nota uma grande marca de queimado embaixo de cada um dos colchões dos irmãos. Então, Verônica sai com os irmãos, e os deixa no bar/cafeteria com a mãe.

Verônica acorda, percebe que realmente teria menstruado ao notar sangue no colchão e, pouco tempo depois, nota uma espécie de marca de queimado embaixo do seu colchão, além de uma marca de garra.
Ela também nota uma grande marca de queimado embaixo de cada um dos colchões dos irmãos. Então, Verônica sai com os irmãos, e os deixa no bar/cafeteria com a mãe.
A jovem visita a Irmã Morte, que por sua vez disse, que ela tinha que "tornar bom o que ela fez de mal", e que a resposta estava nos livros. Assim sendo, depois de um tempo ela descobre, ao comprar uma nova revista, que vinha acompanhada de uma tábua Ouija, na banca de jornais, que tinha que se despedir para sair durante a utilização da tábua Ouija, e que esse procedimento poderia ser feito algum tempo após seu uso. Em seguida, ela tenta chamar as amigas para usar novamente e fazer tudo certo dessa vez, mas ela não aceitam. Uma das amigas diz a Verônica que, quando a mesma sussurrou em seu ouvido, Verônica disse que iria morrer naquele mesmo dia.

Desiludida, Verônica passa pelo seu "doppelganger", algo que muitos sites na internet apontam, que seria um presságio de uma morte iminente. Ela busca seus irmãos no bar/cafeteria da mãe, que tenta se mostrar mais presente, e essa parte termina com a jovem indo embora para casa com os mesmos.

A jovem visita a Irmã Morte, que por sua vez disse, que ela tinha que "tornar bom o que ela fez de mal",
e que a resposta estava nos livros.
Desiludida, Verônica passa pelo seu "doppelganger", algo que muitos sites na internet apontam, que seria um presságio de uma morte iminente. Ela busca seus irmãos no bar/cafeteria da mãe, que tenta se mostrar mais presente, e essa parte termina com a jovem indo embora para casa com os mesmos.
Bem, no caso Vallecas nenhum colchão teria sido queimado, e não havia nenhuma marca de garra embaixo dos mesmos. Estefanía não teria voltado a usar a tábua Ouija e tampouco disse o dia em que iria morrer. Para completar, ela também não teria visto a si própria ao caminhar pela rua. Não há nenhum elemento de inspiração nessa parte.

Assim sendo, nos encaminhamos para a parte final do filme. Ao chegar em casa, Verônica começa a preparar a sala de estar para usar a tábua Ouija com seus irmãos, mais precisamente suas duas irmãs que, lembrando, são duas crianças pequenas. Ela deixa o caçula da família, o Antoñito encarregado de desenhar "símbolos vikings de proteção" nas paredes da casa. Porém, em um determinado momento, o menino descobre um outro desenho e começa a desenhá-lo na parede, sendo que o mesmo seria, supostamente, um símbolo de invocação maligno. É possível ver que a sala está repleta de velas, e que Verônica começa a usar a tábua Ouija juntamente com suas irmãs, meio que tentando substituir as colegas de escola ausentes.

Ela deixa o caçula da família, o Antoñito encarregado de desenhar "símbolos vikings de proteção" nas paredes da casa. Porém, em um determinado momento, o menino descobre um outro desenho e começa a desenhá-lo na parede, sendo que o mesmo seria, supostamente, um símbolo de invocação maligno.
É possível ver que a sala está repleta de velas, e que Verônica começa a usar a tábua Ouija juntamente com suas irmãs, meio que tentando substituir as colegas de escola ausentes.
Então, ela lê novamente as "regras", que indicam a necessidade de cantar um mantra ou uma música suave para se despedir. Porém, com o passar da cantoria, as velas se apagam, a tábua se rompe novamente, e o copo usado como indicador cai e começa a rolar pela casa. Verônica vai atrás do copo, que rola até o corredor da residência, sempre batendo ou tentando entrar em um cômodo no final do mesmo. Esse cômodo é o quarto de Verônica, que posteriormente se vê aterrorizada, quando uma mão sai do colchão e tenta puxá-la. Verônica consegue se desvencilhar, as luzes do corredor estouram, e ela resolve ligar para a polícia.

Durante a ligação, no entanto, uma sombra negra agarra Antoñito e o leva para o banheiro, fechando a porta. Após muita insistência Verônica salva o menino. Um crucifixo acaba caindo da parede e, em seguida, todos correm para fora do apartamento. Essa parte termina com Verônica notando que Antoñito não estava mais em seus braços, e decide voltar para buscá-lo.

Verônica vai atrás do copo, que rola até o corredor da residência, sempre batendo ou tentando entrar em um cômodo no final do mesmo. Esse cômodo é o quarto de Verônica, que posteriormente se vê aterrorizada, quando uma mão sai do colchão e tenta puxá-la. Verônica consegue se desvencilhar, as luzes do corredor estouram, e ela resolve ligar para a polícia.
Essa parte termina com Verônica notando que Antoñito não estava mais em seus braços, e decide voltar para buscá-lo.
Bem, no caso Vallecas praticamente nada disso aconteceu. Estefanía não teria usado a tábua Ouija com seus irmãos em nenhum momento, e a mesma não ligou para a polícia. Conforme já sabemos inúmeras vezes, foi a família que ligou para a polícia, devido a supostos fenômenos paranormais, que estariam acontecendo mais de um ano após a morte da jovem. Os únicos elementos de inspiração dessa parte é a história do crucifixo, que segundo relato dos familiares (Concepción e Máximo), costumava cair por diversas vezes da parede, e a utilização do banheiro como cena para a ocorrência de fenômenos paranormais. Apenas isso.

Chegando ao momento derradeiro, Verônica entra no apartamento para buscar o irmão, e também ter o confronto final com a sombra negra. A "força demoníaca" empurra Verônica contra o espelho do banheiro e, em seguida, ela pega um caco de vidro na pia. No entanto, aparentemente, a tal "força demoníaca" se apodera do corpo de Verônica, ou seja, ela procura o irmão mais novo para matá-lo com o caco de vidro. Isso fica claro, quando ela percebe que o irmão não a reconhece mais, e se lembra de todos os momentos em que ela tentou realmente machucar os irmãos, embora, na época, não se lembrasse exatamente do que havia feito. Então, em um ato de desespero para proteger os irmãos, Verônica acaba "tirando a própria vida" (embora seu pescoço não apareça realmente cortado).

No entanto, aparentemente, a tal "força demoníaca" se apodera do corpo de Verônica, ou seja, ela procura o irmão mais novo para matá-lo com o caco de vidro. Isso fica claro, quando ela percebe que o irmão não a reconhece mais, e se lembra de todos os momentos em que ela tentou realmente machucar os irmãos, embora, na época, não se lembrasse exatamente do que havia feito.
Segundos depois, o inspetor de polícia chega e vê o corpo de Verônica contorcido e suspenso no ar, juntamente com mais alguns policiais ao fundo. A jovem é retirada do prédio em uma maca, para desespero de sua mãe. Então, passado algum tempo, podemos ver um porta-retrato com sua foto, caído no chão. O inspetor tenta pegá-lo, mas, logo em seguida, o solta, e a foto de Verônica começa a queimar por dentro do vidro, mais precisamente na região do seu rosto. Então, as luzes da casa se acendem, e o inspetor é informado que a jovem havia acabado de morrer no hospital.

Segundos depois, o inspetor de polícia chega e vê o corpo de Verônica contorcido e suspenso no ar, juntamente com mais alguns policiais ao fundo. A jovem é retirada do prédio em uma maca, para desespero de sua mãe.
Então, passado algum tempo, podemos ver um porta-retrato com sua foto, caído no chão. O inspetor tenta pegá-lo, mas, logo em seguida, o solta, e a foto de Verônica começa a queimar por dentro do vidro, mais precisamente na região do seu rosto.
Então, as luzes da casa se acendem, e o inspetor é informado que a jovem havia acabado de morrer no hospital.
Bem, no caso Vallecas, Estefanía não tira a própria vida, não tenta matar seu irmão mais novo com nenhum objeto perfurocortante, e nenhum policial presenciou qualquer suposta crise convulsiva da jovem ou qualquer outra situação de cunho paranormal em que Estefanía estivesse presente. Aliás, a foto de Estefanía teria pegado fogo sozinha no dia 1º de novembro de 1993, quase dois anos após a morte da jovem, e não no dia de sua morte, em 1991. O único elemento de inspiração é o porta-retrato, mas ainda assim totalmente fora do contexto original.

Nos segundos finais, podemos ver o inspetor José Ramón Romero escrevendo o relatório da ocorrência em uma máquina de escrever. Assim sendo, somos informados o que teria acontecido depois disso. Segundo o texto, "em 15 de junho de 1991, o detetive José Ramón Romero foi à casa nº 8, da rua Gerardo Nuñez, em resposta a um chamado de emergência. Em depoimento, familiares declararam que após uma sessão com um tabuleiro Ouija, a garota apresentou sintomas estranhos, e que fenômenos paranormais aconteceram  na casa. Subitamente, dois policiais precisaram sair do prédio ao sentirem náuseas e tonturas, e ficaram duas semanas em licença. Um mês após os acontecimentos, Romero solicitou transferência. Em seu relatório, Romero fala sobre fenômenos "literalmente inexplicáveis". Se trata de o único relatório policial na Espanha, em que um oficial afirma ter sido testemunha de atividade paranormal". Curiosamente, enquanto o texto passa na tela, são mostradas inúmeras fotos do apartamento de Verônica.

Nos segundos finais, podemos ver o inspetor José Ramón Romero escrevendo o relatório da ocorrência em uma máquina de escrever. Assim sendo, somos informados o que teria acontecido depois disso.
Bem, no caso Vallecas é situação é bem diferente do que o texto que passa na tela menciona. Quando os policiais responderam ao chamado da família Gutiérrez Lázaro, um ano após a morte de Estefanía, nenhum policial deixou o prédio com náuseas ou tonturas, e muito menos pediram licença depois disso. José Pedro Nigri também não pediu nenhum transferência, e seu relatório aponta, em grande parte do texto, para aquilo que ele acredita ter escutado, e relatos da família. Em declaração ao programa "Cuarto Milenio" ficou muito claro que ele não viu nada acontecendo em tempo real enquanto observava diretamente uma porta ou um objeto, por exemplo.

Enfim, como podemos ver, o filme Verónica é apenas vagamente inspirado no caso Vallecas. Aliás, é extremamente importante dizer que não existe "caso Verónica". O que é visto na tela do seu computador, TV ou smartphone é tão somente ficção, uma vez que o caso original é totalmente diferente do que foi apresentado para vocês. Não irei entrar em detalhes sobre o filme, produção, entrevistas com elenco ou diretor, porque essa matéria não visa promover o filme espanhol. Digo apenas, que o próprio diretor Paco Plaza já admitiu em diversas entrevistas que o "Verónica" não era documental, e que teria sido "inspirado em casos acontecidos na década de 1990". Porém, no final do filme, muitos ficam com a sensação de estar sendo informados mediante as informações verdadeiras do caso original, incluindo supostas imagens do apartamento da família, cujo caso foi inspirado. No entanto, as informações não são verdadeiras, e as fotos não são originais.

Como Está a Situação do Apartamento Atualmente? Esse é um Assunto Para os Meus Comentários Finais


Em agosto do ano passado, o programa "Aquí en Madrid", da emissora de TV "TeleMadrid", exibiu uma curta reportagem, com cerca de três minutos sobre o filme "Verónica" e sua ligação com o caso Vallecas. Uma equipe do programa tentou conversar com moradores locais sobre o incidente, e todos tinham as mesmas informações, que foram amplamente e repetidamente divulgadas na internet, ou seja, ninguém parecia se lembrar do que realmente aconteceu e, para piorar a situação, não houve uma única tentativa de entrevistar algum outro morador do prédio, onde a família Gutiérrez Lázaro morava. A equipe tentou levar uma espécie de "especialista em espiritismo" que, munida de um mero pêndulo repleto de apetrechos, alegou que o antigo apartamento da família, na rua Luís Marín nº 8, tinha uma "negatividade". Porém, aparentemente, essa não era a mesma opinião da atual proprietária que, assim como o casal de equatorianos, nunca viu ou ouviu nada de estranho apartamento em que morava, ou seja, somente Concepción e Máximo alegaram isso ao longo do tempo. Estranhamente, mesmo supostamente sofrendo com tudo aquilo, ambos permaneceram com os filhos (embora alguns podem ter construído suas próprias vidas conforme foram crescendo) no apartamento ao menos 23 anos após a morte de Estefanía. Isso faz algum sentido? Não. Alguém comenta sobre isso? Não. Se alguém está realmente aterrorizado e acredita realmente que suas vidas ou de seus filhos estão em perigo, não ficaria 23 anos na mesma casa onde, supostamente, fenômenos paranormais ameaçadores estariam acontecendo. Isso denota que o problema estaria na cabeça de Máximo ou de Concepción. E isso também faz questionar como a jovem Estefanía realmente morreu. Será que realmente sua morte foi em decorrência de sucessivas e fortes convulsões e ataque epilépticos, que não foram devidamente tratados, ou será que Estefanía foi vítima de um crime que nunca fez questão de ser investigado pela polícia? Acho que vocês entenderam exatamente onde quero chegar.

Já em relação ao filme "Verónica" considerei o mesmo realmente bem decepcionante em inúmeros aspectos, mas não vou me alongar aqui. Aliás, ao longo do tempo vi uma grande fomentação na internet de sites dizendo, que "Verónica" seria o "filme de terror mais assustador de todos os tempos", o "filme de terror mais bem avaliado de todos os tempos", e frases igualmente pomposas. Pouco percebem, no entanto, que avaliação dos "críticos" no "Rotten Tomatoes"é totalmente inflada. Houve, por exemplo, dois críticos espanhóis, um argentino e outro mexicano, todos de língua espanhola, que terceram elogios ao filme. Um deles, o Luis Martínez, do jornal espanhol "El Mundo" disse que o filme era "profundamente religioso e, portanto, aterrorizante". Agora, o que me chamou a atenção foram os críticos Manuel Piñón, dos sites espanhóis "Sensacine" e "Cinemanía", e Luis Miguel Cruz, do site mexicano "Cine Premiere". O primeiro avaliou até hoje cerca de 13 filmes no "Rotten Tomatoes", e o segundo apenas míseros 2 filmes. Entre os críticos mais renomados apenas 1 entre 3, que já opinaram sobre o filme, o aprovou, porém ressaltando que, apesar de Paco Plaza ter feito o filme funcionar, o mesmo pecou na forma que foi conduzido. Quando alguém se dá ao trabalho de ler a opinião de pessoas comuns, a maioria está sem entender até agora o porquê o filme vem sendo tão comentado na internet e nas redes sociais. Para muitos, "Verónica"é simplesmente entediante, uma completa perda de tempo. Particularmente, quase dormi e fiquei até às 4h da manhã editando as imagens, revendo as cenas do filme, como se não representasse nada. Obviamente, a Netflix sabe fazer a divulgação do que lança em seu catálogo, porém muitas pessoas ultimamente acreditam em qualquer coisa. Muitas pessoas perderam a capacidade de ler, interpretar textos, ler corretamente uma informação, e aparentemente, os mecanismos de buscas, assim como o Google, não servem mais para nada, beirando uma alienação endêmica.

Essa matéria serve exatamente para ilustrar o quão o caso Vallecas é muito mal documentado, porém na opinião de diversos investigadores paranormais espanhóis, que li para elaborar essa matéria, esse é um caso fantástico, único na Espanha. Não, não é um caso fantástico. Existem inúmeros perguntas que nunca foram feitas para a família, inúmeras pessoas que nunca foram entrevistadas e que sequer sabemos seus nomes, inúmeros registros médicos que nunca foram divulgados publicamente, nenhuma investigação policial foi realizada mesmo diante do fato da morte de Estefanía ter ocorrido em circunstâncias suspeitas, nada. Tudo o que sempre tivemos foi o depoimento da mãe, Concepción Lázaro de la Iglesia, uma dona de casa, do pai, Máximo Gutiérrez Palomares, que trabalhava na construção civil, e de José Pedro Nigri, atualmente ex-inspetor de polícia. Fora isso não temos mais nada. Não temos registro fotográfico ou em vídeo de nada que foi alegado durante 23 anos. Existe um certo conformismo entre os investigadores espanhóis em nunca ter "cutucado" muito o caso. Muito provavelmente, para não descobrir a real razão daquilo que muitos gostam de bradar até hoje, a plenos pulmões, de um caso misterioso e nunca resolvido. Nunca foi resolvido pela incompetência dos investigadores espanhóis e da polícia. Simplesmente isso. É mais fácil e cômodo, financeiramente dizendo, escrever artigos populares sobre o assunto, livros, fazer um filme "inspirado" no caso, e assim por diante. Apesar de não existir nenhum setor, no mundo, que não se submeta ao dinheiro,  nem todas as pessoas, assim como eu, têm uma etiqueta de preço colada na testa, uma vez que sempre faço questão de mostrar cada caso o mais próximo possível da realidade.

Até a próxima, AssombradOs.

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://darktv.es/blog/entrevista-paco-plaza-veronica/

http://elojocritico.info/caso-vallecas-los-informes-psicologicos/
http://es.ign.com/entertainment/122565/videointerview/veronica-entrevista-con-su-director-paco-plaza
http://valenciaplaza.com/paco-plaza-entrevista-veronica-cine-mujeres
http://www.abc.es/madrid/20151013/abci-posesion-vallecas-confirma-policia-201510121742.html
http://www.abc.es/play/cine/noticias/abci-veronica-ouija-posesion-vallecas-201708280134_noticia.html
http://www.antena3.com/se-estrena/noticias/entrevista-en-exclusiva-a-paco-plaza-director-de-veronica-el-futuro-del-cine-espanol-es-caotico_20170824599ef3990cf27ca1f8f97bc7.html
http://www.elmundo.es/metropoli/cine/2017/08/24/599ead6422601d1b6b8b458f.html
http://www.formulatv.com/noticias/28014/entrevista-iker-jimenez-tendremos-plato-cuarto-milenio-inspector-jefe-constato-fenomenos-antinaturales-gran-expediente-x-espanol/
http://www.ghosttheory.com/2016/02/08/a-strange-death-in-vallecas-madrid
http://www.mundoparapsicologico.com/misterios/el-caso-vallecas-y-lo-que-nunca-se-conto/
http://www.telemadrid.es/programas/aqui-en-madrid/veronica-la-pelicula-de-terror-basada-en-la-joven-poseida-de-vallecas
http://www.unsurcoenlasombra.com/el-otro-ladocaso-vallecas-uno-de-los-enigmas-espanoles-mas-importantes/
https://allegramag.info/el-caso-vallecas/
https://books.google.com.br/books?id=oq5-3I8ZbFcC&pg=PA318&lpg=PA318&dq=cuarto+milenio+%22vallecas%22&source=bl&ots=ehFbtngF7o&sig=OiAiyO033hP5IbI-mmdFSeiTaUA&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwit7I3qoPDZAhUFWpAKHYxRB3k4FBDoAQhrMAg#v=onepage&q=cuarto%20milenio%20%22vallecas%22&f=false
https://elpais.com/elpais/2016/01/25/tentaciones/1453726214_181325.html
https://labitacoradelmiedo.wordpress.com/2011/02/14/la-extrana-muerte-de-estefania-gutierrez-lazaro-por-la-ouija-en-vallecas-madrid/
https://m.forocoches.com/foro/showthread.php?t=5558268&page=5
https://www.20minutos.es/gonzoo/noticia/asi-era-el-expediente-vallecas-caso-real-que-se-inspira-pelicula-veronica-3265981/0/
https://www.cuatro.com/cuarto-milenio/programas/temporada-08/t08xp12/Expediente-Vallecas_0_1513575645.html
https://www.cuatro.com/cuarto-milenio/programas/temporada-08/t08xp12/policia-expediente-Vallecas-cuenta-noche_2_1513605197.html
https://www.documaniatv.com/ciencia-y-tecnologia/cuarto-milenio-el-caso-vallecas-video_dbaddd6f5.html
https://www.elespanol.com/bluper/noticias/informativos-antena-3-expediente-vallecas-veronica
https://www.escepticos.es/repositorio/elesceptico/articulos_pdf/ee_33/ee_33_iker_el_mago_del_misterio_los_expedientes_x_de_cuarto_milenio_al_descubierto.pdf
https://www.huffingtonpost.es/2017/09/13/asi-fue-el-caso-vallecas-el-aterrador-suceso-paranormal-que-inspiro-veronica_a_23204195/
https://www.ikerjimenez.com/cuartomilenio/8-temporada/sinopsis8x12.html
https://www.mitele.es/programas-tv/cuarto-milenio/57b0e0a6c915da1f778b4b16/player
https://www.youtube.com/watch?v=4_BsAVnUrCY
https://www.youtube.com/watch?v=7yenH60iVgs
https://www.youtube.com/watch?v=j0PVURsJZlM
https://www.youtube.com/watch?v=nieqX1GFFPI

Túmulo que Chora? Moradores Alegam que "Água Milagrosa" Verte do Túmulo de um "Benzedor" no Cemitério de Sarapuí/SP!

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Por Marco Faustino

Em março do ano passado, fiz um matéria sobre uma situação que estava supostamente acontecendo há quase um século, no município de Santa Leopoldina, no Espírito Santo, onde o túmulo de uma garotinha de pouco mais de 4 meses de idade, que teria morrido afogada em janeiro de 1923, tinha se tornado uma espécie de "atração" considerada "milagrosa" da cidade. O motivo? Bem, a garotinha em questão, de nome Maria Gilda, teria nascido em 4 de setembro de 1922, e morreu menos de 5 meses depois, no dia 19 de janeiro de 1923. Sua avó, Maria Zelinda Avancini, ao buscar uma toalha, teria deixado a criança sozinha em uma bacia, e quando voltou Maria Gilda já estava morta. Maria Gilda fazia parte de uma das famílias mais tradicionais da cidade, os Reinsen. Segundo o livro "O Município de Santa Leopoldina", do escritor Francisco Schwarz, Maria Zelinda teria sido a mulher mais caridosa que o município já teve, e o sepultamento de Maria Gilda foi um dos enterros mais comoventes, e que mais movimentaram a população da cidade. Reza a lenda, que a mãe da garotinha, no dia do seu sepultamento levou a bacia com água onde a filha tinha morrido e, após descer o seu caixão, ela teria jogado a água sobre o mesmo dizendo: "Já que você levou a minha filha, agora minha filha vai levar você". Desde então, passou a ser contado, que sempre há a presença de água na sepultura da menina. Algumas pessoas acreditam que a água seja milagrosa, que cure doenças, muito embora as autoridades não recomendem o consumo da água, até mesmo em razão de produtos químicos jogados por agentes de saúde para evitar a proliferação de mosquitos. Complicado, não é mesmo, mas vale a pena conferir a matéria, que foi bem curtinha (leia mais: Túmulo de Criança que Morreu Afogada "Enche de Água" Há 94 anos e Moradores Acreditam que é Milagrosa, em Santa Leopoldina/ES!).

Agora, eis que me deparei, sem querer, com um caso que foi bem comentado há cerca de cinco anos, em 2013, sobre um "túmulo que chora", no Cemitério Municipal de Sarapuí, uma cidade no interior do Estado de São Paulo, onde estaria enterrado um antigo "benzedor" da cidade. O túmulo verteria água, considerada milagrosas por moradores locais, sendo que o "fenômeno", ao menos até aquele momento já estava acontecendo há 7 anos, ou seja, desde 2005/2006. Contudo, ao assistir um vídeo realizado no ano passado, percebi que a água do referido túmulo continuava vertendo do mesmo, ou seja, o tal "fenômeno" estaria acontecendo há cerca de, pelo menos, 12 anos. Evidentemente, isso me chamou a atenção, razão pela qual resolvi trazer esse assunto ao conhecimento de vocês. E, para completar, acabei encontrando uma recente atualização de toda essa história. Será que a água é realmente milagrosa? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Um Pouco Sobre a Cidade de Sarapuí, no Interior do Estado de São Paulo


Sarapuí é um município do Estado de São Paulo, localizado na região metropolitana de Sorocoba, e que fica a aproximadamente 160 km a oeste da capital paulista (cerca de 3h de carro). Segundo dados do IBGE, a cidade tem uma população estimada de 10.034 habitantes, de maioria católica (83%), sendo que 64,6% das casas possuem esgotamento sanitário adequado, ao menos em relação aos dados coletados no ano em 2010, é claro. Ainda segundo o IBGE, em 2015, 20,9% da população exercia alguma atividade formal, sendo que salário médio mensal era de 1,9 salários mínimos (32,8% da população tinha um rendimento mensal per capita de meio salário mínimo, em 2010).



Foto mostrando a Igreja Nossa Senhora das Dores (Igreja Matriz) de Sarapuí/SP
As primeiras incursões na região aconteceram no século XVIII, através das diversas trilhas de tropas de muares que, das regiões sulinas, alcançaram as feiras de Sorocaba. Diversos núcleos foram surgindo com pequenas roças cultivadas para subsistência. Em um desse "pousos", conhecido por "Fazendinha", no território de Itapetininga, foi estabelecido um pequeno centro de abastecimento dos tropeiros e consequente aglomerado de povoadores, que construíram uma capela dedicada à Nossa Senhora das Dores, em 1832, em terrenos doados pelo Capitão Luiz Vieira, proprietário de extensa área na região.Inicialmente dedicados à pecuária, os proprietários locais passaram a se dedicar à cultura de diversos produtos, principalmente algodão, consumido em larga escala em Sorocaba onde se iniciava a indústria têxtil.

As lavouras exigiram um grande número de mão-de-obra, aumentando a comunidade. Esse período, de maior progresso da povoação possibilitou a criação do Distrito de Paz, em 1844, elevado a Município em 1872, com o nome de Sarapuí, de origem indígena "çarapó-y", que significa rio dos sarapós, espécie de peixes escorregadios de água doce. Contudo a implantação da Estrada de Ferro Sorocabana, longe do núcleo urbano, provocou um êxodo de sua população que procurou as frentes de desbravamento abertas pela ferrovia. O declínio econômico levou, em 1934, a redução de Sarapuí à condição de Distrito, restaurado quatro anos depois.

Foto da edificação onde abriga a Delegacia de Polícia de Sarapuí/SP
O site da prefeitura de Sarapuí, infelizmente, não fornece maiores detalhes históricos ou econômicos do município. Em um artigo da Wikipédia, que carece totalmente de fontes, é mencionado que Sarapuí seria considerada a "capital da melancia", em razão do clima e do solo propícios ao cultivo da fruta, e não muito mais do que isso. Enfim, agora que vocês conhecem um pouco mais do lugar onde a estranha situação vem acontecendo, vamos a mesma.

A Reportagem Exibida pelo Programa "Balanço Geral", da Record TV, em Julho de 2013, Sobre o "Túmulo que Chora"


Para tentar entender um pouco melhor essa história, é interessante assistir uma reportagem realizada pelo programa "Balanço Geral", da Record TV, em meados de julho de 2013 que, naquela época, ainda era apresentado pelo jornalista Geraldo Luís. A reportagem é muito longa e cansativa, porém irei resumi-la para vocês.

Inicialmente, o apresentador Geraldo Luís mencionou, que havia água "jorrando" do túmulo de Sarapuí. Então, fomos apresentados a repórter Lorena Coutinho, responsável pela reportagem, que tinha ido conferir de perto toda aquela situação. Em conversa com algumas senhoras, próximo a uma banca de jornal, a repórter perguntou se já tinham ouvido falar de um túmulo, que "escorria lágrimas". A resposta? Não, nunca. Essa primeira parte é muito curiosa, porque em uma cidade pequena, geralmente a notícia sobre algo rapidamente se propaga, mas nenhuma das três mulheres sabia sobre o que a repórter estava falando.

Em conversa com algumas senhoras, próximo a uma banca de jornal, a repórter perguntou se já tinham ouvido falar de um túmulo, que "escorria lágrimas". A resposta? Não, nunca. Essa primeira parte é muito curiosa, porque em uma cidade pequena, geralmente a notícia sobre algo rapidamente se propaga, mas nenhuma das três mulheres sabia sobre o que a repórter estava falando.
Posteriormente, em conversa com uma outra senhora, a mesma também disse que nunca tinha ouvido falar. É possível ver que, por diversas vezes, a repórter aparentemente tenta induzir as pessoas a responder o que ela quer, ou seja, que somente o fato de ouvir falar sobre essa história seria de "arrepiar".

Posteriormente, em conversa com uma outra senhora, a mesma também disse que nunca tinha ouvido falar.
Somente três outras mulheres, aparentemente responsáveis pelo serviço de varredura pública, responderam que já teriam ouvido falar sobre o assunto. Uma delas disse, que não tinha visto pessoalmente, porém a outra teria ouvido de uma senhora, no cemitério, que o tal túmulo "chorava". Já a terceira mulher confirmou que saía água do túmulo ao ponto de formar uma poça.

Somente três outras mulheres, aparentemente responsáveis pelo serviço de varredura pública, responderam que já teriam ouvido falar sobre o assunto. Uma delas disse, que não tinha visto pessoalmente...
...porém a outra teria ouvido de uma senhora, no cemitério, que o tal túmulo "chorava".
Já a terceira mulher confirmou que saía água do túmulo ao ponto de formar uma poça.
Em seguida, um funcionário da delegacia da cidade chamado Sandro disse, que a pessoa enterrada no túmulo que "chorava" era um tio de sua mãe chamado "Pedro Pirico", mas que ele não tinha certeza. Disse apenas que algumas pessoas tomavam ou passavam a água no corpo na esperança de curar enfermidades, porém ele nunca fez questão de se aprofundar no assunto. Ele disse que a história tinha causado um certo rebuliço três anos atrás, e depois acalmou, ou seja, ninguém mais teria tocado no assunto, até aquele dia. Na época, ou seja, três anos antes, as pessoas acreditavam que a água estava saindo devido alguma infiltração durante o período de chuva.

Em seguida, um funcionário da delegacia da cidade chamado Sandro disse, que a pessoa enterrada no túmulo que "chorava" era um tio de sua mãe chamado "Pedro Pirico", mas que ele não tinha certeza. Disse apenas que algumas pessoas tomavam ou passavam a água no corpo na esperança de curar enfermidades, porém ele nunca fez questão de se aprofundar no assunto.
Após uma longa interrupção para falar de um outro caso sobre um "túmulo gelado" em outra cidade, Lorena voltou a falar sobre o caso de Sarapuí. Para tentar ajudar a "desvendar o mistério" a repórter mencionou que contaria com a ajuda de um morador local chamado Rogério, que teria visto o túmulo vertendo água. É justamente esse um dos pontos mais interessantes da reportagem. Palavras de Rogério: "até a Sabesp, sei lá quem que foi lá e fez uma análise, e disse que a água é natural". Ele também disse que a água era cíclica, ou seja, as pessoas coletavam a água até esgotar, e depois de um tempo (não foi mencionado quanto tempo), voltava a verter água novamente.

Para tentar ajudar a "desvendar o mistério" a repórter mencionou que contaria com a ajuda de um morador local chamado Rogério, que teria visto o túmulo vertendo água.
Em seguida, Lorena e Rogério vão até o Cemitério Municipal de Sarapuí, que fica bem próximo da praça central da cidade. Durante o caminho, Lorena disse que nada era seria mostrado se fosse mentira, ou seja, que o programa prezaria pela veracidade do que apresentava. Então, ela foi recepcionada pelo Ezequias (o mesmo que foi citado na notícia do G1), que trabalhava no setor administrativo do cemitério.

Essa é uma segunda parte interessante, porque aparentemente foi o Rogério que entrou em contato com o Balanço Geral, porém o assessor do prefeito já sabia da ida ou presença da equipe de reportagem na cidade, e enviou o Ezequias para ficar de prontidão na porta do cemitério. Segundo Lorena, as coisas "corriam rápido na cidade". Essa é uma contradição interessante, visto que muitos moradores não sabiam da existência do caso relacionado ao "túmulo que chorava".

Durante o caminho, Lorena disse que nada era seria mostrado se fosse mentira, ou seja, que o programa prezaria pela veracidade do que apresentava. Então, ela foi recepcionada pelo Ezequias (o mesmo que foi citado na notícia do G1), que trabalhava no setor administrativo do cemitério.
Ezequias disse que tudo teria começado há 7 anos (em relação ao ano de 2013). Ele também disse que, mesmo sem chover, em um período de estiagem, vertia água do túmulo. Ele alegou que o túmulo já teria sido aberto, e retiraram mais de 100 litros de água, em uma certa época (não disse quando isso aconteceu). Posteriormente, o túmulo foi fechado, e voltou a verter água.

Nesse ponto já havia transcorrido cerca de 20 minutos de reportagem, e a repórter insistia em perguntar se o túmulo "lacrimejava" ou "chorava", porém ninguém entendia exatamente do que ela estava falando. Ezequias também disse, que muitas pessoas pegavam a água para tomar ou passar na pele.

Ezequias disse que tudo teria começado há 7 anos (em relação ao ano de 2013). Ele também disse que, mesmo sem chover, em um período de estiagem, vertia água do túmulo. Ele alegou que o túmulo já teria sido aberto, e retiraram mais de 100 litros de água, em uma certa época (não disse quando isso aconteceu). Posteriormente, o túmulo foi fechado, e voltou a verter água.
Finalmente, Lorena, Rogério e Ezequias foram até o túmulo. Lorena parou para entrevistar uma senhora de 61 anos, que estava visitando o túmulo de uma amiga, interrompendo a oração, e perguntou se a mesma já tinha ouvido falar sobre um túmulo que chorava no cemitério. A resposta? Não, nunca, e sequer tinha ouvido falar de uma história como essa.

Posteriormente, a mesma senhora acompanhou a equipe de reportagem e constatou mesmo que era água líquida. Já uma outra senhora, que também estava visitando o cemitério, alegou que já tinha visto, e que a situação era inexplicável.

Finalmente, Lorena, Rogério e Ezequias foram até o túmulo.
Lorena parou para entrevistar uma senhora de 61 anos, que estava visitando o túmulo de uma amiga, interrompendo a oração, e perguntou se a mesma já tinha ouvido falar sobre um túmulo que chorava no cemitério. A resposta? Não, nunca, e sequer tinha ouvido falar de uma história como essa.
Posteriormente, a mesma senhora acompanhou a equipe de reportagem e constatou mesmo que era água líquida.
Já uma outra senhora, que também estava visitando o cemitério, alegou que já tinha visto, e que a situação era inexplicável.
Então, a reportagem é interrompida, e a imagem volta para o estúdio, onde Geraldo Luís apresentou um frasco de vidro contendo água, supostamente do túmulo de Sarapuí. Muitos, através das redes sociais, teriam passado a desafiar o apresentador a beber a tal água. Em uma aparente conversa com o diretor do programa, chamado Virgílio, Geraldo perguntou qual era o laudo da Sabesp em relação a água. Segundo o Virgílio, a Sabesp teria mencionado, que não haveria nenhum cano ou nascente embaixo do túmulo. Além disso, a água seria limpa, completamente pura.

Após longo minutos, Geraldo abriu o frasco para "cheirar a água". De acordo com Geraldo, ao contrário do que muita gente fala, que água não tem cheiro, água teria cheiro sim. Em seguida, ele afirmou, que água tinha cheiro e sabor. Em relação aquela contida no frasco, no entanto, ele não emitiu nenhuma opinião.

Em uma aparente conversa com o diretor do programa, chamado Virgílio, Geraldo perguntou qual era o laudo da Sabesp em relação a água. Segundo o Virgílio, a Sabesp teria mencionado, que não haveria nenhum cano ou nascente embaixo do túmulo. Além disso, a água seria limpa, completamente pura.
Após longo minutos, Geraldo abriu o frasco para "cheirar a água". De acordo com Geraldo, ao contrário do que muita gente fala, que água não tem cheiro, água teria cheiro sim. Em seguida, ele afirmou, que água tinha cheiro e sabor. Em relação aquela contida no frasco, no entanto, ele não emitiu nenhuma opinião.
Ao retornar para a reportagem, Lorena mencionou que a pessoa enterrada no local tinha o poder de curar outras pessoas e, por isso, a água estaria "jorrando" do túmulo. Já Rogério apontou, novamente, que muitas pessoas passavam a água em seus corpos e, segundo essas pessoas, se curavam do problema que tinham. Lorena também entrevistou um coveiro do cemitério, que não teve seu nome divulgado. Ele alegou que trabalhava há 10 anos no cemitério. Segundo o coveiro, certa vez um pedreiro foi abrir a parte superior do túmulo, e teria visto que havia muita água acumulada. Ele também disse, que a água viria debaixo do contrapiso do túmulo.

Ao retornar para a reportagem, Lorena mencionou que a pessoa enterrada no local tinha o poder de curar outras pessoas e, por isso, a água estaria "jorrando" do túmulo. Já Rogério apontou, novamente, que muitas pessoas passavam a água em seus corpos e, segundo essas pessoas, se curavam do problema que tinham.
Lorena também entrevistou um coveiro do cemitério, que não teve seu nome divulgado. Ele alegou que trabalhava há 10 anos no cemitério. Segundo o coveiro, certa vez um pedreiro foi abrir a parte superior do túmulo, e teria visto que havia muita água acumulada. Ele também disse, que a água viria debaixo do contrapiso do túmulo.
Lorena colocou diversas vezes a mão na terra misturada com água, para mostrar que a mesma chegava a formar um poça, e chegou a dizer que era água de verdade, que sequer possuía lodo. O coveiro alegou que não havia encanamento ou nascente de água no lugar, e que o responsável pela empresa de saneamento básico já teria ido ao local. Porém, essa parte é muito confusa, porque o homem era visivelmente tímido e falava muito baixo. A repórter praticamente respondia por ele no microfone.

Ao ser questionado sobre a conclusão do tal responsável, o coveiro simplesmente disse: "É um mistério, né...". Aliás, havia até mesmo uma mangueira, de alguns centímetros de comprimento, ao lado do túmulo, para facilitar a retirada da água por parte de populares.

Lorena colocou diversas vezes a mão na terra misturada com água, para mostrar que a mesma chegava a formar um poça, e chegou a dizer que era água de verdade, que sequer possuía lodo.
Aliás, havia até mesmo uma mangueira, de alguns centímetros de comprimento, ao lado do túmulo,
para facilitar a retirada da água por parte de populares.
Enfim, a reportagem terminou, e o Geraldo Luís, no estúdio, disse que a água passaria por análise para saber o que existia na mesma. Ele ainda fez menção de que poderia tomar a água, mas, ao final, ele não tomou uma gota sequer. A própria produção recomendou o apresentador a não tomar a água.

Enfim, a reportagem terminou, e o Geraldo Luís, no estúdio, disse que a água passaria por análise para saber o que existia na mesma. Ele ainda fez menção de que poderia tomar a água, mas, ao final, ele não tomou uma gota sequer. A própria produção recomendou o apresentador a não tomar a água.
Entretanto, não pensem que o Balanço Geral iria parar por aí, porque eles resolveram exibir mais uma reportagem sobre esse assunto.

A Segunda Reportagem Exibida Pelo Balanço Geral Sobre o "Túmulo que Chora" de Sarapuí


Cerca de algumas semanas depois, no início de agosto daquele mesmo ano, a repórter Lorena Coutinho voltou ao Cemitério Municipal de Sarapuí. O motivo? Coletar uma amostra de água. Essa é uma parte curiosa, porque se já havia água do túmulo naquele frasco, qual seria a necessidade de voltar? Nesse ponto, muitas pessoas provavelmente apontariam a necessidade de ter um frasco estéril e livre de possíveis contaminantes, que interferissem na amostra. Porém, para ser bem sincero, muito provavelmente o frasco do apresentador continha apenas água comum. Não irei me alongar muito nessa nova reportagem, apenas comentarei as partes mais relevantes, combinado?

Cerca de algumas semanas depois, no início de agosto daquele mesmo ano, a repórter Lorena Coutinho voltou ao Cemitério Municipal de Sarapuí. O motivo? Coletar uma amostra de água. Essa é uma parte curiosa, porque se já havia água do túmulo naquele frasco, qual seria a necessidade de voltar?
Posto isso, dessa vez muitas pessoas na cidade finalmente sabiam sobre o caso, graças a repercussão da reportagem do Balanço Geral, é claro. Ao longo da reportagem, Lorena chegou a entrevistar uma senhora chamada Clarice, proprietária de um bar da cidade, que mencionou ter conversado com os netos do tal Pedro, o homem que teria sido enterrado no local, no Dia de Finados do ano anterior (2012). Segundo ela, os netos não sabiam explicar o "fenômeno", ou seja, que tudo seria um completo mistério. Ela também informou que Pedro teria sido enterrado diretamente na terra, sendo que teriam construído um túmulo acima de onde ele estaria enterrado, para abrigar o corpo de outra pessoa. O espaço nunca teria sido usado, porque acumulava água.

Ao longo da reportagem, Lorena chegou a entrevistar uma senhora chamada Clarice, proprietária de um bar da cidade, que mencionou ter conversado com os netos do tal Pedro, o homem que teria sido enterrado no local, no Dia de Finados do ano anterior (2012).
Clarice disse que tinha coragem de beber a água, e assim o fez diante das câmeras. Porém, é muito difícil saber se aquela era mesmo a água do túmulo. Provavelmente, não.

Posteriormente, ela disse que tinha coragem de beber a água, e assim o fez diante das câmeras. Porém, é muito difícil saber se aquela era mesmo a água do túmulo. Provavelmente, não.
Assim sendo, que a equipe de reportagem resolveu ir atrás da família do Pedro, que estaria enterrado naquele local, e que morava a cerca de 10 minutos do centro (aproximadamente 15 km), em uma espécie de distrito da cidade. Na casa da família, a repórter conversou com uma senhora chamada Maria, ex-esposa do Pedro. Ela disse que a água teria começado a verter da carneira (o túmulo), cerca de 3 a 4 semanas após a sua construção (um claro sinal que algo acabou sendo remexido debaixo da terra), porém não sabia informar há quanto tempo isso acontecia.

Na casa da família, a repórter conversou com uma senhora chamada Maria, ex-esposa do Pedro. Ela disse que a água teria começado a verter da carneira (o túmulo), cerca de 3 a 4 meses após a sua construção, porém não sabia informar há quanto tempo isso acontecia.
Então, Lorena entrevistou uma outra senhora chamada Teresa, filha da Maria, e consequentemente de Pedro. Segundo Teresa, a família sempre teria visto água vertendo do túmulo, mas nunca se importaram com isso. Somente após 3 anos, que eles teriam resolvido abrir e verificaram que havia água. Aparentemente, a família teria retirado a água, esperado secar, fechado, e posteriormente, teria começado a minar água de uma outra parte do túmulo.

A administração do cemitério teria oferecido outro local, mas a família não quis aceitar. Teresa também confirmou que a própria família criou o buraco no túmulo para ver se continuaria saindo água, algo que continuou acontecendo. Contudo, é muito importante notar, que a água teria voltado a minar somente após alguns dias, cerca de 8 dias, segundo Teresa, ou seja, denota ser um processo lento.

Então, Lorena entrevistou uma outra senhora chamada Teresa, filha da Maria, e consequentemente de Pedro. Segundo Teresa, a família sempre teria visto água vertendo do túmulo, mas nunca se importaram com isso. Somente após 3 anos, que eles teriam resolvido abrir e verificaram que havia água.
Aliás, é interessante notar que Maria confirmou, que o marido era uma pessoa muito boa, caridoso, e que costumava ajudar as pessoas e, inclusive curar criações (provavelmente de animais). Maria, no entanto, não citou que o marido curava pessoas.

Aliás, é interessante notar que Maria confirmou, que o marido era uma pessoa muito boa, caridoso, e que costumava ajudar as pessoas e, inclusive curar criações (provavelmente de animais). Maria, no entanto, não citou que o marido curava pessoas.
Seguindo com a matéria, Lorena entrevistou uma moradora local, que disse ter chegado a conhecer o Pedro em vida. Ela também disse, que ele era uma pessoa muito boa, porém, curiosamente, disse que nunca conversou com ele. Também foi mencionado, que Pedro havia sido enterrado no ano 2000, porém segundo a moradora, somente após seis anos a morte de Pedro, é que a água teria começado a minar "misteriosamente".

Seguindo com a matéria, Lorena entrevistou uma moradora local, que disse ter chegado a conhecer o Pedro em vida. Ela também disse, que ele era uma pessoa muito boa, porém, curiosamente, disse que nunca conversou com ele.
Em seguida, a própria repórter resolveu provar um pouco da água, molhando a ponta do dedo e colocando na boca. No estúdio, Geraldo Luís exaltava a repórter dizendo: "Grande repórter, grande repórter". Lorena constatou que a água não era salgada, assim como uma lágrima, e que isso era mais do psicológico das pessoas. Aliás, ela foi bem além, e disse que parecia ser uma água natural e filtrada, como se saísse do filtro que as pessoas tinham em casa.
 
Em seguida, a própria repórter resolveu provar um pouco da água, molhando a ponta do dedo e colocando na boca. No estúdio, Geraldo Luís exaltava a repórter dizendo: "Grande repórter, grande repórter". Lorena constatou que a água não era salgada, assim como uma lágrima, e que isso era mais do psicológico das pessoas. Aliás, ela foi bem além, e disse que parecia ser uma água natural e filtrada, como se saísse do filtro que as pessoas tinham em casa.
Em seguida, um "técnico de análises clínicas" de um laboratório, cujo nome não foi mencionado, compareceu no cemitério para coletar uma amostra da água. Já no laboratório, Lorena disse que a análise "detalhada" ficaria pronta em apenas 5 dias.

Em seguida, um "técnico de análises clínicas" de um laboratório, cujo nome não foi mencionado,
compareceu no cemitério para coletar uma amostra da água.
Talvez o ponto mais interessante da reportagem seja realmente o final, uma vez que Lorena comentou que, a princípio, a água parecia bem limpa e cristalina, porém ao colocar uma quantidade maior em um pote, a mesma se apresentou turva, ou seja, que somente isso já seria motivo de desconfiança (isso também denota que a água contida no frasco do apresentador Geraldo Luís não era do túmulo).

Em conversa com uma biomédica do laboratório chamada Rita, a mesma informou que, para a água ser considerada potável, precisava seguir uma série de características exigidas pela legislação brasileira. Entre essas características estava o fato da água ser incolor, e não poderia ter qualquer tipo de material em suspensão. E sim, a água tinha material em suspensão. Segundo a biomédica, somente por esse fato, a água seria considerada inadequada para o consumo.

Em conversa com uma biomédica do laboratório chamada Rita, a mesma informou que, para a água ser considerada potável, precisava seguir uma série de características exigidas pela legislação brasileira. Entre essas características estava o fato da água ser incolor, e não poderia ter qualquer tipo de material em suspensão. E sim, a água tinha material em suspensão. Segundo a biomédica, somente por esse fato, a água seria considerada inadequada para o consumo.
Ao final do programa, no estúdio, o diretor informou ao Geraldo Luís, que a análise ficaria pronta em 10 dias, e que a Lorena voltaria no laboratório no dia 12 de agosto daquele ano. Esse retorno, no entanto, aparentemente, nunca aconteceu. Não encontrei nenhuma matéria ou vídeo do Balanço Geral mostrando o resultado da análise. Isso quer dizer que nunca houve resultado algum? Não. Isso quer dizer apenas que não encontrei nada nesse sentido publicamente na internet, visto que o resultado poderia ter sido mencionado em alguma outra edição.

Por outro lado, devido a gravidade e seriedade do assunto, o mesmo deveria ter sido publicado de forma ostensiva na internet, assim como essas duas reportagens foram. Afinal de contas, visualmente a água já seria imprópria para consumo humano e, presumivelmente, deveria haver inúmeros microrganismos e bactérias.

Ao final do programa, no estúdio, o diretor informou ao Geraldo Luís, que a análise ficaria pronta em 10 dias, e que a Lorena voltaria no laboratório no dia 12 de agosto daquele ano. Esse retorno, no entanto, aparentemente, nunca aconteceu. Não encontrei nenhuma matéria ou vídeo do Balanço Geral mostrando o resultado da análise.
De qualquer forma, a Record TV não foi o único veículo de comunicação a cobrir essa história.

A Notícia Publicada Pelo Portal G1, em Setembro de 2013


Uma outra notícia sobre esse assunto foi publicada pelo Portal G1, em 13 de setembro de 2013.  Na notícia foi mencionado que, no Cemitério Municipal de Sarapuí, o túmulo onde estava enterrado um antigo benzedor da cidade havia se tornado uma espécie de "atração". Isso porque a sepultura vertia água, e o líquido de origem misteriosa atraía pessoas de toda a região. Segundo a notícia, o tal "fenômeno" já ocorria há mais de sete anos. Aliás, o local tinha sido apelidado pelos visitantes de "túmulo que chora" (razão pela qual adotei essa expressão no título desta matéria).

Segundo a notícia, o tal "fenômeno" já ocorria há mais de sete anos. Aliás, o local tinha sido apelidado pelos visitantes de "túmulo que chora" (razão pela qual adotei essa expressão no título desta matéria).
O cemitério teria aproximadamente três mil jazigos, sendo o único da cidade (ao menos até a data da publicação da notícia). No local estariam enterradas personalidades, que fizeram história e contribuíram para o desenvolvimento da cidade. O tal benzedor, chamado Pedro Manoel dos Santos, teria morrido no ano 2000, sendo uma dessas personalidades. Seus restos mortais ocupariam o famoso túmulo. Segundo o fiscal do cemitério, Ezequias Martins, após cinco anos do falecimento de Santos, ou seja, em 2005, o túmulo começou a verter a água misteriosamente. Para verificar o que estava acontecendo, o túmulo foi aberto e, segundo testemunhas, cujos nomes não foram mencionados, foram retirados quase 100 litros de água. O túmulo teria ficado aberto durante 12 dias até toda a água secar. Depois de alguns dias, o mesmo teria sido fechado novamente, porém a água voltou a aparecer.

De acordo com o G1, a companhia de saneamento básico que atende a cidade, a Sabesp, esteve no local para verificar se havia alguma fonte de água ou encanamento, mas nada foi constatado. Para a água não acumular no interior da sepultura, foi aberto um pequeno furo para o escoamento da água. Já de acordo com os visitantes do túmulo, Pedro Santos era um homem bom e prestativo. Para fazer o benzimento dos devotos, usava somente água. A partir do início do vazamento na sepultura, muitas pessoas começaram a visitar o local levando flores, acendendo velas e fazendo pedidos em um ato de fé. Os visitantes acreditam que a água, que escorre do túmulo, é uma água que cura e um sinal referente ao benzedor. Dificilmente, seria possível ver a água escorrendo pelo furo do túmulo. Para retirar a água é necessário utilizar uma mangueira que é colocada no orifício. De acordo com o fiscal, a visitação estava cada vez mais frequente, por isso, a água não se acumula ao ponto de vazar pelo buraco.

Foi feito uma espécie de furo para que a água acumulada no interior do túmulo pudesse escoar. Para retirar a água é necessário utilizar uma mangueira que é colocada no orifício. De acordo com o fiscal, a visitação estava cada vez mais frequente, por isso, a água não se acúmula ao ponto de vazar pelo buraco.
Curiosamente, o G1 teria estado por três vezes no local para tentar flagrar o escoamento de água sem a intervenção da mangueira. No dia anterior a publicação da notícia (12), teria sido possível observar umidade em um espaço ao lado do furo. Já com a mangueira, o fiscal teria conseguido sugar uma pequena quantidade de água, que foi colocada em um copo.

Ainda segundo Martins, ele teria começado a fazer uma lista dos visitantes em um livro. O fiscal afirmou, que já registrou a presença de pessoas de diversas cidades, entre elas, Itapetininga, São Paulo, São Caetano do Sul, Salto de Pirapora, Embu das Artes, Alambari, Pilar do Sul (SP), Votorantim, Tatuí, Sorocaba, São Bernardo do Campo, Araçoiaba da Serra, todas no Estado de São Paulo, além de Maringá, no Paraná.

Curiosamente, o G1 teria estado por três vezes no local para tentar flagrar o escoamento de água sem a intervenção da mangueira. No dia anterior a publicação da notícia (12), teria sido possível observar umidade em um espaço ao lado do furo. Já com a mangueira, o fiscal teria conseguido sugar uma pequena quantidade de água, que foi colocada em um copo.
Um aposentado chamado José Teixeira, morador da cidade paulista de Alambari, resolveu ir até o município vizinho para conhecer a sepultura. Ele ficou impressionado.

"Para acreditar que isso realmente acontecia, tive que vir até Sarapuí para conhecer o túmulo", disse, na época, José Teixeira.

Para a dona de casa Benedita Aparecida Costa, a água fazia milagres. Ela sempre visitava o túmulo e pedia a cura para uma enfermidade nos olhos. Porém, nem todos acreditavam nessa história. Para a moradora Terezinha do Carmo Santos, tudo poderia ser apenas um vazamento, e que ainda não tinham encontrado o problema.

"A cura da água está no psicológico das pessoas e isso leva acreditar que a água traz algum benefício. Isso não passa de uma coincidência", disse Terezinha.

Para a moradora Terezinha do Carmo Santos, tudo poderia ser apenas um vazamento,
e que ainda não tinham encontrado o problema.
Segundo o então pároco da cidade, padre André Luiz Garcia, a água que vertia era um mistério, mas fisicamente ele acreditava, que o fenômeno podia ser uma transpiração do túmulo, que variava de acordo com o clima. Ainda segundo Garcia, a visita diária no túmulo dependia da fé de cada um.

"Não é a água que cura, mas sim a fé que a pessoa deposita naquela água, acreditando que ela pode ser curada da enfermidade", disse o padre.

Uma equipe da Vigilância Sanitária esteve reunida com profissionais e responsáveis pela saúde pública. Uma amostra da água seria levada para o Instituto Adolfo Lutz, em Sorocaba, para análise. O local também seria interditado até que fosse conhecida a origem. A Vigilância Sanitária alertou, no entanto, que as pessoas não deviam consumir a água, uma vez que o solo do cemitério era um ambiente de possível contaminação.

Uma equipe da Vigilância Sanitária esteve reunida com profissionais e responsáveis pela saúde pública. Uma amostra da água seria levada para o Instituto Adolfo Lutz, em Sorocaba, para análise. A imagem acima reflete a sede do Instituto Adolfo Lutz em São Paulo.
Já a família do benzedor Pedro Manoel dos Santos não quis se manifestar sobre o assunto. De qualquer forma, não houve nenhuma atualização do G1 em relação a análise do Instituto Adolfo Lutz.

A Obsolência Programada da Informação e as Informações que Não Foram Mencionadas nas Reportagens Anteriores


Costumo dizer que existe algo, que chamo de "obsolência programada da informação", ou seja, uma vez que a "janela de lucratividade" com uma determinada notícia tenha passado, há uma estranha "perda de interesse" por parte de inúmeros veículos de comunicação de continuar cobrindo um determinado assunto. Provavelmente, você já percebeu isso, quando um assunto é muito comentado, por 2 a 7 dias e, posteriormente, cai no completo esquecimento.

Nesse caso do "túmulo que chora" de Sarapuí, nunca soubemos, efetivamente até hoje, o resultado das tais análises mencionadas pelo Balanço Geral/SP e Portal G1. Assim sendo, entrei em contato com a assessoria de imprensa da Sabesp para confirmar o que foi mencionado nesse caso, uma vez que o acesso ao túmulo continua sendo livre. Também entrei em contato com o Instituto Adolfo Lutz, em Sorocaba, para pedir maiores informações.

Assim sendo, entrei em contato com a assessoria de imprensa da Sabesp para confirmar o que foi mencionado nesse caso, uma vez que o acesso ao túmulo continua sendo livre.
Em nota oficial, a Sabesp nos informou que: "A Sabesp não tem rede de água passando pelo Cemitério Municipal de Sarapuí. A companhia faz análise apenas da água que produz para abastecimento da população. Em relação ao eventual uso de água não tratada, a empresa recomenda que ela não seja consumida em nenhuma hipótese, já que não há qualquer garantia sobre sua qualidade."

Resumindo? Nunca teria havido análise daquela água por parte da Sabesp, que confirmou apenas que não possui nenhuma rede de água passando por baixo do Cemitério Municipal de Sarapuí. Contudo, não foi mencionado se haveria ou não uma mina d'água naquele ponto. Aparentemente, as informações obtidas pelo Balanço Geral/SP e pelo Portal G1 foram provenientes de terceiros ou moradores locais, que ouviram dizer isso ou aquilo, e não diretamente e oficialmente da Sabesp. Agora, se um funcionário da empresa foi de maneira não oficial até local, disse alguma coisa nesse sentido para o coveiro ou fiscal é outra história. Oficialmente, a posição da Sabesp é apenas da ausência de rede de água pertencente a companhia de saneamento básico. Até o momento do fechamento dessa matéria não recebi qualquer posicionamento do Instituto Adolfo Lutz, de Sorocaba. Porém, caso isso aconteça, manteremos vocês informados, combinado?

Uma possível explicação para o evento "misterioso"é que aquele túmulo é um dos poucos que estão cobertos com aquela estrutura, que por sua vez é oca. Muitos túmulos ao redor do mesmo são descobertos, ou seja, é possível ver a terra, que é constantemente castigada pelo Sol. Na possibilidade da existência de outros pontos, onde a água poderia minar, algo que sabemos ser um processo bem lento, isso não aconteceria simplesmente porque não conseguiria formar umidade devido a exposição ao tempo. Uma vez que o túmulo de Pedro está coberto, a água teria conseguido minar livremente e lentamente naquele local.

Uma possível explicação para o evento "misterioso"é que aquele túmulo é um dos poucos que estão cobertos com aquela estrutura, que por sua vez é oca. Muitos túmulos ao redor do mesmo são descobertos, ou seja, é possível ver a terra, que é constantemente castigada pelo Sol.
Entretanto, é extremamente importante destacar que aquilo se trata de um túmulo. Pedro foi enterrado onde a água costuma minar. A terra de cemitério é uma terra contaminada, e está repleta de bactérias e microrganismos perigosos a saúde humana. E, mesmo assim, o local nunca foi realmente interditado, devidamente selado ou sequer uma placa de alerta foi colocada. É justamente isso, que iremos conferir a seguir.

Os Vídeo Disseminados no YouTube Sobre o "Túmulo que Chora" de Sarapuí


Desde 2013, alguns vídeos foram publicados no YouTube sobre o "túmulo que chora" de Sarapuí. Um deles foi publicado em 20 de julho de 2013, logo após a exibição da primeira reportagem do Balanço Geral/SP. No vídeo é possível ver um senhor chamado "João Batista" no chão, tentando sugar a água de dentro do túmulo com a boca, através de uma mangueira. É possível ver a dificuldade que era para retirar a água do túmulo.

Ainda no vídeo, temos uma pequena entrevista realizada com o Ezequias, o fiscal do cemitério. Ele disse que o Pedro Manuel dos Santos, "curava as pessoas com água, em relação a picada de cobra, e até animais". Curiosamente, temos o relato de uma moradora dizendo que uma outra mulher tinha sofrido um acidente e quebrado o braço, porém os médicos não tiraram o raio-x do ombro, onde teria ocorrido uma inflamação. Somente após um tempo que teriam tirado e raio-x e constatado isso (provavelmente, os médicos também devem ter passado alguma receita de medicamentos contra a inflamação para essa pessoa). Então, desesperada a mulher teria coletado a água do túmulo, passado no ombro e se curado "milagrosamente", e o que valia era a fé. Confira o mesmo logo abaixo, através de um canal de terceiros, no YouTube:



O responsável pela gravação do vídeo chegou a dizer que deveria mostrar isso para os "americanos" para trazer turismo para o Brasil. Já o Ezequias confirmou que Pedro estava enterrado diretamente na terra, ou seja, que a estrutura era oca, e ao ser perguntado se a água era potável, ele concordou com a cabeça, disse que já tinham feito análise, e voltou a dizer que a Sabesp já tinha feito análise (algo que, oficialmente, não ocorreu). Ao final do vídeo, o João Batista (o homem que tenta sugar a água do túmulo), deu a entender que uma pessoa, que teria nascido com deficiência e ficaria apenas acamada, também teria melhorado com o uso da água.

No YouTube, também é possível encontrar um outro vídeo, dessa vez publicado em 16 de agosto do ano passado, quando mais uma pessoa foi conferir de perto essa história. E, mesmo após 4 anos, as pessoas continuavam dizendo que a água era "milagrosa", uma água "santa".



Enfim, conforme vocês puderam perceber, não há qualquer aviso sobre os riscos de consumo daquela água, absolutamente nada, e as pessoas continuaram acreditando que a mesma seria, inclusive potável, devido a uma suposta análise da Sabesp, sendo que ninguém nunca mostrou um único laudo da companhia de saneamento básico, que atende o município ou obteve uma nota oficial da mesma, sendo que na nota que recebemos a Sabesp negou fazer quaisquer análises de águas que não sejam aquelas que utilizam para abastecer a população.

A Recente Reportagem do Programa "Revista de Sábado" da TV TEM


Recentemente, mais precisamente no dia 10 de março deste ano, o programa "Revista de Sábado" da TV Tem, o apresentador do mesmo, chamado Marcos Paiva, foi até o Cemitério Municipal de Sarapuí para conferir de perto toda essa história. Vocês podem conferir a reportagem, que foi publicada em um canal de terceiros, no YouTube:



A reportagem é bem curtinha, tem apenas cerca de 3 minutos, porém é fundamental para sepultar de vez toda essa história sobre a suposta "água milagrosa", e o "túmulo que chora".

Inicialmente, o apresentador Marcos Paiva entrevistou cerca de três senhoras. A primeira, chamada Evanir Pacheco, acreditava que tudo não passava de lenda. A segunda, a Laudiceia, não sabia dizer o que responder. Já a terceira, a Irene, ao ser questionada se ela tomaria a água do túmulo, foi bem categórica em dizer que jamais tomaria, visto que a água era contaminada. Finalmente, alguém disse o óbvio após tantos anos que essa história vem circulando na cidade e na internet.

Já a terceira, a Irene, ao ser questionada se ela tomaria a água do túmulo, foi bem categórica em dizer que jamais tomaria, visto que a água era contaminada. Finalmente, alguém disse o óbvio após tantos anos que essa história vem circulando na cidade e na internet.
Então, fomos apresentados a um rapaz chamado Lucas, que alegou ser guia turístico. Ele contou, de forma bem sorridente que, certa vez, estava com dor de ouvido, então ele pegou a água e colocou em seu ouvido. Durante sua conversa com os turistas, ele notou que a dor havia passado.

Essa parte é interessante e um tanto quanto preocupante. É possível notar claramente, que o túmulo, apesar de possuir água imprópria para consumo humano (o que já seria esperado ao se tratar de um cemitério) havia se tornado uma atração turística da cidade (leia-se como fonte de renda para profissionais e o comércio em geral). Então, a desculpa dele para justificar o que aconteceu seria a fé, ou seja, poderia funcionar ou não dependendo da pessoa.

Então, fomos apresentados a um rapaz chamado Lucas, que alegou ser guia turístico. Ele contou, de forma bem sorridente que, certa vez, estava com dor de ouvido, então ele pegou a água e colocou em seu ouvido. Durante sua conversa com os turistas, ele notou que a dor havia passado. Essa parte é interessante e um tanto quanto preocupante.
Em seguida, o apresentador conversou com o Marques, que trabalhava na Vigilância Sanitária de Sarapuí. O sorridente Marques parecia não se importar com a existência de uma mangueira parcialmente introduzida em um túmulo. Ele disse que o "pessoal" até aquele momento não havia detectado de onde vinha a água, citando que a Sabesp já teria ido ao local e dito que não haveria nenhum vazamento ou nada que passasse pelo local.

Entretanto, dessa vez não foi citada nenhuma análise por parte da Sabesp (o que coincide com a nota oficial), e nem mesmo foi alegado que a companhia teria dito, que não existia uma mina d'água. Evidentemente, a Sabesp não afirmaria ou negaria isso, porque para detectar seria necessário remover os restos mortais do Pedro, e cavar para ver de onde ver a água. Sabe quando isso será feito? Nunca.

Em seguida, o apresentador conversou com o Marques, que trabalhava na Vigilância Sanitária de Sarapuí. O sorridente Marques parecia não se importar com a existência de uma mangueira parcialmente introduzida em um túmulo. Ele disse que o "pessoal" até aquele momento não havia detectado de onde vinha a água, citando que a Sabesp já teria ido ao local e dito que não haveria nenhum vazamento ou nada que passasse pelo local.
Posteriormente, Marques disse que o município de Sarapuí ficava em cima de um aquífero (formação geológica subterrânea que funciona como reservatório de água, sendo alimentado pelas chuvas que se infiltram no subsolo), e poderia realmente existir um "veio" por baixo do túmulo. Então, Marques disse que em 2013 tinha sido feita uma análise da água pelo Instituto Adolfo Lutz. O resultado? Imprópria para consumo humano. E, finalmente, um apresentador de TV disse o que todos deveriam ter dito até hoje: "Não peguem aquela água para beber".

Então, Marques disse que em 2013 tinha sido feita uma análise da água pelo Instituto Adolfo Lutz. O resultado? Imprópria para consumo humano. E, finalmente, um apresentador de TV disse o que todos deveriam ter dito até hoje: "Não peguem aquela água para beber".
Agora, será que essa reportagem vai mudar o comportamento da população? Esse é um assunto para os meus comentários finais!

Comentários Finais


Ontem, quinta-feira (22) foi o Dia Mundial da Água, uma data que foi criada com o objetivo de alertar a população de todos os países do mundo sobre a importância da preservação da água para a sobrevivência de todos os ecossistemas do planeta. Aprendemos desde criança, logo nos primeiros anos de nossas vidas, que a água deve ser inodora (não tem cheiro), incolor (não tem cor), e insípida (não tem sabor). E existe uma razão fundamental para esse ensinamento. Para que as crianças não se deparem com uma fonte de água desconhecida, turva ou de gosto ruim, e tomem deliberadamente, uma vez que a mesma estaria potencialmente contaminada, levando a doenças e possivelmente ao óbito das crianças, causando uma dor infinita no seio de uma família. É um ensinamento básico para que, posteriormente ou eventualmente, essa criança cresça e descubra maiores informações sobre as águas, incluindo as minerais, que podem apresentar uma leve variação de sabor devido a sua composição, além de fontes de águas gaseificadas, ferruginosas, magnesianas, sulfurosas, entre outras. Porém, você não pode ensinar para uma criança que água tem cheiro, cor e sabor como se fosse a coisa mais normal do mundo para sua saúde. Não é. Somente em casos específicos, em locais previamente conhecidos, previamente analisados e comprovadamente potáveis, ou seja, livres de qualquer tipo de contaminação. Quando você apresenta ou realiza uma reportagem para um programa de cunho popularesco, sabidamente concebido para uma determinada faixa socioeconômica, é praticamente criminoso avalizar verbalmente ou textualmente, que a água proveniente do interior de um túmulo seja passível de ser consumida, e usar palavras como "limpa, natural e filtrada". E quando você tenta entender a razão pela qual uma parte da população se comporta de forma tão irracional, nota-se que a culpa não é apenas do governo, independentemente de sua esfera, mas da mídia, que muitas vezes se comporta como instrumento de alienação não somente política, mas cultural. O que acontece em Sarapuí, não é uma "história que o povo conta" ou a "história do grande interior paulista"é um crime contra a saúde pública, que vaza a céu aberto, 24 horas por dia, e ninguém faz absolutamente nada.

Quando a primeira reportagem do Balanço Geral foi exibida, praticamente ninguém na cidade, que é bem pequena, conhecia ou tinha ouvido falar no "túmulo que chorava". Houve uma insistência irritante e descabida por parte da repórter em tentar validar a história a qualquer custo, o tempo inteiro, durante mais de meia hora. Para piorar a situação, em nenhum momento foi mostrado qualquer laudo ou nota oficial emitida pela Sabesp, a companhia de saneamento básico responsável pelo tratamento de água e esgoto da cidade. Resumindo? Toda essa história, inclusive aquela publicada pelo Portal G1, foi inicialmente validada pela palavras de um "fiscal" do cemitério, de olhar "marejado", e de um popular trajando boné e agasalho de um time de futebol e óculos escuros. Esse mesmo "fiscal" apareceu em um outro vídeo, concordando com a cabeça, quando questionado se a água era potável. Obviamente não era, e não precisava ser especialista em análise laboratorial para constatar isso. O simples fato de se tratar de um cemitério, e de estar em contato com uma terra contaminada, já a tornaria não potável. Porém, o que vimos durante a primeira reportagem foi uma grande homenagem a mais pura, cristalina e límpida ignorância humana. Nesse ponto, muitos podem alegar que a água surgiu exatamente abaixo do túmulo de um "benzedor" da cidade. No entanto, na primeira reportagem praticamente ninguém sabia quem era essa pessoa ou quem a mesma foi em vida. Na segunda, surgiram pessoas que o conheciam, mas nunca conversaram ou trocaram apenas algumas palavras com seus netos. Chegaram até mesmo a entrevistar a esposa e a filha do tal "benzedor", sendo que a esposa, muito humilde, disse que ele benzia criações de animais, mas não falou nada sobre pessoas. Aliás, caso vocês não saibam, qualquer pessoa na face da Terra, desde que bem intencionada, pode benzer outra pessoa. Isso não torna ninguém "santo" ou "milagreiro". Outro detalhe é que o "benzimento"é totalmente subjetivo. Uma pessoa pode estar seguindo um tratamento médico contra o câncer, mas por ouvir dizer que a casca do limão do Alto Juquiá de Pirapunhã do Norte (um localidade que acabei de inventar), quando benzidos pela rezadeiras da tribo dos índios Engodus (outro nome que inventei) cura o câncer; tenta comprar o limão a todo custo, pagando o preço que for e, após dois meses consumindo a "casca benzida" acreditar que o mesmo foi o responsável pela cura, como se o tratamento médico não significasse nada.

Sinceramente, a mídia promoveu um verdadeiro desastre desde 2013, que só não foi maior pelo final da segunda reportagem do Balanço Geral. Porém, ainda assim, não encontrei nenhum comentário sobre as análises realizadas supostamente pela Sabesp (algo que sabemos que nunca teria acontecido) e pelo Instituto Adolfo Lutz até março deste ano, através da reportagem da TV TEM. É justamente essa última reportagem que mais me espanta. Não pela mídia que, ao menos dessa vez, cumpriu seu papel de concessão pública, e informou corretamente a população que não deveria consumir aquela água em letras garrafais, mas pelo representante da Vigilância Pública de Sarapuí, que agiu com naturalidade ao lado de uma mangueira usada por populares para extrair água do túmulo. E quando você se pergunta o porquê essas coisas acontecem, a resposta está no comportamento do guia turístico, que alegou ter feito uma demonstração do "poder milagroso" da água para turistas na cidade. Sarapuí é uma cidade pacata do interior, que vem tendo parte de seu cotidiano alimentado por pessoas desesperadas em busca de um milagre em suas vidas, cuja administração, aparentemente, permite que as mesmas consumam uma água não potável, passível de inúmeras contaminações. Em nenhum momento se vê qualquer placa ou aviso para que as pessoas não consumam aquela água. Apesar de placas muitas vezes serem ignoradas pelas pessoas, isso era o mínimo que uma administração decente e responsável poderia fazer, uma vez que não se pode abrir o túmulo, exumar os restos mortas do indivíduo ali enterrado e escavar para descobrir a origem da eventual mina d'água. Aliás, nem mesmo a família se importa. Possivelmente também acredita que seu familiar esteja fazendo o bem, mesmo do "outro lado da vida". É inacreditável ver pessoas sendo exaltadas pelo seu trabalho ao provar a água de um túmulo ou oferecer um copo de água do mesmo para qualquer pessoa. Porém, isso é um reflexo do nosso país, que permite que esses profissionais continuem exercendo e praticando o que acreditam ser jornalismo. Esse é o reflexo distorcido e turvo que uma parte da população tem da realidade que vive. Um país que dão bonecas para meninas que tem seus pés mergulhados em esgoto em favelas ou comunidades esquecidas pelo poder público, bolas para meninos, que brincam próximos a aterros sanitários, e dão água extraída de túmulos para as crianças, adultos e idosos acamados e deficientes beberem como demonstração de fé. Sinceramente, ao me deparar com situações assim, tenho muitas dúvidas se Deus é realmente brasileiro. Por outro lado, tenho a absoluta convicção que vivemos em um verdadeiro Inferno.

Até a próxima, AssombradOs.

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/2013/09/tumulo-que-chora-e-atracao-em-cemiterio-de-sarapui.html
http://recordtv.r7.com/video/teste-pode-revelar-o-misterio-do-tumulo-que-chora-52a909cf596f9994e70123ca/
http://www.sabesp.com.br/calandraweb/toq/2012/Sarapui.pdf
https://gshow.globo.com/TV-Tem/Revista-de-Sabado/noticia/povo-fala-o-que-voce-acha-do-tumulo-que-chora.ghtml
https://noticias.r7.com/balanco-geral/videos/misterio-conheca-o-tumulo-que-chora-no-interior-de-sp-17102015
https://www.saneamentobasico.com.br/sp-tumulo-que-chora-e-atracao-em-cemiterio-de-sarapui/
https://www.youtube.com/watch?v=A0oSINcBjL4
https://www.youtube.com/watch?v=WCHw1G-Lqp8

Mistério Animal! A Estranha e Misteriosa Morte de Cães na Austrália e a Invasão Inesperada de Cobras na Cidade de Marília/SP!

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Por Marco Faustino

Dificilmente trago ao conhecimento de vocês casos envolvendo animais. Acredito que o último caso tenha sido sobre uma história de um animal de estimação, uma cadela da raça Boxer, chamada "Belinha", de apenas 4 anos de idade, que estava comovendo muitas pessoas pelo Brasil. O motivo? A cadela havia comparecido ao velório de sua antiga dona, chegando a apoiar as patas dianteiras sobre o caixão e, posteriormente visitou o túmulo da mesma, juntamente com a família, na cidade de Nazária, no Estado do Piauí. Aliás, o filho dessa senhora alegou, que a cadela aparentava saber, onde sua antiga dona estava enterrada, mesmo sem nunca ter ido ao cemitério, e que ela havia se dirigido até o túmulo sem que ninguém indicasse o local para ela. Ao final da matéria comentei rapidamente se os cães realmente tinham a consciência da morte de seus donos, se os mesmos ficavam de luto e tinham tanta sensibilidade assim para saber onde os mesmos estavam enterrados. Evidentemente, esse é um assunto muito extenso, mas tentei resumir um pouco do que se sabe atualmente em relação as emoções caninas. Vale a pena conferir (leia mais: Amor Além da Vida? Cadela Emociona Familiares ao Acompanhar o Velório e Visitar o Túmulo de sua Antiga Dona em Nazária/PI!).

Agora, eis que trago dois casos para vocês envolvendo cães e cobras, um na Austrália e outro aqui, no Brasil. O primeiro está relacionado a morte misteriosa de um cão policial e o adoecimento de dezenas de outros na Austrália após contraírem uma enfermidade, cuja origem vem intrigando veterinários e especialistas por todo o país. Especula-se atualmente, que a causa possa ser uma ração muito consumida no país e de um conglomerado, que é proprietária de marcas renomadas no mundo e, inclusive, no Brasil! Será que o nosso país corre o risco de acontecer algo semelhante? Nossos animais de estimação estariam correndo algum perigo? Já o segundo caso envolve o aumento súbito no número de cobras, que estão se espalhando pela cidade de Marília, no interior do Estado de São Paulo. O número de cobras capturadas somente nos três primeiros meses do ano é superior ao total de cobras apreendidas no ano passado inteiro! O que será que anda acontecendo em Marília? Vamos saber mais sobre esses assuntos?

Problema na Ração? A Estranha Morte de Cachorros Devido a uma Súbita e Rara Condição, na Austrália!


Uma misteriosa doença, que havia começado entre cães policiais no estado australiano de Victoria, se espalhou pela Austrália, e começou a afetar animais de estimação. No último sábado (24), o site do jornal "The Herald Sun" informou que pelo menos 3 cães de estimação tinham contraído a doença, além de dezenas de cães policiais, sendo que muitos deles teriam vindo a óbito.

Os cães vêm sendo diagnosticados com uma rara condição chamada de "megaesôfago", que fecha a garganta do animal, tornando cada vez mais difícil comer, beber, e até mesmo respirar. Os sintomas da doença podem incluir mau hálito, tosse, perda de peso extrema, e ruídos respiratórios.

Uma misteriosa doença, que havia começado entre cães policiais no estado australiano de Victoria, se espalhou pela Austrália, e começou a afetar animais de estimação. No último sábado (24), o site do jornal "The Herald Sun" informou que pelo menos 3 cães de estimação tinham contraído a doença, além de dezenas de cães policiais, sendo que muitos deles teriam vindo a óbito.
Um cão da raça "Labradoodle" (uma raça canina bem recente, originária da Austrália, resultante do cruzamento entre o Labrador Retriever e o Poodle Standard) chamado Stan, de nove anos de idade, perdeu quase cinco quilos, desde que foi diagnosticado com megaesôfago, e atualmente depende de uma alimentação intravenosa para sobreviver. Testes estão sendo feitos para ver se essa doença está relacionada a uma famosa marca de ração para cachorros.

Jamie Faulkner, responsável por cuidar temporariamente de Stan, está angustiado com o que vem acontecendo com o cachorro. Ele até mesmo construiu uma cadeira especial para segurar o Stan, de modo que ele consiga digerir sua comida de alguma forma. Confira uma curta reportagem realizada pela emissora 7News sobre essa situação, e que foi publicada em um canal de terceiros, no YouTube (em inglês):



"Tento mantê-lo lá por cerca de meia hora, até que faça a digestão e, então, ele cai e começa a adoecer novamente. É bem chocante", disse Jamie Faulkner, em entrevista a emissora 7News.

Em entrevista ao jornal "The Herald Sun", os proprietários de Stan, Laura e Aaron O’Toole, contaram que o veterinário havia dito que o prognóstico não era bom, e o animal corre grande risco de morrer.

Um cão da raça "Labradoodle" (uma raça canina bem recente, originária da Austrália, resultante do cruzamento entre o Labrador Retriever e o Poodle Standard) chamado Stan, de nove anos de idade, perdeu quase cinco quilos, desde que foi diagnosticado com megaesôfago, e atualmente depende de uma alimentação intravenosa para sobreviver.
"Tento mantê-lo lá por cerca de meia hora, até que faça a digestão e, então, ele cai e começa a adoecer novamente. É bem chocante", disse Jamie Faulkner, em entrevista a emissora 7News.
Anthony Brown, morador da cidade de Melbourne, capital do estado de Victoria, também disse ao jornal "Herald Sun", que foi forçado a matar seu animal de estimação, o Rooney, há duas semanas, e alegou que o dálmata de sete anos de idade perdeu metade do peso em apenas algumas semanas, ou seja, Rooney seria a segunda vítima fatal conhecida dessa história.

"Ele ficou pele e osso, não conseguimos descobrir o que aconteceu. Isso aconteceu de forma inesperada", disse Anthony Brown. A família gastou cerca de AU$ 9.000 (aproximadamente R$ 23.000 pela cotação atual e oficial) em raios-X, biópsias, cirurgias e medicamentos. Ao final, os veterinários diagnosticaram Rooney com megaesôfago.

"Foi perturbador ver o nosso cão saudável se desvanecendo. Compramos a ração a partir da clínica veterinária pensando que fosse de boa qualidade. Precisamos saber o que está causando isso para que não aconteça novamente", completou.

Testes estão sendo feitos para ver se essa doença está relacionada a uma famosa marca de ração para cachorros.
Paul O'Shannassy, proprietário de uma cadela chamada Paddy, da raça Setter irlandês (uma raça canina europeia proveniente da Irlanda), morreu cerca de três dias após ficar doente. Segundo Paul, tudo teria sido muito rápido e inesperado. Paddy seria, portanto, a terceira vítima conhecida e registrada em decorrência da condição denominada de "megaesôfago".

Entretanto, o próprio "The Herald Sun" chegou a mencionar posteriormente, que quase uma dúzia de cães policiais, em diversos estados australianos, também teriam morrido devido ao "megaesôfago", ou seja, muitos cães podem estar morrendo nesse momento, e os proprietários podem não estar relacionando os casos a uma situação muito maior, mais grave e alarmante. De qualquer forma, os proprietários de animais de estimação foram recomendados a não fornecer uma linha de ração seca chamada "Advanced Dermocare". Além disso, o produto foi retirado das prateleiras, de mais de 500 estabelecimentos por todo o país, em uma espécie de "recall".

De qualquer forma, os proprietários de animais de estimação foram recomendados a não fornecer uma linha de ração seca chamada "Advanced Dermocare". Além disso, o produto foi retirado das prateleiras, de mais de 500 estabelecimentos por todo o país, em uma espécie de "recall".
Atualmente, as marcas australianas de ração para cães, usadas pelos policiais, estão sob forte escrutínio, sendo que veterinários e especialistas estão analisando se a linha "Advanced Dermocare" pode ser a causa de tantos animais adoecendo ou morrendo pelo país. A fabricante, a Mars Petcare Austrália, está cooperando com a investigação e voluntariamente recolheu os produtos da linha "Advanced Dermocare", que era vendida em sacos de 3kg, 8kg e 15kg.

A Nota Oficial da "Mars Petcare Austrália" e as Declarações das Autoridades Australianas


No site da marca, a fabricante vem aconselhando aos donos de cães, que compraram o produto, a devolvê-los no estabelecimento onde compraram para que o reembolso integral seja feito. Em nota, a Mars Petcare Austrália disse que a saúde e o bem-estar dos animais de estimação australianos é a prioridade número um da empresa, e por isso eles ficaram profundamente preocupados ao saber que vários cães foram afetados pelo megaesôfago - uma condição que geralmente não está associada à comida.

A empresa também disse que já realizou centenas de testes em sua linha de ração para cães e não encontrou nenhuma ligação entre a condição e o produto. Porém, como precaução, eles retiraram os produtos de circulação do mercado, enquanto estavam trabalhando para descobrir o que realmente estava acontecendo.

Em nota, a Mars Petcare Austrália disse que a saúde e o bem-estar dos animais de estimação australianos é a prioridade número um da empresa, e por isso eles ficaram profundamente preocupados ao saber que vários cães foram afetados pelo megaesôfago - uma condição que geralmente não está associada à comida.
A "Animal Welfare Victoria", uma agência governamental responsável pelo bem-estar dos animais, pediu que os donos de animais conversassem com seus veterinários. Isso porque, ao contrário do que foi mencionado pela empresa, veterinários apontaram que a ração era um fator em comum entre cães policiais, pastores alemães e labradores, da Polícia de Victoria. Os cães da polícia de Victoria contraíram a condição debilitante em dezembro, e ainda estão lutando para sobreviver.

O Departamento de Serviços Correcionais (DCS) na Austrália do Sul também sacrificou um cão após um surto de pneumonia, e outro está doente com megaesôfago. A DCS orientou os policiais a evitarem alimentar os animais com determinadas rações, enquanto aguarda o resultado da autópsia. O inspetor Jon Woodyatt, do Esquadrão de Cães, disse à rádio 3AW que, embora cada cão tenha suas próprias necessidades específicas de dieta, a comida não está sendo descartada como um fator que tenha contribuído para essa condição.

"Neste estágio, nos disseram que havia vários fatores comuns que estamos analisando. Um deles inclui a comida que estamos alimentando os cães. Dizem que ter esse número de cães com essa condição é praticamente inédito na literatura veterinária", disse Jon Woodyatt.

"Neste estágio, nos disseram que havia vários fatores comuns que estamos analisando. Um deles inclui a comida que estamos alimentando os cães. Dizem que ter esse número de cães com essa condição é praticamente inédito na literatura veterinária", disse Jon Woodyatt.
A polícia de Victoria disse a sucursal do Daily Mail, na Austrália que o diagnóstico de nove cães policiais de seu esquadrão era era algo extremamente raro, e eles ainda estão tentando descobrir a causa da doença. A polícia disse que estava triste que um cão policial tivesse sido abatido como resultado da condição, que pode impedir uma nutrição adequada.

Talvez muitos de vocês não saibam, mas a "Mars" está presente em diversos países no mundo. A empresa foi fundada há mais de 100 anos e emprega mais de 80 mil funcionários. No Brasil, ela é responsável pelas marcas Pedigree, Royal Canin, Dreams & Temptations, Whiskas, e Optimum. Isso quer dizer, que algo assim pode acontecer no Brasil? Não necessariamente. A princípio essa situação vem acontecendo somente na Austrália, e existe apenas uma suspeita, que ainda não foi confirmada sobre uma linha de ração seca, que é vendida somente por lá. Oficialmente, até o momento, nenhuma outra marca estaria comprometida. De qualquer forma, sempre tenham muita atenção a alimentação e ao comportamento do seu bichinho de estimação. Caso tenhamos maiores informações, manteremos vocês informados tão logo seja possível, combinado?

O Estranho, Súbito e "Misterioso" Aumento no Número de Cobras Encontradas no Meio Urbano em Marília/SP!


Uma situação muito estranha e inusitada vem acontecendo na cidade de Marília, que possui cerca de 235 mil habitantes e está localizada a 445 km a noroeste da capital paulista: cobras estão literalmente invadindo a cidade!



Uma situação muito estranha e inusitada vem acontecendo na cidade de Marília, que possui cerca de 235 mil habitantes e está  localizada a 445 km a noroeste da capital paulista: cobras estão literalmente invadindo a cidade!
No dia 15 de janeiro deste ano, o Portal G1 noticiou, que uma cobra cascavel foi encontrada na manhã daquele dia, no quintal de uma casa localizada no bairro Jardim Acapulco. Os bombeiros foram acionados e recolheram o animal, que foi entregue à Polícia Ambiental para a devida soltura no habitat natural.

Segundo o Portal G1, as cascavéis são cobras venenosas que se alimentam de pequenos roedores, mas podem usar o veneno para fazerem outras vítimas, como pequenas aves, coelhos, lagartos, e, eventualmente, outras serpentes. Contudo, essa seria apenas uma entre as mais de 150 cobras que já foram capturadas por toda a cidade, desde o início do ano.

No dia 15 de janeiro deste ano, o Portal G1 noticiou, que uma cobra cascavel foi encontrada na manhã daquele dia, no quintal de uma casa localizada no bairro Jardim Acapulco. Os bombeiros foram acionados e recolheram o animal, que foi entregue à Polícia Ambiental para a devida soltura no habitat natural.
Posteriormente, o site "Marília Notícia" divulgou que o Corpo de Bombeiros tinha capturado duas cobras na cidade, entre o final da tarde e a noite do dia 3 de fevereiro, um sábado. Ambos os casos aconteceram na Zona Leste da cidade.

Por volta das 17h uma cascavel foi encontrada no Condomínio Chácaras Santa Gertrudes. Um dos moradores, naturalmente assustado, jogou a cobra com uma vassoura dentro da piscina. Mais tarde, às 22h, os bombeiros foram acionados para capturar uma jiboia de quase dois metros em um condomínio chamado Portal da Serra. Novamente, as duas cobras foram soltas em seus habitats naturais.

Por volta das 17h uma cascavel foi encontrada no condomínio da Chácara Santa Gertrudes. Um dos moradores, naturalmente assustado, jogou a cobra com uma vassoura dentro da piscina.
Mais tarde, às 22h, os bombeiros foram acionados para capturar uma jiboia de quase dois metros em um condomínio chamado Portal da Serra. Novamente, as duas cobras foram soltas em seus habitats naturais.
No dia 19 de fevereiro, o site "Visão Notícias" divulgou que cobras continuavam aparecendo em Marília. Porém, dessa vez, uma jiboia tinha aparecido dentro de um condomínio fechado. Segundo o site de notícias, os moradores de um condomínio no distrito de Padre Nóbrega foram surpreendidos com o aparecimento de uma jiboia. Aquele era mais um caso entre muitos que estavam sendo registrados pelo Corpo de Bombeiros em Marília e região.

O que mais chamava a atenção das equipes era o fato de serem animais de porte grande e a maior preocupação era com as crianças e animais domésticos. Desta vez o animal, com cerca de 1,2 m de comprimento, estava numa das chácaras do Condomínio Green Valley. O morador acionou os bombeiros que fizeram a captura e posteriormente devolveram a jiboia ao habitat natural.

No dia 19 de fevereiro, o site "Visão Notícias" divulgou que cobras continuavam aparecendo em Marília. Porém, dessa vez, uma jiboia tinha aparecido dentro de um condomínio fechado. Segundo o site de notícias, os moradores de um condomínio fechado no distrito de Padre Nóbrega foram surpreendidos com o aparecimento de uma jiboia.
O Portal G1 chegou a repercutir esse último caso acrescentando uma informação muito peculiar. Com aquele caso, já eram 77 cobras que tinham sido resgatadas na zona urbana de Marília somente neste ano. No ano passado inteiro tinha sido 123 ocorrências.

Evidentemente, esse assunto acabou virando motivo de reportagem de TV, no dia 21 de fevereiro, quando a TV Tem exibiu um link ao vivo com uma equipe de reportagem para explicar o "surto" de cobras em Marília. Confira a entrada ao vivo abaixo, do noticiário "Bom Dia Cidade", que foi publicada em um canal de terceiros, no YouTube:



Segundo o repórter Guilherme Lopes, o número de casos estava mesmo acima da média e estava preocupando os moradores locais. Desde o início do ano até aquele momento, já tinham sido capturadas 77 cobras, o que já era mais da metade do número total capturado no ano passado inteiro pelos bombeiros.

Segundo o repórter Guilherme Lopes, o número de casos estava mesmo acima da média e estava preocupando os moradores locais. Desde o início do ano até aquele momento, já tinham sido capturadas 77 cobras, o que já era metade do número total capturado no ano passado inteiro pelos bombeiros.
Ainda de acordo com Guilherme, a situação vinha ocorrendo principalmente em bairros mais distantes do centro de Marília, e que ficavam próximos aos vales, porque as cobras, nessa época do ano, costumavam sair do local onde naturalmente habitavam para se aquecer. Nesse processo, elas acabavam buscando um abrigo.

Assim sendo, terrenos abandonados e com mato alto serviam de esconderijo perfeito, e contavam com mais um atrativo: o lixo jogado por moradores, que atraíam os ratos, que por sua vez serviam de alimento para as cobras.

Assim sendo, terrenos abandonados e com mato alto serviam de esconderijo perfeito, e contavam com mais um atrativo: o lixo jogado por moradores, que atraíam os ratos, que por sua vez servem de alimento para as cobras.
Uma vez que os terrenos abandonados estão muito próximos das residências, as cobras acabavam aparecendo dentro dos quartos, no quintais e até mesmo em cima da mesa de uma sala de estar. Somente na rua onde o repórter estava, no Jardim Figueirinha, na Zona Norte de Marília, em duas semanas tinham aparecido cinco cobras, todas capturadas pelos bombeiros.

