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Adam Ellis Estaria Possuído? Seguidores do Ilustrador Nova-Iorquino Acreditam que o Espírito de "David" Teria Possuído seu Corpo!

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Por Marco Faustino

Adam Ellis, o contador de histórias de terror mais famoso das redes sociais, nos últimos tempos, está prestes a alcançar a marca de 1 milhão de seguidores, tanto no Twitter, quanto no Instagram. Cerca de 80% desse total foi conseguido graças a história, que ele vem contando desde o mês de agosto do ano passado, na qual ele alega que haveria o espírito de uma criança querendo matá-lo em seu apartamento. Desde então, assumi, ainda que de forma velada, um compromisso com vocês em trazer as atualizações sobre o caso, além das análises e as implicações do que Adam Ellis alega. Desde então, realizei uma série de matérias, sendo que essa é a sétima, sobre as desventuras de Adam e o "Querido David", nome pelo qual o espírito seria chamado. Por mais incrível que isso possa parecer, muitas pessoas ainda acreditam que tudo isso seja real, ou seja, que a história do "Querido David" seja realmente uma saga de puro terror, medo e sofrimento na vida de Adam Ellis. No entanto, a absoluta maioria nunca acreditou ou deixou de acreditar em Adam devido não somente as fotos publicadas por ele, mas pela análise detalhada e cuidadosa, que sempre procurei fazer para vocês, mostrando a realidade por trás de cada mínimo detalhe mencionado por ele. Porém, mesmo que muitas dessas pessoas não acreditem mais em Adam Ellis, ao alegar que tudo isso não passa de uma jogada de marketing diante de um projeto pessoal de Adam (um livro ou até mesmo um curta-metragem), essas mesmas pessoas passaram a ficar interessadas em saber o desfecho dessa história. Basicamente, temos dezenas de milhares de pessoas que ainda se interessam pelas atualizações do caso. Essa é a única razão pela qual ainda faço matérias sobre esse assunto.

Na recente atualização, Adam Ellis se mostrou bem espantado, devido a uma estranha foto publicada em sua conta no Instagram, e que seu rosto, principalmente seu olho direito, tinha saído com uma aparência demoníaca. Ele alegou que a foto estava perfeita e não havia nenhum problema com a mesma, ao menos não enquanto estava em seu celular, mas que algo teria acontecido quando ele a publicou no Instagram. Enfim, essa será uma atualização bem rápida sobre essa história, que eu poderia ter feito através de um "Minuto AssombradO" (embora essa formato tenha caído em desuso, e o material redigido por mim esteja sendo gravado no formato de notícia). Porém, a análise do que foi publicado por Adam e suas implicações talvez se tornem a parte mais interessante para vocês. Vamos saber mais sobre esse assunto?

As Matérias Publicadas Anteriormente Sobre o "Querido David" e a Atualização Anterior Proporcionada por Adam Ellis


Conforme disse na "cabeça" (introdução) desta matéria, esta é a sétima vez que falo sobre Adam Ellis, desde que toda essa história começou a ser contada, através de sua conta no Twitter, no dia 7 de agosto do ano passado. Ao contrário do que vinha fazendo ao publicar um grande resumo e apontando tudo aquilo que vocês encontrariam em matérias anteriores, publicarei apenas os endereços virtuais das outras matérias que redigi para vocês e, posteriormente, comentarei o que foi publicado por ele no início deste ano, combinado? Assim sendo, confira abaixo a série de matérias, que já foram redigidas por mim, sobre o Adam Ellis e o "Querido David":
Sinceramente, caso você não conheça a história ou não se lembre dos detalhes sobre a mesma, considero impossível que, após ler essas matérias, você não saia muito bem informado sobre o assunto. Portanto, caso realmente tenha interesse em entender todas as nuances da saga criada por Adam Ellis, recomendo fortemente a leitura das matérias citadas acima.

Sinceramente, caso você não conheça a história ou não se lembre dos detalhes sobre a mesma, considero impossível que, após ler essas matérias, você não saia muito bem informado sobre o assunto.
De qualquer forma, a atualização anterior, publicada em 2 de janeiro deste ano, representou um marco importante em toda essa história: pela primeira vez o "David", que mais parece um mero boneco de plástico com a cabeça amassada, tocou no corpo de Adam Ellis. Na época, Adam começou sua sequência de tweets dizendo, que se manteve afastado de Nova York por alguns dias. Ele teria ido para a casa de seus familiares em Montana para passar o fim de ano, e quase imediatamente teria começado a se sentir melhor. Além disso, Adam disse que começou a procurar na internet por novos apartamentos em Nova York, algo que ele não tinha feito até então. Ele disse que a última coisa que ele queria era se mudar no meio do inverno, porém considerando o que ele vinha passando nos últimos meses, isso era algo que parecia valer a pena, ou seja, que haveria uma luz no fim do túnel. Porém, após alguns dias, Adam disse que começou a se sentir novamente estranho.

Certa noite, ele teria se levantado para ir ao banheiro e, enquanto estava em meio a escuridão, ele não pode deixar de sentir como se algo estivesse se movendo do lado de fora da janela do banheiro. Diga-se de passagem, a janela do banheiro dava para o quintal da casa, e estava bem escuro naquela ocasião. Adam disse que não conseguiu ver nada além de animais passando o tempo todo no horizonte. Assim que amanheceu, ele disse que encontrou pegadas de animais na neve, porém ele não sabia dizer qual era o animal responsável pelas pegadas.

Assim que amanheceu, ele disse que encontrou pegadas de animais na neve,
porém ele não sabia dizer qual era o animal responsável pelas pegadas.
Na noite seguinte, o mesmo aconteceu. Adam teria se levantado no meio da noite e pensado ter visto algo se movimentando em meio a escuridão. Dessa vez, Adam disse que ficou em pé na janela e olhou atentamente, abrindo bem olhos, e esperando que eles se ajustassem a escuridão. Adam teria ficado observando durante um bom tempo, mas não teria conseguido ver nenhum movimento, apenas a neve e a escuridão. Então, quando ele estava prestes a ir embora, ele teria visto algo se movendo abruptamente no lado de fora da casa, à sua direita e, então, desapareceu do seu campo de visão. Novamente, estaria muito escuro para que ele pudesse dizer qual era o animal, mas poderia ter sido qualquer coisa. Talvez um coiote ou algo assim.

Pela manhã, quando estava saindo do banho, Adam deu uma olhada pela janela e teria notado rastros deixados por animais na parte de trás da garagem.

Pela manhã, quando estava saindo do banho,
Adam deu uma olhada pela janela e teria notado rastros deixados por animais na parte de trás da garagem
Adam disse que, naquela distância, não sabia exatamente o que era, então ele se vestiu, colocou um casaco e foi conferir de perto. Assim que ele chegou bem perto, seu coração teria praticamente parado. Não eram rastros deixados por animais, mas pegadas humanas. Pegadas realmente muito pequenas.

Assim que ele chegou bem perto, seu coração teria praticamente parado. Não eram rastros deixados por animais, mas pegadas humanas. Pegadas realmente muito pequenas.
Adam disse que seguiu as pegadas por todo o quintal, mas elas terminavam e desapareceriam em uma espécie de vala. Ele se questionou sobre qual atitude que ele poderia tomar diante da situação, ou seja, compensaria ligar para a polícia e dizer que encontrou pegadas na neve? Ele simplesmente não sabia o que fazer. Nas últimas noites em Montana, Adam disse que teve muito medo de sair do seu quarto. Se as pegadas tivessem sido feitas por David, isso significaria que ele poderia segui-lo em qualquer lugar, ou seja, não importaria onde morasse, David o encontraria. Assim sendo, Adam disse que se sentiu desamparado.

De qualquer forma, ele teria voltado a Nova York no dia seguinte ao Natal, no dia 26 de dezembro, De volta ao seu apartamento, parecia que ele estava novamente diante da mesma situação. Adam também disse que havia tentado de tudo: havia incensado o seu apartamento e até mesmo contratado um médium, mas nada teria funcionado (outra novidade citada por ele). Para piorar, Adam disse que ainda sentia a presença do David durante a noite, observando-o de diferentes posições em seu quarto. Ele sempre sentia David se aproximando dele e, então, acordava antes de algo acontecer. Nas noites anteriores, ele teria usado novamente o aplicativo que tirava fotos automaticamente, mas nada teria aparecido. Por alguma razão inexplicável, Adam disse que o aplicativo havia deixado de funcionar, mas ainda assim ele o mantinha ativado. Assim sendo, apesar de não registrar absolutamente nada, em diversas noites, o aplicativo, por alguma outra razão inexplicável, teria registrado algo bem estranho na noite do dia 1º de janeiro deste ano.

Essa noite em questão teria sido particularmente ruim. Adam teria sentido um grande mal-estar e teria tido pesadelos a noite toda. Ele disse que havia sonhado com David flutuando no teto, no canto do seu quarto, longe do chão. Ele falava alguma coisa, mas Adam não conseguia ouvir nenhuma palavra. Então, ele teria começado a pairar sobre sua cama, olhando em sua direção, e sua boca se movia mais rápido do que o normal. Adam disse que não conseguia se mover, podia apenas olhar para David. Então, de repente, David teria despencado sobre Adam, e ele teria sentido uma enorme pressão sobre o seu peito. Adam teria acordado ofegante e com falta de ar. Ele teria se sentado e olhado ao redor de forma frenética, buscando ar, mas não havia nada e nem ninguém no quarto. Quando sua respiração normalizou, ele pegou seu telefone, que estava na cômoda. Não teria sido registrado absolutamente nada, exceto a última foto, que tinha sido tirada momentos antes. Eis o que foi fotografado:

Quando sua respiração normalizou, ele pegou seu telefone, que estava na cômoda. Não teria sido registrado absolutamente nada, exceto a última foto, que tinha sido tirada momentos antes.
Adam Ellis terminou sua sequência de tweets simplesmente dizendo que não sabia mais o que fazer, e que estava completamente perdido.

Para aqueles que ainda acreditavam em Adam Ellis, caso isso ainda fosse possível de alguma forma, a atualização apresentava informações interessantes. Primeiramente, apesar de Adam não dizer isso de forma explícita, ele sugeria fortemente que o "espírito de David" teria o seguido até a casa de seus familiares em algum lugar não revelado de Montana, ou seja, o problema não seria exatamente o seu apartamento em Nova York. Em segundo lugar e pela primeira vez, Adam Ellis cogitou a possibilidade de mudar de apartamento, algo que ele ainda não havia feito. E, por último, porém não menos importante, aquela teria sido a primeira vez que "David" aparece tocando o corpo de Adam. Vale lembrar nesse ponto, que todas as imagens anteriores mostravam David sempre muito próximo de Adam, mas nunca tocando nenhuma parte do seu corpo.

Visão aérea de um trecho da cidade de Helena, a capital do estado de Montana. Porém, vale lembrar que não sabemos exatamente para qual cidade Adam Ellis viajou e nem mesmo se ele viajou para Montana, logo a foto acima é muito mais ilustrativa do que qualquer outra coisa.
Essa seria a primeira vez que "David" aparece tocando o corpo de Adam. Vale lembrar nesse ponto, que todas as imagens anteriores mostravam David sempre muito próximo de Adam, mas nunca tocando nenhuma parte do seu corpo.
Entretanto, para aqueles que já não acreditavam em Adam Ellis essa atualização reforçou consideravelmente o que já sabíamos anteriormente, ou seja, que tudo isso não passa de uma mera história ficcional de terror. Se "David" tem realmente a capacidade de seguir Adam Ellis, onde quer que ele vá, porque ele não fez isso, quando o mesmo passou duas semanas no Japão? "David" consegue atravessar os Estados Unidos, mas é incapaz de atravessar um oceano?

Além disso, como sempre, Adam permaneceu sempre muito vago nos dados fornecidos sobre sua história. As "pegadas" na neve soava como um clichê, e me fez lembrar da lenda do Pé-Grande. Se "pegada" na neve fosse a prova cabal de algo, o Pé-Grande seria verdadeiro, não é mesmo?. Agora, o detalhe mais interessante daquela atualização foi a foto do momento em que David teria caído sobre Adam Ellis. O motivo? Uma usuária no Twitter, chamada Amber, notou o que seria uma espécie de corda segurando aquilo que seria o "David". Confira a imagem abaixo:

Uma usuária no Twitter, chamada Amber, notou o que seria uma espécie de corda segurando aquilo que seria o "David" (novamente ele tem a aparência de um boneco de plástico)
Em seu tweet, Amber escreveu a seguinte frase (devidamente traduzida): "Não me leve a mal, acredito em espíritos/fantasmas, mas talvez isso seja uma corda mantendo o David suspenso?". Uma vez que Adam precisava tirar uma foto, que tivesse um efeito de deslocamento, era necessário que "David" caísse de alguma forma, ou seja, a melhor forma de fazer isso, e de maneira controlada ou até mesmo sozinho seria utilizando um fio ou uma corda prendendo o mesmo (aliás a imagem parece mostrar dois fios segurando o David, um na região de sua cintura e outro nos pés, provavelmente para dar maior estabilidade na queda e permitir uma foto melhor). Exceto, é claro, que "David" seja o Tom Cruise em Missão Impossível.

Uma vez que Adam precisava tirar uma foto, que tivesse um efeito de deslocamento, era necessário que "David" caísse de alguma forma, ou seja, a melhor forma de fazer isso, e de maneira controlada ou até mesmo sozinho seria utilizando um fio ou uma corda prendendo o mesmo (aliás a imagem parece mostrar dois fios segurando o David, um na região de sua cintura e outro nos pés, provavelmente para dar maior estabilidade na queda e permitir uma foto melhor).
Conforme já havia mencionado em uma matéria anterior, Adam é um bom contador de histórias, porém falha consideravelmente ao tentar apresentar provas materiais do que vem alegando, desde a época que ele começou a tirar fotos do apartamento e do corredor do seu prédio. Ele se tornou incapaz de instalar câmeras de segurança no apartamento, gravar áudios com maior qualidade, filmar o interior do alçapão etc. E, para completar, continua divulgando fotos cada vez mais questionáveis.

A Recente Atualização Sobre o "Querido David" Publicada por Adam Ellis, em sua Conta no Twitter, no dia 16 de Janeiro.


Adam Ellis voltou a atualizar seus seguidores na noite de 16 de janeiro deste ano, terça-feira passada e, embora ele tenha chegado a pensar que David finalmente tivesse ido embora, esta história, aparentemente está longe de terminar. O motivo? Muitos dos seus seguidores passaram a alegar que Adam Ellis está possuído. Sim, exatamente isso que vocês leram.

Adam começou sua sequência de tweets (ou tuítes, como queiram) pedindo desculpas por ter ficado ausente por tanto tempo e, honestamente, ele sequer sabia se deveria voltar a escrever sobre esse assunto. Após os acontecimentos das últimas semanas, nada mais teria acontecido, ou seja, ele não estava mais tendo sonhos estranhos e estava se sentindo bem melhor. Aliás, ele tinha voltado a ter boas noites de sono. Na verdade, Adam declarou que estava se sentindo ótimo, mas, ainda assim, algumas coisas estranhas estavam acontecido, algo que ele considerou difíceis de serem explicadas. Ele disse que iriar tentar, mas não sabia dizer se alguma coisa realmente fazia sentido.

Adam começou sua sequência de tweets (ou tuites, como queiram) pedindo desculpas por ter ficado ausente por tanto tempo e, honestamente, ele sequer sabia se deveria voltar a escrever sobre esse assunto. Após os acontecimentos das últimas semanas, nada mais teria acontecido, ou seja, ele não estava mais tendo sonhos estranhos e estava se sentindo bem melhor
Adam disse que, embora estivesse dormindo bem e se sentisse com energia de sobra durante o dia, algumas vezes ele meio que se sentia "perdido no tempo" (apresentando "lapsos de percepção temporal", por assim dizendo). Como exemplo, ele disse que era como olhar para o relógio e notar que havia passado uma hora, mas que ele não se lembrava dessa uma hora ter passado.

Em outro exemplo dado por ele, Adam disse que algumas vezes ele não entendia direito o que as pessoas estavam dizendo. Ele pedia para que repetissem, mas, na verdade, as pessoas não teriam dito absolutamente nada. Porém, depois do que havia passado, Adam disse que não considerava isso como um grande problema e, acima de tudo, ele se sentia pronto para deixar isso tudo para trás.

Adam disse que, embora estivesse dormindo bem e se sentisse com energia de sobra durante o dia, algumas vezes ele meio que se sentia "perdido no tempo" (apresentando "lapsos de percepção temporal", por assim dizendo). Como exemplo, ele disse que era como olhar para o relógio e notar que havia passado uma hora, mas que ele não se lembrava dessa uma hora ter passado.
No domingo (14), ele teria aberto o Twitter com intenção de atualizar seus seguidores, de que tudo havia terminado ou pelo menos era isso que ele tinha em mente. Adam disse que só queria que as coisas voltassem a ser como antes, e parecia mesmo que tinham voltado a normalidade. Ele disse que estava escrevendo algo nesse sentido, quando notou que tinha mais notificações do que o habitual. Adam foi dar uma conferida, e viu que todos estavam tuitando sobre algo que ele tinha publicado no "Instagram Stories", no dia anterior (13). As pessoas estavam dizendo, que tinham visto algo estranho em uma de suas fotos. As publicações já tinham expirado, como era de se imaginar devido a proposta do "Instagram Stories", mas ele tinha screenshots ("capturas de tela"), e não sabia como explicá-las.

Resumidamente, Adam teria ido tomar um brunch (uma combinação entre café da manhã e almoço) com uma amiga. Ele disse que postou algumas fotos, que não eram tão interessantes assim. Ele também mostrou as duas primeiras fotos que havia publicado:

Resumidamente, Adam teria ido tomar um brunch (uma combinação entre café da manhã e almoço) com uma amiga
Ele disse que postou algumas fotos, que não eram tão interessantes assim
Adam considerou que as fotos eram totalmente entediantes. Ao final, ele publicou uma última foto ao lado de sua amiga antes de deixar o local. Apenas isso. Porém, no dia seguinte, ele alegou ter recebido um "zilhão" de mensagens sobre a terceira foto, que havia publicado. As pessoas teriam capturado a tela e enviado para ele. Segundo Adam Ellis, a foto abaixo representa aquilo que, de alguma forma, acabou indo parar no seu Instagram:

Adam considerou que as fotos eram totalmente entediantes. Ao final, ele publicou uma última foto ao lado de sua amiga antes de deixar o local. Apenas isso. Porém, no dia seguinte, ele alegou ter recebido um "zilhão" de mensagens sobre a terceira foto, que havia publicado
Ele disse que não tinha ideia do que havia acontecido. A foto aparentava estar perfeitamente normal em seu telefone antes de publicá-la. Ele disse que estava considerando a possibilidade de ser uma mera falha, um "glitch", mas que não conseguia entender o que estava acontecendo com o seu rosto.

Em seu tweet final, no entanto, Adam disse: "Talvez eu consiga. Sei o que parece. O que provavelmente é. Porém, não sei se eu me importo mais. Realmente quero que as coisas voltem a normalidade, e as coisas aparentam estar normais nesse exato momento. Não sei. Acho que vou mantê-los atualizados se algo mais acontecer". Foi a partir desse momento, que muitos seguidores de Adam Ellis levantaram a "única" explicação possível para isso: David estava dentro do corpo de Adam, ou seja, Adam estava possuído por David.

Os Desdobramentos e as Implicações da Nova Atualização de Adam Ellis


Chegou a hora, no entanto, de tentarmos compreender o que essa atualização realmente significa. Nesse sentido, também utilizarei as considerações de Lucia Peters, redatora do site de entretenimento "Bustle" que, assim como eu, vem cobrindo essa saga desde o início. Bem, vamos considerar que estamos lidando com uma história ficcional, porque acredito que esteja mais do que evidente, desde o início, diga-se de passagem, que isso seja apenas uma história de terror sendo contada através do Twitter. Isso significa, que a maneira mais interessante de analisar essa situação, diante desse cenário, não é tentando necessariamente desmenti-la, mas tentando descobrir o que está acontecendo dentro do universo criado por Adam Ellis. Entendem onde quero chegar? É exatamente o que aconteceria ao acompanhar um livro sendo escrito em tempo real. Se fizermos isso, a estranha foto publicada por Adam Ellis denota que David está mais fortemente ligado a ele do que nunca.

Se fizermos isso, a estranha foto publicada por Adam Ellis denota que David está mais fortemente ligado a ele do que nunca
Aliás, diante desse cenário ficcional também é possível imaginar a razão pela qual a fotografia parecia normal para Adam Ellis, assim que ele a postou. A primeira possibilidade é que a foto estivesse realmente normal e, então,  David se rastejou para dentro da mesma e a distorceu. A segunda possibilidade é que a foto já estava comprometida, mas David manipulou Adam para que visse a foto como se estivesse perfeitamente normal.

De qualquer maneira, no entanto, a foto pode significar que David tenha realmente possuído Adam (caso ele já não tenha feito isso, o possuirá muito em breve). Na verdade, esse foi o principal comentário inicial dos seguidores de Adam Ellis:

Comentário do usuário @angelrqdio em tom de ironia dizendo: "Parabéns, você está possuído"
Comentário da usuária @tima_120 dizendo: "Oh, não. Ele está possuindo você"
Comentário do usuário @meatball_louis dizendo: "Foi exatamente isso que aconteceu a Ginny Weasley quando Tom Riddle a possuiu através do seu diário em Harry Potter e a Camara Secreta!
Além disso, a foto pode indicar que, na verdade, não estamos lidando com um fantasma. Em vez disso, David pode ser um demônio, algo completamente diferente. De acordo com algumas pessoas, que acreditam que outras podem ser possuídas por um demônio, os sintomas apresentados por Adam poderiam ser um indicativo de uma possessão demoníaca (por exemplo, ele estaria ouvindo vozes). Nesse sentido, Lucia Peters citou um grupo de investigação paranormal chamado "Texas Ghost and Spirit Intervention". De acordo com o grupo, "as pessoas que estão possuídas podem ouvir vozes quando ninguém está presente". Já de acordo com o site "The Paranormal Society", "a vítima possuída por um demônio pode relatar experiências auditivas inexplicáveis, em que ouvem vozes aparentemente provenientes de um ambiente externo a partir de nenhuma fonte identificável". Um site "Mystic Files" também alerta, que devemos "prestar muita atenção em relação as pessoas, que frequentemente sofrem de apagões relacionados as suas memórias ou que começarem a não se lembrar de grandes períodos de tempo". Ainda segundo esse site, "os períodos em branco caracterizam os períodos em que a entidade assumiu a forma física do ser humano normal".

Enfim, independentemente do que está escrito acima, é importante dizer que, se alguém estiver apresentando alguns dos sintomas anteriormente citados, deve procurar ajuda médica, visto que isso pode denotar uma série de problemas com seu corpo ou com sua mente, que serão devidamente detectados através de exames e profissionais capacitados, combinado?


Além disso, haveria os chamados "estágios de possessão demoníaca" indicando que Adam Ellis estaria em uma zona de grande perigo. Há quem diga, por exemplo, que existem três estágios chamados de "Manifestação e Infestação, Opressão e Possessão", porém a quantidade de estágios e os nomes dados aos mesmos podem variar consideravelmente de acordo com a fonte pesquisada. O primeiro, chamado "Manifestação e Infestação"é descrito como "uma forma de assombração com a ideia expressa de que o demônio se apresenta ao alvo pretendido através de meios furtivos". O demônio buscaria "aprovação para permanecer no local", ou seja, basicamente ele precisa que o alvo permita sua entrada. Poderíamos dizer, que boa parte da história do "Querido David" ocorreu durante essa etapa. Os meios furtivos seriam principalmente os sonhos. Essa etapa pode ter terminado, quando Adam levou dois objetos, supostamente ligados ao David para dentro de sua casa, uma bola de gude e um pequeno sapato de couro. Lembram disso?

Essa etapa pode ter terminado, quando Adam levou dois objetos,
supostamente ligados ao David para dentro de sua casa, uma bola de gude verde...
...e um pequeno sapato de couro.
O segundo, chamado "Opressão" seria quando a entidade revela sua verdadeira natureza e se encaminha para o "ataque final". Durante esse estágio, os alvos podem passar por "privação de sono, aumento da atividade paranormal, mordidas, arranhões, e outras ocorrências semelhantes". Adam Ellis passou principalmente pelas duas primeiras: privação de sono e aumento da atividade paranormal.

Já o terceiro, chamado "Possessão" seria quando a entidade maligna estaria a maior parte do tempo no controle da situação, ou seja, quando o demônio atuaria como um parasita no corpo do hospedeiro. Essa etapa pode ter se iniciado a partir do momento que David caiu em cima de Adam Ellis, conforme ele mencionou na atualização do dia 2 de janeiro. Lembrando, mais uma vez, que estamos considerando o universo criado por Adam Ellis, não que isso esteja realmente acontecendo com ele.

Já o terceiro, chamado "Possessão" seria quando a entidade maligna estaria a maior parte do tempo no controle da situação, ou seja, quando o demônio atuaria como um parasita no corpo do hospedeiro. Essa etapa pode ter se iniciado a partir do momento que David caiu em cima de Adam Ellis, conforme ele mencionou na atualização do dia 2 de janeiro
A boa notícia, mais uma vez, é que toda essa história tem 99,99% (sendo possível acrescentar mais mil vezes o número "9" após a vírgula) de chances de ser tão somente uma mera história ficcional de terror criada por Adam, ou seja, nunca houve espírito ou demônio algum, sendo apenas uma história criada por ele para promover um projeto pessoal.

De qualquer forma, uma usuária no Twitter, chamada Jen Quin, já levantou uma hipótese sobre o que pode acontecer nos próximos capítulos dessa saga: David pode começar a escrever no Twitter ao fazer uso do corpo possuído de Adam. Será que isso vai acontecer?

De qualquer forma, uma usuária no Twitter, chamada Jen Quin, já levantou uma hipótese sobre o que pode acontecer nos próximos capítulos dessa saga: David pode começar a escrever no Twitter ao fazer uso do corpo possuído de Adam. Será que isso vai acontecer?
Enfim, espero que tenham gostado de mais essa atualização sobre a saga do "Querido David", e caso tenhamos maiores atualizações sobre o caso, manteremos vocês informados tão logo seja possível. Essa foi uma atualização bem curta, mas com certeza interessante para aqueles que vêm acompanhando toda essa história, e querem saber como a mesma irá terminar.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://www.assombrado.com.br/2017/08/apartamento-assombrado-homem-alega-que.html
http://www.assombrado.com.br/2017/09/a-saga-continua-adam-ellis-insiste-em.html
http://www.assombrado.com.br/2017/11/adam-ellis-diz-que-fotografou-o.html
http://www.assombrado.com.br/2017/12/adam-ellis-divulga-novas-fotos-do.html
http://www.assombrado.com.br/2017/12/adam-ellis-diz-ter-encontrado-alcapao.html
http://www.assombrado.com.br/2018/01/adam-ellis-diz-que-david-caiu-sobre.html
https://twitter.com/moby_dickhead
https://www.bustle.com/p/dear-david-appeared-in-adam-ellis-instagram-stories-now-people-are-worried-he-may-be-possessed-7930018
https://www.instagram.com/adamtots

A Maldição de Oak Island: Resumo 1ª Episódio da 3ª Temporada

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O episódio começa com grandes máquinas de escavação chegando em Oak Island e eles enfocando que nesta temporada o enfoque será cavar, que nas duas anteriores eles colheram dados. Mas cavar onde e a qual profundidade?

Após a vinheta, o episódio começa voltando 4 meses no tempo e mostra os irmãos Rick e Marty Lagina dirigindo até chegar em Oak Island, e discutindo dentro do carro que fazia exatamente 50 anos que eles leram o artigo na Reader's Digest falando sobre o poço. Que estão sentindo que esse ano vão descobrir algo interessante.

Durante a conversa o programa relembra o final da temporada passada, que terminou com os irmãos enviando 2 mergulhadores para chegar ao fundo do poço conhecido como 10X, que tem 72 metros de profundidade, mas devido a quantidade de entulho dentro dele, não conseguiram chegar ao fundo. Depois eles mudaram e resolveram enviar um sonar que mostrou algumas coisas interessantes no fundo do poço, como um pilar, cavernas e até o que seria um corpo.

Retirando um Tubo do Túnel 10X

No começo desta nova temporada eles voltam ao poço 10X para realizar uma nova tentativa de chegar ao fundo. Eles querem enviar novamente um mergulhador até o fundo, mas antes eles precisam tirar o entulho de dentro do poço, como um grande tubo de expulsão muito corroído, que foi colocado dentro para bombear água e quem sabe recolher artefatos valiosos.

Os irmãos então entram no túnel e descem 12 metros. Aliás, é a primeira vez que Marty entra no poço, e ele como engenheiro ficava observando os detalhes da construção feita por Dan Blankenship.

Uma vez lá embaixo, os irmãos tem de amarrar uma corda no tubo corroído, para evitar que quando cortado, ele caia de volta no poço. Rick sai do cesto para prender a corda, o que faz com sucesso e então corta o mesmo. Eles são levados para o topo novamente e usam o guindaste para erguer o enorme pedaço de tudo cortado. O primeiro de muitos que terão de ser removidos :)

Nova Teoria: Diversos Túneis e Tesouros!

É um novo dia em Oak Island e a equipe se reúne na sala de reuniões com os peritos em detecção de metal Robert & Bob Leonard, pai e filho, que vieram do Texas para apresentar uma surpreendente teoria, onde não existe somente um tesouro escondido na ilha, mas diversos!

Eles explicam que a empresa deles usa imagens de satélite que lê certas ondas de luz e baseado nisso a tecnologia identifica quase todo tipo de coisas que procuram. Chama-se Imagens por Ressonância Magnética Nuclear. Um mapa da ilha é apresentado e mostra linhas que representam túneis, inundados ou não, áreas com grande quantidade de madeira, bronze, prata, ouro, rubis, marfim e diamantes. O pessoal fica empolgado, mas Marty diz que não acredita muito, mas vai seguir em frente.

Dan Blankenship se anima porque ele sempre acreditou que o subsolo da ilha fosse replete de túneis, e a imagem apresentada pelos caçadores de tesouro mostra essa rede complexa de túneis. Os caçadores apresentam então uma área onde acreditam haver um grande túnel com ouro dentro.

A equipe permite eles realizarem o teste na ilha para validar a teoria de que existe uma grande rede de túneis em Oak Island.

Testando a Teoria dos Vários Túneis

Craig, Jack Begley o historiador da ilha Charles Barkhouse se unem aos caçadores de tesouro Robert e Bob se dirigem para uma área perto do pântano afim de encontrar um túnel. Eles vão usar a resistividade, que é uma tecnologia comprovada, para ver se o encontram.

Usando o GPS eles chegam ao local e instalam o equipamento de resistividade. Será que encontraram um túnel? Não foi dessa vez. Somente terra. Eles então mudam o local do equipamento e agora sim, encontram um túnel subterrâneo.

Rick e Marty Lagina vão até o local conferir de perto a descoberta: um túnel com ouro dentro! Só tem de escavar. Segundo os caçadores, ele está a 33 metros de profundidade e tem uma altura de 5,5 metros!

A perfuração não ocorre porque eles precisam encontrar o equipamento correto. Mas o "X" está lá, esperando o momento certo.

Rick e Marty Voltam ao 10X

A equipe volta sua atenção para o poço 10X, para retirar mais entulhos do local. Eles tem novamente a companhia de Brian Abbott e Nick Burchill, peritos em sonar, para verificarem novamente o poço 10x. No ano passado foram as imagens obtidas pelo sonar deles que revelaram uma grande coluna de madeira no final do poço.

Esse ano vão enviar um sonar mais potente, uma câmera de alta definição chamada Spectrum 90, para fotografar áreas dentro do túnel que terão de ser removidas. Ele também tem um laser que faz imagens detalhadas do local.

O equipamento é inserido dentro do túnel e logo a imagem mostra uma água muito verde. Ela ficou assim devido ao pessoal jogar corante no ano passado para ver se saia em algum ponto da ilha. O equipamento continua a descer e encontra bastante entulho e até o que se acredita ser ouro. Após descer mais ele vê algo como se fosse um poste de madeira. O trabalho acaba e o equipamento é reerguido para a superfície. Os dados serão analisados.

Apresentando os Dados

Uma semana se passou e os peritos voltaram para apresentar os resultados a equipe na Sala de Reuniões.

Eles primeiramente dissem que o poço é seguro e que Dave fez um grande trabalho quando o escavou. Foi dito que não conseguiram ver nada, água muito verde e então voltaram para o sonar, muito mais potente. E para o espanto de todos, no fundo do poço existe não um, mas dois postes com largura de 36 centímetros. Também encontraram o que seria uma caixa enterrada no lodo. Só tem um problema, a caixa é mais larga que o túnel, então ela só pode ter chegado lá através de um túnel. E mais, eles disseram que havia um corpo lá, de barriga para baixo e sem cabeça. Eles perguntam para Dan se quando ele viu o corpo tinha cabeça, e ele disse que eles cortaram a cabeça acidentalmente com a perfuradora! Ele disse que trouxeram diversas correntes para cima, e que acreditava que o corpo estivesse acorrentado ao poste.

Uma das lendas do local conta a história de um escravo, um dos muitos utilizados para cavar os túneis e armadilhas. Ele tentou fugir, mas capturado, foi acorrentado a um poste de madeira e morreu afogado.

A equipe decide que tem realmente de chegar ao fundo do poço 10X.

FIM DE EPISÓDIO!


Amor Além da Vida? O Mistério dos Túmulos que "Teriam se Unido" em um Cemitério da Cidade de São João do Triunfo/PR!

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Por Marco Faustino

Provavelmente, ao lado de Minas Gerais, o Paraná é o estado brasileiro que mais me proporcionou oportunidades para escrever sobre casos, alguns tristes e outros de cunho histórico, além de lendas e "causos" assombrosos. Um desses casos, que mais me emocionou ao longo do tempo, sem dúvida alguma foi a de Edson Carvalho, na época com 45 anos, que havia encontrado um mausoléu abandonado no Cemitério Municipal de Marialva, e vinha fazendo do local o seu lar há 11 anos. Sim, isso mesmo que vocês leram: 11 anos. Um homem que ganhava entre R$ 600 a R$ 700 por mês, atuando em serviços de construção, incluindo obras no próprio cemitério, cujas refeições diárias acabavam sendo parte do seu próprio pagamento. Edson teria ido parar nas ruas após a morte dos pais. Assim sendo, no pequeno e apertado "mausoléu", com dimensões de 1,8 x 2,4 m, ele passou a dormir enrolado em velhos cobertores, mesmo nos dias mais frios, e no meio de insetos, muitos insetos mesmo. Aliás, em uma das reportagens sobre esse senhor foi mencionado, que sua condição de vida parecia "não incomodar os habitantes de Marialva, cidade que tem sua base econômica sustentada pela agricultura e pelo cultivo de uvas finas. Edson Carvalho havia se tornando uma figura folclórica no município sendo adjetivado por alguns como 'morto-vivo' ou 'sem terra'." Para completar a situação, um pedreiro chamado Leonel Batista, que trabalhava no cemitério, acreditava que o homem fosse "alvo de uma maldição". O caso foi bem espetacularizado por uma parte da mídia paranaense, porém tentei trazê-lo da forma mais humana e sincera possível para vocês (leia mais: Conheça Edson Carvalho: O Homem que Mora há 11 Anos em um "Mausoléu Abandonado" no Cemitério Municipal de Marialva/PR).

Agora, eis que uma inscrita chamada Julia Hortência, sugeriu que falássemos sobre uma reportagem exibida em 28 de dezembro do ano passado, pelo programa Tribuna da Massa, apresentado por Eleandro Passaia, que é exibido ao vivo (de segunda a sexta, às 12h, e aos sábados, às 12h30), e que traz as notícias de Curitiba e região metropolitana, além dos acontecimentos mais relevantes do Paraná, que podem afetar o cotidiano da população. Com foco na comunidade, a linha editorial do Tribuna da Massa aborda temas diários, notícias da cidade e prestação de serviços. Tudo isso mantendo uma relação interativa com o espectador, que pode sugerir pautas e participar ativamente por meio de telefone, e-mail e redes sociais, ao menos é isso o que dizem, é claro. A reportagem era sobre um caso, onde supostamente dois túmulos teriam misteriosamente se unido em um cemitério da cidade de São João do Triunfo, no Paraná. Assim sendo, fiquei na incumbência de ir atrás desse caso e mostrar não somente a lenda que gira ao redor do mesmo, mas alguns detalhes, que acabaram não sendo contados sobre o tal mistério. Vamos saber mais sobre esse assunto?

Um Pouco Sobre a Cidade de São João do Triunfo, no Paraná


Sempre que possível, é muito importante conhecermos um pouco sobre a cidade onde determinados casos ocorrem, visto que isso, muitas vezes, se torna fundamental no processo de entender como algo acaba acontecendo, e como todo um aspecto socioeconômico pode influenciar positivamente ou negativamente em algumas questões. Aliás, algumas vezes não adianta explicar um determinado assunto, se vocês não compreenderem o ambiente ao redor, e como uma situação acaba evoluindo ao longo do tempo, principalmente quando certos detalhes tão simples aparentemente são ignorados. Uma vez que estamos no Brasil, um país de dimensões continentais com mais de 5.500 municípios, isso se torna ainda mais primordial.

Bem, a cidade de São João do Triunfo fica localizada a sudoeste da capital do estado, Curitiba, a aproximadamente 130 km de distância. O município pertence à Mesorregião do Sudeste Paranaense e à Microrregião de São Mateus do Sul, sendo que sua população estimada, em 2016, de acordo com informações do IBGE, era de quase 15.000 habitantes.



Visão parcial da avenida central da cidade de São João do Triunfo, em setembro de 2016
A região de São João do Triunfo começou a ser povoada em 1864. Tudo começou no momento em que um homem chamado João Nunes de Souza, que morava em São José dos Pinhais, planejou caçar a caminho dos sertões paranaenses. Caçador aventureiro por dedicação, o sertanista João de Souza partiu de sua terra, percorreu o rio Iguaçu abaixo, e margeou o rio da Vargem acima, até certo ponto. A caça era farta, a mata era exuberante, as águas eram muito ricas, e o solo era fértil, e isso deixou encantado o desbravador, que preferiu se estabelecer naquele lugar juntamente com sua família.

A região foi desbravada, sementes foram lançadas, picadas foram abertas na mata, e não demorou muito tempo para que as notícias se espalhassem sobre o local. Assim sendo, um novo morador de Rio da Vargem (antigo nome do local, concedido por João Nunes) chamado Antonio Dotes chegou com outras pessoas em 1867 que, juntas, não demoraram a constituir um diminuto povoado. De grande religiosidade, a população local ergueu uma capela, onde entronizou-se a imagem de São João Batista. A população construiu uma série de casas em torno da diminuta igreja e, pouco tempo depois, alterou-se o nome do povoado de Rio da Vargem para São João do Triunfo. Assim sendo, o nome atual da cidade homenageia o santo padroeiro São João Batista e o senhor João Nunes de Souza, fundador da localidade. Acrescentou-se também a locução adjetiva "do Triunfo" devido à obtenção do sucesso pelos corajosos sertanistas da região de Rio da Vargem.

Igreja Matriz de São João do Triunfo, em setembro de 2016
Foi com a nova denominação que, no dia 16 de março de 1871, através da Lei Provincial nº 254, São João do Triunfo elevou-se à categoria de Freguesia. Através da Lei Estadual nº 13, de 8 de janeiro de 1890, já em plena República Velha, criou-se o município de São João do Triunfo, com terras que se desmembraram de Palmeira.

O novo município, um dos mais antigos do período republicano, foi instalado oficialmente no dia 15 de fevereiro de 1890, quando empossaram o intendente e os vereadores. Confira abaixo um sobrevoo de helicóptero pela cidade de São João do Triunfo, em um vídeo que foi publicado no canal da Katia G, no YouTube, em maio de 2010:



A economia de São João do Triunfo baseia-se primordialmente na agropecuária e no setor de prestação de serviços, e o município é considerado relativamente tranquilo para se morar. Para estimular o desenvolvimento socioeconômico local, a prefeitura de São João do Triunfo, juntamente ou não com instituições locais, passou a investir mais no segmento de festas e eventos, muito embora o município tenha apenas dois feriados municipais: o dia da Festa de São João Batista, comemorada em 24 de junho, e o dia da emancipação política da cidade, em 15 de fevereiro.

A Lenda e a Matéria Exibida Pelo "Tribuna da Massa" em Dezembro do Ano Passado


Todo esse "mistério" envolvendo dois túmulos, que teriam se unido após a criação dos mesmos é alimentado por uma lenda local, que consta na página 119, do livro chamado "Lendas e Contos Populares do Paraná", criado justamente pelo Governo do Estado do Paraná, em 2005, e que possui uma edição completinha e de acesso gratuito na internet.

Vale ressaltar nesse ponto, que no ano de 2005, a Secretaria Estadual da Cultura do Paraná (SEEC) realizou uma pesquisa para coleta das lendas e contos populares do Estado. Dessa forma, chegaram ao número de mais de 200 histórias encontradas em aproximadamente 100 municípios paranaenses. Esses contos e lendas foram divididos conforme suas temáticas em: lendas do monge João Maria; manifestações de santos e santas; maldições, pragas e maledicências; assombrações, noivas e outras aparições; benzimentos, curas e milagres; cemitérios e caixões; heróis, bandidos, escravos e aventuras; lendas indígenas; lendas de lobisomens, demônios, monstros e outros seres fantásticos; lugares e coisas encantadas; tesouros escondidos e origem e nomes de localidades e cidades. Ufa! Sem dúvida alguma, um projeto muito interessante!

Vale ressaltar nesse ponto, que no ano de 2005, a Secretaria Estadual da Cultura do Paraná (SEEC) realizou uma pesquisa para coleta das lendas e contos populares do Estado. Dessa forma, chegaram ao número de mais de 200 histórias encontradas em aproximadamente 100 municípios paranaenses.
Já em relação a lenda sobre os túmulos, a mesma aparece intitulada como a "Lenda do Cemitério", sendo bem simples de ser entendida. Esta lenda seria contada pelas pessoas mais velhas do município de São João do Triunfo, e elas relatam que, misteriosamente, dois túmulos teriam se unido no cemitério municipal.

A história que todos contam é que isso teria sido a manifestação sobrenatural do amor, uma vez que essas duas pessoas ali sepultadas não puderam viver um grande amor, porque pertenciam a classes sociais diferentes, e somente assim puderam viver juntas. Conforme demonstram as fotografias tiradas dos túmulos, poderia-se ver, claramente, que os mesmos teriam se juntado. Dizem que eles estavam muito distantes um do outro, e não haveria como empurrá-los ou que não haveria quaisquer possibilidades de deslizar um ao encontro do outro. Simples, não é mesmo?

Já em relação a lenda sobre os túmulos, a mesma aparece intitulada como a "Lenda do Cemitério",
sendo bem simples de ser entendida.
Assim sendo, em dezembro do ano passado, o programa "Tribuna da Massa" exibiu uma reportagem sobre esses túmulos. Confiram a reportagem abaixo, que foi exibida no dia 28 de dezembro, e publicada no canal "Tribuna da Massa - Curitiba e região", no YouTube:



Entretanto, para evitar que vocês gastem a franquia de internet de vocês, e tenham que assistir o longo vídeo de pouco mais de 8 minutos de duração, irei apontar o que foi mencionado no mesmo, combinado?

Bem, inicialmente o vídeo começa com apresentador Eleandro Passaia dizendo que iria mostrar uma história, que mexia com a imaginação das pessoas, sobre um homem e uma mulher, que eram noivos e teriam morrido antes do casamento. Porém, na morte, essas duas almas gêmeas teriam se unido, quer dizer, ao menos era isso, que seria contado por "todos os moradores da cidade".

Bem, inicialmente o vídeo começa com apresentador Eleandro Passaia dizendo que iria mostrar uma história, que mexia com a imaginação das pessoas, sobre um homem e uma mulher, que eram noivos e teriam morrido antes do casamento. Porém, na morte, essas duas almas gêmeas teriam se unido, quer dizer, ao menos era isso, que seria contado por "todos os moradores da cidade".
Então, a reportagem finalmente começa mostrando um senhor de chapéu, que não teve seu nome inicialmente divulgado, nem mesmo no chamado "lettering" (a parte inferior da tela, onde são exibidas informações pertinentes ao que é exibido, sendo que nenhuma das pessoas que aparecem na reportagem tiveram seus nomes divulgados no "lettering"), dizendo que algumas pessoas já teriam ouvido uma espécie de choro em uma "capela" (daqui a pouco você entenderão qual é essa "capela") e, pouco tempo depois, também teriam notado uma água escorrendo e oriunda da parte de cima da mesma. Ao final da matéria ficaríamos sabendo que esse senhor de chapéu era um dos coveiros mais antigos do cemitério, porém estava aposentado.

Logo em seguida, apareceu uma senhora dizendo que havia uma moça que, dizia-se, que sempre seria vista chorando em frente a um determinado túmulo, provavelmente um dos túmulos da lenda.

Então, a reportagem finalmente começa mostrando um senhor de chapéu, que não teve seu nome inicialmente divulgado, dizendo que algumas pessoas já teriam ouvido uma espécie de choro em uma "capela" (daqui a pouco você entenderão qual é essa "capela") e, pouco tempo depois, também teriam notado uma água escorrendo e oriunda da parte de cima da mesma.
Logo em seguida, apareceu uma senhora dizendo que havia uma moça que, dizia-se, que sempre seria vista chorando em frente a um determinado túmulo.
Parafraseando o salmo 23 da Bíblia, o apresentador Eleandro Passaia e o cinegrafista Ivan Pereira, visitaram o cemitério durante a noite, e pouco tempo depois fomos apresentados ao túmulo de mulher chamada Maria Antunes Ferreira, e um outro túmulo, dessa vez pertencente a um homem chamado Lourenço Hipólito Neto.

Parafraseando o salmo 23 da Bíblia, o apresentador Eleandro Passaia e o cinegrafista Ivan Pereira,
visitaram o cemitério durante a noite...
e pouco tempo depois fomos apresentados ao túmulo de mulher chamada Maria Antunes Ferreira...
...e um outro túmulo, dessa vez pertencente a um homem chamado Lourenço Hipólito Neto.
Sem dar maiores explicações, Eleandro aparece entrevistando um adolescente, e o questiona se tudo não passava de lenda ou se era mesmo verdade. Como era de se imaginar, o adolescente acreditava que a história dos túmulos pudesse ser mesmo verdadeira. Ao ser questionado sobre o que estava fazendo no cemitério, ainda mais naquele horário, o adolescente simplesmente respondeu que ele ficava imaginando o que a avó dele poderia falar para ele, ou seja, quais conselhos ela poderia lhe dar, porque seu coração era repleto de dúvidas.

Em seguida, Eleandro perguntou ao adolescente se ele acreditava que sua avó se comunicava com ele, através de sua mente. O adolescente respondeu novamente que sim, e que muitas vezes ele entendia o que a avó queria dizer para ele. Algumas vezes, inclusive, ele pedia para que a avó aparecesse em sonho, e a mesma aparecia para o jovem rapaz.

Eleandro perguntou ao adolescente se ele acreditava que sua avó se comunicava com ele, através de sua mente. O adolescente respondeu novamente que sim, e que muitas vezes ele entendia o que a avó queria dizer para ele. Algumas vezes, inclusive, ele pedia para que a avó aparecesse em sonho, e a mesma aparecia para o jovem rapaz.
Essa é uma parte bem estranha da reportagem, porque o adolescente não tem nenhuma relação com Maria Antunes Ferreira ou Lourenço Hipólito Neto, visto que somente no final da reportagem é informado que o mesmo seria muito tímido e por isso se dirigia ao cemitério para pedir conselhos a falecida avó, ou seja, essa é uma situação bem aleatória no meio da reportagem.

Durante o dia, Eleandro Passaia aparece falando algumas frases de efeito e, somente após uma longa cabeça (introdução), ele resolve dizer que iríamos conhecer um cemitério, que estava inspirando as pessoas de maneira positiva, a inspiração para o amor. Assim sendo, é mencionado que São João do Triunfo era uma cidadezinha centenária, que cresceu aos pés da igreja, que por sua vez teria celebrado muitos casamentos, inclusive o do Lourenço, se a morte não tivesse lhe chamado.

Assim sendo, é mencionado que São João do Triunfo era uma cidadezinha centenária, que cresceu aos pés da igreja, que por sua vez teria celebrado muitos casamentos, inclusive o do Lourenço, se a morte não tivesse lhe chamado.
Posteriormente, Eleandro explicou que, para separar um túmulo do outro, sempre havia uma "passagem" nos cemitérios, porém no Cemitério Municipal de São João do Triunfo havia uma exceção. Logo em seguida, ele mostra uma pequena "capela" sendo que o túmulo logo abaixo da mesma teria sido construído de forma centralizada a "capela" em questão, algo que não víamos atualmente.

Posteriormente, Eleandro explicou que, para separar um túmulo do outro, sempre havia uma "passagem" nos cemitérios, porém no Cemitério Municipal de São João do Triunfo havia uma exceção
Logo em seguida, ele mostra uma pequena "capela" sendo que o túmulo logo abaixo da mesma teria sido construído de forma centralizada a "capela" em questão, algo que não víamos atualmente.
Segundo Eleandro, no túmulo à esquerda, aquele que teria se "deslocado misteriosamente", descansaria a Maria, noiva do Lourenço, cujos restos mortais se encontram no túmulo à direita. Ele teria morrido primeiro, e ela teria morrido alguns meses depois. Porém, o que ninguém conseguia entender era o porquê, "meses após ser sepultada", o seu túmulo teria simplesmente "se deslocado e se juntado" ao de Lourenço.

Isso também foi comentado por uma senhora que alegou, que o túmulo não seria originalmente encostado um no outro, e que "após alguns dias" os dois túmulos teriam se juntado.

Segundo Eleandro, no túmulo à esquerda, aquele que teria se "deslocado misteriosamente", descansaria a Maria, noiva do Lourenço, cujos restos mortais se encontram no túmulo à direita. Ele morreu primeiro, e ela morreu alguns meses depois.
Porém, o que ninguém conseguia entender era o porquê, "meses após ser sepultada", o seu túmulo teria simplesmente "se deslocado e se juntado" ao de Lourenço.
Isso também foi comentado por uma senhora que alegou, que o túmulo não seria originalmente encostado um no outro, e que "após alguns dias" os dois túmulos teriam se juntado.
Atualmente, portanto, ambos descansariam lado a lado, Maria e o amor de sua vida. A reportagem também oferece um outro ângulo, mostrando os túmulos de cima, onde é possível ver o quão o túmulo de Maria estaria descentralizado. Segundo Eleandro, a "força do amor teria sido maior do que a força da gravidade".

Atualmente, portanto, ambos descansariam lado a lado, Maria e o amor de sua vida. A reportagem também oferece um outro ângulo, mostrando os túmulos de cima, onde é possível ver o quão o túmulo de Maria estaria descentralizado
Imagem mostrando a descentralização do túmulo de Maria em relação a "capela",
e o comparativo com o túmulo de Lourenço. O ângulo de visão não favorece muito, mas é possível ter uma ideia.
Ainda de acordo com o apresentador, seria mais fácil se o túmulo tivesse deslizado para baixo, mas "o túmulo teria subido em direção ao outro". Em seguida, são apresentadas as opiniões de alguns moradores locais, que diziam acreditar no amor das duas almas.

Então, a reportagem finalmente identifica quem eram os dois homens que apareciam no começo. Em primeiro plano, temos um dos coveiros mais antigos do cemitério (não entendi o nome o dele, quem souber deixe nas opiniões que acrescento na matéria), porém ele teria se aposentado após muitos anos de intenso e árduo trabalho. Ao fundo, no entanto, temos o "Marquinhos", o atual coveiro, e o único da região que teria aceitado o cargo.

Então, a reportagem finalmente identifica quem eram os dois homens que apareciam no começo. Em primeiro plano, temos um dos coveiros mais antigos do cemitério, porém ele teria se aposentado após muitos anos de intenso e árduo trabalho. Ao fundo, no entanto, temos o "Marquinhos", o atual coveiro, e o único da região que teria aceitado o cargo.
Ao serem questionados se tal situação havia ocorrido com algum outro túmulo, ambos disseram que aquele tinha sido o único caso, e que não conheciam nada parecido em outro lugar.

Ao serem questionados se tal situação havia ocorrido com algum outro túmulo, ambos disseram que aquele tinha sido o único caso, e que não conheciam nada parecido em outro lugar.
Os túmulos acabaram virando, é claro, uma espécie de ponto turístico, cuja fama ia longe, e atraía os mais supersticiosos, principalmente no Dia de Finados, visto que muitos faziam preces para o eterno casal apaixonado. A reportagem finaliza ao som de "Unchained Melody", tema do filme "Ghost", e com o adolescente, o visitante da noite, que dizia precisar de conselhos amorosos, visto que ele era muito tímido em relação as meninas.

A reportagem finaliza ao som de "Unchained Melody", tema do filme "Ghost", e com o adolescente, o visitante da noite, que dizia precisar de conselhos amorosos, visto que ele era muito tímido em relação as meninas.
Impressionante, não é mesmo? Infelizmente, no entanto, é necessário contar algumas coisas para vocês sobre essa reportagem e a lenda dos túmulos de São João do Triunfo.

A Recente Matéria Exibida Pelo "Tribuna da Massa" Não é Tão Recente Como Muitos Podem Pensar


Poucas pessoas sabem, mas em agosto de 2015, a Rede Massa (TV Iguaçu) já havia exibido essa mesma reportagem sobre o "misterioso e inexplicável" caso dos túmulos, que teriam se unido em um cemitério de São João do Triunfo. Na época, o programa era apresentado por Paulo Roberto "Galo", sendo que a reportagem em si era do próprio Eleandro Passaia, então apresentador do "Tribuna da Manhã".

Poucas pessoas sabem, mas em agosto de 2015, a Rede Massa (TV Iguaçu) já havia exibido essa mesma reportagem sobre o "misterioso e inexplicável" caso dos túmulos, que teriam se unido em um cemitério de São João do Triunfo
Confiram a reportagem abaixo, que é exatamente a mesma, e que foi publicada por um canal de terceiros, no YouTube:



Nesse outro vídeo, Paulo Roberto "Galo" aparece dizendo, que estávamos prestes a conhecer uma história sobrenatural, que ultrapassava o limite entre a vida e a morte. Em um clima de suspense e mistério, aparentemente em um quadro do programa chamado "Mistérios Inexplicáveis", ele fez a chamada para a matéria, que conforme disse anteriormente é exatamente a mesma que foi exibida em dezembro do ano passado.

Nesse outro vídeo, Paulo Roberto "Galo" aparece dizendo, que estávamos prestes a conhecer uma história sobrenatural, que ultrapassava o limite entre a vida e a morte
Quando a mesma terminou de ser exibida, ainda houve o comentário do apresentador Paulo Roberto "Galo" que, inspirado, leu uma passagem da Bíblia (Coríntios 13:13), que dizia: "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor."

O apresentador ainda questionou se haveria alguma explicação diferente para um caso como aquele, e que engenharia nenhuma do homem explicaria aquilo. Na época, o apresentador também sugeriu que a produção limpasse e restaurasse os túmulos, mantendo as características originais, tudo em nome do amor.

Quando a mesma terminou de ser exibida, ainda houve o comentário do apresentador Paulo Roberto "Galo" que, inspirado, leu uma passagem da Bíblia (Coríntios 13:13), que dizia: "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor."
Aparentemente, incrível e emocionante, não é mesmo? Porém, a lenda apresenta graves problemas.

Os Sérios Problemas em Relação a Lenda dos Túmulos, que Teriam "Misteriosamente" se Unido Após a Morte


Uma lenda nada mais é do uma tradição escrita ou oral de coisas muito duvidosas ou inverossímeis, também podendo significar mentira ou então ser um indivíduo conhecido por muitos e admirado pelos seus feitos, seja pelo seu talento, quanto pelo seu desempenho em determinada área (uma pessoa lendária). De acordo com o dicionário Michaelis, "lenda" significa relato oral ou escrito de acontecimentos, reais ou fictícios, aos quais a imaginação popular acrescenta uma boa dose de novos elementos, uma tradição popular. É uma narrativa fantasiosa ou crendice do imaginário popular sobre seres encantados ou maravilhosos da natureza (história fantástica ou mentirosa; fantasia).

Portanto, histórias que envolvem lendas, crendices ou "causos" não serão suscetíveis de quaisquer explicações, porque essencialmente são adicionadas informações totalmente fantasiosas e, separar o joio do trigo muitas vezes se torna inviável pela ausência de quaisquer comprovações nesse sentido, exceto, é claro do que é contado pelas pessoas. Isso não significa que seja verdade, uma vez que o fator humano, ou seja, os relatos sempre devem ser passíveis de questionamentos. Resumindo, tais histórias não precisam de explicação, porque a própria palavra "lenda" as definem, assim como acontece com a palavra "mitológico", "folclore" etc. É por isso que elas são tão fascinantes, porque naturalmente não requerem nenhuma lógica.

Entrada do Cemitério Municipal de São João do Triunfo, em setembro de 2016
Não entrarei no campo das evidências anedóticas, mas visivelmente as pessoas entrevistadas aparentam contar tão somente aquilo que é contado pela cidade, ou seja, ninguém possui imagens ou registros escritos em qualquer lugar, de que os túmulos teriam realmente se unido, aos poucos ou até mesmo repentinamente, de maneira inexplicável ou sobrenatural. É possível notar, por exemplo, que uma das entrevistadas alega, que tudo teria acontecido poucos dias após o sepultamento de Maria Antunes, já uma outra alega que tudo teria ocorrido alguns meses após o sepultamento. Ninguém sabe quando exatamente aconteceu.

Por outro lado, conforme sempre digo a vocês, a omissão de informações é pior parte de uma reportagem ou de uma matéria, sendo que o material exibido pela Rede Massa não mostrou, intencionalmente ou não, em detalhes, o ano de nascimento e morte do suposto "casal" Maria Antunes e Lourenço. Contudo, encontrei ambas as imagens em site chamado "Todas Funerárias", que comentou sobre o assunto em agosto de 2016, cerca de um ano após a reportagem ser originalmente exibida:

Placa de identificação do túmulo de Maria Antunes Ferreira
Placa de identificação do túmulo de Lourenço Hipólito Neto
Repararam em alguma coisa? Na placa de identificação do túmulo de Maria Antunes Ferreira consta sua data de nascimento, 3 de janeiro 1876, e de falecimento, 10 de fevereiro de 1939, ou seja, ela faleceu com 63 anos! Já no túmulo de Lourenço Hipólito Neto também encontramos a data de nascimento, 16 de outubro de 1924, e de falecimento, 24 de setembro de 1939, o que demonstra que ele morreu com apenas 15 anos, um adolescente! Isso nos mostra algumas coisas fundamentais: apesar de ambos terem morrido em 1939, a diferença de idade entre eles era de 48 anos! Isso não condiz com lenda, que os dois teriam tido um romance, ou seja, um casal eternamente apaixonado, e noivos prestes a se casar. Aliás, nenhum padre celebraria um casamento entre um adolescente de 15 anos e uma senhora de 63 anos hoje em dia e, muito menos, em 1939. Será que ninguém na cidade percebeu isso? Além disso, a matéria informa que Lourenço teria morrido primeiro, porém isso não é verdade, visto que Maria Antunes morreu meses antes de Lourenço.

Outro detalhe, ainda mais grave, são as mensagens contidas na placa de identificação de Maria Antunes, onde é possível ler "Lembranças do seu esposo e filho", e na de Lourenço, onde é possível ler "Saudade de seu pai e irmãos". Repararam em mais alguma coisa? Maria Antunes era casada e tinha um filho. Se hoje em dia já seria bem difícil de existir um relacionamento entre um adolescente de 15 anos e uma senhora de 63 anos, seria ainda muito mais difícil, praticamente impossível, que uma senhora casada, com filho, morando em uma cidade no interior do Paraná, que era ainda menor em 1939, simplesmente abandonasse seu lar e tentasse se casar ou ter um relacionamento amoroso com um adolescente. Já seria bem difícil caso fosse um homem adulto. Resumindo? Não faz nenhum sentido, ou seja, a lenda é totalmente absurda.

Outro detalhe, ainda mais grave, são as mensagens contidas na placa de identificação de Maria Antunes, onde é possível ler "Lembranças do seu esposo e filho", e na de Lourenço, onde é possível ler "Saudade de seu pai e irmãos". Repararam em mais alguma coisa? Maria Antunes era casada e tinha um filho.
Agora, como explicar a razão pela qual o túmulo está descentralizado em relação a sua "capela"? Bem, existem inúmeras possíveis explicações: deslocamento de terra, alguma exumação ou destruição do túmulo ao longo do tempo, cujo serviço foi executado de forma precária ou até mesmo uma violação de sepultura no meio da noite, cuja tentativa de reparo poderia ter sido mal executada. Simplesmente, não sabemos exatamente o que pode ter acontecido. Seria necessária uma análise técnica do solo e dos materiais de construção, além de uma boa pesquisa histórica.

Entretanto, talvez o túmulo de Maria Antunes dificilmente encostasse naturalmente no de Lourenço. E como podemos ter uma noção disso? Reparem bem no túmulo atual. Ele é bem mais largo que a sua capela, sendo possível notar que alguém, em algum momento, adicionou uma fiada de tijolos (uma fileira de tijolos) na parte direita do túmulo de Maria, talvez para fazer com que ambos se juntassem e, um eventual dolo se transformasse em uma linda lenda de amor além da vida. Esse é outro detalhe, que aparentemente ninguém percebeu ou quis perceber tanto em São João do Triunfo, quanto na realização da reportagem sobre o assunto.

Reparem bem no túmulo atual, ele é bem mais largo que a sua capela, sendo possível notar que alguém, em algum momento, adicionou uma fiada de tijolos (uma fileira de tijolos) na parte direita do túmulo, talvez para fazer com que ambos se juntassem e, um eventual dolo se transformasse em uma linda lenda de amor além da vida. Aliás, na foto acima vemos que os túmulos foram limpos e pintados de branco, ou seja, resolveram ajeitar a situação dos mesmos após as filmagens realizadas em 2015
Enfim, o mais impressionante é que alguns sites, depois que notaram a gritante diferença de idade e o fato de Lourenço ter morrido com apenas 15 anos, ou seja, ser um adolescente e menor de idade, tentaram supor que Maria fosse sua avó. Uma tentativa de fazer com que a lenda sobrevivesse após 76 anos, que ninguém, aparentemente, simplesmente leu corretamente as placas de identificação dos túmulos, e fez uma simples conta matemática. De qualquer forma, muito dificilmente isso poderia ser verdade devido aos sobrenomes de ambos e a época que as mortes ocorreram.

Essa é a razão pela qual de vez em quando, sempre que possível, é claro, faço questão de elaborar uma matéria sobre determinados assuntos. Muitas vezes, histórias como essa são meramente contadas sem maior profundidade e sem o fornecimento de maiores informações, deixando a critério exclusivo das pessoas decidirem se acreditam ou não em algo. Evidentemente, cada um pode acreditar no que quiser, porém para esse caso ser realmente sobrenatural precisaríamos acreditar em muita coisa indigesta e, consequentemente, imoral.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://sjtriunfo.pr.gov.br/index.php?sessao=1fc356c509hf1f&id=57
http://todasfunerarias.com.br/os-dois-tumulos-que-misteriosamente-se-juntaram/
http://www.redemassa.com.br/tv-iguacu/video/78bdf88010978e3d1a6e8bd77d3ca8c5
https://pt.wikipedia.org/wiki/São_João_do_Triunfo
https://www.cidadao.pr.gov.br/arquivos/File/parana/livro_lendas.pdf
https://www.facebook.com/TribunadaMassa/videos/1112462068768231
https://www.facebook.com/noticiasnossojornal/posts/700527983415288

Um "Fantasma" ou "Estranha Criatura" Teria Sido Filmada em um Cemitério da Cidade de Santo Antônio de Pádua/RJ?

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Por Marco Faustino

Anteontem (24), publiquei uma matéria sobre a lenda dos túmulos que teriam se unido misteriosamente, em uma espécie de manifestação sobrenatural de amor, na cidade de São João do Triunfo, no Paraná. A matéria foi uma sugestão de uma inscrita chamada Julia Hortência, que posteriormente me agradeceu devido as pesquisas bem aprofundadas, que sempre tento fazer, e que se tornou uma marca registrada ao longo do tempo. Ela também agradeceu pelos créditos, que demos a ela devido a sua sugestão, no início da matéria, e acrescentou que não era fácil ver algo relacionado ao chamado "outro mundo" de uma forma mais séria atualmente, principalmente na TV. São esses pequenos gestos de carinho e reconhecimento, que sempre me motivaram ao longo do tempo. Meu principal objetivo não é necessariamente desmentir um caso, mas mostrar as possibilidades que o mesmo oferece e, havendo uma explicação perfeitamente plausível e racional, apontá-la e oferecê-la como a principal razão para a ocorrência de um determinado fenômeno. Quando isso não acontece, acabo fornecendo todo um conjunto probatório de evidências e situações, que podem indicar que um determinado caso não é bem aquilo, que é publicado pela mídia, principalmente em tabloides britânicos. O caso da lenda dos túmulos de São João do Triunfo não foi diferente, sendo que vale muito a pena vocês conferirem a matéria, visto que a mesma é uma espécie de convite a reflexão sobre a forma pela qual determinados assuntos acabam sendo transmitidos, principalmente de forma oral, ao longo do tempo (leia mais: Amor Além da Vida? O Mistério dos Túmulos que "Teriam se Unido" em um Cemitério da Cidade de São João do Triunfo/PR!).

Curiosamente, enquanto procurava informações adicionais sobre a lenda dos túmulos, acabei me deparando com um outro caso ocorrido recentemente, porém na cidade de Santo Antônio de Pádua, no Estado do Rio de Janeiro. Achei tão interessante, que resolvi pesquisar mais a fundo sobre o mesmo e, consequentemente, trazê-lo ao conhecimento de vocês. O caso é relativamente simples. Um morador teria ido até um cemitério de um distrito da cidade para gravar a situação caótica e o estado de abandono, em que o mesmo se encontrava. Porém, no fim do vídeo, surge uma suposta "criatura" de trás de um dos túmulos. O morador alegou, que não tinha visto a suposta e estranha "criatura" que, para alguns outros moradores, seria uma entidade fantasmagórica, no momento da realização da filmagem. Será mesmo? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Um Pouco Sobre a Cidade de Santo Antônio de Pádua, no Estado do Rio de Janeiro


Ao contrário da matéria anterior, não irei me alongar muito para falar sobre a cidade de Santo Antônio de Pádua, porém sinto que é necessário repassar algumas informações para vocês. A cidade fluminense de Santo Antônio de Pádua está localizada a 260 km a nordeste da cidade do Rio de Janeiro, capital do estado. Segundo uma estimativa populacional realizada em 2013, o município teria pouco mais de 41 mil habitantes, e estaria subdividido nos distritos de Santo Antônio de Pádua (sede), Baltazar, Santa Cruz, Campelo, Marangatu, Monte Alegre, Paraoquena, São Pedro de Alcântara e Ibitiguaçu.



A cidade fluminense de Santo Antônio de Pádua está localizada a 260 km a nordeste da cidade do Rio de Janeiro, capital do estado. Segundo uma estimativa populacional realiza em 2013, o município teria pouco mais de 41 mil habitantes, e estaria subdividido nos distritos de Santo Antônio de Pádua (sede), Baltazar, Santa Cruz, Campelo, Marangatu, Monte Alegre, Paraoquena, São Pedro de Alcântara e Ibitiguaçu.
A cidade, predominantemente católica, é abastecida pelo Rio Pomba, que corta o município ao meio. É interessante ressaltar, que o Rio Pomba é um dos principais afluentes da margem esquerda do Rio Paraíba do Sul. Como era de se esperar, ainda mais considerando que estamos no Brasil, a cidade já sofreu muito com as enchentes, que costumavam alagar a maior parte dos bairros, invadindo casas, fábricas, escolas, hospitais, e deixando milhares de pessoas ilhadas.

A maior e mais catastrófica enchente teria acontecido em 2008, quando o Rio pomba subiu mais de 4,5 metros acima do leito normal, derrubando uma pequena ponte do bairro Cidade Nova, sendo que a força das águas também derrubou uma parte da chamada "Ponte de Ferro" (ou "passarela"), gerando um prejuízo de milhões de reais. A maioria dos bairros e o centro da cidade ficaram submersos.

A maior e mais catastrófica enchente teria acontecido em 2008, quando o Rio pomba subiu mais de 4,5 metros acima do leito normal, derrubando uma pequena ponte do bairro Cidade Nova, sendo que a força das águas também derrubou uma parte da chamada "Ponte de Ferro" (ou "passarela"), gerando um prejuízo de milhões de reais. A foto acima mostra a Igreja Matriz tomada pelas águas.
A Ponte Raul Veiga durante a enchente do rio Pomba, em 2008, sendo que o rio transbordou
e impediu a circulação de pessoas e veículos. A ponte é considerada um cartão postal da cidade.
Uma visão parcial de Santo Antônio de Pádua tomada pelas águas em dezembro de 2008
Após sucessivos transtornos, em junho de 2014, foram anunciadas obras de prevenção de enchentes, com derrocamento (retirada de pedras) e desassoreamento (basicamente a retirada de areia e lama), drenagem, e urbanização em um longo trecho do rio Pomba. De qualquer forma, é possível notar que, ano após ano, os moradores ainda vivem sob a constante ameaça de transbordamento do rio Pomba, principalmente durante o verão (a famigerada "época das chuvas" na maior parte do nosso Brasil), a exemplo de notícias publicadas em meados de dezembro de 2015, e no final do mês de janeiro de 2016.

Entretanto, curiosamente, a cidade de Santo Antônio de Pádua já figurou como sendo uma das 50 melhores cidades do Brasil, em um estudo chamado "As Melhores Cidades do Brasil", publicado em 2015. O estudo, que foi elaborado pela Revista "Isto É" e pela "Austin Rating", a principal agência de classificação de risco do Brasil, destacou Santo Antônio de Pádua como um dos municípios brasileiros onde se encontravam as melhores práticas de gestão.

Entretanto, curiosamente, a cidade de Santo Antônio de Pádua já figurou como sendo uma das 50 melhores cidades do Brasil, em um estudo chamado "As Melhores Cidades do Brasil", publicado em 2015
De acordo com os realizadores do estudo, a premiação era uma chancela e um selo de qualidade das boas administrações do país, porque teria sido concebido a partir de dados oficiais. De forma até então inédita, o levantamento utilizou mais de 500 indicadores, de diferentes fontes, para mapear onde estavam as melhores práticas de gestão no Brasil.

As cidades foram divididas em pequeno, médio e grande porte e uma série de indicativos agrupados em quatro pilares fundamentais: indicadores sociais, econômicos, fiscais e digitais. Ao todo, 5.565 municípios brasileiros foram avaliados e divididos em três categorias: pequeno porte, que são as cidades de até 50 mil habitantes (4.957 cidades ou 89,07% do total); médio porte, de 50.001 a 200 mil habitantes (8,54% do total) e, de grande porte, acima de 200.001 habitantes, que totalizaram 133 cidades (ou 2,39% do total). Desde então, aparentemente, a situação teria piorado.

A Notícia Sobre a Suposta e Estranha "Criatura" ou "Fantasma", que Foi Publicada Pelo Site "SF Notícias"


De acordo com o site "SF Notícias", o vídeo deveria ter servido apenas para mostrar a indignação de moradores em relação ao péssimo estado de conservação de um cemitério em Ibitiguaçu, o oitavo distrito de Santo Antônio de Pádua, mas o vídeo viralizou nas redes sociais por outro motivo: uma aparição de uma "figura misteriosa", um suposto "fantasma". O vídeo teria sido gravado por um homem chamado Eliseu Lugão, irmão de uma moradora do distrito, e enviado por ela a um jornalista chamado Carlos Cunha. No mesmo era possível ver o péssimo estado de conservação, em que o cemitério se encontrava: mato alto, sepulturas quebradas, ossadas expostas e um suposto "fantasma".

Ao SF Notícias, a moradora contou que a filmagem foi realizada por volta das 13h, do dia 16 de janeiro deste ano, data em que teria ocorrido o sepultamento de sua prima. A moradora disse através de mensagem, que nem ela, e nem mesmo o seu irmão, teriam percebido a "estranha criatura", ao menos foi essa a definição dada por ela em relação "aquilo", que aparece no vídeo. Confira o mesmo, que foi publicado no canal do SF Notícias, no YouTube:



A "aparição" ocorre aos 2m46s de vídeo, na parte em que Eliseu mostra uma região em que o mato foi cortado no dia do sepultamento, justamente para passagem do cortejo. Eliseu afirmou que em nenhum momento pausou ou cortou o vídeo.

A "aparição" ocorre aos 2m46s de vídeo, na parte em que Eliseu mostra uma região em que o mato foi cortado no dia do sepultamento, justamente para passagem do cortejo.


"Olha, eu passei o vídeo conforme foi gravado. Eu não tinha visto essa cena no final do vídeo. Eu fiquei tão indignada com a situação do matagal no cemitério. Não teria motivos para inventar algo de tão sério naquele vídeo. Até então, pra mim, era um vídeo comum. Confesso que estou assustada", afirmou a moradora, que preferiu não ser identificada.

Moradores locais estavam indignados com o péssimo estado de conservação de um cemitério em Ibitiguaçu

O péssimo estado de conservação em que o cemitério se encontrava:
mato alto, sepulturas quebradas, e ossadas expostas


"Em todos esses anos de luta social, já vi todos os tipos de situações, mas nunca imaginei que veria algo assim. Eu vi o vídeo várias vezes e de várias formas, e não encontro nenhuma explicação plausível. Uma coisa é clara, até os mortos estão protestando", disse Carlos Cunha.

É possível ver que o mato cresceu livremente no cemitério de Ibitiguaçu...

...e tomou conta de praticamente todo o cemitério.


Para muitos moradores de Pádua, que mandaram o vídeo para a redação do "SF Notícias", a "estranha criatura" não passava de uma "montagem", alguém coberto por um pano preto. Agora, será que estamos realmente diante de um suposto "fantasma" ou uma "estranha criatura"?

Um Olhar Mais Aprofundado do Vídeo que Foi Divulgado pelo Site "SF Notícias"! Teria Sido Apenas um Vídeo Viral com Propósito Social?


Geralmente, casos envolvendo fotos ou vídeos de supostos fantasmas possuem os mesmos discursos: ninguém viu absolutamente nada durante a filmagem ou passeio; o "fantasma" quase sempre é visto horas depois ao rever as fotos tiradas ou o vídeo gravado; ninguém sabe utilizar ferramentas de edição de imagens ou vídeo e, todos, absolutamente todos, sempre falam a verdade sobre o que aconteceu. Evidentemente, não podemos generalizar, porém muitas pessoas simplesmente mentem ou omitem informações cruciais sobre os casos que apresentam. Para tentar entender esse caso é necessário voltar no tempo e acessar o perfil de Carlos Cunha, no Facebook. Por questões de privacidade, não irei divulgar quaisquer endereços nesse sentido.

Carlos Cunha é um jornalista-cidadão e um crítico social de Santo Antônio de Pádua. Em seu perfil é possível ver uma série de postagens fazendo duras críticas a administração municipal, além de inúmeras fotos e vídeos mostrando o estado de ruas, a falta de coleta de lixo, de iluminação pública etc. Em uma determinada publicação, datada de 20 de janeiro deste ano, é possível ler, por exemplo, que a cidade estava enfrentando, ao menos segundo ele, a pior fase de sua história.

Em uma determinada publicação, datada de 20 de janeiro deste ano, é possível ler, por exemplo, que a cidade estava enfrentando, ao menos segundo ele, a pior fase de sua história.
Voltando um pouco no tempo, podemos ver que no dia 17 de janeiro, Carlos realizou uma postagem mostrando algo revoltante: ossos, matagal e completo estado de abandono do cemitério de Ibitiguaçu. Para ilustrar a situação, foram publicadas diversas imagens e um vídeo, justamente o vídeo gravado por Eliseu Lugão, e enviado pela moradora que, na verdade, seria irmã de Eliseu.

Posteriormente, Carlos fez questão de apontar, que aquele seria o vídeo original, ou seja, na íntegra.

Voltando um pouco no tempo, podemos ver que no dia 17 de janeiro, Carlos realizou uma postagem mostrando algo revoltante: ossos, matagal e completo estado de abandono do cemitério de Ibitiguaçu. Para ilustrar a situação, foram publicadas diversas imagens e um vídeo, justamente o vídeo gravado por Eliseu Lugão, e enviado pela moradora que, na verdade, seria irmã de Eliseu.
Posteriormente, Carlos fez questão de apontar, que aquele seria o vídeo original, ou seja, na íntegra.



Confira também o vídeo que foi publicado em um canal de terceiros, no YouTube:



No dia seguinte (18), Carlos publicou tão somente um pequeno trecho do vídeo, de apenas alguns segundos que, na verdade, era a parte final do vídeo. Carlos alegou que tinha visto o suposto "fantasma" tão somente no dia seguinte, e quem tinha gravado sequer tinha percebido.

Em uma longa discussão, uma moradora chamada Aline desconfiou do vídeo alegando que poderia ser montagem, sendo que o próprio Carlos não acreditava que fosse fantasma, mas tão somente uma pessoa de carne e osso. E, mesmo assim, ele chamou a "aparição" de inexplicável.

Em uma longa discussão, uma moradora chamada Aline desconfiou do vídeo alegando que poderia ser montagem, sendo que o próprio Carlos não acreditava que fosse fantasma, mas tão somente uma pessoa de carne e osso.
E, mesmo assim, ele chamou a "aparição" de inexplicável.
Quem também apareceu para comentar o assunto foi o Eliseu Lugão, alegando não sabia do que se tratava, que ele não tinha visto ninguém ou nada fora da normalidade durante a filmagem, e que jamais faria tal coisa para assustar a população, uma vez que faltaria com respeito com seus entes queridos, amigos, e alguns conhecidos que ali estavam sepultados.

Quem também apareceu para comentar o assunto foi o Eliseu Lugão, alegando não sabia do que se tratava, que ele não tinha visto ninguém ou nada fora da normalidade durante a filmagem, e que jamais faria tal coisa para assustar a população, uma vez que faltaria com respeito com seus entes queridos, amigos, e alguns conhecidos que ali estavam sepultados

No dia seguinte (19), Carlos comentou sobre um certo programa de rádio da cidade, que teria abordado a questão do cemitério de Ibitiguaçu, muito provavelmente porque a filmagem e as fotos tiveram uma grande repercussão na cidade. Ele ainda acrescentou, que o problema seria ainda maior: o total descaso em relação ao bairro Ibitiguaçu como um todo, porém principalmente do cemitério. Túmulos destruídos pela ação do tempo e matagal.

Segundo Carlos, essa situação abria margem para coisas que não eram comuns, como por exemplo ter um trabalhador braçal, que só servia pra abrir a capela mortuária, e não haver nenhuma capina ou roçagem, ou seja, literalmente não havia nenhuma manutenção. Porém, uma moradora chamada Daniela, prima de Eliseu, alegou através de comentário, que o cemitério já estava abandonado há anos, ou seja, a responsabilidade também se aplicava a administrações municipais anteriores.

No dia seguinte (19), Carlos comentou sobre um certo programa de rádio da cidade, que teria abordado a questão do cemitério de Ibitiguaçu, muito provavelmente porque a filmagem e as fotos tiveram uma grande repercussão na cidade.


No dia 22 de janeiro, Carlos publicou que eles tinham finalmente conseguido fazer a prefeitura começar a limpar o cemitério de Ibitiguaçu. Ele publicou uma foto, e posteriormente um vídeo mostrando que a limpeza estava sendo feita. Desde então, o assunto sobre o suposto "fantasma" ou "estranha criatura" aparentemente foi deixado de lado.

No dia 22 de janeiro, Carlos publicou que eles tinham finalmente conseguido fazer a prefeitura começar a limpar o cemitério de Ibitiguaçu. Ele publicou uma foto...

...e posteriormente um vídeo mostrando que a limpeza estava sendo feita. Desde então, o assunto sobre o suposto fantasma ou "estranha criatura" aparentemente foi deixado de lado.


Confira também o vídeo que foi publicado em um canal de terceiros, no YouTube:



Esse é um ponto interessante, porque a moradora chamada Aline, a que se mostrou mais ativa sobre a possibilidade da "aparição" ser ou não um "fantasma" ou uma "estranha criatura", questionou que, durante a nova filmagem, nada de estranho teria aparecido.

Em resposta, Eliseu disse que estava feliz em saber que o cemitério estava sendo cuidado, e que todos ali mereciam ao menos esse respeito, ou seja, que tivessem em um lugar digno de se passar a eternidade. Ele também disse que todos tinham que lutar por eles, e em tom de brincadeira, disse que, talvez, a limpeza tivesse varrido a "aparição" para longe.

Eliseu disse que estava feliz em saber que o cemitério estava sendo cuidado, e que todos ali mereciam ao menos esse respeito, ou seja, que estivessem em um lugar digno de se passar a eternidade. Ele também disse que todos tinham que lutar por eles, e em tom de brincadeira, disse que, talvez, a limpeza tivesse varrido a "aparição" para longe.

Aliás, Daniela, prima de Eliseu, também ficou feliz. Ela disse que "com fantasma ou sem fantasma o vídeo serviu para ver como o cemitério estava e foi limpo". Em resposta, Eliseu disse que "o vídeo tinha sido muito bom, uma resposta rápida do prefeito junto a prefeitura". Resumindo, o vídeo tinha servido a esse propósito, ou seja, chamar a atenção para o problema no cemitério de Ibitiguaçu.

Aliás, Daniela, prima de Eliseu, também ficou feliz. Ela disse que "com fantasma ou sem fantasma o vídeo serviu para ver como o cemitério estava e foi limpo". Em resposta, Eliseu disse que "o vídeo tinha sido muito bom, uma resposta rápida do prefeito junto a prefeitura"

Resumindo, o vídeo tinha servido a esse propósito, ou seja, chamar a atenção para o problema no cemitério de Ibitiguaçu.
Esses dois comentários foi publicados na única vez que Eliseu comentou sobre o vídeo, em seu perfil no Facebook, no dia 22 de janeiro, justamente quando foi realizada a limpeza do cemitério. Ele voltou a dizer que não sabia daquela "aparição estranha" mostrada no vídeo, e que só foi saber após três dias, quando o Carlos Cunha postou o vídeo em seu perfil no Facebook. Teria sido nesse momento, que Eliseu foi conferir o vídeo em seu celular, e que ainda o tinha em seu aparelho, exatamente como foi gravado.

Esses dois comentários foi publicados na única vez que Eliseu comentou sobre o vídeo, em seu perfil no Facebook, no dia 22 de janeiro, justamente quando foi realizada a limpeza do cemitério. Ele voltou a dizer que não sabia daquela "aparição estranha" mostrada no vídeo, e que só foi saber após três dias, quando o Carlos Cunha postou o vídeo em seu perfil no Facebook

Alguns detalhes, no entanto, apontam que o suposto "fantasma" ou a "estranha criatura" seja apenas uma pessoa utilizando uma máscara e vestida de preto, porém não seria uma pessoa tão aleatória assim. É bem possível, até mesmo, que seja alguém que estava na companhia de Eliseu (podendo ser o próprio Eliseu, sua irmã, algum amigo ou conhecido da família) no momento em que o vídeo foi gravado. Obviamente, não há como afirmar isso, mas existem certas considerações a serem feitas.

1. O Corte Grosseiro Feito no Vídeo em 2:34


Em entrevista ao "SF Notícias", Eliseu afirmou que em nenhum momento pausou ou cortou o vídeo, porém não é isso que vemos em 2 minutos e 34 segundos de vídeo. A filmagem é quase inteiramente um "plano sequência", ou seja, uma sequência inteira, sem cortes. Porém, quando o vídeo está prestes a terminar, existe um corte grotesco e, logo em seguida, vemos um cenário completamente diferente, porém dentro do cemitério. Qualquer pessoa, mesmo sem qualquer conhecimento de edição de vídeo nota isso claramente. Resumindo, o vídeo foi editado.

A filmagem é quase inteiramente um "plano sequência", ou seja, uma sequência inteira, sem cortes. Porém, quando o vídeo está prestes a terminar, existe um corte grotesco...

...e logo em seguida, vemos um cenário completamente diferente, porém dentro do cemitério. Qualquer pessoa, mesmo sem qualquer conhecimento de edição de vídeo nota isso claramente. Resumindo, o vídeo foi editado.


Além disso, ao contrário do restante do vídeo, a parte final é quase estática. O vídeo mostra um ponto muito específico do cemitério, praticamente esperando que algo acontecesse. Infelizmente, esse tipo de atitude é muito comum e bem característica em casos de vídeos falsos de supostos fantasmas ou criaturas estranhas.

2. O Som das Passadas em Meio ao Mato Alto: O "Fantasma" ou "Estranha Criatura" Anda Exatamente como uma Pessoa de Carne e Osso


Durante boa parte do vídeo podemos notar que o responsável pela filmagem anda em meio ao mato alto. Ao fazer isso, o celular capta perfeitamente, em alto e bom som, as passadas em meio ao mato. O mesmo acontece com o barulho do vento. O som das passadas no mato é bem específico, sendo que podemos ouvi-lo novamente nos últimos segundos do vídeo.

Durante boa parte do vídeo podemos notar que o responsável pela filmagem anda em meio ao mato alto. Ao fazer isso, o celular capta perfeitamente, em alto e bom som, as passadas em meio ao mato. O mesmo acontece com o barulho do vento

Quando o responsável pela filmagem se desloca na parte final, o som não é proveniente dos seus pés, visto que a grama logo abaixo está bem aparada. Se vocês repararem bem, o som vem justamente das passadas, um ritmo e caminhar perfeitamente bípede, da tal "criatura" ao fundo, ou seja, temos 99,99% (acrescidos de cem mil vezes o número 9 após a vírgula) da mesma ser uma pessoa de carne e osso.
Quando o responsável pela filmagem se desloca na parte final, o som que ouvimos não é proveniente dos seus pés, visto que a grama logo abaixo está bem aparada. Se vocês repararem bem, o som vem justamente das passadas, em um ritmo e um caminhar perfeitamente bípede, justamente da tal "criatura" ao fundo, ou seja, temos 99,99% (acrescidos de cem mil vezes o número 9 após a vírgula) da "criatura" ser uma pessoa de carne e osso. Considerando o som do mato e fato de estarmos em plena luz do dia, seria praticamente impossível que o responsável pela filmagem não tivesse notado isso. Assim sendo, muito provavelmente a ação foi premeditada.

Agora, por qual motivo alguém criaria todo esse mistério sobre um suposto "fantasma" ou "estranha criatura"? Bem, essa não é uma pergunta fácil de responder. Geralmente vídeos virais de supostos fantasmas tem objetivos financeiros, mas não acredito que seja esse o caso. Uma forte possibilidade é que o vídeo teria sido criado justamente para ser viralizado, compartilhado inúmeras vezes entre os moradores da cidade, de modo que chamasse atenção da população para a situação do cemitério de Ibitiguaçu. Se essa linha de pensamento estiver mesmo correta, o vídeo cumpriu perfeitamente seu propósito social, ou seja, estamos diante de uma espécie de "viral social do bem". Admitir isso, ao menos enquanto o cemitério estava em estado de abandono, poderia soar como um "tiro no próprio pé", visto que muitas pessoas poderiam interpretar isso como uma "brincadeira de mau gosto" e não atender o apelo para que administração social tivesse mais zelo pelo cemitério de Ibitiguaçu.

Enfim, sinceramente, não vejo nenhuma espécie de dolo em toda essa história, visto que o vídeo aparentemente cumpriu o seu papel, ou seja, resolveu um problema do distrito de Ibitiguaçu. Apesar de ser particularmente contra todo e qualquer tipo de mentira, se "fantasmas" ou "estranhas criaturas" realmente ajudarem a propagar o descaso de administrações municipais pelo Brasil, e efetivamente acordarem as autoridades públicas para que resolvam os problemas da população, então, que assim seja.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://www.sfnoticias.com.br/figura-misteriosa-em-video-de-cemiterio-intriga-moradores-de-padua
https://pt.wikipedia.org/wiki/Santo_Ant%C3%B4nio_de_P%C3%A1dua_(Rio_de_Janeiro)

Milagre Divino? Os Estranhos Casos de Supostas "Aparições" de Nossa Senhora das Graças em Duas Cidades no Estado do Ceará!

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Por Marco Faustino

Ultimamente, falar sobre religião em nosso país vem sendo equivalente a falar sobre política. Aparentemente, há uma espécie de duelo entre algumas pessoas, que julgam que determinada religião é melhor ou mais correta do que outra. Isso sem contar com aquelas pessoas, que acreditam que as crenças religiosas sequer deveriam existir. Ao acessar publicações de vídeos de supostos milagres e aparições sempre fico horrorizado com a polarização existente, e o ódio gratuito proferido por algumas pessoas, cujo fanatismo gera um enorme desrespeito ao próximo, ultrapassando não somente o limiar do bom senso e do direito comum, mas contradizendo tudo aquilo que é pregado diariamente em muitas igrejas ou templos ao redor do nosso país. Afinal de contas, se o Cristianismo, independentemente de sua denominação ou vertente prega basicamente o amor ao próximo, por qual razão aqueles que se dizem religiosos acreditam ter o direito de mudar esse amor e transmitir tão somente o ódio? De qualquer forma, sempre tento abordar esse tema da forma mais limpa e imparcial possível. A questão não é defender e nem mesmo acusar qualquer crença, mas ter um olhar criterioso e apontar dados e informações, que muitas vezes as pessoas não possuem qualquer tipo de conhecimento. Então, naturalmente, quando alguém não tem informações suficientemente claras a respeito de um determinado assunto, tende a agir meramente por suas emoções diante do que acredita ser uma ofensa. Essa não é a primeira vez que abordo assuntos espinhosos, que sempre tento trazer da maneira mais digna e respeitosa possível. Um exemplo disso aconteceu no ano passado, quando alguns sites diziam que os cientistas queriam clonar Jesus Cristo. Nesse sentido, transcrevi os principais pontos e detalhes de um especial sobre a busca do DNA de Jesus Cristo, que foi exibido pelo History Channel, e mostrei toda a realidade sobre o assunto. Vale muito a pena conferir (leia mais: Será Verdade que os Cientistas Estão Pretendendo "Clonar" Jesus Cristo a Partir dos Ossos de João Batista ou do Santo Sudário?).

Agora, trago ao conhecimento de vocês duas histórias bem interessantes, que aconteceram em duas cidades do Estado do Ceará e ambos os casos envolvem supostas aparições ou manifestações de Nossa Senhora das Graças, uma invocação especial pela qual é conhecida a Virgem Maria, e está relacionada a duas aparições da Virgem a Santa Catarina Labouré, que por sua vez, na época do ocorrido, era uma noviça das Irmãs da Caridade em Paris, na França, no século XIX. Aliás, a mesma precede as aparições em La Salette, Lourdes e Fátima. A primeira suposta "aparição" ocorreu no início deste mês de janeiro, na cidade de Marco, e envolve um ambiente bem tecnológico por assim dizer, uma vez que a imagem de Nossa Senhora das Graças teria sido vista somente pelo monitor de um porteiro eletrônico de uma casa. Já a segunda suposta "aparição" ocorreu há alguns dias atrás, na cidade de Beberibe, quando moradores locais passaram a acreditar que Nossa Senhora das Graças teria se manifestado em uma churrasqueira. Será que as aparições ou manifestações são inexplicáveis? Estamos diante de milagres? Vamos saber mais sobre o assunto?

Um Pouco Sobre a Cidade de Marco, no Estado do Ceará


Uma vez que serão abordados dois casos nesta matéria irei me limitar apenas a contar algumas informações bem básicas sobre as cidades onde os incidentes ocorreram, combinado? Bem, Marco é um município do Estado do Ceará, que fica localizado a uma distância de aproximadamente 240 km a noroeste de Fortaleza, capital do referido estado. Segundo uma estimativa populacional realizada pelo IBGE, em 2017, Marco tem aproximadamente 27 mil habitantes, ou seja, é uma cidade de pequeno porte, e cresce a um ritmo bem lento.



Marco é um município do Estado do Ceará, que fica localizado a uma distância de aproximadamente 240 km a noroeste de Fortaleza, capital do referido estado. A foto acima mostra a Igreja Matriz de Marco.
Um detalhe muito interessante a se mencionar é que Marco é uma cidade de uma religiosidade muito forte. As primeiras manifestações de apoio eclesial remontam a edificação da capela em honra de São Manuel, construída em 1870. Essa capela, depois de reformada e ampliada, transformou-se na Igreja Matriz, conforme portaria de autoria do Bispo de Sobral, D. José Tupinambá da Frota, datada de 31 de dezembro de 1941. Aproveite e confira também uma homenagem feita pelo governo do Estado do Ceará ao município, em novembro de 2016, no YouTube:



O Catolicismo continua sendo a religião dominante do município, com cerca de 23.335 fiéis, de acordo com o Censo Demográfico de 2010, o equivalente a 94,5% da população.No censo de realizado em 2010, também registrou-se o que vem ocorrendo em todo o território nacional: a diminuição do número de católicos e o crescimento no número de evangélicos (ou protestantes). Aqueles que se declaram evangélicos em Marco passaram de 382 fiéis em 2000 (1,9% da população) para 1.167 em 2010 (4,7%), com destaque para a Igreja Assembleia de Deus, que tinha 952 membros em 2010 (3,9% da população, e 81,6% de todos os evangélicos do município). Isso representa um crescimento aproximado de 20% ao ano.

Assim sendo, se tudo continuar nesse ritmo, os evangélicos chegarão a 12% da população em 2020, ou seja, daqui a apenas dois anos. Então, é possível imaginar o que pode acontecer, quando a principal notícia da cidade é referente a uma suposta aparição de Nossa Senhora das Graças, não é mesmo?

A Reportagem Realizada Pela "TV Jangadeiro" Sobre uma Suposta Aparição de Nossa Senhora das Graças na Cidade de Marco


No dia 17 de janeiro deste ano, o canal do "Sistema Jangadeiro", no YouTube, publicou uma reportagem realizada pela "TV Jangadeiro", emissora de TV afiliada do SBT, com sede em Fortaleza, no Ceará, sobre mulheres que teriam visto a imagem de Nossa Senhora das Graças. A suposta aparição foi gravada através de um celular, sendo que o vídeo causou muita repercussão e movimentou toda a cidade.

O repórter Arnaldo Araújo, do programa "Vem que Tem", foi até a cidade conversar com uma jovem chamada Yanka Neves, 21 anos, que afirmava ter visto a imagem. Dona Silvane Neves, mãe da Yanka, também garantiu também ter visto a santa. Confiram a respectiva reportagem abaixo:



Entretanto, para evitar que vocês gastem a franquia de internet de vocês, irei fazer uma transcrição praticamente completa do que é mencionado no vídeo, combinado? Bem, a reportagem começa mostrando algumas imagens da cidade de Marco, e rapidamente podemos ver o repórter dizendo que, assim como a maioria das cidades do Ceará, Marco era uma cidade movida pela fé do seu povo, e que tinha como padroeiro, São Manuel. Contudo, foi a aparição de uma santa, Nossa Senhora das Graças, que gerou muita repercussão e movimentou todo o município.

Bem, a reportagem começa mostrando algumas imagens da cidade de Marco..
...e rapidamente podemos ver o repórter dizendo que, assim como a maioria das cidades do Ceará, Marco era uma cidade movida pela fé do seu povo, e que tinha como padroeiro, São Manuel.
Também podemos ver e ouvir a opinião de alguns moradores de Marco sobre o assunto. Alguns acreditavam em milagre e em algo inexplicável, já outros se mostravam surpresos e comovidos com a suposta aparição misteriosa.

Também podemos ver e ouvir a opinião de alguns moradores de Marco sobre o assunto. Alguns acreditavam em milagre e em algo inexplicável...
...já outros se mostravam surpresos e comovidos com a suposta aparição misteriosa.
 Logo em seguida, podemos ver o repórter aparecendo no monitor de um porteiro eletrônico da marca "PowerPack", modelo DF-703. A imagem da santa teria aparecido na residência em frente a casa da família, que possui esse porteiro eletrônico.

Logo em seguida, podemos ver o repórter aparecendo no monitor de um porteiro eletrônico da marca "PowerPack", modelo DF-703. A imagem da santa teria aparecido na residência em frente a casa da família, que possui esse porteiro eletrônico
Assim sendo, o repórter entra na casa da família para conversar com a mãe da jovem Yanka, sendo que podemos notar muitas imagens religiosas espalhadas pela casa, principalmente em uma espécie de altar dedicado apenas para essas imagens. A jovem Yanka aparece na reportagem através de um vídeo, aparentando ter sido previamente ou posteriormente gravado em relação a ida do repórter na casa de sua família, explicando que, no domingo (a reportagem não diz a data do incidente, mas foi no dia 7 de janeiro), por volta das 23h59 (Yanka menciona apenas 11h59, mas, na verdade foi às 23h59, algo que explicarei mais a frente), ela estava em seu quarto, quando resolveu ir até a cozinha e, ao chegar, teve a sensação de querer mexer no monitor.

Quando ela ligou o monitor, a jovem teria visto uma imagem azul que, segundo ela, nunca teria sido vista anteriormente. Então, Yanka resolveu chamar sua mãe, a Dona Silvane Neves, e quase que imediatamente sua mãe teria notado a incrível semelhança com Nossa Senhora das Graças.

Assim sendo, o repórter entra na casa da família para conversar com a mãe da jovem Yanka, sendo que podemos notar muitas imagens religiosas espalhadas pela casa, principalmente em uma espécie de altar dedicado apenas para essas imagens.
A jovem Yanka aparece na reportagem através de um vídeo, aparentando ter sido previamente ou posteriormente gravado
em relação a ida do repórter na casa de sua família.
Por sua vez, a mãe de Yanka, declarou que, após 19 minutos, a filha teria lhe pedido para ficar olhando o monitor, e teria corrido para buscar o celular em seu quarto, com o objetivo de tirar uma foto. Assim sendo, Yanka teria conseguido tirar foto. Porém, ao desligar e ligar novamente o monitor, a imagem teria misteriosamente sumido.

Inicialmente, Dona Silvane disse que não tinha dado muita importância, porque achava que tudo era coisa da "cabeça" de sua filha, porém, posteriormente, ela disse que realmente viu a imagem. A mãe também contou que a filha teria ido dormir, mas estava tão nervosa, que suas pernas teriam ficado trêmulas. A situação teria sido tão apreensiva, que Yanka pediu para a mãe dormir ao seu lado naquela madrugada.

Por sua vez, a mãe de Yanka, declarou que, após 19 minutos, a filha teria lhe pedido para ficar olhando o monitor, e teria corrido para buscar o celular em seu quarto, com o objetivo de tirar uma foto. Assim sendo, Yanka teria conseguido tirar foto.
Porém, ao desligar e ligar novamente o monitor, a imagem teria misteriosamente sumido.
No dia "seguinte" (segunda-feira, dia 8 de janeiro), por volta das 22h30, seus familiares (ou moradores locais) estavam no lado de fora da residência conversando, quando Yanka foi novamente até a cozinha para buscar uma água para sua tia. Yanka teria dito que sentiu a mesma vontade de apertar o monitor, ou seja, ligá-lo. A imagem teria aparecido novamente, o que fez com que a jovem gritasse. Segundo Yanka, vizinhos e familiares teriam ouvido seu grito.

Dona Silvane disse que muita gente teria filmado, tirado fotografias, e ficado na frente da imagem para ver se era algum reflexo, porém ela própria não sabia explicar o que estava acontecendo. Aliás, também são mostrados alguns trechos de vídeos, que foram gravados com o celular diante do monitor do porteiro eletrônico. Além disso, o repórter ainda tentou "quebrar a ideia" de que aquilo pudesse ser um reflexo na lente da câmera, visto que um morador ficou na frente da imagem e encobriu sua luminosidade. Segundo o repórter, esse foi o "fato mais intrigante e curioso" de toda a história. Porém, foi completamente ignorado um trecho muito interessante, entre 4:18 e 4:25 de reportagem, onde aparece algo muito peculiar, e que comentarei no fim da primeira parte desta matéria.

Dona Silvane disse que muita gente teria filmado, tirado fotografias, e ficado na frente da imagem para ver se era algum reflexo, porém ela própria não sabia explicar o que estava acontecendo.
Aliás, também são mostrados alguns trechos de vídeos, que foram gravados com o celular diante do monitor do porteiro eletrônico
Além disso, o repórter ainda tentou "quebrar a ideia" de que aquilo pudesse ser um reflexo na lente da câmera, visto que um morador ficou na frente da imagem e encobriu sua luminosidade.
Comparativo exibido na reportagem em relação a "imagem", que teria aparecido na residência em frente a casa de Yanka,
e a imagem sacra de Nossa Senhora das Graças
Ao final da reportagem, Dona Silvane disse que era devota fervorosa de Nossa Senhora das Graças, e Yanka mencionou que não sabia a razão pela qual aquilo teria acontecido, mas acreditava que fosse um sinal, e que a santa estava próxima de sua família, os protegendo.

Ao final da reportagem, Dona Silvane disse que era devota fervorosa de Nossa Senhora das Graças, e Yanka mencionou que não sabia a razão pela qual aquilo teria acontecido, mas acreditava que fosse um sinal, e que a santa estava próxima de sua família, os protegendo.
Sinceramente, essa reportagem, jornalisticamente falando, foi totalmente estranha. Nesse sentido, é necessário apontar diversos elementos e informações que simplesmente foram sonegadas do telespectador:
  • Não foi entrevistado(a) nenhum(a) morador(a), que estava presente no lado de fora da residência da família de Yanka, na segunda-feira (8);
  • Não foi entrevistado(a) o(a) proprietário(a) do imóvel em frente a casa da família de Yanka;
  • Não há nenhuma outra foto ou vídeo gravado por terceiros. Se pessoas tiraram fotos e gravaram vídeos, onde estão esses vídeos? Aparentemente, era possível ver a imagem somente a partir do monitor do porteiro eletrônico. Porém, por que ninguém gravou ou tirou uma foto bem próxima do local, exatamente no momento em que a suposta aparição estava acontecendo? Aliás, a reportagem também não visitou o local durante o período da noite, e não conferiu se a tal aparição ocorria em outras noites, ou seja, se havia um padrão específico para a ocorrência.
Complicado, não é mesmo? Assim sendo, resolvi pesquisar por maiores informações sobre o assunto, e encontrei uma transmissão ao vivo, uma espécie de "entrevista ao vivo", que foi transmitida pela página do radialista Gegê Romão, no Facebook. Juntamente com um outro radialista chamado Wandick Mesquita, eles entrevistaram a Yanka para saber maiores detalhes sobre o incidente, algo que vocês irão conferir a partir de agora.

A Entrevista dos Radialistas Gegê Romão e Wandick Mesquita com a Jovem Yanka, que Foi Realizada na Tarde do Dia 10 de Janeiro


Uma das primeiras entrevistas concedidas por Yanka Neves foi para os radialistas Gegê Romão e Wandick Mesquita, na tarde do dia 10 de janeiro deste ano. Vocês podem conferir a entrevista completa através de um canal de terceiros, no YouTube:



Entretanto, para evitar que vocês gastem a franquia de internet de vocês, irei ressaltar os principais detalhes do que é mencionado no vídeo, que possui pouco mais de 10 minutos de duração, combinado? Bem, inicialmente, vemos Yanka contando basicamente o que já havia mencionado na outra reportagem, ou seja, que a primeira aparição teria ocorrido por volta das 0h de segunda-feira, dia 8 de janeiro (no vídeo ela cita 12h de segunda-feira, porém explicarei isso daqui a pouco).

Ela disse que teve vontade de ligar o monitor, sendo que ele ficava constantemente desligado (provavelmente para economizar energia elétrica, é claro), quando ela viu uma mancha, meio azul, um azul escuro. Então, Yanka alegou que mexeu no brilho da imagem, e teria sido nesse momento que ela teria visto a nítida imagem de Nossa Senhora das Graças. Ela disse que chamou sua irmã e sua mãe, e posteriormente foi pegar seu celular para tirar fotos (sendo que só apresentada uma única foto).

Ao ser questionada se moradores da cidade tinham lhe procurado para falar sobre o assunto, Yanka disse que não saía muito de casa, porém ela estava recebendo muitas solicitações de amizade no Facebook, ou seja, havia uma interação muito mais virtual. Ela também disse, que não via a imagem santa pessoalmente, somente pela câmera do porteiro eletrônico, assim como sua mãe, sua prima e demais familiares.

Ao ser questionada se moradores da cidade tinham lhe procurado para falar sobre o assunto, Yanka disse que não saía muito de casa, porém ela estava recebendo muitas solicitações de amizade no Facebook, ou seja, havia uma interação muito mais virtual
Yanka disse que ficou arrepiada ao ver a imagem, e pediu muitas bençãos para sua família e para sua casa. Ao ser questionada se ela realmente acreditava que a imagem era mesmo de Nossa Senhora das Graças, Yanka se mostrou hesitante, alegando não saber se era reflexo, mas que a imagem era muito nítida e todos que viam tinham a mesma opinião. Apesar de não sair muito de casa, ela disse que as pessoas na cidade comentavam que Nossa Senhora teria aparecido em uma espécie de chamado feito por ela, mas ela não sabia por qual motivo.

Um ponto muito importante da entrevista é que Yanka mencionou que a imagem de Nossa Senhora das Graças aparecia somente na parte da noite, nunca de dia. Logo em seguida, o radialista mostrou o outro lado da rua, ou seja, a residência onde a imagem teria aparecido, sendo que é possível notar que estava chovendo na cidade no momento da entrevista. Ambas as casas ficavam localizadas na rua Sete de Setembro, bem próximo da Paróquia de São Manuel.

Logo em seguida, o radialista mostrou o outro lado da rua, ou seja, a residência onde a imagem teria aparecido, sendo que é possível notar que estava chovendo na cidade no momento da entrevista.
Para provar o que estava dizendo, Yanka mostrou a foto que tirou com seu celular, cujo horário era 12:00 AM, essa é a razão pela qual ela sempre mencionou 11h59 e 12h, visto que seu celular está na convenção de tempo de 12 horas, que é bem comum em diversos países que adotam a língua inglesa e ex-colônias britânicas. 12 AM significa 0h na convenção de tempo de 24h, a que adotamos aqui no Brasil, ou seja, a primeira aparição ocorreu por volta meia noite de segunda-feira (8). Lembrando que meia-noite é o marco zero do início de um dia. Yanka também disse que a imagem de Nossa Senhora das Graças teria desaparecido às 0h19, madrugada de segunda-feira.

Para provar o que estava dizendo, Yanka mostrou a foto que tirou com seu celular, cujo horário era 12:00 AM, essa é a razão pela qual ela sempre mencionou 11h59 e 12h, visto que seu celular está na convenção de tempo de 12 horas, que é bem comum em diversos países que adotam a língua inglesa e ex-colônias britânicas. 12 AM significa 0h na convenção de tempo de 24h.
A primeira aparição ocorreu por volta meia noite de segunda-feira (8). Lembrando que meia-noite é o marco zero do início de um dia. Yanka também disse que a imagem de Nossa Senhora das Graças teria desaparecido às 0h19, madrugada de segunda-feira.
Segundo Wandick, a figura possuía características muito parecidas com a imagem sacra de Nossa Senhora das Graças, sendo que era possível notar duas cores: branco e azul. Yanka ainda acrescentou que seria possível ver uma espécie de "cordinha" na altura daquilo que seria o "pescoço" da imagem, como se fosse o vestido da santa.

Yanka ainda acrescentou que seria possível ver uma espécie de "cordinha" na altura daquilo que seria o "pescoço" da imagem, como se fosse o vestido da santa.
Posteriormente, houve uma tentativa de associar a aparição com a forte religiosidade da população da cidade de Marco, sendo que até mesmo uma vizinha da família teria presenciado a santa, e dito que a mesma estava protegendo a família de Yanka. De qualquer forma, a jovem disse que não sentia nenhuma força sobrenatural, ao menos não na maior parte do tempo, apenas quando via a imagem da santa.

Wandick disse que iria acompanhar o caso, e tentar algum contato com o pároco da Paróquia de São Manuel, para saber maiores detalhes sobre o que teria acontecido. Foi nesse momento, que ele e a Yanka atravessaram a rua para mostrar o local exato, onde tudo teria acontecido. Yanka voltou a repetir por diversas vezes, que a aparição ocorria somente pela câmera do porteiro eletrônico de sua residência, visto que a olho nu seria impossível enxergar a imagem.

Wandick disse que iria acompanhar o caso, tentar algum contato com o pároco da Paróquia de São Manuel, e saber maiores detalhes sobre o que teria acontecido
Ao final da reportagem é mostrado muito rapidamente um vídeo, onde é possíver ver uma série de populares próximos ao que seria a imagem santa, porém, aparentemente, não conseguem vê-la ou tocá-la.

