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Um "OVNI" Teria Sido Filmado em Plena Luz do Dia, no Céu de Belo Horizonte/MG? Um Outro Caso "Semelhante" Ocorreu em Israel?

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Por Marco Faustino

Depois de duas postagens seguidas sobre assuntos mais complexos de serem escritos e pesquisados, resolvi trazer uma postagem sobre "OVNIs" para vocês. Acredito que a última vez que escrevi especificamente sobre esse tema, tenha sido naquela postagem sobre três casos de supostos "OVNIs" que teriam surgido na Alemanha, Austrália e no Peru. Vale a pena você conferí-la para conhecer os casos e nos dizer se você realmente acredita que os mesmos não tenham nenhuma explicação plausível ou se a mais provável explicação apresentada realmente tem fundamento, e possa finalmente descartar a possibilidade de ser um "objeto voador não identificado" (leia mais: Será Verdade? Conheça a História de Três Casos de Supostos "OVNIs" que Teriam Sido Avistados na Alemanha, na Austrália e no Peru!). Aliás, conforme sempre menciono em minhas postagens sobre esse tema, um "OVNI" não significamente necessariamente que seja algo de cunho extraterrestre, apenas que não seja possível de ser identificado pela pessoa que o avista. O grande problema é justamente esse, visto que qualquer coisa que você veja no céu ou que seja registrado por uma câmera de vídeo ou fotográfica, e você não souber o que é, se torna imediatamente por definição, um "OVNI". Contudo, caso haja alguém que identifique ou mostre a realidade por trás de um determinado avistamento, o mesmo deixa de ser automaticamente um "OVNI". Assim sendo, infelizmente existe uma banalização do termo, e casos mais interessantes ou até mesmo mais credíveis acabam ficando em segundo plano diante da viralização de vídeos manipulados digitalmente, com conteúdo totalmente distorcido etc. Além disso, não são todos os "entusiastas de OVNIs" que combatem esse tipo de atitude, visto que muitos acabam "surfando nessa mesma onda", e acabam lucrando ao disseminar tais vídeos falsos.

Ao procurar por algum caso brasileiro que fosse realmente interessante, e houvesse uma quantidade razoável de informações para poder mostrar para vocês, encontrei um caso de um suposto "OVNI" que teria sido registrado na cidade de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais. Tudo teria acontecido no dia 12 de março desse ano, precisamente as 17h52 (horário inicialmente informado), quando um suposto "OVNI" foi filmado por um senhor chamado Geraldo Antonio Bruzinga, que habitualmente observa o céu diurno e noturno juntamente com sua filha Letícia, com apenas 11 anos de idade, no telhado de sua casa. Teria sido justamente a Letícia a responsável por avistar uma "luz brilhante no céu", que posteriormente veio acompanhada de outra "luz". Assim sendo, Letícia alertou seu pai, que foi rapidamente pegar o telescópio que possuem para filmar o que consideraram como um "objeto voador não identificado". Felizmente, Geraldo logrou-se êxito ao filmar pelo menos um dos objetos. Para complementar essa história, Marco Aurélio Leal, pertencente a G.E.P.U.S (Grupo de Estudos e Pesquisas Ufológicas de Sorocaba) foi pessoalmente conversar com Geraldo juntamente com alguns integrantes do grupo Fotrans (Fórum Permanente para Estudos de Fenômenos Transcendentes de Minas Gerais), de Belo Horizonte. O material teria sido enviado para três especialistas em análises de vídeo, além de especialistas mexicanos, e todos eles não conseguiram identificar o que o suposto "OVNI" poderia ser. Vamos saber mais sobre esse assunto?

Entenda o Caso: O Registro de um Suposto "OVNI" por Parte de um Morador de Belo Horizonte/MG


Todo esse caso começou, quando Geraldo Antonio Bruzinga, morador da cidade de Belo Horizonte/MG, registrou o que ele acreditava ser um "OVNI", que estaria sobrevoando a sua casa, e publicou um vídeo de apenas 44 segundos para mostrá-lo ao mundo, em sua conta no YouTube, no dia 12 de março desse ano Durante a filmagem podemos notar Geraldo dizer que o "objeto" estaria parado há um bom tempo, mas que também havia outro. Não teria dado tempo de registrar nenhuma imagem relacionada ao segundo "objeto".