Uma vez que os terrenos abandonados estão muito próximos das residências, as cobras acabavam aparecendo dentro dos quartos, no quintais e até mesmo em cima da mesa da sala de estar. Somente na rua onde o repórter estava, no Jardim Figueirinha, na Zona Norte de Marília, em duas semanas tinham aparecido cinco cobras, todas capturadas pelos bombeiros.
No dia 28 de fevereiro, o Corpo de Bombeiros foi acionado duas vezes para fazer a captura de cobras em Marília. O primeiro chamado aconteceu logo pela manhã com o caso de uma sucuri de 1,2 m de comprimento, que apareceu em um casa do Jardim Virgínia. Após o resgate, o animal foi devolvido à natureza em uma zona de mata da região. Logo depois, outra cobra, desta vez uma jiboia, apareceu no quintal de uma casa do Jardim Bandeirantes. Segundo a moradora, aquela era a quinta cobra que tinha aparecido no local. Um dia antes (27), os bombeiros já tinham sido chamados para um caso semelhante, desta vez com uma outra cobra, que apareceu no quintal de uma casa do bairro Cascata.

Ainda no dia 28 de fevereiro, o site "Visão Notícias" informou que o número de cobras capturadas já estava chegando a 90, sendo que que a grande maioria era jiboias. O motivo era o mesmo alegado anteriormente: o lixo que se acumulava em terrenos baldios ou fundo dos quintais, que atraíam ratos e sapos que eram os alimentos dessas cobras. Segundo o levantamento dos Bombeiros, as cobras estão sendo encontradas principalmente na divisa do perímetro urbano com o rural da cidade. O motivo? A cada dia aumenta a expansão imobiliária, com abertura de novos loteamentos. Assim, a população está cada vez mais próxima do habitat natural das cobras.

Segundo o levantamento dos Bombeiros, as cobras estão sendo encontradas principalmente na divisa do perímetro urbano com o rural da cidade. O motivo? A cada dia aumenta a expansão imobiliária, com abertura de novos loteamentos. Assim, a população está cada vez mais próxima do habitat natural das cobras.
Já no dia 2 de março, pela manhã, mais uma jiboia foi resgatada, desta vez pelo Departamento de Estradas e Rodagem (DER). Com 1,5 m, a mesma foi encontrada ferida na rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294). A cobra, que não é peçonhenta, foi entregue aos cuidados do Corpo de Bombeiros e, depois, encaminhada para tratamento veterinário no Bosque Municipal de Marília.

Já no dia 2 de março, pela manhã, mais uma jiboia foi resgatada, desta vez pelo Departamento de Estradas e Rodagem (DER)
Com 1,5 m, a mesma foi encontrada ferida na rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294)
A cobra, que não é peçonhenta, foi entregue aos cuidados do Corpo de Bombeiros e, depois, encaminhada para tratamento veterinário no Bosque Municipal de Marília.
No último sábado (24), o site de notícias "Jornal do Povo", de Marília informou que equipes do Corpo de Bombeiros de Marília tinham capturado mais cinco cobras. Duas cascavéis no Jardim Universitário, uma cascavel na Zona Norte, além de uma cascavel e uma jiboia na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes.

No sábado pela manhã tinham sido capturadas mais três cobras, sendo uma cascavel na portaria da Kibon, uma cobra no Jardim Colibri (região do Aeroporto) e uma cobra próximo ao Posto Gigantão, na Zona Norte. Somente este ano, o Corpo de Bombeiros já tinha capturado cerca 151 cobras em Marília, ultrapassando as 123 cobras capturadas no ano passado inteiro. Além disso, as cobras capturadas eram de diversas espécies: cascavel, jararaca, jiboia, coral, entre outras. Confira um vídeo divulgado em relação a uma dessas capturas, no canal do "Jornal do Povo", no YouTube:



Segundo o site, também já tinham sido encontradas cobras sobre a mesa da sala de uma residência no Jardim Acapulco, dentro do vaso sanitário em casa na Zona Sul, e até mesmo no parquinho de crianças em construção em uma escola infantil. Alguns dias antes, em entrevista ao site "Marília Notícia", o comandante da Polícia Ambiental, tenente Cleber Rodrigues Ventrone disse que não podia dar uma resposta definitiva sobre o problema, mas comentou que questões climáticas podem ter relação com o aumento das aparições de cobras. Segundo ele, também pode ter caído o número de predadores, como gaviões, ou aumentado a oferta de alimento para esses répteis, como pequenos roedores. Bombeiros ouvidos pela equipe do "Marília Notícia" também não sabiam explicar o aumento da presença das cobras na zona urbana.

De qualquer forma, é muito importante ressaltar nesse ponto, que as cobras são consideradas animais silvestres e estão protegidos pela legislação brasileira. Inclusive, ao tentar matá-las, o cidadão pode acabar sofrendo uma picada. Conter cobras e não informar as autoridades pode ser considerado manter animal silvestre em cativeiro. Enfim, vamos acompanhar o desenrolar dessa situação das cobras em Marília ao longo do ano. Caso estranho, porém, conforme podemos perceber, existe todo um componente humano que contribuiu e muito para esse incidente. Não é um sinal do fim dos tempos, mas um sinal que as pessoas devem agir de uma forma mais responsável e cuidar do lixo que produz, e do meio ambiente ao seu redor. Um lição que deveria ter sido aprendida na escola.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
https://au.news.yahoo.com/a/39623997/dog-falls-sicks-following-recall-of-advance-pet-food/
http://www.heraldsun.com.au/news/victoria/police-dog-dead-eight-more-sick-due-to-rare-cluster-illness/news-story/6de1452b70c7adb63b1d276460268c53
http://www.dailymail.co.uk/news/article-5541783/Family-pets-beginning-fall-ill-mystery-disease-killed-police-dog.html
https://periodicos.pucpr.br/index.php/cienciaanimal/article/view/10880
https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/bombeiros-capturam-cobra-cascavel-em-quintal-de-casa-em-marilia.ghtml
https://marilianoticia.com.br/bombeiros-capturam-duas-cobras-em-marilia/
http://www.giromarilia.com.br/noticia/giro-marilia/criador-leva-multa-de-r-34-mil-por-manter-cobras-em-casa/11558
http://www.visaonoticias.com/noticia/30508/mais-cobras-sao-capturadas-pelos-bombeiros-em-marilia
http://www.visaonoticias.com/noticia/30714/cobras-continuam-aparecendo-em-marilia-agora-em-condominio-fechado
https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/bombeiros-resgatam-jiboia-em-condominio-residencial-de-marilia.ghtml
http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/bom-dia-cidade/videos/v/surto-de-cobras-em-marilia-deixa-populacao-em-alerta-saiba-como-agir/6519580/
https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/com-mais-dois-casos-marilia-registra-80-cobras-resgatadas-em-area-urbana-este-ano.ghtml
http://www.visaonoticias.com/noticia/30835/cobras-invadem-marilia-bombeiros-ja-capturaram-quase-90-so-neste-ano
https://www.jcnet.com.br/Regional/2018/03/marilia-ja-soma-mais-de-90-cobras-resgatadas-em-60-dias-de-2018.html
https://www.jornaldopovomarilia.net/single-post/2018/03/24/Segue-a-invas%C3%A3o-de-cobras-em-Mar%C3%ADlia-Agora-s%C3%A3o-143-r%C3%A9pteis-capturadas-pelos-Bombeiros-por-toda-a-cidade

Conheça Shepherd Bushiri: O "Profeta" Africano que "Anda no Ar", "Conversa com Anjos" e "Faz Aparecer Dinheiro" no Bolso dos Fiéis!

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Por Marco Faustino

A África não possui apenas uma beleza natural estonteante atrelada a inúmeras crises humanitárias devido a guerras ou governos corruptos, que fazem suas populações passarem fome e sede, além de estarem suscetíveis a diversas doenças endêmicas, entre elas a AIDS. A África é literalmente o palco de uma quantidade absurda das mais variadas congregações pretensamente religiosas, cujos pastores alegam ser capazes de realizar procedimentos de cura, que mais parecem truques de salão do que necessariamente algo divino. Isso não acontece somente na África, visto que em algumas cidades do interior do Nordeste brasileiro, que não citarei os nomes, é possível encontrar mais igrejas ou edificações destinadas a pregações do que postos de saúde ou escolas. Portanto, a África não é muito diferente da realidade, que muitas comunidades do interior do nosso país vivem. A diferença é que, algumas vezes, a situação beira o absurdo. Um exemplo disso foi um M.A. (Minuto AssombradO), que redigi em novembro do ano passado sobre uma estranha e pouco ortodoxa igreja na cidade de Orange Farm, localizada a 45 km ao sul de Joanesburgo, na África do Sul. O motivo de ser estranha? Bem, ela permite que seus membros bebam bebidas alcoólicas livremente durante o culto, das 11h da manhã até às 3h da tarde, e até mesmo os batizam com a bebida de sua preferência. Essa história foi inicialmente divulgada pelo site do "The Daily Sun", um dos maiores e mais populares tabloides da África do Sul. O nome da igreja era "Gabola Church of International Ministries" sendo que a palavra "Gabola" vinha do idioma Tswana (idioma oficial de Botswana, porém a maioria das pessoas que se comunicam nesse idioma moram na África do Sul), e significa "beber ou bebida".

O bispo Tsietsi Makiti, 52 anos, era o fundador dessa igreja, que funcionava em uma taberna chamada "Freddy’s Tavern", e acolhia pessoas que não eram bem-vindas em outras congregações. Quando uma equipe do "The Daily Sun" visitou a igreja, o bispo estava saciando sua sede e orando juntamente com os demais membros, que também estavam bebendo. Makiti disse que, quando Jesus entrou na vida de seus seguidores, o álcool mudou tudo. Segundo o bispo, "as pessoas não sabiam o que fazer por diversão, mas quando Jesus transformou a água em vinho, ele orou para que o mesmo estimulasse seus corpos". Nesse sentido, Makiti disse que rezava pelas bebidas dos seus seguidores, antes que fossem servidas. Além disso, ele declarou que, com Deus presente na taberna, eles notaram a criminalidade diminuindo e o amor e o respeito sendo promovidos. Ele também disse que as pessoas que bebiam cerveja eram felizes e pacíficas, e que isso significava, que estavam vivendo na sombra de Deus. Ele chegou a mencionar, que mulheres não eram permitidas, porque os homens podiam começar a importuná-las, mas que as permitiria assim que seus seguidores estivessem mais "preparados" para isso. Menores de idade também não eram permitidos.

Agora, eis que a surge a notícia sobre um "profeta" africano chamado Shepherd Bushiri, que vem acumulando, sozinho, uma verdadeira fortuna através de estranhas promessas e supostos poderes conferidos a ele, por Deus. Ele alega ter curado pacientes com AIDS e câncer, ter feito cegos voltarem a enxergar, ter conversado com anjos e, ainda por cima, alega ser capaz de andar no ar e fazer aparecer dinheiro no bolso de seus fiéis. Esse assunto vem repercutindo de forma considerável em sites destinados a propagação de curiosidades gerais, porém tentarei mostrar a vocês de uma forma mais completa a história por trás de Shepherd Bushiri, e a verdadeira razão pela qual, apesar da exponencial proliferação de religiosos no continente africano, o seu caso merece destaque. Vamos saber mais sobre esse assunto?

Entenda a Situação: A Recente Matéria Publicada Pela BBC Sobre Shepherd Bushiri


Para começar a entender quem é Shepherd Bushiri, vamos começar por uma matéria publicada pela BBC, no dia 5 de março deste ano, chamada "Shepherd Bushiri: Meeting the man who 'walks on air'" ("Shepherd Bushiri: Se encontrando com o homem que 'anda no ar'", em português). Inicialmente, a matéria mencionou, que havia pessoas batendo palmas, dançando, pulando para cima e para baixo, enquanto Bushiri adentrava por um corredor, ladeado de guarda-costas.

Tamanha era a empolgação de alguns dos fiéis - alguns dos quais esperam pacientemente por cinco horas para ter apenas um vislumbre do "profeta" - que chegavam a desmaiar. Essa era a narrativa de Pumza Fihlani, uma jornalista e correspondente da BBC em Joanesburgo, na África do Sul, acrescentando que esse frenesi era de certa forma "justificável", afinal de contas Bushiri era um homem, que dizia ter curado pessoas infectadas pelo HIV, que tinha feito cegos enxergarem, que tinha feito aparecer dinheiro no bolso dos mais necessitados e, em ao menos uma ocasião, teria "andado" no ar.

Shepherd Bushiri posando na frente de uma de suas mansões e de uma parte de sua coleção particular de carros
O "profeta" Shepherd Bushiri percorreu um longo caminho desde sua infância em Mzuzu, uma cidade de médio porte no norte de Malawi, um país da África Oriental, limitado a norte e a leste pela Tanzânia, a leste, sul e oeste por Moçambique e a oeste pela Zâmbia, e que possui pouco mais de 16 milhões de habitantes.



O "profeta" Shepherd Bushiri percorreu um longo caminho desde sua infância em Mzuzu (na foto), uma cidade de médio porte no norte de Malawi, um país da África Oriental, limitado a norte e a leste pela Tanzânia, a leste, sul e oeste por Moçambique e a oeste pela Zâmbia, e que possui pouco mais de 16 milhões de habitantes.
Atualmente, ele consegue lotar estádios de futebol com dezenas de milhares de seguidores fervorosos, muitos dos quais estão preparados para viajar pelo mundo para vê-lo pregar pessoalmente. Ele recebe visitantes regulares dos Estados Unidos, do Reino Unido e, inclusive da Ásia, sendo que bandeiras de diversos países tremulam orgulhosamente no interior de sua igreja pertencente ao Ministério da "Enlightened Christian Gathering" (ECG), cuja tradução livre para o português seria algo como "Assembleia Cristã dos Esclarecidos". Bushiri possui uma espécie de complexo ecumênico em Pretória, capital executiva da África do Sul, cujo "santuário"é delineado por uma corda de veludo vermelho e um tapete vermelho repleto de guarda-costas de ambos os lados.

Bushiri, que possui 30 e pouco anos, está bem ciente das inúmeras alegações de pessoas que dizem, que ele não é nada além de um farsante, mas ele pouco se importa com o que as pessoas falam.

Atualmente, ele consegue lotar estádios de futebol com dezenas de milhares de seguidores fervorosos, muitos dos quais estão preparados para viajar pelo mundo para vê-lo pregar pessoalmente. Ele recebe visitantes regulares dos Estados Unidos, do Reino Unido e, inclusive da Ásia, sendo que bandeiras de diversos países tremulam orgulhosamente no interior de sua igreja pertencente ao Ministério da "Enlightened Christian Gathering" (ECG).
Bushiri, que possui 30 e pouco anos, está bem ciente das inúmeras alegações de pessoas que dizem, que ele não é nada além de um farsante, mas ele pouco se importa com o que as pessoas falam.
"Meu ministério não é para todos, é para aqueles que têm fé. Sou apenas um mensageiro da obra de Deus. Deus cura as pessoas em nossos encontros. Uma vez eu consegui que médicos, aqui em Pretória, trouxessem pacientes com HIV. Eles foram previamente testados para mostrar que eram HIV positivo. Então, orei por eles, e novos testes mostraram que eles eram HIV negativo", disse Bushiri, que possui diversas igrejas espalhadas pela África, desde Gana até a África do Sul, porém sua igreja por banida de Botswana devido as suas alegações relacionadas a "dinheiro milagroso".

Além disso, o profeta possui cerca de quatro jatos particulares, algo que ele conseguiu desde sua ascensão meteórica como "profeta", nos últimos três ou quatro anos.

Além disso, o profeta possui cerca de quatro jatos particulares, algo que ele conseguiu desde sua ascensão meteórica como "profeta", nos últimos três ou quatro anos.
Os seguidores de Bushiri concordam com suas palavras. Eles acreditam que ele não está apenas imbuído do poder da profecia, mas também de curar os enfermos e orar por suas prosperidades.

"Os milagres e os ensinamentos que nosso pai (o profeta Bushiri) ensina toda semana são tão incríveis", contou Xolani Msibi, 24 anos. Ela disse que sua irmã, que tinha problemas para andar foi curada pelo profeta "sem sequer colocar as mãos nela".

"Também tenho lutado para conseguir um emprego. Vim para cá e consegui dois empregos ao mesmo tempo e foi apenas uma questão de escolha", completou.

Os seguidores de Bushiri concordam com suas palavras. Eles acreditam que ele não está apenas imbuído do poder da profecia, mas também de curar os enfermos e orar por suas prosperidades. Foto da igreja ECG de Pretória, na África do Sul, em 2015.
"Os milagres e os ensinamentos que nosso pai (o profeta Bushiri) ensina toda semana são tão incríveis", contou Xolani Msibi, 24 anos. Ela disse que sua irmã, que tinha problemas para andar foi curada pelo profeta "sem sequer colocar as mãos nela". Foto da igreja ECG de Pretória, na África do Sul, em 2015.
Conforme sabemos, homens e mulheres, que proclamam poder realizar milagres não são exclusivos da África do Sul ou do continente africano. Eles são encontrados em diversas outras partes do mundo. Embora o Cristianismo esteja bem estabelecido na África há mais de um século, muitos acreditam que a forma mais radical, que vemos atualmente possui alguns traços relacionados ao Movimento Carismático que acontece ao redor do mundo.

Para quem não sabe, o movimento carismático é mais conhecido por pregações, onde os pastores falam em línguas desconhecidas, geralmente acompanhado de um comportamento altamente emocional (também conhecido como glossolalia), pela cura divina, e por profecias como evidência do Espírito Santo. A maioria dos encontros serve para orar e cantar de forma animada, dançar, gritar, e levantar as mãos e os braços em oração. Provavelmente, você deve conhecer algum local que age exatamente dessa forma, não é mesmo?

Conforme sabemos, homens e mulheres, que proclamam poder realizar milagres não são exclusivos da África do Sul ou do continente africano, eles são encontrados em diversas outras partes do mundo. Embora o Cristianismo esteja bem estabelecido na África há mais de um século, muitos acreditam que a forma mais radical que vemos atualmente possui alguns traços relacionados ao Movimento Carismático que acontece ao redor do mundo.
Para quem não sabe, o movimento carismático é mais conhecido por pregações, onde os pastores falam em línguas desconhecidas, geralmente acompanhado de um comportamento altamente emocional (também conhecido como glossolalia), pela cura divina, e por profecias como evidência do Espírito Santo. A maioria dos encontros serve para orar e cantar de forma animada, dançar, gritar, e levantar as mãos e os braços em oração.
Enfim, vamos voltar ao Bushiri. Em um domingo comum, cerca de 40.000 pessoas costumam se reunir para ouvir o "profeta", mais conhecido como "Major One" ("O Maioral", em uma tradução livre) e, potencialmente, comprar algumas das mercadorias especialmente projetadas, que permanecem à venda nas barracas espalhadas pelo grande complexo ecumênico.

Ah, e esses produtos vão desde um "óleo milagroso" até calendários, pulseiras, toalhas de marca, camisetas e bonés, sendo que todos possuem o rosto estampado do "profeta". Os vendedores dizem aos fregueses, que todas as mercadorias foram abençoadas por Bushiri, e que também possuem poderes de cura.

Enfim, vamos voltar ao Bushiri. Em um domingo comum, cerca de 40.000 pessoas costumam se reunir para ouvir o "profeta", mais conhecido como "Major One" ("O Maioral", em uma tradução livre) e, potencialmente, comprar algumas das mercadorias especialmente projetadas, que permanecem à venda nas barracas espalhadas pelo grande complexo ecumênico
Ah, e esses produtos vão desde um "óleo milagroso" até calendários, pulseiras, toalhas de marca, camisetas e bonés, sendo que todos possuem o rosto estampado do "profeta".
Ao longo dos anos, Bushiri acumulou uma vasta riqueza. Quando as pessoas questionam a maneira pela qual ele acumulou tanto dinheiro ao longo do tempo, Bushiri alega que é vítima de racismo. Infelizmente, não há nenhum registro mostrando o real patrimônio do "profeta", mas ele conhecido por ter interesse em minas de prata e outro, possuir quatro jatos particulares e inúmeros hotéis através de sua empresa de investimentos, a "Shepherd Bushiri Investments", sediada no luxuoso bairro de Sandton, em Joanesburgo. Perguntas sobre a maneira pela qual sua fortuna foi acumulada não são exatamente bem-vindas.

"Meu sucesso deve inspirar as pessoas a serem empreendedoras. Eu sou um homem de negócios e isso é algo a parte de ser um profeta. Minha prosperidade é proveniente de empresas privadas. Tais perguntas não são feitas a líderes de igrejas brancas, mas quando um homem africano prospera, então isso passa a ser um problema", disse Bushiri, que se mostrou incomodado com o questionamento da repórter da BBC.

"Como a venda de mercadorias em minha igreja é diferente da Igreja Católica, que vende um rosário, e as igrejas do Reino Unido que vendem a Bíblia? Não é justo", continuou.

Ao longo dos anos, Bushiri acumulou uma vasta riqueza. Quando as pessoas questionam a maneira pela qual ele acumulou tanto dinheiro ao longo do tempo, Bushiri alega que é vítima de racismo. Infelizmente, não há nenhum registro mostrando o real patrimônio do "profeta", mas ele conhecido por ter interesse em minas de prata e outro, possuir quatro jatos particulares...
...e inúmeros hotéis através de sua empresa de investimentos, a "Shepherd Bushiri Investments", sediada no luxuoso bairro de Sandton, em Joanesburgo. Perguntas sobre a maneira pela qual sua fortuna foi acumulada não são exatamente bem-vindas.
Presente de aniversário de casamento de Shepherd para sua esposa, no ano passado, um Rolls Royce 2016,
que custa mais de R$ 1 milhão.
Porém, e em relação a ideia de que um homem de Deus deve viver uma vida modesta? Bushiri está realmente preocupado, de que apenas pouquíssimos fiéis terão todos os luxos que ele possui na vida?

"Não, minha prosperidade é uma inspiração para meus seguidores. Eles pensam que se Deus pode fazer isso por mim, Ele pode fazer por eles. Se eles acreditassem que há algo errado, eles não me seguiriam", completou. Contudo, embora possa ser inspirador para seus seguidores, seu aparente sucesso instantâneo não passou despercebido.

Ele aparentemente recebeu ameaças de pessoas, que o veem como uma espécie de adversário, e há aqueles que se preocupam com o fato das pessoas gastarem dinheiro nessas barracas, e aquelas ligadas a igrejas carismáticas semelhantes por todo o país, todos os domingos.

"Não, minha prosperidade é uma inspiração para meus seguidores. Eles pensam que se Deus pode fazer isso por mim, Ele pode fazer por eles. Se eles acreditassem que há algo errado, eles não me seguiriam", completou. Contudo, embora possa ser inspirador para seus seguidores, seu aparente sucesso instantâneo não passou despercebido.
Existem preocupações de que as leis liberais da África do Sul sobre religião - a única coisa que permitiu que Bushiri ampliasse seu ministério em tal proporção - possam estar flexíveis demais. Do outro lado da fronteira, em Botswana, sua igreja teria sido fechada devido ao suposto uso de "dinheiro milagroso" (algo que não ficou muito bem explicado), infringindo as regulações financeiras do país.

Thoko Mkhwanazi-Xaluva, presidente da Comissão para a Promoção e Proteção dos Direitos Culturais, Religiosos e Comunidades Linguísticas da África do Sul, divulgou recentemente um relatório sobre a nova safra de igrejas, que se tornaram muito populares em toda a África.

"Descobrimos que algumas dessas igrejas estavam tendo um lucro considerável com os chamados 'produtos da fé', que estavam sendo comprados por pessoas pobres desesperadas para que suas vidas mudassem para melhor", disse Thoko Mkhwanazi-Xaluva.

"Descobrimos que algumas dessas igrejas estavam tendo um lucro considerável com os chamados 'produtos da fé', que estavam sendo comprados por pessoas pobres desesperadas para que suas vidas mudassem para melhor", disse Thoko Mkhwanazi-Xaluva.
Contudo, essa não teria sido a pior parte. O relatório também apontou a existência de uma prevalência de práticas inseguras em algumas dessas igrejas, o que incluía fazer com que os seus congregantes comessem ratos, cobras, grama e beber gasolina, tudo em nome de provar sua fé. Houve também alegações de abuso sexual em alguns casos. E o que torna a África do Sul um terreno fértil para igrejas criadas por farsantes?

"A África do Sul ainda é uma sociedade desigual, mas algumas pessoas encontraram algum sucesso na vida. No final do Apartheid, muitas pessoas esperavam viver assim como suas contrapartes brancas. Era isso que eles pensavam que a liberdade significava e, portanto, quando você continua vivendo na pobreza, isso o torna vulnerável a qualquer um que prometa ter uma resposta para você. Os sul-africanos ainda estão esperançosos em viver o sonho de Nelson Mandela, mas isso os torna ingênuos, e é isso que esses falsos pastores exploram", completou.

De qualquer forma, a religião é uma questão espinhosa, que depende amplamente da escolha individual. Assim sendo, embora as autoridades sul-africanas estejam cientes de que algumas igrejas não estão agindo de acordo com os melhores interesses de seus fiéis, quem se atreve a assumir a autoridade de Deus ou seus mensageiros? Aparentemente ninguém quer ou se importa com isso.

Os Vídeos Disseminados por Shepherd Bushiri e a sua Página Verificada no Facebook


Quando eu li essa curta matéria sobre Shepherd Bushiri, que foi publicada no site da BBC, imaginei que ele tivesse uma popularidade realmente bem alta na África do Sul e demais países, onde sua igreja se faz presente.

Entretanto, jamais imaginei que sua página oficial, no Facebook, estivesse sendo seguida por quase 3 milhões de pessoas (no momento do fechamento desta matéria), e que contasse com um detalhe um tanto quanto sórdido: um pequeno símbolo azul de verificação, que é bem difícil se ser obtido, onde o Facebook reconhece e confirma, que a página é autêntica para a figura pública, empresa de mídia ou marca em questão.

Entretanto, jamais imaginei que sua página oficial, no Facebook, estivesse sendo seguida por quase 3 milhões de pessoas (no momento do fechamento desta matéria), e que contasse com um detalhe um tanto quanto sórdido: um pequeno símbolo azul de verificação, que é bem difícil se ser obtido, onde o Facebook reconhece e confirma, que a página é autêntica para a figura pública, empresa de mídia ou marca em questão.
Isso é muito sórdido e irônico, porque apesar de não significar que o Facebook esteja autenticando as práticas de Shepherd Bushiri, mas tão somente que a página realmente pertence ao "profeta", esse símbolo carrega uma conotação muito forte na rede social, e que pode fazer com que uma pessoa leiga veja aquilo como uma representação de algo legítimo, de um poder de cura autêntico por parte de Bushiri. Entendem onde quero chegar? Até mesmo páginas, que possui um bom e amigável conteúdo, e que sejam destinadas a desvendar fraudes, raramente recebem tal "certificado" por parte do Facebook. Olhar para toda essa história escabrosa, e ver aquele símbolo denota o quão enraizado Bushiri vem se tornando.

Entretanto, para ter uma noção do nível dos supostos milagres e poderes que Bushiri alegar fazer e possuir, é necessário assistir alguns vídeos que, evidentemente, estão no YouTube. Vamos falar bem rapidamente sobre os mesmos, que estão relacionados a algumas situações mencionadas nesta matéria. Começando, é claro, pela alegação de que Bushiri é capaz de "andar no ar". Confira o vídeo abaixo, que foi publicado em outubro de 2015 por um canal de terceiros, no YouTube:



Bem, acredito que não seja necessário dizer muita coisa sobre esse vídeo, até mesmo porque somente os pés de Bushiri são mostrados como se fosse uma evidência real de que ele estivesse realmente flutuando no ar como se fosse um poder divino. De qualquer forma, se o "profeta" pesquisasse um pouco melhor na internet ele encontraria outras formas ainda mais convincentes de realizar o famoso "truque de levitação" tão popular entre os ilusionistas. Aparentemente, no entanto, ele não precisa de muita tecnologia ou truques para aparentar isso para seus fiéis.

Aliás, um usuário chamado "Ridovhona Tsanwani", chegou a publicar na mesma época um vídeo mostrando como ele também era capaz de levitar, ou seja, mostrando que Bushiri era uma farsa:



Uma outra alegação de Bushiri é que, certa vez, "anjos" teriam comparecido em sua pregação. O vídeo desse momento foi publicado no canal oficial de seu ministério, a "Enlightened Christian Gathering" (ECG), chamado "Prophetic Channel TV", no final do ano de 2015, no YouTube.

Confira o mesmo abaixo (a partir de 2:32):



Esse vídeo foi visualizado mais de 3,4 milhões de vezes, e para surpresa de muitos, o número de "likes" (o famoso "joinha") é cerca de vezes maior do que o número de pessoas que não gostaram do vídeo. Podemos ver nitidamente, que a equipe de Bushiri simplesmente adicionou um efeito especial no vídeo, ou seja, um caso alarmante de manipulação digital. A imagem foi exibida para os fiéis, sendo que muitos deles são vistos se contorcendo de tanto "êxtase" diante das imagens.

Em uma outra exibição, dessa vez com o intuito de mostrar seu poder em fazer dinheiro surgir na bolsa e nas carteiras de seus fiéis, Bushiri escolheu "aleatoriamente" uma pessoa que, ao abrir a bolsa, mostrou notas de dinheiro que, supostamente, não tinha anteriormente.

Confira esse outro vídeo abaixo, que foi publicado por um canal de terceiros, no YouTube (a partir de 0:49), em outubro do ano passado:



Bem, nem é preciso dizer que, muito provavelmente, as pessoas são simplesmente pré-selecionadas. Porém, no caso do dinheiro ser encontrado jogado no interior de bolsas, não é tão difícil de explicar. No meio de uma multidão é relativamente fácil abrir a bolsa de alguém e jogar algumas notas de dinheiro para fazer parecer que o "profeta" seja o responsável por um eventual milagre. Agora, diante de tudo isso, será mesmo que Bushiri cura pessoas que possuem AIDS, que tem câncer ou faz cegos voltarem a enxergar? Evidentemente que não.

Qual a Fortuna de Shepherd Bushiri? A Especulação do Tabloide Britânico "The Sun"


Os principais promotores midiáticos de Shepherd Bushiri, sem dúvida alguma, são alguns veículos de comunicação do Malawi, que o tratam como se fosse um verdadeiro representante do país. É possível encontrar inúmeras declarações de Bushiri para a imprensa do seu país, que o trata como "bilionário", muito embora não seja difícil ser bilionário em alguns países da África, considerando a desvalorização das moedas perante o dólar. Para vocês terem uma ideia, a moeda do Malawi é o kwacha, sendo que um único kwacha é equivalente a US$ 0,0014 dólares.

De qualquer forma, o tabloide britânico "The Sun" especulou, sem citar quaisquer fontes, que a fortuna de Bushiri chegaria a US$ 150 milhões (cerca de R$ 500 milhões), porém esse valor, provavelmente, é muito maior. Isso porque ao comprar seu último jato particular (o quarto de sua coleção), da Gulfstream Aerospace, o mesmo foi avaliado em cerca de R$ 120 milhões. Na época, também foi mencionado que ele tinha sido a pessoa mais jovem a comprar o modelo escolhido. O "The Sun" também fez questão de mencionar que o "profeta" possuía diversas mansões espalhadas pela África.

Os principais promotores midiáticos de Shepherd Bushiri, sem dúvida alguma, são alguns veículos de comunicação do Malawi, que o tratam como se fosse um verdadeiro representante do país. É possível encontrar inúmeras declarações de Bushiri para a imprensa do seu país, que o trata como "bilionário", muito embora não seja difícil ser bilionário em alguns países da África, considerando a desvalorização das moedas perante o dólar.
Ainda segundo o tabloide britânico, a reputação de Bushiri teria sido abalada em 2016, quando uma mulher se apresentou para dizer que havia sido paga para mentir sobre supostos milagres. Ela disse que Bushiri pagou uma série de atores para encenar uma espécie de "cura" durante seus sermões. Essas alegações, é claro, foram negadas pelo "profeta".

Aliás, ele deve fazer uma pequena "turnê" na Costa Leste dos Estados Unidos, no mês que vem. Em um encontro com fiéis de seu ministério, que deverá ser realizado na cidade de Inglewood, na Califórnia, está sendo cobrado uma espécie de ingresso no valor equivalente a R$ 2.300, que é muito mais caro do que os melhores lugares em shows de artistas internacionais do mundo da música. Contudo, não pense que esse valor é exclusivo para os norte-americanos. Em dezembro do ano passado, Bushiri foi amplamente criticado por cobrar 25 mil rands sul-africanos (algo em torno de R$ 7.000 pela cotação atual), por um lugar em sua mesa, em um jantar de gala.

Comentários Finais


Neste momento, muitos de vocês podem estar ansiosos para colocar a culpa nas religiões ou então na pobreza e falta de recursos do povo africano de um modo geral. Porém, apesar de ser muito tentador acreditar que podemos encontrar a razão para uma determinada situação, em um estereótipo tão bem consolidado, que invariavelmente temos diante das inúmeras notícias provenientes de países africanos, este caso, por incrível que pareça, não tem uma relação estreita com pobreza ou falta de recursos, mas com a chamada "banalização", ou seja, o ato de transformar algo de valor ou significativo em algo completamente vulgar e inútil. E isso não acontece somente na religião perante pessoas mais humildes, ocorre em todos os cantos do mundo, em todos os setores e com pessoas de todas as classes sociais. Querem um exemplo bem simples? Vamos pegar um caso recente, onde uma pessoa, com o intuito de se promover, se deu ao trabalho de traduzir algumas frases, salvar diversas imagens e fazer o download de um vídeo onde, supostamente, havia uma mensagem de "cunho militar". Na mensagem havia uma espécie de pedido de socorro, uma informação sobre seres não humanos e vindo diretamente da região onde o voo MH370 foi visto pela última vez. Centenas de milhares de pessoas acreditaram piamente no que foi perpetuado no Facebook, por uma usuária que ninguém conhecia, vindo de uma conta no Twitter, de alguém que ninguém conhecia. A conta do Twitter pertencia a um adolescente de 15 anos, que tinha um perfil totalmente satírico, repleto de "memes" e mensagens dedicadas a comunidas LGBT. Ah, ele manteve a conta, porém com um outro nome (atualmente é HOMOC1DE). Somente ao olhar o perfil é possível notar que o adolescente quis e conseguiu a um alto custo seus cinco minutos de fama. Ainda assim, inúmeras pessoas acreditaram na história, disseram que tremeram de medo, que passaram mal, porém foram incapazes de pensar na série de erros e absurdos que foram mencionados. Resumindo, inúmeras pessoas, no conforto de seus lares, cercadas de tecnologia e acesso fácil a internet, foram incrivelmente e facilmente enganadas.

E existem outras formas de enganar as pessoas ao banalizar um determinado assunto, não necessariamente a religião. O mundo do paranormal ou sobrenatural, por exemplo, é um dos melhores exemplos disso. Quem nunca viu um vídeo onde dizia que havia um fantasma, uma entidade demoníaca ou um suposto viajante do tempo? Quem nunca assistiu pessoas entrando no meio de um matagal com laternas e armas de ar comprimido para procurar supostos fantasmas? Quem nunca assistiu um vídeo de pessoas dizendo que entraram em contato com supostos espíritos através de uma tábua Ouija ou de brinquedos luminosos da década de 1970? Quem nunca assistiu a verdadeira enxurrada de vídeos de pessoas criando os mais variados tipos de rituais completamente fantasiosos para serem executados às 3h da manhã? Quem nunca assistiu vídeos, que possuíam thumbnails completamente horripilantes, com pessoas ou animais mutilados, para chamar atenção dos espectadores? Quem nunca assistiu um vídeo de pessoas alegando ter criado portais, viajado para outras dimensões complemente psicodélicas ou então de ter ido a lugares destinados a realização de "trabalhos espirituais"? Quem nunca assistiu vídeos de pessoas analisando outros vídeos e alegando que estão vendo essa ou aquela entidade, e atribuindo a elas os mais diversos nomes inimagináveis? Isso se chama banalização, e não acontece a esmo, visto que vídeos assim sempre foram monetizáveis e muito rentáveis para as pessoas, que criavam e inventavam tais histórias. É exatamente isso, que Shepherd Bushiri faz com as pessoas. A diferença é que ele faz isso olhando diretamente nos olhos das pessoas, fisicamente, em meio a um estádio de futebol lotado, não atrás de uma câmera para um público infantojuvenil sedento por respostas para crises existenciais. Todos aqueles que promovem a banalização ganham com a mesma e, para variar, perde apenas aqueles que estão do outro lado da câmera, sentados em uma cadeira de courino ou de madeira da sala de estar, ou então sentados em uma cadeira de plástico, no interior de um templo religioso, que promova tais situações semelhantes.

Entretanto, quando os "banalizadores" são questionados surgem as respostas mais escabrosas e a famosa tentativa de comparação com as demais pessoas, que tentam não banalizar um determinado assunto. Novamente, é exatamente isso que Shepherd Bushiri faz ao alegar que era vítima de racismo, porque se a "igreja dos brancos" podia vender terços e bíblias, por que ele não podia vender seu óleo milagroso que, em sua página, promete que toda doença será curada, todo atraso de contas será perdoado, todo contrato de emprego será firmado e toda promoção será aprovada? Sinceramente, nunca ouvi dizer que um terço e uma bíblia fossem vendidas com essas promessas, ao menos não em locais que não banalizem o Cristianismo. Porém, Shepherd Bushiri alega ser vítima dos brancos, mesmo sendo entrevistado por uma jornalista negra. Para completar, ele alega que sua fortuna serve de inspiração para seus fiéis, e que se eles percebessem que ele estava fazendo algo de errado, ele não seria mais seguido pelos mesmos. Na verdade, Shepherd Bushiri serve de inspiração apenas para que outras pessoas atuem exatamente como ele. Banalizando a fé, a crença, e própria religião que ele diz seguir. É exatamente isso que acontece, por exemplo, quando alguém promove um determinado conteúdo, ridículo ou não, no YouTube, e recebe uma grande quantidade de público. Rapidamente, diversas pessoas passam a "produzir" esse mesmo conteúdo. Obviamente, uma hora isso irá saturar e explodir como uma bolha. No caso de Bushiri, ao ponto de governos, assim como de Botswana, perceberem que estão sendo lesados financeiramente, algo que, teoricamente, teria levado a expulsão do ministério de Shepherd Bushiri. Assim sendo, vocês podem notar claramente que esse caso não tem uma relação direta com a religião, mas com a banalização, que vem ocorrendo no mundo inteiro em relação a diversos temas.

De qualquer forma, Thoko Mkhwanazi-Xaluva, presidente da Comissão para a Promoção e Proteção dos Direitos Culturais, Religiosos e Comunidades Linguísticas da África do Sul, aparentemente alheia a situação, precisou elaborar um relatório para chegar a conclusão que existe uma prevalência de práticas inseguras em algumas dessas igrejas, o que incluía fazer com que os seus congregantes comessem ratos, cobras, grama e beber gasolina, tudo em nome de provar sua fé. Isso sem contar, as alegações de abuso sexual em alguns casos. Posteriormente, ela citou o Apartheid, a segregação racial como a responsável pelo crescimento de Shepherd Bushiri, indiretamente colocando a culpa, novamente "nos brancos", assim como o "profeta" havia feito. No final das contas, nada irá acontecer com ele, uma vez que, a história mostra, não somente em termos religiosos que, não importa a banalização que você promova. Se você conseguir um grande número de seguidores, que acreditem em você e façam você enriquecer em pouquíssimo tempo, ao ponto de construir um império, você se torna intocável e venerado por onde quer que você passe. Não importa que o povo passe fome, sede, viva em condições deploráveis e, muitas vezes, possua uma alfabetização precária. O show precisa continuar, ainda que todos ao redor estejam respirando por aparelhos ou a sete palmos abaixo da terra. Algumas pessoas precisam que você passe por uma porta, outras precisam apenas que você dê um clique.

Até a próxima, AssombradOs.

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://www.bbc.com/news/world-africa-43245126
http://www.odditycentral.com/news/meet-the-superstar-prophet-who-can-walk-on-air-cure-hiv-and-put-miracle-money-in-your-pocket.html
https://en.wikipedia.org/wiki/Shepherd_Bushiri
https://www.facebook.com/shepherdbushiriministries
https://www.thesun.co.uk/news/5861435/shepherd-bushiri-pastor-walk-on-air/
https://www.timeslive.co.za/news/south-africa/2018-03-26-prophet-bushiri-a-guest-speaker-not-responsible-for-hefty-fee-to-attend-conference/?device=feature_phone
https://www.timeslive.co.za/news/south-africa/2018-03-26-prophet-bushiri-will-share-wealth-advice-if-you-are-willing-to-pay-up-to-r5500/?device=feature_phone
https://yahweh.io/products/angel-of-gabriel-oil

OVNI No Arizona? O Recente e Estranho Avistamento de um "OVNI" por Dois Pilotos de Aeronaves Comerciais, nos Estados Unidos!

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Por Marco Faustino

No fim do mês de fevereiro deste ano, divulgamos para vocês a atualização sobre um estranho caso ocorrido na Costa Oeste dos Estados Unidos, quando uma misteriosa aeronave, que muitos sites de entusiastas de "OVNIs" simplesmente taxaram de "objeto voador não identificado", teria passado pelo constante fluxo de aviões comerciais, que cruzam entre o Sul e o Norte dos Estados Unidos. O incidente teria tido início, ao menos em relação ao que se sabia até aquele momento, por volta das 16h30, próximo da fronteira da Califórnia com o Oregon, e resultou no testemunho ocular de diversos pilotos, em áudio gravado a partir do controle de tráfego aéreo, e eventuais confirmações, tanto da FAA (sigla em inglês para "Administração Federal de Aviação"), quanto do NORAD (sigla em inglês para "Comando Aeroespacial da América do Norte"), que o incidente realmente aconteceu. Algo que chamou muito a atenção de todos é que, aparentemente, o mesmo foi interpretado como uma ameaça, uma vez que caças F-15C foram enviados para identificar a "aeronave misteriosa", que estava voando muito rápido. Porém, os caças teriam sido inicialmente enviados na direção errada, e não encontraram absolutamente nada! Graças a "Lei de Liberdade de Informação", Tyler Rogoway, responsável pelo blog "The War Zone" divulgou informações que, segundo ele, poderiam ser os registros mais interessantes referentes a documentação oficial sobre esse encontro, que já tinha sido confirmado tanto pela FAA, quanto pela Força Aérea dos Estados Unidos. Os materiais que foram liberados incluíam gravações de áudio fascinantes das transmissões de rádio e ligações telefônicas, que foram feitas à medida que o incidente estava se desenrolando, assim como entrevistas com pilotos, e conversas entre funcionários da FAA, após o incidente altamente peculiar. Algo que dificilmente você veria sendo divulgado pela mídia internacional (leia mais: Um Estranho Mistério! Novos Detalhes do Caso em que Caças F-15 Tentaram Interceptar um Misterioso "OVNI" nos Estados Unidos!).

Recentemente, Tyler Rogoway divulgou, que uma série de estranhos eventos ocorreu nos céus da região Sul do estado norte-americano do Arizona, no dia 24 de fevereiro deste ano, entre as 15h30 e as 16h15 (horário local), e envolveu duas aeronaves comerciais: o N71PG, um Learjet 36 pertencente à Phoenix Air e um Airbus A321 pertencente ao voo 1095 da companhia aérea American Airlines. As aeronaves voavam rumo a Leste, a cerca de 37 mil pés (aproximadamente 11.000 metros), entre o Monumento Nacional do Deserto de Sonora e a fronteira do Novo México , quando o incidente ocorreu. Vamos saber mais sobre esse assunto?

Entenda o Caso: A Divulgação Por Parte do Blog "The War Zone"


O caso ocorrido no Arizona foi divulgado por Tyler Rogoway no dia 8 de março deste ano, sendo que ele conseguiu obter a gravação do áudio oficial da conversa entre a FAA no Centro de Controle de Tráfego Aéreo de Albuquerque, e pilotos de aeronaves próximas, enquanto o estranho incidente se desenrolava. Eis o áudio, em sua forma bruta (em inglês, mas iremos comentar sobre o mesmo):



O relato inicial veio do N71PG, o Learjet 36, ao perguntar para o Controle de Tráfego Aéreo de Albuquerque se algum tráfego havia passado acima deles. O controlador respondeu "negativo", o que significava que não havia nenhum tráfego, ao menos não do seu conhecimento, que explicasse tal observação. O piloto do Learjet respondeu desafiadoramente: "havia algo". Outro piloto entrou na frequência dizendo "um OVNI", e o piloto da Learjet respondeu que "sim".

Alguns minutos depois, o controlador pediu ao voo 1095 da American Airlines para avisá-lo, caso eles vissem "alguma coisa passando por eles nos próximos 25 km". Então, bem intrigado, o piloto do voo 1095 respondeu: "Se alguma coisa passar por nós!?". Então, o controlador respondeu: "Afirmativo, tínhamos uma aeronave a frente de vocês, a cerca de 37 mil pés, que reportou que alguma coisa passou sobre ela, e não tínhamos nenhum alvo no radar, então apenas me avisem se vocês virem alguma coisa passando por vocês."

A essa altura dos acontecimentos, as coisas ficaram ainda mais interessantes, quando o piloto do Learjet disse: "Não sei o que era, não era um avião, mas estava indo na direção oposta." Um minuto depois, o voo 1095 avisou pelo rádio dizendo: "Sim, algo passou por nós. Não sei o que era, mas estava a pelo menos 2.000 a 3.000 pés (entre 600 a 900 metros) acima de nós. Sim, passou por cima de nós." O controlador calmamente disse que havia escutado o relato do piloto e não disse mais nada.

Foto da aeronave N71PG, um Learjet 36 pertencente à Phoenix Air.
Foto de um Airbus 321 da American Airlines (a foto é meramente ilustrativa)
Então, momentos depois, o controlador perguntou ao voo 1095: "Você poderia dizer se estava em movimento ou estava apenas pairando?". O piloto rapidamente respondeu: "Não consegui discernir se era um balão ou algo assim, mas estava emitindo luz ou tinha um grande reflexo luminoso, e estava a milhares de metros acima de nós, indo na direção oposta". Pouco tempo depois, um piloto entrou na frequência e perguntou se tinha sido um balão do Google. O piloto do voo 1095 respondeu em um tom incomodado: "Não tenho certeza". Outra voz surge na frequência dizendo: "um OVNI!".

Todo esse evento, ao menos pelo que se sabe atualmente, durou cerca de seis minutos. Um representante da FAA, que foi incrivelmente útil durante a investigação preliminar do blog "The War Zone", disse que não acreditava que o incidente tivesse sido registrado, observando que o supervisor do Controle de Tráfego Aéreo de Albuquerque nem sabia sobre isso quando questionado. Segundo Tyler, isso parecia um pouco estranho, considerando que alguma coisa, não identificada, estava voando no meio de rotas de intenso tráfego aéreo, em altitudes de aviões a jato, sem nenhum tipo de transponder, sem aparecer no radar e não estava se comunicando com o controle de tráfego aéreo.

A imagem de cima é a localização do N71PG às 15h47, horário local, e a imagen inferior é a localização do AAL1095 ao mesmo tempo para dar uma ideia do espaçamento entre as duas aeronaves enquanto elas voavam para o Leste sobre o Arizona.
De qualquer forma é necessário notar, que a região em que este incidente ocorreu é bem conhecida por ser altamente ativa em relação a aeronaves militares, e até mesmo aeronaves "clandestinas", que permanecem sob sigilo. Em direção a Leste, temos o Campo de Teste de Mísseis de White Sands, e a Base da Força Aérea de Holloman. Ao Sul temos a cidade de Tucson, onde centenas de aeronaves operam em duas grandes bases: a Base de Força Aérea de Davis Monthan e o Aeroporto Internacional de Tucson. Em direção ao Norte, temos a Base da Força Aérea de Luke, que é uma grande instalação de treinamento para os pilotos de caças F-35 e F-16. Em direção ao Oeste está a Estação Aérea dos Marines de Yuma, o lar de múltiplos esquadrões de aeronaves militares.

Além disso, em direção ao Sul também fica o Forte Huachuca, que abriga várias unidades de aeronaves não tripuladas, incluindo uma pertencente ao Comando de Operações Especiais do Exército (os MQ-1Cs Grey Eagles, e outras tantas que não sabemos), além da Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos (RQ-9 Reapers). Isso sem mencionar, que também existe uma importante estação de treinamento para os operadores do drone do Exército "RQ-7 Shadow". Para completar, existe um considerável tráfego militar transitório, que visita a região para treinamento e exercícios.

Em direção a Leste, temos o Campo de Teste de Mísseis de White Sands (na foto),
e a Base da Força Aérea de Holloman
Em direção ao Norte, temos a Base da Força Aérea de Luke,
que é uma grande instalação de treinamento para os pilotos de caças F-35 e F-16.
Em direção ao Oeste está a Estação Aérea dos Marines de Yuma, o lar de múltiplos esquadrões de aeronaves militares.
Em direção ao Sul fica o Forte Huachuca, que abriga várias unidades de aeronaves não tripuladas, incluindo uma pertencente ao Comando de Operações Especiais do Exército (os MQ-1Cs Grey Eagles e outras que não sabemos)
Entretanto, nada disso explica diretamente a razão pela qual uma aeronave estaria viajando totalmente sem aviso prévio em relação ao controle de tráfego aéreo, em plena luz do dia, e acima de aeronaves comerciais. Aliás, nenhuma história sobre um drone ou aeronave militar com problemas de comunicação surgiu na FAA após o incidente, ao menos não em relação ao que se sabe até o presente momento. Também vale a pena mencionar, embora isso certamente irá causar a ira de muitas pessoas, principalmente aquelas que acreditam em discos voadores, que balões meteorológicos são lançados na atmosfera superior regularmente por todo os Estados Unidos, e as regulamentações que envolvem suas operações não obrigam necessariamente a pessoa ou empresa que os lançam, a entrar em contato com a FAA ou incluir um refletor de radar ou transponder. Vocês podem consultar essas regras, clicando aqui (em inglês).

Pode não parecer, mas uma sonda pesando quase 3 quilos pode causar um grande estrago no parabrisa de um jato comercial, que esteja voando a 800 km/h. De fato, esses dispositivos científicos são lançados diariamente em todo o mundo, sem incidentes, mas isso não significa que eles não possam se aproximar de aviões. Existem diversos vídeos espalhados pelo YouTube, provenientes de balões meteorológicos, que acabaram filmando a passagem de aviões bem próximo aos mesmos. Confira abaixo um desses vídeos (diminua o volume, porque o som pode ensurdecer muitos de vocês):



A atividade de balões meteorológicos sobre o Arizona possui uma história singularmente interessante nos últimos tempos. Logo no início do ano, uma pessoa encontrou o que parecia ser uma radiossonda de origem russa enquanto caçava nas Montanhas Sawtooth, que estão localizadas exatamente onde ocorreu o incidente de 24 de fevereiro. A descoberta misteriosa virou notícia no site do jornal "Casa Grande Dispatch", em janeiro deste ano.

De qualquer forma, a tal radiossonda provavelmente foi apenas uma brincadeira. Isso porque funcionários do Serviço Nacional de Meteorologia entraram em contato com a fabricante de radiossondas Graw, uma empresa com sede na Europa, para obter maiores detalhes sobre o dispositivo. Eles ficaram sabendo, que o número de série da radiossonda descoberta no Arizona havia sido vendido como parte de um lote para o exército alemão.

A atividade de balões meteorológicos sobre o Arizona possui uma história singularmente interessante nos últimos tempos. Logo no início do ano, uma pessoa encontrou o que parecia ser uma radiossonda de origem russa enquanto caçava nas Montanhas Sawtooth, que estão localizadas exatamente onde ocorreu o incidente de 24 de fevereiro
De qualquer forma, a tal radiossonda provavelmente foi apenas uma brincadeira. Isso porque funcionários do Serviço Nacional de Meteorologia entraram em contato com a fabricante de radiossondas Graw, uma empresa com sede na Europa, para obter maiores detalhes sobre o dispositivo. Eles ficaram sabendo, que o número de série da radiossonda descoberta no Arizona havia sido vendido como parte de um lote para o exército alemão.
O exército alemão costuma realizar treinamentos em "Yuma Proving Grounds", uma área de exercícios militares do Exército dos Estados Unidos. Chuck Wullenjohn, oficial de relações públicas do Yuma Proving Ground, disse que centenas de balões meteorológicos e radiossondas são lançadas por meteorologistas todos os anos a partir de Yuma. Para completar, ao pesquisar sobre a radiossonda, autoridades do Serviço Nacional de Meteorologia descobriram que, apesar das palavras escritas no dispositivo estarem em russo, a pessoa que escreveu não tinha um real conhecimento do idioma ou então usava meramente um tradutor qualquer da internet. Enfim, caso estranho, mas provavelmente teria sido apenas uma brincadeira mesmo.

Além disso, é importante mencionar que, durante o verão, quando o calor notório atinge o deserto do Arizona, a atividade de balões meteorológicos geralmente aumenta drasticamente. Também há outros desenvolvimentos avançados de balões na região, mas provavelmente ninguém viria à tona para dizer o que anda fazendo, e muito menos ao quase causar um acidente áereo.

Entretanto, mesmo com essas possibilidades em mente, os pilotos não pareciam estar convencidos de que o objeto que viram, era simplesmente um balão passando por eles. Tyler preencheu um requerimento solicitando maiores informações sobre o incidente através da "Lei de Liberdade de Informação", e assim que tivermos maiores informações manteremos vocês informados!

Os Desdobramentos do Caso Envolvendo o Avistamento de um "OVNI" nos Céus do Arizona!


No dia seguinte (9) a publicação do blog "The War Zone", um jornal do Arizona chamado "Phoenix New Times" obteve uma cópia do áudio da própria FAA, que confirmou a autenticidade do mesmo. Em declaração ao jornal, Lynn Lunsford, gerente de relações públicas da FAA para a região central dos Estados Unidos, disse que, "além da breve conversa entre as duas aeronaves, o controlador não conseguiu verificar se havia outra aeronave na área." Lynn Lunsford também disse, que "eles tinham um relacionamento profissional bem próximo com diversas outras agências, e que lidam com a segurança de aeronaves militares e civis de todos os tipos naquela região todos os dias, incluindo balões meteorológicos de alta altitude." Em outras palavras, a FAA deveria ter ciência de um balão meteorológico ou de um voo militar, mas, aparentemente, não tinha.

Foi somente na última semana de março, que a imprensa norte-americana conseguiu entrevistar o piloto do voo 1095 da American Airlines, assim como o vice-presidente da empresa Phoenix Air Group, Inc., para saber diretamente a opinião deles sobre o assunto. Inicialmente, a KRBC, emissora de TV afiliada da NBC, conseguiu uma entrevista exclusiva com Benus Green, um piloto aposentado de B-1 da Força Aérea dos Estados Unidos, e que estava no comando do voo 1095 naquela tarde de 24 de fevereiro. Confira a entrevista abaixo, em um canal de terceiros, no YouTube:



Conforme mencionamos anteriormente, naquela tarde, o piloto do Learjet perguntou ao Controle de Tráfego Aéreo de Albuquerque se algum tráfego havia passado acima deles. O controlador respondeu "negativo",o que significava que não havia nenhum tráfego, ao menos não do seu conhecimento, que explicasse tal observação. O piloto do Learjet respondeu que definitivamente "havia algo". Após isso, o centro de controle pediu ao voo 1095 para que ficassem atentos caso algo passasse por eles.

"Com toda certeza, permaneci olhando pelo parabrisa para ver se enxergava algo, e então encontrei. Havia algo. Sim, eu vi! Era muito brilhante, mas não era tão brilhante ao ponto de você não conseguir olhar para ele. Era tentandor olhar em sua direção para tentar descobrir o que era. Não se parecia em nada com um avião", disse Blenus Green, que também disse voar há 20 anos e, inclusive, foi exibida uma foto dele usando um uniforme da Força Aérea. Naquele dia, o voo 1095 da American Airlines tinha saído de San Diego rumo a Dallas. Em algum lugar sobre o Deserto de Sonora, entre Picacho e Mammoth, Blenus Green viu o que o piloto da Learjet tinha visto.

Blenus Green disse voar há 20 anos e, inclusive, foi exibida uma foto dele usando um uniforme da Força Aérea. Naquele dia, o voo 1095 da American Airlines tinha saído de San Diego rumo a Dallas. Em algum lugar sobre o Deserto de Sonora, entre Picacho e Mammoth, Blenus Green viu o que o piloto da Learjet tinha visto.
"O que era estranho nisso, é que normalmente, se você tem um objeto e o Sol está brilhando dessa maneira, o reflexo estaria desse lado, mas o objeto era totalmente brilhante. Era tão brilhante, que você não conseguia discernir qual era o seu formato", continuou, alegando que nunca tinha visto algo assim em 20 anos de voo.

"Não fiquei com medo, fiquei apenas fascinado por isso. Apenas tentando descobrir o que era, porque isso foi bem fora do comum", completou.

"O que era estranho nisso, é que normalmente, se você tem um objeto e o Sol está brilhando dessa maneira, o reflexo estaria desse lado, mas o objeto era totalmente brilhante. Era tão brilhante, que você não conseguia discernir qual era o seu formato", continuou, alegando que nunca tinha visto algo assim em 20 anos de voo.
Segundo o jornal "Phoenix New Times", no início da semana passada, Katie Cody, porta-voz da American Airlines, disse que não podia acrescentar maiores detalhes sobre o incidente. Contudo, Bob Tracey, vice-presidente do Phoenix Air Group Inc., com sede em Atlanta, disse na quinta-feira (29), que depois de receber um "relatório completo" do piloto do Learjet, ele ficou pensando: "mas que diabos foi isso?".

A Phoenix Air utiliza Learjets em diversos contratos, inclusive como ambulâncias aéreas para o Comando de Mobilidade Aérea dos militares. Era exatamente isso que o piloto e o co-piloto do N71PG estavam fazendo em 24 de fevereiro. Tracey não sabia dizer se um paciente estava a bordo no momento do avistamento, mas supôs que não tinha passageiros, porque a aeronave estava voltando da Califórnia para a Geórgia. O piloto sabia que o público estava interessado em sua história, mas ele a empresa estavam preocupados, que o mesmo fosse sobrecarregado pelo assédio da imprensa.

A Phoenix Air utiliza Learjets em diversos contratos, inclusive como ambulâncias aéreas para o Comando de Mobilidade Aérea dos militares. Era exatamente isso que o piloto e o co-piloto do N71PG estavam fazendo em 24 de fevereiro.
Interior de um Learjet da Phoenix Air adaptado para receber pacientes com Ebola.
"Não direi o nome dele. Ele será soterrado por telefonemas", disse Bob Tracey, acrescentando que se tratava de um piloto veterano, que trabalhava há 15 anos na Phoenix Air, sendo um "capitão experiente" com mais de 14.000 horas de voo.

Mais ou menos na mesma hora daquela tarde, o piloto e seu co-piloto notaram algo voando do lado de fora e acima deles. Assim como Blenus Green, eles notaram, principalmente, a intensa luz do objeto. Segundo Bob, o piloto da Learjet o descreveu "como se você acordasse de manhã e olhasse para uma luz brilhante". O brilho não afetou o parabrisa inteiro, no entanto, era definitivamente um ponto de luz, e parecia vir de uma fonte que voava rumo a Oeste em alta velocidade, na direção oposta ao Learjet, que estava rumo ao Leste, mas bem acima dele. Além disso, os pilotos colocaram os dedos na janela para estimar o quão alto o objeto estava no céu. Eles concluíram que poderia estar voando a quase 50.000 pés (cerca de 15 mil metros) ou mais de 10.000 pés acima deles (cerca de 3 mil metros).

Então, o objeto passou por eles. O piloto, sabendo que logo outro avião provavelmente se aproximaria da região chamou o Centro de Albuquerque para alertar os controladores de tráfego aéreo. O piloto estava preocupado, que "alguém batesse naquela coisa". Quando o piloto voltou de viagem, ele forneceu um relatório casual do incidente para o departamento de operações da empresa.

Segundo Bob, o piloto da Learjet o descreveu "como se você acordasse de manhã e olhasse para uma luz brilhante". O brilho não afetou o parabrisa inteiro, no entanto, era definitivamente um ponto de luz, e parecia vir de uma fonte que voava rumo a Oeste em alta velocidade, na direção oposta ao Learjet, que estava rumo ao Leste, mas bem acima dele.
Segundo Bob, o piloto não havia pensado muito sobre o ocorrido. Aliás, o piloto costumava ver muitos balões no céu. Às vezes, eles eram enviados por amadores com GoPros, que são usadas uma única vez. Assim como um balão, o mesmo não conseguiu ser rastreado pelo radar, e o Sistema de Prevenção de Colisão de Tráfego do Learjet não emitiu nenhum alarme. De qualquer forma, Bob reconheceu que, em seu relatório completo, o piloto descreveu algo que não soava como um balão.

"Ele disse que passou por ele a uma velocidade semelhante à que um avião de passageiros passaria. Isso seria aproximadamente 800 km/h", disse Bob Tracey.

Balões, é claro, podem viajar em altas velocidades, verticalmente dizendo, mas não muito rapidamente na horizontal. Bob Tracey resumiu o incidente como sendo um "mistério", e disse que todo mundo tinha uma teoria sobre o que havia acontecido nos céus do Arizona.

Enfim, apesar de não termos a absoluta certeza sobre qual era o objeto avistado pelos dois pilotos, acredito que esteja bem claro que não se trata de um disco voador repleto de seres alienígenas circulando em plena luz do dia nos céus do Arizona. A região é altamente militarizada, sendo que poderia ser tanto um balão meteorológico (embora os pilotos tenham dúvidas quanto a essa possibilidade) quanto um equipamento das Forças Armadas dos Estados Unidos. Em ambos os casos, muito dificilmente os responsáveis viriam à público para assumir a responsabilidade pelo incidente. De qualquer forma, caso tenhamos maiores informações, publicaremos uma atualização para vocês!

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://www.bigcountryhomepage.com/news/main-news/abilene-pilot-claims-mid-air-ufo-spotting/1086493683
http://www.phoenixnewtimes.com/news/american-airlines-learjet-pilots-describe-seeing-ufo-over-arizona-10280978
http://www.phoenixnewtimes.com/news/pilots-for-american-airlines-and-phoenix-air-reported-a-ufo-over-arizona-10218181
http://www.pinalcentral.com/casa_grande_dispatch/area_news/cg-man-stumbles-across-possible-russian-recording-device-in-pinal/article_26c56a50-7216-51a5-a3eb-53a7be7ea4df.html
http://www.pinalcentral.com/casa_grande_dispatch/area_news/mysterious-russian-device-found-in-pinal-mountains-may-have-been/article_bd8b60a0-0280-5b4a-a355-b02c29dedad1.html
http://www.thedrive.com/the-war-zone/19095/listen-in-as-a-learjet-and-an-airbus-encounter-a-mystery-craft-high-over-arizona

O Ritual Chhaupadi: O Cruel, Perverso e Mortal Isolamento Mensal de Mulheres que é Praticado há Séculos no Nepal

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Por Marco Faustino

Talvez um dos assuntos, que eu tenha mais orgulho até hoje de ter trazido ao conhecimento de vocês, foi sobre a prática moderna de caça às bruxas na Índia, que incluía a violência e crenças que até hoje levam à tortura e o assassinato de supostas "bruxas". Os governos estaduais tentam resolver o problema, mas enfrentam grandes obstáculos. Foi assim que, em setembro de 2015, convidei vocês a entrar em um universo um pouco inexplorado pela mídia ocidental ou que pelo menos não tinha tanta repercussão quanto o assunto merecia ter. Talvez seja porque cada país e região tem seus próprios problemas, que se tornam tão ou mais graves do que um problema de um algum outro país mais distante ou não. De qualquer forma, a superstição moderna tem consequências mortais, que lembram todo o frenesi a respeito da bruxaria nos Estados Unidos, mais precisamente em Salém. Entretanto, na Índia, uma pessoa acusada de ser uma "dayan" ou "bruxa" pode ser torturada, estuprada, agredida até a morte ou queimada viva. As vítimas, muitas vezes, são mulheres solteiras mais velhas, geralmente viúvas, mas também podem ser homens e, inclusive, crianças. Isso mesmo que você leu, crianças. Em alguns casos, as mulheres são acusadas simplesmente devido a sua aparência, ou seja, por serem consideradas "feias". E não deixe se enganar ao pensar que a situação melhorou ao longo do tempo, porque isso continua acontecendo diariamente na Índia, inclusive enquanto você lê essa introdução (leia mais:As Faces do Medo: A Moderna Caça às Bruxas e a Superstição Assassina na Índia).

Agora, trago ao conhecimento de vocês uma situação que deixaria muitas pessoas, principalmente mulheres, totalmente arrepiadas. Existe uma tradição social, que ainda prevalece em diversas regiões do Nepal, voltada para as mulheres hindus, que proíbe uma mulher de participar de atividades normais da família durante a menstruação, porque elas são consideradas impuras. As mulheres são mantidas fora da casa e tem que viver em um "abrigo" totalmente improvisado, apertado, em condições totalmente precárias, onde geralmente não fica apenas uma única mulher ou adolescente, mas diversas delas amontoadas, sendo que algumas morrem por asfixia durante esse confinamento forçado. Isso não acontece somente nesse período, visto que um período um pouco maior de confinamento também acontece logo após uma mulher dar à luz. E não importa o quão frio esteja, visto que elas não podem usar cobertores quentes, sendo permitido apenas um pequeno tapete, geralmente feito de juta. Elas também são geralmente impedidas de ir à escola, tomar banho, sendo obrigadas a permanecer no "abrigo", enfrentando perigos mortais como hipotermia, desnutrição, animais peçonhentos e até mesmo abusos sexuais. E se você acha que o verdadeiro terror está em assistir um filme de Hollywood ou em uma foto de fantasma, espere até conhecer, de fato, o terrível ritual Chhaupadi. Vamos saber mais sobre esse assunto?

Uma Rápida Introdução Sobre a Visão da Menstruação em Algumas Sociedades Pelo Mundo


A menstruação é definida como uma descamação periódica, normal e saudável, envolvendo sangue e tecido mucoso das paredes internas do útero, quando não há fecundação. Isso marca o período, no qual popularmente se comenta que a "menina se torna mulher", muito embora o mais apropriado a se dizer seria "o momento no qual um organismo feminino se torna apto a gerar uma nova vida."

Sem dúvida alguma, esse é um fenômeno único entre as mulheres, que começa na adolescência (geralmente entre os 11 e 15 anos de idade), se tornando, portanto, um claro indicativo de suas saúdes reprodutivas. No entanto, ao redor do mundo, existem diversos tabus relacionados a menstruação, ao sangue menstrual ou então relacionados a uma jovem ou mulher adulta menstruada.

Sem dúvida alguma, esse é um fenômeno único entre as mulheres, que começa na adolescência (geralmente entre os 11 e 15 anos de idade), se tornando, portanto, um claro indicativo de suas saúdes reprodutivas. No entanto, ao redor do mundo, existem diversos tabus relacionados a menstruação, ao sangue menstrual ou então relacionados a uma jovem ou mulher adulta menstruada.
Alguns desses tabus são baseados em motivos religiosos, enquanto outros têm suas raízes na cultura e na tradição, e se manifestam sob a forma de diferentes práticas. No Islã, por exemplo, as mulheres não podem rezar, jejuar ou ter relações físicas durante a menstruação. Da mesma forma, sob a tradição judaica, qualquer coisa ou pessoa tocada por mulheres menstruadas é considerada ritualmente impura.

Enfim, uma dessas práticas consiste em separar jovens e mulheres adultas do restante da família durante a menstruação, considerando-as impuras. O grau e tipo de separação, no entanto, difere entre as comunidades. Uma dessas formas poderia consistir em manter mulheres em um cabana, de maneira totalmente separada do vilarejo, em um caso de separação extrema, assim como acontece entre os nativos Huaulu, na Indonésia, ou mantê-los separados ao redor da casa, mas em uma cabana separada, assim como acontece com os Dogons, na região do planalto central de Mali. Entre essas práticas está o Chhaupadi, que permanece viva, em certas partes do Nepal, e envolve separar as mulheres menstruadas do restante da família.

Um Resumo do Ritual Chhaupadi


O Nepal é um país do sul da Ásia geograficamente pequeno, ainda que cultural, linguisticamente e etnicamente diverso, situado entre a República Popular da China e a Índia. Embora seja um país secular, a grande maioria da população nepalesa segue o Hinduísmo e a religião desempenha um papel importante na vida e na sociedade nepalesa.

Geograficamente, o Nepal é dividido em montanhas, colinas e planícies e, para fins administrativos, foi dividido em cinco regiões de desenvolvimento. Destas cinco regiões, as regiões do Centro-Oeste e do extremo Oeste ficam atrás do resto do país em termos de desenvolvimento geral e igualdade de gênero. Nessas regiões, oportunidades escassas de emprego e meios de subsistência são comuns e a vida cotidiana é difícil para a maioria das pessoas. Nas regiões que já enfrentam complexidades de casta, religião e etnia, o sistema sociocultural histórico patriarcal piora consideravelmente a situação das mulheres.



O Nepal é um país do sul da Ásia geograficamente pequeno, ainda que cultural, linguisticamente e etnicamente diverso, situado entre a República Popular da China e a Índia. Embora seja um país secular, a grande maioria da população nepalesa segue o Hinduísmo e a religião desempenha um papel importante na vida e na sociedade nepalesa.
Embora a escala do problema varie entre as comunidades, o status das mulheres nessas duas regiões é uma espécie de reflexo do status das mulheres nepalesas em geral, visto que elas são tratadas como membros de segunda classe da sociedade, com menor autonomia, poder e liberdade em relação aos homens. Além disso, uma falta geral de educação e conscientização de seus direitos sociais e legais significa, que elas também são vitimadas em nome de rituais sociais, normas e tradições.

O ritual Chhaupadi é uma dessas práticas ocidentais, que continuam resistindo ao tempo nas regiões do Centro-Oeste e do extremo Oeste do Nepal, que bane as mulheres de suas casas durante o período da menstruação. Essa prática é derivada de uma tradição hindu relacionada às secreções associadas à menstruação e ao parto. Aliás, a própria palavra Chhaupadi é derivada de uma palavra local usada no dialeto "Raute" do distrito de Achham, no extremo Oeste, onde "Chhau" significa "menstruação" e "padi" significa mulher. Sob essa prática, as mulheres são consideradas impuras durante seus períodos menstruais e, portanto, devem se abster de participar das atividades diárias normais. Elas são forçadas a se isolar e dormir dentro de um pequeno "abrigo" feito de lama e pedras, sem janelas e fechaduras. Tais abrigos são especialmente preparados a uma distância de 20 a 25 metros da residência, e possuem um tamanho médio de apenas 1 x 2 m. Os "abrigos" não têm portas, são muito estreitos, escuros, apertados, congestionados, e possuem o chão frio e sujo, onde as mulheres se sentam e dormem.

Sob essa prática, as mulheres são consideradas impuras durante seus períodos menstruais e, portanto, devem se abster de participar das atividades diárias normais. Elas são forçadas a se isolar e dormir dentro de um pequeno "abrigo" feito de lama e pedras, sem janelas e fechaduras. Tais abrigos são especialmente preparados a uma distância de 20 a 25 metros da residência, e possuem um tamanho médio de apenas 1 x 2 m.
Os "abrigos" não têm portas, são muito estreitos, escuros, apertados, congestionados, e possuem o chão frio e sujo, onde as mulheres se sentam e dormem.
O ritual Chhaupadi ainda possui dois períodos de isolamento. No chamado "chhau menor" (menstruação mensal) as mulheres são obrigadas a viver nesses "abrigos" por até 5 dias (podendo ser estendido). Já no chamado "chhau maior" a permanência dura até 11 dias, sendo que esse caso ocorre até a menina ter sua primeira menstruação ou então quando uma mulher dá à luz a uma criança. No último dia, as mulheres tomam banho, lavam as roupas, dormem e voltam para casa.  No entanto, mesmo no último dia, elas não podem tomar banho em fontes públicas de água (rios, lagos etc.). As mulheres devem tomar banho e lavar suas roupas no chamado "Chhaupadi Dhara", um poço separado ou então uma torneira próxima do vilarejo.

A Tentativa de "Justificar" o Ritual Chhaupadi


Muitas famílias tradicionais nepalesas hindus impõem certas restrições contra as mulheres, quando estão menstruadas. O ritual Chhaupadi é uma manifestação de tais restrições, mas de uma forma mais severa. É impulsionada principalmente por uma crença supersticiosa entre as pessoas de que se as mulheres ficarem em casa durante seus períodos menstruais, algo que é considerado uma fase de impureza, enfurecerá os deuses e, consequentemente, a ira dos mesmos afetará negativamente toda a família. Há também crenças de que, se as mulheres menstruadas tocarem no gado, ele morrerá, se elas atravessarem uma fonte de água, elas secarão, se tocarem alguma fruta, ela cairá antes de amadurecer, e assim por diante.

O ritual Chhaupadi é uma manifestação de tais restrições, mas de uma forma mais severa. É impulsionada principalmente por uma crença supersticiosa entre as pessoas de que se as mulheres ficarem em casa durante seus períodos menstruais, algo que é considerado uma fase de impureza, enfurecerá os deuses e, consequentemente, a ira dos mesmos afetará negativamente toda a família.
Assim sendo, as mulheres não são somente expulsas de suas residências para morar em "abrigos" apertados, mas também não podem tocar em seus maridos ou até mesmo em seus irmãos, gado, plantas que produzem frutos, e plantações. Se alguém tocar em uma mulher menstruada, "acidentalmente", deve se purificar, por exemplo, com urina de vaca, que é considerada sagrada. Elas não podem entrar nas instalações dos templos e são proibidas de comparecer a cerimônias religiosas, até mesmo casamentos, diante da crença de que são impuras. As mulheres também não podem se alimentar de modo adequado, uma vez que ficam proibidas de tomar leite, comer carne, frutas e verduras, e elas são obrigadas a sobreviver apenas com arroz, sal e alguns cereais ou alimentos secos. Invariavelmente, existe sempre um medo de que elas toquem em algo acidentalmente.

Os Impactos na Saúde das Mulheres Devido ao Ritual Chhaupadi


Como era de se imaginar, o ritual Chhaupadi gera diversos impactos na saúde associados ao mesmo. As mulheres menstruadas são forçadas a suportar temperaturas congelantes no inverno e temperaturas sufocantes no verão dentro do "abrigo". Isso pode desencadear quadros de séria ameaça a vida, tais como: pneumonia, diarreia, infecção torácica, sufocamento e infecção do trato respiratório. Durante esses dias, embora as mulheres sejam proibidas de entrar na casa, elas ainda precisam trabalhar de forma extremamente árdua, atuando no transporte cargas pesadas, cavando poços, coletando lenha e capim, apesar da falta de uma dieta nutritiva e, evidentemente, de conforto. Como consequência, a taxa de prolapso uterino (quando os músculos pélvicos não conseguem mais sustentar o útero, causando perda da mobilidade, e causando grande impacto negativo na autoestima e qualidade de vida da mulher) é alta nesse grupo de mulheres.

E, conforme já sabemos, até mesmo as mães que acabam de dar à luz são confinadas em tais abrigos. Geralmente, as mães estão enfraquecidas após o parte, porém, para piorar a situação, elas são obrigadas a cuidar sozinhas dos recém-nascidos. Devido à má nutrição e as precárias condições de vida, a mortalidade neonatal e materna é alta nas regiões onde o ritual Chhaupadi é comum.

E, conforme já sabemos, até mesmo as mães que acabam de dar à luz são confinadas em tais abrigos. Geralmente, as mães estão enfraquecidas após o parte, porém, para piorar a situação, elas são obrigadas a cuidar sozinhas dos recém-nascidos. Devido à má nutrição e as precárias condições de vida, a mortalidade neonatal e materna é alta nas regiões onde o ritual Chhaupadi é comum.
O ritual Chhaupadi também tem um impacto no bem-estar psicossocial das mulheres e meninas. O isolamento da exclusão familiar e social resulta em depressão, baixa autoestima e incapacitação entre as meninas. Além disso, há também o medo de abuso sexual e agressão à noite, juntamente com o ataque de animais selvagens e picadas de cobra. A maioria das mortes causadas por animais silvestres não é revelada, e muito menos os casos de estupro, temendo pelo futuro da filha solteira.

O Ritual Chhaupadi no Contexto de Acordos Internacionais Sobre Direitos Humanos e Direitos Reprodutivos


O artigo 25 da "Declaração Universal dos Direitos Humanos" declara que "toda pessoa tem o direito de viver uma vida normal com assistência médica, segurança, alimentação, vestuário, moradia e serviços sociais necessários".

Na "Declaração e Plataforma de Ação da IV Conferência Mundial Sobre a Mulher: Igualdade, Desenvolvimento e Paz", que foi um encontro organizado pelas Nações Unidas entre 4 de setembro e 15 de setembro de 1995 em Pequim, China, onde participaram 189 governos e mais de 5.000 representantes de 2.100 ONGs, ficou entendido que "os direitos humanos das mulheres e meninas são parte inalienável, integral e indivisível de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais".

O artigo 25 da "Declaração Universal dos Direitos Humanos" declara que "toda pessoa tem o direito de viver uma vida normal com assistência médica, segurança, alimentação, vestuário, moradia e serviços sociais necessários".
O parágrafo 35, da "Declaração e Programa de Ação de Viena", resultante de uma conferência mundial sobre direitos humanos realizada em 1993, clama pela "erradicação de qualquer conflito que possa surgir entre os direitos das mulheres e os efeitos nocivos de certas práticas tradicionais ou consuetudinárias, preconceitos culturais e extremismo religioso".

Uma vez que o ritual Chhaupadi, como prática tradicional, viola os direitos das mulheres como seres humanos e como membros de um grupo etário reprodutivo, não é difícil notar, que a prática é um caso gritante da violação direta de todas essas leis e declarações internacionais.

O Ritual Chhaupadi no Contexto das Legislações Nacionais que Abordam os Direitos Humanos


A constituição interina do Nepal de 2007 garantiu o direito à igualdade em seu artigo 12 e ao direito à saúde reprodutiva em seu artigo 20. Em particular, o artigo 29 menciona que "ninguém deve ser explorado em nome de qualquer costume, tradição e uso ou de qualquer outra maneira". De forma mais incisiva, em maio de 2005, o Supremo Tribunal do Nepal já havia emitido uma diretiva ao governo do país para a formulação de leis para eliminar o ritual Chhaupadi. Em 2008, o Ministério da Mulher, da Criança e do Bem-Estar Social promulgou diretrizes para tentar eliminar o ritual.

A constituição interina do Nepal de 2007 garantiu o direito à igualdade em seu artigo 12 e ao direito à saúde reprodutiva em seu artigo 20. Em particular, o artigo 29 menciona que "ninguém deve ser explorado em nome de qualquer costume, tradição e uso ou de qualquer outra maneira".
Embora seja uma prática ilegal perante a lei nepalesa, e uma clara violação das leis e acordos internacionais, o ritual Chhaupadi é uma tradição que ainda permanece forte e viva em diversas partes do Nepal, principalmente porque foi promovida e preservada pela sociedade nepalesa por gerações. Como tal, o Chhaupadi dá origem a diversas preocupações legais e éticas. Essas preocupações éticas serão discutidas a seguir no contexto do liberalismo e do comunitarismo.

O Liberalismo e o Chhaupadi: Uma Questão de Liberdade Pessoal


O liberalismo é um ramo da filosofia ou ideologia, que propõe que os indivíduos precisam ser tratados com respeito, para si mesmos, não como meios para os fins de outros indivíduos. Os liberais têm a ideia de que, uma vez que os seres humanos são capazes de desenvolver e implementar suas decisões sobre como viver, eles têm o direito de fazê-lo. No geral, pode-se dizer que o liberalismo tem seu foco no bem-estar individual e nos direitos individuais. No sentido político amplo, refere-se ao controle mínimo do governo sobre as atividades individuais, que se acredita serem empreendidas por indivíduos guiados por sua racionalidade inerente à superação de obstáculos em relação a uma vida de qualidade. Essa mesma "ideia"é discutida em virtude do ritual Chhaupadi, em relação ao controle social sobre a liberdade das mulheres. Mulheres que moram na região Centro-Oeste e extremo Oeste do Nepal, que são forçadas ao banimento perante o Chhaupadi, ainda assim são consideradas pessoas racionais, que deveriam ser capazes de ter plena liberdade de ir atrás de seus interesses particulares, e continuar normalmente com suas vidas diárias.

Mulheres que moram na região Centro-Oeste e extremo Oeste do Nepal, que são forçadas ao banimento perante o Chhaupadi, ainda assim são consideradas pessoas racionais, que deveriam ser capazes de ter plena liberdade de ir atrás de seus interesses particulares, e continuar normalmente com suas vidas diárias.
Do ponto de vista liberalista, poderia ser argumentado, que é uma questão de escolha individual e liberdade das mulheres em todos os lares do Nepal sobre como administrar suas vidas diárias, estejam elas menstruadas ou não. Decidir entrar na cozinha de sua própria casa, assim como em qualquer outro dia; de passar a noite em sua própria cama aconchegante, assim como em qualquer outra noite ou mostrar sua veneração a sua divindade de sua preferência, visitando o templo de sua escolha, assim como em qualquer outra ocasião deveria ser uma questão de escolha pessoal. O mesmo deveria ser aplicado a ter acesso a uma dieta nutritiva e ir à escola, por exemplo. Nenhuma dessas atividades diárias deveria ser influenciada por nenhuma norma social pré-definida, que tentasse governar prescritivamente as maneiras pelas quais as mulheres devem viver suas vidas diárias, de tal maneira que as mesmas sejam tratadas como meios para os fins de crenças comunitárias supersticiosas.

O Comunitarismo e o Ritual Chhaupadi: A Perspectiva da Comunidade


O comunitarismo é um ramo da filosofia, que se concentra na noção de comunidade e enfatiza a ideia de priorizar as metas da comunidade sobre as dos indivíduos. Como tal, seus princípios estão em desacordo direto com as ideias do liberalismo e do libertarianismo, ambos enfatizando os direitos individuais e a escolha pessoal em detrimento das obrigações e expectativas da comunidade. Essa linha de pensamento é dividida em dois tipos: o comunitarismo universalista e o relativismo.

O comunitarismo universalista baseia-se na ideia de que existe uma única forma verdadeira de boa sociedade e suas virtudes associadas. Portanto, seus proponentes acreditam que todas as sociedades devem adotar e seguir um modo pré-definido de pensar e viver, que foi endossado por eles como virtuoso. Por outro lado, o comunitarismo relativista vê a moralidade e a virtude de uma sociedade como inerentemente contextual para a busca do bem comum.

O comunitarismo universalista baseia-se na ideia de que existe uma única forma verdadeira de boa sociedade e suas virtudes associadas. Portanto, seus proponentes acreditam que todas as sociedades devem adotar e seguir um modo pré-definido de pensar e viver, que foi endossado por eles como virtuoso. Por outro lado, o comunitarismo relativista vê a moralidade e a virtude de uma sociedade como inerentemente contextual para a busca do bem comum.
Nas comunidades onde o ritual Chhaupadi é uma prática bem aceita entre os idosos, maridos, sogras, curandeiros tradicionais e sacerdotes (que têm profunda influência na comunidade) e, em muitos casos, das próprias mulheres praticantes, a continuidade dessa prática para eles é uma maneira de preservar uma tradição que existe há muito tempo com foco na pureza, visando satisfazer as veneráveis ​​divindades, que acreditam que cuidam da comunidade. Aqueles que apoiam esta prática como justificável, independentemente de ser ou não uma boa prática do ponto de vista de um observador externo, o fazem com base no fato de que ela é feita com o propósito de um bem comum geral das mulheres, famílias e comunidade como um todo. Acreditam que ao deixar as mulheres morarem dentro da residência familiar, em vez do "abrigo" isolado, permitindo que entrem nas cozinhas ou templos, enfurecerá os deuses e que a ira dos mesmos poderia infligir sérias consequências à família e a toda a comunidade.

Isso poderia ser facilmente interpretado como um caso de um argumento sem nenhuma base, que suprime as mulheres do ponto de vista do liberalismo, por exemplo, ou de uma tradição social forçada do ponto de vista do comunitarismo universalista. Por outro lado, do ponto de vista dos membros da comunidade, também poderia ser entendido como a crença das pessoas na tradição existente e sua crença na ideia de moralidade contextual e virtude dentro de uma sociedade. Eles poderiam, ao mesmo tempo, argumentar e perguntar: "Qual seria o mal que alguém estaria fazendo ao tentar proteger toda a comunidade (o bem comum) das consequências da não fidelidade às restrições a serem observadas durante a menstruação?"

Nas comunidades onde o ritual Chhaupadi é uma prática bem aceita entre os idosos, maridos, sogras, curandeiros tradicionais e sacerdotes (que têm profunda influência na comunidade) e, em muitos casos, das próprias mulheres praticantes, a continuidade dessa prática para eles é uma maneira de preservar uma tradição que existe há muito tempo com foco na pureza, visando satisfazer as veneráveis ​​divindades, que acreditam que cuidam da comunidade.
A avaliação feita por alguém de fora, baseada nos princípios do comunitarismo universalista, poderia fazer com que o ritual Chhaupadi fosse visto como uma prática supersticiosa e infundada como resultado do analfabetismo, da ignorância e do atraso geral daqueles que usam mulheres impotentes como bodes expiatórios. Por outro lado, aqueles que o praticam podem acreditar que o não cumprimento dessa "tradição" resultaria no sofrimento e danos à comunidade, algo que seria contra a sua ideia relativista de bem comum.

O Ritual Chhaupadi Como Uma Questão de Saúde Pública: Algo Muito Além do Debate Filosófico


Todo esse debate "filosófico" nos leva a um ponto em que podemos querer nos alinhar com um lado do argumento sobre quais objetivos e prioridades devem vir primeiro: aqueles da comunidade que tem um conjunto de crenças sobre essa questão ou das mulheres que são afetadas por esta prática, que se torna uma questão de opressão e alienação de suas liberdades individuais. Porém, quando o ritual Chhaupadi é visto como um problema de saúde pública, uma questão que envolve diretamente a saúde (sendo também uma questão de vida ou morte em muitos casos) de milhares de mulheres indefesas em algumas das partes mais pobres e mais remotas do mundo, o mesmo acaba sendo estendido além de um argumento meramente filosófico da centralidade dos objetivos da comunidade versus a liberdade individual.

Os efeitos sobre a saúde das mulheres resultantes desta prática são múltiplos. As mulheres isoladas correm um alto risco de sofrer de hipotermia durante o inverno, além de desidratação, levando à insolação, durante o verão. A falta de água corrente nesses "abrigos" leva a uma falta de higiene e infecção subsequente. O isolamento de mulheres menstruadas por um período prolongado de tempo sem que ninguém fale ou compartilhe seus sentimentos pode ser uma razão por trás do medo e da depressão a longo prazo. Um período prolongado de isolamento após o parto é algo extremamente sério nas regiões onde a taxa de mortalidade materna e as taxas de mortalidade neonatal são relativamente muito altas. Também é importante notar que a infecção e a hipotermia são os principais fatores responsáveis pela morte de recém-nascidos no Nepal. Além da má nutrição, o risco de ataque de animais, picadas de cobra e tentativas de estupro tornam muito difícil a mulher passar pelas provas de reclusão infligidas pelo ritual Chhaupadi.

Os efeitos sobre a saúde das mulheres resultantes desta prática são múltiplos. As mulheres isoladas correm um alto risco de sofrer de hipotermia durante o inverno, além de desidratação, levando à insolação, durante o verão. A falta de água corrente nesses "abrigos" leva a uma falta de higiene e infecção subsequente. O isolamento de mulheres menstruadas por um período prolongado de tempo sem que ninguém fale ou compartilhe seus sentimentos pode ser uma razão por trás do medo e da depressão a longo prazo.
Portanto, do ponto de vista da saúde pública, há diversos argumentos, que podem ser apresentados sobre a razão pela qual essa é uma prática prejudicial, e que destrói a saúde e o bem-estar de meninas e mulheres (e em muitos casos dos recém-nascidos), se tornando um claro motivo para a abolição completa da prática, que teoricamente é proibida por lei, mas que continua a existir devido as fortes crenças comunitárias e tradições profundas, além do medo de boicote da comunidade no caso de qualquer família tentar ignorar a prática.

A Realidade do Ritual Chhaupadi: Um Ato Desumano em Nome de uma Crença Infundada


Acredito que muitos possam ter estranhado o formato do texto acima. Tudo o que vocês acompanharam até agora partiu de um artigo publicado por Arja R Aro, professora de saúde pública, e Shanti Kadariya pesquisadora assistente, ambas da Universidade do Sul da Dinamarca (SDU), em junho de 2015, no periódico científico "Medicolegal and Bioethics". Porém, a partir de agora vou mostrar a vocês a realidade apresentada pela mídia internacional. Se já estava difícil acreditar que algo assim esteja acontecendo nesse exato momento no Nepal, a situação irá piorar drasticamente.

Em agosto de 2014, o site da revista "Times" publicou um rápido artigo intitulado "The 'Untouchables': The Tradition of Chhaupadi in Nepal" (As 'Intocáveis': A Tradição do Chhaupadi no Nepal", em português). O texto inicialmente tentou definir a palavra "tradição" dizendo que a mesma era amplamente definida como uma crença ou costume, que é passado entre gerações. Pode ser algo cultural, religioso ou algo totalmente "diferente". Pode ser exaltado, celebrado e adaptado ao longo do tempo ou pode ser visto como ultrapassado, incompreensível e imposto a pessoas que, naturalmente, não participariam. Pode gerar tristeza e culpa, medo ou até mesmo infligir dor. Em muitos casos, pode ser ou fazer todas essas coisas ao mesmo tempo. Em algumas partes do Nepal, isso se chama "Chhaupadi", onde meninas e mulheres são obrigadas a morar em "abrigos" improvisados, enquanto estão menstruadas, com base no raciocínio supersticioso e uma tradição ligada ao Hinduísmo, de que seu sangue é considerado impuro. Conforme sabemos, a Suprema Corte do Nepal considerou a prática ilegal em 2005, mas a decisão não havia chegado aos distritos de Surkhet e Achham, no extremo Oeste do país, que só pode ser acessado após uma longa caminhada.

Em agosto de 2014, o site da revista "Times" publicou um rápido artigo intitulado "The 'Untouchables': The Tradition of Chhaupadi in Nepal" (As 'Intocáveis': A Tradição do Chhaupadi no Nepal", em português).
A fotógrafa e documentarista Poulomi Basu, que na época estava radicada em Nova Déli, na Índia, testemunhou o ritual depois de se juntar a uma instituição de caridade chamada "WaterAid". Após uma viagem de dois dias a partir de Katmandu, a capital do Nepal, ela fotografou mulheres e meninas que eram submetidas ao Chhaupadi. Isso, é claro, só foi possível diante de uma mobilizadora comunitária que fez as devidas apresentações e explicou o projeto para as interessadas. Aliás, foram as fotos de Poulomi Basu, que vocês acompanharam até o presente momento.

Poulomi Basu disse que conheceu meninas e mulheres que suportavam circunstâncias únicas, ou seja, que eram proibidas de socializar, compartilhar comida e usar a principal fonte pública de água de onde moravam. Ela disse que algumas delas foram abusadas sexualmente ou sequestradas, sendo que outras morreram por asfixia ou queimadas vivas, enquanto tentavam se aquecer devido ao frio. Ela também conheceu uma garota, que morava em um "abrigo" repleto de livros, tentando estudar em um ambiente que a deixava completamente exposta. Outra estava com tanta dor, que precisava se rastejar para usar o "banheiro" do lado de fora. Quando chegou a hora de comer, sua irmã veio, e jogou a comida para ela, de longe. Em uma ocasião Poulomi Basu testemunhou um curandeiro tradicional batendo em uma garota na frente de duas dúzias de homens. Havia pouco que ela pudesse fazer. Em declaração a revista "Time", a fotógrafa disse que aquela "tradição" gerava um impacto extremamente alto na saúde física e mental das mulheres, visto que a autoestima das mesmas era completamente esmagada.