Felizmente, encontrei dois vídeos no YouTube referentes a esse episódio ocorrido na noite de segunda-feira (8), que vocês podem conferir logo abaixo. O primeiro foi publicado no canal do usuário "Alan Neves", no YouTube, e possui cerca de 26 segundos de duração:



Já o segundo, foi publicado em um canal de terceiros, também no YouTube:



Enfim, essas foram basicamente as duas principais reportagens, que foram realizadas sobre esse caso, sendo que essa segunda, a exemplo da anterior, deixou inúmeras lacunas em aberto:
  • Não foi entrevistado(a) nenhum(a) morador(a), que estava presente no lado de fora da residência da família de Yanka, na segunda-feira (8)
  • Não foi entrevistado(a) o(a) proprietário(a) do imóvel em frente a casa da família de Yanka;
  • Não há nenhuma outra foto ou vídeo gravado por terceiros. Se pessoas tiraram fotos e gravaram vídeos, onde estão esses vídeos? Por que ninguém gravou ou tirou uma foto bem próxima do local, exatamente no momento em que a suposta aparição estava acontecendo?
  • Não foi mostrado o local no período da noite, e não ninguém conferiu se a tal aparição ocorria em outras noites, ou seja, se havia um padrão específico para a ocorrência.
Apesar de não termos muitas informações consideradas importantes, temos elementos bem interessantes, que denotam que, infelizmente, não estamos diante de uma manifestação divina, milagre e nem mesmo de um aparição de Nossa Senhora da Graças. É justamente sobre isso que vocês conferem a partir de agora.

Um Olhar Mais Aprofundado Sobre o Evento Ocorrido na Cidade de Marco, no Estado do Ceará


Talvez por motivações religiosas ou até mesmo uma simples falta de atenção, sendo associada a sonegação de informações importantes sobre um determinado acontecimento por parte da mídia, as pessoas sejam levadas a crer, que estão diante de um milagre divino. É importante ressaltar nesse ponto, que não irei discutir a questão religiosa, mas mostrar alguns detalhes e apontar a mais provável causa dessa suposta aparição de Nossa Senhora das Graças no município de Marco. Para isso, também pedi a opinião do Marco Antonio Migorança que, além de ser uma pessoa extremamente imparcial e confiável, é o principal responsável por um grupo chamado SIPEA, que possui um canal recentemente criado no YouTube, no qual trata de relatos paranormais, casuística ufológica, além de desmontar mentiras, falácias e montagens propagadas pela internet (clique aqui para acessar o canal). Diga-se de passagem, é um excelente canal, que já vem incomodando muita gente grande.

Em uma longa conversa que tivemos na sexta-feira passada (26), Migorança me explicou que o tom azulado que vemos, é a escala de cores da câmera, assim como acontece em monitores onde se dá ênfase ao azul ou vermelho, ou seja, ao frio ou quente. Assim sendo, ao vermos a primeira imagem, onde aparece somente a imagem da suposta santa, não significa necessariamente que a luz no local seja azul, porque aquilo é tão somente, o que o monitor do porteiro eletrônico da PowerPack, uma fabricante chinesa de eletrônicos, "enxerga".

Assim sendo, ao vermos a primeira imagem, onde aparece somente a imagem da suposta santa, não significa necessariamente que a luz no local seja azul...
...porque aquilo é tão somente, o que o monitor do porteiro eletrônico da PowerPack, uma fabricante chinesa de eletrônicos, "enxerga". Aliás, a propaganda é sempre melhor do que a realidade.
Esse tipo de câmera funciona de maneira muito particular em relação as demais, ou seja, não visa a qualidade da imagem (ao ponto de enxergarmos com extrema nitidez a placa de um carro, por exemplo). Assim sendo, as curvas de brilho, matiz, nitidez e constraste não são como uma câmera de um celular ou uma câmera profissional da Canon ou da Nikon. Essa é a principal razão pela qual somente a câmera do porteiro eletrônico "enxerga" a suposta "imagem", e não as demais câmeras de celulares de populares.

Um outro detalhe crucial, notado por ambos, é que nessa mesma imagem podemos notar que existe uma espécie de "vazamento de luz", de tom azulado, em diversos pontos: na coluna da residência, na parte das escadas, entre os galhos das árvores etc. Isso denota, que alguma coisa estava iluminando da direita para a esquerda, ou seja, havia alguma fonte de luz à direita, que estava sendo refletida na casa vizinha.

Um outro detalhe crucial, notado por ambos, é que nessa mesma imagem podemos notar que existe uma espécie de "vazamento de luz", de tom azulado, em diversos pontos: na coluna da residência, na parte das escadas, entre os galhos das árvores etc.
Ao procurarmos por algo nesse sentido, olhem bem o que encontramos:

Ao procurarmos por algo nesse sentido, olhem bem o que encontramos.
Notaram algo interessante? Na imagem acima aparece a casa vizinha da residência onde Nossa Senhora das Graças teria aparecido, sendo que casa está com as luzes acesas, e da mesma tonalidade da "imagem". Isso é mostrado entre 4:18 e 4:25 de reportagem da TV Jangadeiro. Provavelmente, a residência vizinha está sendo iluminada por lâmpadas fluorescentes (ou outros modelos), de luz branca, sendo que a câmera do porteiro eletrônico acaba distorcendo e decompondo em tons de azul.

Assim sendo, seria bem seguro afirmar que a luminosidade da casa vizinha estaria sendo refletida de alguma forma na casa ao lado, e bem especificamente naquele ponto em questão. E como sabemos que a luz da casa vizinha muito provavelmente tem uma fortíssima influência? Basta olhar o comparativo abaixo:

Assim sendo, seria bem seguro afirmar que a luminosidade da casa vizinha estaria sendo refletida de alguma forma na casa ao lado, e bem especificamente naquele ponto em questão. E como sabemos que a luz da casa vizinha muito provavelmente tem uma fortíssima influência? Basta olhar o comparativo acima.
Na primeira "aparição", a luz da casa vizinha também estava acesa:

Na primeira "aparição", a luz da casa vizinha também estava acesa
Aparentemente, a "imagem"é formada apenas quando a luz da casa vizinha está acesa. Quando a mesma está apagada a imagem simplesmente desaparece. Resumindo? A luz proveniente da casa vizinha acaba refletindo em algum detalhe presente no ambiente, porém em um ângulo bem pequeno, ao ponto de não causar nenhuma interferência com a passagem de populares. É possível notar que, mesmo diante da passagem de populares, existe um vazamento de luz azulada próxima a base do portão da residência, denotando que a luz realmente vem de algum ponto à direita.

É possível notar que, mesmo diante da passagem de populares, existe um vazamento de luz azulada próxima a base do portão da residência, denotando que a luz realmente vem de algum ponto à direita.
Infelizmente, devido as reportagens pouco informativas sobre o caso, e falta de vídeos mostrando a parte externa no momento da suposta "aparição", é bem difícil cravar qual seria o elemento causador dessa reflexão de luz branca da casa vizinha, que por sua vez aparece azulada no monitor do porteiro eletrônico.

Segundo o site "AccuWeather", teria chovido na cidade de Marco, no fim de semana compreendido entre os dias 6 e 7 de janeiro. Um piso molhado ou um acúmulo de água poderia refletir o brilho de uma terceira fonte, assim como o asfalto molhado, por exemplo. Também poderia ser uma mera placa reflexiva de veículo, que estivesse próximo, um vidro ou qualquer outro elemento do ambiente. Isso sem contar que estamos em uma rua arborizada e não temos o conhecimento de elementos visuais recentes, que pudessem nos ajudar nesse sentido. As imagens da rua Sete de Setembro, no Google Street View, datam de 2012, ou seja, seis anos atrás, sendo que algumas coisas mudaram desde então.

Aliás, a suposta "cordinha" do vestido de Nossa Senhora das Graças, é, na verdade, tão somente a grade da residência, que obviamente também sofre distorção diante da qualidade da câmera do porteiro eletrônico.

Segundo o site "AccuWeather", teria chovido na cidade de Marco, no fim de semana compreendido entre os dias 6 e 7 de janeiro. Um piso molhado ou um acúmulo de água poderia refletir o brilho de uma terceira fonte, assim como o asfalto molhado, por exemplo
Isso sem contar que estamos em uma rua arborizada e não temos o conhecimento de elementos visuais recentes, que pudessem nos ajudar nesse sentido. As imagens da rua Sete de Setembro, no Google Street View, datam de 2012, ou seja, seis anos atrás, sendo que algumas coisas mudaram desde então.
Enfim, é seguro afirmar, com 99,99% de chances, que a suposta imagem de Nossa Senhora das Graças na cidade de Marco, no Estado do Ceará, não é uma manisfestação divina ou milagre, mas também somente o reflexo de uma fonte de luz que, ao que tudo indica, seria da casa vizinha a residência onde a mesma teria surgido. Sem essa fonte de luz, não haveria aparição alguma.

De qualquer forma, essa não foi a única suposta e recente aparição de Nossa Senhora das Graças no Ceará. Recentemente, um outro caso chamou a atenção na cidade de Beberibe. Vamos conhecer os detalhes desse outro caso?

Um Pouco Sobre a Cidade de Beberibe, no Estado do Ceará


Beberibe é um município brasileiro do estado do Ceará, localizado na microrregião de Cascavel, mesorregião do Norte Cearense, a uma distância de 85 km a noroeste de Fortaleza, a capital do referido estado. De acordo com uma esimativa populacional do IBGE, em relação ao ano passado (2017), a cidade de Beberibe teria cerca de 53 mil habitantes. No último censo demográfico, ocorrido em 2010, a cidade tinha cerca de 49.311 habitantes, sendo que 78% dos moradores se declararam como católicos e 16% evangélicos, ou seja, números um pouco diferentes em relação a cidade de Marco.



De acordo com uma esimativa populacional do IBGE, em relação ao ano passado (2017), a cidade de Beberibe teria cerca de 53 mil habitantes. No último censo demográfico, ocorrido em 2010, a cidade tinha cerca de 49.311 habitantes, sendo que 78% dos moradores se declararam como católicos e 16% evangélicos, ou seja, números um pouco diferentes em relação a cidade de Marco.
O município conta com sete distritos: Beberibe (sede), Itapeim, Parajuru, Paripueira, Serra do Félix, Sucatinga e Forquilha. Boa parte do território é coberta pela caatinga arbustiva aberta e densa, mais ao interior, e por tabuleiros costeiros e manchas de cerrado, mais próximo ao litoral. Sim, Beberibe é uma cidade litrorânea. A cidade também apresenta regiões de mangue próximo à foz do rio Piranji.

A economia é ainda baseada na cultura de cana-de-açúcar, bem como a cultura do caju, coco-da-Bahia, mandioca, milho e feijão. m suas terras registram-se ocorrências de Lepidolita, fonte de obtenção do Lítio, Moscavita, Biotita e grandes jazidas de Quartzo e Feldspato. Os principais eventos culturais são as festas dos padroeiros: Jesus, Maria e José, e da co-padroeira Nossa Senhora do Carmo, que acontecem em dezembro e julho, respectivamente.

Os principais eventos culturais são as festas dos padroeiros: Jesus, Maria e José, e da co-padroeira Nossa Senhora do Carmo, que acontecem em dezembro e julho, respectivamente. A foto acima mostra a Igreja Matriz de Beberibe.
Enfim, foi exatamente em Beberibe, que uma estranha e suposta aparição de Nossa Senhora das Graças também teria ocorrido neste mês de janeiro. É justamente sobre isso que vocês conferem a seguir.

A Reportagem Realizada Pela "TV Jangadeiro" Sobre a Suposta Aparição de Nossa Senhora das Graças em uma Churrasqueira, na Cidade de Beberibe, no Estado do Ceará


Esse segundo caso é bem mais simples de entender. O portal de notícias "Tribuna do Ceará", que pertence ao Sistema Jangadeiro de Comunicação, publicou no dia 24 de janeiro, que uma família estava fazendo churrasco, quando teria sido surpreendida com a imagem da Nossa Senhora das Graças. No dia seguinte, quando o fogo apagou, eles foram até a churrasqueira, e se depararam com uma cena impressionante: a imagem da santa "permanecia" no local. Os moradores acreditavam, que a santa teria aparecido para "despertar a fé" nos moradores locais. Com a possível aparição da santa, muita gente estaria visitando o local em busca de um milagre.

Para ilustrar essa situação, uma equipe do programa "Vem que Tem", da TV Jangadeiro, resolveu ir ao local e realizou uma reportagem, que vocês podem conferir no canal "Jornalismo SBT", no YouTube:



Mais uma vez, para evitar que vocês gastem a franquia de internet de vocês, irei ressaltar os principais detalhes do que é mencionado no vídeo, que possui quase oito minutos de duração, combinado? Bem, inicialmente, na reportagem realizada pelo jornalista Nilson Fagata, que começa em 0:46, podemos ver o deslocamento da equipe da TV Jangadeiro até a cidade de Beberibe. E, pouco tempo depois, ouvimos o começo da narrativa de Nilson dizendo que tudo teria ocorrido na localidade de Ponta D'Água I, que pertencia ao referido município.

Inicialmente, na reportagem realizada pelo jornalista Nilson Fagata,
podemos ver o deslocamento da equipe da TV Jangadeiro até a cidade de Beberibe
Ao fundo, podemos ver um morador local segurando uma imagem de Nossa Senhora das Graças com uma das mãos e, em seguida, somos apresentados a Igreja de São Francisco, uma igreja que estava praticamente fechando as portas. O motivo? A falta de pessoas para acompanhar as missas, sendo que o padre estava quase desistindo do local.

Assim sendo, os moradores locais acreditavam que o surgimento da imagem de Nossa Senhora das Graças, bem próximo daquele local, teria sido uma espécie de evento "divino" para convocar os fiéis a se sentarem novamente nos bancos da igreja. Em seguida, Nilson disse que "a mesma imagem de Nossa Senhora das Graças, que se encontrava no interior da Igreja de São Francisco, teria aparecido dentro da churrasqueira de uma residência".

Ao fundo, podemos ver um morador local segurando uma imagem de Nossa Senhora das Graças
com uma das mãos...
...e, em seguida, somos apresentados a Igreja de São Francisco, uma igreja que estava praticamente fechando as portas. O motivo? A falta de pessoas para acompanhar as missas, sendo que o padre estava quase desistindo do local.
Assim sendo, os moradores locais acreditavam que o surgimento da imagem de Nossa Senhora das Graças, bem próximo daquele local, teria sido uma espécie de evento "divino" para convocar os fiéis a se sentarem novamente nos bancos da igreja.
Aliás, uma das moradoras chegou a dizer que as pessoas tinham desaparecido da igreja. No passado, na época da construção da mesma, havia muita gente, que frequentava o local. As festas eram lindas, visto que pessoas de todas as comunidades compareciam.

Aliás, uma das moradoras chegou a dizer que as pessoas tinham desaparecido da igreja. No passado, na época da construção da mesma, havia muita gente, que frequentava o local. As festas eram lindas, visto que pessoas de todas as comunidades compareciam
Chegando na residência em questão, Nilson disse que a todo instante chegavam pessoas para "apreciar" a suposta aparição. Nesse sentido, é possível ver um grupo de pessoas, aparentemente da mesma família, que teria vindo de uma outra localidade, especialmente para fazer uma visita a santa. É possível notar também, que a churrasqueira passou a ser cercada de velas e flores, e virou uma espécie de altar de veneração a Nossa Senhora das Graças.

Chegando na residência em questão, Nilson disse que a todo instante chegavam pessoas para "apreciar" a suposta aparição. Nesse sentido, é possível ver um grupo de pessoas, aparentemente da mesma família, que teria vindo de uma outra localidade, especialmente para fazer uma visita a santa.
É possível notar também, que a churrasqueira passou a ser cercada de velas e flores,
e virou uma espécie de altar de veneração a Nossa Senhora das Graças.
Quando uma das moradoras da casa, onde se encontra a churrasqueira foi entrevistada, a mesma disse que eles teriam feito um fogo (um churrasco) durante o período da noite, algo que teria acontecido durante toda a noite e madrugada de um determinado sábado (para variar, mais uma vez, a TV Jangadeiro não informa a data exata) e, no dia seguinte, no domingo, por volta das 16h, o namorado de sua cunhada teria visto a imagem. Segundo essa moradora, a imagem formada seria "perfeita".

Quando uma das moradoras da casa, onde se encontra a churrasqueira foi entrevistada, a mesma disse que eles teriam feito um fogo (um churrasco) durante o período da noite, algo que teria acontecido durante toda a noite e madrugada de um determinado sábado e, no dia seguinte, no domingo, por volta das 16h, o namorado de sua cunhada teria visto a imagem
Segundo essa moradora, a imagem formada seria "perfeita".
De acordo com o Nilson, o mais impressionante era que, ao passar a mão no interior da churrasqueira, ao menos na parte escura da mesma, era possível notar a fuligem deixada pelo carvão. Contudo, ele não chegou a tocar na parte clara da suposta "imagem". Diga-se de passagem, nenhum dos moradores aparece fazendo isso durante a reportagem.

Um outro morador chegou a questionar a razão pela qual o fogo teria queimado ao redor, e não teria acontecido o mesmo na parte central. Segundo ele, essa era a razão pela qual os católicos acreditavam, que a imagem fosse de Nossa Senhora das Graças. Aliás, uma outra moradora chegou a afirmar, visivelmente emocionada, que, sem dúvida alguma, aquela era a imagem da santa.

De acordo com o Nilson, o mais impressionante era que, ao passar a mão no interior da churrasqueira, ao menos na parte escura da mesma, era possível notar a fuligem deixada pelo carvão. Contudo, ele não chegou a tocar na parte clara da suposta "imagem".
Imagem mais aproximada da parte interna da churrasqueira.
Um outro morador chegou a questionar a razão pela qual o fogo teria queimado ao redor, e não teria acontecido o mesmo na parte central. Segundo ele, essa era a razão pela qual os católicos acreditavam, que a imagem fosse de Nossa Senhora das Graças.
Encaminhando-se para a parte final da reportagem, podemos ver um grupo de pessoas orando em frente a churrasqueira, sendo que é possível notar, que muitos moradores realmente acreditavam na aparição de uma imagem santa. Uma outra moradora, inclusive, que teria perdido as contas de quantas vezes teria visitado o local, disse que seu marido havia feito um pedido para a santa. Ela não sabia dizer se tinha sido coincidência ou se tinha sido obra da santa, mas que o pedido teria sido mesmo atendido.

Segundo essa moradora, o marido estava desempregado há oito meses e, após pedir um emprego para a santa, o pedido teria sido atendido em cerca de uma semana, ou seja, o marido teria arrumado um emprego, e com carteira assinada, algo que seria muito difícil na região.

Uma moradora local rezando em frente a churrasqueira.
Encaminhando-se para a parte final da reportagem, podemos ver um grupo de pessoas orando em frente a churrasqueira, sendo que é possível notar, que muitos moradores realmente acreditavam na aparição de uma imagem santa.
Uma outra moradora, inclusive, que teria perdido as contas de quantas vezes teria visitado o local, disse que seu marido havia feito um pedido para a santa. Ela não sabia dizer se tinha sido coincidência ou se tinha sido obra da santa, mas que o pedido teria sido mesmo atendido. O marido teria conseguido arrumar um emprego após oito meses desempregado.
Enfim, essa foi basicamente a história contada na reportagem da TV Jangadeiro. Contudo, será mesmo que estamos diante de uma manifestação divina? Uma imagem milagrosa de Nossa Senhora das Graças? É isso que vocês conferem a seguir.

Um Olhar Mais Aprofundado Sobre o Evento Ocorrido na Cidade de Beberibe, no Ceará


Quando procurei por fotos da cidade de Beberibe, no Ceará, rapidamente me deparei com imagens de praias belíssimas, falésias e hotéis luxuosos à beira-mar. Uma realidade completamente diferente da comunidade de Ponta D'Água I, que está inserida nos limites de uma Área de Proteção Ambiental (APA), juntamente com as comunidades de Ponta D'Água II, Ponta D'Água III, Cumbe, Caetanos e Carrapicho.

Quando procurei por fotos da cidade de Beberibe, no Ceará, rapidamente me deparei com imagens de praias belíssimas...
...falésias...
...e hotéis luxuosos à beira-mar. Uma realidade completamente diferente da comunidade de Ponta D'Água I, que está inserida nos limites de uma Área de Proteção Ambiental (APA), juntamente com as comunidades de Ponta D'Água II, Ponta D'Água III, Cumbe, Caetanos e Carrapicho.
Essas comunidades sobrevivem diretamente da utilização dos recursos naturais da Lagoa do Uruaú, a exemplo da pesca e da agricultura de subsistência. Portanto, estamos tratando de uma comunidade bem humilde. Seria insensível da minha parte não considerar esse fator.

Essas comunidades sobrevivem diretamente da utilização dos recursos naturais da Lagoa do Uruaú, a exemplo da pesca e da agricultura de subsistência. Portanto, estamos tratando de uma comunidade bem humilde. Seria insensível da minha parte não considerar esse fator.
Entretanto, muito provavelmente, estamos diante da famosa pareidolia, ou seja, um fenômeno psicológico que envolve um estímulo vago e aleatório, geralmente uma imagem ou som, sendo percebido como algo distinto e com significado. Não é incomum pessoas apontarem para figuras religiosas na madeira das árvores, em vidraças ou outro materiais. Nesse caso, aparentemente sobrou para uma simples churrasqueira.

Suposta aparição de Nossa Senhora de Guadalupe em Nobsa, no departamento de Boyacá, na Colômbia, em dezembro do ano passado. Apesar do frenesi da imprensa local e da fé de inúmeros moradores locais, é inegável a existência de um cano vertendo esgoto justamente acima da tal "imagem". Assim sendo, tudo indica que, em um determinado momento, um grande fluxo de esgoto contendo produtos químicos tenha sido o responsável por gerar uma reação química na encosta de pedras do córrego.
Fotos tiradas pelo Paroquiano Victor Jose Alvarado (parte superior) da janela na qual surgiu a "imagem"de Nossa Senhora de Guadalupe, popularmente chamada de Virgem Maria de Guadalupe (parte inferior), na Igreja Católica da Transfiguração, na cidade de Marietta, no estado da Geórgia, nos Estados Unidos, em 2015. No entanto, vidros do tipo "soda-cal-sílica" estão sujeitos a intempéries, sofrem ataques químicos, que comumente produzem figuras de geometrias arredondadas – lembrando imagens sacras – que se tornam visíveis devido à resultante iridescência. Portanto, estamos diante de tão somente uma pareidolia.
Uma vez que a TV Jangadeiro não se aprofundou sobre o assunto, assim como ocorreu no caso relacionado a cidade de Marco, é muito difícil saber, a distância, o que realmente causou aquela mancha esbranquiçada. Poderia ter sido o resultado de uma limpeza malsucedida, de algum produto químico utilizado em uma limpeza anterior a utilização da churrasqueira, algum objeto que estivesse no fundo da mesma, ou seja, impedindo a formação de fuligem ao fundo etc. São diversas possibilidades.

Aliás, não houve entrevista com o padre local sobre o acontecimento, e nem mesmo com a pessoa que teria primeiramente visto a imagem da santa no dia posterior. Houve uma certa alegação, que a imagem teria começado a se formar durante o churrasco, porém temos apenas evidências anedóticas, e nenhum vídeo mostrando isso acontecendo em tempo real. Muita coisa pode acontecer em comunidades humildes e mais isoladas, e que jamais ficaríamos sabendo, exceto se fizéssemos uma investigação bem exemplar, o que não foi o caso da reportagem da TV Jangadeiro.

Uma vez que a TV Jangadeiro não se aprofundou sobre o assunto, assim como ocorreu no caso relacionado a cidade de Marco, é muito difícil saber, a distância, o que realmente causou aquela mancha esbranquiçada. Poderia ter sido o resultado de uma limpeza malsucedida, de algum produto químico utilizado em uma limpeza anterior a utilização da churrasqueira, algum objeto que estivesse no fundo da mesma, ou seja, impedindo a formação de fuligem ao fundo etc.
Já em relação ao pedido atendido soa muito mais fruto da resiliência do morador diante de oito meses procurando emprego, talvez diariamente, debaixo de sol forte, do que necessariamente uma graça oriunda diretamente dos céus. O povo brasileiro, principalmente o nordestino, é muito resiliente, ou seja, mesmo em condições muito adversas, ainda permanece de pé, sem desistir de continuar vivendo e fazendo o que precisa ser feito para sobreviver diariamente. Aliás, em comunidades mais humildes os pedidos costumam ser do tamanho da realidade vivida por seus habitantes. Afinal de contas, se todos pedissem uma "ferrari" para Nossa Senhora das Graças, raramente alguém seria atendido.

Entretanto, muitas vezes as pessoas se tornam incapazes de entender, que sua luta em buscar um emprego, por exemplo, acabou rendendo frutos, e aconteceria independentemente da existência da mancha na churrasqueira. Por outro lado, a mancha, interpretada como imagem santa, pode ter gerado um estímulo a mais, um quilômetro a mais percorrido em um determinado dia, e pronto: finalmente um emprego acrescido de carteira assinada. Um verdadeiro milagre.

O povo brasileiro, principalmente o nordestino, é muito resiliente, ou seja, mesmo em condições muito adversas, ainda permanece de pé, sem desistir de continuar vivendo e fazendo o que precisa ser feito para sobreviver diariamente.
De qualquer forma, independentemente da crença, não acho correto condenar a ocorrência de supostos milagres em comunidades mais humildes, porque esses supostos milagres acabam gerando um movimento de esperança e relativo bem-estar. Uma injeção de ânimo para enfrentar as mazelas e o descaso das autoridades públicas. Assim sendo, apesar deste caso indicar tão somente uma pareidolia, passível de múltiplas explicações, o mesmo serve como uma tentativa de promessa de tempos melhores. Não sei se esses tempos realmente virão, mas não seria de se espantar caso novos "milagres" ocorram naquela comunidade ao longo do ano.

Enfim, espero que tenham gostado de conhecer ambos os casos, visto que essa foi a terceira matéria consecutiva e devidamente pesquisada sobre casos supostamente de cunho paranormal, miraculoso ou sobrenatural em nosso Brasil. Tentarei trazer mais casos nacionais ao longo do tempo para vocês!

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://tribunadoceara.uol.com.br/diversao/turismo/confira-rota-alternativa-com-12-praias-cearenses-para-quem-quer-ficar-longe-da-lotacao/attachment/banco-de-imagemembratur-setur/
http://tribunadoceara.uol.com.br/videos/vem-que-tem/fieis-afirmam-ter-visto-imagem-de-nossa-senhora-em-churrasqueira-no-ceara/
http://tribunadoceara.uol.com.br/videos/vem-que-tem/mulheres-afirmam-ter-visto-imagem-de-nossa-senhora-no-ceara-fiquei-em-estado-de-choque/
http://www.nossasenhoracuidademim.com/2018/01/suposta-aparicao-de-nossa-senhora-das.html
http://www.portalvaledoacarau.com/2018/01/08/misterio-aparicao-de-imagem-de-santa-e-registrada-na-cidade-de-marco-ce/
http://www.sobral24horas.com/2018/01/jovem-da-cidade-de-marco-afirma-que-viu.html
https://www.facebook.com/gege.romao.14/videos/2069610769985647/
https://www.facebook.com/tribunadoceara/videos/1596137163813806
https://www.youtube.com/watch?v=MVuNvJuGKPQ
https://www.youtube.com/watch?v=Y8TnRpXB4ig
https://www.youtube.com/watch?v=idIgrbjB5TQ
https://www.youtube.com/watch?v=q5QrHtN7y5o

Conheça Jiang Jingwei: A Emocionante História do Policial que Finge ser o Filho Morto de um Casal há 5 Anos, na China!

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Por Marco Faustino

No início de dezembro do ano passado, trouxe ao conhecimento de vocês a história inacreditável e emocionante de um morador de uma cidadezinha chamada Azusa, localizada no Vale de São Gabriel, no Condado de Los Angeles, no estado norte-americano da Califórnia. Nessa cidade, que fica localizada a 37 km a leste de Los Angeles, você encontrará um homem chamado Mohamed Bzeek. Ele é muçulmano, imigrante e a única pessoa entre 10 milhões de habitantes, que moram no referido condado, que fornece amor, carinho, paz e tranquilidade em um lar adotivo para crianças em estado terminal. Crianças cujos pais as abandonaram, e lares que não foram capazes de cuidar de pequenos seres humanos, que muitas vezes encerram suas jornadas nas mãos de Mohamed. Crianças que não terão muito tempo de vida. Crianças que tocam e seguram os seus dedos tentando entender o que está acontecendo com elas, e muitas vezes sequer conseguem expressar o que estão sentindo. Mohamed convive diariamente entre a vida, a morte e o amor, sendo que ele faz isso há mais de 20 anos. Em tempos de tanta intolerância, de tantas mentiras, e de tanta dor disseminada pelo mundo, achei importante trazer essa história para vocês. Sinceramente, foi uma honra e um privilégio poder contar a história de Mohamed, em um texto que me sensibilizou muito e que, com certeza, também deve ter sensibilizado muitos daqueles que acompanham o meu trabalho, sempre pautado pela ética, pela qualidade da pesquisa, pelo profissionalismo e, principalmente, pelo compromisso e seriedade com o leitor (leia mais: Conheça Mohamed Bzeek: A Incrível e Emocionante História do Homem que Adota Crianças em Estado Terminal, nos Estados Unidos!).

Agora, eis que me deparei com uma história extraordinária e relativamente simples de ser contada. Há cinco anos, um compassivo policial de Xangai assumiu o papel de um "filho" para ajudar a confortar um casal de idosos, que ele nunca havia conhecido antes. O casal havia perdido o próprio filho mais velho, em um trágico incidente há 15 anos, e a aparência similar do policial ajudou a confortá-los. Voltando rapidamente no tempo, mais precisamente em 2003, uma mulher chamada Liang Qiaoying e seu filho mais velho, Liang Yu, moradores da província de Shanxi, no norte da China, teriam sido expostos a um vazamento de gás. A mulher sobreviveu, mas o filho dela não. Liang Qiaoying, uma ex-professora, acabou ficando paraplégica, e sofreu danos cerebrais, resultando em uma severa perda de memória. Seu marido, Xia Zhanhai, não teve coragem de contar para ela a verdade sobre a morte do filho. Em vez disso, sempre que sua esposa pedia para ver Liang Yu, ele dizia que o filho tinha ido trabalhar em outra cidade. Porém, um belo dia, Xia Zhanhai encontrou um homem muito parecido com seu filho na TV. Foi a partir desse momento, que uma verdadeira saga resultaria em uma assombrosa história de compaixão. Vamos saber mais sobre esse assunto?

Entenda o Caso: A História do Policial que Finge ser o Filho Morto de um Casal há 5 Anos!


Conforme dissemos anteriormente, no ano de 2003, uma mulher chamada Liang Qiaoying e seu filho mais velho, Liang Yu, teriam sofrido uma intoxicação por gás devido a um vazamento em uma fábrica, que a própria família possuía. Não há maiores detalhes sobre o que realmente teria acontecido em 2003, e nem mesmo se houve alguma outra vítima fatal, além de Liang Yu, é claro, mas aparentemente o jovem rapaz foi a única vítima de uma tragédia, que devastaria uma humilde família do condado de Luliang, na província de Shanxi, que fica localizada a 680 km a sudoeste de Pequim, a capital da China.



Região central do condado de Luliang, na província de Shanxi,
que fica localizada a 680 km a sudoeste de Pequim, a capital da China, em 2013.
Liang Qiaoying, é uma ex-professora que amava dar aulas e tinha muito carinho pelos seus alunos, porém, devido ao acidente, ela acabou ficando paraplégica, ou seja, não consegue mais movimentar seus membros inferiores e, além disso, sofreu alguns danos cerebrais, o que resultou em uma severa perda de memória. Embora com dificuldades para se lembrar de detalhes de sua própria vida, Liang Qiaoying nunca esqueceu do seu filho mais velho, e sempre perguntava ao seu marido, Xia Zhanhai, onde o mesmo se encontrava. Ela sentia muitas saudades do filho, vivia apreensiva, desolada e seu estado de saúde era extremamente delicado.

Para evitar que a esposa sofresse ainda mais, Xia não teve coragem de lhe contar a verdade. Em vez de dizer para a esposa, que o filho havia morrido, Xia decidiu dizer que o filho estava trabalhando em outra cidade, e que infelizmente não tinha tempo para visitá-los. Liang Yu nunca mais voltaria para casa, mas a esposa não sabia disso.

Imagem mostrando a casa onde Liang Qiaoying mora com seu marido Xia Zhanhai.
Xia Zhanhai é um marido dedicado. Liang Qiaoying, é uma ex-professora que amava dar aulas e tinha muito carinho pelos seus alunos, porém, devido ao acidente, ela acabou ficando paraplégica, ou seja, não consegue mais movimentar seus membros inferiores e, além disso, sofreu alguns danos cerebrais, o que resultou em uma severa perda de memória.
Embora com dificuldades para se lembrar de detalhes de sua própria vida, Liang Qiaoying nunca esqueceu do seu filho mais velho, e sempre perguntava ao seu marido, Xia Zhanhai, onde o mesmo se encontrava. Ela sentia muitas saudades do filho, vivia apreensiva, desolada e seu estado de saúde era extremamente delicado.
Para evitar que a esposa sofresse ainda mais, Xia não teve coragem de lhe contar a verdade. Em vez de dizer para a esposa, que o filho havia morrido, Xia decidiu dizer que o filho estava trabalhando em outra cidade, e que infelizmente não tinha tempo para visitá-los. Liang Yu nunca mais voltaria para casa, mas a esposa não sabia disso.
Vocês podem conferir uma matéria realizada sobre esse caso, que foi publicada em um canal de terceiros, no YouTube, e originalmente na plataforma de vídeos "Pear Vídeo" (em chinês, mas irei comentar as principais cenas, que aparecem no vídeo):



Na época do ocorrido, Xia acabou fechando a fábrica, e transformou a residência da família em uma espécie de albergue, para que ele pudesse ficar por mais tempo em casa, e se dedicar quase integralmente a sua esposa. Atualmente, seu filho mais novo está casado e tem dois filhos, ou seja, Liang Qiaoying e Xia Zhanhai já são avós. Porém, muito antes que filho mais novo pudesse trazer alegria de volta para a casa dos seus pais, algo muito inusitado aconteceu.

Quando a cidade de Xangai recebeu a "Expo 2010", uma exposição de caráter mundial, que foi realizada em ambas as margens do rio Huangpu, entre os dias 1º de maio e 31 de outubro de 2010, Xia se deparou com um oficial de polícia da cidade de Xangai, que estava falando sobre o trabalho da polícia em um programa de televisão da referida cidade. No entanto, não foi o árduo trabalho policial, que lhe chamou a atenção, mas a incrível semelhança do policial com seu falecido filho. Xia disse que ficou em estado de choque ao vê-lo na TV, incrédulo diante de tal semelhança. Talvez, devido ao impacto de ver alguém tão parecido com seu filho, Xia esqueceu da anotar o nome do policial, e tudo o que ele sabia, é que o policial estava trabalhando em Pudong, um distrito de Xangai.

Xia se deparou com um oficial de polícia da cidade de Xangai, que estava falando sobre o trabalho da polícia em um programa de televisão da referida cidade. No entanto, não foi o árduo trabalho policial, que lhe chamou a atenção, mas a incrível semelhança do policial com seu falecido filho.
Xia disse que ficou em estado de choque ao vê-lo na TV, incrédulo diante de tal semelhança. Talvez, devido ao impacto de ver alguém tão parecido com seu filho, Xia esqueceu da anotar o nome do policial, e tudo o que ele sabia, é que o policial estava trabalhando em Pudong, um distrito de Xangai.
Xia Zhanhai disse que sentiu uma forte vontade de conhecer o policial e, além disso, ele tinha uma ideia na cabeça, que poucos teriam coragem de expor. Xia queria que aquele policial se passasse pelo filho morto de sua esposa. Desesperado para encontrar o oficial de polícia misterioso, que parecia muito com seu filho, Xia foi até um programa de televisão em Shanxi para tentar encontrar informações sobre o homem que ele havia visto uma única vez na TV.

Infelizmente, sua jornada não lhe rendeu frutos, ou seja, ele não conseguiu descobrir por maiores informações. Embora, Xangai estivesse a uma distância de 1.500 km de Luliang, onde Xia morava, isso não o impediu de continuar procurando por informações sobre o policial.

Uma antiga foto de família onde Liang Yu (o segundo da esquerda para direita) aparece ao lado de seu irmão mais novo, do seu pai, Xia Zhanhai, e da sua mãe Liang Qiaoying.
A semelhança entre Liang Yu (à esquerda) e o policial Jiang Jingwei (à direita).
Toda essa história começaria a ganhar um desfecho surreal em 2013, quando uma espécie de "reality show" chamado "Chinese Dream Show", da emissora Zhejiang Television, sediada na cidade de Hangzhou (praticamente vizinha a cidade de Xangai), ficou sabendo da história de Xia, e resolveu ajudá-lo.

Quando a produção do programa enviou fotos do filho mais velho de Xia Zhanhai para o Departamento de Segurança Pública de Xangai, não se esperava que a polícia pudesse encontrar o policial misterioso tão rapidamente. O motivo? O distrito de Pudong possuía mais de 7.000 policiais naquela época. Contudo, pouco tempo depois, o departamento de polícia enviou fotos de um policial chamado Jiang Jingwei para a emissora de TV. Jiang Jingwei era mesmo o policial que Xia Zhanhai tanto procurava.



Quando a produção do programa enviou fotos do filho mais velho de Xia Zhanhai para o Departamento de Segurança Pública de Xangai, não se esperava que a polícia pudesse encontrar o policial misterioso tão rapidamente. O motivo? O distrito de Pudong possuía mais de 7.000 policiais naquela época.
Após ser informado sobre a trágica história da família de Xia Zhanhai, Jiang Jingwei ficou profundamente tocado e sensibilizado com a situação. No entanto, Jiang, que é filho único, e pai de duas crianças, ficou bem preocupado diante da situação. Em primeiro lugar, e se a esposa de Xia desconfiasse de toda a história, o estranhasse, e ele não conseguisse tocar o seu coração? Em segundo lugar, Jiang tinha grande receio de ferir os sentimentos dos seus próprios pais ao chamar pessoas que ele não conhecia de "pai" e de "mãe". Além disso, Jiang não era um ator, mas um policial.

Após ser informado sobre a trágica história da família de Xia Zhanhai, Jiang Jingwei ficou profundamente tocado e sensibilizado com a situação. No entanto, Jiang, que é filho único, e pai de duas crianças, ficou bem preocupado diante da situação
Em primeiro lugar, e se a esposa de Xia desconfiasse de toda a história, o estranhasse, e ele não conseguisse tocar o seu coração? Em segundo lugar, Jiang tinha grande receio de ferir os sentimentos dos seus próprios pais ao chamar pessoas que ele não conhecia de "pai" e de "mãe". Além disso, Jiang não era um ator, mas um policial.
"Tive que considerar os sentimentos dos meus próprios pais. Então, fiquei relutante em chamar outra mulher de 'mãe'", disse Jiang, no vídeo publicado na plataforma digital "Pear Video". Curiosamente, o próprio pai de Jiang o encorajou a oferecer ajuda ao casal.

"Minha mãe foi contra a ideia no início, mas depois concordamos que, se fosse realmente necessário, eu faria isso", continuou.

"Tive que considerar os sentimentos dos meus próprios pais. Então, fiquei relutante em chamar outra mulher de 'mãe'", disse Jiang, no vídeo publicado na plataforma digital "Pear Video". Curiosamente, o próprio pai de Jiang o encorajou a oferecer ajuda ao casal.
O encontro do casal com Jiang Jingwei ocorreu em outubro de 2013, e acabou sendo televisionado. No programa, Xia desabou em lágrimas quando viu Jiang, e o abraçou. Liang Qiaoying, que estava em uma cadeira de rodas, gritou ao ver Jiang. Enquanto Jiang se curvava para dar-lhe um abraço, ele também não resistiu e ficou visivelmente emocionado, assim como centenas de milhares de telespectadores.

Quando "mãe" e "filho" se encontraram, Liang pode sentir a profunda tristeza e a dor de uma mãe, que sentia falta de seu filho. Quando ela o chamou de "Xiaoyu", ele apenas acenou a cabeça, e se comportou como se fosse seu verdadeiro filho. Para tentar eliminar eventuais dúvidas sobre a verdadeira identidade de Jiang, e reduzir os potenciais problemas do arriscado plano, o apresentador do programa explicou para Liang Qiaoying, que seu "filho" estava trabalhando longe de casa há tantos anos, que seu sotaque havia mudado muito. Além disso, ela foi informada, que ele estava trabalhando para uma unidade especial de segurança, razão pela qual ele não podia voltar para casa com tanta frequência.

O encontro do casal com Jiang Jingwei ocorreu em outubro de 2013, e acabou sendo televisionado. No programa, Xia desabou em lágrimas quando viu Jiang, e o abraçou. Liang Qiaoying, que estava em uma cadeira de rodas, gritou ao ver Jiang.
Enquanto Jiang se curvava para dar-lhe um abraço, ele também não resistiu e ficou visivelmente emocionado, assim como centenas de milhares de telespectadores.
Para tentar eliminar eventuais dúvidas sobre a verdadeira identidade de Jiang, e reduzir os potenciais problemas do arriscado plano, o apresentador do programa explicou para Liang Qiaoying, que seu "filho" estava trabalhando longe de casa há tantos anos, que seu sotaque havia mudado muito.
Além disso, ela foi informada, que ele estava trabalhando para uma unidade especial de segurança,
razão pela qual ele não podia voltar para casa com tanta frequência.
Nascido e crescido em Xangai, Jiang evitou falar uma única palavra no programa, para evitar que Liang Qiaoying soubesse que ele não sabia falar o dialeto de Shanxi. O "encontro" durou apenas três minutos, mas a relação entre o casal de idosos e o policial vem rendendo frutos até hoje. Aliás, Xia disse que a saúde de sua esposa melhorou muito desde que conheceu Jiang.

"Na noite seguinte ao programa, ela dormiu feito um bebê por mais de oito horas. Anteriormente, ela tinha muitos problemas para dormir", disse Xia. Além disso, a esposa teria se tornado muito mais feliz, ativa e confiante, algo que também não acontecia anteriormente.

"Na noite seguinte ao programa, ela dormiu feito um bebê por mais de oito horas. Anteriormente, ela tinha muitos problemas para dormir", disse Xia. Além disso, a esposa teria se tornado muito mais feliz, ativa e confiante, algo que também não acontecia anteriormente.
A cada inverno, Jiang envia agasalhos para seus novos "pais": Liang e Xia. Em todo "Festival de Meio de Outono" (também conhecido como "Festival da Lua", que por sua vez está ligado a um tradicional costume de cerimônias de oferendas à Lua) , ele envia bolo lunares (um pequeno bolinho chinês, tradicionalmente comido durante o "Festival de Meio do Outono") para eles.

Entretanto, quando Jiang Jingwei enviou um "envelope vermelho" para o casal, como uma espécie de presente em relação ao "Ano Novo Chinês", Xia se recusou a aceitá-lo. Vale lembrar nesse ponto, que os chamados "envelopes vermelhos" são considerados presentes, os quais tradicionalmente contém notas de dinheiro e são distribuídos em ocasiões especiais. Resumindo, Xia não aceitou dinheiro por parte de Jiang, visto que o bem que ele fazia a sua esposa não tinha preço.

A cada inverno, Jiang envia agasalhos para seus novos "pais": Liang e Xia. Em todo "Festival de Meio de Outono" (também conhecido como "Festival da Lua", que por sua vez está ligado a um tradicional costume de cerimônias de oferendas à Lua) , ele envia bolo lunares (um pequeno bolinho chinês, tradicionalmente comido durante o "Festival de Meio do Outono") para eles.
Entretanto, quando Jiang Jingwei enviou um "envelope vermelho" para o casal, como uma espécie de presente em relação ao "Ano Novo Chinês", Xia se recusou a aceitá-lo. Vale lembrar nesse ponto que os chamados "envelopes vermelhos" são considerados presentes, os quais tradicionalmente contém notas de dinheiro e são distribuídos em ocasiões especiais.
Em maio de 2016, o casal viajou até Xangai para visitar Jiang. Liang Qiaoying foi informada de que seu "filho" estava falando melhor o mandarim devido aos seus anos de trabalho em Xangai. Na época, Jiang disse o que sua "mãe" havia lhe falado intimamente: para que nunca deixasse de trabalhar duro. Jiang e Xia muitas vezes se comunicam por telefone ou por chamadas de vídeo. Eles se veem como uma verdadeira família atualmente.

Em maio de 2016, o casal viajou até Xangai para visitar Jiang. Liang Qiaoying foi informada de que seu "filho" estava falando melhor o mandarim devido aos seus anos de trabalho em Xangai. Na época, Jiang disse o que sua "mãe" havia lhe falado intimamente: para que nunca deixasse de trabalhar duro.
Jiang e Xia muitas vezes se comunicam por telefone ou por chamadas de vídeo
Eles se veem como uma verdadeira família atualmente.
Xia disse que embora Jiang estivesse em Xangai, seus corações permaneciam unidos, e ele o considerava como filho. Jiang, que havia conseguido devolver o sorriso no rosto de um mãe, disse que sempre estará por perto para ajudá-los no que for preciso. Emocionante, não é mesmo? Entretanto, é necessário fazer um rápido comentário sobre o programa "Chinese Dream Show", da emissora Zhejiang Television.

Ao fazer uma pesquisa um pouco mais ampla sobre esse caso, ou seja, além do que comumente muitos de vocês teriam acesso por parte de sites de curiosidades ou afins, acabei lendo algumas coisas, que servem como uma espécie de "alerta vermelho". Aparentemente, o "Chinese Dream Show" funciona de forma bem parecida com alguns programas que temos aqui no Brasil. Digamos que uma pessoa tenha um sonho, mas, como nada é de graça, existem certas condições para que o programa realize o mesmo, assim como executar uma perfomance artística por parte do participante e, se a plateia gostar, o sonho será realizado. O programa "Chinese Dream Show" passou por uma série de mudanças nas regras desde que foi criado, em 2011. No início bastava 2/3 dos votos de uma plateia de 200 pessoas, porém com o tempo chegou a ser necessário 90% dos votos de 270 pessoas. Ao longo do tempo, o programa também contou com a participação de celebridades locais, empresas, entidades assistenciais etc. De qualquer forma, o programa existe até hoje.

Assim como boa parte dos "reality shows", ainda mais de cunho assistencialista, o mesmo acabou sendo alvo de polêmicas. No quarto episódio da quarta temporada, um participante chamado Wu Xiaolei alegou que era operador de empilhadeira. Porém, posteriormente, usuários da rede social chinesa Sina Weibo (semelhante ao Twitter) descobriram que Wu tinha mentido sobre sua identidade e preenchido o cadastro com informações falsas. O programa foi obrigado a vetar sua participação depois da polêmica. No fim da terceira temporada, por exemplo, um casal da província de Jilin ganhou uma categoria chamada de "O Sonho Mais Popular". O sonho do casal era abrir um restaurante para vender seus noodles caseiros (macarrão). Novamente, usuários da rede Sina Weibo descobriram que o casal não tinha conseguido abrir seu restaurante, tinham feito apenas uma espécie de figuração no programa. Em 2013, também teria havido uma polêmica entre os apresentadores do programa em relação a audiência. Enfim, particularmente, prefiro acreditar que o caso apresentado envolvendo a senhora Liang Qiaoying seja mesmo verdadeiro. Por outro lado, será que tudo o que aconteceu foi realmente ético? Esse é um assunto para os meus comentários finais.

Comentários Finais


Devido a clara barreira idiomática, e a dificuldade natural de realizar uma pesquisa mais aprofundada em um país como a China, é difícil saber o que realmente aconteceu com Liang Qiaoying. Sabemos apenas, que ela ficou paraplégica e sofreu problemas de memória após um incidente envolvendo o que chamaram de "envenenamento" ou "intoxicação" por gás. Também é difícil julgar o comportamento do marido, Xia Zhanhai, porque não sabemos o que ele passou durante sete anos ao cuidar de sua esposa e, ao mesmo tempo, ter que lidar com o luto de perder um filho. Dependendo do estado de saúde de Liang, saber da verdade, ou seja, que seu filho mais velho havia morrido, talvez em virtude de uma negligência da própria família diante das condições da fábrica que possuíam, piorasse consideravelmente sua tentativa de recuperação. Contudo, Xia provavelmente teve inúmeras oportunidades ao longo do tempo para contar a verdade para sua esposa e, ainda assim, não o fez. A princípio, podemos ver isso como um ato de amor, generosidade e preocupação, porém Liang sofreu diversos danos cerebrais, perdeu sua mobilidade, e boa parte de quem realmente era quando professora. Se Liang tivesse apenas esquecido o que aconteceu durante o incidente, pudesse realmente voltar a caminhar, dialogar normalmente com as pessoas de sua comunidade e realizar pesquisas no celular ou em um computador, será que Xia realmente seguiria em frente com seu plano? Estamos em um mundo globalizado. Se você consegue saber de uma notícia que acontece na China, alguém nesse momento pode estar lendo sobre algo aqui no Brasil.

Liang não é uma mulher livre, não possui liberdades como muitos de nós temos. Ela precisa do marido para se fazer fisioterapia, para se alimentar, ir ao banheiro, tomar banho etc. Sabemos que são um casal, mas, ainda assim, ela não tem algo muito precioso: privacidade. Necessariamente, gostando ou não, ela precisa de cuidados diários e, aparentemente, uma das poucas coisas que a fazia lutar pela vida era a esperança de rever seu filho. E foi justamente nesse ponto que, mesmo diante das melhores intenções do mundo, Xia tirou a última liberdade que Liang tinha: saber a verdade sobre seu filho. Xia tirou o poder de escolha de Liang, a privou do luto, de orar pelo seu filho, de visitar seu túmulo, de ter o conforto e o abraço de familiares. Mesmo diante da dor, Liang poderia ter criado forças para se dedicar ao seu filho mais novo e aos seus netos e, quem sabe, seu estado de saúde fosse ainda melhor hoje em dia, perante seus esforços de conseguir ser uma boa mãe e uma avó ainda melhor. Em vez disso, a vida e a dor de Liang se tornou um espetáculo televisivo, onde a mentira foi exaltada como a única e a melhor forma de lidar com a perda de um filho. Acabamos sendo compelidos a compartilhar de sua dor, de entender que sua saúde melhorou após considerar um estranho como se fosse seu filho. Somos compelidos a acreditar que, se não fosse o esforço do marido e de um programa de TV, que faz da mazela da população seu sustento diante de uma sombria equação envolvendo audiência e patrocinadores, que Liang jamais voltaria a sorrir. Porém, convido a vocês a reverem o curto trecho de vídeo do momento que Liang encontra o policial. Ela não o reconhece imediatamente como filho. Talvez, naturalmente, se estivesse passando ao seu lado na rua, não o reconhecesse, mas logo atrás dela vemos seu filho mais novo, juntamente com os netos de Liang, provavelmente lhe dizendo que aquele homem era mesmo seu filho mais velho: o filho que foi cremado ou enterrado há 10 anos. Liang, assim como você, que se sensibilizou com essa história, também foi compelida a aceitar a situação como verdadeira.

Esse é o principal problema, quando assumimos que a mentira é a melhor e definitiva escolha para uma determinada situação: acreditar que os fins ainda justificam os meios. Isso acaba sepultando não somente a verdade ou a realidade sobre uma determinada história, mas o poder de reflexão de quem assiste. Alguém, por exemplo, pensou que durante sete anos Liang poderia estar querendo apenas saber onde estava seu filho, se estava realmente vivo, e se estava bem de saúde? Liang poderia estar querendo um simples desfecho para a agonia de não poder ver alguém que tanto amava. Será mesmo que, durante sete anos, ela não pensou em nenhum momento que ele estivesse morto, mas seu marido ainda assim insistia que o filho estava bem, e em outra cidade? Todos compactuaram do mesmo plano, e a sofrida vida de uma pessoa se tornou um espetáculo perante uma plateia, sendo que até mesmo o choro de outras pessoas presentes parecia, de certa forma, artificial. Muitos podem alegar que Liang melhorou de saúde depois de encontrar seu "filho", porém se esquecem que isso funcionou com uma espécie de desfecho em sua cabeça, ou seja, finalmente ela podia dormir em paz ao ter a certeza do que tinha acontecido com seu filho. Ao final, Liang Yu, o filho verdadeiro de uma mãe, cujo amor sempre foi verdadeiro, nunca receberá uma única visita dela no cemitério ou uma oração perante a uma urna funerária ou em um templo religioso. Quando uma mentira morre, leva consigo os malfeitores e os desonestos. Porém, quando a verdade morre, leva consigo uma parte de todos nós.

Até a próxima, AssombradOs.

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://europe.chinadaily.com.cn/a/201801/18/WS5a607d05a3106e7dcc13520d.html
http://www.odditycentral.com/news/kindhearted-cop-pretends-to-be-couples-dead-son-for-5-years-to-comfort-mother-with-memory-loss.html
http://www.sangbe.com/article/184152.html
https://nextshark.com/shanghai-policeman-helps-mother-cope/
https://www.pearvideo.com/video_1239358
https://www.shine.cn/news/metro/1712107618/

Edward Mordrake: A Triste e Horripilante História Sobre o "Homem da Face Demoníaca" Seria Tão Somente uma Farsa?

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Por Marco Faustino

De vez em quando, invariavelmente aparece alguém, em algum lugar do mundo, que ressuscita o caso envolvendo um homem supostamente chamado "Edward Mordrake" (sendo que alguns sites o chamam de Edward "Mordake"). Aliás, ao longo do tempo, algumas pessoas o apelidaram de o "Homem da Face Demoníaca". Para vocês terem uma ideia da amplitude desse caso, a história sobre esse ilustre personagem, um tanto quanto folclórico, já foi tema de uma curta matéria e um vídeo basicamente narrando sua história, em março de 2013. Na época, eu sequer conhecia ou fazia parte de alguma forma do "AssombradO" e, assim como vocês, acompanhei toda a narrativa, que rendeu e continua rendendo centenas de milhares de visualizações. No entanto, durante esses últimos cinco anos, a história de "Edward Mordrake", dada como verdadeira, alimentou uma crença desenfreada baseada em evidências anedóticas, visto que alguns supostos relatos sobre a "segunda face" presente na nuca de Edward eram extremamente assustadores. Dizia-se, que Edward alegava, que a mesma era o próprio "demônio" e que, quando estava triste, a face sorria, sendo que algumas vezes até mesmo gargalhava durante a noite. Rotineiramente, Edward seria acordado na madrugada por sussurros da "face demoníaca", mediante palavras de baixo calão, e um choro enlouquecedor, que tinha como objetivo perturbar claramente o pobre Edward. Não aguentando mais a situação, ele teria tirado sua própria vida aos 23 anos. Algumas pessoas diziam, que ele teria se envenenado, já outras contavam, que teria disparado uma bala no meio da testa de sua segunda face. Impressionante, não é mesmo?

Assim sendo, resolvi revisitar essa história para ilustrar de maneira bem didática para vocês, a diferença que existe entre contar algo, que supostamente teria acontecido, e o fato de algo realmente ter acontecido. Estamos vivendo em uma época, onde a informação de qualidade vem perdendo cada vez mais espaço para vídeos aleatórios de contas e páginas destinadas a propagação de conteúdo viral nas redes sociais, que não acrescentam em absolutamente nada na vida das pessoas que disseminam os mesmos. Uma época, um tanto quanto obscura, em que grandes veículos de comunicação apenas traduzem o que é divulgado por agências de notícias ou sites de curiosidades gerais, não fornecendo qualquer análise mais aprofundada ou refutações. Apenas publicam um determinado material da forma que tiver maior repercussão ao engajamento do público, não importando o quão ridículo, falso ou sensacionalista seja a manchete ou o conteúdo. Tenham sempre muito cuidado, principalmente quando algo é fornecido a vocês como sendo baseado na publicação de um livro ou estudo científico. Apesar da absoluta maioria envolver realmente uma pesquisa séria, alguns escritores ou pesquisadores visam muito mais a ampla propagação para posteriormente angariar fundos de pesquisa, do que realmente fornecer uma resposta mais concreta e fidedigna para a população, e a comunidade científica como um todo. Resumindo? Nunca acredite em uma única fonte, ainda mais quando um determinado assunto for considerado polêmico. Enfim, chegou a hora de revisitar "Edward Mordrake". Vamos saber mais sobre esse assunto?

A Origem Mais Conhecida e Mais Comentada Sobre a História de "Edward Mordrake": O "Homem da Face Demoníaca"


Inicialmente, é muito importante que vocês saibam, que Edward Mordrake seria considerado atualmente um indivíduo apócrifo de uma lenda urbana. Parece "grego", mas o que isso significa na prática? Bem, ele seria uma pessoa, que nunca teve sua identidade provada, ou seja, de origem suspeita ou duvidosa, envolvida em uma pequena história de caráter fantasioso, amplamente divulgado de forma oral, através de livros, vídeos ou pela imprensa, sendo algo, portanto, folclórico.

Imagem mais conhecida atribuída a Edward Mordrake,
porém iremos falar sobre a mesma apenas no final desta matéria
Em um curto artigo sobre o mesmo na Wikipédia, é citado que Edward teria sido um herdeiro de um pariato da Inglaterra do século XIX, e simplesmente possuía um rosto adicional em sua nuca. Embora a "segunda face" fosse incapaz de comer ou falar, a mesma seria capaz de rir e chorar, sendo que muitos acreditavam, que os olhos dessa "segunda face" os seguiam. Edward teria implorado aos médicos, que removessem sua "cabeça demoníaca", porque, além do espanto causado aos demais, ela também, supostamente, sussurrava-lhe coisas horríveis durante a noite, mas nenhum médico quis fazê-lo, visto que uma cirurgia deste tipo comprometeria sua vida. Após tirar sua própria vida,  Edward teria deixado um bilhete aos seus familiares, no qual suplicava que o segundo rosto fosse retirado e destruído antes do seu enterro. Ele tinha receio de que o rosto, dito por ele como "demoníaco", o incomodasse durante a eternidade.

Como forma de dar autenticidade a história de Edward Mordrake, muitos ainda citam um livro centenário chamado "Anomalies and Curiosities of Medicine" ("Anomalias e Curiosidades da Medicina"), que foi originalmente publicado em outubro de 1896.

Como forma de dar autenticidade a história de Edward Mordrake, muitos citam um livro centenário chamado "Anomalies and Curiosities of Medicine" ("Anomalias e Curiosidades da Medicina"), que foi originalmente publicado em outubro de 1896.
O livro é de autoria de dois médicos norte-americanos, George M. Gould e Walter L. Pyle, que teriam reunido todos os mais estranhos casos da medicina, incluindo o caso de Edward Modrake, que eles apresentaram da seguinte maneira:
"Uma das histórias mais estranhas e melancólicas da deformidade humana é a de Edward Mordake, que dizem ter sido o herdeiro de um dos pariatos mais nobres da Inglaterra. Ele nunca reivindicou o título e, em vez disso, tirou a própria vida em seu vigésimo terceiro ano de vida. Ele vivia completamente recluso, recusando até mesmo as visitas de seus próprios familiares. Ele era um jovem de muita capacidade, um ávido estudioso e uma músico de rara habilidade. Sua figura era notável por sua graça, e seu rosto - isto é, seu rosto natural - era de beleza grega. Porém, na parte de trás da cabeça havia outro rosto, a de uma linda garota, 'adorável como um sonho, medonho como um demônio'. O rosto feminino era uma mera máscara, 'ocupando apenas uma pequena porção da parte posterior do crânio, mas exibindo todos os sinais de inteligência, de um tipo maligna, no entanto'. A mesma seria vista sorrindo e sendo sarcástica, enquanto Mordake chorava. Os olhos seguiam os movimentos do espectador, e os lábios 'mexiam sem parar'. Nenhuma voz era audível, mas Mordake dizia que, durante seu repouso, à noite, eram proferidos sussurros abomináveis do seu 'gêmeo diabólico', tal como ele chamava, 'que nunca dorme, mas que sempre falava comigo sobre coisas, que são faladas somente no Inferno.  Nenhuma imaginação pode conceber as terríveis tentações que ele me impõe. Por alguma imoralidade impiedosa dos meus antepassados, sou o tecido para este espírito maligno - certamente um demônio. Eu imploro e suplico a vocês, que extirpem o semblante humano, mesmo que eu morra por isso'. Essas teriam sido as palavras do infeliz Mordake para Manvers e Treadwell, seus médicos. Apesar de ser constantemente vigiado, ele teria conseguido obter veneno, razão de sua morte, deixando uma carta pedindo que a 'face demoníaca' fosse destruída ainda do enterro 'para evitar que os abomináveis sussurros continuassem em seu túmulo'. A seu pedido, ele foi sepultado em um local de descarte de lixo, sem nenhuma lápide ou menção para identificar seu túmulo."
Páginas 188 e 189 do livro "Anomalies and Curiosities of Medicine" ("Anomalias e Curiosidades da Medicina"),
que foi originalmente publicado em outubro de 1896. Clique aqui para acessar gratuitamente o livro completo.
Infelizmente, George M. Gould e Walter L. Pyle não revelaram de onde eles tiraram essa história. Eles apenas disseram que a mesma foi extraída a partir de "fontes leigas", ou seja, de pessoas comuns, que não eram profissionais médicos.

De qualquer forma, a inclusão dessa versão da história de Edward Mordrake em uma publicação médica (em vez de, digamos, uma coleção de histórias curtas) adicionou um ar de autenticidade à narrativa, não é mesmo? Afinal de contas, algumas pessoas têm uma certa tendência a acreditar em qualquer coisa, que seja contada por médicos, pesquisadores ou ex-astronautas da NASA, por exemplo, sem questionar ou pesquisar absolutamente nada sobre o assunto, como se o material divulgado fosse proveniente de verdadeiros deuses. Imaginem, então, toda essa situação aplicada ao século XIX. Era muito pior.

Infelizmente, George M. Gould (à esquerda) e Walter L. Pyle (à direita) não revelaram de onde eles tiraram essa história. Eles apenas disseram que a mesma foi extraída a partir de "fontes leigas", ou seja, de pessoas comuns, que não eram profissionais médicos.
Edição de 1896 do livro "Anomalies and Curiosities of Medicine"
Embora Gould e Pyle parecessem dispostos a incluir em seu livro praticamente qualquer história, por mais questionável que fosse (diante da utilização de "fontes leigas"), o material publicado por eles, primordialmente, era de não ficção. Presumivelmente, eles não inventaram a história de Mordake. Porém, muito provavelmente eles teriam ouvido ou até mesmo lido sobre isso em algum lugar.

Questionamentos e Dúvidas Sobre o Caso "Edward Mordrake"


Existe uma condição médica real, chamada "Craniopagus parasiticus" (um tipo raro de xifopagia, que ocorre entre 4 a 6 nascimentos humanos em cada dez milhões), cujos sintomas apresentam uma semelhança muito básica e rasa com os descritos no caso envolvendo Edward Mordrake. É uma complicação extremamente rara, que ocorre com gêmeos xipófagos (também chamados de conjugados ou siameses), quando a cabeça de um gêmeo sem corpo desenvolvido fica unida (de forma parasitária) à cabeça de um gêmeo com corpo desenvolvido (chamado de "gêmeo dominante").

Para vocês terem uma ideia, em um caso relatado no períodico "Journal of Medical Case Reports", em 2016, foi mencionado que somente cerca de 10 casos teriam sido documentados na literatura médica. Além disso, a maioria dos bebês que possuem a condição "Craniopagus parasiticus" morrem dentro do útero materno ou durante o trabalho de parto. Entre os 10 casos documentados, apenas 3 teriam sobrevivido com a ajuda da medicina moderna. Desses 3 casos, dois morreram antes dos dois anos de idade, apesar das tentativas cirúrgicas de salvar a vida do gêmeo dominante. O terceiro, conhecido como o "Menino de Duas Cabeças de Bengala", teria vivido até os quatro anos de idade e, aparentemente, estava em bom estado de saúde até ser mordido por uma cobra e morrer.

Manar Maged nasceu com a condição médica chamada "Craniopagus parasiticus". Em 19 de fevereiro de 2005, Manar sofreu uma operação de 13 horas para remover sua gêmea parasitária. Em meados de abril, a Reuters informou que Manar havia sido saído da terapia intensiva e estava se alimentando normalmente. Posteriormente, ela passou por cinco cirurgias para a inserção de válvulas para drenar o excesso de fluídos do cérebro. Infelizmente, em 25 de março de 2006, poucos dias antes de completar 2 anos de idade, ela faleceu (clique aqui).
Em uma tentativa de justificar o caso "Edward Mordrake" como sendo clinicamente possível, muitos sites citam essa condição médica. Porém, raramente se comenta um pequeno detalhe: gêmeos xipófagos ou siameses sempre possuem o mesmo sexo, ou seja, se um for homem, o outro gêmeo também será. O "gêmeo demoníaco / parasitário" descrito no caso de "Edward Mordrake" era feminino, enquanto o gêmeo dominante era masculino. Nesse ponto, algumas pessoas tentam argumentar, é claro, que a face vestigial, ou seja, a "segunda face" teria sido mal-interpretada como sendo feminina.

Outro detalhe em relação a "face demoníaca"é que, embora a mesma não possuísse voz audível, assim como acontece nos casos de "Craniopagus parasiticus", dizia-se que mesma apresentava traços de inteligência, ou seja, que a mesma costumava proferir sussurros abomináveis durante a noite, e que costumava rir e ser sarcástica, algo que não acontece nos casos de "Craniopagus parasiticus". Os relatos (evidências anedóticas) sobre o "Menino de Duas Cabeças de Bengala" mencionavam que a face vestigial conseguia fazer "caretas", e os olhos eram observados se movendo. De qualquer forma, embora pudesse haver algum tipo de consciência rudimentar, não havia sinais de inteligência na face vestigial. Lembrando que o caso do "Menino de Duas Cabeças de Bengala" foi relatado em 1790, na Índia, ou seja, cerca de 106 anos antes da publicação de George M. Gould e Walter L. Pyle.

Uma ilustração do usuário "kagomelovesinu" publicada no site "DevianArt" em 2009.
A imagem retrata uma visão bem utópica de como seria Manar Maged com sua gêmea parasitária
Alternativamente, ao longo do tempo, uma vez que a condição médica "Craniopagus parasiticus" começou a ser cada vez mais questionada, foi sugerido que Edward Mordrake poderia ter sofrido de uma malformação congênita chamada "Diprosopus" ("Diprosopia" ou "Duplicação Craniofacial") em que as características faciais são duplicadas em maior ou menor grau em outras regiões da cabeça (nos casos mais raros, o rosto inteiro é duplicado).

Os mecanismos por trás dessa malformação ainda não são totalmente compreendidos. Alguns pesquisadores acreditam, que isso seja uma outra forma rara de xipofagia, porém atualmente sabe-se que a diprosopia é causada pela atividade anormal de uma proteína chamada "SHH". A SHH e seu gene correspondente desempenham um papel importante na sinalização do padrão craniofacial durante o desenvolvimento embrionário, ou seja, a princípio, a diprosopia não seria um caso envolvendo xipofagia. Embora isso seja um pouco mais comum do que a condição "Craniopagus parasiticus" (com pouco menos de 50 casos documentados desde meados do século XIX), a diprosopia tem uma taxa de sobrevivência igualmente baixa, sendo que a maioria dos bebês morrem dentro do útero materno ou durante o trabalho de parto. Raramente algum caso sobrevive mais do que alguns minutos ou horas de vida.

Em 2008, por exemplo, tivemos o caso envolvendo a pequena Lali Singh, que nasceu na Índia com essa malformação. E, por negligência da família ao evitar que os médicos tentassem tratá-la por considerá-la a reencarnação de uma divindade, Lali acabou morrendo com apenas dois meses de idade, vítima de um ataque cardíaco. Vocês também conferir um documentário completo sobre esse caso, que foi publicado em março de 2016, no canal "Real Stories", no YouTube (clique aqui)

Em 2008, por exemplo, tivemos o caso envolvendo a pequena Lali Singh, que nasceu na Índia com essa malformação e...
...por negligência da família ao evitar que os médicos tentassem tratá-la por considerá-la a reencarnação de uma divindade, Lali acabou morrendo com dois meses de idade, vítima de um ataque cardíaco.
Resumindo? Embora a ciência ofereça explicações teóricas para a possível condição de Edward Mordrake, elas são muito limitadas e, caso realmente tivesse acontecido, muito provavelmente o caso teria sido documentado em algum momento, em algum lugar, devido a raridade da condição médica.

De qualquer forma, sempre tivemos outros motivos para desconfiarmos sobre toda essa história. Em primeiro lugar, toda a narrativa é muito melodramática, se distanciando, e muito, de algo científico. Em segundo lugar, de acordo com uma citação na edição nº 37 do periódico "The Theosophical Review", de 1906, os nomes dos supostos médicos de Edward Mordrake, Manvers e Treadwell, nunca apareceram no "Dictionary of National Biography", uma publicação de referência sobre as figuras mais notáveis da história britânica. Se eles eram médicos de um membro da nobreza britânica, certamente iriam aparecer em alguma edição dessa publicação, mas isso nunca aconteceu. Para completar, em 1958, o folclorista Paul Brewster solicitou aos leitores do periódico "Journal of the History of Medicine" maiores informações sobre Edward Mordrake, observando que "se o mesmo fosse um autêntico caso de teratologia, deveria haver fontes confiáveis nesse sentido". Nunca houve qualquer resposta positiva. Vale ressaltar que a teratologia é um ramo da ciência médica preocupado com o estudo da contribuição ambiental ao desenvolvimento pré-natal alterado, ou seja, estuda as causas, mecanismos e padrões do desenvolvimento anormal.

Mesmo diante de todos esses questionamentos, ou seja, indicativos claros que toda essa história teria sido criada em uma momento anterior a 1896, muitas revistas, livros, e posteriormente sites e fóruns na internet disseminaram essa história como sendo a mais absoluta verdade. Mesmo não sendo citada uma única fonte sequer, a absoluta maioria das pessoas abraçou o caso como sendo autêntico.

A Origem da História Publicada no Livro "Anomalies and Curiosities of Medicine" de 1896


Em 24 de abril de 2015, o historiador científico Alex Boese, criador do site "Museum of Hoaxes", resolveu ir atrás da origem da história publicada no livro "Anomalies and Curiosities of Medicine". Ele fez uma pesquisa por palavra-chave, no arquivo de notícias de jornais norte-americanos do século XIX, do site newspaper.com (requer uma assinatura paga para realizar essa pesquisa), e descobriu que a história de Mordake apareceu em um artigo escrito pelo poeta Charles Lotin Hildreth, que foi publicado em alguns jornais norte-americanos, no ano de 1895, ou seja aproximadamente um ano antes da publicação do livro dos médicos George M. Gould e Walter L. Pyle.

O artigo foi primeiramente publicado no jornal "Boston Sunday Post", em 8 de dezembro de 1895, e poucos dias depois foi publicado em diversos outros jornais, incluindo o "Parsons Daily Sun" (11 de dezembro), e "The Decatur Herald" (14 de dezembro). Intitulado "The Wonders of Modern Science: some half human monsters once thought to be of the Devil's brood" ("As Maravilhas da Ciência Moderna: alguns monstros metade humano já foram considerados proles do Diabo", em uma tradução livre para o português), o artigo descreve uma notável variedade de "aberrações humanas", cujos casos Charles Hildreth alegava terem sido encontrados em antigos relatórios da "Royal Scientific Society" ("Real Sociedade Científica").

Primeira parte do artigo publicado no jornal "Boston Sunday Post", em 8 de dezembro de 1895
Segunda parte do artigo publicado no jornal "Boston Sunday Post", em 8 de dezembro de 1895.
Vocês podem conferí-lo, na íntegra, clicando aqui.
Entre os casos publicados por Charles Hildreth está a "Mulher-Peixe de Lincoln" - uma jovem cujas pernas, do quadril para baixo, eram "cobertas de escamas brilhantes e terminavam exatamente como a cauda de um peixe". Também há um ser "metade humano, e metade caranguejo", cujas mãos e os pés terminam em enormes garras no formato de pinças. Não obstante, tínhamos a "Criança-Melão de Radnor", que tinha a cabeça do tamanho e da cor de um melão, sem órgãos dos sentidos perceptíveis, exceto uma fenda vertical no lugar da boca. Já o "Sr. Pewness", de Stratton, tinha os pés no lugar de suas mãos, "e vice-versa".

O "Homem de Quatro Olhos de Cricklade" tinha dois pares de olhos, um acima do outro. Um homem chamado "Jackass Johnny" teria sido amaldiçoado com "um par de orelhas muito longas e peludas, exatamente como as de um burro". A "Aranha de Norfolk", por exemplo, era uma coisa monstruosa, que se arrastava sobre sua própria barriga com seis pernas peludas acrescidas de garras e uma cabeça humana. Para ajudar os leitores a imaginar como seriam esses seres, o artigo contava com algumas ilustrações.

Para ajudar os leitores a imaginar como seriam esses seres,
o artigo de Charles Hildrethcontava com algumas ilustrações.
Finalmente, a longa lista de "aberrações" terminava com a história "mais estranha e melancólica de todas": justamente a de Edward "Mordake". Curiosamente, o texto publicado por Charles Hildreth é exatamente o mesmo que foi publicado pelos médicos George M. Gould e Walter L. Pyle. A história de Charles foi inteiramente copiada, palavra por palavra, vírgula por vírgula, no livro "Anomalies and Curiosities of Medicine".

Finalmente, a longa lista de "aberrações" terminava com a história "mais estranha e melancólica de todas": justamente a de Edward "Mordake". Curiosamente, o texto publicado por Charles Hildreth é exatamente o mesmo que foi publicado pelos médicos George M. Gould e Walter L. Pyle. A história de Charles foi inteiramente copiada, palavra por palavra, no livro "Anomalies and Curiosities of Medicine".
Aliás, esse não foi o único trecho copiado pelos médicos George M. Gould e Walter L. Pyle, visto que todo o trecho relacionado ao "Homem de Quatro Olhos de Cricklade" também foi copiado e, assim como no caso de Edward Mordrake, não foi dado nenhum crédito a Charles Hildreth.

Aliás, esse não foi o único trecho copiado pelos médicos George M. Gould e Walter L. Pyle, visto que todo o trecho relacionado ao "Homem de Quatro Olhos de Cricklade" também foi copiado e, assim como no caso de Edward Mordrake, não foi dado nenhum crédito a Charles Hildreth.
Bem suspeito, não é mesmo? Enfim, chegou a hora de vocês conhecerem a realidade por trás da história de "Edward Mordrake". Estão preparados?

A Realidade Sobre "Edward Mordrake": Tudo Não Passou de uma História Inventada por Parte de Charles Hildreth


O artigo publicado por Charles Hildreth tenta aparentar ser um texto de não ficção, e certamente foi apresentado aos leitores dessa forma. Evidentemente, na melhor das hipóteses, Gould e Pyle acreditaram que as histórias eram relatos verdadeiros de casos médicos antigos, visto que eles não apenas copiaram o trecho referente a "Edward Mordake", mas também o caso do "Homem de Quatro Olhos de Cricklade". Porém, ao analisarmos atentamente o artigo de Hildreth, percebemos o quão o mesmo é fantasioso. Em primeiro lugar, o que é essa "Real Sociedade Científica"? Será que ele quis se referir a "Real Sociedade de Londres"? Será que, talvez, ele inventou uma sociedade com um nome bem expressivo e pomposo, porém inexistente?

Se Charles Hildreth estivesse se referindo a "Real Sociedade de Londres", então seria possível localizar referências anteriores aos casos, que ele descreveu. Isso porque as primeiras transações da Real Sociedade foram todas digitalizadas, sendo possível pesquisar gratuitamente pela internet. Porém, esse não foi o caso. Esses personagens, tais com a "Mulher-Peixe de Lincoln" e a "Aranha de Norfolk" não são mencionados em lugar algum, exceto no artigo de Charles Hildreth. E, quando nos damos conta disso, é quando se torna evidente que o artigo de Hildreth era ficção, ou seja, tudo isso surgiu de sua imaginação, incluindo Edward Mordrake.

E, quando nos damos conta disso, é quando se torna evidente que o artigo de Hildreth era ficção, ou seja, tudo isso surgiu de sua imaginação, incluindo Edward Mordrake.
Isso faz sentido porque Hildreth não era apenas um poeta, mas também um escritor de ficção especulativa. Ele foi o autor de um romance infantil chamado "The Mysterious City of Oo" ("A Cidade Misteriosa de Oo", em português), que falava sobre a jornada de um jovem menino pelo interior da Austrália, onde o mesmo descobre uma "civilização branca originada da Antiga Grécia, que florescia entre os selvagens" (descrição da "Enciclopédia da Ficção Científica").

Suas histórias curtas frequentemente circulavam entre os artigos acadêmicos, e muitos delas são o que descreveríamos atualmente como uma mera ficção científica. Até mesmo sua poesia (sendo boa parte inspirada em Edgar Allan Poe) mostra uma preocupação com temas góticos, e do "outro mundo". Assim sendo, uma peça de ficção sobre "monstros metade humanos" não seria algo estranho no mundo de Hildreth.

Hildreth não era apenas um poeta, mas também um escritor de ficção especulativa. Ele foi o autor de um romance infantil chamado "The Mysterious City of Oo" ("A Cidade Misteriosa de Oo", em português), que falava sobre a jornada de um jovem menino pelo interior da Austrália, onde ele descobre uma "civilização branca originada da Antiga Grécia, que florescia entre os selvagens" (descrição da "Enciclopédia da Ficção Científica").
Também faz um certo sentido, que os jornais tenham apresentado sua história como não ficção, uma vez que os jornais do século XIX faziam isso com frequência. Foi tão somente no século XX, que foram criadas revistas que atendiam especificamente a ficção especulativa, e proporcionavam uma saída, agindo como uma verdadeira válvula de escape, para escritores deste gênero. Antes disso, os autores precisavam dos jornais para publicar suas histórias, e era comum adicionar uma certa dose de dramaticidade aos contos, apresentando-os como "fatos reais". Essa tradição remonta ao próprio Edgar Allan Poe, que inicialmente publicou seis dos seus contos sob o pretexto de serem não ficção, e a prática continuou ao longo do século.

Um dos exemplos mais famosos é o caso da "Árvore Comedora de Gente de Madagascar". Em 1874, o jornal "New York World" publicou um artigo sobre essa árvore bizarra que comia carne humana. O texto era inteiramente ficcional, mas os leitores não sabiam disso e, durante décadas, diversas cópias do artigo continuaram a circular como se fossem verdade. Para vocês terem uma ideia, diversos exploradores gastaram fortunas e desperdiçaram muito tempo para tentar encontrar uma árvore que nunca existiu.

Trecho inicial do artigo publicado no jornal "New York World" em 28 de abril de 1874
Ilustração publicada na capa do livro "Madagascar: Land of the Man-Eating Tree", de 1924, do autor Chase Salmon Osborn. Entretanto, essa é uma ilustração totalmente aleatória. Osborn admitiu que sua intenção era apenas atrair a atenção do público, sendo que a maior parte do seu livro sequer menciona a tal suposta árvore comedora de gente.
Portanto, devemos adicionar Edward Mordrake à lista de fraudes jornalísticas do século XIX, que continuando enganando as pessoas por décadas (neste caso, mais de um século) após sua publicação. Em outras palavras, Edward Mordrake nunca existiu. Ele foi uma criação literária de Charles Lotin Hildreth.

Ironicamente, Charles Hildreth não viveu para ver o sucesso de sua criação. Ele morreu em agosto de 1896, aos 39 anos, antes da publicação do livro "Anomalies and Curiosities of Medicine". Porém, sem dúvida alguma, ele ficaria orgulhoso de que seu personagem tenha atraído a atenção e a imaginação de tantas pessoas, mesmo após 123 anos.

E as Fotos que Circulam na Internet? As Imagens Não São de Edward Mordrake?


Para terminar essa matéria, nada melhor do que falar rapidamente sobre as fotos que circulam na internet sobre "Edward Mordrake". Obviamente, vocês se lembram da primeira imagem publicada nesta matéria (desconsiderando a imagem de capa), não é mesmo? Aquela imagem em preto e branco, meio borrada, meio desfocada etc. Muitos tentam alegar que, aquela imagem seria a autêntica foto de Edward Mordrake, que não haveria qualquer tipo de manipulação digital ou qualquer outra forma de adulteração. A verdade é que o elemento contido na imagem é tão somente uma estátua de cera, ilustrando como teria sido a aparência de Edward Mordrake.

Existem diversas versões de estátuas de cera representando "Edward Mordrake" em museus e exposições ao redor do mundo. O fato de estar em preto e branco é meramente ilusório, justamente para fazer uma pessoa leiga acreditar que a mesma é antiga. Uma foto em preto e branco do século XIX não teria essa resolução e definição, a exemplo da foto de Joseph Merrick, o "Homem-Elefante"

O fato de estar em preto e branco é meramente ilusório, justamente para fazer uma pessoa leiga acreditar que a mesma é antiga. Uma foto em preto e branco do século XIX não teria essa resolução e definição, a exemplo da foto de Joseph Merrick, o "Homem-Elefante" (à esquerda)
Não existe nenhuma imagem do século XIX, que mostre a identidade de Mordrake até mesmo porque, conforme já sabemos, ele nunca existiu. Abaixo vocês podem conferir algumas versões de estátuas de cera de "Edward Mordrake":

Não existe nenhuma imagem do século XIX, que mostre a identidade de Mordrake até mesmo porque,
conforme já sabemos, ele nunca existiu.
Estátua de cera de "Edward Mordrake" exibida durante uma exposição realizada na Bratislávia, capital da Eslováquia,
em janeiro do ano passado (clique aqui para ver mais fotos)
A mais famosa das estátuas de cera de "Edward Mordrake" se encontra no Museu Panoptikum, em Hamburgo, na Alemanha, o mais antigo museu de cera do país:

A mais famosa das estátuas de cera de "Edward Mordrake" se encontra no Museu Panoptikum, em Hamburgo, na Alemanha, o mais antigo museu de cera do país.
Confira também um vídeo, publicado no próprio canal do museu, no YouTube, mostrando um pouco mais das atrações que o mesmo oferecesse aos seus visitantes (a estátua aparece em 1:05):



Também existem algumas outras imagens que circulam na internet, assim como a do personagem que aparece no terceiro e quarto episódios da quarta temporada de série de TV "American Horror Story" (2014), e até mesmo o que seria o crânio de Edward Mordrake, porém neste último caso trata-se apenas de uma escultura moderna, que foi originalmente publicada por um usuário chamado "EJShindler", no site DevianArt, em outubro de 2015.

Também existem algumas outras imagens que circulam na internet, assim como a do personagem que aparece no terceiro e quarto episódios da quarta temporada de série de TV "American Horror Story" (2014)...
...e até mesmo o que seria o crânio de Edward Mordrake, porém neste último caso trata-se apenas de uma escultura moderna, que foi originalmente publicada por um usuário chamado "EJShindler", no site DevianArt, em outubro de 2015.
Enfim, espero que esta matéria tenha conseguido tirar as principais dúvidas sobre o caso, que infelizmente é mais uma farsa da longa lista de casos provenientes do século XIX. É realmente impressionante como uma história tão fantasiosa tenha conseguido ir tão longe. Aliás, o principal elogio deve ser feito a equipe responsável pelo site newspaper.com, assim como uma outra importante ferramenta, o Google Newspapers, porque sem essas ferramentas de pesquisa seria muito difícil desmascarar tais histórias, visto que dificilmente teríamos como olhar com precisão para o passado.

Sabendo e tendo realmente vontade de usá-las, é possível ter uma pequena noção do que realmente acontecia em décadas ou séculos anteriores. Infelizmente, no entanto, nem todos tem a mesma disposição de mostrar cada um desses detalhes para vocês.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://hoaxes.org/images/hoaxarchive/mordake_article.jpg
http://hoaxes.org/weblog/comments/edward_mordake
http://www.sf-encyclopedia.com/entry/hildreth_charles_lotin
https://archive.org/details/anomaliescuriosi00goul
https://books.google.com.br/books?id=VeoIAAAAIAAJ&dq=intitle:anomalies+intitle:and+intitle:curiosities+intitle:of+intitle:medicine&pg=PA258&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false
https://catalog.hathitrust.org/Record/100488730
https://en.wikipedia.org/wiki/Diprosopus
https://web.archive.org/web/20080327214927/www.forteantimes.com/features/articles/148/the_twoheaded_boy_of_bengal.html
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5134060/
https://www.snopes.com/edward-mordrake/

O Templo Padmanabhaswamy: Existe Mesmo uma Porta Misteriosa que Nada Pode Abrir ou que Poderia Causar o Fim do Mundo?

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Por Marco Faustino

Na matéria anterior havia comentado, que estamos vivendo em uma época, onde a informação de qualidade vem perdendo cada vez mais espaço para vídeos aleatórios de contas e páginas destinadas a propagação de conteúdo viral nas redes sociais, que não acrescentam em absolutamente nada na vida das pessoas que disseminam os mesmos. Uma época, um tanto quanto obscura, em que grandes veículos de comunicação apenas traduzem o que é divulgado por agências de notícias ou sites de curiosidades gerais, não fornecendo qualquer análise mais aprofundada ou refutações. Apenas publicam um determinado material da forma que tiver maior repercussão ao engajamento do público, não importando o quão ridículo, falso ou sensacionalista seja a manchete ou o conteúdo. Ao longo do texto mostrei a vocês a história fantasiosa de Edward Mordrake, e como a mesma conseguiu alimentar a crença e a imaginação das pessoas por mais de 100 anos. No entanto, o caso envolvendo "Edward Mordrake"é totalmente falso. Ele nunca existiu, sendo tão somente uma criação literária de Charles Lotin Hildreth, que publicou este e outros casos igualmente inventados, no jornal "Boston Sunday Post", em 8 de dezembro de 1895. Ironicamente, Charles Hildreth não viveu para ver o sucesso de sua criação. Ele morreu em agosto de 1896, aos 39 anos, antes da publicação do livro "Anomalies and Curiosities of Medicine", que muitos pensam até hoje ser a fonte original da história (leia mais: Edward Mordrake: A Triste e Horripilante História Sobre o "Homem da Face Demoníaca" Seria Tão Somente uma Farsa?).

Agora, vou abordar um tema que sempre foi muito pedido por vocês, o Templo Padmanabhaswamy, em Kerala, na Índia. Existe pouquíssimo material disponível em português sobre esse assunto, sendo que a absoluta maioria, infelizmente, não é nada confiável. De qualquer forma, um templo, uma edificação tão comum na Índia, não deveria ser motivo de tanta discussão ou mistério. Porém, o que faz ele tão especial é que o mesmo possuiria cerca de sete câmaras secretas, sendo que seis já teriam sido abertas, e a sétima ninguém teria conseguido abrir até hoje. Há quem diga que em todas as tentativas de acessar essa câmara ocorreram estranhos eventos. Além disso, também é mencionado que, caso alguém realmente abra a porta da sétima câmara, libertá forças malignas, catástrofes ocorrerão ao redor do mundo, levando, indubitavelmente, a extinção da raça humana. Entretanto, o templo Padmanabhaswamy não possui sete câmaras, ele possui no mínimo oito e, para completar, a imagem mais famosa atribuída a tal porta não pertence ao templo, ou melhor, nunca existiu. Estão prontos para realmente conhecer a história do templo? Vamos saber mais sobre esse assunto?

O Templo Padmanabhaswamy: Sua Localização e um Pouco de Sua História


O Templo Padmanabhaswamy está localizado na cidade de Thiruvananthapuram (mais conhecida como Trivandrum), a capital e a maior cidade do estado de Kerala, na Índia. O templo foi construído em uma intrínseca fusão dos estilos arquitetônicos Dravidiano e do próprio estado de Kerala, sendo comumente associado ao estado vizinho de Tamil Nadu, contendo muros altos e um "gopuram" (uma torre monumental, geralmente ornamentada, na entrada de um templo hindu) do século XVI.



O Portão Leste da cidade de Thiruvananthapuram, sendo que é possível notar que uma parte do antigo muro,
que cercava a cidade foi preservado.
O Templo Padmanabhaswamy está localizado na cidade de Thiruvananthapuram (mais conhecida como Trivandrum), a capital e a maior cidade do estado de Kerala, na Índia. O templo foi construído em uma intrínseca fusão dos estilos arquitetônicos Dravidiano e do próprio estado de Kerala, sendo comumente associado ao estado vizinho de Tamil Nadu, contendo muros altos e um "gopuram" (uma torre monumental, geralmente ornamentada, na entrada de um templo hindu) do século XVI. A foto acima é de janeiro deste ano.
A deidade principal Vishnu está consagrada na postura "Anantha Shayanam", o eterno sono ióguico na serpente "Adisheshan". Sree Padmanabhaswamy é a deidade tutelar (divindade que ocupa o cargo ou função de guardião, patrono, padroeiro ou protetor de determinado local, pessoa, linhagem, dinastia, nação, cultura ou ocupação) da família real de Travancore.

Aliás, o atual Marajá de Travancore, um senhor chamado Moolam Thirunal Rama Varma é o atual administrador do tempo. De acordo com um documento chamado "Temple Entry Proclamation" ("Proclamação de Entrada em Templos", em português) apenas aqueles que professam a fé hindu são autorizados a entrar no templo e os devotos têm que seguir rigorosamente um código de conduta e usar as vestimentas adequadas.

A deidade principal Vishnu está consagrada na postura "Anantha Shayanam", o eterno sono ióguico na serpente "Adisheshan". Sree Padmanabhaswamy é a deidade tutelar (divindade que ocupa o cargo ou função de guardião, patrono, padroeiro ou protetor de determinado local, pessoa, linhagem, dinastia, nação, cultura ou ocupação) da família real de Travancore.
Aliás, o atual Marajá de Travancore, um senhor chamado Moolam Thirunal Rama Varma (à esquerda) é o atual administrador do tempo. De acordo com um documento chamado "Temple Entry Proclamation" ("Proclamação de Entrada em Templos", em português) apenas aqueles que professam a fé hindu são autorizados a entrar no templo e os devotos têm que seguir rigorosamente um código de conduta e usar as vestimentas adequadas.
Diversos textos hindus, que sobreviveram a ação do tempo, assim como o Brahma Purana, Matsya Purana, Varaha Purana, Skanda Purana, Padma Purana, Vayu Purana, Bhagavata Purana e o Mahabharata fazem menção a esse templo. De acordo com o Bhagavata, Lorde Balarama (uma deidade hindu, irmão mais velho de Krishna) visitou Phalgunam (atualmente conhecido como a cidade de Thiruvananthapuram), tomou banho em Panchapsaras (Padmateertham, um lago no coração da cidade) e deu de presente cerca de dez mil vacas para homens santos. O local, então, virou uma espécie de ponto de peregrinação.

Em algum momento foi erguido um templo (o que viria a ser o atual templo Padmanabhaswamy), sendo que o mesmo é mencionado no período literário "Sangam" (entre 500 a.C e 300 d.C). Muitos historiadores acreditam que o templo, em um passado distante, já teria sido chamado de o "Templo de Ouro". Isso porque, tanto na literatura quanto na poesia "Sangam", assim como em obras posteriores do século IX, o templo e até mesmo a cidade são citados como se tivessem paredes de ouro puro. Em alguns pontos, tanto o templo quanto a cidade inteira são muitas vezes elogiados, sendo que o templo é citado como sendo o "Paraíso".  De qualquer forma, até hoje ninguém sabe exatamente quando e quem construiu o templo.

De acordo com o Bhagavata, Lorde Balarama (uma deidade hindu, irmão mais velho de Krishna) visitou Phalgunam (atualmente conhecido como a cidade de Thiruvananthapuram), tomou banho em Panchapsaras (Padmateertham, um lago no coração da cidade) e deu de presente cerca de dez mil vacas para homens santos. O local, então, virou uma espécie de ponto de peregrinação.
Aparentemente, havia mesmo muitas riquezas em Padmanabhaswamy conforme os textos antigos mencionam, porém o templo só teria acumulado grande parte de suas riquezas no início do século XVIII. Na época, o Marajá de Travancore, chamado Anizham Thirunal Veerabaala Marthanda Varma, estava lutando contra os chefes locais. Seus principais rivais eram conhecidos, coletivamente, como os "Lordes das Oito Casas" (Ettuveetil Pillamar). Um dia, esses homens se reuniram em uma pousada, ao sul de Trivandrum, e conspiraram para assassiná-lo, durante um festival no templo Sri Padmanabhaswamy.

O plano poderia ter dado certo, se não fosse um senhor de idade, responsável por vigiar o poço da pousada. Esse senhor ouviu o plano e enviou uma mensagem ao Marajá. No dia do festival, o Marajá apareceu no templo armado, com um contingente de soldados. Então, ele ordenou que vários rebeldes fossem executados, apreendeu suas riquezas, destruiu suas casas, e ainda por cima vendeu suas esposas e filhos como escravos. Posteriormente, o Marajá passou a conquistar os reinos próximos, cuja riqueza era muito considerável.

Mapa do Reino de Travancore em 1871
Assim como o escritor e intelectual indiano Gurcharan Das escreveu, os reis e comerciantes indianos acumularam lucros provenientes do comércio de especiarias por quase dois mil anos. Na Antiga Roma, os senadores lamentavam, que as mulheres locais usassem muitos objetos oriundos da Índia e, em 77 d.C, Plínio, o Velho, disse que a Índia havia se tornado "a fossa do ouro mundial". No século XVI, os portugueses também ecoaram esse sentimento, reclamando que muito de sua prata do Novo Mundo estava indo para a Índia. Depois que os britânicos chegaram ao subcontinente, eles fizeram protestos semelhantes.

O historiador T. P. Sankarankutty Nair escreveu diversos livros sobre o antigo "Reino de Travancore". Segundo Nair, naquela época (no início do século XVIII), o marajá era um homem muito cruel e, depois de tantos assassinatos, passou a ansiar pelo perdão do que havia feito em vida. Como forma de arrependimento, ele dedicou todo o seu reino a deidade, em 1750. Tudo o que ele tinha "coletado", derrotando todos esses reis, ou seja, todos os objetos de valor, ouro, prata, ornamentos e moedas foram trancados no templo. Porém, nunca ficou claro o que aconteceu com essas riquezas ao longo dos séculos. Os historiadores nunca se preocuparam em estudar a riqueza dos templos.

Assim como o escritor e intelectual indiano Gurcharan Das escreveu, os reis e comerciantes indianos acumularam lucros provenientes do comércio de especiarias por quase dois mil anos.
O historiador T. P. Sankarankutty Nair (à direita) escreveu diversos livros sobre o antigo "Reino de Travancore". Segundo Nair, naquela época (no início do século XVIII), o marajá era um homem muito cruel e, depois de tantos assassinatos, passou a ansiar pelo perdão do que havia feito em vida. Como forma de arrependimento, ele dedicou todo o seu reino a deidade, em 1750
É importante ressaltar nesse ponto, que Travancore foi um reino que abrangeu grande parte do sul da Índia. Embora tenha deixado de existir em 1947, quando a Índia se tornou independente, os marajás continuaram administrando o templo Padmanabhaswamy, tanto como líderes espirituais quanto como guardiões da riqueza da divindade.

Durante séculos, a gestão da família real em relação ao templo recebeu pouco escrutínio: não havia registros completos ou facilmente acessíveis sobre o que a deidade possuía ou como o marajá usava essa riqueza para manter o templo. Ninguém havia questionado absolutamente nada, ao menos até 2007, quando um advogado chamado Ananda Padmanabhan moveu uma ação judicial contra a administração do templo, em nome de dois devotos. É justamente sobre isso que vocês vão conferir a partir de agora.

Como Tudo Começou: "O Segredo do Templo", um Excelente Artigo Publicado Sobre o Templo Padmanabhaswamy na Revista Norte-Americana "The New Yorker"


Para podermos começar a compreender toda essa história, vou utilizar como base um excelente artigo do escritor Jake Halpern para a revista norte-americana "The New Yorker", que foi publicado no site da referida revista em 30 de abril de 2012. Na época, Jake comentou que ninguém sabia exatamente, o que estava escondido sob o antigo Templo Padmanabhaswamy, em Trivandrum, na Índia. Porém, um advogado chamado Ananda Padmanabhan tinha um pressentimento.

De acordo com uma lenda local, o tesouro havia sido selado nas câmaras do templo, e Padmanabhan, que era apaixonado pela história, sabia que, em séculos passados, os marajás realizavam uma cerimônia em que os príncipes locais, aproximando-se da idade adulta, eram pesados. Então, doavam em ouro, o equivalente aos seus pesos, para o templo. Padmanabhan acreditava que essas riquezas ainda estavam escondidas no templo, sem ninguém tomando conta para ver quem e como a possível fortuna estava sendo utilizada.

Para podermos começar a compreender toda essa história, vou utilizar como base um excelente artigo do escritor Jake Halpern para a revista norte-americana "The New Yorker", que foi publicado no site da referida revista em 30 de abril de 2012
Padmanabhan, na época com 39 anos, tinha passado toda sua vida em Trivandrum, na região sudoeste da Índia, no estado de Kerala. Sua casa e seu escritório de advocacia estavam na histórica rua Brahmin, nos arredores dos portões do templo, que por sua vez possui uma monumental torre de sete andares, cuja fachada de granito pálido é um verdadeiro tapete rochoso, gravado com imagens ornamentadas de deuses, ninfas, espíritos e demônios. No dia do encontro de Jake e Padmanabhan estava acontecendo um festival. Os guardiões do templo removeram um ídolo do "sanctum sanctorum" (local sagrado, um local destinado a veneração), e desfilaram com ele em torno de um pátio. O ídolo é como uma encarnação de "Deus", então é como se o próprio "Deus" estivesse saindo do templo. Padmanabhan, assim como muitos hindus, acreditava que a deidade de um templo - neste caso, o deus supremo Vishnu - morava dentro de suas paredes. Os devotos levavam as mais diversas oferendas: flores, incenso, prata e ouro. Qualquer que fosse a riqueza acumulada pertencia à deidade.

As deidades podem possuir propriedades na Índia, embora a Lei trate as mesmas como se fossem "menores de idade", ou seja, elas precisam ser representadas por um guardião oficial. No Templo Padmanabhaswamy, o Marajá de Travancore desempenha esse papel, que nunca foi questionado. Porém, em 2007, Padmanabhan moveu uma ação judicial contra a administração do templo, em nome de dois devotos. Na época, Padmanabhan e seus clientes argumentaram que o chefe da família real, Uthradom Tirunal Marthanda Varma (ele morreu em dezembro de 2013, aos 91 anos de idade), que possuía 90 anos de idade, não estava administrando o local como deveria, e que o governo deveria nomear um novo administrador para salvaguardar a riqueza da deidade. Embora Varma não fosse oficialmente um marajá, assim como seus ancestrais, ele era reverenciado em Kerala, e muitos de seus seguidores se referiam a ele como um verdadeiro "Rei". Padmanabhan acreditava, que seu processo poderia ser impopular, mas, em pouco tempo, outras pessoas se juntaram a sua causa, incluindo o líder de uma união de funcionários do templo, que acreditava que os tesouros tinham sido retirados do templo, ou seja, saqueados de alguma forma.

Padmanabhan (na foto), na época com 39 anos, tinha passado toda sua vida em Trivandrum, na região sudoeste da Índia, no estado de Kerala. Sua casa e seu escritório de advocacia estavam na histórica rua Brahmin, nos arredores dos portões do templo.
Na época, Padmanabhan e seus clientes argumentaram que o chefe da família real, Uthradom Tirunal Marthanda Varma (ele morreu em dezembro de 2013, aos 91 anos de idade), que possuía 90 anos de idade, não estava administrando o local como deveria, e que o governo deveria nomear um novo administrador para salvaguardar a riqueza da deidade.
Na ação judicial, Padmanabhan alegou que uma série de kallaras (câmaras) existiam sob o templo e estavam sendo saqueadas. De qualquer forma, o templo era muito mal vigiado. Para vocês terem uma ideia, a segurança consistia apenas de homens segurando bastões de madeira. O então diretor-executivo do templo, Sasidharan Nair, negou as acusações de má administração e disse, em uma declaração sob juramento, que "a alegação da existência de tesouros sendo mantidos em algumas câmaras era falsa"; não havia nada debaixo do templo, exceto alguns cômodos vazios "cobertos com teias de aranha e poeira". Segundo Sasidharan Nair, os acusadores estavam espalhando antigos rumores e fofocas sobre o templo.

Padmanabhan apresentou seu escritório ao Jake, e foi questionado sobre a razão pela qual ele tinha tanta certeza, que havia um tesouro escondido em Padmanabhaswamy. Segundo Padmanabhan, tudo estava nos livros. Em passagem escrita em um dos livros mostrados a Jake, podia-se ler que, em 1855, o governo regional estava "enfrentando dificuldades financeiras" e, para cobrir suas despesas, havia tomado uma espécie de "empréstimo" considerável do templo.

O então diretor-executivo do templo, Sasidharan Nair, negou as acusações de má administração e disse, em uma declaração sob juramento, que "a alegação da existência de tesouros sendo mantidos em algumas câmaras era falsa"; não havia nada debaixo do templo, exceto alguns cômodos vazios "cobertos com teias de aranha e poeira". Segundo Sasidharan Nair, os acusadores estavam espalhando antigos rumores e fofocas sobre o templo.
Jake também visitou o historiador T. P. Sankrankutty Nair em sua casa. Na sala de estar havia fotografias em preto e branco dos familiares já falecidos de Nair. Várias fotografias estavam adornadas com flores. Nair, assim como muitos hindus, reverenciam seus ancestrais como se fossem deidades; um dos seus avós, manteve suas posses mais valiosas em uma pequena caixa de madeira, que Nair herdara, mas nunca teve coragem de abrir. Segundo ele, a caixa provavelmente continha alguma riqueza, talvez um diário e até mesmo algumas cartas. Muitas pessoas na Índia possuem caixas como essa. Segundo Nair, algumas vezes essas caixas contêm objetos de valor e, às vezes, nada, mas, devido a crença nos antepassados, ninguém se importava em abri-las. As caixas são mantidas como algo quase divino. Talvez essa fosse a mesma sensação de todos em relação ao templo, ninguém se importava se algo estava sendo ou não roubado, por acreditar que a deidade do templo estivesse protegendo seus tesouros.

Jake mencionou que, nos Estados Unidos, seria inconcebível que uma misteriosa porta fechada fosse deixada em paz. Porém, na Índia, a riqueza armazenada nas câmaras dos templos hindus é vista, principalmente, em um contexto espiritual, não monetário. De acordo com William Harman, um estudioso do Hinduísmo na Universidade do Tennessee, no Estados Unidos, as pessoas fazem negócios com deidades e, se elas recebem o que querem, elas pagam. Assim sendo, qualquer tesouro no interior do Templo Padmanabhaswamy está embebido de promessas e preces religiosas.

Jake disse que leu diversas histórias de Travancore, mas não conseguiu encontrar relatos detalhados sobre a riqueza do templo. Um dos livros mais populares foi escrito por um membro da própria família real, a princesa Aswathi Thirunal Gowri Lakshmi Bayi, e não fazia menção alguma sobre um suposto tesouro, e nem de câmaras subterrâneas. No entanto, ele encontrou um relato tentador, de 1870, da vida em Trivandrum por um missionário britânico chamado Samuel Mateer. Depois de notar, que os europeus foram impedidos, "por um preconceito nativo", de entrar no templo, ele acrescentou: "Conta-se que há um poço profundo dentro do templo, no qual imensas riquezas são lançadas todos os anos e, em um outro lugar, em uma cavidade coberta por uma pedra, existe uma grande lâmpada dourada, acesa há mais de 120 anos, e ainda continua queimando".

Um dos livros mais populares foi escrito por um membro da própria família real, a princesa Aswathi Thirunal Gowri Lakshmi Bayi, e não fazia menção alguma sobre um suposto tesouro, e nem de câmaras subterrâneas. A foto acima foi tirada em 2016.
No entanto, ele encontrou um relato tentador, de 1870, da vida em Trivandrum por um missionário britânico chamado Samuel Mateer. Depois de notar, que os europeus foram impedidos, "por um preconceito nativo", de entrar no templo, ele acrescentou: "Conta-se que há um poço profundo dentro do templo, no qual imensas riquezas são lançadas todos os anos e, em um outro lugar, em uma cavidade coberta por uma pedra, existe uma grande lâmpada dourada, acesa há mais de 120 anos, e ainda continua queimando".
Jake também visitou a central de aquivos de Trivandrum, cujos registros remontam ao ano de 1300. À primeira vista, o lugar parecia um armazém para tapetes de vime. Até um século atrás, os escribas registravam as atividades do templo em longas folhas de palmeira, e os corredores do arquivo estavam alinhados com prateleiras contendo feixes de frondes secas. Um arquivista mostrou-lhe uma folha, que tinha 90 cm de comprimento e 2,5 cm de largura.

Era um documento oficial, de 1750, no qual o Marajá entregou seu reino a deidade. Existiam 10 milhões de folhas semelhantes no arquivo. Segundo o arquivista, um pesquisador cuidadoso, que lesse essas folhas teria uma sensação de riqueza escondida no templo, porém a pesquisa em si seria uma tarefa colossal.

Jake também visitou a central de aquivos de Trivandrum, cujos registros remontam ao ano de 1300. À primeira vista, o lugar parecia um armazém para tapetes de vime. Até um século atrás, os escribas registravam as atividades do templo em longas folhas de palmeira, e os corredores do arquivo estavam alinhados com prateleiras contendo feixes de frondes secas.
R. Chandrankutty, então líder do Congresso Nacional dos Sindicatos da Índia (a ala sindical do Congresso Nacional da Índia), havia dado apoio ao processo movido por Padmanabhan. Em Trivandrum, a organização representava cerca de 50 funcionários do templo, incluindo funcionários, varredores e sacerdotes. Alguns desses membros relataram, que objetos de valor tinham sido roubados do templo, incluindo uma grande flauta de marfim e um anel antigo adornado com nove pedras preciosas. A flauta havia sido tirada de uma área de armazenamento contendo itens cerimoniais, e o anel do dedo do ídolo principal, de dentro do "sanctum sanctorum". Quem roubou o anel, o substituiu por uma réplica barata. Chandrankutty suspeitava, que outros funcionários do templo, com o conhecimento da administração, fossem os culpados.

Chandrankutty disse que, depois de expressar suas preocupações com um assistente do templo, em vão, ele decidiu se juntar ao processo. Porém, essa decisão veio com um preço alto a ser pago: um outro membro do sindicato, um antigo funcionário chamado K. Padmanabha Das quase foi morto por seu envolvimento no caso. Padmanabha Das, que aparentava ter 50 e poucos anos, disse que, quando jovem, trabalhou no templo como percussionista, em uma orquestra de cinco integrantes. O tempo passou, e ele já havia trabalhado no templo ao longo de três décadas. Porém, a partir de 1993, Das começou a perceber, que alguns objetos ocasionalmente desapareciam do templo: pedras preciosas que adornavam o ídolo principal, um recipiente de prata, a flauta de marfim, que por sua vez era bem antiga e feita a partir de uma única presa de elefante, entre outros. Pouco tempo depois, Das soube do processo movido por Padmanabhan, e se juntou a causa. Sua participação era crucial, porque ele era uma testemunha de opinião credível, e que havia trabalhado há décadas no templo

Um antigo funcionário chamado K. Padmanabha Das quase foi morto por seu envolvimento no caso
Das estava trabalhando no templo no dia em que foi atacado. Ele disse que viu vários homens tentando carregar seis grandes lâmpadas cerimoniais em uma van. Os homens disseram-lhe que as lâmpadas estavam indo para o Palácio Pattom, onde Marthanda Varma morava. Das disse, de forma incisiva, que não iria permitir que os homens fizesse aquilo. Mais tarde, naquela noite, quando Das voltava para casa, dois homens o abordaram e o atacaram com ácido. Das demorou meses para se recuperar, e seu corpo ficou repleto de cicatrizes terríveis. A família real negou qualquer envolvimento. O advogado da família disse que Das havia inventado toda essa história, e posteriormente foi demitido do templo por conduta imprópria. Das, por sua vez, disse que ele foi demitido tão somente após deixar claro, que ele não se retiraria do processo.

Com base em sua pesquisa, Padmanabhan acreditava que havia pelo menos seis câmaras debaixo do templo: duas contendo ornamentos usados diariamente pelos sacerdotes, duas contendo ornamentos usados apenas em festivais, e duas que raramente eram abertas. Ele suspeitava que o maior tesouro estava nas últimas duas câmaras, posteriormente chamadas de Câmara "A" e Câmara "B". No entanto, ele temia que todas as câmaras fossem vulneráveis e, quando moveu a ação judicial, em setembro de 2007, ele solicitou uma liminar para restringir a administração do templo, e seus "capangas", de tocar nas câmaras.

Poucos dias depois, Marthanda Varma deu uma entrevista a um jornal local de idioma malayalam, o "Kerala Kaumudi", no qual ele admitiu a existência de uma "câmara secreta" no templo contendo "riqueza acumulada pela família real Travancore ao longo das gerações". O tesouro, segundo ele, cresceu desde 800 d.C, e incluía "preciosos ornamentos de ouro e moedas de vários países". Ele acrescentou que nunca havia visto o tesouro, e que a câmara não havia sido aberta desde 1885. Padmanabhan ficou satisfeito diante da confirmação da existência do tesouro, mas ele ficou alarmado com a sugestão de Varma de que o mesmo pertencia à família real (posteriormente a família de Varma insistiu, que ele foi mal interpretado na ocasião). Conforme Padmanabhan sabia, depois que a Índia se tornou independente, em 1947, a família real de Travancore entregou seu poder ao governo indiano. Em troca, o líder da família na época, o irmão mais velho de Varma, Chithira Thirunal Balarama Varma, foi autorizado a reunir uma certa quantia, basicamente um fundo fiduciário concedido aos ex-príncipes pelo governo indiano.