Então, sem enrolação, confira o vídeo realizado pelo Geraldo:



Um detalhe interessante nesse vídeo é que na parte final é possível notar um pássaro atravessando, sendo que o mesmo, de asas abertas, chegou a ocupar metade de tela. Isso denota claramente que havia um alto grau de ampliação (entenda como "zoom"), e consequentemente isso leva uma acentuada distorção e desfoque na imagem, visto que que o pássaro aparece como sendo um borrão escuro, e sem qualquer definição, exceto seu contorno.

Nos comentários algumas pessoas elogiaram, e outras disseram que já tinham visto algo semelhante. Em um deles o Sr. Geraldo chegou a mencionar que o "objeto" estava na altura da primeira camada de nuvens, e sem a ajuda do telescópio o mesmo parecia tão somente uma estrela (diante dessa altura e com esse tamanho relatado, deveria ser algo bem pequeno mesmo). Além disso, o "objeto" em questão teria ficado "parado" e posteriormente se movimentado para Leste. Já o segundo, aquele que não conseguiu ser filmado, teria "passado direto" e ido para Oeste. O comentário que mais chamou a atenção no entanto foi do G.E.P.U.S (Grupo de Estudos e Pesquisas Ufológicas de Sorocaba), que se mostrou bem interessado no vídeo, e acabou indo conferir o material de perto.

O Vídeo Realizado Pelo G.E.P.U.S Sobre o Suposto "OVNI" de Belo Horizonte/MG


Marco Aurélio Leal, membro fundador e presidente do G.E.P.U.S, em parceria com alguns integrantes do grupo Fotrans (Pérola Campos e Nyra Oliveira) realizaram o registro dos relatos das testemunhas desse caso. Além disso, o vídeo foi enviado para três "especialistas em análises de vídeos": Ricardo Varela (do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Jamil Vilanova (citado como fotógrafo profissional), e Toni Inajar (citado como perito da Polícia Civil do Estado do Paraná). Essas três pessoas teriam analisado o vídeo e não conseguiram identificar o que o "objeto" poderia ser. Até o presente momento, portanto, seria um suposto "OVNI".

A parte mais interessante é que foi realizado um vídeo sobre esse caso. Confira o mesmo abaixo, que foi publicado no canal do Marco Leal, no YouTube, no dia 29 de março, e acompanhe passo a passo o que é mostrado no mesmo:



Inicialmente é informado que a pesquisa de campo foi realizada cerca de cinco dias antes, no dia 24 de março, sendo mostrado justamente o céu acima do telhado, em um giro de 360º, onde o suposto "OVNI" foi filmado pelo Geraldo. Em seguida, o Marco Leal apresenta o Sr. Geraldo e sua filha Letícia. Também é mostrado o equipamento utilizado pelo Geraldo, sendo apontado que ele estaria acostumado a observar o céu.

Inicialmente é informado que a pesquisa de campo foi realizada cerca de cinco dias antes, no dia 24 de março, sendo mostrado justamente o céu acima do telhado, em um giro de 360º, onde o suposto "OVNI" foi filmado pelo Geraldo

Muito simpático, o Sr. Geraldo disse que ele e sua filha estavam naquele local "namorando" o céu, e a Letícia viu uma "estrela" por volta de 17h50 vindo do Norte, na altura das nuvens, e que não dava pra ver outra coisa senão um brilho. Ele estranhou, porque de acordo com ele, não poderia ter uma estrela naquele horário, porém o telescópio não estava posicionado naquele momento. Nisso, o Sr. Geraldo pediu para que sua filha ficasse observando aquele brilho no céu, enquanto ele descia até o quarto para buscar o seu equipamento. Segundo o Sr. Geraldo, o tempo gasto para descer, buscá-lo e montá-lo corretamente girou em torno de 10 minutos.