Poulomi Basu disse que conheceu meninas e mulheres que suportavam circunstâncias únicas, ou seja, que eram proibidas de socializar, compartilhar comida e usar a principal fonte pública de água de onde moravam. Ela disse que algumas delas foram abusadas sexualmente ou sequestradas, sendo que outras morreram por asfixia ou queimadas vivas, enquanto tentavam se aquecer devido ao frio.
De acordo com Poulomi, quebrar a tradição, ao menos para essas comunidades, traria má sorte. Alguns acreditam que mulheres menstruadas poderiam atrair cobras se entrassem na casa de alguém, ou enfurecer os deuses, se permitidas dentro de um templo. Segundo Poulomi, uma mulher menstruada é vista como alguém realmente "poderoso", alguém a ser "temido" e "evitado". São intocáveis. Tradições como essas não são encontradas apenas em terras remotas. Em Katmandu, durante o festival "Rishi Panchami", as mulheres costumam se banhar em esterco e urina para "lavar" e se redimir dos pecados cometidos durante a menstruação, por medo de que elas renasçam como prostitutas. Acontece da mesma forma, tanto nas cidades quanto nos vilarejos, apenas é feito de maneiras diferentes.

Poulomi Basu disse que as que as mudanças estão acontecendo lentamente graças aos programas tecnológicos e escolares. Porém, o ritual Chhaupadi está tão arraigado na vida de parte da sociedade nepalesa, que as campanhas femininas de higiene e o engajamento do governo não iriam durar muito tempo. Ela disse que um compromisso nacional para a educação em nível comunitário, ou seja, lições para meninas sobre seus direitos e lições para os meninos, para que a menstruação não seja vista como um tabu, surtiria mais efeito. Segundo ela, a mudança só pode chegar a esses lugares quando você faz as mulheres agirem sobre isso, quando as mulheres se tornam as principais propagadoras da mudança, quando elas têm o poder e a posição para serem capazes de executá-la.

No ano seguinte (2015), o site da Al Jazeera, a maior emissora de televisão jornalística do Catar e a mais importante rede de televisão do mundo árabe, publicou uma matéria interativa sobre o Chhaupadi. Inicialmente, fomos apresentados a Sabrita Bogati, 30 anos, que estava se preparando para ficar isolada por cerca de cinco dias. Confira seu depoimento através de dois vídeos que foram divulgados pela Al Jazeera, em um canal de terceiros, no YouTube (com legendas em inglês):





Sabrita Bogati disse que as mulheres não podiam se aproximar das próprias casas ou da cozinha das mesmas, usar a fonte de água disponível do local ou visitar curandeiros tradicionais, e que a entrada de mulheres não era permitida nos templos. Quando questionada se ela podia tocar em sua família e nos filhos, ela disse que podia tocar nas crianças, porém não em seus parentes. Posteriormente, ela disse que tinha que dormir no "abrigo", mesmo durante o inverno e na estação chuvosa, e que o local era muito apertado. Ela disse que batia constantemente com sua cabeça no "teto" do "abrigo, e que não conseguia esticar as pernas. Para piorar, frequentemente, ela ouvia o som de cobras rastejando ao redor do "abrigo". Sabrita Bogati morava com seu marido, seus dois filhos, duas vacas e algumas galinhas.

Entretanto, não pensem que o "abrigo"é individual, porque até cinco ou mais pessoas podem compartilhar o mesmo local. No caso de Sabrita, a sua vizinha, Madhu Bogati, também estava menstruada e compartilharia com ela o mesmo "abrigo" naquela noite.

Sabrita Bogati disse que as mulheres não podiam se aproximar das próprias casas ou da cozinha das mesmas, usar a fonte de água disponível do local ou visitar curandeiros tradicionais, e que a entrada de mulheres não era permitida nos templos. Quando questionada se ela podia tocar em sua família e nos filhos, ela disse que podia tocar nas crianças, porém não em seus parentes.
Entretanto, não pensem que o "abrigo"é individual, porque até cinco ou mais pessoas podem compartilhar o mesmo local. No caso de Sabrita, a sua vizinha, Madhu Bogati, também estava menstruada e compartilharia com ela o mesmo "abrigo" naquela noite.
Sabrita Bogati morava com seu marido, seus dois filhos, duas vacas e algumas galinhas.
Na foto acima é possível ver o tamanho do abrigo.
A matéria interativa contou com a participação de Pema Lhaki, diretora-executiva do Centro de Tratamento da Fertilidade do Nepal (NFCC) uma organização não governamental, que visa fornecer serviços de saúde reprodutiva padronizados em todo o Nepal, assim como apoiar o governo, treinando equipes de saúde necessárias para uma prestação eficaz e eficiente dos serviços. Ela vem lutando contra os tabus relacionados a menstruação há 10 anos no Nepal.

Pema Lhaki, diretora-executiva do Centro de Tratamento da Fertilidade do Nepal (NFCC) uma organização não governamental, que visa fornecer serviços de saúde reprodutiva padronizados em todo o Nepal, assim como apoiar o governo, treinando equipes de saúde necessárias para uma prestação eficaz e eficiente dos serviços. Ela vem lutando contra os tabus relacionados a menstruação há 10 anos no Nepal.
É possível ter uma noção da distância dos distritos de Achham e Doti, que foram visitados pela equipe da Al Jazeera, e as dificuldades enfrentadas para chegar até as localidades, em dois vídeos que foram apresentados, e que vocês podem conferir em um canal de terceiros, no YouTube:





A equipe visitou o vilarejo de Rikhada, no distrito de Doti. Inicialmente, os moradores estavam muito receosos e desconfiados, mas eles conseguiram conversar com um homem chamado Bahadur Nepali que, assim como a maioria dos homens na região, trabalhava na Índia. Aliás, ele aparecia apenas durante alguns poucos dias no mês para visitar a família. Ele contou, orgulhosamente, que sua esposa e suas filhas não precisavam ficar em um abrigo no lado de fora da casa. Ele tinha uma "solução diferente". Ele tinha construído uma "câmara menstrual" debaixo da casa, com cerca de 1,5 m de altura e 1 m de largura.

Ele disse que, algumas vezes, a "câmara menstrual" precisava ser compartilhada entre 3 ou 4 mulheres ao mesmo tempo, mas que ele permitia que elas levassem cobertores para se sentirem mais confortáveis.

Bahadur contou, orgulhosamente, que sua esposa e suas filhas não precisavam ficar em um abrigo no lado de fora da casa. Ele tinha uma "solução diferente". Ele tinha construído uma "câmara menstrual" debaixo da casa, com cerca de 1,5 m de altura e 1 m de largura.
Ele disse que, algumas vezes, a "câmara menstrual" precisava ser compartilhada entre 3 ou 4 mulheres ao mesmo tempo, mas que ele permitia que elas levassem cobertores para se sentirem mais confortáveis.
Aliás, ele tinha uma explicação bem simples sobre a razão pela qual tudo precisava ser daquele jeito. Confira a declaração de Bahadur no vídeo abaixo, que foi publicado em um canal de terceiros, no YouTube (com legendas em inglês):



Bahadur disse que eles mantinham as mulheres no lado de fora das casas em virtude de Deus, e que não era bom mantê-las no interior das casas enquanto estivessem sangrando. Aliás. para vocês terem uma ideia, o caminho mais curto para chegar até o vilarejo seguinte passava por uma espécie de local de oração.

Um grupo de adolescentes passou justamente no momento em que a equipe da Al Jazeera estava filmando no local. Uma delas estava menstruada, ou seja, precisou seguir por um caminho diferente, no meio do matagal, uma vez que a menina era proibida de passar pelo local sob essa condição.



No vilarejo seguinte, as mulheres não queriam falar sobre o ritual Chhaupadi, porém, após alguma hesitação, uma jovem chamada Bhaku Kumari Bista e sua mãe resolveram falar com Pema, e mostrar seus "abrigos".

No vilarejo seguinte, as mulheres não queriam falar sobre o ritual Chhaupadi, porém, após alguma hesitação, uma jovem chamada Bhaku Kumari Bista e sua mãe resolveram falar com Pema, e mostrar seus abrigos.
Durante a entrevista, Bhaku disse que tinha apenas 16 anos, e que tinha largado a escola desde os seis anos de idade. O motivo? Tinha que trabalhar em casa, juntamente com sua mãe. Ela precisava cortar capim, varrer a casa e lavar os pratos, ou seja, ajudar a mãe nas tarefas domésticas. Ao ser questionada se era difícil para sua mãe, quando ela precisava dormir no "abrigo", Bhaku respondeu que sim, e que era permitido que ela trabalhasse enquanto estava menstruada. Ela também disse que preferia dormir em casa do que no "abrigo", e quando questionada se ela achava correto a proibição de dormir em casa, Bhaku disse que não.

De qualquer forma, se ela dormisse dentro de casa, ela disse que algo ruim poderia acontecer, que cobras poderiam entrar em casa ou algo assustador poderia acontecer. Aliás, ela tinha medo que algo ruim acontecesse com sua família. Ao final, ao ser questionada se aquilo deveria mudar, Bhaku disse que sim. Pema Lhaki disse que frequentemente tinha esse tipo de conversa com meninas e mulheres do Nepal, e que elas não gostavam de serem banidas, porém, dificilmente, alguma delas protestava de alguma forma contra esse ritual.

Ao final, ao sequer questionada se aquilo deveria mudar, Bhaku disse que sim. Pema Lhaki disse que frequentemente tinha esse tipo de conversa com meninas e mulheres do Nepal, e que elas não gostavam de serem banidas, porém, dificilmente, alguma delas protestava de alguma forma contra esse ritual.
Durante a jornada, a equipe da Al Jazeera encontrou os pais de Sarmila Bhul, que era a filha mais velha do casal, e que morreu há dois anos dentro do seu "abrigo".

Durante a jornada, a equipe da Al Jazeera encontrou os pais de Samila Bhul, que era a filha mais velha do casal,
e que morreu há dois anos dentro do seu "abrigo".
Confira abaixo o depoimento da mãe de Sarmila, em um vídeo publicado por um canal de terceiros, no YouTube (com legendas em inglês):



A mãe disse elas dormiam em casa durante a menstruação, porém os demais moradores passaram a alegar que esse era o motivo pelo qual o marido havia se tornado alcoólatra, e passado a agir de forma estranha com os demais moradores. Além disso, começaram a circular inúmeros rumores. De qualquer forma, a mãe permaneceu na casa, e queria que a filha também ficasse. Porém, a jovem disse que pessoas continuariam falando cada vez mais sobre esse assunto, se ela não seguisse as regras do ritual Chhaupadi. Então, a jovem acabou dormindo do lado de fora da casa, no "abrigo". 

Na manhã seguinte, a mãe foi acordar a filha, mas ela estava deitada de bruços, com o rosto colado ao chão e não se movia. Segundo a mãe, a mesma parecia estar em paz, como se estivesse dormindo, mas não se movia. Então, a mãe virou a jovem e viu que ela tinha espuma ao redor da boca. A mãe percebeu que a filha estava morta, entrou em estado de choque e desmaiou.

O local onde a jovem foi encontrada morta pela manhã, há dois anos atrás.
Segundo a mãe, a mesma parecia estar em paz, como se estivesse dormindo, mas não se movia. Então, a mãe virou a jovem e viu que ela tinha espuma ao redor da boca. A mãe percebeu que a filha estava morta, entrou em estado de choque e desmaiou.
Ninguém sabe até hoje o que aconteceu na noite em que Sarmila morreu, nunca houve uma autópsia. Os pais acreditam que a jovem sufocou. As noites costumavam ser bem frias, na época que Sarmila morreu, e essa tinha sido uma das razões que ela tinha fechado bem o abrigo, deixando apenas um pequeno espaço para a respiração. O pai da menina, Yagyaraj Bhul, mostrou a equipe da Al Jazeera o "abrigo" que ficava localizado debaixo da casa. Aliás, eles não conseguiram mais permanecer no local depois do incidente. O casal ainda possui mais seis filhas, sim, todas são meninas. Porém, Yagyaraj Bhul prometeu que nunca mais nenhuma delas ficará isolada novamente.

De qualquer forma, o caso de Sarmila não era uma "exceção infeliz". Os jornais locais frequentemente relatavam incidentes envolvendo o Chhaupadi. Mulheres que congelavam até a morte, eram mordidas por cobras ou então estupradas em seus "abrigos", as principais razões pela qual o ritual foi proibido por lei, em 2005. Contudo, apesar de alguns vilarejos terem se livrado do ritual Chhaupadi, a tradição, conforme podemos notar ainda é muito forte em determinas regiões. Muitas vezes, apesar de diversos abrigos serem destruídos, os mesmos são reconstruídos ou acontece algo ainda pior, quando as mulheres são obrigadas a dormir no meio do campo, completamente desprotegidas.

De qualquer forma, o caso de Sarmila não é uma "exceção infeliz". Os jornais locais frequentemente relatam incidentes envolvendo o Chhaupadi. Mulheres que congelam até a morte, são mordidas por cobras ou então estupradas em seus "abrigos", as principais razões pela qual o ritual foi proibido por lei, em 2005.
Segundo Pema Lhaki, quando ela fala com as meninas e as mulheres nepalesas, rapidamente ela percebe que a principal razão atribuída aos seus medos é a falta de conhecimento sobre seus corpos. É exatamente isso que Pema quer mudar. Homens e mulheres precisam entender o que acontece no corpo de uma mulher menstruada, a razão pela qual elas sangram. A ideia é que, uma vez que eles compreendam que não existe nada sobrenatural ou ameaçador acontecendo, as mulheres comecem a questionar por elas mesmas: Por que tenho que dormir em um "abrigo"? Por que sou considerada intocável? Por que não posso entrar na cozinha da minha casa? E, acima de tudo, por que alguma coisa ruim irá acontecer se as mulheres não obedecerem a essas regras?

Ao mesmo tempo, as mulheres também precisam aprender mais sobre a higiene menstrual e como lidar com seus respectivos períodos. A maioria delas utiliza pedaços de pano. Pema introduziu absorventes reutilizáveis, além de coletores menstruais em diversas comunidades. Ela estima que ainda irá ser necessário uma ou duas décadas para que o ritual Chhaupadi não seja mais praticado no Nepal.

Segundo Pema Lhaki, quando ela fala com as meninas e as mulheres nepalesas, rapidamente ela percebe que a principal razão atribuída aos seus medos é a falta de conhecimento sobre seus corpos. É exatamente isso que Pema quer mudar. Homens e mulheres precisam entender o que acontece no corpo de uma mulher menstruada, a razão pela qual elas sangram.
Pema introduziu absorventes reutilizáveis, além de coletores menstruais em diversas comunidades. Ela estima que ainda irá ser necessário uma ou duas décadas para que o ritual Chhaupadi não seja mais praticado no Nepal.
Alguém lembra da Sabrita Bogati a primeira personagem citada na matéria interativa? Pois bem, a equipe da Al Jazeera acompanhou a saga de Sabrita até o quinto e último dia de seu isolamento mensal. Na manhã do quinto dia, ela precisava passar por um "ritual de purificação". Inicialmente, ela tomou banho de balde em uma torneira local e lavou suas roupas.



De acordo com a tradição, uma virgem solteira precisa coletar urina de uma das vacas de Sabrita. Naquele dia, essa função foi desempenhada por uma vizinha chamada Uttara Bogati. De acordo com a tradição Hindu a vaca é sagrada e supostamente purificaria Sabrita, porém ela precisava beber a urina.



Então, a virgem solteira abençoou a casa de Sabrita, assim como suas roupas recém-lavadas.





Após todo esse processo, foi permitido que Sabrita entrasse novamente em casa. Ela finalmente conseguiu voltar a cozinhar para si mesma e para sua família pela primeira vez após cinco dias, quer dizer, ao menos até sua próxima menstruação.

Após todo esse processo, foi permitido que Sabrita entrasse novamente em casa. Ela finalmente conseguiu voltar a cozinhar para si mesma e para sua família pela primeira vez após cinco dias, quer dizer, ao menos até sua próxima menstruação.
Curiosamente, as filmagens foram realizadas algumas semanas antes dos devastadores terremotos no Nepal. Devido a grande distância do epicentro dos terremotos, os vilarejos retratados foram poupados e não houve vítimas ou feridos. Contudo, a situação dessas regiões em relação ao Chhaupadi permanece a mesma. Pema Lhaki e sua equipe da NFCC continuando lutando pelo fim desse medonho ritual.

As Declarações de um Curandeiro Local Sobre o Ritual Chhaupadi e Novos Depoimentos de Mulheres que Passam Mensalmente por Esse Doloroso e Vexatório Ritual


Em 2016, o britânico "The Guardian" também publicou um artigo sobre o ritual Chhaupadi, e acrescentou maiores informações sobre o mesmo. Logo no início do texto fomos apresentados a adolescente Safalta Rokaya, então com 16 anos, que por cinco dias consecutivos, todo mês, deixava o relativo conforto de sua cama para morar em um "abrigo" de pedra, entre as vacas que a família possuía. O local era congelante no inverno e sufocante no verão, além de estar repleto de feno, sujeira, insetos e esterco.

Ela disse que ficou apavorada em relação a contar para seus pais sobre a primeira vez que menstruou. Segundo ela, isso significava que ela permaneceria no estábulo, e não sabia se conseguiria fazer isso. Ela disse que se sentia horrível no local e que desejava não ter menstruado uma única vez. Como sabemos, Salfata é apenas uma entre milhares de meninas e mulheres, que são submetidas ao Chhaupadi, que não é praticado apenas no Nepal, mas em algumas regiões da Índia e de Bangladesh.

Logo no início do texto fomos apresentados a adolescente Safalta Rokaya, então com 16 anos, que por cinco dias consecutivos, todo mês, deixava o relativo conforto de sua cama para morar em um "abrigo" de pedra, entre as vacas que a família possuía. O local era congelante no inverno e sufocante no verão, além de estar repleto de feno, sujeira, insetos e esterco.
"Se ficarmos em casa, ficaremos doentes, uma vez que nossas deidades não aprovam. Não queremos viver assim, mas nossos deuses não vão tolerar isso de outra forma", explicou Gita Rokaya, uma moradora do vilarejo montanhoso de Sanigaun, no distrito de Jumla, o mesmo vilarejo de Salfata, diga-se de passagem.

"Se ficarmos em casa, ficaremos doentes, uma vez que nossas deidades não aprovam. Não queremos viver assim, mas nossos deuses não vão tolerar isso de outra forma", explicou Gita Rokaya, uma moradora do vilarejo montanhoso de Sanigaun, no distrito de Jumla, o mesmo vilarejo de Solfata, diga-se de passagem.
De acordo com Radha Paudel, uma ativista social a frente da organização Action Works Nepal (Awon), cerca de 95% das meninas e mulheres da região central e do extremo oeste do Nepal praticam o Chhaupadi, sendo que a maioria é banida para estábulos. No entanto, as mulheres nepalesas em todo o país, incluindo mulheres nepalesas no exterior, ainda praticam a tradição em diferentes graus.

Em Katmandu, os terrenos são muito caros, ou seja, como as pessoas poderiam ter uma vaca ou um estábulo? Porém, as mulheres ainda vivem separadas durante seus períodos menstruais, mesmo que a família alugue apenas um quarto.

De acordo com Radha Paudel (na foto), uma ativista social a frente da organização Action Works Nepal (Awon), cerca de 95% das meninas e mulheres da regiões centrais e do extremo oeste do Nepal praticam o Chhaupadi, sendo que a maioria é banida para estábulos.
Pesquisas realizadas pela Awon revelaram que 77% das meninas e mulheres se sentem humilhadas durante o período menstrual, e 2/3 relataram se sentir sozinhas e com medo ao ficar em estábulos. A ONU também descreve relatos de diarreia, pneumonia e doenças respiratórias; perigo de ataque de cobras, animais selvagens e homens bêbados; incidentes de abuso e estupro; e altas taxas de mortalidade infantil e materna, uma vez que a mãe e bebê são banidos para o "abrigo" após o nascimento de uma criança.

Uma mulher chamada Laxmi Raut contou como ela e sua filha recém-nascida suportaram temperaturas congelantes em um estábulo após o parto. A filha sobreviveu até o 18º dia de vida, e acabou morrendo após pegar uma simples gripe. Depois de perder sua filha, Raut disse que sua opinião sobre Chhaupadi mudou. Ela acreditava que as mulheres deviam ficar em suas próprias casas em vez de serem banidas. Segundo Radha Paudel, definir a menstruação como intrinsecamente "impura" e reforçar as restrições sobre o que as mulheres podem comer, onde podem ir e com quem podem interagir claramente equivale a discriminação baseada em gênero. Apesar da proibição por parte do governo, ainda não havia uma política governamental para erradicar Chhaupadi, nem qualquer imposição (penas ou multas) sobre a proibição, mesmo após 11 anos desde a tal proibição. Ainda segundo Radha, o governo não considerava o problema como sendo uma questão de construção da paz, direitos humanos, capacitação ou desenvolvimento.

Uma mulher chamada Laxmi Raut como ela e sua filha recém-nascida suportaram temperaturas congelantes em um estábulo após o parto. A filha sobreviveu até o 18º dia de vida, e acabou morrendo após pegar uma simples gripe. Depois de perder sua filha, Raut disse que sua opinião sobre Chhaupadi mudou. Ela acreditava que as mulheres devem ficar em suas próprias casas em vez de serem banidas.
De acordo com Sandhya Chaulagain, da organização WaterAid Nepal, que trabalha com parceiros locais para erradicar a prática do ritual Chhaupadi, mudar uma tradição de longa data, que é apoiada por familiares e anciãos das comunidades, e aparentemente sancionada pela religião das pessoas, é extremamente complicado. Ela disse que o principal foco era na juventude, porque eles seriam os propagadores da mudança e os futuros anciões de suas comunidades.

Estranhamente, no corpo da matéria do "The Guardian" não foram publicados os depoimentos completos das mulheres, e muito menos de um curandeiro tradicional e de um familiar do sexo masculino de uma das mulheres citadas. Vocês podem conferir a matéria, em vídeo, através de um canal de terceiros, no YouTube (com legendas em inglês, mas irei comentar a seguir):



Confira abaixo, em detalhes, o que cada pessoa envolvida nessa matéria mencionou para a imprensa.

Gita Rokaya


Além do que foi mencionado, Gita Rokaya questionou qual pessoa gostaria de permanecer em um lugar tão sujo quanto aquele que estava. O local era frio, as roupas ficavam constantemente sujas, e que obviamente ela queria estar em casa naquele momento. Ela disse que o local tinha um mau cheiro muito forte, e que ela não tinha apetite e mal conseguia comer no interior do "abrigo". Gita não queria viver daquela forma, mas os seus deuses não iriam tolerar que aquilo fosse feito de outra maneira.

Além do que foi mencionado, Gita Rokaya questionou qual pessoa gostaria de permanecer em um lugar tão sujo quanto aquele que estava. O local era frio, as roupas ficavam constantemente sujas, e que obviamente ela queria estar em casa naquele momento. Ela disse que o local tinha um mau cheiro muito forte, e que ela não tinha apetite e mal conseguia comer no interior do "abrigo".
Gita também disse que seu marido apreciava a ideia de que ela não ficasse no "abrigo", mas que ela não tinha o que fazer. Devido a insistência do marido, ela permaneceu em casa, quando teve seu filho e, como consequência, Gita disse que ficou doente por quatro anos, ou seja, por desobedecer aos deuses. Essa teria sido a razão pela qual ela teria voltado a ficar mensalmente em seu "abrigo". Gita esperava que aquela situação em relação as deidades mudasse, para que sua filha não tivesse que ficar por dias, mensalmente, dentro do "abrigo".

Safalta Rokaya


Além do que foi mencionado, Safalta Rokaya disse que se sentia horrível no interior do estábulo, que servia de "abrigo", e que o local cheirava a esterco. Isso sem contar os animais que a pisoteavam. Ela também reclamou da quantidade de insetos, e que elas ficavam doentes por conta disso. A sujeira e o feno impregnavam em seu corpo.

Além do que foi mencionado, Safalta Rokaya disse que se sentia horrível no interior do estábulo, que servia de "abrigo", e que o local cheirava a esterco. Isso sem contar os animais que a pisoteavam. Ela também reclamou da quantidade de insetos, e que elas ficavam doentes por conta disso. A sujeira e o feno impregnavam em seu corpo.
Para piorar, quando a noite caía, homens começavam a assediá-la. Safalta disse que homens se aproximavam do "abrigo", mas que ainda não tinham feito nada com ela, porque seus pais batiam nesses homens, e eles saíam correndo. Após sua primeira experiência no estábulo, ela desejava nunca ter menstruado na vida.

Laxmi Raut


Além do que foi mencionado, Laxmi Raut disse que era muito frio no estábulo, e que rapidamente elas (as mulheres de modo geral) ficavam resfriadas e com constantes dores pelo corpo.

Além do que foi mencionado, Laxmi Raut disse que era muito frio no estábulo, e que rapidamente elas (as mulheres de modo geral) ficavam resfriadas e com constantes dores pelo corpo.
Laxmi estava convicta de que as mulheres deveriam ficar em casa, e que não deveriam viver naquelas condições, muito embora não tivesse forças para mudar a própria situação em que vivia.

Ramal Rokaya


As declarações de Ramal, marido de Gita Rokaya, não figuraram no corpo do texto da matéria publicada no site do britânico "The Guardian". Ramal disse que sua experiência em viver no "andar de cima" e sua esposa no "andar de baixo" não era agradável. Ele disse que o local era muito sujo, e que existia o perigo de diversas bactérias contaminarem o seu corpo, razão pela qual ele não gostava dessa prática.

Ramal disse que sua experiência em viver no "andar de cima" e sua esposa no "andar de baixo" não era agradável. Ele disse que o local era muito sujo, e existe o perigo de diversas bactérias contaminarem o seu corpo, razão pela qual ele não gostava dessa prática.
Entretanto, devido a cultura e as tradições da sociedade em que viviam, eles eram forçados a fazer isso. Mesmo quando ele tentou manter a esposa em casa, no passado, ele foi forçado a se submeter a vontade da sociedade e permitir que ela realizasse o ritual Chhaupadi. Ramal também disse que não queria que sua filha praticasse o Chhaupadi, algo que ele definiu como não sendo humano, e que esperava que a menina não tivesse que fazer aquilo.

Dhami Jhakari


As declarações do sorridente e alegre Dhami Jhakari, autointutilado como xamã e curandeiro tradicional, também não figuraram no corpo do texto da matéria publicada no site do britânico "The Guardian". Inicialmente, Dhami disse que não diria que os deuses iriam possuir as mulheres, se elas não permanecessem dentro de seus "abrigos", mas que se elas fossem até a cozinha de suas casas antes que o período menstrual terminasse, elas seriam possuídas. Sorrindo e feliz diante das câmeras, ele disse que, se elas ficassem em um "cômodo" separado, elas não seriam possuídas.

Inicialmente, Dhami disse que não diria que os deuses iriam possuir as mulheres, se elas não permanecessem dentro de seus "abrigos", mas que se elas fossem até a cozinha de suas casas antes que o período menstrual terminasse, elas seriam possuídas. Sorrindo e feliz diante das câmeras, ele disse se elas ficassem em um "cômodo" separado, elas não seriam possuídas.
Segundo Dhami, os "deuses cristãos" não se importavam se uma mulher estava ou não menstruada, ou até mesmo que estivessem impuras, mas que os deuses hindus se importavam. Em relação a ida de homens até os abrigos, Dhami disse que eles iam apenas para conversar e flertar com as meninas e mulheres, algo que acabava resultando em possibilidades de casamento.

Aliás, novamente sorridente, Dhami disse que as mulheres queriam permanecer nos "abrigos" na esperança de se casarem, e que elas não se sentiam mal. Na verdade, segundo Dhami, quanto mais elas permaneciam no abrigo, mas felizes elas eram. Aliás, essa última declaração o fez soltar uma longa risada. 

Aliás, novamente sorridente, Dhami disse que as mulheres queriam permanecer nos "abrigos" na esperança de se casarem, e que elas não se sentiam mal. Na verdade, segundo Dhami, quanto mais elas permaneciam no abrigo, mas felizes elas eram. Aliás, essa última declaração o fez soltar uma longa risada.
Posteriormente, o "xamã" disse acreditar que, quando uma mulher está menstruada, a mesma deve morar em um "cômodo" separado, no qual possam mantê-lo limpo. Então, eles não se importavam em fazer com que as mulheres morassem isoladas, em um lugar onde pudessem comer, sangrar e manter limpo. Porém, caso fizessem alguma "bagunça", como curandeiro tradicional e xamã, ele precisava "repreendê-las com veemência", e elas acabavam ficando chateadas."

Ao final, Dhami disse que o ritual Chhaupadi não podia ser abolido, e que isso era algo impossível de acontecer. Ele também disse que as pessoas deveriam ser comprometidas, e que deveria haver "cômodos" separados.

Ao final, Dhami disse que o ritual Chhaupadi não podia ser abolido, e que isso era algo impossível de acontecer. Ele também disse que as pessoas deveriam ser comprometidas, e que deveria haver "cômodos" separados.
Não sei quanto a vocês, mas é necessário, no mínimo, respirar muito fundo após as declarações de Dhami Jhakari. Enfim, vamos continuar nossa jornada sobre o ritual Chhaupadi.

O Depoimento de uma Jornalista e Ativista que Já Passou pelo Ritual Chhaupai, no Nepal, e a Situação de uma Adolescente que Permanece Sob as Regras do Ritual Chhaupadi


Em janeiro do ano passado, o "The Guardian" voltou a comentar sobre o ritual Chhaupadi, dessa vez ao apresentar o depoimento de uma jornalista e ativista chamada Pragya Lamsal. Ela disse que, quando tinha 13 anos, teve sua primeira menstruação. Inicialmente, devido a sua pouca experiência, Pragya pensou que fosse disenteria. Quando ela foi falar com sua mãe sobre o que estava acontecendo, a mãe enrolou diversos pedaços de pano em sua mão e disse: "nani ta nachune bhais". Traduzindo, "minha filha, você se tornou intocável" (você está menstruada). Imediatamente, a mãe a levou para dentro do quarto do irmão, sendo que tudo era escuro e assustador. Posteriormente, veio a lista de restrições, que incluía: ficar longe da cozinha, das áreas de orações, do pai, e dos demais parentes. Pragya teve que ficar sozinha no quarto do irmão por cerca de uma semana. No entanto, o que mais a machucou é que ela não podia ver seu pai ou qualquer membro masculino de sua família durante aqueles dias.

Pragya disse que perguntou por diversas vezes para a mãe sobre a razão pela qual ela não podia sair do quarto, mas ela permaneceu em silêncio. Pragya apenas sentia uma sensação incapacitante percorrendo seu corpo inteiro, e que o sangue avermelhado era um pecado. O mesmo sangue avermelhado que lhe representava como mulher. Em um acesso de raiva, ela entrou na cozinha e tocou em tudo o que a mãe disse para não tocar. De qualquer forma, na segunda vez que ela menstruou, Pragya manteve isso em segredo. Era apenas mais um dia normal para ela. Ela acordou, foi até a cozinha, e fez o que quis. Então, quando todos acabaram descobrindo que ela estava menstruada e tocando em tudo pela casa, logo a situação se transformou em um debate acalorado. Porém, Pragya teve sorte, uma vez que seu pai tinha uma mente aberta e progressista, e a apoiou em sua mudança de comportamento. O mesmo não é possível dizer em relação a milhares de mulheres em situação semelhante a de Pragya.

Ela disse que, quando tinha 13 anos, teve sua primeira menstruação. Inicialmente, devido a sua pouca experiência, Pragya pensou que fosse disenteria. Quando ela foi falar com sua mãe sobre o que estava acontecendo, a mãe enrolou diversos pedaços de pano em sua mão e disse: "nani ta nachune bhais". Traduzindo, "minha filha, você se tornou intocável" (você está menstruada).
A jornalista ainda apontou para duas mortes de jovens mulheres no Nepal devido ao ritual Chhaupadi, no distrito de Achham, em menos de um mês. No dia 18 de novembro de 2016, Dambara Upadhyay, 21 anos, do vilarejo de Timilsen, havia sido encontrada morta no "abrigo", enquanto Roshani Tiruwa, de apenas 15 anos, moradora de Gajra, morreu em 17 de dezembro daquele mesmo ano. Elas não foram as primeiras e, infelizmente, com certeza, não serão as últimas. Os números exatos não são conhecidos, mas acredita-se que dezenas de mulheres morram todos os anos em nome de uma tradição, como se as mulheres menstruadas não merecessem os direitos humanos básicos.

Em maio do ano passado, Pragya Lamsal contou a história de uma adolescente nepalesa de apenas 17 anos, chamada Kalpana Majhi, para o britânico "The Independent". Kalpana morava em Kuine, um pequeno vilarejo em Tatopani, na região Centro-Oeste do Nepal. O vilarejo ainda praticava o Chhaupadi. Kalpana tinha 16 anos, quando menstruou pela primeira vez, e se lembrava do exato momento em que tudo aconteceu. Ela disse que estava indo em direção a casa de sua irmã, quando sentiu o sangue escorrendo pelo seu corpo. Ela lembrou que, assim que chegou em casa, pediu à irmã um pedaço de pano. Ela disse que sentiu vergonha de admitir ao seu próprio pai, que estava menstruada. Foi sua mãe e sua irmã, que avisaram ao pai da condição da adolescente.

Em maio do ano passado, Pragya Lamsal contou a história de uma adolescente nepalesa de apenas 17 anos, chamada Kalpana Majhi, para o britânico "The Independent". Kalpana morava em Kuine, um pequeno vilarejo em Tatopani, na região Centro-Oeste do Nepal. O vilarejo ainda praticava o Chhaupadi. Kalpana tinha 16 anos, quando menstruou pela primeira vez, e se lembrava do exato momento em que tudo aconteceu.
Kalpana ficou apavorada. A sensação de ficar do lado de fora de casa, muitas vezes, a deixava triste. Ela disse que, por diversas vezes, ficou no "abrigo" com suas amigas e isso, de certa forma, tirou todos os seus medos, mas, ainda assim, ela tinha medo de cobras. Kalpana disse que sentia falta de sua casa, irmãs e de sua mãe. Apesar de estar entre amigas, ela se sentia sozinha e estranha. Aliás, ela ficava perguntando para si mesma: "Por que não posso dormir em minha própria casa?".

Tulasi Majhi, 50 anos, mãe de Kalpana, disse que elas tinham crescido ouvindo que Deus ficava zangado se uma mulher menstruada entrava na cozinha ou tocava em familiares do sexo masculino. Elas temiam tudo aquilo, que havia sido retransmitido ao longo de gerações, e que tudo de ruim aconteceria caso quebrassem as regras. Além da temência a Deus, outra razão principal para a continuidade do ritual Chhaupadi era o medo do isolamento da sociedade. Segundo Tulasi, havia o receio que os demais moradores do vilarejo parassem de frequentar sua casa, caso descontinuassem com a tradição. Ela disse que o vilarejo inteiro seguia essa tradição, e que não estavam em posição de desafiá-la. Tulasi disse que, sozinhos, não tinham como iniciar uma mudança, e que eles amavam muito as filhas. Para completar, ela disse que alguns vizinhos mantinham as filhas nos "abrigos" por cerca de sete dias, porém eles deixavam as meninas apenas por cinco dias nos "abrigos".

Apenas um exemplo de "abrigos" existentes em áreas remotas do Nepal
Kalpana disse que não conversava sobre seus períodos menstruais com familiares do sexo masculino de sua família ou seus amigos. Ela disse que as meninas nunca falavam sobre menstruação com os meninos. Porém, ela acreditava que eles tinham conhecimento sobre isso, porque os livros escolares tinham capítulos explicando sobre isso. No entanto, ainda que os livros incluíssem informações sobre a menstruação, tanto as meninas quanto os meninos não se sentiam à vontade para estudar capítulos relacionados à menstruação. Muitos cobriam o rosto e olhavam para baixo. Os adolescentes simplesmente se sentiam envergonhados.

Kalpana também disse que lavava suas próprias roupas, ou seja, não precisava ir a mercados ou centros urbanos para comprar absorventes. Porém, ela indicou, ainda que de forma velada, a razão para isso. Segundo a adolescente, ela precisava andar uma longa distância para comprar um único absorvente.

Uma Tentativa de Reprimir o Ritual Chhaupadi? O "Paliativo" Pouco Eficaz Aprovado pelo Poder Legislativo do Nepal em Agosto do Ano Passado


Em 9 de agosto do ano passado, o parlamento do Nepal aprovou uma lei criminalizando os homens e mulheres, que perpetuassem o ritual Chhaupadi. Diversos veículos de imprensa internacionais divulgaram essa nova legislação, que é bem simples de ser compreendida. Segundo a nova lei, meninas e mulheres poderão prestar queixa na polícia, se forem obrigadas a dormir nesses "abrigos" escuros e úmidos. Caso isso aconteça, qualquer pessoa (não importando ser homem ou mulher) que as obriguem a seguir o Chhaupadi serão presas por até três meses e deverão pagar uma multa de cerca de 3.000 rúpias nepalesas (algo em torno de US$ 28 dólares ou R$ 100 pela cotação atual).

Diversos veículos de imprensa, incluindo a BBC, DW e CNN, repercutiram essa nova lei, baseados puramente em agências de notícia internacionais, assim como a Associated Press. O problema, no entanto, é que a nova lei é totalmente eficaz por diversos motivos. Quem melhor apontou esses motivos foi a jornalista Subina Shrestha, em um artigo publicado no site da rede Al Jazeera. Segundo Subina, qual adolescente ou mulher irá realmente denunciar seus pais, mães, maridos ou sogros? Além disso, mesmo que elas denunciem, suas famílias pagarão as 3.000 rúpias nepalesas e ainda farão com que as mesmas durmam nos "abrigos"? Aliás, de acordo com a jornalista, a lei tinha sido aprovada tão somente após uma repercussão nas redes sociais sobre uma adolescente chamada Tulasi Shahi, 19 anos, que morreu em seu "abrigo" após uma picada de cobra. No entanto, algumas semanas antes, outra jovem morreu em circunstâncias semelhantes, mas ninguém falou absolutamente nada. Para piorar a situação, quando Tulasi morreu, alguns repórteres ficaram "chocados" com o fato de seus pais terem dito, que ainda seguiriam o ritual Chhaupadi.

Em 9 de agosto do ano passado, o parlamento do Nepal aprovou uma lei
criminalizando os homens e mulheres, que perpetuassem o ritual Chhaupadi.
Subina Shrestha disse que, muitas vezes, no extremo Oeste do Nepal, as mulheres eram tratadas de forma pior do que animais, e que conheceu mulheres, que muitas vezes viajavam até a Índia para saber o sexo do bebê. O motivo? Se fossem meninas, as mães algumas vezes preferiam abortá-las do que fazê-las passar por todo esse sofrimento. Ela também disse que conhecia meninas de apenas 14 anos, lamentando que a educação, ou seja, o acesso ao ensino delas tinha sido reduzido logo após se casarem. Ela ouviu essas meninas se descrevendo como se fossem um "fardo" para suas famílias. Porém, outros tipos de tratamentos humilhantes, assim como beber urina de vaca, não seriam criminalizados pela nova lei. E vocês querem saber a pior parte disso tudo? Essa lei, considerada ineficaz, só irá entrar em vigor em agosto ou setembro deste ano.

A CNN repercutiu a opinião de Pema Lakhi, do Centro de Tratamento da Fertilidade do Nepal (NFCC), que disse, que criminalizar validava o fato de que o governo do Nepal achava que o Chhaupadi era um crime, mas não garantia que as pessoas parassem de praticá-lo. Os ativistas há muito tempo pressionavam os legisladores por uma lei, que punissem aqueles que forçassem as mulheres a praticar Chhaupadi, um ritual enraizado em tabus hindus sobre a menstruação. Porém os ativistas acreditavam que seriam necessários mais programas de conscientização para mudar o comportamento e as mentalidades, e eles não estavam convencidos de que apenas a lei não resolveria o problema. Pema Lakhi também estava preocupada com o fato de que a criminalização faria com que as pessoas parassem de falar sobre o assunto e pudessem ser contraproducentes em relação ao trabalho que ela e outros ativistas fazem.

Os ativistas há muito tempo pressionavam os legisladores por uma lei, que punisse aqueles que forçassem as mulheres a praticar Chhaupadi, um ritual enraizado em tabus hindus sobre a menstruação. Porém os ativistas acreditavam que seriam necessários mais programas de conscientização para mudar o comportamento e as mentalidades, e eles não estavam convencidos de que apenas a lei não resolveria o problema.
Um ativista chamada Amar Sunar chegou a tentar registrar um boletim de ocorrência após a morte da jovem Tulasi Shahi, mas a polícia se recusou a registrar o caso porque não havia lei criminalizando a prática. Ele se mostrou "animado" com a nova lei, porém não estava muito otimista em relação a mudanças imediatas diante da mesmo, indicando que os "abrigos" seriam demolidos, mas as meninas e mulheres ainda seriam mandadas para algum canto escuro de seus vilarejos.

Novas Mortes e Novos Paliativos Para Tentar "Contornar" o Ritual Chhaupadi


Na primeira semana de janeiro deste ano, uma mulher nepalesa que estava dormindo em uma cabana durante o período menstrual foi encontrada morta por seus vizinhos. De acordo com a investigação preliminar, a polícia suspeitava que Gauri Bayak, 23 anos, moradora do vilarejo Turmakhad-3, no distrito de Accham, morreu devido ao "sufocamento", graças ao "abrigo" estreito e apertado, onde ela estava dormindo. Ela havia se tornado a mais recente vítima do ritual Chhaupadi. Os relatórios indicavam, que mais de 90% das mulheres nos distritos do extremo Oeste e do Centro-Oeste do Nepal seguiam o ritual Chhaupadi, fosse devido à pressão social ou de acordo com seus próprios desejos.

Um artigo publicado pela revista "The Diplomat" chegou a divulgar as declarações de Tika Kunwar, 30 anos, uma professora que ensinava seus próprios alunos a desprezar esse ritual, mas que ainda assim dormia mensalmente, por vários dias, no abrigo de seu vilarejo. Ela disse que havia 25 famílias em seu vilarejo e apenas 2 abrigos, ou seja, podemos ter uma ideia de como é a vida de Tika.

De acordo com a investigação preliminar, a polícia suspeitava que Gauri Bayak, 23 anos, moradora do vilarejo Turmakhad-3, no distrito de Accham, morreu devido ao "sufocamento", graças ao "abrigo" estreito e apertado, onde ela estava dormindo. Ela havia se tornado a mais recente vítima do ritual Chhaupadi
Recentemente, no início de março, a Australian Broadcasting Corporation (ABC), uma emissora pública de TV da Austrália comentou que coletores menstruais de silicone eram alternativas duradouras de longo prazo para absorventes, eliminando a necessidade de troca ou descarte, em relação ao ritual Chhaupadi.

Segundo uma ativista chamada Clara Garcia i Ortes, da organização "Be Artsy", que forneceu coletores menstruais gratuitos a centenas dessas mulheres e meninas no ano passado, os mesmos tiveram uma taxa de aceitação de 92%, com apenas nove meninas relatando nenhuma mudança em relação a sua experiência com o ritual Chhaupadi. Uma vez que o sangue era coletado no interior do corpo da menina, as mesmas eram consideradas "limpas".

Segundo uma ativista chamada Clara Garcia i Ortes, da "Be Artsy", que forneceu coletores menstruais gratuitos a centenas dessas mulheres e meninas no ano passado, os mesmos tiveram uma taxa de aceitação de 92%, com apenas nove meninas relatando nenhuma mudança em relação a sua experiência com o ritual Chhaupadi.
Uma vez que o sangue era coletado no interior do corpo da menina, as mesmas eram consideradas "limpas".
Entretanto, a  vice-diretora da organização "Women LEAD Nepal", Shreya Thapa, disse que os coletores menstruais eram um "band-aid" em relação a antiga crença sobre a impureza das mulheres, e que as próprias mulheres deveriam entender, em primeiro lugar, seus corpos e compreender que não são impuras por menstruarem.

A especialista em Proteção Infantil da UNICEF, Pragya Shah Karki, concordava que os coletores menstruais por si só não mudavam as atitudes que sustentavam o Chhaupadi. Ela defendia uma estratégia multifacetada, ou seja, capacitar meninas e mulheres com informações e habilidades para serem capazes de desafiar essa prática prejudicial, e trabalhar com homens e meninos, e outros membros da comunidade, assim como sacerdotes, professores e líderes políticos para educá-los sobre o efeito físico e psicossocial do Chhaupadi.

Apesar de Clara Garcia i Ortes defender o uso de coletores menstruais, e que os mesmos podem durar até 10 anos, Shreya Thapa disse que os mesmos não são compatíveis com a realidade financeira das mulheres nepalesas, visto que isso exigia um custo inicial entre US$ 25 e US$ 50 (entre R$ 80 e R$ 160), um gasto inimaginável para a maioria das mulheres nepalesas. Enfim, conforme vocês podem perceber, até mesmo as medidas sobre como combater o Chhaupadi são controversas.

Comentários Finais


Quando comecei a escrever essa matéria, imaginei que faria um comentário final gigantesco, efusivo, inflamado e repleto de frases de efeito moral. Ao chegar no final, no entanto, percebi que nada do que eu pudesse escrever aqui mudaria a vida daquelas mulheres no Nepal. Nada, absolutamente nada. Tudo o que resta a muitas dessas mulheres é a submissão e o silêncio. Fiquei imaginando qual era a sensação do(a) jornalista ao presenciar aquele "xamã" rindo, gargalhando e dizendo que as mulheres ficavam cada vez mais felizes ao passar pelo ritual Chhaupadi. Olhar e não poder fazer nada para interferir chega a ser igualmente cruel para a mente e alma de quem escreve, filma ou fotografa. Talvez seja essa a sensação que eu e vocês temos nesse momento. Uma revolta contida, um silêncio ensurdecedor e um olhar perplexo e sem rumo, em direção ao horizonte vazio. É igualmente cruel saber que leis podem piorar uma situação, que já é degradante, e que tal situação se arrasta há séculos, podendo durar mais algumas décadas apesar do trabalho de inúmeras organizações não governamentais. São casos assim que nos fazem refletir sobre nossas próprias vidas. Sobre a importância e relevância que queremos ter para nós mesmos, e se temos realmente condições de ajudar a vida de alguém. Pensei que ficaria com raiva, mas tudo o que sinto é desânimo e tristeza.

Ao longo de quase três anos que venho escrevendo neste blog, no qual sou um mero redator, já abordei inúmeros assuntos, e apesar de cada caso ser realmente um caso diferente, é impossível não ser afetado por situações como essa, mesmo estando atrás de um monitor. Poderia ficar horas escrevendo, nada iria mudar. Poderia encontrar mil palavras diferentes para descrever essa situação, nada iria mudar. Poderia entrar em contato e entrevistar dezenas de ativistas, nada iria mudar. A razão pela qual continuei escrevendo para vocês até hoje foi sempre para mantê-los informados da melhor forma possível. Aliás, da forma mais justa e honesta possível. Fazer com que saibam que casos assim acontecem e, de certa forma, tornar este blog como uma parte confiável do dia a dia de vocês em meio a uma internet cada vez mais poluída e recheada de mentiras. Acho que cumpri bem esse papel, e agradeço a todos que me acompanharam até hoje. Talvez seja esse o momento de levantar da cadeira e fazer realmente algo que possa mudar a vida de alguém. Faça isso você também. Quem sabe um dia nos encontremos por aí, em uma esquina qualquer.

Até a próxima, AssombradOs.

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://kathmandupost.ekantipur.com/news/2017-08-10/new-law-criminalises-chhaupadi-custom.html
http://time.com/3811181/chhaupadi-ritual-nepal/
http://www.abc.net.au/news/2018-03-10/chhaupadi-nepal-menstrual-cup-revolution/9531814
http://www.bbc.com/news/world-asia-40885748
http://www.dw.com/en/nepal-criminalizes-centuries-old-hindu-tradition-of-chhaupadi-for-women/a-40035024
http://www.independent.co.uk/voices/world-menstrual-hygiene-day-first-hand-account-nepal-menstrual-huts-death-confinement-a7752951.html
https://edition.cnn.com/2017/08/25/health/nepal-menstruation-huts-chhaupadi-ban/index.html
https://en.wikipedia.org/wiki/Chhaupadi
https://interactive.aljazeera.com/aje/2015/BanishedNepal/#16162
https://thediplomat.com/2018/01/nepals-deadly-chhaupadi-custom/
https://www.aljazeera.com/blogs/asia/2017/08/nepal-menstruation-banishment-start-170812092558130.html
https://www.eldiario.es/desalambre/delito-nepali-menstruacion_0_738426905.html
https://www.independent.co.uk/voices/world-menstrual-hygiene-day-first-hand-account-nepal-menstrual-huts-death-confinement-a7752951.html
https://www.researchgate.net/publication/282447220_Chhaupadi_practice_in_Nepal_-_analysis_of_ethical_aspects
https://www.theguardian.com/global-development-professionals-network/2017/jan/09/fighting-menstruation-taboo-nepal-periods
https://www.theguardian.com/global-development/2016/apr/01/nepal-bleeding-shame-menstruating-women-banished-cattle-sheds

Conheça os "Zangbetos": Um Exemplo de Alta Magia Praticada na África ou um Forte Instrumento de Controle Social?

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Por Marco Faustino

Provavelmente, essa é uma das matérias mais pedidas por vocês desde o terceiro trimestre do ano passado, quando começou a circular um determinado vídeo sobre "Zangbetos" nas redes sociais, mais precisamente através do Facebook. Quando se procura por esse termo na internet, rapidamente as pessoas se deparam com "materialização", "telecinésia", "alta magia africana", "bruxaria real" e tantas outras palavras e frases, que tentam definir ou explicar a "mágica" por trás dos grandes cones de folhas secas de palmeira-ráfia girarem "sozinhos", como se espíritos entrassem dentro das armações e promovessem um verdadeiro espetáculo, tanto para moradores locais quanto para turistas. Além disso, muitas dessas estruturas também deixam os mais variados "presentes" no chão durante suas "apresentações", embora muitos desses presentes sejam claramente "mecanizados". Em alguns vídeos é possível ver, por exemplo, uma estrutura vazia sendo montada na frente de todos e, pouco tempo depois, a mesma começa a girar enlouquecidamente. Assim como acontece com todo bom truque de mágica, a maioria das pessoas fica impressionada com o que vê. Se adicionarmos o estereótipo perpetuado ao longo dos séculos, e que muitos ainda têm enraizado, embora seja incorreto e preconceituoso, de que os africanos são povos "atrasados", que possuem inúmeros "mistérios", e cujos costumes, tradições e religiões estão impregnadas de rituais obscuros, cria-se um cenário ainda mais sombrio e aterrador, não é mesmo?

Entretanto, de antemão, é necessário dizer para vocês, que os "Zangbetos" não são um exemplo de alta magia praticada na África, não giram sozinhos devido a supostos espíritos ancestrais, e os objetos deixados não são fruto de qualquer tipo de materialização. O objetivo principal desta matéria não é exatamente desmentir (embora seja inevitável diante da extensa pesquisa realizada) o que vem sendo propagado há muito tempo em diversos blogs na internet brasileira e mundial, mas mostrar a vocês a realidade sobre quem são os "Zangbetos", como eles provavelmente surgiram do ponto de vista histórico, a razão pela qual ainda existem, e a função que ainda exercem nas sociedades de diversos países africanos, a exemplo da Nigéria, Benim, Gana e Togo. Esse é o motivo pelo qual vale muito a pena acompanhar cada detalhe dessa "pequena" saga sobre os "Zangbetos". Uma matéria comprometida com uma informação de qualidade, confiável e segura para todos aqueles que realmente desejam aprender e conhecer um pouco mais sobre esses peculiares personagens da África Ocidental. Vamos saber mais sobre esse assunto?

Uma Rápida Introdução ao Culto a Zangbeto: Um Peculiar e Importante Componente da Cultura e da Sociedade Ogu


Evidentemente, as primeiras informações que precisamos repassar a vocês é o significado da palavra "Zangbeto", o que isso representa, e de qual cultura ou sociedade o mesmo faz parte. Pois bem, a palavra "Zangbeto" significa "Pessoa(s) da Noite", uma vez que é formado por duas outras palavras: "Zan" (Noite) e "Gbeto" (Pessoa ou Pessoas). Porém, a maior parte das fontes consultadas para realizar essa matéria aponta, que "Zangbeto" significa "Homem da Noite", uma vez que haveria o envolvimento predominante e direto de membros masculinos da sociedade Ogu por trás desse misterioso culto.

A palavra "Zangbeto" significa "Pessoa(s) da Noite", uma vez que é formado por duas outras palavras: "Zan" (Noite) e "Gbeto" (Pessoa ou Pessoas). Porém, a maior parte das fontes consultadas para realizar essa matéria aponta, que "Zangbeto" significa "Homem da Noite", uma vez que haveria o envolvimento predominante e direto de membros masculinos da sociedade Ogu por trás desse misterioso culto.
Por outro lado, em um contexto mais amplo, podemos dizer que a palavra "Zangbeto" representa atualmente uma espécie de culto religioso tradicional entre o povo Ogu, que habita diversas regiões de alguns países da África, a exemplo da Nigéria, da República do Benim, Togo, Gana e Gabão. A maior concentração de praticantes deste culto está localizada no Sudoeste da Nigéria e na República de Benim, na África Ocidental, onde o mesmo evoluiu de um nível de vigilantismo local para um mecanismo de controle social muito mais amplo, engajado no policiamento comunitário, na mediação de conflitos e no emprego da justiça. Essa espécie de culto possui um rico sistema de símbolos materiais, ideológicos, liderança, organização e modos de operação, que tornam um eficiente mecanismo informal de controle social, servindo também para preencher a lacuna entre os defeitos estruturais e as desvantagens nos mecanismos formais, e no nível de criminalidade e delinquência entre o povo Ogu.

Portanto, o "Zangbeto" destaca a força dos mecanismos informais de controle social como fatores críticos para a obtenção de baixos índices de criminalidade nas organizações, e sociedades, além de otimizar as oportunidades de crescimento e produtividade nas mesmas. De qualquer forma, para chegar nesse nível de compreensão, que vai muito além de uma mera apresentação artística, é necessário entender como tudo isso teria começado e evoluído com o passar do tempo.



De acordo com o livro "African Indigenous Religious Traditions in Local and Global Contexts", editado por David O. Ogungbile, professor sênior de Religião Comparada (ramo do estudo das religiões dedicado à comparação sistemática entre as doutrinas e práticas religiosas) do Departamento de Estudos Religiosos da Universidade Obafemi Awolowo, em Ife-Ife, na Nigéria, a tradição oral menciona, que o "Zangbeto" seria um espírito do mar, que as pessoas costumavam visitar antes de se aventurarem nas águas do mar, porém, em um determinado momento, ele teria saído do mar vestido com folhas de palmeira-ráfia.

Devido ao conselho do Oráculo de Ifa (uma espécie de sistema divinatório de cunho religioso) ele teria sido atraído para fora do mar e passado a morar em um Palácio Real, em terra firme, por assim dizer. Desde então, o "Zangbeto" não teria qualquer outro símbolo, exceto seu traje de folhas de palmeira-ráfia juntamente com algumas máscaras contendo chifres de animais e com diversos desenhos na altura da cabeça. Ainda segundo o livro, sacrifícios seriam ofertados ao "Zangbeto" nas praias, e os anciões dizem que ainda o consultam, com certa frequência, quando necessário.

Capa do livro "African Indigenous Religious Traditions in Local and Global Contexts", editado por David O. Ogungbile, professor sênior de Religião Comparada (ramo do estudo das religiões dedicado à comparação sistemática entre as doutrinas e práticas religiosas) do Departamento de Estudos Religiosos da Universidade Obafemi Awolowo, em Ife-Ife, na Nigéria
Já em um artigo acadêmico intitulado "Philosophical Significance of Myths and Symbols: Zangbeto Cult" publicado no periódico "International Journal of Humanities, Social Sciences and Education" (IJHSSE), em novembro de 2014, Maduabuchi F. Dukor, professor e PhD em Filosofia da Universidade Nnamdi Azikiwe, na Nigéria, forneceu maiores detalhes sobre essa tradição oral. Segundo Maduabuchi, o Zangbeto seria um espírito que saiu do mar Ohu, e se estabeleceu na terra Ogu, adjacente à fronteira marítima, na República do Benim.

Segundo o mito, quando o espírito saiu do mar, o mesmo trouxe para coisas boas e bons presságios para a população, assim como: boa saúde, coco, tecnologia para pescar e construir casas e outros bens essenciais à vida. Uma "prova" da vinda desse espírito do mar seria representada pelos aglomerados de coqueiros, que embelezaram de maneira estética as praias em terras Ogu, na região de Benim e Badagry, na Nigéria. Parece, portanto, que as coisas boas em Badagry e em terras Ogu, assim como o coco e a paz são, para a população, um sinal da eterna presença deste espírito. Maduabuchi considerou o culto atual a Zangbeto como uma espécie de movimento carismático inspirado no espírito do mar.

Artigo acadêmico intitulado "Philosophical Significance of Myths and Symbols: Zangbeto Cult" publicado no periódico "International Journal of Humanities, Social Sciences and Education" (IJHSSE), em novembro de 2014, Maduabuchi F. Dukor, professor e PhD em Filosofia da Universidade Nnamdi Azikiwe, na Nigéria.
Voltando ao livro "African Indigenous Religious Traditions in Local and Global Contexts", é mencionado que o "Zangbeto" também é muito valorizado pelo povo Ogu por sua capacidade de assumir diferentes formas durante suas apresentações, que seriam chamadas de "Baile de Máscaras dos Zangbetos" (algo que também pode ser chamado de "Culto Mascarado a Zangbeto"). São essas apresentações, que geralmente vemos retratadas em inúmeros vídeos espalhados na internet, principalmente no YouTube. Para exemplificar isso, segundo o livro, existe um festival que acontece na cidade nigeriana de Badagry, anualmente, entre julho e agosto, e dura cerca de nove dias. No sexto dia do festival a Zangbeto, são oferecidas orações e um porco é abatido na praia como sacrifício pela paz e pela harmonia.

Dizem também, que o culto religioso e seus membros possuem poderes mágicos, que aumentam o desempenho de seus papéis na sociedade. É muito importante notar, que o livro também menciona que os "Zangbetos" formam uma espécie de "sociedade secreta", e que têm seu próprio templo, do qual normalmente saem para realizar suas tarefas de patrulhamento, atuando como vigias noturnos em diversos vilarejos ou em rituais de dança durante os festivais. Apesar do ritual ser predominantemente masculino, o livro aponta que mulheres, que passaram da idade de ter filhos (geralmente acima de 45 anos, muito embora essa não seja uma idade exata), também acompanham as festividades.

O "Zangbeto" também é muito valorizado pelo povo Ogu por sua capacidade de assumir diferentes formas durante suas apresentações, que seriam chamadas de "Baile de Máscaras dos Zangbetos" (algo que também pode ser chamado de "Culto Mascarado a Zangbeto").
São essas apresentações, que geralmente vemos retratadas em inúmeros vídeos espalhados na internet, principalmente no YouTube. Para exemplificar isso, segundo o livro, existe um festival que acontece na cidade nigeriana de Badagry, anualmente, entre julho e agosto, e dura cerca de nove dias.
Dizem também, que o culto religioso e seus membros possuem poderes mágicos, que aumentam o desempenho de seus papéis na sociedade. É muito importante notar, que o livro também menciona que os "Zangbetos" formam uma espécie de "sociedade secreta"...
...e que têm seu próprio templo, do qual normalmente saem para realizar suas tarefas de patrulhamento, atuando como vigias noturnos em diversos vilarejos ou em rituais de dança durante os festivais. A foto acima mostra um templo Zangbeto em Porto-Novo, no Benim.
No livro é mencionado que as pessoas, mesmo contando com forças policiais governamentais oficiais, ainda recorrem aos "Zangbetos", uma vez que elas acreditam que os mesmos são dotados de poderes sobrenaturais, que poderiam ajudar a pacificar as comunidades. As apresentações dos "Zangbetos" não são seriam remuneradas, ou seja, não teriam um aspecto financeiro envolvido, mas serviriam para alimentar a crença que seus membros fazem parte da sociedade, e que têm como objetivo identificar os maus atos ou comportamentos de uma pessoa (ou grupo de pessoas) na sociedade, sendo que tais situações seriam reveladas para as demais através de suas apresentações.

Assim sendo, um dos deveres dos "Zangbetos"é procurar por perpetradores dos males, especialmente aqueles que usam a escuridão para perpetuar o mal. No livro também é mencionado, que os "Zangbetos" possuem diversos truques, acrobacias e pantonímias, que servem basicamente para entreter e divertir o público.

Resumindo? Basicamente, até o presente momento podemos perceber que, segundo a tradição oral, de maneira totalmente genérica, o "Zangbeto" seria uma espécie de "ser" ou "espírito" ancestral do mar, que veio para a terra, e acabou sendo ainda mais venerado do que já era, através da inserção de inúmeros elementos religiosos, formando uma espécie de culto. Esse culto é praticado por diversos participantes, primordialmente do sexo masculino, que geraram uma "sociedade secreta", em diversas regiões onde membros do povo Ogu habitam. Esse culto tem como objetivo fazer com que os "Zangbetos", que nesse caso seriam reproduções da imagem original do próprio "ser" ou "espírito" coberto de folhas de palmeira-ráfia, vigiem os vilarejos durante a noite e a madrugada (normalmente entre às 23h e às 5h da manhã, sendo que durante esse período são montados bloqueios nas estradas, em pontos estratégicos), atuando como uma espécie de força policial informal, e exercendo, portanto, um importante controle social. Durante o dia, as apresentações ou festivais são realizados nas comunidades para reforçar a crença nos "Zangbetos" como promotores da ordem.

Assim sendo, um dos deveres dos "Zangbetos"é procurar por perpetradores dos males, especialmente aqueles que usam a escuridão para perpetuar o mal
É muito importante destacar nesse ponto, que o livro "African Indigenous Religious Traditions in Local and Global Contexts"menciona que membros do sexo masculino desse culto, ou seja, pessoas de carne e osso, utilizariam o traje composto de folhas de palmeira-ráfia e máscaras, para patrulhar as ruas durante a noite e a madrugada. Portanto, fica bem explícito que existiria realmente uma pessoa por baixo do traje, independentemente ou não de seus supostos poderes sobrenaturais.

Já um guia turístico chamado "Benin: The Bradt Travel Guide", do escritor Stuart Butler, informa algo um pouco diferente. Segundo Stuart, os "Zangbetos" seriam homens fantasiados em transe, cujos corpos seriam temporariamente ocupados por espíritos, que possuem o conhecimento do que as pessoas fazem, quando pensam que ninguém está olhando. Os "Zangbetos" são muito peculiares e frequentemente são chamados de "palheiros dançantes" em folhetos turísticos, devido a sua aparência de "palheiro cônico", além do hábito de aparecer em performances para turistas e apresentações de dança. Durante suas atividades, os "Zangbetos" seriam seguidos de perto por assistentes, que atuam como intérpretes e como controladores de multidões, mas que, por estarem em contato próximo com os espíritos e os deuses, também possuem "poderes mágicos", incluindo a capacidade de fazer "coisas", assim como engolir cacos de vidro sem se ferir.

Já um guia turístico chamado "Benin: The Bradt Travel Guide", do escritor Stuart Butler, informa algo um pouco diferente. Segundo Stuart, os "Zangbetos" seriam homens fantasiados em transe, cujos corpos seriam temporariamente ocupados por espíritos, que possuem o conhecimento do que as pessoas fazem, quando pensam que ninguém está olhando.
Para completar, Stuart menciona que os "Zangbetos" dispensariam qualquer forma de julgamento tradicional, ou seja, eles teriam um poder próprio de julgar as pessoas pelos seus atos, sendo que os crimes considerados muito graves, poderiam ser punidos com a pena de morte. As mulheres também seriam terminantemente proibidas entre os "Zangbetos" (qualquer tentativa de participação seria punida com a morte), e entrada de não-membros nos templos também seria proibida. Novamente, apesar de estarmos falando de um mero guia turístico, que não pode ser considerado como uma fonte confiável de informação, temos mais um indicativo, que existe uma pessoa de carne e osso por baixo do traje utilizado pelos "Zangbetos".

O Culto a Zangbeto: A Mais Provável e Identificável Origem Histórica Remonta ao Século XVII


Para falar da mais provável origem histórica do que atualmente conhecemos como culto a Zangbeto, escolhi o ótimo artigo de Dominic Okure, PhD em Antropologia Cultural, do Instituto de Estudos Africanos da Universidade de Ibadan, na Nigéria, que teve um artigo intitulado "Symbolism and social control of Zangbeto among the Ogu of Southwestern Nigeria" ("O simbolismo e controle social do Zangbeto entre os Ogu do Sudoeste da Nigéria", em português) publicado na edição de junho de 2016, do periódico online "Cultural Anthropology and Ethnosemiotics" (CAES).

Para falar da mais provável origem histórica do que atualmente conhecemos como culto a Zangbeto, escolhi o ótimo artigo de Dominic Okure, PhD em Antropologia Cultural, do Instituto de Estudos Africanos da Universidade de Ibadan, na Nigéria, que teve um artigo intitulado "Symbolism and social control of Zangbeto among the Ogu of Southwestern Nigeria" publicado na edição de junho de 2016, do periódico online "Cultural Anthropology and Ethnosemiotics" (CAES).
Segundo Dominic, existem diversas interpretações sobre a origem do culto a Zangbeto. Todas elas estão parcialmente ancoradas na crença Ogu na reencarnação, e também parecem fundamentadas na visão que os espíritos ancestrais podem assumir formas humanas para interagir com os vivos. Há, no entanto, uma narrativa, que contém elementos históricos, que traça os "Zangbetos" até um certo homem chamado Te-Agbanlin, da cidade Abomey, a antiga capital do Reino de Daomé (atualmente a República do Benim). Te-Agbanlin teria sido filho de Zeririgbe, irmão do Rei de Allada, que migrou para Porto Novo (atual capital de Benim) como agricultor profissional em busca de novas fazendas no século XVII. Quando ele se estabeleceu em Porto Novo, por volta de 1684, ele conheceu habitantes locais que eram Nagô (ou Iorubás, um dos maiores grupos étnico-linguísticos da África Ocidental). Confira abaixo a história que foi contada pelo Chefe Francis Agoyon, líder da comunidade Ogu em Makoko, no estado nigeriano de Lagos, em julho de 2011:
"Te-Agbanlin pediu ao chefe do vilarejo de Aklon um pedaço de terra para se instalar, que ao menos acomodasse a pele de antílope que ele carregava, que era praticamente do tamanho do seu corpo. Quando lhe foi concedida a liberdade de escolha, ele cortou a pele do antílope em minúsculos pedaços, juntou-os para fazer uma longa corda com a qual ele cercou uma vasta porção de terra, na qual ele construiu uma enorme edificação. Na verdade, seu nome, 'Te-Agbanlin', significa 'perna de antílope', uma vez que ele era alto e magro. Para manter animais selvagens e invasores humanos afastados de sua edificação, ele projetou e ergueu figuras de 'Azo', que posteriormente se tornariam o 'zanho' ('casa da noite', algo que iremos falar daqui a pouco) na entrada da mesma. Com o chifre de um antílope, ele fez um equipamento semelhante a uma trombeta, que ele soprava para produzir um som aterrorizante, que assustava homens e animais. Com o passar do tempo, o chifre de antílope se tornou uma marca singular dos Zangbetos."


Há, no entanto, uma narrativa, que contém elementos históricos, que traça os "Zangbetos" até um certo homem chamado Te-Agbanlin, da cidade Abomey (na foto), a antiga capital do Reino de Daomé (atualmente a República do Benim). Te-Agbanlin teria sido filho de Zeririgbe, irmão do Rei de Allada...
 ...que migrou para Porto Novo (atual capital de Benim, na foto)
como agricultor profissional em busca de novas fazendas no século XVII.
Segundo Dominic, foi através dessa engenhosa e criativa ação, que Te-Agbanlin, emergiu a ideia de uma organização institucionalizada de segurança comunitária, tendo o "Azo" como seu principal símbolo, que mais tarde se tornaria a estrutura dos "Zangbetos" que conhecemos atualmente. No entanto, com o desenvolvimento da sociedade e o surgimento de estruturas organizacionais e sociais mais complexas, outros elementos dos valores socioculturais Ogu, incluindo as crenças religiosas, foram incorporados ao "Zangbeto" para lhe dar sua forma e conteúdo atuais.

Acreditava-se, por exemplo, que os espíritos ancestrais habitavam a estrutura (atualmente conhecida por zanho) construída por Te-Agbanlin, que posteriormente foi transformada em "Zangbeto" com mobilidade e poder sobrenatural. Simplificando? Não haveria nenhum espírito ancestral oriundo do mar ou nada de sobrenatural na origem dos "Zangbetos". Lembrando que toda a história foi contada por um líder comunitário Ogu, ou seja, alguém que, teoricamente, conhece a história do seu próprio povo.

Por outro lado, é essencial considerar, que a origem do culto a Zangbeto vai além de meros antecedentes históricos, e inclui a firme crença na reencarnação e a forte conexão entre o povo Ogu e seus espíritos ancestrais. Em segundo lugar, o "Zangbeto" emergiu da necessidade de segurança e proteção das forças físicas e espirituais inimigas. Sempre foi um aspecto integral e funcional da cultura Ogu, onde quer que eles sejam encontrados. Essas duas considerações definem o significado e a função do culto a Zangbeto na cultura contemporânea Ogu. Conforme já vimos e veremos por diversas vezes nesta matéria, o culto a Zangbeto serve como um agente de socialização através da comunicação e prevenção do crime através do vigilantismo. Aplica a paz através da mediação, resolve questões de conflito entre partidos e enfraquece os julgamentos através da coerção social. Também protege objetos e propriedades de vândalos através de seus diversos símbolos.

Por outro lado, é essencial considerar, que a origem do culto a Zangbeto vai além de meros antecedentes históricos, e inclui a firme crença na reencarnação e a forte conexão entre o povo Ogu e seus espíritos ancestrais. Em segundo lugar, o "Zangbeto" emergiu da necessidade de segurança e proteção das forças físicas e espirituais inimigas.
Acredito que também vale muito a pena mencionar, que existe uma outra origem para os Zangbetos, ao menos em relação a Nigéria, e que também não tem nenhuma relação com o sobrenatural ou com qualquer tipo de "alta magia africana". Essa origem foi mencionada em um estudo realizado por Rashidi Akanji Okunola, do Departamento de Sociologia da Universidade de Ibadan, na Nigéria, e por Matthias Olufemi Dada Ojo, do Departamento de Sociologia da Universidade Crawford, em Igbesa, também na Nigéria. Intitulado "Zangbeto: The Traditional Way of Policing and Securing the Community among the Ogu People in Badagry, Nigeria" ("Zangbeto: A Tradicional Forma de Policiar e Proteger a Comunidade entre o Povo Ogu em Badagry, na Nigéria", em português), o mesmo foi publicado em 2013 no periódico científico "Issues in Ethnology and Anthropology".

No estudo foi mencionado, que os Zangbetos teriam emergido como um grupo que visava proteger a cidade costeira de Badagry, na Nigéria, contra incursões externas. Em meados do século XIX, os reinos e estados vizinhos estavam interessados em ganhar o controle de Badagry, porque, com seu porto marítimo, era um elo estratégico no comércio transatlântico e um terminal para as rotas comerciais provenientes do interior. Considerando a história e a localização estratégica de Badagry, era lógico que um grupo como o Zangbeto fosse formado para proteger a cidade de seus poderosos vizinhos. De qualquer forma, em um determinado momento da linha do tempo, o Zangbeto expandiu seu escopo para incluir o entretenimento. Assim sendo, o Zangbeto tornou-se sinônimo de entretenimento cultural e o grupo foi estimulado a atuar em funções estatais.

A Estrutura, a Organização e a Simbologia Por Trás dos Zangbetos


A estrutura, categorias e diversos símbolos dos "Zangbetos", tanto na forma de uma estrutura mascarada, quanto de uma organização ou culto são alguns dos muitos elementos, que definem o seu lugar único e funcionalidade entre o povo Ogu. É importante enfatizar, desde o início, que os vários simbolismos do culto a Zangbeto são tão profundamente enraizados em sua forma e estrutura organizacional, que só podem ser devidamente discutidos em tais contextos.

A Estrutura de um Zangbeto


O chamado "Baile de Máscaras dos Zangbetos" (ou "Culto Mascarado a Zangbeto") é composto por algumas estruturas formais, que são visíveis em vários tamanhos, cores e especificações. O simbolismo formal de Zangbeto está contido em seus trajes, geralmente feitos de fibras especiais de folhas de palmeira-ráfia, que são tingidas com as cores desejadas, e posteriormente secas para serem utilizadas. Na maioria das culturas da África Ocidental, as folhas de palmeira - especialmente as folhas frescas - são símbolos de poder, e são tipicamente associadas à espiritualidade e magia tradicionais.

Assim sendo, esse material do traje elenca prontamente o Zangbeto ao reino espiritual, de modo que sua pureza e poder nunca são passíveis de questionamentos. Os corantes, que podem variar entre o vermelho, o verde, o amarelo, o roxo ou marrom (ou então uma mistura dessas cores), são obtidos a partir de uma mistura de algumas ervas especiais conhecidas por suas qualidades mágicas especiais, juntamente com algum corante local. Em alguns casos, uma tinta a óleo comum pode ser usada após o devido "tratamento ritualístico" da mesma.

O simbolismo formal de Zangbeto está contido em seus trajes, geralmente feitos de fibras especiais de folhas de palmeira-ráfia, que são tingidas com as cores desejadas, e posteriormente secas para serem utilizadas. Na maioria das culturas da África Ocidental, as folhas de palmeira - especialmente as folhas frescas - são símbolos de poder, e são tipicamente associadas à espiritualidade e magia tradicionais.
Essas cores, que transcendem os domínios da estética comum, são altamente simbólicas. Elas representam os vários aspectos da vida na ordem natural, tais como: vitalidade, fertilidade, progresso, dor, sacrifício, maturidade, entre outros. Elas também significam, que o Zangbeto compreende muitos aspectos da vida. As tiras de palmeira-ráfia, também conhecidas como "zanshan", são dispostas em um traje em formato de cone (semelhante a um chifre), que seria usado ou habitado pelo "espírito", com algumas outras vestimentas que, às vezes, são ligadas à parte superior (cabeça), e que servem a propósitos diferentes.

Esse traje é conhecido como "zanho", que significa literalmente "casa da noite". Isso dá ao Zangbeto a aparência de uma "casa em movimento". Às vezes, especialmente durante procissões ritualísticas (chamadas de "homa"), o "zanho"é feito de cordões de grama ou folhas de bananeira, que simbolizam a destruição e também criam a impressão de escuridão. Isso intensifica a grandiosidade do Zangbeto.

Exemplos de "Oho yin-yin Ataho". O traje dos "Zangbetos"é conhecido como "zanho", que significa literalmente "casa da noite". Isso dá ao Zangbeto a aparência de uma "casa em movimento". Às vezes, especialmente durante procissões ritualísticas (chamadas de "homa"), o "zanho"é feito de cordões de grama ou folhas de bananeira, que simbolizam a destruição e também criam a impressão de escuridão. Isso intensifica a grandiosidade do Zangbeto.
Existe também uma máscara coberta de grossos fios de palmeira-ráfia, quase invisíveis para os espectadores, a partir do qual o "espírito" opera. Esses trajes simbólicos são sagrados e, portanto, os não iniciados e as mulheres não devem ter contato com ele sob nenhuma circunstância, a menos que certos rituais sejam realizados. Ao contrário da maioria dos outros "cultos mascarados", o Zangbeto não deveria possuir, ao menos em tese, partes do corpo identificáveis, embora isso fique bem claro em inúmeros vídeos e fotos disseminados na internet (veremos isso no decorrer desta matéria). Não deveria aparecer membros (mãos e pernas) ou rosto. Perante o público, o Zangbeto é capaz de operar com tamanha agilidade e facilidade, que sua performance serve para intensificar o elemento de "mistério". Além de fortalecer a identidade mística do Zangbeto, esta forma simbólica protege o próprio Zangbeto de ameaças limitantes, assim como a semelhança humana e o gênero, tornando-o uma "entidade" neutra, mas inclusiva.

Nem todo "zanho", no entanto, é igual. Na maioria das comunidades Ogu existem quatro diferentes tipos ou categorias identificáveis de "Zangbetos" em termos de designação e simbolismo. É exatamente isso que veremos a partir de agora.

Zanholu


O Zanholu é o "Chefe" ou "Rei" de todos os outros "Zangbetos". Geralmente, ele é maior e mais alto que os demais. O Zanholu normalmente aparece apenas uma única vez a cada três anos durante o "Grande Festival dos Zangbetos"; na posse de um "Aholu" (uma espécie de "Rei" local) ou cerimônia funerária de altos chefes ou membros do alto escalão dos "Zangbetos", assim como o "Zangan" (sacerdote-chefe dos Zangbetos). O Zanholu é celebrado como um espírito, que vive no mar, e geralmente vem de sua profundeza. Ele emerge diretamente das águas no interior de uma determinada localidade por volta da meia-noite. Vale ressaltar nesse ponto, que os assentamentos do povo Ogu geralmente estão localizados em áreas costeiras ou próximos a rios, o que "facilita" o aparecimento do Zanholu.

Confira abaixo um vídeo publicado em um canal de terceiros, no YouTube, mostrando o que seria um Zanholu:



O "Aholu" e seus membros do alto escalão dão as boas-vindas, e o escoltam em direção a um determinado vilarejo. O Zanholu normalmente permanece invisível e incomunicável na comunidade por cerca de três dias antes de aparecer para o público em geral. Talvez seja por isso, que o Zangbeto é erroneamente mencionado por algumas pessoas como se sua origem tivesse sido a partir do mar, assim como já mencionamos anteriormente.

Ataho


Existe também o Ataho, que é o mais popular e o mais comumente visto na hierarquia dos "Zangbetos", especialmente durante manifestações culturais e festividades locais. O Ataho é bem espetacular e impressionante devido suas habilidades de dança e atos mágicos durante as apresentações. Por exemplo, há apresentações em que é colocado fogo em um Ataho. Em seguida, é colocado um outro traje (zanho) por cima das cinzas e, instantaneamente, o mesmo se torna um "Zangbeto" repleto de "vida" e "movimento". Um Ataho também pode "dar à luz" a um "Zangbeto" mais jovem durante as apresentações, sendo que nesse caso um "Zangbeto" mais jovem surge por baixo do "Ataho" maior. Esse ato de "dar à luz"é mais um dos simbolismos dos "Zangbetos".

Um Ataho também pode "dar à luz" a um "Zangbeto" mais jovem durante as apresentações, sendo que nesse caso um "Zangbeto" mais jovem surge por baixo do "Ataho" maior. Esse ato de "dar à luz"é mais um dos simbolismos dos "Zangbetos".
Segundo o Alto Chefe Metonu Nugboweyon, da comunidade de Ajido, em Badagry, na Nigéria, esse é um sinal de aumento de produtividade, que os "ancestrais" outorgam à terra por sua presença. Também é sinal de mistério sobre o gênero dos "Zangbetos".

Em uma declaração dada em 2012, Nugboweyon disse que esse era um sinal de abundância. Ainda segundo ele, um homem não pode dar à luz. Portanto, os "ancestrais" não são nem homens nem mulheres, e teriam o poder para fazer qualquer coisa. Seria por essa razão, que os "Zangbetos" não seriam homens e nem mulheres, mas poderiam ser ambos ao mesmo tempo.

O Ataho, que é o mais popular e o mais comumente visto na hierarquia dos "Zangbetos", especialmente durante manifestações culturais e festividades locais.
É bem significativo que, sendo essencialmente um culto masculino, o Zangbeto encarna e celebra um aspecto da vida que pertence exclusivamente à mulher. O equilíbrio de gênero no culto aos "Zangbetos", reflete a neutralidade de gênero dos espíritos ancestrais. Isso acaba facilitando a aceitação dos "Zangbetos" por todos, independentemente do gênero. Embora isso não implique necessariamente que o culto a Zangbeto esteja aberto a homens e mulheres em igualdade de condições, isso enfatiza a inclusão de gênero em relação aos mesmos, e demonstra, de certa forma, a oposição dos "ancestrais"à discriminação contra as mulheres.

Oho yin-yin Ataho


A terceira categoria de "Zangbeto" na hierarquia é chamada Oho yin-yin Ataho. Este Zangbeto é menos complexo em seu formato (seu traje, por assim dizer), porém é mais ágil e notável em suas habilidades de dança e exibições acrobáticas. Assim sendo, o Oho yin-yin Ataho é geralmente um símbolo da juventude, conforme demonstrado pela sua agilidade e falta de complexidade.

A terceira categoria de "Zangbeto" na hierarquia é chamada Oho yin-yin Ataho. Este Zangbeto é menos complexo em seu formato (seu traje, por assim dizer), porém é mais ágil e notável em suas habilidades de dança e exibições acrobáticas.
Uma espécie de "janelinha" muito comum em todos os trajes de "Zangbetos",
algo que irei comentar na parte final desta matéria.
Simboliza que os "ancestrais" não possuem apenas a vitalidade e agilidade da juventude, mas também têm os poderes e prerrogativas de conferir estas qualidades à comunidade. Costuma-se mencionar localmente que, no reino dos espíritos, a idade não é um fator preponderante.

Ohosi


Outro membro da família dos "Zangbetos"é o Ohosi, uma espécie de versão guerreira dos "Zangbetos". Ele também é referido como "Ogbo" ("Bode", em português), devido sua obstinação e comportamento inflexível. Esse "Zangbeto", em particular, é um símbolo de força, bravura e resiliência para o povo Ogu em geral. Essa seria a razão pela qual o mesmo é usado como "símbolo de todos os Zangbetos", ao menos na maioria dos casos, quando uma representação é erguida em locais públicos. Há indícios de que o nome e a função deste "Zangbeto" têm algumas ligações interculturais com Oshosi (Oxóssi), o orixá da caça, florestas, dos animais, da fartura, e do sustento.

Há outras características notáveis sobre o Ohosi, que intensificam seu mistério e grandiosidade, e que são dignas de serem mencionadas. Em primeiro lugar, no idioma Ogu as palavras com finais "si" são geralmente indícios de palavras que apresentam gênero feminino. Portanto, é notável que um guerreiro obstinado, que simboliza força, masculinidade e resiliência tenha um sugestivo nome feminino. Em segundo lugar, Ohosi sempre é visto carregando "chifres com cabelo trançado". Esta também seria uma característica feminina exibida por um guerreiro, que simboliza a masculinidade.

Ohosi sempre é visto carregando "chifres com cabelo trançado". Esta também seria uma característica feminina exibida por um guerreiro, que simboliza a masculinidade.
Portanto, este aspecto dos "Zangbetos", mais uma vez enfatiza fortemente o elemento de equilíbrio de gênero dentro do culto e neutralidade de gênero dos "espíritos ancestrais". Isso indica, que a plenitude da força humana não reside exclusivamente nos gêneros masculinos ou femininos, mas na harmonia entre ambos.

Como se Tornar um Zangbeto?


Teoricamente, qualquer homem com mais de 18 anos, que pertença a sociedade Ogu, pode se tornar um "Zangbeto". Na verdade, de acordo com o Alto Chefe Metonu Nugboweyonm, que também é membro do "comitê administrativo" de Badagry, a filiação ao culto a Zangbeto seria algo obrigatório para todos os homens do povo Ogu. No entanto, é importante fazer uma clara e honesta distinção entre os dois tipos ou categorias de filiação a esse culto.

Existe uma filiação ordinária, ou seja, comum, através de identidade externa, solidária e inclusiva, que envolve o pagamento de um token, uma simples iniciação e aquisição de um nome codificado secreto, que serve como uma senha para o iniciado. O nome codificado é fornecido na iniciação. Essa filiação serve para fornecer certas "imunidades" ao membro em relação as restrições, que normalmente são impostas a não-membros. Essa filiação ordinária ao culto a Zangbeto também costuma ser aberta a homens, que não pertencem ao povo Ogu, mas que moram em comunidades Ogu, diante de certas condições, é claro. Esta é uma característica única no culto a Zangbeto, que a distingue da maioria dos cultos mascarados da Nigéria e da África Ocidental.

Teoricamente, qualquer homem com mais de 18 anos, que pertença a sociedade Ogu, pode se tornar um "Zangbeto". Na verdade, de acordo com o Alto Chefe Metonu Nugboweyonm, que também é membro do "comitê administrativo" de Badagry, a filiação ao culto a Zangbeto seria algo obrigatório para todos os homens do povo Ogu.
Em outro nível, existe a filiação no chamado "círculo interno", que implica na participação e no compromisso de solidariedade grupal no culto. Essa filiação geralmente acontece através de processos de observação, escolha e iniciação, e não está aberta a todos, ou seja, é basicamente feito através de um convite após um processo seletivo interno e particular. 

Essa filiação dá aos iniciados o direito de se tornar e ascender na hierarquia dos "Zangbetos". Também serve como uma medida de integração social e solidariedade entre a casta masculina Ogu. Consequentemente, nem todo homem pode se tornar, de fato, um "Zangbeto". Além disso, embora não haja, "teoricamente",  benefícios financeiros por pertencer à organização (algo que veremos, que não é bem assim, mais a frente), os membros têm um orgulho especial em sua participação na mesma, mantendo uma coesão interna, solidariedade e disciplina culturais em suas funções. Eles também são regidos por certas regras de conduta.

Em outro nível, existe a filiação no chamado "círculo interno", que implica na participação e no compromisso de solidariedade grupal no culto. Essa filiação geralmente acontece através de processos de observação, escolha e iniciação, e não está aberta a todos, ou seja, é basicamente feito através de um convite após um processo seletivo interno e particular.
Outro elemento único relativo à filiação ao culto a Zangbeto é que, embora seja um culto masculino, existe um nível,  no qual uma certa categoria de mulheres é admitida em seus círculos internos. Essas mulheres desempenham papéis bem significativos na organização. Elas são admitidas e iniciadas no culto com base em considerações como maturidade física e psicológica, assim como suas capacidades em manter segredos. Além de realizar certos aspectos de vigilância para os "Zangbetos", as mulheres Zangan desempenham papéis muito ativos em outras áreas da organização. Suas identidades geralmente não são divulgadas por razões de segurança, entre outros motivos.

Este aspecto do culto é bem significativo quanto único, pois permitiu que o mesmo explorasse os dois mundos (masculino e feminino) e extraísse o melhor de suas riquezas. Aliás, essa informação contradiz o que foi mencionado pelo guia turístico, no início desta matéria, onde dizia que a participação de mulheres poderia ser punida com a morte. Essa é a razão pela qual guias turísticos não são fontes confiáveis, quando se decide estudar um determinado assunto.

Organização e Liderança Dentro do Culto a Zangbeto


O "Zangan" supervisiona o culto a Zangbeto. Devido à grande importância deste cargo, o "Zangan"é escolhido pelos membros do grupo após uma consulta com o "Aholu" ("Rei" local) ou com o "Totagan" (Regente do "Rei"). Embora o "Zangan" possua cargo vitalício, a posição é rotativa entre os grupos de mesmo parentesco representados no culto, e não pode ser herdada. O "Zangan", portanto, é uma espécie chefe-geral ou sacerdote-chefe do culto a Zangbeto, respondendo diretamente ao "Aholu" ou o "Totagan", e também desempenha funções legítimas de um membro do conselho dirigente.

O "Zangan"é o mediador entre o "Zangbeto" e a comunidade em questões sensíveis, aconselha o "Aholu" ou "Totagan", e representa pessoas abaixo dele no nível de hierarquia. Assim sendo, o "Zangan" costuma ser uma pessoa de integridade comprovada. O "Aholu" como líder do povo é o ponto de referência em todas as questões sociopolíticas, culturais, organizacionais, culturais e outras relacionadas à comunidade.
O "Zangan"é o mediador entre o "Zangbeto" e a comunidade em questões sensíveis, aconselha o "Aholu" ou "Totagan", e representa pessoas abaixo dele no nível de hierarquia. Assim sendo, o "Zangan" costuma ser uma pessoa de integridade comprovada. O "Aholu" como líder do povo é o ponto de referência em todas as questões sociopolíticas, culturais, organizacionais, culturais e outras relacionadas à comunidade.
Cada "Zangbeto" tem um ou mais assistentes ou guarda-costas masculinos conhecidos como "Kregbetos", que significa, literalmente, "Homens do Dia". Eles são os responsáveis por dar as diretrizes ou orientações às multidões a partir do que é mencionado pelos "Zangbetos", e coordenar a sequência de eventos dos "Zangbetos" durante apresentações públicas. Os "Kregbetos" dominam as artes simbólicas dos "Zangbetos", e estão sempre em posição de interpretar seus humores e inclinações, bem como transmiti-las à multidão.

Existe também o "Kogan", que está um posto acima do "Kregbeto", mas um posto abaixo do "Zangan". O "Kogan"é como um supervisor ou superintendente em aspectos logísticos e cerimoniais da organização. O "Kogan" não acompanha necessariamente o "Zangbeto" durante as apresentações, embora eles geralmente estejam presentes. No entanto, eles cuidam do santuário e ajudam o "Zangan" em assuntos cerimoniais. Assim como os membros do círculo interno do culto a Zangbeto, o "Kregbeto" e o "Kogan" também precisam ser homens de integridade comprovada dentro do culto, da comunidade e da sociedade em geral.

Cada "Zangbeto" tem um ou mais assistentes ou guarda-costas masculinos conhecidos como "Kregbetos", que significa, literalmente, "Homens do Dia". Eles são os responsáveis por dar as diretrizes ou orientações às multidões a partir do que é mencionado pelos "Zangbetos", e coordenar a sequência de eventos dos "Zangbetos" durante apresentações públicas.
Existe um santuário para o Zangbeto em cada localidade ou bairro. É onde os trajes (os zanhos) e outros aparatos de culto, incluindo instrumentos musicais, são respeitosamente mantidos. Além disso, e especialmente antes de apresentações importantes, assim como o principal festival relacionado aos "Zangbetos", quando o Zanholu aparece, um grupo de seus membros (também considerados como "caçadores") ocasionalmente se reúne em um santuário central. O mesmo está localizado em um bosque local, onde outros emblemas cerimoniais e ornamentos são mantidos para realizar seus rituais sagrados.

Na entrada do bosque há uma estátua para Legba (um Vodu precursor), a força operacional dentro do "Zangbeto". Este símbolo indica, que somente membros iniciados podem entrar no bosque.