Conforme Padmanabhan sabia, depois que a Índia se tornou independente, em 1947, a família real de Travancore entregou seu poder ao governo indiano. Em troca, o líder da família na época, o irmão mais velho de Varma, Chithira Thirunal Balarama Varma (representado no monumento acima), foi autorizado a reunir uma certa quantia, basicamente um fundo fiduciário concedido aos ex-príncipes pelo governo indiano.
Ele também foi autorizado a manter seu status como governante de Travancore, permitindo-lhe administrar o Templo Padmanabhaswamy. Então, em 1971, a primeira-ministra Indira Gandhi liderou uma campanha populista, que culminou com a vigésima sexta emenda à Constituição da Índia, que aboliu esse fundo, e despojou a realeza do status de "governante".  Na prática, essa mudança legal significava, que Marthanda Varma não tinha mais controle sobre o templo.

O Tribunal de Justiça de Trivandrum concordou com praticamente todos os aspectos do argumento de Padmanabhan, dizendo: "Este grande templo não deve ser deixado para os caprichos e fantasias de certos indivíduos particulares". O tribunal ordenou ao governo que se apropriasse do templo, e nomeou dois comissários para servir como testemunhas sempre que os funcionários do templo abrissem uma câmara, incluindo aquelas usadas para armazenar os ornamentos dos festivais.

Então, em 1971, a primeira-ministra Indira Gandhi liderou uma campanha populista, que culminou com a vigésima sexta emenda à Constituição da Índia, que aboliu esse fundo, e despojou a realeza do status de "governante".  Na prática, essa mudança legal significava, que Marthanda Varma não tinha mais controle sobre o templo.
No início de uma manhã, em outubro de 2008, quando o templo se preparava para realizar seu maior festival anual, Padmanabhan acompanhou os dois comissários em uma área de armazenamento atrás do "sanctum sanctorum". Confirmando as suspeitas de Padmanabhan, eles encontraram portas para seis câmaras. Eles destravaram as portas, e entraram em duas câmaras, que continham os ornamentos do festival, que mais tarde foram denominadas de Câmara "C" e Câmara "D". No interior das câmaras eles encontraram objetos deslumbrantes, incluindo um arco e flecha de ouro, guarda-chuvas feitos com varetas de ouro, e um trono dourado embutido com centenas de pedras preciosas para a deidade. Provavelmente, os itens valiam milhões de dólares. Era difícil saber se faltava alguma coisa, porque não havia registro detalhado, mas os comissários relataram, entre outras coisas, que alguém havia tirado 44 alças de um guarda-chuva dourado e substituído por alças feitas de um metal inferior. De acordo com os comissários, a equipe do templo mostrou descuido, e que, na época, as medidas de segurança eram inadequadas.

Padmanabhan estava ansioso para abrir as câmaras restantes, mas ele teve que esperar: a família real apelou para a Suprema Corte de Kerala. Os advogados da família real argumentaram, que os antepassados de Varma tinham governado Travancore há mais de mil anos, e que tinham um legado de administrar o templo como líderes espirituais. Durante séculos, um marajá da família tinha conduzido procissões no templo, e escoltado o ídolo enquanto marchava para o mar, duas vezes por ano, para um banho ritualístico. Por costume, o marajá precisava pedir permissão à deidade para sair da cidade. Este relacionamento especial, afirmou a família real, não foi interrompido pela vigésima sexta emenda. Além disso, a realeza não havia sido envolvida em nenhum roubo, Pelo contrário, Varma contribuiu regularmente com dinheiro para compensar os déficits orçamentários do templo.

Padmanabhan estava ansioso para abrir as câmaras restantes, mas ele teve que esperar: a família real apelou para a Suprema Corte de Kerala. Os advogados da família real argumentaram, que os antepassados de Varma tinham governado Travancore há mais de mil anos, e que tinham um legado de administrar o templo como líderes espirituais.
A batalha legal se intensificou quando o tio de Padmanabhan, de 70 anos, T. P. Sundararajan, aderiu ao processo. Ele tentou derrubar o recurso apresentado pela família real por meio de uma petição juntamente a Suprema Corte, que desafiava a reivindicação de Varma em relação a autoridade sobre o templo. Sundararajan, que era extremamente religioso, rapidamente se tornou o rosto público do caso. Ele visitava o templo muitas vezes por dia, começando às 3h30 da manhã, e parecia mais um guru do que um advogado. Ele também já tinha sido considerado um amigo da família real - ele tinha sido um confidente do irmão mais velho de Varma, o marajá anterior. Porém, ele não era próximo de Varma.

Antes de se tornar um advogado, Sundararajan era policial, então agente do Serviço de Inteligência da Índia. Ele também atuou como membro da equipe de segurança encarregada de proteger Indira Gandhi. Sundararajan era considerado uma mente brilhante, mas que o que realmente o diferenciava do restante das pessoas eram seus elevados padrões éticos. Ele disse que entrou em toda essa história, porque "sentiu que as coisas não estavam sendo feitas como deveriam". Depois de deixar o Serviço de Inteligência, Sundararajan tornou-se um professor de direito e também assumiu casos de interesse público. Certa vez, ele ajudou um cliente a reivindicar uma herança, que lhe foi negada porque era uma mulher. Ele também ajudou uma mulher chamada Nalini Netto a vencer um processo de assédio sexual contra um poderoso oficial indiano.

A batalha legal se intensificou quando o tio de Padmanabhan, de 70 anos, T. P. Sundararajan (na foto), aderiu ao processo. Ele tentou derrubar o recurso apresentado pela família real por meio de uma petição juntamente a Suprema Corte, que desafiava a reivindicação de Varma em relação a autoridade sobre o templo
Em janeiro de 2011, os argumentos de Sundararajan se juntaram ao consentimento do Tribunal Superior de Kerala, que confirmou a decisão do Tribunal de Justiça de Trivandrum, dizendo que era "absurdo" chamar o Templo Padmanabhaswamy de um "templo familiar". A família real também não tinha direito de supervisionar a riqueza do templo: "Uma vez que a deidade é um perpétuo menor de idade aos olhos da lei, o tribunal tem jurisdição para protegê-la". O tribunal concluiu: "Nós sentimos que é tempo de tomar medidas regulatórias no Estado para evitar pilhagens de dinheiro público em nome de Deus e da fé".

A família real apelou novamente - desta vez para a Suprema Corte da Índia. Em maio daquele mesmo ano, a Suprema Corte fez um anúncio favorável. Antes de dizer sobre quem administraria o templo, uma equipe de "observadores" examinaria as câmaras restantes, que supostamente continham tesouros. As Câmaras "A" e "B", que supostamente "não teriam sido abertas por mais de um século", seriam abertas, inspecionadas, e posteriormente "trancadas e seladas novamente". A inspeção dessas câmaras ocorreu em 30 de junho de 2011. Sundararajan estava entre os observadores, juntamente com vários arqueólogos e gemólogos. No grupo também estava C. S. Rajan, um ex-juiz de 73 anos, da Suprema Corte de Kerala.

A Suprema Corte impôs uma restrição, uma espécie de sigilo, em relação aos homens que entraram nas câmaras. E, nos dias que se seguiram, nenhum deles falou com a imprensa, incluindo Rajan. Jake resolveu visitar Rajan pessoalmente, visto que ele havia negado falar qualquer coisa por telefone. Rajan concordou em descrever o que ele havia visto. Ele disse que foi o melhor dia de sua vida.

A família real apelou novamente - desta vez para a Suprema Corte da Índia. Em maio daquele mesmo ano, a Suprema Corte fez um anúncio favorável. Antes de dizer sobre quem administraria o templo, uma equipe de "observadores" examinaria as câmaras restantes, que supostamente continham tesouros
Ao entrar no templo, Rajan e os outros se dirigiram para o "sanctum sanctorum", onde o ídolo principal repousa. O ídolo é considerado um deus adormecido, uma das muitas encarnações de Vishnu, e contém 12.008 pedras sagradas, que foram coletadas há séculos do rio Gandaki, no Nepal, e levadas a Trivandrum através de elefantes. Os observadores passaram pelo "sanctum sanctorum" e visitaram uma área de armazenamento adjacente, onde chegaram às seis câmaras, incluindo a "A" e "B", que tinham portas de grades metálicas, aparentando que não tinham sido abertas há muito tempo.
Em um muro de pedra acima da Câmara "A" havia uma imagem em relevo de uma cobra. A princesa Lakshmi Bayi, durante sua passagem pelo templo, costumava dizer que há muitas histórias. que são "transmitidas oralmente" sobre uma raça suprema de cobras, que teriam aparecido, quando o "templo foi ameaçado", oferecendo aos intrusos uma espécie de aviso.  Ela escreveu que as cobras, são consideradas "guardiãs da riqueza moral e material" do templo. A imagem da cobra seria amplamente vista como um mau presságio.

As portas para as Câmaras "A" e "B" exigiam diversas chaves, que tinham sido confiadas a Varma e ao então diretor-executivo do templo, V. K. Harikumar. Os observadores usaram as chaves para abrir a porta de grade metálica da Câmara "B", e descobriram uma porta de madeira bem pesada logo atrás da mesma. Eles também abriram essa porta, e se depararam com uma terceira porta, feita de ferro, que estava emperrada. Então eles resolveram dar atenção a Câmara "A". Mais uma vez, eles destravaram as duas portas externas, uma de madeira e outra de ferro (assim como havia na Câmara "B"). Eles entraram em uma pequena sala com uma enorme placa retangular no chão, como se fosse uma lápide caída. Foram necessários cinco homens e cerca de 30 minutos para mover a tal placa. Abaixo dela, eles encontraram uma passagem estreita e escura, quase grande o suficiente para um adulto passar, que levava a um pequeno lance de degraus. Era praticamente como a "cavidade coberta por uma pedra" descrita pelo missionário britânico. Antes que os observadores descessem, uma equipe de bombeiros chegou e usou equipamentos especiais para bombear oxigênio no ambiente. Ao final de tudo, encontraram eles a câmara.

A inspeção dessas câmaras ocorreu em 30 de junho de 2011. Sundararajan estava entre os observadores, juntamente com vários arqueólogos e gemólogos. No grupo também estava C. S. Rajan (à esquerda), um ex-juiz de 73 anos, da Suprema Corte de Kerala.
Um dos observadores era um advogado de 59 anos, chamado M. Balagovindan, que era o advogado particular de Sundararajan e um amigo de confiança.

"Quando eles tiraram a pedra de granito, estava praticamente escuro, exceto por uma pequena quantidade de luz entrando pela porta atrás de nós. Enquanto olhava para a câmara escura, o que eu vi parecia estrelas brilhando em um céu noturno quando não há lua. Diamantes e pedras preciosas brilhavam, refletindo o pouco de luz que havia. Grande parte da riqueza tinha sido originalmente armazenada em caixas de madeira, mas, com o tempo, as caixas tinham quebrado e virado pó. Assim sendo, as pedras preciosas e o ouro estavam amontoados em pilhas no chão empoeirado. Foi fantástico", disse M. Balagovindan.

De acordo com Rajan, os observadores instruíram os funcionários do templo a transportar tudo que havia na Câmara "A" até o andar de cima, para que os objetos fossem inspecionados. Foram necessários 15 homens durante um dia inteiro de trabalho. Rajan disse que ver o tesouro foi um "momento divino". Havia inúmeros anéis de ouro, braceletes e medalhões, muitos incrustados com pedras preciosas. Também havia correntes de ouro, cada uma cravada com jóias e cerca de 5,5 metros de comprimento, o comprimento do ídolo principal. Rajan disse que os especialistas em moedas estimavam que a câmara possuía cerca de 100 mil moedas de ouro, abrangendo séculos de comércio: romano, napoleônico, mogol, holandês etc. Ele também descreveu ter visto um conjunto de peças de uma armadura de ouro, conhecido como angi, construído para adornar o ídolo principal.

De acordo com Rajan, os observadores instruíram os funcionários do templo a transportar tudo que havia na Câmara "A" até o andar de cima, para que os objetos fossem inspecionados. Foram necessários 15 homens durante um dia inteiro de trabalho. Rajan disse que ver o tesouro foi um "momento divino"
A câmara também continha diamantes, rubis, esmeraldas e outras pedras preciosas. De acordo com Balagovindan, as pedras mais impressionantes eram os grandes diamantes, alguns dos quais tinham centenas quilates, do "tamanho de um grande polegar". Os arqueólogos e gemólogos estimaram que somente um pequeno ídolo de ouro sólido de Vishnu, incrustado com centenas de pedras preciosas, valia cerca de 30 milhões de dólares. Embora Balagovindan tenha se maravilhado com o que viu, seu cliente, Sundararajan, parecia indiferente. Sundararajan não mostrou interesse no ouro, e tinha entrado apenas para ver se havia mais câmaras internas no interior da própria câmara. Sundararajan era um verdadeiro asceta.

Até a publicação do artigo na revista "The New Yorker", ninguém havia calculado formalmente o valor do tesouro encontrado na Câmara "A". Porém, Harikumar, o diretor-executivo do templo, estimou que o mesmo valia, no mínimo, 20 bilhões de dólares. Ananda Bose, ex-diretor do Museu Nacional, em Nova Déli, liderou brevemente uma equipe, que foi encarregada de documentar o tesouro. Bose disse que uma avaliação adequada provavelmente levaria cerca de um ano. Ele havia feito algumas pesquisas sobre outros tesouros famosos, incluindo aqueles encontrados nas pirâmides egípcias, e disse que nenhum deles parecia chegar perto do tesouro do templo. Segundo Ananda Bose, talvez isso acontecesse somente uma vez a cada mil anos.

Ele havia feito algumas pesquisas sobre outros tesouros famosos, incluindo aqueles encontrados nas pirâmides egípcias, e disse que nenhum deles parecia chegar perto do tesouro do templo. Segundo Ananda Bose, talvez isso acontecesse somente uma vez a cada mil anos.
Ninguém sabia exatamente se a Câmara "A" já tinha sido roubada anteriormente. Inicialmente, Harikumar "garantiu", que ninguém havia entrado por mais de um século, mas admitiu que não havia registros sobre isso. Ele disse que não havia nenhum documento mostrando, que a câmara havia sido aberta por tal razão e em tal data. Curiosamente, ao ser questionado sobre como ele poderia ter certeza que nada tinha sido roubado, uma vez que não há nenhum registro nesse sentido, Harikumar disse que não podia responder, e disse apenas "acreditar" que nada tinha sido roubado.

Nos dias que se seguiram a abertura da Câmara "A", o templo estava cercado pela imprensa e por manifestantes - a maioria deles devotos zelosos, que temiam que a riqueza da deidade fosse retirada do templo. Padmanabhan e seu tio, Sundararajan, tornaram-se alvo da ira de populares. Padmanabhan recebeu ameaças de morte; seu escritório foi atacado, e seu carro foi vandalizado. Policiais foram designados para protegê-lo. As multidões se reuniram no lado fora de seu escritório, segurando cartazes que diziam: "Recupere a propriedade perdida e usurpada do tempo, e use-a para as necessidades do templo", e acusando Sundararajan de "saquear a propriedade de Deus". Em um determinado ponto, os manifestantes levaram um búfalo-asiático, símbolo da morte no Hinduísmo - com um cartaz ao redor do pescoço que dizia: "Eu sou Sundararajan".

O advogado da família real Venugopal K. Nair após sair de uma inspeção no Templo Padmanabhaswamy
Nos dias que se seguiram a abertura da Câmara "A", o templo estava cercado pela imprensa e por manifestantes - a maioria deles devotos zelosos, que temiam que a riqueza da deidade fosse retirada do templo. Padmanabhan e seu tio, Sundararajan, tornaram-se alvo da ira de populares.
Sundararajan ficou profundamente abalado. Seu primo, N. Rangachary, disse que Sundararajan não conseguia entender como seus esforços levaram a tanto caos, e a ser evitado e odiado por seu próprio povo. Padmanabhan disse que, aproximadamente duas semanas depois, no dia 16 de julho, Sundararajan foi dormir em estado febril. Inicialmente, ninguém levou isso a sério. Porém, naquela noite, a mãe de Padmanabhan disse-lhe, que seu tio estava gravemente doente. Padmanabhan resolveu ir ao quarto do seu tio, e pouco depois da meia-noite notou que ele estava melhor, mas Sundararajan disse que tinha apenas mais algumas horas de vida. No início daquela manhã, Sundararajan levantou-se, olhou ao redor da sala para seus parentes, sorriu e caiu morto. No dia seguinte, jornais indianos anunciaram sua morte, juntamente com a especulação de que ele havia sucumbido à "maldição da cobra", um verdadeiro absurdo.

Rajan contou ao Jake, que a porta mais interna da Câmara "B", aquela que não tinham conseguido abrir, possuía 3 travas, e uma delas estava emperrada, impedindo que a equipe de observadores abrisse a mesma. Os observadores consideraram forçar a abertura, mas consideraram isso impróprio, uma vez que poderia danificar a porta de uma forma irreparável. Assim sendo, eles decidiram contratar um serralheiro. Então, em meados de julho, antes que o serralheiro chegasse, a família real enviou uma declaração a Suprema Corte pedindo que a Câmara "B", ao menos durante um tempo, não fosse aberta, pois isso poderia "comprometer a integridade espiritual do templo".

Lakshmi Bayi, a princesa que chegou a escrever uma história sobre o templo, estava entre aqueles da família real que achavam que a câmara não devia ser perturbada. Ela mora no Palácio Kowdiar, sua residência em Trivandrum. Em entrevista a Jake, ela não se descreveu como "serva" da deidade, mas sua "escrava".

Lakshmi Bayi, a princesa que chegou a escrever uma história sobre o templo, estava entre aqueles da família real que achavam que a câmara não devia ser perturbada. Ela mora no Palácio Kowdiar (na foto), sua residência em Trivandrum. Em entrevista a Jake, ela não se descreveu como "serva" da deidade, mas sua "escrava".
"Um servo tem o direito de deixar seu mestre. Se eu não gostar de trabalhar com você, eu saio e eu digo adeus, mas um escravo não tem opção de ação independente. Ele está sempre ligado aos pés de seu mestre. Então, preferimos dessa forma", disse Lakshmi Bayi.

Embora ela nunca tivesse colocado os olhos na Câmara "B", teoricamente, é claro, ela acreditava que a câmara estivesse conectada ao "sanctum sanctorum" do templo, por meio de uma "carga espiritual", que emitia vibrações especiais que só poderiam ser sentidas "se você fosse excepcionalmente afortunado". Segundo ela, essa energia não deveria ser perturbada, e a imagem da cobra da Câmara "A" era um aviso claro sobre isso.Jake perguntou o que aconteceria se a energia fosse perturbada. A princesa lhe contou uma história, que ela tinha ouvido sobre um templo indiano que continha o mais raro dos tesouros: um ídolo levitante. A figura do ídolo permanecia suspensa no ar. Era uma "coisa muito maravilhosa", e permaneceu pairando no ar até que os trabalhadores começaram a reformar o templo. De repente, o ídolo caiu. Lakshmi Bayi acreditava que a manipulação da Câmara "B" poderia causar um desastre semelhante. Diversos gurus tinham avisado que a abertura "traria perigo e danos" para a cidade de Trivandrum. Lakshmi Bayi, no entanto, não deu maiores detalhes sobre nada do que mencionou.

"Um servo tem o direito de deixar seu mestre. Se eu não gostar de trabalhar com você, eu saio e eu digo adeus, mas um escravo não tem opção de ação independente. Ele está sempre ligado aos pés de seu mestre. Então, preferimos dessa forma", disse Lakshmi Bayi.
Poucos dias depois, Jake conheceu o chefe da família real, Marthanda Varma, no Palácio Pattom. Ao lado do palácio havia uma garagem ao ar livre contendo carros antigos, incluindo uma Mercedes 180D, de 1955, perfeitamente preservada. Um dos assessores de Varma escoltou-lhe até uma sala, e disse-lhe que não deveria abordar a questão do tesouro com "Vossa Alteza". Eles discutiram sobre finanças, e Varma tentou explicar o que, exatamente, era sua riqueza e o que era da deidade. Ele disse que tinha uma casa, morava nela, mas não lhe pertencia. A casa pertencia a deidade do templo, ou seja, o Palácio Pattom nunca seria vendido. Porém, curiosamente, ele acrescentou que, na vida moderna, algumas vezes, sua intenção pode ser anulada. Ao pedir para que elaborasse melhor sobre essa questão, Varma disse que, "de acordo com as circunstâncias, seja qual for seu desejo ou seus princípios, as coisas podem sair do controle".

Em um determinado ponto, a conversa se voltou a Câmara "B". De forma bem críptica, Varma disse que com certeza havia algo na câmara, mas não o que as pessoas estavam falando. Os relatos de riquezas imensas na câmara seriam apenas histórias fantasiosas (lembrando que a família real já havia alegado, que não havia nenhuma câmara secreta em Padmanabhaswamy). Ironicamente, ele disse que a Câmara "B" deveria permanecer fechada por uma questão uma precaução, porque ver uma riqueza tão grande assim poderia despertar a cobiça as pessoas, e gerar uma onda de depredação (um pouco contraditório para uma câmara que, segundo ele, não haveria absolutamente nada).

Uma vez que os cidadãos de Trivandrum tinham começado a discutir sobre o que fazer em relação a Câmara "B", a família real e os funcionários do templo convidaram um grupo de astrólogos a realizar uma cerimônia de quatro dias, conhecida como "Devaprasnam", para verificar a vontade da deidade. Um dos astrólogos, Padmanabha Sharma, disse que a chave para fazer a cerimônia funcionar era encontrar uma criança, que poderia servir como "instrumento" através do qual a divindade transmitia seus desejos. Nesse caso, a criança era um menino que estava orando no templo, quando os astrólogos cheagram. "Tudo aconteceu como uma questão de destino", explicou Sharma.

Um dos astrólogos, Padmanabha Sharma, disse que a chave para fazer a cerimônia funcionar era encontrar uma criança, que poderia servir como "instrumento" através do qual a divindade transmitia seus desejos.
Sharma e os outros astrólogos se certificaram de que o menino estava limpo e sem camisa, e depois o sentaram na frente de oito objetos: uma lâmpada, um espelho, um pedaço de pano, alguns grãos de arroz, folhas de areca, uma noz de areca, um antiga moeda de ouro, e uma cópia do Bhagavad Gita. Um "pó sagrado" foi pulverizado no chão para criar um quadro astrológico composto de doze caixas: uma para cada uma das estrelas do nascimento hindu. O menino recebeu 108 conchas, e foi pedido para que ele espalhasse no "gráfico", que havia sido montado no chão. Conforme o menino espalhava as conchas, todos ao redor entoavam cânticos.

"Nós pedimos a Deus para mostrar ao menino a mensagem certa", disse Sharma. Todos os aspectos da cerimônia, disse ele, revelaram uma mensagem diferente sobre o que a deidade estava pensando.

"É tudo ciência. É como um médico que diagnostica uma doença a partir de diversos sintomas", completou. Nesse caso, a notícia não era boa. Sharma concluiu que a deidade não estava feliz.

"É tudo ciência. É como um médico que diagnostica uma doença a partir de diversos sintomas", completou. Nesse caso, a notícia não era boa. Sharma concluiu que a deidade não estava feliz.
"É aconselhável que a riqueza encontrada nas câmaras não seja retirada. Estes não são apenas objetos de valor, mas também divinos, e o deslocamento dos mesmos provocará a ira do Lorde. Ele advertiu que abrir as portas para a Câmara 'B' faria mal para as pessoas e para a terra", disse Sharma, em agosto daquele ano, para a imprensa. Aliás, um membro da família real disse a Jake, que a deidade já havia deixado claro o quão estava chateada. A maior prova disso teria sido a morte de Sundararajan.

Diante da realização da cerimônia "Devaprasnam", a Suprema Corte declarou que a Câmara "B" não seria aberta naquele momento, mas que uma decisão seria posteriormente tomada, e que a mesma não seria delegada a outras pessoas. Segundo a Suprema Corte, decisões impraticáveis ​​ou supersticiosas e a segurança não podiam andar de mãos dadas.

Jake também se encontrou com V. S. Achuthanandan, ex-ministro-chefe de Kerala e líder do poderoso Partido Comunista do referido estado. Achuthanandan estava entre os poucos políticos, que haviam acusado publicamente a família real sobre a má administração do templo. Ele chamou o ritual astrológico de um plano "tolo", encenado pela família real, para evitar que a Supremo Corte fizesse um inventário no templo, e implementasse medidas de segurança adequadas. Padmanabhan, o responsável por dar início ao processo, sentiu o mesmo. Em sua visão, o ritual era uma farsa. Jake ainda perguntou se ele ainda esperava que fosse encontrado algum tesouro na Câmara "B", e Padmanabhan o olhou com uma cara de quem havia feito uma pergunta excepcionalmente estúpida. Em seguida, ele recomendou que Jake conversasse com o advogado de seu tio, Balagovindan.

Jake também se encontrou com V. S. Achuthanandan, ex-ministro-chefe de Kerala e líder do poderoso Partido Comunista do referido estado. Achuthanandan estava entre os poucos políticos, que haviam acusado publicamente a família real sobre a má administração do templo.
Ao se encontrar com Balagovindan, o mesmo contou uma história sobre Sundararajan. Segundo Balagovindan, Sundararajan e o Marajá anterior, Sri Chithira Thirunal, haviam compartilhado segredos sobre o templo - incluindo o fato de que, em seus tesouros, havia barras sólidas de ouro. Depois que a Câmara "A" foi aberta, e não foram encontradas as tais barras de ouro, Sundararajan disse a Balagovindan, que elas provavelmente estavam na Câmara "B". Uma vez que o local estava trancado seria um excelente lugar para esconder grandes quantidades de ouro. De qualquer forma, ninguém sabia quantas barras de ouro existiam.

Ainda que a Câmara "B" estivesse vazia, o tesouro da Câmara "A" poderia transformar radicalmente a cidade de Trivandrum e, de fato, o estado de Kerala. Se o tesouro na Câmara "A" valesse metade da estimativa de 20 bilhões de dólares, provavelmente seria dinheiro suficiente para cobrir o custo dos principais projetos listados no orçamento do estado para o ano de 2012, por cerca de um ano, incluindo novas instalações de processamento de resíduos, portos de carga, ambulâncias, escritórios, unidades hospitalares de tratamento intensivo, e um laboratório moderno para monitorar a qualidade dos alimentos e medicamentos. E ainda haveria um excedente de 350 milhões de dólares, que poderia ser usado para ajudar os mais pobres de Kerala.

Durante sua visita a Índia, Jake visitou uma favela em Trivandrum chamada "Chenkal Choola Colony" (ou Chenkalchoola). Na rua havia mulheres idosas rodeadas por montes de lixo, jovens mulheres vendendo peixes cobertos de moscas, e uma criança usando apenas uma peça íntima de roupa, que pulava em uma série de tábuas, para evitar cair em uma poça de lama profunda e viscosa. Ele conheceu o dono de uma barraca de galinha, um homem de 60 anos chamado K. S. Babu. Sua barraca continha uma gaiola de galinhas, uma foto da Virgem Maria, um toco de árvore para massacrar as aves, entre outros objetos. Babu disse que o "bairro" já tinha sido muito pior, antes que Indira Gandhi lançasse programas contra a pobreza, na década de 1980. Segundo Babu, se alguém morresse por lá, ninguém iria remover o corpo. E qualquer pessoa sem uma casa, poderia tomar a casa de outra pessoa e viver normalmente. Assim sendo, na visão de Babu, o governo poderia fazer uma grande diferença na vida das pessoas.

Durante sua visita a Índia, Jake visitou uma favela em Trivandrum chamada "Chenkal Choola Colony". Na rua havia mulheres idosas rodeadas por montes de lixo, jovens mulheres vendendo peixes cobertos de moscas, e uma criança usando apenas uma peça íntima de roupa, que pulava em uma série de tábuas, para evitar cair em uma poça de lama profunda e viscosa
De acordo com Babu, era necessário que o tesouro fosse utilizado para o bem-estar da população.  Apesar de seus sentimentos fortes, ele advertiu Jake para não abordar o tema com outros moradores da colônia. Ele disse que a maioria dos moradores seria muito agressiva, e lhe diria para não remover o tesouro do tempo. Babu alegou ser cristão e socialista, e que não era possível falar abertamente sobre esse assunto com os hindus. Em Kerala, três religiões têm uma forte presença: um quarto de sua população é muçulmana, mais ou menos um quarto é cristã, e o restante é hindu.

Jake pediu para que Babu lhe apresentasse um hindu, que concordasse em ser entrevistado. Babu apresentou o seu próprio filho. O nome do jovem era Ganesh; ele tinha 27 anos, e era um estudante de Artes. Ele explicou que seu pai se converteu ao Cristianismo, mas ele permaneceu hindu. Ganesh
se opôs firmemente a tirar qualquer riqueza do templo, e disse que evitava discutir o assunto com seu pai.

"Como hindu, vejo meu pai e minha mãe como deuses. Nós não elevaremos nossa voz contra eles", disse Ganesh. Ele também contou ao Jake que, todo e qualquer dinheiro que ele conseguia poupar, ele dava a deidade, algo que, às vezes, era tão pouco quanto uma rúpia. Segundo Ganesh, tudo no templo teria sido fruto da devoção das pessoas, ou seja, tudo pertencia a "Deus".

De acordo com Babu, era necessário que o tesouro fosse utilizado para o bem-estar da população.  Apesar de seus sentimentos fortes, ele advertiu Jake para não abordar o tema com outros moradores da colônia. Ele disse que a maioria dos moradores seria muito agressiva, e lhe diria para não remover o tesouro do tempo
Babu alegou ser cristão e socialista, e que não era possível falar abertamente sobre esse assunto com os hindus. Em Kerala, três religiões têm uma forte presença: um quarto de sua população é muçulmana, mais ou menos um quarto é cristã, e o restante é hindu.
Jake chegou a perguntar a Ganesh, se não seria bom que as riquezas de deidade fossem usadas para ajudar as pessoas. Ganesh disse que, considerando essa lógica, então os objetos valiosos também deviam ser removidos de igrejas e mesquitas. Além disso, ele insistiu em dizer o dinheiro não "chegaria nas mãos certas". De acordo com o jovem, existiam diversos fundos para a melhoria da colônia, que são geridos por funcionários do governo, mas esses fundos não são usados corretamente. Até mesmo o sistema de drenagem na colônia não tinha sido devidamente construído. Quando houve o tsunami, houve um fundo para os afetados, mas ainda assim o mesmo não foi bem utilizado. Muitos indianos compartilhavam as frustrações de Ganesh. Em 2011, o ex-ministro das telecomunicações da Índia foi preso por acusações de corrupção, num escândalo que, na época, podia custar cerca de 40 bilhões de dólares dos contribuintes indianos

"Se o governo se apoderar da riqueza do templo, eles vão saqueá-lo", concluiu Ganesh.

Um grupo de homens hindus estava parado em uma rua enlameada, conversando amigavelmente. Eles foram inflexíveis, e disseram que nenhum tesouro deveria ser removido do templo. Um vendedor de comida de rua chamado Suresh falou com Jake em sua casa, uma humilde habitação de concreto, que ele havia decorado com uma pequena estátua de Buda e fotos de seus heróis: Jesus, Madre Teresa, Vishnu e o Arnold Schwarzenegger. Ele disse que não confiava no governo para lidar com a riqueza do templo. Então, Jake lhe perguntou, se ele tinha mais fé na família real. "Sim", ele respondeu.

"Eles não eram como os funcionários do governo, que são corruptos. Eles foram visionários e preservaram esta riqueza para as gerações futuras, assim como os pais que estão preservando para seus filhos", disse Suresh.

Um grupo de homens hindus estava parado em uma rua enlameada, conversando amigavelmente. Eles foram inflexíveis, e disseram que nenhum tesouro deveria ser removido do templo. Um vendedor de comida de rua chamado Suresh falou com Jake em sua casa, uma humilde habitação de concreto, que ele havia decorado com uma pequena estátua de Buda e fotos de seus heróis: Jesus, Madre Teresa, Vishnu e o Arnold Schwarzenegger.
Aliás, há muitas pessoas que, assim como Suresh, sentem que a família real fez um excelente trabalho de proteger o tesouro da deidade - e a prova teria sido a grande quantidade de tesouros encontrados na Câmara "A". Jake também perguntou a Suresh, se os moradores de Kerala estavam melhores, quando eles eram governados por marajás.

"A administração durante o governo do Rei era muito melhor", disse Suresh.

Era surpreendente que, em um lugar com uma pobreza desenfreada, não havia uma maior demanda para nacionalizar o tesouro. Na verdade, em muitos cruzamentos em Trivandrum, havia cartazes de Lenin, Marx e Stalin. Quando Jake se encontrou com Achuthanandan, líder do Partido Comunista, ele afirmou que grande parte da riqueza doada pelo marajá ao templo, em 1750, era, na verdade, receita fiscal que ele havia coletado de outros governantes. Era, em essência, o dinheiro do povo. Este argumento, no entanto, estava provando ser algo bem difícil de ser aceito em Kerala. Vários ativistas comunistas disseram que, se eles continuassem pressionando para que o tesouro do templo fosse distribuído ao público, eles acabariam afastando seus eleitores hindus.

"Nós devemos ficar unidos", disse um ativista. Jake perguntou o que ele pensava, que Marx e Lenin teriam feito sobre o caso. O ativista, girando sua cadeira, respondeu: "Quando eles reencarnarem, perguntaremos a eles".

"Nós devemos ficar unidos", disse um ativista. Jake perguntou o que ele pensava, que Marx e Lenin teriam feito sobre o caso. O ativista, girando sua cadeira, respondeu: "Quando eles reencarnarem, perguntaremos a eles".
A descoberta do tesouro no Templo Padmanabhaswamy provocou caças ao tesouro em toda a Índia. Em novembro de 2011, a imprensa indiana informou que o templo Chandrasekhara Swamy, perto de Chennai, também tinha uma câmara secreta, que poderia conter enormes riquezas. No estado de Tamil Nadu, os pesquisadores estavam fazendo uma campanha para abrir as câmaras de dois templos antigos. Um dos pesquisadores, Kudavayil Balasubramaniyam, disse que, talvez, o tesouro fosse tão grande quanto o do Templo Padmanabhaswamy.

Após toda a confusão em relação ao Templo Padmanabhaswamy, o mesmo passou a ser protegido por detectores de metal, câmaras de segurança e mais de 200 guardas, alguns dos quais equipados com metralhadoras. Mesmo assim, o local não possui uma característica de segurança importante que já teve no passado: obscuridade, ou seja, pouca relevância. Longas filas se formavam fora do templo todos os dias, e os devotos e os peregrinos precisavam passar por pontos de controle de segurança. De acordo com Sanal Kumar, ex-chefe de segurança, muitos devotos culpam Sundararajan e seus aliados por esses inconvenientes. Padmanabhan, por sua vez, lamenta: "Ninguém pensa, que eu tinha apenas interesse em proteger o tesouro".

Após toda a confusão em relação ao Templo Padmanabhaswamy, o mesmo passou a ser protegido por detectores de metal, câmaras de segurança e mais de 200 guardas, alguns dos quais equipados com metralhadoras.
No início de 2012, Jake visitou Padmanabhan em sua casa, onde viveu desde que nasceu com seus pais e, até pouco tempo atrás, com seu tio. Ele lhe mostrou o quarto de seu tio. Havia uma mesa com algumas cartas, prateleiras cheias de livros de direito e uma armação de cama de madeira. Sundararajan, sempre abstêmio, recusara o conforto de um colchão. O quarto não havia sido tocado desde a sua morte. A conversa foi interrompida pela chegada do pai de Padmanabhan, de 75 anos, T. P. Krishnan, que era o irmão mais velho de Sundararajan. Krishnan está chegando do templo. Padmanabhan contou ao Jake, que seu pai estava devastado pela morte de Sundararajan, e estava com uma saúde tão debilitada, que mal conseguia andar sozinho. Padmanabhan acreditava, que o estresse do caso e a repercussão pública negativa por parte dos hindus tinham contribuído para a morte súbita de seu tio.

"A morte é inevitável. Porém, quando o perdi foi além do que as palavras podem dizer. Às vezes, eu me sinto totalmente desprezível", disse Padmanabhan com lágrimas nos olhos. Ao ser perguntando sobre a razão pela qual ele sentia isso, Padmanabhan foi enfático: "Porque fui a pessoa que colocou este templo no mapa e iniciou tudo isso".

"A morte é inevitável. Porém, quando o perdi foi além do que as palavras podem dizer. Às vezes, eu me sinto totalmente desprezível", disse Padmanabhan com lágrimas nos olhos. Ao ser perguntando sobre a razão pela qual ele sentia isso, Padmanabhan foi enfático: "Porque fui a pessoa que colocou este templo no mapa e iniciou tudo isso".
Padmanabhan planejava voltar a Nova Déli, ainda naquele ano, para comparecer perante a Suprema Corte, onde ele esperava resolver o assunto da administração do templo e forçar uma decisão sobre a Câmara "B". Enquanto isso, não havia nada a ser feito, além de esperar. Após visitar Padmanabhan, Jake se recostou na porta de sua casa, e ficou olhando para o templo, observando peregrinos, muitos deles magros e descalços, caminhando pela rua em direção à magnífica torre de pedra. Jake também se sentiu atraído pelo templo, porém mesmo que houvesse muita história para ser contada, até hoje o templo está aberto apenas aos adeptos do Hinduísmo.

Interessante, não é mesmo? Agora que vocês já sabem como essa história começou e alguns dos seus desdobramentos, nada melhor do que contar a vocês o que aconteceu posteriormente. É justamente isso que vocês conferem a partir de agora.

Um Tesouro de Um Trilhão de Dólares? A Lentidão no Processo de Documentar Todos os Itens do Templo Padmanabhaswamy


O artigo de Jake Halpern é uma leitura fundamental e imprescindível para compreender a situação das câmaras do Templo Padmanabhaswamy. Conforme podemos ver, até aquela época, existiam seis câmaras denominadas de "A","B","C","D","E" e "F". As câmaras "C", "D", "E", e "F" são abertas regularmente, uma vez que guardam os itens utilizados habitualmente no templo ("E" e "F") ou então objetos usados esporadicamente durante os festivais realizados pelo mesmo ("C" e "D"), ou seja, não há nenhum mistério sobre essas câmaras. Já a Câmara "B" era para ter sido aberta em 2011, porém, infelizmente o serralheiro não chegou antes que a Suprema Corte da Índia resolvesse acalmar os ânimos, que estavam bem inflamados naquele momento.

Daqui a pouco irei comentar melhor sobre essa câmara, mas é possível notar claramente, que a história sobre uma maldição ou que a abertura da mesma causará o fim do mundo não passa de uma cortina de fumaça para evitar que todos saibam da provável e grande quantidade de ouro e riqueza material armazenada na Câmara "B".

A Câmara "B" era para ter sido aberta em 2011, porém, infelizmente o serralheiro não chegou antes que a Suprema Corte da Índia resolvesse acalmar os ânimos, que estavam bem inflamados naquele momento.
Em outubro de 2012, um relatório independente, proveniente de um "Amicus Curiae" (uma expressão em Latim utilizada para designar uma instituição independente, que tem por finalidade fornecer subsídios às decisões dos tribunais, oferecendo-lhes melhor base para questões relevantes e de grande impacto) foi divulgado publicamente pelo jornal indiano "The Hindu". Não é mais possível fazer o download diretamente do domínio virtual do mesmo, mas é possível encontrá-lo usando o serviço "Wayback Machine". O documento possui cerca 94 páginas, ou seja, seria inviável traduzi-lo na íntegra para vocês, porém é interessante destacar alguns detalhes.

Em outubro de 2012, um relatório independente, proveniente de um "Amicus Curiae" (uma expressão em Latim utilizada para designar uma instituição independente, que tem por finalidade fornecer subsídios às decisões dos tribunais, oferecendo-lhes melhor base para questões relevantes e de grande impacto) foi divulgado publicamente pelo jornal indiano "The Hindu"
O relatório apontou, que não foram encontradas evidências de que a família real estivesse expropriando os próprios tesouros, e que o processo de inventariar tudo o que havia nas câmaras "A","C","D","E" e "F" levaria mais tempo do que se imaginava. Além disso, os resultados do inventário não deveriam ser divulgados publicamente até a conclusão de todo o processo por ordem da Supremo Corte da Índia. Isso, é claro, não impediu, que diversos veículos de imprensa indianos começassem a divulgar a suposta lista dos itens encontrados na Câmara "A" (diante do vazamento de algumas informações ao longo do tempo). Eis uma "pequena" lista, porém altamente especulativa, sobre o que poderia haver na Câmara "A", que foi divulgado:
  • Um ídolo sólido e dourado sólido de Mahavishnu, com 1,2 m de altura e 1 m de largura, repleto de diamantes e outras pedras preciosas;
  • Um trono sólido de ouro puro, repleto de centenas de diamantes e pedras preciosas, destinado ao ídolo de 5,5 m da deidade;
  • Um vestuário cerimonial para adornar a deidade sob a forma de uma armadura de ouro, contendo 16 partes de ouro puro, e pensando quase 30 quilos;
  • Uma corrente de ouro puro com cerca de 5,5 metros de comprimento, além de diversas outras correntes de ouro;
  • Um feixe de ouro puro pesando 500 quilos;
  • Um véu dourado de 36 quilos;
  • Cerca de 1.200 correntes "Sarappalli", em ouro puro, incrustadas com pedras preciosas, e pensando entre 3,5 e 10,5 kg;
  • Diversos sacos repletos de artefatos dourados, colares, diademas, diamantes, rubis, safiras, esmeraldas, pedras preciosas e outros objetos feitos de outros metais preciosos;
  • Cascas de coco de ouro cravadas com rubis e esmeraldas;
  • Diversas moedas da Era Napoleônica, do século XVIII;
  • Centenas de milhares de moedas de ouro do Império Romano;
  • Um certa quantidade de moedas de ouro pensando 800 quilos, e datadas de 200 a.C;
  • Pelo menos três ou mais coroas de ouro sólido, e todas repletas de diamantes e outras pedras preciosas;
  • Centenas de cadeiras de ouro puro;
  • Milhares de potes de ouro;
  • Um local contendo 600 quilos de moedas de ouro provenientes do período medieval.
    Vale mais uma vez ressaltar que essa lista é altamente especulativa, ou seja, ninguém sabe oficialmente a quantidade de tesouros existentes na Câmara "A". Tudo o que temos é baseado em relatos, não há nada oficial até o presente momento.

    Vale mais uma vez ressaltar que essa lista é altamente especulativa, ou seja, ninguém sabe oficialmente a quantidade de tesouros existentes na Câmara "A". Tudo o que temos é baseado em relatos, não há nada oficial até o presente momento. A imagem acima é meramente ilustrativa.
    Para vocês terem uma ideia de como essa é uma operação muito complicada, em 2013, o jornal "The Hindu" publicou que a avaliação e o registro das joias encontrada no Templo Padmanabhaswamy estava consumindo mais tempo do que todos inicialmente acreditavam. Com medo de que isso pudesse atrasar a conclusão do inventário (que até hoje não foi feito, diga-se de passagem), um comitê de especialistas planejava buscar a ajuda da "National Geographic Society" (NGS), uma instituição sem fins lucrativos conhecida por sua revista e programas de televisão em Arqueologia e Meio Ambiente, para acelerar o processo.

    Em maio daquele ano, perante o sétimo relatório sobre o andamento do inventário, o comitê responsável por investigar os objetos, que continham pedras preciosas, admitiu que só conseguia documentar 3 ou 4 objetos por dia. Dos 105 mil itens documentados até aquele momento, cerca de 500 estavam incrustados com pedras preciosas. Exceto alguns, todos tinham um mínimo de 100 pedras preciosas. Um único medalhão tinha cerca de 997 pedras preciosas. Somando todos os 500 itens, os mesmos possuíam cerca de 60.000 pedras preciosas.

    O procedimento para analisar as pedras preciosas demorava tempo e, a menos que o comitê identificasse novas tecnologias para avaliar os artigos encontrados, não poderia completar o inventário dentro do prazo estabelecido pelo tribunal. Foi decidido estudar os procedimentos usados nos Estados Unidos, França e Inglaterra e atualizar os métodos adotados no templo. O comitê também decidiu estender um convite especial à NGS para demonstrar a tecnologia que a mesma utilizava para estudar artefatos. Aliás, para vocês terem uma dimensão da situação, daqueles 105 mil itens catalogados, cerca de 103 mil estavam na Câmara "A".

    Com medo de que isso pudesse atrasar a conclusão do inventário (que até hoje não foi feito, diga-se de passagem), um comitê de especialistas planejava buscar a ajuda da "National Geographic Society" (NGS), uma instituição sem fins lucrativos conhecida por sua revista e programas de televisão em Arqueologia e Meio Ambiente, para acelerar o processo.
    Diante de tanto dinheiro, o historiador T.P. Sankarankutty Nair extrapolou o valor dos tesouros, que poderiam estar contidos na Câmara "B", embora a mesma, teoricamente, não teria sido aberta até hoje. Ele disse que essa câmara era a maior e mais valiosa do templo e seu valor poderia chegar a 50 trilhões de rúpias, ou seja, quase US$ 1 trilhão (dependendo da cotação da época que você ler esta matéria, é claro).

    Conseguem entender claramente qual é a verdadeira razão para família real não querer, que ninguém veja o que existe dentro da Câmara "B"? O motivo é claramente financeiro. De qualquer forma, vou abordar rapidamente como essa história de uma porta, que não poderia ser aberta por nada ou que libertaria o Mal no mundo surgiu. Além disso, a foto comumente atribuída a tal porta, que circula amplamente pela internet, é falsa!

    Como Essa História Sobre uma Porta que Não Poderia Ser Aberta por Nada ou que se Aberta Resultaria em Catástrofes na Índia e no Mundo Surgiu?


    Toda essa história sobre uma porta amaldiçoada ou algo do gênero começou a ganhar força a partir de um artigo no site do jornal "The Hindu", em 7 de julho de 2011, poucos dias após a abertura da Câmara "A". Vamos conferir primeiramente o que foi escrito, e posteriormente comento a realidade sobre o material, combinado?

    Bem, naquela época foi mencionado que, 79 anos antes, muito antes da então recente descoberta de "tesouros fenomenais" no Templo Padmanabhaswamy, ao menos uma das câmaras teria sido aberta, e um inventário dos preciosos itens também teria sido feito. Um correspondente do jornal "The Hindu", que não teve seu nome mencionado, mas que teria testemunhado o que aconteceu, teria escrito um relato descrevendo o que viu e os objetos em seu interior.

    Toda essa história sobre uma porta amaldiçoada ou algo do gênero começou a ganhar força a partir de um artigo no site do jornal "The Hindu", em 7 de julho de 2011, poucos dias após a abertura da Câmara "A".
    Em um domingo, 6 de dezembro de 1931, por volta das 10h da manhã, em um momento propício escolhido pelos funcionários do templo, uma das câmaras teria sido aberta. Seguindo ritos religiosos especiais, "a chave foi introduzida nas fechaduras velhas e enferrujadas". O Marajá Chithira Thirunal Balarama Varma havia comparecido pessoalmente. Uma ambulância foi mantida no lado de fora para atender a qualquer eventual emergência. As fechaduras não queriam ceder, e as portas teriam sido abertas após uma luta de duas horas e meia.

    Lâmpadas elétricas e tochas teriam sido utilizadas para iluminar o espaço interno e ventiladores elétricos foram ligados para bombear ar para dentro e para fora do "porão". As autoridades do templo encontraram quatro baús de bronze, que continham moedas antigas. Bem próximo havia uma espécie de depósito, ou algo assim, repleto de moedas de ouro e prata. Logo acima, havia diversos potes de ouro. Havia um baú de madeira fixado no chão e havia seis câmaras. No baú havia joias com diamantes, rubis, esmeraldas e outras pedras preciosas. Além disso, havia mais de 300 potes de ouro e quatro baús. Os oficiais que entraram no primeiro "porão" descobriram que havia outro atrás do mesmo. Acreditava-se, diante do relato do correspondente do "The Hindu", que no total havia quatro "porões": Mahabarathakonathu kallara, Sree Pandarathu kallara, Vedavyanakonathu kallara e Sarswathikonathu kallara.

    Em um domingo, 6 de dezembro de 1931, por volta das 10h da manhã, em um momento propício escolhido pelos funcionários do templo, uma das câmaras teria sido aberta (a imagem acima não acompanha a publicação do "The Hindu".
    O Marajá Chithira Thirunal Balarama Varma havia comparecido pessoalmente. Uma ambulância foi mantida no lado de fora para atender a qualquer eventual emergência. As fechaduras não queriam ceder, e as portas teriam sido abertas após uma luta de duas horas e meia (a imagem acima acompanha a publicação do "The Hindu")
    Por volta das 15h30, a operação teria sido interrompida, e o "porão" selado. Os quatro baús foram levados para Chellavagai para "contagem e avaliação". Não ficou claro a partir do relato, se algum dos "porões" restantes foi aberto nos dias posteriores a essa operação. Os motivos da abertura também não teriam sido revelados. Vale ressaltar que o texto usou a palavra "porão", mas muito provavelmente está se referindo a uma câmara do templo.

    No entanto, Emily Gilchrist Hatch, que estava em Trivandrum, em 1933, ofereceu uma explicação em seu livro, "Travancore: A guide book for the visitor" (Oxford University Press, 1933). Ela não apenas relembrou a abertura no ano de 1931, da tal câmara, mas também mencionou uma tentativa semelhante, porém mal sucedida, em 1908. A Sra. Hatch, que no prefácio de seu livro agradeceu o governo de Travancore por toda a "ajuda e consulta" que lhe foi concedida, registrou que o templo tinha uma grande quantidade de riquezas guardadas em "câmaras".

    "Cerca de 25 anos atrás, quando o Estado precisava de um dinheiro extra, considerado conveniente abrir essas baús, e usar a riqueza que eles continham... Um grupo de pessoas se reuniu e tentou entrar nas câmaras com a ajuda de tochas. Quando eles descobriram que elas estavam 'infestadas de cobras', eles 'saíram correndo' temendo por suas vidas", teria dito Emily Gilchrist Hatch. Contudo, em 1931, as autoridades do templo estavam melhor preparadas com "luzes elétricas e sistema de ventilação".

    No entanto, Emily Gilchrist Hatch, que estava em Trivandrum, em 1933, ofereceu uma explicação em seu livro, "Travancore: A guide book for the visitor" (Oxford University Press, 1933). Ela não apenas relembrou a abertura no ano de 1931, da tal câmara, mas também mencionou uma tentativa semelhante, porém mal sucedida, em 1908.
    De acordo com o "The Hindu", a década de 1930 foi um período difícil. O estado monárquico de Travancore, assim como o restante da Índia, enfrentava uma depressão econômica. As receitas caíram e os preços dos produtos agrícolas também caíram. Porém, em 1932, as autoridades de Travancore não chegaram a mencionar, que nenhum tesouro havia sido retirado do templo ou muito menos utilizado para quaisquer finalidades. O "The Hindu" também mencionou, que era um mistério a forma pela qual tantas riquezas teriam sido protegidas das mãos de saqueadores ao longo do tempo.

    Entretanto, é importante fazer algumas observações. O "The Hindu", em nenhum momento, mostrou os manuscritos originais do tal correspondente, não citou seu nome e não apresentou nenhum material publicado, que estivesse preservado em seu arquivo. Apenas publicou um relato de alguém, ou seja, evidências anedóticas, que não fazemos a menor ideia de quem seja. O jornal pode ter simplesmente criado a história, uma vez que foi o único local que publicou tal conteúdo que, na época, todos queriam saber por alguma informação adicional.

    Por falar nisso, também não sabemos exatamente, quem foi Emily Gilchrist Hatch. O máximo que encontrei sobre ela é que Emily nasceu em 1897, e teria sido uma estudante de Indologia nos Estados Unidos. Ela teria frequentado a Universidade de Cornell, em Nova York. Posteriormente, ela teria se casado com um agricultor, e se mudado para a Índia juntamente com o marido para ajudar no desenvolvimento rural, principalmente entre os dalits. Acredita-se que eles estiveram na Índia por mais de 20 anos, e em 1942 eles teriam se mudado para o México, em seguida para a Costa Rica e o Sri Lanka. Além disso, não existe mais nada sobre ela, nem mesmo quando e onde teria morrido.

    Por falar nisso, também não sabemos exatamente, quem foi Emily Gilchrist Hatch. O máximo que encontrei sobre ela é que Emily nasceu em 1897, e teria sido uma estudante de Indologia nos Estados Unidos. Ela teria frequentado a Universidade de Cornell, em Nova York
    Infelizmente, não encontrei nenhuma cópia disponível gratuitamente do livro "Travancore: A guide book for the visitor". Seria interessante saber se ela realmente escreveu sobre isso da maneira que foi publicada pelo "The Hindu"; se isso teria sido escrito em algum outro lugar (documento ou livro) ou se ela apenas ouviu falar e resolveu adicionar um material folclórico ao seu guia de viagens de 270 páginas. Uma busca por palavra-chave no Google Books também não ajudou a encontrar maiores informações sobre isso.

    De maneira totalmente imprudente, diversos sites começaram a alegar, que as cobras citadas por Emily fariam parte de uma eventual maldição da Câmara "B" ou algo assim. Em primeiro lugar, sequer sabemos qual teria sido a câmara aberta em 1908 e, em segundo lugar, cobras dificilmente permaneceriam vivas por tanto tempo sem alimento, oxigênio, entre outros fatores limitantes. Exceto, é claro, que alguém tivesse conhecimento antecipado de uma eventual abertura de uma ou mais câmaras, tivesse aberto as câmaras alguns dias antes, colocado as cobras, e então esperado para ver a reação das pessoas. Tudo isso para alimentar a crença em uma suposta maldição, e evitar que pessoas tentassem roubar o ouro do templo.

    Posteriormente, começaram a surgir na mídia, algumas histórias de que somente um poderoso "Sadhu" (termo comum para designar um místico, um asceta, um praticante de ioga ou um monge andarilho) ou um "Yogi" (um praticante de ioga) entoando um mantra igualmente poderoso (Garuda Mantra) poderia abrir a porta da Câmara "B" sem que nenhuma catástrofe acontecesse ao templo, a Índia ou ao mundo. Aliás, ao entoar o cântico a porta seria aberta "automaticamente". Porém, isso não passa de mais uma lenda inventada ao longo do tempo. Isso porque, além da Câmara "B" ter quase sido aberta (só não foi devido a uma ordem da Justiça), existe uma forte suspeita que a mesma já tenha sido aberta diversas vezes no passado recente (daqui a pouco comentarei sobre isso). Para completar, nem mesmo a família real comentou sobre essa história de mantras, conforme pudemos acompanhar no artigo escrito por Jake Halpern.

    A Verdadeira Origem da Foto, que Divulgam como Sendo do Portão da Câmara "B"


    Chegou a hora de mostrar para vocês a realidade sobre a suposta "foto" do tal portão amaldiçoado da Câmara "B". Vocês lembram que eu disse, que vivemos uma época sombria, onde geralmente as pessoas não fazem questão de pesquisar muito para elaborar um bom material para seu leitor ou seu seguidor? O mesmo se aplica ao Templo Padmanabhaswamy.

    Provavelmente, vocês já devem ter visto essa imagem abaixo como sendo atribuída ao suposto portão amaldiçoado da Câmara "B", não é mesmo? Nove em cada dez matérias ou vídeos sobre esse assunto na internet destacam essa imagem.

    Provavelmente, vocês já devem ter visto essa imagem acima como sendo atribuída ao suposto portão amaldiçoado da Câmara "B", não é mesmo? Nove em cada dez matérias ou vídeos sobre esse assunto na internet destacam essa imagem.
    Na mesma podemos ver serpentes enroladas em pilares, uma face aparentemente demoníaca, serpentes, dragões e uma série de outros elementos. Soa um pouco sinistra e assustadora, não concordam? Porém essa porta não pertence ao Templo Padmanabhaswamy e, para piorar, ela não existe em lugar do mundo, exceto o virtual. O portão, na verdade é uma criação artística de um brasileiro chamado "Mario Russo", e chama-se "Gates of Hell" ("Portões do Inferno", em português). Ele utilizou os programas 3ds Max e o Photoshop para criar todo os detalhes do portão.

    Mario Russo publicou, aquilo que ele chamou de "segunda versão" da imagem, no dia 11 de novembro de 2004, no fórum "CGSociety", muito antes do processo ser movido por Ananda Padmanabhan, em 2007, e ainda mais distante da abertura da Câmara "A", e toda a polêmica sobre a Câmara "B", que começou a partir de 2011. Aliás, na época de sua publicação (2004), Mario alegou que criou a imagem para participar da 38ª edição de um concurso chamado "3DLuVr", no qual ele ficou em terceiro lugar. Ele também publicou a imagem em alta resolução no PhotoBucket.

    Mario Russo publicou, aquilo que ele chamou de "segunda versão" da imagem, no dia 11 de novembro de 2004, no fórum "CGSociety", muito antes do processo ser movido por Ananda Padmanabhan, em 2007, e ainda mais distante da abertura da Câmara "A", e toda a polêmica sobre a Câmara "B", que começou a partir de 2011.
    Aliás, na época de sua publicação (2004), Mario alegou que criou a imagem para participar da 38ª edição de um concurso chamado "3DLuVr", no qual ele ficou em terceiro lugar. Ele também publicou a imagem em alta resolução no PhotoBucket.
    O criador da imagem também publicou seu trabalho no site "3Dtotal", em dezembro de 2009, onde mostrou os primeiros rascunhos, e revelou sua principal inspiração (ou referência) para a criação do portão: uma escultura chamada "Portões do Inferno" de Auguste Rodin.

    O criador da imagem também publicou seu trabalho no site "3Dtotal", em dezembro de 2009, onde mostrou os primeiros rascunhos, e revelou sua principal inspiração (ou referência) para a criação do portão: uma escultura chamada "Portões do Inferno" de Auguste Rodin.
    Mario também mostrou como foram todas as etapas de criação do seu portão (making of), assim como a modelagem, a texturização, etc. Não acredito que ele tenha disseminado a imagem como sendo o suposto portão amaldiçoado da Câmara "B", porém muito provavelmente alguém pegou a imagem e começou a disseminá-la dessa forma.

    Mario também mostrou como foram todas as etapas de criação do seu portão (making of),
    assim como a modelagem, a texturização, etc
    Não acredito que ele tenha disseminado a imagem como sendo o suposto portão amaldiçoado da Câmara "B", porém muito provavelmente alguém pegou a imagem e começou a disseminá-la dessa forma.
    Etapa de texturização dos "Portões do Inferno" de Mario Russo
    Caso esteja se perguntando, não encontrei nenhuma foto verdadeira dos portões das câmaras ou do interior das mesmas disponível na internet até o presente momento. Enfim, de qualquer forma, sempre desconfie de quem divulga essa imagem do "portão da Câmara B" como sendo verdadeira, pois é um sinal claro que a pessoa não pesquisou seriamente sobre o assunto. Aliás, eu coloquei essa imagem na capa desta matéria tão somente para atrair a atenção de vocês, porque sabia que muitos reconheceriam, ainda que erroneamente (devido a má qualidade das matérias ou vídeos divulgados sobre o templo), essa mesma imagem.

    A Câmara "B" Já Teria Sido Aberta por Diversas Vezes no Passado Recente? Novas Câmaras Secretas Foram Encontradas no Templo Padmanabhaswamy!


    Toda essa situação sobre o Templo Padmanabhaswamy ganharia um novo fôlego, em 15 de abril 2014, quando um advogado chamado Gopal Subramanium apresentou um novo relatório independente (amicus curiae) de 577 páginas para a Suprema Corte da Índia. No documento ele destacava várias irregularidades graves na gestão do templo e sua riqueza. Naquele dia, houve uma verdadeira troca de farpas entre Venugopal K. Nair, advogado da família real, e Gopal Subramanium. Na visão de Venugopal K. Nair, o relatório era inaceitável. Aliás, ele até mesmo questionou a inclinação religiosa de Gopal Subramanium, porém é muito importante ressaltar, que o relatório havia sido elaborado a partir de uma solicitação de Vinod Rai, ex-Controlador e Auditor-Geral da Índia, ou seja, não era um ato unilateral de Subramanium.

    Subramaniam leu a parte do relatório preparado por ele após 35 dias de inspeção do templo, e disse que o Comitê de Conservação criado pela Suprema Corte não estava realizando reuniões regulares e aqueles associados à administração do templo estavam trabalhando com medo. Ele disse que grandes quantidades de ouro e prata doadas por devotos nunca foram relatadas pelos administradores do templo, e que também nunca foram contabilizadas ou auditadas ao longo de 30 anos. Aliás, por cerca de 10 anos, o templo sequer apresentou uma declaração de rendimentos, apesar de possuir isenção fiscal. 

    Subramaniam leu a parte do relatório preparado por ele após 35 dias de inspeção do templo, e disse que o Comitê de Conservação criado pela Suprema Corte não estava realizando reuniões regulares e aqueles associados à administração do templo estavam trabalhando com medo
    Além disso, uma máquina de folhear ouro, que estava escondida, foi encontrada, tornando obrigatório que houvesse alguém, de forma independente, que monitorasse a auditoria em relação ao ouro e a prata. Subramaniam disse que, durante cerca de um mês, entre fevereiro e março de 2014, cerca de 10.290.000 rúpias (cerca de US$ 160.000) tinha sido doadas pelo devotos, dinheiro esse não contabilizado. Ele também disse. que havia discrepâncias no número de contas bancárias informadas pela administração do templo. Enquanto os administradores alegavam apenas 14 contas bancárias em 5 bancos, na verdade, existiam 34 contas bancárias em 17 bancos.

    Como se tudo isso não bastasse, Subramaniam disse que o estado de conservação do templo era patético, e que ídolos quebrados, que pesavam cerca de dois quilos, foram encontrados jogados em sacos plásticos comuns. Ele questionou como alguém podia manter um templo tão sujo, quanto o Padmanabhaswamy. No entanto, a melhor parte viria com uma declaração bombástica por parte de Subramaniam.

    "Embora o palácio tenha resistido à abertura da Câmara 'B', há relatos de testemunhas oculares, que um membro do palácio e o seu diretor-executivo já abriram a Câmara 'B' há alguns anos (o referido diretor-executivo já não está vivo)", disse Gopal Subramanium.

    "De fato, a Câmara 'B' parece ter sido aberta mais de uma vez, e houve tentativas de fotografar as joias, não com a finalidade de catalogá-las, mas possivelmente disponibilizar essa informação aos compradores, já que a família real acreditava que estes são tesouros pessoais", completou.

    Como se tudo isso não bastasse, Subramaniam disse que o estado de conservação do templo era patético, e que ídolos quebrados, que pesavam cerca de dois quilos, foram encontrados jogados em sacos plásticos comuns. Ele questionou como alguém podia manter um templo tão sujo, quanto o Padmanabhaswamy
    Subramanium também apresentou uma denúncia grave, dizendo que parecia haver uma grande resistência por parte de todo o aparelho estatal, para lidar efetivamente com os referidos problemas. Vocês podem conferir o relatório completo clicando aqui e aqui (lembrando que são 577 páginas, em inglês, e em formato PDF).

    Agora, se todo esse caos não bastasse, Subramaniam tinha mais uma revelação a fazer. Durante sua investigação, ele encontrou mais duas câmaras no interior do Templo Padmanabhaswamy, que foram chamadas de "G" e "H". Não há informações suficientemente claras, apontando se as câmaras "G" e "H" já teriam sido abertas desde então, porém, aparentemente, ambas ainda não teriam sido abertas.

    Agora, se todo esse caos não bastasse, Subramaniam tinha mais uma revelação a fazer. Durante sua investigação, ele encontrou mais duas câmaras no interior do Templo Padmanabhaswamy, que foram chamadas de "G" e "H".
    Em agosto de 2014, uma outra revelação bombástica causou espanto na Índia. Um outro relatório submetido a Suprema Corte, por Vinod Rai, ex-Controlador e Auditor-Geral da Índia, revelou registros incompletos sobre o peso e a pureza dos objetos de ouro e prata do templo, a ausência de controle financeiro, da utilização de artigos preciosos, e do precário sistema de registros do templo. Em 24 de abril daquele mesmo ano, a Surprema Corte havia solicitado uma auditoria especial no templo e suas propriedades.

    Além disso, esse novo relatório apontou que a Câmara "B" teria sido aberta duas vezes em 1990, e cerca de cinco vezes, em 2002. Barras de prata teriam sido retiradas da câmara, e potes de ouro teriam sido guardados e posteriormente retirados. O advogado da família real, no entanto, sempre alegou que somente uma antecâmara teria sido aberta, nunca a câmara em si.

    Novos Indícios de Desvios do Tesouro do Templo Padmanabhaswamy Foram Apontados!


    Em agosto de 2016, mais um relatório, dessa contendo cerca de dois volumes, cinco partes, e cerca de 1.000 páginas, foi apresentado por Vinod Rai para a Suprema Corte da Índia, e isso abalou novamente a confiabilidade na família real. Em uma revelação surpreendente, o relatório demonstrou que muitas irregularidades financeiras e atos de corrupção continuavam ocorrendo mesmo durante a investigação realizada sobre o templo (alguma semelhança com o Brasil?). Além disso, cerca de 1 bilhão e 860 milhões de rúpias em ouro tinham sumido. Para vocês terem uma ideia, 769 potes de ouro, pesando 776 quilos, tinham desaparecido das câmaras do templo.

    Em seu relatório, Vinod Rai disse que cada pote de ouro havia recebido um número de série. Potes de ouro com números de 1 até 1.000 foram usados até julho de 2002. Posteriormente, potes com número 1.000 em diante foram usados. Vinod Rai descobriu que um dos potes, retirado em 1º de abril de 2011, apresentava o número de série 1988. Isso significa, que havia pelo menos 1988 potes de ouro disponíveis nas mais diversas câmaras. Ele disse que, 822 potes de ouro teriam sido derretidos para a criação de peças ornamentais, então deveria haver, no mínimo, 1.166 potes restantes. Porém, o relatório apontava a existência de potes com números de série até 397. Assim sendo, estavam faltando cerca de 769 potes de ouro, que no total pesariam cerca de 776 quilos. O relatório também apontou, que 30% do ouro enviado para derretimento e purificação havia desaparecido.

    Em uma revelação surpreendente, o relatório demonstrou que muitas irregularidades financeiras e atos de corrupção continuavam ocorrendo mesmo durante a investigação realizada sobre o templo (alguma semelhança com o Brasil?).
    O relatório ainda afirmou, que foram tiradas fotografias de 1.022 artigos preciosos, incluindo os 397 potes de ouro, localizados nas Câmaras "C" e "E", em agosto de 2007, como uma sugestão da então administração do templo para a elaboração de um catálogo do tesouro. Porém, não havia quaisquer sinais da existência desse catálogo, das fotografias e muito menos dos negativos. Para completar, em 1970, a administração do templo vendeu ilegalmente cerca 8.500 m² de terreno, cujos registros não foram encontrados.

    Na época, também foi especulado, que existiria um túnel escondido debaixo de algumas câmaras, que permitiria os arquitetos das mesmas fechar as portas das câmaras por dentro, tornando "impossível" de serem violadas. Assim sendo, esse túnel secreto poderia ter contribuído para que a família real pudesse saquear uma parte dos tesouros sem que ninguém percebesse. Entretanto, esse suposto túnel não foi encontrado até hoje, ou seja, é apenas uma especulação.

    Como Está a Situação do Templo Atualmente? Um Assunto Para os Meus Comentários Finais!


    Quando você informa de maneira precária uma pessoa, a mesma se torna uma máquina de desinformação especulativa. É exatamente isso o que acontece com o Templo Padmanabhaswamy que, por estar na Índia, um país de tradições tão singulares, muitas vezes é visto como algo totalmente místico, e que abriga conhecimentos ocultos sobre a humanidade. O Templo Padmanabhaswamy, na verdade, nada mais é do um grande cofre, que abriga inúmeras riquezas acumuladas ao longo dos séculos ou milênios, através do intenso comércio e de muito sangue derramado. Entretanto, conforme observamos na matéria, o Templo Padmanabhaswamy não é o único a possuir câmaras semelhantes, ou seja, diversos outros templos indianos também acumulam inúmeras riquezas. Devido a esse forte intercâmbio comercial, alguém, em algum momento, poderia até mesmo ter adquirido um objeto considerado sagrado para outra cultura ou religião, porém dificilmente, isso será encontrado no Templo Padmanabhaswamy. O motivo é bem simples. Muito provavelmente, todas as câmaras já foram abertas no passado recente, conforme diversos relatórios independentes apontam, e não há nenhuma garantia, que não haja nenhuma outra passagem, que dê acesso as mesmas. Resumindo? Se existe algo que, na visão de muitas pessoas poderia mudar o mundo de alguma forma, muito provavelmente não está mais no templo. A família real não quer que a Câmara "B" seja aberta por outro motivo bem simples: dinheiro, muito dinheiro. Evidentemente, o governo, como um todo, quer uma generosa fatia de tudo o que encontrar, e essa câmara virou uma espécie de "bastião". Se ela for aberta, dificilmente a família real conseguirá evitar que todo aquele ouro, e as pedras preciosas saiam de suas mãos. Se tem uma coisa que todos odeiam perder, acima de tudo, é dinheiro. Se a maioria pessoas entra em pânico ao perderem 50 reais na rua, imagine se perdessem trilhões de reais, e justamente para o governo, da noite para o dia?

    No entanto, o que realmente dói é ver todo esse dinheiro, e saber que, muito dificilmente o mesmo seria usado em benefício da população. A colônia Chenkal Choola, por exemplo, aquela citada no artigo do Jake Halpern, fica a apenas dois quilômetros, cerca de 13 minutos, do templo Padmanabhaswamy. Essa é a distância do zero absoluto e de trilhões de dólares. Essa é a distância entre pessoas passando fome, vivendo em meio ao esgoto, e de crianças brincando em meio a urina e as fezes, e de um templo, cuja riqueza de trilhões de dólares tentam alegar, que pertence a uma deidade hindu, devido a uma doação escrita em uma folha de palmeira de 1750. Enquanto isso, a "família real" ocupa palácios luxuosos, ostenta carros de luxo perfeitamente preservados, e comem do bom e do melhor. Porém, segundo eles, essa é a vontade divina, seus deuses querem que eles fiquem bem alimentados, mas isso não se aplica aos demais. Os demais precisam contribuir com cada centavo que possuem, e dar aos deuses para que possam receber, quem sabe, um pouco de sorte para conseguir levar um pão para casa, e reparti-lo com sua esposa e filhos. Nessas horas, muitos vão bradar a plenos pulmões: "Mas é a cultura deles", "Devemos respeitar a cultura dos outros", "Se eles são felizes assim, que sejam". Sinceramente, meu limite de tolerância vai até o ponto, que vejo uma criança descalça em um terreno imundo, repleto de cartazes políticos, e sem nenhuma perspectiva de futuro. E isso se aplica a qualquer lugar do mundo.

    Talvez, a pior parte seja saber, que nenhuma única moeda de ouro será realmente revertida para quem precisa. E nenhum poder, seja o Executivo ou o Judiciário, da Índia, demonstra real interesse em resolver esse impasse. Para vocês terem uma ideia, as comissões criadas para fiscalizar o templo Padmanabhaswamy são constantemente renovadas, porque elas não demonstram ser efetivas. Além disso, nem mesmo a polícia não expressa nenhuma vontade em realizar investigações sobre os alegados furtos. Em meados do ano passado, o Judiciário, por exemplo, começou a debater sobre uma possível existência de uma "energia mística" em relação a Câmara "B". Resumindo? Aparentemente, essa situação está longe de um desfecho, simplesmente porque ninguém quer arriscar seus mandatos e seus elevados cargos de prestígio, perante uma população de maioria hindu. Basta ver o que aconteceu ao Ananda Padmanabhan e ao seu tio, Sundararajan, que por sua vez era um respeitado membro da comunidade local. Aliás, Sundararajan muito provavelmente morreu, devido a tanto desgosto em ver uma população incapaz de perceber os seus esforços, em pelo menos evitar que os tesouros fossem, aos poucos, sendo utilizados em benefício tão somente de uma "família real". Sundararajan, assim como a maioria dos hindus, provavelmente manteria os tesouros no templo, dedicando-o a deidade, mas ele acabou sendo vítima daqueles que o cercavam. E, enquanto isso, Vishnu dorme profundamente em águas primordiais, enquanto crianças e idosos o veneram imersos nas fezes dos homens.

    Até a próxima, AssombradOs.

    Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

    Fontes:
    http://economictimes.indiatimes.com/slideshows/nation-world/the-treasure-trove-of-padmanabhaswamy-temple-will-make-you-feel-so-poor/what-can-you-possibly-do-with-that-kind-of-money/slideshow/56200719.cms
    http://indianexpress.com/article/india/india-others/padmanabhaswamy-temple-sc-says-disturbing-features-to-be-taken-care/
    http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2011/07/110701_india_maraja_tesouro_mm_cc.shtml
    http://www.firstpost.com/india/padmanabha-temple-sc-asks-subramaniam-continue-amicus-curaie-1653069.html
    http://www.foxnews.com/science/2012/10/02/results-billion-dollar-treasure-hunt-in-hindu-temple-to-be-revealed.html
    http://www.newyorker.com/magazine/2012/04/30/the-secret-of-the-temple
    http://www.speakingtree.in/allslides/the-mysterious-last-door-at-padmanabhaswamy-temple/attempt-to-open-it
    http://www.theeventchronicle.com/study/mysterious-sealed-door-ancient-padmanabhaswamy-temple/#
    http://www.thehindu.com/news/national/kerala/padmanabhaswamy-temple-vault-was-opened-seven-times-vinod-rai/article6309994.ece
    http://www.thehindu.com/news/national/panel-to-seek-national-geographic-societys-help-for-inventory-of-temple-treasure/article4611305.ece
    http://www.thehindu.com/news/resources/report-by-gopal-subramaniam-amicus-curiae-appointed-by-the-supreme-court-in-the-sree-padmanabhaswamy-temple-case/article5939933.ece
    http://www.viajecomigo.com/2016/03/15/templo-sree-padmanabhaswamy-trivandrum-kerala-india/
    https://economictimes.indiatimes.com/news/politics-and-nation/will-seek-opinion-of-all-on-opening-vault-b-of-padmanabhaswamy-temple-gopal-subramanium/articleshow/60296771.cms
    https://en.wikipedia.org/wiki/Padmanabhaswamy_Temple
    https://timesofindia.indiatimes.com/city/thiruvananthapuram/Rs50k-cr-worth-treasure-in-Kerala-temple/articleshow/9069757.cms?referral=PM
    https://www.economist.com/blogs/banyan/2013/02/temples-riches
    https://www.forbes.com/sites/jimdobson/2015/11/13/a-one-trillion-dollar-hidden-treasure-chamber-is-discovered-at-indias-sree-padmanabhaswam-temple/#6fd10c021ba6
    https://www.indiatimes.com/news/india/769-gold-pots-worth-rs-186-crore-are-now-missing-from-kerala-s-padmanabhaswamy-temple-260069.html
    https://www.indiatoday.in/india/south/story/kerala-temple-may-reveal-more-riches-137019-2011-07-07
    https://www.outlookindia.com/magazine/story/the-worth-of-eternal-repose/277576
    https://www.quora.com/What-is-the-real-mystery-behind-Padmanabhaswamy-Temples-seventh-vault
    https://www.thenewsminute.com/article/why-sree-padmanabhaswamy-temple-s-mysterious-vault-b-should-be-opened-expert-explains-65521

    http://forums.cgsociety.org/archive/index.php?t-185716.html
    http://smg.photobucket.com/user/alphagain/media/gatesofhellver1.jpg.html
    https://www.3dtotal.com/tutorial/842-making-of-the-gates-hell-3ds-max-photoshop-by-mario-russo-scene-door-gate-hell-head-monster
    http://photobucket.com/gallery/user/alphagain/media/cGF0aDovZ2F0ZXNvZmhlbGx2ZXIxLmpwZw==/?ref=

    "Três Estranhos Idênticos": Um Cruel Experimento Social Financiado pelo Governo Americano que Separou Gêmeos Idênticos no Nascimento!

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    Por Marco Faustino

    Sinceramente, não costumo escrever muito sobre experimentos envolvendo seres humanos. Porém, em abril do ano passado, por exemplo, me deparei com uma notícia onde mencionava, que psicólogos sociais da Universidade de Ciências Sociais e Humanas da Polônia (SWPS), uma das instituições de ensino superior mais importantes e respeitadas daquele país, reproduziram uma versão moderna de um experimento chamado "Milgram", e teriam se deparado com resultados semelhantes aos estudos realizados há mais de 50 anos. Para aqueles que não estão familiarizados com o "Experimento Milgram" (assim como eu mesmo não estava), ele testou a tolerância das pessoas ao aplicar supostos "choques elétricos" em uma outra pessoa (os choques não eram verdadeiros, mas a pessoa que aplicava os choques não sabia disso), quando incentivado por um "experimentador". Aliás, o mesmo experimento teria sido replicado por diversas vezes ao longo do tempo, em diversos países e culturas diferentes, e teria obtido "praticamente" os mesmos resultados. Além disso, esses experimentos demonstraram que, sob certas condições de pressão perante uma determinada autoridade, as pessoas permanecem dispostas a executar comandos mesmo quando elas têm ciência, que isso pode machucar ou até mesmo matar uma outra pessoa. Assim sendo, achei esse experimento bem interessante, fui atrás de maiores informações sobre como ele foi originalmente realizado, assim como sua repercussão, e a mais recente aplicação do mesmo na Polônia. Sem dúvida alguma, o material se tornou uma matéria essencial para o conhecimento de vocês (leia mais: O Polêmico "Experimento Milgram": Até que Ponto Você Seria Obediente e Teria Coragem de Machucar ou Matar uma Outra Pessoa?).

    Agora, um premiado documentário, que foi exibido durante o Festival de Cinema de Sundance, realizado entre os dias 18 e 28 de janeiro deste ano, em Park City, a maior cidade-resort do estado norte-americano de Utah, me chamou a atenção para um cruel experimento social. Você teria coragem de separar três gêmeos idênticos ao nascer, negando o conforto e o amor de seus pais, os fazendo crescer em regiões diferentes e em classes sociais distintas, no Estado de Nova York, apenas para saber como ambiente poderia influenciar o comportamento deles? Isso já aconteceu e foi retratado no documentário "Three Identical Strangers" ("Três Estranhos Idênticos", em português), sendo que o caso envolveu uma conhecida e poderosa instituição de caridade e um psicólogo, que morreu há cerca de 10 anos, mas que, até o fim de sua vida disse que o experimento era algo importante a ser feito. Esse caso repercutiu em diversos sites de curiosidades no Brasil e diversos outros de entretenimento ao redor do mundo que, para variar, não contaram muitos detalhes dessa história para vocês. Vamos saber mais sobre esse assunto?

    A Polêmica Reacendida Pelo Documentário "Três Estranhos Idênticos": A Recente Cobertura do Jornal "The Washington Post" que Serviu de Base para Inúmeras "Matérias" Sobre o Esse Estranho Experimento Social


    Irei começar a destrinchar esse assunto pelo artigo, que foi publicado por Steven Zeitchik, um repórter que se autointitula como redator de entretenimento empresarial do jornal "The Washington Post". Ler esse artigo é importante, porque ele foi a principal base de inúmeros textos, que foram publicados sobre esse assunto (o que não quer dizer que foi realmente útil). Uma outra base amplamente usada foi uma espécie de trailer bem curto (com cerca de dois minutos), que foi divulgado pela produtora do documentário.

    Inicialmente, o artigo dizia que um documentário exibido recentemente no Festival de Cinema de Sundance, colocou em xeque uma proeminente instituição de caridade da Costa Leste dos Estados Unidos, colocando o grupo na defensiva após alegações sobre experimentos secretos envolvendo seres humanos. O documentário "Three Identical Strangers" ("Três Estranhos Idênticos", em português) menciona, que o Conselho Judaico de Serviços Familiares e Infantis, com sede na cidade de Nova York, não se desculpou, e nem mesmo ofereceu quaisquer indenizações após um estudo que, além de separar três irmãos idênticos, teria realizado pesquisas secretas sobre a vida dos mesmos, nas décadas de 1960 e 1970. Atualmente, apenas dois irmãos estão vivos, e eles aparecem no documentário exigindo a liberação de todos os registros envolvendo o estudo, um pedido de desculpas, até mesmo uma compensação financeira por todos os danos causados em suas vidas.

    Inicialmente, o artigo dizia que um documentário exibido recentemente no Festival de Cinema de Sundance, colocou em xeque uma proeminente instituição de caridade da Costa Leste dos Estados Unidos, colocando o grupo na defensiva após alegações sobre experimentos secretos envolvendo seres humanos
    O documentário "Three Identical Strangers" ("Três Estranhos Idênticos", em português) menciona, que o Conselho Judaico de Serviços Familiares e Infantis, com sede na cidade de Nova York, não se desculpou, e nem mesmo ofereceu quaisquer indenizações após um estudo que, além de separar três irmãos idênticos, teria realizado pesquisas secretas sobre a vida dos mesmos, nas décadas de 1960 e 1970.
    "Isso foi cruel, foi errado", disse David Kellman, um dos trigêmeos, que foi separado durante o nascimento dos seus irmãos Bobby Shafran e Eddie Galland, ao jornal "The Washington Post", durante o Festival de Sundance.

    "Acredito que a primeira coisa, que o Conselho Judaico deveria ter feito ao tomar conhecimento do documentário, era reunir todos os gêmeos que estivessem vivos, e informar sobre todos aqueles que já tivessem morrido, simplesmente para que eles soubessem quem eles são. O Conselho Judaico, no entanto, nunca admitiu o que eles fizeram. Nunca disseram 'nos desculpem', e muito menos ofereceu qualquer tipo de indenização", disse Bobby Shafran, que estava sentado ao lado do seu irmão gêmeo.

    Os irmãos Robert "Bobby" Shafran (à esquerda) e David Kellman (à direita)
    Apesar do festival ter exibido uma série de filmes e documentários impressionantes, o que teve o maior impacto nos principais sites de notícias ao redor do mundo foi justamente o documentário chamado "Três Estranhos Idênticos", do diretor britânico Timothy Wardle, que no dia 27 de janeiro (um sábado, e véspera do encerramento do festival) ganhou o Prêmio Especial do Júri por Narrativa. O documentário conta a história dos trigêmeos, nascidos em Nova York, em 1961, que foram colocados sob os cuidados de três famílias locais diferentes, pela extinta agência de adoção "Louise Wise", como parte de um estudo do Centro de Desenvolvimento da Criança que, posteriormente, iria ser incorporado ao Conselho Judaico.

    Os rapazes nunca se conheceram, ou seja, não sabiam da existência uns dos outros, até completarem 19 anos, quando uma coincidência, que ocorreu na Faculdade do Condado Rural de Sullivan reuniu dois deles, Eddie Galland e Bobby Shafran. Pouco tempo depois, David Kellman se juntou aos mesmos, quando ele e sua mãe adotiva viram a repercussão do assunto na mídia, e perceberam que ambos eram seus irmãos gêmeos.

    Apesar do festival ter exibido uma série de filmes e documentários impressionantes, o que teve o maior impacto nos principais sites de notícias ao redor do mundo foi justamente o documentário chamado "Três Estranhos Idênticos", do diretor britânico Timothy Wardle (ao centro), que no dia 27 de janeiro (um sábado, e véspera do encerramento do festival) ganhou o Prêmio Especial do Júri por Narrativa.
    "Foi o primeiro de muitos dias na Zona de Crespúsculo. Sei que muitas pessoas se sentem diferentes e estranhas. Porém, para mim, foi como se eu tivesse perdido alguma coisa durante toda a minha vida. E, quando finalmente cheguei na faculdade naquele dia, foi como se tivesse recebido o manual de instruções", disse David Kellman.

    Os três acabaram aparecendo em diversos programas televisivos nos Estados Unidos, entre eles o "The Phil Donahue Show", e até mesmo no filme "Desperately Seeking Susan" ("Procura-se Susan Desesperadamente", título em português), de 1985, onde a cantora Madonna contracenava com a atriz Rosanna Arquett. Os trigêmeos até mesmo chegaram a abrir um restaurante com um nome bem sugestivo: "Trigêmeos".

    Entretanto, aquilo que poderia ter sido uma história de abandono familiar, um eventual erro na maternidade, qualquer outro desfecho de caráter culposo ou até mesmo algo deliberado da agência de adoção, para que mais famílias pudessem realizar o sonho de ter um filho (sendo que essa última opção foi exatamente o que foi alegado pelos representantes da agência Louise Wise, aos pais dos meninos, quando os mesmos finalmente se encontraram), se mostrou ser algo horripilante.

    Os três acabaram aparecendo em diversos programas televisivos nos Estados Unidos,
    entre eles o "The Phil Donahue Show"...
    ...e até mesmo no filme "Desperately Seeking Susan" ("Procura-se Susan Desesperadamente", título em português), de 1985, onde a cantora Madonna contracenava com a atriz Rosanna Arquett. Os trigêmeos até mesmo chegaram a abrir um restaurante com um nome bem sugestivo: "Trigêmeos".
    Os meninos faziam parte de um estudo secreto conduzido pelo psicanalista austríaco Peter Neubauer, que dirigia o Centro de Desenvolvimento da Criança de Manhattan, em Nova York. Como parte da pesquisa de Neubauer, os trigêmeos, juntamente com cerca de uma dúzia de conjuntos de irmãos idênticos (gêmeos, trigêmeos etc.), foram separados e colocados em famílias de diferentes origens socioeconômicas. Então, eles foram criados separadamente para que a equipe de Neubauer pudesse estudar os efeitos da "Natureza vs Criação". Ninguém disse aos pais adotivos, que seus filhos tinham irmãos idênticos.

    Nos anos seguintes, pesquisadores foram enviados regularmente para as casas de crianças adotadas para a realização de testes, que eram reportados diretamente ao psicanalista. Eles nunca revelaram aos pais, o verdadeiro propósito de suas visitas ou que o irmão idêntico de seus filhos vivia a poucos quilômetros de distância. Quando adultos, ao descobrirem o que havia acontecido com eles, os irmãos entraram em estado de choque. Bobby Shafran comparou o ocorrido com os experimentos sociais nazistas. Segundo os irmãos, a separação, a longo prazo, foi potencialmente profunda. Eddie Galland tirou a própria vida na década de 1990, uma possível vítima de uma doença mental hereditária, que os outros dois irmãos alegam, que foi escondida deles. Embora muitas pessoas que trabalhavam naquela época, na agência Louise Wise, já tenham morrido, Shafran e Kellman alegam, que não houve esforços suficientes da administração atual do Conselho Judaico para assumir a responsabilidade pelo envolvimento histórico da organização com o estudo.

    Os meninos faziam parte de um estudo secreto conduzido pelo psicanalista austríaco Peter Neubauer (na foto), que dirigia o Centro de Desenvolvimento da Criança de Manhattan, em Nova York.
    Embora muitas pessoas que trabalhavam naquela época, na agência Louise Wise, já tenham morrido, Shafran e Kellman alegam, que não houve esforços suficientes da administração atual do Conselho Judaico para assumir a responsabilidade pelo envolvimento histórico da organização com o estudo. Na foto acima podemos ver Justine Wise Polier, filha da fundadora da agência (ao fundo), presidindo uma reunião no interior da própria agência Louise Wise.
    O Conselho Judaico de Serviços Familiares e Infantis, com sede na cidade de Nova York, nos Estados Unidos.
    "Não é algo que aconteceu há muito tempo atrás, isso aconteceu em tempos modernos", disse David Kellman.

    "E essa não é uma questão, como se não tivéssemos bons pais. Tivemos ótimos pais. Porém, eles não podem brincar de Deus, e foi isso que fizeram. E, por isso, eles precisam fazer alguma coisa", disse Bobby Shafran, ressaltando sua esperança de um pedido de desculpas, e uma compensação financeira.

    O Conselho Judaico de Serviços Familiares e Infantis, comumente conhecido como Conselho Judaico, emprega mais de 3.000 pessoas, e presta serviços em áreas como saúde mental, desenvolvimento da primeira infantil (período que compreende o nascimento e os primeiros seis anos de vida da criança), e violência doméstica. A organização sem fins lucrativos (ou seja, uma ONG) tem quase 150 anos e, até 2014, tinha um orçamento superior a US$ 200 milhões (cerca de R$ 620 milhões pela cotação atual). A agência Louise Wise cessou suas atividades em 2004, e seus registros foram transferidos para um centro de adoção em Nova York conhecido como Spence-Chapin. Porém, o estudo de Neubauer, que vem mantido por muito tempo na Universidade de Yale, não foi divulgado, mesmo diante de inúmeros pedidos dos gêmeos ao longo dos anos.

    A agência Louise Wise cessou suas atividades em 2004, e seus registros foram transferidos para um centro de adoção em Nova York conhecido como Spence-Chapin. Porém, o estudo de Neubauer, que vem mantido por muito tempo na Universidade de Yale, não foi divulgado, mesmo diante de inúmeros pedidos dos gêmeos ao longo dos anos.
    Após a realização do documentário, o diretor Timothy Wardle disse, que algumas das milhares de páginas do estudo foram tornadas públicas, mas elas estariam em "estado bruto", e teriam sido intensamente editadas. Embora Kellman e Shafran digam, que a liberação do estudo completo não irá desfazer a dor de crescer separadamente - um em uma casa de "classe trabalhadora", e outro em uma casa de "classe média alta", respectivamente - pelo menos o mesmo revelaria o propósito de tudo isso. Vale ressaltar nesse ponto, que o psicanalista austríaco Peter Neubauer morreu em 2008.

    "Isso nos ajudaria a saber as informações que saíram disso. Ajudaria se soubéssemos, se o estudo produziu algo de bom", disse David Kellman.

    Embora Kellman e Shafran digam, que a liberação do estudo completo não irá desfazer a dor de crescer separadamente - um em uma casa de "classe trabalhadora", e outro em uma casa de "classe média alta", respectivamente - pelo menos o mesmo revelaria o propósito de tudo isso. Vale ressaltar nesse ponto, que o psicanalista austríaco Peter Neubauer morreu em 2008.
    O Conselho Judaico não participou do documentário. O motivo? Bem, de acordo com uma pessoa familiarizada com os planos do grupo, e que não estava autorizada a falar publicamente em nome dos mesmos, o Conselho Judaico termia, que as citações feitas durante a entrevista fossem tiradas fora de contexto. Ao serem questionados pelo jornal "The Washington Post", uma porta-voz do Conselho Judaico enviou um comunicado de imprensa:

    "O Conselho Judaico não endossa o estudo realizado pelo Dr. Peter Neubauer, e aprecia que o filme tenha criado uma oportunidade para um debate público sobre isso. Por muitos anos, o Conselho Judaico tem estado e continuará empenhado em fornecer aos indivíduos identificados como parte do estudo o acesso aos seus registros de forma oportuna e transparente. Até a presente data, fornecemos registros a todos os indivíduos, que foram objetos do estudo, e que nos procuraram. Devido às leis de confidencialidade, assim como o reconhecimento do enorme impacto humano deste estudo, o acesso aos registros foi extremamente restrito para esses indivíduos. Esperamos que o documentário incentive outros a se apresentarem, e solicitarem o acesso aos seus registros. O Conselho Judaico não teve nenhum papel na separação dos gêmeos adotados através da Louise Wise", disse o comunicado.

    Outras pessoas afetadas pelo estudo também foram citadas no documentário. Paula Bernstein e Elyse Schein, por exemplo, gêmeas idênticas criadas separadamente, também foram participantes involuntárias do estudo de Neubauer, e descobriram a existência uma da outra somente quando adultas. As duas acabaram escrevendo um livro juntas. O aclamado jornalista Lawrence Wright incluiu um material sobre os incidentes em seu livro chamado "Twins", de 1997.

    Outras pessoas afetadas pelo estudo também foram citadas no documentário. Paula Bernstein e Elyse Schein (na foto), por exemplo, gêmeas idênticas criadas separadamente, também foram participantes involuntárias do estudo de Neubauer, e descobriram a existência uma da outra somente quando adultas
    Não foi fácil realizar o documentário. Timothy Wardle disse que diversas emissoras de TV, acostumadas a realizar documentários, tentaram fazer algo do gênero no passado. Porém, de acordo com Timothy Wardle, nada avançou devido a pressão legal. O documentário "Três Estranhos Idênticos", que foi parcialmente financiado pela CNN, será exibido pela emissora norte-americana ainda este ano. Infelizmente, não existe nenhuma cópia disponível publicamente, nem mesmo através de canais de terceiros no YouTube (todos apontam para endereços virtuais maliciosos). De qualquer forma, os cineastas e os indivíduos envolvidos no estudo esperam, que a repercussão devido ao documentário faça com que o Conselho Judaico tente curar a imensa cicatriz deixada pelo mesmo.

    "Eles não podem nos devolver a nossa infância, mas eles podem encontrar maneiras de nos mostrar, que eles estão arrependidos", disse Kellman.

    Enfim, esse foi basicamente o texto publicado pelo "The Washington Post", salvo alguns detalhes que acrescentei para que vocês não ficassem meio perdidos durante a leitura. Porém, a pessoa que lê esse texto sai com a nítida impressão que o Dr. Peter Neubauer era um completo monstro, não é mesmo? Através do texto acima podemos notar, que estaríamos diante de um cruel experimento social de um psicanalista sem escrúpulos, sendo que os gêmeos Bobby Shafran e David Kellman compararam o mesmo aos experimentos nazistas, muito provavelmente em referência aos experimentos realizados por Josef Mengele, um oficial alemão da Schutzstaffel (SS) e médico no campo de concentração de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial. Contudo, se tem uma coisa, que aprendi em todos esses anos escrevendo é que, quanto mais se cava, mais se encontra informação, e nem sempre é aquela que esperamos encontrar.

    Através do texto acima podemos notar, que estaríamos diante de um cruel experimento social de um psicanalista sem escrúpulos, sendo que os gêmeos Bobby Shafran e David Kellman compararam o mesmo aos experimentos nazistas, muito provavelmente em referência aos experimentos realizados por Josef Mengele (na foto), um oficial alemão da Schutzstaffel (SS) e médico no campo de concentração de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial
    Assim sendo, uma vez que o texto publicado pelo "The Washington Post" citou, que o documentário havia sido parcialmente financiado pela emissora norte-americana CNN, e sabendo que muitos consideram, que essa emissora teria um "viés político esquerdista", ou seja, que seria uma suposta "inimiga direta do povo judeu" resolvi me aprofundar nesse caso. Apesar do jornal "The Washington Post" não comentar, o documentário também foi parcialmente financiado pelo "Canal 4", a quarta maior emissora de TV no Reino Unido, de propriedade estatal (muito embora não receba recursos públicos), e que muitos dizem que teria um "viés político conservador". Aliás, pela necessidade de apresentar um conteúdo diversificado, essa emissora é muito famosa por financiar documentários de interesse público (a produtora responsável pelo documentário é a RAW TV).

    Enfim, a seguir vamos conhecer o que foi publicado recentemente pela imprensa britânica sobre esse assunto, uma vez que o "Canal 4" também exibirá esse documentário em algum momento neste ano, e fazer uma pequena viagem no tempo para saber o que foi divulgado no passado.

    A Divulgação Por Parte da Mídia Britânica e uma Viagem no Tempo: Se Aprofundando na Estranha História dos "Três Estranhos Idênticos"


    O britânico "The Independent", por exemplo, fez uma espécie de resumão sobre o caso, que até vale a pena comentar, caso alguém não tenha entendido a situação até o presente momento. A jornalista Sabrina Barr, que provavelmente teve acesso ao documentário inteiro, escreveu que Bobby Shafran, em seu primeiro dia de aula na Faculdade Comunitária do Condado de Sullivan, em 1980, ficou surpreso com a recepção esmagadoramente positiva, que recebeu de seus colegas. Ele foi recebido com abraços e beijos de diversos estudantes universitários, apesar de nunca ter conhecido nenhum deles anteriormente.

    Um estudante, um jovem chamado Michael Domnitz, frequentou a faculdade no ano anterior com seu amigo Eddie Galland. Michael Domnitz sabia que o amigo não voltaria naquele ano, ao menos não para aquela faculdade. No entanto, todos na faculdade estavam saudando o novo aluno como se fosse o Eddie Galland, ou seja, como se ele tivesse voltado. Então, Domnitz foi até o quarto do novo aluno para investigar o que estava acontecendo, e ficou espantado com o que ele descobriu.

    "Assim que esse cara se virou, eu fiquei tremendo. A cor do meu rosto simplesmente foi embora, porque eu sabia que ele era a cópia idêntica do Galland", disse Michael Domnitz, no documentário. Aliás, confira abaixo o trailer, que foi divulgado, em um canal do Sundance Institute, no YouTube (em inglês):



    Ele imediatamente perguntou ao Bobby Shafran, se ele tinha sido adotado, e se ele tinha nascido em 12 de julho de 1961. Quando Shafran respondeu que sim, para ambas as perguntas, Domnitz disse suspeitar, que Bobby tinha um irmão gêmeo. A história de Bobby Shafran e Eddie Galland recebeu muita atenção por parte da imprensa, quando eles se conheceram, e isso acabou fazendo com que encontrassem o terceiro irmão: David Kellman. Conforme já sabemos, foi através das notícias divulgadas na mídia, que David acabou percebendo que, muito provavelmente, seria o irmão de Bobby e Eddie.

    Posteriormente, foi descoberto, que os trigêmeos foram colocados em casas de diferentes classes socioeconômicas, e foram avaliados por pesquisadores ao longo de suas infâncias, sem que nenhuma das famílias estivessem cientes de que seus filhos adotivos tinham irmãos idênticos. Eddie Galland, no entanto, tirou a própria vida, aos 33 anos (O "The Independent" não citou a razão pela qual Eddie tomou essa atitude). Com o tempo, eles também descobriram que não eram os únicos, e outras famílias teriam sido afetadas pelo estudo do psicanalista austríaco, o Dr. Peter Neubauer. Basicamente isso.

    Posteriormente, foi descoberto, que os trigêmeos foram colocados em casas de diferentes classes socioeconômicas, e foram avaliados por pesquisadores ao longo de suas infâncias, sem que nenhuma das famílias estivessem cientes de que seus filhos adotivos tinham irmãos idênticos. Eddie Galland, no entanto, tirou a própria vida, aos 33 anos.
    Os tabloides britânicos "Daily Mail", "The Sun", e "Daily Mirror" publicaram "praticamente" o mesmo texto e, dessa vez, fizeram uma razoável lição de casa. Apesar do material apresentar algumas informações incorretas, o mesmo foi baseado em três interessantes textos, veiculados nas décadas de 1980 (um texto divulgado pela agência de notícias United Press International, em 26 de setembro de 1980, e outro na Revista People, em 13 de outubro de 1980) e 1990 (um artigo publicado no jornal "Los Angeles Times" em 27 de outubro de 1997), nos Estados Unidos, e que qualquer pessoa veria ao fazer uma rápida pesquisa no Google. Então, resolvi trazer todas essas informações, o mais correto possível, é claro, de uma vez só para vocês.

    Quando Bobby Shafran e Eddie Galland se conheceram, eles descobriram que riam e falavam de forma bem parecida. Suas marcas de nascença eram idênticas, o Q.I. de ambos era o mesmo, 148 (sendo que pessoas com um índice superior a 140 são consideradas como "gênios"), e eles até alegaram que perderam a virgindade na mesma idade, aos 12 anos. Os registros hospitalares confirmaram o que todos podiam ver. Os adolescentes eram gêmeos idênticos. Aliás, Bobby só não encontrou com Eddie, na Faculdade Comunitária do Condado de Sullivan, em 1980, porque o Eddie havia pedido transferência para a Faculdade Comunitária de Nassau, em Long Island. Já imaginaram se ambos se esbarrassem e se olhassem, um no rosto do outro, em plena universidade?

    Aliás, Bobby só não encontrou com Eddie, na Faculdade Comunitária do Condado de Sullivan (atualmente, na foto), em 1980, porque o Eddie havia pedido transferência para a Faculdade Comunitária de Nassau, em Long Island. Já imaginaram se ambos se esbarrassem e se olhassem, um no rosto do outro, em plena universidade?
    Na época, David Kellman era calouro na Faculdade do Queens. Ele viu o rosto dos irmãos gêmeos no jornal, e ligou para a casa da família de Eddie Galland. Os dois irmãos gêmeos acabaram se transformando em trigêmeos. Bobby, David e Eddie, que nasceram exatamente nessa mesma ordem, com cerca de 27 minutos de diferença um do outro. Eles foram separados assim que nasceram. Porém, o que poucos sabem, é que eles seriam quadrigêmeos, caso o último irmão tivesse sobrevivido durante o parto (ao menos essa foi a informação divulgada pela agência de adoção Loiuse Wise), ou seja, o quarto bebê acabou morrendo. Aliás, todos nasceram no mesmo dia, e no mesmo hospital, o Hospital Judaico de Long Island (Long Island Jewish Medical Center).

    Quando o trio finalmente se encontrou, eles descobriram que fumavam a mesma marca de cigarro (muitos cigarros da marca Marlboro), adoravam comida italiana (sendo que a UPI citou que eles gostavam de comida chinesa, embora tivessem nascido em casas judaicas), e tinham atração por mulheres mais velhas. Também foi divulgado, que ambos seriam praticantes de wrestling na faculdade, e tinham as mesmas técnicas de luta. Eles gostavam dos mesmos filmes, e das mesmas citações dos filmes. Na época, Richard, o pai adotivo de David, chegou a declarar que era necessário alguns minutos para perceber quem era quem no telefone. Claire, a mãe adotiva, ainda brincou ao dizer, que havia uma vantagem em criar os rapazes separadamente, visto que um já seria bem difícil para se lidar.

    Aliás, todos nasceram no mesmo dia, e no mesmo hospital,
    o Hospital Judaico de Long Island (Long Island Jewish Medical Center).
    Depois de se tornarem trigêmeos da noite para o dia, eles também se tornaram celebridades. As aparições públicas foram orquestradas pelo advogado Jack Solomon. Atuando como agente dos rapazes, Solomon tentou manter as entrevistas bem limitadas, restritas e otimistas, elevando a moral dos trigêmeos, por assim dizer. Porém, rapidamente a imprensa informou um detalhe sombrio do passado de Bobby Shafran: seu envolvimento no assassinato brutal de uma senhora de 83 anos de idade.

    Bobby Shafran Seria um Assassino? O Estranho Julgamento de um Crime Brutal


    Na época, o texto publicado pela agência de notícias UPI (United Press International) informava, que Bobby estava em liberdade condicional, e que havia se declarado culpado das acusações de ter envolvimento no assassinato de Elodie Henschel, uma senhora de83 anos, sendo que o crime ocorreu em janeiro de 1978, ou seja, pouco mais de dois anos antes dos trigêmeos se conhecerem. Aliás, o crime aconteceu no apartamento dela, na Estrada Robins, na cidade New Rochelle, no Estado de Nova York. Bobby testemunhou no julgamento do seu cúmplice, Morgan Goodman, dizendo que Goodman tinha matado a senhora para poder pegar dois anéis de diamante, que posteriormente ambos chegaram a penhorar. Morgan Goodman acabou sendo absolvido devido a "questões legais resultantes das instruções do juiz", John Walsh, ao júri. Esse mesmo juiz sentenciou Bobby Shafran a cumprir uma pena de cinco anos, em liberdade condicional, desde que ele passasse os fins de semana trabalhando em uma escola para crianças com deficiência mental e motora. A família da senhora Elodie Henschel teria concordado com a sentença.

    Segundo a Revista People, Bobby havia sido condenado por homicídio culposo, em um caso onde uma senhora foi espancada até a morte, em seu próprio apartamento, com o uso de uma chave de roda, cujo objetivo já sabemos: roubar dois anéis de diamante que ela estava usando. Ainda segundo a People, o juiz do caso, John Walsh, disse que Bobby teve uma "participação mínima" no crime, mas, aparentemente, ninguém ficou preso atrás das grades pelo crime, incluindo o suposto assassino. Sabe aquelas situações, que não fazem o menor sentido, nem mesmo perante o Judiciário dos Estados Unidos? Confesso a vocês que fiquei curioso pelo fato de Bobby ter sido condenado, mas Morgan não, e resolvi pesquisar rapidamente sobre o caso.

    Na época, o texto publicado pela agência de notícias UPI (United Press International) informava, que Bobby estava em liberdade condicional, e que havia se declarado culpado das acusações de ter envolvimento no assassinato de Elodie Henschel, uma senhora de83 anos, sendo que o crime ocorreu em janeiro de 1978, ou seja, pouco mais de dois anos antes dos trigêmeos se conhecerem
    Assim sendo, encontrei um artigo do jornal "The Herald Statesman", de 26 de setembro de 1979. No texto era informado, que Bobby Shafran havia sido formalmente acusado de entrar ilegalmente no apartamento de Elodie com intuito de subtrair seus bens, pelo roubo dos anéis, e por assassinato. Aliás, no total, Bobby seria julgado por oito acusações. Bobby e Morgan, ambos com 18 anos, tinham sido acusados de roubar e espancar Elodie até a morte, após invadir sua residência em 23 de janeiro de 1978. O juiz John Walsh desconsiderou as acusações contra Morgan, ao alegar que a evidência apresentada no ano anterior (1978), ao grande júri, era inteiramente circunstancial, e não "excluía uma certeza moral da possibilidade do adolescente ser inocente".

    O juiz John Walsh, no entanto, abriu a possibilidade do promotor distrital tentar indiciar Morgan ao apresentar novas evidências ao grande júri, algo que aparentemente não aconteceu. Morgan Goodman acabou sendo solto mediante o pagamento de US$ 50.000 de fiança (equivalente a US$ 200.000 atualmente), enquanto Bobby continuou na Prisão do Condado de Westchester, aguardando o julgamento.
    Assim sendo, encontrei um artigo do jornal "The Herald Statesman", de 26 de setembro de 1979. No texto era informado, que Bobby Shafran havia sido formalmente acusado de entrar ilegalmente no apartamento de Elodie com intuito de subtrair seus bens, pelo roubo dos anéis, e por assassinato. Aliás, no total, Bobby seria julgado por oito acusações
    Ao acessar um dos documentos relacionados ao caso, a história ficou ainda mais estranha. Aparentemente, a defesa de Morgan Goodman tentou apelar sucessivas vezes em relação a única condenação que ele teve nessa a história: a de furto dos valiosos anéis de Elodie, sem intenção de uso transitório, dado o intuito definitivo, em segundo grau (grand larceny in the second degree). Não encontrei nenhuma informação se Morgan chegou a ser preso algum dia, mas aparentemente não. Ainda em relação ao documentado acessado, aparentemente Morgan conhecia bem a região, e o prédio onde Elodie morava, porque sua namorada morava no mesmo prédio. Aliás, Morgan foi visitar a namorada, no dia seguinte (24), quando a polícia chegou para investigar o crime. Enquanto a polícia estava preservando a cena do crime, ele disse de forma voluntária, que tinha visto três suspeitos do sexo masculino nos fundos do prédio, no dia anterior.

    Segundo o documento, Morgan e Bobby tinham discutido sobre o roubo dos dois anéis de diamante de Elodie, cerca de três dias antes, no dia 20 de janeiro de 1978. Morgan teria dito ao Bobby, que mataria a senhora caso assim fosse necessário. Então, no dia 23 de janeiro, Bobby teria chamado um jovem chamado Robert Carpenter (um estudante que tinha acesso ao carro dos pais), e com Robert Benedict (mais um estudante, que estaria simplesmente a passeio), para que todos fossem de carro até o prédio onde Elodie, assim como a namorada de Morgan, moravam. Carpenter teria estacionado o carro a um quarteirão de distância, sendo que Morgan saiu do carro e avisou que voltaria em questão de 20 minutos. Ao retornar, Morgan parecia nervoso, estava pálido, e havia algo semelhante a sangue em suas roupas e mãos, sendo que Benedict notou que ele estava carregando algo parecido com um "cano" debaixo do casaco. Teria sido nesse momento, que ele mostrou os dois anéis de diamante que aparentavam estar cobertos de sangue.

    Foto do centro da cidade de New Rochelle, no estado norte-americano de Nova York
    Imagem recente da rua, onde a senhora Elodie Henschel foi brutalmente assassinada em 1978.
    Os quatro foram para a casa de Morgan, sendo que o mesmo disse ao Bobby que havia matado a senhora. Então, Morgan teria começado a lavar suas mãos, roupas e uma chave de roda, instrumento com o qual teria golpeado a senhora. Posteriormente, Morgan queimou suas roupas. Tanto Morgan quanto Bobby concordaram em manter o mesmo álibi. No dia seguinte, apesar de inicialmente recusar, Carpenter teria levado ambos até a Estação Ferroviária de White Plains, por cerca de US$ 50, sendo que Carpenter viu os anéis durante esse translado. Morgan e Bobby foram até Nova York, onde penhoraram os anéis por cerca de US$ 2.000, e retornaram para o Condado de Westchester.

    A maior parte da evidência que ligava Morgan ao crime veio de Bobby Shafran, que anteriormente havia se declarado culpado de homicídio culposo em primeiro grau, sendo que Carpenter e Benedict receberam imunidade, e apenas testemunharam o que fizeram e viram durante esses eventos dos dias 23 e 24 de janeiro. Sinceramente, esse é um dos casos mais estranhos com que já me deparei até hoje. Bobby aceitou ser condenado por homicídio culposo, e Morgan acabou sendo absolvido dos crimes considerados mais graves. Enfim, somente uma análise mais aprofundada do processo, que seria inviável analisar nesta matéria, poderia realmente elucidar uma série de questões sobre o mesmo. Contudo, é possível ter uma boa noção, que uma série de questões legais acabaram fazendo com que a morte brutal da senhora Elodie Henschel terminasse praticamente em impunidade. Como curiosidade, um outro detalhe que poucos mencionam é que Elodie Henschel era judia, assim como Bobby Shafran, sua família adotiva, muito possivelmente seus pais biológicos etc.