Letícia, no entanto, percebeu que eram duas luzes no céu. Uma delas foi em direção a oeste, em direção ao pôr do sol, mas não deu para acompanhar, porque o telescópio diante da luz solar inviabilizou o registro. Já a outra luz parou bem acima deles na altura das nuvens, e virou em direção a Leste. Portanto, com a ajuda do telescópio ele conseguiu tirar fotos e realizar aquele vídeo de 44 segundos. Posteriormente, a luz teria saído "andando e andando", desaparecendo muito rapidamente. Resumindo? Logo acima da casa do Geraldo, os objetos tomaram caminhos diferente, por assim dizer: um foi para Leste e outro para Oeste.

Letícia, no entanto, percebeu que eram duas luzes no céu. Uma delas foi em direção a oeste, em direção ao pôr do sol, mas não deu para acompanhar, porque o telescópio diante da luz solar inviabilizou o registro

Resumindo? Logo acima da casa do Geraldo, os objetos tomaram caminhos diferente,
por assim dizer: um foi para Leste e outro para Oeste
Geraldo, ao ser questionado se já tinha avistado algo semelhante, respondeu que sim. Aliás, sem aparentar quaisquer dúvidas, ele disse que já tinha visto diversas vezes. Segundo Geraldo, em tom de brincadeira, esse teria sido o "mais bem feito". Porém, ao ser questionado sobre as características dos supostos "objetos" avistados, ou seja, se eles eram parecidos com o que havia sido gravado, ele respondeu que não, que eram totalmente diferentes. Apesar da confusão entre as declarações fornecidas, Geraldo disse que, daquela maneira, teria sido a única vez.

Em seguida, é entrevistada uma das testemunhas, que no caso era a Letícia, de apenas 11 anos, a filha de Geraldo. Ela explicou que ela e seu pai estavam deitados na lage observando o céu. Nisso, ela observou despretensioamente o céu, a sua direita, e perguntou ao seu pai se o que estava vendo era uma estrela. Geraldo estranhou e foi buscar o telescópio.

Em seguida, é entrevistada uma das testemunhas, que no caso era a Letícia, de apenas 11 anos, a filha de Geraldo. Ela explicou que ela e seu pai estavam deitados na lage observando o céu

Nisso, ela observou despretensioamente o céu, a sua direita, e perguntou ao seu pai se o que estava vendo era uma estrela.
Geraldo estranhou e foi buscar o telescópio
Depois de um tempo, outra "luz" ou "objeto" cruzou em diagonal, em direção ao Sol. Letícia disse que achou tudo aquilo bem interessante, acrescentando que o objeto estava muito alto, parecendo que estava na primeira camada de nuvens. Disse ainda que parecia apenas "um pontinho no papel". Curiosamente, ela disse que só conseguiu avistar o "objeto" devido o brilho do Sol.

Nesse vídeo realizado pelo Marco Leal, a gravação é apontada como se tivesse ocorrido as 17h58 do dia 12 de março desse ano (havendo apenas uma pequena divergência em relação ao horário anteriormente mencionado). Logo em seguida, Marco Leal pede para que o Sr. Geraldo faça uma espécie de reconstituição sobre como ele acoplou o celular na ocular do telescópio. Por sua vez, Geraldo disse que o celular seria um Samsung 15500 (acredito que ele estivesse se referindo ao modelo Samsung Galaxy 5 GT-i5500).