O Grupo Sociocultural "Ogu"


Vamos fazer um rápido desvio para falar sobre o grupo sociocultural Ogu, que comumente é referido como "Egun". Embora o idioma desses povos já tenha sido chamado de Gu, Gugbe ou Egun, no artigo intitulado "Symbolism and social control of Zangbeto among the Ogu of Southwestern Nigeria" ("O simbolismo e controle social do Zangbeto entre os Ogu do Sudoeste da Nigéria", em português), Dominic preferiu aplicar o termo "Ogu" tanto para se referir ao povo quanto ao seu idioma, uma vez que, de fato, não haveria justificativa para atribuir diferentes nomenclaturas. Aliás, isso é consistente com outros grupos linguísticos como o Iorubá, o Efik, o Hausa, o Ibibio, o Igbo e outros na Nigéria, por exemplo, que possuem a mesma designação tanto para as pessoas quanto para seus idiomas.

Na verdade, já chegaram a mencionar que o termo "Egun" seria uma corrupção do termo "Gu" devido a contatos interculturais com os Iorubás durante o aumento do comércio de Oyo (a captura de escravos, lembrando que os grandes reinos africanos compostos por negros prosperam justamente com o tráfico de escravos negros) durante o século XVIII, que fez com que diversos grupos de Iorubás migrassem e assentassem, onde atualmente é a cidade de Badagry, no estado de Lagos, na Nigéria.

Regiões de Gana e Benim com raízes Ogu
As maiores comunidades Ogu no estado nigeriano de Lagos
O Ogu é um idioma dos Ajas (povos nativos de Benim e de Togo), que compartilha um certo nível de inteligibilidade mútua com os idiomas "Ewe" e "Fon", que é falado nas regiões entre o baixo Volta, no sul de Gana, e o extremo norte da Nigéria pela fronteira Nigéria-Benim. É também uma unidade da família de idiomas "Kwa" da África Ocidental. Por sua vez, o idioma "Kwa" constitui uma subfamília da família Nigero-Congolesa, que também é falada em Benim e Togo, e que pertence a família Congo-Kordofaniano. Uma narrativa recente ligou os idiomas "Ewe", "Fon" e "Gu" (Ogu) a uma ancestralidade primordial em comum, que remonta a Cam (segundo filho de Noé na Bíblia cristã). No entanto, alguns estudiosos já opinaram dizendo que certas teorias africanas sobre as origens, incluindo aquelas com "sabor caímico" podem ter sido influenciadas pelo desejo de estabelecer igualdade étnica entre diferentes grupos ou então afirmar a superioridade de um grupo perante aos demais. Por mais que os traços culturais entre os povos possam ter outras explicações, é importante ressaltar que o povo Ogu possuem um idioma à parte, sendo possível rastrear sua origem até a República do Benim.

Devido a certos traços transculturais entre os povos, alguns estudiosos sugeriram uma origem em comum para os povos Iorubá e Ogu. Isso, no entanto, tem sido contestado com evidências linguísticas e históricas, juntamente com aqueles que ligam o povo Ogu de Badagry com os refugiados das guerras de Daomé (um antigo reino africano pré-colonial situado onde atualmente é a República do Benim) do século XVIII.
Comunidades Ogu no estado de Ogun, na Nigéria
O povo Ogu, na África Ocidental, está assentado principalmente ao longo das regiões desde Porto Novo e Weme, na República do Benim, até os assentamentos Awori, ao longo do riacho Badagry, nas cidades de Ojo e Lagos, na Nigéria. Na Nigéria, a quantidade de membros chega a 15% da população do Estado de Lagos, e eles vivem principalmente nas cidades de Igbobele, Kweme, Aivoji, Iweseme e aldeias do eixo de Badagry. Seu domínio também inclui várias aldeias e vilarejos como Apa, Gberefu, Topo, Ajara, Erekiti, Ajido e muitos outros.

A produção de sal também incentivou o desenvolvimento de algumas aldeias e assentamentos do povo Ogu. Como exemplo, podemos citar a aldeia de Bapo, em Igbogbele, que era bem conhecida como um local de produção de sal. Membros do povo Ogu também são encontrados nas comunidades Yewa de Mowo, Ipokia, Igbeji e Ijofin, no Estado de Ogun, embora em uma proporção marginal (pouco significativa), enquanto alguns bolsões muito menores de comunidades Ogu também podem ser encontrados em algumas partes de Abeokuta e Ifo, também no Estado de Ogun.

O Tríplice Simbolismo do Culto a Zangbeto na Cultura Ogu


Além dos simbolismos inerentes à estrutura formal e organizacional do culto a Zangbeto, conforme mencionado anteriormente, há também outros aspectos da estrutura sociocultural da Ogu em que ela prospera. Sendo um elemento distintivo e indiscutivelmente um dos mais celebrados da cultura Ogu, o mesmo mantém a característica principal de sua estrutura organizacional, onde quer que seus membros morem. Isso acaba influenciando todos os aspectos da vida das pessoas. A tradição do Zangbeto entre o povo Ogu, ao longo dos anos, se expressa em três principais aspectos.

Em primeiro lugar, é uma organização que fornece segurança e mantém a lei e a ordem dentro da comunidade. Em segundo lugar, é um culto que incorpora, preserva e celebra a presença de "espíritos ancestrais" entre as pessoas. Em terceiro lugar, é um disfarce cultural que emociona, diverte e perpetua a herança e identidade do povo Ogu. É nesse "tripé" compreendido por um sistema de organização, um sistema de veneração religiosa e um sistema cultural, que o culto a Zangbeto estabelece e sustenta seu simbolismo e poderosa influência em toda a comunidade Ogu.

O Simbolismo em Termos de Organização


O "Zangbeto"é considerado como a força policial do "Aholu". Isso é porque tem sido e continua sendo uma força poderosa, e um elemento indispensável de segurança e manutenção da lei e da ordem dentro das comunidades Ogu. Esse aspecto do "culto mascarado"é a essência de sua fundação e existência, e também se destaca como o mais distinto e valioso de seus simbolismos e funções. Como o próprio nome sugere, o "Zangbeto" ("Homem da Noite") desempenha a função de vigilante noturno, patrulhando localidades, vigiando pessoas e lares, detectando ladrões e feiticeiros, além de fazer justiça. Acredita-se que, através de uma combinação de sua "força física" e "poderes espirituais", o mesmo afasta elementos indesejáveis ​​da comunidade com facilidade.

Teoricamente, o "Zangbeto" não seria o responsável por criar regras para as comunidades, porém, ao mesmo tempo, não receberia ordens de ninguém. Ele operaria dentro dos limites das regras substantivas da comunidade em relação aos conjuntos de comportamentos, que são geralmente aceitos ou são considerados desviantes e precisam de um certo controle. A posse de poder material ou político não exclui ninguém da vigilância do "Zangbeto", nem torna ninguém imune as suas sanções. Ninguém estaria acima do "Zangbeto", nem mesmo a mais influente pessoa de uma comunidade.

Teoricamente, o "Zangbeto" não seria o responsável por criar regras para as comunidades, porém, ao mesmo tempo, não receberia ordens de ninguém. Ele operaria dentro dos limites das regras substantivas da comunidade em relação aos conjuntos de comportamentos, que são geralmente aceitos ou são considerados desviantes e precisam de um certo controle.
Atualmente, para vocês terem uma ideia, o Zangbeto, como organização, é membro da Estrutura Informal de Policiamento do Estado de Lagos (LSIPS). Conforme já foi demonstrado em diversos estudos e artigos acadêmicos, o Comando da Polícia do Estado de Lagos reconhece o Zangbeto (especialmente dentro da região de Badagry) como um grupo de vigilantes comunitários com licença para prender criminosos e apresentá-los a força policial formal para serem devidamente indiciados e, eventualmente, processados pelo Estado.

O Simbolismo em Termos de um Sistema de Veneração Religiosa


Acredita-se que o Zangbeto (assim como "Oro" e o "Egungun" entre os Iorubás) seja a reencarnação de ancestrais, que continuam a proteger e apoiar seus descendentes. Confira o que disse o Chefe Emmanuel Shokoti, líder da comunidade Ebute-Oko, na região da Baía de Tarkwa, no estado nigeriano de Lagos, em uma declaração concedida em agosto de 2011:
"Todo homem negro tem uma maneira de prestar respeito aos seus ancestrais e manter seu espírito vivo na comunidade... Este é o caso de Zangbeto, que representa os ancestrais de todos os Ogu, em todos os lugares."
Vestir o traje (o "zanho") permite que a "estrutura mascarada" ou "mascarado" seja possuída(o) pelo espírito ancestral, que por sua vez possui um conhecimento especial sobre as ações e motivações das pessoas. É por isso que o "zanho"é considerado mais do que apenas uma fantasia ou uma obra de arte; seria também uma casa de encontro entre o mundo dos ancestrais e o nosso mundo, por assim dizer. Aliás, há uma forte convicção entre os Ogu de que o próprio símbolo (estátua) do Zangbeto em si não é apenas um motivo de reverência, mas também tem o poder de afastar os inimigos e potenciais intrusos. Assim sendo, erguer uma estátua de Zangbeto em alguns locais estratégicos entre determinadas comunidades Ogu vai além da mera estética. Além disso, até mesmo um único fio de ráfia extraído do traje de um "Zangbeto", que é chamado de "zanshan", é altamente simbólico e cheio de poder místico. Acredita-se que um único fio possui os mesmos poderes do próprio Zangbeto. É frequentemente usado para impor restrições em lugares e itens, designando-os como proibidos. Como se não bastasse, o "zanshan" do "zanho" de um Ohosi chega a ser usado na imposição de sanções e para o cumprimento de "decisões judiciais".

Acredita-se que o Zangbeto (assim como "Oro" e o "Egungun" entre os Iorubás) seja a reencarnação de ancestrais, que continuam a proteger e apoiar seus descendentes.
O "Zangbeto" constitui uma sociedade secreta com um estrito código sigiloso em determinados assuntos. A "estrutura mascarada" ou "mascarado" tem a capacidade de revelar segredos do mal e assustar feiticeiros e bruxas. De acordo com alguns escritores, o "Zangbeto" evoca um poder que diz ter habitado a Terra muito antes do aparecimento do homem e fornece uma fonte de sabedoria e continuidade. Os representantes dos espíritos dos ancestrais Zangbeto são mediadores entre as gerações do presente e as ancestrais. O "Zangbeto" também protege as comunidades contra os maus espíritos, epidemias, fome, feitiçaria e malfeitores, assim como garante o bem-estar, a prosperidade e a produtividade de toda a comunidade. As orações e bênçãos oferecidas pelos "Zangbetos" são consideradas eficazes, e as pessoas costumam ser vistas oferecendo dinheiro ao "Zangbeto" em troca de tais bênçãos. Esse é um detalhe interessante, porque apesar das apresentações não serem cobradas, a própria população oferece dinheiro, algo que pode denotar, ainda que de forma velada, um interesse financeiro em ser um "Zangbeto".

Embora raramente seja ouvido, exceto durante o vigilantismo ou em uma oração, o "Zangbeto" projeta a si mesmo na forma de uma voz. Ele usa uma versão especial do idioma Ogu, que difere significativamente do uso diário. Esse uso de uma linguagem especial imediatamente a distingue do reino da vida cotidiana. Mencionam que sua voz é muito enérgica e intensa. Ela seria horrenda, "sobrenatural", e tão incrivelmente assustadora, que o ouvinte não conseguiria deixar de associá-la a algo de cunho "sobrenatural" ou, no mínimo, extraterrestre. Essa voz serve como uma força poderosa, que atrai o respeito e a reverência de todos pelos "Zangbetos".

O Simbolismo em Termos de Cultura


Além dos festivais anuais, os "Zangbetos" ocasionalmente fazem apresentações públicas para celebrar a cultura Ogu. Tais apresentações são realizadas, por exemplo, durante funerais de membros ou altos chefes, ou em alguns casos, para receber visitantes eminentes ou simplesmente para entreter as pessoas. Nessas ocasiões, a música e as canções, juntamente com os "kregbetos", mulheres e crianças acompanham os "Zangbetos". Além disso, as mulheres desempenham um papel notável ao entoar o apelido dos "Zangbetos" ("mlayin"), cantando e dançando, algo que, por sua vez, estimula e extrai tudo o que houver de melhor da "estrutura mascarada" ou do "mascarado". Em tais ocasiões um "Ataho" também dá à luz. Além disso, o "zanho" que abriga o Zangbeto é ocasionalmente erguido do chão e virado de cabeça para baixo para mostrar que não há ninguém além de um espírito dentro. Isso intensifica a autoridade do "Zangbeto" sobre o povo e permite que ele sirva como um efetivo mecanismo informal de controle social. Contudo, iremos mostrar daqui a pouco, que existem pessoas, em transe ou não, no interior desses trajes, e que tudo não passa de um truque de ilusionismo.

O poder e a eficácia geral da organização "Zangbeto" deriva amplamente da solidariedade orgânica interna, que existe em sua estrutura organizacional, e entre a organização e a comunidade. Isso significa que, dentro da própria organização existe um elemento da sociedade, e entre a organização e a comunidade Ogu, dentro da qual ela funciona, há uma ação recíproca de compromisso e aceitação que não pode ser facilmente negligenciada. Este elemento, que fortalece o "Zangbeto" na prevenção, apreensão e punição de comportamentos criminosos e desviantes, assim como na garantia da ordem geral da comunidade, é considerado vital para a criação de modelos de controle social funcionais e eficazes.

O poder e a eficácia geral da organização "Zangbeto" deriva amplamente da solidariedade orgânica interna, que existe em sua estrutura organizacional, e entre a organização e a comunidade. Isso significa que, dentro da própria organização existe um elemento da sociedade, e entre a organização e a comunidade Ogu, dentro da qual ela funciona, há uma ação recíproca de compromisso e aceitação que não pode ser facilmente negligenciada
Um dos pontos-chave sobre a eficácia e a força do "Zangbeto" no processo de controle social é a percepção positiva do povo Ogu, baseada nas formas de atuação e no relacionamento com a comunidade. Os "Zangbetos" não carregam nenhuma arma física, nem se envolvem em confrontos violentos. Por outro lado, opera de forma eficaz. Isso implica que o controle social efetivo deve ser primeiramente orientado para a comunidade; deve ser derivado de relações positivas entre os agentes de controle e a comunidade; também deve se basear na percepção positiva mútua, e não no uso da força. Isso se aplica especialmente ao policiamento, uma vez que, como um conceito, ele é governado pelas mesmas variáveis, usos e interpretações como controle social, de modo que um é frequentemente usado para descrever o outro. Isso requer um alto nível de tolerância, tranquilidade e neutralidade. Não deve ser partidário, e precisa ser acomodador de outros pontos de vista. Também não deve ser tendencioso e menos coercitivo. Em segundo lugar, para que o controle social seja efetivo, ele deve operar através das normas e sistemas de valores que são familiares e significativos para as pessoas cuja vida ele procura regular e salvaguardar. Em outras palavras, fatores culturais e sociais, em todas as suas peculiaridades, devem ser considerados de maneira adequada.

O culto a Zangbeto e seus métodos de operação estão profundamente enraizados nas normas socioculturais Ogu e no sistema de valores, que também estão intimamente ligados à religiosidade. O fracasso do sistema formal de controle social e seus diversos órgãos na Nigéria, por exemplo, é o resultado de sua alienação (em conteúdo e forma) das pessoas e seus valores.

O culto a Zangbeto e seus métodos de operação estão profundamente enraizados nas normas socioculturais Ogu e no sistema de valores, que também estão intimamente ligados à religiosidade. O fracasso do sistema formal de controle social e seus diversos órgãos na Nigéria, por exemplo, é o resultado de sua alienação (em conteúdo e forma) das pessoas e seus valores
Segundo Dominic Okure (artigo "Symbolism and social control of Zangbeto among the Ogu of Southwestern Nigeria"), os atuais esforços de controle social da Nigéria parecem subestimar o fato de que o estilo de vida dos nigerianos é fundamentalmente diferente de suas contrapartes ocidentais ou europeias. Modelos estrangeiros de controle social podem não ser eficazes na regulação de relacionamentos dentro dos contextos sociais e culturais nigerianos. Por outro lado, a persistência de sistemas de controle social como o "Zangbeto" expõe as inadequações dos sistemas formais de controle. Para obter justiça, por exemplo, é preciso investir muito em tempo, dinheiro e outros procedimentos burocráticos, o que muitas vezes resulta em humilhação, sendo que a maioria das pessoas não pode pagar. Qualquer esforço de controle social, seja ao empregar a justiça, na prevenção e controle do crime ou na aplicação da lei, que siga as regras de conduta oficiais, e que não reflitam os valores e aspirações tradicionais do povo, provavelmente não será eficaz, e nem mesmo resiliente a longo prazo.

A importância das considerações culturais na avaliação da dinâmica dos mecanismos e teorias de controle social nos esforços para desenvolver modelos eficazes de controle para diferentes tipos de sociedades não pode ser superestimada. A singularidade das sociedades e a diversidade nas normas que orientam seus sistemas de valores não podem ser ignoradas na criação de seus modelos de controle social. A adoção e aplicação de modelos unitários ou idênticos de controle social para toda e qualquer sociedade não é capaz de produzir resultados igualmente tangíveis. Mesmo dentro do espaço sociocultural da Nigéria, que é relativamente homogêneo em termos de visão básica de mundo, existe tal diversidade nos sistemas de valores, que modelos similares de controle social talvez não alcancem a mesma eficácia em diferentes regiões. O sucesso ou a eficácia do "Zangbeto "como um aparato de controle social deriva principalmente do fato de que ele está profundamente enraizado nas tradições culturais e no sistema de crenças do povo Ogu.

O Controle Social e os "Cultos Mascarados" da África Ocidental


O controle social é geralmente percebido na forma de processos e mecanismos colocados em prática dentro de uma sociedade para regular o comportamento com objetivo de moderar a infração das regras estabelecidas. Assim sendo, ele indica como uma sociedade precisa garantir que as regras, que governam a conduta humana, sejam cumpridas formalmente e informaticamente através de agentes tais como: família, parentes, empregadores, colegas de trabalho, funcionários do governo, líderes locais, tribunais, polícias, penitenciárias, exército, religião e, mais recentemente, mídias de massa, mídias sociais, entre outras.

Cada grupo de pessoas, na forma de um domínio cultural, desenvolveu maneiras de lidar com questões de controle social e resolução de conflitos em suas próprias circunstâncias. Portanto, a chave para entender o sistema de controle social de uma cultura é entender a norma na qual ela se baseia. Enquanto no "mundo ocidental" os mecanismos de aplicação da lei e outras medidas de controle social formais ou estatais parecem ter conseguido uma certa confiabilidade, ao menos em grande parte dos países desenvolvidos, eles não são igualmente bem-sucedidos na maioria das sociedades africanas. Embora pareça anacrônico tentar explicar essa lacuna ou disparidade puramente em termos de diferenças culturais, isso serve para demonstrar a inadequação de uma adoção e aplicação unilateral de modelos ocidentais no avanço socioeconômico e político por parte de sociedades "não ocidentais".

O controle social é geralmente percebido na forma de processos e mecanismos colocados em prática dentro de uma sociedade para regular o comportamento com objetivo de moderar a infração das regras estabelecidas.
Entre as sociedades da África Ocidental, os "cultos mascarados" sempre desempenharam um papel significativo no controle social. Embora isso seja menos óbvio atualmente em algumas sociedades do que em outras, o poder dos "cultos mascarados" continua sendo uma força poderosa. Isso ocorre porque os mascarados ainda não foram identificados como indivíduos particulares dentro da sociedade. Sua identidade mística e a percepção de sua ligação próxima aos reinos ancestrais reduziram significativamente os preconceitos em suas operações, abrindo-os para uma ascensão espiritual ou sobrenatural por parte da população. Os "mascarados" da África Ocidental geralmente conseguem obter um extremo respeito em suas configurações tradicionais não apenas por causa de sua percepção como seres ancestrais etéreos, mas também porque acredita-se que incorporam sabedoria, força e pureza sobrenaturais, e estão acima da mesquinhez humana. Assim como as sociedades secretas, de modo geral, os "cultos mascarados" ocupavam um lugar proeminente no processo de desenvolvimento das sociedades africanas tradicionais e, através de seus modos de operação caracterizados por poderes ritualísticos, participavam de forma singular nos processos de paz, controle social e governança da sociedade.  

A posição venerada de cultos mascarados também derivou da forte crença na vida após a morte e no culto de ancestrais, que estão amplamente espalhados entre as culturas da África Ocidental. Alguns estudos sobre "Egunguns" mascarados entre os Iorubás, apontaram que os "Egunguns" são uma das formas mais singulares de manifestar os ancestrais. A força e importância do "Egungun" como um culto deriva diretamente da forte crença na vida após a morte: a morte não é o fim da vida, mas um meio pelo qual a existência terrena atual é transformada em outra. É uma passagem para além desta vida.

Entre as sociedades da África Ocidental, os "cultos mascarados" sempre desempenharam um papel significativo no controle social. Embora isso seja menos óbvio atualmente em algumas sociedades do que em outras, o poder dos "cultos mascarados" continua sendo uma força poderosa.
Embora os "cultos mascarados" da África Ocidental e seus respectivos "disfarces" servissem a diversos propósitos, eles não tinham a função primária de servir como entretenimento. Eles eram essencialmente mediadores espirituais em questões de governança e controle social. Consequentemente, muitos estudos enfatizam os costumes e a estética, as artes orais e o idioma, a psicologia, o ritual e as apresentações, e suas funções sociais ocasionais, dando interpretações parciais ao fenômeno dos "cultos mascarados". Alguns "cultos mascarados" desempenham apenas uma dessas funções, assim como o gerenciamento de promessas, a imposição de sanções, a execução de sentenças ou a arbitragem e a solução de controvérsias. O "Zangbeto", por outro lado, executa tudo isso ao mesmo tempo, ou seja, torna todos os demais mecanismos de controle, formais e informais, praticamente redundantes.

Os Zangbetos na Sociedade Ogu Contemporânea: A Manutenção da Ordem Social e a Crença em Seus Supostos Poderes Sobrenaturais


De acordo com o livro "African Indigenous Religious Traditions in Local and Global Contexts", o "Zangbeto" mantém a lei e a ordem na região de Badagry, na Nigéria, até hoje através de diversas formas. O Zangbeto preserva propriedades colocando objetos simbólicos e encantados nelas. Por exemplo, amuletos são amarrados em árvores frutíferas como a árvore-de-cola (que produz a "noz-de cola") e nas lavouras de milho como se fosse um "espantalho" para evitar que ladrões roubem em propriedades. Muitos membros da sociedade Ogu acreditam firmemente que, quem rouba da propriedade onde os "Zangbetos" protegem com seus encantos está fadado a adoecer ou até mesmo morrer. O "Zangbeto" também se envolve em questões de saneamento ambiental colocando folhas de bananeira secas em locais, onde o lixo não deve mais ser descartado, e a maioria obedece por medo de ser castigado de alguma forma. Da mesma maneira, membros do culto a Zangbeto utilizam de sacrifícios e rituais para afastar os males nas comunidades durante o surto de epidemias para apaziguar as forças destruidoras, que as pessoas acreditam serem responsáveis por tais ocorrências.

Outra função dos "Zangbetos"é satirizar os criminosos na sociedade. O trabalho envolve diversas ações de intimidação, dissuasão, descoberta e repressão. Durante o dia, os "Kregbetos" (mencionados no livro como "Kisonyitos") vão a mercados, bares, restaurantes, hotéis e feirões de venda e compra de veículos para observar os movimentos e os discursos das pessoas. Se necessário, um "Zangbeto" segue o movimento de um indivíduo suspeito de ter intenções criminosas. Qualquer ato criminoso detectado durante esse período será imediatamente relatado ao "Kogan", o supervisor ou superintendente em aspectos logísticos e cerimoniais. Se necessário, uma detenção pode ser efetuada, caso contrário, o local de descanso final do suspeito é vigiado de perto durante a noite. Os "Kregbetos" também observam o que um indivíduo diz com o objetivo de acabar com eventuais boatos e dar o feedback necessário aos governantes tradicionais.

Outra função dos "Zangbetos"é satirizar os criminosos na sociedade. O trabalho envolve diversas ações de intimidação, dissuasão, descoberta e repressão. Durante o dia, os "Kregbetos" (mencionados no livro como "Kisonyitos") vão a mercados, bares, restaurantes, hotéis e feirões de venda e compra de veículos para observar os movimentos e os discursos das pessoas.
Os "Zangbetos" também impõe uma espécie de toque de recolher nas cidades, normalmente entre às 23h e 5h da manhã do dia seguinte. Durante este período, bloqueios nas estradas são montados em locais estratégicos da cidade. Aqueles que entram ou saem da cidade são verificados periodicamente. Visitantes com intenções genuínas podem ser escoltados até seus destinos, enquanto os suspeitos de serem criminosos são detidos para prestar esclarecimentos. Além disso, uma patrulha a pé é montada na cidade. Os "Zangbetos" fazem uso de vários instrumentos para cumprir seu dever. Uma flauta é particularmente útil na solicitação da ajuda de outros "Zangbetos". Aliás, a comunicação sobre criminosos suspeitos também é transmitida através da flauta. Por exemplo, sempre que a flauta é soprada vigorosa e continuamente, é um pedido de ajuda. Outros estilos de assobio são restritos aos membros do culto. Sempre que precisam da ajuda de pessoas de fora do culto, isso se torna conhecido e as pessoas, especialmente os adultos do sexo masculino que estão armados, se juntam aos mesmos. Em uma situação como essa, geralmente a polícia é contatada. Essa parte é muito interessante, porque se encaixa perfeitamente com a origem histórica (não sobrenatural) dos "Zangbetos" e o chifre de antílope, que era usado como "trombeta" para afastar os inimigos.

É principalmente durante a noite, que as acusações e as punições são disseminadas pelos "Zangbetos". Os criminosos são presos durante o dia, e os suspeitos são "acusados" e "processados" durante o período da noite. Aqueles que são capturados à noite também são julgados antes do dia nascer. O "Zangan" lida com a maioria dos casos. Após o interrogatório, o acusado pode ser declarado culpado diante da prova apresentada, e uma multa é imposta. Aliás, o valor da multa varia com a gravidade da ofensa. O local do julgamento depende da localização do "Zangan" no momento em que o acusado for capturado. Tirando aqueles que foram capturados ou se tornaram suspeitos durante o dia, o "Zangbeto" institui justiça instantânea.

Se necessário, um "Zangbeto" segue o movimento de um indivíduo suspeito de ter intenções criminosas. Qualquer ato criminoso detectado durante esse período será imediatamente relatado ao "Kogan", o supervisor ou superintendente em aspectos logísticos e cerimoniais.
O "Zangbeto" reforça seu julgamento através da chantagem e das "maldições". Assim sendo, um acusado considerado culpado recebe um prazo para pagar a multa. Se ele falhar em agir de acordo com o julgamento dentro do período estipulado, um "Zangbeto" será colocado em sua residência. Se o culpado for inflexível, ele será chantageado em toda a região em que mora; seu crime será divulgado ao público e ele se tornará uma pessoa detestável na comunidade. Se for um caso "intratável", a pessoa será levada para a praia para ser amaldiçoada. A população de Badagry acredita no poder e na eficácia das maldições dos "Zangbetos", e isso incute um tipo de medo no coração das pessoas, e faz com que elas evitem ser amaldiçoadas por eles.

Para completar, em um artigo sobre o culto a Zangbeto, de Folasade Oyinlola Hunsu, da Universidade Obafemi Awolowo, da Nigéria, publicado em maio de 2011, a própria autora disse que seu primeiro contato com esse culto remontava a 1989, quando ela foi visitar sua futura sogra, pela primeira vez, em Badagry. Pouco antes de todos se retirarem para seus quartos durante a noite, sua futura sogra mostrou onde ficava o banheiro, que nesse caso era do lado de fora da casa. Porém, ela alertou que Folasade não deveria utilizá-lo durante esse período até o amanhecer, devido aos "Zangbetos", que eram tão poderosos, que podiam notar alguém vagando em um raio de 500 metros.

O Povo Ogu e os Espectadores das Apresentações Realmente Acreditam na Existência de um Espírito Ancestral por Baixo do "Zanho"?


A resposta para essa pergunta é um grande e sonoro "sim". Claramente, o principal objetivo das apresentações é mostrar para as demais pessoas, que existe um espírito ancestral por baixo do "zanho", tanto é que um dos pontos altos das apresentações é justamente quando é mostrado para a plateia que, aparentemente, não há ninguém no interior dos trajes. Em junho de 2014, foi publicada uma entrevista com Kirill Babaev, um conhecido linguista e etnógrafo russo, no site do "Museum of Ethnic and Traditional Headdress" ("World of Hat"),  no qual Kirill disse ter presenciado uma das apresentações dos "Zangbetos", na República do Benim. Ao descrever a cena, ele disse que chegou a levantar o "cone de palha" com uma das mãos, e percebido que não havia nada em seu interior, apesar de ter visto o mesmo girar diversas vezes, e aparentar ter alguém dentro da estrutura. Posteriormente, o "cone de palha" recomposto, teria voltado a girar novamente conforme a música ecoava.

Kirill disse que não tinha bebido e nem mesmo fumado nada, e que para os próprios africanos não havia mistério algum, ou seja, o próprio espírito do Zangbeto era o responsável por mover os "cones de palha". Segundo ele, fenômenos estranhos e sobrenaturais são inexistentes para os africanos, visto que eles "podem se comunicar diretamente com os antepassados ​​com facilidade, sem precisar de mediadores" como acontece em outros cultos ou religiões ao redor do mundo. Nesse ponto, no entanto, Kirill esqueceu completamente dos "Kregbetos", uma vez que populares não podem falar diretamente com os Zangbetos e, mesmo que pudessem, dizem que eles falam em uma "versão especial" do idioma Ogu.

Kirill disse ter presenciado uma das apresentações dos "Zangbetos", na República do Benim. Ao descrever a cena, ele disse que chegou a levantar o "cone de palha" com uma das mãos, e percebido que não havia nada em seu interior, apesar de ter visto o mesmo girar diversas vezes, e aparentar ter alguém dentro da estrutura. Posteriormente, o "cone de palha" recomposto, teria voltado a girar novamente conforme a música ecoava.
Ainda sobre a República do Benim, tivemos um interessante artigo, que foi publicado na revista alemã "Geo Magazin", e que foi republicado, em inglês, em março de 2016, no site do fotógrafo editorial Cameron Karsten, que foi o responsável pelas imagens durante a visita da equipe da revista para falar sobre Vodu. Durante uma visita a cidade de Allada (diga-se de passagem Allada foi a capital do Reino do Grande Ardra, um dos mais poderosos reinos da África Ocidental, até ter sido conquistado e incorporado ao Reino de Daomé), no departamento de Atlantique, a equipe se deparou com os "Zangbetos".

De acordo com as próprias palavras da equipe, eles assistiram aquela cultura de "outro mundo" com admiração. As pessoas se movimentavam ao redor dos "Zangbetos" e seus "assistentes" ajudavam a liberar o caminho para que os mesmos passassem. Em um determinado momento, o "cone de palha" parou, e o mesmo foi desmantelado. Para a surpresa da equipe, não havia nada dentro, exceto uma pequena cesta. Foi mencionado que somente os "Zangbetos" podiam dar a sentença de morte em um país tão desrespeitoso em relação as próprias leis quanto o Benim, mas que, de vez quando, os "Zangbetos" também agraciavam a população com presentes. Muitos esperavam, assim como a equipe, por riquezas, mas, em vez disso, havia uma dúzia de caranguejos vivos na cesta. Muitas pessoas correram desesperadas. Elas gritavam, pulavam e corriam em direções opostas. Uma vez que o vilarejo estava escondido em meio as montanhas, provavelmente a maioria jamais tinha visto um único caranguejo na vida. A maioria das pessoas estava aterrorizada. Porém, para cada "Zangbeto" que pregava "truques" na população, havia outros que gentilmente ofereciam presentes, tais como: arroz, milho, sodabi (bebida alcoólica local), gim, e cigarros, ou seja, as "necessidades básicas" da população local.

Durante uma visita a cidade de Allada (diga-se de passagem Allada foi a capital do Reino do Grande Ardra, um dos mais poderosos reinos da África Ocidental, até ter sido conquistado e incorporado ao Reino de Daomé), no departamento de Atlantique, a equipe se deparou com os "Zangbetos".
Muitos esperavam, assim como a equipe, por riquezas, mas, em vez disso, havia uma dúzia de caranguejos vivos na cesta. Muitas pessoas correram desesperadas. Elas gritavam, pulavam e corriam em direções opostas. Uma vez que o vilarejo estava escondido em meio as montanhas, provavelmente a maioria jamais tinha visto um único caranguejo na vida. A maioria das pessoas estava aterrorizada.
Apesar de muitos artigos acadêmicos indicarem direta ou indiretamente, a existência física de uma pessoa de carne e osso por baixo de traje em diversas ocasiões, a maioria das pessoas que assiste as apresentações e confia no culto a Zangbeto, acredita que realmente o espírito ancestral seja o responsável pelos movimentos e, consequentemente, por vigiar as comunidades no período da noite e madrugada. Aliás, é importante ressaltar um detalhe crucial nesse ponto. Há quem diga, que os inúmeros artigos acadêmicos de professores e doutores nigerianos em Estudos Africanos, sobre os "Zangbetos" não têm nenhum valor, porque simplesmente são membros da sociedade nigeriana, cuja maioria da população seria cristã ou muçulmana. Além disso, há quem diga, que a Nigéria seria inimiga dos seus vizinhos. Isso, infelizmente, não faz nenhum sentido quando aplicado ao objeto de estudo, e demonstra uma total e completa falta de leitura dos próprios artigos.

Se qualquer pessoa se der o trabalho de realmente ler os artigos disponíveis publicamente sobre esse assunto, assim como fiz, verá que a absoluta maioria tem uma inclinação muito favorável a existência dos "Zangbetos", uma vez que, efetivamente, eles ajudam a controlar o índice de criminalidade em diversas regiões, e em diversos países. Neste caso, não importa que haja uma pessoa ou um espírito no interior do "zanho". Ninguém, muito menos o governo, irá se importar com isso. Desde que haja ordem em meio ao caos social, e que a organização seja um pouco menos corrupta do que as forças policiais oficiais, não há porque essa discussão existir. Nenhum artigo científico ou acadêmico que consultei se preocupa com questão. Simples assim.

Os "Zangbetos" são Realmente Mais Confiáveis do que as Forças Policiais Oficiais? Existem Outras Atribuições na Sociedade por Parte dos "Zangbetos"?


Quando alguém se pergunta a razão pela qual "cones de palha" são reconhecidos pela população, como uma espécie de força comunitária de segurança, basta olhar a situação em termos de violência dos países nos quais a presença dos mesmos é mais notória, a exemplo da Nigéria (outros países serão citados, não se preocupem).

Em setembro de 2014, o site do jornal "Folha de São Paulo" publicou que, de acordo com a Anistia Internacional, a tortura e os maus tratos a presos são práticas comuns das forças de segurança da Nigéria. Segundo a entidade, que de 2007 a 2014 visitou prisões nigerianas e entrevistou pessoas que estiveram presas, os relatos de tortura no norte do país tinham aumentado consideravelmente nos cinco anos anteriores, quando começou uma operação militar de combate à milícia islâmica "Boko Haram". O número de vítimas de tortura por forças policiais e militares nesta operação era estimado entre 5.000 e 10 mil pessoas. Grande parte destas pessoas, acusadas de ter ligações com a facção, foi submetida a diversos tipos de maus tratos, como espancamento, extração de dentes e unhas, estupro e outras formas de violência sexual. Segundo o relatório, a maioria das vítimas não tinha acesso a defesa jurídica durante a detenção e muitas vezes eram obrigadas a pagar propinas para serem liberadas. Por meio de tortura, policiais extraíam confissões de crimes.

O número de vítimas de tortura por forças policiais e militares nesta operação era estimado entre 5.000 e 10 mil pessoas. Grande parte destas pessoas, acusadas de ter ligações com a facção, foi submetida a diversos tipos de maus tratos, como espancamento, extração de dentes e unhas, estupro e outras formas de violência sexual.
Entretanto, a violência policial e militar na Nigéria não acontece apenas na operação contra o Boko Haram. A prática acontece também na investigação de crimes comuns, embora a Nigéria seja signatária de tratados internacionais contra a tortura. De acordo com a Anistia Internacional, faltava à Nigéria uma lei que criminalizasse a tortura, além de investigações independentes sobre as denúncias de abusos cometidos por órgãos governamentais e outras medidas para coibir a prática.

Em junho de 2015, o alto comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Zeid Ra’ad Al Hussein, mostrou sua preocupação com os relatos de abuso de poder das forças armadas nigerianas durante suas ofensivas. Zeid explicou que sua predecessora, Navi Pillay, já tinha alertado sobre atos cometidos pelas forças de segurança contados por vítimas que ela conheceu durante sua missão ao país. Segundo os relatos, esses abusos serviram para alienar as populações locais e criar o terreno necessário para favorecer o recrutamento por parte do "Boko Haram".

Entretanto, a violência policial e militar na Nigéria não acontece apenas na operação contra o Boko Haram. A prática acontece também na investigação de crimes comuns, embora a Nigéria seja signatária de tratados internacionais contra a tortura.
Mais recentemente, em dezembro do ano passado, o site do jornal norte-americano "The New York Times" publicou uma matéria intitulada "They Fled Boko Haram, Only to Be Raped by Nigeria’s Security Forces" ("Elas Fugiram do Boko Haram, Apenas para Serem Estupradas pelas Forças de Segurança da Nigéria", em português). No texto foi contada a história de uma adolescente chamada Falmata, que teve sua vida roubada pela guerra desde a sexta série, quando ela foi sequestrada de sua casa e estuprada repetidamente pelos combatentes do Boko Haram nos três anos seguintes. Então, finalmente ela conseguiu escapar se esgueirando pelo mato, enquanto seus sequestradores dormiam.

Com apenas 14 anos de idade, e sozinha, ela chegou a um acampamento para as vítimas da guerra. Um local que deveria ser seguro após tantos anos de abusos sexuais. Ela tinha acabado de se acomodar para finalmente ter uma noite tranquila de sono, quando ouviu passos do lado de fora de sua tenda. A voz era de um oficial de segurança, que a instruiu a sair. Assustada, ela obedeceu. Falmata disse que o oficial a levou para seus aposentos, e simplesmente a estuprou. Horas depois, após retornar para sua tenda, ela foi abordada por outro oficial, que também a estuprou.

No texto foi contada a história de uma adolescente chamada Falmata, que teve sua vida roubada pela guerra desde a sexta série, quando ela foi sequestrada de sua casa e estuprada repetidamente pelos combatentes do Boko Haram nos três anos seguintes.
O estupro tem sido um verdadeiro horror na guerra contra o "Boko Haram", que dominou a região nordeste da Nigéria ao longo dos últimos anos, e se espalhou além de suas fronteiras. Pelo menos 7.000 mulheres e meninas sofreram violência sexual do "Boko Haram", segundo estimativas das Nações Unidas. Os militantes sequestram e estupram jovens meninas, adolescentes e mulheres, distribuindo-as como se fossem "noivas" que, às vezes, são passadas de combatente para combatente. Porém, tal comportamento também acontece nas Forças de Segurança da Nigéria, e não somente na guerra. Dentro das cidades, em relação a crimes comuns, praticamente ninguém confia na polícia devido aos altíssimos índices de corrupção e violência praticada pelos próprios policiais. Sinceramente, não irei entrar em maiores detalhes, porque não tenho estômago suficiente para descrever as barbaridades que são cometidas pelos policiais. Portanto, é perfeitamente compreensível que a população prefira confiar em um "cone de palha" do que um policial na Nigéria. Obviamente, nem todos os policiais são corruptos, mas diante de tanta violência, é muito difícil saber em quem confiar. Em quem você iria preferir confiar?

E não pensem, que a situação é muito diferente em países vizinhos ou relativamente próximos. Em fevereiro de 2015, uma notícia publicada no portal português "Sapo", indicava que os progressos na luta contra a violência infantil eram lentos e fragmentados na África. No texto foi mencionado o relatório de uma instituição independente africana chamada ACPf (Fórum de Políticas para a Criança Africana), onde dizia que a violência contra as crianças na África deveria ser analisada num contexto socioeconômico mais amplo, que incluía processos de urbanização, aumento da pobreza e desigualdade, fragmentação familiar e uma persistência de normas tradicionais que contradizem códigos contemporâneos de defesa dos direitos humanos. O meio escolar, polo de desenvolvimento das crianças, era um dos locais em que as mesmas estavam mais expostas a alguma forma de violência. Cerca de 92% dos alunos entrevistados no Togo, 86% de Serra Leoa, 73% do Egito, 71% de Gana, 60% do Quênia e 55% no Senegal e no Benim já tinham sido vítimas de violência de professores ou colegas. Complicado, não é mesmo?

O meio escolar, polo de desenvolvimento das crianças, era um dos locais em que as mesmas estavam mais expostas a alguma forma de violência. Cerca de 92% dos alunos entrevistados no Togo, 86% de Serra Leoa, 73% do Egito, 71% de Gana, 60% do Quênia e 55% no Senegal e no Benim já tinham sido vítimas de violência de professores ou colegas
Além disso, essa é a situação de alguns países da África Ocidental, de acordo com o Portal Consular, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, para quem deseja viajar e conhecer os mesmos. Lembrando, que a recomendação de viagem do Ministério das Relações Exteriores considera o contexto de infraestrutura, segurança e saúde, bem como a situação geral do país escolhido como destino, avaliando os riscos potenciais de uma viagem a cidadãos brasileiros.
  • Nigéria: Evitar viagens não-essenciais. Em caso de viagens essenciais, deve-se manter alto grau de cautela e evitar deslocamento ao nordeste da Nigéria ou à região do delta do Níger, por criminalidade intensa e terrorismo;
  • República do Benim: Viajar com alto grau de cautela;
  • Togo: Viajar com alto grau de cautela;
  • Gana: Viajar com alto grau de cautela.
Entretanto, essa situação nesses países não é recente. Para explicar um pouco melhor essa situação irei novamente recorrer aquele estudo realizado pelos autores Rashidi Akanji Okunola e Matthias Olufemi Dada Ojo, intitulado "Zangbeto: The Traditional Way of Policing and Securing the Community among the Ogu People in Badagry, Nigeria" ("Zangbeto: A Tradicional Forma de Policiar e Proteger a Comunidade entre o Povo Ogu em Badagry, na Nigéria", em português).

O estudo realizado pelos autores Rashidi Akanji Okunola e Matthias Olufemi Dada Ojo, intitulado "Zangbeto: The Traditional Way of Policing and Securing the Community among the Ogu People in Badagry, Nigeria" ("Zangbeto: A Tradicional Forma de Policiar e Proteger a Comunidade entre o Povo Ogu em Badagry, na Nigéria", em português).
O estudo inicialmente mencionou, fazendo uso de citações de outros estudos realizados por terceiros, que toda sociedade possui formas de garantir que seus membros mantenham as normas dentro da própria sociedade em vigor. Isso serve para evitar a ausência de normas, que pode trazer situações caóticas para a sociedade, e garantir que a paz e a ordem prevaleçam. Assim sendo, toda sociedade tem seus próprios meios de controlar os comportamentos sociais de seus cidadãos, a fim de alcançar esses objetivos desejados.

Antes dos colonialistas invadirem a terra, que mais tarde se chamaria "Nigéria", existiam sistemas tradicionais e eficazes de arbitragem e controle do crime em todas as comunidades. Havia instituições para fazer isso. Essas instituições exigiam restrições formais e informais. Restrições informais envolviam sanções, negação de fala, tabus, costumes, entre outras coisas. As formas formais envolviam leis, direitos de propriedade e constituições tradicionais não escritas. No entanto, com a introdução do sistema moderno de governo, a função de orientar e controlar as relações interpessoais na sociedade foi assumida pelo governo através dos legisladores, e dos poderes judiciário e executivo do governo, além de algumas agências de aplicação da lei, especialmente, a polícia. Infelizmente, a polícia da Nigéria vem sendo altamente criticada por várias agências de direitos humanos, por organizações comunitárias, pela imprensa e por vários acadêmicos, por sua incapacidade de conter a constante onda de crimes no país. Como resultado disso, diversos meios alternativos, assim como o uso de vigilantes, ganharam força ao longo do tempo. Entre eles podemos citar os "grupos de milícia": "Oodua People’s Congress", "Bakassi Boys", "Egbesu Boys" e "Arewa Youth Vanguard", que tentam funcionar como meios de prevenir e controlar o crime. No entanto, esses meios alternativos à polícia moderna também são caracterizados pelo uso excessivo da violência.

Como resultado disso, diversos meios alternativos, assim como o uso de vigilantes, ganharam força ao longo do tempo. Entre eles podemos citar os "grupos de milícia": "Oodua People’s Congress", "Bakassi Boys" (na foto), "Egbesu Boys" e "Arewa Youth Vanguard", que tentam funcionar como meios de prevenir e controlar o crime. No entanto, esses meios alternativos à polícia moderna também são caracterizados pelo uso excessivo da violência.
Para as cidades que não possuem "grupos de milícia", existem outros meios tradicionais de controle do crime. O Zangbeto é uma dessas forma tradicionais de controle do crime entre o povo Ogu de Badagry, na Nigéria. Segundo o estudo, o Zangbeto é um "culto mascarado", que serve o propósito de entretenimento cultural durante o dia, mas funciona como um poderoso mecanismo de policiamento e proteção da comunidade durante à noite. O estudo também analisou as possíveis maneiras de incorporar o Zangbeto em um sistema legal de controle da criminalidade na Nigéria e, especialmente, entre o povo Ogu, na comunidade de Badagry, para complementar os esforços da polícia da Nigéria, de modo a derrubar a taxa de criminalidade no país. Isso porque a polícia da Nigéria fracassou na prevenção e controle do crime. A polícia, que deveria ser executora da lei, passou a ser infratora da lei como resultado da corrupção, brutalidade e hostilidade para com os cidadãos.

Conforme dissemos anteriormente, as sociedades africanas tinham instituições que eram utilizadas na prevenção e no controle da criminalidade antes do contato com os colonialistas. Essas instituições podiam estar na forma de rituais, que prometiam segurança; poderia ser apenas um símbolo de proteção colocado em uma propriedade para proibir o roubo e a transgressão ou através de cultos que eram utilizados como sistemas de justiça política e criminal. Por exemplo, havia o culto a "Oro" no sistema político pré-colonial dos nativos iorubás, que desempenhavam essas funções. Assim sendo, o culto a Zangbeto seria apenas mais um desses cultos.

 Segundo o estudo, o Zangbeto é um "culto mascarado", que serve o propósito de entretenimento cultural durante o dia, mas funciona como um poderoso mecanismo de policiamento e proteção da comunidade durante à noite.
Segundo os autores, o estudo foi puramente empírico, e obteve resultados muito interessantes. Inicialmente, a maioria dos entrevistados considerou o Zangbeto como um importante e indispensável elemento do povo Ogu. A maioria dos entrevistados (31 de 40 pessoas) concordou fortemente, que o Zangbeto ainda permanecia muito relevante na comunidade de Badagry. A maioria dos criminosos, que geralmente eram presos pelos "Zangbetos", eram ladrões, assaltantes e, em algumas ocasiões, ladrões armados.

"Os grupos de Zangbeto foram muito úteis para nós nesta comunidade. Uma das áreas de atuação em que desfrutamos de sua prevenção e controle do crime comunitário é na área de prender os ladrões, especialmente à noite", disse um dos entrevistados.

Em algumas ocasiões, o Zangbeto foi mencionado na prevenção de casos de assalto à mão armada na comunidade.

"Ainda me lembro de alguns incidentes de assalto à mão armada no passado. Grupos de Zangbeto vieram em socorro das comunidades envolvidas e os ladrões armados foram impedidos de realizar suas operações. Então, posso dizer, com certeza, que eles realmente ajudaram as comunidades a conter o assalto à mão armada em Badagry", disse uma das entrevistadas.

"Os grupos de Zangbeto foram muito úteis para nós nesta comunidade. Uma das áreas de atuação em que desfrutamos de sua prevenção e controle do crime comunitário é na área de prender os ladrões, especialmente à noite", disse um dos entrevistados.
"Lembro-me do Sr. X que, sozinho, prendeu quatro assaltantes armados em seu bairro. Quando a polícia foi alertada sobre o assalto, eles chegaram ao local do roubo, mas depois saíram correndo, porque os ladrões estava armados. No entanto, o Sr. X, sendo um membro do grupo Zangbeto, saiu e confrontou os ladrões armados. Três dos ladrões foram presos naquele dia. O quarto foi preso no segundo dia pela intervenção de outros membros dos Zangbeto em seu bairro", disse um outro entrevistado. Essa parte é interessante, porque o Sr. X, talvez, fosse um "Kregbeto", um assistente dos "Zangbetos", ou seja, isso não quer dizer que o "cone de palha" prendeu uma pessoa armada, mas os membros do culto a Zangbeto, entenderam?

De acordo com o estudo, o "Zangbeto" e as forças do Mal não eram amigos. O "Zangbeto" teria o poder de inutilizar as operações de bruxas e feiticeiros durante a noite. Um dos entrevistados (homem, mais de 40 anos e cristão) admitiu que o "Zangbeto" podia deter o poder de bruxas e feiticeiros na comunidade. Nesse sentido, o Alto Chefe Ayemi disse que nenhum bruxa conseguia exercer sua influência, quando um "Zangbeto" estivesse fazendo sua ronda noturna. Sempre que o "Zangbeto" emanava seu som característico para anunciar a sua chegada, os poderes de bruxas e feiticeiros seriam anulados.

Ainda segundo o Alto Chefe Ayemi, um "Zangbeto" também pode ser invocado para banir determinadas pessoas "questionáveis" de uma comunidade. Nesse sentido, o nome da tal pessoa "questionável" seria repassado ao "Zangbeto" e, após sete dias de rituais, a tal pessoa sairá correndo da comunidade, porque não conseguiria resistir ao poder do "Zangbeto".

Ainda segundo o Alto Chefe Ayemi, um "Zangbeto" também pode ser invocado para banir determinadas pessoas "questionáveis" de uma comunidade. Nesse sentido, o nome da tal pessoa "questionável" seria repassado ao "Zangbeto" e, após sete dias de rituais, a tal pessoa sairá correndo da comunidade, porque não conseguiria resistir ao poder do "Zangbeto"
Um "Zangbeto" também pode ser chamado para mediar questões sobre locação de imóveis.

"Alguns inquilinos que são teimosos e problemáticos podem ser tratados com a intervenção de um Zangbeto. Se tais inquilinos se recusarem a pagar o aluguel, o Zangbeto pode ser usado para afugentar tais inquilinos teimosos e problemáticos da comunidade", disse um entrevistado.

De forma semelhante, um "Zangbeto" pode ser chamado para intervir na cobrança de dinheiro devido por pessoas na comunidade.

"O Zangbeto é um tradicional cobrador de dívidas. Um credor pode invocar o Zangbeto para intervir na cobrança de dinheiro por parte de um devedor. Então, o mesmo não não tem outra alternativa senão fazer o pagamento de tal dívida rapidamente. Assim, o conflito entre credor e devedor pode ser facilmente resolvido por um Zangbeto", disse um outro entrevistado.

Agora, vem a parte mais interessante do estudo, visto que uma das entrevistadas preferia os "Zangbetos" do que polícia da Nigéria.

 "Prefiro o Zangbeto à polícia da Nigéria. A polícia moderna na Nigéria não é confiável. Você não pode confiar neles de forma alguma. Porém, as pessoas do grupo (Zangbeto) são pessoas de boa conduta na comunidade. Nós os conhecemos e os apreciamos", disse uma entrevistada.

De acordo com o estudo, o "Zangbeto" e as forças do Mal não eram amigos. O "Zangbeto" teria o poder de inutilizar as operações de bruxas e feiticeiros durante a noite. Um dos entrevistados (homem, mais de 40 anos e cristão) admitiu que o "Zangbeto" podia deter o poder de bruxas e feiticeiros na comunidade.
O suposto poder espiritual que o "Zangbeto" possui é outra razão pela qual algumas pessoas preferem o "Zangbeto"à polícia da Nigéria.

"Prefiro o Zangbeto à polícia da Nigéria. As pessoas acreditam na força de seu poder. As pessoas os temem. Sua punição ao infrator é sentida imediatamente, não da maneira policial ou judiciária que é demorada, e muitas vezes não dá em nada", disse uma outra entrevistada.

A confiabilidade seria uma outra razão pela qual alguns dos entrevistados preferiam os "Zangbetos" do que a polícia da Nigéria. Eles admitiram que, em termos de confiabilidade e sinceridade, o grupo Zangbeto era muito melhor que a polícia nigeriana. Outro fator para preferir os "Zangbetos"à polícia da Nigéria, é que Zangbeto realizaria uma espécie de "serviço altruísta à comunidade", ao contrário da polícia da Nigéria, que geralmente era paga, na maioria das vezes, pelos serviços prestados à comunidade, além dos salários que recebiam do governo (a nossa famosa propina, se é que me entendem). Além disso, um grande número de entrevistados demonstrou o desejo, que o Zangbeto recebesse apoio legal do governo, especialmente do governo do Estado de Lagos, onde a comunidade de Badagry está situada.

"A aparência do Zangbeto geralmente provoca medo nas pessoas de mentalidade criminosa. Se os santuários a Zangbeto fossem montados em vários lugares da comunidade, os criminosos seriam lembrados das consequências de suas ações", disse um entrevistado.

Além disso, um grande número de entrevistados demonstrou o desejo, que o Zangbeto recebesse apoio legal do governo, especialmente do governo do Estado de Lagos, onde a comunidade de Badagry está situada.
Como conclusão, o estudo apontou que havia uma necessidade do governo rever algumas formas tradicionais pelas quais as responsabilidades da polícia podiam ser complementadas. Assim sendo, os autores recomendaram, que o governo estabelecesse um comitê nacional, que investigasse as formas tradicionais, que pudessem ser revividas e atualizadas para servir ao propósito de policiamento e proteção da sociedade nigeriana, uma vez que a segurança de vidas e propriedades era um grande problema a boa governabilidade do país.

Os autores também mencionaram, que queriam que essas formas tradicionais fossem legalmente reconhecidas (no sentido de oficializadas) por parte do governo. De qualquer forma, as atividades dessas formas tradicionais deviam ser monitoradas de perto pelo governo para evitar a violação de seus juramentos e códigos de conduta. O reconhecimento legal não deveria ser uma maneira de intimidar e oprimir as pessoas. As pessoas envolvidas em tal grupo tradicional de policiamento e segurança também deviam ser remuneradas. Além disso, equipamentos e instalações deviam ser fornecidos para um desempenho eficaz. No entanto, nada nesse sentido aconteceu até hoje.

Uma Força Policial Comunitária Informal com Aspiração a Milícia: Os "Zangbetos" são Realmente Tão Poderosos Assim? O Culto Realmente Não Possui Qualquer Objetivo Financeiro?


Se você acompanhou toda essa saga até esse momento, vai perceber que o culto a Zangbeto é cercado de algumas contradições, no mínimo, peculiares. Em um primeiro momento, houve que dissesse que as mulheres seriam proibidas de fazer parte do culto, passíveis, inclusive, de serem punidas com a morte. Porém, conforme vimos, as mulheres não apenas fazem parte do culto, como ocupam posições de relativo prestígio. Aliás, a própria apresentação dos "Zangbetos" valoriza os valores e a importância da mulher como provedora da vida.

Outro ponto bem contraditório é a questão dos supostos poderes sobrenaturais atribuídos aos "Zangbetos". Em primeiro lugar, é necessário questionar se um "cone de palha", circulando pelas ruas e estradas de terra de comunidades no interior da Nigéria, do Togo, do Benim ou qualquer outro país da África Ocidental, que não possua braços ou pernas "visíveis", e que esteja desarmado, seria realmente efetivo no combate a criminalidade. Do ponto de vista lógico, seria impossível. Afinal de contas, bastaria homens munidos com pedaços de madeira ou objetos perfurocortantes para fazer tremer qualquer "cone de palha", e coloca-lo correr. Assim sendo, para coibir o crime "em nome do Zangbeto" existem os "Kregbetos", os tais assistentes que foram citados como os "guarda-costas" dos "Zangebtos". São eles que, supostamente orientados pelos "Zangbetos", realizam tais tarefas na prática. Se a situação for um pouco grave, um "Zangbeto" pode chamar outro através de uma flauta, o que implica automaticamente em mais "Kregbetos", ou seja, maior vantagem numérica. Agora, se a situação for muito grave, o culto conta com pessoas armadas, que não fazem parte do próprio culto.

Se você acompanhou toda essa saga até esse momento, vai perceber que o culto a Zangbeto é cercado de algumas contradições, no mínimo, peculiares. Em um primeiro momento, houve que dissesse que as mulheres seriam proibidas de fazer parte do culto, passíveis, inclusive, de serem punidas com a morte. Porém, conforme vimos, as mulheres não apenas fazem parte do culto, como ocupam posições de relativo prestígio.
Considerando tudo isso, se no interior do "cone de palha" está a personificação de um poderoso espírito ancestral, que não é homem ou mulher, por que o mesmo não utiliza seus poderes ancestrais para anular realmente anular forças do mal? Isso não acontece. Nada de paranormal ou sobrenatural é realizado, em tempo real, durante a vigilância por parte dos "Zangbetos". Na verdade, o que temos é todo um aparato de segurança para proteger, em primeiro lugar, o próprio "Zangbeto", por um motivo muito simples: existe uma pessoa de carne e osso, independentemente que esteja ou não em transe, debaixo do traje.

Para impor sua autoridade, membros do culto utilizam chantagens, pagamentos de multas e até mesmo humilhação pública para que os demais membros de uma comunidade rejeitem determinado indivíduo, ou seja, os "Zangbetos" utilizam comportamentos humanos, que não parecem ser condizentes com aquilo que se espera de espírito ancestral munido de uma sabedoria que transcende o tempo. Não encontrei nenhum relato ou testemunho credível de ninguém, que mencionasse ter presenciado algo "mágico" ou "sobrenatural", sendo realizado por parte dos "Zangbetos", exceto em suas apresentações, que são meramente artísticas.

Para impor sua autoridade, membros do culto utilizam chantagens, pagamentos de multas e até mesmo humilhação pública para que os demais membros de uma comunidade rejeitem determinado indivíduo, ou seja, os "Zangbetos" utilizam comportamentos humanos, que não parecem ser condizentes com aquilo que se espera de espírito ancestral munido de uma sabedoria que transcende o tempo.
É justamente na sequência desse questionamento inicial, que reside um ponto muito sensível e crítico. Anteriormente, foi mencionado que as apresentações dos "Zangbetos" não são seriam remuneradas, ou seja, não teriam um aspecto financeiro envolvido. Posteriormente, vimos que as pessoas, de fato, costumam dar dinheiro aos mesmos em troca de bênções. No entanto, a história não para por aí. Isso porque o culto a Zangbeto realmente possui um grande aspecto financeiro envolvido. Como isso acontece? Bem, não é tão difícil de explicar isso.

Segundo Maduabuchi F. Dukor (artigo "Philosophical Significance of Myths and Symbols: Zangbeto Cult"), o membro do povo Ogu, que desejar ser iniciado, precisar levar alguns materiais para sua iniciação, algo que varia de vilarejo para vilarejo. No vilarejo de Ajara, próximo da cidade de Badagry, seria solicitado os seguintes itens: uma garrafa de gim Ahan, ₦ 60,00 (cerca de R$ 0,57, devido a alta desvalorização da naira nigeriana), um pacote de folhas de palmeira-ráfia, lenha (para queimar à noite), um barril de vinho de palma (bebida alcoólica obtida a partir da fermentação alcoólica da seiva de várias espécies de palmeiras), e assim por diante.

Nesse ponto, podemos perceber que existe um claro interesse financeiro, e principalmente alcoólico no culto a Zangbeto. Aliás, não levem em consideração a desvalorização da moeda da Nigéria, porque não dá para comparar o estilo de vida da maior parte da população nigeriana com a brasileira, ou seja, ₦ 60,00 não é pouco dinheiro para boa parte da população.

No vilarejo de Ajara, próximo da cidade de Badagry, seria solicitado os seguintes itens: uma garrafa de gim Ahan, ₦ 60,00 (cerca de R$ 0,57, devido a alta desvalorização da naira nigeriana), um pacote de folhas de palmeira-ráfia, lenha (para queimar à noite), um barril de vinho de palma (bebida alcoólica obtida a partir da fermentação alcoólica da seiva de várias espécies de palmeiras), e assim por diante.
Aliás, não levem em consideração a desvalorização da moeda da Nigéria, porque não dá para comparar o estilo de vida da maior parte da população nigeriana com a brasileira, ou seja, ₦ 60,00 é um bom dinheiro para boa parte da população.
Contudo, o aspecto financeiro e alcoólico do culto não se resume apenas ao iniciado, mas ao pagamento das multas, que são aplicadas aos supostos infratores perante o julgamento realizado pelos próprios "Zangbetos". Ainda segundo Maduabuchi F. Dukor, se um homem bater em sua esposa, e a mesma chorar ao ponto dos seus vizinhos serem testemunhas do ocorrido, um "Zangbeto" prenderia o homem, e lhe aplicaria uma multa de ₦ 20,00 (cerca de R$ 0,19) e uma garrafa de gim.

Acredita-se que isso sirva como um "impedimento" para evitar que outros briguem com suas esposas. Nem sempre, no entanto, a multa precisa ser paga em dinheiro vivo, uma vez que, dependendo da gravidade da acusação, o pagamento consiste em uma cabra ou um porco, uma cesta de alimento a base de milho (algo semelhante a nossa polenta, e que se chama "pap"), uma bebida alcoólica fermentada de palmeira-ráfia (Ogogoro), e assim por diante. De qualquer forma, as bebidas alcoólicas marcam uma forte presença no culto a Zangbeto.

Ainda segundo Maduabuchi F. Dukor, se um homem bater em sua esposa, e a mesma chorar ao ponto dos seus vizinhos serem testemunhas do ocorrido, um "Zangbeto" prenderia o homem, e lhe aplicaria uma multa de ₦ 20,00 (cerca de R$ 0,19) e uma garrafa de gim. A foto acima demonstra o processo artesanal e precário na fabricação de gim.
Foto mostrando o processo de fabricação da um barril do vinho de palma
(bebida alcoólica obtida a partir da fermentação alcoólica da seiva de várias espécies de palmeiras).
Nem sempre, no entanto, a multa precisa ser paga em dinheiro vivo, uma vez que, dependendo da gravidade da acusação, o pagamento consiste em uma cabra ou um porco, uma cesta de alimento a base de milho (algo semelhante a nossa polenta, e que se chama "pap")...
...uma bebida alcoólica fermentada de palmeira-ráfia (Ogogoro), e assim por diante. De qualquer forma, as bebidas alcoólicas marcam uma forte presença no culto a Zangbeto.
Diante desse cenário, ou seja, de uma força policial comunitária informal com uma forte aspiração a milícia, algumas situações invariavelmente podem fugir do controle, inclusive dentro do próprio culto a Zangbeto. Nesse sentido, é muito importante acompanhar o relato publicado em um blog chamado "Nancy Frey and Bruce Yoder", de uma família de missionários da Rede de Missões Menonitas, que por sua vez é uma agência missionária da Igreja Menonita dos Estados Unidos, que opera na Nigéria, Benim e Gana.

Na publicação de 27 de janeiro de 2009, o casal de missionários estava indo para um vilarejo chamado Zanzoun, no sul da República do Benim, que era conhecido pelo desrespeito as leis do país. Eles iam visitar uma igreja formada por ex-ladrões e bandidos, que resolveram largar o crime.

Diante desse cenário, ou seja, de uma força policial comunitária informal com uma forte aspiração a milícia, algumas situações invariavelmente podem fugir do controle, inclusive dentro do próprio culto a Zangbeto. Nesse sentido, é muito importante acompanhar o relato publicado em um blog chamado "Nancy Frey and Bruce Yoder", de uma família de missionários da Rede de Missões Menonitas, que por sua vez é uma agência missionária da Igreja Menonita dos Estados Unidos, que opera na Nigéria, Benim e Gana.
Segundo o casal, Zanzoun era conhecida por duas coisas: o papel predominante do "Zangbeto", e a prática frequente de vender, de maneira fraudulenta, lotes de terra. De acordo com eles, a "instituição Zangbeto" havia surgido no vilarejo há muitos anos para fornecer proteção as propriedades durante a noite. Eles mantinham a lei e a ordem. Se alguém fosse pego cometendo um crime, ele teria que pagar uma multa. Se a pessoa não pagasse, seria punida pelo "Zangbeto". Ao longo dos anos, esses vigias noturnos se tornaram os próprios ladrões, que eles deveriam parar. Eles tinham se tornado uma força dentro da comunidade, que ninguém se atrevia a desafiar. Os "Zangbetos" saíam em seus trajes, cobertos da cabeça aos pés e, às vezes, com chifres acima da cabeça. Eles também eram acompanhados por músicos tocando seus instrumentos rítmicos e seguidos por crianças risonhas e curiosas, que mantinham uma certa distância.

No vilarejo de Zanzoun, um grupo de pessoas havia aperfeiçoado a arte de vender terras, que não lhes pertenciam (assim como acontece aqui no Brasil). Eles levavam um comprador desavisado para lhe mostrar o terreno, em seguida o levavam para um escritório falso, onde ele recebia um documento falso de propriedade do terreno em troca de seu dinheiro. Quando a pessoa finalmente descobria, que havia comprado um pedaço de papel inútil, não encontrava mais as pessoas, que venderam as terras para ele. Certo dia, no entanto, uma figura proeminente desse grupo de golpistas foi até a cidade de Porto Novo, capital do Benim, para oferecer terras para um grupo de evangelistas, que já tinham ido até Zanzoun para pregar o Evangelho. O porta-voz desse grupo disse que seu pai estava gravemente doente e hospitalizado, e que por isso precisava vender algumas terras para pagar as contas médicas do pai. Esses evangelistas disseram que não tinham interesse em comprar terras, mas que se jovem estivesse disposto a dizer onde o pai estava internado, eles iriam até o local orar por ele. Além disso, se houvesse alguma receita médica, eles estavam dispostos a pagar os medicamentos do pai do jovem e, inclusive, as despesas hospitalares. O jovem, embora golpista e que não tinha nenhum familiar doente, ficou impressionado com o fato de pessoas que nunca conheceram sua família estarem dispostas a ajudá-lo sem receber nada em troca. O jovem resolveu se converter ao Cristianismo.

Ao longo dos anos, esses vigias noturnos se tornaram os próprios ladrões, que eles deveriam parar. Eles tinham se tornado uma força dentro da comunidade, que ninguém se atrevia a desafiar. Os "Zangbetos" saíam em seus trajes, cobertos da cabeça aos pés e, às vezes, com chifres acima da cabeça. Eles também eram acompanhados por músicos tocando seus instrumentos rítmicos e seguidos por crianças risonhas e curiosas, que mantinham uma certa distância.
Depois que ele tomou essa decisão, no entanto, houve uma reação adversa. Os outros membros do vilarejo não eram a favor de perder um dos seus principais agentes no esquema de fraude imobiliária. Para piorar a situação, o jovem era um "Zangbeto", e o "cérebro" por trás de tais atividades. Até mesmo seu próprio pai se voltou contra ele. Em um determinado ponto, depois que ele não fazia mais parte de suas atividades, a gangue o acusou de fraude imobiliária, e ele foi para a prisão por vários meses. Ainda assim, o jovem permaneceu no caminho do Cristianismo.

Para finalizar, em uma manhã, Bruce Yoder estava pregando o Salmo 73, quando um "Zangbeto" desceu por um caminho que passava em frente a igreja, onde ele estava pregando. Algumas crianças saíram correndo da igreja para observar e seguir a "figura de palha". Na visão de Bruce, sem ter a menor noção do que lhes aguardava mais a frente. Evidentemente, não podemos dizer que Bruce Yoder esteja mentindo, porque ele pertence a religião "A" ou "B". Ele simplesmente relatou o que estava acontecendo em sua região de atuação. E, seu relato, demonstra claramente o envolvimento de membros do culto a Zangbeto envolvidos com práticas criminosas no sul da República do Benim. Isso não quer dizer que todos agem dessa forma, mas infelizmente a estrutura miliciana dos "Zangbetos" favorece que esse tipo de situação ocorra.

Para finalizar, em uma manhã, Bruce Yoder estava pregando o Salmo 73, quando um "Zangbeto" desceu por um caminho que passava em frente a igreja, onde ele estava pregando. Algumas crianças saíram correndo da igreja para observar e seguir a "figura de palha". Na visão de Bruce, sem ter a menor noção do que lhes aguardava mais a frente.
A maior ironia disso tudo é que inúmeros estudos apontam a forte influência que o Cristianismo e o Islamismo exerceram sobre o culto a Zangbeto, através do processo conhecido como "Transculturação". Esse processo consiste na "modificação de uma cultura primitiva resultante do contato prolongado com uma cultura mais avançada". Segundo Maduabuchi F. Dukor (artigo "Philosophical Significance of Myths and Symbols: Zangbeto Cult"), existe pouquíssima dúvida de que a estrutura da tradição do Zangbeto tenha sido afetada tanto pelo Cristianismo quanto pelo Islamismo, uma vez que os membros do culto incluem muçulmanos, e Badagry foi a porta de entrada para o Cristianismo, na Nigéria, por exemplo. Por outro lado, é notável como certas tradições permaneceram intocadas diante do "ataque cultural" proveniente de outras nações ou religiões. De qualquer forma, é muito importante destacar, que os membros do culto a Zangbeto pertencem as mais diversas religiões e crenças, e todos eles conversam entre si.

Essa questão também foi mencionada por Rhyan Thomas, um profissional que fez carreira como fotógrafo da National Geographic, que visitou mais de 120 países, e deu a volta ao mundo inúmeras vezes. Em uma publicação em seu site pessoal, em dezembro de 2015, Rhyan, que possui mais de 60 anos de idade, disse que estava no vilarejo de Hlande, no Togo, o lar da tribo "Ewe". Ele disse que estava notando muitas coisas que não havia percebido, quando esteve no mesmo vilarejo, cerca de cinco anos antes. Ele disse que as crianças do vilarejo assistiam a uma cerimônia espetacular dos chamados "Zangbetos" totalmente perplexas e com absoluto temor. Segundo ele, na mente das crianças, os mesmos deviam ser criaturas enormemente poderosas, muito sábias e capazes de grandes façanhas.

Essa questão também foi mencionada por Rhyan Thomas, um profissional que fez carreira como fotógrafo da National Geographic, que visitou mais de 120 países, e deu a volta ao mundo inúmeras vezes. Em uma publicação em seu site pessoal, em dezembro de 2015, Rhyan, que possui mais de 60 anos de idade, disse que estava no vilarejo de Hlande, no Togo, o lar da tribo "Ewe".
Ele disse que estava notando muitas coisas que não havia percebido, quando esteve no mesmo vilarejo, cerca de cinco anos antes. Ele disse que as crianças do vilarejo assistiam a uma cerimônia espetacular dos chamados "Zangbetos" totalmente perplexas e com absoluto temor.
Durante a cerimônia, os "Zangbetos" giravam e giravam, cada vez mais rápidos, sendo impedidos por seus "assistentes" de colidirem com os moradores locais e espectadores. Então, em um determinado momento, os assistentes batiam nas laterais do palheiro, antes de erguê-los para mostrar que não existia ninguém debaixo do traje. Em vez de uma pessoa, outra coisa era geralmente revelada: um jovem crocodilo (muito vivo e veloz), uma estatueta com braços em movimento, um crânio animal que comia banana ou uma bebida alcoólica. O Zangbeto usava seus "poderes mágicos" para se "transformar".

Segundo Rhyan, surpreendentemente, as práticas espirituais de 10.000 anos, nas quais a religião vodu se baseava, continham elementos similares ao Cristianismo. De acordo com ele, essa poderia ser a razão pela qual, não apenas no Togo, mas em muitas outras partes do mundo, as práticas espirituais do povo Ewe, no sul do Togo, formavam uma mistura complexa de antigas tradições culturais e o Cristianismo. Os moradores de Hlande não viam nenhum conflito em participar primeiramente de uma missa, e posteriormente participar da cerimônia. Talvez para ressaltar a relação e o reconhecimento da amálgama de práticas espirituais cristãs e vodus há muito tempo estabelecidas naquela parte do mundo, Rhyan disse que Papa João Paulo II visitou o país vizinho, a República do Benim, em 1992, para se encontrar e dialogar com os sacerdotes e anciãos Vodu. Os adeptos do Vodu viram este evento como prova de legitimidade, um sinal claro de que os voduístas têm seu lugar ao lado da fé cristã. Após a visita do Papa, o movimento Vodu ganhou força e as práticas religiosas baseadas nesse antigo culto tornaram-se mais populares. Segundo Rhyan, naquele momento, em dezembro de 2015, aproximadamente metade da população do Togo praticava religiões indígenas, sendo que os voduístas ocupavam grande parte dessa fatia.

Durante a cerimônia, os "Zangbetos" giravam e giravam, cada vez mais rápidos, sendo impedidos por seus "assistentes" de colidirem com os moradores locais e espectadores. Então, em um determinado momento, os assistentes batiam nas laterais do palheiro, antes de erguê-los para mostrar que não existia ninguém debaixo do traje. Em vez de uma pessoa, outra coisa era geralmente revelada: um jovem crocodilo (muito vivo e veloz), uma estatueta com braços em movimento, um crânio animal que comia banana ou uma bebida alcoólica. O Zangbeto usava seus "poderes mágicos" para se "transformar".
Esse relato do Rhyan Thomas é muito interesse em diversos aspectos. Em primeiro lugar, ficou claro que, durante as cerimônias, embora todo e qualquer Zangbeto possua uma espécie de "janelinha" na parte frontal do traje (algo que comentarei daqui a pouco), a pessoa que está girando debaixo do "cone de palha" perde a noção do espaço, razão pela qual existem "assistentes" para devolvê-los para o espaço destinado a apresentação. Caso contrário, os "Zangbetos" iriam invadir o espaço destinado ao público. Consequentemente, iriam cair e toda a magia seria desfeita, quando o público notasse a presença de uma pessoa no interior do traje. Imaginem a confusão que seria.

Em segundo lugar, Rhyan mencionou que o assistente batia na estrutura antes de erguê-la, ou seja, isso indica que o assistente dava uma espécie de aviso para a pessoa que estava dentro do traje, que havia chegado o "momento de se esconder". Assim sendo, mais uma vez fica claro que existe uma pessoa de carne e osso, independentemente que esteja em transe ou não, dentro do traje, e dessa vez estamos falando do Togo, não da Nigéria.

Para completar, é necessário apontar um detalhe um tanto quanto previsível. É muito provável que a pessoa no interior do traje esteja muito mais alcoolizada do que em transe. No artigo publicado na revista alemã "Geo Magazin"é mencionada a seguinte passagem:
"Com forragens de palha anormalmente largas e rodopios imprudentes, esses giradores conseguem levantar mais plumas de poeira do que o Djagli (antigo deus guerreiro, protetor das aldeias contra a bruxaria), que adora uma poeira. Gim e sodabi, cuspidos de sua boca, reluzem em sua palha, conforme o sangue fresco de galinha escorre por suas coroas. Eles se movimentam de acordo com a música. E, assim como todas as coisas Vodu, eles possuem um suprimento aparentemente infinito de energia."
Foto mostrando o engarrafamento artesanal e precário do sodabi
A passagem acima denota claramente, que também existe o consumo de bebida alcoólica no interior do "zanho" durante algumas apresentações performáticas dos "Zangbetos".

As Imagens e os Vídeos Indicando e Efetivamente Mostrando a Existência de uma Pessoa de Carne e Osso no Interior do "Zanho"!


Finalmente, vamos nos encaminhando para a parte final desta matéria, onde mostrarei a vocês que, infelizmente, existe uma pessoa de carne e osso por baixo do traje dos "Zangbetos", e que tudo não passa de um truque de ilusionismo. Já vi muita gente alegar, que seria necessário visitar essas comunidades Ogu e tirar uma foto por debaixo do traje para mostrar que realmente existe uma pessoa debaixo do mesmo. Bem, não seja por isso. Embora viajar para esses países da África Ocidental seja um tanto quanto arriscado, por inúmeros motivos, isso não quer dizer que não temos material fotográfico ou audiovisual por parte de pessoas, que simplesmente resolveram ver de perto essas tais apresentações.

Vamos começar com algo leve e falar da experiência de viagem da Nellie, uma blogueira de viagens de aventura por profissão, que nasceu em Cingapura, e decidiu se tornar uma cidadã global por opção. Em seu blog chamado "Wild Junket", ela diz que está viajando pelo mundo desde 2003, e atualmente, possui a missão de viajar por todos os países do mundo. Em novembro de 2017, ela já tinha viajado para 120 países em todos os sete continentes, sendo que existem 193 estados membros das Nações Unidas neste exato momento. Ela é praticamente um autoridade quando o assunto é viagem de aventura, e o seu material audiovisual já foi apresentado no BBC Travel, CNN, National Geographic, Lonely Planet, entre outros.

Vamos começar com algo leve e falar da experiência de viagem da Nellie (na foto), uma blogueira de viagens de aventura por profissão, que nasceu em Cingapura, e decidiu se tornar uma cidadã global por opção.
Em sua viagem para a África Ocidental, Nellie foi conferir a cultura Vodu na República do Benim. Ela disse que, em sua jornada, ela aprendeu que o vodu não era uma magia negra ou uma feitiçaria maligna como retratada em filmes de Hollywood. Na verdade, é uma das religiões mais antigas do mundo, com centenas de anos de história. Os africanos ocidentais praticam o Vodu muito antes  do Cristianismo e o Islamismo serem introduzidos naquela parte do continente. Embora uma grande porcentagem dos africanos ocidentais seja atualmente cristã ou muçulmana, muitos ainda praticam paralelamente o Vodu. Oficialmente, haveria cerca de 35% de voduístas em Benim (considerado o lar do Vodu), mas esse número pula para 65%, uma vez muitos cristãos também recorrem aos sacerdotes vodu para curar seus problemas e responder a perguntas sobre o futuro.

Para os voduístas as danças e cerimônias são uma parte importante de sua religião. Quase todo final de semana, você encontrará vilarejos rurais em Benim realizando cerimônias para despertar os espíritos e agradecer às divindades. São celebrações coloridas e vibrantes que envolvem sacrifícios de animais e muito canto, dança, batuque e gim. Graças ao seu guia Ben, da "Jolinaiko Eco Tours", ela teve o privilégio de testemunhar uma impressionante cerimônia vodu numa pequena aldeia chamada Agbannakin, perto da fronteira togolesa, e próxima da cidade costeira de Grand Popo, no sul do Benim.

Graças ao seu guia Ben, da "Jolinaiko Eco Tours", ela teve o privilégio de testemunhar uma impressionante cerimônia vodu numa pequena aldeia chamada Agbannakin, perto da fronteira togolesa, perto da cidade costeira de Grand Popo, no sul do Benim.
Ela disse que ouvia os batuques antes mesmo de atravessarem o rio para chegar à aldeia. Era alto, rápido e repleto de energia. Aldeões - jovens e velhos, homens e mulheres - se reuniam em torno do templo vudu, dançando e tocando com fervor. A energia aumentava a cada batida do tambor, conforme o Zangeto emergia. Alto e massivo, o espírito mascarado estava coberto de palha colorida, crânios de animais e penas. Ele começou a correr descontroladamente em direção aos aldeões e começou a girar em um movimento hipnótico, fazendo com que suas palhas voassem em todas as direções. Um dos moradores locais explicou a Nellie que, quando Zangbeto aparece, sua apresentação garante a proteção da aldeia contra os maus espíritos e pessoas maliciosas. O movimento giratório da máscara simbolizava a limpeza espiritual da aldeia em todas as direções.

Ela disse que ouvia os batuques antes mesmo de atravessarem o rio para chegar à aldeia. Era alto, rápido e repleto de energia. Aldeões - jovens e velhos, homens e mulheres - se reuniam em torno do templo vudu, dançando e tocando com fervor.
A energia aumentava a cada batida do tambor, conforme o Zangeto emergia. Alto e massivo, o espírito mascarado estava coberto de palha colorida, crânios de animais e penas. Ele começou a correr descontroladamente em direção aos aldeões e começou a girar em um movimento hipnótico, fazendo com que suas palhas voassem em todas as direções.
De acordo com o guia turístico, o Ben, o Zangbeto representava os espíritos não humanos. Os indivíduos mascarados pertencem a uma sociedade secreta e mantêm sua identidade escondida. Os não iniciados não sabem quem eles são. Ela disse que ficou cética no começou e permaneceu prestando atenção para ver se conseguia ter um vislumbre da pessoa por baixo do traje.

Estranhamente não parecia haver nenhum pé debaixo do traje. Eventualmente, os aldeões viraram o traje de cabeça para baixo, mas não havia ninguém. Ela admitiu que ficou um pouco assustada com a situação, mas que isso não durou muito tempo.

Estranhamente não parecia haver nenhum pé debaixo do traje. Eventualmente, os aldeões viraram o traje de cabeça para baixo, mas não havia ninguém. Ela admitiu que ficou um pouco assustada com a situação, mas isso não durou muito tempo.
Outro espírito Zangbeto emergiu e começou a correr ainda mais desordenadamente ao redor do centro poeirento da aldeia. Os batuques eram ainda mais altos, e o moradores estavam dançando mais energicamente do que antes. Depois que o Zangbeto fez seus giros, alguns jovens aldeões o agarraram e o viraram de cabeça para baixo, desta vez revelando um pequeno caixão. Nellie disse que espantou com a visão de um caixão, esperando que não houvesse um cadáver dentro do mesmo.

Quando quatro homens abriram a tampa do caixão, um esqueleto de brinquedo de plástico (embora pareça ser feito de cerâmica) surgiu e lhe surpreendeu. Era um daqueles brinquedos de Halloween, que os americanos usariam na varanda de suas casas. Porém, o mesmo estava desempenhando um papel em uma cerimônia religiosa na zona rural da República do Benim. Nellie não sabia se ria diante do absurdo da situação ou se desaprovava o modo como as pessoas estavam sendo manipuladas pelo vodu. A dança e os batuques continuaram, com os espíritos de Zangbeto revelando objetos mais estranhos e obscuros sob suas máscaras. Um fetiche gigante (uma figura de argila com um pênis gigante), um pote de incenso e até mesmo uma figura de um homem árabe e seu bule de chá.

Quando quatro homens abriram a tampa do caixão, um esqueleto de brinquedo de plástico (embora pareça ser feito de cerâmica) surgiu e lhe surpreendeu. Era um daqueles brinquedos de Halloween, que os americanos usariam na varanda de suas casas. Porém, o mesmo estava desempenhando um papel em uma cerimônia religiosa na zona rural da República do Benim. Nellie não sabia se ria diante do absurdo da situação ou se desaprovava o modo como as pessoas estavam sendo manipuladas pelo vodu.
A dança e os batuques continuaram, com os espíritos de Zangbeto revelando objetos mais estranhos e obscuros sob suas máscaras. Um fetiche gigante (uma figura de argila com um pênis gigante), um pote de incenso e até mesmo uma figura de um homem árabe e seu bule de chá.
Nellie perguntou ao Ben o que os objetos representavam, e ele explicou de uma maneira trivial:  "Eles mostram os poderes mágicos do espírito Zangbeto". Resumindo? Todos aqueles objetos de madeira e plástico, que seriam normalmente usados no Halloween, nos Estados Unidos, eram a demonstração do "poder do Zangbeto". A visita de Nellie demonstra claramente que os objetos deixados pelo suposto "espírito ancestral" são bem mundanos e passíveis de serem fabricados localmente (como no caso do caixão de madeira) ou comprados em uma "loja de artigo de festas". Nada sobrenatural.

Entretanto, uma das melhores visitas, sem dúvida alguma foi de Gerald Hoedl, professor de Estudos Religiosos na Universidade de Viena e em Estudos Culturais na Universidade Humboldt, em Berlim. Em setembro de 2009, ele publicou em seu blog chamado "Culture & Religion" um relato de sua viagem ao Togo e a República do Benim.

Naquilo que chamou de "viagem de estudo", que ele fez com alguns estudantes realmente simpáticos, seu bom amigo Sewa Serge Sousthene Agbodjan-Prince e alguns bons cidadãos da Áustria até mesmo acima de sua idade, ele inicialmente citou, que a página do Museu Histórico de Abomey, em Benim, advertia o turista estrangeiro que, "em algumas áreas da cidade, as sociedades secretas chamadas 'Zangbeto' estavam encarregadas da segurança da meia-noite às 5h manhã. Portanto, os turistas não deviam sair sem seus documentos de identidade após a meia-noite, ou então sair com um iniciado." Ele também mencionou que os "Zangbetos eram representados por pessoas cobertas por uma máscara". Gerald publicou algumas fotos de "Zangbetos", que ele tirou no dia 8 de setembro de 2009, sendo que um, inclusive, estaria "andando sobre as águas".

Gerald publicou algumas fotos de "Zangbetos", que ele tirou no dia 8 de setembro de 2009...
...sendo que um, inclusive, estaria "andando sobre as águas"
No Benim e no Togo existe uma crença generalizada de que não há ninguém sob a máscara, mas que a armação "vazia"é empoderada por um espírito (uma pessoa lhe disse, que os iniciados estavam usando os espíritos dos recém-falecidos para desempenhar as tarefas). Aliás, havia explicações em abundância para isso, assim como de uma leiga católica em Lomé, que contou para Gerald que, na verdade, havia uma pessoa sob a máscara, mas que não era possível vê-la devido a um feitiço dos sacerdotes do culto a Zangbeto. Seja como for, um vigia noturno considerado como um espírito parecia ser mais eficaz do que um ser humano cumprindo essas tarefas relacionadas ao vigilantismo.

Depois de muitas negociações, Gerald conseguiu convencer, "financeiramente falando", um informante em Ouidah para conseguir assistir algumas iniciações relacionadas culto a Zangbeto. Nesse sentido, ele publicou dois vídeos bem curtinhos em seu canal no YouTube. Gerald disse que o primeiro mostrava um surpreendente senso de equilíbrio, e que não havia nada debaixo do traje:



O segundo vídeo também seria igualmente misterioso:



Nesse momento, vocês podem pensar que Gerald mostrou para as pessoas que os trajes seriam realmente manipulados por um espírito ancestral, não é mesmo? Porém, não foi bem isso que aconteceu alguns dias depois, no início de outubro de 2009, quando ele voltou a publicar outras fotos de sua viagem, que foram tiradas em 12 de setembro daquele ano. As fotos pertenciam a um membro do grupo chamado Erich Konecky. Abaixo, vocês podem conferir membros do grupo, que não temeram tocar no "espírito" ou não mostraram respeito suficiente para ficar longe dele, respectivamente:

Acima vocês podem conferir membros do grupo, que não temeram tocar no "espírito"
ou não mostraram respeito suficiente para ficar longe dele, respectivamente.
Gerald questionou como uma pessoa estaria girando, mantendo a si mesmo a "pesada" estrutura em equilíbrio. Porém, aqui mora um pequeno problema, porque o traje tem apenas uma "aparência pesada", mas ele é bem leve. Basta lembrar do etnógrafo russo Kirill Babaev, que relatou ter tido o privilégio de erguer a estrutura, algo que fez usando apenas uma das mãos.

Gerald questionou como uma pessoa estaria girando, mantendo a si mesmo a "pesada" estrutura em equilíbrio.
Porém, aqui mora um pequeno problema, porque o traje tem apenas uma aparência pesada, mas ele é bem leve. Basta lembrar do etnógrafo russo Kirill Babaev, que relatou ter tido o privilégio de erguer a estrutura, algo que fez usando apenas uma das mãos.
Tudo o que vemos na apresentação é uma encenação, assim como aquela quantidade de homens segurando de forma displicente o traje como se o mesmo fosse pesado, sendo que ele é bem leve. A última foto publicada por Gerald, no entanto, mostra perfeitamente, que existe uma pessoa debaixo do traje. É possível notar que existe uma pessoa camuflada debaixo do mesmo.

A última foto publicada por Gerald, no entanto, mostra perfeitamente, que existe uma pessoa debaixo do traje. É possível notar que existe uma pessoa camuflada debaixo do mesmo.
De qualquer forma, um dos elementos mais gritantes, e que mostram claramente que estamos diante de um truque de ilusionismo, é uma espécie de "janelinha", que todo e qualquer Zangbeto possui em maior ou menor grau, justamente na área frontal do traje, e na altura da cabeça de um ser humano normal. Algumas "janelinhas" são mais perceptíveis do que outras, mas todas possuem um meio de contato visual e frontal com o meio externo. Aliás, os "Zangbetos" sempre caminham justamente na direção de onde essa "janelinha" está apontada. A questão é: Um poderoso espírito ancestral precisaria mesmo "enxergar" por uma janelinha para saber em qual direção caminhar ou seguir? Ironicamente, apesar da "janelinha", muitos "Zangbetos" ficam meio que desorientados de tanto girar e devido ao consumo de bebida alcoólica no interior do traje, razão pela qual vemos muitos tropeçando ou então avançando em direção aos espectadores. Enfim, a "janelinha" também teria a função de fornecer um espaço livre para a respiração e comunicação verbal da pessoa que está no interior do traje.

É praticamente impossível não associar isso a famigerada tábua Ouija. O motivo? Bem, a paranormalidade da tábua Ouija estaria no fato de que um espírito, maligno ou não, seria o responsável por mover o indicador, que nesse caso poderia ser um copo ou uma tampinha de garrafa (não importa o objeto, desde que deslize facilmente). Porém, no especial que escrevi sobre a tábua Ouija mostrei um experimento bem documentado, que qualquer um pode repetir inúmeras vezes em casa. Se os participantes estiverem vendados praticamente nenhuma palavra consegue ser formada, quiçá uma frase que faça sentido. Assim sendo, se a alegação era que um espírito seria o responsável pelo movimento, por qual motivo a tábua Ouija se torna completamente inútil? O mesmo se aplica aos Zangbetos. Se a "janelinha" ou qualquer outro espaço destinado ao contato visual externo fosse tampado, com certeza teríamos um espetáculo muito confuso, com os "Zangbetos" totalmente descontrolados.

Confira abaixo alguns exemplos de Zangbetos, sendo que a maioria das fotos foram tiradas em vilarejos da República do Benim.

De qualquer forma, um dos elementos mais gritantes, e que mostram claramente que estamos diante de um truque de ilusionismo, é uma espécie de "janelinha", que todo e qualquer Zangbeto possui em maior ou menor grau, justamente na área frontal do traje, e na altura da cabeça de um ser humano normal.
Algumas "janelinhas" são mais perceptíveis do que outras,
mas todas possuem um meio de contato visual e frontal com o meio externo.
Aliás, os "Zangbetos" sempre caminham justamente na direção de onde essa "janelinha" está apontada. A questão é: Um poderoso espírito ancestral precisaria mesmo "enxergar" por uma janelinha para saber em qual direção caminhar ou seguir?
Ironicamente, apesar da "janelinha", muitos "Zangbetos" ficam meio que desorientados de tanto girar e devido ao consumo de bebida alcoólica no interior do traje, razão pela qual vemos muitos tropeçando ou então avançando em direção aos espectadores
A "janelinha" também teria a função de fornecer um espaço livre para a respiração e comunicação verbal
da pessoa que está no interior do traje.
Se a "janelinha" ou qualquer outro espaço destinado ao contato visual externo fosse tampado, com certeza teríamos um espetáculo muito confuso, com os "Zangbetos" totalmente descontrolados.
Mais uma foto mostrando a "janelinha" que os Zangbetos possuem.
Outra foto mostrando a "janelinha" que os Zangbetos possuem.
E, finalmente, uma foto mostrando alguns tipos bem estranhos de Zangbetos,
mas que também possuem a tal "janelinha" justamente na altura que ficaria a cabeça de uma pessoa no interior do traje.
Nesse ponto, algumas pessoas até mesmo poderiam dizer que, havendo uma pessoa no interior do traje, a mesma deixaria marca de pegada no chão de terra empoeirado. Porém, essas mesmas pessoas se esquecem de um pequeno detalhe: as palhas do traje do "Zangbeto" raspam consideravelmente contra o solo, funcionando como uma espécie de escova. Assim sendo, qualquer marca de pegada ou rastro deixado por uma pessoa é imediatamente "varrido" conforme o "Zangbeto" gira ou caminha.