    Voltando ao assunto principal desta matéria, após esse "pequeno desvio", Bobby Shafran alegou que entrou para a Faculdade Comunitária do Condado de Sullivan, porque queria começar uma vida nova. Aliás, os trigêmeos não sabiam quem eram seus pais biológicos, e disseram que não estavam interessados em saber quem eles eram. Foi mencionado, que todos gostavam uns dos outros, e também gostavam das famílias adotivas uns dos outros. Eles disseram, que não havia ressentimento por parte de seus pais adotivos, e que todos se davam bem. Posteriormente, eles se transferiram para a mesma faculdade, onde estudaram Marketing Internacional, e dividiram um apartamento em Nova York. Após trabalharem como garçons em um restaurante, eles abriram um negócio próprio na cidade, um restaurante chamado "Triplets Roumanian Steak House", com a ajuda da família adotiva de David.

    Posteriormente, eles se transferiram para a mesma faculdade, onde estudaram Marketing Internacional, e dividiram um apartamento em Nova York. Após trabalharem como garçons em um restaurante, eles abriram um negócio próprio na cidade, um restaurante chamado "Triplets Roumanian Steak House", com a ajuda da família adotiva de David.
    Foto dos trigêmeos juntamente com seus funcionários do antigo restaurante "Triplets Roumanian Steak House"
    O restaurante dos trigêmeos teve um primeiro ano extremamente bem-sucedido, e as personalidades individuais e tempestuosas dos trigêmeos acabaram sendo abafadas em nome de um único propósito, que envolvia atrair clientes através da música e do entretenimento, afinal de contas, eles eram vistos como celebridades, justamente em uma cidade como Nova York. No entanto, os irmãos logo descobriram, que não eram totalmente iguais. David era o mais equilibrado, enquanto Eddie parecia ser mais o distante do trio. Pouco tempo depois, os irmãos começaram a discutir sobre as responsabilidades de cada um no restaurante, o que naturalmente gerou muitas desavenças. Bobby deixou o negócio para se tornar um advogado. Já Eddie, que estava exibindo sinais de depressão e comportamento instável, tirou a própria vida aos 33 anos, deixando para trás uma esposa e uma filha. David acabou fechando o restaurante, e se tornou um corretor de seguros.

    Se o trágico fim de Eddie teve alguma relação com a desestabilização emocional diante da separação dos três irmãos, ninguém realmente sabe dizer. Aliás, ninguém também considerou a possibilidade que a fama repentina, e um eventual esquecimento posterior por parte da mídia também pudesse ter desestabilizado Eddie de alguma forma. Para vocês terem uma ideia, em uma época foi alegado, que os três meninos tinham um histórico de problemas comportamentais. Aparentemente, eles batiam suas cabeças nos berços, o que poderia denotar um sintoma de um problema de desenvolvimento. Por outro lado, os irmãos que ainda estão vivos, dizem que a informação sobre um histórico familiar de doença mental teria sido escondida dos pais adotivos.

    Os Testes Realizados nos Trigêmeos e uma Estranha Coincidência Envolvendo as Famílias Adotivas


    Durante um bom tempo, a agência de adoção "Louise Wise" recusou-se a explicar a razão pela qual os bebês foram separados ou o porquê detalhes cruciais sobre as crianças não tinham sido mencionados para os pais adotivos. Contudo, os pesquisadores, que investigaram os antecedentes dos trigêmeos descobriram que a agência de adoção - que se especializava em encontrar lares para bebês de mulheres, em sua maioria solteiras e judias - introduziu, depois de se "seguir os conselhos" de uma psiquiatra (a Dra. Viola Bernard, mas falaremos sobre ela daqui a pouco), uma política de separação de gêmeos e trigêmeos com base no fato das crianças não terem que competir pela atenção dos pais adotivos. Os pais adotivos de Bobby, David e Eddie foram informados, que os meninos faziam parte de um estudo de desenvolvimento infantil intensivo, que precisava continuar como condição para a adoção. Conscientes da dificuldade de encontrar bebês judeus para adotar, os pais concordaram.

    Inicialmente, a agência disse que os pais tinham sido escolhidos aleatoriamente, mas, quando surgiu a informação, de que cada família tinha uma filha adotiva com cerca de dois anos de idade, no momento da adoção de cada um dos trigêmeos, e fornecida pela mesma agência, isso gerou ainda mais perguntas. A agência insistiu que não havia nenhum plano para atingir as famílias, mas depois que a história dos trigêmeos estourou na mídia, as suspeitas ganharam ainda mais força. Ao voltar para buscar um guarda-chuva esquecido, após uma reunião com a equipe sênior da agência de adoção "Louise Wise", justamente para discutir a então recente descoberta, o pai de Bobby descobriu, que a equipe tinha aberto uma garrafa de uísque especialmente para a ocasião, como se tivessem conseguido abafar com sucesso toda aquela situação.

    Durante um bom tempo, a agência de adoção "Louise Wise", sob o comando de Justine Wise Polier (falecida em 1987), recusou-se a explicar a razão pela qual os bebês foram separados ou o porquê detalhes cruciais sobre as crianças não tinham sido mencionados para os pais adotivos.
    Justine Wise Polier durante sua infância ao lado de sua mãe, Louise Waterman Wise.
    Essa questão sobre cada família ter uma filha adotiva, com cerca de dois anos de idade, no momento da adoção de cada um dos trigêmeos, é um ponto bem interessante a ser comentado. Em uma matéria publicada pelo jornal Los Angeles Times, em 27 de outubro de 1997, foi mencionado que, a poucos dias do nascimento dos trigêmeos, Claire Kellman e seu falecido marido, Richard, moradores do Queens, tinham preenchido um formulário de adoção na agência "Louise Wise", justamente para adotar uma criança. Dois anos antes, eles tinham adotado uma filha, dessa mesma agência. Posteriormente, no entanto, eles queriam um menino. A agência disse que haveria uma longa espera devido a escassez de bebês. Então, eles ficaram surpresos quando, cerca de seis semanas depois, eles receberam uma ligação da agência.

    "Eles disseram que tinham um bebê disponível para nós. Tudo correu muito rápido. Minha cabeça estava a mil por hora", disse, na época, Claira Kellman. Quando a família Kellman levou o pequeno David para casa, a agência de adoção disse, que ele já estava envolvido em um estudo de desenvolvimento infantil.

    Inicialmente, a agência disse que os pais tinham sido escolhidos aleatoriamente, mas, quando surgiu a informação, de que cada família tinha uma filha adotiva com cerca de dois anos de idade, no momento da adoção de cada um dos trigêmeos, e fornecida pela mesma agência, isso gerou ainda mais perguntas.
    "Eles já tinham começado. Eles perguntaram se eu daria prosseguimento, visto que eles não queriam desperdiçar as informações que já tinham", continuou, acrescentando que a primeira pesquisadora que apareceu em sua casa foi Dorothy Krugman, uma psicóloga que, na época (em 1997), prestava consultoria para a "Louise Wise".

    "Ela lhe deu pinos quadrados para colocar em buracos redondos para ver a reação dele. Ela filmou ele falando e brincando. Posteriormente, eles o filmaram andando em seu triciclo e sua bicicleta. Quando ele era bem pequeno, ela apareceu com alguns brinquedos. Ela lhe deu um caminhão, um soldado de brinquedo, uma boneca e um berço", completou. Aparentemente, as famílias também precisavam ir até Manhattan, ocasionalmente, para que cada menino passasse por testes de inteligência, comportamento e personalidade.

    Aparentemente, as famílias também precisavam ir até Manhattan, ocasionalmente, para que cada menino passasse por testes de inteligência, comportamento e personalidade.
    Posteriormente, Krugman foi substituída por Christa Balzert, uma psicóloga que atuou como instrutora na Universidade de Nova York, quando o Dr. Peter Neubauer era professor de Psiquiatria. Christa Balzert visitou a casa dos Kellman durante alguns meses. Os estudos prosseguiram durantes anos, com pesquisadores que apareciam periodicamente para monitorar o progresso de David. Quando o menino completou 12 ou 13 anos, as sessões pararam. Na casa do Dr. Morton Shafran e sua falecida esposa, Elsa, em Scarsdale, pais adotivos de Bobby Shafran, e na casa de Eddie Galland em New Hyde Park, ocorreram sessões semelhantes, e histórias igualmente semelhantes foram contadas às famílias.

    "Quando nos ofereceram o Bobby para adoção, nos disseram que ele nasceu em um estudo de desenvolvimento infantil. Durante diversas vezes no ano eles apareciam, faziam testes e o fotografavam", disse Morton Shafran.

    Os estudos prosseguiram durantes anos, com pesquisadores que apareciam periodicamente para monitorar o progresso de David. Quando o menino completou 12 ou 13 anos, as sessões pararam. Na casa do Dr. Morton Shafran e sua falecida esposa, Elsa, em Scarsdale, pais adotivos de Bobby Shafran, e na casa de Eddie Galland em New Hyde Park, ocorreram sessões semelhantes, e histórias igualmente semelhantes foram contadas às famílias.
    "Quando nos ofereceram o Bobby para adoção, nos disseram que ele nasceu em um estudo de desenvolvimento infantil. Durante diversas vezes no ano eles apareciam, faziam testes e o fotografavam", disse Morton Shafran.
    Curiosamente, pelo menos um dos trigêmeos pareceu sentir que não estava sozinho, muito embora vivessem a algumas dezenas ou centenas de quilômetros de distância uns dos outros.

    "David começou a falar muito cedo. Lembro-me de ele acordar e dizer: Tenho um irmão. Todos nós comentamos sobre seu 'irmão imaginário'", disse Claire Kellman. Posteriormente, veio à tona, que todos os meninos apresentavam sintomas de ansiedade devido a separação durante a infância, mas isso só fazia sentido em retrospectiva.

    Foi nessa mesma matéria onde surgiu a informação, que os pais adotivos dos trigêmeos tinham passado a acreditar, que tinham sido pré-selecionados para receber os meninos, devido a composição de suas famílias. Em cada família havia uma filha adotiva com cerca de 2 anos de idade. Após terem percebido esse padrão, os pais dos trigêmeos realizaram uma reunião para encarar, frente a frente, os funcionários da "Louise Wise", nos escritórios da agência. Segundo Morton Shafran, a agência inicialmente negou qualquer envolvimento dos trigêmeos nos estudos. Eles também negaram qualquer planejamento nesse sentido. Entre aqueles que estavam na reunião, estava justamente a Dra. Viola Bernard, a psiquiatra que teria aconselhado a agência a separar os meninos.

    Em 1997, Nancy Ledy-Gurren, advogada da agência "Louise Wise", disse que o estudo também envolveu gêmeos colocados para adoção em outras agências. Naquela época, muitas pessoas expressaram indignação contra o estudo, e ex-diretores de agências de adoção, que não participaram do estudo, expressaram desconforto em separar crianças gêmeas. De qualquer forma, Nancy Ledy-Gurren disse que as atividades da agência "Louise Wise" precisavam ser vistas diante do contexto da época em que foram realizadas, quando havia menos ênfase em manter os irmãos juntos.

    Em 1997, Nancy Ledy-Gurren, advogada da agência "Louise Wise", disse que o estudo também envolveu gêmeos colocados para adoção em outras agências.A imagem acima mostra o antigo local onde funcionava a agência "Louise Wise"
    "Existem muitos remédios, que não resistem por muito tempo, mas, ainda assim eles têm validade e uma boa dose de fé por trás deles. Acredito que seja isso, que estamos lidando aqui, uma comunidade de pessoas que achava, que o melhor interesse da criança estava na separação, e fazia isso em benefício da criança", disse Nancy Ledy-Gurren, acrescentando que, em todos os casos, as mães biológicas concordaram com a separação das crianças.

    "Como vocês podem fazer isso com crianças pequenas? Como vocês podem fazer isso com bebês, crianças inocentes sendo separadas ao nascer?", questionou Bobby Shafran que, na época, morava no Brooklyn, e estava cursando direito.

    "Nós roubaram 20 anos de convivência", disse David Kellman que, na época, morava na cidade de Maplewood, Nova Jersey, e ainda tinha o restaurante "Triplets Roumanian Steak House", em Nova York. O terceiro gêmeo, Eddie Galland, havia tirado a própria vida cerca de dois anos antes, em 1995, em sua própria casa, na cidade de Maplewood. Nem a viúva e nem seus pais adotivos, Elliott e Annette Galland, de Fort Lauderdale, no estado da Flórida, responderam a um pedido de entrevista do jornal "Los Angeles Times".

    O Perfil da Dra. Viola Bernard


    A Dra. Viola Bernard é uma parte emblemática em toda essa história. Em 1997, aos 90 anos de idade, ela acreditava que filhos de nascimentos múltiplos poderiam desenvolver suas próprias personalidades, se crescessem separadamente, livres de competição pela atenção de seus pais. Na época da matéria do Los Angeles Times, no entanto, ela se recusou a comentar sobre o assunto, dizendo que toda e qualquer pergunta deveria ser direcionada ao Dr. Peter Neubauer. A Dra. Viola Bernard acabou morrendo poucos meses depois, em 21 de março de 1998, aos 91 anos de idade.

    Viola W. Bernard aos 7 anos de idade
    De acordo com uma página do Departamento de História da Universidade do Oregon, Viola Bernard era uma psiquiatra social pioneira, cuja visão da saúde mental presumiu vínculos fundamentais entre a vida das comunidades e a vida dos indivíduos. Ela acreditava que causas, assim como os direitos civis, a paz e a pobreza urbana, eram fatores determinantes no bem-estar infantil e familiar, e Bernard os perseguiu ativamente ao longo de sua vida. Sua convicção de que a adoção era um problema crítico de saúde mental deixou uma marca duradoura no mundo da adoção, ao mesmo tempo que ilustrava sua lealdade teórica à psiquiatria comunitária e seus esforços práticos para aumentar sua influência.

    Uma líder profissional empenhada em explorar as poderosas forças sociais, que infundiram o comportamento e as relações humanas, Bernard acreditava que os eventos dentro dos indivíduos, as interações entre os mesmos, e as relações entre as instituições sociais estavam todas interligadas, sujeitas a inquéritos científicos, e em necessidade urgente de gerenciamento racional. Ela era uma psiquiatra dedicada, que também realizava pesquisas sobre as dimensões psicossociais da fertilidade e infertilidade, e acompanhou os casos de gêmeos adotados, separados no nascimento, para investigar o problema da "Natureza vs Criação". Porém, foi a busca da justiça social liberal, que iluminou desenvolvimentos importantes na história da adoção durante a década de 1930. Não menos importante acabou sendo o aumento dos números e tipos de crianças consideradas adotáveis: crianças afro-americanas, crianças com deficiência, e crianças com necessidades especiais.

    Bernard manteve um longo relacionamento, e totalmente não remunerado com a "Louise Wise Services", uma das primeiras agências de adoção especializada do país. Durante seus 40 anos como Consultora Psiquiátrica Chefe, e seus 50 anos como membro do conselho, Bernard foi madrinha da agência, instigando uma série de reformas práticas e morais. O resultado foi a transformação da agência, de uma organização sectária dedicada às adoções judaicas antes da Segunda Guerra Mundial, em uma inovadora prestadora de serviços para "crianças de cor" (é exatamente assim que está escrito) nas décadas de 1950 e 1960.

    Juntamente com Justine Wise Polier (cuja mãe, Louise Wise, foi fundadora da agência), Bernard trabalhou para garantir que a equipe da agência fosse racialmente inclusiva, e que suas ações exemplificassem o objetivo da não discriminação. Ela estava orgulhosa de que sua agência estabelecesse um Programa de Adoção Interracial, em 1952, que recrutasse ativamente as famílias adotivas minoritárias e experimentasse desde o início as adoções transraciais. Durante o andamento do "Projeto Indiano de Adoção", a "Louise Wise Services" alocou mais crianças nativas do que qualquer outra agência particular dos Estados Unidos.

    Viola W. Bernard ao se graduar na Escola de Medicina
    de Cornell, em Nova York, no ano de 1936
    O pensamento de Bernard sobre a adoção foi moldado pelos detalhes de seus antecedentes pessoais e treinamento profissional. Ela nasceu em Nova York, em 1907, filha de Jacob Wertheim, um rico empresário e filantropo alemão-judeu, e sua segunda esposa, Emma Stern. Assim como Justine Wise Polier, que era uma amiga de infância, Bernard se beneficiou dos raros privilégios educacionais entre as mulheres norte-americanas daquela época. Depois de frequentar a Escola de Cultura Ética em Nova York, ela fez cursos de faculdade em Smith, Barnard, Johns Hopkins e na Universidade de Nova York. A vida de Bernard sendo uma jovem adulta também foi excepcional em outras formas. Ela morava em um ashram, chamado Clarkstown Country Club, onde praticava ioga e estudava filosofia oriental muito antes de se tornarem moda. Através de Clarkstown, ela se encontrou e se casou com Theos Casimir Bernard, um estudioso do budismo tibetano. O casamento durou quatro anos. Bernard nunca se casou novamente ou teve filhos. Ela morou a maior parte da sua vida na Quinta Avenida em Manhattan acompanhada por inúmeros cães de estimação.

    Em 1936, Bernard se formou na Faculdade de Medicina da Universidade Cornell. Então, ela deu início a uma série de residências psiquiátricas, inclusive no Instituto de Psicanálise de Nova York. Ela pertenceu à primeira geração psiquiátrica depois de Sigmund Freud, e sustentava que a teoria psicodinâmica de Freud era a fonte de insights cruciais sobre a infertilidade, a identidade adotada e as controvérsias que cercavam a confidencialidade e os registros selados, bem como a busca e a reunião. Tendo como colega e mentora, Marion Kenworthy, que a ajudou a criar o trabalho social psiquiátrico, Bernard estava genuinamente interessada em saber como a psiquiatria poderia aprender com outras profissões, bem como o que poderia oferecer as mesmas. O esforço de Bernard para tornar a psicanálise mais acessível - ao estabelecer a primeira clínica de psicanálise de baixo custo do país, na Universidade de Columbia - era típico de sua campanha para tornar os serviços de saúde mental amplamente disponíveis.

    Tendo como colega e mentora, Marion Kenworthy (à esquerda), que a ajudou a criar o trabalho social psiquiátrico, Bernard estava genuinamente interessada em saber como a psiquiatria poderia aprender com outras profissões, bem como o que poderia oferecer as mesmas
    A longa carreira de Bernard foi marcada por distinção profissional e engajamento social com uma ampla gama de causas, desde direitos civis e liberdades civis, até a paz e o desarmamento nuclear. Ela foi membro fundadora do Grupo para o Avanço da Psiquiatria, um grupo de interesse importante na Associação Americana de Psiquiatria, que antecipava a orientação cada vez mais social e psicodinâmica da psiquiatria na era do pós-guerra. Ela foi uma defensora vocal de Alger Hiss, alvo de um dos mais famosos casos de espionagem do início da Guerra Fria. A própria Bernard foi suspeita de atividades "não americanas", e foi investigada entre 1951 e 1952, pela Agência Federal de Segurança. Bernard assinou a declaração de ciências sociais, "Os efeitos da segregação e as consequências da desagregação", que influenciaram o caso "Brown vs Conselho de Educação", um caso marcante de 1954, que encerrou a segregação educacional nos Estados Unidos.

    O desejo de Bernard de ver as barreiras raciais desmanteladas também se estendeu à sua própria profissão. Atuando como uma conselheira de carreira não oficial para psiquiatras minoritários, Bernard acreditava que o progresso ocorria quando ela não fosse mais capaz de conhecer todos os psiquiatras afro-americanos nos Estados Unidos. Movida pelo famoso intercâmbio de guerra entre Sigmund Freud e Albert Einstein, Bernard participou das reuniões das Conferências Pugwash sobre Ciência e Negócios Mundiais, que foram eventualmente premiadas com o Prêmio Nobel da Paz.

    Movida pelo famoso intercâmbio de guerra entre Sigmund Freud e Albert Einstein, Viola Bernard participou das reuniões das Conferências Pugwash sobre Ciência e Negócios Mundiais, que foram eventualmente premiadas com o Prêmio Nobel da Paz.
    A ação profissional, política e pessoal não foram campos de atividades distintas para Bernard. Entre 1971 e 1972, ela foi eleita vice-presidente da Associação Americana de Psiquiatria em uma oposição histórica, que protestava contra a Guerra do Vietnã. No mundo da defesa do bem-estar infantil, suas afiliações incluíram o Comitê de Cidadãos para Crianças de Nova York, o Escritório de Orientação Infantil do Conselho de Educação da Cidade de Nova York e a Escola Wiltwyck para Rapazes. Durante a Segunda Guerra Mundial, ela permitiu que sua casa de verão, em Nyack, em Nova York, fosse usada pelo Comitê do Serviço Americano de Amigos para abrigar refugiados da Alemanha Nazista. De 1956 a 1969, Viola dirigiu a Divisão de Psiquiatria Comunitária e Social na Faculdade de Medicina da Universidade de Columbia, onde supervisionou um programa de treinamento dedicado a esculpir uma jurisdição ampla e multifacetada para a psiquiatria. Bernard acreditava, que as exigências administrativas e organizacionais da psiquiatria social eram inevitáveis, mas também criavam um risco ocupacional de distância excessiva entre os praticantes e as comunidades que serviam. Por exemplo, era apropriado que os psiquiatras sociais reformassem as leis relacionadas à saúde mental infantil e familiar, mas a advocacia legal poderia distrair-se das lutas diárias dos indivíduos, a menos que fosse conscientemente equilibrada com a prática contínua da psicoterapia.

    De acordo com sua sobrinha, Joan Wofford (na foto),
    a ambição intelectual de Bernard era assustadora
    Conhecida por amigos e familiares íntimos como "Vi", Bernard tinha, acima de tudo, uma personalidade muito forte: carismática, opinativa, leal, intimidante, admirável e absolutamente determinada a alcançar seus objetivos. Sua assistente pessoal por mais de 25 anos, a Dra. Kathleen Kelly, a chamava de "inesquecível", e "um ser humano espumante". "Ela era extremamente exigente e perfeccionista, e estabeleceu padrões muito elevados para si e para todos os que trabalharam com ela", disse a Dra. Kathleen Kelly. As ideias de Bernard sobre a relação entre a psicologia pessoal e social eram tão brilhantes e complicadas quanto ela. Bernard acreditava que tudo estava sempre relacionado a todo restante, e ela apelidava sua abordagem abrangente de "ecológica", antes que esse termo fosse popularizado pelos ambientalistas. De acordo com sua sobrinha, Joan Wofford, a ambição intelectual de Bernard era assustadora. Os alunos, às vezes, achavam difícil seguir o seu pensamento elaborado e sinuoso. É um testemunho do formidável intelecto e energia de Bernard, com os quais ela muitas vezes conseguiu resolver problemas, e exigiu equidade de forma tão eficaz em favor de crianças e famílias desfavorecidas.

    A adoção personificou a psiquiatria preventiva a que Bernard dedicou toda sua carreira. Reunir crianças e adultos juntos exigia habilidade diagnóstica e colaboração profissional, e Bernard valorizou ambos. Porém, a adoção foi muito mais do que uma série de passos, que resultaram na formação de novas famílias. Foi um processo terapêutico de "rearranjo psíquico", que alterava a vida e ao longo da vida. Segundo Bernard, "a realidade social central da adoção é o seu poder para prevenir a miséria e o precário desenvolvimento de crianças que não possuem famílias". A adoção contribuiu para a saúde mental de seus participantes, reparando os traumas da infertilidade e a separação dos pais, enquanto as ideias psiquiátricas sobre ilegitimidade (crianças nascidas de pais não casados) e práticas clínicas, tais como testes mentais e estudos domiciliares, asseguraram a viabilidade psicológica da adoção.

    Bernard sabia que não havia garantias na adoção. Certa vez, ela contou a história de Sarah, de 11 anos, que ela pessoalmente retirou de um lar adotivo desastroso, como "uma das tarefas mais dolorosas, que já se deparou, um equivalente psiquiátrico a uma cirurgia radical". Porém, segundo Bernard, o caso de Sarah foi excepcional. A maioria das alocações conduzidas sob os auspícios de agências profissionais foram bem geridas. As crianças foram observadas de perto, os pais foram selecionados com cuidado, e o resultado foi "uma experiência humana notável", que impediu muitos outros problemas do que causou. A crença de Bernard nas qualidades "afirmativas" da adoção foi uma das razões pelas quais ela rejeitou tão vigorosamente o argumento de que a adoção colocava as crianças em maior risco de psicopatologia, uma tese perpetuada por Marshall Schechter e outros clínicos na década de 1960. Na ausência de provas convincentes de que a adoção levava a"desajustes", tudo aquilo que prejudicava a confiança pública na adoção era uma tragédia para a saúde pública e o bem-estar da criança.

    A crença de Bernard nas qualidades "afirmativas" da adoção foi uma das razões pelas quais ela rejeitou tão vigorosamente o argumento de que a adoção colocava as crianças em maior risco de psicopatologia, uma tese perpetuada por Marshall Schechter e outros clínicos na década de 1960. Na ausência de provas convincentes de que a adoção levava a "desajustes", tudo aquilo que prejudicava a confiança pública na adoção era uma tragédia para a saúde pública e o bem-estar da criança.
    As ideias de Bernard moldaram e refletiram tendências poderosas no campo da adoção, e na psiquiatria, durante a década de 1930. Sua carreira sugeriu profissionalização, conhecimento científico e abordagens terapêuticas. Ainda segundo Bernard, "o princípio orientador da prática da adoção moderna é a aplicação do melhor que se sabe sobre a vida familiar em geral em relação as circunstâncias especiais de adoção".

    Segundo o obituário de Viola Bernard, publicado no jornal "The New York Times", ela foi autora de cerca de 100 artigos científicos e diversos livros. Antes de morrer, ela havia finalizado um estudo sobre a relevância da psiquiatria e da psicanálise em contextos sociais, e que seria publicado postumamente. Ainda segundo o "The New York Times", sua receita para aliviar o peso da mudança para uma nova casa, por parte das crianças adotadas, era fazer com que elas visitassem o novo local com antecedência. "Ajudar as crianças a ver para onde elas estão indo reduz o medo da estranheza", aconselhava a Dra. Violet Bernard.

    O Perfil do Dr. Peter Neubauer e Seu Projeto Secreto Financiado Pelo Governo dos Estados Unidos e Empresas Privadas: Um Experimento Totalmente Legal Perante a Lei


    Outro personagem muito importante em toda essa história é o Dr. Peter Neubauer. Peter Bela Neubauer nasceu em 5 de julho de 1913, em Krems, na Áustria, no seio de uma família judaica. Ele obteve seu diploma de Medicina, na Universidade de Berna, na Suíça, em 1938, escapando da perseguição nazista na Áustria. Posteriormente, em 1941, Peter Neubauer deixou a Suíça e foi para a cidade de Nova York, onde complementou sua formação acadêmica no Instituto de Psicanálise de Nova York, antes de se juntar ao Centro de Desenvolvimento Infantil.

    A partir da década de 1950, o Dr. Peter Neubauer passou a ser frequentemente citado no jornal "The New York Times", entre outras publicações, oferecendo palavras de consolo para os pais de "crianças problemáticas", e defendendo a sensibilidade ao lidar com os desafios da infância, incluindo a pré-escola, e os acampamentos de verão. Ele acreditava, que a utilização de armas entre os meninos era comum, e provavelmente encorajado pela televisão, mas queria entender melhor os motivos dos impulsos agressivos das crianças e encontrar maneiras de orientá-las para fins mais construtivos.

    Peter Bela Neubauer nasceu em 5 de julho de 1913,
    em Krems, na Áustria, no seio de uma família judaica
    O Dr. Peter Neubauer, psicanalista e aluno de Anne Freud, filha de Sigmund Freud, manteve plataformas proeminentes em termos de psicologia infantil. De 1951 a 1985, ele foi o diretor do Centro de Desenvolvimento Infantil do Conselho Judaico de Serviços Familiares e Infantis, em Manhattan, onde estudou a saúde emocional e o desenvolvimento de crianças na pré-adolescência.

    Em 1960, como parte de um painel da Universidade de Columbia, que analisava a questão sobre os possíveis efeitos da violência televisiva sobre o desenvolvimento emocional das crianças, o Dr. Neubauer afirmou que a televisão poderia provocar pesadelos em jovens telespectadores, e fazer com que fossem desenvolvidos problemas emocionais nos mesmos. Ele discutiu com o então editor da Random House (uma das principais editoras em língua inglesa do mundo), Bennett Cerf, que defendia a televisão como um tônico intelectual. O Dr. Neubauer disse que exibições repetidas de violência "subaquática, sobre água, no solo e no ar" poderiam desencadear uma influência maligna, especialmente para crianças entre 4 e 7 anos.

    O Dr. Samuel Abrams, então presidente da Fundação Anna Freud, disse que o Dr. Neubauer "se destacava nos artigos sobre traços fundamentais em crianças, e aqueles com circunstâncias ambientais incomuns, assim como a crianças monoparentais". Em 1962, o Dr. Neubauer escreveu uma análise freudiana do assunto, "The One-Parent Child and His Oedipal Development" ("O Filho de um Único Pai e Seu Desenvolvimento Edipiano", em português).

    Posteriormente, em 1941, Peter Neubauer deixou a Suíça e foi para a cidade de Nova York, onde complementou sua formação acadêmica no Instituto de Psicanálise de Nova York (na foto), antes de se juntar ao Centro de Desenvolvimento Infantil.
    Entre a década de 1970 até a sua morte, em fevereiro de 2008, aos 94 anos, o Dr. Neubauer foi um dos co-editores do periódico "The Psychoanalytic Study of the Child", uma revisão anual das novas descobertas em terapia infantil e análise, publicada pela Editora da Universidade de Yale. Em 1982, o Dr. Neubauer voltou-se para estudar os efeitos dos filmes de terror e comparou suas imagens sangrentas com a televisão. Ele concluiu, que as crianças com uma vida familiar saudável, normalmente conseguiam distinguir as imagens fantasiosas da realidade. Porém, ele também descobriu que crianças de famílias emocionalmente instáveis, às vezes, faziam correlações entre as imagens assustadoras e seus relacionamentos domésticos. Curiosamente, ele teria descoberto que o filme "O Mágico de Oz" provocava as respostas mais assustadoras.

    Enfim, conforme já sabemos, e com o objetivo de avaliar os efeitos do ambiente socioeconômico no desenvolvimento dos meninos, o Dr. Peter Neubauer, um psicanalista que dirigia o Centro de Desenvolvimento Infantil de Manhattan, colocou cada menino em casas judaicas de classes sociais muito diferentes. O pai de Bobby Shafran era médico, e sua mãe era advogada. Eles moravam na imponente e nobre cidade de Scarsdale, no Condado de Westchester. A família de Eddie Galland morava em um subúrbio de classe média, em Long Island, onde seu pai era professor. Já David Kellman vivia no Queens, um bairro considerado de "classe trabalhadora".

    O pai de Bobby Shafran era médico, e sua mãe era advogada.
    Eles moravam na imponente e nobre cidade de Scarsdale, no Condado de Westchester
    A família de Eddie Galland morava em um subúrbio de classe média,
    em Long Island, onde seu pai era professor.
    Já David Kellman vivia no Queens, um bairro considerado de "classe trabalhadora".
    Posteriormente, foi verificado que os gêmeos eram parte de um estudo secreto, porém legal (no sentido explícito de "dentro da lei"), coordenado pelo Dr. Peter Neubauer. Ele queria explorar o longo debate entre "Natureza vs Criação", ou seja, até que ponto somos moldados por nossos genes e pelo ambiente que nos cerca. Irmãos idênticos, separados no nascimento, proporcionaram-lhe uma oportunidade deslumbrante. Algo que raramente se divulga, no entanto, é que seu estudo foi parcialmente financiado pelos Institutos de Nacionais de Saúde dos Estados Unidos. Em outras palavras, financiado com dinheiro público, dos contribuintes, e com o aval do governo norte-americano.

    Em 1997, um representante dos Institutos Nacionais de Saúde disse, que o Dr. Peter Neubauer recebeu uma verba de US$ 9.642, em 1965 (o equivalente atualmente a US$ 76 mil), para realizar um estudo intitulado "Longitudinal Study of Monozygotic Twins Reared Apart" ("Estudo Longitudinal de Jovens Monozigóticos Distanciados", em português), e que a agência não podia comentar sem revisar os registros do projeto. O estudo foi financiado pelo Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano, sendo que o Dr. Peter Neubauer também recebeu verbas de pelo menos duas fundações privadas. Apesar da controvérsia, o estudo, aparentemente, não violou regras, que exigiam o prévio consentimento para a realização de experimentos humanos. Não existiam tais regras sobre estudos comportamentais naquela época, e não existiam leis que proibissem a separação de gêmeos. Simples assim.

    Algo que raramente se divulga, no entanto, é que seu estudo foi parcialmente financiado pelos Institutos de Nacionais de Saúde dos Estados Unidos. Em outras palavras, financiado com dinheiro público, dos contribuintes, e com o aval do governo norte-americano.
    Além disso, o Estado de Nova York começou a pedir, que as agências de adoção mantivessem os irmãos juntos, em um mesmo lar, somente a partir de 1981. Porém, a regra dava às agências uma certa "margem de manobra". As agências podiam separar os irmãos, na hipótese de que mantê-los unidos prejudicaria um ou ambos. Por exemplo, se uma criança fosse gravemente incapacitada, e não pudesse ser colocada para adoção. Por outro lado, no caso dos trigêmeos, nenhum dos pais adotivos foi questionado se eles levariam mais de uma criança para casa. De qualquer forma, essa questão envolvendo o Estado de Nova York não era bem obrigatória, era mais uma espécie de "orientação reforçada", por assim dizer.

    De qualquer forma, um ponto importante a ser ressaltado, é que o controverso estudo envolvendo gêmeos e trigêmeos separados ao nascerem teria sido concluído na década de 1980. O Dr. Neubauer recusou a publicá-lo, e os registros completos estão "selados" na Biblioteca da Universidade de Yale.

    Em 25 de outubro de 2007, a Rádio Pública Nacional (NPR), uma organização de comunicação social, sem fins lucrativos e de titularidade pública do governo dos Estados Unidos, disse que essa restrição de acesso é válida até o ano de 2066, razão pela qual existe tanta dificuldade em obter informações sobre o esse estudo.

    O Dr. Neubauer recusou a publicá-lo, e os registros completos estão "selados" na Biblioteca da Universidade de Yale. Em 25 de outubro de 2007, a Rádio Pública Nacional (NPR), uma organização de comunicação social, sem fins lucrativos e de titularidade pública do governo dos Estados Unidos, disse que essa restrição de acesso é válida até o ano de 2066, razão pela qual existe tanta dificuldade em obter informações sobre o esse estudo.
    Em entrevista ao "Los Angeles Times", em 1997, o Dr. Peter Neubauer, que na época tinha 84 anos, defendeu seu trabalho como sendo algo importante a ser feito, e disse que os indivíduos seriam separados de qualquer forma, devido uma política da agência "Louise Wise".

    "Eles não foram separados para fins de pesquisa. Eles decidiram fazer isso e, então vieram até mim. Quando descobriram sobre essa política, decidimos que seria uma ótima oportunidade de pesquisa", disse, na época, o Dr. Peter Neubauer.

    "Todos estão interessados nisso. Nós estudamos as crianças desde a infância", continuou. Ao explicar a razão pela qual ele não publicou grande parte de sua pesquisa, o Dr. Neubauer disse que estava preocupado, que algumas das crianças envolvidas no estudo reagissem negativamente à publicação das informações.

    "Não irei compactuar com o interesse de vocês (do 'Los Angeles Times') em coisas, que quero proteger.  Nós queremos proteger nossos dados e queremos proteger as pessoas que estudamos", disse o Dr. Peter Neubauer, que dirigiu o Centro de Desenvolvimento Infantil do Conselho Judaico de Serviços Familiares e Infantis, que coordenava agências de assistência social, quando o estudo começou.

    Os Trigêmeos Não Foram os Únicos: O Caso Envolvendo as Gêmeas Paula Bernstein e Elyse Schein, e os Diversos Casos Jamais Mencionados


    Em 2004, Paula Bernstein recebeu um telefonema de uma funcionária da "Louise Wise", a agência onde havia sido adotada. O motivo? Ela tinha uma irmã gêmea, que estava procurando por ela. A mulher disse a Paula Bernstein o nome de sua gêmea: Elyse Schein. Sua irmã gêmea, que estava morando em Paris, na época, estava tentando encontrar informações sobre sua mãe biológica, quando ela soube por parte da agência de adoção, que ela tinha uma irmã gêmea. As duas mulheres se encontraram pela primeira vez em uma cafeteria da cidade de Nova York.

    "Ficamos 35 anos sem saber da existência uma da outra. Como você começa a perguntar a alguém: 'O que você fez desde que compartilhamos o mesmo útero?'. 'Por onde se começa?'",questionou Paula Bernstein, que pouco tempo depois descobriu que fazia parte de um experimento social.

    "Quando as famílias adotaram essas crianças, elas foram informadas de que seu(ua) filho(a) já fazia parte de um estudo de desenvolvimento infantil. Porém, obviamente, eles não contaram o motivo principal do estudo, que foi o desenvolvimento infantil entre gêmeos criados em casas diferentes", continuou.

    Em 2004, Paula Bernstein (à esquerda, de vermelho) recebeu um telefonema de uma funcionária da "Louise Wise", a agência onde havia sido adotada. O motivo? Ela tinha uma irmã gêmea, que estava procurando por ela. A mulher disse a Paula Bernstein o nome de sua gêmea: Elyse Schein (à direita, de azul).
    Peter Neubauer, um psiquiatra infantil, e Viola Bernard, uma psicóloga infantil e consultora da agência "Louise Wise", lideraram o estudo. Lawrence Perlman, um assistente de pesquisa no estudo entre 1968 e 1969, disse que Viola Bernard tinha uma forte convicção, de que os gêmeos deveriam ser criados separadamente.

    "Ela sentia, que o fato dos gêmeos serem vestidos da mesma forma, e serem tratados exatamente da mesma maneira, interferia com o desenvolvimento psicológico independente", disse Lawrence Perlman. Aliás, Lawrence Wright, autor do livro "Twins", um livro sobre estudos de gêmeos, também foi consultado, pela NPR.

    "Desde o início da ciência, os gêmeos ofereceram uma oportunidade única para estudar até que ponto a natureza e a criação influenciam a maneira como desenvolvemos, as pessoas que nos tornamos. Do ponto de vista científico, é lindo. É praticamente o estudo perfeito. Porém, este tipo de estudo nunca mais acontecerá", Lawrence Wright, observando que o estudo do Dr. Neubauer se distinguiu de todos os outros estudos sobre gêmeos, uma vez que os acompanhou desde a infância.

    "Desde o início da ciência, os gêmeos ofereceram uma oportunidade única para estudar até que ponto a natureza e a criação influenciam a maneira como desenvolvemos, as pessoas que nos tornamos. Do ponto de vista científico, é lindo. É praticamente o estudo perfeito. Porém, este tipo de estudo nunca mais acontecerá", Lawrence Wright.
    Segundo a NPR, o estudo terminou em 1980 e, um ano depois, o Estado de Nova York começou a "exigir" que as agências de adoção mantivessem os irmãos juntos. Paula Bernstein disse que, nesse ponto, o Dr. Neubauer percebeu que a opinião pública seria tão contrária ao estudo, que ele decidiu não publicá-lo. Conforme dissemos anteriormente, os resultados do estudo foram "selados" até 2066, no arquivo da Universidade de Yale.

    "É meio perturbador pensar que todo esse material sobre nós está em algum arquivo, em algum lugar. E, sinceramente, precisamos descobrir qual foi a verdadeira história", disse Paula Bernstein. As irmãs tentaram falar com o Dr. Neubauer que, inicialmente, se recusou a falar com elas. Eventualmente, ele concedeu às mulheres uma entrevista não oficial, sem a permissão para gravar áudio ou vídeo. Paula disse que esperava, que o Dr. Neubauer se desculpasse por separar os gêmeos. Em vez disso, ele não demonstrou remorso e não deu nenhuma desculpa.

    Paula disse que esperava, que o Dr. Neubauer se desculpasse por separar os gêmeos. Em vez disso, ele não demonstrou remorso e não deu nenhuma desculpa.
    O Dr. Neubauer raramente falou sobre o estudo. Porém, em meados da década de 1990, ele falou sobre o mesmo com Lawrence Wright, o autor de "Twins".

    "Neubauer insistiu que, na época, era uma questão de consenso científico, de que era melhor separar os gêmeos no nascimento, e criá-los separadamente", disse Lawrence Wright, que por sua vez alegou que nunca encontrou nada na literatura que apoiasse isso. Lawrence Wright também disse que o Dr. Neubauer nunca expressou remorso pelo que fez, embora ele admitisse, que o projeto levantou questões éticas sobre se alguém tem o direito ou deve separar gêmeos idênticos.

    "É muito difícil de responder a essa pergunta. É por estas e outras razões, que esses estudos não ocorrem", disse o Dr. Neubauer para Wright. Curiosamente,  Lawrence Wright disse que nenhum estudo desse tipo será feito novamente, e nem deveria ser, de qualquer forma. Contudo, ele reconheceu, que seria muito interessante aprender tudo aquilo que o estudo do Dr. Neubauer tinha para nos ensinar.

    "Neubauer insistiu que, na época, era uma questão de consenso científico, de que era melhor separar os gêmeos no nascimento, e criá-los separadamente", disse Lawrence Wright, que por sua vez alegou que nunca encontrou nada na literatura que apoiasse isso.
    "Por sermos gêmeas, isso nos obriga a questionar a participação disso em quem somos. Desde o encontro com a Elyse, é inegável que a genética desempenha um papel importante, provavelmente mais de 50%", disse Paula Bernstein.

    "Não é apenas o nosso gosto em música ou livros, é muito além disso. Nela, vejo a mesma personalidade básica. No entanto, eventualmente precisamos perceber, que somos pessoas diferentes com diferentes histórias de vida", continuou.

    Por mais que Paula acreditasse, que os pesquisadores fizeram a coisa errada ao separar os gêmeos, ela disse que não conseguia se imaginar crescendo ao lado de sua irmã gêmea.

    "Essa a vida nunca aconteceu. E é triste que, por mais que estejamos tão perto quanto estamos agora, não haja nenhuma forma de compensar esses 35 anos", completou.

    Por mais que Paula acreditasse, que os pesquisadores fizeram a coisa errada ao separar os gêmeos, ela disse que não conseguia se imaginar crescendo ao lado de sua irmã gêmea.
    "Em relação a mim e a Paula, é difícil imaginarmos onde vamos parar. É realmente um território inexplorado. Porém, eu realmente a amo, e não consigo imaginar minha vida sem ela", finalizou.

    Na época (em 2007), o Dr. Neubauer se recusou a ser entrevistado. Segundo a NPR, das 13 crianças envolvidas em seu estudo, três conjuntos de gêmeos, e um conjunto de trigêmeos descobriram a existência uns dos outros. Os outros quatro indivíduos do estudo, ainda não sabiam que eles tinham irmãos gêmeos idênticos.

    Comentários Finais


    Geralmente aprendemos na escola, que os nazistas eram pessoas malvadas, que os soviéticos eram pessoas da pior espécie, e que, em um passe de mágica, de um dia para o outro, todos aqueles milhões de nazistas e soviéticos se transformaram em cidadãos alemães e russos exemplares. Não, isso não aconteceu. Quando impérios, governos ou sistemas caem, seus apoiadores continuam existindo por um tempo, eles apenas se silenciam, uma vez que a causa em jogo está perdida ou quando descobrem o que realmente aconteceu bem debaixo dos seus narizes. Quando me perguntam a razão pela qual o Holocausto aconteceu, geralmente a pessoa espera uma resposta técnica ou política, mas todo aquele horror que temos conhecimento, e tantos outros que nunca faremos a menor ideia, aconteceu devido a uma pequena palavra, que todos adoram: esperança. É estranho, não é mesmo? Como a esperança pode ter gerado aquilo? Bem, antes de todo o sistema político e econômico ser implantado pelos nazistas, você precisava andar com um carrinho de mão para poder fazer uma compra na padaria. Porém, esse carrinho não era para levar suas compras para casa, era para levar a quantidade de notas de dinheiro necessária para fazer a compra. Houve uma hiperinflação na Alemanha entre 1919 e 1923, ou seja, começou logo após a Primeira Guerra Mundial, onde a Alemanha saiu arrasada devido ao pagamento de reparações onerosas impostas aos perdedores. No final de 1923, a taxa de câmbio do marco alemão já era de um trilhão de marcos para um dólar. Isso significa, que a moeda havia perdido 99,9999999996% do seu poder de compra nesse período, ou seja, ela valia um milionésimo de milhão do que valia há apenas dez anos. Em meados de 1922, uma fatia de pão custava 428 milhões de marcos. Já em novembro de 1923, uma quantidade de marcos que, dez anos atrás compraria 500 bilhões de ovos, mal conseguia comprar um único ovo. Saques, vandalismo, roubos, ascensão da prostituição, inanição, doenças, e até mesmo consumo de cães tinham se tornado banais. Pessoas tinham suas roupas roubadas nas ruas.

    Houve uma tentativa de estabilização econômica após 1923, mas cerca de seis anos depois veio a Grande Depressão, que abriu uma grande ferida no corpo da sociedade alemã, cuja pele ainda estava em carne viva. As pessoas não tinham mais horizonte, não sabiam mas o que fazer, e não tinham mais perspectiva de vida. Milhões de alemães viram no Partido Nazista uma única coisa: esperança. E foram recompensadas. Havia emprego, poder de compra, uma vida e uma ideologia, de que era importante permanecer unido em nome de um país forte. A absoluta maioria das pessoas não se importava mais com aquilo que era necessário ser feito. Obviamente, através de mentiras, conluios e uma série de ações, o Partido Nazista, com o tempo, mostrou suas verdadeiras intenções e arrastou uma população totalmente cega e esperançosa com ele. O restante, bem, vocês já sabem o que aconteceu.

    Então, eis que você descobre um experimento social, consideravelmente cruel, realizado por judeus. O Dr. Peter Neubauer e a Dra. Viola Bernard eram judeus, inclusive Neubauer havia inicialmente ido para a Suíça para fugir da perseguição nazista. A agência de adoção, a "Louise Wise", havia sido fundada por uma judia, e quando tudo aconteceu estava sob administração de sua filha judia. O hospital onde os trigêmeos nasceram era judaico, e os demais gêmeos ou trigêmeos também eram judeus. Para completar as famílias adotivas também eram judaicas. E ao invés, do Dr. Peter Neubauer abrir os registros, ao menos para os envolvidos, ou dar uma satisfação pública sobre algo, que ele mesmo sabia se tinha o direito ou não de fazer, mas ainda assim o fez, sela os registros até o ano de 2066, na biblioteca da Universidade de Yale. E olha que interessante coincidência, o "Experimento Milgram" foi realizado por Stanley Milgram, um psicólogo judeu norte-americano. E onde? Na Universidade de Yale. Dois experimentos polêmicos envolvendo judeus, "acobertados", por assim dizer, pela Universidade de Yale, e que poucos de vocês conhecem ou ouviram falar anteriormente. Sinceramente, isso me faz questionar quais outros experimentos foram feitos, como foram feitos, se alguém realmente morreu ou ficou permanentemente abalado devido as suas consequências. Tanto Stanley, quanto Peter e Viola eram consideradas pessoas muito inteligentes e muito esforçadas. E todos os três conduziram experimentos considerados devastadores para muitos dos envolvidos.

    Isso demonstra que não importa qual seja o rótulo, que você queria aplicar a pessoa. Não importa se a pessoa é latina, asiática, budista, cristã, judia, soviética, bolchevique ou qualquer outro nome, que você queira inventar. Todos são serem humanos repletos de crenças. São justamente essas crenças, que geram desastres e experimentos cruéis e covardes com pessoas inocentes, com a premissa que isso é para o bem-estar dos envolvidos ou de uma sociedade. Uma utilização desenfreada de um pensamento maquiavélico transfigurado de bondade. Aliás, isso também me faz imaginar se a Dra. Viola Bernard também não participou ou teve influência em experimentos envolvendo outros tipos de crianças, assim como negros, indianos, com deficiência etc. Isso também me faz pensar se não houve qualquer tipo de agressão psicológica apenas para testar um determinado comportamento. Peter e Viola acreditavam cegamente em algo, que tiraram da própria cabeça ou interpretaram a partir de livros empoeirados em uma prateleira. Queriam tornar o mundo melhor, mais inclusivo, e provavelmente destroçaram muito mais vidas do que é mencionado. Pode demorar um, dois, cinco, vinte ou quarenta e oito anos, mas uma hora o embargo vai cair e saberemos o que realmente fizeram com crianças, que só precisavam ser realmente amadas não apenas pelos seus pais, mas pelos seus irmãos. Gostaria de terminar essa matéria com um texto de um antigo comercial do jornal Folha de São Paulo onde dizia: "Este homem pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102%, e a renda per capita dobrar. Aumentou o lucro das empresas de 175 milhões para 5 bilhões, e reduziu uma hiperinflação a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura, e quando jovem imaginava seguir a carreira artística." Este homem era Adolf Hitler. É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.

    Até a próxima, AssombradOs.

    Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

    Fontes:
    http://articles.latimes.com/1997/oct/27/health/he-47103
    http://darkwing.uoregon.edu/~adoption/people/bernard.htm
    http://deadline.com/2018/01/three-identical-strangers-sundance-documentary-deal-neon-1202268529/
    http://filmmakermagazine.com/104372-documentary-dp-tim-cragg-on-the-sensational-family-saga-of-three-identical-strangers/
    http://people.com/archive/what-happens-when-three-young-men-find-out-theyre-triplets-its-not-as-simple-as-1-2-3-vol-14-no-15/
    http://variety.com/2018/film/markets-festivals/sundance-neon-buys-three-identical-strangers-1202675712/
    http://www.dailymail.co.uk/news/article-5337323/Triplets-separated-birth-sinister-social-experiment.html
    http://www.greensboro.com/separated-triplets-had-been-studied-since-birth/article_7829747b-ea3c-5016-ba0c-7b254d2e45b0.html
    http://www.independent.co.uk/life-style/health-and-families/triplets-experiment-separated-birth-nature-nurture-test-robert-shafran-eddy-galland-david-kellman-a8188846.html
    http://www.ladbible.com/entertainment/film-and-tv-new-documentary-reveals-stunning-story-of-triplets-separated-at-birth-20180201
    http://www.news.com.au/lifestyle/real-life/news-life/these-triplets-were-separated-at-birth-for-a-sick-scientific-experiment/news-story/c84ca3f8a4d0be5a5524e219d679cc4b
    http://www.nytimes.com/1998/04/06/nyregion/viola-bernard-91-psychiatrist-who-helped-ease-young-fears.html
    http://www.nytimes.com/2008/03/03/nyregion/03neubauer.html
    http://www.sigourneyaward.org/peter-neubauer/
    http://www.tracking-board.com/three-identical-strangers-review-an-intense-emotional-ride-about-triplets-separated-at-birth/
    https://en.wikipedia.org/wiki/Peter_B._Neubauer
    https://www.npr.org/2007/10/25/15629096/identical-strangers-explore-nature-vs-nurture
    https://www.thesun.co.uk/tvandshowbiz/5474337/three-identical-strangers-robert-shafran-eddy-galland-david-kellman/
    https://www.thetimes.co.uk/article/separated-at-birth-for-experiment-triplets-tale-of-suicide-and-survival-three-identical-strangers-pxf8jn9l6
    https://www.timesofisrael.com/ny-triplets-sue-jewish-group-for-their-separation-at-birth/
    https://www.upi.com/Archives/1980/09/26/Eddy-Galland-Robert-Shafran-and-David-Kellman-said-Friday/6750338788800/
    https://www.washingtonpost.com/news/business/wp/2018/01/28/a-sundance-film-about-adoption-hurls-questions-at-a-well-known-charity/?utm_term=.ac11e5b99fa1

    Fenômeno Poltergeist? Objetos Pegam Fogo Misteriosamente em Residência e Deixam Moradores e Vizinhos Assustados em Nazário/GO!

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    Por Marco Faustino

    Existe algo que vem se tornando praticamente uma "tendência" no início dos últimos anos: objetos que pegam fogo, de forma misteriosa, no interior de residências em nosso país. Em março do ano passado, por exemplo, abordei um caso envolvendo uma família de Ronda Alta, uma cidade localizada no interior do Rio Grande do Sul. Segundo informações da Rádio Comunitária Navegantes, aparentemente, de maneira "inexplicável", os objetos mudariam de lugar, e pegariam fogo sozinhos. A pedido de uma vizinha, uma equipe de reportagem da Rádio Navegantes foi até o local com o intuito de registrar esses fenômenos. A equipe foi recebida por quatro pessoas dessa mesma família, que estariam vivendo uma verdadeira história de terror há algum tempo, quando ainda moravam na zona rural da cidade. A família teria começado a ter problemas com barulhos inexplicáveis, pedras caindo em cima da casa, e fortes estalos no imóvel, que os perturbavam. Então, os incidentes teriam começado a se intensificar, até o dia em que a mãe, que é uma senhora viúva, foi com seu filho até a cidade para receber a aposentadoria. Ao chegar em casa ela colocou o dinheiro em cima de um móvel, e foi realizar suas tarefas diárias. Em um determinado momento, foi sentido um forte cheiro de queimado, e ao procurarem de onde o cheiro vinha, perceberam que o dinheiro havia pegado fogo. A pior parte é que a família tentou se mudar para o meio urbano, mas os supostos fenômenos teriam continuado.

    Naquela época, entrei em contato com o radialista Jaciano Eccher, que acompanhou o caso de perto, e posteriormente registrou o trabalho de um senhor chamado Valmor Romano, um suposto "especialista em regressão" da cidade de Bento Gonçalves. Segundo Valmor, essas manifestações seriam provenientes de "experiências negativas" acumuladas ao longo das gerações por parte de um adolescente, que morava na casa. Por outro lado, ao entrar em contato com Jaciano sobre as investigações por parte da polícia, fui informado que, um inspetor da Polícia Civil havia dito, que o laudo pré-oficial apontava que o fogo havia se originado por fósforo ou isqueiro, porém o laudo final seria emitido pelo IGP (Instituto Geral de Perícias) de Porto Alegre, sendo que não havia nenhuma data para a conclusão do mesmo. Recentemente, entrei novamente em contato com Jaciano, que atualmente mora no Paraná, e ele gentilmente disse que entrará em contato a polícia de Ronda Alta para saber o resultado oficial da perícia realizada na casa. Assim que eu tiver uma resposta, manterei vocês informados. De qualquer forma, vale a pena conferir o caso (leia mais: Fenômeno Poltergeist? Coincidência? Família Alega que Objetos se Movem e Pegam Fogo Sozinhos em uma Casa de Ronda Alta/RS!).

    Agora, eis que surge um caso semelhante e igualmente estranho. Objetos tais como colchões, sofás, máquina de lavar, fogão, e roupas guardadas dentro do armário começaram a pegar fogo misteriosamente no interior de uma humilde residência na pequenina cidade de Nazário, no interior do Estado de Goiás. Moradores e vizinhos passaram a ficar bem assustados com os estranhos fenômenos e até mesmo religiosos da cidade já teriam comparecido ao local, aparentemente em vão, para tentar ajudar a família. Uma equipe de reportagem foi até a residência para coletar os depoimentos dos moradores, que não sabem mais o que fazer diante dessa situação. Será que dessa vez teremos algo realmente inexplicável? Vamos saber mais sobre esse assunto?

    Um Pouco Sobre a Cidade de Nazário, no Estado de Goiás


    Nazário é um município brasileiro do Estado de Goiás, que fica localizado a cerca de 70 km a leste de Goiânia, a capital do referido estado. De acordo com o site do IBGE, a população estimada de Nazário, no ano passado, era de 8.850 habitantes, predominantemente católica, sendo que, em 2015, o salário médio mensal entre os trabalhadores formais era de apenas 2,1 salários mínimos.

    Além disso, ainda referente ao ano de 2015, apenas 16,8% da população possuía algum tipo de ocupação, embora a taxa de escolarização entre 6 a 14 anos chegasse a 98,8% da população, um índice considerado alto, o 46º lugar entre os 246 municípios do estado. Infelizmente, no entanto, somente 5,5% das casas tinha esgotamento sanitário adequado, o que a colocava entre os piores municípios do estado e do país.



    Nazário é um município brasileiro do Estado de Goiás, que fica localizado a cerca de 70 km a leste de Goiânia, a capital do referido estado. De acordo com o site do IBGE, a população estimada de Nazário, no ano passado, era de 8.850 habitantes.
    Não há muito o que falar sobre a pequena cidade. Por volta de 1880, Nazário Pereira de Oliveira, de descendência espanhola, radicou-se com sua família em lugar bem próximo à Serra da Jiboia, no então município de Palmeiras de Goiás, onde tentou, sem êxito, a fortuna, procurando ouro ou pedras preciosas. Pouco tempo depois, transferiu-se para o local onde mais tarde nasceria o povoado, nas proximidades da confluência do córrego Buriti com o rio dos Bois. Fez erigir aí uma capela, à qual chamou "Nossa Senhora da Conceição" em homenagem à santa de que era fervoroso devoto.

    Foto da Igreja Matriz "Nossa Senhora da Conceição", da cidade de Nazário, no interior do Estado de Goiás
    Foto da Praça da Matriz, na região central da cidade de Nazário/GO
    A singela casa de oração foi demolida pouco tempo depois, dando lugar a novo templo que continuou com a mesma denominação anterior. A capela, as rezas e a devoção atraíram pouco a pouco, alguns habitantes. O crescimento da população foi, no entanto moroso, e só por volta de 1930, quando chegou à localidade o cidadão Manoel Fernandes Teixeira, iniciou-se o aceleramento da povoação.

    Entenda o Caso: A Reportagem Veiculada Pela TV Serra Dourada


    Até onde tenho conhecimento, a TV Serra Dourada, afiliada do SBT com sede em Goiânia, foi a única emissora de televisão a fazer uma reportagem sobre o caso envolvendo uma casa, onde alguns objetos estariam pegando fogo de forma misteriosa. A reportagem foi veiculada na edição do dia 19 de janeiro, no "Jornal do Meio Dia", sendo que o mesmo é descrito por ser um noticiário comunitário e interativo que, desde 1991, estaria sempre presente nos grandes acontecimentos do Estado de Goiás. Vocês podem conferir a reportagem completa no canal do próprio "Jornal do Meio Dia", no YouTube:



    Entretanto, para evitar que vocês tenham que gastar a franquia de internet de vocês, irei destrinchar o vídeo, que possui quase sete minutos e meio, combinado? Bem, inicialmente o apresentador do "Jornal do Meio Dia", Jordevá Rosa, mencionou o endereço da casa, onde os supostos fenômenos estariam acontecendo: Avenida José Gonçalves Pinheiro, nº 6. Aliás, segundo Jordevá, os tais fenômenos seriam considerados de cunho sobrenatural, não somente pelos moradores da casa, mas por toda a cidade de Nazário.

    No começo da reportagem, a repórter Vívian Maia, que estava acompanhada do cinegrafista Wellington Francisco, mencionou que a rua era bem tranquila, mas que a casa em questão havia se tornado a mais famosa de Nazário, porque coisas estranhas estavam acontecendo no interior da mesma. Era possível notar também a presença de diversos populares, que supostamente seriam moradores vizinhos ao imóvel.

    Inicialmente o apresentador do "Jornal do Meio Dia", Jordevá Rosa, mencionou o endereço da casa, onde os supostos fenômenos estariam acontecendo: Avenida José Gonçalves Pinheiro, nº 6. Aliás, segundo Jordevá, os tais fenômenos seriam considerados de cunho sobrenatural, não somente pelos moradores da casa, mas por toda a cidade de Nazário.
    No começo da reportagem, a repórter Vívian Maia, que estava acompanhada do cinegrafista Wellington Francisco, mencionou que a rua era bem tranquila, mas que a casa em questão havia se tornado a mais famosa de Nazário, porque coisas estranhas estavam acontecendo no interior da mesma. Era possível notar também a presença de diversos populares, que supostamente seriam moradores vizinhos ao imóvel.
    Ao entrevistar uma moradora local, cujo nome não foi divulgado, ela disse que, enquanto as pessoas estavam dentro da residência, nada de anormal acontecia, porém, quando todos saíam, alguém alertava sobre a presença do fogo. Ela também disse, que era um fogo vermelho, algo esquisito, que ninguém entendia. Já uma outra moradora, que alegou morar em Nazário há 60 anos, disse que conhecia a família (que mora no imóvel em questão) há muito tempo, desde quando a proprietária da casa, a Sra. Maria da Conceição, 62 anos, tinha se casado. Uma terceira moradora disse que a situação era impressionante, mas não acrescentou maiores detalhes.

    Ao entrevistar uma moradora local, cujo nome não foi divulgado, ela disse que, enquanto as pessoas estavam dentro da residência, nada de anormal acontecia, porém, quando todos saíam, alguém alertava sobre a presença do fogo. Ela também disse, que era um fogo vermelho, algo esquisito, que ninguém entendia.
    Já uma outra moradora, que alegou morar em Nazário há 60 anos, disse que conhecia a família (que mora no imóvel em questão) há muito tempo, desde quando a proprietária da casa, a Sra. Maria da Conceição, 62 anos, tinha se casado.
    Uma terceira moradora disse que a situação era impressionante, mas não acrescentou maiores detalhes.
    A repórter chegou a mencionar que, olhando por fora, era difícil imaginar alguma coisa de errado. Então, em seguida, ela entrou no imóvel e foi conversar diretamente com a Sra. Maria da Conceição. É possível perceber que se trata de uma senhora de idade, bem humilde, e com uma expressão bem sincera no olhar. A moradora não sabia de onde o fogo vinha, mas ela disse que o mesmo havia começado em um local chamado de "casinha", nos fundos do imóvel. Ainda segundo a Sra. Maria da Conceição, ninguém via o fogo sendo iniciado. Ela mesma ressaltou, que não podia deixar a casa sozinha, corroborando o que uma vizinha já havia mencionado.

    A repórter chegou a mencionar que, olhando por fora, era difícil imaginar alguma coisa de errado. Então, em seguida, ela entrou no imóvel e foi conversar diretamente com a Sra. Maria da Conceição.
    A moradora não sabia de onde o fogo vinha, mas ela disse que o mesmo havia começado em um local chamado de "casinha", nos fundos do imóvel. Ainda segundo a Sra. Maria da Conceição, ninguém via o fogo sendo iniciado. Ela mesma ressaltou, que não podia deixar a casa sozinha, corroborando o que uma vizinha já havia mencionado.
    Em seguida, segundo a repórter, a primeira impressão que se tinha era de uma casa simples, de alvenaria, um pouco antiga, mas que estaria "tudo em ordem". Ainda de acordo com ela, não havia problema algum na estrutura e, ao olhar a fiação elétrica, aparentemente, também estaria "tudo em ordem". Logo depois, foram mostradas as imagens de um quarto com as camas destruídas. Aliás, segundo a Sra. Maria da Conceição, que vivia no local com seu filho e uma neta, as camas já teriam pegado fogo, sozinhas, por cerca de três vezes.

    Em seguida, segundo a repórter, a primeira impressão que se tinha era de uma casa simples,
    de alvenaria, um pouco antiga, mas que estaria "tudo em ordem".
    Ainda de acordo com ela, não havia problema algum na estrutura...
    ...e ao olhar a fiação elétrica, aparentemente, também estaria "tudo em ordem".
    Logo depois, foram mostradas as imagens de um quarto com as camas destruídas. Aliás, segundo a Sra. Maria da Conceição, que vivia no local com seu filho e uma neta, as camas já teriam pegado fogo, sozinhas, por cerca de três vezes.
    Além disso, o fogo já teria ido parar no sofá, e faíscas teriam surgido dentro de um guarda-roupa, que estava fechado. Para completar, um tanquinho de lavar roupas, as bonecas, e as próprias roupas, lençóis, cobertas e tapetes, também teriam queimado. Contudo, é interessante notar, que a repórter menciona, que todos os tecidos estavam repletos de buracos, ou seja, não queimaram completamente. Algo que também é possível notar no sofá.

    Além disso, o fogo já teria ido parar no sofá...
    ...e faíscas teriam surgido dentro de um guarda-roupa, que estava fechado.
    Para completar, um tanquinho de lavar roupas...
    ...as bonecas...
    ...e as próprias roupas, lençóis, cobertas e tapetes, também teriam queimado. Contudo, é interessante notar, que a repórter menciona, que todos os tecidos estavam repletos de buracos, ou seja, não queimaram completamente. Algo que também é possível notar no sofá.
    Posteriormente, foi mostrado um cômodo, a tal da "casinha" (uma espécie de dispensa), aquela mencionada pela Sra. Maria da Conceição, onde os primeiros focos teriam aparecido, e que ficava localizada bem nos fundos do quintal (muito embora não tenha sido mostrada a distância, e nem mesmo o que havia ao redor da tal "casinha"). Ao entrevistar uma mulher chamada Célia Maria, filha da Maria da Conceição, a mesma informou que o primeiro fogo teria surgido na noite do domingo anterior, dia 14 de janeiro.

    Posteriormente, foi mostrado um cômodo, a tal da "casinha" (uma espécie de dispensa), aquela mencionada pela Sra. Maria da Conceição, onde os primeiros focos teriam aparecido, e que ficava localizada bem nos fundos do quintal (muito embora não tenha sido mostrada a distância, e nem mesmo o que havia ao redor da tal "casinha")
    Ao entrevistar uma mulher chamada Célia Maria, filha da Maria da Conceição, a mesma informou que o primeiro fogo teria surgido na noite do domingo anterior, dia 14 de janeiro.
    Curiosamente, o fogo teria começado no fogão e no tanquinho de lavar roupas. Além disso, os colchões que estava no interior da "casinha", que é bem pequena e amontoada, diga-se de passagem, também teriam pegado fogo. Era possível notar, que a fiação havia sido queimada e o teto havia ficado "empretejado".

    Curiosamente, o fogo teria começado no fogão e no tanquinho de lavar roupas.
    Além disso, os colchões que estava no interior da "casinha",
    que é bem pequena e amontoada, diga-se de passagem, também teriam pegado fogo
    Era possível notar, que a fiação havia sido queimada e o teto havia ficado "empretejado".
    Quem também foi entrevistada foi a nora de Maria da Conceição, uma mulher chamada Elisângela da Silva, ou seja, esposa do filho da proprietária da casa. Segundo Elisângela, seu marido, que seria eletricista, tinha verificado tudo e, inclusive, eles teriam desligado o padrão da casa (o fornecimento de energia elétrica, por assim dizer), e mesmo assim continuava pegando fogo.

    A repórter cogitou a possibilidade de ser uma brincadeira de mau gosto, porém Maria da Conceição não sabia responder o que estava acontecendo. A Sra. Maria da Conceição ainda mencionou, que poderia ser uma "alma sofrida", mas havia uma clara expressão de desesperança em seu olhar.

    Quem também foi entrevistada foi a nora de Maria da Conceição, uma mulher chamada Elisângela da Silva, ou seja, esposa do filho da proprietária da casa. Segundo Elisângela, seu marido, que seria eletricista, tinha verificado tudo e, inclusive, eles teriam desligado o padrão da casa (o fornecimento de energia elétrica, por assim dizer), e mesmo assim continuava pegando fogo.
    A repórter cogitou a possibilidade de ser uma brincadeira de mau gosto,
    porém Maria da Conceição não sabia responder o que estava acontecendo.
    A Sra. Maria da Conceição ainda mencionou, que poderia ser uma "alma sofrida",
    mas havia uma clara expressão de desesperança em seu olhar.
    Religiosos também já tinham comparecido ao local, aparentemente em vão, pois já havia cerca de uma semana, que o fogo aparecia de forma esporádica. Aliás, no vídeo de celular mostrado na reportagem, é possível ver uma espécie de "sessão de exorcismo" perante um amontoado de roupas pegando fogo, porém de forma bem localizada. De qualquer forma, o prejuízo, em uma casa tão humilde, era enorme.

    Célia Maria ainda disse que gostaria da presença de um especialista, visto que ela não podia deixar sua mãe sozinha. Aliás, ela mencionou que ninguém podia sair da casa, ressaltando mais uma vez que isso só acontecia, quando não havia ninguém no interior do imóvel.

    Religiosos também já tinham comparecido ao local, aparentemente em vão, pois já havia cerca de uma semana, que o fogo aparecia de forma esporádica. Aliás, no vídeo de celular mostrado na reportagem, é possível ver uma espécie de "sessão de exorcismo" perante um amontoado de roupas pegando fogo, porém de forma bem localizada.
    Célia Maria ainda disse que gostaria da presença de um especialista, visto que ela não podia deixar sua mãe sozinha. Aliás, ela mencionou que ninguém podia sair da casa, ressaltando mais uma vez que isso só acontecia, quando não havia ninguém no interior do imóvel.
    A visita da equipe da TV Serra Dourada durou aproximadamente uma hora, e nenhum fenômeno aconteceu no interior da propriedade (com a equipe registrando tudo, é claro). Enfim, a reportagem terminou com algumas imagens exibidas anteriormente, e com o apresentador Jordevá Rosa disponibilizando alguns números de telefone da emissora para aqueles que tivessem alguma explicação a fornecer sobre o estranho fenômeno ou pudesse ajudar a família de alguma forma. Desde então, a emissora não voltou mais a falar sobre o caso.

    A Origem da Reportagem Veiculada Pela TV Serra Dourada: A Divulgação Inicial do Caso Através das Redes Sociais e a Participação Ativa de uma Moradora Local


    Evidentemente, não deixaria vocês somente com a reportagem da TV Serra Dourada, razão pela qual fui atrás de maiores informações sobre o caso. Foi assim que descobri, que uma moradora local chamada Ana Paula, proprietária de um salão de beleza em Nazário, foi a principal responsável pela divulgação inicial do caso através das redes sociais, mais precisamente através de sua conta no Facebook. É importante ressaltar nesse ponto, que não importa o quão pequena seja uma cidade no Brasil ou no mundo, atualmente basta um celular na mão e uma conta em uma rede social para que um determinado vídeo tenha chance de viralizar, e ser visto por dezenas ou centenas de milhares de pessoas. Nada muito além disso.

    No dia 17 de janeiro, cerca de um dia antes da equipe da TV Serra Dourada aparecer no município de Nazário, Ana Paula fez uma transmissão ao vivo em sua conta no Facebook, diretamente da casa da Sra. Maria da Conceição, para falar sobre esse assunto. A moradora costumava fazer tais transmissões ao vivo periodicamente, geralmente de sua própria casa, para mostrar sua indignação com a administração pública e os problemas da cidade. Atualmente, ela vem chamando essas transmissões de "Jornal da Ana". Não irei divulgar quaisquer endereços virtuais (os famosos "links") para manter a privacidade da moradora.

    No dia 17 de janeiro, cerca de um dia antes da equipe da TV Serra Dourada aparecer no município de Nazário, Ana Paula fez uma transmissão ao vivo em sua conta no Facebook, diretamente da casa da Sra. Maria da Conceição, para falar sobre esse assunto
    No vídeo, Ana Paula mostra o estado do quarto da Sra. Maria da Conceição com as camas totalmente queimadas, e pede basicamente por ajuda, ou seja, se alguém soubesse o que estava acontecendo, que ajudasse a família, uma vez que eles estavam desesperados.

    A transmissão travava muito devido a qualidade da internet, mas naquele momento era possível notar que Ana Paula também queria buscar ajuda por parte da imprensa, ou melhor, de uma emissora de TV, visto que ela citou "ligar para a TV" durante a transmissão. Pouco mais de uma hora depois, a moradora publicou cerca de duas fotos e dois vídeos para mostrar a situação da casa.

    Pouco mais de uma hora depois, a moradora publicou cerca de duas fotos e dois vídeos para mostrar a situação da casa.
    Confira as fotos publicadas pela Ana Paula, logo abaixo:

    Foto publicada pela moradora Ana Paula mostrando uma espécie de toalha queimando em cima de uma das camas,
    no quarto da Sra. Maria da Conceição
    Foto publicada pela moradora Ana Paula mostrando um colchão parcialmente destruído pelas chamas
    Assim como os vídeos publicados por ela, em um canal de terceiros, no YouTube:





    A publicação das fotos e dos vídeos gerou uma grande discussão sobre o assunto. Um usuário chamado Cristovão alegou que tudo não passava de um caso de combustão espontânea, e que tudo se tratava de pura ciência. Ele disse que ninguém deveria guardar as roupas molhadas juntas, e que a água fazia com que os processos biológicos fossem possíveis, gerando muito calor que ficaria preso entre as vestes, aumentando cada vez mais a temperatura. Ele disse que todo local, que tinha pegado fogo, havia roupas ou toalhas molhadas.

    Posteriormente uma usuária chamada Camila, presumivelmente sobrinha da Sra. Maria da Conceição (uma vez que ela se refere a "casa de sua tia") disse que não havia nenhuma roupa ou toalha molhada, mas que tudo estaria seco. Aliás, um dado novo, é que os fenômenos também estariam acontecendo na casa vizinha, que seria do filho da Sra. Maria da Conceição.

    Um usuário chamado Cristovão alegou que tudo não passava de um caso de combustão espontânea, e que tudo se tratava de pura ciência. Ele disse que ninguém deveria guardar as roupas molhadas juntas, e que a água fazia com que os processos biológicos fossem possível, gerando muito calor que ficaria preso entre as vestes, aumentando cada vez mais a temperatura.
    Posteriormente uma usuária chamada Camila, presumivelmente sobrinha da Sra. Maria da Conceição disse que não havia nenhuma roupa ou toalha molhada, mas que tudo estaria seco. Aliás, um dado novo, é que os fenômenos também estavam acontecendo na casa vizinha, que seria do filho da Maria da Conceição.
    Cristovão não se deu por vencido e disse que isso também poderia acontecer com roupas secas, e que uma simples fagulha poderia incendiar tudo. E como ele sabia disso? Cristovão alegou ter sido testemunha de vários experimentos controlados em laboratório em sua antiga escola. Pouco tempo depois, Ana Paula apareceu para dizer que havia um vídeo de 5 minutos mostrando o fogo apagando lentamente, supostamente através de oração, porém, infelizmente, esse vídeo nunca foi publicado em sua conta no Facebook. Sinceramente, Cristovão bateu na trave em relação aos seus argumentos, algo que explicarei como isso funciona daqui a pouco, ou seja, na parte final desta matéria, juntamente com algumas hipóteses.

    Pouco tempo depois, Ana Paula apareceu para dizer que havia um vídeo de 5 minutos mostrando o fogo apagando lentamente, supostamente através de oração, porém, infelizmente, esse vídeo nunca foi publicado em sua conta no Facebook
    Ainda naquele mesmo dia, Ana Paula voltou a fazer uma transmissão ao vivo. Inicialmente, ela disse que, no dia seguinte (18) uma equipe da TV Serra Dourada iria fazer uma reportagem sobre a casa, que estava pegando fogo, e que a mesma seria exibida no "Jornal do Meio Dia". Ela alegou que esse teria sido o segundo caso registrado em Goiás, e que a TV iria tentar ajudar a família ao falar com um especialista para saber o que estava acontecendo (conforme sabemos, ninguém foi procurado pela equipe da TV Serra Dourada). Ela também pediu que as pessoas, que estavam lhe assistindo, comparecessem até a casa da Sra. Maria da Conceição, porque a "emissora queria saber o que a população de Nazário achava do caso" (ele repetiu isso várias vezes).

    A moradora também disse que havia ligado para um "médium", que lhe disse, que uma "força" no interior da casa estaria provocando os tais fenômenos, mas que ele precisava saber o nome de algum morador da casa (muito embora isso não tenha sentido lógico, aparentemente, esse médium também não apareceu). Ana Paula disse que possuía alguns amigos em emissoras de TV e jornais locais que, às vezes, com muito carinho, se dirigiam até Nazário para atender alguma solicitação dela. Aliás, Ana Paula disse ter uma opinião formada sobre o assunto e que, em sua visão, "era alguma coisa que ninguém sabia, um mistério que ninguém entendia".

    Cerca de uma hora depois, Ana Paula publicou mais um vídeo, com apenas 40 segundos, mostrando um amontoado de roupas pegando fogo em cima de uma máquina da lavar. Curiosamente, um religioso pede para que Deus apagasse o fogo, porém podemos notar que nada acontece. Confira o vídeo abaixo, que foi publicado em um canal de terceiros, no YouTube:



    No dia seguinte (19), Ana Paula publicou um vídeo, que consistia basicamente na gravação da reportagem da TV Serra Dourada em sua televisão, através do seu aparelho celular, para todos aqueles, que não tinham tido oportunidade de assistir ao vivo, pudessem efetivamente acompanhar o que foi divulgado.

    No dia seguinte (19), Ana Paula publicou um vídeo, que consistia basicamente na gravação da reportagem da TV Serra Dourada em sua televisão, através do seu aparelho celular, para todos aqueles, que não tinham tido oportunidade de assistir ao vivo
    Ainda naquele mesmo dia, Ana Paula atualizou seus seguidores sobre uma Bíblia tinha pegado fogo na residência da Sra. Maria da Conceição, e aproveitou para postar algumas fotos através dos comentários, algo que vocês podem conferir logo abaixo:

    Ainda naquele mesmo dia, Ana Paula atualizou seus seguidores de que uma bíblia tinha pegado fogo na residência da Sra. Maria da Conceição, e aproveitou para postar algumas fotos através dos comentários.
    Uma das fotos publicadas por Ana Paula em sua conta no Facebook
    Mais uma foto publicada por Ana Paula em sua conta no Facebook
    Não demorou muito tempo, e cerca de 18 minutos depois ela republicou as mesmas fotos. O motivo? Populares teriam visto alguns "rostos" na parte queimada da Bíblia. De forma bem simples, ela tentou circular as áreas onde esses rostos poderiam ser encontrados.

    Não demorou muito tempo, e cerca de 18 minutos depois ela republicou as mesmas fotos. O motivo? Populares teriam visto alguns "rostos" na parte queimada da bíblia
    De forma bem simples, ela tentou circular as áreas onde esses rostos poderiam ser encontrados.
    Ao ser indagada por um usuário chamado Josué, Ana Paula revelou sobre quais condições essa Bíblia tinha pegado fogo: com a casa fechada, ou seja, presumivelmente sem ninguém em seu interior, uma situação idêntica aos demais incidentes anteriores.

    Ao ser indagada por um usuário chamado Josué, Ana Paula revelou sobre quais condições essa Bíblia tinha pegado fogo: com a casa fechada, ou seja, presumivelmente sem ninguém em seu interior, uma situação idêntica aos demais incidentes anteriores.
    Porém, ignorando toda essa repetição de circunstâncias, Ana Paula pediu para que um conhecido seu, um pintor local, tentasse retratar os possíveis traços contidos naquela parte queimada da Bíblia. Confira logo abaixo a "interpretação" do tal pintor (irei comentar sobre toda essa parte daqui a pouco):

    Porém, ignorando toda essa repetição de circunstâncias, Ana Paula pediu para que um conhecido seu, um pintor local, tentasse retratar os possíveis traços contidos naquela parte queimada da Bíblia.
    A interpretação do tal "pintor", publicada por Ana Paula
    Posteriormente, Ana Paula voltaria a falar sobre esse assunto somente no dia 22 de janeiro. Primeiramente, ela agradeceu devido a quantidade de pessoas, que tinham assistido seu vídeo, que acabou gerando mais visualizações do que a reportagem publicada no próprio canal do "Jornal do Meio Dia", no YouTube. Nos comentários, no entanto, ela revelou, que "depois de muita oração" há dois dias nada acontecia na casa.

    Primeiramente, ela agradeceu devido a quantidade de pessoas, que tinham assistido seu vídeo, que acabou gerando mais visualizações do que a reportagem publicada no próprio canal do "Jornal do Meio Dia", no YouTube. Nos comentários, no entanto, ela revelou, que "depois de muita oração" há dois dias nada acontecia na casa.
    Desde então, Ana Paula não voltou a comentar sobre a situação na casa da Sra. Maria da Conceição. Enfim, será que estamos ou estávamos mesmo diante de um caso inexplicável, de cunho sobrenatural ou um mistério de outro mundo? Muito provavelmente não, sendo que é justamente isso que vocês conferem a seguir.

    Uma Dose de Realidade Sobre os Incidentes Ocorridos na Residência da Sra. Maria da Conceição em Nazário/GO


    Agora que vocês possuem informações fornecidas por uma emissora de TV, e de uma moradora que participou ativamente de todo esse processo de divulgação através do Facebook, vocês têm uma base sólida, que aponta para diversos detalhes muito importantes. São justamente esses detalhes, que nos permitem sugerir algumas hipóteses com certo grau de confiabilidade. Muitas pessoas, nesse ponto, deixariam ao critério de vocês o julgamento sobre em que acreditar, mas considero essa a pior e mais torpe forma de lidar com qualquer tipo de situação, seja supostamente de cunho sobrenatural ou não, ainda mais envolvendo o sofrimento de uma senhora de idade, que perdeu muitos de seus bens que, com certeza, foram conseguidos através de muito trabalho e suor.

    Primeiramente, é possível notar de maneira bem clara, através de inúmeras declarações, que os focos surgem apenas quando não há ninguém no interior da casa. Aliás, nenhuma pessoa, em nenhum momento, conseguiu presenciar o momento que o fogo surge. Assim sendo, poderíamos imaginar, que alguém de fora estaria intencionalmente incendiando os objetos. Bastaria um pouco de álcool ou fluído de isqueiro, e um mero palito de fósforo para que o fogo começasse de forma localizada. O caso de Ronda Alta também tinha essa característica, e sabemos que o pré-laudo havia apontado para a utilização de fósforo ou isqueiro, ou seja, uma ação intencional e perfeitamente humana. Bastaria a instalação de câmeras de segurança como forma de tentar solucionar o mistério, mas estamos falando de uma família humilde, que provavelmente não teria acesso a esse tipo de recurso. Por outro lado, ninguém acionou a Polícia Civil, que, talvez, remotamente dizendo, mas ainda de forma esperançosa, pudesse realizar uma investigação, e verificar se havia algum agente humano e externo provocando os tais incêndios. Enfim, não há como saber, porque nada foi investigado de forma séria.

    Ao olhar a localização da casa da Sra. Maria da Conceição no "Google Maps" / "Google Street View", e considerando as rápidas imagens feitas pela equipe da TV Serra Dourada do local, é possível notar que existe uma espécie de terreno baldio, com mato alto, bem próximo de sua casa, além de locais com mato muito alto nos fundos do imóvel. Locais de acesso relativamente fácil, se alguém planejasse entrar, provocar um incêndio e escapar. Além disso, não sabemos se existe alguma inimizade com alguém da cidade ou na vizinhança, uma vez que as pessoas que apareceram na reportagem da TV Serra Dourada (cerca de uma dúzia de pessoas perante uma população de mais de 8 mil pessoas), sequer eram exatamente vizinhos, mas moradores convocados por Ana Paula. Aliás, a TV Serra Dourada sequer procurou algum especialista, e aparentemente estava mais interessada em evidencias anedóticas, assim como a opinião leiga de senhoras de idade, do que qualquer outra coisa.

    Ao olhar a localização da casa da Sra. Maria da Conceição no "Google Maps" / "Google Street View", e considerando as rápidas imagens feitas pela equipe da TV Serra Dourada do local, é possível notar que existe uma espécie de terreno baldio, com mato alto, bem próximo de sua casa...
    ...além de locais com mato muito alto nos fundos do imóvel. Locais de acesso relativamente fácil, se alguém planejasse entrar, provocar um incêndio e escapar.
    Entretanto, vocês repararam, que no caso de Nazário o fogo sempre surgiu em tecidos? Em diversas ocasiões foram mostradas roupas, lençóis, tapetes, entre outros materiais nesse sentido. Nesse ponto, muitos podem citar o caso do colchão, do tanquinho, do fogão, do guarda-roupa, das bonecas e da Bíblia, mas todos são bem fáceis de explicar. Em relação ao colchão é possível notar em uma das fotos, que o fogo começou em uma toalha estendida sobre a cama, consequentemente atingindo o colchão logo abaixo e as camas. No caso do tanquinho, podemos ver que a tampa foi o principal elemento atingido pelo fogo, denotando que algo estava em cima da mesma. No vídeo de um suposto "ritual de exorcismo" realizado por um religioso local, podemos ver um amontoado de roupas em cima da tampa de uma máquina da lavar, ou seja, isso é uma prática comum da família. 

    O fogão queimado é ainda mais simples de explicar, porque ele ficava justamente ao lado do tanquinho, naquela "casinha" citada pela Sra. Maria da Conceição, provavelmente com mais roupas em cima do mesmo, visto que o fogão não é utilizado pela família e, para completar, somente a parte superior do mesmo foi queimada. Não há nenhuma relação com eletricidade, conforme anteriormente mencionado. O guarda-roupa nem é preciso dizer muita coisa, visto que, muito provavelmente, começou a partir de alguma roupa guardada em seu interior. As bonecas e a Bíblia são os objetos que destoam dos demais, mas podemos deduzir que, possivelmente, estavam próximos de roupas ou tecidos, assim como os demais casos.

    Entretanto, vocês repararam, que no caso de Nazário o fogo sempre surgiu em tecidos? Em diversas ocasiões foram mostradas roupas, lençóis, tapetes, entre outros materiais nesse sentido.
    No caso do tanquinho, podemos ver que a tampa foi o principal elemento atingido pelo fogo, denotando que algo estava em cima da mesma. No vídeo de um suposto "ritual de exorcismo" realizado por um religioso local, podemos ver um amontado de roupas em cima da tampa de uma máquina da lavar, ou seja, isso é uma prática comum da família. 
    Isso denota que havia alguma coisa de errada com as roupas. Nesse ponto, seria necessária uma análise da água utilizada pela Sra. Maria da Conceição para saber se não havia algum agente contaminante e potencialmente inflamável na água, além de uma perícia nas roupas que pegaram fogo para saber os elementos químicos presentes nas peças. Mais uma vez, nada disso foi feito. Aliás, muitos podem pensar que, se fosse algo na água, mais moradores seriam afetados. Porém, ao verificarmos a história descobrimos que o problema estava também estava acontecendo na casa ao lado, a do filho da Sra. Maria da Conceição. Precisamos lembrar, que Nazário tem apenas 5,5% das casas com esgotamento sanitário adequado, e não sabemos as condições da água utilizada na casa.

    Agora, vem a parte mais interessante. Segundo Ana Paula, os incêndios teriam parado de acontecer após muita oração, e não temos mais informações sobre o assunto desde então. Isso quer dizer que as orações realmente tiveram alguma influência? Não necessariamente, porque provavelmente boa parte das roupas da família foi queimada, e não havia mais máquina para poder lavar as roupas. Contudo, podemos imaginar que as roupas seriam lavadas manualmente, e nada teria acontecido desde então.

    Isso denota que havia alguma coisa de errada com as roupas. Nesse ponto, seria necessária uma análise da água utilizada pela Sra. Maria da Conceição para saber se não havia algum agente contaminante e potencialmente inflamável na água, além de uma perícia nas roupas que pegaram fogo para saber os elementos químicos presentes nas peças.
    Nesse ponto entra uma explicação que poucos conhecem: a combustão espontânea de tecidos. Para vocês entenderem como isso funciona, é necessário contar uma pequena história. Por volta das 3h da manhã, do dia 11 de maio do ano passado, o Corpo de Bombeiros e Serviço de Resgate de Devon& Somerset atendeu a um chamado devido ao disparo de alarmes de incêndio no Estádio Sandy Park, a casa de um time de rugby chamado Exeter Chiefs, na cidade de Exeter, no condado de Devon, na Inglaterra.

    Quatro equipes atenderam a esse chamado e rapidamente controlaram o incêndio na cozinha do piso térreo do estádio, que por sua vez danificou uma área de "apenas" 20 x 250m. Apesar dos prejuízos, não houve nenhum ferido e presidente-executivo do Clube de Rugby de Exeter disse que o estádio manteria os eventos previamente agendados.

    Por volta das 3h da manhã, do dia 11 de maio do ano passado, o Corpo de Bombeiros e Serviço de Resgate de Devon& Somerset atendeu a um chamado devido ao disparo de alarmes de incêndio no Estádio Sandy Park, a casa de um time de rugby chamado Exeter Chiefs, na cidade de Exeter, no condado de Devon, na Inglaterra.
    Quatro equipes atenderam a esse chamado e rapidamente controlaram o incêndio na cozinha do piso térreo do estádio, que por sua vez danificou uma área de "apenas" 20 x 250m. Apesar dos prejuízos, não houve nenhum ferido e presidente-executivo do Clube de Rugby de Exeter disse que o estádio manteria os eventos previamente agendados.
    Cerca de oito dias depois, no dia 19 de maio, o site de notícias DevonLive.com - que foi um dos primeiros a divulgar esse incidente - publicou o que poderia ter sido a causa do incêndio: uma mera toalha de chá (uma espécie de pequena tolha central de mesa). Estranho, não é mesmo? Porém, fiquem calmos, porque tem explicação. Segundo os bombeiros, a combustão espontânea poderia ocorrer, quando resíduos de óleo orgânico permanecem no material após a lavagem (por serem mal lavados, por exemplo), principalmente se eles forem dobrados, empilhados e guardados ainda quentes após a secagem.

    Segundo Gareth Sydenham, oficial do Corpo de Bombeiros e Serviço de Resgate de Devon& Somerset, isso podia soar como se fosse um estranho fenômeno, mas era mais comum do que as pessoas pensavam. Ele disse que materiais contendo algodão podem ser frequentemente contaminados com óleos de cozinha orgânicos, que podem se autoinflamar ao secarem e serem rapidamente armazenados. Assim sendo, resíduos de gordura ou óleo - particularmente de gorduras vegetais e animais - ainda presentes no tecido podem iniciar um incêndio.

    Segundo Gareth Sydenham, oficial do Corpo de Bombeiros e Serviço de Resgate de Devon& Somerset, isso podia soar como se fosse um estranho fenômeno, mas era mais comum do que as pessoas pensavam. Ele disse que materiais contendo algodão podem ser frequentemente contaminados com óleos de cozinha orgânicos, que podem se autoinflamar ao secarem e serem rapidamente armazenados.
    Ainda segundo Gareth, o problema surgia quando o ciclo de lavagem não estava suficientemente quente para remover os resíduos. Então, quando a roupa é aquecida em uma secadora (ou debaixo de um sol muito forte), por exemplo, a mesma pode inflamar espontaneamente após um certo tempo após o processo de secagem ter terminado. Ele recomendou que as pessoas lavassem adequadamente as roupas, na temperatura correta, e com o detergente adequado para remover tais resíduos. Ele também recomendou que as pessoas esperassem as roupas esfriarem antes dobrá-las, e que guardassem em um local ventilado. Resumindo? Toalhas, roupas ou lençóis podem se inflamar sozinhas, ainda mais se estiverem amontoadas, ou seja, de forma semelhante ao que foi mostrado na casa da Sra. Maria da Conceição. Evidentemente, não posso afirmar que foi isso o que aconteceu, porque, novamente, seria necessária uma perícia e uma análise técnica da água e das roupas, algo que provavelmente nunca haverá.

    Aliás, querem um exemplo prático de como um incêndio pode acontecer de forma bem simples e rápida? Confira o vídeo abaixo, que foi publicado em um canal de terceiros, no YouTube:



    Em relação a Bíblia e os supostos rostos contidos na parte queimada da mesma, acredito que vocês já sabem do que muito provavelmente se trata: da velha e famosa pareidolia, um fenômeno psicológico que envolve um estímulo vago e aleatório, geralmente uma imagem ou som, sendo percebido como algo distinto e com significado. A pareidolia, muitas vezes, é algo bem particular. Por exemplo, a moradora Ana Paula identificou, com a ajuda de outras pessoas, cerca de dois rostos, mas ela não conseguiu ver, por exemplo, o que "parece ser uma espécie de olho da parte superior esquerda da foto", que tirou com seu celular (continua sendo pareidolia).

    A pareidolia, muitas vezes, é algo bem particular. Por exemplo, a moradora Ana Paula identificou com a ajuda de outras pessoas, cerca de dois rostos, mas ela não conseguiu ver, por exemplo, o que parece ser uma espécie de olho da parte superior esquerda da foto que tirou com seu celular.
    O caso do pintor é ainda mais sensacional, porque considerando seus possíveis dons artísticos, ele interpretou livremente o que considerou ser formas de animais ou monstros, assim como uma criança de 10 anos ou um senhor de 90 anos faria ao olhar para o céu ao ver nuvens no formato de bichinhos, anjos ou demônios. Resumindo? Muito provavelmente tão somente pareidolia, nada de sobrenatural.

    No entanto, caso alguém prefira ignorar todos esses elementos e detalhes, e ainda assim acreditar que aconteceu algo de verdadeiramente sobrenatural ou paranormal na casa da Sra. Maria da Conceição seria necessário considerar alguns pequenos detalhes: O Diabo ou uma poderosa entidade demoníaca tinha um verdadeiro fetiche por roupas, e não se importava com televisores, geladeiras ou estantes; a entidade demoníaca era tímida, e só colocava fogo nas roupas quando ninguém estava vendo e, para completar, a entidade demoníaca pouco se importava com exorcismos, visto que o fogo continuou mesmo quando foi solicitado a Deus que fosse embora. Complicado, não é mesmo?

    Algumas pessoas também podem associar o caso ao fenômeno conhecido por "Poltergeist". Para quem não conhece, saiba que os eventos "poltergeist" (do alemão "poltern", que significa fazer barulho, e "geist", que significa espírito) começaram a ser assim chamados sistematicamente por Martinho Lutero (1483-1546) durante a Reforma Protestante para designar determinados eventos que, segundo se acreditava religiosa e popularmente, seriam provocados por espíritos desencarnados ou até mesmo por demônios. Esses eventos consistiriam em ocorrências físicas extra-motoras, ou seja, sem que à primeira vista fosse identificada alguma causa natural ou conhecida para que esses eventos acontecessem, tais como: a movimentação e/ou ruptura "espontânea" de objetos, chuva de pedras ou tijolos sobre uma casa ou em um determinado ambiente fechado, o aparecimento espontâneo de água ou fogo, o aparecimento de fezes em alimentos, correntes de ar, e o acender e apagar de luzes, tudo isso de forma misteriosa aos olhos das pessoas que observam essas ocorrências. Para vocês terem uma ideia, até o século XVIII, acreditava-se que os chamados eventos "poltergeist" fossem provocados por entes espirituais, fadas, bruxas e até mesmo pelo Diabo. No entanto, devido à forte influência da Igreja Católica, a grande preocupação social no Ocidente quase sempre foi o combate à bruxaria, à possessão diabólica e ao envolvimento com espíritos. Dessa forma, pouca importância se dava às ocorrências físicas propriamente ditas, enfatizando-se primordialmente a discussão de questões religiosas.

    Algumas pessoas também podem associar o caso ao fenômeno conhecido por "Poltergeist"
    É interessante ressaltar também, que há uma "crença" difundida de que, em geral, os "agentes poltergeist" são do sexo feminino, mas isso não é necessariamente uma verdade absoluta. William G. Roll, um prominente psicólogo e parapsicológo norte-americano responsável por mais de 100 "artigos científicos", e que cunhou o termo "RSPK" (sigla para "Psicocinese Espontânea Recorrente", em português) na década de 1950, verificou através de um levantamento de dados publicado em 1977, que a porcentagem de supostos agentes do sexo masculino e do sexo feminino era equilibrada, apresentando uma leve tendência, sem importância estatística, para a incidência de agentes do sexo feminino (muito embora há quem diga que os casos sempre estão relacionados a adolescentes do sexo feminino). É importante notar que o termo "RSPK" nunca foi aceito pela ciência, embora William Roll fosse respeitado por muitos céticos.

    Seria muito prematuro apontar para um fenômeno "poltergeist", porque alega-se que tais fenômenos ocorreriam somente, quando existe a presença de uma menina (ou o menino) entrando na fase da puberdade. Sabemos que no local mora a neta da Sra. Maria da Conceição, porém não sabemos sua idade, e poderíamos apenas especular nesse sentido. Enfim, de qualquer forma as hipóteses paranormais ou sobrenaturais, ao menos nesse caso, são visivelmente menos plausíveis do que as inúmeras hipóteses citadas anteriormente. Seria necessário descartar todas as possibilidades mencionadas para começar uma investigação de cunho paranormal, por assim dizer. Evidentemente, qualquer pessoa está livre para acreditar que há ou havia algo maligno no interior da casa da Sra. Maria da Conceição, mas ignorar todos os outros detalhes, em nome tão somente de uma crença, não resolve absolutamente nada.

    Além disso, em nenhum momento foi sugerida uma campanha de arredação de roupas, eletrodomésticos e até mesmo brinquedos para a neta daquela senhora. Isso que nem vou citar a reportagem da TV Serra Dourada, que não se preocupou em efetivamente buscar respostas para o caso, delegando a boa vontade de pessoas para ligarem ou mandarem mensagem por aplicativo. Apesar da possibilidade das roupas queimarem novamente (caso o problema estivesse na água ou na combustão espontânea, devido a lavagem inadequada e o subsequente armazenamento ainda quente das peças), essa, sem dúvida alguma, seria a melhor forma de ajudar alguém. Muito melhor do que procurar por desenhos demoníacos em uma Bíblia chamuscada.

    Até a próxima, AssombradOs.

    Criação/Adaptação: Marco Faustino

    Fontes:
    http://www.cidadesdoentorno.com/jmd-190118-misterio-de-uma-casa-que-pega-fogo-em-nazario/
    http://www.devonlive.com/four-crews-sent-to-fire-at-exeter-chief-s-stadium-sandy-park/story-30326127-detail/story.html
    http://www.devonlive.com/spontaneously-combusting-tea-towel-caused-fire-at-exeter-chiefs-stadium/story-30342124-detail/story.html
    https://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?codmun=521440
    https://www.youtube.com/watch?v=Mus_Xyg40k4

    O Horripilante Caso do Profanador de Túmulos que se Alimentava de Restos Mortais Humanos em Moçambique, na África!

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    Por Marco Faustino

    Faz muito tempo que não abordo algum caso, que gere muito impacto, por assim dizer. Porém, isso não significa, em hipótese alguma, que casos considerados horripilantes não aconteçam ao redor do mundo. Em junho do ano passado, por exemplo, fui responsável por uma matéria sobre uma suposta criatura misteriosa, que teria emboscado e dizimado um pelotão soviético inteiro em uma região florestal da Finlândia durante a famigerada Segunda Guerra Mundial. O tema havia sido sugerido por um usuário no Facebook, muito provavelmente motivado por um determinado vídeo, de um canal brasileiro no YouTube, que apesar do mesmo não afirmar a existência dessa criatura, e nem mesmo apresentar detalhes ou documentos históricos de que algo realmente de misterioso e macabro tivesse ocorrido, apresentava uma única foto, em um determinado momento do vídeo, alegando que a mesma estaria mostrando a "pele de um soldado russo" esticada e pendurada em uma árvore. Essa única foto seria uma clara demonstração, que algo muito misterioso e sombrio teria acontecido e, quiçá, tivesse sido mesmo um monstro, que se espreitava nas florestas da Finlândia. Evidentemente, fui atrás de maiores informações, e descobri que toda a história sobre uma suposta criatura não passava de uma mera creepypasta, cujo texto nem mesmo era original, mas uma simplória tradução para o nosso idioma. Apesar da história ter sido inventada, ou seja, ser completamente mentirosa, a foto era autêntica, o que me levou a uma longa investigação. Para essa investigação resolvi pedir ajuda de Janne Ahlberg, responsável pelo site HoaxEye que, além de trabalhar para mostrar a realidade por trás de muitas fotos antigas, e muitas vezes propagadas pela internet como se fossem da chamada "Deep Web", é um finlandês nascido e criado na Finlândia. Vale muito a pena ler a matéria, e conferir todo o processo investigativo (leia mais: Uma Criatura Misteriosa Teria Emboscado e Dizimado um Pelotão Soviético Inteiro em uma Região Florestal, na Finlândia?).

    Agora, eis que me deparo com um triste caso, que sinceramente gostaria que fosse mentira. Um homem foi preso pela Polícia da República de Moçambique (uma força paramilitar integrada ao Ministério do Interior de Moçambique) sob a acusação de profanação de túmulos e canibalismo. Vocês não leram errado. O homem simplesmente desenterrava corpos recém-enterrados, cozinhava os mesmos e se alimentava da carne humana. O mais triste e macabro disso tudo é que a maioria dos corpos era de crianças menores de 5 anos de idade. Alguns veículos de imprensa alegaram que o homem sofria de transtornos mentais devido ao consumo de soruma (o nome popular da cannabis sativa em Moçambique, algo que conhecemos em nosso país como maconha). Uma vez que essa droga, ao menos até onde a ciência sabe, não desperta esse tipo de comportamento, resolvi ir atrás de maiores informações. Vamos saber mais sobre esse assunto?

    Entenda Como Tudo Começou: A Prisão de um Coveiro do Cemitério de Chimadzi, nos Arredores da Cidade de Tete, e a Denúncia de uma Situação Alarmante


    No dia 17 de janeiro deste ano, o site "MNO" (Moçambique Notícias Online) republicou um texto do jornal "Diário de Moçambique", onde informava que pessoas, até então desconhecidas das autoridades policiais, tinham vandalizado campas (túmulos), e retirado nove corpos de crianças e de um adulto, no Cemitério Tradicional de Chimadzi, nos arredores da cidade de Tete. A situação havia sido descoberta no sábado anterior (13) pela família de um dos menores sepultado na sexta-feira (12), quando os familiares pretendiam fazer a limpeza e a posterior rega das flores.



    Visão aérea de uma parte da cidade de Tete, em Moçambique, em 2011.
    Na foto também podem ver o rio Zambezi, o quarto mais extenso da Àfrica.
    Foto do pequeno aeroporto de Tete, em Moçambique
    Imediatamente, o caso foi comunicado à Polícia da República de Moçambique (PRM), mais precisamente à 1ª Esquadra, sendo que polícia acabou prendendo preventivamente um dos coveiros chamado João Tenguene Buino, de 47 anos. Na época, Lurdes Ferreira, porta-voz da PRM, garantiu que a polícia iria se pronunciar sobre o caso, em "tempo oportuno". A situação estava causando muita indignação na população local, uma vez que o caos havia atingindo níveis alarmantes ao ponto de serem vandalizados dez túmulos, cujos corpos também desapareceram, em tão pouco tempo.

    Francisco Gerente Saguate, secretário (algo equivalente a um líder comunitário) do bairro Mateus Sansão Mutemba, onde está inserida a unidade comunal de Chimadzi, pediu para que as pessoas envolvidas naquele horrendo ato fossem punidas severamente, de modo a desencorajar outras pessoas que tivessem essa mesma intenção. Ele também disse, que não sabia como os vândalos tinham coragem de fazer aquilo com os entes queridos dos moradores do bairro. Ainda segundo Francisco, os coveiros tinham uma parcela de culpa na vandalização dos túmulos, e na posterior exumação dos corpos, devido ao objetivo de extrair órgãos humanos para "tratamentos" por parte de curandeiros - os principais promotores do caos -, porque eles faziam promessas aos cidadãos, que lhes pediam ajuda para enriquecer rapidamente.

    Confira também uma reportagem realizada por uma emissora de TV local, a TVM (Televisão de Moçambique) sobre esse caso, que foi publicada em um canal de terceiros, no YouTube (em português moçambicano, mas dá para entender perfeitamente):



    A reportagem basicamente mencionou, que túmulos de crianças, todas menores de 5 anos de idade, tinham sido profanados e os corpos simplesmente tinham desaparecido. Um ponto interessante a ser mencionado é que a polícia havia levado o coveiro para a delegacia, porque ele estava ameaçado de ser linchado, o que é uma prática muito comum em Moçambique, de um modo geral, ou seja, a população está habituada a fazer justiça com as próprias mãos. Se vocês procurarem por "linchamento Moçambique", no Google, poderão ter uma noção de como essa prática é endêmica. Em sua defesa, o coveiro disse que não havia percebido nada de errado, e que não sabia de nada.
    Um ponto interessante a ser mencionado é que a polícia havia levado o coveiro para a delegacia, porque ele estava ameaçado de ser linchado, o que é uma prática muito comum em Moçambique, de um modo geral, ou seja, a população está habituada a fazer justiça com as próprias mãos.
    Em sua defesa, o coveiro João Tenguene Buino disse que não havia percebido nada de errado,
    e que não sabia de nada.
    Na reportagem também é relatado o caso de um morador local chamado Juvêncio Faustino, que tinha perdido os filhos gêmeos recém-nascidos há quatro dias, sendo que os corpos dos mesmos também tinha sido roubados. Juvêncio estava completamente desesperado, e disse que os vândalos tinham roubado apenas os corpos recém-enterrados. Um outro morador tinha enterrado a sobrinha de apenas 2 anos na quinta-feira (11), sendo que o corpo da mesma foi roubado no dia seguinte.

    Na reportagem também é relatado o caso de um morador local chamado Juvêncio Faustino, que tinha perdido os filhos gêmeos recém-nascidos há quatro dias, sendo que os corpos dos mesmos também tinha sido roubados. Juvêncio estava completamente desesperado, e disse que os vândalos tinham roubado apenas os corpos recém-enterrados.
    Um outro morador tinha enterrado a sobrinha de apenas 2 anos na quinta-feira (11),
    sendo que o corpo da mesma foi roubado no dia seguinte.
    Luís Machaia, secretário da unidade comunal de Chimadzi, que confirmou o caso, explicou que as pessoas, quando confrontadas com a situação, expressaram muita tristeza e ao mesmo tempo indignação.

    "Os túmulos foram vandalizados para a retirada dos corpos. Ainda não descobrimos quem fez isso, mas uma família denunciou a situação para a polícia, que prendeu um dos coveiros. Ele é mais conhecido por João. Os coveiros é que facilitam a vandalização dos túmulos, porque conhecem os corpos que acabaram de ser sepultados, e o tipo de pessoa que foi enterrada. Assim sendo, a PRM o levou para fins de investigação", disse Luís Machaia.

    Machaia disse que os familiares da criança, cujo corpo desapareceu na noite de sexta-feira, estavam visivelmente chocados pela situação, e decidiram queimar, no sábado, o caixão que foi abandonado bem na entrada do cemitério, visto que eles tentaram procurar os restos mortais no local, porém sem sucesso.

    A situação estava causando muita indignação na população local, uma vez que o caos havia atingindo níveis alarmantes ao ponto de serem vandalizados dez túmulos, cujos corpos também desapareceram, em tão pouco tempo.
    "Este é o primeiro caso em que vândalos retiram os corpos de tantas pessoas ao mesmo tempo. Isso nunca aconteceu antes em nosso cemitério. Normalmente, acontece um ou outro caso. Por exemplo, no ano passado, um túmulo de um albino foi violado para a extração dos ossos", continuou.

    "Não registramos os nomes das famílias, que perderam os corpos de seus parentes. Isso será feito posteriormente, porque neste momento estamos interessados em descobrir quem são as pessoas que vandalizaram os túmulos", completou.

    Machaia disse que os familiares da criança, cujo corpo desapareceu na noite de sexta-feira, estavam visivelmente chocados pela situação, e decidiram queimar, no sábado, o caixão que foi abandonado bem na entrada do cemitério, visto que eles tentaram procurar os restos mortais no local, porém sem sucesso.
    Segundo o texto, a província de Tete havia sido "fustigada" no ano de 2016  por uma onda de sequestros e assassinatos de pessoas com problema de pigmentação da pele, conhecidas por albinos, sendo que os casos ocorreram nos distritos de Cahora Bassa, Marara, Changara, Angónia e Moatize. Na cidade de Tete também foi registrado um caso referente a exumação do corpo de um albino adulto. Ainda em 2016, nove pessoas, incluindo alguns funcionários públicos foram encontrados na posse de ossos humanos de um albino, que foram retirados de um dos cemitérios do distrito de Chemba, na província de Sofala. Seis dos envolvidos acabaram sendo presos, e estão atualmente cumprindo pena.

    Ainda segundo o texto, os corpos humanos costumavam ser exumados para a extração de órgãos genitais, olhos, dentes, cabelos, unhas, nariz e ossos, que são entregues aos curandeiros, que os recomendam para a realização de "tratamentos" a quem deseja enriquecer rapidamente, uma situação que ocorre com muita frequência em Tete, uma província com quase 3 milhões de habitantes, tida como supersticiosa. Um tanto quanto apavorante, não é mesmo? De qualquer forma, não demorou para que a polícia encontrasse os corpos das crianças, cujo desfecho é ainda mais macabro.

    A Polícia é Chamada Para Prender um Profanador de Túmulos, que se Alimentava dos Restos Mortais das Crianças, que Tinham Sido Enterradas no Cemitério de Chimadzi!