Logo em seguida, Marco Leal pede para que o Sr. Geraldo faça uma espécie de reconstituição
sobre como ele acoplou o celular na ocular do telescópio

Por sua vez, Geraldo disse que o celular seria um Samsung 15500
(acredito que ele estivesse se referindo ao modelo Samsung Galaxy 5 GT-i5500).
Nesse ponto é interessante ressaltar que o celular utilizado por Geraldo é um aparelho bem antigo e simples contando com 512 MB de memória interna (expansível até 16 GB com cartão microSD), resolução de tela de 320 x 240 pixels, 143 PP e 260 mil cores. A câmera é de apenas 2 megapixels e grava com qualidade QVGA (320 x 240 pixels), a apenas 15 fps, possuindo apenas zoom digital. Para vocês terem uma ideia, esse telefone roda o sistema Android 2.2 e foi lançado em agosto de 2010. Simplificando? A qualidade de gravação é bem baixa.

Nesse ponto é interessante ressaltar que o celular utilizado por Geraldo é um aparelho bem antigo e simples contando com 512 MB de memória interna (expansível até 16 GB com cartão microSD), resolução de tela de 320 x 240 pixels, 143 PP e 260 mil cores. A câmera é de apenas 2 megapixels e grava com qualidade QVGA (320 x 240 pixels), a apenas 15 fps, possuindo apenas zoom digital.


No vídeo, Geraldo disse que construiu uma espécie de adaptador de madeira para acoplar a câmera na ocular do telescópio. Ele disse que o celular ficava fixo no mesmo, encaixando certinho, sendo que só havia o "balanço do vento". Ele também disse que dessa forma não era necessário olhar diretamente pelo telescópio, visto que ele ainda contava com a ampliação do celular, algo que "ajudava ainda mais".

No vídeo, Geraldo disse que construiu uma espécie de adaptador de madeira para acoplar a câmera na ocular do telescópio


Ele disse que o celular ficava fixo no mesmo, encaixando certinho, sendo que só havia o "balanço do vento"
Ele também disse que dessa forma não era necessário olhar diretamente pelo telescópio,
visto que ele ainda contava com a ampliação do celular, algo que "ajudava ainda mais".
O próprio Marco Leal admitiu no vídeo que se o Geraldo tivesse uma câmera melhor, ele conseguiria fazer coisas melhores. Marco também questionou a existência de uma generosa tremulação no vídeo, e como resposta, Geraldo disse que o "objeto" estava se movendo (lembrando que inicialmente ele mencionou que fez o registro enquanto o objeto estava parado no céu). Além disso, ele mencionou que possuía problemas motores (nas pernas), e que não conseguia ficar muito tempo parado, razão pela qual dava aquele movimento no telescópio.

Posteriormente, é mencionado que Geraldo enviou o vídeo para "especialistas" no México. Então, aparece o Sr. Geraldo diante de um notebook, dizendo que enviou um vídeo e uma foto para os tais "especialistas", cujos nomes não são mencionados no vídeo (algo que comentarei daqui a pouco). Curiosamente, não houve resposta. Ele ainda disse que teria aparecido um "OVNI" igual em Israel e que teria sido filmado por um militar (algo que também comentarei daqui a pouco). Aparentemente, mesmo sem dar respostas ao Sr. Geraldo, esses "especialistas" teriam usado o vídeo dele para servir de comparativo e fazerem um outro vídeo sobre o assunto.

Posteriormente, é mencionado que Geraldo enviou o vídeo para "especialistas" no México. Então, aparece o Sr. Geraldo diante de um notebook, dizendo que enviou um vídeo e uma foto para os tais "especialistas", cujos nomes não são mencionados no vídeo
Em seguida é repetida a mesma filmagem realizada pelo Geraldo, e vídeo termina exibindo algumas outras fotos tiradas durante o encontro da equipe com a família do Sr. Geraldo, como se fosse um slide. Você pode conferir algumas dessas fotos, logo abaixo:

Foto mostrando o Sr. Geraldo acompanhado de integrantes da Fortrans e sua filha Letícia

Foto mostrando o que aparentemente seria um desenho do que foi avistado naquele dia

Marco Leal ao lado do Sr. Geraldo, e sua filha Letícia
Enfim, chegou então o momento da verificação dos elementos que são mencionados no vídeo, visto que os questionamentos feitos são rasos e as informações se resumem basicamente aos depoimentos de Geraldo e de sua filha, a Letícia, de apenas 11 anos de idade. É justamente sobre isso que vocês vão acompanhar a partir de agora.