Nesse ponto, algumas pessoas até mesmo poderiam dizer que, havendo uma pessoa no interior do traje, a mesma deixaria marca de pegada no chão de terra empoeirado. Porém, essas mesmas pessoas se esquecem de um pequeno detalhe: as palhas do traje do "Zangbeto" raspam consideravelmente contra o solo, funcionando como uma espécie de escova.
Outro detalhe fundamental, que podemos notar ao assistir aos inúmeros vídeos disponíveis sobre "Zangbetos" no YouTube, é que os "Zangbetos" se locomovem perfeitamente de acordo com a biomecânica da locomoção humana, ou seja, eles caminham exatamente da forma que uma pessoa caminharia ou se locomoveria, usando duas pernas de carne e osso.

É possível notar isso claramente no vídeo publicado no canal "Wendy Ma", denominado "West African Spirit Zangbeto Bewitches Beninese Funeral", no YouTube (a partir de 0:19 de vídeo):



O vídeo acima teria sido gravado no vilarejo de Avrankou, na República do Benim, e mostra um "Zangbeto" fora do contexto de suas apresentações para o público. É possível notar perfeitamente, como o traje se movimenta exatamente com a mesma dinâmica de uma pessoa de carne e osso, sendo que, inclusive, também é possível notar em diversos momentos dois pés logo abaixo do traje. Basta apenas prestar um pouco de atenção.

Já no vídeo intitulado "BENIN - An Elder Zangbeto Fetish Died", publicado no canal "lagoyave", em outubro de 2007, no YouTube, podemos ver uma situação, no mínimo, muito inusitada. A partir de 0:41, notamos o que seriam dois "Kregbetos" colocando frontalmente os rostos contra a "janelinha" do traje de dois "Zangbetos", como se estivesse conversando com os mesmos.



Nesse ponto, muitos podem alegar que a conversa entre o "Kregbeto" e o "Zangbeto" seria em uma versão especial do idioma Ogu, conforme já citado anteriormente. Essa hipótese, apesar de válida, não explica absolutamente nada o que viria a seguir.

Nesse ponto, muitos podem alegar que a conversa entre o "Kregbeto" e o "Zangbeto" seria em uma versão especial do idioma Ogu, conforme já citado anteriormente. Essa hipótese, apesar de válida, não explica absolutamente nada o que viria a seguir.
Isso porque, conforme estamos cansados de saber, a alegação de muitos daqueles que propagam que o "Zangbeto"é um exemplo de "alta magia africana"é que não existe nenhuma pessoa de carne e osso por baixo do traje. No entanto, a partir de 1:20, podemos ver dois "Zangbetos" aparentemente conversando através de suas "janelinhas". Isso é o que podemos supor, é claro.

No entanto, a partir de 1:20, podemos ver dois "Zangbetos" aparentemente conversando através de suas "janelinhas".
Isso é o que podemos supor, é claro
Esse detalhe é muito curioso, porque se formos considerar que existe a manifestação de um espírito ancestral no interior do traje, por qual razão ele precisaria se comunicar com ele mesmo através de uma "janelinha" de um outro traje? Aliás, mesmo que considerássemos, que são pessoas de carne e osso em transe, ou seja, possuídas pelo espírito ancestral Zangbeto isso não faria sentido nenhum, visto que a comunicação verbal entre ambos os trajes seria complemente desnecessária em se tratando do mesmo espírito ancestral.

Então, a partir de 3:57 podemos ver o que seria o "backstage" da apresentação dos "Zangbetos", que é o momento em que as estruturas se recolhem. Podemos observar diversas pessoas envolvidas no evento muito alegres, festivas e bebendo, muito provavelmente álcool. Quase um minuto depois, em 4:48 vemos um "Zangbeto" girando sem parar, até que ele para, e segue em direção justamente para onde a "janelinha" aponta. Isso denota claramente, que o "Zangbeto" se orienta através das janelinha, como se precisasse ver o caminho.

Quase um minuto depois, em 4:48 vemos um "Zangbeto" girando sem parar, até que ele para, e segue em direção justamente para onde a "janelinha" aponta. Isso denota claramente, que o "Zangbeto" se orienta através das janelinha, como se precisasse ver o caminho. Isso também não condiz com a ação esperada por parte de um espírito ancestral. Aliás, na sequência, o "Zangbeto" ainda chega a esbarrar e tropeçar em uma pessoa. Enfim, acredito que não é necessário mais nada em relação a esse vídeo.
Isso também não condiz com a ação esperada por parte de um espírito ancestral. Aliás, na sequência, o "Zangbeto" ainda chega a esbarrar e tropeçar em uma pessoa. Enfim, acredito que não é necessário mais nada em relação a esse vídeo.

Kumpo: Uma Estrutura Mascarada Semelhante ao Zangbeto, Porém Não é um Zangbeto e nem Pertence a Mesma Cultura!


Durante minha pesquisa, me deparei com mais uma situação inusitada. Muitos sites e vídeos no YouTube citam uma figura chamada "Kumpo", como se o mesmo fosse um Zangbeto, e alegam que seria impossível existir uma pessoa no interior do mesmo. Bem, primeiramente, temos fortes indícios de que também há uma pessoa no interior do "Kumpo". Em segundo lugar, o "Kumpo" não é exatamente um Zangbeto e nem mesmo pertenceria a cultura Ogu, ou seja, a princípio não teria nada a ver com essa matéria. Não irei me estender muito sobre o mesmo, mas acredito que seja importante que vocês o conheçam.

Durante minha pesquisa, me deparei com mais uma situação inusitada. Muitos sites e vídeos no YouTube citam uma figura chamada "Kumpo", como se o mesmo fosse um Zangbeto, e alegam que seria impossível existir uma pessoa no interior do mesmo
Lembram que eu disse que existem diversos cultos mascarados na África Ocidental? Pois bem, o "Kumpo"é mais um deles, assim como o "Zangbeto". Nesse caso, o "Kumpo"é uma figura tradicional na mitologia do povo Diola, em Casamansa (em francês, "Casamance"), uma região do Senegal localizada ao sul da Gâmbia e ao norte da Guiné-Bissau, cortada pelo rio Casamansa. Portanto, apesar de compartilhar uma certa semelhança estrutural e ocupacional não é um Zangbeto e não pertence a cultura Ogu.

Identificá-lo é bem simples, visto que o mesmo utiliza um traje composto por folhas de palmeira secas (geralmente na cor "bege" ou cor de "palha") e usa um pedaço de pau ou um bastão de madeira pontiagudo na altura da "cabeça". No início da dança, uma jovem mulher amarra uma bandeira colorida no "bastão". Então, o "Kumpo" inicia sua apresentação que pode durar vários minutos. Assim como o "Zangbeto", dizem que o mesmo fala uma linguagem secreta particular, e se comunica através de um intérprete com os espectadores.

Identificá-lo é bem simples, visto que o mesmo utiliza um traje composto por folhas de palmeira secas (geralmente na cor "bege" ou cor de "palha") e usa um pedaço de pau ou um bastão de madeira pontiagudo na altura da "cabeça".
O "Kumpo" encoraja a comunidade a agir como boas pessoas. Ele promove a participação de todos na vida da comunidade, e deseja que todos desfrutem da festa. Não participar da festa seria visto como um comportamento antissocial. Ninguém teria o direito de ficar sozinho. Segundo a tradição, o Kumpo não seria uma pessoa, mas uma espécie de "fantasma". Ele não deve ser tocado, sendo considerado até mesmo um sacrilégio olhar para as folhas de palmeira. Ele se defenderia contra os intrusos com seu bastão apontando e perfurando os inimigos.

Assim sendo, podemos notar que, assim como ocorre com os "Zangbetos", o propósito do culto mascarado a Kumpo seria proteger as aldeias de forças sobrenaturais malignas, e coordenar os trabalhos das comunidades. Além disso, de acordo com o site "Access Gambia", o Kumpo protegeria os homens durante os rituais de circuncisão, quando se acredita que estão mais vulneráveis.

No início da dança, uma jovem mulher amarra uma bandeira colorida no "bastão".
Então, o "Kumpo" inicia sua apresentação que pode durar vários minutos. Assim como o "Zangbeto" dizem que o mesmo fala uma linguagem secreta particular, e se comunica através de um intérprete com os espectadores.
De qualquer forma, o "Kumpo", assim como os "Zangbetos", não é um exemplo de "alta magia africana". Além da confusão que é feita por diversos sites e vídeos no YouTube, muitos insistem em dizer, que seria impossível haver uma pessoa de carne e osso dentro do "Kumpo". Será mesmo? Bem, vamos conferir um vídeo intitulado "Danses des Masques", que foi publicado pelo canal "adjicoly1", no YouTube:



Inicialmente, no vídeo, é possível ver o "Kumpo" caminhando exatamente da forma como uma pessoa de carne e osso faria e, pouco tempo depois, ele apoia o pedaço de pau, que mais parece com um bastão de madeira ou um cabo de vassoura (embora aparentemente simbolize uma espécie de "chifre"), e começa a girar para diversos lados, sempre mantendo o bastão como eixo de equilíbrio.

Obviamente, a apresentação pode impressionar aqueles que se encantam com a beleza do espetáculo. Porém, notem que o "Kumpo" sempre mantém uma parte do corpo, nesse caso as pernas e os pés em contato com o chão. Infelizmente, não existe nenhum vídeo disponível na internet, que mostre um "Zangbeto" ou um "Kumpo" flutuando no ar ou fazendo apresentações realmente inexplicáveis ou sobrenaturais. O mesmo acontece nesse outro vídeo intitulado "Danses des masques: Kumpa", publicado no canal "FADOUM", no YouTube:



Caso alguém tivesse alguma dificuldade em notar que existem "duas pernas" e "dois pés", de uma pessoa de carne e osso, debaixo do traje, bastaria acompanhar um outro vídeo disponibilizado por um usuário chamado "Patato sanchez", intitulado "Kumpo masque sacré de Casamance. Boukout 2016", no YouTube, que foi publicado intencionalmente em câmera lenta. Estranhamente, no entanto, o mesmo foi colocado em "modo privado" entre os dias 24 e 25 de abril deste ano, durante a realização desta matéria.

Em diversos momentos desse último vídeo, era possível notar perfeitamente os pés do "Kumpo" denotando que sim, existe uma pessoa de carne e osso no interior do traje, ao contrário do que tentam alegar na internet.

Em diversos momentos desse último vídeo, em câmera lenta, é possível notar perfeitamente os pés do "Zangbeto" denotando que sim, existe uma pessoa de carne e osso no interior do traje, ao contrário do que tentam alegar por aí.
De qualquer forma, o fato do vídeo anterior ter sido colocado em "modo privado", acabou me chamando a atenção para outro vídeos e suas particularidades. Assim sendo, confira os vídeos "Kumpo for Big Bang Festival" e "kumpo TIRAW agnack", que foram publicados por canais de terceiros, no YouTube:





No vídeo "Kumpo for Big Bang Festival"é possível ver nitidamente como um "Kumpo" anda e se movimenta da mesma forma que um ser humano comum, e exatamente igual as pessoas de carne e osso que o acompanham. Já no vídeo "kumpo TIRAW agnack" podemos ver nitidamente que o traje do Kumpo possui duas camadas de comprimentos bem diferentes. Enquanto uma primeira camada fica mais rente ao corpo da pessoa, que utiliza o traje, existe uma segunda camada de longas folhas secas que fica presa praticamente na parte superior da cabeça. É justamente essa segunda camada que, ao ser girada, perfaz todo o hipnótico movimento do "Kumpo". Além disso, a parte do "chifre" está localizada em uma espécie de "franja", sendo que a pessoa que está por baixo do traje precisa impulsionar para frente e então apoiá-lo contra o solo.

Já no vídeo "casamance 2009 fete diola", principalmente a partir dos 0:46 de vídeo, que o "Kumpo" claramente possui duas pernas. No decorrer do vídeo também fica evidente as duas camadas do traje do "Kumpo":



Se alguém tiver muita disposição e paciência para assistir as inúmeras apresentações, também irá encontrar diversos pontos, onde é possível ver a presença de pernas e pés das pessoas que estão no interior dos trajes. Esses são alguns exemplos de fotos ou trechos de vídeos, em que pessoas na internet encontraram tais detalhes:

Se alguém tiver muita disposição e paciência para assistir as inúmeras apresentações, também irá encontrar diversos pontos, onde é possível ver a presença de pernas e pés das pessoas que estão no interior da estrutura mascarada, tanto de um Kumpo, quanto de um Zangbeto.
Ah, quase ia me esquecendo, o Kumpo também possui a famosa "janelinha", assim como os Zangbetos, porém ela é menor e bem mais disfarçada para que as pessoas acreditem que seja um traje contínuo e massivo de folhas de palmeira secas.

Na foto acima podemos ver nitidamente a "janelinha" no traje do "Kumpo",
e a divisão entre as duas pernas de uma pessoa de carne e osso por baixo do traje.
Enfim, espero que tudo tenha ficado claro até esse momento.

Os "Zangbetos" Podem Andar Sobre as Águas ou Pilotar Motos?


Para encerrar essa matéria, ainda precisamos comentar sobre dois questionamentos muito comuns na internet. A primeira é a alegação de que os "Zangbetos" teriam o poder de "andar sobre as águas". Bem, não existe nenhum vídeo na internet, ao menos não disponível publicamente, que eu tenha sido capaz de pesquisar, que apareça um Zangbeto andando, caminhando ou flutuando diretamente em mar aberto, no meio de um lago ou em um corpo d'água mais profundo, por assim dizer.

Existe um vídeo no YouTube, intitulado "Makoko Masquerade Walks on Water", onde é possível ver um "Zangbeto" apoiado em uma espécie de "estrado de madeira", "cortiça" ou algum outro material, capaz de flutuar e suportar um determinado peso sobre o mesmo.



Em nenhum momento o "Zangbeto" anda, ele permanece parado e "sacode" algumas vezes, sendo que é difícil determinar se alguém está fisicamente chacoalhando a estrutura do outro lado da imagem ou não. Isso também demonstra, mais uma vez, que essas estruturas costumam ser bem leves, assim como aqueles que estão em seus interiores.

Também no YouTube, é possível conferir a chegada de um Zangbeto até o vilarejo de Possotomé, que fica às margens do Lago Ahémé, o segundo maior da República do Benim. Esse vídeo tem pouco mais de três minutos, porém é importante que vocês assistam o mesmo até o fim (irei comentar rapidamente sobre o mesmo a seguir):



No início do vídeo, podemos ver uma série de "Zangbetos" sendo levados de barco, provavelmente através do próprio Lago Ahémé. É justamente nesse ponto, que temos o primeiro questionamento. Se estamos falando de um espírito ancestral extremamente poderoso, porque é preciso que o mesmo seja transportado de barco? Existem diversos vídeos e fotos espalhadas na internet, que mostram os "Zangbetos" sendo transportados tranquilamente em embarcações.

No início do vídeo, podemos ver uma série de "Zangbetos" sendo levados de barco, provavelmente através do Lago Ahémé, o segundo maior lago do Benim. É justamente esse o primeiro questionamento. Se estamos falando de um espírito ancestral extremamente poderoso, porque é preciso que o mesmo seja transportado de barco?
Então, a partir de 1:47, vemos um "Zangbeto" sozinho no meio do Lago Ahémé. Porém é muito importante notar que existe uma estrutura, aparentemente de madeira, embaixo do mesmo. Esse detalhe é bem interessante, porque sua movimentação é extremamente lenta. A razão para isso é que não é nenhum espírito ancestral, que move o mesmo, mas a força dos ventos, que por sua vez "empurram" as águas do lago para uma determinada direção e, consequentemente, o próprio "Zangbeto" e sua estrutura subjacente.

Então, a partir de 1:47, vemos um "Zangbeto" sozinho no meio do Lago Ahémé. Porém é muito importante notar que existe uma estrutura, aparentemente de madeira, embaixo do mesmo.
Mais detalhes do "Zangbeto" e a estrutura, aparentemente de madeira, embaixo do mesmo.
Posteriormente, populares puxam aquele "estrado de madeira" para mais próximo da margem, juntamente com a estrutura mascarada. Em seguida, galinhas são sacrificadas e o sangue das mesmas é derramado sobre os chifres do "Zangbeto". Ao final de todo o processo, o "estrado de madeira"é retirado e o "Zangbeto" ganha vida, por assim dizer, seguindo seu caminho em terra firme.

Posteriormente, populares puxam aquele "estrado de madeira" para mais próximo da margem,
juntamente com a estrutura mascarada.
Em seguida, galinhas são sacrificadas e o sangue das mesmas é derramado sobre os chifres do "Zangbeto".
Ao final de todo o processo, o "estrado de madeira"é retirado e o "Zangbeto" ganha vida, por assim dizer,
seguindo seu caminho em terra firme.
Novamente, em nenhum momento, o "Zangbeto"é visto no meio de um lago, do mar ou de um corpo d'água, que tenha uma certa profundidade, sem que haja qualquer tipo de suporte abaixo do mesmo, denotando, portanto, que o "Zangbeto" não tem nenhum poder sobrenatural relacionado a "andar sobre as águas".

Já em uma outra foto, já postada anteriormente nesta matéria, aparece um Zangbeto em corpo d'água, porém é possível notar que a profundidade é bem baixa. Uma vez que a estrutura interna é oca, mesmo contendo uma pessoa, ainda assim sobram alguns bolsões de ar, permitindo boa parte da estrutura boiar na água, enquanto uma pessoa caminha tranquilamente por baixo da mesma até finalmente chegar em terra firme.

Em uma outra imagem, já postada anteriormente nesta matéria, aparece um Zangbeto em uma espécie de córrego, porém é possível notar que a profundida é bem baixa, ou seja, uma fez que a estrutura interna é oca, mesmo contendo uma pessoa ainda assim sobram alguns bolsões de ar, que permitem boa parte da estrutura boiar na água, enquanto uma pessoa caminha tranquilamente por baixo da mesma até a superfície
Para terminar de vez esta matéria, existem algumas apresentações em que os "Zangbetos" andam de moto. Sim, exatamente isso que você leu. Provavelmente, alguém, em algum momento, achou que essa seria uma ideia interessante, e assim a executou. Apesar de não ter encontrado nenhum vídeo nesse sentido, existem inúmeras fotografias, que demonstram tal apresentação:

Para terminar de vez esta matéria, existem algumas apresentações em que os "Zangbetos" andam de moto. Sim, exatamente isso que você leu. Provavelmente, alguém, em algum momento, achou que essa seria uma ideia interessante, e assim a executou.
Apesar de não ter encontrado nenhum vídeo nesse sentido, existem inúmeras fotografias,
que demonstram tal apresentação.
Mais uma foto mostrando um "Zangbeto" andando de motocicleta.
Repararam em um detalhe muito interessante nas apresentações motorizadas dos "Zangbetos"? Os trajes, como sempre, possuem as famosas "janelinhas". É extremamente provável, que o "Zangbeto" causaria um grande acidente caso não conseguisse ver para onde está indo, ou seja, não é um espírito ancestral, que resolveu se modernizar e se locomover de moto pelas comunidades da África Ocidental.

Resumindo? Tudo indica que as apresentações dos Zangbetos são meros truques de ilusionismo, que fogem totalmente ao seu propósito original, sendo que sempre haveria uma pessoa por baixo do traje. Não há nenhum indício de sobrenaturalidade, paranormalidade ou evidências de quaisquer ações inexplicáveis ou provocadas por supostos espíritos ancestrais. A melhor hipótese para quem ainda quiser acreditar na "alta magia africana", pelo menos em relação aos "Zangbetos" e ao "Kumpo", que nem era objeto desta matéria, seria se apoiar na ideia de que haveria uma pessoa de carne e osso em transe, ou seja, possuída pelo espírito ancestral. Porém, essa ideia, conforme já vimos exaustivamente ao longo desta matéria, possui inúmeros problemas, e não se encaixa em muito daquilo que é apresentado nos vídeos.

Comentários Finais


Para iniciar e perfazer boa parte deste comentário final, gostaria de usar as palavras de uma ex-voluntária chamada Katie do Peace Corps ("Corpo de Paz", em português), que por sua vez é programa de voluntariado coordenado pelo governo dos Estados Unidos. A missão declarada do Corpo da Paz inclui fornecer assistência técnica, ajudar pessoas fora dos Estados Unidos a entender a cultura americana e ajudar os americanos a entender as culturas de outros países. Katie lecionou inglês em algumas comunidades do Benim, entre 2012 e 2014, e de vez em quando publicava suas experiências em um blog. Ela sempre fez questão de dizer, que seus textos não refletiam a opinião, os valores ou crenças do Peace Corps, mas apenas dela própria. Assim sendo, em 13 de junho de 2013, ela publicou um texto dizendo que era difícil escrever sobre religião, especialmente quando não é a sua religião. Ainda mais quando é uma religião sobre a qual a maioria dos seus leitores não sabe absolutamente nada. Como você explica, como você ilustra, como você transmite um sistema de crenças que não é seu, e que seus leitores podem muito bem menosprezar. Katie queria falar sobre Vodu, mas estava preocupada que, ao fazer isso, as pessoas vissem os beninenses como supersticiosos, atrasados ou pouco inteligentes. Como exemplo, ela citou o "Zangbeto" dizendo que, eventualmente, ajudantes levantavam o traje do "Zangbeto" para mostrar que não havia ninguém ou então para mostrar um objeto, que seria a forma que o espírito tomou. Após algum tempo, eles levantavam novamente, de modo a aparecer outro objeto e demonstrar a nova forma do espírito. Segundo Katie, a maioria dos "ocidentais" passava muito tempo tentando descobrir se havia ou não uma pessoa dentro do traje, não acreditando que houvesse um espírito ancestral.

Entretanto, dizer isso na frente de um beninense seria um erro. Provavelmente, as pessoas tinham na cabeça a imagem de um beninense, que acreditava não haver uma pessoa por baixo do traje. Provavelmente, imaginava um aldeão, uma pessoa analfabeta ou com pouca exposição ao "mundo ocidental" acreditando nesse tipo de situação. Em alguns casos, as pessoas estavam certas em pensar isso. No entanto, os estudantes de colégios beninenses também se encaixavam na categoria de pessoas que, do fundo do coração, acreditavam na existência de um espírito. Homens e mulheres que têm diplomas, altos níveis de graduação, às vezes de universidades americanas ou europeias, acreditam realmente que não há ninguém por baixo do traje. Isso era diferente de alguns cristãos que ela conhecia que acreditavam na Bíblia, mas ao mesmo tempo sabem que o homem é resultado de um processo evolutivo. Já os beninenses acreditavam no Vodu da mesma forma como acreditavam que o céu é azul. Um outro exemplo era o "Oro", uma figura tradicional em sua área de atuação. Katie disse que não estava autorizada a vê-lo, mas se estivesse provavelmente veria um grupo de homens bêbados empunhando machetes, e com uma ferramenta que eles balançavam em torno de suas cabeças para fazer o som do "Oro". Quando ela disse que não podia ver o "Oro", era porque o mesmo matava pessoas. Todos os anos, em algum lugar da região do planalto, pelo menos uma pessoa morria, porque se colocava no caminho ou fazia oposição ao "Oro". Logicamente, o que realmente mata fisicamente as pessoas é um homem com um facão. Porém, para muitos isso não é o que mata as pessoas. "Oro" mata pessoas, porque o espírito "Oro" habita a pessoa que empunha o facão. A pessoa que segura o facão não é responsabilizada por suas próprias ações, porque é "Oro". A pessoa que segurava o facão não matou ninguém. Oro matou. Entenderam a lógica sombria?

De qualquer forma, Katie fez questão de dizer que não é todo mundo que acredita nessas coisas. Na verdade, a maioria das pessoas acreditava apenas em parte das tradições Vodu. Porém, quando as pessoas acreditavam em algo por lá, ou seja, no Benim, elas verdadeiramente acreditavam. Como exemplo, o voluntário que ficou com sua família anfitriã no ano anterior disse que, em certa noite, ele começou a assobiar, e o chefe da família pediu para que ele parasse antes que algo de ruim acontecesse. No Benim, assobia-se à noite para chamar espíritos e cobras, embora seja bem conhecido pelos "ocidentais" que as cobras tem uma audição rudimentar, não captando ondas sonoras pelo ar, não possuindo tímpano ou ouvido externo. Elas captam os sons através da mandíbula, e uma série de outros ossos do crânio, que transmitem as vibrações sonoras do chão ao ouvido interno. Contudo, isso é uma espécie de superstição, assim como as pessoas ao redor do mundo têm as próprias crendices em maior ou menor nível. Por fim, Katie expressou sua admiração por pessoas que acreditavam profundamente em algo.

Da mesma forma, o principal tema desta matéria não foi mostrar que existe ou não uma pessoa por baixo do traje, mas mostrar para vocês quem são os Zangbetos; onde atuam; como atuam; o que eles realmente ganham para fazer aquilo que fazem; a eficácia e a confiabilidade nos mesmos por parte da sociedade Ogu; seus simbolismos; suas estruturas sociais e orgânicas, além do poder que eles conseguiram ter ao longo do tempo, ou seja, exercendo um forte mecanismo de controle social. Evidentemente, ao falar sobre Zangbetos é impossível não entrar em maiores detalhes sobre a existência ou não de uma pessoa debaixo do traje. Assim sendo, acredito que tenha ficado bem claro, que realmente existe uma pessoa, que não está em transe e, provavelmente, consome uma boa quantidade de álcool em suas apresentações. Em geral, o traje não é pesado, sendo preparado internamente justamente para criar a ilusão da "materialização de objetos", assim como qualquer bom truque de mágica. Além disso, os Zangbetos não possuem qualquer tipo de poder sobrenatural ou paranormal. Não andam sobre as águas ou anulam o poder das forças do Mal. Também ficou bem explícito, que a péssima atuação do Estado, das forças policiais abusivas e corruptas e do péssimo sistema judiciário forneceram um vasto terreno, e contribuíram substancialmente para a manutenção de forças de seguranças informais, tais como os Zangbetos, além do surgimento de milícias. Uma realidade que não está tão distante assim do Brasil, apesar de ficar do outro lado do Oceano Atlântico. A única diferença é que não temos cones de palha por aqui, mas igualmente temos pessoas fazendo promessas de maior segurança de tempos em tempos, fazendo surgir dinheiro em seus próprios bolsos e contas no exterior ou realizando truques mais simples como aparecer dentaduras nas bocas dos mais humildes. Enquanto na África Ocidental os Zangbetos tentam ocultar quem são através de cones de palha, aqui vemos diariamente os nossos próprios Zangbetos usando terno e gravata e algumas vezes sem camisa apontando fuzis para o alto em plena luz do dia. Diante de tantos absurdos que vemos diariamente é mais difícil saber se realmente existe um ser humano por baixo dos nossos Zangbetos, do que na África Ocidental.

Redator Marco Faustino

Fontes:
Livro "Benin: The Bradt Travel Guide": https://books.google.com.br/books?id=qM4f8MNsCW4C&pg=PA30&lpg=PA30&dq=Zangbeto+trick&source=bl&ots=umR0Rcj9os&sig=rDnhE_EJ0UXHSDkrNCzY3297y5s&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwi9lc6_z9LUAhXJOSYKHSotCqE4ChDoAQhFMAc#v=onepage&q=Zangbeto%20trick&f=false
Livro "African Indigenous Religious Traditions in Local and Global Contexts": https://books.google.com.br/books?id=SQnOCgAAQBAJ&pg=PA259&lpg=PA259&dq=Zangbeto+trick&source=bl&ots=dFIT0jcV4o&sig=37ziuVsIMk30_9arNR3nGVM_gRM&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwi9lc6_z9LUAhXJOSYKHSotCqE4ChDoAQg9MAU#v=onepage&q=Zangbeto%20trick&f=false
http://agecon.unl.edu/cornhusker-economics/2014/huskers-in-benin-culture-and-agriculture-in-west-africa
http://cultrelhgh.blogspot.com.br/2009/09/zangbeto-magic-haystack.html
http://cultrelhgh.blogspot.com.br/2009/10/zangbeto-pictures.html

http://lavozdelmuro.net/el-unico-misterio-que-el-internet-no-ha-podido-resolver/
http://nai.diva-portal.org/smash/get/diva2:419980/FULLTEXT01.pdf
http://worldhat.net/en/news/sorcerers-against-their-will-interview-kirill-babaev-patron-magazine-april-2014
http://www.anthroserbia.org/Content/PDF/Articles/8217169b70374a94891b06b667c9d706.pdf 

http://www.restorationhealing.com/new-kilombo-blog/reviving-the-ancient-suppressed-higher-teachings-of-vodun/
http://www.rhyan-thomas.com/africa/2015/lome-togo
http://www.soitgoesmag.com/diary/archive-walking-voodoo-in-issue-2
http://www.taringa.net/posts/paranormal/14784518/Lo-mas-WTF-que-vi-en-mi-vida-Zangbetos.html
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/09/1517736-tortura-e-pratica-comum-de-forcas-de-seguranca-da-nigeria-diz-relatorio.shtml
https://br.pinterest.com/pin/75435362478368219/
https://cameronkarsten.blog/category/travel-film/
https://culturalanthropologyandethnosemiotics.files.wordpress.com/2016/06/okure_zangbeto.pdf
https://en.wikipedia.org/wiki/Kumpo
https://en.wikipedia.org/wiki/Zangbeto
https://freynyoder.wordpress.com/2009/01/27/zangbeto/
https://katieinbenin.wordpress.com/2013/06/13/yes-people-believe-in-voodoo/
https://nacoesunidas.org/nigeria-apos-denuncias-de-abusos-de-forcas-de-seguranca-onu-pede-justica-para-as-vitimas/
https://noticias.sapo.cv/actualidade/artigos/progressos-na-luta-contra-violencia-infantil-lentos-e-fragmentados-em-africa-3
https://www.arcjournals.org/pdfs/ijhsse/v1-i11/3.pdf
https://www.eap-iea.org/index.php/eap/article/view/112/0
https://www.flickr.com/photos/lindadevolder/32274236123
https://www.nytimes.com/2017/12/08/world/africa/boko-haram-nigeria-security-forces-rape.html
https://www.onfaith.co/image/zangbeto
https://www.wildjunket.com/voodoo-culture-in-benin/

Conheça Jiang Jingwei: A Emocionante História do Policial que Finge ser o Filho Morto de um Casal há 5 Anos, na China!

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Por Marco Faustino

No início de dezembro do ano passado, trouxe ao conhecimento de vocês a história inacreditável e emocionante de um morador de uma cidadezinha chamada Azusa, localizada no Vale de São Gabriel, no Condado de Los Angeles, no estado norte-americano da Califórnia. Nessa cidade, que fica localizada a 37 km a leste de Los Angeles, você encontrará um homem chamado Mohamed Bzeek. Ele é muçulmano, imigrante e a única pessoa entre 10 milhões de habitantes, que moram no referido condado, que fornece amor, carinho, paz e tranquilidade em um lar adotivo para crianças em estado terminal. Crianças cujos pais as abandonaram, e lares que não foram capazes de cuidar de pequenos seres humanos, que muitas vezes encerram suas jornadas nas mãos de Mohamed. Crianças que não terão muito tempo de vida. Crianças que tocam e seguram os seus dedos tentando entender o que está acontecendo com elas, e muitas vezes sequer conseguem expressar o que estão sentindo. Mohamed convive diariamente entre a vida, a morte e o amor, sendo que ele faz isso há mais de 20 anos. Em tempos de tanta intolerância, de tantas mentiras, e de tanta dor disseminada pelo mundo, achei importante trazer essa história para vocês. Sinceramente, foi uma honra e um privilégio poder contar a história de Mohamed, em um texto que me sensibilizou muito e que, com certeza, também deve ter sensibilizado muitos daqueles que acompanham o meu trabalho, sempre pautado pela ética, pela qualidade da pesquisa, pelo profissionalismo e, principalmente, pelo compromisso e seriedade com o leitor (leia mais: Conheça Mohamed Bzeek: A Incrível e Emocionante História do Homem que Adota Crianças em Estado Terminal, nos Estados Unidos!).

Agora, eis que me deparei com uma história extraordinária e relativamente simples de ser contada. Há cinco anos, um compassivo policial de Xangai assumiu o papel de um "filho" para ajudar a confortar um casal de idosos, que ele nunca havia conhecido antes. O casal havia perdido o próprio filho mais velho, em um trágico incidente há 15 anos, e a aparência similar do policial ajudou a confortá-los. Voltando rapidamente no tempo, mais precisamente em 2003, uma mulher chamada Liang Qiaoying e seu filho mais velho, Liang Yu, moradores da província de Shanxi, no norte da China, teriam sido expostos a um vazamento de gás. A mulher sobreviveu, mas o filho dela não. Liang Qiaoying, uma ex-professora, acabou ficando paraplégica, e sofreu danos cerebrais, resultando em uma severa perda de memória. Seu marido, Xia Zhanhai, não teve coragem de contar para ela a verdade sobre a morte do filho. Em vez disso, sempre que sua esposa pedia para ver Liang Yu, ele dizia que o filho tinha ido trabalhar em outra cidade. Porém, um belo dia, Xia Zhanhai encontrou um homem muito parecido com seu filho na TV. Foi a partir desse momento, que uma verdadeira saga resultaria em uma assombrosa história de compaixão. Vamos saber mais sobre esse assunto?

Entenda o Caso: A História do Policial que Finge ser o Filho Morto de um Casal há 5 Anos!


Conforme dissemos anteriormente, no ano de 2003, uma mulher chamada Liang Qiaoying e seu filho mais velho, Liang Yu, teriam sofrido uma intoxicação por gás devido a um vazamento em uma fábrica, que a própria família possuía. Não há maiores detalhes sobre o que realmente teria acontecido em 2003, e nem mesmo se houve alguma outra vítima fatal, além de Liang Yu, é claro, mas aparentemente o jovem rapaz foi a única vítima de uma tragédia, que devastaria uma humilde família do condado de Luliang, na província de Shanxi, que fica localizada a 680 km a sudoeste de Pequim, a capital da China.



Região central do condado de Luliang, na província de Shanxi,
que fica localizada a 680 km a sudoeste de Pequim, a capital da China, em 2013.
Liang Qiaoying, é uma ex-professora que amava dar aulas e tinha muito carinho pelos seus alunos, porém, devido ao acidente, ela acabou ficando paraplégica, ou seja, não consegue mais movimentar seus membros inferiores e, além disso, sofreu alguns danos cerebrais, o que resultou em uma severa perda de memória. Embora com dificuldades para se lembrar de detalhes de sua própria vida, Liang Qiaoying nunca esqueceu do seu filho mais velho, e sempre perguntava ao seu marido, Xia Zhanhai, onde o mesmo se encontrava. Ela sentia muitas saudades do filho, vivia apreensiva, desolada e seu estado de saúde era extremamente delicado.

Para evitar que a esposa sofresse ainda mais, Xia não teve coragem de lhe contar a verdade. Em vez de dizer para a esposa, que o filho havia morrido, Xia decidiu dizer que o filho estava trabalhando em outra cidade, e que infelizmente não tinha tempo para visitá-los. Liang Yu nunca mais voltaria para casa, mas a esposa não sabia disso.

Imagem mostrando a casa onde Liang Qiaoying mora com seu marido Xia Zhanhai.
Xia Zhanhai é um marido dedicado. Liang Qiaoying, é uma ex-professora que amava dar aulas e tinha muito carinho pelos seus alunos, porém, devido ao acidente, ela acabou ficando paraplégica, ou seja, não consegue mais movimentar seus membros inferiores e, além disso, sofreu alguns danos cerebrais, o que resultou em uma severa perda de memória.
Embora com dificuldades para se lembrar de detalhes de sua própria vida, Liang Qiaoying nunca esqueceu do seu filho mais velho, e sempre perguntava ao seu marido, Xia Zhanhai, onde o mesmo se encontrava. Ela sentia muitas saudades do filho, vivia apreensiva, desolada e seu estado de saúde era extremamente delicado.
Para evitar que a esposa sofresse ainda mais, Xia não teve coragem de lhe contar a verdade. Em vez de dizer para a esposa, que o filho havia morrido, Xia decidiu dizer que o filho estava trabalhando em outra cidade, e que infelizmente não tinha tempo para visitá-los. Liang Yu nunca mais voltaria para casa, mas a esposa não sabia disso.
Vocês podem conferir uma matéria realizada sobre esse caso, que foi publicada em um canal de terceiros, no YouTube, e originalmente na plataforma de vídeos "Pear Vídeo" (em chinês, mas irei comentar as principais cenas, que aparecem no vídeo):



Na época do ocorrido, Xia acabou fechando a fábrica, e transformou a residência da família em uma espécie de albergue, para que ele pudesse ficar por mais tempo em casa, e se dedicar quase integralmente a sua esposa. Atualmente, seu filho mais novo está casado e tem dois filhos, ou seja, Liang Qiaoying e Xia Zhanhai já são avós. Porém, muito antes que filho mais novo pudesse trazer alegria de volta para a casa dos seus pais, algo muito inusitado aconteceu.

Quando a cidade de Xangai recebeu a "Expo 2010", uma exposição de caráter mundial, que foi realizada em ambas as margens do rio Huangpu, entre os dias 1º de maio e 31 de outubro de 2010, Xia se deparou com um oficial de polícia da cidade de Xangai, que estava falando sobre o trabalho da polícia em um programa de televisão da referida cidade. No entanto, não foi o árduo trabalho policial, que lhe chamou a atenção, mas a incrível semelhança do policial com seu falecido filho. Xia disse que ficou em estado de choque ao vê-lo na TV, incrédulo diante de tal semelhança. Talvez, devido ao impacto de ver alguém tão parecido com seu filho, Xia esqueceu da anotar o nome do policial, e tudo o que ele sabia, é que o policial estava trabalhando em Pudong, um distrito de Xangai.

Xia se deparou com um oficial de polícia da cidade de Xangai, que estava falando sobre o trabalho da polícia em um programa de televisão da referida cidade. No entanto, não foi o árduo trabalho policial, que lhe chamou a atenção, mas a incrível semelhança do policial com seu falecido filho.
Xia disse que ficou em estado de choque ao vê-lo na TV, incrédulo diante de tal semelhança. Talvez, devido ao impacto de ver alguém tão parecido com seu filho, Xia esqueceu da anotar o nome do policial, e tudo o que ele sabia, é que o policial estava trabalhando em Pudong, um distrito de Xangai.
Xia Zhanhai disse que sentiu uma forte vontade de conhecer o policial e, além disso, ele tinha uma ideia na cabeça, que poucos teriam coragem de expor. Xia queria que aquele policial se passasse pelo filho morto de sua esposa. Desesperado para encontrar o oficial de polícia misterioso, que parecia muito com seu filho, Xia foi até um programa de televisão em Shanxi para tentar encontrar informações sobre o homem que ele havia visto uma única vez na TV.

Infelizmente, sua jornada não lhe rendeu frutos, ou seja, ele não conseguiu descobrir por maiores informações. Embora, Xangai estivesse a uma distância de 1.500 km de Luliang, onde Xia morava, isso não o impediu de continuar procurando por informações sobre o policial.

Uma antiga foto de família onde Liang Yu (o segundo da esquerda para direita) aparece ao lado de seu irmão mais novo, do seu pai, Xia Zhanhai, e da sua mãe Liang Qiaoying.
A semelhança entre Liang Yu (à esquerda) e o policial Jiang Jingwei (à direita).
Toda essa história começaria a ganhar um desfecho surreal em 2013, quando uma espécie de "reality show" chamado "Chinese Dream Show", da emissora Zhejiang Television, sediada na cidade de Hangzhou (praticamente vizinha a cidade de Xangai), ficou sabendo da história de Xia, e resolveu ajudá-lo.

Quando a produção do programa enviou fotos do filho mais velho de Xia Zhanhai para o Departamento de Segurança Pública de Xangai, não se esperava que a polícia pudesse encontrar o policial misterioso tão rapidamente. O motivo? O distrito de Pudong possuía mais de 7.000 policiais naquela época. Contudo, pouco tempo depois, o departamento de polícia enviou fotos de um policial chamado Jiang Jingwei para a emissora de TV. Jiang Jingwei era mesmo o policial que Xia Zhanhai tanto procurava.



Quando a produção do programa enviou fotos do filho mais velho de Xia Zhanhai para o Departamento de Segurança Pública de Xangai, não se esperava que a polícia pudesse encontrar o policial misterioso tão rapidamente. O motivo? O distrito de Pudong possuía mais de 7.000 policiais naquela época.
Após ser informado sobre a trágica história da família de Xia Zhanhai, Jiang Jingwei ficou profundamente tocado e sensibilizado com a situação. No entanto, Jiang, que é filho único, e pai de duas crianças, ficou bem preocupado diante da situação. Em primeiro lugar, e se a esposa de Xia desconfiasse de toda a história, o estranhasse, e ele não conseguisse tocar o seu coração? Em segundo lugar, Jiang tinha grande receio de ferir os sentimentos dos seus próprios pais ao chamar pessoas que ele não conhecia de "pai" e de "mãe". Além disso, Jiang não era um ator, mas um policial.

Após ser informado sobre a trágica história da família de Xia Zhanhai, Jiang Jingwei ficou profundamente tocado e sensibilizado com a situação. No entanto, Jiang, que é filho único, e pai de duas crianças, ficou bem preocupado diante da situação
Em primeiro lugar, e se a esposa de Xia desconfiasse de toda a história, o estranhasse, e ele não conseguisse tocar o seu coração? Em segundo lugar, Jiang tinha grande receio de ferir os sentimentos dos seus próprios pais ao chamar pessoas que ele não conhecia de "pai" e de "mãe". Além disso, Jiang não era um ator, mas um policial.
"Tive que considerar os sentimentos dos meus próprios pais. Então, fiquei relutante em chamar outra mulher de 'mãe'", disse Jiang, no vídeo publicado na plataforma digital "Pear Video". Curiosamente, o próprio pai de Jiang o encorajou a oferecer ajuda ao casal.

"Minha mãe foi contra a ideia no início, mas depois concordamos que, se fosse realmente necessário, eu faria isso", continuou.

"Tive que considerar os sentimentos dos meus próprios pais. Então, fiquei relutante em chamar outra mulher de 'mãe'", disse Jiang, no vídeo publicado na plataforma digital "Pear Video". Curiosamente, o próprio pai de Jiang o encorajou a oferecer ajuda ao casal.
O encontro do casal com Jiang Jingwei ocorreu em outubro de 2013, e acabou sendo televisionado. No programa, Xia desabou em lágrimas quando viu Jiang, e o abraçou. Liang Qiaoying, que estava em uma cadeira de rodas, gritou ao ver Jiang. Enquanto Jiang se curvava para dar-lhe um abraço, ele também não resistiu e ficou visivelmente emocionado, assim como centenas de milhares de telespectadores.

Quando "mãe" e "filho" se encontraram, Liang pode sentir a profunda tristeza e a dor de uma mãe, que sentia falta de seu filho. Quando ela o chamou de "Xiaoyu", ele apenas acenou a cabeça, e se comportou como se fosse seu verdadeiro filho. Para tentar eliminar eventuais dúvidas sobre a verdadeira identidade de Jiang, e reduzir os potenciais problemas do arriscado plano, o apresentador do programa explicou para Liang Qiaoying, que seu "filho" estava trabalhando longe de casa há tantos anos, que seu sotaque havia mudado muito. Além disso, ela foi informada, que ele estava trabalhando para uma unidade especial de segurança, razão pela qual ele não podia voltar para casa com tanta frequência.

O encontro do casal com Jiang Jingwei ocorreu em outubro de 2013, e acabou sendo televisionado. No programa, Xia desabou em lágrimas quando viu Jiang, e o abraçou. Liang Qiaoying, que estava em uma cadeira de rodas, gritou ao ver Jiang.
Enquanto Jiang se curvava para dar-lhe um abraço, ele também não resistiu e ficou visivelmente emocionado, assim como centenas de milhares de telespectadores.
Para tentar eliminar eventuais dúvidas sobre a verdadeira identidade de Jiang, e reduzir os potenciais problemas do arriscado plano, o apresentador do programa explicou para Liang Qiaoying, que seu "filho" estava trabalhando longe de casa há tantos anos, que seu sotaque havia mudado muito.
Além disso, ela foi informada, que ele estava trabalhando para uma unidade especial de segurança,
razão pela qual ele não podia voltar para casa com tanta frequência.
Nascido e crescido em Xangai, Jiang evitou falar uma única palavra no programa, para evitar que Liang Qiaoying soubesse que ele não sabia falar o dialeto de Shanxi. O "encontro" durou apenas três minutos, mas a relação entre o casal de idosos e o policial vem rendendo frutos até hoje. Aliás, Xia disse que a saúde de sua esposa melhorou muito desde que conheceu Jiang.

"Na noite seguinte ao programa, ela dormiu feito um bebê por mais de oito horas. Anteriormente, ela tinha muitos problemas para dormir", disse Xia. Além disso, a esposa teria se tornado muito mais feliz, ativa e confiante, algo que também não acontecia anteriormente.

"Na noite seguinte ao programa, ela dormiu feito um bebê por mais de oito horas. Anteriormente, ela tinha muitos problemas para dormir", disse Xia. Além disso, a esposa teria se tornado muito mais feliz, ativa e confiante, algo que também não acontecia anteriormente.
A cada inverno, Jiang envia agasalhos para seus novos "pais": Liang e Xia. Em todo "Festival de Meio de Outono" (também conhecido como "Festival da Lua", que por sua vez está ligado a um tradicional costume de cerimônias de oferendas à Lua) , ele envia bolo lunares (um pequeno bolinho chinês, tradicionalmente comido durante o "Festival de Meio do Outono") para eles.

Entretanto, quando Jiang Jingwei enviou um "envelope vermelho" para o casal, como uma espécie de presente em relação ao "Ano Novo Chinês", Xia se recusou a aceitá-lo. Vale lembrar nesse ponto, que os chamados "envelopes vermelhos" são considerados presentes, os quais tradicionalmente contém notas de dinheiro e são distribuídos em ocasiões especiais. Resumindo, Xia não aceitou dinheiro por parte de Jiang, visto que o bem que ele fazia a sua esposa não tinha preço.

A cada inverno, Jiang envia agasalhos para seus novos "pais": Liang e Xia. Em todo "Festival de Meio de Outono" (também conhecido como "Festival da Lua", que por sua vez está ligado a um tradicional costume de cerimônias de oferendas à Lua) , ele envia bolo lunares (um pequeno bolinho chinês, tradicionalmente comido durante o "Festival de Meio do Outono") para eles.
Entretanto, quando Jiang Jingwei enviou um "envelope vermelho" para o casal, como uma espécie de presente em relação ao "Ano Novo Chinês", Xia se recusou a aceitá-lo. Vale lembrar nesse ponto que os chamados "envelopes vermelhos" são considerados presentes, os quais tradicionalmente contém notas de dinheiro e são distribuídos em ocasiões especiais.
Em maio de 2016, o casal viajou até Xangai para visitar Jiang. Liang Qiaoying foi informada de que seu "filho" estava falando melhor o mandarim devido aos seus anos de trabalho em Xangai. Na época, Jiang disse o que sua "mãe" havia lhe falado intimamente: para que nunca deixasse de trabalhar duro. Jiang e Xia muitas vezes se comunicam por telefone ou por chamadas de vídeo. Eles se veem como uma verdadeira família atualmente.

Em maio de 2016, o casal viajou até Xangai para visitar Jiang. Liang Qiaoying foi informada de que seu "filho" estava falando melhor o mandarim devido aos seus anos de trabalho em Xangai. Na época, Jiang disse o que sua "mãe" havia lhe falado intimamente: para que nunca deixasse de trabalhar duro.
Jiang e Xia muitas vezes se comunicam por telefone ou por chamadas de vídeo
Eles se veem como uma verdadeira família atualmente.
Xia disse que embora Jiang estivesse em Xangai, seus corações permaneciam unidos, e ele o considerava como filho. Jiang, que havia conseguido devolver o sorriso no rosto de um mãe, disse que sempre estará por perto para ajudá-los no que for preciso. Emocionante, não é mesmo? Entretanto, é necessário fazer um rápido comentário sobre o programa "Chinese Dream Show", da emissora Zhejiang Television.

Ao fazer uma pesquisa um pouco mais ampla sobre esse caso, ou seja, além do que comumente muitos de vocês teriam acesso por parte de sites de curiosidades ou afins, acabei lendo algumas coisas, que servem como uma espécie de "alerta vermelho". Aparentemente, o "Chinese Dream Show" funciona de forma bem parecida com alguns programas que temos aqui no Brasil. Digamos que uma pessoa tenha um sonho, mas, como nada é de graça, existem certas condições para que o programa realize o mesmo, assim como executar uma perfomance artística por parte do participante e, se a plateia gostar, o sonho será realizado. O programa "Chinese Dream Show" passou por uma série de mudanças nas regras desde que foi criado, em 2011. No início bastava 2/3 dos votos de uma plateia de 200 pessoas, porém com o tempo chegou a ser necessário 90% dos votos de 270 pessoas. Ao longo do tempo, o programa também contou com a participação de celebridades locais, empresas, entidades assistenciais etc. De qualquer forma, o programa existe até hoje.

Assim como boa parte dos "reality shows", ainda mais de cunho assistencialista, o mesmo acabou sendo alvo de polêmicas. No quarto episódio da quarta temporada, um participante chamado Wu Xiaolei alegou que era operador de empilhadeira. Porém, posteriormente, usuários da rede social chinesa Sina Weibo (semelhante ao Twitter) descobriram que Wu tinha mentido sobre sua identidade e preenchido o cadastro com informações falsas. O programa foi obrigado a vetar sua participação depois da polêmica. No fim da terceira temporada, por exemplo, um casal da província de Jilin ganhou uma categoria chamada de "O Sonho Mais Popular". O sonho do casal era abrir um restaurante para vender seus noodles caseiros (macarrão). Novamente, usuários da rede Sina Weibo descobriram que o casal não tinha conseguido abrir seu restaurante, tinham feito apenas uma espécie de figuração no programa. Em 2013, também teria havido uma polêmica entre os apresentadores do programa em relação a audiência. Enfim, particularmente, prefiro acreditar que o caso apresentado envolvendo a senhora Liang Qiaoying seja mesmo verdadeiro. Por outro lado, será que tudo o que aconteceu foi realmente ético? Esse é um assunto para os meus comentários finais.

Comentários Finais


Devido a clara barreira idiomática, e a dificuldade natural de realizar uma pesquisa mais aprofundada em um país como a China, é difícil saber o que realmente aconteceu com Liang Qiaoying. Sabemos apenas, que ela ficou paraplégica e sofreu problemas de memória após um incidente envolvendo o que chamaram de "envenenamento" ou "intoxicação" por gás. Também é difícil julgar o comportamento do marido, Xia Zhanhai, porque não sabemos o que ele passou durante sete anos ao cuidar de sua esposa e, ao mesmo tempo, ter que lidar com o luto de perder um filho. Dependendo do estado de saúde de Liang, saber da verdade, ou seja, que seu filho mais velho havia morrido, talvez em virtude de uma negligência da própria família diante das condições da fábrica que possuíam, piorasse consideravelmente sua tentativa de recuperação. Contudo, Xia provavelmente teve inúmeras oportunidades ao longo do tempo para contar a verdade para sua esposa e, ainda assim, não o fez. A princípio, podemos ver isso como um ato de amor, generosidade e preocupação, porém Liang sofreu diversos danos cerebrais, perdeu sua mobilidade, e boa parte de quem realmente era quando professora. Se Liang tivesse apenas esquecido o que aconteceu durante o incidente, pudesse realmente voltar a caminhar, dialogar normalmente com as pessoas de sua comunidade e realizar pesquisas no celular ou em um computador, será que Xia realmente seguiria em frente com seu plano? Estamos em um mundo globalizado. Se você consegue saber de uma notícia que acontece na China, alguém nesse momento pode estar lendo sobre algo aqui no Brasil.

Liang não é uma mulher livre, não possui liberdades como muitos de nós temos. Ela precisa do marido para se fazer fisioterapia, para se alimentar, ir ao banheiro, tomar banho etc. Sabemos que são um casal, mas, ainda assim, ela não tem algo muito precioso: privacidade. Necessariamente, gostando ou não, ela precisa de cuidados diários e, aparentemente, uma das poucas coisas que a fazia lutar pela vida era a esperança de rever seu filho. E foi justamente nesse ponto que, mesmo diante das melhores intenções do mundo, Xia tirou a última liberdade que Liang tinha: saber a verdade sobre seu filho. Xia tirou o poder de escolha de Liang, a privou do luto, de orar pelo seu filho, de visitar seu túmulo, de ter o conforto e o abraço de familiares. Mesmo diante da dor, Liang poderia ter criado forças para se dedicar ao seu filho mais novo e aos seus netos e, quem sabe, seu estado de saúde fosse ainda melhor hoje em dia, perante seus esforços de conseguir ser uma boa mãe e uma avó ainda melhor. Em vez disso, a vida e a dor de Liang se tornou um espetáculo televisivo, onde a mentira foi exaltada como a única e a melhor forma de lidar com a perda de um filho. Acabamos sendo compelidos a compartilhar de sua dor, de entender que sua saúde melhorou após considerar um estranho como se fosse seu filho. Somos compelidos a acreditar que, se não fosse o esforço do marido e de um programa de TV, que faz da mazela da população seu sustento diante de uma sombria equação envolvendo audiência e patrocinadores, que Liang jamais voltaria a sorrir. Porém, convido a vocês a reverem o curto trecho de vídeo do momento que Liang encontra o policial. Ela não o reconhece imediatamente como filho. Talvez, naturalmente, se estivesse passando ao seu lado na rua, não o reconhecesse, mas logo atrás dela vemos seu filho mais novo, juntamente com os netos de Liang, provavelmente lhe dizendo que aquele homem era mesmo seu filho mais velho: o filho que foi cremado ou enterrado há 10 anos. Liang, assim como você, que se sensibilizou com essa história, também foi compelida a aceitar a situação como verdadeira.

Esse é o principal problema, quando assumimos que a mentira é a melhor e definitiva escolha para uma determinada situação: acreditar que os fins ainda justificam os meios. Isso acaba sepultando não somente a verdade ou a realidade sobre uma determinada história, mas o poder de reflexão de quem assiste. Alguém, por exemplo, pensou que durante sete anos Liang poderia estar querendo apenas saber onde estava seu filho, se estava realmente vivo, e se estava bem de saúde? Liang poderia estar querendo um simples desfecho para a agonia de não poder ver alguém que tanto amava. Será mesmo que, durante sete anos, ela não pensou em nenhum momento que ele estivesse morto, mas seu marido ainda assim insistia que o filho estava bem, e em outra cidade? Todos compactuaram do mesmo plano, e a sofrida vida de uma pessoa se tornou um espetáculo perante uma plateia, sendo que até mesmo o choro de outras pessoas presentes parecia, de certa forma, artificial. Muitos podem alegar que Liang melhorou de saúde depois de encontrar seu "filho", porém se esquecem que isso funcionou com uma espécie de desfecho em sua cabeça, ou seja, finalmente ela podia dormir em paz ao ter a certeza do que tinha acontecido com seu filho. Ao final, Liang Yu, o filho verdadeiro de uma mãe, cujo amor sempre foi verdadeiro, nunca receberá uma única visita dela no cemitério ou uma oração perante a uma urna funerária ou em um templo religioso. Quando uma mentira morre, leva consigo os malfeitores e os desonestos. Porém, quando a verdade morre, leva consigo uma parte de todos nós.

Até a próxima, AssombradOs.

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://europe.chinadaily.com.cn/a/201801/18/WS5a607d05a3106e7dcc13520d.html
http://www.odditycentral.com/news/kindhearted-cop-pretends-to-be-couples-dead-son-for-5-years-to-comfort-mother-with-memory-loss.html
http://www.sangbe.com/article/184152.html
https://nextshark.com/shanghai-policeman-helps-mother-cope/
https://www.pearvideo.com/video_1239358
https://www.shine.cn/news/metro/1712107618/

O Supervulcão de Yellowstone: Uma Grande Ameaça Para a Humanidade

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Yellowstone é um parque americano visitado por milhares de pessoas todos os dias, com lindas paisagens e muito famoso por seus gêiseres. O que muita gente não sabe é que ali existe uma gigantesca caldeira de vulcão que quando entrar em erupção - porque já entrou anteriormente e vai entrar novamente - vai mudar a vida no planeta Terra...

Assombrados, faz muito tempo que estou querendo trazer para vocês um especial sobre o supervulcão de Yellowstone, nos EUA, porque se ele explodir, a vida na Terra vai mudar pra valer. Aliás, para muitos cientistas, não são os asteroides que representam uma grande ameaça a vida, mas sim a explosão desse vulcão. Os EUA seriam arrasados, milhares de pessoas morreriam com a explosão e milhões com a fome que se seguiria. É realmente algo preocupante, ainda mais que a erupção ocorre a cada 600 mil anos em média, e faz 630 mil desde a última! Vamos saber mais do assunto.

O Parque Nacional de Yellowstone

O Parque Nacional de Yellowstone é um parque nacional norte-americano localizado nos estados de Wyoming, Montana e Idaho. É o mais antigo parque nacional no mundo, e um marco na história das áreas protegidas. Foi inaugurado a 1 de março de 1872 e cobre uma área de 8980 km², estando a maior parte dele no condado de Park, no noroeste do Wyoming. A cidade mais próxima do parque Yellowstone é Billings, Montana. Milhões de pessoas o visitam todos os anos.

O parque tem uma variedade de vida selvagem, na qual incluem-se ursos mansos, lobos, bisontes, alces, e outros animais. É o centro do grande ecossistema de Yellowstone, que é um dos maiores ecossistemas de clima temperado ainda restantes no planeta.

Yellowstone tem cerca de 10.000 recursos térmicos. Destes, apenas três por cento são gêiseres. O resto são piscinas fumegantes, fumarolas, poças de lama borbulhantes ou infiltrações quentes. A maioria dos gêiseres de Yellowstone é pequena e apenas respinga e espirra, chegando a quase três metros de altura. Apenas seis grandes gêiseres, jogam água a 30 metros ou mais O Old Faithful, é o mais famoso gêiser do mundo, irrompe a cada 45 a 90 minutos aproximadamente. Mais da metado dos gêiseres do mundo se encontra no parque.


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O Supervulcão de Yellowstone

Viu como são lindas as atrações do parque, com fontes termais e gêiseres? Agora, sabe porque tem isso lá? Porque no subsolo do belíssimo Parque Nacional de Yellowstone, nos EUA, há uma imensa câmara de magma! Ela é a responsável pelos gêiseres e fontes termais que fazem da área um cartão postal famoso no mundo todo.

Muito antes de haver presença humana em Yellowstone, uma grande erupção vulcânica ejetou um volume imenso de cinza vulcânica que cobriu todo o oeste dos Estados Unidos, a maioria do centro-oeste, o norte do México e algumas áreas da costa leste do Oceano Pacífico. Esta erupção foi muito maior que a famosa erupção do Monte Santa Helena, em 1980. Deixou uma enorme caldeira vulcânica (70 km por 30 km) assentada sobre uma câmara magmática. Yellowstone registou três grandes eventos eruptivos nos últimos 2,2 milhões de anos, o último dos quais ocorreu há 640 000 anos. Estas erupções são as de maiores proporções ocorridas na Terra durante esse período de tempo, provocando alterações no clima nos períodos posteriores à sua ocorrência.

Os supervulcões, como o de Yellowstone, são, para cientistas da Nasa, a agência espacial americana, uma mas maiores ameaças naturais à civilização.

A Terra tem pelo menos 20 supervulcões conhecidos, e grandes erupções ocorrem em média uma vez a cada 100 mil anos. Uma das maiores ameaças de um acontecimento como esse é a fome, pois uma queda prolongada na temperatura causada por cinzas bloqueando a luz do sol - o chamado inverno vulcânico - pode privar a humanidade de comida.

Em 2012, a ONU estimou que as reservas mundiais de alimentos seriam suficientes para 74 dias.

Localização da Caldeira. Ela tem 70 por 30 km de comprimento. É grande demais!


Diagrama da Caldeira de Yellowstone.
O que Aconteceria se Yellowstone Entrasse em Erupção?

Vamos imaginar que ele vai entrar em erupção. Primeiro o parque de Yellowstone se elevará um pouco. As fontes de águas termais vão aquecer rapidamente a temperaturas superiores à ebulição, existindo a chance de se tornarem extremamente ácidas. Além do mais, haveria uma série de terremotos no centro da caldeira, impulsionando uma chuva de lava e cinza que alcançaria 25 quilômetros acima do nível do mar.

A cinza e a lava poderiam atingir velocidade de 482 km/h e exceder a temperatura de 1.000°C. Se chover muito depois da erupção, os fluxos de material piroclástico e os depósitos de cinza se misturariam, convertendo-se em lodos de cimento.

Estima-se que 87 mil pessoas seriam mortas imediatamente num raio de 160 km que seria totalmente destruído, e dois terços dos EUA seriam imediatamente inabitáveis ​​devido a uma enorme nuvem de cinzas, provocando mudanças climáticas rápidas.

A grande quantidade de cinzas na atmosfera bloquearia a luz solar e afetaria diretamente a vida sob ela, criando um ‘inverno nuclear’ por grande parte da Terra – não simplesmente no oeste dos EUA.

Se o vulcão explodir, uma mudança climática ocorreria, pois o vulcão vomitaria enormes quantidades de dióxido de enxofre na atmosfera, o que pode formar um aerosol de enxofre que reflete e absorve a luz solar.

Só lembrando que essa catástrofe já aconteceu três vezes no vulcão em questão: há 2,1 milhões de anos, 1,3 milhão de anos e há 640 mil anos. A última erupção criou uma coluna irruptiva tão grande que cobriu cerca de 60% do território atual dos EUA com cinzas.

Imagem mostrando as áreas afetadas nos EUA. Como descrito, pois vai depender do vento, período do ano e outros fatores. Como vemos grande parte dos EUA seria arrasada


Vários Terremotos em Fevereiro de 2018

Como vimos anteriormente, o vulcão entra em erupção a cada 600 mil anos e já se passou esse tempo desde a última erupção. E vimos também que um dos sinais de que ele vai explodir é aumentar a atividade sísmica. Pois Yellowstone foi atingido por 12 terremotos pequenos no dia 17 de fevereiro de 2018. Todos os terremotos ocorreram perto de Maple Creek e mediram 2,9 ou menos em magnitude. Embora todos os terremotos foram relativamente pequenos, isso aponta para uma paisagem geológica cada vez mais volátil no parque. Quarenta e seis terremotos foram medidos desde 12 de fevereiro de 2018 neste mesmo ponto!

Abaixo temos a imagem de um "dia típico" em Yellowstone. Na imagem seguinte vemos os dados do dia 17 de fevereiro de 2018. Bem agitado. E não é apenas esse único local de leitura. Quase todos os 29 sismógrafos em e ao redor de Yellowstone mostraram atividade dramática subterrânea.

Dia comum na leitora dos sismógrafos em Yellowstone


Aqui temos um dia agitado...

Existem 29 sismógrafos monitorando o parque, e quase todos registraram aumento nas atividades


Número de terremotos na região do Parque Nacional de Yellowstone (1973-2014).
Plano da NASA Para Evitar a Explosão

Como deter a explosão de um supervulcão? Quando os cientistas da Nasa estudaram o problema, a mais lógica solução encontrada foi a de resfriar os supervulcões.

O de Yellowstone é essencialmente um imenso gerador de calor, equivalente a seis usinas. Até 70% deste calor é vazado para a atmosfera através da água que entra na câmara de magma por meio de rachaduras no solo.

O restante acumula no interior do magma, fazendo com que ele dissolva mais e mais gases e rochas em volta. Quando o calor chegar a um determinado ponto, uma erupção será inevitável.

Porém, se mais calor for extraído, o supervulcão jamais explodirá. E, de acordo com as cálculos da Nasa, um aumento de 35% na transferência de calor gerado por Yellowstone seria suficiente para neutralizar a ameaça. O problema é como fazer isso.

Uma possibilidade é aumentar a quantidade de água no supervulcão. Realizável na teoria, a medida seria mais complicada na prática, a começar no que diz respeito a obter autorização das autoridades. Seria bastante custoso e as pessoas não veriam com bons olhos jogar água e mais água dentro dele com a água cada vez mais escassa no mundo.

Sendo assim, a Nasa criou outro plano. A agência acredita que o mais viável agora é cavar um túnel de 10 km de profundidade no interior do supervulcão e bombear água em alta pressão, que circularia diariamente, extraindo calor dele.

O projeto tem um orçamento salgado - cerca de US$ 3,46 bilhões -, mas apresenta um aspecto que poder ser convincente para os políticos, pois pode render lucro com a venda de energia!

Yellowstone atualmente perde 6 gigawatts em calor (por ano). A escavação poderia utilizar o calor para criar uma usina geotérmica capaz de gerar energia a preços competitivos, cerca de 10 centavos de dólar por quilowatt

As companhias de energia termelétrica teriam que cavar mais fundo e usar água mais quente do que o normal, mas este investimento teria retorno sob a forma de eletricidade capaz de abastecer a área em volta por dezenas de milhares de anos. E, a longo prazo, há o benefício de prevenir a erupção de um supervulcão que poderia devastar a humanidade.

O problema é que escavar um vulcão tem alguns riscos. Incluindo detonar a erupção que se está tentando evitar.

"Se você escavar o topo da câmara de magma e tentar resfriá-la a partir de lá, seria arriscado. Isso poderia deixar a superfície frágil e propensa a fraturas. E resultar na liberação de gases voláteis no magma no topo da câmara, que de outra maneira não seriam liberados.. A ideia é escavar o supervulcão pela parte debaixo para extrair o calor da parte inferior da câmara. "Dessa maneira você evita que o calor da parte de baixo atinja o topo, que é onde mora o perigo", afirma um especialista chamado Wilcox.

Tal solução pode ser potencialmente aplicada a todos os supervulcões ativos do planeta, e os cientistas da Nasa esperam que os planos possam encorajar mais discussões cientificas práticas sobre o problema.

No entanto, os defensores desse projeto jamais o verão ficar pronto ou nem sequer têm ideia de seu potencial sucesso.

Resfriar Yellowstone desta maneira fará com que sejam necessários milhares de anos para que apenas rocha fria permaneça na câmara. E, apesar de não ser necessário que ela seja totalmente resfriada para deixar de ser uma ameaça, não há garantia de que a empreitada seria um sucesso antes de pelo menos centenas de anos.

Grand Prismatic Spring: Esta fonte hidrotermal apresenta uma diversidade de cores brilhantes. Estas cores são devidas à existência de películas de bactérias termofílicas. A zona em azul contém água a ferver e é livre de bactérias; as zonas que vão do verde ao laranja são zonas onde crescem bactérias em temperaturas sucessivamente menores.


Algo Estranho Aconteceu em Yellowstone

Existe uma série de webcams em Yellowstone que transmitem ao vivo algumas partes do parque, como por exemplo a webcam Old Faithful, que mostra o gêiser mais famoso do parque.

E essa webcam gravou uma série de eventos estranhos nos dias 21 e 22 de abril de 2018.

No dia 21 de abril, ela gravou uma esfera brilhante que se aproxima e explode na frente da câmera! Era 23:25h no horário local quando um carro com guardas florestais chega no local e em seguida a filmagem mostra os guardas apontando uma lanterna em algo estranho no chão (que posteriormente foi identificado como sendo um cadáver humano). Os guardas recolhem o corpo e saem do local. Então cerca de 10 minutos depois, uma bola de luz vem de longe e explode na frente da câmera!

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No dia seguinte, um leve pilar de luz subindo para o céu no lado esquerdo da tela e uma forma de triângulo branco muito definida aparecem. O triângulo começou a mudar de forma um pouco e, em seguida, o que parecia uma bolha translúcida veio da esquerda e se moveu para onde o ele estava. Depois de alguns minutos, a forma branca começou a se mover para baixo até que desapareceu atrás do monte. Aterrissou na parte da frente da linha das árvores. Logo depois disso, um helicóptero passou. Esse helicóptero estava procurando por algo, já que a luz de busca estava ligada em baixa altitude e focada no solo!

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Visite o Parque Nacional de Yellowstone

Quer passear lá? Aqui vão algumas informações encontradas no site oficial. O parque é gigantesco, e tem 5 entradas:

- North Entrance - Gardiner, MT, a entrada norte é a única entrada do parque aberta para veículos com rodas durante todo o ano.
- Entrada do nordeste - Cooke City / Silvergate via Beartooth Hwy - final de maio a início de junho, se o clima permitir
- East Entrance - Cody, WY - meados de maio
- Entrada Sul - Jackson, WY- meados de maio
- West Entrance - West Yellowstone, MT - final de abril

Preços (2014):
US $ 25 - veículo particular e não comercial;
US $ 20 - Motocicleta ou snowmobile (inverno)
US $ 12 - Visitantes de 16 anos ou mais entrando a pé, de bicicleta, de esqui, etc.
* Esta taxa oferece ao visitante uma permissão de entrada de 7 dias para os Parques Nacionais Yellowstone e Grand Teton.

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Conclusão

É um perigo real para a humanidade, mais ameaçador até do que um asteroide que possa se chocar no nosso planeta (depende do tamanho dele, é claro). Já está na hora dele explodir novamente. E como vimos, se explodir, os EUA ficarão arrasado assim como o planeta Terra vai mudar drasticamente durante anos e anos. Plano para impedir que o desastre aconteça existe, mas dificilmente sairá do papel. O que nos resta é torcer para demorar para explodir...

Fontes (acessadas dia 28/04/2018):
- Documentário
- Wikipedia.pt: Parque Nacional de Yellowstone
- Wikipedia.pt: Caldeira de Yellowstone
- Yellowstone National Park
- Old Faithful Live-streaming Webcam
- G1: O plano ambicioso da Nasa para salvar mundo de supervulcão nos EUA, ameaça maior que 'qualquer asteroide'
- OVNI Hoje!: Série de terremotos no Parque Yellowstone provoca receios de iminente erupção do super vulcão
- OVNI Hoje!: Mistério em Yellowstone: Esfera voadora explode no solo, corpo estranho é encontrado, e mais…
- Sputnik: Catástrofe para o mundo se supervulcão de Yellowstone entrasse em erupção hoje
- Thot3126: Supervulcão Yellowstone pode destruir os EUA

As Pedras Guias da Georgia: Mandamentos da Nova Ordem Mundial?

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No estado americano da Georgia existe um enigmático monumento constituído de enormes placas de granito, onde estão gravados em 8 línguas diferentes 10 mandamentos muito estranhos. Também conhecida como Stonehenge Americano, foi inaugurado em 1980 por um homem anônimo e desde então vem causando polêmica...

Fala Assombrados, chegou a hora de falarmos de um monumento feito de enormes placas de granito onde estão gravados 10 mandamentos em 8 línguas, e um deles fala em reduzir a população mundial para 500 milhões de pessoas! Sabe onde ele fica? Será que é num canto isolado do mundo? Não, fica nos Estados Unidos, no estado da Geórgia! Vamos saber mais sobre esse incrível monumento...


Como é o Monumento e Onde Fica?

As Pedras Guia da Geórgia (Georgia Guidestones) ou Stonehenge Americana (American Stonehenge) é um monumento em granito localizado num cume no condado de Elbert, estado norte-americano da Geórgia. O monumento fica a 72 quilômetros de Atlanta, capital do estado, e você achega até elas pela Rodovia 77, entrando em Rodovia Guidestone. O granito da região é um dos melhores de todo o mundo, clima moderado e a posição geográfica (ponto mais elevado do condado) foram essenciais para a sua construção.

É composta por seis pedras de granito dispostas da seguinte forma: uma pedra no centro com quatro pedras ao redor, em posições verticais, além de uma pedra acima das cinco, em posição horizontal. Estas placas de granito estão astronomicamente alinhadas. Em adição a esta estrutura, há uma placa (horizontalmente disposta no chão), também de granito, que fica a oeste deste monumento e tem o objetivo de fornecer algumas notas sobre a história e a finalidade das Pedras Guia (Guidestones).

O monumento mede 5,87 m (19 pés e 3 polegadas) e utiliza aproximadamente 27 m3 (951 pés cúbicos) de granito. Todas as pedras juntas pesam mais de 107.840 kg (119 ton US). Todos estes dados estão na placa horizontal.

Nas pedras estão gravadas dez frases em oito idiomas: árabe, chinês, espanhol, hebraico, híndi, inglês, russo e suhaíli. No topo estão gravadas pequenas mensagens em línguas antigas: babilônio, grego clássico, sânscrito e em hieróglifos egípcios.

As quatro pedras exteriores são orientadas para marcar os limites do ciclo de declinação de 18,6 anos lunares. A coluna central possui um orifício através do qual a Estrela Polar pode ser vista independentemente da estação do ano, bem como uma ranhura que está alinhada com os solstícios e equinócios do Sol. Uma abertura de 7/8 na cumeeira permite que um raio de Sol entre exatamente ao meio-dia de cada dia, fazendo um feixe de luz brilhar sobre uma pedra central que indica o dia do ano.

As Pedras Guia da Geórgia (Georgia Guidestones) ou Stonehenge Americana (American Stonehenge).

Vista aérea. A esquerda temos uma placa explicativa, no centro as pedras com os 10 mandamentos e a direita a placa horizontal com diversas informações.

Os 10 Mandamentos
10 Mandamentos escritos na língua inglesa

Como dito anteriormente, os 10 mandamentos estão escritos em 8 línguas diferentes. Vou colocar abaixo eles no idioma inglês, mais abaixo a tradução.

Em inglês:
- Maintain humanity under 500.000.000 in perpetual balance with nature
- Guide reproduction wisely - improving fitness and diversity.
- Unite humanity with a living new language.
- Rule passion - faith - tradition - and all things with tempered reason.
- Protect people and nations with fair laws and just courts.
- Let all nations rule internally resolving external disputes in a one world court
- Avoid petty laws and useless officials.
- Balance personal rights with social duties.
- Prize truth - beauty - love - seeking harmony with the infinite.
- Be not a cancer on the earth - Leave room for nature - Leave room for nature.

Em português:
- Manter a humanidade abaixo de 500.000.000 em perpétuo equilíbrio com a natureza.
- Conduzir a reprodução sabiamente - aperfeiçoando a aptidão física e a diversidade.
- Unir a humanidade por meio de um novo idioma vivo.
- Controlar a paixão - fé - tradição - e todas as coisas com razão moderada.
- Proteger povos e nações com leis e tribunais justos.
- Permitir que todas as nações regulem-se internamente, resolvendo disputas externas em um único tribunal mundial.
- Evitar leis insignificantes e funcionários públicos desnecessários.
- Equilibrar direitos pessoais com deveres sociais.
- Valorizar verdade - beleza - amor – procurando harmonia com o infinito.
- Não ser um câncer sobre a terra – Deixar espaço para a natureza – Deixar espaço para a natureza.

Estranho não? O primeiro mandamento é sem dúvida o mais controverso de todos. Hoje temos mais de 6.7 bilhões de pessoas no mundo e ele diz que para haver equilíbrio com a natureza teríamos que ser abaixo dos 500 milhões. Quem são os 500 milhões que deveriam sobreviver?

Detalhes das outras línguas que foram escritos os 10 mandamentos.


A Pedra Horizontal

A poucos metros a oeste do monumento, um livro de granito adicional foi colocado ao nível do solo. Este tablet identifica a estrutura e os idiomas usados ​​nele, relaciona vários fatos sobre o tamanho, peso e características astronômicas das pedras, a data em que foram instaladas e os patrocinadores do projeto. Também fala de uma cápsula do tempo enterrada sob a tabuinha, mas os espaços na pedra reservados para preencher as datas em que a cápsula foi enterrada e deve ser aberta não foram inscritos, por isso é incerto se a cápsula do tempo foi colocada no lugar.

A placa é grande, por isso não encontrei uma foto que mostrasse ela inteirinha feita de cima, assim, fiz uma arte aqui que vai ajudar a explicá-la. Vou mostrar a placa horizontal onde fica, depois uma foto dela inteira, e depois outras duas, destacando as partes dela que vou comentar abaixo.

Vista aérea mostrando a localização da placa com o monumento...

... aqui temos uma foto que mostra na totalidade a placa horizontal ...

... e esta é a parte de cima, onde eu separei algumas parte que estão numeradas. Abaixo do retângulo com o número 5 tem mais coisas, que estão na imagem abaixo...

... repare que aqui podemos observar melhor o retângulo 5 e temos abaixo o 6. Vamos explicar cada uma dessas áreas abaixo.


- Área Retangular 1:
No centro da parte superior está escrito:

O cluster do Georgia Guidestones Centre
foi erguido em 22 de março de 1980

- Área Retangular 2:
Imediatamente abaixo disso está o contorno de um quadrado, dentro do qual está escrito:

Deixe que estes sejam guias para uma Era da Razão

Em torno das bordas estão escritas traduções para quatro línguas antigas, uma por borda. Começando do topo e procedendo no sentido horário, eles são: babilônico (em escrita cuneiforme ), grego clássico, sânscrito e egípcio antigo (em hieróglifos ).

- Área Retangular 3:
No lado esquerdo está a seguinte coluna de texto:

Características Astronômicas
1. O canal através da pedra indica o pólo celestial
2. O entalhe horizontal indica o curso anual do sol
3. O raio de sol marca o meio-dia no meio do ano

Autor: RC Christian 
(um pseudônimo)

Patrocinadores: Um pequeno grupo de americanos que buscam a idade da razão

Cápsula do Tempo
Colocado seis pés abaixo deste ponto (e aparece a seguir um espaço em branco)
Para ser aberto em (e aparece a seguir um espaço em branco)

- Área Retangular 4:
No lado direito está a seguinte coluna de texto (conversões métricas adicionadas):

DADOS FÍSICOS

1. ALTURA GERAL - 19 PÉS 3 POLEGADAS [5,87 m].
2. PESO TOTAL - 237.746 LIBRAS [107.840 kg].
3. QUATRO PEDRAS MAIORES SÃO 16 PÉS,
   QUATRO POLEGADAS [4,98 m] ALTA, CADA PESAGEM
   UMA MÉDIA DE 42.437 LIBRAS [19.249 kg].
4. CENTER STONE É 16 PÉS, QUATRO
   POLEGADAS [4,98 m] ALTA, PESOS 20.957
   Libras [9,506 kg].
5. O CAPSTONE É DE 9 PÉS, 8 POLEGADAS [2,95 m]
   LONG, 6-FEET, 6 POLEGADAS [1,98 m] WIDE;
   1-FOOT, 7 POLEGADAS [0,48 m] ESPESSAS. PESOS
   24.832 libras [11.264 kg].
6. APOIO DE PEDRAS (BASES) 7-FEET,
   4 POLEGADAS [2,24 m] LONG 2-FEET [0,61 m] AMPLA.
   1 PÉ, 4 POLEGADAS [0.41 m] ESPESSAS, CADA
   PESANDO UMA MÉDIA DE 4.875
   Libras [2,211 kg].
7. PEDRA DE APOIO (BASE) 4-PÉS,
   2½ POLEGADAS [1,28 m] LONGO, 2 PÉS, 2 POLEGADAS [0,66 m]
   WIDE, 1-FOOT, 7-INCHES [0.48 m] THICK.
   PESO 2,707 libras [1,228 kg].
8. 951 PÉS CUBICOS [26,9 m³] GRANITO.
9. GRANITO QUARIDO DA PIRÂMIDE
   QUARRIAS LOCALIZADAS 3 MILHAS [5 km] OESTE
   DE ELBERTON, GEÓRGIA.

- Área Retangular 5:
Abaixo das duas colunas de texto está escrito a legenda "GUIDESTONE LANGUAGES", com um diagrama do layout da laje de granito abaixo dela. Os nomes de oito idiomas modernos são inscritos ao longo das bordas longas dos retângulos projetados, um por borda. Partindo do norte e movendo-se no sentido horário, de modo que a borda superior do retângulo nordeste seja listada primeiro, eles são inglês , espanhol , suaíli , hindi , hebraico , árabe , chinês e russo .

- Área Retangular 6:
No centro inferior está o seguinte texto:

Informações adicionais disponíveis em Elberton Granite Museum e Exhibit
College Avenue
Elberton, Georgia

Detalhe do início da rocha horizontal. Podemos ver aqui as áreas retangulares descritas acima 1,2 e parte da 3 e 4.


Quem Mandou Construir?

A história sobre a construção do local começou em junho de 1979, quando um bem-vestido e articulado senhor chamado Sr. Christian (Cristão) procurou pelos escritórios da empresa Elberton Granite Finishing o custo de se construir um grande monumento. A empresa Elberton foi contrata para realizar a obra por essa pessoa misteriosa, sob o pseudônimo de R. C. Christian.

O Sr. Christian disse que representava um pequeno grupo de americanos leais que vivem fora da Geórgia e que desejavam permanecer no anonimato para sempre. Ele contou aos construtores que os patrocinadores tinham planejado o monumento por anos e que os dez pontos das Pedras Guia eram um apelo a todos os povos para preservar a humanidade e o planeta. O local escolhido deveria ser remoto e longe dos turistas das cidades locais. Além da fartura de excelente granito (um dos materiais mais usados para lápides), clima e localização, o Sr. Christian disse que a escolha era também pessoal. Sua bisavó tinha nascido na Geórgia.

As Pedras Guia da Geórgia foram inauguradas em 22 de março de 1980 (dia do Equinócio de Primavera no Hemisfério Norte), com a presença de 100 pessoas. Christian depois transferiu a propriedade da terra e as guias para o condado de Elbert.

A identificação da propriedade do terreno onde se encontram os monumentos de pedra é obscura. No registro de imóveis do condado de Elbert indica que o próprio condado teria comprado o terreno de cerca de 2 hectares onde está localizado o monumento em 1º de outubro de 1979 por US$ 5 mil.

Elberton Granite Finishing Company contratada pela RC Christian construindo o monumento.


Teoria da Conspiração

A empresa Elberton foi contrata para realizar a obra por essa pessoa misteriosa, sob o pseudônimo de R. C. Christian. Especula-se que as iniciais R e C significam a ordem Rosa-Cruz, fraternidade que teria suas origens no personagem mítico do século XIV Christian Rosenkreutz, chamado também de Irmão/Frater C.R.C.

Os críticos do monumento afirmam que as Pedras são “Os Dez mandamentos do Anticristo”. Segundo eles, as pedras foram construídas por sociedades secretas satânicas com o objetivo de implementar a Nova Ordem Mundial. O ativista político John Conner conclamou a destruição das Pedras da Geórgia, e que o entulho deveria ser usado em outras obras. Já entre os que defendem as Pedras Guia da Geórgia está a viúva do ex-Beatle John Lennon. Yoko Ono disse que as mensagens inscritas são “Um importante chamado ao pensamento racional”.

Monumento feito pela Nova Ordem Mundial?


Local Vandalizado

- Pichações: Em 2008, as pedras foram desfiguradas com tinta de poliuretano e graffiti com slogans como "Morte à nova ordem mundial". A revista Wired chamou o desfiguramento de "o primeiro ato sério de vandalismo na história das guidestones".

Em setembro de 2014, um funcionário do departamento de manutenção do Condado de Elbert entrou em contato com o FBI quando as pedras foram vandalizadas com pichações, incluindo a frase "Eu sou Isis , deusa do amor".

- Inserção de um Cubo com Inscrições: O ano de 2014 foi agitado para o monumento. Um bloco em formato de cubo foi colocado dentro de um espaço existente entre a laje dos escritos entre o Inglês e o Espanhol. Nas faces do cubo estavam inscritos 20, 14, 16, 8, MM e JAM. No dia 25 de setembro, um homem encarregado da conservação das Pedras Guias da Georgia, retirou o misterioso novo cubo, o quebrou e entrou pedaços dele para quem quisesse! Por isso, câmeras de segurança foram instaladas no local neste ano.

Detalhes dos ataques ao monumento.

Local do cubo inserido em 2014 e logo destruído.



Localização das câmeras de segurança que vigiam o local 24 horas por dia








Visite o Local

O endereço é 1031 Guide Stones Road, Elberton, GA 30635, USA. Fica ao lado de uma rodovia e pode ser visitado 24 horas por dia. É de graça. Se for, manda fotos que tirar de lá para nós :)


.
Conclusão


Desconhecido de muita gente e inclusive da maioria dos americanos, esse monumento é realmente algo que foi muito, mas muito bem pensado. O enigmático R. C. Christian disse para a empresa construtora que ele foi planejado ao longo de 20 anos! O alinhamento astronômico é sensacional.

Agora os 10 mandamentos realmente são planos da Nova Ordem Mundial ou uma tentativa de fazer um mundo melhor num cenário pós-apocalíptico? Eu fico com a segunda opção. E você? Deixe sua opinião.

Fontes (acessadas em 04/05/2018):
- Wikipedia.pt: Georgia Guidestones
- Wikipedia.en: Georgia Guidestones
- Documentário Decifrando Códigos: As Pedras Guias da Georgia
- Thoth3126.com: As Pedras Guias da Georgia – Dez Mandamentos para a Nova Ordem Mundial
- Youtube: Georgia Guidestones (The 10 Commandments?)
- Anti Nova Ordem Mundial: As Misteriosas Pedras Guias da Georgia Receberam uma Estranha Atualização: "2014"
- Anti Nova Ordem Mundial: Pedras Guias da Geórgia: Atualização '2014'é Removida Revelando Gravações Adicionais (MM, 16, 20, 14, 8, JAM)
- O Arquivo: Pedras guia da Geórgia
- Research and Divinity: GEORGIA GUIDE STONES A.K.A. THE AMERICAN STONEHENGE
- DCNewsMan: Georgia Guidestones, The Missing Stone Now In Place “2014″

Hospital Colônia de Barbacena-MG - Holocausto Brasileiro

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Em Minas Gerais, na cidade de Barbacena, existiu o Hospital Colônia de Barbacena, um local onde durante décadas, pessoas que problemas psiquiátricos foram enviadas para o local e recebiam tratamentos desumanos, tanto que mais de 60.000 mil pessoas morreram no local! É uma história triste do nosso país e é comparada muitas vezes a um campo de concentração...

Assombrados, chegou a hora de falarmos de um capítulo triste da história do nosso Brasil, vamos falar do Hospital Colônia de Barbacena, um tema muito pedido por vocês. Eu não conhecia o caso, assim como a maioria dos que vão ler esta postagem ou ver o vídeo que fiz. É horripilante, chocante e revoltante. Vamos saber mais do assunto...


A História do Local

Em 1903, Barbacena, MG, ganhou a alcunha de “Cidade dos Loucos”, graças à inauguração de sete instituições psiquiátricas no município. Na época, estâncias de clima ameno, como Barbacena, eram vistas como propícias para o tratamento de doenças mentais. Uma dessas iniciativas era o Hospital Colônia. A elite do Rio de Janeiro, que era uma cidade considerada insalubre, vinha para Barbacena se tratar, descansar. Mas, com o tempo, o que era planejado como uma instituição médica tornou-se um matadouro partir de 1930, o que se estendeu até 1980.

O manicômio era formado por dezesseis pavilhões independentes, tendo cada um deles a sua função específica: Pavilhão "Zoroastro Passos" para mulheres indigentes; Pavilhão "Antônio Carlos" para homens indigentes; Pavilhão "Afonso Pena"; Pavilhão "Milton Campos"; Pavilhão "Rodrigues Caldas" e Pavilhão "Júlio Moura".

Tendo inicialmente cerca de 200 leitos. O Colônia estava operando muito acima de sua capacidade normal, contanto com em média 5 mil pacientes na década de 1950 - Há um relato, do Doutor Jairo Toledo, que em um único dia, dezessete pacientes vieram a morrer durante a madrugada, vítimas do intenso frio.

No período em que houve o maior número de mortes, entre as décadas de 1960 e 1970, o que acontecia no hospital chegou a ser chamado de "Holocausto Brasileiro". Estima-se que pelo menos 60 mil pessoas tenham morrido no Hospital Colônia de Barbacena.

Junto ao hospital, com uma área aproximada de 8 mil metros quadrados, foi construído na mesma época um cemitério, designado de "Cemitério da Paz".





Quem era Enviado para Lá?

Enquanto o plano do Hospital Colônia era primariamente atender a pessoas com transtornos mentais, o local acabou por tornar-se um campo de extermínio para aqueles que não se adequavam aos padrões normativos da época ou não atendiam aos interesses políticos de classes dominantes.

Cerca de 70% dos pacientes do Colônia não possuíam diagnóstico de transtorno psicológico algum. Muitos dos pacientes eram apenas alcoólatras, andarilhos, amantes de políticos, crianças indesejadas, epiléticos, inimigos políticos da Elite local, prostitutas, homossexuais, vítimas de estupro e pessoas que simplesmente não se adequavam ao padrão normativo da época, como homens tímidos e mulheres com senso de liderança ou que não desejavam casar-se. Boa parte da população do Hospital Colônia também era da etnia negra.

De hospital psiquiátrico, a instituição virou depósito de gente indesejada.

Os pacientes eram separados por sexo, idade e características físicas. Como o Colônia não tratava apenas pessoas da cidade, muitas vinham de fora, desembarcando de trem. Em 1933, o escritor Guimarães Rosa, que trabalhou brevemente como médico no Colônia, chamou aquilo de “trem de doido”. Anos depois, o cenário rendeu comparações inevitáveis com os campos de concentração nazistas, já que eles também eram abastecidos com trens.

Crianças que cresceram dentro do Colônia jamais aprenderam a falar, ler ou escrever e contavam com a ajuda de bons-samaritanos no local para realizar atividades mais básicas.



Como Eram Tratados?

- Ócio terrível
- Eram forçados a trabalhar manualmente, muitas vezes sem receber nada ou em troca de maços de cigarro.
- Dormir sobre folhas de capim. Formigas saiam dessas folhas e mordiam os pacientes
- Precisavam lidar com estupros, torturas físicas e psicológicas
- Eram submetidos à terapia de choque e duchas escocesas sem nenhuma razão aparente, tal tortura era aplicada com o propósito de servir apenas como castigo ou devido à perseguição oriunda de falta de afinidade entre pacientes e funcionários. Muitos não resistiam e acabavam falecendo.
- Devido a superpopulação, os internos andavam parcialmente ou completamente nus e eram expostos às baixas temperaturas de Barbacena durante a noite. Em uma tentativa de sobreviver, buscavam aquecer-se dormindo em círculos, mas ainda assim muitos padeceram por conta de hipotermia ou  sufocados.
- Não existia um sistema de água encanada ou suprimento de alimentos que abastecessem o alto número de pacientes. Muitos banhavam-se ou bebiam de um esgoto a céu aberto dentro do local.
- Para proteger seus bebês que eram separados das mães após algum determinado tempo, grávidas cobriam a si mesmas com fezes, evitando que funcionários e outros pacientes se aproximassem.
- Doentes eram abandonados em seus leitos para morrer.