    No dia 22 de janeiro, por volta das 18h, a PRM foi chamada para atender uma ocorrência em Chimadzi. Um morador chamado Rui Foia, 36 anos, simplesmente possuía pedaços de corpos de crianças dentro de panela no fogão de sua casa. Sim, exatamente isso que vocês leram, e essa ainda não é a parte mais sinistra desta história. Isso porque a cunhada e vizinha de Rui tinha sido convidada pelo mesmo para jantar, porém quando lhe foi servida uma tigela, logo percebeu que havia uma mão e uma costela de uma criança. Extremamente assustada, ela correu, alertou as pessoas mais próximas e, em seguida, avisou a Luís Machaia, secretário da unidade comunal de Chimadzi, que imediatamente notificou a polícia.

    Não demorou muito tempo para que a casa de Rui Foia fosse tomada por populares, curiosos e até mesmo familiares das pessoas, que tiveram os túmulos de seus entes queridos profanados. Rui Foia mantinha fotos de adultos e crianças, quando ainda estavam vivas, além das roupas com que os corpos tinham sido enterrados. A população queria, para variar, linchá-lo, mas a polícia chegou a tempo de impedir que a população fizesse justiça com as próprias mãos. A porta-voz do Comando Provincial da PRM, em Tete, Lurdes Ferreira, disse que, tanto o coveiro João quanto Rui, permanecerão detidos até ao fim das averiguações.

    Confira também uma reportagem realizada pela TVM, que foi publicada em um canal de terceiros, no YouTube (em português moçambicano, mas dá para entender boa parte da reportagem):



    Na reportagem é basicamente mencionado o que já sabemos sobre o caso. Rui Foia profanava túmulos, e levava os corpos para sua casa, para cozinhá-los e posteriormente consumi-los. Praticamente todas as partes eram aproveitadas (membros inferiores e superiores), além de alguns órgãos internos. Aliás, um dos momentos mais tristes foi o depoimento de um pai de família, que identificou a foto do seu filho na casa de Rui Foia.

    Um morador chamado Rui Foia, 36 anos,
    simplesmente possuía pedaços de corpos de crianças dentro de panela no fogão de sua casa
    Rui Foia mantinha fotos de adultos e crianças, quando ainda estavam vivas...
    ...além das roupas que os corpos eram enterrados
    Praticamente todas as partes eram aproveitadas (membros inferiores e superiores), além de alguns órgãos internos. Aliás, um dos momentos mais tristes foi o depoimento de um pai de família, que identificou a foto do seu filho na casa de Rui Foia.
    Uma moradora chegou a dizer que Rui, ao ser cercado pelos moradores locais, alegou ser "maluco", algo que, aparentemente, essa moradora não concordava nem um pouco. Além disso, ela disse que Rui não deveria ficar tão somente preso, mas que deveria ser morto. Ao final, foi mencionado que ao menos três famílias tinham identificado peças de vestuário dos seus entes queridos já falecidos.

    A agência de notícias portuguesa "Lusa" divulgou que a polícia tinha dúvidas sobre o estado de saúde mental do homem, e que iria solicitar exames. Por outro lado, a população ouvida pela polícia acreditava que as práticas podiam estar ligadas a crenças sobrenaturais, que são comuns no interior do país. Já o jornal "O País" mencionou que, de acordo com os depoimentos de alguns moradores de Chimadzi, Rui Foia, que morava sozinho, sofria de problemas mentais, que teriam sido causados pelo consumo excessivo de soruma (a famosa "maconha"). O secretário da unidade comunal de Chimadzi manifestou preocupação, e pediu à polícia para que trabalhasse de modo que essa situação não voltasse a acontecer naquele cemitério. O serviço de radiodifusão internacional chamado "Voa Portugal" citou o sociólogo Boaventura Bosco, que ligou o caso do canibalismo com a desestruturação do tecido da sociedade, além da tendência do obscurantismo. O veículo também disse que o caso havia reacendido o debate sobre o obscurantismo em Moçambique.

    Esse Não Foi um Caso Isolado em Moçambique: Um Assunto Para os Meus Comentários Finais


    Conforme foi mencionado anteriormente, a profanação de túmulos e a utilização de algumas partes de corpos de seres humanos, principalmente de crianças, por parte de "curandeiros"é uma prática antiga e comum em Moçambique. Se vocês fizerem uma rápida pesquisa poderão encontrar alguns casos mais emblemáticos, e que acabaram sendo divulgados internacionalmente. Em meados de agosto de 2006, por exemplo, a polícia de Moçambique prendeu um casal no distrito de Vanduzi, na província de Manica, após o mesmo ter confessado o consumo de carne humana e pó de ossos humanos, sendo que eles também estavam em poder de órgãos humanos. Na confissão, o casal teria dito que comer carne humana aumentava o poder deles de curar as pessoas. O marido, Neva Mafunga, de 50 anos, teria contado à polícia que vinha comendo carne humana há 20 anos, enquanto sua esposa, Nhanvura Faera, de 34 anos, teria dito que começou a prática de canibalismo por ordem do marido. O casal também foi indiciado pela violação de túmulos e o desaparecimento de dez corpos de crianças. Curiosamente, algumas fontes mencionaram, que o casal seguia essa prática por indicação de "médicos tradicionais" como forma de se defenderem de eventuais problemas mentais, que poderiam levá-los à demência. No fim do mês de agosto, mais três mulheres foram presas na cidade de Gorongosa, província de Sofala, na região central de Moçambique, acusadas de consumir carne humana. O então chefe das operações da Polícia de Gorongosa, Francisco Alexandre, disse que todas as mulheres ligaram suas atividades as práticas tradicionais e de curandeirismo.

    Pouco tempo depois, em setembro daquele mesmo ano, um homem apelidado de Jemusse, de 33 anos, confessou a exumação e o consumo de cadáveres misturados com medicamentos tradicionais, desde 1996, motivado por fins supersticiosos. O homem era suspeito de roubar três cadáveres, incluindo o de sua própria irmã, no Cemitério de Matequenha, em Chimoio, capital da província de Manica. Seu último roubo teria sido o corpo de uma criança de três anos, do qual apenas sobraram apenas a cabeça, as mãos e os órgãos genitais. A roupa retirada dos cadáveres exumados era vendida no mercado de Vanduzi. Pelo menos quatro famílias de Chimoio reconheceram parte dos restos mortais e roupas encontradas na residência do suspeito. Aliás, Jemusse foi preso após um familiar de um dos falecidos ter visto o suspeito usando as mesmas roupas (camisa e calça), que o cadáver havia sido enterrado. Em declarações à Lusa, em Chimoio, um familiar de Jemusse disse que desconhecia as atividades necrófagas do seu parente. Enfim, conforme vocês podem notar, isso é algo recorrente e bem comum em Moçambique. Isso que estamos falando de corpos de seres humanos sem vida, porque muitas vezes, especialmente no caso de albinos, os mesmos são mutilados na calada da noite e têm seus membros superiores ou inferiores arrancados a base da machete, algumas vezes com lâminas cegas. Tudo isso em nome de dinheiro, poder e diversos "tratamentos" proporcionados por "curandeiros" ou "médicos tradicionais". Não, essas pessoas não são curandeiros ou médicos tradicionais, elas são monstros. Uma corja de monstros canalhas da pior espécie.

    A razão pela qual a população tenta ou efetivamente lincha tais monstros não é difícil de ser entendida. Em janeiro deste ano, a organização "Human Rights Watch" lamentou que governo moçambicano não tenha conseguido levar a julgamento quaisquer responsáveis pelos "graves abusos" cometidos pelas forças de segurança e da oposição em 2015 e 2016. Crimes cometidos contra jornalistas também costumam ficar impunes. Além disso, a PRM não é vista com bons olhos pela população de Moçambique. Em setembro de 2016, o Jornal Notícias divulgou, por exemplo, alguns casos envolvendo crimes cometidos por policiais da PRM naquele ano: pessoas inocentes ou criminosos sendo mortos pela polícia, um taxista morto por um policial após o mesmo ter tirado fotos do agente bêbado e, para completar, uma adolescente chegou a ser violentada por policiais da PRM, naquele mesmo ano. No ano anterior, a polícia tinha introduzido um novo modelo de recrutamento de candidatos a ingressar na corporação. Segundo as autoridades, a ideia era proibir a entrada de indivíduos com antecedentes criminais. Resumindo? Antes de 2015, se uma pessoa já tivesse sido uma criminosa, não importando a quantidade e nem a gravidade de crimes cometidos, a mesma podia usar perfeitamente uma farda. Inacreditável. Diante desse cenário, o que resta para a população? Linchamento. Diante de tanta barbárie e impunidade, é compreensível, porém não justificável, que a população tenha perdido completamente a paciência e resolva fazer justiça com as próprias mãos. É compreensível, porém não justificável, que uma mãe, vendo partes de seu filho morto em uma panela, fique não somente desesperada, mas que queira tirar a vida do responsável por tanta crueldade. Enquanto pessoas como Rui são presas e condenadas a no máximo um ano de detenção, os curandeiros, verdadeiras encarnações do Mal, estão soltos, sendo os únicos a verdadeiramente enriquecer em toda essa história. E onde está Têmis, divindade grega por meio da qual a justiça é definida? Provavelmente foi dilacerada, juntamente com os corações daqueles pais e mães, sendo que sua cabeça provavelmente está sendo cozida em uma panela qualquer, em uma esquina qualquer, de Moçambique.

    Até a próxima, AssombradOs.

    Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

    Fontes:
    http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI1098967-EI294,00-Casal+e+acusado+de+canibalismo+em+Mocambique.html
    http://opais.sapo.mz/suposto-canibal-surpreendido-com-carne-crianca-em-tete
    http://revistamanchete.com/detido-cidadao-indiciado-de-alimentar-se-de-carne-humana/
    http://www.bbc.com/portuguese/reporterbbc/story/2006/08/060817_canibais_is.shtml
    http://www.dnoticias.pt/hemeroteca/159697-mocambique-BODN159697
    http://www.maisnovidades.net/2018/01/detido-individuo-suspeito-de-praticar.html
    http://www.verdade.co.mz/newsflash/64709-jovem-detido-em-tete-acusado-de-profanacao-de-tumulos-e-canibalismo-
    https://mozkuia.com/2018/01/23/a-prm-deteve-um-individuo-indiciado-de-alimentar-se-de-carne-humana/
    https://noticias.mmo.co.mz/2018/01/tete-desconhecidos-exumam-corpos-de-nove-criancas-e-um-adulto.html
    https://noticias.uol.com.br/ultnot/lusa/2006/08/22/ult611u72905.jhtm
    https://www.abola.pt/Africa/Noticias/Ver/712833
    https://www.publico.pt/2006/08/18/jornal/casal-preso-em-mocambique-por-canibalismo-93980
    https://www.rtp.pt/noticias/mundo/policia-detem-suspeito-de-canibalismo-no-interior-de-mocambique_n1054165
    https://www.voaportugues.com/a/canibal-tete-mocambique/4222215.html
    https://www.youtube.com/watch?v=h1iSTQyoKpk
    https://www.youtube.com/watch?v=yFrhTGPe5yc

    Poltergeist na Rússia? Policiais Teriam Pedido Ajuda da Igreja ao se Depararem com "Fenômenos Paranormais", no Vilarejo de Maraksa!

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    Por Marco Faustino

    Cerca de uma semana atrás abordei um caso, supostamente envolvendo um fenômeno conhecido como poltergeist, que teria ocorrido na cidade de Nazário, no interior do Estado de Goiás. Alguns objetos, tais como: colchões, sofás, máquina de lavar, fogão, e roupas guardadas dentro de um armário começaram a pegar fogo misteriosamente no interior de uma humilde residência. Moradores e vizinhos passaram a ficar bem assustados com os estranhos fenômenos, e até mesmo religiosos da cidade teriam comparecido ao local, aparentemente em vão, para tentar ajudar a família. Uma equipe de reportagem de uma emissora de TV afiliada do SBT foi até a residência para coletar os depoimentos dos moradores, que não sabiam mais o que fazer diante dessa situação. Foi diante de todo esse enredo, que acabei indo atrás de maiores informações sobre o caso, visto que sempre existem detalhes muito interessantes, que acabam passando desapercebidos pela maioria das pessoas ao simplesmente assistirem uma reportagem, uma única vez, na frente da TV.  Se tratava de uma família humilde, que provavelmente não atiçaria fogo em seus próprios bens, porém havia uma situação muito peculiar: o fogo sempre (ou quase sempre) começava a partir de alguma peça de roupa dos moradores. Assim sendo, mostrei para vocês algumas hipóteses do que realmente poderia estar acontecendo na casa e, principalmente, que tecidos, de fato, diante das condições certas, podem pegar fogo espontaneamente, algo que nem sempre as pessoas têm conhecimento. Vale muito a pena conferir aquela matéria, porque, com certeza, a mesma irá abrir novos horizontes para vocês, tanto em relação a casos antigos quanto futuros (leia mais: Fenômeno Poltergeist? Objetos Pegam Fogo Misteriosamente em Residência e Deixam Moradores e Vizinhos Assustados em Nazário/GO!).

    Agora, eis que surge uma história um tanto quanto estranha e inacreditável na mídia russa, que chegou até o nosso país através da agência internacional de notícias Sputnik, um veículo de imprensa russo, que é controlado e operado pela empresa estatal Rossiya Segodnya (particularmente, considero a Sputnik muito mais como um veículo de desinformação do que informação). Segundo um curto texto publicado pela agência, um comunicado enviado ao Ministério do Interior da região de Tomsk, na Rússia, informava, que um morador do povoado de Maraksa havia chamado os policiais com um pedido incomum: resolver o problema de "objetos voadores em sua casa". A polícia, ao chegar na casa, teria visto, com os próprios olhos, livros caindo sozinhos de uma estante e até mesmo um bastão, que saiu voando de um dos cômodos. Segundo o comunicado, não teria sido encontrada nenhuma explicação racional para o evento. Assim sendo, os policiais teriam chamado religiosos locais, que teriam realizado um ritual de consagração para tentar resolver a situação. Contudo, será que essa história é verdadeira? Estaríamos diante de uma manifestação paranormal ou sobrenatural? Vamos saber mais sobre esse assunto?

    Começando a Entender o Caso: A Notícia Publicada no Site de Notícias "The Siberian Times"


    Vamos começar nossa pequena jornada para entender o que vem acontecendo na região de Tomsk, na Rússia, descartando, é claro, o que foi divulgado pela Sputnik, e tentar nos basear, ao menos inicialmente, no material que foi divulgado pelo site de notícias "The Siberian Times", no dia 14 de fevereiro, que não é a melhor fonte de informação possível, mas é uma das menos problemática (isso não quer dizer confiável, visto que seu conteúdo ainda é passível de uma boa verificação prévia), em língua inglesa, quando o assunto é a Rússia.

    Vamos começar nossa pequena jornada para entender o que vem acontecendo na região de Tomsk, na Rússia, descartando, é claro, o que foi divulgado pela Sputnik, e tentar nos basear, ao menos inicialmente, no material que foi divulgado pelo site de notícias "The Siberian Times", no dia 14 de fevereiro.
    De acordo com o site de notícias "The Siberian Times", um padre teve que ser chamado até uma casa, localizada em um pequeno vilarejo chamado Maraska (Маракса), que fica a cerca de 330 km (aproximadamente 5 horas de carro) a noroeste da cidade de Tomsk. No início desta semana, policiais teriam inspecionado a casa, após uma ligação dos proprietários sobre a ocorrência de coisas estranhas, assim como facas "voando" no interior do imóvel. Um casal e o filho adotivo de 15 anos alegaram, que móveis estavam caindo no chão, e que cadeiras também estariam "voando" pela casa.

    Quando uma equipe policial entrou na residência, a mesma teria notado, que a casa estava revirada, e que havia uma faca cravada na parede. Além disso, os policiais teriam alegado sentir, "o poder de algo que não conseguiam explicar racionalmente", enquanto estavam no interior da residência. Isso porque, aparentemente, um armário de cozinha teria caído próximo de um deles; um bastão voou de dentro de um quarto vazio; e livros caíram de uma prateleira. Portanto, os policiais teriam preenchido uma espécie de boletim de ocorrência descrevendo o que aconteceu (no qual chamo de relatório, e vocês já vão entender o motivo), e teriam ido até uma igreja local para pedir ajuda.



    De acordo com o site de notícias "The Siberian Times", um padre teve que ser chamado até uma casa, localizada em um pequeno vilarejo chamado Maraska (Маракса), que fica a cerca de 330 km (aproximadamente 5 horas de carro) a noroeste da cidade de Tomsk.
    Um padre foi enviado até o local para abençoar a residência, visto que isso, supostamente, deveria "acalmar os espíritos malignos". A Eparquia de Kolpashevsky (lembrando que uma "eparquia" na Igreja Ortodoxa seria o equivalente a uma "diocese", na Igreja Católica) emitiu um comunicado explicando o seu envolvimento nesse caso.

    "O relatório da polícia reflete de forma concisa e precisa o que aconteceu na casa. Ontem (13), recebemos telefonemas da polícia e de uma família, que mora em Maraksa", disse o clérigo Simeon Koynov, da Eparquia de Kolpashevsk.

    "Um padre foi enviado para conversar com a família e orar. Ele também testemunhou todas as coisas descritas no relatório. Quando o padre chegou, o então 'poltergeist' se acalmou um pouco, mas o fenômeno continuou. Nós decidimos curar essa família, e empregar os esforços necessários para não permitir que tais coisas aconteçam na casa deles", completou.

    "O relatório da polícia reflete de forma concisa e precisa o que aconteceu na casa. Ontem (13), recebemos telefonemas da polícia e de uma família, que mora em Maraksa", disse o clérigo Simeon Koynov, da Eparquia de Kolpashevsk.
    Basicamente, essa foi a notícia divulgada pelo "The Siberian Times", que não mostrou nenhuma imagem da casa, publicando tão somente imagens genéricas de casas e ruas do vilarejo de Maraska. Adicionalmente, eles divulgaram o que seria um relatório policial; uma captura de tela (o famoso "print") parcial do site da Eparquia de Kolpashevsk, referente ao comunicado por parte da igreja ortodoxa local, e a foto do clérigo Simeon Koynov (иеромонах Симеон - Койнов). Conforme vocês podem perceber, a notícia é bem precária em inúmeros aspectos, mas é exatamente isso que geralmente divulgam para vocês.

    Começando a Verificar as Informações: A Nota Divulgada Pela Eparquia de Kolpashevsky, e o Suposto Relatório que Teria Sido Enviado ao Chefe do Ministério de Assuntos Internos da Rússia, na Região de Tomsk!


    A notícia divulgada pelo "The Siberian Times" nos forneceu aos menos dois elementos básicos e passíveis de verificação. O primeiro é a captura de tela do site da Eparquia de Kolpashevsk, e o segundo é o suposto relatório emitido pela polícia sobre o caso.

    Ao acessar o site da Eparquia de Kolpashevsk é possível se deparar com uma publicação intitulada: "Comentário do Departamento de Informação da Eparquia de Kolpashevsk Sobre os Eventos Ocorridos no Vilarejo de Maraksa". Inicialmente, o texto dizia que, devido ao grande aumento do interesse por parte de veículos de imprensa e usuários das redes sociais sobre os eventos que ocorreram no vilarejo de Maraksa, no distrito de Kolpashevsky, na região de Tomsk, a Secretaria de Informações da Eparquia de Kolpashevsky considerou apropriado comentar sobre o assunto.

    Ao acessar o site da Eparquia de Kolpashevsk é possível se deparar com uma publicação intitulada: "Comentário do Departamento de Informação da Eparquia de Kolpashevsk Sobre os Eventos Ocorridos no Vilarejo de Maraksa"
    Segundo o texto, no dia 12 de fevereiro, uma família ligou para a eparquia para falar sobre uma casa, na qual estranhos fenômenos teriam começado a ocorrer: diversos objetos voavam espontaneamente e móveis caíam no chão. Esses fatos teriam sido confirmados por agências de segurança, que também teriam recorrido a administração da eparquia. É mencionado que, "o clérigo, ao chegar no local, seguiu a tradição da igreja, realizou a consagração da casa, e também conversou com os moradores. Durante a conversa, um adolescente, que se tornou objeto de fenômeno sobrenatural, expressou o desejo de receber o batismo sagrado."

    De acordo com a nota, "diante do aprendizado, e da experiência adquirida ao longo de 2.000 anos, a Igreja Cristã interpreta o que aconteceu em Maraksa, de forma inequívoca, como a ação de 'espíritos malignos' - essa é a forma pela qual as Sagradas Escrituras se referem aos anjos caídos. O mal é irracional, agressivo e destrutivo. Seu objetivo é intimidar, atentar e destruir a alma humana. No entanto, o Mal é impotente diante da ação do amor divino. Ele ascendeu ao caminho da fé e do arrependimento comandado por Cristo. Ele se juntou à Igreja, fundada na Terra pelo Senhor, para tornar uma pessoa espiritualmente perfeita e inacessível às forças do mal."

    O clérigo, ao chegar no local, seguiu a tradição da igreja, realizou a consagração da casa, e também conversou com os moradores. Durante a conversa, um adolescente, que se tornou objeto de fenômeno sobrenatural, expressou o desejo de receber o batismo sagrado.
    Ainda de acordo com a nota, "não devemos pensar que a família, especialmente a criança, foram vítimas do ódio demoníaco  devido a algum pecado em particular. O que aconteceu com eles, não se tornou de conhecimento público acidentalmente, e sim porque nada acontece por acaso e sem o consentimento do Criador. Pode-se ver neste lembrete, uma espécie de 'sinal' para o espírito adormecido do homem que, juntamente com a realidade visível e material de suas leis físicas, existe uma realidade espiritual, cujas leis são os mandamentos de Deus. E somente seguindo essas leis espirituais, uma pessoa pode se sentir confiante e segura na dimensão espiritual de seu ser."

    É possível notar uma certa "poesia" no texto da Eparquia de Kolpashevsky, porém pouquíssima informação sobre o que realmente teria acontecido no interior da residência em Maraksa. Aparentemente, a eparquia reiterou tudo aquilo que, segundo ela, teria sido confirmado por agências de segurança da Rússia. Esse é um ponto interessante, porque o relatório policial publicado no site de notícias "The Siberian Times", assim como em alguns outros veículos de imprensa da Rússia, teoricamente teria vazado, e começado a circular através das redes sociais (algo incomum de acontecer, quando estamos falando da Federação Russa), mais precisamente em grupos do aplicativo "Telegram" (um dos concorrentes diretos do WhatsApp, e muito popular na Rússia) e da rede social "VK". Isso despertou a imensa desconfiança se o documento seria falso ou não. Além disso, o documento não é timbrado, ou seja, não possui identidade visual (símbolo, emblema ou brasão) de quaisquer departamentos ou ministérios do governo russo, algo típico de documentos oficiais, assim como ocorre com um mero boletim de ocorrência ou uma nota de imprensa de um órgão público aqui no Brasil. Confira o mesmo abaixo:

    Foto do documento que começou a circular nas redes sociais russas no dia 13 de fevereiro deste ano.
    O documento teria sido escrito por um oficial chamado E.G. Artamonov (Е. Г. Артамонова), major de polícia e representante do Ministério de Assuntos Internos da Rússia para o Distrito de Kolpashevsky, sendo endereçada ao chefe regional do Ministério de Assuntos Internos da Rússia, em Tomsk, o Coronel A. I. Budniku (А. И. Буднику). Confira abaixo uma tradução básica do que foi mencionado:

    "Ao Chefe do Ministério de Assuntos Internos da Rússia para a Região de Tomsk,

    A. I. Budniku (А. И. Буднику)
    Coronel da Polícia

    Relatório

    Reporto que, no dia 12 de fevereiro de 2018, às 15h45, foi recebida uma ligação de uma cidadã chamada Natalia Vikentyevna Zhukov, moradora da rua Parkovaya, nº 4, do vilarejo de Maraska, distrito de Kolpashevsky, de que algo estranho estava acontecendo no interior de sua residência, no referido vilarejo. Na casa, objetos estariam voando, incluindo facas. Uma unidade policial foi destacada até o endereço, sendo que o chefe do departamento de polícia também acompanhou a ocorrência. Após chegar na residência, no endereço indicado, foi constatado que no local morava o casal Zhukov Alexander Ivanovich e Natalia Vikentyevna, sendo que eles possuem a guarda do adolescente Igor Alekseevich Yakovlev desde o seu nascimento, em 2003. A residência estava revirada: objetos estavam espalhados, livros, móveis e utensílios domésticos estavam caídos no chão, e uma faca estava cravada na parede da cozinha. Os moradores da residência disseram, que nos últimos dois dias, passos estão sendo ouvidos, talhares estão voando e o mobiliário está caindo no chão. Durante o período em que os policiais estiveram no endereço indicado, um armário caiu em um cômodo (no quarto ao lado em que estava um policial). Posteriormente, livros caíram sozinhos da prateleira, sem que ninguém estivesse no quarto, e um bastão foi arremessado para longe. Não foi encontrada nenhuma explicação racional para esses eventos. Atualmente, os clérigos da igreja estão realizando uma cerimônia religiosa no local, e devem passar a noite na residência.

    13 de fevereiro de 2018,


    E.G. Artamonov
    Representante do Ministério de Assuntos Internos da Rússia para o Distrito de Kolpashevsky
    Major da Polícia
    "

    O documento teria sido escrito por um oficial chamado E.G. Artamonov (Е. Г. Артамонова), major de polícia e representante do Ministério de Assuntos Internos da Rússia para o Distrito de Kolpashevsky, sendo endereçada ao chefe regional do Ministério de Assuntos Internos da Rússia, em Tomsk, o Coronel A. I. Budniku (А. И. Буднику, cuja foto se encontra em destaque com um fundo azul, logo acima)
    O texto revela alguns pontos interessantes. Em primeiro lugar, é possível perceber que um armário teria caído em um cômodo, ao lado de um outro cômodo, onde estava um policial (e não exatamente ao lado do policial, conforme mencionado anteriormente), ou seja, aparentemente ninguém viu o armário caindo sozinho. Em segundo lugar, ao chegar na casa, a mesma estava revirada e com muitos objetos no chão. Nenhum policial teria visto objetos, facas ou talheres voando no interior do imóvel, apenas uma única faca cravada em uma parede da cozinha, que é madeira (veremos isso daqui a pouco). Outro detalhe é que livros teriam caído sozinhos, aparentemente desse mesmo quarto, e sem ninguém ver, além de um bastão, que teria sido arremessado do seu interior, embora, teoricamente, não houvesse a presença de ninguém no quarto.

    Resumindo? Temos somente evidências anedóticas, ou seja, relatos dos moradores da casa, e apenas a citação de que policiais teriam se deparado com um armário e livros caindo, porém ninguém teria testemunhado diretamente a queda dos mesmos. Além disso, nenhum policial teria sido atingido por quaisquer objetos. Ao que tudo indica, nada teria saído "voando" (no sentido de flutuando) pela casa na presença dos policiais. Por fim, o documento também não menciona, que policiais teriam solicitado a ajuda da Eparquia de Kolpashevsk. Esse pedido de ajuda é mencionado tão somente pela eparquia, e pela absoluta maioria da imprensa russa, que deduziu isso a partir do referido documento. Isso se torna bem evidente ao fazer uma rápida consulta a página regional (de Tomsk) do Ministério de Assuntos Internos da Federação Russa, uma vez que não encontrei nenhum notícia referente ao caso. Oficialmente, nada foi divulgado até o fechamento desta matéria. Então, só restava acessar um "lugar" para tentar entender melhor essa história: a imprensa russa.

    A Divulgação do Caso Por Parte da Imprensa Russa: Estamos Mesmo Diante de um Caso Paranormal Envolvendo o Fenômeno "Poltergeist"?


    Eis que chegou o derradeiro momento de saber o que a imprensa russa divulgou sobre esse caso, e sabermos se estamos mesmo diante de um caso de cunho paranormal ou não. Apesar da maioria das notícias repetirem sempre a mesma história, alguns veículos de imprensa acabam sobressaindo em meio ao volume de informações que acabam sendo geradas nos mecanismos de busca.

    De acordo com site estatal de notícias "Вести.ru" (Vesti.ru), a população de Maraksa estava agitada diante dos últimos acontecimentos em relação a uma determinada casa do referido vilarejo, que abrigaria um poltergeist furioso. Zhukov Alexander Ivanovich, proprietário da casa em questão, disse que tudo teria começado com as luzes da casa acendendo espontaneamente e, então, elas teriam começado a queimar. Os eletricistas, por sua vez, não sabiam dizer o que estava acontecendo. Posteriormente, os livros, os móveis e as facas começaram a "voar" pela casa.

    Zhukov Alexander Ivanovich, proprietário da casa em questão, disse que tudo teria começado com as luzes da casa acendendo espontaneamente e, então, elas teriam começado a queimar.
    Posteriormente, os livros, os móveis e as facas começaram a "voar" pela casa.
    Confira a reportagem exibida pelo canal de TV "Россия 24" (Russia-24), e que pode ser conferida através de seu próprio canal no YouTube (em russo, é claro):



    Ainda segundo o texto publicado pelo site "Вести.ru" (Vesti.ru), um clérigo chamado Alexei Postnikov (Алексей Постников) chegou a mencionar, que teria comparecido até a residência e que, em uma determinada ocasião, um "ovo cozido", que estava em no meio de outros ovos em uma mesa, no canto da sala, teria voado e atingido a testa do adolescente Igor Yakovlev, que seria considerado como o centro da suposta atividade paranormal da casa.

    Ainda segundo o texto publicado pelo site "Вести.ru" (Vesti.ru), um clérigo chamado Alexei Postnikov (Алексей Постников) chegou a mencionar, que teria comparecido até a residência e que, em uma determinada ocasião, um "ovo cozido", que estava em no meio de outros ovos em uma mesa, no canto da sala, teria voado e atingido a testa do adolescente Igor Yakovlev.
    O adolescente teria sido levado para a cidade de Kolpashevo (centro administrativo do Distrito de Kolpashevsky, que possui cerca de 25 mil habitantes), onde teria passado a viver com sua mãe adotiva, irmãs, e demais parentes. O pai adotivo teria permanecido no imóvel, com medo de deixar a casa sozinha, a mercê de ladrões.



    O adolescente teria sido levado para a cidade de Kolpashevo (centro administrativo do Distrito de Kolpashevsky), onde teria passado a viver com sua mãe adotiva, irmãs, e demais parentes de sua família.
    O pai adotivo teria permanecido no imóvel, com medo de deixar a casa sozinha,
    a mercê de ladrões ou vândalos.
    Entretanto, de acordo com o site do jornal russo "Moskovskij Komsomolets" (MK), a situação seria um pouco diferente do que estava sendo veiculado pela imprensa. Em entrevista ao jornal, um morador local chamado Anton Sinenko (Антон Синенко) disse que, no passado, a casa era habitada por um outro casal. Eles pareciam se dar bem, e ninguém os ouvia brigando. Porém, quando o marido morreu, coisas estranhas teriam começado a acontecer na casa - coisas teriam começado a voar; as luzes acendiam e apagavam sozinhas.

    A esposa passou a acreditar que o marido não queria que ela vivesse mais naquela casa. Então, a vendeu por um preço muito baixo, e se mudou. Assim sendo, a casa acabou sendo ocupada por uma nova família, atraída pelo preço baixo, oriunda da cidade de Kemerovo, mas o suposto "fantasma" do marido teria feito com eles se mudassem rapidamente. Atualmente, no entanto, a casa estava sendo ocupada por um casal criando um filho adotivo, e o "fantasma" teria passado a perturbar o adolescente em questão.

    Em entrevista ao jornal, um morador local chamado Anton Sinenko (Антон Синенко) disse que, no passado, a casa era habitada por um outro casal. Eles pareciam se dar bem, e ninguém os ouvia brigando. Porém, quando o marido morreu, coisas estranhas teriam começado a acontecer na casa - coisas teriam começado a voar; as luzes acendiam e apagavam sozinhas.
    Esse mesmo morador mencionou, que um ovo teria atingido a testa do adolescente, e posteriormente ele teria sido atingido pela porta de um guarda-roupa. Os pais adotivos teria decidido notificar a polícia sobre o que estava acontecendo na casa, para evitar que fossem acusados posteriormente de baterem na criança. Policiais (ППСники) teriam comparecido no local, e teriam ficado muito surpresos, quando um armário caiu em um dos quartos. Todos os membros da família estavam em uma outra sala, conversando com os policiais (isso reforça a ideia de que os policiais não viram o momento que o armário caiu). O morador disse que eletricistas teriam sido chamados, porque a luz da casa teria começado a piscar, porém após examinarem a fiação e os soquetes, eles teriam dito que não havia nada de errado.

    Anton Sinenko disse, que não chegou a entrar na casa, mas pediu para que sua esposa fosse até o local para fotografar ou filmar o que estava acontecendo com seu celular, porém não teria dado certo. O motivo? Segundo o morador, o celular da esposa teria simplesmente desligado, embora a bateria estivesse com 12% de carga. Ao ser questionado se os pais adotivos tinham alguma desordem mental, Anton disse que não. Em sua visão, caso tivessem, eles não teriam permissão para adotar um filho. Ao ser questionado se os pais bebiam, Anton disse novamente que não, e que eles eram uma "família normal".

    Nesse ponto, é importante esclarecer que a temperatura fria basicamente "aumenta a resistência interna e diminui a capacidade de carga de uma bateria de Li-ion". Os pesquisadores acreditam que a -18ºC, por exemplo, uma Li-ion consegue entregar apenas 50% de sua capacidade. Existem diversas matérias explicando esse assunto, sendo que no caso do iPhone é ainda mais problemático (a Apple, por exemplo, especifica que as suas baterias funcionam melhor entre as temperaturas de 0 a 35ºC). Vocês podem conferir as matérias clicando aqui e aqui. Portanto, um celular descarregar rapidamente (ainda mais com 12% de carga) em temperaturas muito frias ou abaixo de zero não é sintoma de nada sobrenatural, é falta de conhecimento mesmo. Para vocês terem uma ideia, hoje (16/02), a mínima prevista para Kolpashevo é de -20ºC.

    O morador disse que eletricistas teriam sido chamados, porque a luz da casa teria começado a piscar, porém após examinarem a fiação e os soquetes, eles teriam dito que não havia nada de errado.
    Ainda de acordo com o texto publicado no site do jornal "MK", a assessoria de imprensa do Ministério de Assuntos Internos da Rússia para a Região de Tomsk disse que seria feita toda uma investigação sobre o caso, seguindo a legislação russa, e que a autenticidade do documento seria esclarecida futuramente como parte de uma auditoria, que estava sendo realizada, não fornecendo maiores detalhes sobre o assunto.

    De qualquer forma, o texto do "MK" indicaria que não estaríamos diante do fenômeno poltergeist, mas de uma espécie de fantasma vingativo, que teria passado a residir no interior daquela casa. Isso não explica, é claro, a razão pela qual somente o adolescente teria sido escolhido como alvo.

    Anton Sinenko disse, que não chegou a entrar na casa, mas pediu para que sua esposa fosse até o local para fotografar ou filmar o que estava acontecendo com seu celular, porém não teria dado certo. O motivo? Segundo o morador, o celular da esposa teria simplesmente desligado, embora a bateria estivesse com 12% de carga
    A imprensa russa está promovendo esse caso de forma bem eufórica, porém muito repetitiva. Todos os dias são publicadas novas notícias com as mesmas informações, e pouquíssimas imagens. No entanto, se vocês já estavam intrigados com esse caso e não sabiam mais o que pensar sobre o que poderia estar realmente acontecendo, prepare-se para o que vem a seguir. Ao que tudo indica, um site russo conseguiu entrevistar uma filha de Natalia Vikentyevna (sim, a moradora tem uma filha, mas que não mora em Maraska). Segundo ela, a imprensa russa e a polícia estão retratando os membros de sua família como se fossem monstros, que os mesmos estão sendo constantemente assediados pela imprensa, e por moradores e "caçadores de fantasmas" de diversas partes da Rússia. Para piorar a situação, uma onda de boatos também vem destruindo a vida da família.

    A Versão Apresentada Pela Filha de Natalia Vikentyevna: A Imprensa e a Polícia Estariam Divulgando Informações Incorretas, e sua Família Estaria Vivendo um Pesadelo!


    Se essa história dependesse somente do site "Siberia Realities" teríamos uma bela reviravolta. De acordo com o site, em cerca de uma semana o número de buscas sobre o pequeno vilarejo de Maraksa ficou próximo do número de buscas sobre os Jogos Olímpicos de Inverno, em Pyeongchang, na Coreia do Sul. Assim sendo, o site enviou uma correspondente até o vilarejo para coletar maiores informações.

    "Em 11 de fevereiro, por volta das 23h, minha mãe me ligou e disse que tudo estava caindo em casa. De acordo com ela, um pequeno armário havia caído, houve grandes sacudidas, livros voaram das prateleiras, e almofadas caíram do sofá", disse Catarina (Екатерина), filha de Natalia Vikentyevna.

    "Pedi para minha mãe, meu pai, e meu irmão Igor para que deixassem urgentemente a casa. Pensei que fosse um terremoto. Disse para que saíssem da cidade. Não houve um único pensamento a respeito de misticismo. Quando chegamos, a polícia já estava lá. Eu e minha outra irmã fomos até a casa. E, então, vimos com nossos próprios olhos, que o inexplicável acontecia em todos os lugares da casa, onde o Igor ia. Por exemplo, ele foi até o corredor, onde há uma mesa com uma cesta de ovos, e um ovo imediatamente bateu em seu rosto e, em seguida, livros caíram. Ele foi até quarto, e fotos e quadros caíram das paredes. No entanto, nada foi quebrado. Quando ele foi ao banheiro, onde há um armário suspenso na parede, a porta do mesmo o atingiu bem na testa, e assim por diante", continuou.

    Se essa história dependesse somente do site "Siberia Realities" teríamos uma bela reviravolta. De acordo com o site, em cerca de uma semana o número de buscas sobre o pequeno vilarejo de Maraksa ficou próximo do número de buscas sobre os Jogos Olímpicos de Inverno, em Pyeongchang, na Coreia do Sul
    De acordo com Catarina, duas semanas antes desses incidentes, a casa começou a ficar cada vez mais escura. Primeiramente, as luzes piscavam e, depois, apagaram totalmente. Posteriormente, tudo começou a acontecer um determinado horário, entre às sete e às nove horas (não ficou claro se seriam da noite ou da manhã, e nem mesmo se esse seria um intervalo de tempo ainda maior). Catarina disse que, inicialmente, os policiais acreditavam que se tratava de um caso de "DT" ("Delirium tremens"), um estado confusional breve, acompanhado de perturbações somáticas, que usualmente acomete usuários de álcool gravemente dependentes em abstinência absoluta ou relativa. Esse quadro geralmente ocorre 3 dias após o início dos sintomas de abstinência e pode durar vários dias.

    "Naquela noite (11), pedimos para que eles passassem a noite conosco, mas meu pai estava com medo de deixar a casa, e ele acabou permanecendo na companhia do meu marido. Tudo ficou calmo na casa, até minha mãe voltar juntamente com o Igor, e verem que a polícia estava na frente da porta da casa deles. Membros do Ministério de Assuntos Internos entraram na casa, e certificaram-se que tudo estava normal. E, então, Igor entrou na casa, e tudo começou novamente. Os livros começaram a cair. Ele se vestiu rapidamente, pegou um mochila e saiu correndo para a rua. Uma panela foi arremessada em direção a varada. Lembro que meu pai trouxe a panela de volta, mostrando que tinha conseguido recuperá-la", disse Catarina.

    Catarina disse que, inicialmente, os policiais acreditavam que se tratava de um caso de "DT" ("Delirium tremens"), um estado confusional breve, acompanhado de perturbações somáticas, que usualmente acomete usuários de álcool gravemente dependentes em abstinência absoluta ou relativa. Esse quadro geralmente ocorre 3 dias após o início dos sintomas de abstinência e pode durar vários dias.
    O site "Siberia Realities" mencionou que a euforia da imprensa russa havia começado a partir do relatório vazado, não se sabia como, nas redes sociais, sendo que muitos veículos de imprensa divulgaram o endereço completo da família (não irei repetir as mesmas informações do relatório, é claro). Oficialmente, não se sabe se o documento é verdadeiro ou não. A assessoria de imprensa do Departamento Regional do Ministério de Assuntos Internos se recusou a fornecer maiores detalhes sobre os eventos ocorridos em Maraksa, e disse apenas que o departamento tinha começado a investigar o que tinha ocorrido. Tudo estava sendo verificado de acordo com a legislação vigente.

    Os proprietários da casa no vilarejo de Maraksa, Natalia Vikentyevna e Alexander Ivanovich, disseram que estão em estado de choque. Não devido ao "poltergeist", mas pelo imenso assédio recebido por parte de moradores locais, jornalistas, agências de segurança e "caçadores de fantasmas". As pessoas estão indo até Maraksa, oriundas de todas as partes do país. A família precisou reforçar as trancas das janelas e portas da casa. Eles tentam manter, a todo custo, afastados os populares que tentam tirar fotos ou gravar vídeos da casa. Eles não têm mais paz durante o dia e muito menos a noite. Aliás, Catarina está constantemente em contato com seus pais que, segundo ela, estão muito frustrados após a publicação do relatório policial. De acordo com Catarina, a mídia escreveu 90% de mentiras sobre sua família.

    Foto de um trecho da estrada de acesso ao vilarejo de Maraksa durante o verão
    Foto de um trecho da estrada de acesso ao vilarejo de Maraksa durante o inverno
    "A mídia disse que adotamos o Igor recentemente. Na verdade, ele está conosco desde um ano e meio de idade. Além disso, meus pais são praticamente profissionais nesse quesito. Eles criaram muitas crianças adotivas. No começo, eles criaram os sobrinhos, depois dois filhos adotivos e, em seguida, outros três. Igor foi o mais novo. A mídia disse que não éramos batizados. Na verdade, após o incidente, nós batizamos somente minha mãe (antes ela tinha sido apenas "imergida") e o Igor. Meus pais estão sendo expostos por alguns monstros insociáveis. Alguns dizem que eles não falaram com ninguém antes, e que agora ninguém abre a porta para falar com a imprensa", completou Catarina, alegando que seus pais eram idosos e não tinham nada para falar sobre isso.

    Segundo o site "Siberia Realities", Alexander tem 78 anos, e Natalia tem 64 anos. Alexander trabalhava com transporte fluvial, e Natalia era professora. De acordo com Catarina, a família estava pensando em prestar uma queixa na polícia para descobrir quem divulgou dados pessoais de seus familiares. Para piorar a situação, o serviço tutelar havia recebido inúmeras ligações de pessoas interessadas em saber o destino de Igor.

    "Houve rumores de que Igor seria levado para um abrigo, e instantaneamente algumas pessoas foram até lá, e perguntaram se poderiam falar com ele. E, ouvi dizer, que eles (a mídia) praticamente nos chamaram de feiticeiros. Houve rumores, de que a casa deveria ser queimada. Como vamos viver em paz depois disso? Esperamos que tudo isso acabe o mais rápido possível, e que as pessoas parem de fazer conjecturas e enviar umas para as outras fotos e vídeos supostamente gravados em nossa casa. Na verdade, todas as imagens e vídeos são falsos! Não divulgamos nada!", disse Catarina, indignada.

    "A mídia disse que não éramos batizados. Na verdade, após o incidente, nós batizamos somente minha mãe (antes ela tinha sido apenas "imergida") e o Igor. Meus pais estão sendo expostos por alguns monstros insociáveis. Alguns dizem que eles não falaram com ninguém antes, e que agora ninguém abre a porta para falar com a imprensa", completou Catarina.
    O vilarejo de Maraksa se tornou uma das principais "atrações" da região, e os rumores passaram a se multiplicar como uma bola de neve. Entre eles estava, por exemplo, aquele rumor propagado pelo site do jornal "Moskovskij Komsomolets", sobre um possível fantasma de um dos antigos proprietários do imóvel. De acordo com Catarina, esses rumores não eram verdadeiros. Assim sendo, a correspondente conseguiu entrar em contato com Svetlana Ivanovna (Светлана Ивановна), uma das ex-proprietárias da casa.

    "Eu e meu marido compramos a casa há 15 anos, mas moramos lá por apenas 4 anos, então meu marido morreu. Meus filhos me ajudaram a fazer os reparos necessários: consertar as janelas, substituir o telhado, e arrumar o teto da casa. Você precisava ver a beleza de quintal que eu tinha lá! Tive que me mudar, porque ficou muito difícil para eu manter a casa sozinha. Assim sendo, vendemos para um jovem casal, que veio da região de Kemerovo. Mantivemos contato com eles após a venda, e nunca nos falaram sobre nada místico. Aliás, eles ficaram pouco tempo na casa, porque queriam ficar mais próximos da cidade. E, então, venderam para os atuais proprietários", disse Svetlana Ivanovna.

    A correspondente também ouviu a opinião de Angelica Pikhnovskaya (Анжелика Пихновская), diretora do Museu do Folclore de Kolpashevsky, sobre o passado histórico e sombrio do distrito, que remonta a época do chamado "Grande Expurgo" (1936 a 1938), quando houve uma série de execuções em massa na região de Kolpashevsky. Nesse sentido, mais de 1.000 corpos mumificados foram descobertos em 1979.

    "Acabamos sendo exilados para nossa região, e muitas pessoas morreram aqui, mas Maraksa é um vilarejo relativamente novo, e não houve conflitos sangrentos por lá. Portanto, não podemos associar o que está acontecendo com o passado. Para ser bem sincera, inicialmente pensamos que fosse brincadeira, mas agora não sabemos o que pensar", disse Angelica Pikhnovskaya (Анжелика Пихновская).

    "Acabamos sendo exilados para nossa região, e muitas pessoas morreram aqui, mas Maraksa é um vilarejo relativamente novo, e não houve conflitos sangrentos por lá. Portanto, não podemos associar o que está acontecendo com o passado. Para ser bem sincera, inicialmente pensamos que fosse brincadeira, mas agora não sabemos o que pensar", disse Angelica Pikhnovskaya.
    Foto mostrando um dos ambientes internos do Museu do Folclore de Kolpashevsky
    De acordo com Catarina, Igor passou a morar com suas irmãs mais velhas e, desde então, nada de anormal tem acontecido na casa dos seus pais. Aparentemente, nada de estranho também estaria acontecendo no local onde Igor se encontra atualmente, porque nada foi mencionado nesse sentido.

    Uma História, Muitas Versões: Por Enquanto o Caso Sobre um Suposto "Poltergeist" em Maraksa, na Rússia, é Inconclusivo


    Maraksa (Маракса) é um vilarejo bem distante de grandes centros urbanos. Fica localizado a mais de 300 km de Tomsk, e quase 4.000 km a leste de Moscou, a capital do país, em plena Sibéria. Embora Kolpashevo, o maior e mais próximo centro urbano esteja a alguns quilômetros de distância, o mesmo é uma cidade com uma população de 25 mil habitantes, que está encolhendo ano a ano, e irrisório perto de Tomsk, que possui 525 mil moradores. Em 1989, Kolpashevo tinha cerca de 31.319 habitantes; no último censo realizado em 2010, tinha 24.124. Apesar de não ter encontrado informações sobre o números de moradores de Maraksa, a localidade é bem pequena, e talvez não passe de 2 mil habitantes.

    Basicamente, isso que dizer que estamos lidando com um vilarejo remoto, localizado na Sibéria, e no inverno russo. Pouca coisa é pior do que isso em termos de condições ambientais e de acessibilidade para realizar uma investigação, ainda mais de cunho paranormal. Talvez isso explique, em parte, o desespero ou impaciência da imprensa em obter informações o mais rapidamente possível e, quiçá, vislumbrar e registrar, em tempo real, algo "voando" pela casa. Maraksa acabou se tornando uma espécie de "meca" para imprensa e aficionados do tema. Contudo, podemos afirmar que, com certeza, estamos diante de um autêntico caso de fenômeno paranormal? Não, mas podemos dizer que algo de muito estranho e errado aconteceu naquela casa entre os dias 11 e 13 de fevereiro deste ano.



    É importante ressaltar, que todo esse caso começou a ser divulgado na imprensa russa a partir do dia 13 de fevereiro, após um documento, que não sabemos oficialmente se é ou não verdadeiro (uma vez que até mesmo a imprensa russa questiona esse ponto) ter supostamente vazado, e ido parar nas redes sociais (leia-se como "VK") e grupos no aplicativo "Telegram". Não sabemos quem inicialmente o divulgou, a razão pela qual divulgou, entre outros detalhes. Uma vez que no documento constava o endereço da residência e nome dos envolvidos, ficou relativamente fácil para a imprensa ir atrás de maiores informações, o que acabou gerando transtornos para a família Zhurkov. A imprensa acabou mencionando, que a polícia teria chamado a Eparquia de Kolpashevsky, devido aquela espécie de nota publicada pela própria eparquia, mas infelizmente não sabemos sob quais condições isso realmente aconteceu, porque as informações são escassas.

    Outro detalhe é que, pelo que se sabe até o presente momento, os policiais não teriam visto diretamente um fenômeno paranormal acontecendo. Por exemplo, eles não teriam visto um objeto parado e posteriormente se movendo de forma espontânea. Eles teriam presenciado os supostos fenômenos indiretamente: um armário caindo no cômodo ao lado, livros caindo no mesmo cômodo, e um bastão que teria sido arremessado de dentro do quarto. A casa já estava revirada quando os policiais chegaram, e até mesmo uma faca estaria cravada na parede da cozinha. No entanto, não há nenhum registro visual disso (fotos ou vídeos). Por outro lado, temos os declarações da Eparquia de Kolpashevsky, que basicamente deu a entender que tudo teria acontecido devido um espírito maligno, em virtude do adolescente de 15 anos não ser batizado, e de um clérigo local falando sobre um "ovo", que teria sido arremessado contra o menino (algo inofensivo perante as alegações de que facas estariam voando pela casa). Temos também as declarações de Catarina, filha de moradora da casa, que não mora com os pais e não convive com Igor, mas que teria presenciado (não sabemos exatamente sob quais condições, visto que ela cita algo ocorrido no banheiro, um ambiente mais privado) supostos fenômenos inexplicáveis acontecendo contra o irmão. É difícil saber o que pensar, visto que, apesar de interessantes, as declarações recaem nas famosas evidências anedóticas.

    De qualquer forma, vale a pena observar alguns detalhes. Aparentemente, somente o adolescente estava sendo "vítima" dos supostos fenômenos. A casa, segundo Catarina e uma ex-proprietária, não seria assombrada. Quando o adolescente saiu da casa, os fenômenos teriam parado de acontecer, quando ele retornou, teriam começado novamente. Porém, de acordo com Catarina, quando ele passou a morar com suas irmãs e longe de seus pais adotivos, os fenômenos na casa pararam e, aparentemente, nada de errado estaria acontecendo no local, onde o adolescente atualmente está morando. Como explicar isso diante de uma crença na existência do mundo paranormal? Bem, na matéria referente ao caso ocorrido na cidade de Nazário/GO, mostrei que William G. Roll, um prominente psicólogo e parapsicólogo norte-americano, verificou através de um levantamento de dados publicado em 1977, sobre o fenômeno poltergeist, que a porcentagem de supostos agentes do sexo masculino e do sexo feminino era equilibrada, apresentando uma leve tendência, sem importância estatística, para a incidência de agentes do sexo feminino. Além disso, na matéria que fiz sobre o "poltergeist de Guyra", Tony Healy, um dos autores do livro "Australian Poltergeist : The Stone-Throwing Spook of Humpty Doo and Many Other Cases" mencionou que nos casos mais recentes, que eles tiveram a oportunidade de entrevistar os envolvidos, a criança estava sob um estresse intenso e, de alguma forma, o fenômeno era desencadeado. Segundo Tony, existem alguns espíritos maliciosos e desencarnados, que podem gerar uma atividade física através da canalização ao se aproveitarem da angústia da criança. Assim sendo, considerando os aspectos acima, essa seria uma tentativa de explicar esse caso no âmbito paranormal. Porém, até o momento, ninguém teve acesso ao adolescente, e não sabemos como é o relacionamento dele com a família adotiva.

    Assim sendo, considerando os aspectos acima, essa uma tentativa de explicar esse caso no âmbito paranormal. Porém, até o momento, ninguém teve acesso ao adolescente e não sabemos como é o relacionamento dele com a família adotiva.
    Um ponto que também chamou a atenção é a quantidade de filhos já adotados pelo casal, que foi mencionado por Catarina. Não irei especular sobre as intenções do casal, mas é importante ressaltar, que na Rússia as famílias recebem uma compensação financeira ao adotarem uma criança. Os valores variam muito, visto que depende se a criança possui ou não alguma alguma deficiência ou se é menor de 12 anos. Também existe uma bonificação por cada criança adotada adicionalmente. Famílias adotivas também recebem bons descontos em contas de água, luz e gás, por exemplo, além de contarem com transporte local gratuito e outros tipos de assistência financeira. Nem sempre o amor pode falar mais alto, quando a questão é adoção. A imprensa russa sempre fez muita questão de enfatizar, que o adolescente era adotado, e que o casal tinha apenas sua guarda, praticamente tentando dizer, nas entrelinhas, que algo poderia estar errado naquela relação. Infelizmente, no entanto, não temos base suficiente para afirmar ou negar alguma coisa nesse sentido.

    Sinceramente, gostaria que o caso fosse realmente investigado a fundo pelas autoridades competentes, que policiais pudessem ser entrevistados, que os familiares também fornecessem maiores informações, e que tudo fosse devidamente esclarecido. Talvez, no entanto, daqui algum tempo esse caso caia no esquecimento, tão logo a imprensa russa encontre outro assunto, e outro local para acampar. Enfim. E aí, o que vocês acharam de toda essa história? Estranho, não é mesmo? Por enquanto, infelizmente, o caso é inconclusivo. Caso tenhamos maiores informações, manteremos vocês atualizados assim que possível, combinado?

    Até a próxima, AssombradOs!

    Criação/Tradução/Adaptação: Redator Marco Faustino

    Fontes:
    http://kolpashevo.cerkov.ru/duxovenstvo/
    http://krasnoyarskmedia.ru/news/669852/
    http://siberiantimes.com/other/others/news/police-seeks-help-from-church-on-a-poltergeist-case-in-remote-corner-of-tomsk-region/
    http://simeon80.cerkov.ru/
    http://svjatoynarym.ru/2018/02/13/kommentarij-informacionnogo-otdela-kolpashevskoj-eparxii-po-povodu-sobytij-proisxodyashhix-v-p-maraksa/
    http://tomsk.mk.ru/articles/2018/02/13/v-tomskoy-oblasti-poyavilsya-svoy-poltergeyst.html
    http://turistclub.tomsk.ru/travels/?client_id=3319&travel_id=465
    http://www.mk.ru/social/2018/02/13/udarilo-yaycom-potom-shkafom-strashnye-priklyucheniya-poltergeysta-v-tomskoy-derevne.html
    http://www.newsru.com/crime/13feb2018/poltergeistflattom.html
    http://www.tvtomsk.ru/vesti/company/34124-letayut-nozhi-i-padayut-shkafy-poltergeyst-oruduet-v-tomskom-sele.html
    http://www.tvtomsk.ru/vesti/event/34128-paranormalnoe-yavlenie-v-tomskoy-oblasti-kolpashevskaya-eparhiya-prokommentirovala-sobytiya.html
    http://www.tvtomsk.ru/vesti/event/34152-policiya-provodit-proverku-informacii-o-sverhestestvennom-yavlenii-v-tomskoy-derevne.html
    https://br.sputniknews.com/mundo_insolito/2018021410524149-fantasma-russia-tomsk/
    https://ria.ru/incidents/20180214/1514580633.html
    https://tengrinews.kz/strange_news/letayut-noji-padaet-mebel-politseyskie-rossii-stolknulis-337655/
    https://www.sibreal.org/a/29041809.html
    https://www.vesti.ru/doc.html?id=2987629
    https://www.youtube.com/watch?v=3van8Qe8Y3Y
    https://www.youtube.com/watch?v=aaandCXP9h4

    Uma Mulher Teria Sido Enterrada Viva Após Moradores Encontrarem seu Corpo Revirado Dentro do Caixão, em Riachão das Neves/BA?

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    Por Marco Faustino

    Em novembro do ano passado, mostrei a vocês um caso envolvendo uma jovem chamada Débora Isis, cujos familiares teriam se recusado a enterrar a jovem devido a suspeita que a mesma estivesse viva, na cidade de Rio Largo, na região metropolitana de Maceió, no Estado de Alagoas. Toda a situação gerou uma grande comoção, assim como uma verdadeira confusão durante o velório da menina. Os familiares alegavam, que a menina não apresentava nenhum odor característico, teria lacrimejado, e até mesmo movido um membro do corpo; situações essas que populares atribuíram a um eventual milagre de Deus. Para completar, a mãe da menina alegou para a imprensa que a família tinha um histórico de catalepsia (um estado de imobilidade e inatividade do corpo inteiro, fazendo que o indivíduo fique na mesma posição em que foi colocado por um longo período de tempo). A imprensa ficou em polvorosa com a situação, o que acabou gerando um clamor popular ainda maior em relação ao caso. Foram publicadas diversas atualizações ao longo dos dias, e diversas reportagens foram veiculadas em canais de televisão que, ao final de um longo e doloroso processo, apenas exibiram pás de terra sendo jogadas em cima do caixão contendo o corpo da jovem, filha de uma senhora bem humilde chamada Teresa. Débora estava realmente morta e Teresa destruída emocionalmente. Sinceramente, foi um caso que mexeu muito comigo e que, com certeza, caso você não tenha ficado sabendo do mesmo, também irá mexer com você. Vale muito a pena conferir e acompanhar todo o desenrolar sobre aquele caso (leia mais: O Caso Débora Isis: Família se Recusa a Enterrar uma Jovem por Acreditar que Estivesse Viva e Gera Tumulto, em Rio Largo/AL!).

    Agora, eis que surge um novo caso na imprensa brasileira sobre uma estranha situação, que ocorreu na cidade de Riachão das Neves, no interior do Estado da Bahia. Basicamente, diversos veículos de comunicação mencionaram, que uma dona de casa deu entrada no Hospital do Oeste, na cidade Barreiras, localizada a cerca de 90 km ao sul de Riachão das Neves, no fim do mês de janeiro com problemas respiratórios e, após alguns dias internada, ela veio a falecer. Desconfiados da morte repentina, e da angústia da mãe da vítima, que alegava estar tendo sonhos constantes com a filha, os familiares passaram a suspeitar de catalepsia, sendo que a suspeita teria se intensificado após uma vizinha do cemitério, onde a dona de casa foi enterrada, ter dito que ouviu gritos de socorro e gemidos. Populares se mobilizaram para abrir o túmulo; em seguida o caixão, sendo amplamente mencionado em diversos sites de notícias, que o corpo estaria de bruços, o nariz e boca sem os algodões, e as mãos arranhadas, como se a dona de casa tivesse sido enterrada viva e posteriormente tentado sair do caixão. Muitos sites sequer tiveram o cuidado, diante da sensibilidade do tema, de colocar no título de suas notícias, que a dona de casa "podia" ter sido enterrada viva. Em vez disso, muitos afirmaram que a mulher tinha sido mesmo enterrada viva. Contudo, será que isso realmente aconteceu? Vamos saber mais sobre esse assunto?

    Um Pouco Sobre a Cidade de Riachão das Neves, no Estado da Bahia


    O município de Riachão das Neves fica localizado no extremo oeste do Estado da Bahia, bem próximo ao Tocantins, a quase 1.000 km (aproximadamente 13h de carro) de Salvador, a capital do estado, e a 90 km (aproximadamente 2h de carro) ao norte de Barreiras, a principal cidade do oeste baiano. Segundo uma estimativa populacional realizada pelo IBGE, em relação ao ano passado, a cidade teria pouco mais de 23 mil habitantes, sendo que cerca de 83% da população se declara católica.

    Segundo dados referentes ao ano de 2015, Riachão das Neves contava com apenas 6.7% da população ocupada, e um salário médio mensal de 1,9 salários mínimos. Já de acordo com dados referentes ao ano de 2010, apenas 9,1% das casas possuíam esgotamento sanitário adequado, sendo que somente 2,5% das vias públicas eram urbanizadas.



    O município de Riachão das Neves fica localizado no extremo oeste do Estado da Bahia, bem próximo ao Tocantins, a quase 1.000 km (aproximadamente 13h de carro) de Salvador, a capital do estado, e a 90 km (aproximadamente 2h de carro) ao norte de Barreiras, a principal cidade do oeste baiano.
    Em 1660, o então 32º Governador Geraldo Brasil, Dom João de Lan-Castro, autorizou uma expedição para navegar os afluentes do Rio São Francisco, entre eles o rios Grande, Rio Preto e Rio Corrente. No Oeste da Bahia, a expedição passou por Barra, primeira cidade da região do Vale do São Francisco, seguindo por Pilão Arcado e Campo Largo, hoje Cotegipe, de onde Riachão das Neves foi desmembrado. Em 1824, a região passou a integrar a Província de Minas Gerais e, em 1827, por meio de um ato provisório, foi entregue à Província da Bahia. Tudo isso porque os pernambucanos, liderados por Frei Caneca, não aceitaram a Constituição imposta pelo imperador e, para castigar Pernambuco, o imperador tirou toda a área, que atualmente é conhecida como oeste baiano, da Província de Pernambuco. A partir daí, passou a integrar a Sesmaria da Casa da Ponte de Antônio Guedes de Brito.

    O povoamento de Riachão das Neves iniciou-se na primeira metade do século XIX, por colonos vindos da Província de Pernambuco. A fertilidade das terras, que não necessitavam de agrotóxico para produzir atraiu novas famílias, que com a agricultura e pecuária obtinham o sustento. Dessa forma, ali se estabeleceram para originar e dar formato ao Arraial Riachão das Neves, que recebeu o título de Vila em 1934. O município foi criado em 1962 e seu patrono foi Juarez de Souza, deputado estadual que formulou a lei para que a vila desmembrasse de Cotegipe e se tornasse cidade. O nome originou-se da junção da Fazenda Neves, e do riacho que banhava a sede municipal, chamado Riachão das Neves.

    Antiga foto da Igreja Matriz de Nossa Senhora Sant`Ana, da cidade de Riachão das Neves/BA.
    Foto mostrando um grande público presente em uma das edições da "Festa de Santana",
    realizada sempre no mês de julho.
    Riachão das Neves também é muito famosa pela "Festa de Santana", no mês de julho, juntamente com comemoração de seu aniversário de emancipação política no dia 19, que é somente o início das festividades, que continuam até o dia da padroeira da cidade, Nossa Senhora Sant`Ana, no dia 26 de julho. Agora, que vocês conhecem um pouco da cidade, vamos ao nosso assunto principal.

    Começando a Entender o Caso: A Reportagem Exibida Pela TV Oeste


    No dia 10 de fevereiro, a TV Oeste, emissora de TV afiliada da Rede Globo, que atua na região Oeste da Bahia há 26 anos, em uma área de cobertura que compreende 34 municípios, exibiu uma reportagem intitulada "Parentes de mulher morta desconfiam que ela tenha sido enterrada viva e procuram a polícia", no BATV, o principal telejornal da emissora. Essa era mais uma reportagem "comum" entre tantas outras veiculadas pela emissora. O assunto começou a ganhar repercussão em sites de notícias locais, e blogs de jornalistas "independentes", porém a dimensão nacional foi alcançada tão somente, quando o caso apareceu no Portal G1 com o seguinte título: "Mulher é enterrada viva e corpo é achado revirado em caixão" (ao acessar a notícia, o título muda para "Mulher é enterrada viva na Bahia e corpo é achado revirado dentro de caixão, diz família; vizinhos ouviram gritos", sendo que esse "diz família"é a forma bem comum de disfarçar um "clickbait").

    Assim sendo, o assunto começou a gerar uma grande repercussão nas redes sociais, que quase sempre apontavam para a o texto publicado pelo Portal G1 e, eventualmente para a reportagem da TV Oeste. Apesar de diversos outros veículos de comunicação terem ido atrás dessa história, os mesmos não receberam tanta atenção, e a história, da forma que foi retratada inicialmente, acabou indo parar até mesmo nos tabloides britânicos, e sites de notícias da América Latina. Confira a reportagem, que foi exibida da TV Oeste, em um canal de terceiros, no YouTube:



    Para evitar que vocês tenham que gastar a franquia de internet de vocês, vou destrinchar essa reportagem, que é bem curtinha, combinado? Bem, inicialmente foi informado pelo repórter Alexandre Uilliam, que Riachão das Neves era uma cidade tranquila, mas que nos últimos dias os moradores estavam assustados, por acreditar que uma mulher havia sido enterrada viva.

    Uma senhora chamada Ana Francisca Dias, auxiliar de serviços gerais, disse que o cemitério havia lotado, no dia anterior (9), e mais de 500 pessoas teriam ido conferir se a mulher estava viva ou não. Ela também mencionou, que pessoas teriam pegado em um dos pés da mulher, e que o mesmo estava quente, e o corpo não estava gelado.

    Inicialmente foi informado pelo repórter Alexandre Uilliam, que Riachão das Neves era uma cidade tranquila, mas que nos últimos dias os moradores estavam assustados, por acreditar que uma mulher havia sido enterrada viva.
    Uma senhora chamada Ana Francisca Dias, auxiliar de serviços gerais, disse que o cemitério havia lotado, no dia anterior (9), e mais de 500 pessoas teriam ido conferir se a mulher estava viva ou não. Ela também mencionou que pessoas teriam pegado em um dos pés da mulher, e que o mesmo estava quente, e o corpo não estava gelado.
    A mulher em questão era Rosângela Almeida dos Santos, 37 anos, que foi enterrada no dia 29 de janeiro, após passar uma semana internada no Hospital do Oeste, na cidade de Barreiras. Na certidão de óbito constava, que a causa da morte tinha sido "choque séptico" (uma infecção generalizada que se dá quando as bactérias, fungos ou vírus de uma infecção local chegam à corrente sanguínea, espalhando-se por todo o corpo, causando sintomas do choque).

    A mulher em questão era Rosângela Almeida dos Santos, 37 anos, que foi enterrada no dia 29 de janeiro, após passar uma semana internada no Hospital do Oeste, na cidade de Barreiras.
    Na certidão de óbito constava, que a causa da morte tinha sido "choque séptico" (uma infecção generalizada que se dá quando as bactérias, fungos ou vírus de uma infecção local chegam à corrente sanguínea, espalhando-se por todo o corpo, causando sintomas do choque).
    Germana de Almeida, mãe de Rosângela, inicialmente disse que a filha tinha sido levada para a sala de reanimação, e depois tinha dado entrada na UTI. Porém, a reportagem faz um corte brusco para exibir o relato de uma senhora chamada Natalina Silva, uma dona de casa, que mora em frente ao Cemitério Nossa Senhora Sant`Ana, local onde Rosângela foi enterrada.

    Segundo Natalina, ela havia saído para visitar sua mãe adoecida. Ao chegar ou passar por um determinado ponto (algo que não foi mostrado na reportagem), ela disse que ouviu batidas. Inicialmente, ela pensou que fosse brincadeira de meninos, que vivem brincando no interior do cemitério, porém Natalina também teria ouvido dois gemidos. Após os mesmos, ela não teria ouvido mais nada.

    Germana de Almeida, mãe de Rosângela, inicialmente disse que a filha tinha sido levada para a sala de reanimação, e depois tinha dado entrada na UTI
      A reportagem faz um corte brusco para exibir o relato de uma senhora chamada Natalina Silva, uma dona de casa, que mora em frente ao Cemitério Nossa Senhora Sant`Ana, local onde Rosângela foi enterrada. Ao chegar ou passar por um determinado ponto (algo que não foi mostrado na reportagem), ela disse que ouviu batidas. Inicialmente, ela pensou que fosse brincadeira de meninos, que vivem brincando no interior do cemitério, porém Natalina também teria ouvido dois gemidos. Após os mesmos, ela não teria ouvido mais nada.
    Segundo a reportagem, desconfiada, a mãe de Rosângela teria ido até o cemitério e resolvido abrir o túmulo. A reportagem também mencionou, que Germana afirmava que havia machucados nas mãos e na testa da filha, ferimentos que, segundo ela, a mesma não apresentava, quando foi enterrada. Embora apresentasse sinais de confusão em suas palavras, Germana disse que ao abrir, notou que a tampa estava aberta, e até os "preguinhos" de cima do caixão estavam soltos. Diante da câmera, ela alegou que as mãos estavam feridas, como se tivesse tentado sair.

    Segundo a reportagem, desconfiada, a mãe de Rosângela teria ido até o cemitério e resolvido abrir o túmulo
    A reportagem também mencionou, que Germana afirmava que havia machucados nas mãos e na testa da filha, ferimentos que, segundo ela, a mesma não apresentava, quando foi enterrada.
    Embora apresentasse sinais de confusão em suas palavras, Germana disse que ao abrir, notou que a tampa estava aberta, e até os "preguinhos" de cima do caixão estavam soltos. Diante da câmera, ela alegou que as mãos estavam feridas, como se tivesse tentado sair.
    Ao final da reportagem, Alexandro Uilliam informou que os familiares de Rosângela estavam indo até Barreiras para lavrar um boletim de ocorrência, mas como o caso aconteceu em Riachão das Neves, o mesmo deveria ser investigado pela Polícia Civil de Riachão das Neves. A equipe de reportagem foi até a delegacia, mas não encontraram o delegado para falar sobre o assunto.

    Isamara Almeira, irmã de Rosângela, também disse que a família não queria acusar e nem prejudicar ninguém, mas que a situação era estranha, visto que, segundo ela, não tinha condições de uma pessoa estar quente após 13 dias enterrada.

    Ao final da reportagem, Alexandro Uilliam informou que os familiares de Rosângela estavam indo até Barreiras para lavrar um boletim de ocorrência, mas como o caso aconteceu em Riachão das Neves, o mesmo deveria ser investigado pela Polícia Civil de Riachão das Neves. A equipe de reportagem foi até a delegacia, mas não encontraram o delegado para falar sobre o assunto.
    Isamara Almeira, irmã de Rosângela, também disse que a família não queria acusar e nem prejudicar ninguém, mas que a situação era estranha, visto que, segundo ela, não tinha condições de uma pessoa estar quente após 13 dias enterrada.
    Enfim, foi basicamente essa história, que foi exibida pela TV Oeste. No dia 14 de fevereiro, o Portal G1 acrescentou que, em nota, a assessoria do Hospital do Oeste informou que estava à disposição dos familiares da vítima e autoridades para prestar todas as informações necessárias. Curiosamente, apesar de não ser mencionado na reportagem, também foi acrescentado, que o "túmulo foi violado pela família após moradores de casas vizinhas ao cemitério municipal onde a mulher foi enterrada ouvirem gritos vindos do túmulo". Vale lembrar, que a reportagem mencionava apenas uma moradora, e que a mesma teria ouvido batidas e gemidas ao passar a uma certa distância, embora tenha pensado, que o som fosse proveniente de crianças, que habitualmente brincavam dentro do cemitério.

    O Outro Lado da História: As Informações Divulgadas por Outros Veículos de Comunicação


    Diante da imprecisão gerada pela notícia divulgada pelo Portal G1, nada melhor do que consultar outras fontes. Geralmente, as pessoas não fazem isso por uma série de motivos. Entre eles está o fato de que, muitas vezes, os usuários na internet não têm tempo de ficar procurando ou então confiam cegamente na credibilidade de determinados sites de notícias. No entanto, esse tipo de atitude, de vez em quando, não termina nada bem.

    As primeiras informações dessa história surgiram em sites como o "Cerra do Valle" e "Mural do Oeste". Segundo o "Cerra do Valle", em um curto texto publicado na noite de 9 de fevereiro, as informações preliminares davam conta que, uma mulher que teria tido uma parada cardiorrespiratória, há cerca de 12 dias, tinha sido velada e sepultada pelos familiares, mas que, naquele momento, estaria viva. Gritos teriam sido ouvidos; a família teria sido acionada, e fizeram a escavação da cova. Para surpresa de todos, a mulher estava virada, e com as mãos e braços machucados, supostamente devido sua tentativa de sair do caixão. Já o "Mural do Oeste" publicou que população teria ouvido gritos e gemidos, e conseguiu desenterrar a mulher. A mesma estaria de bruços, sem algodões no ouvido e no nariz, e a tampa do caixão estaria solta. Ambos os sites também publicaram algumas imagens daquela noite.

    Segundo o "Cerra do Valle", em um curto texto publicado na noite do dia 9 de fevereiro, as informações preliminares davam conta que, uma mulher que teria tido uma parada cardiorrespiratória, há cerca de 12 dias, tinha sido velada e sepultada pelos familiares, mas que, naquele momento, estaria viva. Gritos teriam sido ouvidos; a família teria sido acionada, e fizeram a escavação da cova.
    Para surpresa de todos, a mulher estava virada e com as mãos e braços machucados,
    supostamente devido sua tentativa de sair do caixão.
    Já o "Mural do Oeste" publicou que população teria ouvido gritos e gemidos, e conseguiu desenterrar a mulher. A mesma estaria de bruços, sem algodões no ouvido e no nariz, e a tampa do caixão estaria solta. Ambos os sites publicaram algumas imagens daquela noite.
    A maioria dos sites de notícias locais e blogs de jornalistas "independentes" basicamente repetiu as mesmas informações. Alguns sites, inclusive, estampavam as seguintes manchetes: "Tragédia em Riachão das Neves: Mulher é enterrada viva por engano; cidade está em choque", "Mulher é enterrada viva por engano em Riachão das Neves", entre outros títulos bem chamativos, por assim dizer, mas ninguém se aprofundou nesta história.

    Para não sermos injustos, o site "Mídia Bahia" chegou a mencionar que, "desconfiados da morte repentina, e da angústia da mãe da vítima, que afirmava estar tendo sonhos constantes com a filha, os familiares passaram a suspeitar de catalepsia, um distúrbio que faz a pessoa aparentar estado de morte; a suspeita ganhou fôlego após uma vizinha ao cemitério ter dito ouvir gritos de socorro".

    Já o site "Folha do Vale" chegou a apontar, que o caso seria investigado pelo delegado Arnaldo Alves Dumont, que iria pedir por um novo exame de necropsia. Dependendo do laudo do legista, o delegado poderia, inclusive, responsabilizar o médico que assinou o atestado de óbito. A equipe do portal Folha do Vale tentou contato com o Hospital do Oeste, mas ninguém se pronunciou sobre o fato. O corpo de Rosângela teria sido encaminhado ao IML, em Barreiras, na manhã do dia 10 de fevereiro, por homens da Polícia Técnica.

    A equipe do portal Folha do Vale tentou contato com o Hospital do Oeste, mas ninguém se pronunciou sobre o fato. O corpo de Rosângela teria sido encaminhado ao IML, em Barreiras, na manhã do dia 10 de fevereiro, por homens da Polícia Técnica.
    Posteriormente, o caso foi veiculado pela TV Oeste, que exibiu aquela reportagem basicamente confirmando alguns pontos, que já estavam sendo alegados em sites de notícias locais. Contudo, existe um outro lado dessa história, que não foi mencionado por praticamente ninguém, exceto pelo site do jornal "Correio".

    O site do jornal Correio, em uma notícia publicada no dia 15 de fevereiro, nos dá uma noção mais precisa de como toda essa história realmente aconteceu. De acordo com matéria publicada pelo repórter Mário Bittencourt, na noite de 9 fevereiro, uma sexta-feira, por volta das 18h, cerca de 500 pessoas se dirigiram para o Cemitério Nossa Senhora Sant`Ana para conferir de perto a notícia que se espalhou por grupos de WhatsApp: pedidos de socorro e gemidos estavam sendo ouvidos de dentro do túmulo de Rosângela Almeida dos Santos, sepultada em 29 de janeiro. O falecimento de Rosângela ocorreu no Hospital do Oeste, em Barreiras, para onde foi levada às pressas, após cansaço excessivo. Ela foi internada no dia 23 de janeiro e morreu no dia 28 do mesmo mês. Rosângela chegou a ficar entubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde teve duas paradas cardíacas antes de morrer de "choque séptico".

    De acordo com a família, Rosângela sofria com desmaios desde os 7 anos, e tomava remédios controlados todos os dias, o principal deles era o "Gardenal", que combate convulsões. Ainda segundo a família, a dona de casa, que era casada e não tinha filhos, também bebia álcool e fumou cigarro por um tempo. O túmulo, uma gaveta mortuária, foi violado por populares na noite de sexta-feira de Carnaval com consentimento da mãe, dona Germana Alves de Almeida, de 66 anos. O caixão sem a tampa foi posto para fora do túmulo e aberto ao público, iniciando um espetáculo sombrio, que durou até o meio-dia do dia seguinte, quando o túmulo foi novamente fechado.

    O falecimento de Rosângela ocorreu no Hospital do Oeste, em Barreiras, para onde foi levada às pressas, após cansaço excessivo. Ela foi internada dia 23 de janeiro e morreu dia 28. Rosângela chegou a ficar entubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde teve duas paradas cardíacas antes de morrer de "choque séptico".
    Com olhares arregalados e expressão facial temerosa, populares se aproximaram do corpo de Rosângela e tocaram nele para conferir se ainda estava quente, já que, mesmo após 11 dias do sepultamento, ele não apresentava rigidez, e nem odor (irei comentar sobre isso daqui a pouco). Uns colocaram as pernas do cadáver para fora do caixão e movimentavam joelhos e pés. Outros, assim como a mãe de Rosângela, disseram ter notado arranhões nas mãos e na testa, algo que, para ela, seria um sinal de que a filha teria lutado para sair do caixão. Quase toda a família acreditava nessa versão, menos a irmã Maria Helena de Matos, uma microempreendedora de 45 anos, que também viu o corpo.

    "Eu vi esses arranhões. Sempre achei estranha essa morte dela, não estava conformada e por várias noites vinha sonhando com ela pedindo socorro. Quero que a polícia investigue esse fato e nos dê uma posição, porque a família toda está preocupada com essa situação", disse Germana.

    "Eu não vi nada de estranho. Esse arranhão na testa, para mim, foi da decomposição do corpo mesmo. Não acredito que minha irmã tenha sido enterrada viva, mas tem uns fatos que precisam ser melhor esclarecidos para a família, e também espero que a polícia nos dê logo uma resposta", disse Maria Helena.

    "Eu não vi nada de estranho. Esse arranhão na testa, para mim, foi da decomposição do corpo mesmo. Não acredito que minha irmã tenha sido enterrada viva, mas tem uns fatos que precisam ser melhor esclarecidos para a família, e também espero que a polícia nos dê logo uma resposta", disse Maria Helena.
    Mesmo tendo opiniões diferentes sobre se Rosângela tinha sido enterrada viva ou não, tanto a mãe quanto a irmã por parte de pai disseram que acharam estranho o fato de o caixão ter sido encontrado com a tampa aberta quando o túmulo foi violado.

    "Isso aí estava mesmo, e deixou todo mundo assustado", comentou Maria Helena.

    Devido ao feriado de Carnaval, o caso passou a ser investigado somente no dia 15 de fevereiro, última quinta-feira, pela Polícia Civil de Riachão das Neves. O delegado Arnaldo Monte, titular da delegacia local, esperava ter uma conclusão sobre o caso em duas semanas.

    "Começaremos a ouvir hoje (15) familiares e outras pessoas. Se for o caso, podemos pedir exumação", disse. Para o delegado, há muitos boatos sobre o caso.

    "Esse fato dela estar arranhada, por exemplo, as pessoas com quem conversamos ainda não nos relataram isso. Vamos ouvir todo mundo até a terça-feira (20) que vem. Já expedi os mandados de intimação necessários. A exumação só ocorrerá se houver necessidade, e terá de ser com autorização judicial", declarou Arnaldo Monte. Em declaração ao "Correio", o delegado disse que as pessoas que violaram o túmulo, e a mãe de Rosângela, deveriam ser indiciadas pelo crime de violação de túmulo.

    Devido ao feriado de Carnaval, o caso passou a ser investigado somente no dia 15 de fevereiro, última quinta-feira, pela Polícia Civil de Riachão das Neves. O delegado Arnaldo Monte, titular da delegacia local, esperava ter uma conclusão sobre o caso em duas semanas.
    "Ela (a mãe) pode não ter violado, mas autorizou, e é meu dever relatar isso no inquérito. Mas provavelmente o juiz deve absolvê-la por ela ser a mãe e agir pela emoção", continuou.  O crime de violação de sepultura prevê pena de 1 a 3 anos, conforme o Código Penal.

    Na tarde da última quinta-feira, o delegado disse que o funcionário da funerária , que realizou os serviços para colocar o corpo de Rosângela no caixão esteve no momento em que o túmulo foi violado, e que não notou anormalidade, estando o corpo do mesmo jeito que foi enterrado. Arnaldo Monte ainda disse que, a mãe de Rosângela relatou em depoimento, que comprou R$ 400 de formol.

    "Daí se explica o porquê de o corpo não se encontrar em estado de putrefação", completou.

    O delegado disse, que iria solicitar à Secretaria de Saúde de Riachão das Neves, um laudo e acompanhamento psicológico da mãe de Rosângela. Os familiares da dona de casa reclamavam, que o Hospital do Oeste não havia dado informações sobre seu estado de saúde durante a internação, e que teriam impedido, inclusive, de fazer visitas. Em nota ao Jornal Correio, a unidade médica declarou apenas que "estava à disposição dos familiares e autoridades para prestar todas as informações necessárias."

    Os Vídeos Divulgados nas Redes Sociais e uma Dose de Realidade Sobre Toda Essa História


    Em meio a tantos relatos, que costumo chamar de evidências anedóticas, ou seja, pessoas que dizem que viram, sentiram ou acreditam que presenciaram algo, acabei encontrando dois vídeos referentes ao momento em que moradores retiraram o caixão de Rosângela do túmulo. O primeiro deles possui apenas alguns poucos segundos. Confira o mesmo abaixo, em um canal de terceiros, no YouTube:



    Não existe a indicação de quem gravou o vídeo acima, porém é possível notar claramente, que a pessoa estava presente no momento em que o túmulo foi violado, visto que é possível ver o caixão de Rosângela ao fundo. Algumas declarações, no entanto, chamam a atenção. É possível notar um morador dizendo, por exemplo, "Já está fedendo". Já outros dizem "E ela morreu foi hoje", "Deve ter morrido agora". Essas são declarações interessantes e contradizem o que foi mencionado anteriormente, ou seja, que o corpo não apresentava odor. Sim, ele apresentava. Se o horário mencionado pelo Jornal Correio estiver certo, ou seja, se os tais "gritos" ou "gemidos" foram ouvidos por volta das 18h, e considerando que o morador disse que o corpo "já estava fedendo", isso indica que corpo já estava em estado de decomposição há um bom tempo.

    Resumindo? Rosângela não teria morrido naquele momento. De qualquer forma, existe um outro vídeo, dessa vez um pouco mais longo (com quase 3 minutos de duração), que ajuda e muito a esclarecer boa parte desta história. Confira o mesmo abaixo, que também foi publicado em um canal de terceiros, no YouTube:



    Também não existe nenhuma indicação de quem gravou esse vídeo acima.No entanto, no vídeo é possível ver os moradores retirando o caixão, que aparentemente estava com a tampa aberta (embora não saibamos se aquela foi a primeira vez que fizeram isso), e um grande alvoroço ao redor do mesmo. Um morador, inclusive, chegou a colocar a mão em um dos pés de Rosângela, permanecendo um bom tempo com a mão dentro do caixão. Aos 53 segundos de vídeo é possível ouvir esse morador dizendo "Ela está viva", sendo que havia um clamor popular para que a tampa do caixão fosse retirada. Posteriormente, diversos moradores colocaram a mão dentro do caixão. É possível notar também, que existia muita dúvida entre os populares, se Rosângela estava ou não viva.

    Entretanto, em 2:04, é possível ouvir claramente alguém dizer que o corpo estava fedendo, algo que contrariava a opinião de alguns moradores, que diziam que a mulher estava viva. Após um grande impasse, os moradores resolveram tirar a tampa do caixão. E o que havia dentro? Basta colocar em 2:48 (não colocarei nenhuma imagem, mas vocês podem assistir o vídeo e conferir por conta própria). No interior do caixão havia um corpo, aparentemente intacto, com todos os tecidos organizados, e aparentemente com a face virada para cima. Resumindo? Diante dessas imagens, o corpo de Rosângela não estava revirado ou "de bruços" conforme foi mencionado por moradores e pela imprensa. E, mesmo que Rosângela tivesse sido enterrada em uma posição incomum, não há nenhum sinal que, desde o seu enterro, Rosângela tivesse se movido. Se alguém tivesse realmente lutado para sair, o interior do caixão não estaria tão organizado daquela forma.

    Resumindo? Diante dessas imagens, o corpo de Rosângela não estava revirado ou "de bruços" conforme foi mencionado por moradores e pela imprensa. E, mesmo que Rosângela tivesse sido enterrada em uma posição incomum, não há nenhum sinal que, desde o seu enterro, Rosângela tivesse se movido.
    Essa análise acima coincide exatamente com algumas declarações, que surgiram em uma nova notícia publicada pelo Portal G1, no dia 15 de fevereiro. O delegado Antistenes Benvindo, que atua como plantonista regional da Delegacia de Barreiras, disse que que as investigações preliminares apontavam, que a situação relatada pelos familiares não se sustentava em nenhum indício plausível. O delegado da cidade de Riachão das Neves, Arnaldo Alves, que assumiu a apuração do caso após registro inicial na Delegacia de Barreiras, voltou a dizer, que as informações que levaram familiares a violarem o túmulo não passaram de boatos. Aliás, segundo o delegado Antistenes Benvindo, um irmão da vítima havia confirmado que ela estava do mesmo jeito que foi enterrada, intacta. O delegado também contou que as informações sobre ferimentos nas mãos e na testa não eram verídicas.

    O Portal G1 disse ter entrevistado um médico, que integra a equipe de UTI da unidade médica, que preferiu não ser identificado. Ele contou que a paciente tinha enfisema pulmonar, e que foi hospitalizada com uma grave infecção respiratória. Em suas últimas 24 horas, na UTI, o médico contou que a mulher já apresentava um quadro "grave e irreversível". O médico também disse que, na UTI, a paciente estava sob um intenso grau de monitoramento, que tornaria impossível um erro médico, e consequentemente o sepultamento da mulher com vida.

    Comentários Finais


    Esse caso reflete bem como está a credibilidade da saúde pública em nosso país, e como a disseminação de notícias falsas vem se tornando cada vez mais uma situação insustentável. O Hospital do Oeste é administrado por uma uma entidade filantrópica privada, sem fins lucrativos, chamada "Obras Sociais Irmã Dulce" (OSID), e pertence a rede hospitalar do Governo do Estado da Bahia, ou seja, é um hospital público. A unidade hospitalar deveria atender tão somente a região Oeste da Bahia, porém, na prática, não é isso que acontece. O hospital também atende alguns municípios dos estados do Piauí, Maranhão, Goiás, Tocantins, e do Vale do São Francisco. O motivo é bem simples: muitas cidades do interior do Brasil, não somente da região Nordeste, não possuem médicos. Na cabeça de muitos prefeitos, por que pagar por médicos se existe um hospital bonitinho logo ali, a 100 ou 200 km de distância? Enfim, além de exames de laboratório e imagem, a unidade reúne em seu quadro de atendimento um total de 20 especialidades. E, conforme vocês devem imaginar, sofre com a superlotação e, eventualmente, atraso nos repasses estaduais. Por mês, em média, são mais de 60 mil procedimentos ambulatoriais e 8.400 atendimentos de emergência. Não conheço a realidade enfrentada pela população diariamente no hospital, mas não encontrei nada que fosse muito grave em uma rápida busca na internet. Por outro lado, uma vez que existe uma espécie de "coronelismo midiático" em muitas regiões do Nordeste, dificilmente algo gritante seria divulgado. De qualquer forma, o Hospital do Oeste, a princípio, não me parece um local, onde pessoas ainda com vida sejam atestadas como mortas, uma impressão que já tive em relação a outros hospitais relacionados a alguns casos anteriores. Agora, se Rosângela realmente veio a óbito por um quadro irreversível ou por negligência e, eventualmente, erro médico, isso é algo que a polícia deve apurar, e foge totalmente a minha alçada.

    Infelizmente, existe uma descrença generalizada na saúde pública em nosso país. Isso chega ao ponto de surgirem casos como o de Débora Isis e Rosângela. Dois casos ocorridos em menos de seis meses em que famílias não acreditavam, que seus entes queridos estivessem mortos. Casos assim geralmente ocorrem em países onde falta de tudo: saúde, educação, segurança, perspectiva de vida e, principalmente, esperança. É muito raro encontrar casos semelhantes ocorridos na Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos ou na Austrália, por exemplo, nos séculos XX e XXI. E, para piorar a situação, no caso relacionado a Rosângela, como se não bastasse toda a descrença, muitas vezes justificável na saúde pública, entrou um componente ainda mais mortal em toda essa história: as famosas evidências anedóticas. Aparentemente, tudo começou com o relato de uma moradora, que alegou ouvir gemidos, que depois se transformaram em "moradores ouvindo gritos" e, em pouco tempo, uma multidão se aglomerou ao redor do túmulo de Rosângela para abri-lo, aparentemente com o consentimento dos familiares. A partir daí, surgiram mais relatos de pessoas dizendo que a mulher estava sem os algodões nos ouvidos e no nariz, que seu corpo estava revirado no caixão, de bruços, que havia arranhões em suas mãos e testa, que não apresentava odor, que seu corpo estava flexível e assim por diante. Diante dos vídeos disseminados, o corpo de Rosângela não estava revirado, estava devidamente arrumado no interior do caixão, apresentava odor e, a flexibilidade mencionada, nada mais é do que a ausência do chamado rigor mortis, o endurecimento dos músculos de um cadáver, que normalmente cessa definitivamente após 72h. Rosângela estava morta, mas para as 500 pessoas, que foram assistir a um sombrio espetáculo movido por evidências anedóticas, e a falta de conhecimento de populares, que se acham no direito de afirmar algo ao colocar as mãos dentro de um caixão, não.

    Conseguem imaginar o sofrimento daquela mãe, quando dezenas ou centenas de pessoas foram lhe falar, que sua filha estava viva, e que ela tinha acabado de morrer, naquela sexta-feira, dia 9 de fevereiro, quando, na verdade, ela já estava morta desde o dia 28 de janeiro, quando foi introduzido cerca de R$ 400 de formol em seu corpo? O desespero da mãe, muitas vezes por não compreender como funciona as etapas da morte, de como o corpo de sua filha foi preparado para ser colocado no caixão, e diante de sua incapacidade de dar um tratamento melhor para a mesma é de partir o coração. Basta observar o olhar e a expressão facial da mãe durante a entrevista exibida pela TV Oeste. Diante de todo esse caos, dezenas de sites de notícias repercutiram a história de que a mulher tinha sido mesmo enterrada viva, despertando os mais diversos sentimentos de ódio e revolta nas pessoas, que sequer foram informadas de todos os detalhes mencionados nesta matéria. É necessário ter muito cuidado com que se alega e afirma, porque qualquer coisa atualmente tem o poder de inflamar os ânimos de uma manada humana enfurecida e irracional, capaz de provocar situações inimagináveis. Caso não se lembrem, uma mulher chamada Fabiane foi linchada até a morte por moradores do Guarujá, no litoral de São Paulo, em 2014, ao ser confundida com uma suposta sequestradora de crianças, que praticaria rituais de magia negra. Não havia sequestradora alguma, mas alguém acreditou que Fabiane fosse parecida devido a um boato, que estava circulando no Facebook; o restante vocês podem imaginar. No caso ocorrido em Riachão das Neves, na Bahia, Rosângela morreu apenas uma única vez, mas sua mãe, a Dona Germana, morreu três vezes: ao perder sua filha; pela falta de sensibilidade do hospital que poderia enviar, excepcionalmente, um representante para conversar com os familiares, e pelos falsos relatos propagados por moradores locais, cujos celulares pareciam mais com tochas e ancinhos, prontos para fazer justiça com as próprias mãos. No final das contas, não houve um único pedido de desculpas. Todos foram para suas casas e seguiram normalmente suas vidas. Dona Germana, no entanto, permanecerá para sempre dentro daquele túmulo, ao lado de sua filha.

    Até a próxima, AssombradOs.

    Criação/Adaptação: Marco Faustino

    Fontes:
    http://blogbraga.com.br/m/Noticia/familia-desenterra-mulher-apos-desconfiar-que-ela-foi-enterrada-viva-em-riachao-das-neves-extremo-oeste-baiano/41409
    http://g1.globo.com/bahia/batv/videos/v/parentes-de-mulher-morta-desconfiam-que-ela-tenha-sido-enterrada-viva-e-procuram-a-policia/6502501/
    http://midiabahia.com.br/bahia/2018/02/10/mulher-pode-ter-sido-enterrada-viva-em-riachao-das-neves/
    http://muraldooeste.com/mulher-pode-ter-sido-enterrada-viva-em-riachao-das-neves/
    http://www.boquiraemacao.com.br/2018/02/misterio-em-riachao-das-neves-ba-mulher.html
    http://www.cerradovalle.com.br/2018/02/mulher-e-enterrada-viva-em-riachao-das.html
    http://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/moradores-abrem-tumulo-apos-relato-de-mulher-enterrada-viva-na-bahia/
    http://www.focoelho.com/2018/02/mulher-e-enterrada-viva-na-bahia-e.html
    http://www.folhadovale.net/mulher-pode-ter-sido-enterrada-viva-em-riachao-das-neves.html
    https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/riachao-das-neves/panorama
    https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/grupo-que-abriu-caixao-por-achar-que-mulher-foi-enterrada-viva-deve-responder-por-violacao-funeraria-diz-policia.ghtml
    https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/mulher-e-enterrada-viva-e-corpo-e-achado-revirado-dentro-de-tumulo-na-ba-diz-familia-vizinhos-ouviram-gritos.ghtml
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Riachão_das_Neves
    https://www.cenariomt.com.br/2018/02/15/mulher-e-enterrada-viva-na-bahia-apos-erro-medico-diz-familia/
    https://www.youtube.com/watch?v=EZb6sjvP_o0
    https://www.youtube.com/watch?v=LzFjau2AC8g

    Amor Além da Vida? Cadela Emociona Familiares ao Acompanhar o Velório e Visitar o Túmulo de sua Antiga Dona em Nazária/PI!

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    Por Marco Faustino

    Provavelmente, vocês devem se lembrar ao menos de algum animal, que ficou famoso por comparecer ao velório ou visitar o túmulo do(a) seu(ua) ex-proprietário(a), não é mesmo? Como exemplo, no início de janeiro do ano passado, um homem chamado Wagner de Lima, 34 anos, vaqueiro e funcionário da prefeitura de Cajazeiras, no Estado da Paraíba, acabou morrendo em um acidente de moto no Estado do Rio Grande do Norte, logo no primeiro dia do ano. Ele chegou a ser socorrido e levado para um hospital da cidade de Mossoró, onde passou por uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. Seu enterro aconteceu cerca de dois dias depois, na tarde do dia 3 de janeiro, e durante o cortejo algo muito inusitado ocorreu: seu cavalo predileto, chamado Sereno, foi levado para se despedir do dono, e foi filmado relinchando, batendo as patas no chão, e chegou até mesmo a deitar a cabeça sobre o caixão, onde o corpo do seu dono estava, um gesto que acabou comovendo muitas pessoas ao redor do país. Desde o enterro, o cavalo "Sereno"é cuidado pelo irmão de Wagner, Wando Lima. Em uma entrevista concedida em janeiro deste ano, ele contou que animal mudou de comportamento e parou de brincar. Ele também vem alegando, que o animal não corre mais, e fica agitado em multidões. Segundo Wando, a reação do cavalo teria sensibilizado tanto os familiares, que eles pararam de utilizá-lo em competições e passaram apenas a cuidar de sua saúde. Atualmente, "Sereno" vive em um sítio chamado "Prensa", localizado na zona rural de Cajazeiras, e também fica sob os cuidados de um funcionário da família. Wando disse que passava a semana trabalhando, e viajava para Cajazeiras somente nos fins de semana, quando visitava o cavalo. De qualquer forma, não foi apresentada a opinião de nenhum veterinário ou especialista em comportamento animal, sobre o que poderia estar acontecendo com o cavalo e seu respectivo estado de saúde.

    Agora, novamente no início do ano, surgiu uma nova história de um animal de estimação, dessa vez uma cadela da raça Boxer, chamada "Belinha", de apenas 4 anos de idade, que vem comovendo muitas pessoas pelo Brasil. O motivo? A cadela compareceu ao velório de sua antiga dona, chegando a apoiar as patas dianteiras sobre o caixão e, posteriormente visitou o túmulo da mesma, juntamente com a família, na cidade de Nazária, no Estado do Piauí. Aliás, o filho dessa senhora alegou, que a cadela aparentava saber, onde sua antiga dona estava enterrada, mesmo sem nunca ter ido ao cemitério, e que ela havia se dirigido até o túmulo sem que ninguém indicasse o local para ela. Contudo, será que os cães ficam de luto, assim como os seres humanos? Eles realmente sabem onde seus donos estão enterrados? Vamos saber mais sobre esse assunto?

    Um Pouco Sobre a Cidade de Nazária, no Estado do Piauí!


    Nazária é um município do Estado do Piauí, que fica localizado a 30 km ao sul de Teresina, a capital do estado. Segundo uma estimativa realizada pelo IBGE, no ano passado, Nazária conta com aproximadamente 8.500 pessoas, sendo que, de acordo com dados referentes ao ano de 2015, apenas 10,3% da população possuía alguma ocupação, cujo salário médio mensal era de apenas 1,6 salários mínimos.



    É importante ressaltar, que Nazária foi emancipada politicamente de Teresina somente no ano de 1993, devido a um plebiscito realizado naquele mesmo ano. Devido a problemas jurídicos, o estatuto do novo município foi definido apenas em 2005, depois de uma decisão, em última instância, no Supremo Tribunal Federal. Oficialmente, foi instalada como município após as eleições municipais, que foram realizadas em outubro de 2008. Resumindo, é uma cidade recente, politicamente falando.

    É importante ressaltar, que Nazária foi emancipada politicamente de Teresina somente no ano de 1993, devido a um plebiscito realizado naquele mesmo ano. Devido a problemas jurídicos, o estatuto do novo município foi definido apenas em 2005, depois de uma decisão, em última instância, no Supremo Tribunal Federal.
    Igreja Católica da cidade de Nazária/PI
    O motivo de tanto embate por sua emancipação é que a vasta e promissora região de Nazária sempre teve uma grande importância econômica, e principalmente política, visto que era maior concentração eleitoral da zona rural do município de Teresina, chegando a eleger diversos representantes para ocupar cadeiras na Câmara Municipal, na década de 1960. De qualquer forma, do ponto de vista econômico, a localidade sempre teve grande importância para o estado do Piauí na produção de gêneros agrícolas, e mais recentemente recebeu destaque em relação ao avanço da piscicultura, da produção de produtos cerâmicos (telhas e tijolos), e da extração de babaçu.

    Entenda o Caso da Cadela "Belinha": Um Caso de Amor, que Nem a Morte Pode Separar?


    O caso envolvendo uma cadela chamada "Belinha" começou a repercutir devido a uma publicação no Instagram/Facebook de um homem chamado Dionísio Neto, ambientalista e filho de uma senhora chamada Telma Maria de Andrade, que morreu aos 53 anos, em decorrência de uma longa batalha contra o câncer, no dia 8 de fevereiro deste ano, na cidade de Teresina.

    Em sua publicação, Dionísio escreveu a seguinte mensagem: "E como um anjo, ela passou a noite toda ao seu lado. Mamãe dizia que era a sua enfermeira. A Belinha, como foi batizada por Telma Maria, mostrou ser a companheira mais que fiel. Amor, vida, morte e ensinamentos. Alguns vão dizer que sou um idiota em postar a foto do caixão da minha mãe, mas uma imagem pode ensinar muita gente a amar os animais, e que animais não são só animais, pois eles são puramente amor. #saudade". Juntamente com essa mensagem estava uma foto da cadela Belinha, com as duas patas dianteiras tocando o caixão, onde o corpo de Telma Maria havia sido colocado.

    O caso envolvendo uma cadela chamada "Belinha" começou a repercutir devido a uma publicação no Instagram/Facebook de um homem chamado Dionísio Neto, ambientalista e filho de uma senhora chamada Telma Maria de Andrade, que morreu aos 53 anos, em decorrência de uma longa batalha contra o câncer, no dia 8 de fevereiro deste ano, na cidade de Teresina, capital do Piauí.
    Não demorou muito tempo para que alguns veículos de comunicação propagassem a história. Um dos primeiros veículos foi o site de notícias "Cidade Verde". Segundo o texto publicado, a foto de Belinha durante o velório, realizado no dia 9 de fevereiro, representava muito bem o afeto entre ela e sua antiga dona, que parecia permanecer mesmo após a morte. Belinha tem 4 anos de idade, e também acompanhou a maior parte do tratamento de sua dona, que durou cerca de 6 anos, ou seja, Telma já estava em tratamento, quando Belinha chegou em sua vida.

    Belinha tem 4 anos de idade, e também acompanhou a maior parte do tratamento de sua dona, que durou cerca de 6 anos, ou seja, Telma já estava em tratamento, quando Belinha chegou em sua vida. Na foto acima podemos ver Belinha bem mais novinha.
    "A doença atacou o pâncreas, pulmão e outros órgãos, até atingir a coluna, e chegar nos últimos oito meses em um grau mais delicado. O tratamento durou seis anos e a cadela foi uma companheira a quem minha mãe chamava de 'sua enfermeira'. Todo dia a Belinha ficava sentada com ela e quando ia para fora de casa, a Belinha acompanhava. As duas 'conversavam' e brincavam'", disse Dionísio Neto, acrescentando que Belinha acompanhou o velório a noite inteira como se estivesse velando sua mãe. Aliás, é importante destacar, que Telma morava em Teresina com o filho Dionísio, o marido, e a cadela, porém ela foi enterrada na cidade de Nazária, razão pela qual escolhi destacá-la no título desta matéria.

    "A Belinha acompanhou o velório por toda a noite. Em alguns momentos ficava em pé ao lado do caixão; em outros, deitava embaixo. A gente viu ali o amor incondicional que acredito ser um anjo. Agora, ela sempre acompanha as rezas em casa, e todo dia senta na cadeira durante o terço", continuou. Aliás, ainda segundo Dionísio, Belinha chorava todo dia no quarto de sua antiga dona.

    "A Belinha acompanhou o velório por toda a noite. Em alguns momentos ficava em pé ao lado do caixão; em outros, deitava embaixo. A gente viu ali o amor incondicional que acredito ser um anjo. Agora, ela sempre acompanha as rezas em casa, e todo dia senta na cadeira durante o terço", continuou. Aliás, ainda segundo Dionísio, Belinha chorava todo dia no quarto de sua antiga dona.
    Em entrevista ao Portal G1, Dionísio disse que Belinha e Telma tinham uma relação muito forte. O que mais tinha o impressionado, tinha sido a postura da cadela enquanto o corpo era velado.

    "No velório ela ficava em pé quando as pessoas se aproximavam do caixão. Ela subia e ficava vigilante. Acho que era porque minha mãe dormia na rede. Ela ficava embaixo também durante a noite toda", disse Dionísio, explicando, em seguida, que Telma e Belinha eram unidas em todas as atividades do dia.

    "Ela que botou o nome de Belinha e virou a companheira dela. Faziam tudo juntas desde o café da manhã. Todos os dias a Belinha acordava minha mãe e ela chamava a cachorra de 'minha enfermeira'. Foi uma enfermeira do amor e da alegria, um xodó", continuou. Curiosamente, ele disse que, inicialmente, sua mãe não queria a cadela, mas que a relação das duas acabou sendo construída aos poucos, e que Belinha estava na família desde filhote.

    "Ela que botou o nome de Belinha e virou a companheira dela. Faziam tudo juntas desde o café da manhã. Todos os dias a Belinha acordava minha mãe e ela chamava a cachorra de 'minha enfermeira'. Foi uma enfermeira do amor e da alegria, um xodó", disse Dionísio.
    Curiosamente, Dionísio disse que, inicialmente, sua mãe não queria a cadela, mas que a relação das duas acabou sendo construída aos poucos, e que Belinha estava na família desde filhote.
    Em declaração ao jornal "Estado de São Paulo", Dionísio disse que mesmo depois de morta, sua mãe estava ensinando que o amor não era apenas algo do ser humano. Ele também disse que sua mãe e Belinha mostravam que o amor dos animais era algo superior ao que a gente imaginava.

    A Cadela "Belinha" Visita o Túmulo de sua Antiga Dona, e Novamente Gera Comoção Entre os Familiares


    No dia 14 de fevereiro, quarta-feira passa, a família de Dionísio Neto compareceu ao cemitério do Nazária acompanhada da cadela Belinha. A visita da cadela gerou novamente repercussão diante de algumas fotos e das declarações de familiares.

    "Quando soltamos a coleira, ela foi direto para o túmulo da minha mãe, mesmo não tendo ido ao enterro. Ficou o tempo todo com a gente, mesmo que às vezes ficasse inquieta. Essa história, depois da matéria feita pelo Cidadeverde.com, circulou todo o país e isso é muito comovente. A mamãe, mesmo depois de morta, ensina que o amor vai além da morte", disse, Dionísio Neto, em declaração ao site de notícias "Cidade Verde".

    No dia 14 de fevereiro, quarta-feira passa, a família de Dionísio Neto compareceu ao cemitério do Nazária acompanhada da cadela Belinha. A visita da cadela gerou novamente repercussão diante de algumas fotos e das declarações de familiares.
    "Quando soltamos a coleira, ela foi direto para o túmulo da minha mãe, mesmo não tendo ido ao enterro. Ficou o tempo todo com a gente, mesmo que às vezes ficasse inquieta. Essa história, depois da matéria feita pelo Cidadeverde.com, circulou todo o país e isso é muito comovente. A mamãe, mesmo depois de morta, ensina que o amor vai além da morte", disse, Dionísio Neto, em declaração ao site de notícias "Cidade Verde".
    Segundo o Portal G1, o filho de Telma também ficou impressionado com a repercussão que a relação entre Belinha e a mãe dele tinha despertado nas pessoas, alegando que as mensagens recebidas vinham ajudando a confortar a família no momento difícil.

    "É amor após a morte que continua. Esse amor delas contagiou o país. Tenho recebido dezenas de mensagens. Nos conforta ter muita gente desejando o bem e propagando o amor. Uma imagem valeu mais que mil palavras. Era essa a intenção de divulgar aquela foto", disse Dionísio.

    Quem também fez uma reportagem sobre o caso foi o programa Balanço Geral PI, uma espécie de telejornal apresentado por Beto Rego, da emissora de TV "Antena 10", afiliada da Record TV, com sede em Teresina. Vocês podem conferir a reportagem logo abaixo, que foi publicada em um canal de terceiros, no YouTube:



    A reportagem não acrescenta maiores informações ao que já sabemos, porém vale a pena assistir para ouvir o depoimento do filho e do cunhado de Telma, que aparecem dando algumas declarações durante a visita ao cemitério de Nazária. Contudo, será que os cães ficam de luto assim como os seres humanos? Eles realmente sabem onde seus donos estão enterrados?

    Quando o assunto envolve uma grande carga emocional e animais de um modo geral, ao mesmo tempo, invariavelmente se torna um tanto quanto polêmico, porém acredito que seja interessante apresentar algumas informações para vocês. É justamente isso, que iremos conferir a seguir.

    Cães Ficam de Luto? Eles Sabem que o(a) Dono(a) Morreu? Eles Sabem Onde Seus Donos Estão Enterrados?


    A maneira como os animais percebem a morte ainda é um emaranhado quebra-cabeças para a ciência. Obviamente, cães não possuem um conceito de morte tão definido quanto um ser humano, mas eles sofrem quando um companheiro, outro cachorro ou ser humano, não está mais presente no relacionamento diário. O desaparecimento repentino da companhia, por exemplo, pode deixar os cães confusos, e fazer com que eles, eventualmente, desenvolvam um quadro de depressão. Cães e gatos formam laços emocionais com seus donos, e se o dono desaparece repentinamente, eles percebem a ausência. Como resposta emocional, é comum ver cães procurando pelos seus donos, esperando em frente a uma porta, em cima de uma cama, em sua cadeira favorita etc.

    No caso de Telma, por exemplo, Belinha ficou embaixo do caixão, porque era assim que ela fazia, quando sua dona deitava na rede. Ela simplesmente repetiu esse mesmo comportamento. Com o tempo, no entanto, a cadela começa naturalmente a viver na expectativa, que o(a) dono(a) retorne, mas, dia após dia, isso não acontece, daí o comportamento de ganir, que comumente associamos ao comportamento humano de chorar. Evidentemente, Belinha está sentindo a falta de sua proprietária, e isso pode gerar perda de apetite, ansiedade, comportamento destrutivo, repetitivo ou compulsivo, insônia, perda de peso, redução das interações sociais, entre outros sintomas.

    Cães e gatos formam laços emocionais com seus donos, e se o dono desaparece repentinamente, eles percebem a ausência. Como resposta emocional, é comum ver cães procurando pelos seus donos, esperando em frente a uma porta, em cima de uma cama, em sua cadeira favorita etc.
    Em uma matéria sobre esse tema, publicada no site "IFLScience", em setembro de 2016, Stanley Coren, professor de Psicologia da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, alegou que sua pesquisa mostrava, que os cães possuíam uma mentalidade equivalente a uma criança humana entre dois a três anos de idade. Assim sendo, cães podem mesmo sentir dor, tristeza e até mesmo depressão, mas não possuem inteligência para compreender a natureza definitiva da morte. Antes de cinco anos, por exemplo, as crianças não entendem alguns conceitos muito básicos sobre a morte, e a principal coisa que eles não entendem é que a morte é irreversível. Isso não quer dizer que os cães sejam tolos, muito pelo contrário, visto que cada vez mais existem pesquisas sobre a cognição canina indicando, que eles são animais emocionalmente complexos com um alto grau de inteligência social. Por exemplo, alguns estudos já revelaram que os cães são capazes de entender o vocabulário humano ao mesmo tempo que julgam o tom da voz de uma pessoa para decifrar o verdadeiro significado do que eles estão dizendo. É essa intuição social que permite aos cães formar relacionamentos tão íntimos com os seres humanos, e que gera respostas tão dolorosas dos animais de estimação, quando seus donos morrem.