Será Mesmo que um "OVNI" foi Registrado em Vídeo e Fotografado por Esse Morador de Belo Horizonte/MG?


Antes de prosseguir é muito importante deixar claro que a intenção não é denegrir ou desqualificar o avistamento do Sr. Geraldo e de sua filha Letícia, mas comentar alguns pontos que simplesmente passaram batidos. Como sempre venho dizendo em postagens semelhantes, quando você simplesmente nega informações ou omite deliberamente, acaba prejudicando uma série de outras pessoas que não possuem dados suficientemente claros para compreender o que está sendo visto. Dito isso, vamos a algumas ponderações sobre essa história.

Primeiramente, temos a questão do relato sobre o avistamento. É possível notar que independente do que fosse, se movia muito lentamente. Afinal de contas, considerando as palavras do Sr. Geraldo, mesmo descendo da laje e subindo novamente com problemas motores, carregando um telescópio de médio porte e, em seguida, instalando-o, ainda deu tempo de registrar imagens. Outro detalhe é uma certa confusão em relação ao que realmente aconteceu naquele dia. Geraldo inicialmente mencionou que fez as imagens enquanto o objeto estava parado, aliás ele mesmo disse isso no vídeo de 44s. Porém, para explicar a grande tremulação presente no vídeo, ele alegou problemas motores e que o objeto estaria se movendo.  Durante o vídeo realizado pelo G.E.P.U.S, ele permaneceu durante diversos minutos em pé, parado, respondendo os questionamentos, mas não é possível perceber nenhum desconforto. Então, porque o vídeo tremia tanto ao longo de meros 44s?

Para complicar a situação, temos apenas essa filmagem. Não temos nenhuma outra visão do céu naquele momento em plano aberto, não foi mostrada a forma como o "objeto" desapareceu no ar etc. Isso sem contar alguns pontos não explorados, como já ter visto algo semelhante, mas de características diferentes, por exemplo.

Primeiramente, temos a questão do relato sobre o avistamento. É possível notar que independente do que fosse, se movia muito lentamente. Afinal de contas, considerando as palavras do Sr. Geraldo, mesmo descendo da laje e subindo novamente com problemas motores, carregando um telescópio de médio porte e, em seguida, instalando-o, ainda deu tempo de registrar imagens
A segunda questão é o equipamento utilizado. Apesar de não ser informado o modelo exato do telescópio e ser admirável que ele tenha um em casa e possa compartilhar isso com sua filha (aliás, quem não gostaria de ter telescópio?), sabemos o modelo do celular. Geraldo se mostrou novamente confuso sobre o modelo, mas ele é o Samsung Galaxy 5 GT-i5500, que possui uma câmera de apenas 2 MP, gravando com qualidade QVGA (320 x 240 pixels), a apenas 15 fps, e tendo apenas zoom digital, o que ele achava ser uma vantagem. Pois bem, agora confira alguns trechos de uma análise sobre esse celular, que foi postada no site meiobit.com, em maio de 2011:
Indo direto ao ponto, a câmera do Galaxy 5 é uma lástima. Tem 2 MP e foco fixo, sem flash ou qualquer outra configuração mais avançada, com exceção de geolocalização e smile shot...
..A câmera ainda grava vídeos, em QVGA a 15 fps. Bem inútil, em outras palavras.
Somente com o vídeo original, era possível notar um grande desfoque e distorção na imagem apresentada. Ao ser mostrada a forma como o vídeo foi gravado, ou seja, ao ser utilizado um celular tão limitado quanto esse, para ser gravado fisicamente o que outro equipamento estava exibindo, torna o registro naturalmente inconclusivo. Como comparativo, se tanta gente alega tirar fotos de fantasmas e até mesmo do "Pé-Grande" usando celulares mais modernos, e ainda assim é julgado como farsa devido a baixa qualidade da imagem, então por qual razão não podemos questionar o que estando vemos nesse caso? "OVNI" não é mais ou menos especial nesse sentido. Agora, será que o Sr. Geraldo teria um resultado melhor com o celular mais moderno. Bem, não necessariamente.