As Crianças

Crianças também ficavam internadas ou nasciam no local...

- As Crianças de Oliveira: Trinta e três meninos e meninas do hospital psiquiátrico da cidade de Oliveira (MG) - na verdade uma enfermeira disse que foram quase 140 - , que havia sido extinto nos anos 1970, foram transferidos para a unidade. Lá eles sentiram na pele os maus-tratos das correntes, da camisa de força, do encarceramento e do abandono.

As crianças eram mantidas nos pavilhões e recebiam tratamento idêntico ao oferecido aos adultos, permanecendo, inclusive, no meio deles.

Silvio Savat, que deu entrada na Colônia com cerca de 9 anos. Ele foi  fotografado por Napoleão Xavier, em 1979, aos 11 anos, vestido de mulher e com o corpo coberto de moscas. Deu ao autor da foto a impressão de ver um cadáver.

- Crianças Nascidas no Local: Ocorriam relações entre pacientes e muitos eram estuprados. As vezes as mulheres engravidavam, e os "filhos da loucura", – cerca de três dezenas – eram doados logo após o nascimento sem que suas mães biológicas tivessem a chance de abraçá-los. Compreensível que, depois disso, muitas mulheres tivessem, de fato, enlouquecido.

Como foi o caso de Sueli Aparecida Resende,que  deu entrada na unidade em 1971, aos 8 anos de idade, – ela era uma das crianças de Oliveira -, em função de crises de epilepsia. Engravidou dentro do hospital, 19 anos mais tarde, quando tinha 27 anos. Deu à filha o nome Débora Aparecida e lutou como uma leoa para amamentar sua cria. Não conseguiu. Débora foi tirada dos seus braços com dez dias de vida e, desde aquele episódio, Sueli tornou-se uma paciente cada vez mais agressiva. A cada data de aniversário da filha, rezava por ela e sonhava com o dia em que poderia tocar a menina e ver de perto alguém que, afinal, era um pedaço seu. Sueli apareceu no curta "Em Nome da Razão" cantando uma música. Ela morreu no início de janeiro de 2006, de infarto, aos 50 anos, privada de realizar seu sonho. Se tivesse aguentado por mais um ano teria sido encontrada por Débora, hoje com 27 anos, que a procurou desesperadamente, em 2007, logo que soube que sua mãe verdadeira era uma paciente em Barbacena.

Sueli Aparecida Resende em cena do curta "Em Nome da Razão".


Tráfico de Corpos

Percebendo que o cemitério municipal já não comportava o número cada vez mais alto de mortos no Colônia, funcionários do hospital começaram a traficar corpos para faculdades de medicina, que os usavam em aulas de anatomia.

Pelo menos 60 mil pessoas morreram entre os muros da Colônia. Em sua maioria, internadas à força. Cerca de 70% não tinha diagnóstico de doença mental. Nos períodos de maior lotação, 16 pessoas morriam a cada dia. Ao morrer, davam lucro, pois seus corpos eram vendidos às faculdades de medicina. Quando houve excesso de cadáveres e o mercado encolheu, os corpos foram decompostos em ácido, no pátio da Colônia, diante dos pacientes, e suas ossadas eram comercializadas”, investigou Daniela.

Mais de 1800 cadáveres foram vendidos para 17 faculdades de medicina entre 1969-1980.



A Imprensa Começa a Denunciar

- Fotos da Revista Cruzeiro: Em 1961, o fotógrafo Luiz Alfredo do Jornal O Cruzeiro retratou a realidade dentro do Hospital por um determinado período de tempo, trazendo a público o que ocorria no interior dos muros do Colônia. Eram as primeiras fotos feitas no local que chegavam a conhecimento público e chocaram.

Foi um convite de Magalhães Pinto, então governador de Minas Gerais, que levou o fotógrafo ao lado do repórter José Franco para conhecer as instalações do hospital. O que encontrou lá o marcou profundamente.

Passamos pelo portão de ferro do manicômio e vimos uma gente maltrapilha andando largada pelo pátio em um silêncio sepulcral. Me distanciei do grupo de visita, comecei a fotografar sozinho e fiquei bastante chocado. Ainda havia democracia no país àquela época, em uma cidade linda conhecida como ‘Cidade das Rosas’. Como poderia haver algo desse tipo?”, relata Alfredo, que conversou com a VICE pelo telefone. Apesar disso tudo continuou como estava...

Paciente bebendo água de esgoto!


Pacientes em suas camas de capim

Um paciente no completo ócio, no sol

Paciente em sua cama de capim. Repare na sola do pé.

- Reportagens "Nos Porões da Loucura": Em 1979, o jornal O Estado de Minas publicou uma série de reportagens intitulada Nos Porões da Loucura relatando o que ocorria no hospital psiquiátrico Colônia de Barbacena. Os maus tratos aos internos foram divulgados nas fotografias de Jane Faria e nos textos de Hiram Firmino que mais tarde foram reunidos num livro. Infelizmente não ecntrei imagens essa série de reportagens...

- Fotografias Napoleão Xavier: Em 1979, tá todo mundo nu, as mulheres estão nuas, completamente violadas, em uma condição muito mais precária. As imagens do Napoleão são muito mais duras, porque as do Luiz Alfredo tem poesia ainda, mas as dele são totalmente indigestas. Beirava o insuportável já em 61, imagina em 79...







Curta: Em Nome da Razão: documentário brasileiro de 1979 do cineasta Helvécio Ratton. O documentário é todo filmado em preto e branco, mostrando o cotidiano dos pacientes internados no Hospital Colônia de Barbacena. O documentário mostra relatos de pacientes sobre a realidade no Hospital, possui como técnica cinematográfica o documentário denúncia, que evidencia, através da edição de depoimentos uma determinada realidade social. O diretor não se furta em fazer comentários durante o desenvolvimento das cenas, que mostram, por exemplo um interno no chão, quando o diretor denuncia a locução dizendo "...o ócio é absoluto".


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Que Fim Levou?


O curta, as reportagens da série e as fotos de Napoleão Xavier fizeram o debate começar. Junta-se a isso o psiquiatra italiano Franco Basaglia, que teve a chance de visitá-lo em 1979 chegou a comparar o local a um campo de concentração nazista e exigiu seu fechamento imediato.

Isso tudo fez ocorrer a mobilização dos trabalhadores da saúde mental, das grandes denúncias. Foi todo este movimento que deu origem à reforma psiquiátrica em Minas, que mais tarde alcança outros estados brasileiros.

O fechamento do Colônia só ocorreria anos mais tarde, durante a década de 80.

A casa funciona até hoje sob a administração da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG) e conta com 160 pacientes daquela época, e chama-se Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena. Foram construídos módulos residenciais na unidade, hoje transformada em hospital regional. Muitos pacientes moram nestes módulos.

Das 33 crianças, somente quatro estão vivas, entre eles Silvio Savat, que deu entrada na Colônia com cerca de 9 anos. Ele foi  fotografado por Napoleão Xavier, em 1979, aos 11 anos, vestido de mulher e com o corpo coberto de moscas na colônia deu ao autor da foto a impressão de ver um cadáver. Outra sobrevivente é Maria Cláudia Geijo, que chegou à instituição, em 1974, aos 13 anos de idade, e permanece internada até hoje.

A maior parte do grupo foi transferido, a pedido do psiquiatra Jairo Toledo, para o Hospital de Neuropsiquiatria Infantil, em Belo Horizonte, em 1980, atual Centro Psíquico da Adolescência e Infância, onde Silvio, aos 43 anos, ainda recebe atendimento no Lar Abrigado. "O Silvio, como os outros, chegou aqui imundo. Vieram para passar um dia e acabaram ficando a vida inteira. Quem os recebeu ficou chocado com o estado dos vinte e tantos meninos de Barbacena. Aqui eles tiveram que aprender até como usar o banheiro. Fizemos todo um trabalho de resgate da cidadania, inclusive com a retirada de documentos que eles não tinham. Nenhum dos quatro que ainda estão vivos fala, mas a gente entende o que eles querem, inclusive seus gritos. O bonito de verdade é que eles não têm mais o olhar perdido", afirmou a coodernadora do Lar Abrigado, Mercês Hatem Osório.

Em 1996, anos após seu fechamento, o Colônia foi reaberto, desta vez transformado no "Museu da Loucura".

A coordenadora do Lar Abrigado, Mercês Hatem Osório, em cena do documentário "Holocausto Brasileiro".


O Museu da Loucura

Em 1996, em memória às vitimas do Colônia, foi inaugurado o Museu da Loucura, no torreão do hospital. A instituição é conhecida por abrigar um acervo que conta a história do primeiro hospital psiquiátrico de Minas Gerais. O local reúne textos, fotografias, documentos, objetos, equipamentos e instrumentação cirúrgica, que relatam a história do tratamento do paciente com sofrimento mental.

Em 2014 ele passou por uma revitalização e ficou fechado por quase 2 anos. "Levamos cerca de um ano nas obras físicas do edifício e mais oito meses para a instalação da exposição. A história e o acervo são os mesmos, mas agora são apresentados em um conceito diferente, através de recursos audiovisuais e tecnológicos que, até então, não eram possíveis", contou o curador.
Em 2016 mais uma revitalização, desta vez

A instituição recebe uma média de 1.100 visitantes por mês. E em 18 anos já recebeu 131.156 visitantes registrados no livro de assinaturas.

O Museu da Loucura funciona na Avenida 14 de agosto, sem número, no Bairro Floresta, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB). O local abre de terça-feira a domingo, das 8h às 12h e das 13h às 18h.

Museu da Loucura (Foto: Museu Mariano Procópio/ Arquivo)


Holocausto Brasileiro (Livro e Documentário)

Os horrores do local acabaram sendo novamente divulgados a partir do livro Holocausto brasileiro, lançado em 2013, escrito pela jornalista Daniela Arbex. O livro retrata os maus-tratos da história do Hospital Colônia de Barbacena administrado pela FHEMIG (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais) através do depoimento de ex-funcionários e pessoas ligadas diretamente ao dia-a-dia do funcionamento do local. Foi lançado pela Geração Editorial e ganhou segundo lugar no prêmio Jabuti na categoria livro-reportagem.

Em 2016  foi lançado o documentário Holocausto Brasileiro (HBO e Vagalume Filmes, 2016), filme baseado no livro homônimo da jornalista Daniela Arbex, lançado em 2013. Conta a história vexatória do Hospital Colônia, em Barbacena, no interior de Minas Gerais (MG). Ele foi exibido no canal Max da HBO.

Inclusive no documentário foi mostrado que alguns dos meninos mostrados no curta "Em Nome da Razão" estavam vivendo sob o cuidado de uma senhora.

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Fontes (acessadas em 11/05/2018)
- Documentário Holocausto Brasileiro
- Wikipedia.pt: Hospital Colônia de Barbacena
- Wikipedia.pt: Holocausto brasileiro (livro)
- Wikipedia.pt: Em Nome da Razão
- Universidade Federal de Minas Gerais
- Vice: O Luiz Alfredo Fotografou o Holocausto Brasileiro
- Vice: ‘Holocausto Brasileiro’, o angustiante documentário sobre um genocídio no maior hospício do Brasil
- G1: Museu da Loucura é reaberto com objetivo de conscientizar a sociedade
- G1: Revitalização do Museu da Loucura é entregue nesta quinta em Barbacena
- Mundo Estranho: O que foi a tragédia do Hospital Colônia de Barbacena?
- Tribuna de Minas: 33 crianças viveram horrores da Colônia

Fantasma de San Pedro: Um dos Mais Fantásticos Casos de Assombrações do Mundo!

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O Fantasma de San Pedro é um dos casos mais fantásticos já registrados na história da investigação paranormal. Ricamente documentado em fotos e vídeos, o caso mostra que o fantasma seguiu a vítima inicial e até mesmo a equipe de investigação. Aliás, um dos membros foi enforcado e quase morreu durante a investigação, tudo devidamente registrado! 

Assombrados, eu me lembro que muitos anos atrás, mais de 10 anos, passou na GNT um documentário chamado "Fantasmas em Flagrante". O primeiro caso apresentado era de um investigador que foi chamado a uma casa e viu um líquido rosa sair das paredes e que quando subiu no sótão foi enforcado, e uma foto tirada desse momento aterrorizante! Fiquei impressionado e de lá para cá sempre me vinha na cabeça fazer algo sobre esse caso. Eis que agora tive a chance e trago para vocês um dos casos mais sensacionais da história envolvendo fantasmas e registros de atividades poltergeist. Com você, o Fantasma de San Pedro!

Jackie Hernandez

Todo o caso gira em torno de Jackie Hernandez, uma moça nascida no ano de 1960 em Saratoga Springs, Nova York, EUA. Ela teve uma infância normal e nada indicava que fenômenos paranormais acontecessem ao seu redor. Como ela mesmo disse, ela tinha medo de ficar sozinha e não de fantasmas.

Ela cresceu, e ainda jovem, se casou e teve dois filhos, Samanta e Jamie. Infelizmente o casamento não deu certo e ela se separou de seu marido.

Em novembro de 1988, resolveu recomeçar a vida em San Pedro, Califórnia, do outro lado dos Estados Unidos. Ela alugou uma pequena casa e a vida não estava fácil, pois tinha que trabalhar muito para bancar as contas e criar os dois filhos pequenos. Frequentemente os deixava aos cuidados de sua vizinha Susan Castaneda.

Jackie disse que quando entrou na casa, sentiu uma energia estranha, mas que resolveu deixar para lá. Com o passar do tempo, ela começou a experimentar coisas estranhas...

Jackie Hernandez
 Os Primeiros Fenômenos

- O primeiro fenômeno relatado foi que ela estava perto de em uma mesa e um amigo estava no sofá, e então caiu da mesa um objeto que onde se coloca lápis e caneta. Ela ficou sem entender nada.

- Em fevereiro de 1989, Jackie foi checar os seus filhos, ela foi recebida por uma cena de um filme de terror: um velho com ar de abatido estava sentado no canto do quarto, olhando para ela. Ela descreveu seus olhos como brilhantes e seu rosto sem emoção, era cinza e parecida um cadáver em decomposição. Usava um camiseta vermelha e uma calça alta.

- Os fenômenos continuaram e foram testemunhados por suas amigas. Um quadro saiu voando da sala e foi para na mesa da cozinha

- Sua vizinha, Susan Castaneda, também presenciou fenômenos sobrenaturais. Ela disse que o fantasma tocou nada, falou com ela e fez coisas acontecerem para se mostrar presente. O fantasma fez um abajour cair de sua mesa.

- Uma noite, quando Jackie precisou se ausentar, ela chamou sua amiga Darlene para ficar cuidando dos filhos. Ela disse que estava na sala quando olhou para o quarto das crianças e uma voz disse "Não Entre Aqui!". Com medo, Darlene não foi nem no banheiro que ficava perto da porta!

- Uma corrente de água começou a cair de uma lâmpada.

E as coisas só pioravam...

Sua vizinha Susan então disse que tinha visto na TV uma equipe de Caça-Fantasma e a aconselhou a entrar em contato com eles, o que ela fez.

Expressão de Medo de Jackie!


A Chegada da Equipe

A equipe era formada por três mesmbros principais, Dr. Barry Taff, parapsicólogo que estou mais de 2.500 casos, entre os quais o caso Carla Moran de 1974, que já falamos aqui no canal, do filme "O Enigma do Mal" (The Entity), Barry Conrad, operador de câmera premiado com um Emmy e Jeff Wheatcraft, o fotógrafo da equipe.

No dia 8 de agosto de 1989 os 3 chegaram a casa e começaram a investigação. Barry Taff disse que entrevistaram as pessoas e que tinha um odor na casa, parecido com o que sentiram na investigação da Carla Moran.

Jeff, o fotógrafo (e futura vítima), entrevista Jackie e Susan, e Jackie diz que as atividades vinham principalmente do sótão, e que uma vez ela olhou no sótão e viu uma cabeça sem corpo vindo em direção a ela! Jeff ficou cético e disse se ele poderia dar uma olhada no sótão, e seu desejo foi atendido.

A entrada do sótão fica em cima da lavanderia. Jeff subiu lá sozinho e disse que era um sótão escuro e limpo, sem caixas ou outras tranqueiras. Ele disse que sentiu como se algo estivesse olhando para ele enquanto permaneceu lá. Outro pesquisador presente, chamado Larry King, perguntou se ele não  tiraria fotos com a sua máquina, e Jeff tirou, um, duas fotos. Na terceira levou um tapa na mão que derrubou o equipamento e o fez dar um grande grito. Ele desceu branco do local.

Barry Conrad e Jeff voltaram para o sótão com uma lanterna para encontrar a câmera. Encontraram a lente em um canto, e no canto oposto a câmera, debaixo de uma caixa de papelão! Como isso pode aconteceu? E mais, Jeff relatou que sentiu uma grande mão empurrando suas costas, ou seja, ele foi atacado fisicamente. Nesse momento que algo sinistro morava no sótão da casa...

Logo que ambos desceram do sótão, barulhos altos começaram a ser ouvidos dele. Jackie, foi então tentar fechar a portão do sótão e algo tentou agarrar sua mão! Tudo foi gravado em vídeo.

Jeff então coloco o rosto no buraco do sótão para dar uma olhada e diz que viu 3 bolas de luz, do tamanho de bolas de tênis, e também um massa negra se movendo na escuridão. Depois ele viu novamente luzes andando lentamente no local.

Aliás, uma dessas bolas de luz apareceu em uma fotografia tirada momentos antes de Jeff ter sido empurrado pelas costas.

O que era para ser uma entrevista no primeiro dia de gravação, se tornou um dia repleto de manifestações sobrenaturais!



A Casa Sangra, Luzes Girantes e Objetos Movendo!

No dia 26 de agosto de 1989 a equipe foi chamada a casa por que um líquido rosa estranho estava emanando de um móvel. Esse líquido já havia aparecido em outras ocasiões, mas essa foi a primeira vez que a equipe viu. Eles coletaram amostras e enviaram para análise, e o resultado foi que era plasma sanguíneo humano, de um homem, com alto teor de iodo e cobre.

Os membros analisaram se havia canos passando atrás do móvel, ou se o líquido tinha sido deliberadamente colocado ali, mas os resultados foram negativos.

Em outras ocasiões esse líquido apareceu novamente.

Dois dias depois, no dia 28 de agosto, uma segunda-feira, por volta das 10:30 da manhã, Jackie conseguiu tirar fotos de uma luz que apareceu na cozinha da casa e ficou girante. Essa luz foi testemunhada por uma amiga que estava com ela no momento.

Barry Conrad passou alguns dias na casa tentando dar um jeito na situação. Jackie estava desesperada com tudo o que estava acontecendo. Ambos estavam exaustos.

No dia 04 de Setembro, um dia depois de Barry ir embora, Jackie testemunha eventos incríveis. Ela disse que objetos foram jogados pela casa, os brinquedos das crianças começaram a levitar e muito mais. Quase que ela pega as crianças, coloca no caminhão e vai para o Texas. Só não fez isso porque não tinha dinheiro para colocar gasolina e pagar pedágios.

Ela liga desesperada para a equipe e no meio do telefonema a ligação ficava sendo interrompida. Por fim, Jeff e Barry Conrad vão até a casa correndo.

Líquido que começou a escorrer pela casa!


Membro Enforcado

Jeff, Barry e Gary Boehm, um amigo que estava junto na hora da chamada telefônica, chegam e começam a descer seus equipamentos para tentar documentar o que estava acontecendo. Jackie detalhou o que viu antes deles chegarem, e disse que ouviu vozes no sótão, um livro voando como um frisbee, portas batendo, luzes rápidas na cozinha, entre outras coisas.

Tudo parecia calmo e o novo membro Gary e Jeff, que fazia um mês que não ia a casa, resolveram subir no sótão. Barry não subiu porque ele temia por seu equipamento de gravação, que ele fosse danificado. Era 00h50m quando Jeff e subiu para dar uma olhada e ver se tinha algo novo no local. Gary veio em seguida.

Enquanto isso, lá embaixo, Barry, Susan e Jackie viram um luz, ouviram um barulho e depois um novo barulho parecido com o som de estralar os dedos. Já havia se passado 10 minutos que os dois estavam no sótão e o pessoal que ouviu o barulho na hora pensou "ele chegou" e gritou para ambos descerem.

Gary se aproximou da entrada para descer e Jeff ficou para trás. O que aconteceu a seguir foi aterrorizante: Jeff foi enforcado! Uma corda foi enrolada em seu pescoço e presa em um prego que tinha na viga. Gary rapidamente foi ajudá-lo, mas antes tirou algumas fotos. Jeff desce sem saber direito o que aconteceu, e logo é informado que tem uma corda no pescoço. Ele fica espantado e pergunta pelos seus óculos. Uma marca de onde a corda apertou seu pescoço pode ser vista. A corda era uma dessas cordas usadas para fazer varal. De onde ela veio?

Se Gary não estivesse lá para soltá-lo, ele poderia ter morrido!

Logo após o incidente, uma forte dor de cabeça começou e ele ficou sentado na varando para ver se ela passava.

Foto real do investigador Jeff enforcado!

Foto real do investigador Jeff enforado!


Mais Fenômenos Naquele Dia

Pensa que acabou? Que nada, a noite estava agitada naquele dia. Barry Conrad estava com seu equipamento de vídeo filmando tudo, olhado pelo visor, quando viu uma bola de luz ir em direção a ele. Segundo Barry, algo como eletricidade passou por seu corpo e ele desmaiou!

Preocupada com seus filhos, Jackie os leva para varanda para ficar com Jeff. Era 01:40 quando foi feita uma foto de Samantha, um bebe que estava em sua caminha. A mãe passava lá direto para ver como ela estava. Pois alguns minutos depois, uma marca vermelha apareceu na testa da criança!

Jackie fica muito brava, pois o fantasma machucou sua filha e implora para saírem de lá. Por volta das três da manhã todos vão embora.

Mancha vermelha apareceu na testa da filha de Jackie


As Estranhas Luzes

Durante a investigação foi descoberto que em vários momentos uma luz foi registrada pelas câmeras. A equipe não conseguia ver a olho nu essas luzes, mas elas estavam lá, gravadas em vídeo. Inclusive em uma filmagem, é possível ver uma dessas luzes entrando no corpo de Jackie!

Em um vídeo gravado na parte externa da casa por Barry Conrad, um portão de madeira abre e fecha sozinho. Ao olhar novamente, a equipe viu uma dessas bolas de luz.

O que são essas bolas de luz, similares a orbs?

No vídeo no início desta matéria tem muitas fotos e vídeos dessas bolas de luz.

Veja luz passando em frente do rosto de Jackie
A Mudança e os Fenômenos Continuam

Em Outubro de 1989, Jackie e as crianças finalmente mudam da casa. Elas vão para a cidadezinha de Weldon, também na Califórnia, quase 500 km distante de onde moravam e se acomodam em uma casa trailer. Jackie acredita que o fantasma ficou para trás e espera começar uma nova vida. Ela logo faz amizade com os vizinhos e toca sua vida.

Mas em abril de 1990 tudo muda. Em um galpão existente no terreno onde ficava o trailer, começaram a ouvir risos bizarros durante a noite. Luzes estranhas voltaram a aparecer e ela tirou foto de algumas. Um colcha na cama de sua filha mais velha começou a pegar fogo depois de uma forma negra ter sido vista flutuando no local.

Ela compartilhou com os vizinhos os eventos e alguns os testemunharam. No dia 13 de abril de 1990, dois vizinhos estavam empurrando uma grande televisão quando viram um rosto estranho no canto dela.

Jackie liga para Barry Conrad, que junto com Jeff, pegam o carro e vão até seu encontro. Chegando lá, montam o equipamento e entrevistam vizinhos. Mas nada de fenômenos Acontecerem. Então eles pegam uma tábua Ouija emprestade de um vizinho e fazer uma sessão.

Barulhos começaram a ser ouvidos nessa casinha...


A Sessão Ouija

Jackie, uma vizinha chamada Tina, Jeff e Barry organizam uma mesa com a tábua dentro do trailer, que segundo Jeff estava frio, mas muito frio, tanto que acenderam uma fogueira para aquecê-los.

A sessão começa e logo a mesa começa a tremer e as velas que iluminavam o local a apagar e acender. As respostas as perguntas eram respondidas de maneira muito rápida pela plachette. O fantasma estava "escrevendo" frases inteiras, de um modo que deixou a equipe de queixo caído.

As respostas recebidas do conselho pareciam indicar que o espírito era o de um estivador assassinado em San Pedro.

Quando perguntado sobre quantos fantasmas eram, a resposta foi: "Fantasmas enchem os céus ao seu redor." Quando perguntado por que Wheatcraft foi atacado, a entidade respondeu que Wheatcraft se parecia com o seu assassino.

Depois de terminar a sessão de comunicação, o espírito mais uma vez atacou Jeff Wheatcraft. Testemunhas afirmam que ele foi subitamente puxado de seu assento, levitado no ar, e violentamente empurrado para trás contra a parede do depósito!

Barry decidiu ir ao jornal local e encontrou em microfilme uma reportagem de 1930 contando a história de Herman Hendrickson, um homem de 28 anos cujo corpo foi descoberto flutuando no porto em março de 1930. A morte foi oficialmente considerada um acidente pelo Departamento de Polícia de Los Angeles. Seria ele o fantasma que atormentava Jackie?

Lembrando que o nó da corda que foi enrolada no pesquiso de Jeff é um nó básico de marinheiro.

Jeff foi arremessado contra a parede durante sessão Ouija


Nova Mudança

Em junho de 1990 Jackie decide se mudar novamente e volta para San Pedro, mas não naquela casa, mas sim em um apartamento. Ela chamou um padre para abençoar o local antes da mudança. Será que o fantasma ficou para trás? Não...

Jackie disse que sabia que ele tinha a seguido. E não deu outra. O lustre da casa movia sozinho e aquelas bolas de luz novamente apareceram, tanto que ela tirou diversas fotos. O interessante é que a luz as vezes de dividia em duas e depois volta a se juntar, e era muito brilhante, a ponto de iluminar o carpete ou objetos que estavam próximas a elas!

Foto tirada das luzes


O Fantasma Segue a Equipe!

O fantasma seguia Jackie para onde ela se muda-se e também seguiu membros da equipe! Em julho de 1990 estranhos fenômenos começam a acontecer no apartamento de Barry Conrad. Coisas muito estranhas foram registradas em vídeo, como:

- Chamas de Fogões eram Acesas
- Duas tesouros foram encontradas embaixo dos travesseiros na cama do casal em 5 de julho de 1990
- Fotografias foram rearranjadas na parede
- Um vidro de café foi virado de cabeça para baixo
- Uma vassoura apareceu sobre a boca do fogão
- Enquanto filmavam uma outra tesouro que apareceu no chão da cozinha, uma tesouro simplesmente caiu sobre o fogão.

Talvez um dos fenômenos mais significativos foi quando uma janela foi quebrada. Jeff e Barry limparam a moldura da janela dos pedaços de vidro que ficaram nela. Eles colocaram esses pedaços de vidro em uma caixa e a jogaram na lixeira. Quando Barry voltou para seu apartamento, um dos pedaços de vidro que eles haviam jogado fora estava em cima de uma máquina de escrever na sala!

Em 29 de agosto de 1990 o fantasma ficou violento e atacou Jeff pelas costas enquanto ele gravava um vídeo, o empurrando para frente, onde havia uma cama. Uma marca vermelha ficou em suas costas.

Em 04 de dezembro, dezenas de fenômenos aconteceram no apartamento de Barry Conrad, como objetos se movendo e uma faca foi encontrada cravada no chão na frente da cozinha. A equipe não conseguia registrar em vídeo, porque quando acontecia um fenômeno, corriam para lá, então acontecia em outro cômodo, e assim sucessivamente. Neste dia, marcas foram encontradas na lente da câmera de Barry. Eram riscos feitos com duas canetas de escrever em tecido de cores diferentes!

Neste mesmo dia ainda, era 03h59m e Conrad tentou um experimento. Colocou um envelope com um lápis perto do fogão e deixou para ver se aparecia algum recado. Que recado nada, o negócio pegou foi fogo! As 04h30m quando eles saiam da cozinha, um barulho alto foi ouvido. Ao voltar, viram uma caixa de munição com 22 balas de carabina sobre a boca do fogão!

Pensa que acabou? Ainda neste dia Jeff foi novamente atacado. Ele foi erguido e pressionado contra uma parede. A câmera registrou uma bola de luz entrando em seu corpo nesse momento.

Uma vassoura apareceu em cima do fogão!

Papel que tentaram fazer comunicação pegou fogo


Como Terminou?

Jackie Hernandez sofreu com o poltergeist por mais de três anos, mas as cicatrizes deixadas em sua alma permanecem para sempre. Jeff Wheatcraft nunca mais foi o mesmo após os incidentes de San Pedro. Além de ter sido atacado por um fantasma, de desenvolver uma paranoia duradoura, ele foi atacado por multidões de não-crentes e céticos que o acusaram, e a equipe, de fingir toda a série de eventos.

Moradores vêm e vão da casa em San Pedro, com vários deles alegando ter ouvido sons estranhos e inexplicáveis ​​vindos do sótão.

O Dr. Barry Taff acreditava que o fantasma era mesmo de Herman Hendrickson, um homem de 28 anos cujo corpo foi descoberto flutuando no porto em março de 1930. A morte foi oficialmente considerada um acidente pelo Departamento de Polícia de Los Angeles. Taff também acreditava que o fantasma do homem velho com ar de abatido era o de John Damon, que originalmente construiu a casa e, talvez, ainda estaria por lá.

Concluiu-se que a angústia emocional de Jackie naquele momento de sua vida, ajudou a contribuir para o poder das assombrações e, desde que adquiriu uma sensação de segurança e calma, os poderes dos espíritos enfraqueceram sua influência sobre ela.

Jackie Hernandez contando sua história no documentário An Unknown Encounter: A True Account of the San Pedro Haunting


Livro e Documentário

Barry Conrad escreveu um livro do caso chamado "An Unknown Encounter: A True Account of the San Pedro Haunting" e em 1997 um documentário dirigido também por Barry Conrad foi liberado com o mesmo nome do livro. Você pode assisti-lo abaixo.

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Tradução/Adaptação:rusmea.com& Mateus Fornazari

Fontes (acessadas em 18/05/2018):
- Documentário An Unknown Encounter
- Bizarre and Grotesque.com: The Jackie Hernandez Haunting
- There's Compelling Evidence This California Woman Was Actually Terrorized By Two Violent Ghosts
- Profund History: The San Pedro Haunting
- Real Paranormal Experiences: The San Pedro Haunted House]
- Jim Harold: Are We Haunting Ourselves – A Paranormal Braintrust Article

Na Trilha dos Hobbits: A História do Documentário

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Em 1977 uma expedição a ilha de Flores na Indonésia acaba em tragédia, com duas pessoas mortas e um sobrevivente, o Dr. Timothy Darrow, que acabou sendo condenado por assassinato e preso. Ele sempre disse que não matou ninguém, mas sim que foram criaturas da floresta. Em 2004 foi descoberto nesta mesma ilha o H. Floresiensis, apelidado de Hobbit, e também nesta ilha existe a lenda do Ebu Gogo, uma criatura pequena e mortal. Essa história foi exibida no documentário exibido nos canais por assinatura Animal Planet e Discovery Channel no documentário Na Trilha dos Hobbits. Vamos conhecer essa história e saber se é real...

Assombrados, desde quando comecei a fazer vídeo especiais no canal, sempre chega em meus emails pedidos para fazer um especial sobre o documentário "Na Trilha dos Hobbits", exibido nos canais por assinatura Animal Planet e Discovery Channel. Eu sempre fui ignorando esses email e nunca tinha assistido tal documentário. Até que essa semana chegou um pedido e não sei porque me vi fortemente direcionado a assistir e fazer o vídeo. Então vamos lá. Vamos saber essa história bizarra. Ah! Não deixe de ler a postagem ou assistir o vídeo que fiz até o final, ok?

Descoberta do H. floresiensis

Em 2004, uma equipe de cientistas australianos e indonésios que escavavam a caverna de Liang Bua, na ilha de Flores, na Indonésia, anunciou ter desenterrado algo extraordinário: parte do esqueleto de uma mulher adulta que teria pouco mais de 1 metro de altura e o cérebro com um terço do tamanho do nosso. Foi chamado de H. Floresiensis e logo recebeu um apelido criativo: hobbit, em homenagem às criaturas ficcionais de J.R.R. Tolkien.

A criatura evoluiu para esse tamanho pequeno, supõe-se, como resposta aos recursos limitados disponíveis em sua ilha natal – fenômeno já documentado em outros mamíferos, mas jamais em seres humanos.

Além disso, os mesmos depósitos em que se encontraram os indivíduos de corpo e cérebro pequenos também revelaram ferramentas de pedra para a caça e a desossa de animais, bem como resquícios de fogueiras para cozê-los – comportamentos bem sofisticados para uma criatura com o cérebro do tamanho do de um chimpanzé.

Surpreendentemente, os hobbits viveram há apenas 18 mil anos, um piscar de olhos na história evolutiva.

Ossada do H. Floresienses

Documentário "Na Trilha dos Hobbits"

Documentário "Na Trilha dos Hobbits" vai investigar a
 história de Timothy Darrow ocorrida em 1977
Como vimos, os hobbits não existem mais, estão extintos. Mas Será? O documentário "Na Trilha dos Hobbits", exibido no Animal Planet e Discovery Channel, trás uma história absolutamente incrível.

Ele começa dizendo que foi feito baseado em uma descoberta científica e que as imagens podem ser chocantes, e nos conta a história ocorrida na década de 1970, onde uma dupla de cientistas americanos, o Dr. Timothy Darrow e um colega chamado Dr. Gary Ward, acompanhados por Drajat "Reggie" Saputra, um guia local, foram para a ilha de Flores, na Indonésia - mesmo local onde viviam os hobbits - para tentar encontrar uma espécie de coruja suspeita de extinção e ver efeitos em águias. Eles logo começam a notar certos acontecimentos estranhos, como marcas recentes em árvores e carcaças de bichos, além de barulhos desconhecido.

Até que se deparam com uma grande símio, bípede como nós humanos. Vendo o tamanho da descoberta, o grupo muda sua busca tentando registrar a nova espécie. Resultado da história: um dos cientistas e o guia foram brutalmente assassinados e comidos, apenas Timothy Darrow sobreviveu. O corpo do Dr. Ward nunca foi encontrado, mas o do guia foi e estava mutilado.

Timothy, disse que foram símios que mataram e comeram os dois integrantes.  Ele foi acusado de assassinato pelo governo da Indonésia e nem representantes dos EUA, nem sua família, acreditaram na sua história.

Timothy Darrow ficou conhecido como "Canibal Americano" e foi enviado para uma prisão que era para onde levavam as pessoas para morrer. E ficou esquecido por lá.

O interessante é que em 2013 três rolos de vídeos da expedição de Timothy foram recuperados e podem ajudar a explicar o que aconteceu: seus amigos foram mortos por símios desconhecidos ou ele realmente os assassinou? O documentário "Na Trilha dos Hobbits" vai investigar isso. Vamos ver o que ele mostrou.

A esquerda Dr. Gary Ward, Dr. Timothy Darrow no centro e a direita Drajat "Reggie" Saputra , um guia local.


A Lenda do Ebu Gogo

Dr. Richard Hoernboeck, antropólogo do Centro de Arqueologia d Indonésia, trabalhou na descoberta do H. Floresiensis. Ele conta que depois da descoberta foi apresentado a lenda do Ebu Gogo, uma lenda contada pelo povo do centro da ilha que diz que existe um ser feio, peludo e muito forte no local, alem de pequeno. A população disse que eles viviam em árvores e andavam sobre duas pernas, ou seja, eram bípedes, e que tinham medo deles.

Veja que interessante. Parece muito com o H. Floresiensis descoberto em 2004 e ambos só existem na Ilha de Flores. Será o mito real?

Dr. Richard mostra então uma lâmina de pedra que foi encontrada na bolsa de Timothy e uma que foi encontrada no corpo do Drajat Saputra, em 1977. Esse foi o principal argumento da acusação de assassinato. Então ele mostra a lâmina que eles encontraram junto com os H. Floresiensis em 2004 e elas são iguais!

Depois dessa descoberta, Dr. Richard disse acreditar que foi o Ebu Gogo que o Dr. Timothy encontrou na floresta em 1977 e que ele falava a verdade quando disse que eram símios que mataram seus amigos!

Uma das representações do Ebu Gogo


Entrevistando Timothy Darrow

Em 2006 Dr. Richard conseguiu uma autorização e se encontrou com Timothy Darrow na prisão. Fazia 29 anos que ele estava preso e ficaria um bom tempo, uma vez que foi condenado a duas prisões perpétuas. Foi a única entrevista autorizada pelas autoridades.

Dr. Richard logo pergunta para Timothy o que ele achou que era o que viu, e ele disse que era um ser pequeno, bem peludo, mas sem pelos no rosto, com olhos ameaçadores, inteligente e não tinha medo deles.

Timothy, um ornitólogo, disse que foi para a região para estudar o impacto que o reflorestamento começa a provocar na população das águias para seu pós-doutorado. Eles também procuravam uma coruja que não era vista a quase um século.

Depois ele falou de uma estranha marcação, em forma de V,  que ele viu na floresta. Ele sabia que tinha sido feito por pessoas, e ficou apreensivo, mas estavam muito baixas, e disse que usavam redes de nylon presas nas árvores para capturar os pássaros, mas que muitas dessas redes eram arrancadas e destruídas.

Falou da primeira vez que ouviu o barulho feito pela criatura. Disse que foi estranho e que pegaram a filmadora e o gravador e foram em direção ao som. No caminho, encontraram uma rede que tinham armado e ela estava no chão, e viu aquelas marcações em árvores ao redor. Logo viram algo se movendo na copa das árvores, parecido com um macaco e conseguiu filmar. Só que não tem macaco em Flores.

Ele disse que resolveram focar nisso, pois poderia ser uma enorme descoberta e instalaram redes de aves e colocaram para tocar os sons emitidos por eles nos gravadores e ficaram a espreita para ver se conseguiam filmar novamente. Depois de algum tempo a criatura apareceu e eles a filmaram. Mas o guia indonésio ficou apreensivo, pois sabia da lenda do Ebu Gogom. Timothy disse que o acalmou e logo estavam eufóricos, pois ficariam famosos com essa descoberta.

Timothy Darrow concedendo entrevista na cadeia na Indonésia

A Morte dos Membros da Equipe 

Continuando com a entrevista, Timothy disse que a noite foram despertados por gritos, aqueles gritos das criaturas, e foram atrás. Como estava noite não adiantava filmar. Logo encontraram uma lâmina de pedra. Quando amanheceu o acampamento estava cheio de marcas de pés na terra. O guia indonésio diz que são os ebu gogos e eles decidem ir embora do local. Andam o dia todo pela floresta e a noite, nem acenderam fogueira, ouviram os sons, mas nada aconteceu.

No outro dia eles continuam caminhando e chegam a um local onde fizeram uma plataforma no topo das árvores. Então ouvem o barulho da coruja que pensava-se estar extinta a mais de 100 anos. Logo Timothy disse que correu e colocou o equipamento para subir na plataforma e filmar a coruja. Ao chega lá, ele viu as marcar em V e elas tinham acabado de ser feitas pois seiva escorria delas. Só que um desastre aconteceu, Reggie despencou lá de cima e caiu, morrendo. Sua corda se rompeu? (Na verdade foi cortada pelas criaturas.)

Passaram a noite junto ao corpo e no dia seguinte queriam enterrá-lo, então arrastaram o corpo até perto do rio, onde variam uma cova rasa e colocaram pedras sobre o corpo. Depois voltaram para o acampamento quando ouviram um grito e viram uma criatura ir em direção ao corpo de Drajat. Timothy diz que correram e então viram uma criatura comendo o corpo do amigo e outras dezenas das criaturas! Fugiram correndo e ele caiu deixando a filmadora para trás. Na fuga, ele disse que se separou de Gary e depois só ouviu seus gritos de socorro.

Timothy passou a noite sozinho andando até o outro dia, quando encontrou um rio. Ele disse que sabia que o rio levaria a civilização. Então, ele ouviu o barulho atrás dele e pegou uma pedra, a criatura se afastou e ele encontrou uma aldeia.

Infelizmente a filmadora que registrou a criatura ficou perdida na selva, mas o gravador não.

O corpo do Dr. Gary Ward nunca foi encontrado.


Expedição a Região de Flores

Dr. Richard ficou convencido de que Timothy falava a verdade depois da entrevista e conseguiu recuperar o gravador. Ele então resolve fazer uma expedição para a região de Flores no ano de 2012. Foi com uma equipe de 7 homens, disposto a provar que os hobbits ainda habitavam o local.

O local fica 30km floresta adentro e é de difícil acesso. Depois de muito andar eles logo encontram as marcações que Timothy falou em árvores. Eles logo decidem instalar câmeras no local, tanto no solo quanto nas árvores, para ver se conseguem evidencias da criatura, e também tocam o som feitos por ela.

Enquanto isso, eles saem do local e encontram uma das antigas plataformas feitas em 1977 no topo das árvores para ver as aves e vão até o local.

Depois a expedição vai até uma aldeia que dizem viveu uma guerra com os ebu gogo, pois eles roubavam sua comida. Nessa aldeia eles conhecem um senhor que disse que viu os ebu gogos e desenhou o pé deles. Depois diz que tem uma caverna onde queimaram vários deles e quando questionado se poderia ir com a equipe lá, ele disse que não, pois os últimos que foram não voltaram. Mas a expedição decide ir ao local.

Lá encontram um osso pélvico de um quadrupede que foi chamuscado e cortado. Entrando mais na caverna, encontram uma fogueira com uma mandíbula e maxilar humano, de um homem adulto. Tem obturação nos dentes molares. Seriam os restos mortais de Dr. Gary Ward?

Com medo, Dr. Richard resolve ir embora, mas antes vai até o local onde foi encontrado o corpo de Drajat Saputra.

Dr. Richard Hoernboec

Analisando os Ossos

De volta a civilização, Dr. Richard vai até Jacarta, capital do país, para analisar o maxilar e mandíbulas e o resultado é que não eram de Gary Ward, mas sim de um engenheiro florestal desaparecido na década de 60. Já a análise dos ossos de animais mostrou que foram cortados com laminas de pedra e eram contemporâneos. Isso indica que ainda existe uma criatura na selva de Flores.

Por fim, ele vai até a casa de um dos investigadores do caso de 1977 que lhe mostrou uma gravação feita onde Drajat Saputra morreu e algo chamou sua atenção. Na gravação era possível ver a filmadora usa por Timothy. Ela não estava perdida! Dr. Richard queria agora encontrá-la.



Nova Expedição

Em setembro de 2012 ele volta a região onde deixou as câmeras gravando na primeira expedição que fez. A equipe foi menor dessa vez e eles começam a olhar algumas das várias câmeras deixadas. Nada de diferente foi vistos nestas primeiras câmeras, mas ele não desanima porque tem várias outras para olhar.

Então na volta eles acabam encontrando a árvore de Drajat Saputra caiu. Ele sobe na plataforma e vê marcações recentes feitas pelas criaturas! Uma câmera foi instalada no local para tentar registrar as criaturas.

A noite armam um local para dormir quando são despertados por gritos ensurdecedores. A equipe sai assustada das barracas e corre pela floresta. Dr. Richard então dá tiros para o alto e acalma a situação. No dia seguinte ele cancela a expedição e volta.

Uma comparação mostrou que os sons registrados nesta expedição são idênticos ao gravado na expedição de 1977, portanto são as mesmas criaturas.

As marcações, os sons e tudo mais, indicavam que Timothy falava a verdade, mas as autoridades precisavam de mais para reabrir o caso e rever a sentença. Era preciso encontrar uma criatura.



Caçando Hobbits

Três meses depois Dr. Richard organizou uma nova expedição ao interior da Ilha de Flores. Dessa vez eles foram para a floresta com muito mais equipamentos e armas, pois queriam encontrá-los. Várias câmeras foram posicionadas.

Até que de repente um indonésio começa a gritar no alto da plataforma, e Dr. Richard sobre para ver o que está acontecendo. Ele descobre que as criaturas passaram pelo local e derrubaram a câmera e o microfone que estavam lá.

Desceram e encontraram no chão o equipamento, ao ver as imagens, viram a câmera sendo arrancada e arremessada, mas não conseguiram ver quem foi.

Por fim, não conseguiram imagens da criatura nem capturar uma.



Encontrando a Câmera de Timothy Darrow

Lembra a câmera usada por Timothy Darrow e que foi vista na reportagem pelo Dr. Richard. Encontrar essa câmera era a última esperança de ter imagens da criatura e assim mudar o destino de Timothy.

As leis diziam que os pertences tinham que voltar para a família, e conseguiram localizar a irmã dele e a câmera e três rolos de filmes, que estavam em bom estado.

O primeiro rolo mostrava uma criatura andando pelos galhos das arvores, o segundo mostrava a criatura andando no chão. O terceiro mostrava o momento do enterro do Drajat, quando vários apareceram.

Era o suficiente para provar a inocência dele. Mas era tarde, porque Timothy Darrow morreu no dia 13 de fevereiro de 2013 na cadeira de Kerobokan, na Indonésia, nove meses antes de encontrarem a sua câmera.

Hobbit capturado pela câmera de Timothy Darrow


A Verdade!

Assombrados, o documentário Na Trilha do Hobbits na verdade é um mockumentary, uma mistura de ficção com realidade. Sacanagem né! Timothy Darrow, seus parceiros na expedição, O Dr. Richard Hoernboeck, antropólogo do Centro de Arqueologia d Indonésia, e outros personagens nunca existiram!

O Timothy Darrow de 1970 é interpretado pelo ator Seamus Morrison, que já apareceu em outro documentário sobre realidade, Stories We Tell, de Sarah Polley, e uma comédia dramática sobre a vida após a morte canadense chamada Nonsense Revolution .

O ator Simon Ginty foi quem interpretou Timothy Darrow nas cenas de reconstituição. Ele fez uma aparição em Wrong Turn 5: Bloodlines, um filme de terror que, coincidentemente, também é sobre canibais - mas desta vez, em vez de cientistas, eles são seriais killers torturando crianças do ensino médio

Já o ator Richard Brake foi o responsável por trazer a versão mais antiga de Darrow para a vida. Em 2005, Brake interpretou Joe Chill, o homem que assassinou os pais de Bruce Wayne em Batman Begins. Logo abaixo está um trecho do filme onde ele aparece.

O Dr. Richard Hoernboeck é interpretado pelo ator Jim Sturgeon, que trabalhou no filme Liga da Justiça de 2017.

Tela final revelando que é uma obra de ficção
O que é verdade na história é a descoberta do H. floresiensis, que eles eram ferozes e usavam ferramentas para caçar, além de conseguir manejar o fogo. O canibalismo realmente era praticado em algumas ilhas da região até séculos ou décadas atrás, mas nada de hobbits canibais, ok? Já o Ebu Gogo, é simplesmente uma lenda local.

Se você assistiu ele até o final, já sabia, porque foi escrito "Este programa é uma obra de ficção inspirada em descobrimentos científicos e na lenda do Ebu Gogo". Ou talvez o canal cortou essa parte final...


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Conclusão

Eu particularmente acho um grande erro grandes canais como Animal Planet e Discovery Channel exibirem esse tipo de produção. Ela induz as pessoas a acreditarem que tudo é verdade.

Aliás, esse não foi o primeiro e nem será o último mockumentary exibido no Animal Planet, Discovery Channel ou History Channel. Já exibiram o documentário Sereis, Captura do Pé-Grande, da existência de dragões e do grande tubarão megalodon, do mistério do Vale da Morte (esse me enganou!). Temos de ficar expertos, fazer o que.

Abaixo está o documentário Na Trilha dos Hobbits, completinho. Assista, não deixa de ser interessante :)

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Fontes (acessadas em 25/05/2018)
- Documentário Na Trilha dos Hobbits
- Médium: Não acredite em nada do que vê: A falsificação dos documentários televisivos
- Wikipedia.en: Ebu gogo
- SportSmarsher: Animal Planet’s “Cannibal In The Jungle” Was Fake With Elements Of Fact
- Bustle: Is 'The Cannibal In the Jungle' A True Story? Animal Planet's New Movie Combines Legend & ArcheologyIs 'The Cannibal In the Jungle' A True Story? Animal Planet's New Movie Combines Legend & Archeology
- Scientific American Brasil: Hobbits da Indonésia, ainda mais estranhos
- Último Segundo: Passado canibal do povo batak alimenta turismo na Indonésia
- Wikipedia.pt: Flores (Indonésia)
- Bustle: Is Timothy Darrow A Real Person? 'The Cannibal In the Jungle' Gave This Character A Compelling StoryIs Timothy Darrow A Real Person? 'The Cannibal In the Jungle' Gave This Character A Compelling Story

Sociedade Vril: A Sociedade Secreta da Era Nazista

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O regime nazista é muito conhecido pelas pessoas pois existem centenas de documentários que mostram como foi esse período negro da história da Alemanha e do planeta. Mas o que pouca gente sabe é que muitos membros do alto escalão dos nazistas faziam parte da Sociedade Vril, uma sociedade secreta que acreditava que existia uma substância chamada Vril que seria a solução para praticamente qualquer coisas e que dava muito poder. Durante décadas eles buscaram essa substância. Vamos conhecer essa história.

Assombrados, a mais de 10 anos atrás passou no Discovery Channel um documentário chamado A Sociedade Vril. Eu me lembro de assisti-lo e ficado muito surpreso com o que vi, pois envolvia nazistas, teosofia, ficção científica, discos voadores, experiências com humanos, magia sexual, eugenia, busca pelo Tibete dos ancestrais da raça ariana e muitas outras maluquices. O tempo passou e eis que agora chegou a hora de trazer para você essa postagem e um vídeo especial explicando essa sociedade secreta, que para muitos, pode ser uma das mais malucas que já existiram...

Contexto Histórico

Antes de começar a entender a Sociedade Vril, precisamos entender como estava o mundo no final do século XIX, início do Século XX:

- O Gênero Ficção Científica: Hoje pode parecer banal, pois todo mundo sabe o que é um livro ou filme de ficção científica, mas esse conceito era novidade no final do século XIX.

- Médiuns Físicos: Essa foi a época de ouro dos médiuns físicos, os que são capazes de realizar fenômenos como mover mesas, levitações, telecines, psicofonia e até produzir ectoplasma. A grande maioria são mulheres.

- Ideais Racistas: Jörg Lanz von Liebenfels (Viena, 19 de julho de 1874 — Viena, 22 de abril de 1954) foi um jornalista austríaco conhecido por sua ideologia racista marcada por um profundo antissemita, sendo considerado um precursor da ideologia nazi das raças. Seu nome de nascimento era Adolf Josef Lanz. Em 1904 publicou o seu livro "a Teozoologia" (Die Theozoologie), no qual ele defendia a esterilização dos elementos das "raças inferiores", uma estrita submissão da mulher ao homem ariano e a "Copulação de mulheres solteiras dispostas a serem mães com homens arianos loiros e de olhos azuis em conventos de procriação".  Um ano mais tarde, em 1905, ele iniciou a publicação dos panfletos antissemitas "Ostara", famosos por terem sido lidos por Hitler, entre muitos outros vienenses.

- Proliferação de Sociedades Secretas: Centenas de sociedades secretas surgiram nesse período e muitas ramificações, algumas muito radicais, surgiram delas. Várias também eram racistas, seguindo os ideais de Liebenfels.

- Ocultismo Generalizado: um revival ocultista generalizado que ocorreu na Áustria e Alemanha em fins do século XIX e início do século XX. Era um frenesi e todas as classes sociais acreditavam no sobrenatural. E tudo teria sido por causa de Madame Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica em 1875, e que se tornou referencia no campo do ocultismo. Ela viajou pelo mundo todo adquirindo conhecimento e escreveu vários livros. Um bem influente foi A Doutrina Secreta, que escreveu com o conhecimentos obtidos nos Himalaias. Ele foi escrito em 1885 e combinou ciência com religião, mas muitos acreditam que seus escritos eram racista, com conceitos arianos. E isso agradou os nazistas.

- Alemanha Derrotada na 1ª Guerra Mundial: Após a devastação e a perda na 1ª Guerra Mundial, os alemães queriam muito se sentir um raça superior, que alguém os lideraria a liderança novamente.

Era hora de criar um sociedade secreta unindo tudo isso: racismo, ideais de que um novo messias surgiria e que levaria a Alemanha para a glória, ocultismo e os médiuns para entrar em contato com o outro lado... Era hora de criar A Sociedade Vril!

Helena Blavastky teve papel muito importante no renascimento do ocultismo na Alemanha


A Criação da Sociedade Vril

Após o fim da 1ª Guerra Mundial, onde a Alemanha foi derrotada, em dezembro de 1918, uma casa florestal foi alugada em Ramsau, perto da cidade bavará de Berchtesgaden, onde se encontraram um grupo secreto de ocultistas e nacionalistas graduados se reuniu secretamente para criar a Sociedade Germânica de Metafísica, também conhecida como Sociedade Vril.

Basicamente foi fundada por quatro pessoas:

- Rudolf von Sebottendorff: ocultista alemão, escritor, agente de inteligência e ativista político. Ele foi uma figura importante nas atividades da Sociedade Thule , uma organização ocultista alemã pós- Primeira Guerra Mundial que influenciou muitos membros do Partido Nazista . Ele era um maçom , um Sufi da ordem Bektashi - após sua conversão ao Islã - e praticante de meditação , astrologia , numerologia e alquimia. Seu nome verdadeiro é Adam Alfred Rudolf Glauer, o "von Sebottendorff", um título de nobreza foi dado por ele mesmo. Ele também usou o pseudônimo Erwin Torre .

- Dietrich Eckart (Neumarkt, 23 de março de 1868 – Berchtesgaden, 26 de dezembro de 1923) foi um dos membros chave do início do Partido Nazi Alemão e um dos participantes do Putsch da Cervejaria de 1923. Um profundo anti-semita, Eckart foi também o primeiro a usar o termo "Drittes Reich" ("Terceiro Reich"). Tinha uma alma sombria e era viciado em morfina. Sua característica mais marcante é que tinha um poder quase que hipnótico anti-semita. Foi o amigo mais próximo de Hitler entre 1918 e 1923, quando morreu. Eckart acreditava que pavimentava a estrada para o salvador da Alemanha. Ela assumiu o nome de João Batista. Passou grande parte da vida entrando e saindo de hospitais mentais.

Junto aos dois estavam as médiuns Mary Orsits e Sigrun. Mary tinha captado informações numa escrita secreta usada pelos templários – uma língua completamente desconhecida por ela – com precisões técnicas para construir um engenho voador, informação essa recebida desde o sistema solar de Aldebaran , situado na constelação de Touro.

Acredita-se que uma dessas médiuns previu um novo messias para a Alemanha. Enquanto estava em transe, viu uma aparição que tomou forma ao sair de sua vagina e que seria o novo messias alemão e que teria o nome de Adolf Hitler!

A Sociedade Vril aceitava mulheres, algo muito incomum. Para eles inclusive, as mulheres da raça do futuro seriam superiores ao homens. Eram bem vindas pois sua energia feminina eram necessárias para conseguir o Vril - uma energia poderosa que lhes daria o poder para dominar o mundo - e assim eram vistas quase como divinas. Mas não tinham muita influencia política. Segundo essa sociedade os cabelos compridos de moças serviam como antenas entre o cosmos e os aliens.

Para muitos que estudaram essa sociedade, ele era conscientemente dedicada a serviço do mal!



Os Membros do Partido Nazista

Em dois anos, esse grupo se tornou a elite, a cúpula do partido Nacional Socialista, veja alguns dos integrantes:

Hermann Göring: comandante da Luftwaffe

Alfred Rosenberg: ministro do 3º Reich

Rudolf Hess: Delegado do Führer

Martin Bormann: chefe da Chancelaria do Partido Nazista. Um homem muito cruel.

Heinrich Himmler: Comandante da SS

Adolf Hitler: O mais notório membro desta seita possivelmente foi Adolf Hitler, devido a sua contribuição ativa em relação ao grupo, porém não há registros de que Hitler era um membro oficial. Para ele a Sociedade era apenas uma ferramenta para ele chegar ao topo.

Adolf Hitler fazia parte? Ele não era um membro oficial, mas usava a Sociedade Vril para chegar ao poder


A Energia Vril

Os membros da Sociedade Bril buscavam o Vril, uma substância intangível ou fonte de força, que seria uma energia Universal que poderia fazer qualquer coisa. Similar ao conceito de Prana dos Híndus ou Chi dos Chineses.

Eles acreditam que o Vril lhes daria poder material e poderia entre outras coisas fazê-los viver debaixo da terra, voar até as estrelas ou até mesmo um dia dominar o mundo!

E como faziam para tentar conseguir essa energia? Os membros se reuniam e praticavam os rituais abaixo na esperança de conseguir o Vril, rituais esse que incluíam:

- Meditação: a base da maior parte das atividades desse grupo. Eles tentavam incorporar a força do Vril neles mesmos.

- Magia Sexual: para eles a magia do sexo invocava o Vril. Para muitos era puro swing :)

- Sacrifícios Humanos: um ato extremo e muitas vezes eram sacrificadas crianças, que daria a energia Vril mais concentrada.

- Congelamento: prisioneiros eram congelados até o ponto de quase morrer. Prostitutas nuas eram colocadas em cima desses prisioneiros para reviverem. Se elas conseguissem faziam sexo com eles para depois medir as temperaturas novamente e tentar chegar ao Vril. Pelo menos metade dos homens morriam.

A energia feminina eram necessárias para conseguir o Vril. Repare no tamanho dos cabelos. Facilitaria a comunicação com os alienígenas


A Busca Pelo Vril Físico

Uma coisa interessante é que como vimos, Vril é uma substância intangível, mas seus membros queriam usar a energia Vril no sentido físico. A Alemanha não tem reservas de combustíveis fósseis e precisavam de outras fontes de energia, assim começaram a busca física pelo Vril.

Onde procurar? Seguiram os passos de Blavatsky e foram para o Tibete. No início de 1923 membros viajaram para o Tibet com o objetivo de contactar os antepassados dos arianos nas cidades nos sopés dos Himalaias. Eles seriam certamente os guardiões do Vril.

Na terceira viagem começaram a medir os crânios dos tibetanos, convencidos de que eram ancestrais dos arianos. No fim, Hitler criou uma organização nazista para rastrear as origens da raça ariana: Ahnenerbe.

Foi gasto um total de U$ 20 bilhões de dólares nessa busca pelas origens arianas e relíquias. Isso é mais do que os EUA gastaram com o Projeto Manhatan, que culminou no desenvolvimento da bomba atômica.

No final não encontraram nada e foram embora, mas retiraram uma coisa muito importante da cultura tibetana: a suástica, que é um símbolo de boa sorte. Os nazistas alteraram sua estrutura e a fizeram girar para a esquerda.

 A Sociedade Vril adotou, anteriormente, como símbolo, o 'Sol Negro', uma imagem negativa, e essa imagem é o principal componente representativo da torre norte do castelo de Wewelsburg, de Heinrich Himmler.

O símbolo do Sol Negro, usado pelo Sociedade Vril


O Castelo de Wewelsburg

Heinrich Himmler era o membro mais lunático de toda cúpula do Partido Nazista, obcecado pelo poder e ocultismo, era a personificação do mal. Ele comandava a SS com base em suas convicções políticas mas, antes de tudo, com base em suas concepções ocultistas.

Foi membro ativo da Sociedade Vril e se dedicava integralmente ao satanismo, fazendo disso uma religião. Realizava casamentos, rituais místicos negativos tântricos, iniciações, evocações e sacrifícios.

A SS, sob seu comando, além de representar uma força de batalha, formada pela nata dos soldados alemães, se tornou uma capítulo da Sociedade Vril, com iniciações e todas as outras atividades que envolviam a doutrina.

Ele mandou modificar um castelo, o de Wewelsburg, utilizando mão de obra escrava de prisioneiros de guerra, para que se tornasse um templo de adoração das forças negativas pelos membros da elite da SS.

A mais importante parte mística desse castelo era a torre norte, que abrigava um grande salão arredondado, cercado por inúmeras colunas de alto porte e, em cujo centro, estava desenhado o símbolo descendente pagão do 'Sol Negro', representando a própria Sociedade Vril, onde eram realizadas missas negras.

Mais profundamente nesse castelo, situava-se uma cripta, destinada à realizações de rituais ainda mais profanos e onde, após sua morte, Himmler pretendia guardar suas cinzas. Existe um espaço no centro onde não se sabe o real objetivo. Será que ele discursava?

Wewelsburg havia se tornado a sede da Sociedade Vril e a Torre Norte havia se tornado um espaço sagrado.

Torre norte do castelo de Wewelsburg

Sala com o Sol Negro

Detalhe da Cripta


Os Projetos de Discos Voadores

Os nazistas estavam trabalhando em um projeto secreto no últimos dois anos da guerra: construir um disco voador!

Isso seria, teoricamente, um resultado direto da Sociedade Vril. Nos panfletos de 1930 publicados por essa sociedade existe um capítulo inteiro explicando como uma espaçonave ideal deveria ser.

Foram construídos dispositivos com essas informações divulgadas antes da 2ª Guerra Mundial. Infelizmente nunca encontraram esse dispositivos.

Alguns acreditam que a seita contava com o suporte técnico de naves que haviam levado tripulações à Lua em 1942. Na verdade, essa gente desconcertada acredita que não só alguns homens foram para a Lua, como construíram lá algumas bases sob o solo lunar – ou bases “sublunares” – que existiriam até os dias de hoje.

Projetos de discos voadores


O Livro “The Power of the Coming Race”

Mas de onde veio o conceito de Vril? De um livro que foi distorcido por pela sociedade secreta!

O conceito do Vril foi tornado publico em 1871 chamado “The Power of the Coming Race”, algo que, em uma tradução livre, seria “O Poder da Raça do Futuro” escrito por Edward Bulwer-Lytton.

No livro ele descreve uma raça secreta chamada Vrilia, que dominavam o Vril. Essa raça foi descoberta depois que um herói entrou em uma caverna e caiu em uma fenda. Portanto existia uma civilização no interior do planeta. O herói descobre que uma simples criança poderia usar o Vril para destruir uma cidade inteira! O final do livro revelava que os guardiões subterrâneos do Vril poderiam destruir a humanidade caso resolvessem viver aqui na superfície.

 O livro foi um grande sucesso na época e era ficção científica pura, mas como um gênero ainda não muito conhecido, acabou sendo interpretado por muitos como verdade...

O livro que foi deturbado pela Sociedade Vril


Fontes (Acessadas em 29/05/2018):
- Documentário As Sociedades Secretas: A Sociedade Vril
- Youtube Nino Denani: Energia Vril e Sociedade Vril
- Wikipedia.pt: Ariosofia
- Thot3126.com: Segredos ocultos e proibidos da sociedade secreta nazista VRIL
- Thot3126.com: A Sociedade VRIL, e o Nazismo
- Megacurioso: VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DA ASSUSTADORA SOCIEDADE SECRETA VRIL?
- Wikipedia.pt: Heinrich Himmler
- Conscendo.prg: Sociedade Vril

Conheça os "Zangbetos": Um Exemplo de Alta Magia Praticada na África ou um Forte Instrumento de Controle Social?

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Por Marco Faustino

Provavelmente, essa é uma das matérias mais pedidas por vocês desde o terceiro trimestre do ano passado, quando começou a circular um determinado vídeo sobre "Zangbetos" nas redes sociais, mais precisamente através do Facebook. Quando se procura por esse termo na internet, rapidamente as pessoas se deparam com "materialização", "telecinésia", "alta magia africana", "bruxaria real" e tantas outras palavras e frases, que tentam definir ou explicar a "mágica" por trás dos grandes cones de folhas secas de palmeira-ráfia girarem "sozinhos", como se espíritos entrassem dentro das armações e promovessem um verdadeiro espetáculo, tanto para moradores locais quanto para turistas. Além disso, muitas dessas estruturas também deixam os mais variados "presentes" no chão durante suas "apresentações", embora muitos desses presentes sejam claramente "mecanizados". Em alguns vídeos é possível ver, por exemplo, uma estrutura vazia sendo montada na frente de todos e, pouco tempo depois, a mesma começa a girar enlouquecidamente. Assim como acontece com todo bom truque de mágica, a maioria das pessoas fica impressionada com o que vê. Se adicionarmos o estereótipo perpetuado ao longo dos séculos, e que muitos ainda têm enraizado, embora seja incorreto e preconceituoso, de que os africanos são povos "atrasados", que possuem inúmeros "mistérios", e cujos costumes, tradições e religiões estão impregnadas de rituais obscuros, cria-se um cenário ainda mais sombrio e aterrador, não é mesmo?

Entretanto, de antemão, é necessário dizer para vocês, que os "Zangbetos" não são um exemplo de alta magia praticada na África, não giram sozinhos devido a supostos espíritos ancestrais, e os objetos deixados não são fruto de qualquer tipo de materialização. O objetivo principal desta matéria não é exatamente desmentir (embora seja inevitável diante da extensa pesquisa realizada) o que vem sendo propagado há muito tempo em diversos blogs na internet brasileira e mundial, mas mostrar a vocês a realidade sobre quem são os "Zangbetos", como eles provavelmente surgiram do ponto de vista histórico, a razão pela qual ainda existem, e a função que ainda exercem nas sociedades de diversos países africanos, a exemplo da Nigéria, Benim, Gana e Togo. Esse é o motivo pelo qual vale muito a pena acompanhar cada detalhe dessa "pequena" saga sobre os "Zangbetos". Uma matéria comprometida com uma informação de qualidade, confiável e segura para todos aqueles que realmente desejam aprender e conhecer um pouco mais sobre esses peculiares personagens da África Ocidental. Vamos saber mais sobre esse assunto?

OBS: Essa matéria foi originalmente publicada no dia 26/04/2018, porém havia sido ocultada no dia seguinte em razão da realização do especial de 2 milhões de inscritos. Assim sendo, a matéria original voltou a ser exibida normalmente neste blog.

Uma Rápida Introdução ao Culto a Zangbeto: Um Peculiar e Importante Componente da Cultura e da Sociedade Ogu


Evidentemente, as primeiras informações que precisamos repassar a vocês é o significado da palavra "Zangbeto", o que isso representa, e de qual cultura ou sociedade o mesmo faz parte. Pois bem, a palavra "Zangbeto" significa "Pessoa(s) da Noite", uma vez que é formado por duas outras palavras: "Zan" (Noite) e "Gbeto" (Pessoa ou Pessoas). Porém, a maior parte das fontes consultadas para realizar essa matéria aponta, que "Zangbeto" significa "Homem da Noite", uma vez que haveria o envolvimento predominante e direto de membros masculinos da sociedade Ogu por trás desse misterioso culto.

A palavra "Zangbeto" significa "Pessoa(s) da Noite", uma vez que é formado por duas outras palavras: "Zan" (Noite) e "Gbeto" (Pessoa ou Pessoas). Porém, a maior parte das fontes consultadas para realizar essa matéria aponta, que "Zangbeto" significa "Homem da Noite", uma vez que haveria o envolvimento predominante e direto de membros masculinos da sociedade Ogu por trás desse misterioso culto.
Por outro lado, em um contexto mais amplo, podemos dizer que a palavra "Zangbeto" representa atualmente uma espécie de culto religioso tradicional entre o povo Ogu, que habita diversas regiões de alguns países da África, a exemplo da Nigéria, da República do Benim, Togo, Gana e Gabão. A maior concentração de praticantes deste culto está localizada no Sudoeste da Nigéria e na República de Benim, na África Ocidental, onde o mesmo evoluiu de um nível de vigilantismo local para um mecanismo de controle social muito mais amplo, engajado no policiamento comunitário, na mediação de conflitos e no emprego da justiça. Essa espécie de culto possui um rico sistema de símbolos materiais, ideológicos, liderança, organização e modos de operação, que tornam um eficiente mecanismo informal de controle social, servindo também para preencher a lacuna entre os defeitos estruturais e as desvantagens nos mecanismos formais, e no nível de criminalidade e delinquência entre o povo Ogu.

Portanto, o "Zangbeto" destaca a força dos mecanismos informais de controle social como fatores críticos para a obtenção de baixos índices de criminalidade nas organizações, e sociedades, além de otimizar as oportunidades de crescimento e produtividade nas mesmas. De qualquer forma, para chegar nesse nível de compreensão, que vai muito além de uma mera apresentação artística, é necessário entender como tudo isso teria começado e evoluído com o passar do tempo.



De acordo com o livro "African Indigenous Religious Traditions in Local and Global Contexts", editado por David O. Ogungbile, professor sênior de Religião Comparada (ramo do estudo das religiões dedicado à comparação sistemática entre as doutrinas e práticas religiosas) do Departamento de Estudos Religiosos da Universidade Obafemi Awolowo, em Ife-Ife, na Nigéria, a tradição oral menciona, que o "Zangbeto" seria um espírito do mar, que as pessoas costumavam visitar antes de se aventurarem nas águas do mar, porém, em um determinado momento, ele teria saído do mar vestido com folhas de palmeira-ráfia.

Devido ao conselho do Oráculo de Ifa (uma espécie de sistema divinatório de cunho religioso) ele teria sido atraído para fora do mar e passado a morar em um Palácio Real, em terra firme, por assim dizer. Desde então, o "Zangbeto" não teria qualquer outro símbolo, exceto seu traje de folhas de palmeira-ráfia juntamente com algumas máscaras contendo chifres de animais e com diversos desenhos na altura da cabeça. Ainda segundo o livro, sacrifícios seriam ofertados ao "Zangbeto" nas praias, e os anciões dizem que ainda o consultam, com certa frequência, quando necessário.

Capa do livro "African Indigenous Religious Traditions in Local and Global Contexts", editado por David O. Ogungbile, professor sênior de Religião Comparada (ramo do estudo das religiões dedicado à comparação sistemática entre as doutrinas e práticas religiosas) do Departamento de Estudos Religiosos da Universidade Obafemi Awolowo, em Ife-Ife, na Nigéria
Já em um artigo acadêmico intitulado "Philosophical Significance of Myths and Symbols: Zangbeto Cult" publicado no periódico "International Journal of Humanities, Social Sciences and Education" (IJHSSE), em novembro de 2014, Maduabuchi F. Dukor, professor e PhD em Filosofia da Universidade Nnamdi Azikiwe, na Nigéria, forneceu maiores detalhes sobre essa tradição oral. Segundo Maduabuchi, o Zangbeto seria um espírito que saiu do mar Ohu, e se estabeleceu na terra Ogu, adjacente à fronteira marítima, na República do Benim.

Segundo o mito, quando o espírito saiu do mar, o mesmo trouxe para coisas boas e bons presságios para a população, assim como: boa saúde, coco, tecnologia para pescar e construir casas e outros bens essenciais à vida. Uma "prova" da vinda desse espírito do mar seria representada pelos aglomerados de coqueiros, que embelezaram de maneira estética as praias em terras Ogu, na região de Benim e Badagry, na Nigéria. Parece, portanto, que as coisas boas em Badagry e em terras Ogu, assim como o coco e a paz são, para a população, um sinal da eterna presença deste espírito. Maduabuchi considerou o culto atual a Zangbeto como uma espécie de movimento carismático inspirado no espírito do mar.

Artigo acadêmico intitulado "Philosophical Significance of Myths and Symbols: Zangbeto Cult" publicado no periódico "International Journal of Humanities, Social Sciences and Education" (IJHSSE), em novembro de 2014, Maduabuchi F. Dukor, professor e PhD em Filosofia da Universidade Nnamdi Azikiwe, na Nigéria.
Voltando ao livro "African Indigenous Religious Traditions in Local and Global Contexts", é mencionado que o "Zangbeto" também é muito valorizado pelo povo Ogu por sua capacidade de assumir diferentes formas durante suas apresentações, que seriam chamadas de "Baile de Máscaras dos Zangbetos" (algo que também pode ser chamado de "Culto Mascarado a Zangbeto"). São essas apresentações, que geralmente vemos retratadas em inúmeros vídeos espalhados na internet, principalmente no YouTube. Para exemplificar isso, segundo o livro, existe um festival que acontece na cidade nigeriana de Badagry, anualmente, entre julho e agosto, e dura cerca de nove dias. No sexto dia do festival a Zangbeto, são oferecidas orações e um porco é abatido na praia como sacrifício pela paz e pela harmonia.

Dizem também, que o culto religioso e seus membros possuem poderes mágicos, que aumentam o desempenho de seus papéis na sociedade. É muito importante notar, que o livro também menciona que os "Zangbetos" formam uma espécie de "sociedade secreta", e que têm seu próprio templo, do qual normalmente saem para realizar suas tarefas de patrulhamento, atuando como vigias noturnos em diversos vilarejos ou em rituais de dança durante os festivais. Apesar do ritual ser predominantemente masculino, o livro aponta que mulheres, que passaram da idade de ter filhos (geralmente acima de 45 anos, muito embora essa não seja uma idade exata), também acompanham as festividades.

O "Zangbeto" também é muito valorizado pelo povo Ogu por sua capacidade de assumir diferentes formas durante suas apresentações, que seriam chamadas de "Baile de Máscaras dos Zangbetos" (algo que também pode ser chamado de "Culto Mascarado a Zangbeto").
São essas apresentações, que geralmente vemos retratadas em inúmeros vídeos espalhados na internet, principalmente no YouTube. Para exemplificar isso, segundo o livro, existe um festival que acontece na cidade nigeriana de Badagry, anualmente, entre julho e agosto, e dura cerca de nove dias.
Dizem também, que o culto religioso e seus membros possuem poderes mágicos, que aumentam o desempenho de seus papéis na sociedade. É muito importante notar, que o livro também menciona que os "Zangbetos" formam uma espécie de "sociedade secreta"...
...e que têm seu próprio templo, do qual normalmente saem para realizar suas tarefas de patrulhamento, atuando como vigias noturnos em diversos vilarejos ou em rituais de dança durante os festivais. A foto acima mostra um templo Zangbeto em Porto-Novo, no Benim.
No livro é mencionado que as pessoas, mesmo contando com forças policiais governamentais oficiais, ainda recorrem aos "Zangbetos", uma vez que elas acreditam que os mesmos são dotados de poderes sobrenaturais, que poderiam ajudar a pacificar as comunidades. As apresentações dos "Zangbetos" não são seriam remuneradas, ou seja, não teriam um aspecto financeiro envolvido, mas serviriam para alimentar a crença que seus membros fazem parte da sociedade, e que têm como objetivo identificar os maus atos ou comportamentos de uma pessoa (ou grupo de pessoas) na sociedade, sendo que tais situações seriam reveladas para as demais através de suas apresentações.

Assim sendo, um dos deveres dos "Zangbetos"é procurar por perpetradores dos males, especialmente aqueles que usam a escuridão para perpetuar o mal. No livro também é mencionado, que os "Zangbetos" possuem diversos truques, acrobacias e pantonímias, que servem basicamente para entreter e divertir o público.

Resumindo? Basicamente, até o presente momento podemos perceber que, segundo a tradição oral, de maneira totalmente genérica, o "Zangbeto" seria uma espécie de "ser" ou "espírito" ancestral do mar, que veio para a terra, e acabou sendo ainda mais venerado do que já era, através da inserção de inúmeros elementos religiosos, formando uma espécie de culto. Esse culto é praticado por diversos participantes, primordialmente do sexo masculino, que geraram uma "sociedade secreta", em diversas regiões onde membros do povo Ogu habitam. Esse culto tem como objetivo fazer com que os "Zangbetos", que nesse caso seriam reproduções da imagem original do próprio "ser" ou "espírito" coberto de folhas de palmeira-ráfia, vigiem os vilarejos durante a noite e a madrugada (normalmente entre às 23h e às 5h da manhã, sendo que durante esse período são montados bloqueios nas estradas, em pontos estratégicos), atuando como uma espécie de força policial informal, e exercendo, portanto, um importante controle social. Durante o dia, as apresentações ou festivais são realizados nas comunidades para reforçar a crença nos "Zangbetos" como promotores da ordem.

Assim sendo, um dos deveres dos "Zangbetos"é procurar por perpetradores dos males, especialmente aqueles que usam a escuridão para perpetuar o mal
É muito importante destacar nesse ponto, que o livro "African Indigenous Religious Traditions in Local and Global Contexts"menciona que membros do sexo masculino desse culto, ou seja, pessoas de carne e osso, utilizariam o traje composto de folhas de palmeira-ráfia e máscaras, para patrulhar as ruas durante a noite e a madrugada. Portanto, fica bem explícito que existiria realmente uma pessoa por baixo do traje, independentemente ou não de seus supostos poderes sobrenaturais.

Já um guia turístico chamado "Benin: The Bradt Travel Guide", do escritor Stuart Butler, informa algo um pouco diferente. Segundo Stuart, os "Zangbetos" seriam homens fantasiados em transe, cujos corpos seriam temporariamente ocupados por espíritos, que possuem o conhecimento do que as pessoas fazem, quando pensam que ninguém está olhando. Os "Zangbetos" são muito peculiares e frequentemente são chamados de "palheiros dançantes" em folhetos turísticos, devido a sua aparência de "palheiro cônico", além do hábito de aparecer em performances para turistas e apresentações de dança. Durante suas atividades, os "Zangbetos" seriam seguidos de perto por assistentes, que atuam como intérpretes e como controladores de multidões, mas que, por estarem em contato próximo com os espíritos e os deuses, também possuem "poderes mágicos", incluindo a capacidade de fazer "coisas", assim como engolir cacos de vidro sem se ferir.

Já um guia turístico chamado "Benin: The Bradt Travel Guide", do escritor Stuart Butler, informa algo um pouco diferente. Segundo Stuart, os "Zangbetos" seriam homens fantasiados em transe, cujos corpos seriam temporariamente ocupados por espíritos, que possuem o conhecimento do que as pessoas fazem, quando pensam que ninguém está olhando.
Para completar, Stuart menciona que os "Zangbetos" dispensariam qualquer forma de julgamento tradicional, ou seja, eles teriam um poder próprio de julgar as pessoas pelos seus atos, sendo que os crimes considerados muito graves, poderiam ser punidos com a pena de morte. As mulheres também seriam terminantemente proibidas entre os "Zangbetos" (qualquer tentativa de participação seria punida com a morte), e entrada de não-membros nos templos também seria proibida. Novamente, apesar de estarmos falando de um mero guia turístico, que não pode ser considerado como uma fonte confiável de informação, temos mais um indicativo, que existe uma pessoa de carne e osso por baixo do traje utilizado pelos "Zangbetos".

O Culto a Zangbeto: A Mais Provável e Identificável Origem Histórica Remonta ao Século XVII


Para falar da mais provável origem histórica do que atualmente conhecemos como culto a Zangbeto, escolhi o ótimo artigo de Dominic Okure, PhD em Antropologia Cultural, do Instituto de Estudos Africanos da Universidade de Ibadan, na Nigéria, que teve um artigo intitulado "Symbolism and social control of Zangbeto among the Ogu of Southwestern Nigeria" ("O simbolismo e controle social do Zangbeto entre os Ogu do Sudoeste da Nigéria", em português) publicado na edição de junho de 2016, do periódico online "Cultural Anthropology and Ethnosemiotics" (CAES).

Para falar da mais provável origem histórica do que atualmente conhecemos como culto a Zangbeto, escolhi o ótimo artigo de Dominic Okure, PhD em Antropologia Cultural, do Instituto de Estudos Africanos da Universidade de Ibadan, na Nigéria, que teve um artigo intitulado "Symbolism and social control of Zangbeto among the Ogu of Southwestern Nigeria" publicado na edição de junho de 2016, do periódico online "Cultural Anthropology and Ethnosemiotics" (CAES).
Segundo Dominic, existem diversas interpretações sobre a origem do culto a Zangbeto. Todas elas estão parcialmente ancoradas na crença Ogu na reencarnação, e também parecem fundamentadas na visão que os espíritos ancestrais podem assumir formas humanas para interagir com os vivos. Há, no entanto, uma narrativa, que contém elementos históricos, que traça os "Zangbetos" até um certo homem chamado Te-Agbanlin, da cidade Abomey, a antiga capital do Reino de Daomé (atualmente a República do Benim). Te-Agbanlin teria sido filho de Zeririgbe, irmão do Rei de Allada, que migrou para Porto Novo (atual capital de Benim) como agricultor profissional em busca de novas fazendas no século XVII. Quando ele se estabeleceu em Porto Novo, por volta de 1684, ele conheceu habitantes locais que eram Nagô (ou Iorubás, um dos maiores grupos étnico-linguísticos da África Ocidental). Confira abaixo a história que foi contada pelo Chefe Francis Agoyon, líder da comunidade Ogu em Makoko, no estado nigeriano de Lagos, em julho de 2011:
"Te-Agbanlin pediu ao chefe do vilarejo de Aklon um pedaço de terra para se instalar, que ao menos acomodasse a pele de antílope que ele carregava, que era praticamente do tamanho do seu corpo. Quando lhe foi concedida a liberdade de escolha, ele cortou a pele do antílope em minúsculos pedaços, juntou-os para fazer uma longa corda com a qual ele cercou uma vasta porção de terra, na qual ele construiu uma enorme edificação. Na verdade, seu nome, 'Te-Agbanlin', significa 'perna de antílope', uma vez que ele era alto e magro. Para manter animais selvagens e invasores humanos afastados de sua edificação, ele projetou e ergueu figuras de 'Azo', que posteriormente se tornariam o 'zanho' ('casa da noite', algo que iremos falar daqui a pouco) na entrada da mesma. Com o chifre de um antílope, ele fez um equipamento semelhante a uma trombeta, que ele soprava para produzir um som aterrorizante, que assustava homens e animais. Com o passar do tempo, o chifre de antílope se tornou uma marca singular dos Zangbetos."


Há, no entanto, uma narrativa, que contém elementos históricos, que traça os "Zangbetos" até um certo homem chamado Te-Agbanlin, da cidade Abomey (na foto), a antiga capital do Reino de Daomé (atualmente a República do Benim). Te-Agbanlin teria sido filho de Zeririgbe, irmão do Rei de Allada...
 ...que migrou para Porto Novo (atual capital de Benim, na foto)
como agricultor profissional em busca de novas fazendas no século XVII.
Segundo Dominic, foi através dessa engenhosa e criativa ação, que Te-Agbanlin, emergiu a ideia de uma organização institucionalizada de segurança comunitária, tendo o "Azo" como seu principal símbolo, que mais tarde se tornaria a estrutura dos "Zangbetos" que conhecemos atualmente. No entanto, com o desenvolvimento da sociedade e o surgimento de estruturas organizacionais e sociais mais complexas, outros elementos dos valores socioculturais Ogu, incluindo as crenças religiosas, foram incorporados ao "Zangbeto" para lhe dar sua forma e conteúdo atuais.

Acreditava-se, por exemplo, que os espíritos ancestrais habitavam a estrutura (atualmente conhecida por zanho) construída por Te-Agbanlin, que posteriormente foi transformada em "Zangbeto" com mobilidade e poder sobrenatural. Simplificando? Não haveria nenhum espírito ancestral oriundo do mar ou nada de sobrenatural na origem dos "Zangbetos". Lembrando que toda a história foi contada por um líder comunitário Ogu, ou seja, alguém que, teoricamente, conhece a história do seu próprio povo.

Por outro lado, é essencial considerar, que a origem do culto a Zangbeto vai além de meros antecedentes históricos, e inclui a firme crença na reencarnação e a forte conexão entre o povo Ogu e seus espíritos ancestrais. Em segundo lugar, o "Zangbeto" emergiu da necessidade de segurança e proteção das forças físicas e espirituais inimigas. Sempre foi um aspecto integral e funcional da cultura Ogu, onde quer que eles sejam encontrados. Essas duas considerações definem o significado e a função do culto a Zangbeto na cultura contemporânea Ogu. Conforme já vimos e veremos por diversas vezes nesta matéria, o culto a Zangbeto serve como um agente de socialização através da comunicação e prevenção do crime através do vigilantismo. Aplica a paz através da mediação, resolve questões de conflito entre partidos e enfraquece os julgamentos através da coerção social. Também protege objetos e propriedades de vândalos através de seus diversos símbolos.

Por outro lado, é essencial considerar, que a origem do culto a Zangbeto vai além de meros antecedentes históricos, e inclui a firme crença na reencarnação e a forte conexão entre o povo Ogu e seus espíritos ancestrais. Em segundo lugar, o "Zangbeto" emergiu da necessidade de segurança e proteção das forças físicas e espirituais inimigas.
Acredito que também vale muito a pena mencionar, que existe uma outra origem para os Zangbetos, ao menos em relação a Nigéria, e que também não tem nenhuma relação com o sobrenatural ou com qualquer tipo de "alta magia africana". Essa origem foi mencionada em um estudo realizado por Rashidi Akanji Okunola, do Departamento de Sociologia da Universidade de Ibadan, na Nigéria, e por Matthias Olufemi Dada Ojo, do Departamento de Sociologia da Universidade Crawford, em Igbesa, também na Nigéria. Intitulado "Zangbeto: The Traditional Way of Policing and Securing the Community among the Ogu People in Badagry, Nigeria" ("Zangbeto: A Tradicional Forma de Policiar e Proteger a Comunidade entre o Povo Ogu em Badagry, na Nigéria", em português), o mesmo foi publicado em 2013 no periódico científico "Issues in Ethnology and Anthropology".

No estudo foi mencionado, que os Zangbetos teriam emergido como um grupo que visava proteger a cidade costeira de Badagry, na Nigéria, contra incursões externas. Em meados do século XIX, os reinos e estados vizinhos estavam interessados em ganhar o controle de Badagry, porque, com seu porto marítimo, era um elo estratégico no comércio transatlântico e um terminal para as rotas comerciais provenientes do interior. Considerando a história e a localização estratégica de Badagry, era lógico que um grupo como o Zangbeto fosse formado para proteger a cidade de seus poderosos vizinhos. De qualquer forma, em um determinado momento da linha do tempo, o Zangbeto expandiu seu escopo para incluir o entretenimento. Assim sendo, o Zangbeto tornou-se sinônimo de entretenimento cultural e o grupo foi estimulado a atuar em funções estatais.

A Estrutura, a Organização e a Simbologia Por Trás dos Zangbetos


A estrutura, categorias e diversos símbolos dos "Zangbetos", tanto na forma de uma estrutura mascarada, quanto de uma organização ou culto são alguns dos muitos elementos, que definem o seu lugar único e funcionalidade entre o povo Ogu. É importante enfatizar, desde o início, que os vários simbolismos do culto a Zangbeto são tão profundamente enraizados em sua forma e estrutura organizacional, que só podem ser devidamente discutidos em tais contextos.

A Estrutura de um Zangbeto


O chamado "Baile de Máscaras dos Zangbetos" (ou "Culto Mascarado a Zangbeto") é composto por algumas estruturas formais, que são visíveis em vários tamanhos, cores e especificações. O simbolismo formal de Zangbeto está contido em seus trajes, geralmente feitos de fibras especiais de folhas de palmeira-ráfia, que são tingidas com as cores desejadas, e posteriormente secas para serem utilizadas. Na maioria das culturas da África Ocidental, as folhas de palmeira - especialmente as folhas frescas - são símbolos de poder, e são tipicamente associadas à espiritualidade e magia tradicionais.

Assim sendo, esse material do traje elenca prontamente o Zangbeto ao reino espiritual, de modo que sua pureza e poder nunca são passíveis de questionamentos. Os corantes, que podem variar entre o vermelho, o verde, o amarelo, o roxo ou marrom (ou então uma mistura dessas cores), são obtidos a partir de uma mistura de algumas ervas especiais conhecidas por suas qualidades mágicas especiais, juntamente com algum corante local. Em alguns casos, uma tinta a óleo comum pode ser usada após o devido "tratamento ritualístico" da mesma.

O simbolismo formal de Zangbeto está contido em seus trajes, geralmente feitos de fibras especiais de folhas de palmeira-ráfia, que são tingidas com as cores desejadas, e posteriormente secas para serem utilizadas. Na maioria das culturas da África Ocidental, as folhas de palmeira - especialmente as folhas frescas - são símbolos de poder, e são tipicamente associadas à espiritualidade e magia tradicionais.
Essas cores, que transcendem os domínios da estética comum, são altamente simbólicas. Elas representam os vários aspectos da vida na ordem natural, tais como: vitalidade, fertilidade, progresso, dor, sacrifício, maturidade, entre outros. Elas também significam, que o Zangbeto compreende muitos aspectos da vida. As tiras de palmeira-ráfia, também conhecidas como "zanshan", são dispostas em um traje em formato de cone (semelhante a um chifre), que seria usado ou habitado pelo "espírito", com algumas outras vestimentas que, às vezes, são ligadas à parte superior (cabeça), e que servem a propósitos diferentes.

Esse traje é conhecido como "zanho", que significa literalmente "casa da noite". Isso dá ao Zangbeto a aparência de uma "casa em movimento". Às vezes, especialmente durante procissões ritualísticas (chamadas de "homa"), o "zanho"é feito de cordões de grama ou folhas de bananeira, que simbolizam a destruição e também criam a impressão de escuridão. Isso intensifica a grandiosidade do Zangbeto.

Exemplos de "Oho yin-yin Ataho". O traje dos "Zangbetos"é conhecido como "zanho", que significa literalmente "casa da noite". Isso dá ao Zangbeto a aparência de uma "casa em movimento". Às vezes, especialmente durante procissões ritualísticas (chamadas de "homa"), o "zanho"é feito de cordões de grama ou folhas de bananeira, que simbolizam a destruição e também criam a impressão de escuridão. Isso intensifica a grandiosidade do Zangbeto.
Existe também uma máscara coberta de grossos fios de palmeira-ráfia, quase invisíveis para os espectadores, a partir do qual o "espírito" opera. Esses trajes simbólicos são sagrados e, portanto, os não iniciados e as mulheres não devem ter contato com ele sob nenhuma circunstância, a menos que certos rituais sejam realizados. Ao contrário da maioria dos outros "cultos mascarados", o Zangbeto não deveria possuir, ao menos em tese, partes do corpo identificáveis, embora isso fique bem claro em inúmeros vídeos e fotos disseminados na internet (veremos isso no decorrer desta matéria). Não deveria aparecer membros (mãos e pernas) ou rosto. Perante o público, o Zangbeto é capaz de operar com tamanha agilidade e facilidade, que sua performance serve para intensificar o elemento de "mistério". Além de fortalecer a identidade mística do Zangbeto, esta forma simbólica protege o próprio Zangbeto de ameaças limitantes, assim como a semelhança humana e o gênero, tornando-o uma "entidade" neutra, mas inclusiva.

Nem todo "zanho", no entanto, é igual. Na maioria das comunidades Ogu existem quatro diferentes tipos ou categorias identificáveis de "Zangbetos" em termos de designação e simbolismo. É exatamente isso que veremos a partir de agora.