    Entretanto, Stanley Coren disse que a capacidade de compreender conceitos abstratos como o "fim da vida", e a morte, pode estar além da capacidade dos caninos, sendo limitada aos seres humanos e, possivelmente, a um pequeno número de outros animais altamente cognitivos, assim como elefantes e alguns primatas. Segundo Stanley, os cães são extremamente sociais e são altamente conscientes da perda de um indivíduo, que é importante em sua vida, mas eles não têm essa ideia de que eles se foram para sempre. De qualquer forma, é importante ressaltar, que cães podem mesmo amar intensamente seus donos, pelo simples fato de amá-los mesmo, e não apenas por uma questão de abrigo ou comida, por exemplo.

    Entretanto, Stanley Coren disse que a capacidade de compreender conceitos abstratos como o "fim da vida", e a morte, pode estar além da capacidade dos caninos, sendo limitada aos seres humanos e, possivelmente, a um pequeno número de outros animais altamente cognitivos, assim como elefantes e alguns primatas.
    Já em relação a história, que Belinha encontrou o túmulo de sua antiga proprietária sem nunca tê-lo visto anteriormente, não é tão difícil de explicar. Cães podem rastrear o túmulo onde o(a) dono(a) foi enterrado(a), até mesmo semanas após o enterro. Existem inúmeros casos já relatados e devidamente documentados. Porém, quando se decompõe, os corpos humanos liberam quase 500 compostos químicos diferentes, e diversos testes já revelaram, que os cães são muito melhores para detectar isso do que máquinas mais sofisticadas. Assim sendo, um cachorro é capaz de dizer onde seu(ua) dono(a) está enterrado, e isso explica o porquê, às vezes, eles esperam em seus túmulos por longos períodos de tempo. Aliás, é importante ressaltar que, quando familiares visitam anteriormente um túmulo, acabam deixando pelo caminho um rastro de odores muito particulares. Portanto, quando um cachorro pisa pela primeira vez em um local, assim como um cemitério, ele é capaz de farejar esses odores, imperceptíveis para nós, e localizar com certa precisão o túmulo de seu(a) antigo(a) dono(a). Evidentemente, com o tempo, novos estudos devem ser feitos e, quem sabe, demonstrem algo diferente do que conhecemos atualmente.

    Resumindo? Até onde sabemos, não há nada sobrenatural nessa história, sendo que Belinha não foi a primeiro e nem será o último animal a apresentar esse comportamento, que invariavelmente gera muita repercussão, porque as pessoas comumente atribuem características humanas aos animais. Por outro lado, Belinha é mesmo um exemplo de amor incondicional pela pessoa, que foi sua principal companhia desde que nasceu, e um exemplo ainda maior em tempos de tanta violência em nosso país e no mundo. Apesar de cães não ficarem de luto da mesma forma que os seres humanos, eles sofrem, sentem dor, e merecem ser respeitados, ao menos ao meu ver, assim como um ser humano. Temos muito o que aprender com os animais, até mesmo porque, socialmente, eles estão bem a frente de nós.

    Até a próxima, AssombradOs!

    Criação/Adaptação: Marco Faustino

    Fontes:
    http://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,minha-mae-e-belinha-estao-ensinando-que-o-amor-dos-animais-e-superior-ao-que-a-gente-imagina,70002188276
    http://tvjornal.ne10.uol.com.br/noticia/ultimas/2018/02/15/cadela-participa-de-velorio-da-dona-e-emociona-a-familia-39240.php
    https://cidadeverde.com/bicharada/89651/cadela-participa-do-velorio-de-dona-em-teresina-e-causa-comocao
    https://cidadeverde.com/bicharada/89710/cadela-reconhece-tumulo-da-dona-e-emociona-familia-em-cemiterio
    https://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/cadela-emociona-familiares-ao-velar-corpo-de-dona-que-faleceu-em-teresina.ghtml
    https://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/cadela-que-velou-corpo-da-dona-em-teresina-faz-visita-ao-tumulo-com-a-familia.ghtml
    https://pleno.news/comportamento/casa-e-familia/cadela-visita-o-tumulo-da-dona-e-volta-a-emocionar.html
    https://www.thedodo.com/close-to-home/boxer-dog-mourns-owner-funeral-brazil

    A "Bateria de Bagdá": Uma Civilização Extraterrestre Teria Fornecido "Energia Elétrica" Para Seres Humanos há mais de 2000 Anos?

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    Por Marco Faustino

    Um físico alemão chamado Otto von Guericke, por volta de 1670, projetou e construiu a primeira máquina eletrostática, constituída essencialmente de um globo de enxofre, que podia ser girado e friccionado com a mão. O atrito fazia a esfera acumular eletricidade estática, que podia ser descarregada na forma de faíscas. Isso o levou a teorizar a natureza elétrica do que se conhecia por "meteoros luminosos", em especial dos relâmpagos. Von Guerick observou também, utilizando a sua máquina, que pequenos pedaços de papel atraídos pela mesma entravam em contato com ela, e eram, em seguida, repelidos. Ele concluiu que corpos eletrizados tanto podiam provocar atração quanto repulsão. Esta observação foi uma das mais importantes para a compreensão da natureza da eletricidade. Avançando na linha do tempo, em 1786, o anatomista italiano Luigi Galvani dissecou uma rã sobre sua mesa, na qual se encontrava uma máquina eletrostática. Galvani observou contrações nos músculos do animal no momento em que seu assistente, por acaso, tocou com a ponta de seu bisturi no nervo interno da coxa da rã, no mesmo momento em que o gerador estava liberando centelhas. Após a casual descoberta, Galvani imediatamente iniciou uma série de experiências, a fim de entender o motivo pelo qual as patas da rã se contraíam. Então, Galvani passou a defender uma teoria que tentava explicar esse fato: a teoria da "eletricidade animal". Segundo Galvani, os metais eram apenas condutores da eletricidade, que na realidade estaria contida nos músculos da rã.

    Com a publicação dos resultados das experiências de Galvani, em sua obra intitulada "Comentários sobre a força elétrica nos movimentos musculares", divulgada em 1791, Alessandro Volta foi incentivado a pesquisar tal fenômeno chegando na verdadeira explicação, culminando assim na construção da chamada "Pilha de Volta". A "Pilha de Volta", ou "pilha voltaica", foi a primeira bateria que podia continuamente prover uma corrente elétrica a um circuito. Ele colocou um disco de cobre por cima de um disco de feltro embebido em uma solução de ácido sulfúrico e, por último, um disco de zinco; e assim sucessivamente, empilhando (daí o nome "pilha") essas séries até formar uma grande coluna. O cobre, o feltro e o zinco tinham um furo no meio e eram enfiados numa haste horizontal, sendo assim conectados por um fio condutor. Os dois acontecimentos – a descoberta acidental de Galvani e a construção da pilha de Volta – marcaram radicalmente a evolução das concepções sobre a eletricidade e do magnetismo. A partir dessa época, passou-se a ser chamado de galvanismo o estudo dos efeitos produzidos por corrente elétrica. Aliás, todos os aparelhos que produziam eletricidade a partir de processos químicos (ou seja, capaz de produzir energia elétrica através de uma reação química) passaram a ser chamados de células voltaicas, pilhas galvânicas ou, simplesmente, pilhas.

    Entretanto, muitos sites de teóricos da conspiração, de pseudoarqueólogos ou até mesmo de cunho ufológico costumam alegar que a história está errada, e que verdade é escondida da população (ironicamente as pessoas que costumam dizer isso, geralmente são aquelas que mais propagam e lucram com as mentiras que inventam). Segundo alguns sites, a primeira pilha ou bateria inventada pelo homem foi a chamada "Bateria de Bagdá", que na verdade é uma série de três artefatos encontrados juntos em uma escavação realizada no vilarejo de Khujut Rabu, perto de Bagdá, no Iraque, na década de 1930. Alguns sites mencionam que mais "baterias" teriam sido encontradas, e que "ligando-as em sequência" mostraria perfeitamente que os povos da Antiga Mesopotâmia já dominavam a eletricidade muito antes do nascimento de Cristo. Outros, no entanto, tentam alegar que a "Bateria de Bagdá" utilizaria uma tecnologia muito avançada para o seu tempo, e que mesma, com certeza, teria sido proveniente de seres extraterrestres. Contudo, será mesmo que as casas possuíam energia elétrica há milênios atrás? As "baterias" alimentariam alguma "nave extraterrestre"? Vamos saber mais sobre esse assunto?

    Começando a Entender o Caso: As Informações um Tanto Quanto Imprecisas, que são Comumente Divulgadas na Internet Sobre a "Bateria de Bagdá"


    Geralmente, não se encontram muitas informações confiáveis e precisas sobre a "Bateria de Bagdá" ao fazer uma rápida busca na internet. Os primeiros resultados costumam apontar para sites de curiosidades gerais, sites de cunho conspiratório ou então blogs de baixa credibilidade, que tratam o caso de maneira muito superficial e até mesmo incorreta. Porém, é possível encontrar algumas informações preliminares razoavelmente interessantes.

    Em um artigo da "Rational Wiki" (uma enciclopédia virtual, cujos objetivos declarados são criticar e desafiar a pseudociência e o movimento anticiência) é mencionado, que um arqueólogo alemão chamado Wilhelm König teria encontrado três artefatos (uma espécie de vaso de argila, uma chapa de cobre enrolada, e uma haste de ferro) na coleção do Museu Nacional do Iraque, em 1938. Contudo, dependendo da fonte que você consultar, também é possível ler que o próprio Wilhelm König teria encontrado tais objetos em uma escavação realizada em Khujut Rabu, um vilarejo nos arredores de Bagdá, em 1936.

    Em um artigo da "Rational Wiki" (uma enciclopédia virtual, cujos objetivos declarados são criticar e desafiar a pseudociência e o movimento anticiência) é mencionado, que um arqueólogo alemão chamado Wilhelm König teria encontrado três artefatos (uma espécie de vaso de argila, uma chapa de cobre enrolada, e uma haste de ferro) na coleção do Museu Nacional do Iraque, em 1938.


    Entretanto, dependendo da fonte que você consultar, também é possível ler que o próprio Wilhelm König teria encontrado tais objetos em uma escavação realizada em Khujut Rabu, um vilarejo nos arredores de Bagdá, em 1936.
    A própria "Rational Wiki" alega, por exemplo, que não há documentação confiável sobre a escavação arqueológica, nem informações suficientemente claras sobre a estratigrafia (ramo da Geologia que estuda os estratos ou camadas de rochas, buscando determinar os processos e eventos que as formaram) para datar os artefatos a partir de seus contextos arqueológicos. Ainda assim, os artefatos foram declarados por Wilhelm König como pertencentes a civilização Parta (entre 247 a.C e 224 d.C), muito embora o estilo cerâmico, por assim dizer, seria semelhante aquela utilizada pela civilização Sassânida (entre 224 d.C e 650 d.C, ou seja, um período de tempo bem diferente).

    Apesar dos partas terem sido guerreiros bem habilidosos, eles não eram conhecidos por terem tanto apreço assim pela ciência. Vale lembrar nesse ponto que, na época da descoberta dos artefatos por Wilhelm König ainda não existia, por exemplo, a datação por carbono-14, algo que foi descoberto apenas em 1947, pelo químico norte-americano Willard Libby, e nenhum outro método de datação mais avançado. Em uma matéria realizada pela BBC, em 2003, o Dr. St John Simpson, curador sênior responsável pelas coleções pré-islâmicas do Irã e da Arábia no Museu Britânico, disse que a escavação e contexto original dos artefatos não foram bem documentados, e as evidências que apontam para esses intervalos de tempo eram muito rasas. Resumindo? Seriam artefatos que nunca teriam passado por um processo de datação confiável, e com pouquíssimas informações sobre seu contexto histórico, praticamente uma oopart.

    Ainda assim, os artefatos foram declarados por Wilhelm König
    como pertencentes a civilização Parta (entre 247 a.C e 224 d.C)...
    ...muito embora o estilo cerâmico, por assim dizer, seria semelhante aquela utilizada pela civilização Sassânida (entre 224 d.C e 650 d.C, ou seja, um período de tempo bem diferente).
    Aliás, para quem nunca ouviu falar desse termo, saiba que oopart (acrônimo em inglês para "Out of Place Artifact") é uma terminologia para denominar um objeto de interesse histórico, arqueológico ou paleontológico, que se encontra em um contexto não usual e aparentemente impossível, o qual tende a desafiar a cronologia da história convencional. Geralmente ooparts são utilizadas para dar apoio as descrições religiosas da pré-história, as teorias dos antigos astronautas ou a existência de civilizações desaparecidas que possuíam o conhecimento e tecnologia mais avançada do que a nossa. É importante destacar, que um grande número de ooparts já foram refutadas como sendo produtos de fenômenos tais como palimpsesto, pareidolia, falsificação ou simplesmente devido a ignorância a respeito da cultura que as produziram. Confiram abaixo, alguns exemplos:
    De qualquer forma, compreender o esquema da "Bateria de Bagdá"é relativamente bem simples. Consistia em um vaso de argila com cerca de 14 cm de altura, com uma abertura superior com pouco mais de 3 cm de diâmetro, contendo um cilindro fechado na parte inferior (onde também havia uma pequena camada de betume) feito a partir de cobre, e uma única haste de ferro no meio. Conforme vocês podem notar é um artefato bem pequeno. No topo, a haste se projetava a poucos centímetros para fora do vaso, isolando-a do cobre por betume. Caso o vaso fosse preenchido com algum líquido, o mesmo entraria em contato tanto com a haste de ferro, quanto o cilindro de cobre. Alguns sites mencionam que, posteriormente, outros vasos com configurações semelhantes também teriam sido descobertos por Wilhelm König, e levados para o Museu Nacional do Iraque. Esses mesmos sites não sabem dizer quantos vasos teriam sido descobertos, mas estimam que seriam entre dez e doze vasos semelhantes. Nada além disso.

    Foto mostrando uma réplica para tentar ilustrar a configuração interna da "Bateria de Bagdá"
    Por mas incrível que pareça, não há muitas informações sobre quem o autor da descoberta, Wilhelm König. No site Wikiwand, por exemplo, é mencionado que ele era um pintor austríaco, que posteriormente se tornou arqueólogo. Ele teria pisado pela primeira vez no Iraque, em 1930, como assistente durante uma escavação realizada em Uruk (uma das mais antigas e importantes cidades da Babilônia). Em 1931, ele teria se tornado assistente técnico no Museu Nacional do Iraque, chegando a ocupar o cargo de chefe do laboratório (ou diretor, dependendo da fonte consultada) do museu, em 1934.

    Em 1938, Wilhelm König teria publicado um artigo chamado "Ein galvanisches Element aus der Partherzeit?", no volume nº 14, do periódico "Forschungen und Fortschritte" (comentarei sobre o estudo na parte final desta matéria), sobre os três artefatos. König ofereceu uma hipótese de que, juntos, os objetos formavam uma espécie de célula galvânica (uma bateria), sendo utilizada, talvez, em um processo de eletrodeposição (ou galvanoplastia, que basicamente é o ato de revestir uma peça metálica com um outro metal). Em sua passagem pelo Museu Nacional do Iraque, ele observou uma série de objetos de prata oriundos do Antigo Iraque, revestidos com camadas de ouro muito finas, e especulou que os objetos tinham sido galvanizados. Ele precisou retornar à Viena, em fevereiro de 1939, devido um episódio de envenenamento do sangue (bacteremia, septicemia ou sepse), e escreveu um livro em 1940 chamado "Im verlorenen Paradies. Neun Jahre Irak" ("Perdido no Paraíso: Nove Anos no Iraque", em português, algo que também comentarei na parte final desta matéria). No entanto, devido a Segunda Guerra Mundial, Wilhelm König teria praticamente no esquecimento, assim como sua descoberta, durante um bom período de tempo.

    Wilhelm König precisou retornar à Viena, em fevereiro de 1939, devido um episódio de envenenamento do sangue (bacteremia, septicemia ou sepse), e escreveu um livro em 1940 chamado "Im verlorenen Paradies. Neun Jahre Irak" ("Perdido no Paraíso: Nove Anos no Iraque", em português, algo que também comentarei na parte final desta matéria)
    No artigo da "Rational Wiki" também é possível ler, que a hipótese citada por König teria sido baseada, em parte, pela observação de que a haste de ferro aparentava estar corroída devido ao suposto contato com uma substância ácida. Porém, temos dois pequenos problemas nesse ponto: nunca foram descobertos quaisquer objetos antigos, que tivessem sido galvanizados, e os objetos de prata revestidos de ouro vistos por König, na verdade (ao menos pelo que se conhece atualmente), teriam sido criados a partir de um método chamado "fire-gilding", um processo pelo qual uma amálgama de ouro (uma mistura de ouro e mercúrio) é aplicada a superfícies metálicas, sendo o mercúrio posteriormente volatilizado, deixando um fina camada de ouro contendo 13 a 16% de mercúrio. Para piorar a situação, não há qualquer evidência da utilização de fios os condutores, uma vez que o vaso era vedado com betume, e nem qualquer outra tecnologia ou equipamento, que precisasse de eletricidade como fonte de energia. Resumindo? Se era realmente uma bateria, com o intuito de gerar energia elétrica, precisaríamos de cabos ou condutores, e algum equipamento, é claro, que precisasse de eletricidade para funcionar (daqui a pouco comentarei melhor sobre isso).

    Apesar do três artefatos nunca terem sido corretamente datados, tampouco analisados como deveriam ao longo do tempo, muitos passaram a acreditar, que vinho, suco de limão, suco de uva ou vinagre teria sido utilizado como uma solução ácida para gerar uma corrente elétrica através dos supostos "eletrodos" de cobre (o cilindro) e ferro (a haste). Porém, será que essa configuração permitiria mesmo a geração de energia? É justamente isso, que vamos conferir a partir de agora.

    Alguns Experimentos que Foram Realizados ao Longo do Tempo, com Réplicas Criadas da "Bateria de Bagdá", Tentando Provar a Plausibilidade do seu Funcionamento como "Bateria"


    Agora que vocês conhecem as informações que são comumente encontradas na internet, vamos ver se a configuração da "Bateria de Bagdá" poderia mesmo gerar energia elétrica. Em um site chamado "Museum of Unnatural Mystery", assim como em diversos outros sites na internet, é informado que um engenheiro elétrico chamado Willard F. M. Gray, que trabalhava no Laboratório de Alta Tensão da General Electric, da cidade de Pittsfield, no estado norte-americano de Massachusetts, teria criado algumas réplicas da chamada "Bateria de Bagdá". Quando preenchidas com um eletrólito, os dispositivos teriam produzido cerca de 2 volts.

    No entanto, existe muita imprecisão sobre esse experimento. Algumas fontes mencionam que Willard teria produzido apenas uma réplica e utilizado sulfato de cobre como solução ácida. Já outras fontes mencionam, que ele teria testado uma única réplica com diversas soluções ácidas (sulfato de cobre, ácido acético e ácido cítrico), e obtido entre 1,5 e 3 volts.

    Foto do centro da cidade de Pittsfield, no estado de Massachusetts, na década de 1950.
    Para tentar solucionar o que realmente teria acontecido encontrei uma notícia publicada no tabloide nova-iorquino "PM", em 9 de julho de 1944. A notícia foi escrita por Willy Ley, um escritor de ficção científica, que havia comentado pela primeira vez sobre a descoberta de Wilhelm König, em um artigo publicado na edição de março de 1939, da revista norte-americana "Astounding Science Fiction" (comentarei sobre isso na parte final desta matéria, visto que Willy é um dos personagens principais quando o assunto é "Bateria de Bagdá"). Confira a notícia abaixo:

    Para tentar solucionar o que realmente teria acontecido encontrei uma notícia publicada no tabloide nova-iorquino "PM", em 9 de julho de 1944. A notícia foi escrita por Willy Ley, um escritor de ficção científica, que havia comentado pela primeira vez sobre a descoberta de Wilhelm König, em um artigo publicado na edição de março de 1939, da revista norte-americana "Astounding Science Fiction".
    Desde então, o artigo escrito por Willy Ley já tinha sido republicado cerca de cinco vezes. Contudo, logo após a publicação na revista "Astounding Science Fiction", o caso chamou a atenção de Willard F. M. Gray, que além de trabalhar em uma unidade da General Electric, em Pittsfield, também tinha conexões com um museu da cidade, o Museu Berkshire. Assim sendo, Willard resolveu colocar a teoria em prática, ou seja, testar se a descoberta de Wilhelm König era, na verdade, elementos que possibilitavam a galvanização de objetos. Aparentemente, foi realizada uma única réplica com as mesmas dimensões e, após consultar alguns arqueólogos, ficou decidido utilizar sufalto de cobre como solução ácida. O conjunto teria funcionado bem, mas somente por um curto período de tempo, e não foi informado quantos volts a réplica conseguiu gerar. De qualquer forma, o experimento teria sido considerado um sucesso. Na época, Willy chegou a mencionar, que se um artesão habilidoso conseguisse fazer com que diversos vasos funcionassem ao mesmo tempo, o conjunto poderia permitir que camadas de ouro fosse aplicadas em objetos de prata.

    É interessante ressaltar nesse ponto, que o Laboratório de Alta Tensão da General Electric ficava no interior de um gigantesco complexo destinado a fabricação de transformadores de alta potência. O complexo possuía cerca de 100 prédios, e empregava mais de 10.000 pessoas em seu auge. Porém, é importante notar, que nada indica que o experimento ocorreu no interior dessa unidade, muito provavelmente o mesmo aconteceu nas instalações do Museu Berkshire ou então na casa do próprio Willard F. M. Gray.

    Planta do Complexo Industrial da General Electric em Pittsfield, em 1968
    Visão aérea de uma parte do complexo industrial da General Electric, em 1967.
    Visão aérea do prédio que abrigava Laboratório de Alta Tensão (O chamado "Prédio nº 9"), por volta de 1970
    O prédio que abrigava o Laboratório de Alta Tensão não existe mais,
    visto que acabou sendo demolido há alguns anos.
    Infelizmente, não encontrei maiores informações além do que foi publicado no tabloide "PM", e que fossem minimamente confiáveis sobre o experimento de Willard, que teria sido realizado em algum momento entre 1939 e 1944 (algumas fontes dizem que teria sido em 1940, já outras citam apenas a década de 1940). Tudo que encontrei foi um editorial escrito por ele no periódico "Journal of the Electrochemical Society", em setembro de 1963. Além disso, algumas fontes mencionam, que a réplica utilizada por Willard teria ficado em exposição no Museu Berkshire, em Pittsfield. Tentei contato com o Museu Berkshire, que me confimou que a réplica está realmente em exposição no museu. A Lesley, gerente sênior de comunicação do museu, me respondeu hoje (23/02), poucos minutos antes da publicação desta matéria, e disse que me enviará uma foto da réplica. Assim que ela enviar, publicarei a imagem para vocês, combinado?

    "Baterias elétricas, 2.000 anos atrás!!! Surpreso? Na verdade, não é para tanto. Havia alguns trabalhadores bem inteligentes na antiga cidade de Bagdá, Pérsia (atualmente, o Iraque). Eles faziam um bom trabalho em aço, ouro e prata. Vocês podem se perguntar o que isso tem a ver com baterias elétricas. Aparentemente, vasos de cobre, alguns com 4.000 anos de idade, foram desenterrados há vários anos, e eram revestidos de ouro e prata. Alguns até mesmo tinham sido revestido de antimônio. Ocasionalmente, nos sentimos um pouco presunçosos sobre nossos imensos avanços na ciência nuclear e coisas do gênero, mas quando nos deparamos com alguns objetos antigos, eles nos fazem colocar os pés no chão, e nos humilham. Será sempre assim", disse Willard F. M. Gray.
    Infelizmente, não encontrei maiores informações além do que foi publicado no tabloide "PM", e que fossem minimamente confiáveis sobre o experimento Willard, que teria sido realizado em algum momento entre 1939 e 1944. Tudo que encontrei foi um editorial escrito por ele no periódico "Journal of the Electrochemical Society", em setembro de 1963.
    Aliás, é importante ressaltar que, depois disso, o artigo de Wilhelm König aparentemente foi redescoberto apenas na década de 1960, e foi cogitado, principalmente, durante uma verdadeira enxurrada de histórias sobre "antigos astronautas" desencadeadas por um dos livros mais vendidos do autor Erik von Daniken, "Chariots of the Gods" ("Carruagens dos Deuses", em português), e logo apareceram declarações, que as "Baterias de Bagdá" eram usadas para tudo: desde a galvanoplastia de joias e moedas; para gerar um choque elétrico aparentemente sobrenatural, quando associada a figura de um ídolo ou templo; para alimentar lâmpadas elétricas dentro das pirâmides, e até mesmo para alimentar o famoso Farol de Alexandria. E, de acordo com os fãs de discos voadores, uma vez que os antigos Mesopotâmios não teriam conhecimento para fazer uma bateria ou usar eletricidade, eles só poderiam ter obtido essa informação de "outra pessoa", talvez alguma raça de extraterrestres tecnologicamente avançada, que tivesse visitado a Terra em tempos antigos.

    Em 1978, o Dr. Arne Eggebrecht, ex-diretor do Museu Roemer e Pelizaeus, um museu arqueológico de Hildesheim, na Alemanha, teria supostamente realizado um experimento ao conectar diversas réplicas juntas, e usado suco de uva como solução ácida. Ele alegou ter conseguido depositar uma camada muito fina de prata (apenas um milésimo de milímetro de espessura) sobre um objeto. Outros pesquisadores, porém, contestaram esses resultados, e não conseguiram replicá-los. Aliás, há quem diga que a "Bateria de Bagdá" teria sido exposta no museu em 1978, razão pela qual teria despertado a atenção do Dr. Arne Eggebrecht.

    O Dr. Arne Eggebrecht durante um Encontro Anual do CIPEG (Comitê Internacional para a Egiptologia)
    em Moscou, na Rússia, em 1991. O Dr. Arne Eggebrecht faleceu em fevereiro de 2004.
    "Não existe qualquer documentação escrita sobre os experimentos, que ocorreram em 1978", disse a Dra. Bettina Schmitz, em entrevista à BBC, em 2013. Na época, a Dra. Bettina era uma pesquisadora do Museu Roemer e Pelizaeus.

    "Os experimentos sequer foram documentados por fotos, o que realmente é uma pena. Procurei nos arquivos do museu, e falei com todos os envolvidos em 1978, porém não obtive resultados", completou.

    "Não existe qualquer documentação escrita sobre os experimentos, que ocorreram em 1978", disse a Dra. Bettina Schmitz, em entrevista à BBC, em 2013. Na época, a Dra. Bettina era uma pesquisadora do Museu Roemer e Pelizaeus.
    Na verdade, tudo o que temos em relação a esse experimento é um segmento de um episódio da série britânica "Arthur C. Clarke's Mysterious World", que foi exibida em 1980. No terceiro episódio, chamado "Ancient Wisdom", exibido em 16 de setembro daquele ano, podemos ver o Dr. Arne Eggebrecht, citado como diretor do "Museu da Alemanha Ocidental", com uma réplica da "Bateria de Bagdá", que ele preenche com o líquido proveniente de uvas verdes frescas maceradas com um pequeno pilão. Utilizando uma espécie de voltímetro é possível ver que seu experimento gera quase 0,5 volt. Confira o vídeo abaixo, que foi publicado por um canal de terceiros, no YouTube (em inglês, sendo que a parte que nos interessa começa em 17:36):



    Assim sendo, para provar que os antigos povos da Mesopotâmia poderiam galvanizar objetos, o Dr. Arne Eggebrecht mergulhou a parte inferior de uma pequena estátua de prata em uma solução de cianeto de ouro, e conectou o conjunto à réplica da "Bateria de Bagdá". De acordo com a narrativa, após "poucos minutos" já seria possível ver uma parte da estátua completamente dourada, porém não é mostrado o processo acontecendo em tempo real. O Dr. Arne Eggebrecht também especulou, que os museus poderiam conter muitos itens antigos catalogados como se fossem de ouro puro, quando, na verdade, seriam simplesmente galvanizados.

    Aliás, é interessante notar que, aparentemente, o artefato original conhecido como "Bateria de Bagdá" teria ficado naquela época (por volta de 1980), em exposição no então Museu Pré-Histórico de Munique, na Alemanha. Atualmente, no entanto (desde o ano 2000), o museu passou chamado de "Bavarian State Archaeological Collection" (Archäologische Staatssammlung). O museu é considerado uma das mais importantes coleções arqueológicas, e de história cultural, na Alemanha.

    Aliás, é interessante notar que, aparentemente, o artefato original conhecido como "Bateria de Bagdá" teria ficado naquela época (por volta de 1980), em exposição no então Museu Pré-Histórico de Munique, na Alemanha.
    Detalhes do artefato original apelidado de "Bateria de Bagdá"
    Atualmente, no entanto (desde o ano 2000),
    o museu passou chamado de "Bavarian State Archaeological Collection" (Archäologische Staatssammlung).
    O museu é considerado uma das mais importantes coleções arqueológicas,
    e de história cultural, na Alemanha.
    Na matéria realizada pela BBC sobre a "Bateria de Bagdá", em 2003, foi mencionado que estudantes de História Antiga da Faculdade Smith, em Northampton, Massachusetts, no Estados Unidos, sob a orientação da Dra. Marjorie Senechal, professora de Matemática e História da Ciência e Tecnologia (atualmente professora emérita da referida faculdade) também tinha criado réplicas da "Bateria de Bagdá". O experimento teria sido realizado em 1999, e utilizado vinagre como solução ácida. A bateria teria produzido cerca de 1,1 volts por um determinado período de tempo não mencionado.

    "Não acredito que alguém possa dizer, com certeza, para qual finalidade elas eram usadas, mas elas podem ter sido baterias, porque funcionam", disse, na época, a Dra. Marjorie Senechal.

    Na matéria realizada pela BBC sobre a "Bateria de Bagdá", em 2003, foi mencionado que estudantes de História Antiga da Faculdade Smith, em Northampton, Massachusetts, no Estados Unidos, sob a orientação da Dra. Marjorie Senechal, professora de Matemática e História da Ciência e Tecnologia (atualmente professora emérita da referida faculdade) também tinha criado réplicas da "Bateria de Bagdá"
    A "Bateria de Bagdá" acabou sendo um dos temas de um episódio da série "MythBusters" (Os Caçadores de Mitos), que é exibida desde 2003, pelo Discovery Channel. No episódio número 29 (S03E06), exibido originalmente em 23 de março de 2005, a equipe do programa criou 10 vasos de terracota, todos feitos à mão, para atuar como baterias. O suco de limão foi escolhido como eletrólito (solução ácida) para ativar a reação eletroquímica entre o cobre e o ferro. Ao serem conectadas em série, as "baterias" produziram cerca de cerca 4,33 volts (o site oficial menciona, que cada vaso produziu cerca de 0,5 volt, e os dez vasos somados teriam resultado em quase 4,5 volts), sendo que o conjunto tinha energia suficiente para galvanizar um pequeno objeto, da noite para o dia, ou seja, muito além do que "poucos minutos" com uma única "bateria" criada pelo Dr. Arne Eggebrecht.

    Infelizmente, não encontrei esse episódio disponível publicamente na internet. Encontrei apenas uma versão muito estranha, e com a voz distorcida dos membros da equipe, que foi publicada em um canal de terceiros, no YouTube, em dezembro de 2016, mas acredito que vale a pena conferir as imagens (a partir de 49:05):



    Ao final do experimento, a equipe declarou como plausível a questão sobre a galvanização de objetos. A galvanização do zinco sobre o cobre pareceu funcionar muito bem. Também foi considerada como plausível a utilização das baterias como uma forma de acupuntura. A eletricidade das baterias foi sentida através das agulhas de acupuntura, embora as mesmas ficassem bem quentes no decorrer do tempo. Nesse sentido, a equipe teorizou, que essa técnica poderia ser utilizada como uma forma de tortura. Por fim, a equipe também declarou como plausível a utilização das baterias no âmbito espiritual. Adam Savage, um dos apresentadores do programa ao lado de Jamie Hyneman, até 2016, teorizou que, se alguma energia fosse sentida por indivíduos de povos antigos (ou até mesmo ao notar um zumbido gerado pela corrente elétrica), os mesmos poderiam acreditar, que a energia teria origem divina, devido à falta de conhecimento sobre a eletricidade.

    Entretanto, é possível notar, que o modelo de vaso utilizado no programa é bem maior do que aquele encontrado no Iraque, ou seja, a capacidade para gerar energia seria bem maior no exemplo proporcionado pela série de TV. Além disso, ao comentar sobre o programa em um podcast realizado em julho de 2011, o arqueólogo e professor norte-americano Kenneth Feder disse que nenhuma evidência arqueológica havia sido encontrada sobre eventuais conexões entre os recipientes (que seriam necessários para produzir uma determinada energia), e nem mesmo a utilização dos mesmos para uma eventual prática de galvanoplastia.

    Ao comentar sobre o programa em um podcast realizado em julho de 2011, o arqueólogo e professor norte-americano Kenneth Feder disse que nenhuma evidência arqueológica havia sido encontrada sobre eventuais conexões entre os recipientes (que seriam necessários para produzir uma determinada energia), e nem mesmo a utilização dos mesmos para uma eventual prática de galvanoplastia.
    Em entrevista à BBC, em 2003, o Dr. Paul Craddock, especialista em metalurgia do Antigo Oriente Próximo do Museu Britânico, disse que era uma pena, que ninguém tivesse encontrado nenhum tipo de fiação, o que significava que a interpretação da "Bateria de Bagdá" como "bateria", propriamente dita, poderia estar completamente errada.

    Curiosamente, o Dr. Paul Craddock acreditava na possibilidade do artefato ser mesmo uma bateria, e que poderia haver mais exemplares a serem descobertos, algo que, diga-se de passagem, não aconteceu nos últimos 15 anos. Ele acreditava que poderiam existir outros exemplares, em outros museus ao redor do mundo, e que, devido a ausência de um ou outro item, não teriam sido interpretados como se fossem baterias (daqui a pouco voltaremos a falar sobre o Dr. Paul Craddock).

    As Hipóteses Formuladas ao Longo do Tempo Para Explicar os Estranhos Artefatos Encontrados no Iraque


    Nesta parte da matéria vou tentar mostrar a vocês, com um pouco mais de detalhes, algumas hipóteses que foram aventadas ao longo do tempo para tentar explicar o estranho artefato encontrado no Iraque. Vamos começar, é claro, pela hipótese do artefato ser uma eventual "bateria", suas eventuais utilizações e os principais problemas dessa hipótese.

    1) O Conjunto de Artefatos Seria "Bateria Destinada a Abastecer Casas, Templos, Equipamentos ou Naves Espaciais"?


    Com base na chamada Arqueologia Experimental (campo que tenta gerar e testar hipóteses arqueológicas, geralmente replicando ou testando a viabilidade das culturas antigas realizarem diversas tarefas ou façanhas) é amplamente difundido, que o objeto descoberto no Iraque, com algumas modificações, e a adição de uma solução ácida (eletrolítica), seja capaz de funcionar de forma semelhante a uma bateria. Também é amplamente mencionado, que diversas "baterias", em conjunto, seriam necessárias para a prática da galvanoplastia. No entanto, uma informação importante sobre a Arqueologia Experimental é que, demonstrar que algo é viável, não equivale a prova científica de que esse algo realmente aconteceu.

    Simplificando? Qualquer pessoa pode tentar deduzir e reproduzir, por exemplo, a forma pela qual as pirâmides foram construídas ao utilizar equipamentos, ferramentas ou matérias-primas disponíveis e conhecidas na época. Porém, isso não significa que as mesmas tenham sido realmente construídas da forma idealizada. Entenderam? O mesmo se aplica ao artefato encontrado no Iraque.

    Uma informação importante sobre a Arqueologia Experimental é que, demonstrar que algo é viável, não equivale a prova científica de que esse algo realmente aconteceu.
    Ao longo do tempo, muitos sugeriram, que o artefato poderia ser uma espécie de bateria usada na Antiga Mesopotâmia, pelo simples fato de que réplicas modernas - com o atual conhecimento da galvanoplastia adquirido a partir da "Pilha de Volta"- foram testadas com sucesso nesse sentido. Porém, convenientemente, essas mesmas pessoas se esquecem, que existem inúmeros argumentos indicando justamente o contrário, ou seja, que a mesma não seria uma bateria. Eis alguns pontos muito básicos:
    • Se fosse uma bateria, então precisaria de cabos ou condutores para distribuir ou conectar a mesma em algum equipamento, que necessitasse de energia elétrica para funcionar. Porém, nunca foram encontrados indícios de quaisquer fios, condutores, equipamentos elétricos, motores, lâmpadas etc. Não existe absolutamente nada até hoje nesse sentido;
    • A "Bateria de Bagdá" não possui terminais. Embora a haste de ferro se projete para fora do tampão de betume (ou "asfalto", como queiram), o tubo de cobre não se projeta (daqui a pouco mostrarei o esquema original), tornando impossível conectar fios para formar um circuito. E, por falar em fios, embora o Antigo Oriente Médio usasse fios de ferro e prata na fabricação de joias, não há indícios de que fios tenham sido produzidos em comprimentos, que tornassem um circuito elétrico prático ou qualquer fio que tivesse sido fabricado com material isolante, que seria necessário para evitar curtos-circuitos;
    • A eventual geração de energia no interior do artefato seria química, ou seja, a produção de corrente elétrica seria baseada em dois metais, com diferentes potenciais eletrolíticos, e uma solução que permitisse a transferência de elétrons, conhecida como eletrólito (solução ácida). Essa solução, com o tempo, perde naturalmente a capacidade de reagir quimicamente, ou seja, diminui gradualmente a voltagem, sendo necessário a reposição da solução ácida. Resumindo? Para continuar gerando energia, seria necessário repor a solução. Porém, o artefato era selado no topo com betume (algo que conhecemos popularmente como asfalto), ou seja, é inviável repor a solução com algo vedado dessa forma. Aliás, não havia nenhum outro orifício no objeto, que permitisse a retirada ou reposição de uma eventual solução em seu interior;
    • Para gerar energia elétrica, tal como conhecemos atualmente, seriam necessários milhares e milhares de vasos ligados em sequência, e uma quantidade absurda de solução ácida sendo reposta continuamente e, ainda assim, provavelmente funcionaria por um curtíssimo período de tempo. Isso sem falar é claro, em um outro ponto altamente problemático: a amperagem. Considerando esse e os argumentos anteriores pode-se notar claramente, que a "Bateria de Bagdá" não é, nem de longe, uma forma de gerar energia elétrica para abastecer casas, templos, equipamentos ou naves espaciais.
    Existe ainda um detalhe muito crítico em relação a hipótese da bateria, independentemente de qual fosse sua finalidade. Atualmente, existem diversos modelos hipotéticos espalhados na internet, de como seria o esquema necessário para gerar energia, confira alguns exemplos abaixo (figuras "A" e "B"), em relação a uma réplica da "Bateria de Bagdá" (figura "C"):

    Esquema criado pela Faculdade Smith para exemplificar a "Bateria de Bagdá"
    Esquema criado pelo site "Aquiziam" para exemplificar a "Bateria de Bagdá"
    Réplica bem semelhante em relação ao esquema interno da "Bateria de Bagdá"
    Notaram algo interessante? No esquema imaginado pela Faculdade Smith (figura "A"), a solução ácida preenche completamente o interior do vaso, porém esse esquema interno está incorreto, visto que o cilindro de cobre, que tinha sua base fechada por um disco de cobre e selada com betume. Podemos ver isso claramente na ilustração seguinte (figura "B"), porém a mesma também está incorreta por dois "pequenos detalhes". O criador da ilustração imaginou que deveria haver um tubo para que o gás gerado pela reação química escapasse, porém não havia tal orifício ou quaisquer indícios disso. Além disso, o tubo de cobre está projetado para fora do vaso, algo que não acontece com aquilo que foi originalmente encontrado.

    Na última foto (figura "C") podemos ver uma boa reprodução, ao menos em relação ao esquema interno do artefato. Podemos claramente perceber, que o espaço supostamente destinado a solução ácida (interior do cilindro) é muito menor que a parte interna do vaso, ou seja, não faz sentido desperdiçar o espaço restante sem preenchê-lo com mais solução ácida que, em tese, geraria mais energia (muito embora isso também dependa da qualidade dos materiais envolvidos, a capacidade condutora do fluido, ou seja, da solução ácida empregada, entre outros detalhes). Para não ser injusto, existe uma abertura na parte superior do cilindro de cobre que, talvez, fosse o elemento de ligação entre o interior do cilindro e a parte interna do vaso, mas curiosamente a utilidade dessa parte nunca foi mencionada em nenhum lugar. De qualquer forma, se a intenção fosse colocar solução ácida em toda a parte interna do vaso, porque fechar e selar a parte inferior do cilindro? Não faz sentido.

    Para não ser injusto, existe uma abertura na parte superior do cilindro de cobre que, talvez, fosse o elemento de ligação entre o interior do cilindro e a parte interna do vaso, mas curiosamente a utilidade dessa parte nunca foi mencionada em nenhum lugar.
    É muito importante ressaltar também que, durante um programa de entrevistas chamado "Science Friday ("SciFri"), que vai ao ar pela NPR (Rádio Pública Nacional dos Estados Unidos) todas às sextas-feiras, a Dra. Elizabeth Stone, professora de Arqueologia do Velho Mundo, Economia e Sociedades do Antigo Oriente Médio, Sociedades Complexas e Urbanismo, e uma especialista em arqueologia iraquiana da Universidade Stony Brook, afirmou que, após retornar da primeira expedição arqueológica no Iraque, após 20 anos, não conhecia um único arqueólogo que acreditava, que o artefato fosse mesmo uma bateria. A Dra. Elizabeth Stone foi questionada por um ouvinte, durante um programa que foi ao ar em março de 2012, sendo que a mesma é considerada uma autoridade em arqueologia iraquiana.

    É muito importante ressaltar também que, durante um programa de entrevistas chamado "Science Friday ("SciFri"), que vai ao ar pela NPR (Rádio Pública Nacional dos Estados Unidos) todas às sextas-feiras, a Dra. Elizabeth Stone afirmou que, após retornar da primeira expedição arqueológica no Iraque, após 20 anos, não conhecia um único arqueólogo que acreditava, que o artefato fosse mesmo uma bateria
    A hipótese mais fantasiosa de todas, sem dúvida alguma, é a de que grandes quantidades de "baterias de Bagdá" teriam sido utilizadas para alimentar lâmpadas elétricas (os fãs de "antigos astronautas" apontam para alguns hieróglifos egípcios que, segundo eles, representam lâmpadas elétricas em uso dentro das pirâmides). Muitos até mesmo alegam que o "Farol de Alexandria" possuía uma lâmpada elétrica. Não há, evidentemente, um único pingo de fundamento nisso. Nenhuma das peças é particularmente exótica ou tecnologicamente avançada. Os vasos de barro existiam na região há milhares de anos, e eram utensílios comuns na época. O betume (ou "asfalto" está naturalmente disponível na região, assim como o alcatrão e as bolhas de petróleo na superfície, e tem sido usado há muito tempo como material impermeabilizante. Os tubos de cobre eram frequentemente usados como invólucros de proteção para pergaminhos de papiro. E o ferro era um material comum para a época, usado para armas e ferramentas. portanto, não há nada particularmente singular sobre os materiais utilizados na "bateria", e eles não requerem nenhum conhecimento técnico avançado para serem construídos. Porém, na cabeça de quem acredita que seres de outros sistemas estelares ou galáxias pisaram na Terra para ensinar seres humanos a empilhar pedras (no caso das pirâmides, por exemplo), talvez faça sentido, que eles tenham ensinado a criar uma bateria, que gere apenas alguns míseros volts ao invés de ensinar como usar painéis solares ou criar usinas termelétricas.

    Enfim, uma vez que essa possibilidade de gerar uma grande quantidade de energia elétrica é praticamente utópica, uma das melhores hipóteses para sustentar o artefato de Bagdá como uma autêntica bateria, é que a mesma seria usada para aplicar uma camada de ouro sobre a superfície de um objeto fabricado a partir de algum outro metal. Nesse ponto, novamente, existem fortes argumentos contrários.

    2) O Conjunto de Artefatos Seria uma "Bateria Destinada a Galvanoplastia"?


    Uma vez que a história sobre fornecer energia elétrica para o acendimento de lâmpadas ou maquinários ficou muito distante de uma realidade plausível, alguns pessoas passaram a questionar o uso do artefato encontrado para a prática da galvanoplastia,  a aplicação de uma fina camada de metal para uma outra superfície metálica, uma técnica que ainda é usada atualmente. A ideia é atraente, porque, essencialmente, reside em seu interior a mãe de muitas invenções: o dinheiro. Na fabricação de joias, por exemplo, uma camada de ouro ou prata é frequentemente aplicada para aumentar sua beleza e consequentemente seu valor comercial. Porém, existe um problema muito sério com essa hipótese: itens provenientes da mesma região onde a "Bateria de Bagdá" foi encontrada não foram tratados dessa maneira.

    Em entrevista à BBC, em 2013, o Dr. Paul Craddock (lembram dele?) disse que, nos objetos vistos na região eram aplicados revestimentos de ouro a partir de uma amálgama de ouro e mercúrio (conforme explicado anteriormente). Aliás, todos os itens de ouro ou prata encontrados nos períodos mencionados mostram a assinatura química do vapor de mercúrio, e nenhum deles exibe as características dos revestimentos galvanizados. Se os partas ou os sassanídeos tinham conhecimento disso, seria bem provável que os romanos ou os bizantinos, ficariam sabendo disso e passassem a adotar tal prática. Assim como a história mostra, isso não aconteceu.

    Uma vez que a história sobre fornecer energia elétrica para o acendimento de lâmpadas ou maquinários ficou muito distante de uma realidade plausível, alguns pessoas passaram a questionar o uso do artefato encontrado para a prática da galvanoplastia,  a aplicação de uma fina camada de metal para uma outra superfície metálica, uma técnica que ainda é usada atualmente. A ideia é atraente, porque, essencialmente, reside em seu interior a mãe de muitas invenções: o dinheiro.
    Ainda segundo o Dr. Paul Craddock, nunca houve uma evidência irrefutável, que desse suporte a teoria da galvanoplastia. Além disso, para que a técnica pudesse ser executada, seria necessário a utilização de fios ou condutores, a reposição da solução contida no interior de cada vaso, a utilização de inúmeros vasos ligados em sequência etc. Tudo isso acaba recaindo nos pontos básicos, que refutam a possibilidade do artefato servir como uma autêntica bateria.

    De acordo com David A. Scott, cientista sênior do Instituto de Conservação Getty, e chefe do laboratório de pesquisas do museu do instituto, "existe uma tendência natural para os escritores, que lidam com a tecnologia química, contemplarem esses objetos antigos singulares, de dois mil anos atrás, como acessórios de galvanoplastia, mas isso é claramente insustentável, pois não há absolutamente nenhuma evidência de galvanoplastia naquela região e naquele período de tempo".

    3) O Conjunto de Artefatos Seria uma "Bateria Destinada a Práticas Medicinais ou Religiosas"?


    Uma vez que abastecer casas ou aplicar camadas de ouro em objetos também se tornou um tanto quanto insustentável ao longo do tempo, algumas hipóteses alternativas começaram a ser divulgadas, na tentativa de manter o artefato como uma autêntica bateria.

    Segundo a matéria publicada pela BBC, os chineses já tinham desenvolvido a acupuntura na época em que o artefato foi datado. Além disso, existe uma forma de acupuntura (embora recente), que é combinada com uma determinada corrente elétrica. Isso poderia explicar a "presença de objetos semelhantes a agulhas, que teriam sido encontrados juntamente com algumas 'baterias'" (iremos conferir se isso é mesmo verdade daqui a pouco). Contudo, uma vez que a voltagem gerada seria muito pequena, certamente a mesma seria ineficaz contra a dor, ainda mais considerando o bem documentado uso de outros "analgésicos" do mundo antigo, assim como a maconha, o ópio e o vinho. Também vale lembrar nesse ponto que, durante o experimento realizado pelo programa "Mythbusters", a eletricidade das baterias foi sentida através das agulhas de acupuntura, embora as mesmas ficassem bem quentes no decorrer do tempo.

    Agora, se os partas eram excelentes guerreiros e não tinham tanto apreço assim pela ciência, eles realmente teriam chegado a esse ponto em termos medicinais? De qualquer forma, pouquíssimas pessoas acreditam nessa teoria.

    Agora, se os partas eram excelentes guerreiros e não tinham tanto apreço assim pela ciência, eles realmente teriam chegado a esse ponto em termos medicinais? De qualquer forma, pouquíssimas pessoas acreditam nessa teoria.
    Há quem acredite, a exemplo do Dr. Paul Craddock, que um conjunto de "baterias", conectadas em paralelo, poderia ter sido escondido dentro de uma estátua ou um ídolo metálico, para obter, talvez, uma "experiência divina".

    Segundo o Dr. Paul Craddock, a estátua de uma divindade poderia ser "ligada", e então um sacerdote poderia fazer fazer perguntas para determinados indivíduos. Se alguém respondesse errado, e tocasse na estátua, receberia um pequeno choque ou talvez visse um pequeno e misterioso flash de luz azul. Ao responder de forma correta, o sacerdote poderia desconectar as bateria, e nenhum choque seria aplicado. Assim sendo, um indivíduo ficaria convencido do poder da estátua, do sacerdote e da religião.

    É interessante ressaltar nesse ponto, que é sabido, que em templos da Antiga Grécia eram utilizados "truques tecnológicos" para produzir determinados efeitos, tais como portas que abriam sozinhas ou estátuas que se moviam, para causar medo ou respeito naqueles que os reverenciavam. Porém, até o presente momento não há evidências arqueológicas de que esse tipo de "truque" foi feito nas culturas parta ou sassânida.

    Exemplo de estátua pertencente a cultura parta, que se encontra no Museu Nacional do Irã.
    De qualquer forma, ainda segundo o Dr. Paul Craddock, mesmo que a corrente fosse insuficiente para aplicar um choque de verdade, a estátua poderia aquecer ou então poderia ocorrer um estranho formigamento nos dedos de alguém, que não soubesse do "truque" contido no interior da estátua. Contudo, até hoje não foi descoberta nenhuma estátua ou ídolo que tivesse tais vasos em seu interior. Resumindo, essa hipótese também é meramente especulativa, e não tem suporte a nenhuma descoberta nesse sentido. Apesar do experimento do "Mythbusters" também ter apontado a plausibilidade da questão religiosa, ainda assim não há nenhuma evidência histórica, que corrobore com essa hipótese.

    4) O Conjunto de Artefatos Seria um Recipiente para o Armazenamento de Manuscritos?


    Ironicamente, até hoje só existe uma hipótese formulada, que não faz com que o artefato funcione como uma autêntica bateria da antiguidade, sendo justamente essa hipótese a mais menosprezada por pseudoarqueólogos ou a mídia em geral: a utilização dos vasos como forma de armazenamento de pergaminhos de papiro. Tubos de cobre (assim como frascos de vidro) eram frequentemente utilizados como invólucros de proteção para papiros. Muitos arqueólogos sugerem, que o artefato nada mais é do que uma forma de armazenamento para pergaminhos de papiro, que eram enrolados na barra de ferro, e colocados no interior do cilindro de cobre. Posteriormente, esse conjunto era colocado no interior de um vaso de argila, e selado com betume para protegê-lo das chuvas e do tempo de um modo geral. A razão pela qual a haste estaria "oxidada"? Simples, a corrosão natural do ferro em decorrência do tempo.

    Essa última hipótese parece bem simples, não é mesmo? Porém, talvez ela seja a resposta que procuramos. É justamente isso que vamos conferir a seguir.

    Voltando no Tempo em Busca de Respostas: O Raro Artigo Publicado por Wilhelm König, a Passagem Escrita em seu Livro, e o Texto Publicado Pelo Escritor Willy Ley


    Para tentarmos verdadeiramente entender toda essa história e o que a "Bateria de Bagdá" pode realmente representar, precisamos voltar no tempo, mas precisamente até o ano de 1938, e conferir o artigo "Ein galvanisches Element aus der Partherzeit?", publicado no periódico "Forschungen und Fortschritte". No entanto, é praticamente impossível encontrar esse artigo disponível publicamente na internet. Por outro lado, depois de uma longa jornada, finalmente consegui colocar as mãos no artigo publicado por Wilhelm König, algo que raramente se encontra em algum outro lugar.

    Por outro lado, depois de uma longa jornada, finalmente consegui colocar as mãos no artigo publicado por Wilhelm König, algo que raramente se encontra em algum outro lugar. Não colocarei quaisquer links públicos para download do referido documento.
    Inicialmente, König menciona que, em uma escavação do Museu do Iraque, em Khujut Rabu'a, a sudoeste de Bagdá, nos arredores de uma linha férrea que levava até Kirkuk, um artefato foi encontrado no Verão de 1936, sendo que a natureza do mesmo era desconhecida. O local onde o artefato foi encontrado pertencia a uma região de assentamentos, onde teriam sido encontrados objetos da era parta. O artefato consistia basicamente de um "jarro de argila", um cilindro feito de folha de cobre e uma barra de ferro. O "jarro" era oval, oblongo (figura geométrica que possui um comprimento maior do que sua largura), em argila queimada esbranquiçada, e tinha a base achatada (com 14 cm de altura, sendo que o diâmetro máximo era de 8 cm). A parte superior (pescoço do vaso) teria sido arbitrariamente removida, e possuía vestígios de asfalto. A abertura da parte superior tinha 33 mm de diâmetro.

    O "jarro" era oval, oblongo (geométrica que possui mais comprimento que largura), em argila queimada esbranquiçada, e com base achatada (com 14 cm de altura, sendo que o diâmetro máximo é de 8 cm). A parte superior teria sido arbitrariamente removida, e possuía vestígios de asfalto. A abertura da parte superior tinha 33 mm de diâmetro.
    No "jarro" havia um cilindro feito de folha de cobre (com 98 mm de altura e diâmetro de 26 mm). A extremidade inferior do cilindro era fechada por uma folha de cobre redonda. A conexão das bordas do cilindro, aparentemente, foi feita através de solda (solda macia). O composto metálico não podia mais ser determinado. Uma análise química mostrou um cobre bem puro, com traços de zinco, chumbo e ferro.

    Dentro do cilindro de cobre havia um componente de ferro, em forma de haste (com 75 mm de comprimento). Ele estava completamente oxidado. Ele era preso por uma camada de asfalto, que se encontrava na borda superior do cilindro. Esse componente de ferro se projetava a cerca de 10 mm acima da camada de asfalto, e era mantido preso alinhado ao centro do cilindro, de modo que o mesmo ficava suspenso em seu interior (não encostava na base do cilindro). Na extremidade saliente da haste de ferro havia uma espécie de cobertura estratificada. Descendo, o núcleo de ferro apresentada uma erosão crescente. A mesma não chegava a tocar na base do cilindro, especialmente porque havia uma camada de asfalto de 3 mm de espessura na base do cilindro.

    No "jarro" havia o cilindro feito de folha de cobre (com 98 mm de altura e diâmetro de 26 mm. A extremidade inferior do cilindro é fechada por uma folha de cobre redonda. A conexão das bordas do cilindro, aparentemente, foi feita através de solda (solda macia). Dentro do cilindro de cobre havia um componente de ferro, em forma de haste (com 75 mm de comprimento. Ele estava completamente oxidado. Ele era preso por uma camada de asfalto, que se encontrava na borda superior do cilindro.
    Então, König começou a relatar, que quatro jarros de argila semelhantes tinha sido encontrados durante uma escavação do museu em Tel'Omar, perto da antiga cidade de Selêucia, sendo que três também continham um cilindro de cobre. Porém, em contraste com a descoberta citada acima, os jarros não possuíam um núcleo de ferro. Além disso, os cilindros de cobre eram fechados em ambas as extremidades e continham vestígios de fibras vegetais. König chegou a questionar se algum eventual "papiro" não tinha sido destruído durante a escavação. O quarto jarro possuía apenas um frasco de vidro quebrado e nenhum componente de metal. Curiosamente, König também citou, que era possível tão somente fazer suposições sobre o "dispositivo" encontrado em Khujut Rabu'a, mas seus componentes e o arranjo dos mesmos levava a sugerir, que pudesse ser uma espécie de dispositivo de galvanização.

    Ele ainda chegou a mencionar que, pessoas que trabalhavam com prata em Bagdá, até hoje, usavam um processo primitivo envolvendo o uso de zinco, mas que, por outro lado, não era possível determinar a origem do processo. De qualquer forma, para isso fosse possível teria-se que assumir, que o cilindro de cobre possuísse algum líquido, uma solução ácida em seu interior, ou seja, König não encontrou vestígios de líquidos ou soluções ácidas no interior do cilindro.

    Ele ainda chegou a mencionar que, pessoas que trabalhavam com prata em Bagdá, até hoje, usavam um processo primitivo envolvendo o uso de zinco, mas que, por outro lado, não era possível determinar a origem do processo.
    Ao final, König mencionou que havia sido informado recentemente, que E. Kühnel, então diretor dos Museus Estatais de Berlim, que na época coordenava escavações em Ctesiphon, próximo a Bagdá, havia encontrado em sítios arqueológicos pertencentes a civilização Sassânida, um número maior de recipientes similares contendo elementos de cobre e de ferro. König concluiu com a hipótese de que todos os achados tinham sido utilizados para a prática da galvanoplastia, e que pesquisas futuras precisavam ser realizadas para comprovar isso.

    Cerca de dois anos depois, em seu livro chamado "Im verlorenen Paradies. Neun Jahre Irak" ("Perdido no Paraíso: Nove Anos no Iraque", em português), König também fez um breve comentário sobre os artefatos encontrados na escavação de 1936. Confira o mesmo abaixo:
    "Algo bem peculiar foi encontrado,e após ter passado por diversas mãos, foi trazido até a mim. Um vaso, semelhante a um jarro feito de argila de coloração amarelo-claro, cujo pescoço do vaso havia sido removido, continha um cilindro de cobre que era sustentado firmemente pelo asfalto. O vaso tinha cerca de 15 cm de altura; o tubo cilíndrico de folha de cobre, fechado embaixo, tinha 26 mm de diâmetro, e 9 cm de comprimento. No interior, sustentado por uma espécie de tampão de asfalto, havia um haste de ferro completamente oxidada, cuja ponta superior se projetava 1 cm do tampão, e estava coberta com uma fina camada de metal cinza-amarelado, totalmente oxidado, que parecia chumbo. A extremidade inferior da haste de ferro não se estendia até o fundo do cilindro, sobre o qual havia uma camada de asfalto com cerca de 3 mm de profundidade. A questão sobre o que era essa descoberta rara foi recebida com a resposta mais surpreendente de todas, após todas suas partes terem sido trazidas juntas, e então examinadas separadamente. Só poderia ter sido um elemento elétrico. Seria apenas necessário adicionar uma solução ácida ou alcalina para completar o elemento."
    Foto mostrando algumas páginas do livro "Im verlorenen Paradies. Neun Jahre Irak"
    Diante de tudo que foi escrito por Wilhelm König, algumas coisas ficam bem claras. Em primeiro lugar, ele não participou da escavação arqueológica, cuja documentação e local exato não são conhecidos, ou seja, não conhecemos o real contexto histórico e arqueológico do que foi encontrado. Para piorar a situação, ele disse que, após passar por diversas mãos (e talvez diversas informações podem ser sido adicionadas ou subtraídas no decorrer do tempo), os objetos tinham chegado, juntos, nas suas mãos. Outro detalhe é que, por mais que ele tivesse uma tendência a acreditar que o conjunto fosse um dispositivo de galvanoplastia da antiguidade, ele citou a presença de fibras vegetais e um frasco de vidro quebrado no interior de um dos vasos posteriormente encontrados em outro local. Ele inclusive sugeriu, que isso, talvez, indicasse a presença de algum papiro, ou seja, reforça e muito a teoria de que a "bateria de Bagdá" e os demais vasos servissem apenas como recipientes para estocar pergaminhos. König também citou, que maiores pesquisas seriam necessárias, algo que aparentemente nunca aconteceu, embora as especulações sempre foram publicadas a todo vapor.

    Uma vez que sempre existe uma barreira idiomática, principalmente quando as descobertas não são descritas em inglês, tantos os céticos quanto os teóricos da conspiração, aparentemente nunca se importaram em ir atrás de quem realmente começou com toda essa história, ou seja, o arqueológo e pintor austríaco Wilhelm König, que em nenhum momento citou civilizações extraterrestres, tecnologia avançada ou muito menos teorizou, que havia energia elétrica abastecendo casas na Antiga Mesopotâmia.

    Entretanto, o que poucos sabem é que essa história começou a ser realmente disseminada a partir de um artigo de Willy Ley, na revista "Astounding Science Fiction". O grande problema é que a "Astounding Science Fiction" não era um periódico científico, e Willy Ley era basicamente um escritor alemão de ficção científica. Evidentemente, fui atrás, e consegui acesso a edição completa da revista "Astounding Science Fiction". Consequentemente, encontrei o artigo escrito por ele.

    Índice da edição de março de 1939 da revista "Astounding Science Fiction".
    Primeira parte do artigo escrito por Willy Ley
    Segunda parte do artigo escrito por Willy Ley
    Olhando por cima até parece que o artigo Willy Ley seria apenas uma descrição da descoberta de Wilhelm König, porém se qualquer pessoa ler atentamente irá descobrir as verdadeiras intenções do escritor. Inicialmente, Willy mencionou que, na época, havia razões para acreditar que as baterias elétricas eram, na verdade, conhecidas e utilizadas muito antes de Alessandro Volta e Luigi Galvani. Ele também disse que, aqueles que construíram essas baterias na época de Cristo ou até mesmo antes disso, muito provavelmente não tinham quaisquer concepções sobre as reações químicas envolvidas ou correntes elétricas como se conhecia na época da publicação do seu artigo. Willy disse, que as pessoas, no passado remoto, tinham apenas um conhecimento empírico das coisas. Aliás, segundo ele, o conhecimento de tais resultados estava confinado a uma região bem limitada, nos arredores da antiga cidade de Bagdá.

    Então, Willy passou a descrever as dimensões do "dispositivo" basicamente da mesma forma que Wilhelm König, porém acrescentou que, por mais que o mesmo tivesse sido encontrado em meio as relíquias do Império Parta, não havia nenhuma explicação alternativa, exceto que o "dispositivo" fosse uma bateria elétrica. Willy chegou a mencionar os quatro vasos descobertos em Tel'Omar, mas faz uma tremenda confusão, proposital ou não, em relação a essa descoberta. Ele mencionou que três dos vasos tinham tubos de cobre semelhantes aquele descoberto em Khujut Rabu'a, que não tinham hastes de ferro, mas que próximo dos quatro vasos tinham sido encontradas hastes finas de cobre e ferro, que podiam ter sido usadas como fios condutores. Isso não é totalmente verdade, visto que essa informação não foi deturpada. Conforme sabemos, König disse que, quatro vasos tinham sido descobertos em uma escavação do museu em Tel'Omar, perto da antiga cidade de Selêucia, sendo que três também continham um cilindro de cobre. Porém, em contraste com a descoberta em Khujut Rabu'a, os jarros não possuíam um núcleo de ferro e, além disso, os cilindros de cobre eram fechados em ambas as extremidades, e contiam vestígios de fibras vegetais. König chegou a questionar se algum eventual "papiro" não tinha sido destruído durante a escavação. O quarto jarro possuía apenas um frasco de vidro quebrado e nenhum componente de metal.

    Conforme vocês podem perceber, Willy Ley ignorou completamente diversos detalhes e, principalmente, o fato de terem sido encontradas fibras vegetais no interior de alguns vasos, além da possível existência de papiros no interior dos vasos aventada por Wilhelm König.

    Olhando por cima até parece que o artigo Willy Ley seria apenas uma descrição da descoberta de Wilhelm König, porém se qualquer pessoa ler atentamente irá descobrir as verdadeiras intenções do escritor
    Ironicamente, Willy também fez uma colocação interessante, e forneceu uma explicação totalmente rasa e especulativa para a mesma. Ele estranhou o fato de que não há qualquer menção sobre a existência de "baterias elétricas" por parte de escritores e filósofos da Antiguidade, porém se considerássemos que as baterias e o respectivo uso das mesmas tivesse sido ocultado como um "segredo comercial", seria possível que ninguém soubesse da existência das mesmas. Como sempre há uma teoria conspiratória para tentar explicar o porquê ninguém ou outras civilizações anteriores também não fizeram uso do mesmo "dispositivo", e ninguém na Antiguidade relatou a existência de "baterias elétricas".

    Enfim, essa é basicamente a versão que os norte-americanos, e a maioria dos investigadores céticos ou então teóricos da conspiração, com sorte, irão se deparar para formular as mais diversas teorias e especulações. Porém, pouquíssimas pessoas têm acesso ao artigo original de König, e conforme sempre digo, quando você sonega informações das pessoas é exatamente isso que acontece: a internet vira palco para um bando de abutres ganharem dinheiro, alguns vendendo livros, sobre as mais diversas hipóteses fantasiosas e sem qualquer base histórica ou arqueológica.

    O Drama Histórico Vivido pelo Museu Nacional do Iraque: Onde Foi Parar a Famosa "Bateria de Bagdá"?


    Em março de 2003, os Estados Unidos realizaram uma ocupação ao território iraquiano sob a alegação de que o presidente Saddam Hussein mantinha um arsenal de armas químicas, que ameaçavam a paz mundial. Mesmo não provando a existência do arsenal bélico iraquiano, o governo norte-americano conseguiu promover o julgamento e a posterior condenação do ditador Saddam Hussein.

    Apesar de toda e qualquer guerra ser devastadora para os seres humanos, a mesma se provou ser ainda mais devastadora para o Museu Nacional do Iraque, que acabou ficando "fechado" ao público, entre março de 2003 e fevereiro de 2015. O motivos das aspas é bem simples, o museu foi severamente saqueado durante e após a invasão norte-americana.

    Uma foto de partir o coração ao ver tantos itens históricos e seculares quebrados e saqueados
    Uma das entradas do Museu Nacional do Iraque completamente devastada.
    Dezenas de milhares de peças, manuscritos e documentos foram saqueados.
    As prateleiras do Museu Nacional do Iraque ficaram completamente vazias.
    Em uma notícia publicada pela BBC, em 28 de fevereiro de 2015, foi mencionado inicialmente, que muitas antiguidades saqueadas durante a guerra já tinham sido recuperadas e restauradas, e que a reabertura do museu tinha sido uma resposta a um vídeo do Estado Islâmico, que mostrava estátuas sendo destruídas em Mosul. Na época, o então primeiro-ministro iraquiano Haider al-Abadi prometeu punir os responsáveis.

    Entretanto, essas palavras não mostravam, na realidade, o tamanho do problema. O Museu do Iraque estimava que cerca de 15 mil itens tinham sido saqueados devido ao caos gerado pela derrubada do regime de Saddam Hussein. Quase um terço tinha sido recuperado até fevereiro de 2015. A coleção do museu cobria 7.000 anos de história, sendo a Mesopotâmia - a forma pela qual o Iraque foi chamado por uma grande parte da história da humanidade - considerada o berço da civilização.

    O Museu do Iraque estimava que cerca de 15 mil itens tinham sido saqueados devido ao caos gerado pela derrubada do regime de Saddam Hussein. Quase um terço tinha sido recuperado até fevereiro de 2015.
    A coleção do museu cobria 7.000 anos de história, sendo a Mesopotâmia - a forma pela qual o Iraque foi chamado por uma grande parte da história da humanidade - considerado o berço da civilização.
    Mais uma foto mostrando a tragédia histórica ocorrida no Museu Nacional do Iraque.
    Em janeiro de 2016, o site ICSSI (Iniciativa de Solidariedade da Sociedade Civil Iraquiana) publicou que a chamada "Bateria de Bagdá" era um dos muitos artefatos que tinham saqueados, e que nunca mais retornaram ao Museu Nacional do Iraque.

    Na verdade, milhares de outros artefatos únicos e manuscritos preciosos também foram saqueados. Também foi mencionado, que todos deveriam se esforçar para descobrir o paradeiro da "Bateria de Bagdá", e tentar rastreá-la pelo terreno indescritível do mercado negro, especialmente dentro de Israel e de outros países ocidentais.

    Em uma notícia publicada pela BBC, em 28 de fevereiro de 2015, era mencionado inicialmente que muitas antiguidades saqueadas durante a guerra já tinham sido recuperadas e restauradas, e que a reabertura do museu tinha sido uma resposta a um vídeo do Estado islâmico, que mostrava estátuas sendo destruídas em Mosul. Na época, o então primeiro-ministro iraquiano Haider al-Abadi (na foto) prometeu punir os responsáveis.
    Apesar de toda e qualquer guerra ser devastadora para seres humanos, a mesma se provou ser ainda mais devastadora para o Museu Nacional do Iraque, que acabou ficando "fechado" ao público, entre março de 2003 e fevereiro de 2015
    Em última análise, a incrível "Bateria de Bagdá", e todo o seu mistério, deveria ser devolvida à sua casa legítima, o Iraque.

    Comentários Finais


    Sem dúvida alguma, a "Bateria de Bagdá"é um conjunto bem interessante e misterioso de artefatos. Por outro lado, muitos detalhes envolvendo sua descoberta e seu contexto histórico e arqueológico são nebulosos. Nunca foram realizadas análises mais aprofundadas, datações mais precisas ou uma investigação mais apurada sobre quem originalmente os descobriu, e sob quais condições. Diante das poucas informações existentes, podemos apenas fazer suposições e formular teorias sobre aquilo, que o conjunto poderia ou não representar em relação ao suposto intervalo de tempo que pertenceria. Não dá para afirmar, com certeza, por exemplo, que o conjunto servia para armazenar pergaminhos de papiro, porém essa alternativa, dentre todas as apresentadas é a que demonstra ser a mais provável e plausível atualmente. Apesar de ser tentador imaginar o conjunto como uma pilha voltaica da antiguidade, e viajar muito além ao pensar que pudessem ser ligadas em paralelo para fornecer energia elétrica em maior quantidade, existe uma série de fortes argumentos contrários a essa teoria. Aliás, apenas o tamanho do vaso, com apenas 14 cm de altura, por si só, já seria motivo de questionamento. Afinal de contas, se o eventual objetivo fosse mesmo gerar energia elétrica com o intuito de utilizá-la em algo prático, seja qual fosse sua finalidade, seria natural criar um conjunto bem maior do que isso. Contudo, aparentemente, nada muito maior foi encontrado até hoje.

    Agora, ainda que remotamente pudesse ser uma bateria, a hipótese extraterrestre, aquela que menciona que seres de civilizações avançadas teriam vindo até o planeta Terra para ensinar esse conhecimento aos seres humanos soa bem absurda. Afinal de contas, teríamos que imaginar alienígenas descendo de suas naves espaciais altamente tecnológicas, oriundos de uma sistema estelar distante, talvez de outras galáxias, desembarcando na Terra, fazendo contato telepático com seres humanos e, em uma cena típica do filme "Ghost", ensinar os humanos a modelar vasos de barro, enrolar uma folha de cobre, colocar uma haste de ferro no meio, e adicionar uma solução ácida para, no final, gerar menos de 1 volt. É a mesma história sobre as pirâmides e os antigos astronautas, quando se imagina a mesma situação, porém o ensinamento seria sobre como empilhar pedras. Evidentemente, qualquer um pode acreditar nisso, e formular dezenas de teorias, hipóteses, imaginar imagens de foguetes em uma placa de pedra, quando, na verdade, são apenas animais, e assim por diante. Porém, é importante refletir o quão ilógico algumas coisas soam se realmente alguém parar, pensar, e principalmente, pesquisar seriamente sobre o assunto com um mínimo de bom senso.

    A palavra "pesquisa" talvez seja a principal palavra que define esta matéria. Afinal de contas, esse é um curioso exemplo, onde a absoluta maioria dos chamados "céticos" e os "teóricos da conspiração" falharam. É incrivelmente raro você encontrar alguém, que mostre o que realmente foi escrito originalmente por Wilhelm König, o primeiro arqueólogo a documentar os artefatos, apresentar suas dimensões, alguns detalhes muito importantes, algumas outras descobertas semelhantes, porém com notáveis e relevantes diferenças, entre outros detalhes. Igualmente raro é alguém mostrar a vocês o que foi escrito por Willy Ley, escritor de ficção científica, que deturpou e ocultou algumas informações cruciais do texto de König, levando boa parte do mundo a acreditar em suas palavras. Daí em diante, tivemos apenas algumas pessoas, diante da Arqueologia Experimental, tentando realizar réplicas, muitas vezes imprecisas e sem levar em consideração a configuração original dos artefatos, uma vez que, por exemplo, diante do que foi encontrado, não havia como prender um "plug" no cilindro de cobre devido ao tampão de betume, ou seja, não teria como gerar energia elétrica dessa forma. Já na internet, a divulgação da história, na maioria dos casos, chega a ser lamentável, visto que sobra imprecisão e falta pesquisa. De qualquer forma, a matéria não serve apenas para mostrar a hipótese mais provável para explicar o conjunto de artefatos, mas para demonstrar o quão pesquisar sobre um assunto é importante. Enfim, espero que a matéria também sirva para iluminar a vida de vocês em relação as alegações fantásticas, que muitos fazem por aí. O objetivo de muitos paladinos, que criam ou inventam lucrativas histórias aleatórias, e que tentam pregar como verdadeiros pastores da revelação da verdade mundial, é justamente o contrário: manter você no escuro, completamente incapaz de pensar e refletir sobre o que falam.

    Até a próxima, AssombradOs.

    Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

    Fontes:
    http://eletricidadenaveia.blogspot.com.br/2009/09/otto-von-guericke.html
    http://brasilescola.uol.com.br/quimica/historia-das-pilhas.htm
    http://jes.ecsdl.org/content/110/9.toc
    http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/2804257.stm
    http://unmuseum.mus.pa.us/bbattery.htm
    http://www.badarchaeology.com/out-of-place-artefacts/anomalously-old-technology/the-%E2%80%98batteries-of-babylon%E2%80%99/
    http://www.bbc.com/news/world-middle-east-31672857
    http://www.bibliotecapleyades.net/ciencia/ciencia_hitech05.htm
    http://www.iraqicivilsociety.org/archives/4946
    http://www.theironskeptic.com/articles/battery/battery.htm
    http://www.ufjf.br/fisicaecidadania/ciencia-uma-construcao-humana/mentes-brilantes/luigi-galvani/
    http://www.wikiwand.com/de/Wilhelm_König_(Archäologe)
    https://2atoms.com/weird/ancient/battery.htm
    https://archyfantasies.com/2012/06/22/the-10-most-not-so-puzzling-ancient-artifacts-the-baghdad-battery/
    https://atlantisrisingmagazine.com/article/the-baghdad-battery-mystery/
    https://books.google.com.br/books?id=LQ3MDAAAQBAJ&pg=PA125&lpg=PA125&dq=%22Ein+galvanisches+Element+aus+der+Partherzeit?%22&source=bl&ots=VJ96OXB5xA&sig=7MDOt2Qiv8x8Aq9A5IiQslRUWHQ&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwiUxab9ibDZAhXJS5AKHVxlDVAQ6AEIKTAA#v=onepage&q=%22Ein%20galvanisches%20Element%20aus%20der%20Partherzeit%3F%22&f=false
    https://books.google.com/books?id=yQKuSOzkLvcC&pg=PA17&dq=bitumen+copper+cylinder+Khuyut+Rabbou
    https://corrosion-doctors.org/Batteries/Baghdad-Battery.htm
    https://de.wikipedia.org/wiki/Wilhelm_König_(Archäologe)
    https://en.wikipedia.org/wiki/Arthur_C._Clarke's_Mysterious_World
    https://en.wikipedia.org/wiki/Baghdad_Battery
    https://en.wikipedia.org/wiki/Otto_von_Guericke
    https://rationalwiki.org/wiki/Baghdad_battery
    https://www.aquiziam.com/the-baghdad-battery/
    https://www.atlasobscura.com/places/bagdad-battery
    https://www.historicmysteries.com/baghdad-battery/
    https://www.sciencefriday.com/segments/archaeologists-revisit-iraq/
    https://www.uh.edu/engines/epi1972.htm

    Cemitério Mal-Assombrado? Uma "Cabeça Fantasmagórica" Vem Atormentando Moradores no Cemitério Municipal de Quixadá/CE?

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    Por Marco Faustino

    Invariavelmente, cemitérios acabam se tornando palco para relatos sobrenaturais, histórias de terror e, principalmente, lendas. De vez em quando, os cemitérios também viram palco para notícias um tanto quanto infundadas, assim como ocorreu no início do mês em Riachão das Neves, no interior do Estado da Bahia. Basicamente, diversos veículos de comunicação mencionaram, que uma dona de casa deu entrada no Hospital do Oeste, na cidade Barreiras, localizada a cerca de 90 km ao sul de Riachão das Neves, no fim do mês de janeiro com problemas respiratórios e, após alguns dias internada, ela veio a falecer. Desconfiados da morte repentina, e da angústia da mãe da vítima, que alegava estar tendo sonhos constantes com a filha, os familiares passaram a suspeitar de catalepsia, sendo que a suspeita teria se intensificado após uma vizinha do cemitério, onde a dona de casa foi enterrada, ter dito que ouviu gritos de socorro e gemidos. Populares se mobilizaram para abrir o túmulo; em seguida o caixão, sendo amplamente mencionado em diversos sites de notícias, que o corpo estaria de bruços, o nariz e boca sem os algodões, e as mãos arranhadas, como se a dona de casa tivesse sido enterrada viva e posteriormente tentado sair do caixão. Contudo, após realizar uma pesquisa detalhada do caso, mostrei a vocês a realidade de toda aquela história, visto que Rosângela não foi enterrada vida e o interior do seu caixão estava perfeitamente arrumado. De qualquer forma, vale muito a pena que você confira aquela matéria para ver até onde o sensacionalismo da mídia em cima do sofrimento humano pode chegar (leia mais: Uma Mulher Teria Sido Enterrada Viva Após Moradores Encontrarem seu Corpo Revirado Dentro do Caixão, em Riachão das Neves/BA?).

    Agora, vamos abordar uma situação que ocorreu em agosto do ano passado, e que acabou passando desapercebido por mim. Uma história referente a uma "alma penada, que estaria atormentando moradores" da cidade de Quixadá, no interior do Estado do Ceará. Segundo uma reportagem realizada por uma emissora de TV afiliada do SBT, a população, inclusive, estaria com medo de passar pelo cemitério, principalmente a noite. Aliás, um morador local teria visto essa "alma penada" e, devido ao susto que tomou, começou a correr desesperadamente, temendo por sua vida, chegou a cair no chão, e machucou consideravelmente o rosto. Contudo, será mesmo que o cemitério em questão é mal-assombrado? Vamos saber mais sobre esse assunto?

    Um Pouco Sobre a Cidade de Quixadá, no Estado do Ceará


    Quixadá é um município brasileiro do Estado do Ceará, pertencente à mesorregião dos Sertões Cearenses e à microrregião do Sertão de Quixeramobim, localizada a 170 km a sudoeste de Fortaleza, a capital do estado (cerca de 2h de carro). É a maior cidade do sertão central, com uma população estimada, segundo dados do IBGE referentes ao ano passado, de 86.605 habitantes, predominantemente católicos (aproximadamente 84% da população seria católica, segundo dados referentes ao ano de 2010). Apenas 9,3% da população possuía alguma ocupação em 2015, com um salário médio mensal de 1,8 salários mínimos. Aliás, em Quixadá, ao menos segundo o IBGE, somente 52,7% dos domicílios possuíam esgotamento sanitário adequado em 2010.



    Quixadá é um município brasileiro do Estado do Ceará, pertencente à mesorregião dos Sertões Cearenses e à microrregião do Sertão de Quixeramobim, localizada a 170 km a sudoeste de Fortaleza, a capital do estado (cerca de 2h de carro)
    Igreja Sagrado Coração de Jesus, em Quixadá, no Ceará
    Originalmente, a região foi habitada pelos índios Kanindé e Jenipapo pertences ao grupo dos Tapuias, resistindo à invasão portuguesa no início do século XVII, sendo "pacificados" em 1705, quando dois homens chamados Manuel Gomes de Oliveira e André Moreira Barros ocuparam as terras quixadaenses. Estes grupos indígenas resistiram até 1760, pois os conflitos entre índios e colonos, ocasionados pelo desenvolvimento da pecuária desde 1705, praticamente extinguiram essas tribos. A colonização da área compreendida atualmente pelo município de Quixadá ocorreu através da penetração pelo rio Jaguaribe, seguindo seu afluente, o rio Banabuiú, e depois o rio Sitiá, cujo objetivo principal era a conquista de terras para a pecuária de corte e leiteira.

    A primeira escritura pública da região foi a do Mosteiro Beneditino, atualmente "Casa de Repouso São José", na Serra do Estêvão, onde atualmente é o distrito de Dom Maurício, em 1641. O desenvolvimento da localidade ocorreu somente com a chegada de um homem chamado José de Barros Ferreira, em 1747, que comprou as terras de um sítio chamado "Quixedá". Oito anos depois, José de Barros, construiu casas, uma capela e um curral, lançando assim as bases da atual cidade de Quixadá, sendo considerado, portanto, o legítimo fundador da cidade. A fazenda prosperou e se transformou em distrito do município de Quixeramobim. A partir do século XIX, com a instalação da estrada de ferro que ligava o Cariri à Fortaleza ocorreu uma forte urbanização do município. Esta também foi fortemente influenciada pela produção de algodão, exportado para a Inglaterra, que nesta época vivia a Revolução Industrial.

    Em 1870, foi criado o município de Quixadá, desmembrando-o de Quixeramobim, sendo elevado à categoria de vila. Com o projeto e a construção do Açude do Cedro, a vila passou a receber ainda mais imigrantes vindo de diversas regiões (estima-se em 30.000 imigrantes). Além disso, diversas estradas foram construídas. Este processo acelerou novamente a urbanização, fazendo com que em 17 de agosto de 1889 a vila finalmente recebesse foros de cidade. Aliás, o Cemitério Municipal de Quixadá, também conhecido como Cemitério Nossa Senhora do Carmo, foi criado um ano depois em 1890, ou seja, é um cemitério com quase 130 anos de existência.

    A primeira escritura pública da região foi a do Mosteiro Beneditino, atualmente "Casa de Repouso São José", na Serra do Estêvão, onde atualmente é o distrito de Dom Maurício, em 1641
    A maior parte do território de Quixadá faz parte das depressões sertanejas com maciços residuais, como a Serra do Estêvão. Notabiliza-se também pela geografia rica em "inselbergs", ou monólitos (formações rochosas isoladas na paisagem), que dominam boa parte da área do município, dos quais o mais famoso é a "Pedra da Galinha Choca", que tem este nome devido ao curioso formato.

    É importante mencionar, que Quixadá é um dos centros comerciais mais expressivos do Ceará, para onde afluem as comunidades das cidades vizinhas. Embora pouco explorado, o município apresenta grande potencial turístico, especialmente para o ecoturismo devido à beleza de suas paisagens, além de ser favorável a prática de esportes radicais, tais como: a asa delta, o voo livre, o montanhismo e o rapel, por exemplo.

    A maior parte do território de Quixadá faz parte das depressões sertanejas com maciços residuais, como a Serra do Estêvão. Notabiliza-se também pela geografia rica em inselbergs, ou monólitos (formações rochosas isoladas na paisagem), que dominam boa parte da área do município, dos quais o mais famoso é a "Pedra da Galinha Choca", que tem este nome devido ao curioso formato.
    Embora pouco explorado, o município apresenta grande potencial turístico, especialmente para o ecoturismo devido à beleza de suas paisagens, além de ser favorável a prática de esportes radicais, tais como: a asa delta, o voo livre, o montanhismo e o rapel, por exemplo.
    Curiosamente, muita gente jura, que já viu discos voadores e até mesmo que já foi abduzida por seres extraterrestres em Quixadá. Verdade ou ficção, relatos de contatos imediatos com seres extraterrestres costumam atrair diversos estudiosos para a cidade, que já serviu de cenário para um filme brasileiro chamado "Área Q". As histórias de contatos com extraterrestres são muito comuns pela cidade. Os moradores dizem que, a qualquer momento, em qualquer lugar, os discos voadores podem aparecer. Tem gente que vai além, e alega que alguns extraterrestres resolveram ficar de vez na cidade, e teriam até mesmo endereço certo: próximo do reservatório de água da cidade.

    Existe até mesmo uma espécie de pequeno monumento composto por um disco voador ao lado de um "extraterrestre"
    em frente a um posto de combustível da cidade
    Os extraterrestres de Quixadá podem até nem existir, mas uma coisa é certa: os visitantes que eles atraem ajudam a movimentar a economia do município. Todos os anos a cidade sedia um encontro de Ufologia. Aliás, existe até mesmo uma espécie de pequeno monumento composto por um disco voador ao lado de um "extraterrestre" em frente a um posto de combustível da cidade. Apesar de toda essa história de "outro planeta", a cidade acabou recebendo destaque em agosto do ano passado, devido a uma história de "outro mundo": uma suposta "alma penada", que estaria rondando e assustando moradores os locais. É exatamente isso que vocês começam a conferir a partir de agora.

    Começando a Entender o Caso: A Disseminação de Fotos de Supostos Fantasmas Através das Aplicativos de Mensagens e Redes Sociais em Quixadá/CE


    No dia 16 de agosto do ano passado, uma quarta-feira, o site de notícias "Diário de Quixadá" publicou uma notícia dizendo, que um radialista bem conhecido da cidade, chamado Washington Luiz, popularmente chamado de "Caveirão" (provavelmente devido a sua maior ênfase na cobertura de casos policiais) teria registrado algumas imagens do Cemitério Municipal de Quixadá, e que teriam causado uma grande celeuma (confusão) nas redes sociais.

    Na noite anterior (15), Washington Luiz teria ido gravar um vídeo nas proximidades do campo santo, após receber denúncias de populares, de que algo estranho estaria acontecendo no local. Na notícia também foram divulgadas cerca de três imagens, bem pequenas e com baixíssima resolução (tive que ampliá-las para encaixar nos padrões da postagem), referentes as fotos tiradas pelo radialista.

    No dia 16 de agosto do ano passado, uma quarta-feira, o site de notícias "Diário de Quixadá" publicou uma notícia dizendo, que um radialista bem conhecido da cidade, chamado Washington Luiz, popularmente chamado de "Caveirão" (provavelmente devido a sua maior ênfase na cobertura de casos policiais) teria registrado algumas imagens do Cemitério Público de Quixadá, e que teriam causado uma grande celeuma (confusão) nas redes sociais.
    Na noite anterior (15), Washington Luiz teria ido gravar um vídeo nas proximidades do campo santo, após receber denúncias de populares, de que algo estranho estaria acontecendo no local.
    Na notícia também foram divulgadas cerca de três imagens, bem pequenas e com baixíssima resolução,
    referentes as fotos tiradas pelo radialista.
    Imagem do Google Street View, referente ao ano de 2015, mostrando o local exato onde o suposto fantasma teria sido fotografado
    no Cemitério Nossa Senhora do Carmo, em Quixadá.
    Ainda segundo a notícia, internautas estariam alegando, que era possível verificar a presença de um espírito na imagem. Essa é uma parte interessante da notícia, porque ao consultar o perfil público do radialista Washington Luiz, assim como uma antiga página no Facebook chamada "CNTV" ("Caveirão Notícias TV"), no qual o mesmo apresentava quase diariamente, no ano passado, uma espécie de telejornal com notícias da cidade, não encontrei um único comentário de alguém acreditasse que fosse mesmo um espírito. Aliás, muito pelo contrário, visto que me deparei com comentários de pessoas que acreditavam se tratar de uma montagem. Tentei encontrar as fotos originais, com melhor resolução, mas não encontrei absolutamente nada.

    O principal problema é que, aquela imagem em preto e branco, semelhante a um busto, aparenta ser uma espécie de "carimbo", que é feito através de aplicativo de celular, ou seja, a foto muito provavelmente teria passado por um pequeno processo de edição. É bem comum nos depararmos com supostos "fantasmas" em preto e branco ou até mesmo coloridos demais, que possuam uma certa transparência e mostrem um rosto ou um corpo inteiro, porém na absoluta maioria dos casos não passa de manipulação digital, geralmente realizada através de aplicativo de celular. Identificar o "carimbo" correto exige tempo, algo que, infelizmente não disponho nesse momento devido ao volume de matérias, que tenho acumuladas para fazer. Contudo, caso alguém encontre o "carimbo" ou imagem utilizada para fazer o carimbo (visto que alguns aplicativos permitem escolher a própria imagem), basta deixar o endereço nos comentários.

    É bem comum nos depararmos com supostos "fantasmas" em preto e branco ou até mesmo coloridos demais, que possuam uma certa transparência e mostrem um rosto ou um corpo inteiro, porém na absoluta maioria dos casos não passa de manipulação digital, geralmente realizada através de aplicativo de celular.
    Um exemplo de caso semelhante ocorrido na Inglaterra, quando um suposto funcionário de um hospital da cidade de Leeds, chamado Andrew Milburn, disse que tirou uma foto para provar para sua namorada, que estava trabalhando no hospital, mas que ao ver a imagem posteriormente teria notado um "visitante inesperado". A BBC descobriu que se tratava de um "fantasma inserido por aplicativo. Ao ser questionado se ele estava envergonhado do que fez, ele manteve sua posição alegando que era mesmo um fantasma.
    De qualquer forma, esse assunto acabou sendo comentado pelo próprio radialista Washington Luiz durante uma transmissão ao vivo realizada na noite de 16 de agosto do ano passado. Somente após mais de 50 minutos de vídeo (a partir de 53:03), ele começou a comentar sobre o caso, e a mostrar muito rapidamente as mesmas imagens divulgadas pelo "Diário de Quixadá".

    Durante a transmissão ele alegou, que populares que passavam pelo cemitério teriam visto coisas estranhas, silhuetas, aparições ou vultos. Segundo ele, as fotos teriam se espalhado em grupos do WhatsApp, e movimentado a cidade. Para finalizar, ele mostrou um vídeo bem curto, no qual ele aparece em frente ao Cemitério Municipal de Quixadá, praticamente no mesmo ângulo em que as fotos foram tiradas, porém não é possível notar nada de anormal ao fundo.

    Durante a transmissão ele alegou, que populares que passavam pelo cemitério teriam visto coisas estranhas, silhuetas, aparições ou vultos. Segundo ele, as fotos teriam se espalhado em grupos do WhatsApp, e movimentado a cidade.
    Para finalizar, ele mostrou um vídeo bem curto, no qual ele aparece em frente ao Cemitério Municipal de Quixadá, praticamente no mesmo ângulo em que as fotos foram tiradas, porém não é possível notar nada de anormal ao fundo.
    Em uma espécie de segunda parte do que Washington Luiz considerou como matéria, foi publicado um vídeo na página da CNTV, no dia seguinte (17), sobre as "coisas estranhas", que estariam acontecendo no cemitério". Uma das principais atrações desse vídeo acabou sendo o coveiro do próprio campo santo, apelidado de Babá, que trabalha há 36 anos no local. Vocês podem conferir esse vídeo através de uma página de terceiros, no YouTube:



    Inicialmente, o radialista fez um pequeno resumo da história, alegando ter recebido informações de populares, que passavam pela Avenida Estados Unidos, que fica ao lado do cemitério e dava acesso a um bairro chamado São João, e que alguns "céticos" estavam duvidando da história.

    Assim sendo, fomos apresentados ao coveiro José Lucimar, cujo nome poucos deveriam conhecer, visto que ele era mais conhecido pelo apelido de "Babá". Ao ser questionado se, em 36 anos trabalhando como coveiro da cidade, ele teria visto algo estranho, de outro mundo, por assim dizer, Babá foi categórico em dizer que não, e que isso era história que o povo contava.

    Ao ser questionado se, em 36 anos trabalhando como coveiro da cidade, ele teria visto algo estranho, de outro mundo, por assim dizer, Babá foi categórico em dizer que não, e que isso era história que o povo contava.
    Então, em seguida, um morador local foi entrevistado, e o mesmo alegou que o cemitério servia de abrigo para muitos andarilhos, ou seja, moradores de rua. Já um outro morador alegou acreditar que havia uma relação entre o local onde a pessoa havia sido enterrada e seu espírito, o que faria com que a alma da pessoa ficasse vagando pelo local (ao menos foi isso que consegui entender). Ao visitar uma peixaria da cidade, nenhuma pessoa, desde funcionários até clientes, acreditava na história relacionada a fantasmas no cemitério da cidade.

    Então, em seguida, um morador local foi entrevistado, e o mesmo alegou que o cemitério servia de abrigo para muitos andarilhos, ou seja, moradores de rua.
    Já um outro morador alegou acreditar que havia uma relação entre o local onde a pessoa havia sido enterrada e seu espírito, o que faria com que a alma da pessoa ficasse vagando pelo local (ao menos foi isso que consegui entender).
    Ao visitar uma peixaria da cidade, nenhuma pessoa, desde funcionários até clientes, acreditava na história relacionada a fantasmas no cemitério da cidade.
    Ao final do vídeo, o radialista mencionou, que populares teriam visto a cabeça de um homem barbado, de bigode, usando um paletó, por volta das 23h ou 23h30. Infelizmente e estranhamente, no entanto, em nenhum momento Washington Luiz entrevistou quaisquer pessoas, que tivessem alegado isso para ele. Aparentemente, não havia ninguém. Se diversas pessoas relataram isso, porque nenhuma delas apareceu para contar o que viu? Sinceramente, dava a impressão de que a história tinha sido inventada, e posteriormente que teria havido uma tentativa de corroborar as supostas narrativas com uma foto manipulada digitalmente. De qualquer forma, aparentemente, "a história não colou", porque praticamente ninguém acreditou nisso.

    Alguns dias depois, no dia 19 de agosto, o site de notícias "Amigos de Plantão" publicou uma foto de um suposto morador da cidade de Quixadá chamado "Rafael Silva", que teria sido "guardada a sete chaves" ao longo dos últimos cinco anos. A foto teria sido tirada na rua Luiz Lúcio, no bairro Carrascal e, segundo o autor, mostraria um "ser espiritual". Diga-se de passagem essa rua, que na verdade se chamaria Luís Lúcio, fica localizada a 2 km de distância do cemitério.

    Alguns dias depois, no dia 19 de agosto, o site de notícias "Amigos de Plantão" publicou uma foto de um suposto morador da cidade de Quixadá chamado "Rafael Silva", que teria sido "guardada a sete chaves" ao longo dos últimos cinco anos.
    "Sou espiritualista. Acredito plenamente em espíritos . E acredito que esse ser aí não é um mortinho recente. É um espírito milenar. Observe a postura, e ele parece usar vestes. É nítida a imagem desse ser", teria dito Rafael, acrescentando, que após registrar a "presença sobrenatural" teria passado mais de um mês se sentindo mal.

    Por mais incrível que pareça, o site teve o bom senso de oferecer uma tentativa de explicação para o caso alegando que poderia ser uma mera pareidolia, algo que raramente acontece em casos assim. Porém, a foto é muito pequena e possui uma qualidade muito baixa, o que torna inviável qualquer análise mais aprofundada. A parte interessante, no entanto, é a indicação que pudesse ser um espírito milenar. Bem, há mil anos provavelmente só havia mato e, talvez, índios habitando a região. Portanto, é meio difícil acreditar nessa história.

    Enfim, com tanto "burburinho" sobre a existência de fantasmas no cemitério e nas ruas de Quixadá, algumas semanas depois apareceu uma equipe da TV Jangadeiro para fazer uma reportagem sobre um suposto fantasma naquele mesmo cemitério. É justamente isso que vocês conferem a seguir.

    A Reportagem Realizada pela TV Jangadeiro Sobre uma "Alma Penada" que Estaria Assombrando o Cemitério Municipal de Quixadá/CE


    Se vocês acompanharam uma matéria chamada "Milagre Divino? Os Estranhos Casos de Supostas 'Aparições' de Nossa Senhora das Graças em Duas Cidades no Estado do Ceará!" vão se lembrar da TV Jangadeiro, emissora de TV afiliada do SBT, e do jornalista Nilson Fagata, devido a uma reportagem sobre uma suposta aparição da "imagem" de Nossa Senhora das Graças, em uma churrasqueira, na cidade de Beberibe. Assim sendo, adivinhem quem foi fazer uma reportagem sobre uma suposta alma penada, que estaria rondando o cemitério de Quixadá, no início de setembro do ano passado? Justamente a TV Jangadeiro e e o referido jornalista.

    Vocês podem conferir a reportagem abaixo, que foi publicada em um canal de terceiros, no YouTube:



    Ignorando todo o histórico recente de casos envolvendo supostos fantasmas, e as fotos disseminadas nas redes sociais, a reportagem inicialmente mencionou que a cidade de Quixadá vinha colecionando, desde a sua fundação, histórias de medo e de terror, sendo que uma delas teria acontecido na semana anterior (lembrando que a cidade não foi fundada em 1890, e sim o cemitério).

    Segundo a reportagem, dois homens estariam caminhando tranquilamente ao lado do cemitério, mas quando olharam para o lado, em direção ao interior do mesmo, teriam visto um vulto. Segundo Nilson Fagata, no momento em que tudo aconteceu, a intenção da dupla teria sido de ligar para um amigo. Adivinhem que era o amigo? Justamente o radialista Washington Luiz.

    Segundo Nilson Fagata, no momento em que tudo aconteceu, a intenção da dupla teria sido de ligar para um amigo. Adivinhem que era o amigo? Justamente o radialista Washington Luiz, que estava em uma outra localidade.

    Segundo o radialista, a dupla entendia que, talvez, a aparição pudesse ser a "alma do finado Araújo", que seria um dos túmulos mais visitados do cemitério. Posteriormente, um morador local disse que, de acordo com o que comentavam na cidade, o "Zé de Araújo" era uma pessoa muito boa, que tinha um bigode meio avantajado, e sobrancelhas meio grossas.

    Assim sendo, o coveiro "Babá" levou o jornalista até o suposto túmulo. Por sua vez, o jornalista alegou, que a alma do homem estaria buscando a liberdade, porém não foram apresentadas maiores informações, imagens nítidas do túmulo ou fotos de quem era o "Zé de Araújo" em vida. Em seguida, uma outra moradora local disse, que o pessoal estava comentando sobre o assunto na cidade, e que a curiosidade em conferir de perto a situação era maior do que o medo.

    Posteriormente, um morador local disse que, de acordo com o que comentavam na cidade, o "Zé de Araújo" era uma pessoa muito boa, que tinha um bigode meio avantajado, e sobrancelhas meio grossas.


    Em seguida, uma outra moradora local disse, que o pessoal estava comentando sobre o assunto na cidade, e que a curiosidade em conferir de perto a situação era maior do que o medo.
    Em seguida, Nilson Fagata disse que eles tinham encontrado o homem, que presenciou a cena, saiu correndo e que, devido a isso, teria machucado o seu rosto ao cair no chão. Ele também alegou que um outro amigo também teria visto o mesmo vulto, mas não ficou claro se teria sido na mesma ocasião. Aparentemente, não. De tanto medo, esse amigo teria abandonado a própria bicicleta e saído correndo.

    Nilson Fagata também disse, que o machucado que o senhor possuía em sua testa era a "marca do medo". Ao ser questionado sobre a reação dos funcionários da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Quixadá, o senhor disse que ninguém acreditou, e que as pessoas teriam ficado rindo dele. Porém, o senhor  disse que tinha certeza, que havia visto uma "alma penada". Ao final da reportagem Nilson Fagata aventou novamente a possibilidade da "alma penada" ser do "finado Araújo", que "vivia em meio aos gatos e sapos pedindo pela sua liberdade".

    Em seguida, Nilson Fagata disse que eles tinham encontrado o homem, que presenciou a cena, saiu correndo e que, devido a isso, teria machucado o seu rosto ao cair no chão. Ele também alegou que um outro amigo também teria visto o mesmo vulto, mas não ficou claro se teria sido na mesma ocasião. Aparentemente, não. De tanto medo, esse amigo teria abandonado a própria bicicleta e saído correndo.

    Nilson Fagata também disse, que o machucado que o senhor possuía em sua testa era a "marca do medo". Ao ser questionado sobre a reação dos funcionários da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Quixadá, o senhor disse que ninguém acreditou, e que as pessoas teriam ficado rindo dele.

    Sinceramente, é sempre meio difícil acreditar em reportagens repletas de efeitos e estereótipos. Em diversos momentos, por exemplo, é possível ver diversos filhotes de gatos, alguns de cor preta, vagando pelo cemitério, e até mesmo uma pessoa usando um lençol branco para simular um fantasma em meio aos túmulos. Porém, infelizmente, essa é uma prática comum do jornalismo, não somente aqui no Brasil. Aliás, apesar do nome de nenhum entrevistado aparecer no chamado "lettering", algo bem comum em se tratando de algumas afiliadas do SBT, a presença do radialista Washington Luiz apresentando uma versão diferente do que havia mencionado antes, sem dúvida alguma é um ponto crítico de toda essa história. É justamente isso que abordarei a seguir.

    Um Olhar Mais Aprofundado Sobre o Suposto Cemitério Mal-AssombradO de Quixadá/CE!


    Já ouviram a famosa expressão "Quem conta um conto, aumenta mais um ponto"? Se sim, a mesma se aplica perfeitamente a esse caso, porém aparentemente a mesma pessoa que inicialmente a contou aumentou a própria história. Acompanhando o caso desde o início, e não somente a partir da reportagem da TV Jangadeiro, podemos perceber que tudo teria começado, supostamente, é claro, partir da relatos de diversos moradores, que teriam visto vultos ou silhuetas, no período da noite, no Cemitério Municipal Nossa Senhora do Carmo, na cidade de Quixadá. Diante dos supostos relatos, o radialista Washington Luiz foi até o local, gravou rapidamente um vídeo, e teria tirado algumas fotos aleatórias de um mesmo ponto da Avenida Estados Unidos, que passa ao lado do cemitério. Aliás, os muros do cemitério são extremamente baixos, e qualquer pessoa facilmente teria acesso a qualquer hora do dia ou da noite. Ao chegar em casa ou no escritório, e ao rever as fotos que tirou, o radialista teria notado aquela "cabeça fantasmagórica", que segundo ele estaria em cima de um dos túmulos, bem rente ao muro. Essa foi a história, que ele contou por diversas vezes entre os dias 15 e 17 de agosto do ano passado.

    Entretanto, foram apenas disseminadas imagens bem pequenas, e com baixíssima resolução. Nenhuma foto original foi divulgada. Além disso, existia uma forte suspeita, que o tal fantasma fosse apenas um "carimbo" adicionado por aplicativo de celular. Não satisfeito, o radialista resolveu entrevistar o coveiro do cemitério, que trabalha há 36 anos no local, além de populares. Ninguém acreditava na história. O coveiro nunca viu nada em mais de três décadas, e mencionou que tudo não passava de histórias que o povo contava. Um outro morador, inclusive, alegou que o cemitério servia de morada para andarilhos. Posteriormente, em algum momento da linha do tempo, um senhor teria se machucado ao se deparar com uma suposta "alma penada", enquanto passava ao lado do cemitério. Isso, talvez, tenha motivado a ida de uma equipe da TV Jangadeiro até a cidade. Chegando no local, a primeira pessoa a ser entrevistada foi justamente o principal personagem, que propagou toda essa história: o radialista Washington Luiz. No entanto, o relato de "diversos moradores" se transformou no relato de uma dupla, que então se transformou no relato de um único senhor, e ao final foi sugerido, que o fantasma em questão seria de uma das pessoas enterradas no cemitério, o tal "Zé de Araújo", clamando por sua liberdade, em meio aos gatos e sapos, sendo que nenhuma foto dele ou detalhes adicionais sobre quem ele foi em vida foram apresentados para sustentar essa alegação.

    Diante dos rumores que estavam circulando em agosto do ano passado, não seria de se estranhar, que alguém resolvesse tornar o suposto fantasma real ao pregar uma peça em alguma pessoa, que estivesse passando pelo local. Além disso, também seria possível que, pessoas acreditando piamente nos rumores, que estiveram circulando nas imediações do cemitério, vissem um vulto ou um sombra projetada por algum andarilho, e acreditasse estar diante de um fantasma. Sinceramente, até acredito no relato daquele senhor, mas é difícil saber o que ele realmente viu ou acredita ter visto. Tudo o que temos são evidências anedóticas, e uma foto de baixa qualidade com uma forte suspeita de manipulação digital. Fato é que, desde então, não houve mais nenhuma história de avistamentos estranhos no cemitério. O mesmo passou por algumas reformas e melhorias para atender a população no Dia de Finados, do ano passado, e mais nada foi comentado. Evidentemente, é difícil comprovar, que essa história sobre a "cabeça fantasmagórica" foi inventada, mas tudo indica que o caso não passou de uma história local, que acabou perdendo o interesse da população, que já não acreditava em nada disso bem antes da reportagem da TV Jangadeiro ser realizada e exibida. Cada um tem o direito, é claro, de acreditar no que quiser, mas diante das informações e evidências divulgadas, a única coisa que fica claro é que a prefeitura deveria arrumar um abrigo mais digno para os moradores de rua. Saber que pessoas precisam dormir em cemitérios por falta de abrigo ou moradia é o que realmente me assombra.

    Até a próxima, AssombradOs!

    Criação/Adaptação: Marco Faustino

    Fontes:
    http://www.amigosdeplantao.com.br/2017/08/sertao-central-cearense-quixada-foto.html
    http://www.diariodequixada.com.br/cidades/cemiterio-de-quixada-internautas-afirmam-ver-algo-sobrenatural-nestas-fotos-o-que-voce-acha/
    http://www.monolitospost.com/2017/04/24/tv-monolitos-cemiterio-publico-de-quixada-encontra-se-em-total-estado-de-abandono-e-tomado-pelo-mato/
    http://www.sbt.com.br/jornalismo/primeiroimpacto/noticias/96487/Primeiro-Impacto-visita-cemiterio-assombrado-no-interior-do-Ceara.html
    http://www.sertaoalerta.com.br/02/11/2017/milhares-de-visitantes-ao-cemiterio-n-sra-do-carmo-em-quixada-na-manha-de-finados/
    https://ufo.com.br/noticias/misterio-que-da-lucro-moradores-de-quixada-ce-atraem-turistas-devido-a-avistamentos-de-ufos-na-regiao/
    https://www.mirror.co.uk/news/uk-news/ghost-hospital-worker-takes-snapchat-5883706
    https://www.youtube.com/watch?v=jiWIZDnUhx0
    https://www.youtube.com/watch?v=oo8FmTZh0kE

    Um Estranho Mistério! Novos Detalhes do Caso em que Caças F-15 Tentaram Interceptar um Misterioso "OVNI" nos Estados Unidos!

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    Por Marco Faustino

    Em novembro do ano passado, trouxe ao conhecimento de vocês um caso pouco divulgado sobre algo bem fora do comum, que ocorreu nos céus do estado norte-americano do Oregon, mais precisamente no dia 25 de outubro daquele mesmo ano. Uma misteriosa aeronave, que muitos sites de entusiastas de "OVNIs" simplesmente taxaram de "objeto voador não identificado", teria passado pelo constante fluxo de aviões comerciais, que cruzam entre o Sul e o Norte dos Estados Unidos, entre localidades do estado da Califórnia e de Nevada, assim como as cidades de Portland e Seattle. O incidente teria tido início, ao menos em relação ao que se sabia até aquele momento, por volta das 16h30, próximo da fronteira da Califórnia com o Oregon, e resultou no testemunho ocular de diversos pilotos, em áudio gravado a partir do controle de tráfego aéreo, e eventuais confirmações, tanto da FAA (sigla em inglês para "Administração Federal de Aviação", quanto do NORAD (sigla em inglês para "Comando Aeroespacial da América do Norte"), que o incidente realmente aconteceu. Algo que chamou muito a atenção de todos é que, aparentemente, o mesmo foi interpretado como uma ameaça, uma vez que caças F-15C foram enviados para identificar a "aeronave misteriosa", que estava voando muito rápido, porém não encontraram absolutamente nada! Ao longo da matéria mostrei tudo aquilo que se conhecia até o momento, os supostos relatos de pilotos de aeronaves comerciais, alguns dados técnicos, as principais especulações, entre outros detalhes. Na época, o responsável por divulgar o caso publicamente, Tyler Rogoway, autor de um blog chamado "The War Zone", enviou pedidos requisitando maiores informações com base na "Lei de Liberdade de Informação" (FOIA) para a FAA e o NORAD, assim como as outras partes federais envolvidas no incidente, esperando descobrir o que realmente aconteceu naquele dia (leia mais: Mistério no Oregon! Força Aérea Norte-Americana Admite que Caças F-15C Foram Enviados para Interceptar Misterioso e Veloz "OVNI" Branco!).