Zanholu


O Zanholu é o "Chefe" ou "Rei" de todos os outros "Zangbetos". Geralmente, ele é maior e mais alto que os demais. O Zanholu normalmente aparece apenas uma única vez a cada três anos durante o "Grande Festival dos Zangbetos"; na posse de um "Aholu" (uma espécie de "Rei" local) ou cerimônia funerária de altos chefes ou membros do alto escalão dos "Zangbetos", assim como o "Zangan" (sacerdote-chefe dos Zangbetos). O Zanholu é celebrado como um espírito, que vive no mar, e geralmente vem de sua profundeza. Ele emerge diretamente das águas no interior de uma determinada localidade por volta da meia-noite. Vale ressaltar nesse ponto, que os assentamentos do povo Ogu geralmente estão localizados em áreas costeiras ou próximos a rios, o que "facilita" o aparecimento do Zanholu.

Confira abaixo um vídeo publicado em um canal de terceiros, no YouTube, mostrando o que seria um Zanholu:



O "Aholu" e seus membros do alto escalão dão as boas-vindas, e o escoltam em direção a um determinado vilarejo. O Zanholu normalmente permanece invisível e incomunicável na comunidade por cerca de três dias antes de aparecer para o público em geral. Talvez seja por isso, que o Zangbeto é erroneamente mencionado por algumas pessoas como se sua origem tivesse sido a partir do mar, assim como já mencionamos anteriormente.

Ataho


Existe também o Ataho, que é o mais popular e o mais comumente visto na hierarquia dos "Zangbetos", especialmente durante manifestações culturais e festividades locais. O Ataho é bem espetacular e impressionante devido suas habilidades de dança e atos mágicos durante as apresentações. Por exemplo, há apresentações em que é colocado fogo em um Ataho. Em seguida, é colocado um outro traje (zanho) por cima das cinzas e, instantaneamente, o mesmo se torna um "Zangbeto" repleto de "vida" e "movimento". Um Ataho também pode "dar à luz" a um "Zangbeto" mais jovem durante as apresentações, sendo que nesse caso um "Zangbeto" mais jovem surge por baixo do "Ataho" maior. Esse ato de "dar à luz"é mais um dos simbolismos dos "Zangbetos".

Um Ataho também pode "dar à luz" a um "Zangbeto" mais jovem durante as apresentações, sendo que nesse caso um "Zangbeto" mais jovem surge por baixo do "Ataho" maior. Esse ato de "dar à luz"é mais um dos simbolismos dos "Zangbetos".
Segundo o Alto Chefe Metonu Nugboweyon, da comunidade de Ajido, em Badagry, na Nigéria, esse é um sinal de aumento de produtividade, que os "ancestrais" outorgam à terra por sua presença. Também é sinal de mistério sobre o gênero dos "Zangbetos".

Em uma declaração dada em 2012, Nugboweyon disse que esse era um sinal de abundância. Ainda segundo ele, um homem não pode dar à luz. Portanto, os "ancestrais" não são nem homens nem mulheres, e teriam o poder para fazer qualquer coisa. Seria por essa razão, que os "Zangbetos" não seriam homens e nem mulheres, mas poderiam ser ambos ao mesmo tempo.

O Ataho, que é o mais popular e o mais comumente visto na hierarquia dos "Zangbetos", especialmente durante manifestações culturais e festividades locais.
É bem significativo que, sendo essencialmente um culto masculino, o Zangbeto encarna e celebra um aspecto da vida que pertence exclusivamente à mulher. O equilíbrio de gênero no culto aos "Zangbetos", reflete a neutralidade de gênero dos espíritos ancestrais. Isso acaba facilitando a aceitação dos "Zangbetos" por todos, independentemente do gênero. Embora isso não implique necessariamente que o culto a Zangbeto esteja aberto a homens e mulheres em igualdade de condições, isso enfatiza a inclusão de gênero em relação aos mesmos, e demonstra, de certa forma, a oposição dos "ancestrais"à discriminação contra as mulheres.

Oho yin-yin Ataho


A terceira categoria de "Zangbeto" na hierarquia é chamada Oho yin-yin Ataho. Este Zangbeto é menos complexo em seu formato (seu traje, por assim dizer), porém é mais ágil e notável em suas habilidades de dança e exibições acrobáticas. Assim sendo, o Oho yin-yin Ataho é geralmente um símbolo da juventude, conforme demonstrado pela sua agilidade e falta de complexidade.

A terceira categoria de "Zangbeto" na hierarquia é chamada Oho yin-yin Ataho. Este Zangbeto é menos complexo em seu formato (seu traje, por assim dizer), porém é mais ágil e notável em suas habilidades de dança e exibições acrobáticas.
Uma espécie de "janelinha" muito comum em todos os trajes de "Zangbetos",
algo que irei comentar na parte final desta matéria.
Simboliza que os "ancestrais" não possuem apenas a vitalidade e agilidade da juventude, mas também têm os poderes e prerrogativas de conferir estas qualidades à comunidade. Costuma-se mencionar localmente que, no reino dos espíritos, a idade não é um fator preponderante.

Ohosi


Outro membro da família dos "Zangbetos"é o Ohosi, uma espécie de versão guerreira dos "Zangbetos". Ele também é referido como "Ogbo" ("Bode", em português), devido sua obstinação e comportamento inflexível. Esse "Zangbeto", em particular, é um símbolo de força, bravura e resiliência para o povo Ogu em geral. Essa seria a razão pela qual o mesmo é usado como "símbolo de todos os Zangbetos", ao menos na maioria dos casos, quando uma representação é erguida em locais públicos. Há indícios de que o nome e a função deste "Zangbeto" têm algumas ligações interculturais com Oshosi (Oxóssi), o orixá da caça, florestas, dos animais, da fartura, e do sustento.

Há outras características notáveis sobre o Ohosi, que intensificam seu mistério e grandiosidade, e que são dignas de serem mencionadas. Em primeiro lugar, no idioma Ogu as palavras com finais "si" são geralmente indícios de palavras que apresentam gênero feminino. Portanto, é notável que um guerreiro obstinado, que simboliza força, masculinidade e resiliência tenha um sugestivo nome feminino. Em segundo lugar, Ohosi sempre é visto carregando "chifres com cabelo trançado". Esta também seria uma característica feminina exibida por um guerreiro, que simboliza a masculinidade.

Ohosi sempre é visto carregando "chifres com cabelo trançado". Esta também seria uma característica feminina exibida por um guerreiro, que simboliza a masculinidade.
Portanto, este aspecto dos "Zangbetos", mais uma vez enfatiza fortemente o elemento de equilíbrio de gênero dentro do culto e neutralidade de gênero dos "espíritos ancestrais". Isso indica, que a plenitude da força humana não reside exclusivamente nos gêneros masculinos ou femininos, mas na harmonia entre ambos.

Como se Tornar um Zangbeto?


Teoricamente, qualquer homem com mais de 18 anos, que pertença a sociedade Ogu, pode se tornar um "Zangbeto". Na verdade, de acordo com o Alto Chefe Metonu Nugboweyonm, que também é membro do "comitê administrativo" de Badagry, a filiação ao culto a Zangbeto seria algo obrigatório para todos os homens do povo Ogu. No entanto, é importante fazer uma clara e honesta distinção entre os dois tipos ou categorias de filiação a esse culto.

Existe uma filiação ordinária, ou seja, comum, através de identidade externa, solidária e inclusiva, que envolve o pagamento de um token, uma simples iniciação e aquisição de um nome codificado secreto, que serve como uma senha para o iniciado. O nome codificado é fornecido na iniciação. Essa filiação serve para fornecer certas "imunidades" ao membro em relação as restrições, que normalmente são impostas a não-membros. Essa filiação ordinária ao culto a Zangbeto também costuma ser aberta a homens, que não pertencem ao povo Ogu, mas que moram em comunidades Ogu, diante de certas condições, é claro. Esta é uma característica única no culto a Zangbeto, que a distingue da maioria dos cultos mascarados da Nigéria e da África Ocidental.

Teoricamente, qualquer homem com mais de 18 anos, que pertença a sociedade Ogu, pode se tornar um "Zangbeto". Na verdade, de acordo com o Alto Chefe Metonu Nugboweyonm, que também é membro do "comitê administrativo" de Badagry, a filiação ao culto a Zangbeto seria algo obrigatório para todos os homens do povo Ogu.
Em outro nível, existe a filiação no chamado "círculo interno", que implica na participação e no compromisso de solidariedade grupal no culto. Essa filiação geralmente acontece através de processos de observação, escolha e iniciação, e não está aberta a todos, ou seja, é basicamente feito através de um convite após um processo seletivo interno e particular. 

Essa filiação dá aos iniciados o direito de se tornar e ascender na hierarquia dos "Zangbetos". Também serve como uma medida de integração social e solidariedade entre a casta masculina Ogu. Consequentemente, nem todo homem pode se tornar, de fato, um "Zangbeto". Além disso, embora não haja, "teoricamente",  benefícios financeiros por pertencer à organização (algo que veremos, que não é bem assim, mais a frente), os membros têm um orgulho especial em sua participação na mesma, mantendo uma coesão interna, solidariedade e disciplina culturais em suas funções. Eles também são regidos por certas regras de conduta.

Em outro nível, existe a filiação no chamado "círculo interno", que implica na participação e no compromisso de solidariedade grupal no culto. Essa filiação geralmente acontece através de processos de observação, escolha e iniciação, e não está aberta a todos, ou seja, é basicamente feito através de um convite após um processo seletivo interno e particular.
Outro elemento único relativo à filiação ao culto a Zangbeto é que, embora seja um culto masculino, existe um nível,  no qual uma certa categoria de mulheres é admitida em seus círculos internos. Essas mulheres desempenham papéis bem significativos na organização. Elas são admitidas e iniciadas no culto com base em considerações como maturidade física e psicológica, assim como suas capacidades em manter segredos. Além de realizar certos aspectos de vigilância para os "Zangbetos", as mulheres Zangan desempenham papéis muito ativos em outras áreas da organização. Suas identidades geralmente não são divulgadas por razões de segurança, entre outros motivos.

Este aspecto do culto é bem significativo quanto único, pois permitiu que o mesmo explorasse os dois mundos (masculino e feminino) e extraísse o melhor de suas riquezas. Aliás, essa informação contradiz o que foi mencionado pelo guia turístico, no início desta matéria, onde dizia que a participação de mulheres poderia ser punida com a morte. Essa é a razão pela qual guias turísticos não são fontes confiáveis, quando se decide estudar um determinado assunto.

Organização e Liderança Dentro do Culto a Zangbeto


O "Zangan" supervisiona o culto a Zangbeto. Devido à grande importância deste cargo, o "Zangan"é escolhido pelos membros do grupo após uma consulta com o "Aholu" ("Rei" local) ou com o "Totagan" (Regente do "Rei"). Embora o "Zangan" possua cargo vitalício, a posição é rotativa entre os grupos de mesmo parentesco representados no culto, e não pode ser herdada. O "Zangan", portanto, é uma espécie chefe-geral ou sacerdote-chefe do culto a Zangbeto, respondendo diretamente ao "Aholu" ou o "Totagan", e também desempenha funções legítimas de um membro do conselho dirigente.

O "Zangan"é o mediador entre o "Zangbeto" e a comunidade em questões sensíveis, aconselha o "Aholu" ou "Totagan", e representa pessoas abaixo dele no nível de hierarquia. Assim sendo, o "Zangan" costuma ser uma pessoa de integridade comprovada. O "Aholu" como líder do povo é o ponto de referência em todas as questões sociopolíticas, culturais, organizacionais, culturais e outras relacionadas à comunidade.
O "Zangan"é o mediador entre o "Zangbeto" e a comunidade em questões sensíveis, aconselha o "Aholu" ou "Totagan", e representa pessoas abaixo dele no nível de hierarquia. Assim sendo, o "Zangan" costuma ser uma pessoa de integridade comprovada. O "Aholu" como líder do povo é o ponto de referência em todas as questões sociopolíticas, culturais, organizacionais, culturais e outras relacionadas à comunidade.
Cada "Zangbeto" tem um ou mais assistentes ou guarda-costas masculinos conhecidos como "Kregbetos", que significa, literalmente, "Homens do Dia". Eles são os responsáveis por dar as diretrizes ou orientações às multidões a partir do que é mencionado pelos "Zangbetos", e coordenar a sequência de eventos dos "Zangbetos" durante apresentações públicas. Os "Kregbetos" dominam as artes simbólicas dos "Zangbetos", e estão sempre em posição de interpretar seus humores e inclinações, bem como transmiti-las à multidão.

Existe também o "Kogan", que está um posto acima do "Kregbeto", mas um posto abaixo do "Zangan". O "Kogan"é como um supervisor ou superintendente em aspectos logísticos e cerimoniais da organização. O "Kogan" não acompanha necessariamente o "Zangbeto" durante as apresentações, embora eles geralmente estejam presentes. No entanto, eles cuidam do santuário e ajudam o "Zangan" em assuntos cerimoniais. Assim como os membros do círculo interno do culto a Zangbeto, o "Kregbeto" e o "Kogan" também precisam ser homens de integridade comprovada dentro do culto, da comunidade e da sociedade em geral.

Cada "Zangbeto" tem um ou mais assistentes ou guarda-costas masculinos conhecidos como "Kregbetos", que significa, literalmente, "Homens do Dia". Eles são os responsáveis por dar as diretrizes ou orientações às multidões a partir do que é mencionado pelos "Zangbetos", e coordenar a sequência de eventos dos "Zangbetos" durante apresentações públicas.
Existe um santuário para o Zangbeto em cada localidade ou bairro. É onde os trajes (os zanhos) e outros aparatos de culto, incluindo instrumentos musicais, são respeitosamente mantidos. Além disso, e especialmente antes de apresentações importantes, assim como o principal festival relacionado aos "Zangbetos", quando o Zanholu aparece, um grupo de seus membros (também considerados como "caçadores") ocasionalmente se reúne em um santuário central. O mesmo está localizado em um bosque local, onde outros emblemas cerimoniais e ornamentos são mantidos para realizar seus rituais sagrados.

Na entrada do bosque há uma estátua para Legba (um Vodu precursor), a força operacional dentro do "Zangbeto". Este símbolo indica, que somente membros iniciados podem entrar no bosque.

O Grupo Sociocultural "Ogu"


Vamos fazer um rápido desvio para falar sobre o grupo sociocultural Ogu, que comumente é referido como "Egun". Embora o idioma desses povos já tenha sido chamado de Gu, Gugbe ou Egun, no artigo intitulado "Symbolism and social control of Zangbeto among the Ogu of Southwestern Nigeria" ("O simbolismo e controle social do Zangbeto entre os Ogu do Sudoeste da Nigéria", em português), Dominic preferiu aplicar o termo "Ogu" tanto para se referir ao povo quanto ao seu idioma, uma vez que, de fato, não haveria justificativa para atribuir diferentes nomenclaturas. Aliás, isso é consistente com outros grupos linguísticos como o Iorubá, o Efik, o Hausa, o Ibibio, o Igbo e outros na Nigéria, por exemplo, que possuem a mesma designação tanto para as pessoas quanto para seus idiomas.

Na verdade, já chegaram a mencionar que o termo "Egun" seria uma corrupção do termo "Gu" devido a contatos interculturais com os Iorubás durante o aumento do comércio de Oyo (a captura de escravos, lembrando que os grandes reinos africanos compostos por negros prosperam justamente com o tráfico de escravos negros) durante o século XVIII, que fez com que diversos grupos de Iorubás migrassem e assentassem, onde atualmente é a cidade de Badagry, no estado de Lagos, na Nigéria.

Regiões de Gana e Benim com raízes Ogu
As maiores comunidades Ogu no estado nigeriano de Lagos
O Ogu é um idioma dos Ajas (povos nativos de Benim e de Togo), que compartilha um certo nível de inteligibilidade mútua com os idiomas "Ewe" e "Fon", que é falado nas regiões entre o baixo Volta, no sul de Gana, e o extremo norte da Nigéria pela fronteira Nigéria-Benim. É também uma unidade da família de idiomas "Kwa" da África Ocidental. Por sua vez, o idioma "Kwa" constitui uma subfamília da família Nigero-Congolesa, que também é falada em Benim e Togo, e que pertence a família Congo-Kordofaniano. Uma narrativa recente ligou os idiomas "Ewe", "Fon" e "Gu" (Ogu) a uma ancestralidade primordial em comum, que remonta a Cam (segundo filho de Noé na Bíblia cristã). No entanto, alguns estudiosos já opinaram dizendo que certas teorias africanas sobre as origens, incluindo aquelas com "sabor caímico" podem ter sido influenciadas pelo desejo de estabelecer igualdade étnica entre diferentes grupos ou então afirmar a superioridade de um grupo perante aos demais. Por mais que os traços culturais entre os povos possam ter outras explicações, é importante ressaltar que o povo Ogu possuem um idioma à parte, sendo possível rastrear sua origem até a República do Benim.

Devido a certos traços transculturais entre os povos, alguns estudiosos sugeriram uma origem em comum para os povos Iorubá e Ogu. Isso, no entanto, tem sido contestado com evidências linguísticas e históricas, juntamente com aqueles que ligam o povo Ogu de Badagry com os refugiados das guerras de Daomé (um antigo reino africano pré-colonial situado onde atualmente é a República do Benim) do século XVIII.
Comunidades Ogu no estado de Ogun, na Nigéria
O povo Ogu, na África Ocidental, está assentado principalmente ao longo das regiões desde Porto Novo e Weme, na República do Benim, até os assentamentos Awori, ao longo do riacho Badagry, nas cidades de Ojo e Lagos, na Nigéria. Na Nigéria, a quantidade de membros chega a 15% da população do Estado de Lagos, e eles vivem principalmente nas cidades de Igbobele, Kweme, Aivoji, Iweseme e aldeias do eixo de Badagry. Seu domínio também inclui várias aldeias e vilarejos como Apa, Gberefu, Topo, Ajara, Erekiti, Ajido e muitos outros.

A produção de sal também incentivou o desenvolvimento de algumas aldeias e assentamentos do povo Ogu. Como exemplo, podemos citar a aldeia de Bapo, em Igbogbele, que era bem conhecida como um local de produção de sal. Membros do povo Ogu também são encontrados nas comunidades Yewa de Mowo, Ipokia, Igbeji e Ijofin, no Estado de Ogun, embora em uma proporção marginal (pouco significativa), enquanto alguns bolsões muito menores de comunidades Ogu também podem ser encontrados em algumas partes de Abeokuta e Ifo, também no Estado de Ogun.

O Tríplice Simbolismo do Culto a Zangbeto na Cultura Ogu


Além dos simbolismos inerentes à estrutura formal e organizacional do culto a Zangbeto, conforme mencionado anteriormente, há também outros aspectos da estrutura sociocultural da Ogu em que ela prospera. Sendo um elemento distintivo e indiscutivelmente um dos mais celebrados da cultura Ogu, o mesmo mantém a característica principal de sua estrutura organizacional, onde quer que seus membros morem. Isso acaba influenciando todos os aspectos da vida das pessoas. A tradição do Zangbeto entre o povo Ogu, ao longo dos anos, se expressa em três principais aspectos.

Em primeiro lugar, é uma organização que fornece segurança e mantém a lei e a ordem dentro da comunidade. Em segundo lugar, é um culto que incorpora, preserva e celebra a presença de "espíritos ancestrais" entre as pessoas. Em terceiro lugar, é um disfarce cultural que emociona, diverte e perpetua a herança e identidade do povo Ogu. É nesse "tripé" compreendido por um sistema de organização, um sistema de veneração religiosa e um sistema cultural, que o culto a Zangbeto estabelece e sustenta seu simbolismo e poderosa influência em toda a comunidade Ogu.

O Simbolismo em Termos de Organização


O "Zangbeto"é considerado como a força policial do "Aholu". Isso é porque tem sido e continua sendo uma força poderosa, e um elemento indispensável de segurança e manutenção da lei e da ordem dentro das comunidades Ogu. Esse aspecto do "culto mascarado"é a essência de sua fundação e existência, e também se destaca como o mais distinto e valioso de seus simbolismos e funções. Como o próprio nome sugere, o "Zangbeto" ("Homem da Noite") desempenha a função de vigilante noturno, patrulhando localidades, vigiando pessoas e lares, detectando ladrões e feiticeiros, além de fazer justiça. Acredita-se que, através de uma combinação de sua "força física" e "poderes espirituais", o mesmo afasta elementos indesejáveis ​​da comunidade com facilidade.

Teoricamente, o "Zangbeto" não seria o responsável por criar regras para as comunidades, porém, ao mesmo tempo, não receberia ordens de ninguém. Ele operaria dentro dos limites das regras substantivas da comunidade em relação aos conjuntos de comportamentos, que são geralmente aceitos ou são considerados desviantes e precisam de um certo controle. A posse de poder material ou político não exclui ninguém da vigilância do "Zangbeto", nem torna ninguém imune as suas sanções. Ninguém estaria acima do "Zangbeto", nem mesmo a mais influente pessoa de uma comunidade.

Teoricamente, o "Zangbeto" não seria o responsável por criar regras para as comunidades, porém, ao mesmo tempo, não receberia ordens de ninguém. Ele operaria dentro dos limites das regras substantivas da comunidade em relação aos conjuntos de comportamentos, que são geralmente aceitos ou são considerados desviantes e precisam de um certo controle.
Atualmente, para vocês terem uma ideia, o Zangbeto, como organização, é membro da Estrutura Informal de Policiamento do Estado de Lagos (LSIPS). Conforme já foi demonstrado em diversos estudos e artigos acadêmicos, o Comando da Polícia do Estado de Lagos reconhece o Zangbeto (especialmente dentro da região de Badagry) como um grupo de vigilantes comunitários com licença para prender criminosos e apresentá-los a força policial formal para serem devidamente indiciados e, eventualmente, processados pelo Estado.

O Simbolismo em Termos de um Sistema de Veneração Religiosa


Acredita-se que o Zangbeto (assim como "Oro" e o "Egungun" entre os Iorubás) seja a reencarnação de ancestrais, que continuam a proteger e apoiar seus descendentes. Confira o que disse o Chefe Emmanuel Shokoti, líder da comunidade Ebute-Oko, na região da Baía de Tarkwa, no estado nigeriano de Lagos, em uma declaração concedida em agosto de 2011:
"Todo homem negro tem uma maneira de prestar respeito aos seus ancestrais e manter seu espírito vivo na comunidade... Este é o caso de Zangbeto, que representa os ancestrais de todos os Ogu, em todos os lugares."
Vestir o traje (o "zanho") permite que a "estrutura mascarada" ou "mascarado" seja possuída(o) pelo espírito ancestral, que por sua vez possui um conhecimento especial sobre as ações e motivações das pessoas. É por isso que o "zanho"é considerado mais do que apenas uma fantasia ou uma obra de arte; seria também uma casa de encontro entre o mundo dos ancestrais e o nosso mundo, por assim dizer. Aliás, há uma forte convicção entre os Ogu de que o próprio símbolo (estátua) do Zangbeto em si não é apenas um motivo de reverência, mas também tem o poder de afastar os inimigos e potenciais intrusos. Assim sendo, erguer uma estátua de Zangbeto em alguns locais estratégicos entre determinadas comunidades Ogu vai além da mera estética. Além disso, até mesmo um único fio de ráfia extraído do traje de um "Zangbeto", que é chamado de "zanshan", é altamente simbólico e cheio de poder místico. Acredita-se que um único fio possui os mesmos poderes do próprio Zangbeto. É frequentemente usado para impor restrições em lugares e itens, designando-os como proibidos. Como se não bastasse, o "zanshan" do "zanho" de um Ohosi chega a ser usado na imposição de sanções e para o cumprimento de "decisões judiciais".

Acredita-se que o Zangbeto (assim como "Oro" e o "Egungun" entre os Iorubás) seja a reencarnação de ancestrais, que continuam a proteger e apoiar seus descendentes.
O "Zangbeto" constitui uma sociedade secreta com um estrito código sigiloso em determinados assuntos. A "estrutura mascarada" ou "mascarado" tem a capacidade de revelar segredos do mal e assustar feiticeiros e bruxas. De acordo com alguns escritores, o "Zangbeto" evoca um poder que diz ter habitado a Terra muito antes do aparecimento do homem e fornece uma fonte de sabedoria e continuidade. Os representantes dos espíritos dos ancestrais Zangbeto são mediadores entre as gerações do presente e as ancestrais. O "Zangbeto" também protege as comunidades contra os maus espíritos, epidemias, fome, feitiçaria e malfeitores, assim como garante o bem-estar, a prosperidade e a produtividade de toda a comunidade. As orações e bênçãos oferecidas pelos "Zangbetos" são consideradas eficazes, e as pessoas costumam ser vistas oferecendo dinheiro ao "Zangbeto" em troca de tais bênçãos. Esse é um detalhe interessante, porque apesar das apresentações não serem cobradas, a própria população oferece dinheiro, algo que pode denotar, ainda que de forma velada, um interesse financeiro em ser um "Zangbeto".

Embora raramente seja ouvido, exceto durante o vigilantismo ou em uma oração, o "Zangbeto" projeta a si mesmo na forma de uma voz. Ele usa uma versão especial do idioma Ogu, que difere significativamente do uso diário. Esse uso de uma linguagem especial imediatamente a distingue do reino da vida cotidiana. Mencionam que sua voz é muito enérgica e intensa. Ela seria horrenda, "sobrenatural", e tão incrivelmente assustadora, que o ouvinte não conseguiria deixar de associá-la a algo de cunho "sobrenatural" ou, no mínimo, extraterrestre. Essa voz serve como uma força poderosa, que atrai o respeito e a reverência de todos pelos "Zangbetos".

O Simbolismo em Termos de Cultura


Além dos festivais anuais, os "Zangbetos" ocasionalmente fazem apresentações públicas para celebrar a cultura Ogu. Tais apresentações são realizadas, por exemplo, durante funerais de membros ou altos chefes, ou em alguns casos, para receber visitantes eminentes ou simplesmente para entreter as pessoas. Nessas ocasiões, a música e as canções, juntamente com os "kregbetos", mulheres e crianças acompanham os "Zangbetos". Além disso, as mulheres desempenham um papel notável ao entoar o apelido dos "Zangbetos" ("mlayin"), cantando e dançando, algo que, por sua vez, estimula e extrai tudo o que houver de melhor da "estrutura mascarada" ou do "mascarado". Em tais ocasiões um "Ataho" também dá à luz. Além disso, o "zanho" que abriga o Zangbeto é ocasionalmente erguido do chão e virado de cabeça para baixo para mostrar que não há ninguém além de um espírito dentro. Isso intensifica a autoridade do "Zangbeto" sobre o povo e permite que ele sirva como um efetivo mecanismo informal de controle social. Contudo, iremos mostrar daqui a pouco, que existem pessoas, em transe ou não, no interior desses trajes, e que tudo não passa de um truque de ilusionismo.

O poder e a eficácia geral da organização "Zangbeto" deriva amplamente da solidariedade orgânica interna, que existe em sua estrutura organizacional, e entre a organização e a comunidade. Isso significa que, dentro da própria organização existe um elemento da sociedade, e entre a organização e a comunidade Ogu, dentro da qual ela funciona, há uma ação recíproca de compromisso e aceitação que não pode ser facilmente negligenciada. Este elemento, que fortalece o "Zangbeto" na prevenção, apreensão e punição de comportamentos criminosos e desviantes, assim como na garantia da ordem geral da comunidade, é considerado vital para a criação de modelos de controle social funcionais e eficazes.

O poder e a eficácia geral da organização "Zangbeto" deriva amplamente da solidariedade orgânica interna, que existe em sua estrutura organizacional, e entre a organização e a comunidade. Isso significa que, dentro da própria organização existe um elemento da sociedade, e entre a organização e a comunidade Ogu, dentro da qual ela funciona, há uma ação recíproca de compromisso e aceitação que não pode ser facilmente negligenciada
Um dos pontos-chave sobre a eficácia e a força do "Zangbeto" no processo de controle social é a percepção positiva do povo Ogu, baseada nas formas de atuação e no relacionamento com a comunidade. Os "Zangbetos" não carregam nenhuma arma física, nem se envolvem em confrontos violentos. Por outro lado, opera de forma eficaz. Isso implica que o controle social efetivo deve ser primeiramente orientado para a comunidade; deve ser derivado de relações positivas entre os agentes de controle e a comunidade; também deve se basear na percepção positiva mútua, e não no uso da força. Isso se aplica especialmente ao policiamento, uma vez que, como um conceito, ele é governado pelas mesmas variáveis, usos e interpretações como controle social, de modo que um é frequentemente usado para descrever o outro. Isso requer um alto nível de tolerância, tranquilidade e neutralidade. Não deve ser partidário, e precisa ser acomodador de outros pontos de vista. Também não deve ser tendencioso e menos coercitivo. Em segundo lugar, para que o controle social seja efetivo, ele deve operar através das normas e sistemas de valores que são familiares e significativos para as pessoas cuja vida ele procura regular e salvaguardar. Em outras palavras, fatores culturais e sociais, em todas as suas peculiaridades, devem ser considerados de maneira adequada.

O culto a Zangbeto e seus métodos de operação estão profundamente enraizados nas normas socioculturais Ogu e no sistema de valores, que também estão intimamente ligados à religiosidade. O fracasso do sistema formal de controle social e seus diversos órgãos na Nigéria, por exemplo, é o resultado de sua alienação (em conteúdo e forma) das pessoas e seus valores.

O culto a Zangbeto e seus métodos de operação estão profundamente enraizados nas normas socioculturais Ogu e no sistema de valores, que também estão intimamente ligados à religiosidade. O fracasso do sistema formal de controle social e seus diversos órgãos na Nigéria, por exemplo, é o resultado de sua alienação (em conteúdo e forma) das pessoas e seus valores
Segundo Dominic Okure (artigo "Symbolism and social control of Zangbeto among the Ogu of Southwestern Nigeria"), os atuais esforços de controle social da Nigéria parecem subestimar o fato de que o estilo de vida dos nigerianos é fundamentalmente diferente de suas contrapartes ocidentais ou europeias. Modelos estrangeiros de controle social podem não ser eficazes na regulação de relacionamentos dentro dos contextos sociais e culturais nigerianos. Por outro lado, a persistência de sistemas de controle social como o "Zangbeto" expõe as inadequações dos sistemas formais de controle. Para obter justiça, por exemplo, é preciso investir muito em tempo, dinheiro e outros procedimentos burocráticos, o que muitas vezes resulta em humilhação, sendo que a maioria das pessoas não pode pagar. Qualquer esforço de controle social, seja ao empregar a justiça, na prevenção e controle do crime ou na aplicação da lei, que siga as regras de conduta oficiais, e que não reflitam os valores e aspirações tradicionais do povo, provavelmente não será eficaz, e nem mesmo resiliente a longo prazo.

A importância das considerações culturais na avaliação da dinâmica dos mecanismos e teorias de controle social nos esforços para desenvolver modelos eficazes de controle para diferentes tipos de sociedades não pode ser superestimada. A singularidade das sociedades e a diversidade nas normas que orientam seus sistemas de valores não podem ser ignoradas na criação de seus modelos de controle social. A adoção e aplicação de modelos unitários ou idênticos de controle social para toda e qualquer sociedade não é capaz de produzir resultados igualmente tangíveis. Mesmo dentro do espaço sociocultural da Nigéria, que é relativamente homogêneo em termos de visão básica de mundo, existe tal diversidade nos sistemas de valores, que modelos similares de controle social talvez não alcancem a mesma eficácia em diferentes regiões. O sucesso ou a eficácia do "Zangbeto "como um aparato de controle social deriva principalmente do fato de que ele está profundamente enraizado nas tradições culturais e no sistema de crenças do povo Ogu.

O Controle Social e os "Cultos Mascarados" da África Ocidental


O controle social é geralmente percebido na forma de processos e mecanismos colocados em prática dentro de uma sociedade para regular o comportamento com objetivo de moderar a infração das regras estabelecidas. Assim sendo, ele indica como uma sociedade precisa garantir que as regras, que governam a conduta humana, sejam cumpridas formalmente e informaticamente através de agentes tais como: família, parentes, empregadores, colegas de trabalho, funcionários do governo, líderes locais, tribunais, polícias, penitenciárias, exército, religião e, mais recentemente, mídias de massa, mídias sociais, entre outras.

Cada grupo de pessoas, na forma de um domínio cultural, desenvolveu maneiras de lidar com questões de controle social e resolução de conflitos em suas próprias circunstâncias. Portanto, a chave para entender o sistema de controle social de uma cultura é entender a norma na qual ela se baseia. Enquanto no "mundo ocidental" os mecanismos de aplicação da lei e outras medidas de controle social formais ou estatais parecem ter conseguido uma certa confiabilidade, ao menos em grande parte dos países desenvolvidos, eles não são igualmente bem-sucedidos na maioria das sociedades africanas. Embora pareça anacrônico tentar explicar essa lacuna ou disparidade puramente em termos de diferenças culturais, isso serve para demonstrar a inadequação de uma adoção e aplicação unilateral de modelos ocidentais no avanço socioeconômico e político por parte de sociedades "não ocidentais".

O controle social é geralmente percebido na forma de processos e mecanismos colocados em prática dentro de uma sociedade para regular o comportamento com objetivo de moderar a infração das regras estabelecidas.
Entre as sociedades da África Ocidental, os "cultos mascarados" sempre desempenharam um papel significativo no controle social. Embora isso seja menos óbvio atualmente em algumas sociedades do que em outras, o poder dos "cultos mascarados" continua sendo uma força poderosa. Isso ocorre porque os mascarados ainda não foram identificados como indivíduos particulares dentro da sociedade. Sua identidade mística e a percepção de sua ligação próxima aos reinos ancestrais reduziram significativamente os preconceitos em suas operações, abrindo-os para uma ascensão espiritual ou sobrenatural por parte da população. Os "mascarados" da África Ocidental geralmente conseguem obter um extremo respeito em suas configurações tradicionais não apenas por causa de sua percepção como seres ancestrais etéreos, mas também porque acredita-se que incorporam sabedoria, força e pureza sobrenaturais, e estão acima da mesquinhez humana. Assim como as sociedades secretas, de modo geral, os "cultos mascarados" ocupavam um lugar proeminente no processo de desenvolvimento das sociedades africanas tradicionais e, através de seus modos de operação caracterizados por poderes ritualísticos, participavam de forma singular nos processos de paz, controle social e governança da sociedade.  

A posição venerada de cultos mascarados também derivou da forte crença na vida após a morte e no culto de ancestrais, que estão amplamente espalhados entre as culturas da África Ocidental. Alguns estudos sobre "Egunguns" mascarados entre os Iorubás, apontaram que os "Egunguns" são uma das formas mais singulares de manifestar os ancestrais. A força e importância do "Egungun" como um culto deriva diretamente da forte crença na vida após a morte: a morte não é o fim da vida, mas um meio pelo qual a existência terrena atual é transformada em outra. É uma passagem para além desta vida.

Entre as sociedades da África Ocidental, os "cultos mascarados" sempre desempenharam um papel significativo no controle social. Embora isso seja menos óbvio atualmente em algumas sociedades do que em outras, o poder dos "cultos mascarados" continua sendo uma força poderosa.
Embora os "cultos mascarados" da África Ocidental e seus respectivos "disfarces" servissem a diversos propósitos, eles não tinham a função primária de servir como entretenimento. Eles eram essencialmente mediadores espirituais em questões de governança e controle social. Consequentemente, muitos estudos enfatizam os costumes e a estética, as artes orais e o idioma, a psicologia, o ritual e as apresentações, e suas funções sociais ocasionais, dando interpretações parciais ao fenômeno dos "cultos mascarados". Alguns "cultos mascarados" desempenham apenas uma dessas funções, assim como o gerenciamento de promessas, a imposição de sanções, a execução de sentenças ou a arbitragem e a solução de controvérsias. O "Zangbeto", por outro lado, executa tudo isso ao mesmo tempo, ou seja, torna todos os demais mecanismos de controle, formais e informais, praticamente redundantes.

Os Zangbetos na Sociedade Ogu Contemporânea: A Manutenção da Ordem Social e a Crença em Seus Supostos Poderes Sobrenaturais


De acordo com o livro "African Indigenous Religious Traditions in Local and Global Contexts", o "Zangbeto" mantém a lei e a ordem na região de Badagry, na Nigéria, até hoje através de diversas formas. O Zangbeto preserva propriedades colocando objetos simbólicos e encantados nelas. Por exemplo, amuletos são amarrados em árvores frutíferas como a árvore-de-cola (que produz a "noz-de cola") e nas lavouras de milho como se fosse um "espantalho" para evitar que ladrões roubem em propriedades. Muitos membros da sociedade Ogu acreditam firmemente que, quem rouba da propriedade onde os "Zangbetos" protegem com seus encantos está fadado a adoecer ou até mesmo morrer. O "Zangbeto" também se envolve em questões de saneamento ambiental colocando folhas de bananeira secas em locais, onde o lixo não deve mais ser descartado, e a maioria obedece por medo de ser castigado de alguma forma. Da mesma maneira, membros do culto a Zangbeto utilizam de sacrifícios e rituais para afastar os males nas comunidades durante o surto de epidemias para apaziguar as forças destruidoras, que as pessoas acreditam serem responsáveis por tais ocorrências.

Outra função dos "Zangbetos"é satirizar os criminosos na sociedade. O trabalho envolve diversas ações de intimidação, dissuasão, descoberta e repressão. Durante o dia, os "Kregbetos" (mencionados no livro como "Kisonyitos") vão a mercados, bares, restaurantes, hotéis e feirões de venda e compra de veículos para observar os movimentos e os discursos das pessoas. Se necessário, um "Zangbeto" segue o movimento de um indivíduo suspeito de ter intenções criminosas. Qualquer ato criminoso detectado durante esse período será imediatamente relatado ao "Kogan", o supervisor ou superintendente em aspectos logísticos e cerimoniais. Se necessário, uma detenção pode ser efetuada, caso contrário, o local de descanso final do suspeito é vigiado de perto durante a noite. Os "Kregbetos" também observam o que um indivíduo diz com o objetivo de acabar com eventuais boatos e dar o feedback necessário aos governantes tradicionais.

Outra função dos "Zangbetos"é satirizar os criminosos na sociedade. O trabalho envolve diversas ações de intimidação, dissuasão, descoberta e repressão. Durante o dia, os "Kregbetos" (mencionados no livro como "Kisonyitos") vão a mercados, bares, restaurantes, hotéis e feirões de venda e compra de veículos para observar os movimentos e os discursos das pessoas.
Os "Zangbetos" também impõe uma espécie de toque de recolher nas cidades, normalmente entre às 23h e 5h da manhã do dia seguinte. Durante este período, bloqueios nas estradas são montados em locais estratégicos da cidade. Aqueles que entram ou saem da cidade são verificados periodicamente. Visitantes com intenções genuínas podem ser escoltados até seus destinos, enquanto os suspeitos de serem criminosos são detidos para prestar esclarecimentos. Além disso, uma patrulha a pé é montada na cidade. Os "Zangbetos" fazem uso de vários instrumentos para cumprir seu dever. Uma flauta é particularmente útil na solicitação da ajuda de outros "Zangbetos". Aliás, a comunicação sobre criminosos suspeitos também é transmitida através da flauta. Por exemplo, sempre que a flauta é soprada vigorosa e continuamente, é um pedido de ajuda. Outros estilos de assobio são restritos aos membros do culto. Sempre que precisam da ajuda de pessoas de fora do culto, isso se torna conhecido e as pessoas, especialmente os adultos do sexo masculino que estão armados, se juntam aos mesmos. Em uma situação como essa, geralmente a polícia é contatada. Essa parte é muito interessante, porque se encaixa perfeitamente com a origem histórica (não sobrenatural) dos "Zangbetos" e o chifre de antílope, que era usado como "trombeta" para afastar os inimigos.

É principalmente durante a noite, que as acusações e as punições são disseminadas pelos "Zangbetos". Os criminosos são presos durante o dia, e os suspeitos são "acusados" e "processados" durante o período da noite. Aqueles que são capturados à noite também são julgados antes do dia nascer. O "Zangan" lida com a maioria dos casos. Após o interrogatório, o acusado pode ser declarado culpado diante da prova apresentada, e uma multa é imposta. Aliás, o valor da multa varia com a gravidade da ofensa. O local do julgamento depende da localização do "Zangan" no momento em que o acusado for capturado. Tirando aqueles que foram capturados ou se tornaram suspeitos durante o dia, o "Zangbeto" institui justiça instantânea.

Se necessário, um "Zangbeto" segue o movimento de um indivíduo suspeito de ter intenções criminosas. Qualquer ato criminoso detectado durante esse período será imediatamente relatado ao "Kogan", o supervisor ou superintendente em aspectos logísticos e cerimoniais.
O "Zangbeto" reforça seu julgamento através da chantagem e das "maldições". Assim sendo, um acusado considerado culpado recebe um prazo para pagar a multa. Se ele falhar em agir de acordo com o julgamento dentro do período estipulado, um "Zangbeto" será colocado em sua residência. Se o culpado for inflexível, ele será chantageado em toda a região em que mora; seu crime será divulgado ao público e ele se tornará uma pessoa detestável na comunidade. Se for um caso "intratável", a pessoa será levada para a praia para ser amaldiçoada. A população de Badagry acredita no poder e na eficácia das maldições dos "Zangbetos", e isso incute um tipo de medo no coração das pessoas, e faz com que elas evitem ser amaldiçoadas por eles.

Para completar, em um artigo sobre o culto a Zangbeto, de Folasade Oyinlola Hunsu, da Universidade Obafemi Awolowo, da Nigéria, publicado em maio de 2011, a própria autora disse que seu primeiro contato com esse culto remontava a 1989, quando ela foi visitar sua futura sogra, pela primeira vez, em Badagry. Pouco antes de todos se retirarem para seus quartos durante a noite, sua futura sogra mostrou onde ficava o banheiro, que nesse caso era do lado de fora da casa. Porém, ela alertou que Folasade não deveria utilizá-lo durante esse período até o amanhecer, devido aos "Zangbetos", que eram tão poderosos, que podiam notar alguém vagando em um raio de 500 metros.

O Povo Ogu e os Espectadores das Apresentações Realmente Acreditam na Existência de um Espírito Ancestral por Baixo do "Zanho"?


A resposta para essa pergunta é um grande e sonoro "sim". Claramente, o principal objetivo das apresentações é mostrar para as demais pessoas, que existe um espírito ancestral por baixo do "zanho", tanto é que um dos pontos altos das apresentações é justamente quando é mostrado para a plateia que, aparentemente, não há ninguém no interior dos trajes. Em junho de 2014, foi publicada uma entrevista com Kirill Babaev, um conhecido linguista e etnógrafo russo, no site do "Museum of Ethnic and Traditional Headdress" ("World of Hat"),  no qual Kirill disse ter presenciado uma das apresentações dos "Zangbetos", na República do Benim. Ao descrever a cena, ele disse que chegou a levantar o "cone de palha" com uma das mãos, e percebido que não havia nada em seu interior, apesar de ter visto o mesmo girar diversas vezes, e aparentar ter alguém dentro da estrutura. Posteriormente, o "cone de palha" recomposto, teria voltado a girar novamente conforme a música ecoava.

Kirill disse que não tinha bebido e nem mesmo fumado nada, e que para os próprios africanos não havia mistério algum, ou seja, o próprio espírito do Zangbeto era o responsável por mover os "cones de palha". Segundo ele, fenômenos estranhos e sobrenaturais são inexistentes para os africanos, visto que eles "podem se comunicar diretamente com os antepassados ​​com facilidade, sem precisar de mediadores" como acontece em outros cultos ou religiões ao redor do mundo. Nesse ponto, no entanto, Kirill esqueceu completamente dos "Kregbetos", uma vez que populares não podem falar diretamente com os Zangbetos e, mesmo que pudessem, dizem que eles falam em uma "versão especial" do idioma Ogu.

Kirill disse ter presenciado uma das apresentações dos "Zangbetos", na República do Benim. Ao descrever a cena, ele disse que chegou a levantar o "cone de palha" com uma das mãos, e percebido que não havia nada em seu interior, apesar de ter visto o mesmo girar diversas vezes, e aparentar ter alguém dentro da estrutura. Posteriormente, o "cone de palha" recomposto, teria voltado a girar novamente conforme a música ecoava.
Ainda sobre a República do Benim, tivemos um interessante artigo, que foi publicado na revista alemã "Geo Magazin", e que foi republicado, em inglês, em março de 2016, no site do fotógrafo editorial Cameron Karsten, que foi o responsável pelas imagens durante a visita da equipe da revista para falar sobre Vodu. Durante uma visita a cidade de Allada (diga-se de passagem Allada foi a capital do Reino do Grande Ardra, um dos mais poderosos reinos da África Ocidental, até ter sido conquistado e incorporado ao Reino de Daomé), no departamento de Atlantique, a equipe se deparou com os "Zangbetos".

De acordo com as próprias palavras da equipe, eles assistiram aquela cultura de "outro mundo" com admiração. As pessoas se movimentavam ao redor dos "Zangbetos" e seus "assistentes" ajudavam a liberar o caminho para que os mesmos passassem. Em um determinado momento, o "cone de palha" parou, e o mesmo foi desmantelado. Para a surpresa da equipe, não havia nada dentro, exceto uma pequena cesta. Foi mencionado que somente os "Zangbetos" podiam dar a sentença de morte em um país tão desrespeitoso em relação as próprias leis quanto o Benim, mas que, de vez quando, os "Zangbetos" também agraciavam a população com presentes. Muitos esperavam, assim como a equipe, por riquezas, mas, em vez disso, havia uma dúzia de caranguejos vivos na cesta. Muitas pessoas correram desesperadas. Elas gritavam, pulavam e corriam em direções opostas. Uma vez que o vilarejo estava escondido em meio as montanhas, provavelmente a maioria jamais tinha visto um único caranguejo na vida. A maioria das pessoas estava aterrorizada. Porém, para cada "Zangbeto" que pregava "truques" na população, havia outros que gentilmente ofereciam presentes, tais como: arroz, milho, sodabi (bebida alcoólica local), gim, e cigarros, ou seja, as "necessidades básicas" da população local.

Durante uma visita a cidade de Allada (diga-se de passagem Allada foi a capital do Reino do Grande Ardra, um dos mais poderosos reinos da África Ocidental, até ter sido conquistado e incorporado ao Reino de Daomé), no departamento de Atlantique, a equipe se deparou com os "Zangbetos".
Muitos esperavam, assim como a equipe, por riquezas, mas, em vez disso, havia uma dúzia de caranguejos vivos na cesta. Muitas pessoas correram desesperadas. Elas gritavam, pulavam e corriam em direções opostas. Uma vez que o vilarejo estava escondido em meio as montanhas, provavelmente a maioria jamais tinha visto um único caranguejo na vida. A maioria das pessoas estava aterrorizada.
Apesar de muitos artigos acadêmicos indicarem direta ou indiretamente, a existência física de uma pessoa de carne e osso por baixo de traje em diversas ocasiões, a maioria das pessoas que assiste as apresentações e confia no culto a Zangbeto, acredita que realmente o espírito ancestral seja o responsável pelos movimentos e, consequentemente, por vigiar as comunidades no período da noite e madrugada. Aliás, é importante ressaltar um detalhe crucial nesse ponto. Há quem diga, que os inúmeros artigos acadêmicos de professores e doutores nigerianos em Estudos Africanos, sobre os "Zangbetos" não têm nenhum valor, porque simplesmente são membros da sociedade nigeriana, cuja maioria da população seria cristã ou muçulmana. Além disso, há quem diga, que a Nigéria seria inimiga dos seus vizinhos. Isso, infelizmente, não faz nenhum sentido quando aplicado ao objeto de estudo, e demonstra uma total e completa falta de leitura dos próprios artigos.

Se qualquer pessoa se der o trabalho de realmente ler os artigos disponíveis publicamente sobre esse assunto, assim como fiz, verá que a absoluta maioria tem uma inclinação muito favorável a existência dos "Zangbetos", uma vez que, efetivamente, eles ajudam a controlar o índice de criminalidade em diversas regiões, e em diversos países. Neste caso, não importa que haja uma pessoa ou um espírito no interior do "zanho". Ninguém, muito menos o governo, irá se importar com isso. Desde que haja ordem em meio ao caos social, e que a organização seja um pouco menos corrupta do que as forças policiais oficiais, não há porque essa discussão existir. Nenhum artigo científico ou acadêmico que consultei se preocupa com questão. Simples assim.

Os "Zangbetos" são Realmente Mais Confiáveis do que as Forças Policiais Oficiais? Existem Outras Atribuições na Sociedade por Parte dos "Zangbetos"?


Quando alguém se pergunta a razão pela qual "cones de palha" são reconhecidos pela população, como uma espécie de força comunitária de segurança, basta olhar a situação em termos de violência dos países nos quais a presença dos mesmos é mais notória, a exemplo da Nigéria (outros países serão citados, não se preocupem).

Em setembro de 2014, o site do jornal "Folha de São Paulo" publicou que, de acordo com a Anistia Internacional, a tortura e os maus tratos a presos são práticas comuns das forças de segurança da Nigéria. Segundo a entidade, que de 2007 a 2014 visitou prisões nigerianas e entrevistou pessoas que estiveram presas, os relatos de tortura no norte do país tinham aumentado consideravelmente nos cinco anos anteriores, quando começou uma operação militar de combate à milícia islâmica "Boko Haram". O número de vítimas de tortura por forças policiais e militares nesta operação era estimado entre 5.000 e 10 mil pessoas. Grande parte destas pessoas, acusadas de ter ligações com a facção, foi submetida a diversos tipos de maus tratos, como espancamento, extração de dentes e unhas, estupro e outras formas de violência sexual. Segundo o relatório, a maioria das vítimas não tinha acesso a defesa jurídica durante a detenção e muitas vezes eram obrigadas a pagar propinas para serem liberadas. Por meio de tortura, policiais extraíam confissões de crimes.

O número de vítimas de tortura por forças policiais e militares nesta operação era estimado entre 5.000 e 10 mil pessoas. Grande parte destas pessoas, acusadas de ter ligações com a facção, foi submetida a diversos tipos de maus tratos, como espancamento, extração de dentes e unhas, estupro e outras formas de violência sexual.
Entretanto, a violência policial e militar na Nigéria não acontece apenas na operação contra o Boko Haram. A prática acontece também na investigação de crimes comuns, embora a Nigéria seja signatária de tratados internacionais contra a tortura. De acordo com a Anistia Internacional, faltava à Nigéria uma lei que criminalizasse a tortura, além de investigações independentes sobre as denúncias de abusos cometidos por órgãos governamentais e outras medidas para coibir a prática.

Em junho de 2015, o alto comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Zeid Ra’ad Al Hussein, mostrou sua preocupação com os relatos de abuso de poder das forças armadas nigerianas durante suas ofensivas. Zeid explicou que sua predecessora, Navi Pillay, já tinha alertado sobre atos cometidos pelas forças de segurança contados por vítimas que ela conheceu durante sua missão ao país. Segundo os relatos, esses abusos serviram para alienar as populações locais e criar o terreno necessário para favorecer o recrutamento por parte do "Boko Haram".

Entretanto, a violência policial e militar na Nigéria não acontece apenas na operação contra o Boko Haram. A prática acontece também na investigação de crimes comuns, embora a Nigéria seja signatária de tratados internacionais contra a tortura.
Mais recentemente, em dezembro do ano passado, o site do jornal norte-americano "The New York Times" publicou uma matéria intitulada "They Fled Boko Haram, Only to Be Raped by Nigeria’s Security Forces" ("Elas Fugiram do Boko Haram, Apenas para Serem Estupradas pelas Forças de Segurança da Nigéria", em português). No texto foi contada a história de uma adolescente chamada Falmata, que teve sua vida roubada pela guerra desde a sexta série, quando ela foi sequestrada de sua casa e estuprada repetidamente pelos combatentes do Boko Haram nos três anos seguintes. Então, finalmente ela conseguiu escapar se esgueirando pelo mato, enquanto seus sequestradores dormiam.

Com apenas 14 anos de idade, e sozinha, ela chegou a um acampamento para as vítimas da guerra. Um local que deveria ser seguro após tantos anos de abusos sexuais. Ela tinha acabado de se acomodar para finalmente ter uma noite tranquila de sono, quando ouviu passos do lado de fora de sua tenda. A voz era de um oficial de segurança, que a instruiu a sair. Assustada, ela obedeceu. Falmata disse que o oficial a levou para seus aposentos, e simplesmente a estuprou. Horas depois, após retornar para sua tenda, ela foi abordada por outro oficial, que também a estuprou.

No texto foi contada a história de uma adolescente chamada Falmata, que teve sua vida roubada pela guerra desde a sexta série, quando ela foi sequestrada de sua casa e estuprada repetidamente pelos combatentes do Boko Haram nos três anos seguintes.
O estupro tem sido um verdadeiro horror na guerra contra o "Boko Haram", que dominou a região nordeste da Nigéria ao longo dos últimos anos, e se espalhou além de suas fronteiras. Pelo menos 7.000 mulheres e meninas sofreram violência sexual do "Boko Haram", segundo estimativas das Nações Unidas. Os militantes sequestram e estupram jovens meninas, adolescentes e mulheres, distribuindo-as como se fossem "noivas" que, às vezes, são passadas de combatente para combatente. Porém, tal comportamento também acontece nas Forças de Segurança da Nigéria, e não somente na guerra. Dentro das cidades, em relação a crimes comuns, praticamente ninguém confia na polícia devido aos altíssimos índices de corrupção e violência praticada pelos próprios policiais. Sinceramente, não irei entrar em maiores detalhes, porque não tenho estômago suficiente para descrever as barbaridades que são cometidas pelos policiais. Portanto, é perfeitamente compreensível que a população prefira confiar em um "cone de palha" do que um policial na Nigéria. Obviamente, nem todos os policiais são corruptos, mas diante de tanta violência, é muito difícil saber em quem confiar. Em quem você iria preferir confiar?

E não pensem, que a situação é muito diferente em países vizinhos ou relativamente próximos. Em fevereiro de 2015, uma notícia publicada no portal português "Sapo", indicava que os progressos na luta contra a violência infantil eram lentos e fragmentados na África. No texto foi mencionado o relatório de uma instituição independente africana chamada ACPf (Fórum de Políticas para a Criança Africana), onde dizia que a violência contra as crianças na África deveria ser analisada num contexto socioeconômico mais amplo, que incluía processos de urbanização, aumento da pobreza e desigualdade, fragmentação familiar e uma persistência de normas tradicionais que contradizem códigos contemporâneos de defesa dos direitos humanos. O meio escolar, polo de desenvolvimento das crianças, era um dos locais em que as mesmas estavam mais expostas a alguma forma de violência. Cerca de 92% dos alunos entrevistados no Togo, 86% de Serra Leoa, 73% do Egito, 71% de Gana, 60% do Quênia e 55% no Senegal e no Benim já tinham sido vítimas de violência de professores ou colegas. Complicado, não é mesmo?

O meio escolar, polo de desenvolvimento das crianças, era um dos locais em que as mesmas estavam mais expostas a alguma forma de violência. Cerca de 92% dos alunos entrevistados no Togo, 86% de Serra Leoa, 73% do Egito, 71% de Gana, 60% do Quênia e 55% no Senegal e no Benim já tinham sido vítimas de violência de professores ou colegas
Além disso, essa é a situação de alguns países da África Ocidental, de acordo com o Portal Consular, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, para quem deseja viajar e conhecer os mesmos. Lembrando, que a recomendação de viagem do Ministério das Relações Exteriores considera o contexto de infraestrutura, segurança e saúde, bem como a situação geral do país escolhido como destino, avaliando os riscos potenciais de uma viagem a cidadãos brasileiros.
  • Nigéria: Evitar viagens não-essenciais. Em caso de viagens essenciais, deve-se manter alto grau de cautela e evitar deslocamento ao nordeste da Nigéria ou à região do delta do Níger, por criminalidade intensa e terrorismo;
  • República do Benim: Viajar com alto grau de cautela;
  • Togo: Viajar com alto grau de cautela;
  • Gana: Viajar com alto grau de cautela.
Entretanto, essa situação nesses países não é recente. Para explicar um pouco melhor essa situação irei novamente recorrer aquele estudo realizado pelos autores Rashidi Akanji Okunola e Matthias Olufemi Dada Ojo, intitulado "Zangbeto: The Traditional Way of Policing and Securing the Community among the Ogu People in Badagry, Nigeria" ("Zangbeto: A Tradicional Forma de Policiar e Proteger a Comunidade entre o Povo Ogu em Badagry, na Nigéria", em português).

O estudo realizado pelos autores Rashidi Akanji Okunola e Matthias Olufemi Dada Ojo, intitulado "Zangbeto: The Traditional Way of Policing and Securing the Community among the Ogu People in Badagry, Nigeria" ("Zangbeto: A Tradicional Forma de Policiar e Proteger a Comunidade entre o Povo Ogu em Badagry, na Nigéria", em português).
O estudo inicialmente mencionou, fazendo uso de citações de outros estudos realizados por terceiros, que toda sociedade possui formas de garantir que seus membros mantenham as normas dentro da própria sociedade em vigor. Isso serve para evitar a ausência de normas, que pode trazer situações caóticas para a sociedade, e garantir que a paz e a ordem prevaleçam. Assim sendo, toda sociedade tem seus próprios meios de controlar os comportamentos sociais de seus cidadãos, a fim de alcançar esses objetivos desejados.

Antes dos colonialistas invadirem a terra, que mais tarde se chamaria "Nigéria", existiam sistemas tradicionais e eficazes de arbitragem e controle do crime em todas as comunidades. Havia instituições para fazer isso. Essas instituições exigiam restrições formais e informais. Restrições informais envolviam sanções, negação de fala, tabus, costumes, entre outras coisas. As formas formais envolviam leis, direitos de propriedade e constituições tradicionais não escritas. No entanto, com a introdução do sistema moderno de governo, a função de orientar e controlar as relações interpessoais na sociedade foi assumida pelo governo através dos legisladores, e dos poderes judiciário e executivo do governo, além de algumas agências de aplicação da lei, especialmente, a polícia. Infelizmente, a polícia da Nigéria vem sendo altamente criticada por várias agências de direitos humanos, por organizações comunitárias, pela imprensa e por vários acadêmicos, por sua incapacidade de conter a constante onda de crimes no país. Como resultado disso, diversos meios alternativos, assim como o uso de vigilantes, ganharam força ao longo do tempo. Entre eles podemos citar os "grupos de milícia": "Oodua People’s Congress", "Bakassi Boys", "Egbesu Boys" e "Arewa Youth Vanguard", que tentam funcionar como meios de prevenir e controlar o crime. No entanto, esses meios alternativos à polícia moderna também são caracterizados pelo uso excessivo da violência.

Como resultado disso, diversos meios alternativos, assim como o uso de vigilantes, ganharam força ao longo do tempo. Entre eles podemos citar os "grupos de milícia": "Oodua People’s Congress", "Bakassi Boys" (na foto), "Egbesu Boys" e "Arewa Youth Vanguard", que tentam funcionar como meios de prevenir e controlar o crime. No entanto, esses meios alternativos à polícia moderna também são caracterizados pelo uso excessivo da violência.
Para as cidades que não possuem "grupos de milícia", existem outros meios tradicionais de controle do crime. O Zangbeto é uma dessas forma tradicionais de controle do crime entre o povo Ogu de Badagry, na Nigéria. Segundo o estudo, o Zangbeto é um "culto mascarado", que serve o propósito de entretenimento cultural durante o dia, mas funciona como um poderoso mecanismo de policiamento e proteção da comunidade durante à noite. O estudo também analisou as possíveis maneiras de incorporar o Zangbeto em um sistema legal de controle da criminalidade na Nigéria e, especialmente, entre o povo Ogu, na comunidade de Badagry, para complementar os esforços da polícia da Nigéria, de modo a derrubar a taxa de criminalidade no país. Isso porque a polícia da Nigéria fracassou na prevenção e controle do crime. A polícia, que deveria ser executora da lei, passou a ser infratora da lei como resultado da corrupção, brutalidade e hostilidade para com os cidadãos.

Conforme dissemos anteriormente, as sociedades africanas tinham instituições que eram utilizadas na prevenção e no controle da criminalidade antes do contato com os colonialistas. Essas instituições podiam estar na forma de rituais, que prometiam segurança; poderia ser apenas um símbolo de proteção colocado em uma propriedade para proibir o roubo e a transgressão ou através de cultos que eram utilizados como sistemas de justiça política e criminal. Por exemplo, havia o culto a "Oro" no sistema político pré-colonial dos nativos iorubás, que desempenhavam essas funções. Assim sendo, o culto a Zangbeto seria apenas mais um desses cultos.

 Segundo o estudo, o Zangbeto é um "culto mascarado", que serve o propósito de entretenimento cultural durante o dia, mas funciona como um poderoso mecanismo de policiamento e proteção da comunidade durante à noite.
Segundo os autores, o estudo foi puramente empírico, e obteve resultados muito interessantes. Inicialmente, a maioria dos entrevistados considerou o Zangbeto como um importante e indispensável elemento do povo Ogu. A maioria dos entrevistados (31 de 40 pessoas) concordou fortemente, que o Zangbeto ainda permanecia muito relevante na comunidade de Badagry. A maioria dos criminosos, que geralmente eram presos pelos "Zangbetos", eram ladrões, assaltantes e, em algumas ocasiões, ladrões armados.

"Os grupos de Zangbeto foram muito úteis para nós nesta comunidade. Uma das áreas de atuação em que desfrutamos de sua prevenção e controle do crime comunitário é na área de prender os ladrões, especialmente à noite", disse um dos entrevistados.

Em algumas ocasiões, o Zangbeto foi mencionado na prevenção de casos de assalto à mão armada na comunidade.

"Ainda me lembro de alguns incidentes de assalto à mão armada no passado. Grupos de Zangbeto vieram em socorro das comunidades envolvidas e os ladrões armados foram impedidos de realizar suas operações. Então, posso dizer, com certeza, que eles realmente ajudaram as comunidades a conter o assalto à mão armada em Badagry", disse uma das entrevistadas.

"Os grupos de Zangbeto foram muito úteis para nós nesta comunidade. Uma das áreas de atuação em que desfrutamos de sua prevenção e controle do crime comunitário é na área de prender os ladrões, especialmente à noite", disse um dos entrevistados.
"Lembro-me do Sr. X que, sozinho, prendeu quatro assaltantes armados em seu bairro. Quando a polícia foi alertada sobre o assalto, eles chegaram ao local do roubo, mas depois saíram correndo, porque os ladrões estava armados. No entanto, o Sr. X, sendo um membro do grupo Zangbeto, saiu e confrontou os ladrões armados. Três dos ladrões foram presos naquele dia. O quarto foi preso no segundo dia pela intervenção de outros membros dos Zangbeto em seu bairro", disse um outro entrevistado. Essa parte é interessante, porque o Sr. X, talvez, fosse um "Kregbeto", um assistente dos "Zangbetos", ou seja, isso não quer dizer que o "cone de palha" prendeu uma pessoa armada, mas os membros do culto a Zangbeto, entenderam?

De acordo com o estudo, o "Zangbeto" e as forças do Mal não eram amigos. O "Zangbeto" teria o poder de inutilizar as operações de bruxas e feiticeiros durante a noite. Um dos entrevistados (homem, mais de 40 anos e cristão) admitiu que o "Zangbeto" podia deter o poder de bruxas e feiticeiros na comunidade. Nesse sentido, o Alto Chefe Ayemi disse que nenhum bruxa conseguia exercer sua influência, quando um "Zangbeto" estivesse fazendo sua ronda noturna. Sempre que o "Zangbeto" emanava seu som característico para anunciar a sua chegada, os poderes de bruxas e feiticeiros seriam anulados.

Ainda segundo o Alto Chefe Ayemi, um "Zangbeto" também pode ser invocado para banir determinadas pessoas "questionáveis" de uma comunidade. Nesse sentido, o nome da tal pessoa "questionável" seria repassado ao "Zangbeto" e, após sete dias de rituais, a tal pessoa sairá correndo da comunidade, porque não conseguiria resistir ao poder do "Zangbeto".

Ainda segundo o Alto Chefe Ayemi, um "Zangbeto" também pode ser invocado para banir determinadas pessoas "questionáveis" de uma comunidade. Nesse sentido, o nome da tal pessoa "questionável" seria repassado ao "Zangbeto" e, após sete dias de rituais, a tal pessoa sairá correndo da comunidade, porque não conseguiria resistir ao poder do "Zangbeto"
Um "Zangbeto" também pode ser chamado para mediar questões sobre locação de imóveis.

"Alguns inquilinos que são teimosos e problemáticos podem ser tratados com a intervenção de um Zangbeto. Se tais inquilinos se recusarem a pagar o aluguel, o Zangbeto pode ser usado para afugentar tais inquilinos teimosos e problemáticos da comunidade", disse um entrevistado.

De forma semelhante, um "Zangbeto" pode ser chamado para intervir na cobrança de dinheiro devido por pessoas na comunidade.

"O Zangbeto é um tradicional cobrador de dívidas. Um credor pode invocar o Zangbeto para intervir na cobrança de dinheiro por parte de um devedor. Então, o mesmo não não tem outra alternativa senão fazer o pagamento de tal dívida rapidamente. Assim, o conflito entre credor e devedor pode ser facilmente resolvido por um Zangbeto", disse um outro entrevistado.

Agora, vem a parte mais interessante do estudo, visto que uma das entrevistadas preferia os "Zangbetos" do que polícia da Nigéria.

 "Prefiro o Zangbeto à polícia da Nigéria. A polícia moderna na Nigéria não é confiável. Você não pode confiar neles de forma alguma. Porém, as pessoas do grupo (Zangbeto) são pessoas de boa conduta na comunidade. Nós os conhecemos e os apreciamos", disse uma entrevistada.

De acordo com o estudo, o "Zangbeto" e as forças do Mal não eram amigos. O "Zangbeto" teria o poder de inutilizar as operações de bruxas e feiticeiros durante a noite. Um dos entrevistados (homem, mais de 40 anos e cristão) admitiu que o "Zangbeto" podia deter o poder de bruxas e feiticeiros na comunidade.
O suposto poder espiritual que o "Zangbeto" possui é outra razão pela qual algumas pessoas preferem o "Zangbeto"à polícia da Nigéria.

"Prefiro o Zangbeto à polícia da Nigéria. As pessoas acreditam na força de seu poder. As pessoas os temem. Sua punição ao infrator é sentida imediatamente, não da maneira policial ou judiciária que é demorada, e muitas vezes não dá em nada", disse uma outra entrevistada.

A confiabilidade seria uma outra razão pela qual alguns dos entrevistados preferiam os "Zangbetos" do que a polícia da Nigéria. Eles admitiram que, em termos de confiabilidade e sinceridade, o grupo Zangbeto era muito melhor que a polícia nigeriana. Outro fator para preferir os "Zangbetos"à polícia da Nigéria, é que Zangbeto realizaria uma espécie de "serviço altruísta à comunidade", ao contrário da polícia da Nigéria, que geralmente era paga, na maioria das vezes, pelos serviços prestados à comunidade, além dos salários que recebiam do governo (a nossa famosa propina, se é que me entendem). Além disso, um grande número de entrevistados demonstrou o desejo, que o Zangbeto recebesse apoio legal do governo, especialmente do governo do Estado de Lagos, onde a comunidade de Badagry está situada.

"A aparência do Zangbeto geralmente provoca medo nas pessoas de mentalidade criminosa. Se os santuários a Zangbeto fossem montados em vários lugares da comunidade, os criminosos seriam lembrados das consequências de suas ações", disse um entrevistado.

Além disso, um grande número de entrevistados demonstrou o desejo, que o Zangbeto recebesse apoio legal do governo, especialmente do governo do Estado de Lagos, onde a comunidade de Badagry está situada.
Como conclusão, o estudo apontou que havia uma necessidade do governo rever algumas formas tradicionais pelas quais as responsabilidades da polícia podiam ser complementadas. Assim sendo, os autores recomendaram, que o governo estabelecesse um comitê nacional, que investigasse as formas tradicionais, que pudessem ser revividas e atualizadas para servir ao propósito de policiamento e proteção da sociedade nigeriana, uma vez que a segurança de vidas e propriedades era um grande problema a boa governabilidade do país.

Os autores também mencionaram, que queriam que essas formas tradicionais fossem legalmente reconhecidas (no sentido de oficializadas) por parte do governo. De qualquer forma, as atividades dessas formas tradicionais deviam ser monitoradas de perto pelo governo para evitar a violação de seus juramentos e códigos de conduta. O reconhecimento legal não deveria ser uma maneira de intimidar e oprimir as pessoas. As pessoas envolvidas em tal grupo tradicional de policiamento e segurança também deviam ser remuneradas. Além disso, equipamentos e instalações deviam ser fornecidos para um desempenho eficaz. No entanto, nada nesse sentido aconteceu até hoje.

Uma Força Policial Comunitária Informal com Aspiração a Milícia: Os "Zangbetos" são Realmente Tão Poderosos Assim? O Culto Realmente Não Possui Qualquer Objetivo Financeiro?


Se você acompanhou toda essa saga até esse momento, vai perceber que o culto a Zangbeto é cercado de algumas contradições, no mínimo, peculiares. Em um primeiro momento, houve que dissesse que as mulheres seriam proibidas de fazer parte do culto, passíveis, inclusive, de serem punidas com a morte. Porém, conforme vimos, as mulheres não apenas fazem parte do culto, como ocupam posições de relativo prestígio. Aliás, a própria apresentação dos "Zangbetos" valoriza os valores e a importância da mulher como provedora da vida.

Outro ponto bem contraditório é a questão dos supostos poderes sobrenaturais atribuídos aos "Zangbetos". Em primeiro lugar, é necessário questionar se um "cone de palha", circulando pelas ruas e estradas de terra de comunidades no interior da Nigéria, do Togo, do Benim ou qualquer outro país da África Ocidental, que não possua braços ou pernas "visíveis", e que esteja desarmado, seria realmente efetivo no combate a criminalidade. Do ponto de vista lógico, seria impossível. Afinal de contas, bastaria homens munidos com pedaços de madeira ou objetos perfurocortantes para fazer tremer qualquer "cone de palha", e coloca-lo para correr. Assim sendo, para coibir o crime "em nome do Zangbeto" existem os "Kregbetos", os tais assistentes que foram citados como os "guarda-costas" dos "Zangebtos". São eles que, supostamente orientados pelos "Zangbetos", realizam tais tarefas na prática. Se a situação for um pouco grave, um "Zangbeto" pode chamar outro através de uma flauta, o que implica automaticamente em mais "Kregbetos", ou seja, maior vantagem numérica. Agora, se a situação for muito grave, o culto conta com pessoas armadas, que não fazem parte do próprio culto.

Se você acompanhou toda essa saga até esse momento, vai perceber que o culto a Zangbeto é cercado de algumas contradições, no mínimo, peculiares. Em um primeiro momento, houve que dissesse que as mulheres seriam proibidas de fazer parte do culto, passíveis, inclusive, de serem punidas com a morte. Porém, conforme vimos, as mulheres não apenas fazem parte do culto, como ocupam posições de relativo prestígio.
Considerando tudo isso, se no interior do "cone de palha" está a personificação de um poderoso espírito ancestral, que não é homem ou mulher, por que o mesmo não utiliza seus poderes ancestrais para realmente anular forças do mal? Isso não acontece. Nada de paranormal ou sobrenatural é realizado, em tempo real, durante a vigilância por parte dos "Zangbetos". Na verdade, o que temos é todo um aparato de segurança para proteger, em primeiro lugar, o próprio "Zangbeto", por um motivo muito simples: existe uma pessoa de carne e osso, independentemente que esteja ou não em transe, debaixo do traje.

Para impor sua autoridade, membros do culto utilizam chantagens, pagamentos de multas e até mesmo humilhação pública para que os demais membros de uma comunidade rejeitem determinado indivíduo, ou seja, os "Zangbetos" utilizam comportamentos humanos, que não parecem ser condizentes com aquilo que se espera de espírito ancestral munido de uma sabedoria que transcende o tempo. Não encontrei nenhum relato ou testemunho credível de ninguém, que mencionasse ter presenciado algo "mágico" ou "sobrenatural", sendo realizado por parte dos "Zangbetos", exceto em suas apresentações, que são meramente artísticas.

Para impor sua autoridade, membros do culto utilizam chantagens, pagamentos de multas e até mesmo humilhação pública para que os demais membros de uma comunidade rejeitem determinado indivíduo, ou seja, os "Zangbetos" utilizam comportamentos humanos, que não parecem ser condizentes com aquilo que se espera de espírito ancestral munido de uma sabedoria que transcende o tempo.
É justamente na sequência desse questionamento inicial, que reside um ponto muito sensível e crítico. Anteriormente, foi mencionado que as apresentações dos "Zangbetos" não são seriam remuneradas, ou seja, não teriam um aspecto financeiro envolvido. Posteriormente, vimos que as pessoas, de fato, costumam dar dinheiro aos mesmos em troca de bênções. No entanto, a história não para por aí. Isso porque o culto a Zangbeto realmente possui um grande aspecto financeiro envolvido. Como isso acontece? Bem, não é tão difícil de explicar isso.

Segundo Maduabuchi F. Dukor (artigo "Philosophical Significance of Myths and Symbols: Zangbeto Cult"), o membro do povo Ogu, que desejar ser iniciado, precisar levar alguns materiais para sua iniciação, algo que varia de vilarejo para vilarejo. No vilarejo de Ajara, próximo da cidade de Badagry, seria solicitado os seguintes itens: uma garrafa de gim Ahan, ₦ 60,00 (cerca de R$ 0,57, devido a alta desvalorização da naira nigeriana), um pacote de folhas de palmeira-ráfia, lenha (para queimar à noite), um barril de vinho de palma (bebida alcoólica obtida a partir da fermentação alcoólica da seiva de várias espécies de palmeiras), e assim por diante.

Nesse ponto, podemos perceber que existe um claro interesse financeiro, e principalmente alcoólico no culto a Zangbeto. Aliás, não levem em consideração a desvalorização da moeda da Nigéria, porque não dá para comparar o estilo de vida da maior parte da população nigeriana com a brasileira, ou seja, ₦ 60,00 não é pouco dinheiro para boa parte da população.

No vilarejo de Ajara, próximo da cidade de Badagry, seria solicitado os seguintes itens: uma garrafa de gim Ahan, ₦ 60,00 (cerca de R$ 0,57, devido a alta desvalorização da naira nigeriana), um pacote de folhas de palmeira-ráfia, lenha (para queimar à noite), um barril de vinho de palma (bebida alcoólica obtida a partir da fermentação alcoólica da seiva de várias espécies de palmeiras), e assim por diante.
Aliás, não levem em consideração a desvalorização da moeda da Nigéria, porque não dá para comparar o estilo de vida da maior parte da população nigeriana com a brasileira, ou seja, ₦ 60,00 é um bom dinheiro para boa parte da população.
Contudo, o aspecto financeiro e alcoólico do culto não se resume apenas ao iniciado, mas ao pagamento das multas, que são aplicadas aos supostos infratores perante o julgamento realizado pelos próprios "Zangbetos". Ainda segundo Maduabuchi F. Dukor, se um homem bater em sua esposa, e a mesma chorar ao ponto dos seus vizinhos serem testemunhas do ocorrido, um "Zangbeto" prenderia o homem, e lhe aplicaria uma multa de ₦ 20,00 (cerca de R$ 0,19) e uma garrafa de gim.

Acredita-se que isso sirva como um "impedimento" para evitar que outros briguem com suas esposas. Nem sempre, no entanto, a multa precisa ser paga em dinheiro vivo, uma vez que, dependendo da gravidade da acusação, o pagamento consiste em uma cabra ou um porco, uma cesta de alimento a base de milho (algo semelhante a nossa polenta, e que se chama "pap"), uma bebida alcoólica fermentada de palmeira-ráfia (Ogogoro), e assim por diante. De qualquer forma, as bebidas alcoólicas marcam uma forte presença no culto a Zangbeto.

Ainda segundo Maduabuchi F. Dukor, se um homem bater em sua esposa, e a mesma chorar ao ponto dos seus vizinhos serem testemunhas do ocorrido, um "Zangbeto" prenderia o homem, e lhe aplicaria uma multa de ₦ 20,00 (cerca de R$ 0,19) e uma garrafa de gim. A foto acima demonstra o processo artesanal e precário na fabricação de gim.
Foto mostrando o processo de fabricação da um barril do vinho de palma
(bebida alcoólica obtida a partir da fermentação alcoólica da seiva de várias espécies de palmeiras).
Nem sempre, no entanto, a multa precisa ser paga em dinheiro vivo, uma vez que, dependendo da gravidade da acusação, o pagamento consiste em uma cabra ou um porco, uma cesta de alimento a base de milho (algo semelhante a nossa polenta, e que se chama "pap")...
...uma bebida alcoólica fermentada de palmeira-ráfia (Ogogoro), e assim por diante. De qualquer forma, as bebidas alcoólicas marcam uma forte presença no culto a Zangbeto.
Diante desse cenário, ou seja, de uma força policial comunitária informal com uma forte aspiração a milícia, algumas situações invariavelmente podem fugir do controle, inclusive dentro do próprio culto a Zangbeto. Nesse sentido, é muito importante acompanhar o relato publicado em um blog chamado "Nancy Frey and Bruce Yoder", de uma família de missionários da Rede de Missões Menonitas, que por sua vez é uma agência missionária da Igreja Menonita dos Estados Unidos, que opera na Nigéria, Benim e Gana.

Na publicação de 27 de janeiro de 2009, o casal de missionários estava indo para um vilarejo chamado Zanzoun, no sul da República do Benim, que era conhecido pelo desrespeito as leis do país. Eles iam visitar uma igreja formada por ex-ladrões e bandidos, que resolveram largar o crime.

Diante desse cenário, ou seja, de uma força policial comunitária informal com uma forte aspiração a milícia, algumas situações invariavelmente podem fugir do controle, inclusive dentro do próprio culto a Zangbeto. Nesse sentido, é muito importante acompanhar o relato publicado em um blog chamado "Nancy Frey and Bruce Yoder", de uma família de missionários da Rede de Missões Menonitas, que por sua vez é uma agência missionária da Igreja Menonita dos Estados Unidos, que opera na Nigéria, Benim e Gana.
Segundo o casal, Zanzoun era conhecida por duas coisas: o papel predominante do "Zangbeto", e a prática frequente de vender, de maneira fraudulenta, lotes de terra. De acordo com eles, a "instituição Zangbeto" havia surgido no vilarejo há muitos anos para fornecer proteção as propriedades durante a noite. Eles mantinham a lei e a ordem. Se alguém fosse pego cometendo um crime, ele teria que pagar uma multa. Se a pessoa não pagasse, seria punida pelo "Zangbeto". Ao longo dos anos, esses vigias noturnos se tornaram os próprios ladrões, que eles deveriam parar. Eles tinham se tornado uma força dentro da comunidade, que ninguém se atrevia a desafiar. Os "Zangbetos" saíam em seus trajes, cobertos da cabeça aos pés e, às vezes, com chifres acima da cabeça. Eles também eram acompanhados por músicos tocando seus instrumentos rítmicos e seguidos por crianças risonhas e curiosas, que mantinham uma certa distância.

No vilarejo de Zanzoun, um grupo de pessoas havia aperfeiçoado a arte de vender terras, que não lhes pertenciam (assim como acontece aqui no Brasil). Eles levavam um comprador desavisado para lhe mostrar o terreno, em seguida o levavam para um escritório falso, onde ele recebia um documento falso de propriedade do terreno em troca de seu dinheiro. Quando a pessoa finalmente descobria, que havia comprado um pedaço de papel inútil, não encontrava mais as pessoas, que venderam as terras para ele. Certo dia, no entanto, uma figura proeminente desse grupo de golpistas foi até a cidade de Porto Novo, capital do Benim, para oferecer terras para um grupo de evangelistas, que já tinham ido até Zanzoun para pregar o Evangelho. O porta-voz desse grupo disse que seu pai estava gravemente doente e hospitalizado, e que por isso precisava vender algumas terras para pagar as contas médicas do pai. Esses evangelistas disseram que não tinham interesse em comprar terras, mas que se jovem estivesse disposto a dizer onde o pai estava internado, eles iriam até o local orar por ele. Além disso, se houvesse alguma receita médica, eles estavam dispostos a pagar os medicamentos do pai do jovem e, inclusive, as despesas hospitalares. O jovem, embora golpista e que não tinha nenhum familiar doente, ficou impressionado com o fato de pessoas que nunca conheceram sua família estarem dispostas a ajudá-lo sem receber nada em troca. O jovem resolveu se converter ao Cristianismo.

Ao longo dos anos, esses vigias noturnos se tornaram os próprios ladrões, que eles deveriam parar. Eles tinham se tornado uma força dentro da comunidade, que ninguém se atrevia a desafiar. Os "Zangbetos" saíam em seus trajes, cobertos da cabeça aos pés e, às vezes, com chifres acima da cabeça. Eles também eram acompanhados por músicos tocando seus instrumentos rítmicos e seguidos por crianças risonhas e curiosas, que mantinham uma certa distância.
Depois que ele tomou essa decisão, no entanto, houve uma reação adversa. Os outros membros do vilarejo não eram a favor de perder um dos seus principais agentes no esquema de fraude imobiliária. Para piorar a situação, o jovem era um "Zangbeto", e o "cérebro" por trás de tais atividades. Até mesmo seu próprio pai se voltou contra ele. Em um determinado ponto, depois que ele não fazia mais parte de suas atividades, a gangue o acusou de fraude imobiliária, e ele foi para a prisão por vários meses. Ainda assim, o jovem permaneceu no caminho do Cristianismo.

Para finalizar, em uma manhã, Bruce Yoder estava pregando o Salmo 73, quando um "Zangbeto" desceu por um caminho que passava em frente a igreja, onde ele estava pregando. Algumas crianças saíram correndo da igreja para observar e seguir a "figura de palha". Na visão de Bruce, sem ter a menor noção do que lhes aguardava mais a frente. Evidentemente, não podemos dizer que Bruce Yoder esteja mentindo, porque ele pertence a religião "A" ou "B". Ele simplesmente relatou o que estava acontecendo em sua região de atuação. E, seu relato, demonstra claramente o envolvimento de membros do culto a Zangbeto envolvidos com práticas criminosas no sul da República do Benim. Isso não quer dizer que todos agem dessa forma, mas infelizmente a estrutura miliciana dos "Zangbetos" favorece que esse tipo de situação ocorra.

Para finalizar, em uma manhã, Bruce Yoder estava pregando o Salmo 73, quando um "Zangbeto" desceu por um caminho que passava em frente a igreja, onde ele estava pregando. Algumas crianças saíram correndo da igreja para observar e seguir a "figura de palha". Na visão de Bruce, sem ter a menor noção do que lhes aguardava mais a frente.
A maior ironia disso tudo é que inúmeros estudos apontam a forte influência que o Cristianismo e o Islamismo exerceram sobre o culto a Zangbeto, através do processo conhecido como "Transculturação". Esse processo consiste na "modificação de uma cultura primitiva resultante do contato prolongado com uma cultura mais avançada". Segundo Maduabuchi F. Dukor (artigo "Philosophical Significance of Myths and Symbols: Zangbeto Cult"), existe pouquíssima dúvida de que a estrutura da tradição do Zangbeto tenha sido afetada tanto pelo Cristianismo quanto pelo Islamismo, uma vez que os membros do culto incluem muçulmanos, e Badagry foi a porta de entrada para o Cristianismo, na Nigéria, por exemplo. Por outro lado, é notável como certas tradições permaneceram intocadas diante do "ataque cultural" proveniente de outras nações ou religiões. De qualquer forma, é muito importante destacar, que os membros do culto a Zangbeto pertencem as mais diversas religiões e crenças, e todos eles conversam entre si.

Essa questão também foi mencionada por Rhyan Thomas, um profissional que fez carreira como fotógrafo da National Geographic, que visitou mais de 120 países, e deu a volta ao mundo inúmeras vezes. Em uma publicação em seu site pessoal, em dezembro de 2015, Rhyan, que possui mais de 60 anos de idade, disse que estava no vilarejo de Hlande, no Togo, o lar da tribo "Ewe". Ele disse que estava notando muitas coisas que não havia percebido, quando esteve no mesmo vilarejo, cerca de cinco anos antes. Ele disse que as crianças do vilarejo assistiam a uma cerimônia espetacular dos chamados "Zangbetos" totalmente perplexas e com absoluto temor. Segundo ele, na mente das crianças, os mesmos deviam ser criaturas enormemente poderosas, muito sábias e capazes de grandes façanhas.

Essa questão também foi mencionada por Rhyan Thomas, um profissional que fez carreira como fotógrafo da National Geographic, que visitou mais de 120 países, e deu a volta ao mundo inúmeras vezes. Em uma publicação em seu site pessoal, em dezembro de 2015, Rhyan, que possui mais de 60 anos de idade, disse que estava no vilarejo de Hlande, no Togo, o lar da tribo "Ewe".
Ele disse que estava notando muitas coisas que não havia percebido, quando esteve no mesmo vilarejo, cerca de cinco anos antes. Ele disse que as crianças do vilarejo assistiam a uma cerimônia espetacular dos chamados "Zangbetos" totalmente perplexas e com absoluto temor.
Durante a cerimônia, os "Zangbetos" giravam e giravam, cada vez mais rápidos, sendo impedidos por seus "assistentes" de colidirem com os moradores locais e espectadores. Então, em um determinado momento, os assistentes batiam nas laterais do palheiro, antes de erguê-los para mostrar que não existia ninguém debaixo do traje. Em vez de uma pessoa, outra coisa era geralmente revelada: um jovem crocodilo (muito vivo e veloz), uma estatueta com braços em movimento, um crânio animal que comia banana ou uma bebida alcoólica. O Zangbeto usava seus "poderes mágicos" para se "transformar".

Segundo Rhyan, surpreendentemente, as práticas espirituais de 10.000 anos, nas quais a religião vodu se baseava, continham elementos similares ao Cristianismo. De acordo com ele, essa poderia ser a razão pela qual, não apenas no Togo, mas em muitas outras partes do mundo, as práticas espirituais do povo Ewe, no sul do Togo, formavam uma mistura complexa de antigas tradições culturais e o Cristianismo. Os moradores de Hlande não viam nenhum conflito em participar primeiramente de uma missa, e posteriormente participar da cerimônia. Talvez para ressaltar a relação e o reconhecimento da amálgama de práticas espirituais cristãs e vodus há muito tempo estabelecidas naquela parte do mundo, Rhyan disse que Papa João Paulo II visitou o país vizinho, a República do Benim, em 1992, para se encontrar e dialogar com os sacerdotes e anciãos Vodu. Os adeptos do Vodu viram este evento como prova de legitimidade, um sinal claro de que os voduístas têm seu lugar ao lado da fé cristã. Após a visita do Papa, o movimento Vodu ganhou força e as práticas religiosas baseadas nesse antigo culto tornaram-se mais populares. Segundo Rhyan, naquele momento, em dezembro de 2015, aproximadamente metade da população do Togo praticava religiões indígenas, sendo que os voduístas ocupavam grande parte dessa fatia.

Durante a cerimônia, os "Zangbetos" giravam e giravam, cada vez mais rápidos, sendo impedidos por seus "assistentes" de colidirem com os moradores locais e espectadores. Então, em um determinado momento, os assistentes batiam nas laterais do palheiro, antes de erguê-los para mostrar que não existia ninguém debaixo do traje. Em vez de uma pessoa, outra coisa era geralmente revelada: um jovem crocodilo (muito vivo e veloz), uma estatueta com braços em movimento, um crânio animal que comia banana ou uma bebida alcoólica. O Zangbeto usava seus "poderes mágicos" para se "transformar".
Esse relato do Rhyan Thomas é muito interesse em diversos aspectos. Em primeiro lugar, ficou claro que, durante as cerimônias, embora todo e qualquer Zangbeto possua uma espécie de "janelinha" na parte frontal do traje (algo que comentarei daqui a pouco), a pessoa que está girando debaixo do "cone de palha" perde a noção do espaço, razão pela qual existem "assistentes" para devolvê-los para o espaço destinado a apresentação. Caso contrário, os "Zangbetos" iriam invadir o espaço destinado ao público. Consequentemente, iriam cair e toda a magia seria desfeita, quando o público notasse a presença de uma pessoa no interior do traje. Imaginem a confusão que seria.

Em segundo lugar, Rhyan mencionou que o assistente batia na estrutura antes de erguê-la, ou seja, isso indica que o assistente dava uma espécie de aviso para a pessoa que estava dentro do traje, que havia chegado o "momento de se esconder". Assim sendo, mais uma vez fica claro que existe uma pessoa de carne e osso, independentemente que esteja em transe ou não, dentro do traje, e dessa vez estamos falando do Togo, não da Nigéria.

Para completar, é necessário apontar um detalhe um tanto quanto previsível. É muito provável que a pessoa no interior do traje esteja muito mais alcoolizada do que em transe. No artigo publicado na revista alemã "Geo Magazin"é mencionada a seguinte passagem:
"Com forragens de palha anormalmente largas e rodopios imprudentes, esses giradores conseguem levantar mais plumas de poeira do que o Djagli (antigo deus guerreiro, protetor das aldeias contra a bruxaria), que adora uma poeira. Gim e sodabi, cuspidos de sua boca, reluzem em sua palha, conforme o sangue fresco de galinha escorre por suas coroas. Eles se movimentam de acordo com a música. E, assim como todas as coisas Vodu, eles possuem um suprimento aparentemente infinito de energia."
Foto mostrando o engarrafamento artesanal e precário do sodabi
A passagem acima denota claramente, que também existe o consumo de bebida alcoólica no interior do "zanho" durante algumas apresentações performáticas dos "Zangbetos".

As Imagens e os Vídeos Indicando e Efetivamente Mostrando a Existência de uma Pessoa de Carne e Osso no Interior do "Zanho"!


Finalmente, vamos nos encaminhando para a parte final desta matéria, onde mostrarei a vocês que, infelizmente, existe uma pessoa de carne e osso por baixo do traje dos "Zangbetos", e que tudo não passa de um truque de ilusionismo. Já vi muita gente alegar, que seria necessário visitar essas comunidades Ogu e tirar uma foto por debaixo do traje para mostrar que realmente existe uma pessoa debaixo do mesmo. Bem, não seja por isso. Embora viajar para esses países da África Ocidental seja um tanto quanto arriscado, por inúmeros motivos, isso não quer dizer que não temos material fotográfico ou audiovisual por parte de pessoas, que simplesmente resolveram ver de perto essas tais apresentações.

Vamos começar com algo leve e falar da experiência de viagem da Nellie, uma blogueira de viagens de aventura por profissão, que nasceu em Cingapura, e decidiu se tornar uma cidadã global por opção. Em seu blog chamado "Wild Junket", ela diz que está viajando pelo mundo desde 2003, e atualmente, possui a missão de viajar por todos os países do mundo. Em novembro de 2017, ela já tinha viajado para 120 países em todos os sete continentes, sendo que existem 193 estados membros das Nações Unidas neste exato momento. Ela é praticamente um autoridade quando o assunto é viagem de aventura, e o seu material audiovisual já foi apresentado no BBC Travel, CNN, National Geographic, Lonely Planet, entre outros.