    Agora, os esforços de Tyler Rogoway começaram a apresentar os primeiros resultados mais concretos de toda essa estranha história. No dia 15 de fevereiro deste ano, graças a "Lei de Liberdade de Informação", Tyler divulgou informações que, segundo ele, poderiam ser os registros mais interessantes referentes a documentação oficial sobre esse encontro, que já tinha sido confirmado tanto pela FAA quanto pela Força Aérea dos Estados Unidos. Os materiais que foram liberados incluíam gravações de áudio fascinantes das transmissões de rádio e ligações telefônicas, que foram feitas à medida que o incidente estava se desenrolando, assim como entrevistas com pilotos, e conversas entre funcionários da FAA, após o incidente altamente peculiar. Vamos saber mais sobre esse assunto?

    Relembrando o Caso: Um "OVNI" Cruzou os Céus do Estado do Oregon e Realmente "Escapou" de Caças F-15C da Força Aérea dos Estados Unidos?


    Para que vocês entendam os novos detalhes, é necessário relembrar o que se sabia até novembro do ano passado, e que foi publicado no "The War Zone", uma espécie de blog, que costuma cobrir o mundo militar, assim como o setor aéreo, pertencente ao site "The Drive", que por sua vez é um portal destinado a falar assuntos automotivos.

    Inicialmente, Tyler disse que os primeiros comentários sobre essa história teriam chegado ao seu conhecimento através dos seus amigos do mundo da aviação. A princípio, ao menos diante dos detalhes que ele ficou sabendo, tudo parecia ser apenas um dos muitos incidentes, muitas vezes mal interpretados, que acontecem nos céus dos Estados Unidos todos os dias, onde aeronaves com rádios ou transponders inoperantes acabam se desviando para regiões, que não deveriam estar. E, às vezes, essas ocorrências resultam no envio de caças militares para interceptarem as mesmas. Contudo, posteriormente, maiores informações foram surgindo, e parecia haver muito mais em jogo do que a  mera presença de uma aeronave particular ou um piloto desatento.

    Para contar esse caso para vocês, usarei como base uma publicação do "The War Zone", uma espécie de blog, que costuma cobrir o mundo militar, assim como o setor aéreo, pertencente ao site "The Drive", que por sua vez é um portal destinado a falar assuntos automotivos
    Foi assim que Tyler acabou parando em um tópico de discussão no Reddit, que não só parecia corroborar com o estranho relato que ele tinha ouvido, mas também acrescentava detalhes muito interessantes. A postagem foi supostamente escrita por um piloto, sendo que o mesmo dizia, que ele e sua tripulação estavam sobrevoando a região Noroeste dos Estados Unidos, no início da noite do dia 25 de outubro. Aliás, sua postagem teria sido redigida pouco tempo após o incidente.

    Vale ressaltar nesse ponto, que o Reddit é um fórum de discussões disfarçado de rede social, que é bem famoso devido a inúmeras especulações e teorias da conspiração que surgem por lá. De vez em quando, essas especulações acabam virando notícia nos tabloides britânicos e na mídia internacional, mas, de qualquer forma, o Reddit nunca foi ou será uma fonte confiável. Essa é a razão pela qual Tyler citou, que a postagem teria sido supostamente escrita por um piloto de avião, cujo apelido no Reddit é "Duprass". Confira o que esse usuário publicou:

    "Acabamos de pousar em Seattle vindo da região da baía. Partindo da região Sul do Oregon, permanecemos escutando casualmente o Centro de Controle de Seattle na tentativa de rastrear uma aeronave sem transponder, que não estava respondendo. Diversas tripulações conseguiram rastreá-la visualmente, sendo que o melhor que eles puderam fazer foi dizer que a mesma estava entre FL350-370 (35.000 a 37.000 pés) indo em direção ao Norte. Ninguém estava próximo o suficiente para enxergar do que se tratava.

    No dia 25 de Outubro, o Centro de Controle de Seattle foi informado pelo Centro de Controle de Oakland, que uma
    aeronave misteriosa estava seguindo rumo ao norte, porém o Centro de Controle de Seattle não conseguiu vê-la no radar primário
    O Centro de Controle de Seattle pediu a aeronaves comerciais que tentassem identificar a aeronave misteriosa
    A última coisa que ouvimos é que a mesma estava sobre o Vale de Willamette, ainda rumo ao Norte e, alguns aviões de combate, talvez nos arredores do PDX (Aeroporto Internacional de Portland) foram acionados para dar uma olhada. O Centro de Controle teve problemas para rastreá-lo no radar primário.

    Estranho! Minha teoria é que eles estavam levando drogas para o Canadá. Ainda não há notícias, ao menos ainda não encontrei nada sobre isso.


    "A última coisa que ouvimos é que a mesma estava sobre o Vale de Willamette (na foto), ainda rumo ao Norte e, alguns aviões de combate, talvez nos arredores do PDX (Aeroporto Internacional de Portland) foram acionados para dar uma olhada. O Centro de Controle teve problemas para rastreá-lo no radar primário", disse o usuário Duprass
    Foto mostrando um avião pousando no Aeroporto Internacional de Portland
    **Atualização 0500z. Ligação para o SEA ARTCC (Centro de Controle de Tráfego Aéreo de Seattle). Um senhor com quem conversei disse, que eles inicialmente foram alertados sobre a aeronave a partir do Centro de Controle de Oakland, que a identificou no radar primário (ela estava constando no radar, mas sem informações do transponder). Seja qual for o motivo, eles não conseguiram rastreá-la através do radar primário. Foi quando os ouvi pedindo as aeronaves comerciais, que a rastreassem visualmente. O último avião a vê-la teve que pousar em Portland, e a perdeu de vista. Caças nos arredores do PDX foram enviados, mas voaram durante algum tempo e não encontraram nada. E foi isso."

    O áudio do controle de tráfego aéreo do Setor 14 do Centro de Controle de Seattle, gravado pelo site LiveATC.com, está disponível no site do mesmo, e mostra os diálogos no momento do incidente. O áudio corrobora com grande parte dessas informações. Qualquer pessoa pode ouvir a troca de informações a partir dos 20 minutos do primeiro intervalo de áudio disponível abaixo, até a primeira parte do intervalo seguinte, porém todo esse diálogo está em inglês, é claro:





    O áudio é fantástico, uma vez que ilustra, que houve muitos diálogos entre diversas tripulações de aviões comerciais e o Centro de Controle de Seattle, cujos controladores tentaram rastrear a aeronave enquanto se dirigia para o Norte, em direção ao Vale de Willamette.

    A aeronave não conseguiu ser rastreada no radar primário de Seattle, e nem apareceu nos sistemas digitais de anticolisão de tráfego (TCAS, sigla em inglês), mas estava claramente lá, embora nunca estivesse suficientemente próxima para haver uma identificação positiva em relação a mesma.

    A aeronave não conseguiu ser rastreada no radar primário de Seattle, e nem apareceu nos sistemas digitais
    de anticolisão de tráfego (TCAS, sigla em inglês)...
    ... mas estava claramente lá, embora nunca estivesse suficientemente próxima
    para haver uma identificação positiva em relação a mesma.
    O diálogo entre o controle de tráfego aéreo e os diversos pilotos de aviões comerciais durou cerca de meia hora. As gravações de outros setores do Centro de Controle de Seattle, assim como aqueles que estão mais próximos de Portland (32 e 46) não estavam disponíveis naquela época, sendo muito possível - senão bem provável, tendo em vista os demais relatos - que o incidente tivesse continuado no Vale de Willamette.

    Tyler disse que revisou os diálogos da torre de controle do Aeroporto Internacional de Portland, entre meia hora e duas horas após o incidente, e não encontrou nada que fosse relevante, embora fosse improvável, uma vez que as aeronaves em processo de aterrissagem utilizem tais frequências. De qualquer forma, Tyler disse, que após ler esse relato e ouvir o áudio, havia ficado claro que o incidente valia a pena ser analisado mais profundamente.

    O diálogo entre o controle de tráfego aéreo e os diversos pilotos de aviões comerciais durou cerca de meia hora. As gravações de outros setores do Centro de Controle de Seattle, assim como aqueles que estão mais próximos de Portland (32 e 46) não estavam disponíveis naquela época, sendo muito possível - senão bem provável, tendo em vista os demais relatos - que o incidente tivesse continuado no Vale de Willamette.
    Foi justamente isso que ele e sua equipe fizeram naquela época ao questionar o "142º Fighter Wing", uma unidade de defesa área localizada no Aeroporto Internacional de Portland, o Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (NORAD ), e a Administração Federal de Aviação (FAA) sobre o estranho incidente.

    A resposta do NORAD foi rápida e clara. Um incidente envolvendo diversas tripulações de companhias aéreas, controle de tráfego aéreo e aeronaves F-15C do 142º Fighter Wing havia realmente ocorrido. De acordo com as informações "limitadas", que foram fornecidas pelo NORAD, os controladores de tráfego aéreo da FAA solicitaram aos pilotos de aviões comerciais, que ajudassem a rastrear e possivelmente identificar uma "aeronave branca", que viajava entre 35.000 e 40.000 pés, com base em registros de rádio. O NORAD também disse que o incidente resultou no envio de caças F-15, que decolaram de Portland, para investigar o que estava acontecendo. Contudo, uma vez no ar, os caças procuraram pela aeronave, e não encontraram absolutamente nada.

    A resposta do NORAD foi rápida e clara. Um incidente envolvendo diversas tripulações de companhias aéreas, controle de tráfego aéreo e aeronaves F-15C do 142º Fighter Wing havia realmente ocorrido
    É importante ressaltar nesse ponto, que a unidade "142º Fighter Wing" utiliza caças F-15C, que estão equipados com um dos conjuntos de radares ar-ar mais eficientes do mundo (AN/APG-63V3), além de um equipamento chamado"ATP" ("Sniper Advanced Targeting Pod") para a identificação de aeronaves a longa distância. Seus pilotos são alguns dos melhores do mundo, e são altamente treinados com o objetivo de defender o espaço aéreo dos Estados Unidos.

    Seria, no mínimo, surpreendente dizer, que eles "não encontraram nada" enquanto estavam voando. Talvez isso tenha sido devido à natureza da aeronave, que estava sendo procurada; a possibilidade de que os caças tenham sido enviados muito tempo após o primeiro avistamento; ou que simplesmente não estivéssemos sendo informados corretamente sobre toda essa história, entenderam?

    É importante ressaltar nesse ponto, que a unidade "142º Fighter Wing" utiliza caças F-15C, que estão equipados com um dos conjuntos de radares ar-ar mais eficientes do mundo (AN/APG-63V3), além de um equipamento chamado"ATP" ("Sniper Advanced Targeting Pod") para a identificação de aeronaves a longa distância
    Seus pilotos são alguns dos melhores do mundo,
    e são altamente treinados com o objetivo de defender o espaço aéreo dos Estados Unidos
    Na época surgiram inúmeras especulações. Embora não tivéssemos o horário exato do acionamento dos caças, aparentemente a aeronave misteriosa estava se movendo muito rápido, ou seja, na mesma velocidade que as aeronaves ao redor dela ou então estava ainda mais veloz. Vale a pena destacar, que o Centro de Controle de Oakland, que controla o espaço aéreo mais ao Sul em relação a área de responsabilidade do Centro de Controle de Seattle, poderia estar tentando rastrear a aeronave antes que as comunicações começassem a figurar nas frequências do Controle de Seattle, caso o objeto tivesse surgido bem mais ao Sul, é claro.

    Tyler e sua equipe disseram, que revisaram o áudio do controle de tráfego aéreo do Aeroporto Internacional de Portland, até duas horas após o primeiro registro de rádio sobre a aeronave misteriosa surgir entre o Controle de Seattle e os pilotos comerciais. Tyler disse que eles não ouviram a torre solicitar prontamente o envio dos caças F-15. Para completar, não estava claro em que momento os F-15 tinham levantado voo para procurar por essa aeronave não identificada ou por qual razão eles teriam sido enviados tão tardiamente, caso essa hipótese fosse a verdadeira. Resumindo? Inúmeras especulações, poucas respostas.

    Vale a pena destacar, que o Centro de Controle de Oakland, que controla o espaço aéreo mais ao Sul em relação a área de responsabilidade do Centro de Controle de Seattle, poderia estar tentando rastrear a aeronave antes que as comunicações começassem a figurar nas frequências do Controle de Seattle, caso o objeto tivesse surgido bem mais ao Sul, é claro
    Também era possível, embora um pouco improvável, que um esquadrão de caças F-15 pudesse ter sido desviado, caso já estivesse no ar. Além disso, uma vez estando no ar, os caças F-15 são capazes de atravessar todo o estado do Oregon em apenas uma questão de minutos, caso seja necessário. Então, se eles tivessem sido rapidamente enviados, parecia improvável que eles não tivessem sido capazes de interceptar a aeronave, que foi apontada por pilotos comerciais sobrevoando a região Sul do estado norte-americano do Oregon.

    A Administração Federal de Aviação (FAA) não foi tão solícita quanto o NORAD, visto que demorou quase uma semana e diversos emails para responder a investigação inicial de Tyler. E, quando responderam, simplesmente disseram que não tinham mais nada a acrescentar à descrição dos eventos realizada por ele. Assim sendo, eles reconheceram que os eventos ocorreram, mas não forneceram nenhum detalhe adicional. Já o "142º Fighter Wing" não respondeu a solicitação de Tyler.

    A Administração Federal de Aviação (FAA) não foi tão solícita quanto o NORAD, visto que demorou quase uma semana e diversos emails para responder a investigação inicial de Tyler. E, quando responderam, simplesmente disseram que não tinham mais nada a acrescentar à descrição dos eventos realizada pelo Tyler
    Aliás, de acordo com Tyler, claramente precisava haver algum tipo de investigação posterior em relação a esse evento. Ainda segundo ele, ter uma aeronave não identificada, que não aparecia no radar, e que voava no meio do tráfego aéreo civil, na mesma altitude, e por um longo período de tempo, não era algo que você simplesmente deixava de lado, especialmente considerando a atual situação de segurança global, e tudo o que aconteceu desde o fatídico 11 de setembro.

    Um dos usuários do Reddit, apelidado de "The Flying Beard", que supostamente seria um controlador de tráfego aéreo, e que teria tido algum nível de conhecimento interno do evento, chegou a publicar a seguinte declaração:

    "...Estava trabalhando no setor adjacente e ajudando a coordenar algumas coisas de ordem militar. Eles acabaram enviando os F-15, a partir do PDX, para tentar encontra-lá, mas sem sucesso.... A loucura é que não tínhamos um alvo primário ou um intruso Modo C, e o mesmo estava fora do alcance dos 737 mais próximos. Além disso, (apenas um palpite conspiratório) nosso departamento de Garantia de Qualidade estava trabalhando nisso hoje, e recebemos uma ligação do comandante do 142FW no PDX, e foi nos dito para simplesmente deixar isso de lado, e não sabemos o porquê.

    "Além disso, (apenas um palpite conspiratório) nosso departamento de Garantia de Qualidade estava trabalhando nisso hoje, e recebemos uma ligação do comandante do 142FW no PDX, e foi nos dito para simplesmente deixar isso de lado, e não sabemos o porquê", disse o usuário "The Flying Beard".
    Muitas pessoas no escritório parecem acreditar, que talvez tenha sido essa aeronave (por mais improvável que seja) baseado na descrição, e também em razão da "falta de interesse" dos militares. Acho que a FAA está investigando isso em esferas superiores. Do ponto de vista de segurança, se os militares estão conduzindo testes secretos no espaço aéreo do país (NAS), isso não é nada bom. Se eu fosse um dos pilotos que tivesse avistado isso, com certeza eu estaria preenchendo um formulário da NASA ou quaisquer outros relatórios oficiais que estivessem ao meu alcance...

    ... Se a "aeronave" continuasse no curso e na altitude presumidos, então os F-15 foram enviados de maneira errada. A última posição conhecida foi nos arredores da região de EUG (cidade de Eugene, no Oregon), indo para o Norte, a cerca de 750 nós (1.389 km/h), sendo que os caças foram enviados para o Sul, quando foram despachados cerca de 25 a 30 minutos após o primeiro avistamento na área de Shasta (uma cidade do estado da Califórnia)...


    O usuário "The Flying Beard" disse que, por mais improvável que fosse, muitos colegas de trabalho acreditavam que a "misteriosa aeronave" tivesse sido uma aeronave conhecida como NT-43A, um projeto considerado secreto da Força Aérea dos Estados Unidos, que na verdade é um 737-200 altamente modificado e repleto de equipamentos de última geração
    "A última posição conhecida foi nos arredores da região de EUG (cidade de Eugene, no Oregon), indo para o Norte, a cerca de 750 nós (1.389 km/h), sendo que os caças foram enviados para o Sul, quando foram despachados cerca de 25 a 30 minutos após o primeiro avistamento na área de Shasta (uma cidade do estado da Califórnia)", disse o usuário "The Flying Beard"
     ...O horário dificultou a identificação. Todas as aeronaves do lado leste não conseguiram vê-la devido ao pôr do sol, e o tráfego do lado oeste estava bem esparso. Acredito que a ZOA (Centro de Controle de Oakland) conseguiu vê-la por alguns momentos no radar primário/Modo C do RBL (Aeroporto Municipal de Red Bluff). Inicialmente, estava indo para Sudoeste, mas fez uma curva muito clara para o Norte. Estava mais rápida do que uma aeronave comercial poderia suportar nessa velocidade ou altitude sem se despedaçar no ar."

    Evidentemente, ninguém naquele momento tinha como confirmar as informações fornecidas pelo usuário que, diga-se de passagem, deletou o que havia escrito no Reddit (é muito importante destacar que as primeiras informações sobre esse incidente foram publicada no Reddit, que não é exatamente uma fonte confiável, e tão somente baseado em relatos). Portanto, não se sabia oficialmente e de nenhuma fonte confiável a velocidade real do objeto. No entanto, Tyler disse que, com base em postagens anteriores, a descrição do suposto emprego ou cargo do usuário, parecia ser condizente com aquilo que ele comentava, ou seja, esse relato poderia, eventualmente, contribuir para montar o quebra-cabeça em torno de toda essa história.



    "Acredito que a ZOA (Centro de Controle de Oakland) conseguiu vê-la por alguns momentos no radar primário/Modo C do RBL (Aeroporto Municipal de Red Bluff). Inicialmente, estava indo para Sudoeste, mas fez uma curva muito clara para o Norte", disse o usuário
    "The Flying Beard"
    Felizmente, Tyler enviou pedidos requisitando maiores informações com base na "Lei de Liberdade de Informação" (FOIA) para a FAA e o NORAD, assim como as outras partes federais envolvidas no incidente. Ele esperava descobrir o que realmente tinha acontecido naquele dia, para que ele finalmente possa informar adequadamente aos seus leitores. Segundo Tyler, muitos estavam alegando, que teria sido tão somente um avião transportando drogas para o Canadá. Outros alegavam, que tinha sido um avião militar secreto. Já outros, principalmente os entusiastas de OVNIs alegavam que, quem sabe, não tinha sido algo de outro mundo, se é que vocês me entendem.

    Para Tyler parecia estranho que uma aeronave transportando drogas voasse em plena luz do dia, sabendo que corria o risco de ser identificada com maior facilidade. No caso de um avião militar secreto, voar entre aeronaves comerciais em plena luz do dia, embora estivesse próximo do horário do pôr do sol, certamente seria uma escolha estranha, porém não impossível. Ele alegou que existiam vastas e remotas regiões do Alasca, que poderiam servir para a realização de programas de aeronaves clandestinas, sendo que é um longo voo até chegar lá. Ainda assim, a ideia de que uma aeronave militar norte-americana voando em uma movimentada rota de tráfego aéreo, em altitudes compatíveis com a de aviões a jato, sem rádio ou transponder, ou contato pelo radar, era algo para se preocupar, se isso realmente tivesse acontecido.

    Felizmente, Tyler enviou pedidos requisitando maiores informações com base na "Lei de Liberdade de Informação" (FOIA) para a FAA e o NORAD, assim como as outras partes federais envolvidas no incidente. Ele espera descobrir o que realmente aconteceu naquele dia, para que ele finalmente possa informar adequadamente aos seus leitores
    De qualquer forma, não faltaram opiniões, que foram publicadas em alguns outros lugares. O site de notícias "News.com.au" lembrou que o Oregon é adjacente a Nevada, onde está localizada a famosa Área 51, porém ressaltou que a existência de uma aeronave secreta entre o tráfego aéreo comercial, em plena luz do dia, seria algo perigoso e inseguro. Além disso, essa não seria uma prática comum.
    Já o site "Popular Mechanics"especulou que pudesse se tratar da aeronave MQ-25 Stingray, um projeto da Boeing para a Marinha dos Estados Unidos, que provavelmente inclui algumas características que tornariam difícil o seu rastreamento por radares civis de controles de tráfego aéreo. A aeronave é basicamente um drone de combate, sendo que o operador do mesmo pode ter sido incapaz de ouvir as requisições de rádio. Contudo, existem muitos lugares para testar novos drones, especialmente no deserto de Nevada.

    O "Popular Mechanics" também cogitou uma possibilidade peculiar, ou seja, que teria havido uma espécie de alucinação em massa e, na verdade, não havia nada no ar, embora isso fosse muito improvável. O site ressaltou o diálogo do piloto do voo 612, da United Airlines, quando o mesmo foi questionado se ele estava vendo a misteriosa aeronave. O piloto disse que estava vendo a mesma na posição de 3h e rapidamente apontou que estava a apenas 6,5 km de distância. Posteriormente, o piloto a descreveu como sendo um "ponto branco" a cerca de 4.000 ou 5.000 pés (entre 1.200 e 1.500 metros) acima deles. Estranho, não é mesmo? Porém, novas informações surgiram recentemente sobre esse caso. É justamente isso que vocês conferem a seguir!

    Um Mistério Cada Vez Maior! Os Novos Detalhes do Caso Envolvendo a Força Área Norte-Americana e um Misterioso e Veloz "OVNI Branco"!


    Em um artigo chamado "You Need To Hear These FAA Tapes From That Oregon UFO Incident That Sent F-15s Scrambling" ("Vocês Precisam Ouvir Essas Gravações da FAA do Incidente Relacionado ao OVNI do Oregon, que Resultou no Envio, às Pressas, de Caças F-15", em português) do blog "The War Zone", foi inicialmente publicado um pequeno e interessante vídeo em uma tentativa de resumir toda essa história. Confira o mesmo logo abaixo (em inglês, mas irei comentar a seguir, não se preocupem):



    No vídeo é mencionado tudo aquilo que já sabemos, ou seja, que o NORAD e a FAA tinham confirmado toda a história ao blog "The War Zone" sobre um evento ocorrido no dia 25 de outubro do ano passado nos céus do Noroeste Pacífico (a região noroeste da América do Norte). O evento começou com controladores de tráfego aéreo se deparando com uma aeronave não identificada no radar, que por sua vez estava se movendo para o Sul dos Estados Unidos, em alta velocidade, na região norte da Califórnia. Porém, a aeronave fez uma curva acentuada, voltando-se em direção ao Norte dos Estados Unidos, e se misturou com o tráfego aéreo regular, antes de desaparecer do radar. Então, eis que nos deparamos com um operador de radar questionando o Centro de Controle de Oakland se eles estavam vendo um alvo se movendo muito rapidamente a 37.000 pés de altitude. O Centro de Controle se mostrou surpreso, e o operador chamou a situação de maluca. Ele também mencionou, para o Centro de Controle, que não havia identificação em relação a mesma, ou seja, não respondia ao rádio, e não havia nenhum transponder ativo.

    Diversos pilotos teriam confirmado ao Controle de Tráfego Aéreo, que viram uma "grande aeronave branca" voando próximo a eles. Por outro lado, no vídeo é possível ouvir o áudio proveniente do voo "United 612", dizendo que eles estavam vendo um pequeno ponto branco, mas que não tinha nenhuma identificação. Assim sendo, caças da Força Aérea dos Estados Unidos foram acionados para interceptar a aeronave, mas não encontraram nada. O evento representava claramente uma ameaça ao tráfego aéreo, sem mencionar uma ameaça em potencial para a segurança nacional. Ao final, podemos ouvir o áudio de um oficial no Centro da FAA, em Seattle, dizendo para uma outra oficial responsável pelo Departamento de Garantia de Qualidade da FAA, que eles não sabiam para onde a aeronave tinha ido, que caças tinham perseguido a aeronave, mas que eles tinham perdido a mesma de vista. Como resposta, a oficial responde: "Nossa, que estranho". Interessante, não é mesmo? Lembrando, que esses são dados oficiais, totalmente legítimos, e obtidos de forma legal. Além disso, é muito importante mencionar que, aparentemente, os caças não teriam conseguido interceptar a aeronave pelo simples fato de terem sido enviados para o sul do Oregon, ao invés do norte, que era para onde a aeronave estaria supostamente indo.

    Ao final, podemos ouvir o áudio de um oficial no Centro da FAA, em Seattle, dizendo para uma outra oficial responsável pelo Departamento de Garantia de Qualidade da FAA, que eles não sabiam para onde a aeronave tinha ido, que caças tinham perseguido a aeronave, mas que eles tinham perdido a mesma de vista. Como resposta, a oficial responde: "Nossa, que estranho". Interessante, não é mesmo?
    Segundo Tyler, ele recebeu horas de gravações de áudio, que possuem elementos bem peculiares para serem acrescentados a essa história. Assim sendo, ele dividiu todo o áudio recebido, assim como os dados de radar, que também foram enviados pelo governo, em quatro vídeos separados. Tyler disse que iria destacar as informações mais relevantes de cada vídeo, mas que ele recomendava que todos pudessem assistir e ouvir integralmente os mesmos. Infelizmente, é muito material para ser legendado por mim (o tempo infelizmente é bem curto), porém caso alguém se disponibilize a legendá-los basta avisar, que acrescentarei o material nesta matéria, combinado?

    Bem, o primeiro vídeo inclui o áudio a partir do ponto inicial em que a aeronave foi avistada, quando atravessou o norte da Califórnia (rumo ao sul), em alta velocidade, antes de virar para o norte, se mesclar com o tráfego aéreo nos arredores, e desaparecer do radar. É bom deixar claro que, além de se tornar invisível ao radar, a mesma não emitia qualquer transmissão por parte de eventuais transponders, e não se comunicava verbalmente com os controladores de tráfego aéreo. Além disso, o áudio contido no vídeo foi sincronizado, em tempo real com os dados do radar.



    O Setor 31 do Centro de Controle de Oakland detectou o alvo por volta das 16h30 (horário local). O Setor 31 abrange desde Sacramento até Redding, antes de chegar ao norte de sua delimitação, que é próxima a fronteira com o Oregon, onde então começa o espaço aéreo do Centro de Controle de Seattle. A leste, temos o espaço aéreo da fronteira da Califórnia com Nevada.

    A aeronave foi eventualmente rastreada por pilotos, enquanto seguia seu caminho sobre o Lago Crater, indo em direção ao Vale Willamette. No áudio, o controlador do Centro de Oakland observou, que a mesma estava próxima da delimitação do setor. Então, aparentemente, o primeiro avistamento da aeronave ocorreu oficialmente próximo da delimitação do Setor 31 do Centro de Controle de Oakland e dos Setores 13 ou 14 do Centro de Controle de Seattle. O alvo estava se movimentando "muito rapidamente a 37.000" pés, quando foi detectado pela primeira vez.

    Tabela de setores referentes ao Centro de Controle de Oakland
    Tabela de setores referentes ao Centro de Controle do Oregon
    O "intruso" rapidamente desapareceu do radar, e foi nesse momento, que começaram os avistamentos visuais feitos por equipes de companhias aéreas. Os avistamentos continuaram por aproximadamente meia hora, ao longo de centenas de quilômetros. As conversas entre pilotos próximos e o Controle de Tráfego Aéreo em relação à aeronave não identificada eram constantes no áudio, sendo que a mesma descrição foi repetida por diversas vezes: uma aeronave branca a 37.000 pés, que estava muito longe para dizer o modelo ou se tinha qualquer identificação visual, assim como logotipos, na mesma.

    Em aproximadamente 27:30 no vídeo, obtemos a nossa primeira indicação de que os F-15C do Aeroporto Internacional de Portland estavam prestes a decolar, com o controlador de tráfego aéreo observando isso, enquanto conversa com um outro controlador da FAA. Na conversa, o outro controlador também reitera que ainda não havia qualquer contato de radar com a aeronave. O controlador também pede, repetidamente, para que as aeronaves próximas verificassem seus sistemas digitais de anticolisão de tráfego (TCAS) para tentar identificar a aeronave, mas não havia absolutamente nada.

    Em aproximadamente 27:30 no vídeo, obtemos a nossa primeira indicação de que os F-15C do Aeroporto Internacional de Portland estavam prestes a decolar, com o controlador de tráfego aéreo observando isso, enquanto conversa com um outro controlador da FAA.
    Os F-15C apareceram pela primeira vez no radar, no momento que decolaram de Portland, rumo ao Sul, em 33:33, e aparecem como voo "Rock", uma sinalização comum utilizada pelos F-15C, que ficam de prontidão no Aeroporto Internacional de Portland. Então, o voo "Alaska 439" pede uma atualização sobre a aeronave não identificada, e o controlador indica, que ainda não possui nada, dizendo de forma coloquial, que a mesma devia estar em uma espécie de "modo furtivo" ou algo assim. É interessante notar, que os F-15C foram primeiramente para o sul, enquanto parecia que o objeto estava indo em direção ao norte do Aeroporto Internacional de Portland, ao menos no momento que eles decolaram.

    Os F-15C aparecem pela primeira vez no radar, no momento que decolam de Portland, rumo ao Sul, em 33:33, e aparecem como voo "Rock", uma sinalização comum utilizada pelos F-15C, que ficam de prontidão no Aeroporto Internacional de Portland
    O segundo vídeo é referente apenas aos dados brutos do radar. Aliás, o mesmo inicia antes que do vídeo sincronizado anterior. Tyler fez questão de publicá-lo para caso alguém resolvesse analisar os dados mais profundamente.



    Em seguida, entramos no campo das conversas telefônicas entre membros da FAA, enquanto toda a situação estava acontecendo nos céus do Noroeste Pacífico. Tyler fez questão de ressaltar, que editou o espaço vazio entre as ligações, e ocultou com um "beep" os nomes daqueles que se identificaram no áudio. Fora isso, não haveria mais nenhuma edição no áudio, muito embora Tyler não pudesse garantir ou ter certeza de que o áudio não tivesse sido editado pela FAA. Segundo ele, existem trechos estranhos, onde as conversas ficavam mudas, e não ficou claro se foi editado ou se teria sido apenas uma anomalia no áudio. Aliás, o Gerente Encarregado de Operações do Centro de Seattle é o personagem principal dessa história.

    A primeira ligação é para o Centro de Oakland, e ocorre no início da detecção inicial do radar e, quando os pilotos começaram a detectar visualmente a aeronave. O gerente encarregado mencionou, que a "Defesa Aérea" também estava procurando o alvo (no radar), e isso mostrava o quão precocemente os militares estavam envolvidos com a situação. Quem ouvir o áudio vai notar o temo "DEN", que é mencionado por diversas vezes. "DEN"é a Rede de Eventos Domésticos, uma espécie de sistema de linha direta, que é usado para estabelecer uma ponte entre a FAA e as autoridades federais, ou seja, as Forças Armadas, diante de inúmeras circunstâncias, que você pode conferir aqui. Também é possível ouvir o termo "WADS", e o apelido/código "Bigfoot". Os mesmos se referem ao setor de Defesa Aérea Ocidental do NORAD, que monitora o espaço aéreo em um vasto território nos Estados Unidos e no Canadá. Localizado na Base da Força Aérea McChord, no estado norte-americano de Washington, a WADS envia caças quando necessário, e trabalha para direcioná-los até seus alvos de interesse durante as missões de soberania aérea doméstica, entre outras responsabilidades.

    Também é possível ouvir o termo "WADS", e o apelido/código "Bigfoot". Os mesmos se referem ao setor de Defesa Aérea Ocidental do NORAD, que monitora o espaço aéreo em um vasto território nos Estados Unidos e no Canadá. Localizado na Base da Força Aérea McChord, no estado norte-americano de Washington, a WADS envia caças quando necessário, e trabalha para direcioná-los até seus alvos de interesse durante as missões de soberania aérea doméstica, entre outras responsabilidades.
    Quando o Gerente Encarregado de Operações do Centro de Seattle é questionado por outro controlador, se ele estava pedindo ajuda militar, a gravação ficou muda. O mesmo questionamento é ouvido momentos depois, e novamente há um completo silêncio, até que ocorre uma nova ligação.

    Ao final das ligações, podemos ouvir os controladores falando sobre como a Força Aérea planejava montar uma patrulha aérea sobre a cidade de Battle Ground, Washington, localizada a 20 km ao norte do Aeroporto Internacional de Portland. Sabemos que, inicialmente, os F-15C foram para o sul, então não ficou claro se essa ligação aconteceu depois que os caças seguiram nessa direção ou até mesmo antes que estivessem no ar, e os planos terem sido alterados posteriormente.

    Finalmente, chegamos ao último e talvez mais interessante dos vídeos. O mesmo contém as ligações feitas após o incidente ter ocorrido. O Gerente Encarregado de Operações do Centro de Seattle tenta descobrir o que realmente aconteceu. Assim sendo, ele conversa mais uma vez com o Centro de Seattle, com um trio de pilotos de uma companhia aérea, que avistou a aeronave, além de ter algumas conversas bem interessantes com o Escritório de Segurança da Organização do Tráfego Aéreo da FAA, e o Grupo de Segurança e Garantia de Qualidade da agência.



    Primeiramente, ouvimos sobre a questão de quem "solicitou" o envio dos caças, visto que, segundo a conversa, isso teria partido da sede da FAA. O gerente encarregado questiona a ideia, em retrospectiva, de ter aviões comerciais mantendo contato visual com a aeronave, ao invés de permitir que os mesmos aterrissassem no Aeroporto Internacional de Portland, ao menos até que os F-15C aparecessem. No entanto, a oficial da FAA o contesta, uma vez que eles não sabiam qual era a aeronave, se a mesma estava equipada com alguma coisa ou suas intenções. Ela reiterou que ter envolvido os militares foi uma boa ideia, mas que isso deveria ter partido da sede da FAA no DEN. O gerente ressaltou, no entanto, que ele não sabia quem havia solicitado assistência militar, e que o Centro de Oakland disse-lhe, que deveria inicialmente ligar para a WADS.

    Em seguida, ouvimos novamente o Centro de Oakland, primeiramente discutindo sobre quem havia ordenado o envio de caças, mas então a conversa passa a falar sobre o que realmente aconteceu. Ambos concordam que "definitivamente havia algo lá fora", com o controlador do Centro de Oakland dizendo, que a aeronave apareceu pela primeira vez indo para o sul, em alta velocidade, antes de realizar uma abrupta manobra e "disparar em direção ao norte". Mesmo estando a par dos procedimentos para tais eventos, o encontro pareceu totalmente estranho aos dois controladores de alta patente, com um deles declarando: "Tenho a sensação de que alguém vai passar um pente fino nisso".

    Em seguida, ouvimos novamente o Centro de Oakland, primeiramente discutindo sobre quem havia ordenado o envio de caças, mas então a conversa passa a falar sobre o que realmente aconteceu. Ambos concordam que "definitivamente havia algo lá fora", com o controlador do Centro de Oakland dizendo, que a aeronave apareceu pela primeira vez indo para o sul, em alta velocidade, antes de realizar uma abrupta manobra e seguir em direção ao norte.
    Posteriormente, chegamos nas entrevistas dos pilotos, por telefone, com o objetivo que cada tripulação escrevesse um relatório detalhando sua perspectiva individual do incidente. Durante uma conversa com voo "United 612", existem alguns momentos estranhos, mas o piloto descreve o encontro, afirmando que ele estava muito longe para descobrir o modelo de aeronave. A ligação seguinte, com o voo "Alaska Airlines 525", também não revelou muito, pois a tripulação disse que eles nunca conseguiram observar a aeronave. Já a tripulação do voo "Skywest 3478" conseguiu avistá-la, embora não tivesse muita coisa para ser adicionada.

    Agora, a conversa com o piloto do voo "Southwest 4712" foi, de longe, a mais interessante. Ele imediatamente observou o quão estranho foi o encontro, e que ele jamais viu um incidente como aquele em quase 30 anos pilotando aeronaves. O piloto observou: "Se fosse como um modelo de avião "Lear" (jato particular), provavelmente não teria visto isso claramente. Era uma aeronave branca, e era grande. E, estava se movendo rápido, uma vez que estávamos mantendo o mesmo ritmo. Provavelmente, estava mais rápido do que nós... Era uma grande aeronave." Ele também disse, que observaram o objeto desde o Norte da Califórnia até a descida em Portland.

    A ligação final do gerente foi com o Grupo de Garantia de Qualidade da FAA,  que ficou surpreso pelos detalhes a respeito do evento, e especialmente com o fato de que ninguém ainda sabia qual era a aeronave ou onde a mesma foi parar. "Nossa, que estranho", foi a citação feita pela oficial da FAA, que foi perspicaz em dizer o mínimo possível, visto que essas pessoas lidam com incidentes singulares, que ocorrem no espaço aéreo norte-americano todos os dias. O gerente concordou com o sentimento, observando que não era uma pequena aeronave, e que estava se movendo rapidamente, superando um 737 em velocidade de cruzeiro. A oficial também disse, que o incidente devia ser classificado como "potencialmente significativo" nos relatórios. Ela até mesmo mencionou, que tinha sido "uma coisa muito estranha para qual não há um procedimento definido... Não é com frequência que ouvimos sobre alguém desconhecido naquela altitude."

    A ligação final do gerente foi com o Grupo de Garantia de Qualidade da FAA,  que ficou surpreso pelos detalhes a respeito do evento, e especialmente com o fato de que ninguém ainda sabia qual era a aeronave ou onde a mesma foi parar. "Nossa, que estranho", foi a citação feita pela oficial da FAA, que foi perspicaz em dizer o mínimo possível, vistos que essas pessoas lidam com incidentes únicos que ocorrem no espaço aéreo norte-americano todos os dias.
    Conjuntamente, esses materiais nos dão uma visão incrível, não apenas sobre esse incidente, mas também sobre como esse tipo de evento é realmente tratado em tempo real por aqueles que são responsáveis pela segurança daqueles, que estão no ar e no solo. O que eles não oferecem é qualquer tipo de explicação para o que aconteceu naquele entardecer. Porém, na verdade, o fato é que todos os envolvidos, os controladores de tráfego aéreo, os operadores de radar da Força Aérea, os pilotos de linhas aéreas e até mesmo os oficiais da FAA encarregados de responder a todos os tipos de incidentes comuns, que ocorrem no céu, todos os dias, pareciam estar tão intrigados com esse evento quanto todos aqueles, que vêm acompanhando esse caso nos últimos meses.

    Acima de tudo, essas novas evidências destacam o quanto esses eventos são raros, especialmente aqueles que incluem avistamento coletivo, o uso de diferentes sensores, o envolvimento de diversas agências, incluindo os militares, e alguns dos caças ar-ar mais avançados do mundo. E, após as recentes revelações mostrando como o Pentágono ainda tem um bom interesse em encontros como este, faz com que o mesmo seja ainda mais significativo, atualmente, do que quando ocorreu. Enfim, AssombradOs, o Tyler disse que continuará investigando esse incidente, e assim que houve novas atualizações manteremos vocês informados o mais rapidamente possível!

    Até a próxima, AssombradOs!

    Redator Marco Faustino

    Fontes:
    http://www.assombrado.com.br/2017/11/misterio-no-oregon-forca-aerea-norte.html
    http://www.thedrive.com/the-war-zone/18473/faa-recordings-deepen-mystery-surrounding-ufo-over-oregon-that-sent-f-15s-scrambling?utm_source=fark&utm_medium=website&utm_content=link&ICID=ref_fark

    Setealém: Uma Incrível Evidência da Existência de Universos Paralelos ou Tão Somente uma História Brasileira de Ficção e Terror?

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    Por Marco Faustino

    Provavelmente, a história virtual de terror mais famosa dos últimos tempos pertence ao norte-americano Adam Ellis. Desde agosto do ano passado, ele vem conseguindo algo que poucos conseguem ultimamente na internet: prender a atenção de centenas de milhares de seguidores e não seguidores, e fazê-los acompanhar uma mera história de terror contada através do Twitter, sendo que está cada vez mais evidente, por inúmeros motivos, que a mesma é falsa. Aliás, caso alguém acredite que a mesma possa ser verdadeira, basta acompanhar todo o material que já publiquei sobre esse assunto e reavaliar a própria crença sobre o que Adam Ellis divulga. Ainda assim, muitos de vocês vem expressando o desejo de continuar sendo informados e atualizados sobre esse caso, mesmo não acreditando nessa história, e sabendo que a mesma tem fortíssimos indícios de ser um projeto do Adam para o lançamento de um novo livro ou até mesmo um curta-metragem. Vale lembrar nesse ponto, que Adam Ellis é um ilustrador e cartunista, que trabalhou nos últimos quatro anos no questionável site de notícias Buzzfeed, que por sua vez é extremamente controverso, e repleto de textos aleatórios, e muitas vezes pautados sem quaisquer fontes credíveis. De qualquer forma, não tivemos maiores atualizações sobre esse caso, ao menos não no mês de fevereiro, porque Adam decidiu focar em "projetos pessoais", inclusive deixando o emprego que possuía no Buzzfeed. Além disso, ele disse que "coisas grandes" estariam por vir (leia mais: Adam Ellis Estaria Possuído? Seguidores do Ilustrador Nova-Iorquino Acreditam que o Espírito de "David" Teria Possuído seu Corpo!).

    Ironicamente, muito antes dessa história ser contada pelo Adam Ellis, o Buzzfeed se tornou palco para a divulgação e propagação de uma outra história, porém dessa vez envolvendo supostas dimensões paralelas e brasileira. O nome dessa história é "Setealém", muito embora também seja conhecida por inúmeras variantes, tais como: "7além", "Se7ealém", Setealem", "Cetealem", entre outras possibilidades. Há quem diga que "Setealém" seria uma dimensão paralela obscura, suja, cujos habitantes não gostam da presença de pessoas do nosso mundo. Com o tempo surgiram histórias sobre uma catedral misteriosa, sobre pessoas infiltradas, e até mesmo recrutadores dessa suposta dimensão paralela. Enfim, sinceramente nem pretendia escrever sobre esse assunto, uma vez que o mesmo é inteiramente baseado em evidências anedóticas, mas resolvi escrever algo bem "simples" para vocês terem uma dimensão sobre essa história, cujo material dificilmente vocês encontrarão em outro lugar. Vamos saber mais e rapidamente sobre esse assunto?

    O Que é Setealém?


    Se você perguntar isso a qualquer pessoa, que acompanha ou já ouviu falar sobre esse assunto, essa pessoa irá responder-lhe, que "Setealém"é uma espécie de universo paralelo. Assim sendo, nada melhor do que fazer essa pergunta a um homem chamado Luciano Milici (daqui a pouco comentaremos sobre ele, e o início de tudo isso), o principal responsável pela divulgação dessa história, de forma verificável, desde o fim de novembro de 2016, na internet brasileira.

    Quando questionado sobre a origem do nome "Setealém", em um vídeo enviado para nós, Luciano Milici disse que, em sua visão, ele não sabia exatamente o que era Setealém, alegando que seu relato era o mais superficial perto dos outros que chegam até o seu conhecimento. De qualquer forma, Luciano disse que Setealém seria um "coletivo de universos paralelos e realidades futurísticas, passadas, tecnológicas, místicas, celestiais e demoníacas". Um "coletivo de ficção, de histórias ficcionais", relativas ao universo paralelo, mas que de alguma maneira isso tangiria o nosso mundo.

    Se você perguntar isso a qualquer pessoa, que acompanha ou já ouviu falar sobre esse assunto, essa pessoa irá responder que "Setealém"é uma espécie de universo paralelo. Assim sendo, nada melhor do que fazer essa pergunta a Luciano Milici (daqui a pouco comentaremos sobre ele e o início de tudo isso), o principal responsável pela divulgação dessa história, de forma verificável, desde o fim de novembro de 2016. 
    No grupo oficial e fechado do Facebook, chamado obviamente de "Setealém" (algo que também comentaremos mais para frente), um usuário foi mais além e disse: "A teoria que acato sobre Setealem é a seguinte: no universo há múltiplos planos de existência. Alguns mais sutis, outros tão materiais, ou até mais, que este em que habitamos. Setealem é um plano, que possui, com o nosso, muitas similaridades, motivo pelo qual há um maior número de pontos de conexão entre cá e lá. Assim como há pessoas mais sensíveis ao plano espiritual, vendo espíritos, até incorporando-os, há aquelas que possuem maior sensibilidade à Setealem. Assim, não se trata de um universo afeto a coisas de terror ou absurdos do gênero. Trata-se apenas de mais um universo paralelo a nós. Talvez pela grande similaridade com nosso plano de vibração por vezes o véu que separa os dois universos fique por demais tênue e pessoas resvalem com maior facilidade entre os dois mundos. 

    Pela proximidade entre os dois planos, as 'técnicas' para ir até Setealem não são absurdas ou exotéricas. Apenas se tratam de modos de aproximar ambos os planos de existência, permitindo vislumbres ou mesmo atravessar a barreira entre as dimensões. Pelos relatos que lemos fica ainda claro que seres do nosso planos resvalam com mais facilidade para lá do que eles para cá ao longo do tempo. Por isso o maior nível de conhecimento da distinção entre os planos que observamos na gente de Setealem. Um dia os dois planos conviverão harmoniosamente como o fazem os países de nosso mundo. Os espíritas creem em Capela, não é? Acredito que este outro planeta, que se aproxima para um periódico arrebatamento nada mais são do que períodos em que o véu, que separa os dois mundos, se torna tão tênue, que aqueles com maior sensibilidade a ele atravessem com facilidade"

    Já um outro usuário disse: "Acredito ser uma dimensão espiritual de fácil acesso por estar muito próximo, se um individuo alcança o estado vibracional correto, pode se desprender de seu corpo físico em alguns segundos acessando sete alem por alguns minutos tenebrosos!"

    "Acredito que este outro planeta que se aproxima para um periódico arrebatamento nada mais são do que períodos em que o véu que separa os dois mundos se torna tão tênue que aqueles com maior sensibilidade a ele atravessem com facilidade", disse o usuário.
    "Acredito ser uma dimensão espiritual de fácil acesso por estar muito próximo, se um individuo alcança o estado vibracional correto, pode se desprender de seu corpo físico em alguns segundo acessando sete alem por alguns minutos tenebrosos!", disse outro usuário.
    Essa primeira parte é muito interessante, porque se "Setealém" for realmente um coletivo de histórias ficcionais, ou seja, narrativas imaginárias, e irreais, o lugar simplesmente não existiria, sendo fruto apenas da mente das pessoas. Contudo, vamos seguir em frente. Afinal de contas, se Setealém é universo paralelo, como ele se parece?

    Como Seria o "Universo Paralelo" Chamado "Setealém"? Qual sua Aparência?


    Há cerca de seis semanas, uma usuária também escreveu um longo comentário sobre algumas coisas, "que todos concordavam" sobre Setealém. Segundo ela, os habitantes de Setealém sabem de nós, que não somos de lá, e tem uma clara aversão aos "visitantes". Eles também sempre falam o nome do local, como se não importassem em guardar segredo. Ainda segundo ela, algumas coisas também acontecem na maioria das vezes: a pessoa para em Setealém do nada enquanto anda ou dirige e, em relação a dirigir, geralmente são pessoas que tomam alguma rota diferente. Sempre aparece alguém que, mesmo macabro, fala apenas que a pessoa não é de lá e deve ir embora, geralmente idosos.

    Também existiriam algumas contradições. De acordo com a usuária, a principal contradição estaria na aparência dos habitantes de Setealém, embora todos aparentassem não ter alma. Existem relatos que mencionam olhos negros, amarelos e brancos, e teve um em que a pele do cara era meio azulada. Aparentemente, todos que vão, voltam, porque os habitantes de Setealém não nos querem lá, mas teria havido o o relato do cara, que conheceu um senhor que ficou preso para sempre. Além disso, Setealém é sempre mostrada como um local devastado, às vezes com pessoas hostis demais, mas há relatos de uma biblioteca, em uma espécie de shopping, onde parece que eles vivem sua vida normalmente, mesmo que diferente de nós.

    Além disso, Setealém é sempre mostrada como um local devastado, às vezes com pessoas hostis demais, mas há relatos de uma biblioteca, em uma espécie de shopping, onde parece que eles vivem sua vida normalmente, mesmo que diferente de nós. A imagem é meramente ilustrativa.
    Em um relato é mencionado que eles têm a própria moeda, ou seja, não seria um mundo simplesmente assustador de zumbis. O mais contraditório de todos seria um "moço português", que ia para lá e o local era diferente do seu mundo, mas feliz e interessante, chamavam de Setealém, mas era diferente de todos os relatos e os "humanos podiam entrar aparentemente de boa".

    Há cerca de seis semanas, uma usuária também escreveu um longo comentário sobre algumas coisas que todos concordavam. Segundo ela, os habitantes de Setealém sabem de nós, que não somos de lá, e tem uma clara aversão aos "visitantes"
    Alguns detalhes também seriam interessantes. Haveria referências a pessoas louras, referências a maldade no olhar das crianças, referências a todos parecerem estranhamente iguais. Referências a comida ser estranha e de cheiro ruim. Uma coisa que todos concordam também é a incapacidade de usar celular e outra, que geralmente é um lugar conhecido da pessoa, mas que parece estar morto ou se deteriorando, como um futuro distópico.

    Segundo a usuária, Setealém podia ser uma realidade paralela à Terra ou ser um futuro da Terra devastada, mas aí o relato do cara de Portugal e do lugar legal não se encaixariam. Ela também disse acreditar, que o fenômeno não deve acontecer somente no Brasil, mas no caso de ser realidade paralela, Setealém seria a realidade paralela do país. Se um norte-americano caísse em um lugar assim provavelmente teria outro nome. Caso Setealém valesse para qualquer local, então o nome deveria ser traduzido pra outra língua, mas não parecia haver relatos assim.

    Alguns detalhes também seriam interessantes. Haveria referências a pessoas louras, referências a maldade no olhar das crianças, referências a todos parecerem estranhamente iguais. Referências a comida ser estranha e de cheiro ruim. Uma coisa que todos concordam também é a incapacidade de usar celular e outra, que geralmente é um lugar conhecido da pessoa, mas que parece estar morto ou se deteriorando, como um futuro distópico.
    Enfim, é importante deixar claro, que Setealém, aparentemente, é comentado somente por brasileiros ou pessoas de países que adotam a língua portuguesa. Se qualquer pessoa fizer uma busca pelas hashtags "#setealem", "#setealém""#7além" ou quaisquer outras variantes, no Twitter, por exemplo, não encontrará nada em língua inglesa, espanhola, ou francesa, ainda que o nome fosse traduzido literalmente. Existem referências apenas em português, porque foi algo que "surgiu" em nosso país.  

    Para tentar explicar isso, no vídeo enviado para nós, Luciano Milici apontou algumas teorias, desde realidades paralelas em outros países com outros nomes até que a pessoa automaticamente passaria a falar o idioma dos habitantes de Setealém, mas, de forma verificável, não há nada referente a esse nome ou quaisquer outros universos paralelos da magnitude, que Setealém se tornou, em outros países.

    Qual a Origem do Nome?


    No grupo fechado do Facebook são mencionadas algumas teorias sobre o nome "Setealém". Entre elas, está a de um membro, que fez o seguinte comentário:

    "Quanto ouvimos o nome "setealém" já pensamos em sete além do nosso ou algo do gênero, mas temos "JerusALÉM" e talvez o significado de "setealém" não seja exatamente "sete além do nosso" ou algo parecido com o significado do além de Jerusalém..."

    ... Jerusalém, em hebraico Yerushaláyim, é derivada da palavra Yir’a, que significa temor a Deus, mais a palavra Shalem, que significa perfeição
    ".

    "Quanto ouvimos o nome "setealém" já pensamos em sete além do nosso ou algo do gênero, mas temos "JerusALÉM" e talvez o significado de "setealém" não seja exatamente "sete além do nosso" ou algo parecido com o significado do além de Jerusalém...", disse o usuário.
    Já uma outra usuária disse: "'7 Shalom' ou '7 Salém-Além' deve ser alguma camada inferior que não tem paz. O que remete aos lugares abandonados, sujos e amarelados descritos." Essa teoria é, no mínimo, curiosa, porém esse o significado foi copiado de um site chamado "Significados", que não é exatamente uma fonte tão precisa. De acordo com o site da Associação Israelita de Beneficência Beit Chabad do Brasil, "shalem" significa "inteiro, completo". Aliás, a palavra "shalom" (que significa "paz") origina-se de "shalem", ou seja, para alcançarmos a paz de um povo, é necessário que as pessoas estejam inteiras, unidas.

    Por outro lado, um membro chegou a dizer, que "pode não significar nada, sempre achei que fosse coincidência. Mesmo no Brasil, existem cidades com nomes bem estranho como Sombrio/SC." Nesse ponto, muitos usuários apontam que o nome de "Setealém" não seria tão incomum assim, visto que a fonética poderia ser facilmente confundida com localidades, tais como: Belém, Santarém, Salém, Xerém, entre outras.

    Quando questionado sobre a origem do nome "Setealém", no vídeo enviado para nós, Luciano Milici disse que não sabia o que o nome Setealém significava exatamente. Em relação a teoria de sete universos paralelos, Luciano disse que, particularmente, não gostava da mesma, uma vez que perdia o "encanto" do nome. Ele disse que Setealém seria algo "único", não havendo, portanto, Quatroalém, Cincoalém e assim por diante. Ele também disse que esse seria o nome de um lugar, assim como Nárnia (lembrando que Nárnia é um reino ficcional).

    Quem é Luciano Milici?


    Chegou a hora de falar sobre que é Luciano Milici, o principal responsável pela divulgação de Setealém, de forma verificável, desde novembro de 2016. Bem, Luciano Milici é basicamente um escritor de histórias de ficção, produtor e roteirista (profissional responsável por criar uma história original ou adapta uma já existente). Porém, não ele não seria apenas isso. Luciano alega ser um publicitário formado pela ESPM, especialista em Inteligência de Mercado pelo Ibramerc (uma escola focada nas áreas de Inteligência de Mercado, Marketing e Vendas), e possuir um MBA em Comércio Eletrônico pela ESPM e pelo ITA (embora o ITA, que comumente conhecemos como "Instituto Tecnológico de Aeronáutica", não possua qualquer pós-graduação ou especialização nesse sentido, algo assim pode ter sido oferecido no passado).

    Luciano Milici é basicamente um escritor de histórias de ficção, produtor e roteirista (profissional responsável por criar uma história original ou adapta uma já existente). Porém, não ele não seria apenas isso.
    Segundo sua página profissional e pública no site "Linkedin", Luciano alega ter 20 anos de experiência em marketing e comércio eletrônico. Ele alega ter sido gerente de marketing de empresas como a COFESA, 5Tech, Sonda Procwork e, inclusive de empresas de renome nacional assim como o "Buscapé" (um famoso site de equiparação de preços de produtos vendidos na internet), onde ele teria sido o responsável geral pelo marketing de todo o grupo, centralizando as ações de cada marca individualmente, e definindo estratégias de fidelização, pesquisas de mercado, realização de eventos, campanhas de TV, compra de mídia, ações para o varejo, coordenação da assessoria de imprensa para o Brasil e para a América Latina.

    Ele também teria sido diretor de Marketing e Comércio Eletrônico da Camisaria Colombo, sendo responsável pela organização e montagem do departamento de 10 profissionais incluindo: assessoria de imprensa, inteligência competitiva, marketing digital, e eventos.

    Luciano alega ter sido gerente de marketing de empresas como a COFESA, 5Tech, Sonda Procwork e, inclusive de empresas de renome nacional assim como o "Buscapé" (um famoso site de equiparação de preços de produtos vendidos na internet), onde ele teria sido o responsável geral pelo marketing de todo o grupo, centralizando as ações de cada marca individualmente.
    Ele também teria sido diretor de Marketing e Comércio Eletrônico da Camisaria Colombo, sendo responsável pela organização e montagem do departamento de 10 profissionais incluindo: assessoria de imprensa, inteligência competitiva, marketing digital, e eventos.
    Enfim, Luciano teria uma longa passagem por diversas empresas, e nas horas vagas seria um ávido leitor de ficção científica e terror, literatura em geral, e também atuaria como voluntário plantonista no Centro de Valorização da Vida (CVV). Aliás, ele teria sido um professor universitário pela Universidade Paulista (UNIP), onde teria dado aulas de marketing e planejamento.

    Conforme mencionei anteriormente, Luciano também é escritor e autor de diversas obras de ficção. Entre essas obras estão os livros "A Página Perdida de Camões", "Diário de um Exorcista - A Gênese do Mal", "A Canção do Vampiro" e "O Aplicativo". Todos os livros citados anteriormente constam no acervo do Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional, sendo possível verificar isso em uma simples busca no site da mesma.

    Conforme mencionei anteriormente, Luciano também é escritor e autor de diversas obras de ficção. Entre essas obras estão os livros "A Página Perdida de Camões", "Diário de um Exorcista - A Gênese do Mal", "A Canção do Vampiro" e "O Aplicativo". Todos os livros citados anteriormente constam no acervo do Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional, sendo possível verificar isso em uma simples busca no site da mesma.
    Entretanto, existem alguns outras obras atribuídas a ele, que não foram listadas no acervo, tais como: "O Livro que Roubava Meninas", "Atrás da Pesada Porta sem Maçaneta", "Aquele Ateu", "Contos Natalinos", "Amor de Sangue", "Se Lhe Interessar, Vá Buscar", "As Estações do Amor e da Morte", e o "Ônibus da Meia-Noite", uma condução onde todos são bem-vindos, principalmente moças formosas.

    Entretanto, existem alguns outras obras atribuídas a ele, que não foram listadas no acervo, tais como: "O Livro que Roubava Meninas", "Atrás da Pesada Porta sem Maçaneta", "Aquele Ateu", "Contos Natalinos", "Amor de Sangue", "Se Lhe Interessar, Vá Buscar", "As Estações do Amor e da Morte", e o "Ônibus da Meia-Noite", uma condução onde todos são bem-vindos, principalmente moças formosas.
    Luciano alega ter sido influenciado pelas histórias de seu pai, filmes de terror e ficção, Stephen King, Edgar Allan Poe, Lovecraft e a série televisiva "Além da Imaginação". No site "Clube dos Autores", ele faz a seguinte descrição sobre si mesmo: "A partir daí, foram inúmeras histórias escritas, faladas e encenadas na escola, com a família, etc. Nunca mais parei. Nunca paro. Penso em ficção fantástica o tempo todo. Nesse momento, enquanto você lê isso, eu estou em algum lugar pensando em alguma história. Geralmente começadas com 'e se...'"

    Para completar, seu irmão, Marcelo Milici, é o administrador do site "Boca do Inferno", cuja missão seria dar constante apoio e divulgação de todas as manifestações do Horror, Ficção Científica e Cinema Fantástico em geral. Eles disponibilizariam um extenso material, entre análises críticas, artigos, comentários e entrevistas com diversos profissionais da área. É um bom site, diga-se de passagem.

    Como Surgiu a História Sobre "Setealém": Uma Suposta e Extinta Comunidade no Orkut


    Apesar de todo o currículo de escritor de obras de ficção, de pensar o tempo inteiro em uma história fantástica de ficção, e sua carreira profissional em Marketing, Luciano alega, que uma única história seria verdadeira: Setealém. Contudo, o surgimento da mesma na internet é, no mínimo, bem inusitada. Luciano alega ter tido uma estranha experiência pessoal em 1994, no interior de um ônibus, que supostamente iria para um lugar chamado "Setealém", cujos passageiros pediram para que ele saísse de forma ostensiva desse ônibus (daqui a pouco colocarei o relato dele sobre esse evento).

    Posto isso, ele alega que, mais de dez anos após sua experiência, ele teria criado um grupo na extinta rede social chamada "Orkut", onde ele teria mantido contato com pessoas, que passaram por algo muito semelhante ao que ele viveu. Segundo ele, o mais interessante era que o nome e a descrição da comunidade não explicavam nada, justamente para não influenciar os relatos, porém posteriormente ele alegou, que o nome da comunidade de chamava "Setealém". Quando o grupo teria começado a se desvirtuar, ele teria encerrado a comunidade, mas não sem antes salvar o conteúdo. Curiosamente, Luciano teria perdido todo esse conteúdo, e até hoje estaria em busca do arquivo compactado em algum "HD" ou mídia.

    Posto isso, ele alega que, mais de dez anos após sua experiência, ele teria criado um grupo na extintia rede social chamada "Orkut", onde ele teria mantido contato com pessoas, que passaram por algo muito semelhante ao que ele viveu.
    Nesse ponto é interessante mencionar, que o Orkut foi uma rede social filiada ao Google, criada em 2004, e desativada em setembro de 2014. O alvo inicial do Orkut era os Estados Unidos, mas a maioria dos usuários eram do Brasil e da Índia. No Brasil, a rede social teve mais de 30 milhões de usuários, mas foi ultrapassada pelo líder mundial, o Facebook. Na Índia também era a segunda rede social mais visitada. Em 2013, foi realizada uma pesquisa apontando, que em três anos, o Orkut havia perdido 95,6% do número de acessos fixos no Brasil, registrando assim uma queda vertiginosa no país. A rede social ficou saturada, se viu envolvida em uma série de problemas, inclusive legais, e acabou sendo desativada.

    De qualquer forma, o último adeus do Orkut foi em maio do ano passado, quando o Google anunciou que os arquivos das comunidades públicas do Orkut seriam eliminadas dos bancos de dados, o que significava o adeus definitivo. O Google havia disponibilizado, durante um bom tempo, uma página para que ex-proprietários de comunidades pudessem salvar os dados referentes a 51 milhões de comunidades, 120 milhões de tópicos e 1 bilhão de interações. Ainda assim, é possível consultar essa página, ainda que parcialmente, através do serviço "Web Archive" (clique aqui).

    De qualquer forma, o último adeus do Orkut foi em maio do ano passado, quando o Google anunciou que os arquivos das comunidades públicas do Orkut seriam eliminadas dos bancos de dados, o que significava o adeus definitivo. O Google havia disponibilizado, durante um bom tempo, uma página para que ex-proprietários de comunidades pudessem salvar os dados referentes a 51 milhões de comunidades, 120 milhões de tópicos e 1 bilhão de interações.
    Voltando ao nosso assunto principal, podemos notar claramente, que Luciano Milici não tem como provar, que realmente criou essa comunidade no Orkut, e nem mesmo qual era seu conteúdo. Tudo que temos são suas palavras, e alguns relatos, que ele alega ter se lembrado ou encontrado de alguma forma no decorrer do tempo.

    Um Antigo Comentário que Teria Sido Publicado em um Artigo do Site BuzzFeed, em Novembro de 2016


    É muito importante ressaltar também, que não há única referência ao termo "Setealém" ou suas respectivas variações, quando se faz uma busca no Google, por exemplo, entre 1º de janeiro de 1990 e 23 de novembro de 2016 (comentários e atualizações recentes em publicações antigas podem gerar falsos positivos, mas no corpo da postagem ou ao utilizar o serviço Web Archive não se encontra absolutamente nada). O motivo? Bem, Luciano comentou em seu site pessoal, que ele fez um comentário "despretensioso" em um artigo publicado no BuzzFeed intitulado "9 histórias que farão você acreditar em universos paralelos", que é tão somente uma versão traduzida daquela que foi escrita pelo redator Christopher Hudspeth, originalmente em inglês ("9 Strange Stories That Might Make You Believe In Parallel Universes").

    As fontes dos casos são extremamente emblemáticas: "Wikipedia", "Before It's News", "Mysterious Universe", ou seja, todos sites passíveis, e muito passíveis mesmo, de questionamentos. Diga-se de passagem, logo de cara, o caso referente aos Beatles, por exemplo, é sabidamente falso.
    Luciano comenta em seu site pessoal, que ele fez um comentário "despretensioso" em um artigo publicado no Buzzfeed intitulado "9 histórias que farão você acreditar em universos paralelos", que é tão somente a versão traduzida daquela que foi escrita por Christopher Hudspeth, originalmente em inglês ("9 Strange Stories That Might Make You Believe In Parallel Universes").
    O artigo traduzido para o português foi publicado no dia 24 de novembro de 2016, e obviamente não faz nenhuma menção a qualquer caso envolvendo "Setealém". Luciano alega ter publicado um comentário nessa postagem contando sua experiência, porém esse comentário não existe mais. Não sabemos se ele foi deletado deliberadamente ou não. O artigo possui atualmente cerca de 191 comentários (esse número pode variar de acordo com o momento ler essa matéria), de usuários no Facebook, sendo que muitas pessoas relataram ter experiências com o que consideravam ser possíveis dimensões paralelas. Existe de tudo: casos envolvendo sonhos, paralisia do sono, lapsos temporais, supostos casos que ocorreram com as pessoas acordadas, relatos que parecem histórias de ficção científica, entre outras inúmeras possibilidades.

    Uma usuária chamada Mônica chegou a comentar, que algumas histórias eram semelhantes aos episódios da série televisiva "Além da Imaginação". Aliás, nesse ponto, há quem diga que o nome "Setealém" teria sido "inspirado" nessa série, que curiosamente também teria ajudado a inspirar a carreira literária de Luciano Milici.

    Uma usuária chamada Mônica chegou a comentar que algumas histórias
    eram semelhantes aos episódios da série televisiva "Além da Imaginação"
    Houve também um relato envolvendo um ônibus, passando por um shopping, que teria "pulado no tempo". Algo muito curioso, diga-se de passagem.

    Houve também um relato envolvendo um ônibus, passando por um shopping, que teria "pulado no tempo",
    algo muito curioso, diga-se de passagem.
    Tantos casos atraíram escritores de ficção, assim como o Luciano Milici e uma usuária chamada Mel Sbragia, que se mostrou bem ativa nos comentários e, inclusive, perguntou a um outro usuário se ela podia escrever uma história em cima do seu caso.

    Tantos casos atraíram escritores de ficção, assim como o Luciano Milici e uma usuária chamada Mel Sbragia, que se mostrou bem ativa nos comentários e, inclusive, perguntou a um outro usuário se ela podia escrever uma história em cima do seu caso.
    Além disso, há diversos relatos de usuários, em que muitas outras pessoas comentaram, que algo semelhante também teria acontecido em suas vidas. Vale a pena você ir no artigo do BuzzFeed e ler os comentários para ter uma dimensão, que o artigo tomou naquela época. De qualquer forma, o único vislumbre que temos, que o comentário de Luciano teria realmente existido é o comentário de uma pessoa, questionando a existência desse mesmo comentário, e as respostas recebidas de outros usuários.

    Enfim, o único vislumbre que temos, que o comentário de Luciano teria realmente existido é o comentário de uma pessoa, questionando a existência desse mesmo comentário, e as respostas recebidas de outros usuários.
    Não sabemos a data exata, que Luciano Milici teria publicado seu comentário, mas, cerca de quatro dias depois do artigo do BuzzFeed ter sido publicado em português, ou seja, no dia 28 de novembro, ele alegou que, "pressionado por novos amigos anônimos, ele resolveu contar um fato estranho que aconteceu com ele". Segundo Luciano, centenas de pessoas começaram a lhe pedir para detalhar o seu relato, e os alguns outros que ele teria coletado do mesmo gênero. Ele disse que havia recebido, e ainda estava recebendo muitas mensagens e solicitações de amizade de interessados nas histórias.

    A Criação da Página Oficial no Facebook e Contas "Falsas" no Twitter Sobre Setealém


    Cronologicamente, o dia seguinte (29) é muito importante nessa história, porque ele marca a criação de algumas coisas bem interessantes. A primeira delas é a página chamada "Setealém", no Facebook, pelo Luciano Milici.

    Cronologicamente, o dia seguinte (29) é muito importante nessa história, porque ele marca a criação de algumas coisas bem interessantes. A primeira delas é a página chamada "Setealém", no Facebook, pelo Luciano Milici
    A segunda foi a criação de perfis falsos no Twitter, muito semelhantes a bots, relacionados a Setealém. Exemplos não faltam: temos uma conta chamada @setealem, e uma outra conta chamada @_7Alem_. De forma especulativa, seria bem possível, que outras contas tivessem sido criadas nesse sentido, porém, nesse caso, já teriam sido deletadas, e não há como rastreá-las.

    A segunda foi a criação de perfis falsos no Twitter, muito semelhantes a bots, relacionados a Setealém. Exemplos não faltam, temos uma conta chamada @setealem, e uma outra conta chamada @_7Alem_.
    É bem possível, que outras contas tenham sido criadas nesse sentido, porém já teriam sido deletadas.
    A conta @Setealem é particularmente interessante, porque foram publicadas repetidas vezes a frase "pare de falar sobre Setealem", em diversos idiomas, no dia 29 de novembro. Já no dia seguinte, 30 de novembro, os tweets (ou "tuítes", como queiram) passaram a marcar perfis aleatórios de usuários brasileiros e internacionais, quase sempre usuários muito ativos no Twitter, como se quisesse chamar a atenção dos mesmos, sendo que eles sequer sabiam do que a "pessoa" estava falando. Essa conta existe até hoje, e continua ativa, sendo que o último tweet foi feito no dia 22 de fevereiro deste ano.

    Em um primeiro momento, qualquer pessoa pensaria em uma teoria da conspiração para evitar falar de uma dimensão paralela, mas observando bem a conta e os tweets realizados até hoje, pode-se notar claramente, que seu intuito era divulgar o nome "Setealém" para o mundo, em diversos idiomas. Infelizmente, é difícil saber se houve mais tweets nesse sentido, se os mesmos foram apagados, ou quem realmente criou as contas.

    Uma Inusitada Localização Apontada nos Perfis Falsos no Twitter: O Grande Pentagrama do Cazaquistão


    Aparentemente, as contas teriam sido criadas pela mesma pessoa, embora utilizando emails diferentes, e ambas indicam uma mesma localização. Notem que aparecem alguns números interessantes e idênticos, nas contas de "Setealem" e "Setimo Alentimo": 52.479761, 62.185661.

    Esses não são números aleatórios, mas coordenadas geográficas apontando para o chamado "Grande Pentagrama do Cazaquistão". O pentagrama fica próximo à cidade de Lisakovsk, situada às margens do rio Tobol, na província de Kostanai (ou Qostanay), e tem aproximadamente 365 metros de diâmetro.



    Evidentemente, o pentagrama desperta até hoje inúmeras teorias conspiratórias, porém o que poucos comentam é que a região nos arredores de Lisakovsk está repleta de antigas ruínas arqueológicas. Existem assentamentos da Idade do Bronze, cemitérios e túmulos, muitos dos quais ainda não foram explorados. O pentagrama, essencialmente, é um símbolo antigo usado por muitas culturas (não satânicas) e grupos religiosos. Foi adotado pelos mesopotâmios, pitagóricos (seguidores de Pitágoras, um matemático grego da antiguidade), cristãos, maçons e wiccanos. Resumindo? Não é algo diabólico como muitos pensam ou tentam fazer vocês acreditarem.

    Algo que também poucas pessoas citam é a opinião de Emma Usmanova, uma arqueóloga com anos de experiência trabalhando na região de Lisakovsk. Em declaração ao renomado site "Live Science", Emma Usmanova disse que o pentagrama nada mais era do que o esboço de um parque criado sob a forma de uma estrela. Segundo ela, a estrela era um símbolo popular durante a era soviética (o Cazaquistão fazia parte da antiga União Soviética até a sua dissolução, em 1991).

    As estrelas costumavam ser usadas em toda a União Soviética para decorar fachadas de edifícios, bandeiras e monumentos. Até hoje não se sabe quem ou o porquê isso foi construído, porém é muito importante conhecer a opinião de quem realmente dedica sua vida a estudar a região onde o "pentagrama" foi encontrado.

    Em declaração ao renomado site "Live Science", Emma Usmanova disse que o pentagrama nada mais era do que o esboço de um parque criado sob a forma de uma estrela. Segundo ela, a estrela era um símbolo popular durante a era soviética (o Cazaquistão fazia parte da antiga União Soviética até a sua dissolução em 1991). As estrelas costumavam ser usadas em toda a União Soviética para decorar fachadas de edifícios, bandeiras e monumentos.
    Voltando ao nosso assunto principal, o mais importante dessa história não é o "pentagrama", mas sua localização, ou seja, o Cazaquistão, e vocês vão entender isso daqui a pouco.

    A Intenção Inicial de Luciano Milici, uma Suposta "Ameaça" e um Suposto Método para "Visitar" Setealém


    Seguindo na linha do tempo, no dia 2 de dezembro de 2016, os relatos de Luciano e alguns outros acabaram sendo publicados na site "Creepypasta Brasil", ou seja, quem leu os mesmos interpretou todas as histórias como sendo apenas histórias ficcionais de terror ou mistério. Aliás, houve diversos comentários dizendo que as histórias eram boas, mas que era bem difícil acreditar nas palavras de um escritor de ficção.

    Enfim, muito pouco se comentou sobre isso no início do ano seguinte, mas, mesmo assim, no dia 12 de janeiro, 44 dias após criar a página no Facebook, Luciano alegou que estava recebendo e compilando relatos. Muitos eram exagerados, outros não muito, muito tensos e ligados a outros, além de terem sido contados por "pessoas desesperadas". Ele também disse, que duas editoras tinham lhe procurado, e ele estava estudando a viabilidade de "unificar e romancear" os relatos. Poucos dias depois, no dia 18 de janeiro, ele voltou a publicar , que estava procurando colaboradores para seu livro sobre Setealém.

    Enfim, muito pouco se comentou sobre isso no início do ano seguinte, mas, mesmo assim, no dia 12 de janeiro, 44 dias após criar a página no Facebook, Luciano alegou que estava recebendo e compilando relatos. Muitos eram exagerados, outros não muito, muito tensos e ligados a outros, além de terem sido contados por "pessoas desesperadas". Ele também disse, que duas editoras tinham lhe procurado, e ele estava estudando a viabilidade de "unificar e romancear" os relatos.
    No dia 18 de janeiro, ele voltou a publicar que estava procurando colaboradores para seu livro sobre Setealém.
    Cronologicamente, o dia 5 de fevereiro é igualmente importante nessa "saga", porque marca o primeiro vídeo sobre Setealém, que foi publicado no canal do Luciano Milici, no YouTube, um canal criado por ele, em novembro de 2007.

    No vídeo ele conta alguns relatos, que não entrarei em detalhes, e ao final ele exibe na tela do seu computador um email, que teria sido enviado para ele, justamente no momento em que ele estava editando o vídeo, por uma tal de "Lea Meets" que, na verdade, é um anagrama para "Setealém". No campo assunto era possível ler a seguinte frase "Pare de divulgar Setealém".

    No vídeo ele conta alguns relatos, que não entrarei em detalhes, e ao final ele exibe na tela do seu computador um email, que teria sido enviado para ele, justamente no momento em que ele estava editando o vídeo, por uma tal de "Lea Meets", que na verdade é um anagrama para "Setealém". No campo assunto era possível ler a seguinte frase "Pare de falar sobre Setealém".
    Confira o conteúdo do email, que ironicamente também incluiu um suposto método para visitar Setealém (um tanto quanto contraditório, não é mesmo?):

    "Olá Luciano, como vai?

    Meu nome é Lea Meets. Parabéns pelo seu site e principalmente pelos livros e pelo jogo de baralhos assassinos. Muito interessante.
    Represento pessoas que estão incomodadas com essa sua divulgação barata sobre Setealém. Pedimos que você pare agora de falar sobre Setealém. Não é uma ameaça. Por favor entenda que você não deve escolher Setealém. Setealém é que escolhe você.
    Do jeito que você está fazendo, outros estão conhecendo e se interessando e isso é ruim.
    Setealém é muito assustador, mas também é muito generoso. Você pode desfrutar dessa generosidade, mas não todo mundo. Todo mundo não.
    Quanto mais você divulgar, mais pessoas procurarão e encontrarão os portais e temos que preservar as dores e delícias de um lugar que vocês ainda não entendem. Nem nós entendemos ainda. Nem sabemos se é um lugar.
    Existem 72 e duas maneiras de ir a Setealém. Você não tomou conhecimento de nem uma dezena. Se parar de falar sobre isso para outras pessoas, nós consideraremos lhe ensinar mais algumas. Maneiras de ir e voltar em segurança.
    Como demonstração de boa vontade, me foi permitido lhe ensinar um jeito simples, mas muito eficiente, de visitar Setealém. Não dá sempre certo e nem dá certo para todas as pessoas, pois algumas jamais irão para Setealém.


    Método 42: Portal Onírico III

    Nível de Segurança: 9/10
    Extrato da página 442

    Pense, não sonhe, imagine e deseje. Nessa noite você vai para Setealém.
    Há um Portal que não pode ser fechado. Eles não viram ou talvez não liguem.
    Está aberto para quem ousar entrar. E Você vai entrar.
    Antes de dormir, reze para seu Deus ou deuses.
    Peça proteção para a viagem que vai fazer.
    Deite-se com certeza de que nada vai lhe acontecer. Pense, deseje e veja.
    Diga a si mesmo “Eu vou para Setealém”.
    Você está com roupas pretas, sapatos, meias, calça e blusa. Essa roupa é a mais confortável que existe. É impenetrável. Pode fazer milagres.
    Você usa um colar prateado, na ponta do colar um símbolo, o seu símbolo. O símbolo mais poderoso que existe. Esse colar é inquebrável.
    Você caminha por um túnel de pedras iluminado por lâmpadas amareladas presas no teto.
    Perceba que o túnel está limpo. As lâmpadas funcionam, exceto uma. Você só ouve seus passos e o som de gotas.
    Nesse túnel não é permitido olhar para trás. Ele ainda não é um portal.
    No fim do túnel, você chega a uma velha fábrica. É noite. O túnel atrás de você desapareceu. O enorme galpão está escuro, mas ninguém mais está lá além de você. Nem outros viajantes. A fábrica é o portal e ele só funciona de noite.
    Ela só aceita um viajante por vez. A fábrica é incrivelmente real. Note o chão sujo, as paredes quebradas e pichadas, as ferramentas largadas. Avance dez passos e veja na direita, um buraco no muro. É por lá que você sairá. Esse é o portal. Ao atravessar o muro, você entrará em Setealém. Em qualquer lugar de Setealém. Enquanto passar pelo buraco do muro, olhe para trás, talvez você veja outro viajante chegando. Não se assuste. Nem todos vivem no mesmo tempo em que você. Nem todos são humanos.
    Passe pelo buraco. Bem-vindo a Setealém.
    Não se preocupe em voltar. Você vai adormecer na experiência. Suas roupas e seu colar o trarão de volta. Mas você lembrará de tudo na manhã seguinte e terá certeza de que nada foi um sonho."

    No finalzinho do vídeo, Luciano Milici pediu para que as pessoas continuassem acreditando em Setealém, que continuassem enviando seus relatos, e disse que não iria parar de falar em Setealém. "Lea Meets" nunca apareceu publicamente, porém sabemos que a pessoa que escreveu é brasileira, tem um certo grau de instrução, e uma boa escrita. Um detalhe que chama a atenção, é o provedor de email utilizado, o "mail.kz", visto que "kz"é o código TLD na internet para o Cazaquistão.

    Lea Meets nunca apareceu publicamente, porém sabemos que a pessoa que escreveu é brasileira, tem um certo grau de instrução, e uma boa escrita. Um detalhe que chama a atenção, é o provedor de email utilizado "mail.kz", visto que kz é o código TLD na internet para o Cazaquistão.
    Muito provavelmente, a pessoa que criou as contas no Twitter, que aparentemente serviam de divulgação e propagação do nome "Setealém", no mesmo dia da criação da página de Setealém, no Facebook, é a pessoa por trás do email. Aliás, o email em si, é no mínimo curioso. Por que pedir a alguém, que parasse de falar no nome de Setealém, e posteriormente ensinar uma forma de acessar essa suposta dimensão? Não faz nenhum sentido.

    Nesse ponto, há quem diga que o próprio Luciano Milici criou as contas no Twitter, para a divulgação de seu projeto chamado "Setealém", a princípio um livro, e seria a pessoa por trás do "personagem" chamado "Lea Meets". Além disso, há quem diga, que o método em si não é nada sobrenatural ou místico, mas uma forma simples autossugestão, algo semelhante ao que acontece em relação aos "sonhos lúcidos", que por sua vez podem ser induzidos durante a repetição contínua de uma frase ou gesto. Ler várias vezes o mesmo texto, por exemplo, também poderia surtir esse efeito.

    Além disso, há quem diga, que o método em si não é nada sobrenatural ou místico, mas uma forma simples autossugestão, algo semelhante ao que acontece em relação aos "sonhos lúcidos", que por sua vez podem ser induzidos durante a repetição contínua de uma frase ou gesto. Ler várias vezes o mesmo texto, por exemplo, também poderia surtir esse efeito.
    Aliás, para quem não conhece, sonho lúcido é o termo que se refere à percepção consciente, que temos de um determinado estado ou condição enquanto sonhamos, resultando em uma experiência da qual temos uma recordação muito clara ("lúcida") e nítida, normalmente aparentando termos tido controle e capacidade direta sobre nossas ações e, algumas vezes, o próprio desenrolar do conteúdo do sonho. A experiência completa,  do início ao fim, é chamada de sonho lúcido. Os chamados "sonhadores lúcidos" normalmente descrevem seus sonhos como animados, coloridos, e fantásticos. Muitos comparam a uma experiência espiritual, e dizem que este fato mudou sua maneira de viver ou sua percepção em relação ao mundo que vivem.

    Algumas pessoas alegam que os sonhos lúcidos são como uma "hiper-realidade", aparentando muitas vezes serem mais reais que a própria realidade em vigília" e que todos os elementos que compõem a realidade dos sonhos são amplificados. Sonhos lúcidos são prodigiosamente recordados em comparação a outros tipos de sonhos, até mais que os próprios pesadelos, que supostamente podem ser prescritos como um meio de se livrar de um sonho dramático ou alarmante. Na internet é possível encontrar inúmeras possíveis de induzir as pessoas a terem sonhos lúcidos (clique aqui ou aqui).

    Algumas pessoas alegam que os sonhos lúcidos são como uma "hiper-realidade", aparentando muitas vezes serem mais reais que a própria realidade em vigília" e que todos os elementos que compõem a realidade dos sonhos são amplificados. Sonhos lúcidos são prodigiosamente recordados em comparação a outros tipos de sonhos, até mais que os próprios pesadelos, que supostamente podem ser prescritos como um meio de livrar-se de um sonho dramático ou alarmante.
    Já a autossugestão é uma técnica psicológica fundamentada na crença de que você é capaz, através da palavra, de influenciar a si mesmo, e seu estado afetivo, ou seja, nesse caso, que você é capaz, de forma insistente, de visitar realmente um lugar chamado "Setealém" ao seguir algumas instruções. Por exemplo, a mente, quando vibra numa sintonia de ódio, medo, agressividade, raiva, mentiras, fofocas e manipulações, tende a fazer com que a pessoa entre em ressonância com as mesmas energias negativas. A autossugestão também é um conceito amplamente utilizado nas técnicas de pensamento positivo, programação neurolinguística, relaxamento, entre outras. Resumindo? Há quem diga, que Luciano ensinou uma forma de um grande número de pessoas terem uma experiência psicológica e, talvez, verem algo semelhante entre si. Aliás, alguém lembra do "This Man"? O caso é uma farsa, mas algumas pessoas ficaram tão impressionadas com a história, que há relatos de pessoas que sonharam mesmo com o rosto.

    Enfim, posteriormente, entre janeiro e fevereiro do ano passado, foi criado um grupo fechado, no Facebook, para falar sobre "Setealém" e, com o passar do tempo, diversos canais no YouTube, principalmente dedicados a mistérios e curiosidades gerais, alguns com um grande número de inscritos, ajudaram a alavancar toda essa história. Porém, antes de falar sobre isso, vamos conferir o relato do Luciano e os relatos de outras supostas pessoas, da época do Orkut, que ele teria supostamente encontrado e "reescrito".

    O Relato de Luciano Milici e de Outras Supostas Pessoas, da Antiga e Suposta Comunidade no Orkut


    No site "Creepypasta Brasil" podemos conferir o relato, que teria sido publicado pelo Luciano Milici, em um determinado grupo no Facebook, o "MK-Ultra", que é um conhecido grupo destinado ao debate de teorias da conspiração, justamente no fim de novembro de 2016. Isso significa que, além do comentário no artigo do BuzzFeed, Luciano também teria feito o mesmo, ao menos em relação a um grupo de cunho conspiratório, no Facebook. Confira o que ele publicou:

    "Estou até com medo de contar isso aqui.

    Na década de 90, eu voltava da faculdade diariamente por uma avenida movimentada e sempre pegava qualquer ônibus que descesse a tal avenida. Não importava o ônibus, porque o importante era chegar perto do metrô que ficava no final da avenida.

    Num certo dia, peguei um ônibus qualquer, lotado e comum, como sempre fazia na avenida e segui. O trajeto costumava levar meia hora e eu aproveitava para ler. Em dado momento, uma mulher me cutucou e disse 'Você não vai para SeteAlém, vai?'. Eu, confuso, não entendi nada. Ela voltou a falar 'Esse ônibus vai para SeteAlém. É melhor você descer'. Eu sorri para ela e olhei para os lados. Juro. Todo mundo tava me olhando.

    Outra mulher falou: 'É, vai desce, moço'. Um cara acenou positivamente com a cabeça 'Desce aí'. O cobrador gritou para o motorista 'Vai desceeeer!'. O ônibus parou e eu, obviamente, desci sem entender nada e até meio acuado. Faltavam alguns quarteirões para o metrô e eu tive de andar. O ônibus - aparentemente idêntico aos demais - virou à direita em uma rua estreita e subiu uma ladeira de paralelepípedos. Trajeto estranho.

    "Faltavam alguns quarteirões para o metrô e eu tive de andar. O ônibus - aparentemente idêntico aos demais - virou à direita em uma rua estreita e subiu uma ladeira de paralelepípedos. Trajeto estranho", disse Luciano Milici. A imagem é meramente ilustrativa.
    Nunca mais encontrei aquelas pessoas ou presenciei esse comportamento estranho num ônibus daquela avenida. Na época do Orkut, montei uma comunidade sobre o tema, mas sem dar detalhes para não influenciar. Queria ver se meu 'delírio' fazia sentido. Duas dúzias de pessoas do país todo contaram histórias muito parecidas.

    Um cara disse que entrou no banheiro de um shopping e saiu - segundo ele - em um shopping diferente, localizado em SeteAlém. Disse que passeou por esse shopping e descreveu pontos muito estranhos. Depois, ele disse que retornou ao banheiro e se viu de volta ao shopping original.

    Uma garota do nordeste contava que algumas pessoas da cidade dela que trabalhavam como office-boys nas ruas, se perdiam nesse 'bairro chamado SeteAlém', depois voltavam e não conseguiam mais achar o local estranho.

    Várias pessoas postaram testemunhos dizendo que era comum, acidentalmente, pessoas transitarem daqui para lá e de lá para cá. Diziam que isso podia explicar alguns desaparecimentos também. Não sei.

    Só sei que sempre sonho com esse local, desde então. Juntei todos os relatos e apaguei a comunidade quando ela se desvirtuou em histórias genéricas de terror e ficção, porém, guardei tudo o que foi falado, bem como os contatos de quem falou."

    Conforme podemos notar, o relato é totalmente genérico, e não há muita diferença dos demais relatos, que também foram contados por usuários do Facebook, no Buzzfeed. Porém, Luciano acabou escrevendo e adicionando maiores detalhes, quando ele publicou sobre Setealém, no dia 28 de novembro de 2016, em seu site pessoal, algo que vocês podem conferir a seguir.

    Relato #1: Uma Passagem Para Setealém


    "1994. Eu estava no segundo ano da faculdade. Tinha dezenove anos e lamentava o fato de que só poderia cursar o período noturno a partir do próximo ano. Os dois primeiros anos eram obrigatoriamente matutinos, o que dificultava a busca por empregos ou estágios. Até então, minha experiência se resumia a um longo período como gerente de uma vídeo-locadora, que era como se chamava o Netflix da época.

    Mesmo morando longe da faculdade, eu adorava o caminho de volta. Os longos trechos à pé até chegar no ponto de ônibus para, em seguida, tomar o Metrô me permitiam observar como as pessoas eram diferentes em seus trajes, gestos e falas. Tudo aquilo era subsídio para novas histórias que eu, diariamente, escrevia. Também aproveitava o caminho para ler.

    Normalmente, caminhava até lá para tomar um ônibus, qualquer ônibus – o primeiro que passasse – pois todos levavam para um ponto da avenida onde eu facilmente acessaria o Metrô. Não importava o nome, o número ou a cor do ônibus, todos obrigatoriamente iam até o fim da avenida, para então, seguirem seus itinerários. Isso era bom, porque eu não me demorava mais que dois minutos no ponto.

    "Não importava o nome, o número ou a cor do ônibus, todos obrigatoriamente iam até o fim da avenida, para então, seguirem seus itinerários. Isso era bom, porque eu não me demorava mais que dois minutos no ponto", disse Luciano. A imagem é meramente ilustrativa.
    Naquela tarde quente de outubro, após uma exaustiva aula de Mercadologia, segui meu caminho costumeiro até uma grande e famosa avenida há alguns minutos do campus. Cheguei no ponto e coloquei um CD, acho que do Nação Zumbi, no discman. A pilha estava acabando e a voz do Chico Science parecia demoníaca. Um ônibus chegou e parou. Entrei e substituí o discman por um livro.

    Em média, o trajeto demorava de vinte e cinco a trinta minutos por causa do trânsito e, quando eu tinha sorte de encontrar um banco vazio, lia várias páginas. Naquele dia, nem quinze minutos se passaram e senti a mulher ao meu lado, no banco, me cutucar. Parei de ler e olhei para ela.

    - Você não vai para Setealém, vai? – ela perguntou.

    Apertei os olhos, tentando entender o que ela havia dito. Teria sido Santarém?

    Ela insistiu:

    - Esse ônibus vai para Setealém. É melhor você descer.

    "Naquela tarde quente de outubro, após uma exaustiva aula de Mercadologia, segui meu caminho costumeiro até uma grande e famosa avenida há alguns minutos do campus. Cheguei no ponto e coloquei um CD, acho que do Nação Zumbi, no discman", disse Luciano Milici. A imagem é meramente ilustrativa.
    Sorri para ela. O nome “Setealém” havia ficado claro, mas o conselho não fazia sentido. Olhei para os lados e todos, absolutamente todos do ônibus estavam me olhando. Uma outra mulher, em pé, um pouco mais à frente, falou:

    - É, vai...desce, moço.

    Próximo a ela, um rapaz com uma pasta na mão acenou positivamente com a cabeça e foi mais incisivo:

    - Desce aí!

    Antes que eu perguntasse o que estava acontecendo, o cobrador – que também me olhava, com o maço de notas na mão – gritou para o motorista:

    - Vai desceeeeer!

    O ônibus parou na hora. Ali não era um exatamente um ponto, mas eu não liguei. Levantei-me rapidamente do banco e fui em direção à porta aberta. As pessoas no corredor abriram caminho acompanhando-me com o olhar.

    Desci.
     

    "O ônibus parou na hora. Ali não era um exatamente um ponto, mas eu não liguei. Levantei-me rapidamente do banco e fui em direção à porta aberta. As pessoas no corredor abriram caminho acompanhando-me com o olhar", disse Luciano. A imagem é meramente ilustrativa.
    Confesso que, na hora, dezenas de pensamentos me ocorreram. Seria um ônibus particular? Não. Havia um cobrador, afinal de contas. Teriam me confundido com alguém? Talvez. Assim que pisei no asfalto, o ônibus retomou o caminho, até que, estranhamente, virou à direita em uma ladeira de paralelepípedos. Um trajeto incomum.

    Aquele nome 'Setealém' nunca mais saiu da minha mente. Seria um bairro? Uma cidade? Perguntei aos meus conhecidos e até olhei no Guia de Ruas, uma espécie de Waze do século passado, onde seu dedo indicador fazia o papel do carrinho. Ninguém nunca reconheceu esse nome nas proximidades ou até em outro lugar do mundo.

    Sei que, dias depois, passei a sonhar com Setealém e, desde então, pelo menos uma vez por mês me vejo em suas estranhas ruas, durante o sono.
    "

    Enfim, a seguir vamos conferir os relatos de supostas pessoas, que teriam feito parte da antiga e suposta comunidade chamada "Setealém" do Orkut. Porém, antes de lerem os relatos abaixo é importante terem em mente que, em uma página do seu site pessoal, Luciano enumerou cinco pontos, que deveriam ser levados em consideração antes de qualquer pessoa resolvesse ler os mesmos. Confira esses pontos:
    • Luciano alega não saber se os relatos são verídicos, sendo que podia falar apenas do seu próprio relato, que ele considerava como verdadeiro;
    • Luciano disse, que omitiu o nome verdadeiro dos envolvidos, uma vez que não tinha autorização de contar histórias pessoais, mesmo após tantos anos;
    • Luciano disse, que se a pessoa que estivesse lendo, fosse uma das pessoas dos casos citados, e quisesse que o texto fosse retirado ou corrigido, bastava lhe avisar;
    • Luciano pediu para que se alguém tivesse passado por alguma experiência semelhante, para que enviasse o relato para ele;
    • Em seu quinto e último ponto, Luciano disse que os relatos de terceiros foram reescritos por ele. Ele alega que não alterou seu conteúdo, apenas teria mudado a forma, a pontuação e feito algumas correções, mas sem ferir em nada a história contada.

    Relato #2: Minha Filha Foi Para Setealém


    Esse seria um relato contado por alguém chamado Antônia, uma enfermeira de 40 anos de idade.

    "Aconteceu nessa semana, pessoal. Eu tava vendo televisão. Minha filha, Patrícia, de 7 anos, estava brincando na sala. Ela fez um risco em um papel e falou:

    - Mamãe, falta isso de dias pra eu ir na festa na casa do papai!

    Ela estava certa. Faltava um dia para a tal festinha. Antes que eu falasse algo, o telefone tocou. Bem na hora da novela! Atendi com raiva. Principalmente porque a extensão da sala estava quebrada e eu tive que atender no meu quarto. Era um homem com voz estranha. Muito grossa e áspera.

    "Aconteceu nessa semana, pessoal. Eu tava vendo televisão. Minha filha, Patrícia, de 7 anos, estava brincando na sala. Ela fez um risco em um papel e falou:- Mamãe, falta isso de dias pra eu ir na festa na casa do papai!", disse a suposta enfermeira. A imagem é meramente ilustrativa.
    - Senhora Antônia? A senhora é mãe da menina Patrícia?

    - Sim, sou eu. Quem quer saber?

    - A senhora precisa ir até a escadaria do condomínio buscar sua filha.

    - Escadaria? Que escadaria? Qual condomínio?

    - Eu não sei, senhora. Ela não estava vestida com uma camiseta verde quando desapareceu? A senhora pode ir até a escadaria do condo...

    - Camiseta verde? Minha filha nem tem camiseta verde, seu maluco! Escuta aqui. Vou ligar para a polícia, tá? Minha filha tá aqui na sala comigo. A gente mora em sobrado e não em condomínio. Fica passando trote a essa hora, seu...

    O homem desligou.

    Corri até a sala e Patrícia estava lá, quietinha com seu caderno e um monte de giz de cera.

    "Antes que eu falasse algo, o telefone tocou. Bem na hora da novela! Atendi com raiva. Principalmente porque a extensão da sala estava quebrada e eu tive que atender no meu quarto. Era um homem com voz estranha. Muito grossa e áspera", disse a suposta enfermeira. A imagem é meramente ilustrativa.
    Ontem, mandei a Patrícia para a casa do pai dela, para a festinha. Coloquei nela uma blusinha cor de rosa e uma jaqueta por cima. Meu ex-marido me trouxe ela de volta à noite. Patrícia me agarrou muito forte quando me viu. Perguntei se tudo tinha ido bem, ele disse que antes de trazê-la, passou no prédio da nojenta da nova namorada dele e que a Patty derrubou suco na blusa e, por isso, ele precisou pegar uma camiseta emprestada da filha da namorada dele.

    Isso mesmo, minha filha estava com uma camiseta verde.

    Quis saber se tinha acontecido algo de estranho além disso, ele respondeu que não. Falou que Patrícia saiu da festa toda feliz, mas que na volta ficou estranha e séria. Realmente, minha filha estava muito esquisita.

    Quando ele foi embora, tentei conversar com Patty, mas ela não se abriu de início. Insisti muito e ela contou que quando desceu as escadas do prédio da namorada na frente do pai, ela se perdeu e foi parar em um outro prédio chamado Setealém. Ela disse que ficou chorando alto e chamando pelo pai, até que um homem bonzinho, com olhos amarelos, pegou ela e levou pra casa dele.

    "Quis saber se tinha acontecido algo de estranho além disso, ele respondeu que não. Falou que Patrícia saiu da festa toda feliz, mas que na volta ficou estranha e séria. Realmente, minha filha estava muito esquisita", disse a suposta enfermeira. A imagem é meramente ilustrativa.
    - Credo, filha, que história maluca é essa? Você não se perdeu do seu pai, não. Ele te trouxe! Tá tudo bem – falei, com a nuca gelada

    - O homem bonzinho com olho amarelo telefonou pra cá, mamãe, mas você disse que pra ele que ia chamar a polícia e que eu tava aqui com você e ele desligou. Depois, ele me mandou descer a escada do prédio de novo e o papai me encontrou.

    Somente agora pouco, antes de eu entrar no Orkut, é que minha filha veio me mostrar uma folha de papel com sete riscos. Perguntei o que era aquilo e ela falou:

    - Foi isso de dias que eu fiquei na casa do homem, longe de você, mamãe.

    O homem bonzinho com olho amarelo telefonou pra cá, mamãe, mas você disse que pra ele que ia chamar a polícia e que eu tava aqui com você e ele desligou. Depois, ele me mandou descer a escada do prédio de novo e o papai me encontrou", disse a filha da suposta enfermeira. A imagem é meramente ilustrativa
    Não sei o que dizer. Minha filha passou apenas algumas horas longe de mim, mas consegue contar com convicção cada um dos detalhes dos sete dias em que ficou hospedada na casa do homem bonzinho de olhos amarelos que mora em Setealém."

    Relato #3: Os Amigos Office-Boys


    Uma mulher chamada Elisa, moradora da Bahia, teria postado o seguinte comentário:

    "Oi, me chamo Elisa e tenho 17 anos. Não esquentem com esse negócio. Aqui na minha cidade (sou nordestina, tá?) três amigos meus vivem falando de Setealém, Setealém, Setealém. Eles falam que já foram para lá e conhecem gente que veio de lá e se perdeu aqui. Eles trabalham na rua levando documentos e enrolando.

    Não sei se eles estão cheirados, mas contaram que esse lugar é que nem um bairro. Você vai pra lá sem querer e quando volta não consegue achar mais a entrada. Falaram que é muito parecido com aqui, mas que tem umas diferenças que dão medo. Também falaram que é lugar muito grande mesmo.

    Meu amigo Giba disse que o pessoal de Setealém sabe daqui, mas que a gente não pode saber de lá ainda. Uma garota de lá que ele conheceu falou que algumas autoridades daqui conhecem Setealém, mas não contam pro povo porque não iam saber explicar o que é aquele lugar. Eu acho tudo mentira, mas como encontrei essa comunidade, quis contar.

    "Não sei se eles estão cheirados, mas contaram que esse lugar é que nem um bairro. Você vai pra lá sem querer e quando volta não consegue achar mais a entrada. Falaram que é muito parecido com aqui, mas que tem umas diferenças que dão medo. Também falaram que é lugar muito grande mesmo.", disse a suposta moradora da Bahia. A imagem é meramente ilustrativa.
    Eles me falaram que muitas pessoas que sumiram, na verdade, foram para lá e não acharam mais a saída.

    O Peterson inventou a pior das mentiras. Ele falou que encontrou o Marcelo, primo dele que desapareceu nos anos 80. Ele disse que conversou com o cara e ele nem sabe que está desaparecido. Ele acha que ainda tá nos anos 80, imagina só! O Peterson falou que esse primo dele tá preso nos anos 80. Que bosta, né? Mentira lascada.

    Só entrei aqui pra contar isso."

    Relato #4: O Banheiro do Shopping


    Esse relato teria sido contado Júlio, um rapaz de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, que teria narrado a seguinte experiência:

    "Meu nome é Júlio, trabalho em uma academia em Porto Alegre. Fiquei feliz por ver essa comunidade porque esse maldito nome não me sai da cabeça.

    Há seis meses, fui com a minha namorada ao cinema. Fomos comemorar dois anos de namoro. Fizemos aquele programa básico: jantamos no shopping e depois fomos assistir ao filme. Assim que saímos da sessão, caminhamos pelos corredores para olhar as vitrines. Minha namorada disse que iria comprar uma bolsa e me pediu para esperá-la próximo a uma revistaria. Desconfiei que ela queria me fazer uma surpresa de namoro, concordei e fui olhar algumas revistas da banca. Disse a ela que a aguardaria lá e ela retrucou dizendo que não demoraria.

    Assim que ela se afastou, fui ao banheiro que ficava exatamente no corredor em frente à revistaria. Havia quatro ou cinco pessoas no local que é bem grande. Todos os mictórios, porém, estavam ocupados e, por isso, fui a um reservado. Jogo rápido, nem cheguei a travar a porta. Tirei meu celular do cinto e o coloquei sobre uma apara de madeira.

    "Há seis meses, fui com a minha namorada ao cinema. Fomos comemorar dois anos de namoro. Fizemos aquele programa básico: jantamos no shopping e depois fomos assistir ao filme", disse o suposto rapaz. A imagem é meramente ilustrativa.
    O mais estranho é que não fiquei nem dois minutos dentro do reservado. Ouvi risos de crianças no banheiro e conversas. Assim que terminei de urinar, saí. Não sei se consigo descrever, mas já havia algo estranho no banheiro. Não sou muito de reparar em detalhes. Minha namorada é. Ela é virginiana. Apesar disso, notei que algo havia mudado. Começando pelas luzes que estavam amareladas e não brancas. Muito amareladas, quero dizer. Uma faixa verde bem grossa cruzava a parede e os espelhos estavam menores. Não havia ninguém lá dentro. Nem as crianças que haviam gargalhado há poucos segundos.

    Lavei as mãos e achei que estivesse ficando louco. Para mim, a água estava meio morna e muito, muito grossa. Nojenta, para falar a verdade. Procurei por papel e não encontrei. Saí balançando as mãos para secarem no ar.

    Fora do banheiro, achei que fosse desmaiar. Achei que havia saído pela porta errada ou entrando em algum corredor novo. Bom, pelo menos, foi o que tentei acreditar.

    O shopping estava parecendo, na verdade, uma galeria. Ainda era um shopping, conceitualmente, mas estava bem mais velho e desgastado. A luz era fraca e as lojas pareciam amontoados de produtos. Tudo muito feio.

    "Lavei as mãos e achei que estivesse ficando louco. Para mim, a água estava meio morna e muito, muito grossa. Nojenta, para falar a verdade. Procurei por papel e não encontrei. Saí balançando as mãos para secarem no ar.", disse o suposto rapaz. A imagem é meramente ilustrativa.
    Andei acelerado até uma área mais aberta e tive a certeza de que não estava mais em um lugar conhecido. Nada era parecido com o que eu já havia visto em algum lugar na minha cidade ou até na televisão. Começando por pequenos detalhes que me assustaram. Havia uns aquários do tamanho de latas de lixo espalhados em todo lugar. Dentro desses aquários, eu identifiquei uma espécie de pano, sei lá, parecia um pedaço de cobertor roxo que ficava se mexendo dentro desses aquários. As pessoas iam até esses aquários e colocavam as duas mãos em cima e começavam a rir! E eram risadas feias, como se tossissem com o peito cheio de catarro. Fiquei parado, olhando para esses aquários. As pessoas vinham em grupos de dois ou três, encostavam e riam. Mexi a cabeça para os lados rapidamente procurando minha namorada. Tudo o que eu queria era entender o que estava acontecendo e ver um rosto conhecido.

    As pessoas passavam por mim e me ignoravam. Eram parecidas com pessoas normais, mas ainda assim, não eram totalmente normais. Elas eram parecidas ENTRE ELAS também. Não idênticas, como gêmeos. Não sei explicar. É como quando você viaja para um país diferente onde as pessoas têm traços parecidos, mas também têm traços particulares.

    Ah, e a revistaria não estava mais lá.

    No local, um homem vendia peças ou algo assim. Ele tinha uma mesa grande de madeira rústica com vários objetos pretos que pareciam ser de ferro. Os objetos tinham formatos estranhos: ganchos, ferraduras e engrenagens. Cheguei perto e ele perguntou se eu ia trocar ou comprar. Eu não respondi.

    "Ah, e a revistaria não estava mais lá", disse o suposto rapaz.
    A imagem é meramente ilustrativa.
    Uma menina de, mais ou menos, sete anos, se aproximou e pegou uma peça de ferro que parecia uma colher negra e mostrou para a mãe dela. A mãe se aproximou e pegou uma carteira para pagar. A garota apontou a colher para mim e eu pude ver bem seu rosto. Era normal, mas também tinha algo de muito estranho. Não sei se eram as sobrancelhas ou a distância dos olhos. Senti um medo inexplicável. O olhar da menina passava uma maldade sem tamanho.

    O homem respondeu para ela:

    - Não, não, ele não vai comprar, pode pegar. Acho que ele nem é daqui de Setealém.

    A mãe me olhou com nojo. Tomou a colher da menina, colocou de volta na mesa e puxou a filha pra longe de mim, como se eu tivesse uma doença. Comecei a ficar tonto e me sentei em um banco de madeira que era muito parecido com os bancos normais de shopping, exceto que esse era bem mais baixos e só acomodavam uma pessoa. Vi outros bancos desses naquele local.

    Um som alto tocou e todo mundo parou e olhou para cima. Era um barulho alto e grave como aquelas buzinas de navio que a gente vê em filme. Depois que o som parou, todos retomaram seus caminhos.

    "Uma menina de, mais ou menos, sete anos, se aproximou e pegou uma peça de ferro que parecia uma colher negra e mostrou para a mãe dela. A mãe se aproximou e pegou uma carteira para pagar. A garota apontou a colher para mim e eu pude ver bem seu rosto. Era normal, mas também tinha algo de muito estranho.", disse o suposto rapaz. A imagem é meramente ilustrativa.
    Pensei na minha namorada e na minha mãe. Aquilo só podia ser um sonho. Levantei rápido e fiquei tão tonto que precisei me apoiar em uma vitrine que, falo de todo o meu coração, vendia pombas vivas. Pombas! Umas dez pombas andavam por lá, tentavam voar e se bicavam atrás da vitrine de vidro. Gritei.

    As pessoas começaram a me olhar e a apontar para mim. Cochichavam.

    Decidi ligar para minha namorada. Coloquei a mão no cinto e meu celular não estava mais preso a ele. Eu havia esquecido na apara do reservado. Voltei pelo corredor e entrei rapidamente no banheiro. Três homens estavam sentados no chão do banheiro. Um deles, debaixo da pia. Conversavam algo que eu não quis nem saber. Pulei por cima deles e entrei no reservado.

    Meu celular ainda estava lá. Tranquei a porta, sentei no vaso e tentei ligar para minha namorada, mas não consegui. O aparelho estava simplesmente apagado. Apertei os botões com força, mas não adiantou. Ouvi risos de crianças novamente. Fiquei lá uns dez minutos, até que alguém bateu na porta. Era o rapaz da revistaria. Ele disse que havia me visto entrar no banheiro e que minha namorada já estava me aguardando na banca dele. Ele perguntou se eu estava passando mal ou algo do gênero.

    O banheiro estava claro e o shopping estava normal. Minha namorada não acreditou em mim, mas viu que eu estava realmente muito nervoso. Foi o pior dia da minha vida. Estraguei nossa comemoração passando mal do estômago horas depois.

    Não voltei ainda ao shopping e estou pensando seriamente em fazer terapia. Eu achei que tinha ficado louco até achar essa comunidade com o mesmo nome dito pelo homem daquela banca bizarra. Setealém. Deus me livre existir um lugar daquele."

    Luciano Milici é o Fundador e Dono de "Setealém"? Escritor Alega que Nunca Visitou "Setealém"


    Vocês acabaram de conferir os quatro relatos supostamente encontrados por Luciano Milici, que teriam sido reescritos por ele, muito embora há quem diga que o estilo literário, por assim dizer, dos relatos denotem que eles foram escritos pela mesma pessoa. Para alguns, o ato de reescrever os relatos por uma mesma pessoa explicaria perfeitamente isso, porém há quem diga que todos foram criados pela mesma pessoa, ou seja, pelo próprio Luciano Milici.

    Outro detalhe interessante é que o próprio Luciano Milici nunca visitou "Setealém", uma única vez, visto que, segundo seu relato, ele desceu do ônibus. Em uma transmissão ao vivo realizada em seu canal no YouTube, em agosto do ano passado, numa espécie de sessão de perguntas e respostas, ele comentou justamente isso, que tentou inúmeras vezes, mas nunca conseguiu ir até "Setealém". Isso é particularmente relevante, porque em seu perfil público no Facebook, Luciano se autointitula como "Imperador, Diretor-Executivo e Fundador" de Setealém. Aparentemente, essas denominações podem parecer jocosas, mas talvez, na realidade, não sejam tão infundadas.

    Isso é interessante, porque em seu perfil público no Facebook, Luciano se autointitula como "Imperador, Diretor-Executivo e Fundador" de Setealém, porém não ficou claro se as palavras foram usadas de maneira jocosa ou não.
    É importante destacar também, que no vídeo recentemente enviado para nós, alguns dias atrás,  Luciano voltou a afirmar que nunca visitou Setealém, ou seja, que ele teria descido do ônibus, e tudo teria passado apenas de uma "citação" do nome, embora ele tivesse vontade de visitar o "lugar". Ao mencionar sobre isso, Luciano disse: "Se é um lugar real, se existe mesmo, e se for seguro, deve ser bem interessante." Isso denota, por exemplo, que Luciano não tem certeza se "Setealém" realmente existe, apesar de dizer que acredita com veemência em sua existência, desde a divulgação verificável dessa história.

    A única coisa que não é jocosa em toda essa história é símbolo © ao lado de Setealém. De forma ostensiva em sua página pessoal, Luciano Milici menciona, que o termo "Setealém" e suas grafias derivadas "7Além" e "Cetealém", bem como o "universo original" e os principais relatos foram devidamente registrados na Biblioteca Nacional e no Writer's Guild. A utilização dos termos é vetado em livros, filmes, séries, webséries, jogos ou quadrinhos sem a expressão autorização escrita de Luciano.

    A única coisa que não é jocosa em toda essa história é símbolo © ao lado de Setealém. De forma ostensiva em sua página pessoal, Luciano Milici diz que o termo "Setealém" e suas grafias derivadas "7Além" e "Cetealém", bem como o universo original e os principais relatos foram devidamente registrados na Biblioteca Nacional e no Writer's Guild.
    De acordo com Luciano, em uma postagem realizada por ele mesmo, em 23 de julho do ano passado, em seu grupo no Facebook, os nomes e os detalhes sobre Setealém estavam assegurados pelos direitos autorais para que nenhum aventureiro fizesse fama em cima das informações geradas. Isso é curioso, porque, anteriormente, na página sobre "Setealém", no Facebook, Luciano disse que "Setealém" era de todos, porém, legalmente "Setealém"é apenas dele.

    Por exemplo, se você alegar, que realmente visitou um lugar chamado Setealém, e querer escrever um livro, detalhando cada ponto de sua experiência, em um universo sombrio, caótico, misterioso e, principalmente, se você tiver se envolvido em uma trama no interior de Setealém, você não pode. Quer dizer, você até pode, mas para escrever sobre isso, você precisa da prévia autorização escrita do Luciano. Por outro lado, nada impede que ele vete um determinado universo, por ele julgar subjetivamente, baseado em supostos relatos de terceiros, e sem ter nunca visitado o local, que toda sua experiência seja uma mentira. Simples assim.

    De acordo com Luciano, em uma postagem realizada por ele mesmo, em 23 de julho do ano passado, em seu grupo no Facebook, os nomes e os detalhes sobre Setealém estavam assegurados pelos direitos autorais para que nenhum aventureiro fizesse fama em cima das informações geradas.
    Isso é curioso, porque, anteriormente, na página sobre Setealém, no Facebook, Luciano disse que Setealém era de todos, porém, legalmente Setealém é apenas dele.
    Apesar da evidente necessidade de algum tipo de registro, para evitar que terceiros acabassem registrando em seu lugar, considero importante deixar claro que, legalmente, os direitos sobre qualquer livro ou obra audiovisual sobre Setealém pertencem ao Luciano, e a mais ninguém, mesmo que essa pessoa alegue ter visitado Setealém.

    Em uma rápida pesquisa, não encontrei nenhuma marca ou patente com o nome de Setealém no banco de dados do INPI, porém é possível notar que, desde o ano passado, Luciano já registrou alguns domínios relacionados a Setealém. Entre eles temos o "setealem.com.br" e "7alem.com.br"

    Em rápida pesquisa, não encontrei nenhuma marca ou patente com o nome de Setealém no banco de dados do INPI, porém é possível notar que, desde o ano passado, Luciano já registrou alguns domínios relacionados a Setealém.
    Entre eles temos o "setealem.com.br" e "7alem.com.br"
    Isso, aparentemente, denota de forma bem expressiva a intenção do uso comercial do nome "Setealém". Algo que também é muito importante deixar bem claro. Enfim, vamos continuar nossa saga e comentar rapidamente sobre o "quartel-general" de Setealém: o grupo fechado no Facebook.

    O Grupo Criado no Facebook e a Dimensão que Setealém Tomou na Internet Brasileira


    Conforme mencionamos anteriormente, em algum momento entre janeiro e fevereiro do ano passado foi criado um grupo fechado chamado "Setealém", no Facebook. Esse grupo é particularmente curioso, porque demonstra ser uma forma prática das pessoas publicarem seus relatos, mas a absoluta maioria tem dúvidas, que suas experiências pessoais podem ter ou não relação com "Setealém".

    Assim como todo grupo, o mesmo conta com administradores, moderadores e seus usuários. Como administradores temos o próprio Luciano Milici, o perfil da página de Setealém, e mais dois usuários chamados "Pietra Castevet" e "Cards de Piscopatas". No entanto, há quem diga que os perfis pertencem ao próprio Luciano Milici, visto que sempre fazem as mesmas postagens públicas, tanto para divulgar seu trabalho no Facebook, quanto para divulgar "Setealém".

    Assim como todo grupo, o mesmo conta com administradores, moderadores e seus usuários. Como administradores temos o próprio Luciano Milici, o perfil da página de Setealém, e mais dois usuários chamados "Pietra Castevet" e "Cards de Piscopatas".
    No entanto, há quem diga que os perfis pertencem ao próprio Luciano Milici...
    ...visto que sempre fazem as mesmas postagens públicas,
    tanto para divulgar seu trabalho no Facebook, quanto para divulgar "Setealém".
    Já na descrição do grupo é possível ler o seguinte texto:

    "LEIAM ANTES DE TUDO

    Bem-vindo a Setealém. Agora, você faz parte da comunidade Setealeniana. É um cidadão oficial de outra realidade.

    Ao entrar nesse grupo, você fica ciente de que os “inimigos da informação” não querem que este assunto seja levado a público.

    Este é um grupo de estudos, coletas de relatos e apoio a todos aqueles que passaram por experiências com Setealém, Dimensões e Universos Paralelos, Viagens no Tempo e afins.

    Chegou a hora de todos saberem a verdade.

    OBJETIVOS DO GRUPO

    - Explorar o tema
    - Coletar relatos e teorias
    - Descobrir, compilar e experimentar
    - Conspirar
    "

    Descrição atual do grupo "Setealém", no Facebook
    É interessante notar, que o esquema é bem semelhante aquele adotado por teóricos da conspiração, ou seja, existe uma necessidade clara de separação do público entre mocinhos e vilões. Daqueles de "mente aberta" e dos "céticos". Daqueles de querem esconder a verdade do mundo, e daqueles que simplesmente questionam a veracidade sobre um determinado assunto. Invariavelmente, as pessoas acabam sendo induzidas a escolher um lado.

    Algo semelhante acontece com os adeptos da "Teoria da Terra Plana", da "Terra Oca", entre outros segmentos, que geram seguidores da mesma forma que uma seita religiosa, por exemplo (comentarei sobre isso daqui a pouco). Nesse caso, Luciano chama aqueles que duvidam ou que tentam ridicularizar "Setealém" como "inimigos da informação".

    É interessante notar, que o esquema é bem semelhante aquele adotado por teóricos da conspiração, ou seja, existe uma necessidade clara de separação do público entre mocinhos e vilões. Daqueles de "mente aberta" e dos "céticos". Daqueles de querem esconder a verdade do mundo e daqueles que simplesmente questionam a veracidade sobre um determinado assunto. Invariavelmente, as pessoas acabam sendo induzidas a escolher um lado.
    Diga-se de passagem, essa descrição é da mesma época de uma outra postagem do Luciano, que já havíamos comentado, onde ele dividiu seu público nas seguintes "categorias":
    • Interessados em fazer fama: pessoas que mandam relatos inventados, imagens fakes ou contos. Inventam regras próprias para Setealém (tipo, Setealém é o sétimo mundo criado...), inventam outro mundo paralelo e tentam emplacar (tipo, Setealém é legal, mas você já ouviram falar em Bromânia?), tentam divulgar livros, blogs ou canais. Segundo Luciano seria fácil identificar essas pessoas;
    • Detratores / Zombeteiros: só querem falar mal e duvidar. Alguns duvidam de tudo, outros, creem em Setealém, mas duvidam dos relatos. Têm complexo de vira-latas. Acham que nada assim poderia ocorrer no Brasil. Criticam e causam só pela polêmica;
    • Interessados em ganhar grana: editores, publishers, produtores, diretores, estudantes de cinema e aprendizes de escritores, que procuram Luciano para transformar Setealém em livro, filme, série, quadrinhos, jogo, TCC etc. Alguns lhe mandam propostas, alguns lhe mandam projetos bem adiantados. Nesse ponto, Luciano indagou a intenção dessas pessoas, se era, por exemplo,  para autorizar que eles encabeçassem o nome Setealém na mídia. De acordo com suas próprias palavras, "não vai rolar. Se for para ter algo assim, sairá DAS MINHAS MÃOS e com relatos que eu acredito serem reais";
    • Racionais / Estudiosos / Cientistas: pessoas que Luciano considera como inteligentes e bem-intencionadas. Duvidam de tudo, mas respeitam quem acredita. Não se entregam de olhos fechados, mas não ofendem. Essas pessoas sempre seriam bem-vindas;
    • Pessoas estranhas: pessoas que enviam coisas para o Luciano por meio de e-mails anônimos. Essas pessoas supostamente pediriam para ele parar de falar sobre Setealém. Dizem para ele deixar o assunto cair no esquecimento, assim como ocorreu na época do Orkut. Algumas se dizem de lá. Outros dizem que estudam Setealém desde a década de 1960. As pessoas mandariam e-mails em outros idiomas;
    • Admiradores do assunto: pessoas que curtem o assunto e estavam no grupo somente pela curiosidade e diversão. Luciano acha divertido quem fala que quer ir, bem como quem fala que morre de medo;
    • Pessoas conectadas: pessoas que, assim como o Luciano, sentem algo de familiar com o nome Setealém; ou já ouviram falar na infância; ou já estiveram lá. Essas pessoas já sonharam/sonham com Setealém ou sentem atração pelo lugar. Sentem. Está no âmago e no inconsciente delas. Essas pessoas estão se juntando graças ao grupo. Estão se reconhecendo porque se sentem ligadas, unidas e conectadas.
    Divisão que Luciano Milici fez de seu grupo em julho do ano passado.
    Tudo isso é muito curioso, porque se o objetivo é explorar o tema e se informar, fica difícil entender algumas regras, que existem no grupo. Por exemplo, uma das regras menciona, que devemos expor e debater teorias sobre Setealém, e que devemos postar notícias, filmes, livros e histórias relativas a universos paralelos.

    Por outro lado, é proibido tratar a postagem de alguém como mentira, invenção, lenda ou fanfic. Também é proibido duvidar, ridicularizar, questionar ou menosprezar a pergunta, teoria ou o relato de outro membro. Repararam na primeira "categoria de pessoas" elaborada por Luciano? Ela mesma fere as regras. É proibido dizer, que um relato é inventado, mas Luciano Milici alega que pode dizer se um relato é falso ou não, mesmo sem nunca ter pisado em Setealém.

    Aliás, essa é uma parte curiosa, porque se o objetivo é explorar o tema e se informar,
    fica difícil entender algumas regras.
    É igualmente proibido pedir provas insistentemente ou cobrar documentação referente aos relatos, e acusar os administradores (que segundo algumas pessoas seria o próprio Luciano Milici) ou qualquer outro membro de ter interesses por trás dos temas apresentados. É bem difícil imaginar como é debater sobre um assunto sem duvidar ou questioná-lo. Imaginem um mundo onde todos falassem a verdade. Infelizmente, esse mundo não existe.

    No último dia 20 de fevereiro, Luciano Milici fez uma publicação aparentando estar nervoso e desconfortável com certas coisas, que andavam acontecendo em seu grupo, que atualmente possui quase 25 mil membros. Confira a publicação:

    No último dia 20 de fevereiro, Luciano Milici fez uma publicação aparentando estar nervoso e desconfortável com certas coisas, que andavam acontecendo em seu grupo, que atualmente possui quase 25 mil membros.
    Luciano reclamou que estava vendo ofensas aos membros, algo que inibia profundamente os relatantes, e que questionar a veracidade de um relato é uma coisa, mas acusar o relatante de mentiroso seria outra. Ele também disse, que estavam na "pontinha do iceberg", quando o assunto era sobre "Setealém", e que seria um momento de acolhimento, não de filtragem. Aliás, segundo ele, com o tempo seria possível ver o que era "Setealém" ou histeria coletiva.

    Não entrarei em maiores detalhes sobre o que é postado pelos membros de seu grupo para não invadir a privacidade dos mesmos. Porém, alguns detalhes chamam a atenção. Uma usuária chamada B.F., por exemplo, chegou a comentar, que uma moça tinha ficado com a bolsa de um cara, que vive em "Setealém", que tinha uma chave, "escrita", e um vidrinho, mas ela não sabia se a mulher tinha enviado ou não para o Luciano. De acordo com um usuário chamado J.A. isso só aumentava a expectativa, que as pessoas pudessem ir para "Setealém" com seus corpos físicos.

    Não entrarei em maiores detalhes sobre o que é postado pelos membros de seu grupo para não invadir a privacidade dos mesmos. Porém, alguns detalhes chamam a atenção.
    Já um usuário chamado R.T. alegou que câmeras e objetos eletroeletrônicos não funcionavam em Setealém, e não há nenhum registro fotográfico ou gravação de lá. Segundo ele, era como se houvesse ondas, que impedissem o funcionamento desses objetos. Uma usuária chamada G.T. concordou com ele dizendo que, quando ela foi para "Setealém", ela não lembrou do seu celular. Ela apenas pediu o número de uma habitante, que lhe deu informações, e que ela não gostou. Disse que "não", mas não explicou o porquê. Ao ser questionada como ela entrou em "Setealém", ela disse que entrou através dos sonhos.

    Com o tempo, Luciano Milici também passou a publicar alguns relatos supostamente enviados para ele, e a classificá-los por "Tipo", "Nível de Bizarrice" e "Relação Aparente com Setealém", sendo que os dois últimos são classificados em uma escala de 1 a 10. Há quem diga, que essa classificação é muito parecida com a realizada pela usuária, que ficou conhecida como "Lea Meets", quando ela mencionou o suposto método para acessar "Setealém" (Método 42: Portal Onírico III / Nível de Segurança: 9/10), algo que reforçaria a teoria que Luciano e "Lea Meets" seriam a mesma pessoa.

    Com o tempo Luciano Milici também passou a publicar alguns relatos supostamente enviados para ele e a classificá-los por "Tipo", "Nível de Bizarrice" e "Relação Aparente com Setealém", sendo que os dois últimos são classificados em uma escala de 1 a 10
    Enfim, vamos nos encaminhar para a parte final desta matéria, que ficou um "pouco" mais longa do que eu esperava.

    Como Explicar Tantos Relatos em Massa, Supostamente Sobre um Mesmo Local? "Setealém"é Tão Somente uma Boa História de Ficção e Terror?


    Acredito que esteja bem claro, que Setealém não seria tão somente um "universo paralelo", mas uma espécie de negócio promissor baseado puramente em evidências anedóticas, ou seja, tão somente relatos, que precisam de uma certa dose de fé e achismo individual para serem considerados como "verdadeiros". Conforme vimos anteriormente a ideia inicial era lançar um livro; Setealém e todos os aspectos originais pertencem legalmente ao Luciano Milici; assim como já existem domínios virtuais para serem utilizados na internet. Se isso acontecesse, exatamente dessa forma, em qualquer lugar do mundo, ficaria claramente implícito que "Setealém" seria apenas uma fábula sendo montada em tempo real por usuários na internet (mas que pertence legalmente a única pessoa), que se tornarão potenciais consumidores dos produtos (livros, revistas, camisetas, bonés, eventuais séries televisivas, revistas em quadrinhos, entre outros) originados a partir do nome "Setealém". Pode-se notar claramente também, que "Setealém" surgiu de forma verificável na internet, a partir de um comentário realizado no meio de dezenas de outros similares de idas e vindas a supostas dimensões paralelas, ou seja, cada um alegou ter sua própria experiência, que não depende em absolutamente nada de um lugar chamado "Setealém".

    Além disso, a época em que isso começou a ser efetivamente divulgado, e de forma amplamente verificável na internet, é muito próxima do lançamento da primeira temporada da série de TV da Netflix chamada "Stranger Things", que foi lançada em julho de 2016, cerca de quatro meses dessa história começar. Na série, existe, inclusive, uma espécie de universo paralelo chamado de "Mundo Invertido", um lugar escuro e sombrio, um "Vale das Sombras". A série também faz analogia a um programa secreto do governo norte-americano chamado "MK-Ultra". Nesse sentido, há quem diga, que não teria sido coincidência, que Luciano publicou seu relato nesse grupo, e inventado o nome Setealém, visto que a série estava muito em alta naquela época, e seria um período perfeito para falar sobre dimensões ou universos paralelos.

    Além disso, a época em que isso começou a ser efetivamente divulgado, e de forma amplamente verificável na internet, é muito próxima do lançamento da primeira temporada da série de TV da Netflix chamada "Stranger Things", que foi lançada em julho de 2016, cerca de quatro meses antes do surgimento dessa história.
    Explicar a quantidade de relatos não é tão difícil quanto parece. Quando o assunto é relato existe de tudo: há fanfics (uma narrativa ficcional, escrita e divulgada por fãs em blogs, sites e em outras plataformas pertencentes ao ciberespaço, que parte da apropriação de personagens e enredos provenientes de produtos midiáticos), histórias parcialmente inventadas, copiadas de outros lugares, fruto de eventuais sonhos lúcidos, paralisia do sono, lapso temporal, entre outras inúmeras condições psicológicas bem conhecidas da ciência ou que vem sendo estudadas há muito tempo por profissionais competentes e renomados. Não duvido que muita gente tenha passado por experiências estranhas em suas vidas, porém, conforme sempre menciono, relatos são evidências anedóticas. A evidência anedótica dificilmente é considerada científica, porque raramente pode ser analisada segundo o método científico. Aliás, o uso de evidências anedóticas como evidências formais é considerada uma falácia. A psicologia demonstrou, que as pessoas tendem a se lembrar com mais facilidade de exemplos notáveis do que os ordinários, levando à falsa impressão de que estes ocorrem em uma frequência mais alta do que a real. Um exemplo prático? Quem nunca ouviu alguém dizer que não voa de avião, porque aviões caem a toda hora?  Apesar dos acidentes aéreos serem muito mais raros do que os automobilísticos, não é incomum pessoas acharem que são muito comuns.

    Evidências anedóticas são frequentemente não científicas ou pseudocientíficas, porque diversas formas de vieses cognitivos podem afetar a apresentação da evidência. Este fenômeno também pode acontecer com grande número de pessoas através da chamada validação subjetiva, uma espécie de vício de inteligência. O nome costuma ser aplicado à tendência que todos temos de enxergar correlações e significados "profundos" em eventos, na verdade, não-relacionados, sempre que essa correlação ou significado reforçar uma crença ou hipótese. Querem um exemplo? Imagine que você acredita em sonhos premonitórios e, um dia, sonha com um pássaro machucado. No dia seguinte, um avião cai. A validação subjetiva criará a tentação de ver o sonho como uma previsão (cifrada, mas ainda assim, válida) do desastre aéreo. Imagine também, que você está convencido que suco de abóbora cura a gripe: cada vez que você souber de alguém que melhorou depois de tomar o suco, sua crença se reforça, muito embora a maioria das gripes acaba passando sozinha de qualquer jeito. O mesmo acontece se você está convencido, que um estranho episódio ocorrido em sua vida esteja associado a uma determinada dimensão, e acaba encontrando mais pessoas, que também acreditam que passaram por algo semelhante. Isso acaba reforçando essa possibilidade, muito embora a mesma, provavelmente tenha uma explicação perfeitamente clínica e psicológica.

    A psicologia demonstrou que as pessoas tendem a se lembrar com mais facilidade de exemplos notáveis do que os ordinários, levando à falsa impressão de que estes ocorrem em uma frequência mais alta do que a real. Um exemplo prático? Quem nunca ouviu alguém dizer que não voa de avião, porque aviões caem a toda hora?  Apesar dos acidentes aéreos serem muito mais raros do que os automobilísticos, não é incomum pessoas acharem que são muito comuns.
    A produção de correlações espúrias faz da validação subjetiva uma verdadeira usina de teorias da conspiração e, o que é mais grave, de reforço de preconceitos. Ninguém está livre de cometer uma barbaridade no trânsito ou de, eventualmente, acabar fazendo uma grosseria com alguém, mas se o barbeiro e/ou grosseiro tiver a etnia, orientação sexual, cor de cabelo, roupa ou classe social "errada", o evento será registrado como mais uma prova incontestável de que "esses aí" não prestam. E qualquer um está sujeito a isso. Quem não se lembra de um certo jornalista, que ao ouvir alguém buzinando falou que "aquilo" era "coisa de preto"?

    A validação subjetiva muitas vezes opera em conjunto com o bom e velho viés de confirmação, a tendência de buscar ativamente, e de valorizar em excesso, informações que reforçam nossas crenças e de menosprezar ou ignorar – muitas vezes, inventando para isso as desculpas mais criativas possíveis – para tudo o que as contraria. Superar esses vieses requer sangue-frio, paciência e coragem. Sangue-frio porque, principalmente em questões muito emocionais, como de paixão política ou de preconceito arraigado, pode ser penoso resistir à tentação de ver confirmações cabais em meras coincidências.

    Superar esses vieses requer sangue-frio, paciência e coragem. Sangue-frio porque, principalmente em questões muito emocionais, como de paixão política ou de preconceito arraigado, pode ser penoso resistir à tentação de ver confirmações cabais em meras coincidências.
    Isso é algo muito parecido com o que acontece com "Setealém". De forma intencional ou não Luciano Milici, aparentemente vem tentando canalizar todo e qualquer relato sobre dimensões ou universos paralelos, e isso gera uma busca incessante das pessoas por respostas para suas próprias experiências, e que as mesmas podem, talvez, possuir uma relação com um suposto lugar chamado "Setealém". Uma vez que questionar e duvidar faz com que alguém se torne um "inimigo da informação", isso pode levar a cenários realmente assustadores. Um grupo que originalmente seria dedicado ao estudo de universos paralelos, poderia se converter em uma espécie de seita com determinados usuários tão fanáticos, que não conseguiriam mais compreender o que está acontecendo ao redor deles. Usuários que teriam a certeza absoluta, que estiveram em "Setealém", um lugar que, há quem diga, nunca existiu. É quase inevitável a semelhança com o caso do "This Man", cuja história era uma farsa, mas ainda assim surgiram pessoas alegando, que tinham sonhado com determinado rosto. Elas realmente sonharam, mas o homem nunca existiu.

    Além disso, ao contrário do que se pensa, evidências anedóticas e seus relatantes podem sim ser testados e avaliados quanto à confiabilidade. Exemplos de abordagens de teste e avaliação incluem o uso de interrogatório, evidência de testemunhas corroboradoras, documentos, vídeo e evidência forense. Em termos jurídicos, quando um tribunal carece de meios para testar e validar relatos de uma testemunha específica, tais como a ausência de formas de corroboração, o mesmo pode qualificar esse testemunho como limitado ou sem peso ao produzir uma decisão sobre os fatos.

    É exatamente isso que acontece com "Setealém". De forma intencional ou não Luciano Milici, aparentemente vem tentando canalizar todo e qualquer relato sobre dimensões ou universos paralelos, e isso gera uma busca incessante das pessoas por respostas para suas próprias experiências, e que as mesmas podem, talvez, possuir uma relação com um suposto lugar chamado"Setealém"
    E isso tudo nos leva a uma variante de uma sintomatologia psicopatológica, amplamente conhecida por "Folie à deux", na qual sintomas psicóticos são compartilhados por duas pessoas. Há quem diga, que o caso referente a "Setealém" seja um evento de "folie à plusieurs", ou seja, quando os sintomas são compartilhados coletivamente. Isso pode ocorrer por imposição em uma relação de poder (Folie imposée ou communiquée), quando uma pessoa ou um grupo de pessoas impõe crenças altamente prejudiciais, inadequadas e socialmente não-compartilhadas (ex: cultos novos, teorias de conspiração etc.) para uma ou mais pessoas vulneráveis.

    A questão não é sobre acreditar ou não em histórias de cunho conspiratório, mas o que isso pode causar fisicamente e mentalmente nas próprias pessoas ou aquelas que estão ao seu redor. E isso é bem fácil de exemplificar. Vocês lembram do caso "PizzaGate"? Esse caso foi amplamente comentado em grupos de teóricos da conspiração em diversas redes sociais. Os defensores do "Pizzagate" alegaram falsamente, que uma série de e-mails continham mensagens codificadas referentes ao tráfico de seres humanos, e que os mesmos conectavam diversos restaurantes dos Estados Unidos e altos funcionários do Partido Democrata com um suposto círculo de exploração sexual infantil.

    O caso era mentira, mas para Edgar Maddison Welch, um homem de 28 anos de idade de Salisbury, na Carolina do Norte, não. No dia 4 de dezembro de 2016, ele disparou três tiros em um restaurante com um arma semelhante a uma AR-15, atingindo paredes, uma mesa e uma porta. Por sorte, ninguém se feriu. Posteriormente, Welch disse a polícia que tinha planejado "investigar por contra própria" a teoria da conspiração, e se via como potencial herói da história, um salvador de crianças.

    Há quem diga, que o caso referente a "Setealém" seja um evento de "folie à plusieurs". Isso pode ocorrer por imposição em uma relação de poder (Folie imposée ou communiquée). quando uma ou um grupo de pessoas impõe crenças altamente prejudiciais, inadequadas e socialmente não-compartilhadas (ex: cultos novos, teorias de conspiração, universos paralelos etc.) para uma ou mais pessoas vulneráveis
    Já escrevi sobre inúmeros casos de pessoas armadas, que quase provocaram tragédias ao acreditar que o mundo seria invadido por pessoas semelhantes a lagartos ou que matou a própria esposa grávida por acreditar que ela mesma fosse um "ser humano híbrido". Isso sem contar as pessoas, pertencentes a grupos radicais e extremistas, que saem explodindo a si mesmos, e as demais pessoas, por acreditar em líderes, que induzem seus seguidores, que estão lutando com os "inimigos do mundo", os Estados Unidos e seus aliados. Portanto, é necessário ter muito cuidado ao lidar com esse tipo de situação, ainda mais em redes sociais e com pessoas, que podem estar fragilizadas e precisando, por exemplo, de acompanhamento médico.

    Já no caso de "Setealém", por exemplo, cheguei a ver a publicação de uma jovem dizendo: "Vocês também sentem coisas estranhas quando estão lendo/pesquisando sobre Setealém? Sei que pode ser pura paranóia minha, porque alguns relatos dão um pouco de medo e tudo mais, mas sempre tenho sensações estranhas quando to "focada" no assunto. Sensações do tipo: se sentir vigiada, desconfortável, até pesada, como se estivesse muito cansada. A questão é que me sinto muito diferente quando começo a ler sobre, e até evito de ler muita coisa no mesmo dia por conta disso. Já tive uma experiência estranha que nunca quis relatar, até pq não sei explicar direito o que aconteceu e nem sei se foi exatamente sobre Setealém, mas confesso que morro de medo de ir parar lá, Deus me livre. É normal isso? Ou é só o meu psicológico abalado mesmo? rs."

    É possível notar, que a jovem apresenta sintomas físicos, que afetam sua qualidade de vida. Quando isso ocorre é necessário avaliar atentamente, buscar informações adequadas de profissionais da área médica, uma vez que histórias baseadas tão somente em evidências anedóticas não serão a solução de um eventual problema. Podem até amenizar e gerar um certo "conforto" e sensação de acolhimento, mas nem de longe é uma solução permanente.
    É possível notar, que a jovem apresenta sintomas físicos, que afetam sua qualidade de vida. Quando isso ocorre é necessário avaliar atentamente, buscar informações adequadas de profissionais da área médica, uma vez que histórias baseadas tão somente em evidências anedóticas não serão a solução de um eventual problema. Podem até amenizar e gerar um certo "conforto", além de dar uma sensação de acolhimento, mas nem de longe é uma solução permanente.

    Digo isso, porque escrevo neste blog há quase 3 anos, desde 23 de junho de 2015, e estou muito próximo de chegar a marca de 1.000 textos (atualmente são 470 textos somente no blog), entre matérias, notícias, e "minutos assombrados". Todos os textos são muito bem pesquisados, e sempre fui pautado pela ética e pelo compromisso em trazer um bom conteúdo, seguro e confiável, a cada um de vocês. Portanto, se tem uma coisa que aprendi com o tempo, e posso dizer, com alguma relativa propriedade, é que tenham muita atenção em casos, que flertam com os mesmos mecanismos de teorias conspiratórias. Vocês podem acreditar no quiserem, visto que são totalmente livres para isso, e respeito a crença individual das pessoas, mas coloquem limites em si mesmos ou busquem ajuda médica, quando necessário, se perceberem que isso pode estar saindo do controle. Ao final, quando algo grave ocorre, todos ao seu redor somem, e sobra apenas você, a pessoa que acreditou.

    Quando isso ocorre é necessário avaliar atentamente, buscar informações adequadas de profissionais da área médica, uma vez que histórias baseadas tão somente em evidências anedóticas não serão a solução de um eventual problema. Podem até amenizar e gerar um certo "conforto" e sensação de acolhimento, mas nem de longe é uma solução permanente.
    Aliás, é bom deixar bem claro, que não tenho nada contra o "imperador" e "fundador" de "Setealém", e muito menos contra as pessoas, que enviam seus relatos, contam suas experiências, entre outras coisas. Diga-se de passagem, nem posso ser considerado um "inimigo da informação", visto que meu passado como redator é totalmente limpo nesse sentido. Por mim, "Setealém" pode ser divulgado para o mundo inteiro e ter uma bandeira fincada na Lua com esse nome. Acho totalmente válido as pessoas desabafarem sobre o que acreditam ou realmente passaram, e até mesmo encontrar pessoas que passaram por algo semelhante.

    Por outro lado, não posso compactuar com isso, e dizer a vocês que "Setealém"é uma dimensão paralela ou um lugar real, porque, para começo de conversa, o "universo original "é puramente baseado em evidências anedóticas de pessoas, que não sabemos quem são. Em segundo lugar, o começo da história e forma como aconteceu sua divulgação é passível de inúmeros questionamentos, e muitos deles, infelizmente, atualmente inverificáveis. Sem dúvida alguma é uma boa história, uma excelente trama de terror nacional, e merece sim o seu destaque e seu espaço. Com certeza, essa história irá evoluir, pouco a pouco, uma vez que já foram divulgadas histórias sobre supostos recrutadores, enigmas envolvendo catedrais, pessoas supostamente infiltradas, entre outras coisas. Enfim, aparenta ser tão somente uma boa história, que renderá frutos literários e financeiros. Espero, no entanto, que isso aconteça de forma saudável e sem maiores danos, tanto físicos quanto emocionais e psicológicos as pessoas, que realmente acreditam, independentemente da razão, em "Setealém".

    Diante dessa matéria, vocês podem decidir por si mesmos, em que acreditar, ou seja, se "Setealém"é realmente uma evidência da existência de dimensões paralelas ou tão somente uma excêntrica história brasileira de ficção e terror. E se por acaso não nos virmos, bom dia, boa tarde e boa noite.

    Até a próxima, AssombradOs.

    Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

    Fontes:
    http://arquivo.bn.br/portal/index.jsp?plugin=FbnBuscaEDA&radio=CpfCnpj&codPer=O19mnvv82u0fvknwhSyUyg==
    http://bocadoinferno.com.br/quem-somos/
    http://www.assombrado.com.br/2016/05/this-man-voce-ja-sonhou-com-este-homem.html
    http://www.chabad.org.br/interativo/FAQ/shalom.html
    http://www.creepypastabrasil.com.br/2016/12/setealem.html
    http://www.escribaencapuzado.com.br/2015/08/7-coisas-luciano-milici/
    https://br.linkedin.com/in/lucianomilici
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Sonho_l%C3%BAcido
    https://revistagalileu.globo.com/blogs/olhar-cetico/noticia/2014/12/validacao-subjetiva-um-vicio-da-inteligencia.html
    https://twitter.com/Setealem
    https://twitter.com/_7Alem_
    https://web.archive.org/web/20170511211145/https://orkut.google.com/
    https://www.buzzfeed.com/christopherhudspeth/9-eerie-stories-of-people-who-mayve-experienced-a-parallel-d
    https://www.buzzfeed.com/christopherhudspeth/9-historias-estranhas-que-farao-voco-acreditar-em
    https://www.facebook.com/setealem
    https://www.livescience.com/38623-giant-pentagram-in-kazakhstan.html
    https://www.lucianomilici.com/o-que-e-setealem
    https://www.lucianomilici.com/single-post/2016/11/28/SETEAL%C3%89M---O-dia-em-que-quase-fui-para-um-universo-paralelo
    https://www.skoob.com.br/autor/livros/5486
    https://www.tudocelular.com/curiosidade/noticias/n92459/orkut-encerramento-pagina-arquivo-comunidades.html
    https://www.youtube.com/watch?v=QPA0-SoHHTA
    https://youtu.be/ZoWv7xpvI_A?t=2779
    https://youtu.be/ZoWv7xpvI_A?t=2806

    O Caso Pauline Dakin: Uma Infância de Segredos, Teorias da Conspiração e Perseguição de uma Misteriosa Organização!

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    Por Marco Faustino

    Recentemente, elaborei uma matéria bem completa sobre uma "história" que circula, de maneira verificável na internet brasileira, desde novembro de 2016, chamada "Setealém" (muito embora a mesma também seja conhecida por suas inúmeras variantes, tais como: "7além", "Se7ealém", Setealem", "Cetealem", entre outras possibilidades). Há quem diga que "Setealém" seria uma dimensão paralela obscura, suja, cujos habitantes não gostam da presença de pessoas do nosso mundo. Com o tempo surgiram histórias sobre uma catedral misteriosa, sobre pessoas infiltradas, e até mesmo recrutadores dessa suposta dimensão paralela. Enfim, sinceramente, nem pretendia falar sobre esse assunto, uma vez que o mesmo é inteiramente baseado em evidências anedóticas, mas resolvi abordar aspectos, que raramente vocês encontrarão em outro lugar. Infelizmente, o especial em vídeo não retratou praticamente nenhum ponto do que escrevi, porém apresentei inúmeros detalhes, que talvez sirvam de base futura para que outras pessoas possam escrever ou fazer vídeos a serem publicados no próprio YouTube. Obviamente, diante do meu passado como redator e pesquisador de conteúdo, não pude compactuar com isso, e dizer a vocês que "Setealém" seria uma dimensão paralela, porque, para começo de conversa, o "universo original "é puramente baseado em evidências anedóticas de pessoas, que não sabemos quem são. Em segundo lugar, o começo da história e forma como aconteceu sua divulgação é passível de inúmeros questionamentos, e muitos deles, infelizmente, atualmente inverificáveis. Isso sem contar o fortíssimo viés comercial por trás do nome "Setealém". Cada um é livre para acreditar no que quiser, é claro, mas recomendo fortemente que confiram o material que preparei (leia mais: Setealém: Uma Incrível Evidência da Existência de Universos Paralelos ou Tão Somente uma História Brasileira de Ficção e Terror?).

    Agora, resolvi abordar um caso envolvendo uma mulher chamada Pauline Dakin, cuja infância no Canadá, na década de 1970, se viu repleta de situações estranhas, pertubações e surpresas desagradáveis. Ela sequer tinha permissão para falar sobre sua vida familiar para as demais pessoas. Sua mãe dizia, que só lhe contaria a "verdade", quando ela fosse crescida. Desde que nasceu, Pauline foi obrigada a se mudar de cidade e de escola por diversas vezes; presenciou comportamentos estranhos por parte da mãe, e acabou rompendo abruptamente as relações com amigos, namorados, familiares e até mesmo com o próprio pai. Um belo dia, quando Pauline já estava crescida, sua mãe ligou propondo contar toda a "verdade" para a filha. Assim sendo, Pauline descobriu, que mafiosos estavam perseguindo sua família, que seus amigos e parentes estavam mortos, e que sósias tinham sido colocados em seus lugares. Além disso, já teria havido inúmeras tentativas de matá-la ou envenená-la, mas uma organização secreta do governo canadense teria impedido tais atos. Uma vida repleta de medo e pânico por todos os lados. Contudo, será mesmo que Pauline estava correndo perigo? Vamos saber mais sobre esse assunto?

    A História do "Mundo Estranho", que Pauline Não Podia Contar para Ninguém


    Para contar essa história para vocês utilizarei como base o excelente artigo publicado pela Sarah McDermott, no dia 22 de fevereiro deste ano, no site da BBC, intitulado "The story of a weird world I was warned never to tell" ("A história de um mundo estranho, que fui avisada para nunca contar", em português). Posteriormente, apontaremos alguns outros detalhes sobre essa história, e uma pequena análise sobre a mesma, que, talvez, sirva de reflexão para muitas histórias que são contadas diariamente para vocês na internet. Confiram atentamente cada detalhe. Valerá muito a pena.

    Havia sempre algo incomum na família de Pauline Dakin.

    "Meu irmão e eu dizíamos, 'O que há de tão errado com nossa família? Por que somos tão estranhos? Porém, nunca havia uma única resposta para esse mistério", disse Pauline.

    Os pais biológicos de Pauline, Warren e Ruth, se separaram quando ela tinha apenas cinco anos, alguns meses antes de que ela começasse a frequentar a escola. Warren, um empresário bem-sucedido, gostava muito de beber, algumas vezes até demais, o que o tornava violento ao ponto de Ruth simplesmente não aguentar mais a situação em que vivia, se é que vocês me entendem. Quando Pauline tinha sete anos, Ruth levou os filhos para passar férias em Winnipeg, a mais de 1.600 km da casa deles, em Vancouver. Porém, quando eles chegaram, Ruth disse aos filhos que eles nunca mais iriam voltar.

    Warren e Ruth juntamente com os filhos Teddy e Pauline, por volta de 1969.
    "Não houve nenhuma oportunidade para dizer adeus, foi uma ruptura muito abrupta de relacionamentos", continuou.

    Quando ela perguntava para mãe, a razão pela qual ela havia feito isso, nunca havia uma única explicação sequer, ao menos que fosse credível, é claro. A mãe apenas dizia: "Desculpe, não posso te dizer, quando você for mais velha, eu conto."

    O mesmo aconteceu quatro anos depois, mas dessa vez a família se mudou para New Brunswick, na Costa Leste do Canadá. Apesar de tudo isso, aparentemente, a vida era bem normal para família de Pauline - eles começariam tudo de novo, e construiriam uma nova vida, em uma nova cidade. Porém, por baixo das aparências, Pauline estava confusa, ansiosa e em depressão.



    O mesmo aconteceu quatro anos depois, mas dessa vez a família se mudou para New Brunswick, na Costa Leste do Canadá. Apesar de tudo isso, aparentemente, a vida era bem normal para família de Pauline - eles começariam tudo de novo, e construiriam uma nova vida, em uma nova cidade. Porém, por baixo das aparências, Pauline estava confusa, ansiosa e em depressão.
    "Sabia que algo ruim estava acontecendo. Não sabia o que era, mas sempre havia uma sensação de algo terrível, que não estava sendo falado", continuou.

    Quando Pauline tinha 11 anos, ela já tinha frequentado cerca de seis escolas diferentes ao longo dos anos, quase a mesma quantidade de tempo em que havia perdido o contato com o pai. Porém, um outro homem entrou na vida da família, um ministro da igreja "United Church of Canada" (a maior denominação cristã protestante no Canadá e a maior denominação cristã canadense depois da Igreja Católica) chamado Stan Sears.

    A mãe de Pauline conheceu Stan em um grupo de apoio para as famílias de alcoólatras. Stan era um conselheiro do grupo, e Ruth tinha ido até ele, enquanto estava lidando com a bebedeira do marido, o Warren, e se preparando para deixá-lo. Em ambas as vezes, que a família de Pauline havia desaparecido do mapa, a família de Stan havia se mudado com eles.

    Warren, um empresário bem-sucedido, gostava muito de beber, algumas vezes até demais, o que o tornava violento ao ponto de Ruth simplesmente não aguentar mais a situação em que vivia, se é que vocês me entendem
    "Então, independentemente do que estava acontecendo, eles faziam parte, eu sabia disso", disse Pauline.

    Uma vez em New Brunswick, eles finalmente criaram raízes. Em 1988, aos 23 anos, Pauline se formou na universidade e estava trabalhando em um jornal local na cidade de Saint John, quando sua mãe telefonou com uma proposta inesperada. Sua mãe disse: "Certo, estou pronta para explicar todas essas coisas estranhas que aconteceram ao longo de sua vida".

    Pauline deveria encontrar sua mãe no lado de fora de um hotel de beira de estrada, na cidade de Sussex, a meio caminho entre as duas cidades em que elas estavam morando. Quando ela chegou, Ruth colocou um bilhete em um envelope vazio, e o entregou para Pauline. O bilhete dizia: "Não diga nada. Tire suas jóias. Coloque-as no envelope. Vou explicar, simplesmente não fale."

    "Foi a coisa mais bizarra que já vi. Eu pensei, 'Quem é você? O que está fazendo? Porém, fiz o que ela me pediu", disse Pauline. Sua mãe a levou para um quarto do hotel, onde Pauline ficou surpresa ao encontrar Stan Sears esperando por eles.

    Pauline juntamente com sua mãe e seu irmão durante sua graduação na Universidade de New Brunswick, em 1987
    Stan e Ruth disseram a Pauline que, nos últimos 16 anos, eles estavam fugindo da máfia, e que a família de Pauline tinha sido alvo, porque seu pai, Warren, estava envolvido no crime organizado. Ela não podia usar suas joias, porque as mesmas precisavam ser testadas para detectar eventuais escutas.

    "Foi inacreditável. Porém, lembro de ter sido tomada por um sentimento de horror, de que isso poderia ser algo, no qual jamais poderíamos escapar", completou.

    Stan explicou, que tudo tinha começado depois de ter aconselhado um chefe de máfia, que queria deixar para trás o passado criminoso. Quando o restante da organização criminosa descobriu que o homem havia quebrado seu código de silêncio, e tinha ido até Stan para pedir conselhos, eles tinham que assassiná-lo, assim como Stan que, naquele momento, sabia demais. Posteriormente, quando Ruth -  a amada ex-esposa de um mafioso - começou a trabalhar como secretária na igreja de Stan, ela também se tornou um alvo.

    "Então, foi-me dito, que cada um de nós tinha alguém nos seguindo, nos observando a distância. Além disso, teria havido inúmeras tentativas de me sequestrar, me envenenar ou me matar, mas que agentes de segurança teriam intervido para me manter segura ao longo dos anos", continuou.

    Pauline Dakin por volta dos 23 anos de idade
    Além dessa força-tarefa ter sido designada pelo governo, Stan também explicou que havia comunidades à margem da sociedade - cidades ou vilarejos em diferentes partes do país, onde as pessoas, que tinham sido alvo da máfia, podiam ficar sob a édige de uma espécie de medida protetiva. Isso era conhecido como o "mundo estranho". Após anos fugindo, a mãe de Pauline disse que iria aceitar viver nessas tais comunidades. Resumindo? Ruth iria desaparecer novamente.

    Stan alegou, que já estava morando em uma dessas comunidades chamada de "Place of Hope" ("Lugar da Esperança", em português), mas sua esposa não queria morar com ele. Então, ele estava morando e trabalhando sozinho nesse "mundo estranho" com seus agentes. Stan e Ruth disseram a Pauline, que essa era a chance deles ficarem finalmente juntos, e que eles eram apaixonados um pelo outro há muitos anos, mas que nunca tinham sido capazes de assumir publicamente o romance. Pauline, no entanto, estava em estado de choque, era muita coisa para assimilar ao mesmo tempo.

    Pauline passou um fim de semana inteiro ouvindo as histórias de Stan e Ruth, que explicavam muitas das coisas estranhas que aconteceram, enquanto ela estava crescendo, assim como a vez que ela chegou em casa e encontrou a mãe jogando toda a comida da geladeira no lixo.

    "Na época, a história era que a comida tinha estragado, mas lembro-me de pensar 'Ketchup e mostarda não estragam, e existiam alimentos lá que não estragavam com facilidade. Por que ela faria isso?'", disse Pauline. Stan explicou que eles receberam a informação, que alguém estava tentando envenená-los, então tudo precisava ser descartado.

    Pauline passou um fim de semana inteiro ouvindo as histórias de Stan e Ruth, que explicavam muitas das coisas estranhas que aconteceram, enquanto ela estava crescendo, assim como a vez que ela chegou em casa e encontrou a mãe jogando toda a comida da geladeira no lixo. A imagem é meramente ilustrativa.
    Houve um tempo, que a família de Pauline simplesmente viajava no meio da semana escolar e passava a noite em uma cabana na montanha. Stan disse, que pessoas estavam atrás deles, e que eles tinham que se afastar por um ou dois dias. Depois, teve o dia que Ruth tirou as crianças da escola para irem jogar boliche. Além disso, também houve uma ocasião em que, quando Pauline e seu irmão voltaram para casa, da escola, às pressas, foi-lhes dito para esfregar bastante os pés durante o banho, e ambos tiveram que usar sacolas plásticas ao redor das meias pelo restante do dia. Sempre havia uma razão sinistra para explicar todos esses estranhos episódios.

    "Por mais inacreditável que isso pareça, todas essas explicações formavam peças, que recaíam em um tipo de padrão, uma narrativa de que éramos perseguidos", disse Pauline.

    Quando chegou o momento de Pauline ir embora, Stan perguntou se podia colocar um transmissor em seu carro para tornar mais fácil, que os "mocinhos" pudessem segui-la e ter certeza que ela estava em segurança. Ele também lhe deu um pequeno rádio transistorizado, que ele disse que tinha uma função de transmissão, para que Pauline pudesse enviar um pedido de socorro.

    "Ele me avisou: 'Use-o apenas se sua vida estiver realmente em perigo, porque as pessoas vão responder, e arriscar suas vidas por você'", comentou Pauline.

    Quando chegou o momento de Pauline ir embora, Stan perguntou se ele podia colocar um transmissor em seu carro para tornar mais fácil, que os "mocinhos" pudessem segui-la e ter certeza que ela estava em segurança. Ele também lhe deu um pequeno rádio transistorizado, que ele disse que tinha uma função de transmissão, para que Pauline pudesse enviar um pedido de socorro. A imagem é meramente ilustrativa.
    Pauline voltou para a casa, que estava sendo reformada, e que ela morava juntamente com seu namorado. Ela também voltou ao seu trabalho, na redação de um jornal local, mas estava lutando para assimilar tudo aquilo que foi mencionado para ela, sendo que ela estava, dia após dia, mais apreensiva. Ela constantemente olhava para as pessoas e para os carros, que podiam estar a seguindo, e passou a ficar com muito medo de comer em restaurantes, com medo que alguém tentasse colocar algo em sua comida. Ela planejou rotas de fuga dentro de sua própria casa, e passou a acreditar que sua linha telefônica estava grampeada. Ao longo do tempo, mais e mais informações alarmantes vieram de Stan e Ruth sobre o "mundo estranho", incluindo a notícia de que muitas pessoas, que eles conheciam, não eram realmente as pessoas que aparentavam ser.

    "A história era que algumas pessoas, que estiveram a nossa volta durante a minha infância, e que estavam envolvidas com o crime organizado, foram capturadas, presas, mortas ou desapareceram e, então, foram substituídas por sósias", disse Pauline.

    "Algumas vezes o sósia havia sido colocado pelos 'mocinhos' e algumas vezes o dublê havia sido colocado pelos 'vilões', então você nunca tinha 100% de certeza de que lado era o dublê. Era uma espionagem", completou.

    "A história era que algumas pessoas, que estiveram a nossa volta durante a minha infância, e que estavam envolvidas com o crime organizado, foram capturadas, presas, mortas ou desapareceram e, então, foram substituídas por sósias", disse Pauline. Aliás, essas histórias de pessoas sendo substituídas por sósias, dublês ou impostores são corriqueiras no mundo das celebridades.
    Segundo Stan, os sósias tinham passado meses estudando vídeos caseiros para aprender a se comportar de forma convincente, e usaram cirurgiões plásticos especializados, além de maquiadores profissionais para aperfeiçoar seus disfarces. Pauline teria encontrado esses sósias de tempos em tempos. No dia que seu irmão se casou, por exemplo, ela encontrou com seu pai e sua tia pela primeira vez em anos. Ela foi informada que ambos, no entanto, eram sósias.

    "Minha mãe estava tão chateada naquele casamento, porque sua irmã era supostamente uma sósia. Ela dizia 'Mas olhe para os dedos dos pés, esses são exatamente os dedos do pé da Penny, como alguém poderia fazer os dedos de outra pessoa se parecerem desse jeito?'", disse Pauline.

    Pauline se lembra de olhar para o pai dela naquele dia. Ele tinha um "nevo" (uma lesão na pele popularmente conhecida como mancha, pinta ou sinal), um crescimento excessivo de células bem acima da íris de seu olho. Ela passou a questionar como alguém conseguiria reproduzir aquilo.

    "Porém, quando disse isso ao Stan, ele disse: 'Ah, são lentes de contato, e existem próteses, e existe isso e aquilo'. Sempre havia uma resposta", continuou.

    Ruth e Stan na década de 1990.
    Pauline e sua mãe também receberam dezenas de cartas de pessoas de dentro do "mundo estranho" - de seu pai e padrinho, por exemplo, que, segundo Stan, estariam presos em uma prisão secreta. A caligrafia sempre parecia autêntica, e as cartas falavam sobre coisas de seu passado compartilhado. Eles foram muito convincentes ao ponto de Pauline fazer o seguinte questionamento: "Quem no mundo teria tempo de forjar tudo isso, se não fosse verdade?"

    Apesar de ser atormentada por dúvidas, Pauline sempre teve que admitir que, as duas pessoas que lhe contavam sobre essa incrível história eram a sua mãe e o Stan, as pessoas mais confiáveis que conhecia. "Era uma história maluca, e tive alguns contratempos em acreditar nisso. Porém, se não confiasse neles, em quem mais eu confiaria?", disse Pauline.

    Pauline Resolve Tomar uma Atitude Radical em Relação a Sua Própria Vida: A Tentativa de Entrar do "Mundo Estranho"


    Pauline começou a sentir que seu trabalho como repórter ao cobrir reuniões do conselho escolar e reuniões da câmara municipal da cidade havia se tornado irrelevante, quando sua própria vida estava em constante perigo. E, jurar segredo em relação ao que ouviu, colocou um fosso entre ela e seu namorado, assim como todos os demais amigos e conhecidos de sua vida.

    "Simplesmente pensei, 'Não posso viver assim'", lembra Pauline. Assim sendo, ela decidiu iria a fundo nessa história juntamente com sua mãe. Pauline decidiu entrar para o chamado "mundo estranho".

    Stan disse a Pauline, que havia trabalho para ela onde morava, e que havia uma comunidade com boas pessoas, na qual ela poderia fazer parte. Ele estava construindo uma casa de campo para si próprio e sua mãe, e disse que poderia providenciar para que uma fosse construída para ela também. Ele lhe mostrou amostras de tapetes, mostrou plantas, e uma foto do cavalo que ela teria. Pauline deixou seu emprego, vendeu sua casa e terminou com seu namorado. Ela se mudou para Halifax, na Nova Escócia, onde encontrou trabalho e uma nova casa, enquanto ela e sua mãe esperavam que fosse seguro entrar no "mundo estranho".

    Stan foi o responsável por levar Pauline até o altar em seu casamento com Kevin.
    "Foi-nos dito que havia ameaças contra membros da família e que, se voltássemos a desaparecer, todo o inferno desabaria sobre aqueles que tinham sido deixados para trás. Agentes da inteligência nos diziam (através do Stan), que a 'máfia' tinha uma certa noção de que, talvez, estivéssemos planejando desaparecer, então eles estavam nos ameaçando. Estávamos sempre em 'modo de espera'", disse Pauline.

    Pauline acabou conhecendo um rapaz chamado Kevin, que mais tarde se tornaria seu marido. Stan foi quem a levou ao altar no dia do casamento - é claro que ela não poderia convidar seu pai verdadeiro - e a Kevin foi permitido contar o terrível segredo. Kevin concordou que ele acompanharia Pauline até o "mundo estranho". Porém, nunca era a hora certa. Em 1993, cinco anos depois de ter sido informada sobre tudo aquilo, as dúvidas de Pauline atingiram o clímax.

    A Descoberta da Verdade Por Parte de Pauline: Uma Reviravolta Inesperada


    "Estava em guerra comigo mesmo, e queria encontrar uma maneira definitiva de provar que aquilo estava certo ou errado. Liguei para minha mãe e disse: 'Alguém está invadindo a minha casa. O que devo fazer?'", disse Pauline.

    "Vou pedir ajuda ao nosso amigo, e te ligo de volta", disse Ruth, a mãe de Pauline.

    Stan havia deixado claro para Pauline e Ruth, que nunca deveriam ir à polícia para relatar nenhuma das ameaças e estranhos acontecimentos em suas vidas. Segundo ele, a polícia não era confiável. Se acontecesse algum problema, elas deveriam falar com ele, que por sua vez saberia se havia alguma informação sobre quaisquer situações que pudessem colocá-las em risco. Ele tinha um apetrecho implantado em sua carteira para receber mensagens.

    "O apetrecho gerava uma mensagem de código Morse, composta por traços e pontos, algo que ele escrevia em uma caderneta e, em seguida, decifrava", disse Pauline. Ruth ligou para a filha alguns minutos depois.

    Exemplo de carta destinada a Ruth e Pauline, que seria supostamente de dentro do chamado "mundo estranho".
    "Eu estava aterrorizada, porque aquele era o momento em que eu teria a resposta para esse horrível dilema com o qual vivia", disse Pauline. No entanto, Ruth disse que não podia falar por telefone, e que a filha precisava sair imediatamente de casa. Uma vez na presença de Ruth e Stan, Pauline ficou sabendo que duas pessoas tinham sido vistas na rua de sua casa, naquela manhã, que eles tinham tirado fotografias dela, e que eles estavam a seguindo, e procurando por certas coisas em sua casa.

    O problema é que ninguém havia tentado invadir a casa de Pauline. Ela inventou essa história para ver qual seria a reação da mãe e de Stan.

    "Quando ela disse aquilo, eu sabia que toda a história era mentira. Não houve nenhuma tentativa de arrombar a minha casa. Inventei tudo. Esse foi o momento que eu sabia que todos os relacionamentos rompidos, toda aquela loucura que vivi, toda aquela estranheza, tudo era mentira", disse Pauline.

    O problema é que ninguém havia tentado invadir a casa de Pauline. Ela inventou essa história para ver qual seria a reação da mãe e de Stan. A imagem é meramente ilustrativa.
    Pauline ficou tão chocada e com tanta raiva de sua mãe, que demorou cerca de uma semana para confrontá-la. Quando ela fez isso, Ruth ficou horrorizada e muito chateada, mas não porque acreditava nas acusações de Pauline contra Stan. O que mais a preocupava era que, se Pauline não acreditasse mais na história, ela estaria colocando a si mesma em perigo. Quando Pauline confrontou Stan, ele disse que devia ter havido algum erro; o relatório dos homens que teriam sido vistos após realizar buscas em sua casa com certeza deveria estar errado. Ele assegurou que seria realizada uma investigação.

    "Minhas lembranças daquela noite era ver o quão triste ele estava. Eu não era mais um deles", disse Pauline, que passou meses tentando convencer sua mãe de que Stan estava mentindo para eles, enquanto sua mãe tentava convencer Pauline de que estava errada. Ambas chegaram a ficar sem se falar durante um tempo.

    Pauline ao lado do seu irmão Teddy.
    "Fiquei furiosa e ressentida, e pensei que odiaria o Stan por muito tempo. Porém, finalmente decidi que minha mãe não tinha participação nessa história. Stan estava inventando tudo, mas simplesmente não conseguia entender o porquê ele teria feito aquilo", disse Pauline. Ela acabou visitando um psiquiatra para tentar buscar uma resposta.

    "Eu disse, 'O que você acha que isso poderia ser? Ele claramente não é esquizofrênico. Ele não parece ser psicótico. Ele é um profissional e bem respeitado. As pessoas sempre falam o quão maravilhoso ele é, o que poderia ser?'", disse Pauline. O psiquiatra sugeriu que aquilo soava como um caso de folie à deux, uma síndrome em que os sintomas de uma crença delirante são transmitidos de uma personalidade dominante (Stan), para uma personalidade menos dominante (Ruth).

    O psiquiatra sugeriu que aquilo soava como um caso de folie à deux, uma síndrome em que os sintomas de uma crença delirante são transmitidos de uma personalidade dominante (Stan), para uma personalidade menos dominante (Ruth). A imagem é meramente ilustrativa.
    Pauline e seu pai, o Warren, se reconectaram depois de muitos anos. Porém, ele já estava bem adoecido, com enfisema pulmonar e, para variar, ele começou a beber novamente.

    "Pensei em contar a ele. Porém, então pensei que isso acabaria com ele, e não seria nada bom para sua saúde. Simplesmente não via nada que pudesse sair de bom disso tudo", continuou. Já o seu relacionamento com sua mãe nunca voltou a ser como era antes, muito embora tenha melhorado, quando Pauline constituiu uma família.

    "Quando tive filhos as coisas mudaram, porque eles se tornaram um foco para todo o nosso amor", continuou. Porém, o tempo e a vida podem ser cruéis de vez em quando. Ruth desenvolveu câncer, que acabou a matando, em 2010. De qualquer forma, ela passou os últimos nove meses de sua vida morando com Pauline.

    "Não a perdoei completamente naquele ponto, mas nós duas sabíamos que não havia tempo para resolver isso. Tivemos que encontrar um lugar de paz e, eventualmente, encontramos", completou.

    "Quando tive filhos as coisas mudaram, porque eles se tornaram um foco para todo o nosso amor", continuou. Porém, o tempo e a vida podem ser cruéis de vez em quando. Ruth desenvolveu câncer, que acabou a matando, em 2010. De qualquer forma, ela passou os últimos nove meses de sua vida morando com Pauline.
    Ruth nunca deixou de acreditar na história de Stan, mesmo depois de sua morte, quando as cartas do "mundo estranho" pararam de aparecer. Não havia mais mensagens sobre as atividades da máfia, e não restava nenhuma dúvida de que tudo havia sido produto da imaginação de Stan.

    "Pouco antes de morrer, ela tentou me avisar para ter cuidado. Disse a ela: 'Não preciso ser mais cuidadosa do que qualquer outra pessoa'. E ela me disse: 'Ah, Polly, se você não acredita nisso, então como você deve me odiar'. E eu respondi: 'Não, eu não odeio você. Fiquei realmente brava, mas eu amo você", disse Pauline.

    Quatro anos atrás, ainda tentando entender o porquê Stan inventou toda aquela mentira tão bem elaborada, Pauline encontrou um artigo em uma revista médica sobre uma condição chamada transtorno delirante.

    "Ao ler o artigo, pensei: 'Isso descreve descreve completamente o Stan, alguém que é normal e competente em todos os aspectos, mas tem esse delírio maluco'", completou.

    Quatro anos atrás, ainda tentando entender o porquê Stan inventou toda aquela mentira tão bem elaborada, Pauline encontrou um artigo em uma revista médica sobre uma condição chamada transtorno delirante.
    Pauline entrou em contato o autor do artigo, um psiquiatra da Universidade de Harvard. Ele estava muito empolgado para ouvir sua história. Segundo ele, Stan tinha todas as características de uma pessoa com transtorno delirante. Outro acadêmico, o principal especialista na desordem, o Dr. Alistair Munro, professor de Psiquiatria da Universidade Dalhousie, em Halifax, concordou. Encontrar uma razão para o que Stan fez com sua família pode ter ajudado Pauline a aceitar seu passado, mas nunca poderá reparar o dano que ele fez em suas vidas.

    "Sinto muita tristeza pela minha mãe. Ela teve uma vida tão difícil, e ela era vulnerável ao Stan, principalmente porque ele era um cara gentil e carinhoso. É igualmente pavoroso, que ele tivesse esse terrível delírio. Porém, também sinto tristeza por mim e pelo meu irmão, duas crianças pequenas, que tiveram suas vidas profundamente abaladas", finalizou.

    Pauline Dakin trabalhou por muitos anos para a CBC, emissora de rádio e TV canadense, e atualmente é professora assistente na Escola de Jornalismo da University of King's College, em Helifax, na Nova Escócia. Ela é autora do livro "Run, Hide, Repeat: A memoir of a fugitive childhood" ("Corra, Esconda-se, Repita: Um Livro de Memórias de uma Infância em Fuga", em uma tradução livre para o português), que foi publicado em setembro do ano passado.

    As Entrevistas Concedidas por Pauline Dakin ao Longo dos Últimos Meses


    Na tentativa de saber maiores detalhes sobre essa história assustadora e fantástica ao mesmo tempo, fui atrás de maiores informações. Desde o lançamento do seu livro, Pauline Dakin vem concedendo algumas entrevistas, principalmente para veículos de comunicação canadenses. Em outubro do ano passado, ela foi entrevistada pela "ShawTV Vancouver", cuja entrevista vocês podem conferir abaixo, no próprio canal da ShawTV, no YouTube (em inglês, mas comentarei rapidamente a seguir):



    Inicialmente, a repórter mencionou que o livro de Pauline, capítulo após capítulo, se parecia mais como um filme de tão inacreditável que sua vida, principalmente sua infância, tinha sido. Então, Pauline basicamente resumiu toda sua história de vida, alegando que não sentia mais raiva do Stan, e acreditava que ele não tinha a intenção de prejudicar a sua família. Simplesmente, ele foi a pessoa errada, que apareceu no momento errado.

    Então, Pauline basicamente resume toda sua história de vida, alegando que não sentia mais raiva do Stan, e acreditava que ele realmente tivesse a intenção de prejudicar a sua família. Simplesmente, ele foi a pessoa errada, que apareceu no momento errado.
    Curiosamente, ela também disse que já havia pessoas interessadas em transformar sua história em um filme. Aliás, é bom deixar bem claro que, ao contrário de muita gente que inventa histórias para escrever um livro ou fazer um filme, a história de Pauline é realmente verdadeira. Ela passou por tudo isso, sofreu e aprendeu a lidar com esse sofrimento.

    Em toda essa história também fiquei curioso sobre o destino de Stan Sears, e obtive a resposta ao ler um artigo publicado no podcast "Story Untold". Segundo o mesmo, Stan faleceu, porém não foi mencionado, quando isso aconteceu. Ela também voltou a repetir que o ministro da igreja não era uma pessoa ruim, que ele não queria machucar sua mãe e muito menos ela ou o seu irmão. Infelizmente, no entanto, todos acabaram imersos em seu delírio.

    Segundo o mesmo, Stan faleceu, porém não foi mencionado, quando isso aconteceu. Ela também voltou a repetir que o ministro da igreja não era uma pessoa ruim, que ele não queria machucar sua mãe e muito menos ela ou o seu irmão. Infelizmente, no entanto, todos acabaram imersos em seu delírio.
    Em entrevista a revista "United Church Observer", em janeiro deste ano, Pauline chegou a comentar que seu livro estava em primeiro lugar na lista de best-sellers canadenses de não-ficção do jornal "Globe and Mail", um dos principais veículos de comunicação do Canadá. Quando questionada sobre a reação dos leitores, ela disse que o público estava sendo surpreendentemente e esmagadoramente solidário e atencioso. Ela disse que estava preparada para comentários do tipo: "Nossa, como você foi ingênua e idiota! Por que você acreditaria em uma história tão louca?" Pauline alegou que também se sentiu assim inúmeras vezes.

    Na entrevista também é mencionado que Stan morreu por volta de 2005 (cerca de cinco anos antes da morte de Ruth), porém, segundo Pauline, ao menos até onde ela sabe, ninguém mais percebeu a condição psicológica de Stan, visto que ele sempre pregava pela justiça social, e sempre fazia coisas legais. Enfim, para muitos, o Stan era um verdadeiro santo.

    Capa do Livro "Run, Hide, Repeat:
    A memoir of a fugitive childhood
    "
    Ao ser questionada sobre a razão pela qual a mãe se viu atraída pelo Stan, Pauline disse que sua mãe era uma estranha mistura de muitas coisas. Ela era uma pessoa forte de muitas maneiras e bem vulnerável de outras, particularmente em relação aos homens. Stan era o tipo de cara totalmente diferente daquilo que ela conhecia. Ele era muito gentil. Ela era uma intelectual, e ele respeitava muito isso. Ela amava ir na universidade, quando Pauline e seu irmão eram crianças, para trabalhar em seu bacharelado. Ela era uma aluna nota 10. Stan apoiava tudo isso, algo que muitas vezes nem o próprio marido ou seu próprio pai fazia. Provavelmente, Ruth sentiu que estava se recuperando de um relacionamento anterior difícil, ao lado de Stan.

    Pauline disse, que após a morte da mãe, ela estava tentando esquecer de todas as coisas ruins, que tinham acontecido, mas então ela pensou que tinha que colocar um ponto final nessa história, assim como contar aos seus filhos o que havia passado. Ela disse que nunca conseguiu dizer a mãe, ainda em vida, que a perdoava. E somente após pensar profundamente em toda sua história de vida, que ela conseguiu fazer isso. Pauline atribuiu sua capacidade de simpatizar e perdoar como um resultado direto de ter sido muito amada pela mãe. Já seu irmão, o Teddy, perdoou a mãe muito mais facilmente do que ela. Aliás, o irmão tinha um dos corações mais generosos que ela conhecia.

    Pauline também disse que tinha acabado de participar de uma turnê dando entrevistas a diversas rádios nos Estados Unidos, e que ela buscava entender a real dimensão em relação ao transtorno delirante, ou seja, quantas histórias parecidas com a dela não existem? Ela também disse, que diversas pessoas já teriam entrado em contato com ela para contar experiências semelhantes. Por fim, como conselho as pessoas, que passaram por algo assim, Pauline disse para que elas deveriam colocar tudo o que tinha dentro delas para fora, que escrevessem profundamente sobre o que aconteceu com elas, e que fossem honestas consigo mesmas. Algo que ela definiu como glorioso e transformador.

    Comentários Finais


    Depois de ler toda essa história, é difícil encontrar palavras para definir como foi a infância, adolescência e, inclusive, a vida adulta de Pauline Dakin. Para vocês terem uma ideia, seu livro possui 336 páginas, e sinceramente fico imaginando o que mais ela sofreu com toda essa situação. Apesar do drama de Pauline ter começado na década de 1970, ela reflete perfeitamente o que vivemos atualmente no Brasil e no mundo: redes sociais infestadas de mentiras, notícias falsas, vídeos com um conteúdo totalmente vago, e muitas vezes distorcido de forma intencional. Segundo Plum Johnson, autora do livro "They Left Us Everything", outro aclamado livro de não-ficção canadense, a história de Pauline mostra o que acontece quando as "fake news" tomam conta de uma família, um caso verdadeiro e angustiante, e um thriller psicológico. Porém, algumas pessoas que leram o livro simplesmente não acreditam nas palavras de Pauline. Dizem, por exemplo, que ela fantasiou tudo aquilo que ela escreveu, que sua história é fantasiosa demais para ser verdade, e que aquilo jamais aconteceria com uma pessoa normal. Não sei o que mais me assombra, se é o drama vivido por Pauline ou as pessoas, que não têm mais a menor noção do que é ou não verdade. Para tentar vender o terror ou uma teoria conspiratória, muitas vezes algumas pessoas inventam histórias, tentam dizer que "cada um tem sua verdade" ou então cometem uma pequena contradição ao dizer que a "elite mundial" não quer que o mundo saiba da "verdade". Qual verdade se cada um teria a sua? Na verdade, teóricos da conspiração dizem apenas aquilo que lhe convêm, e sinceramente tenho minhas dúvidas se as pessoas que propagam mentiras realmente acreditam naquilo que contam. Sinceramente, soam mais como traficantes, que disseminam seus produtos para pessoas ansiosas e viciadas para consumir cada vez mais "verdades ocultas", sendo que, quem dissemina não acredita no próprio entorpecente que vende.

    Talvez, a palavra-chave dessa matéria seja realmente "torpor", uma diminuição da sensibilidade gerando uma incapacidade de responder a certos estímulos, que pode levar a obnubilação da consciência, uma diminuição do grau de clareza da consciência. Os personagens da história de Pauline existiram, as cartas existiram, a dor existiu, e o pânico de ter uma vida constantemente ameaçada também. A história de Pauline demonstra exatamente o poder, que o delírio de uma pessoa, que flerta com teorias da conspiração envolvendo supostas agências secretas do governo, supostas organizações criminosas, e a suposta substituição de amigos e membros familiares por sósias pode gerar. Apesar de Stan ser um membro bem respeitado de sua igreja, praticar boas ações, pregar pela justiça social, ele muito provavelmente sofria de uma condição psicológica, que o aprisionou em um mundo totalmente ficcional, arrastando consigo toda uma família e mudando para sempre seu destino. A vida de Pauline é um exemplo vívido e nítido de como é necessário muito bom senso e uma investigação honesta sobre as histórias que são contadas. Ela confiava muito em sua mãe, assim como no Stan, que considerava como um pai. É muito difícil sair de situações assim e, felizmente, Pauline conseguiu. Não podemos dizer o mesmo de Ruth, que morreu acreditando na palavras de Stan, mesmo muito tempo após a sua morte. Pauline cuidou de sua mãe durante meses, em sua casa, como se fosse um quarto de hospital. Pauline tentou restaurar o pouco tempo que Ruth ainda tinha para ser uma avó para seus netos, de amá-los, vê-los sorrir, e cuidar dos mesmos. Ainda assim, imagino que Ruth tinha medo de perder a filha ou os netos assim que os via sair pela porta da frente. Ruth, infelizmente, só conseguiu sua liberdade ao morrer. Um lembrete que, a verdade, na absoluta maioria das vezes, é bem mais assustadora do que qualquer ficção.

    Até a próxima, AssombradOs.

    Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

    Fontes:
    http://storyuntold.blubrry.com/2018/03/01/pauline-dakin-my-whole-life-had-been-this-question-mark/
    http://www.bbc.com/news/stories-42951788
    http://www.cbc.ca/news/canada/nova-scotia/run-hide-repeat-a-memoir-of-a-fugitive-childhood-pauline-dakin-book-fugitive-halifax-1.4275150
    http://www.ucobserver.org/interviews/2018/01/pauline_dakin/
    https://globalnews.ca/video/3761704/run-hide-repeat-journalist-pauline-dakin-details-childhood-on-the-run-how-she-uncovered-a-life-full-of-lies
    https://penguinrandomhouse.ca/authors/2142874/pauline-dakin
    https://www.youtube.com/watch?v=fiZtjpt6JR4

    Carona Assombrada? Suposto Jovem "Desaparece" Misteriosamente e Deixa Estranhas Marcas de Pegadas em Veículo, na Argentina!

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    Por Marco Faustino

    Ao longo do tempo já abordei diversos casos envolvendo supostos "passageiros fantasmas". Alguns casos não passaram de evidências anedóticas, ou seja, situações em que as pessoas alegaram, que deram carona para uma determinada pessoa que, eventualmente, desapareceu misteriosamente em um ponto de um determinado trajeto. Casos anedóticos, quase sempre envolvem "passageiros fantasmas" desembarcando misteriosamente dos veículos em regiões próximas a cemitérios ou durante a madrugada em estradas desertas e sem nenhum elemento verificável ou comprobatório. Como exemplo, tivemos o relato de um motorista do Uber, que teria ido buscar uma passageira, em um cemitério cantonês localizado no Monte Erskine, que por sua vez é uma espécie de bairro residencial a noroeste da cidade de George Town, em Penang, na Malásia, em maio do ano passado. Ao chegar no local, o motorista teria começado a sentir um aroma adocicado dentro do carro, diferente de tudo que havia sentido antes. Uma vez que ninguém aparecia, e ele também não queria perder a viagem, o motorista deu início a corrida (embora isso fosse uma violação das regras do Uber). Porém, cerca de um minuto depois, o aplicativo apontou que a corrida tinha sido finalizada, como se um passageiro tivesse chegado ao seu destino final e saltado do carro após o mesmo percorrer cerca de 100 metros. Porém, esse caso foi publicado no site da Taiko TV, que por sua vez pertence ao grupo "OMM" ("Oh My Media"), e que está acostumado a divulgar vídeos e histórias, que viralizam nas redes sociais. Ao entrar no site da Taiko TV é possível notar, por exemplo, que eles divulgam conteúdos totalmente distorcidos ou até mesmo inverídicos, colocando em dúvida, portanto, a veracidade dessa história.

    De qualquer forma, também há casos onde existe uma fotografia, que tentaria provar a existência de um suposto fantasma, porém quase sempre as fotos são tiradas de forma aleatória. Como exemplo, podemos citar um caso divulgado em 2016, envolvendo uma mulher chamada Melissa Kurtz, 48 anos, que estava dirigindo em uma rodovia na região de Maitland, na Flórida, bem próximo de Orlando, para levar sua filha de 13 anos, a Harper, para um concurso de beleza. Harper não estava usando cinto de segurança, o que era normal para ela, e começou a tirar selfies para passar o tempo. Cerca de um mês depois Melissa Kurtz estava olhando as fotos tiradas pela filha, e viu que, na selfie tirada por Harper, dentro do carro, tinha um "menino" no banco de trás. Detalhe, um menino que, segundo ela, não estava no carro no dia em que a foto foi tirada. Melissa Kurtz decidiu fazer algumas pesquisas sobre a rodovia, que ela estava dirigindo naquele dia, e descobriu que tinha havido um acidente no mesmo local e no mesmo dia que ela e Harper estavam passando, ou seja, no mesmo dia que mortes teriam acontecido devido a esse acidente. Contudo, refiz todos os passos seguidos por Melissa, assim como uma pesquisa aprofundada sobre eventuais acidentes na mesma rodovia que ela estava trafegando, e mostrei que ela não estava realmente falando a verdade sobre o que havia acontecido naquele dia (leia mais: O "Fantasma" de uma Criança Morta em um Trágico Acidente Apareceu no Banco de Trás de um Carro, na Flórida, nos Estados Unidos?).

    Entretanto, eis que recentemente surgiu um caso inacreditável na mídia argentina! Um senhor chamado Pedro Peirone, um empresário que trabalha na perfuração de poços na província de Santa Fé, estava dirigindo sua caminhonete, uma Toyota Hilux, em uma rodovia chamada "Rota Provincial 92", quando, em um determinado trecho, teria visto um adolescente usando roupas semelhantes aos jovens que estudam em uma escola industrial local. O jovem teria acenado pedindo carona, e Pedro teria atendido ao seu pedido. Pedro tinha saído de Arteaga, uma pequena localidade com cerca de 3 mil habitantes, e estava indo em direção a cidade de Rosário. Porém, ao passar pela cidade de San José de la Esquina, o tal jovem pediu para descer em um "local incomum": um cruzamento da rodovia, que dá acesso a um cemitério da cidade. Pedro, no entanto, alega que o jovem desapareceu misteriosamente, assim que desceu do carro, e que deixou marcas de pegadas no carpete emborrachado de sua caminhonete. No entanto, a parte assustadora é que a borracha estava ligeiramente queimada, e com marca do calçado usado pelo suposto jovem. Será que Pedro estaria mesmo falando a verdade? Estaríamos diante de um caso autêntico de "passageiro fantasma"? Vamos saber mais sobre esse assunto?

    Começando a Entender o Caso: Um Estranho Incidente Ocorrido na Província de Santa Fé, na Argentina, no Dia 26 de Fevereiro Deste Ano


    Para começar a entender essa estranha história, vamos apresentar a vocês a entrevista realizada pelo jornalista Omar Llanos, do canal de TV "San José Video Cable", um veículo de comunicação da cidade de San José de la Esquina, na província de Santa Fé, justamente com Pedro Peirone.

    O vídeo foi publicado na própria conta da emissora, no YouTube, no dia 26 de fevereiro deste ano, e já alcançou mais de 1,2 milhão de visualizações (em espanhol, mas irei destrinchá-lo para vocês):



    Segundo Omar, tudo teria acontecido na manhã de 26 de fevereiro (segunda-feira retrasada), ou seja, no mesmo dia da publicação da entrevista. Inicialmente, Pedro Peirone, também chamado de "Pedrito" (equivalente a "Pedrinho", em português), um conhecido morador e perfurador de poços de San José de la Esquina, disse que havia dado carona a um indivíduo de Arteaga, uma localidade com pouco mais de 3 mil habitantes, no departamento de Caseros, que fica localizada a 113 km da cidade de Rosário, e a 255 km de Santa Fé (capital da província de mesmo nome).



    Foto do centro da cidade de Arteaga, em julho do ano passado
    Pedro alegou que saiu de Arteaga, e na curva de acesso a cidade de San José de la Esquina, um adolescente de 17 anos com roupas parecidas ou iguais aquelas utilizadas por jovens de uma escola industrial local teria lhe pedido carona. Eis o ponto onde Pedro alegou que o jovem lhe acenou pedindo carona:



    Durante o caminho, Pedro perguntou ao jovem se o mesmo iria para San José, e o mesmo disse que não, e que iria lhe dizer onde descer ao longo do trajeto. Posteriormente, o jovem teria pedido para que Pedro parasse em uma espécie de cruzamento da Rota Provincial 92, que por sua vez é uma rodovia de 66 km de extensão, totalmente asfaltada, que liga a capital do departamento de Caseros (a cidade de Casilda) até a fronteira provincial de Córdoba com Santa Fé.

    Esse cruzamento em questão seria muito peculiar, porque um lado da rodovia (à esquerda de quem segue em direção a San José de la Esquina) daria acesso a um cemitério da cidade de San José de la Esquina, e o outro lado daria acesso a casa de um sacerdote, um padre chamado Nardi, um trajeto de apenas 5 km desde que jovem teria entrado no veículo de Pedro. Então, Pedro contou que, assim que o indivíduo saiu da caminhonete, ele sentiu um forte cheiro de queimado. Ele resolveu descer do veículo para verificar de onde vinha o cheiro, se era proveniente de algum cabo ou algum outro componente interno por baixo do capô de sua caminhonete. Teria sido nesse momento, que ele percebeu que o jovem não estava mais por perto.



    Eis o ponto onde Pedro alegou, que o jovem pediu para descer:



    Ponto onde Pedro alegou que o jovem pediu para descer
    em relação ao cemitério da cidade de São José de la Esquina.
    Então, Pedro resolveu dar uma olhada no interior do veículo, e notou que o carpete do banco do passageiro estava "derretido" em algumas regiões, justamente no formato dos pés do jovem (do calçado que ele estava usando, no caso).

    Em seguida, ele teria olhado ao redor do veículo, mais precisamente para o chão, para ver qual direção o rapaz tinha seguido, porém não havia nenhuma marca de pegada, ou seja, era como se ninguém tivesse descido da caminhonete. Pedro também disse que teria dado uma volta com o seu veículo para ver se avistava algo, mas não encontrou absolutamente nada. Pouco tempo depois, ele teria ido até uma delegacia de polícia, para prestar uma espécie de denúncia sobre o que havia acontecido.

    Então, Pedro resolveu dar uma olhada no interior do veículo...
    ...e notou que o carpete do banco do passageiro estava "derretido" em algumas regiões, justamente no formato dos pés do jovem (do calçado que ele estava usando, no caso).
    Em seguida, ele teria olhado ao redor do veículo, mais precisamente para o chão, para ver qual direção o rapaz tinha seguido, porém não havia nenhuma marca de pegada, ou seja, era como se ninguém tivesse descido da caminhonete. Pedro também disse que teria dado uma volta com o seu veículo para ver se avistava algo, mas não encontrou absolutamente nada.
    O jornalista Omar Llanos chegou a questionar se Pedro não tinha maiores informações pessoais do referido jovem, ou seja, seu nome, descrição física etc. Ele disse que o jovem não estava segurando nenhum livro, e que ao ser questionado se estudava, o jovem disse que não. Pedro chegou a dizer que ambos seguiram conversando, muito embora não tenha entrado no teor dessa conversa. Ele disse também, que não perguntou o nome do rapaz, atribuindo a esse esquecimento ao fato que estava com pressa de chegar na cidade de Rosário.

    Ao final da reportagem foi mostrado novamente o carpete no interior da caminhonete de Pedro. Segundo Omar, o indivíduo que sentou no banco do passageiro tinha "muito calor" na sola do calçado, por assim dizer, visto que é possível notar um nítida marca de sapatos no carpete do veículo. Pedro, no entanto, não sabia explicar o que tinha acontecido.

    Pedro chegou a dizer que ambos seguiram conversando, muito embora não tenha entrado no teor dessa conversa. Ele disse também, que não perguntou o nome do rapaz, atribuindo a esse esquecimento ao fato que estava com pressa de chegar na cidade de Rosário.
    Um fato interessante é que, de acordo com o Google Maps, ir de Arteaga até Rosário pela Rota Provincial 92 acaba sendo um trajeto mais longo, do que se o motorista resolvesse pegar, por exemplo, a autoestrada Rosário-Córdoba. Confira a diferença abaixo:

    Trajeto supostamente seguido por Pedro Peirone
    Trajeto mais eficiente para ir de Arteaga até Rosário, segundo o Google Maps, é claro.
    De qualquer forma, aparentemente, Pedro estava mesmo indo em direção a Rosário, tanto que ele acabou sendo entrevistado pelo site de notícias "Rosario Nuestro", em uma espécie de restaurante da cidade. Vocês podem conferir a entrevista, que foi publicada no dia 26 de fevereiro, no próprio canal do "Rosario Nuestro", no YouTube (em espanhol, mas irei apontar o que foi mencionado a seguir):



    Com uma expressão facial bem diferente da entrevista anterior, Pedro disse que, mesmo após passar por toda essa experiência, ele não estava medo, mas ao mesmo tempo não sabia explicar o que havia acontecido. Ele não sabia dizer se era um pessoa de "outra galáxia", um "ser extraterrestre", um "ser divino" ou algo assim, que ele teria dado carona.

    Com uma expressão facial bem diferente da entrevista anterior, Pedro disse que, mesmo após passar por toda essa experiência, ele não estava medo, mas ao mesmo tempo não sabia explicar o que havia acontecido.
    Ele não sabia dizer se era um pessoa de "outra galáxia", um "ser extraterrestre", um "ser divino" ou algo assim,
    que ele teria dado carona.
    Pedro disse que era uma pessoa que acreditava muito em Deus e na Virgem Maria, e que, a princípio, não acreditava que pudesse se tratar de algo paranormal. De qualquer forma, "algo" ou "alguém" incomum teria aparecido em sua caminhonete. Ele também disse que gostaria, que alguém analisasse o carpete do seu carro para saber contra o que o mesmo havia entrado em contato.

    Segundo ele, provavelmente o carpete teria entrado em contato com algo muito quente, porém Pedro disse que não chegou a ver que tipo de calçado o jovem utilizava. Ele alegou que o jovem era uma pessoa normal, usando roupas normais, e que não teria prestado atenção nesses detalhes. Segundo Pedro, o rapaz era um tanto quanto tímido, e respondia as perguntas dizendo apenas sim ou não, e nada muito além disso. Ele, inclusive, tinha a sensação que o rapaz não confiava muito nele para ter uma conversa um pouco mais franca e aberta, por assim dizer.

    Segundo ele, provavelmente o carpete teria entrado em contato com algo muito quente, porém Pedro disse que não chegou a ver que tipo de calçado o jovem utilizava. Ele alegou que o jovem era uma pessoa normal, usando roupas normais, e que não teria prestado atenção nesses detalhes.
    Pedro também alegou que, cerca de três horas após o ocorrido, ele começou a sentir um nervosismo percorrendo o seu corpo, e começou a ficar emocionado. Ele também se mostrou disposto a relatar tudo o que havia acontecido para outras pessoas e, inclusive, ceder o carpete de seu carro para uma posterior análise.

    Estranho, não é mesmo? Porém, a emissora de TV "San José Video Cable" foi atrás de maiores detalhes dessa história e descobriu algo, no mínimo, muito inusitado. Nada do que Pedro alega foi registrado por câmeras de segurança, na altura de Arteaga, ou seja, as câmeras não registraram a presença de nenhum rapaz.

    As Câmeras de Segurança da Comuna de Arteaga não Registraram Absolutamente Nada do que Pedro Peirone Alegou Anteriormente


    No dia seguinte (27), a emissora de TV "San José Video Cable" publicou uma espécie de atualização sobre o caso, alegando que câmeras de segurança de Arteaga não tinham registrado ninguém pegando carona ou no banco do passageiro da caminhonete conduzida por Pedro.

    Confiram abaixo essa esse novo vídeo publicado no canal da emissora, no YouTube (em espanhol, mas irei destrinchar para vocês):



    Inicialmente, Pedro mostrou onde o jovem teria lhe acenado pedindo carona, e indicou o local onde ele parou com sua caminhonete, alguns metros a frente de onde o jovem se encontrava, a cerca de 30 ou 40 metros do rapaz, devido a uma questão de espaço para poder estacionar, e não atrapalhar os veículos que vinham atrás.

    O jovem estaria próximo a uma espécie de monumento com o nome da comuna de Arteaga, e Pedro teria parado com o carro alguns metros a frente deste monumento. Em seguida, Pedro alegou que o jovem teria corrido, subiu em seu veículo, e eles seguiram em frente.

    Inicialmente, Pedro mostrou onde o jovem teria lhe acenado pedindo carona, e indicou o local onde ele parou com sua caminhonete, alguns metros a frente de onde o jovem se encontrava, a cerca de 30 ou 40 metros do rapaz, devido a uma questão de espaço para poder estacionar, e não atrapalhar os veículos que vinham atrás.
    O jovem estaria próximo a uma espécie de monumento com o nome da comuna de Arteaga, e Pedro teria parado com o carro alguns metros a frente deste monumento. Em seguida, Pedro alegou que o jovem teria corrido, subiu em seu veículo, e eles seguiram em frente.
    Entretanto, imagens de uma câmera de segurança mostraram que, por volta das 8h30 do dia anterior, a caminhonete de Pedro aparentemente passa direto pelo ponto, onde ele alegou ter parado para dar carona ao jovem. Nas imagens, também não é possível ver nenhuma pessoa andando ou caminhando pela rodovia e indo em direção ao veículo, caso o mesmo tivesse parado alguns metros após o ponto indicado por Pedro. De qualquer forma, ele alegou que vinha a 50 ou 60 km/h, e que o próprio jovem havia feito um sinal pedindo carona para ele. Por outro lado, não há ninguém no local.

    Entretanto, imagens de uma câmera de segurança mostraram que, por volta das 8h30 do dia anterior, a caminhonete de Pedro aparentemente passa direto pelo ponto, onde ele alegou ter parado para dar carona ao jovem. Nas imagens, também não é possível ver nenhuma pessoa andando ou caminhando pela rodovia e indo em direção ao veículo, caso o mesmo tivesse parado alguns metros após o ponto indicado por Pedro.
    Ao ser novamente questionado sobre o que ele pensava sobre o ocorrido, Pedro disse acreditar que não podia ser algo humano, visto que uma pessoa normal não teria "poder", uma "força" ou algo assim para derreter o carpete emborrachado do seu veículo. De acordo com Pedro, em nenhum momento ele viu sinal de fumaça ou sentiu o cheiro de algo queimado. Isso teria acontecido somente, quando o indivíduo teria saído e fechado a porta da sua caminhonete.

    De acordo com Pedro, em nenhum momento ele viu sinal de fumaça ou sentiu o cheiro de algo queimado. Isso teria acontecido somente, quando o indivíduo teria saído e fechado a porta da sua caminhonete.
    Também foi perguntado ao Pedro, o que ele tinha para dizer para as pessoas, que estavam dizendo que ele sofreu alguma espécie de surto ou alucinação, e que o rapaz em questão nunca existiu. Pedro disse que não teve nenhuma alucinação, e que ele tinha certeza que havia dado carona para uma pessoa, que por sua vez deixou uma marca em seu carpete, um sinal de sua presença, por assim dizer.

    Pedro chegou a ser questionado mais uma vez sobre que tipo de pessoa ele acreditava, que tivesse dado carona. Porém, ele voltou a dizer não sabia, e que talvez ninguém soubesse dizer. Ele apenas não acreditava que fosse humano. Ao ser questionado se ele já havia visto algo semelhante em sua vida, ou seja, se já teria tido alguma visão ou experiência além do normal, Pedro disse que não, que isso nunca havia ocorrido anteriormente.

    Também foi perguntado ao Pedro, o que ele tinha para dizer para as pessoas, que estavam dizendo que ele sofreu alguma espécie de surto ou alucinação, e que o rapaz em questão nunca existiu. Pedro disse que não teve nenhuma alucinação, e que ele tinha certeza que havia dado carona para uma pessoa, que por sua vez deixou uma marca em seu carpete, um sinal de sua presença, por assim dizer.
    Pedro chegou a ser questionado mais uma vez sobre que tipo de pessoa ele acreditava, que tivesse dado carona. Porém, ele voltou a dizer não sabia, e que talvez ninguém soubesse dizer. Ele apenas não acreditava que fosse humano. Ao ser questionado se ele já havia visto algo semelhante em sua vida, ou seja, se já teria tido alguma visão ou experiência além do normal, Pedro disse que não, que isso nunca havia ocorrido anteriormente.
    Na segunda parte do vídeo, os jornalistas do canal "San José Video Cable" foram ouvir a opinião de Julian Vignati, presidente (uma espécie de responsável administrativo) da Comuna de Arteaga, para saber se o mesmo estava por dentro do assunto, e se, de maneira oficial, havia quaisquer outras informações pertinentes ao caso.

    Julian disse que estava a par dos acontecimentos, assim como todos os demais moradores de Arteaga, visto que era uma comunidade muito pequena, e que a polícia de San José de la Esquina já havia solicitado por maiores informações sobre a ocorrência. Oficialmente, no entanto, não havia nada. Até aquele presente momento, não havia nenhum indicativo ou investigação em aberta sobre um eventual desaparecimento de um menor de idade, e uma câmera de segurança da comuna não mostrava ninguém caminhando até a caminhonete de Pedro, caso ele tivesse realmente parado além do ângulo de visão da câmera de segurança.

    Na segunda parte do vídeo, os jornalistas do canal "San José Video Cable" foram ouvir a opinião de Julian Vignati, presidente (uma espécie de responsável administrativo) da Comuna de Arteaga, para saber se o mesmo estava por dentro do assunto, e se, de maneira oficial, havia quaisquer outras informações pertinentes ao caso.
    Julian disse que estava a par dos acontecimentos, assim como todos os demais moradores de Arteaga, visto que era uma comunidade muito pequena, e que a polícia de San José de la Esquina já havia solicitado por maiores informações sobre a ocorrência. Oficialmente, no entanto, não havia nada.
    Em seguida, foram mostradas as imagens da câmera de segurança, na presença de Pedro, onde ele chegou a alegar que o jovem teria saído correndo em direção a sua caminhonete. Porém, ninguém é avistado nas imagens da câmera de segurança.

    Ele também disse que, pouco tempo depois, um conhecido dele chamado Fernando José, teria passado em uma caminhonete cabine dupla, de cor branca, e visto Pedro com a porta de sua caminhonete aberta, mas que o mesmo estava sozinho, ou seja, não havia a presença de mais ninguém junto dele.

    Em seguida, foram mostradas as imagens da câmera de segurança, na presença de Pedro, onde ele chegou a alegar que o jovem teria saído correndo em direção a sua caminhonete
    Porém, ninguém é avistado nas imagens da câmera de segurança, mesmo após 15 segundos entre o suposto avistamento do jovem
    e a suposta parada do veículo de Pedro.
    Ele também disse que, pouco tempo depois, um conhecido dele chamado Fernando José, teria passado em uma caminhonete cabine dupla, de cor branca, e visto Pedro com a porta de sua caminhonete aberta, mas que o mesmo estava sozinho, ou seja, não havia a presença de mais ninguém junto dele. É possível notar a passagem do veículo, supostamente do Fernando, cerca de 26 segundos após a passagem de Pedro.
    Ao final, os repórteres perguntaram se Pedro estava decepcionado diante do fato da câmera de segurança não ter registrado absolutamente nada. Ele disse que não, e estranhamente mencionou que gostaria de ter visto alguma imagem mostrando se a porta de sua caminhonete teria aberto e fechado sozinha, e se alguém tinha realmente entrado ou não no seu veículo. Ele confirmou que a porta da caminhonete tinha sido aberta e posteriormente fechada, mas não acrescentou nada além disso.

    Ao final, os repórteres perguntaram se Pedro estava decepcionado diante do fato da câmera de segurança não ter registrado absolutamente nada. Ele disse que não, e estranhamente mencionou que gostaria de ter visto alguma imagem mostrando se a porta de sua caminhonete teria aberto e fechado sozinha, e se alguém tinha realmente entrado ou não no seu veículo.
    Evidentemente, esse caso despertou inúmeras teorias, tanto paranormais quanto conspiratórias, a respeito do suposto menino. Houve quem alegasse que apenas Pedro via o fantasma, já outras pessoas alegaram que se tratava de um ser extraterrestre ou até mesmo um viajante do tempo. Isso sem contar, que teve um canal argentino, que alegou que a imagem da câmera de segurança havia sido editada para fazer as pessoas pensarem que Pedro era "louco" ou algo assim, e que ainda por cima seria possível ver uma espécie de "anjo" parado próximo a uma estátua da Virgem Maria.

    Sinceramente, a alegação de edição é totalmente infundada, porque podemos notar que existe uma gravação contínua desde a aproximação da caminhonete de Pedro até a passagem de uma outra caminhonete, supostamente de um conhecido dele.

    Uma Sombra Negra Teria Sido Vista Acima do Veículo de Pedro? Comissário de Polícia Comenta Sobre o Estranho Episódio


    Entretanto, em busca de tentar chegar o mais próximo possível da verdade, encontrei uma outra interessante reportagem realizada pelo site de notícias "Rosario Plus". Confira a reportagem abaixo, que foi publicada no próprio canal do "Rosario Plus", no YouTube, no dia 27 de fevereiro (em espanhol, mas irei apontar os principais pontos a seguir):



    Inicialmente, a equipe do "Rosario Plus" conversou com um frentista de um posto de gasolina local chamado Lisandro. O frentista disse que "passando a curva" (provavelmente a curva de acesso a cidade de San José de la Esquina, na Rota 92) havia morrido muita gente no passado. Porém, o comentário de Lisandro foi um tanto quanto aleatório, não aparentando ter muita relevância no contexto atual do caso, uma vez que o mesmo teria sido algo bem singular na região.

    Posteriormente, o frentista também indicou o cruzamento, que todos estavam falando, na Rota Provincial 92. De um lado havia uma estrada de terra, de quase 1 km, que dava acesso ao cemitério de San José de la Esquina. A reportagem informou, que o cruzamento ficava em uma área rural muito pouco habitada.

    Inicialmente, a equipe do "Rosario Plus" conversou com um frentista de um posto de gasolina local chamado Lisandro. O frentista disse que "passando a curva" (provavelmente a curva de acesso a cidade de San José de la Esquina, na Rota 92) havia morrido muita gente no passado. Porém, o comentário de Lisandro foi um tanto quanto aleatório, não aparentando ter muita relevância no contexto atual do caso, uma vez que o mesmo teria sido algo bem singular na região.
    Posteriormente, o frentista também indicou o cruzamento, que todos estavam falando, na Rota Provincial 92. De um lado havia uma estrada de terra, de quase 1 km, que dava acesso ao cemitério de San José de la Esquina. A reportagem informou, que o cruzamento ficava em uma área rural muito pouco habitada.
    No entanto, a poucos metros havia uma casa pertencente a um homem chamado José Ignacio, que quase foi testemunha do que aconteceu. Quase, porque no momento que Pedro teria parado no cruzamento, ele estava olhando para o outro lado. Curiosamente, um vizinho chamado Darío, cunhado de Ignacio, alegou ter visto uma espécie "sombra negra" acima do veículo de Pedro.

    No entanto, a poucos metros havia uma casa pertencente a um homem chamado José Ignacio, que quase foi testemunha do que aconteceu. Quase, porque no momento que Pedro teria parado no cruzamento, ele estava olhando para o outro lado.
    Curiosamente, um vizinho chamado Darío, cunhado de Ignacio, alegou ter visto uma espécie "sombra negra" acima do veículo de Pedro.
    A equipe de reportagem também conversou com Julian Vignati, presidente da Comuna de Arteaga, que voltou a repetir que oficialmente não havia nada, ou seja, as câmeras de segurança mais próximas do trajeto percorrido por Pedro, em Arteaga, não registraram a presença de nenhuma pessoa ou adolescente, e que não havia nenhuma ocorrência de um eventual menor de idade desaparecido na região.

    A equipe também tentou contato com Pedro, que morava em local bem afastado em San José de la Esquina. Eles não conseguiram contato por telefone e nem encontraram Pedro em casa, visto que ele estava trabalhando. A equipe conseguiu conversar com María Inés, esposa de Pedro há 30 anos, porém ela não tinha muita coisa a acrescentar sobre o incidente.

    A equipe de reportagem também conversou com Julian Vignati, presidente da Comuna de Arteaga, que voltou a repetir que oficialmente não havia nada, ou seja, as câmeras de segurança mais próximas do trajeto percorrido por Pedro, em Arteaga, não registraram a presença de nenhuma pessoa ou adolescente, e que não havia nenhuma ocorrência de um eventual menor de idade desaparecido na região.
    A equipe também tentou contato com Pedro, que morava em local bem afastado em San José de la Esquina. Eles não conseguiram contato por telefone e nem encontraram Pedro em casa, visto que ele estava trabalhando.
    A equipe conseguiu conversar com María Inés, esposa de Pedro há 30 anos,
    porém ela não tinha muita coisa a acrescentar sobre o incidente.
    A reportagem também apresentou o depoimento de alguns moradores de San José de la Esquina. A maioria não sabia o que pensar sobre o estranho episódio. Já outros interpretavam o ocorrido com bom humor ou sequer davam importância para o que tinha acontecido. Algumas pessoas, no entanto, acreditavam em havia algo paranormal ou sobrenatural por trás do incidente.

    A reportagem também apresentou o depoimento de alguns moradores de San José de la Esquina. A maioria não sabia o que pensar sobre o estranho episódio. Já outros interpretavam o ocorrido com bom humor ou sequer davam importância para o que tinha acontecido. Algumas pessoas, no entanto, acreditavam em havia algo paranormal ou sobrenatural por trás do incidente.
    A equipe chegou a conversar com o comissário de polícia Guillermo Fleitas, sendo que o mesmo afirmou que o caso se tratava de um episódio raro, e que nunca havia visto algo semelhante acontecer ao longo de sua experiência como policial. Porém, apesar das crenças populares e superstições, o caso foi levado a sério e uma investigação foi aberta.

    O carpete, por exemplo, foi apreendido e encaminhado para o Corpo de Bombeiros de Rosário, para tentar estabelecer o "elemento usado para fazer as tais marcas". O caso também foi levado ao conhecimento do Juizado de Menores, e comunicados foram enviados para outras delegacias de polícia na tentativa de saber se algum menor de idade se encontrava desaparecido ou tinha fugido de casa.

    A equipe chegou a conversar com o comissário de polícia Guillermo Fleitas, sendo que o mesmo afirmou que o caso se tratava de um episódio raro, e que nunca havia visto algo semelhante acontecer ao longo de sua experiência como policial. Porém, apesar das crenças populares e superstições, o caso foi levado a sério e uma investigação foi aberta.
    O carpete, por exemplo, foi apreendido e encaminhado para o Corpo de Bombeiros de Rosário, para tentar estabelecer o "elemento usado para fazer as tais marcas". O caso também foi levado ao conhecimento do Juizado de Menores, e comunicados foram enviados para outras delegacias de polícia na tentativa de saber se algum menor de idade se encontrava desaparecido ou tinha fugido de casa.
    Ao final, muitos moradores de San José de la Esquina disseram que Pedro Peirone era muito conhecido e querido na cidade (algo que é possível notar, diante do número de vezes que ele acena para pessoas passando na estrada, em reportagens anteriores). Muitas pessoas estavam acreditando no relato de Pedro, e diziam que ele não era uma pessoa que tivesse maldade no coração. Contudo, Guillermo Fleitas disse que só trabalhava com dados e informações concretas e que, diante de tudo o que ele já tinha ouvido falar sobre o caso, parecia que algumas pessoas estavam inventando certas coisas sobre a mesma. Guillermo, no entanto, não entrou em maiores detalhes sobre isso, uma vez que o caso estava sendo investigado.

    Algumas Entrevistas Concedidas por Pedro Peirone para Rádios Locais


    Para completar essa pequena saga em busca de respostas, ouvi diversas entrevistas concedidas por Pedro Peirone para algumas rádios locais, entre elas a entrevista para um programa chamado "Hoja de Ruta" da rádio Sí 98.9 FM, da cidade de Rosário, algo que vocês podem conferir abaixo:



    Durante a entrevista, Pedro disse que o jovem havia respondido que era de comuna de Arteaga e que, quando o jovem desceu do veículo, assim que fechou a porta, ele sentiu um intenso cheiro de queimado. Uma vez que ele já havia perdido outros veículos, que teriam pegado fogo (ele não especificou os problemas que os veículos tiveram), e considerando que seu veículo era novo, ele resolveu mover o carro cerca de uns dois metros para frente, para colocá-lo em uma posição que não oferecesse risco tanto para ele quanto para os demais motoristas. Assim sendo, ele saiu do carro para verificar se havia algum problema no motor ou algum componente debaixo do capô. Tudo estaria funcionando normalmente. Teria nesse momento, no entanto, que ele percebeu que não havia nenhum sinal do jovem por perto, mas ele não se importou muito com isso.

    O restante é basicamente o que já sabemos, ou seja, posteriormente ele se deparou com o carpete com marcas do calçado utilizado pelo jovem, porém não havia nenhuma marca de pegada nos arredores do veículo, como se ninguém tivesse descido. É importante destacar, que Pedro disse que não sentiu nenhuma energia estranha vinda do rapaz, que era uma pessoa normal, e conversava normalmente.

    Em uma outra entrevista publicada no site Radiocut, Pedro acrescentou que o jovem, quando questionado, teria lhe dito a idade dele, ou seja, 17 anos, e que o tempo entre ele sair do carro, abrir o capô e notar que o jovem não estava por perto teria sido entre 30 a 40 segundos. O radialista questionou diversos pontos da narrativa de Pedro, porém ele alegou que teria parado na terra, ou seja, que o jovem deveria ter deixado marcas ao descer do veículo, e que o local era aberto, algo que permitiria ver uma pessoa a uma longa distância.

    Em uma outra entrevista publicada no site Radiocut, Pedro acrescentou que o jovem teria lhe dito a idade dele, ou seja, 17 anos, e que o tempo entre ele sair do carro, abrir o capô e notar que o jovem não estava por perto teria sido entre 30 a 40 segundos.
    O radialista também questionou se Pedro não teria entrado em pânico, quando sentiu o forte cheiro de queimado no carro, e totalmente apreensivo e com medo do veículo pegar fogo, não teria mais visto ou reparado em mais nada ao seu redor. Por sua vez, Pedro disse que não acreditava muito nesse possibilidade. No mais, Pedro falou basicamente o que já sabemos sobre o caso.

    Já em entrevista a rádio "Filtro Cero", Pedro acrescentou apenas que o jovem, a cerca de 500 metros de distância da encruzilhada, lhe avisou apontando com a mão o local onde queria descer. Fora isso, Pedro disse as mesmas coisas que mencionou em entrevistas anteriores.

    Pedro Peirone Teria Mentido ou Alucinado? Ele Teria Dado Carona para um Suposto Fantasma? Um Demônio? Alguma Entidade Espiritual?


    Sem dúvida alguma, essas são ótimas perguntas. Porém, até o momento, não há muitas respostas concretas. A única coisa que temos certeza é que não havia nenhuma pessoa ou adolescente no ponto, onde Pedro alega ter dado uma carona. Simplesmente, não aparece ninguém na imagem da câmera de segurança de Arteaga. Todo o restante do caso, no entanto, baseia-se tão somente no relato (uma evidência anedótica), que Pedro vem contando desde o dia 26 de fevereiro. Infelizmente, nenhum veículo de imprensa foi atrás do amigo, que Pedro alega ter passado pelo mesmo ponto que ele, segundos depois de ele ter supostamente parado para o tal jovem entrar no carro. Lembrando que Pedro alegou, que seu amigo teria passado buzinando para ele, e percebido que Pedro estava com a porta aberta do veículo, porém não teria avistado nenhuma outra pessoa ao seu lado. Infelizmente, também não há nenhuma câmera de segurança mostrando o carro de Pedro parado à beira da estrada.

    É possível notar também, que a Rota Provincial 92 é uma estrada bem movimentada, e infelizmente não temos nenhuma entrevista ou qualquer tentativa de identificar os veículos que passavam no local naquele momento ou minutos antes. Seria importante saber o que os demais motoristas teriam ou não avistado na estrada naquela manhã. Igualmente importante seria entrevistar comerciantes de Arteaga, próximos a curva de acesso a cidade de San José, para saber se tinham visto algum jovem rapaz naquela manhã com vestimentas semelhantes aquelas usadas em uma escola industrial local. Curiosamente, Pedro, até onde vi e ouvi, não deu nenhuma descrição física do rapaz. Ele não disse se era magro, um pouco mais acima do peso, a cor dos olhos, dos cabelos ou sequer sua altura. Apenas disse que era um rapaz normal. Aliás, geralmente a primeira coisa que alguém pergunta diante dessa situação seria o nome, porém Pedro ignorou completamente isso, alegando que estava com pressa de chegar a Rosário, embora tenha lembrado de perguntar a idade, e seguindo, com base na estimativa do Google Maps, pelo caminho mais longo para chegar ao seu destino final. Outro detalhe, é que a carona teria sido bem curta, cerca de apenas 5 km.

    Em relação as marcas de pegadas, no carpete emborrachado, é possível notar que as mesmas são bem superficiais. Essas marcas já poderiam estar no carpete do veículo, e serem provenientes de alguém cujas solas dos sapatos estivessem muito quentes. Aliás, por falar em veículo, aparentemente a polícia esqueceu de fazer uma perícia no mesmo. Afinal de contas, se uma pessoa de carne e osso realmente entrou no carro (embora a câmera de segurança não tenha apontado isso), teria deixado digitais na porta do veículo (nos puxadores internos e externos, por exemplo). Porém, nada disso foi sequer cogitado, visto que o foco se voltou tão somente ao carpete. Enfim, seria muito importante termos um conjunto bem maior de informações para podermos cruzá-las, e ter uma noção mais próxima da realidade sobre o que aconteceu. Espero, é claro, que as investigações sejam realmente conduzidas de forma séria e profissional, e que o mistério possa ser resolvido. Por enquanto, é difícil saber o que verdadeiramente aconteceu naquela manhã de 26 de fevereiro na Rota Provincial 92. Assim que maiores informações forem divulgadas, manteremos vocês informados tão logo seja possível.

    Até a próxima, AssombradOs!

    Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

    Fontes:
    http://blogs.tn.com.ar/creeroreventar/tag/ruta_92/
    http://cinequo.com/2018/03/02/un-automovilista-dice-haber-llevado-un-fantasma-hasta-un/
    http://montemaizmira.com.ar/nota/1268/caso-peironelas-camaras-de-arteaga-no-captaron-nada
    http://www.corrienteshoy.com/noticias/view/191747
    http://www.diario26.com/248711--fantasma-en-santa-fe-no-se-que-lleve-en-la-camioneta
    http://www.eldiaonline.com/paranormal-investigan-al-pasajero-fantasma-quemo-alfombra-auto/
    http://www.lanueva.com/nota/2018-2-27-20-0-0-denuncio-haber-llevado-a-un-fantasma-que-hacia-dedo
    http://www.perfil.com/sociedad/video-extrano-relato-hizo-dedo-desaprecio-y-derritio-la-alfombra-del-auto.phtml
    http://www.primeraedicion.com.ar/nota/267266/automovilista-dice-haber-llevado-a-un-fantasma-que-hacia-dedo.html
    https://radiocut.fm/audiocut/pedro-peirone-habla-sobre-su-extrano-caso-en-san-jose-de-la-esquina/
    https://rosarionuestro.com/es-claramente-un-fenomeno-parapsicologico/
    https://soundcloud.com/si989rosario/hojaderuta-que-o-quien-subio-en-la-camioneta-de-pedro
    https://www.casildaplus.com/ennoticias/Era-un-fantasma-Se-subio-al-auto-de-un-vecino-bajo-en-el-cementerio-y-desaparecio-20180226-0006.html
    https://www.clarin.com/sociedad/asegura-llevo-fantasma-dedo-ruta-quemo-alfombra-camioneta_0_H1DM-qV_M.html
    https://www.cronica.com.ar/cosa-de-locos/Llevo-en-su-camioneta-a-un-fantasma-hasta-el-cementerio-20180227-0051.html
    https://www.elonce.com/secciones/sociedad/538365-investigan-el-caso-del-quotpasajero-fantasmaquot-que-quemn-alfombra-de-camioneta.htm
    https://www.rosarioplus.com/enlareposera/Extrano-fenomeno-un-joven-desaparecio-en-una-ruta-cerca-de-Rosario-20180226-0028.html
    https://www.youtube.com/watch?v=CnFD0J9du68
    https://www.youtube.com/watch?v=EKehyteCwok
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