Vamos começar com algo leve e falar da experiência de viagem da Nellie (na foto), uma blogueira de viagens de aventura por profissão, que nasceu em Cingapura, e decidiu se tornar uma cidadã global por opção.
Em sua viagem para a África Ocidental, Nellie foi conferir a cultura Vodu na República do Benim. Ela disse que, em sua jornada, ela aprendeu que o vodu não era uma magia negra ou uma feitiçaria maligna como retratada em filmes de Hollywood. Na verdade, é uma das religiões mais antigas do mundo, com centenas de anos de história. Os africanos ocidentais praticam o Vodu muito antes  do Cristianismo e o Islamismo serem introduzidos naquela parte do continente. Embora uma grande porcentagem dos africanos ocidentais seja atualmente cristã ou muçulmana, muitos ainda praticam paralelamente o Vodu. Oficialmente, haveria cerca de 35% de voduístas em Benim (considerado o lar do Vodu), mas esse número pula para 65%, uma vez muitos cristãos também recorrem aos sacerdotes vodu para curar seus problemas e responder a perguntas sobre o futuro.

Para os voduístas as danças e cerimônias são uma parte importante de sua religião. Quase todo final de semana, você encontrará vilarejos rurais em Benim realizando cerimônias para despertar os espíritos e agradecer às divindades. São celebrações coloridas e vibrantes que envolvem sacrifícios de animais e muito canto, dança, batuque e gim. Graças ao seu guia Ben, da "Jolinaiko Eco Tours", ela teve o privilégio de testemunhar uma impressionante cerimônia vodu numa pequena aldeia chamada Agbannakin, perto da fronteira togolesa, e próxima da cidade costeira de Grand Popo, no sul do Benim.

Graças ao seu guia Ben, da "Jolinaiko Eco Tours", ela teve o privilégio de testemunhar uma impressionante cerimônia vodu numa pequena aldeia chamada Agbannakin, perto da fronteira togolesa, perto da cidade costeira de Grand Popo, no sul do Benim.
Ela disse que ouvia os batuques antes mesmo de atravessarem o rio para chegar à aldeia. Era alto, rápido e repleto de energia. Aldeões - jovens e velhos, homens e mulheres - se reuniam em torno do templo vudu, dançando e tocando com fervor. A energia aumentava a cada batida do tambor, conforme o Zangeto emergia. Alto e massivo, o espírito mascarado estava coberto de palha colorida, crânios de animais e penas. Ele começou a correr descontroladamente em direção aos aldeões e começou a girar em um movimento hipnótico, fazendo com que suas palhas voassem em todas as direções. Um dos moradores locais explicou a Nellie que, quando Zangbeto aparece, sua apresentação garante a proteção da aldeia contra os maus espíritos e pessoas maliciosas. O movimento giratório da máscara simbolizava a limpeza espiritual da aldeia em todas as direções.

Ela disse que ouvia os batuques antes mesmo de atravessarem o rio para chegar à aldeia. Era alto, rápido e repleto de energia. Aldeões - jovens e velhos, homens e mulheres - se reuniam em torno do templo vudu, dançando e tocando com fervor.
A energia aumentava a cada batida do tambor, conforme o Zangeto emergia. Alto e massivo, o espírito mascarado estava coberto de palha colorida, crânios de animais e penas. Ele começou a correr descontroladamente em direção aos aldeões e começou a girar em um movimento hipnótico, fazendo com que suas palhas voassem em todas as direções.
De acordo com o guia turístico, o Ben, o Zangbeto representava os espíritos não humanos. Os indivíduos mascarados pertencem a uma sociedade secreta e mantêm sua identidade escondida. Os não iniciados não sabem quem eles são. Ela disse que ficou cética no começou e permaneceu prestando atenção para ver se conseguia ter um vislumbre da pessoa por baixo do traje.

Estranhamente não parecia haver nenhum pé debaixo do traje. Eventualmente, os aldeões viraram o traje de cabeça para baixo, mas não havia ninguém. Ela admitiu que ficou um pouco assustada com a situação, mas que isso não durou muito tempo.

Estranhamente não parecia haver nenhum pé debaixo do traje. Eventualmente, os aldeões viraram o traje de cabeça para baixo, mas não havia ninguém. Ela admitiu que ficou um pouco assustada com a situação, mas isso não durou muito tempo.
Outro espírito Zangbeto emergiu e começou a correr ainda mais desordenadamente ao redor do centro poeirento da aldeia. Os batuques eram ainda mais altos, e o moradores estavam dançando mais energicamente do que antes. Depois que o Zangbeto fez seus giros, alguns jovens aldeões o agarraram e o viraram de cabeça para baixo, desta vez revelando um pequeno caixão. Nellie disse que espantou com a visão de um caixão, esperando que não houvesse um cadáver dentro do mesmo.

Quando quatro homens abriram a tampa do caixão, um esqueleto de brinquedo de plástico (embora pareça ser feito de cerâmica) surgiu e lhe surpreendeu. Era um daqueles brinquedos de Halloween, que os americanos usariam na varanda de suas casas. Porém, o mesmo estava desempenhando um papel em uma cerimônia religiosa na zona rural da República do Benim. Nellie não sabia se ria diante do absurdo da situação ou se desaprovava o modo como as pessoas estavam sendo manipuladas pelo vodu. A dança e os batuques continuaram, com os espíritos de Zangbeto revelando objetos mais estranhos e obscuros sob suas máscaras. Um fetiche gigante (uma figura de argila com um pênis gigante), um pote de incenso e até mesmo uma figura de um homem árabe e seu bule de chá.

Quando quatro homens abriram a tampa do caixão, um esqueleto de brinquedo de plástico (embora pareça ser feito de cerâmica) surgiu e lhe surpreendeu. Era um daqueles brinquedos de Halloween, que os americanos usariam na varanda de suas casas. Porém, o mesmo estava desempenhando um papel em uma cerimônia religiosa na zona rural da República do Benim. Nellie não sabia se ria diante do absurdo da situação ou se desaprovava o modo como as pessoas estavam sendo manipuladas pelo vodu.
A dança e os batuques continuaram, com os espíritos de Zangbeto revelando objetos mais estranhos e obscuros sob suas máscaras. Um fetiche gigante (uma figura de argila com um pênis gigante), um pote de incenso e até mesmo uma figura de um homem árabe e seu bule de chá.
Nellie perguntou ao Ben o que os objetos representavam, e ele explicou de uma maneira trivial:  "Eles mostram os poderes mágicos do espírito Zangbeto". Resumindo? Todos aqueles objetos de madeira e plástico, que seriam normalmente usados no Halloween, nos Estados Unidos, eram a demonstração do "poder do Zangbeto". A visita de Nellie demonstra claramente que os objetos deixados pelo suposto "espírito ancestral" são bem mundanos e passíveis de serem fabricados localmente (como no caso do caixão de madeira) ou comprados em uma "loja de artigo de festas". Nada sobrenatural.

Entretanto, uma das melhores visitas, sem dúvida alguma foi de Gerald Hoedl, professor de Estudos Religiosos na Universidade de Viena e em Estudos Culturais na Universidade Humboldt, em Berlim. Em setembro de 2009, ele publicou em seu blog chamado "Culture & Religion" um relato de sua viagem ao Togo e a República do Benim.

Naquilo que chamou de "viagem de estudo", que ele fez com alguns estudantes realmente simpáticos, seu bom amigo Sewa Serge Sousthene Agbodjan-Prince e alguns bons cidadãos da Áustria até mesmo acima de sua idade, ele inicialmente citou, que a página do Museu Histórico de Abomey, em Benim, advertia o turista estrangeiro que, "em algumas áreas da cidade, as sociedades secretas chamadas 'Zangbeto' estavam encarregadas da segurança da meia-noite às 5h manhã. Portanto, os turistas não deviam sair sem seus documentos de identidade após a meia-noite, ou então sair com um iniciado." Ele também mencionou que os "Zangbetos eram representados por pessoas cobertas por uma máscara". Gerald publicou algumas fotos de "Zangbetos", que ele tirou no dia 8 de setembro de 2009, sendo que um, inclusive, estaria "andando sobre as águas".

Gerald publicou algumas fotos de "Zangbetos", que ele tirou no dia 8 de setembro de 2009...
...sendo que um, inclusive, estaria "andando sobre as águas"
No Benim e no Togo existe uma crença generalizada de que não há ninguém sob a máscara, mas que a armação "vazia"é empoderada por um espírito (uma pessoa lhe disse, que os iniciados estavam usando os espíritos dos recém-falecidos para desempenhar as tarefas). Aliás, havia explicações em abundância para isso, assim como de uma leiga católica em Lomé, que contou para Gerald que, na verdade, havia uma pessoa sob a máscara, mas que não era possível vê-la devido a um feitiço dos sacerdotes do culto a Zangbeto. Seja como for, um vigia noturno considerado como um espírito parecia ser mais eficaz do que um ser humano cumprindo essas tarefas relacionadas ao vigilantismo.

Depois de muitas negociações, Gerald conseguiu convencer, "financeiramente falando", um informante em Ouidah para conseguir assistir algumas iniciações relacionadas culto a Zangbeto. Nesse sentido, ele publicou dois vídeos bem curtinhos em seu canal no YouTube. Gerald disse que o primeiro mostrava um surpreendente senso de equilíbrio, e que não havia nada debaixo do traje:



O segundo vídeo também seria igualmente misterioso:



Nesse momento, vocês podem pensar que Gerald mostrou para as pessoas que os trajes seriam realmente manipulados por um espírito ancestral, não é mesmo? Porém, não foi bem isso que aconteceu alguns dias depois, no início de outubro de 2009, quando ele voltou a publicar outras fotos de sua viagem, que foram tiradas em 12 de setembro daquele ano. As fotos pertenciam a um membro do grupo chamado Erich Konecky. Abaixo, vocês podem conferir membros do grupo, que não temeram tocar no "espírito" ou não mostraram respeito suficiente para ficar longe dele, respectivamente:

Acima vocês podem conferir membros do grupo, que não temeram tocar no "espírito"
ou não mostraram respeito suficiente para ficar longe dele, respectivamente.
Gerald questionou como uma pessoa estaria girando, mantendo a si mesmo a "pesada" estrutura em equilíbrio. Porém, aqui mora um pequeno problema, porque o traje tem apenas uma "aparência pesada", mas ele é bem leve. Basta lembrar do etnógrafo russo Kirill Babaev, que relatou ter tido o privilégio de erguer a estrutura, algo que fez usando apenas uma das mãos.

Gerald questionou como uma pessoa estaria girando, mantendo a si mesmo a "pesada" estrutura em equilíbrio.
Porém, aqui mora um pequeno problema, porque o traje tem apenas uma aparência pesada, mas ele é bem leve. Basta lembrar do etnógrafo russo Kirill Babaev, que relatou ter tido o privilégio de erguer a estrutura, algo que fez usando apenas uma das mãos.
Tudo o que vemos na apresentação é uma encenação, assim como aquela quantidade de homens segurando de forma displicente o traje como se o mesmo fosse pesado, sendo que ele é bem leve. A última foto publicada por Gerald, no entanto, mostra perfeitamente, que existe uma pessoa debaixo do traje. É possível notar que existe uma pessoa camuflada debaixo do mesmo.

A última foto publicada por Gerald, no entanto, mostra perfeitamente, que existe uma pessoa debaixo do traje. É possível notar que existe uma pessoa camuflada debaixo do mesmo.
De qualquer forma, um dos elementos mais gritantes, e que mostram claramente que estamos diante de um truque de ilusionismo, é uma espécie de "janelinha", que todo e qualquer Zangbeto possui em maior ou menor grau, justamente na área frontal do traje, e na altura da cabeça de um ser humano normal. Algumas "janelinhas" são mais perceptíveis do que outras, mas todas possuem um meio de contato visual e frontal com o meio externo. Aliás, os "Zangbetos" sempre caminham justamente na direção de onde essa "janelinha" está apontada. A questão é: Um poderoso espírito ancestral precisaria mesmo "enxergar" por uma janelinha para saber em qual direção caminhar ou seguir? Ironicamente, apesar da "janelinha", muitos "Zangbetos" ficam meio que desorientados de tanto girar e devido ao consumo de bebida alcoólica no interior do traje, razão pela qual vemos muitos tropeçando ou então avançando em direção aos espectadores. Enfim, a "janelinha" também teria a função de fornecer um espaço livre para a respiração e comunicação verbal da pessoa que está no interior do traje.

É praticamente impossível não associar isso a famigerada tábua Ouija. O motivo? Bem, a paranormalidade da tábua Ouija estaria no fato de que um espírito, maligno ou não, seria o responsável por mover o indicador, que nesse caso poderia ser um copo ou uma tampinha de garrafa (não importa o objeto, desde que deslize facilmente). Porém, no especial que escrevi sobre a tábua Ouija mostrei um experimento bem documentado, que qualquer um pode repetir inúmeras vezes em casa. Se os participantes estiverem vendados praticamente nenhuma palavra consegue ser formada, quiçá uma frase que faça sentido. Assim sendo, se a alegação era que um espírito seria o responsável pelo movimento, por qual motivo a tábua Ouija se torna completamente inútil? O mesmo se aplica aos Zangbetos. Se a "janelinha" ou qualquer outro espaço destinado ao contato visual externo fosse tampado, com certeza teríamos um espetáculo muito confuso, com os "Zangbetos" totalmente descontrolados.

Confira abaixo alguns exemplos de Zangbetos, sendo que a maioria das fotos foram tiradas em vilarejos da República do Benim.

De qualquer forma, um dos elementos mais gritantes, e que mostram claramente que estamos diante de um truque de ilusionismo, é uma espécie de "janelinha", que todo e qualquer Zangbeto possui em maior ou menor grau, justamente na área frontal do traje, e na altura da cabeça de um ser humano normal.
Algumas "janelinhas" são mais perceptíveis do que outras,
mas todas possuem um meio de contato visual e frontal com o meio externo.
Aliás, os "Zangbetos" sempre caminham justamente na direção de onde essa "janelinha" está apontada. A questão é: Um poderoso espírito ancestral precisaria mesmo "enxergar" por uma janelinha para saber em qual direção caminhar ou seguir?
Ironicamente, apesar da "janelinha", muitos "Zangbetos" ficam meio que desorientados de tanto girar e devido ao consumo de bebida alcoólica no interior do traje, razão pela qual vemos muitos tropeçando ou então avançando em direção aos espectadores
A "janelinha" também teria a função de fornecer um espaço livre para a respiração e comunicação verbal
da pessoa que está no interior do traje.
Se a "janelinha" ou qualquer outro espaço destinado ao contato visual externo fosse tampado, com certeza teríamos um espetáculo muito confuso, com os "Zangbetos" totalmente descontrolados.
Mais uma foto mostrando a "janelinha" que os Zangbetos possuem.
Outra foto mostrando a "janelinha" que os Zangbetos possuem.
E, finalmente, uma foto mostrando alguns tipos bem estranhos de Zangbetos,
mas que também possuem a tal "janelinha" justamente na altura que ficaria a cabeça de uma pessoa no interior do traje.
Nesse ponto, algumas pessoas até mesmo poderiam dizer que, havendo uma pessoa no interior do traje, a mesma deixaria marca de pegada no chão de terra empoeirado. Porém, essas mesmas pessoas se esquecem de um pequeno detalhe: as palhas do traje do "Zangbeto" raspam consideravelmente contra o solo, funcionando como uma espécie de escova. Assim sendo, qualquer marca de pegada ou rastro deixado por uma pessoa é imediatamente "varrido" conforme o "Zangbeto" gira ou caminha.

Nesse ponto, algumas pessoas até mesmo poderiam dizer que, havendo uma pessoa no interior do traje, a mesma deixaria marca de pegada no chão de terra empoeirado. Porém, essas mesmas pessoas se esquecem de um pequeno detalhe: as palhas do traje do "Zangbeto" raspam consideravelmente contra o solo, funcionando como uma espécie de escova.
Outro detalhe fundamental, que podemos notar ao assistir aos inúmeros vídeos disponíveis sobre "Zangbetos" no YouTube, é que os "Zangbetos" se locomovem perfeitamente de acordo com a biomecânica da locomoção humana, ou seja, eles caminham exatamente da forma que uma pessoa caminharia ou se locomoveria, usando duas pernas de carne e osso.

É possível notar isso claramente no vídeo publicado no canal "Wendy Ma", denominado "West African Spirit Zangbeto Bewitches Beninese Funeral", no YouTube (a partir de 0:19 de vídeo):



O vídeo acima teria sido gravado no vilarejo de Avrankou, na República do Benim, e mostra um "Zangbeto" fora do contexto de suas apresentações para o público. É possível notar perfeitamente, como o traje se movimenta exatamente com a mesma dinâmica de uma pessoa de carne e osso, sendo que, inclusive, também é possível notar em diversos momentos dois pés logo abaixo do traje. Basta apenas prestar um pouco de atenção.

Já no vídeo intitulado "BENIN - An Elder Zangbeto Fetish Died", publicado no canal "lagoyave", em outubro de 2007, no YouTube, podemos ver uma situação, no mínimo, muito inusitada. A partir de 0:41, notamos o que seriam dois "Kregbetos" colocando frontalmente os rostos contra a "janelinha" do traje de dois "Zangbetos", como se estivesse conversando com os mesmos.



Nesse ponto, muitos podem alegar que a conversa entre o "Kregbeto" e o "Zangbeto" seria em uma versão especial do idioma Ogu, conforme já citado anteriormente. Essa hipótese, apesar de válida, não explica absolutamente nada o que viria a seguir.

Nesse ponto, muitos podem alegar que a conversa entre o "Kregbeto" e o "Zangbeto" seria em uma versão especial do idioma Ogu, conforme já citado anteriormente. Essa hipótese, apesar de válida, não explica absolutamente nada o que viria a seguir.
Isso porque, conforme estamos cansados de saber, a alegação de muitos daqueles que propagam que o "Zangbeto"é um exemplo de "alta magia africana"é que não existe nenhuma pessoa de carne e osso por baixo do traje. No entanto, a partir de 1:20, podemos ver dois "Zangbetos" aparentemente conversando através de suas "janelinhas". Isso é o que podemos supor, é claro.

No entanto, a partir de 1:20, podemos ver dois "Zangbetos" aparentemente conversando através de suas "janelinhas".
Isso é o que podemos supor, é claro
Esse detalhe é muito curioso, porque se formos considerar que existe a manifestação de um espírito ancestral no interior do traje, por qual razão ele precisaria se comunicar com ele mesmo através de uma "janelinha" de um outro traje? Aliás, mesmo que considerássemos, que são pessoas de carne e osso em transe, ou seja, possuídas pelo espírito ancestral Zangbeto isso não faria sentido nenhum, visto que a comunicação verbal entre ambos os trajes seria complemente desnecessária em se tratando do mesmo espírito ancestral.

Então, a partir de 3:57 podemos ver o que seria o "backstage" da apresentação dos "Zangbetos", que é o momento em que as estruturas se recolhem. Podemos observar diversas pessoas envolvidas no evento muito alegres, festivas e bebendo, muito provavelmente álcool. Quase um minuto depois, em 4:48 vemos um "Zangbeto" girando sem parar, até que ele para, e segue em direção justamente para onde a "janelinha" aponta. Isso denota claramente, que o "Zangbeto" se orienta através das janelinha, como se precisasse ver o caminho.

Quase um minuto depois, em 4:48 vemos um "Zangbeto" girando sem parar, até que ele para, e segue em direção justamente para onde a "janelinha" aponta. Isso denota claramente, que o "Zangbeto" se orienta através das janelinha, como se precisasse ver o caminho. Isso também não condiz com a ação esperada por parte de um espírito ancestral. Aliás, na sequência, o "Zangbeto" ainda chega a esbarrar e tropeçar em uma pessoa. Enfim, acredito que não é necessário mais nada em relação a esse vídeo.
Isso também não condiz com a ação esperada por parte de um espírito ancestral. Aliás, na sequência, o "Zangbeto" ainda chega a esbarrar e tropeçar em uma pessoa. Enfim, acredito que não é necessário mais nada em relação a esse vídeo.

Kumpo: Uma Estrutura Mascarada Semelhante ao Zangbeto, Porém Não é um Zangbeto e nem Pertence a Mesma Cultura!


Durante minha pesquisa, me deparei com mais uma situação inusitada. Muitos sites e vídeos no YouTube citam uma figura chamada "Kumpo", como se o mesmo fosse um Zangbeto, e alegam que seria impossível existir uma pessoa no interior do mesmo. Bem, primeiramente, temos fortes indícios de que também há uma pessoa no interior do "Kumpo". Em segundo lugar, o "Kumpo" não é exatamente um Zangbeto e nem mesmo pertenceria a cultura Ogu, ou seja, a princípio não teria nada a ver com essa matéria. Não irei me estender muito sobre o mesmo, mas acredito que seja importante que vocês o conheçam.

Durante minha pesquisa, me deparei com mais uma situação inusitada. Muitos sites e vídeos no YouTube citam uma figura chamada "Kumpo", como se o mesmo fosse um Zangbeto, e alegam que seria impossível existir uma pessoa no interior do mesmo
Lembram que eu disse que existem diversos cultos mascarados na África Ocidental? Pois bem, o "Kumpo"é mais um deles, assim como o "Zangbeto". Nesse caso, o "Kumpo"é uma figura tradicional na mitologia do povo Diola, em Casamansa (em francês, "Casamance"), uma região do Senegal localizada ao sul da Gâmbia e ao norte da Guiné-Bissau, cortada pelo rio Casamansa. Portanto, apesar de compartilhar uma certa semelhança estrutural e ocupacional não é um Zangbeto e não pertence a cultura Ogu.

Identificá-lo é bem simples, visto que o mesmo utiliza um traje composto por folhas de palmeira secas (geralmente na cor "bege" ou cor de "palha") e usa um pedaço de pau ou um bastão de madeira pontiagudo na altura da "cabeça". No início da dança, uma jovem mulher amarra uma bandeira colorida no "bastão". Então, o "Kumpo" inicia sua apresentação que pode durar vários minutos. Assim como o "Zangbeto", dizem que o mesmo fala uma linguagem secreta particular, e se comunica através de um intérprete com os espectadores.

Identificá-lo é bem simples, visto que o mesmo utiliza um traje composto por folhas de palmeira secas (geralmente na cor "bege" ou cor de "palha") e usa um pedaço de pau ou um bastão de madeira pontiagudo na altura da "cabeça".
O "Kumpo" encoraja a comunidade a agir como boas pessoas. Ele promove a participação de todos na vida da comunidade, e deseja que todos desfrutem da festa. Não participar da festa seria visto como um comportamento antissocial. Ninguém teria o direito de ficar sozinho. Segundo a tradição, o Kumpo não seria uma pessoa, mas uma espécie de "fantasma". Ele não deve ser tocado, sendo considerado até mesmo um sacrilégio olhar para as folhas de palmeira. Ele se defenderia contra os intrusos com seu bastão apontando e perfurando os inimigos.

Assim sendo, podemos notar que, assim como ocorre com os "Zangbetos", o propósito do culto mascarado a Kumpo seria proteger as aldeias de forças sobrenaturais malignas, e coordenar os trabalhos das comunidades. Além disso, de acordo com o site "Access Gambia", o Kumpo protegeria os homens durante os rituais de circuncisão, quando se acredita que estão mais vulneráveis.

No início da dança, uma jovem mulher amarra uma bandeira colorida no "bastão".
Então, o "Kumpo" inicia sua apresentação que pode durar vários minutos. Assim como o "Zangbeto" dizem que o mesmo fala uma linguagem secreta particular, e se comunica através de um intérprete com os espectadores.
De qualquer forma, o "Kumpo", assim como os "Zangbetos", não é um exemplo de "alta magia africana". Além da confusão que é feita por diversos sites e vídeos no YouTube, muitos insistem em dizer, que seria impossível haver uma pessoa de carne e osso dentro do "Kumpo". Será mesmo? Bem, vamos conferir um vídeo intitulado "Danses des Masques", que foi publicado pelo canal "adjicoly1", no YouTube:



Inicialmente, no vídeo, é possível ver o "Kumpo" caminhando exatamente da forma como uma pessoa de carne e osso faria e, pouco tempo depois, ele apoia o pedaço de pau, que mais parece com um bastão de madeira ou um cabo de vassoura (embora aparentemente simbolize uma espécie de "chifre"), e começa a girar para diversos lados, sempre mantendo o bastão como eixo de equilíbrio.

Obviamente, a apresentação pode impressionar aqueles que se encantam com a beleza do espetáculo. Porém, notem que o "Kumpo" sempre mantém uma parte do corpo, nesse caso as pernas e os pés em contato com o chão. Infelizmente, não existe nenhum vídeo disponível na internet, que mostre um "Zangbeto" ou um "Kumpo" flutuando no ar ou fazendo apresentações realmente inexplicáveis ou sobrenaturais. O mesmo acontece nesse outro vídeo intitulado "Danses des masques: Kumpa", publicado no canal "FADOUM", no YouTube:



Caso alguém tivesse alguma dificuldade em notar que existem "duas pernas" e "dois pés", de uma pessoa de carne e osso, debaixo do traje, bastaria acompanhar um outro vídeo disponibilizado por um usuário chamado "Patato sanchez", intitulado "Kumpo masque sacré de Casamance. Boukout 2016", no YouTube, que foi publicado intencionalmente em câmera lenta. Estranhamente, no entanto, o mesmo foi colocado em "modo privado" entre os dias 24 e 25 de abril deste ano, durante a realização desta matéria.

Em diversos momentos desse último vídeo, era possível notar perfeitamente os pés do "Kumpo" denotando que sim, existe uma pessoa de carne e osso no interior do traje, ao contrário do que tentam alegar na internet.

Em diversos momentos desse último vídeo, em câmera lenta, é possível notar perfeitamente os pés do "Zangbeto" denotando que sim, existe uma pessoa de carne e osso no interior do traje, ao contrário do que tentam alegar por aí.
De qualquer forma, o fato do vídeo anterior ter sido colocado em "modo privado", acabou me chamando a atenção para outro vídeos e suas particularidades. Assim sendo, confira os vídeos "Kumpo for Big Bang Festival" e "kumpo TIRAW agnack", que foram publicados por canais de terceiros, no YouTube:





No vídeo "Kumpo for Big Bang Festival"é possível ver nitidamente como um "Kumpo" anda e se movimenta da mesma forma que um ser humano comum, e exatamente igual as pessoas de carne e osso que o acompanham. Já no vídeo "kumpo TIRAW agnack" podemos ver nitidamente que o traje do Kumpo possui duas camadas de comprimentos bem diferentes. Enquanto uma primeira camada fica mais rente ao corpo da pessoa, que utiliza o traje, existe uma segunda camada de longas folhas secas que fica presa praticamente na parte superior da cabeça. É justamente essa segunda camada que, ao ser girada, perfaz todo o hipnótico movimento do "Kumpo". Além disso, a parte do "chifre" está localizada em uma espécie de "franja", sendo que a pessoa que está por baixo do traje precisa impulsionar para frente e então apoiá-lo contra o solo.

Já no vídeo "casamance 2009 fete diola", principalmente a partir dos 0:46 de vídeo, que o "Kumpo" claramente possui duas pernas. No decorrer do vídeo também fica evidente as duas camadas do traje do "Kumpo":



Se alguém tiver muita disposição e paciência para assistir as inúmeras apresentações, também irá encontrar diversos pontos, onde é possível ver a presença de pernas e pés das pessoas que estão no interior dos trajes. Esses são alguns exemplos de fotos ou trechos de vídeos, em que pessoas na internet encontraram tais detalhes:

Se alguém tiver muita disposição e paciência para assistir as inúmeras apresentações, também irá encontrar diversos pontos, onde é possível ver a presença de pernas e pés das pessoas que estão no interior da estrutura mascarada, tanto de um Kumpo, quanto de um Zangbeto.
Ah, quase ia me esquecendo, o Kumpo também possui a famosa "janelinha", assim como os Zangbetos, porém ela é menor e bem mais disfarçada para que as pessoas acreditem que seja um traje contínuo e massivo de folhas de palmeira secas.

Na foto acima podemos ver nitidamente a "janelinha" no traje do "Kumpo",
e a divisão entre as duas pernas de uma pessoa de carne e osso por baixo do traje.
Enfim, espero que tudo tenha ficado claro até esse momento.

Os "Zangbetos" Podem Andar Sobre as Águas ou Pilotar Motos?


Para encerrar essa matéria, ainda precisamos comentar sobre dois questionamentos muito comuns na internet. A primeira é a alegação de que os "Zangbetos" teriam o poder de "andar sobre as águas". Bem, não existe nenhum vídeo na internet, ao menos não disponível publicamente, que eu tenha sido capaz de pesquisar, que apareça um Zangbeto andando, caminhando ou flutuando diretamente em mar aberto, no meio de um lago ou em um corpo d'água mais profundo, por assim dizer.

Existe um vídeo no YouTube, intitulado "Makoko Masquerade Walks on Water", onde é possível ver um "Zangbeto" apoiado em uma espécie de "estrado de madeira", "cortiça" ou algum outro material, capaz de flutuar e suportar um determinado peso sobre o mesmo.



Em nenhum momento o "Zangbeto" anda, ele permanece parado e "sacode" algumas vezes, sendo que é difícil determinar se alguém está fisicamente chacoalhando a estrutura do outro lado da imagem ou não. Isso também demonstra, mais uma vez, que essas estruturas costumam ser bem leves, assim como aqueles que estão em seus interiores.

Também no YouTube, é possível conferir a chegada de um Zangbeto até o vilarejo de Possotomé, que fica às margens do Lago Ahémé, o segundo maior da República do Benim. Esse vídeo tem pouco mais de três minutos, porém é importante que vocês assistam o mesmo até o fim (irei comentar rapidamente sobre o mesmo a seguir):



No início do vídeo, podemos ver uma série de "Zangbetos" sendo levados de barco, provavelmente através do próprio Lago Ahémé. É justamente nesse ponto, que temos o primeiro questionamento. Se estamos falando de um espírito ancestral extremamente poderoso, porque é preciso que o mesmo seja transportado de barco? Existem diversos vídeos e fotos espalhadas na internet, que mostram os "Zangbetos" sendo transportados tranquilamente em embarcações.

No início do vídeo, podemos ver uma série de "Zangbetos" sendo levados de barco, provavelmente através do Lago Ahémé, o segundo maior lago do Benim. É justamente esse o primeiro questionamento. Se estamos falando de um espírito ancestral extremamente poderoso, porque é preciso que o mesmo seja transportado de barco?
Então, a partir de 1:47, vemos um "Zangbeto" sozinho no meio do Lago Ahémé. Porém é muito importante notar que existe uma estrutura, aparentemente de madeira, embaixo do mesmo. Esse detalhe é bem interessante, porque sua movimentação é extremamente lenta. A razão para isso é que não é nenhum espírito ancestral, que move o mesmo, mas a força dos ventos, que por sua vez "empurram" as águas do lago para uma determinada direção e, consequentemente, o próprio "Zangbeto" e sua estrutura subjacente.

Então, a partir de 1:47, vemos um "Zangbeto" sozinho no meio do Lago Ahémé. Porém é muito importante notar que existe uma estrutura, aparentemente de madeira, embaixo do mesmo.
Mais detalhes do "Zangbeto" e a estrutura, aparentemente de madeira, embaixo do mesmo.
Posteriormente, populares puxam aquele "estrado de madeira" para mais próximo da margem, juntamente com a estrutura mascarada. Em seguida, galinhas são sacrificadas e o sangue das mesmas é derramado sobre os chifres do "Zangbeto". Ao final de todo o processo, o "estrado de madeira"é retirado e o "Zangbeto" ganha vida, por assim dizer, seguindo seu caminho em terra firme.

Posteriormente, populares puxam aquele "estrado de madeira" para mais próximo da margem,
juntamente com a estrutura mascarada.
Em seguida, galinhas são sacrificadas e o sangue das mesmas é derramado sobre os chifres do "Zangbeto".
Ao final de todo o processo, o "estrado de madeira"é retirado e o "Zangbeto" ganha vida, por assim dizer,
seguindo seu caminho em terra firme.
Novamente, em nenhum momento, o "Zangbeto"é visto no meio de um lago, do mar ou de um corpo d'água, que tenha uma certa profundidade, sem que haja qualquer tipo de suporte abaixo do mesmo, denotando, portanto, que o "Zangbeto" não tem nenhum poder sobrenatural relacionado a "andar sobre as águas".

Já em uma outra foto, já postada anteriormente nesta matéria, aparece um Zangbeto em corpo d'água, porém é possível notar que a profundidade é bem baixa. Uma vez que a estrutura interna é oca, mesmo contendo uma pessoa, ainda assim sobram alguns bolsões de ar, permitindo boa parte da estrutura boiar na água, enquanto uma pessoa caminha tranquilamente por baixo da mesma até finalmente chegar em terra firme.

Em uma outra imagem, já postada anteriormente nesta matéria, aparece um Zangbeto em uma espécie de córrego, porém é possível notar que a profundida é bem baixa, ou seja, uma fez que a estrutura interna é oca, mesmo contendo uma pessoa ainda assim sobram alguns bolsões de ar, que permitem boa parte da estrutura boiar na água, enquanto uma pessoa caminha tranquilamente por baixo da mesma até a superfície
Para terminar de vez esta matéria, existem algumas apresentações em que os "Zangbetos" andam de moto. Sim, exatamente isso que você leu. Provavelmente, alguém, em algum momento, achou que essa seria uma ideia interessante, e assim a executou. Apesar de não ter encontrado nenhum vídeo nesse sentido, existem inúmeras fotografias, que demonstram tal apresentação:

Para terminar de vez esta matéria, existem algumas apresentações em que os "Zangbetos" andam de moto. Sim, exatamente isso que você leu. Provavelmente, alguém, em algum momento, achou que essa seria uma ideia interessante, e assim a executou.
Apesar de não ter encontrado nenhum vídeo nesse sentido, existem inúmeras fotografias,
que demonstram tal apresentação.
Mais uma foto mostrando um "Zangbeto" andando de motocicleta.
Repararam em um detalhe muito interessante nas apresentações motorizadas dos "Zangbetos"? Os trajes, como sempre, possuem as famosas "janelinhas". É extremamente provável, que o "Zangbeto" causaria um grande acidente caso não conseguisse ver para onde está indo, ou seja, não é um espírito ancestral, que resolveu se modernizar e se locomover de moto pelas comunidades da África Ocidental.

Resumindo? Tudo indica que as apresentações dos Zangbetos são meros truques de ilusionismo, que fogem totalmente ao seu propósito original, sendo que sempre haveria uma pessoa por baixo do traje. Não há nenhum indício de sobrenaturalidade, paranormalidade ou evidências de quaisquer ações inexplicáveis ou provocadas por supostos espíritos ancestrais. A melhor hipótese para quem ainda quiser acreditar na "alta magia africana", pelo menos em relação aos "Zangbetos" e ao "Kumpo", que nem era objeto desta matéria, seria se apoiar na ideia de que haveria uma pessoa de carne e osso em transe, ou seja, possuída pelo espírito ancestral. Porém, essa ideia, conforme já vimos exaustivamente ao longo desta matéria, possui inúmeros problemas, e não se encaixa em muito daquilo que é apresentado nos vídeos.

Comentários Finais


Para iniciar e perfazer boa parte deste comentário final, gostaria de usar as palavras de uma ex-voluntária chamada Katie do Peace Corps ("Corpo de Paz", em português), que por sua vez é programa de voluntariado coordenado pelo governo dos Estados Unidos. A missão declarada do Corpo da Paz inclui fornecer assistência técnica, ajudar pessoas fora dos Estados Unidos a entender a cultura americana e ajudar os americanos a entender as culturas de outros países. Katie lecionou inglês em algumas comunidades do Benim, entre 2012 e 2014, e de vez em quando publicava suas experiências em um blog. Ela sempre fez questão de dizer, que seus textos não refletiam a opinião, os valores ou crenças do Peace Corps, mas apenas dela própria. Assim sendo, em 13 de junho de 2013, ela publicou um texto dizendo que era difícil escrever sobre religião, especialmente quando não é a sua religião. Ainda mais quando é uma religião sobre a qual a maioria dos seus leitores não sabe absolutamente nada. Como você explica, como você ilustra, como você transmite um sistema de crenças que não é seu, e que seus leitores podem muito bem menosprezar. Katie queria falar sobre Vodu, mas estava preocupada que, ao fazer isso, as pessoas vissem os beninenses como supersticiosos, atrasados ou pouco inteligentes. Como exemplo, ela citou o "Zangbeto" dizendo que, eventualmente, ajudantes levantavam o traje do "Zangbeto" para mostrar que não havia ninguém ou então para mostrar um objeto, que seria a forma que o espírito tomou. Após algum tempo, eles levantavam novamente, de modo a aparecer outro objeto e demonstrar a nova forma do espírito. Segundo Katie, a maioria dos "ocidentais" passava muito tempo tentando descobrir se havia ou não uma pessoa dentro do traje, não acreditando que houvesse um espírito ancestral.

Entretanto, dizer isso na frente de um beninense seria um erro. Provavelmente, as pessoas tinham na cabeça a imagem de um beninense, que acreditava não haver uma pessoa por baixo do traje. Provavelmente, imaginava um aldeão, uma pessoa analfabeta ou com pouca exposição ao "mundo ocidental" acreditando nesse tipo de situação. Em alguns casos, as pessoas estavam certas em pensar isso. No entanto, os estudantes de colégios beninenses também se encaixavam na categoria de pessoas que, do fundo do coração, acreditavam na existência de um espírito. Homens e mulheres que têm diplomas, altos níveis de graduação, às vezes de universidades americanas ou europeias, acreditam realmente que não há ninguém por baixo do traje. Isso era diferente de alguns cristãos que ela conhecia que acreditavam na Bíblia, mas ao mesmo tempo sabem que o homem é resultado de um processo evolutivo. Já os beninenses acreditavam no Vodu da mesma forma como acreditavam que o céu é azul. Um outro exemplo era o "Oro", uma figura tradicional em sua área de atuação. Katie disse que não estava autorizada a vê-lo, mas se estivesse provavelmente veria um grupo de homens bêbados empunhando machetes, e com uma ferramenta que eles balançavam em torno de suas cabeças para fazer o som do "Oro". Quando ela disse que não podia ver o "Oro", era porque o mesmo matava pessoas. Todos os anos, em algum lugar da região do planalto, pelo menos uma pessoa morria, porque se colocava no caminho ou fazia oposição ao "Oro". Logicamente, o que realmente mata fisicamente as pessoas é um homem com um facão. Porém, para muitos isso não é o que mata as pessoas. "Oro" mata pessoas, porque o espírito "Oro" habita a pessoa que empunha o facão. A pessoa que segura o facão não é responsabilizada por suas próprias ações, porque é "Oro". A pessoa que segurava o facão não matou ninguém. Oro matou. Entenderam a lógica sombria?

De qualquer forma, Katie fez questão de dizer que não é todo mundo que acredita nessas coisas. Na verdade, a maioria das pessoas acreditava apenas em parte das tradições Vodu. Porém, quando as pessoas acreditavam em algo por lá, ou seja, no Benim, elas verdadeiramente acreditavam. Como exemplo, o voluntário que ficou com sua família anfitriã no ano anterior disse que, em certa noite, ele começou a assobiar, e o chefe da família pediu para que ele parasse antes que algo de ruim acontecesse. No Benim, assobia-se à noite para chamar espíritos e cobras, embora seja bem conhecido pelos "ocidentais" que as cobras tem uma audição rudimentar, não captando ondas sonoras pelo ar, não possuindo tímpano ou ouvido externo. Elas captam os sons através da mandíbula, e uma série de outros ossos do crânio, que transmitem as vibrações sonoras do chão ao ouvido interno. Contudo, isso é uma espécie de superstição, assim como as pessoas ao redor do mundo têm as próprias crendices em maior ou menor nível. Por fim, Katie expressou sua admiração por pessoas que acreditavam profundamente em algo.

Da mesma forma, o principal tema desta matéria não foi mostrar que existe ou não uma pessoa por baixo do traje, mas mostrar para vocês quem são os Zangbetos; onde atuam; como atuam; o que eles realmente ganham para fazer aquilo que fazem; a eficácia e a confiabilidade nos mesmos por parte da sociedade Ogu; seus simbolismos; suas estruturas sociais e orgânicas, além do poder que eles conseguiram ter ao longo do tempo, ou seja, exercendo um forte mecanismo de controle social. Evidentemente, ao falar sobre Zangbetos é impossível não entrar em maiores detalhes sobre a existência ou não de uma pessoa debaixo do traje. Assim sendo, acredito que tenha ficado bem claro, que realmente existe uma pessoa, que não está em transe e, provavelmente, consome uma boa quantidade de álcool em suas apresentações. Em geral, o traje não é pesado, sendo preparado internamente justamente para criar a ilusão da "materialização de objetos", assim como qualquer bom truque de mágica. Além disso, os Zangbetos não possuem qualquer tipo de poder sobrenatural ou paranormal. Não andam sobre as águas ou anulam o poder das forças do Mal. Também ficou bem explícito, que a péssima atuação do Estado, das forças policiais abusivas e corruptas e do péssimo sistema judiciário forneceram um vasto terreno, e contribuíram substancialmente para a manutenção de forças de seguranças informais, tais como os Zangbetos, além do surgimento de milícias. Uma realidade que não está tão distante assim do Brasil, apesar de ficar do outro lado do Oceano Atlântico. A única diferença é que não temos cones de palha por aqui, mas igualmente temos pessoas fazendo promessas de maior segurança de tempos em tempos, fazendo surgir dinheiro em seus próprios bolsos e contas no exterior ou realizando truques mais simples como aparecer dentaduras nas bocas dos mais humildes. Enquanto na África Ocidental os Zangbetos tentam ocultar quem são através de cones de palha, aqui vemos diariamente os nossos próprios Zangbetos usando terno e gravata e algumas vezes sem camisa apontando fuzis para o alto em plena luz do dia. Diante de tantos absurdos que vemos diariamente é mais difícil saber se realmente existe um ser humano por baixo dos nossos Zangbetos, do que na África Ocidental.

Redator Marco Faustino

Fontes:
Livro "Benin: The Bradt Travel Guide": https://books.google.com.br/books?id=qM4f8MNsCW4C&pg=PA30&lpg=PA30&dq=Zangbeto+trick&source=bl&ots=umR0Rcj9os&sig=rDnhE_EJ0UXHSDkrNCzY3297y5s&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwi9lc6_z9LUAhXJOSYKHSotCqE4ChDoAQhFMAc#v=onepage&q=Zangbeto%20trick&f=false
Livro "African Indigenous Religious Traditions in Local and Global Contexts": https://books.google.com.br/books?id=SQnOCgAAQBAJ&pg=PA259&lpg=PA259&dq=Zangbeto+trick&source=bl&ots=dFIT0jcV4o&sig=37ziuVsIMk30_9arNR3nGVM_gRM&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwi9lc6_z9LUAhXJOSYKHSotCqE4ChDoAQg9MAU#v=onepage&q=Zangbeto%20trick&f=false
http://agecon.unl.edu/cornhusker-economics/2014/huskers-in-benin-culture-and-agriculture-in-west-africa
http://cultrelhgh.blogspot.com.br/2009/09/zangbeto-magic-haystack.html
http://cultrelhgh.blogspot.com.br/2009/10/zangbeto-pictures.html

http://lavozdelmuro.net/el-unico-misterio-que-el-internet-no-ha-podido-resolver/
http://nai.diva-portal.org/smash/get/diva2:419980/FULLTEXT01.pdf
http://worldhat.net/en/news/sorcerers-against-their-will-interview-kirill-babaev-patron-magazine-april-2014
http://www.anthroserbia.org/Content/PDF/Articles/8217169b70374a94891b06b667c9d706.pdf 

http://www.restorationhealing.com/new-kilombo-blog/reviving-the-ancient-suppressed-higher-teachings-of-vodun/
http://www.rhyan-thomas.com/africa/2015/lome-togo
http://www.soitgoesmag.com/diary/archive-walking-voodoo-in-issue-2
http://www.taringa.net/posts/paranormal/14784518/Lo-mas-WTF-que-vi-en-mi-vida-Zangbetos.html
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/09/1517736-tortura-e-pratica-comum-de-forcas-de-seguranca-da-nigeria-diz-relatorio.shtml
https://br.pinterest.com/pin/75435362478368219/
https://cameronkarsten.blog/category/travel-film/
https://culturalanthropologyandethnosemiotics.files.wordpress.com/2016/06/okure_zangbeto.pdf
https://en.wikipedia.org/wiki/Kumpo
https://en.wikipedia.org/wiki/Zangbeto
https://freynyoder.wordpress.com/2009/01/27/zangbeto/
https://katieinbenin.wordpress.com/2013/06/13/yes-people-believe-in-voodoo/
https://nacoesunidas.org/nigeria-apos-denuncias-de-abusos-de-forcas-de-seguranca-onu-pede-justica-para-as-vitimas/
https://noticias.sapo.cv/actualidade/artigos/progressos-na-luta-contra-violencia-infantil-lentos-e-fragmentados-em-africa-3
https://www.arcjournals.org/pdfs/ijhsse/v1-i11/3.pdf
https://www.eap-iea.org/index.php/eap/article/view/112/0
https://www.flickr.com/photos/lindadevolder/32274236123
https://www.nytimes.com/2017/12/08/world/africa/boko-haram-nigeria-security-forces-rape.html
https://www.onfaith.co/image/zangbeto
https://www.wildjunket.com/voodoo-culture-in-benin/

05 Viajantes do Tempo que Trouxeram Fotos do Passado e do Futuro!

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Como será o futuro? Como estará o mundo daqui mil, dois mil, 10 mil anos? Essa é uma curiosidade que praticamente todo ser humano tem. Aqui vou mostrar para vocês imagens de viajantes do tempo que trouxeram do futuro, mostrando cidades ou partes de sua máquina do tempo. Tem foto de cidade do ano 2.050, do ano 6.000 e até 10.000. E vou mostrar também imagens de eventos históricos do passado, como a crucificação de Jesus Cristo! Vamos ver essas imagem...

Assombrados, hoje trago para vocês mais uma compilação, desta vez de fotos do passado e do futuro. Lembrando que já fiz vídeo detalhados de todos os casos apresentados. Serão reais as fotos? Assista os vídeos completos de cada uma delas para saber :)

05. John Titor e as Fotos da Máquina do Tempo e de seu Manual

E vamos começar falando das fotos postadas pelos mais famoso viajante do tempo, John Titor. Ele Ganhou fama em 2000 quando começou a postar mensagens no fórum da Artbell. Lá ele disse que era um soldado americano do ano de 2036, originário de Tampa, na Flórida, que foi designado para um projeto governamental de viagem no tempo.

Foi enviado de volta a 1975 para recobrar um computador IBM 5100 que ele disse ser necessário para depurar diversos programas antigos de computador em 2036; uma referência ao problema do ano 2038 nos sistemas Unix. O 5100 executa as linguagens de programação APL e BASIC. Titor foi selecionado para essa missão especificamente, dado que seu avô paterno esteve diretamente envolvido na montagem e programação do 5100.

Mas por que ele não foi de 1975 de volta para o ano 2036? Por que a escala no ano 200? Ele dizia que era por "razões pessoais" e para alertar as pessoas sobre a Guerra Civil americana e a doença da vaca louca.

Logo nas primeiras postagens do fórum da Artbell, John fala como era sua máquina do tempo. Ela é chamada de G.E. C-204 Gravity Distortion Time Displacement Unit e de acordo com as postagens, o dispositivo foi instalado na parte traseira de um Chevrolet Corvette conversível de 1967 e mais tarde movido para um caminhão de 1987 que possuía tração nas quatro rodas.

Segundo ele, a máquina é uma "unidade de deslocamento no tempo de massa estacionária alimentada por duas singularidades duplamente positivas que giram no topo", produzindo uma "senoide Tipler deslocada padrão". Sua primeira postagem foi mais explícita, dizendo que a máquina continha:

- Duas unidades de armazenamento magnético para as micros singularidades duplas.
- Uma variedade de injeção eletrônica para alterar as micro singularidades de massa e gravidade.
- Um sistema de ventilação de raios X e congelamento.
- Sensores de gravidade ou uma comporta variável de gravidade.
- Quatro principais relógios de césio.
- Três principais unidades de computador.

Como o pessoal do fórum Artbell ficou importunando John, ele resolveu liberar algumas imagens de sua máquina do tempo e publicá-las.

É claro que o viajante do futuro faria algumas previsões.

2001: CERN descobre as bases para a viagem no tempo (foi descoberto acidentalmente só em 2014)

2004: guerra civil nos Estados Unidos, após as eleições daquele ano. Esse conflito civil, que segundo ele "teria um evento semelhante ao cerco de Waco todo mês e pioraria cada vez mais",10 chegaria "praticamente às portas de todos" e explodiria em 2008. "Como um resultado de muitos conflitos, não, não houve Jogos Olímpicos oficiais depois de 2004." profetizou John Titor. (Como você percebeu, nada disso esteve nem perto de acontecer...)

2015 - 3ª Guerra Mundial: Rússia lança um ataque nuclear contra as maiores cidades dos Estados Unidos, da China e da Europa. Os Estados Unidos contra-atacam. As cidades americanas são destruídas junto com o A. F. E. (American Federal Empire, Império Federal Americano). A União Europeia e a China foram também destruídas. Após a guerra, Omaha, Nebraska é a nova capital da nação. Titor é vago quando às motivações e causas exatas da Terceira Guerra Mundial. Numa de suas observações, ele caracterizou as hostilidades como decorrentes dos "choques de fronteira e superpopulação", mas também fala do presente conflito entre árabes e judeus como um prenúncio da Terceira Guerra Mundial. (Vamos esperar até o ano que vem e rezar para não acontecer...)

2036: Com o mundo destruído pela 3ª Guerra Mundial, tudo estará contaminado e você é obrigado a produzir seu próprio alimento

Uma das mais famosas é que ele tentou alertar todo mundo sobre a doença da Vaca Louca (doença de Creutzfeldt-Jakob). Bem assombrados, o auge da doença foi no ano de 1992 e 1993....

Em março de 2001, Titor anunciou que era sua partida para viajar as fronteiras do tempo e foi embora, criando uma das maiores discussões da internet: viajante do tempo ou embuste total?


Fotos postadas por John Titor de sua máquina do tempo...

Manual postado por John Titor no fórum da Artbell

Manual postado por John Titor no fórum da Artbell

Manual postado por John Titor no fórum da Artbell

Manual postado por John Titor no fórum da Artbell

Manual postado por John Titor no fórum da Artbell

Manual postado por John Titor no fórum da Artbell


04. Cronovisor e as Fotos de Jesus

Aqui vamos mostrar fotos feitas por uma máquina do tempo, não um viajante do tempo, ok? A história do Cronovisor começa com o Padre Pellegrino Maria Ernetti, que estudou musicologia e física e em 1952 teve uma experiencia que mudou sua vida, quando gravou vozes do falecido pai.

Padre Ernetti conheceu outro padre, chamado François Brune, e este lhe contou que estava irritado com "as novas interpretações da escritura, que a consideram uma simples compilação de símbolos sem relação com os fatos reais, incluindo os da vida de Cristo".

O Padre Ernetti murmurou uma palavras e deu a entender que tinha uma máquina misteriosa que reduziria ao silêncio esses tagarelas e convidou Padre Brune para uma visita em seu quarto na abadia no dia seguinte.

É claro que Padre Brune foi, pois ele ficou pensando o que seria a tal máquina. No outro dia estava lá Padre Brune.

Padre Ernetti então começa a contar uma história inacreditável a Padre Brune. Começou falando do evento sobrenatural de ter gravado a voz do pai enquanto ele e o Padre Gemello filtravam harmônicos de um cântico gregoriano. Depois do incidente, ele ficou se perguntando o que aconteceria com esses harmônicos quando eliminados. Será que eram aniquilados ou simplesmente eliminados da gravação. Para ele, eles tinham de continuar a existir. Se isso valia para os harmônicos, então por que não valeria para todos os sons e imagens que a espécie humana já tinha gerado?

Discutiu o caso com outros físicos, que ficaram interessados. Reuniu então uma equipe de cientistas - entre eles Enrico Fermi e Wernher von Braun - que se propôs a realizar, no mais sigilo absoluto, o mais extraordinário projeto já concebido: uma máquina que conseguisse penetrar nas brumas do tempo e recapturar imagens e sons do passado desaparecido da humanidade: o Cronovisor!

Padre Ernetti continuou dizendo que obtiveram sucesso na criação do Cronovisor e que ele trouxe fotos e gravações de épocas que não existem mais. Eis o que o aparelho já tinha capturado segundo Padre Ernetti:

- Mussolini fazendo um discurso em Roma
- Discursos de Napoleão onde ele proclamou a República na Itália
- Viram um barulhento mercado de frutas e verduras da época do Imperador Trajano (98-117 d.C.), na Roma antiga
- Depois Cícero (106-43 a.C.), o grande advogado, orador e político romano, fazendo um discurso no senado romano, em 63 a.C. Era o primeiro dos quatro discursos que Cícero fez contra Catilina e a "conspiração catiliniana".
- Uma peça de teatro muito importante, em 169 a.C., a tragédia Tiestes, escrita pelo "pai da poesia latina", Quinto Ênio. E mais, o padre musicólogo tinha ouvido atentamente a "música arcaica" que acompanhava a peça, além de ter reconstruído o texto integral da tragédia!

Livro conta a história do aparelho
Ele disse que usou o Cronovisor para descobrir os Pergaminhos do Mar Morto, que foi o Cronovisor que localizou outras cavernas onde estavam os Evangelhos Gnósticos, em Qumran e é claro que o Padre Ernetti tentou, e conseguiu, gravar a vida de Cristo. Ele disse ao Padre Brune que não conseguiu ver a crucificação, mas que conseguiu gravar a última ceia de Cristo.

Ele diz que as imagens do cronovisor eram em preto e branca, com três dimensões, e que filmaram tudo e depois mostraram as imagens para o Papa Pio XII, o Presidente da República, o Ministro da Educação e membros da Academia Pontifícia.

Por fim, o aparelho foi desmontado e guardado em local seguro, pois representava uma ameaça.

Toda esse história foi retratada no livro "Cronovisor do Padre Ernett: A Criação e o desaparecimento da primeira máquina do tempo" publicado pela editora pensamento.

Foto feita pelo Cronovisor mostrando Cristo e os Apóstolos

Outra imagem feita pelo Cronovisor, desta vez da Crucificação de Jesus

Rosto de Jesus em Imagem feita pelo Cronovisor

Revista publica sobre o Cronovisor


03. A Foto do Viajante do Tempo de uma cidade no Ano 6.000

ApexTV trouxe esse vídeo para o Youtube com a seguinte descrição:  "Este suposto viajante do tempo alega ter trazido uma foto do ano 6000. Recentemente, nos encontramos com esse homem em um local não divulgado, uma vez que ele nos contou sua história. Ele diz que fez parte de um programa secreto, no qual ele viajou através do tempo para um futuro distante. Enquanto esteve no ano 6000, ele tirou a fotografia vista neste vídeo. Este homem é um verdadeiro viajante do tempo?"

Ele disse que fazia parte de um programa secreto do governo recrutado na década de 90 e disse que a tecnologia da viagem do tempo já existe e oculta da gente, assim como outras tecnologias.

O vídeo tem 13 minutos de duração e ele começa dizendo que é algo extraordinário. ele disse que fez o vídeo para mostrar como estava a humanidade no ano 6.000. Vamos ver o que ele falou:

- A medicina deu um solto espetacular, e doenças como cancer não existem mais.
- Teletransporte já existe
- Viagem do tempo já está disponível para o público, mas você fica como se fosse invisível para o público e não vai conseguir interagir
- Uma inteligência artificial governa o mundo.
- Os humanos estão se fundindo com inteligência artificial
- Disseminação da nossa consciencia para o Universo
- A morte não vai existir mais pois vamos transmitir nosso pensamento para o computador e rumo as estrelas.
- Superpopulação? Não se preocupe, vamos viver cada vez em espaços menores.

A foto mostraria uma grande cidade que existe no ano 6.000 e está bem borrada por causa que a viagem do tempo acaba distorcendo as imagens e outras coisas.

Foto de uma cidade no ano 6.000



02. A Foto do Viajante do Tempo de uma cidade no Ano 10.000

Mais um vídeo da ApexTV que enviou uma equipe para a Grécia ouvir a história do viajante do tempo Mark.

Tudo começou em 2008 quando foi para os EUA estudar física e conheceu um professor fascinado por viagem no tempo. Eles começaram uma amizade e o professor revelou que tinha uma máquina do tempo e fez a proposta para ele viajar para o ano 10.000!

Ele ficou assustado e sai correndo. Dias depois voltou a casa do professor e o encontrou muito estranho com olho vermelho e ele explicou que tinha viajado para o ano 8.000 e visto coisas incríveis. O professor disse que viu corpos de humanos e extraterrestres espalhados pelo ambiente. Houve uma guerra entre eles.

O professor aliás teria viajado para vários outros anos e tirado fotos, mas como a viagem deixa debilitado, disse que não faria mais. Mark então aceitou viajar e foi com uma câmera acoplada para o ano 10.000

Quando chegou lá  e um animal correu até ele, e era um ser extraterrestre. Ele disse que viu hologramas e carros voadores. Aliás ele tirou essa foto dentro de um taxi. É da cidade de Hoverjer foi a primeira criada após uma grande guerra por uma raça chamada Norzbit.

Então ele voltou para nosso tempo e junto com o professor revisaram a câmera e a foto tirada. Cansado, Mark foi para casa, mas antes o professor lhe deu um envelope e disse que abrir só quando chegasse em casa, mas ele esqueceu e abriu só no outro dia. Era a foto que ele tirou da cidade de Hoverjer e estava escrito atrás: "Esta foto deve ficar com você, uma vez que ela não me pertence. Com amor, de um cientista louco pela Física para seu jovem colega". Ao final, o suposto viajante do tempo alegou que nunca mais ouviu falar do professor, e muito menos da máquina do tempo.





01. Sergei Paramarenko e a Foto de Kiev de 2050

Essa história foi exibida em um documentário e conta que Sergei Paramarenko teria sido encontrado por autoridades policiais no dia 23 de abril de 2006, totalmente desorientado e perguntando por uma rua que não existia. Sergei estava bem vestido, porém usando roupas antigas.

Ao apresentar um documento de identificação para as autoridades, no mesmo constava que Sergei havia nascido no ano de 1932, na antiga União Soviética. Sem saber o que fazer, os policiais o teriam levado até uma espécie de clínica ou hospital psiquiátrico, para passar por uma avaliação psicológica, visto que tal situação não fazia nenhum sentido.

Em um determinado momento do vídeo, é exibido o diálogo entre Sergei e o psiquiatra, o Dr. Pablo Kutrikov, que o teria atendido naquele mesmo dia. Ao ser incentivado a contar algo sobre si mesmo, o homem alegou ser "Sergei Paramarenko", nascido em Kiev, em 16 de junho de 1932. O Dr. Pablo estranhou, dizendo ter certeza que ele não tinha mais do que 30 anos, algo que foi confirmado pelo Sergei, que por sua vez disse ter 25 anos.

Ao ser questionado como aquilo era possível, ou seja, como ele teria aparecido no ano de 2006, Sergei disse que decidiu fazer uma caminhada, pegou sua câmera fotográfica, mas quando estava saindo de casa, ele avistou um objeto que tinha o formato de um sino. Era um objeto bem estranho e estava voando. Ele disse apenas que, assim que abaixou a câmera fotográfica, ele tinha ido parar em 2006.

Sergei disse para revelar as fotos de sua câmera fotográfica e isso foi feito. As fotos, que mostravam imagens da cidade de Kiev, na década de 1950, além de uma mulher, por volta dos 25 anos de idade juntamente com Sergei. Aliás, o homem estava vestindo as mesmas roupas com que tinha aparecido em 2006.

Foto da câmera de Sergei. Aqui vemos a cidade de Kiev em 1958

Foto da câmera de Sergei. Aqui vemos outra foto da cidade de Kiev em 1958

O OVNI em forma de sino que ele viu e depois acordou no ano de 2006

Fotos de Sergei com uma mulher na década de 1950


Após isso ele foi encaminhado ao seu quarto na clínica ou hospital psiquiátrico e desapareceu! O local teria barras de ferro nas janelas e seria considerado impossível de escapar.

Posteriormente, a polícia teria investigado o caso, e teria confirmado a existência desse homem, que foi declarado como desaparecido na década de 1960 / 1970.

Após o desaparecimento de Sergei, no ano de 2006, o mesmo inexplicavelmente teria retornado a sua época, inclusive dando entrevistas para emissoras de rádio locais. Ele teria vivido feliz juntamente com sua noiva ou namorada, aquela moça que aparece na foto juntamente com ele, até a década de 1970, quando ele teria desaparecido novamente.

Contudo, diretamente do futuro, ele teria encontrado uma forma para enviar uma foto sua para a sua amada, da cidade de Kiev, em 2050, escrevendo no verso que estava tudo bem com ele, e que em breve ele retornaria.

A polícia e a equipe que realizou o documentário teria sido tão eficiente, que teria encontrado a noiva ou namorada de Sergei, que ainda estava viva para contar uma parte dessa história, mostrando a foto de Sergei supostamente no futuro, em 2050.

Foto enviada por Sergei Paramarenko para sua noiva/namorada mostrando ele no ano de 2050 com a cidade de Kiev ao fundo


Fontes (acessadas em 13/06/2018):
- AssombradO.com.br: Fotos do Futuro? Os Estranhos Vídeos Sobre "Viajantes do Tempo" que vem Sendo Publicados por um Canal no YouTube!
- AssombradO.com.br: O Caso "Sergei Paramarenko": Será Verdade que um Ucraniano Teria Viajado para o Passado e o Futuro com a Ajuda de um "OVNI"?
- AssombradO.com.br: John Titor: O Mais Famoso Viajante do Tempo
- AssombradO.com.br: Cronovisor: A Primeira Máquina do Tempo!

Travis Walton: O Mais Bem Documentado Caso de Abdução da História

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Em novembro de 1975, Travis Walton estava voltando junto com seus colegas de um dia de trabalho em uma floresta nos EUA, quando eles avistaram um OVNI. Curioso, ele correu em direção a ele e esse OVNI emitiu um raio que o atingiu. Com medo e pensando que ele estava morto, seus amigos fugiram. Travis ficou sumido por cinco dias, e quando reapareceu, disse que acordou dentro de um nave onde seres extraterrestres realizaram procedimentos nele. A abdução de Travis Walton é o caso mais bem documentado da história da ufologia quando o assunto é abdução. É um caso único, testemunhado por 6 pessoas, onde todas passaram no teste do polígrafo!

Fala assombrados, chegou a hora de falarmos de um caso clássico da ufologia: A Abdução de Travis Walton. Faz mais de 40 anos que tudo aconteceu e apesar de muito atacado por céticos até hoje, Travis mantem sua versão, não caiu em contradição e passou, assim como seus 6 amigos que testemunharam tudo, em diversos testes de polígrafos, mais conhecido como "detector de mentiras". Toda a história foi muito bem documentada, tanto que é considerada o caso mais bem documentado sobre abdução. 

E abdução é o tema da nova estampa disponível na Loja Assombrada! Uma estampa que mostra um homem numa mesa onde três alienígenas estão realizando experimentos nele. E é claro que ela brilha no escuro! E quando está brilhando, mostra que dentro da barriga do homem tem um ET. Muito interessante. Também lançamos junto com essa estampa, a camiseta ET no Tubo, que mostra um alienígena dentro de um tubo, uma espécie de  incubadora, sendo mantido vivo por cabos. Uma referência a área 51 também é feita. Clique nas legendas das fotos abaixo para saber mais!

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Podando Árvores

Tudo começou em uma quarta-feira, 5 de novembro de 1975. Travis Walton, 22 anos, junto com mais cinco homens, sendo eles Ken Peterson, John Goulette, Steve Pierce, Allen Dallis e Dwayne Smith, todos moradores da pequena cidade de Snowflake, Arizona. Todos trabalhavam para Mike Rogers, de 28 anos, que prestava serviços para o Serviço Florestal dos Estados Unidos. Aliás, Mike e Walton, eram os melhores amigos e Travis namorava a irmã de Roger, Dana, com quem mais tarde se casaria.

Neste contrato específico, Rogers fora contratado para podar árvores baixas e outros arbustos em uma grande área (mais de 1.200 acres) próxima de Turkey Springs, Arizona. O trabalho era o contrato mais lucrativo de Rogers com o Serviço Florestal. Mas havia um problema, seu pessoal estava com o cronograma atrasado. Assim, precisavam trabalhar durante longos turnos para atender o contrato, normalmente das 6h da manhã até o por do sol.

Então o grupo trabalhou duro neste dia 05 de novembro e pouco depois das 18 horas, quando estava anoitecendo, entraram no furgão de Mike Rogers para voltarem a Snowflake. Seria mais um dia normal e cansativo de trabalho se não fosse algo que ocorreria e mudasse a vida de todos para sempre, principalmente a de Travis Walton.

A equipe de trabalhadores. Travis Walton é o terceiro da direita para a esquerda.




Luzes na Mata

O grupo informou que logo depois de começarem o retornar, viram uma luz brilhante vindo de trás de uma colina adiante. Aquilo chamo a atenção e ao se aproximarem de carro o bastante para ver a fonte da luminosidade, perceberam que esta emanava de um objeto discóide - formato clássico de disco voador - parado a uns 6m de altura e dividido por linhas verticais escuras. O disco tinha aproximadamente 2,5m de altura e 6m de diâmetro.

Rogers diminuiu a velocidade da caminhonete até parar. Walton saltou da caminhonete e correu em direção ao disco. Os outros homens gritaram para que Walton voltasse, mas ele continuou em direção ao disco.

Os homens relataram que Walton estava quase abaixo do disco quando o objeto começou a emitir ruídos muito altos, similares aos de uma turbina. A espaçonave começou a rodopiar e Walton se abaixou atrás de uma pedra. Ao se levantar para voltar à picape, sentiu como que uma alta descarga elétrica e desmaiou. Ele aparentemente não viu o que o acertou, mas seus amigos sim: um forte raio de luz azul saído do OVNI.

O impacto contra o corpo de Walton foi tão grande que ele quicou 3 metros de altura e caiu com os braços abertos no solo. Rogers disse mais tarde que estava convencido de que Walton morrera e, assim, se afastou dirigindo rapidamente pela estrada acidentada, com medo de que o disco estivesse perseguindo a caminhonete. Quando já estavam distantes do local, Rogers olhou para trás e viu que nada os seguia.

E então começou um dilema: volta para buscar o corpo de Walton ou vão embora? Peterson e Rogers disseram que eles deveriam voltar e pegar Walton, mas alguns rejeitaram a ideia. Nesse momento, Rogers parou a caminhonete e disse com firmeza: "Quem não quiser voltar saia do carro agora e espere! Agimos como um bando de covardes, é verdade, mas precisamos fazer o que devíamos ter feito em primeiro lugar!" Todos concordaram em voltar.

Quando chegaram ao lugar onde haviam abandonado Walton, estava tudo quieto. Ainda receosos, saíram do veículo juntos, mas acabaram por se separar para vasculhar melhor a área, chamando pelo amigo. Inicialmente eles ficaram aliviados por não encontrar nenhum corpo, achando que Walton havia escapado. Mas depois de procurarem bastante e nada encontrarem, pensaram com horror na hipótese que restava: ele havia sido levado pelo disco voador!

Ilustração mostrando Travis sendo atingido pelo raio


Informando a Polícia

Eles voltaram para a cidade e aproximadamente às 19h30min, e Ken Peterson ligou para a polícia de Heber, Arizona, próximo a Snowflake e informou que um membro de sua equipe de madeireiros estava desaparecido. O agente Chuck Ellison, da Polícia de Navajo, disse para eles se encontrarem um centro comercial, onde relataram sua história.

Ellison informou seu superior, o xerife Martin Gillespie, que disse a Ellison para manter os homens em Heber até que ele chegasse para interrogar os homens. Em menos de uma hora o xerife Gillespie, junto com o agente Ken Coplan chegaram, e ouviram a história contada pelos próprios homens.

Três dos membros do grupo – John Goulette, Steve Pierce e Dwayne Smith – estavam perturbados demais para serem úteis em uma busca e, assim, decidiram voltar para Snowflake e relatar as más notícias aos amigos e familiares.

Rogers e o xerife Coplan foram dar a notícia à mãe de Walton, Mary Walton Kellett, que vivia em um pequeno rancho em Bear Creek, a umas 10 milhas (16 km) de Snowflake. Rogers contou a ela o que acontecera e ela pediu que repetisse o relato. Em seguida, perguntou calmamente se alguma outra pessoa além da polícia e das outras testemunhas tinha ouvido a história. Coplan achou estranha a discrição da resposta, um fator que contribuiu para a crescente suspeita entre a polícia de que outra coisa era responsável pelo sumiço de Walton, não um OVNI.

Aproximadamente às 3h da madrugada, a sra. Kellet telefonou para Duane Walton, seu segundo filho mais velho, que rapidamente deixou sua casa em Glendale, Arizona, e dirigiu até Snowflake.

Os companheiros que testemunharam o que aconteceu com Travis e contaram a polícia o ocorrido.


Procurando Travis Walton

Rogers insistia em retornar ao local imediatamente para procurar por Walton, com cães farejadores, se possível. Não havia cães disponíveis, mas os policiais e alguns dos homens retornaram ao local.

De volta ao local, os policiais começaram a suspeitar da história relatada pelo grupo, principalmente porque não havia nenhum indício físico para comprovar o relato. Embora mais policiais e voluntários chegassem ao local, não encontraram nenhum sinal de Walton. As noites de inverno podem ser bem frias nas montanhas e Walton usava somente jeans, uma jaqueta de brim e uma camiseta. A polícia temia que Walton pudesse sucumbir à hipotermia se estivesse perdido.

Na manhã de 6 de novembro, muitos agentes e voluntários haviam vasculhado a área no local em que Travis desaparecera. Nenhum vestígio dele fora descoberto e a suspeita aumentava entre os policiais de que a história do OVNI fora inventada para encobrir um acidente ou homicídio.

No sábado de manhã, 3 dias após o desaparecimento, Rogers e Duane Walton chegaram ao escritório do xerife Gillespie explosivamente furiosos por terem retornado ao local e não encontrado nenhum policial lá. Naquela tarde, a polícia buscava por Travis com helicópteros, homens a cavalo e jipes.

Os policiais visitavam repetidamente a casa da sra. Kellet. Numa ocasião, Duane retornou e a encontrou às lágrimas enquanto era interrogada em sua sala de estar. Duane disse à polícia para sair, a menos que tivesse algo novo para informar ou perguntar. Duane sugeriu que ela falasse com a polícia somente na varanda da frente, o que lhe permitiria interromper a entrevista em qualquer momento, bastando simplesmente entrar na casa. Foi exatamente o que ela fez após o delegado Flake chegar com uma mensagem que contribuiu para o sentimento entre os céticos de que a sra. Kellet estava escondendo alguma coisa. Ou alguém.

Enquanto isso, a notícia do desaparecimento de Travis Walton já havia se espalhado internacionalmente. Repórteres, ufologistas e curiosos começaram a chegar a pacata cidade de Snowflake.






Teste do Polígrafo

Na segunda-feira, 10 de novembro, todos os outros membros do grupo de Rogers passaram por um teste com o polígrafo, ou detector de mentiras, administrados por Cy Gilson, funcionário do Departamento de Segurança Pública do Arizona.

No início, Cy Gilson estava convencido de que era um caso de homicídio e resolveria logo o caso. Seu questionário perguntava se algum dos homens fizera algum mal a Travis (ou sabia de alguém que o tivesse feito), se sabiam onde o corpo de Travis estava enterrado e se disseram a verdade sobre terem visto um OVNI. Todos os homens negaram ter ferido Travis (ou saberem de alguém que o tivesse feito), negaram saber onde seu corpo estava e insistiram que realmente viram um OVNI. Assim, um a um, os homens foram sendo aprovados no polígrafo e por volta da metade do teste, Cy Gilson ficou convencido de que falaram a verdade. Cinco dos homens passaram com louvor, exceto por Allen Dallis (que não completara seu exame, tornando-o inválido - mais tarde ele admitiu ter ocultado uma passagem pela polícia para conseguir o emprego com Rogers e, por medo de ter sua mentira revelada, abandonou o teste com o polígrafo.),

Gilson concluiu que todos os homens diziam a verdade e os resultados do exame foram conclusivos. O relatório oficial de Gilson dizia que "Os exames com o polígrafo provam que os cinco homens realmente viram um objeto que acreditam ser um OVNI e que Travis Walton não foi ferido nem morto por nenhum desses homens naquela quarta-feira." Se o OVNI fora uma brincadeira, pensava Gilson, "cinco desses homens não tinham nenhum conhecimento do fato."

Após os testes do polígrafo, o xerife Gillespie da cidade de Heber  anunciou ter aceitado a história do OVNI, dizendo: "Não há dúvida de que estão dizendo a verdade.". Já Flake, o xerife da cidade de Snowflake, não se deixou persuadir. Em uma ocasião, apareceu na casa da sra. Kellet com uma equipe de televisão, esperando descobrir Travis escondido ali.

Resultado do teste do polígrafo emitido por Cy Gilson

O Retorno de Walton

Os rapazes já estavam temendo ir para a cadeira acusados de assassinato quando, pouco antes da meia-noite de segunda-feira, 10 de novembro, Grant Neff (casado com a irmã de Travis, Alison) relatou ter atendido o telefone de sua casa em Taylor, Arizona, a algumas milhas de Snowflake. Do outro lado, uma voz tênue disse, "É Travis. Estou em uma cabine telefônica no posto de gasolina de Heber e preciso de ajuda. Vem me buscar."

Neff disse que, no início, pensou ser mais um trote. Contudo, antes que Neff desligasse o telefone, a pessoa falou novamente, quase histérica e gritando, "Sou eu, Grant... Estou ferido e preciso muito de ajuda. Vem logo me buscar." Neff reconsiderou a identidade da pessoa do outro lado da linha: seu pânico parecia genuíno e, assim, Neff e Duane Walton dirigiram até o posto de gasolina.

Eles disseram ter encontrado Travis lá, caído na segunda de três cabines telefônicas. Usava as mesmas roupas de quando desapareceu, ainda inadequadas, já que a temperatura era de aproximadamente -7 °C, parecia mais magro e não ter se barbeado durante o tempo em que esteve ausente.

Durante a viagem de volta a Snowflake, Travis parecia assustado, trêmulo e ansioso, balbuciando repetidamente sobre seres com olhos terríveis. Pensava que estivera ausente apenas por algumas horas. Quando soube que sumira por quase uma semana, pareceu atordoado e parou de falar.

Duane Walton disse que decidiu não revelar a volta de Travis imediatamente, preocupado com a condição aparentemente frágil de seu irmão. Por não avisar as autoridades, Duane seria acusado de cumplicidade na ocultação de indícios que ele e Travis poderiam não querer que a polícia visse.

Na casa de sua mãe, Travis disse que tomou banho e comeu, mas que não conseguia deixar de vomitar, mesmo após refeições leves. Duane disse a Travis para guardar uma amostra de sua primeira urina após o retorno.

Ainda sem avisar as autoridades do retorno de Travis, Duane levou o irmão para fazer exames médicos confidenciais oferecido por uma pessoa chamada William H. Spaulding dias antes. Duane o levou até Phoenix, Arizona, mais tarde na manhã de terça-feira, onde se encontraram com o dr. Lester Steward, que não era médico, mas hipnoterapeuta, e isso os deixou enfurecidos.

Na tarde de terça-feira, o retorno de Travis vazou para o público e um dos telefonemas à procura de notícias sobre o retorno de Travis, foi de Coral Lorenzen, da APRO, um grupo civil de pesquisa de OVNIs, que hoje não existe mais. Coral prometeu a Duane que ela providenciaria que Travis fosse examinado por dois médicos, um clínico geral, Joseph Saults, e um pediatra, Howard Kandell, na casa de Duane. Duane concordou e o exame começou aproximadamente às 3h30min da tarde de terça-feira.

O xerife Gillespie ficou sabendo da volta de Travis e foi se encontrar com ele. E pela primeira vez, Travis contou o ocorrido a alguém, a não ser sua família e amigos mais chegados.encontrar com ele, do que acontecera durante os cinco dias em que estivera ausente.

Travis Walton

Dentro do OVNI

De acordo com Walton, ele foi abduzido pelo OVNI. Quando voltou a si, estava cheio de dores pelo corpo, num enorme mal-estar físico. Nos primeiros instantes não se atreveu a abrir os olhos, tal era a dor. Finalmente os abriu e começou a distinguir as primeiras formas. Percebeu que estava deitado sobre uma mesa e viu um retângulo no teto do qual saía uma luz difusa que iluminava a sala. Pensando estar num hospital e ainda com a visão debilitada, ele sentiu uma pressão no abdômen e percebeu que três figuras, provavelmente médicos, vestidos de vermelho, colocaram um estranho aparelho metálico na sua barriga.

Walton viu trÊs figuras com grande cabeças na nave
Walton começava a achar estranha a cor das roupas dos "médicos" que o examinavam quando recuperou a visão abruptamente. Olhou então melhor e ficou chocado: não eram médicos que o observavam, mas sim pequenas criaturas com olhos escuros enormes! As suas cabeças eram desproporcionais em relação ao corpo e não apresentavam cabelos nem nariz ou orelhas salientes. As suas roupas eram constituídas por uma peça única, sem cintos nem qualquer tipo de adereços. "Pareciam com fetos", diria mais tarde.

Assustado, Walton levantou-se rapidamente da mesa empurrando uma das criaturas e fazendo o aparelho que estava na sua barriga cair no chão. Ele percebeu que os seres eram bem leves e fáceis de derrubar. No entanto, Walton ainda estava muito enfraquecido e não conseguiu se agüentar nas pernas, apoiando-se na mesa. Ao ver que as criaturas aproximavam-se para agarrá-lo, tentou então vencer a sua fraqueza, pondo-se de pé e agarrando um tubo transparente de cima da mesa. Tentou quebrar a parte de cima para poder ameaçar os seres, mas o objeto era inquebrável. Os seres faziam sinais de "não" ou "pare" para ele. Walton começou a gritar para as criaturas se afastarem. Depois de o encararem por alguns instantes, os seres saíram por uma porta atrás de si rapidamente, em direção a um corredor à direita. Walton, nervoso, e apoiando-se numa bancada, começou a observar os estranhos objetos do aposento à procura de algo melhor para se defender caso as criaturas voltassem.

Vendo que nada acontecia, decidiu também ele sair pela porta em direção ao corredor, onde não se via ninguém. Passou por uma porta à esquerda que dava para o que parecia ser uma sala, mas não se atreveu a olhar lá para dentro, tal era o medo. Mais à frente, outra porta, desta vez à direita. Walton abrandou o passo, na esperança de encontrar ali uma saída.

Travis na sala onde apertou botões e foi
interceptado por uma "humano" com capacete
na cabeça.
Entrou numa sala redonda com três retângulos nas paredes, semelhantes a três portas fechadas. No centro da sala estava uma cadeira voltada de costas para a entrada. Walton decidiu entrar devagar, receando que alguém estivesse sentado na cadeira. Vendo que estava desocupada, aproximou-se. Observou um estranho fenômeno: à medida que se aproximava da cadeira, as paredes da sala iam escurecendo. Pontos brilhantes apareciam, como estrelas. Quando chegou à cadeira, era como se as paredes tivessem ficado transparentes e ele pudesse ver o céu noturno. No braço esquerdo da cadeira ficava uma pequena alavanca e no direito um display luminoso com filas de botões coloridos. Pensando que um daqueles botões podia abrir alguma porta, Walton começou a apertá-los, sendo a única reação uma alteração dos ângulos e da posição das linhas que surgiam no display luminoso. Decidiu então sentar-se na cadeira, obviamente feita para alguém com um corpo menor que o seu. Pegando na alavanca à direita e pressionando-a para a frente, viu as estrelas todas moverem-se rapidamente para baixo, como se ele estivesse a conduzir a nave! Receoso de causar um acidente, de desviar o curso da nave e não saber voltar, decidiu não tocar em mais nada.

Voltando para a extremidade da sala, as paredes voltaram a ficar como estavam ao princípio e ele tentou encontrar algo que abrisse uma das três portas na parede, sem sucesso. Voltou à cadeira e novamente as paredes escureceram. De repente, Walton ficou surpreendido pelo que viu na porta de acesso: outro ser humano! O humanóide tinha uns 2m e vestia um capacete transparente; era musculoso, tinha cabelos loiros compridos e vestia uma roupa justa azul.

Walton correu até ele e começou a fazer várias perguntas, mas o homem manteve-se calado. Depois, agarrou Walton pelo braço. Ele achou que o homem não respondeu nada por causa do seu capacete e pensou que ele o levaria para um lugar onde ele poderia tirar o capacete e conversar.

Travis foi deixado ao
lado de uma estrada
Eles caminharam até uma porta que descia uma rampa para fora. Ao descer a rampa, Travis percebeu que tinha saído do que parecia o mesmo OVNI que o tinha pego. Do lado de fora ele se viu em um lugar que parecia um grande hangar com outras naves parecida com a que o capturou.

Eles finalmente foram a uma outra sala, onde Walton viu uma mulher e dois homens sentados. Eles estavam vestidos iguais ao ser que o acompanhava e como ele tinham feições e corpo perfeitos. A mulher tinha um cabelo mais comprido do que os dos homens. Eles não usavam capacetes.

Walton chegou a perguntar "onde diabos estava". Os seres somente olharam para ele com uma expressão serena. O ser que estava de capacete sentou Walton numa cadeira e saiu da sala.

Walton continuava a falar, e a mulher e um dos homens pegaram seus braços e colocaram numa mesa próxima, mas ainda com aquela expressão de compaixão e serenidade. Ele viu que eles não iriam responder a nada e então começou a gritar com eles. A mulher pegou um objeto que parecia uma máscara de oxigênio, mas sem tubo, e colocou no nariz e boca de Walton que perdeu a consciência e só acordou quando estava deitado perto de uma rua em Heber. Ao acordar, ele ainda pôde ver o objeto se distanciando.

Nunca antes uma história como a de Travis Walton tinha sido contada ao público


Teste de Polígrafo em Travis Walton

Mas será verdade isso que Travis estava falando? Tinha um jeito de saber na época, e o xerife Gillespie providenciou um teste de polígrafo.

Só que Travis não realizou o teste ouvindo o conselho de diversas pessoas, dizendo que a máquina media o stress da pessoa, e era justamente desta forma que Travis estava, bastante estressado com o ocorrido. Assim a chance de dar um falso negativo, ele resolveu não fazer,

Mas muita gente queria que ele fizesse o teste, entre eles o jornal National Enquirer. Então Duane e Travis disseram, vamos fazer, mas nós temos poder de vetar o resultado e que o nervosismo dele fosse levado em conseradação. Condição aceita, lá se foi Travis fazer o teste com o , John J. McCarthy, do Laboratório Poligráfico do Arizona,.

McCarthy, então, administrou o teste do polígrafo, que permanece envolto em controvérsias. Travis diz que McCarthy se comportou de maneira não profissional, enquanto McCarthy insiste que Travis, além de não passar no teste, tentou fraudá-lo.

Após concluir o exame, McCarthy determinou que Travis estava mentindo: "Baseado em suas reações em todos os gráficos, é opinião deste examinador que Walton, em acordo com outros, está tentando perpetrar um trote sobre OVNIs e que não esteve em nenhuma nave espacial."

Os Walton, a APRO e o National Enquirer concordaram, então, em manter os resultados desse teste em segredo, pois havia dúvidas sobre os métodos e a objetividade de realizador do teste, McCarthy.

Posteriormente, Travis se submeteria a dois exames poligráficos adicionais e passaria em ambos.

Travis Walton disse que seres parecidos com humanos estavam no disco voador


Seria Tudo uma Farsa?

Apesar de 7 pessoas terem feito várias vezes o teste do polígrafo e todos terem passados, é claro que muitas pessoas fizeram de tudo para tentar desmerece-la. Eis alguns pontos apontados pelos céticos

- Quando Mike Rogers e o xerife Coplan foram dar a notícia à mãe de Walton, Mary Walton Kellett, que vivia em um pequeno rancho em Bear Creek, a umas 10 milhas (16 km) de Snowflake ela pediu que repetisse o relato. Em seguida, perguntou calmamente se alguma outra pessoa além da polícia e das outras testemunhas tinha ouvido a história. Coplan achou estranha a discrição da resposta, um fator que contribuiu para a crescente suspeita entre a polícia de que outra coisa era responsável pelo sumiço de Walton, não um OVNI.

- Enquanto estava desaparecido, Fred Sylvanus, um investigador de OVNIs de Phoenix, que entrevistara Rogers e Duane Walton no sábado, 8 de novembro. Embora repetidamente expressando preocupação pelo bem-estar de Travis (e criticando o que a eles parecia ser um esforço sem empenho da polícia), ambos os homens deram declarações que os atormentariam quando usadas pelos críticos. Nas gravações feitas por Sylvanus, Rogers notou que, por causa do desaparecimento de Travis e da busca posterior, não conseguiria cumprir seu contrato com o Serviço Florestal e esperava que a busca por seu amigo desaparecido aliviasse a situação. Duane Walton informou que ele e Travis tinham bastante interesse em OVNIs e que uns doze anos antes Duane vira um OVNI similar àquele visto pelo grupo de madeireiros. Duane relatou que ele e Travis haviam decidido que, se tivessem chance, chegariam mais perto possível de qualquer OVNI que vissem. Duane também sugeriu que Travis não seria ferido pelos alienígenas, porque "eles não machucam as pessoas". Inadvertidamente, Rogers e Duane Walton lançaram as bases para uma interpretação alternativa do caso com suas declarações. Mais tarde, Travis diria que nunca tivera um “grande” interesse em OVNIs, mesmo depois da suposta abdução, mas a fita com a gravação da declaração de seu irmão Duane, enquanto Travis estava desaparecido, contraria a declaração de Travis.

- Durante o exame médico, um pequeno ponto vermelho na dobra do cotovelo direito de Travis, condizente com a picada de uma injeção, porém os médicos notaram que o ponto não estava próximo de nenhuma veia. Os críticos especulariam que a marca demonstrava que Travis (ou outra pessoa) injetara drogas em seu sistema. Os exames médicos, porém, não encontraram nenhum indício disso. Travis disse que poderia ser de algum contato com madeira.

- A análise da urina de Travis revelou uma falta de cetonas. Isso era incomum, já que Travis estivera ausente por cinco dias com muito pouca ou nenhuma comida, conforme insistia (e sua perda de peso sugeria), e seu corpo já deveria ter começado a consumir gorduras para sobreviver, elevando os níveis de cetonas na urina. Os críticos argumentariam que essa incoerência seria um indício contra a história de Travis.

- Quando o ocorrido no primeiro teste poligráfico omitido foi tornado público, muitos dos que consideravam a história de Travis verdadeira (ou pelo menos que ele pensava estar falando a verdade), passaram a ver o caso com um olhar mais cético. Travis, Duane e os membros da APRO alegaram que McCarthy fora parcial e fizera a Travis perguntas embaraçosas e irrelevantes, num esforço para criar condições turbulentas que produzissem, mais provavelmente, um resultado negativo. As opiniões de renomados especialistas em polígrafos estavam divididas sobre a adequação do exame conduzido por McCarthy: Harry Reed acreditava na validade do exame feito por McCarthy, enquanto o psicólogo David Raskin da Universidade de Utah declarou que o método de McCarthy estava "defasado em mais de 30 anos".

Seria tudo uma farsa?


Pedra no Sapato: Philip J. Klass

Philip J. Klass, jornalista de aviação por profissão, mas também conhecido antagonista de histórias de OVNIs, lançou uma crítica conjunta e constante contra as alegações de Travis, alegando especialmente que havia forte motivo financeiro para todo o caso. Segundo Klass, Rogers sabia que não conseguiria concluir seu contrato com o Serviço Florestal e engendrou um esquema para invocar a cláusula de Caso Fortuito do contrato, rescindindo-o, dessa forma, sem inadimplência. Outros argumentaram contra essa ideia, notando que a inadimplência do contrato com o Serviço Florestal não era necessariamente a catástrofe que Klass queria fazer parecer: Rogers já havia deixado de concluir dois de seus muitos contratos anteriores com o Serviço Florestal e, ainda assim, fora contratado novamente, sem prejuízo aparente. Além disso, apesar de sua ansiedade com o contrato, Rogers nunca invocou, nem tentou invocar, a cláusula de Caso Fortuito após o desaparecimento de Travis.

Klass e outros também notaram que o programa O Incidente do OVNI fora transmitido pela NBC apenas algumas semanas antes do desaparecimento de Travis. Esse filme feito para a televisão era um relato ficcional baseado na abdução dos Hill, o primeiro caso amplamente publicado de abdução por alienígenas. Klass e outros especularam que Walton se inspirara no programa. Walton negou ter assistido o filme, mas Klass afirma que Mike Rogers assistiu pelo menos parte do programa. Clark argumenta que o relato de Walton de seu tempo no OVNI é bem diferente do relato dos Hill e, além disso, "não havia grande similaridade entre o caso de Walton e nenhuma outra narrativa de abdução" discutida publicamente em novembro de 1975.

O jornalista Philip Klass investigou a fundo o assunto e tem uma perspectiva interessante: “se Travis tivesse reaparecido na Nova Zelândia ou na Dinamarca, por exemplo, sem passaporte ou dinheiro, as chances de uma fraude seriam mínimas”. Para o jornalista, o caso foi uma armação e teve uma boa motivação.

Durante toda sua vida Klass perseguiu Travis Walton. Posteriormente a sua morte, foram encontrados evidências de que ele trabalharia para uma agência secreta americana, isso indica que o Governo Americano estava financiando Klass par ele ridicularizar Travis. Aliás, Klass tentou subornar uma das testemunhas oferecendo U$ 10 mil para ela admitir uma farsa! Tudo está relatado no premiado documentário A Verdadeira História de Travis Walton, e você pode assisti-lo completinho no youtube com legendas em português.

Klass fez de tudo durante sua vida para arruinar a reputação e a história de Travis Walton.

Palestras, Livros e Filmes

Livro Fire in the Sky, escrito por
Travis contando sua história
Após o furor inicial ter diminuído, Walton continuou em Snowflake e veio se tornar capataz da madeireira, casando-se com Dana Rogers, com quem teve vários filhos.

Travis Walton jamais entrou em contradição ou acrescentou detalhes à sua história e para divulgá-la escreveu o livro The Walton Experience (A Experiência Walton, Berkley Books, 1978) e fez milhares de conferências no mundo todo, muitas delas no Brasil.

Seu livro inspirou a produção do filme Fire in the Sky (Fogo no Céu, Paramount Pictures, 1993). Travis considera que o filme foi uma boa aproximação para mostrar às pessoas o que foi sua experiência, mas para prestar maiores esclarecimentos e deixar claras as diferenças entre a produção e o fato real, ele escreveu uma atualização da obra, lançada no Brasil pela Revista UFO com o título  Fogo no Céu - A Verdadeira História de uma Abdução. Em suas 460 páginas Travis conta parte de sua vida, os anos que antecederam o incidente de 1975, acrescentando informações que ajudam a compreender as profundas mudanças que o caso trouxe para sua vida.

Travis Walton durante o Fórum Contatados da Revista UFO

Travis em mais um evento no Brasil, desta vez o UFOZ 2013


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Fontes (acessadas em 14/06/2018):
- Travis: The True Story of Travis Walton (2015)
- Wikipedia: Caso Travis Walton
- Revista UFO: Finalmente lançado no Brasil o impressionante livro que retrata a abdução de Travis Walton
- Ciência Ufológica: O que de fato ocorreu na abdução mais bem documentada da história?
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