Ao ser mostrada a forma como o vídeo foi gravado, ou seja, ao ser utilizado um celular tão limitado quanto esse, para ser gravado fisicamente o que outro equipamento estava exibindo, torna o registro naturalmente inconclusivo
A terceira questão é que o Geraldo disse que mandou o vídeo para "especialistas mexicanos". Está curioso para saber para onde ele mandou? Pois bem, ele mandou para a equipe do Jaime Maussan. Lembram dele? Aquele senhor simpático e mentiroso, que após a farsa que ele propagou sobre uma suposta fada, que teria sido encontrada à beira de uma rodovia, disse até que mudaria de nome caso o que ele estava apresentando não fosse verdade? Detalhe é que tudo não passava de uma farsa, mas isso era de se esperar (leia mais: Será Mesmo que o "Esqueleto de uma Fada" Foi Encontrado à Beira de uma Rodovia por um Garoto de 13 anos, no México?).

Sinceramente, Maussan é uma das piores coisas que existem em termos de Ufologia no mundo. Praticamente tudo que ele promove é uma farsa ou é totalmente distorcido. Outra farsa famosa dele é a "Criatura de Metepec", que também comentei naquela postagem. Também já fiz uma postagem sobre um caso grotesco sobre fotos de OVNIs em Colima, supostamente tiradas em 1958, que eles divulgaram, incluindo o depoimento de uma testemunha. Eles disseram que eram fotos autênticas, mas não passavam de manipulação digital a partir de imagens de um filme canadense (leia mais: O Caso Sobre as "Fotos de OVNI" que Teriam Sido Tiradas no Ano de 1958 em Colima, no México). Vocês podem conferir uma pequena lista das históricas farsas ou fraudes promovidas por ele e sua equipe através desse endereço (em italiano).

Sinceramente, Maussan é uma das piores coisas que existem em termos de Ufologia no mundo.
Praticamente tudo que ele promove é uma farsa ou é totalmente distorcido
Ironicamente, foi o canal "Tecer Milenio TV", no YouTube, do próprio Jaime Maussan, que divulgou o vídeo do Sr. Geraldo, o comparando com um outro caso que teria ocorrido na cidade de Ramat Gan, em Israel, no fim do mês de janeiro desse ano. O próprio Sr. Geraldo destacou o link na descrição do vídeo de 44s. Vocês podem conferir esse vídeo realizado pelo canal "Tecer Milenio TV" (T3M Notícias), logo abaixo (a partir de 14:28):



No vídeo do canal "Tecer Mileno TV"é mencionado que, no caso de Israel, tinha sido possível ver um "conglomerado de OVNIs", dizendo que aquilo "não era tecnologia humana", e que "os objetos estavam "irradiando energia". Para piorar, foi informado que o avistamento foi feito pela polícia de Israel. Essa última parte talvez seja a mais problemática (se bem que é uma difícil tarefa definir qual é a pior parte dessa história).

O vídeo teoricamente foi gravado por um homem chamado Oren Halivni, que não é militar e nem mesmo policial. Ele publicou o material em sua conta no Facebook, e no YouTube, no dia 29 de janeiro desse ano. Vocês podem conferir esse vídeo logo abaixo:



Lembra que o Sr. Geraldo disse que a gravação tinha sido feita por um militar? Pois bem, infelizmente essa não é a realidade. Além disso, quando foi mencionado pelo "Tecer Milenio TV", que Oren seria um policial, provavelmente a "equipe" se baseou na imagem de capa do seu perfil no Facebook, onde é possível vê-lo apertando a mão de Yohanan Danino, ex-comandante de polícia de Israel, que atuou entre 2011 e 2015. Na legenda dessa mesma foto, publicada em dezembro de 2013, é possível ler a seguinte frase: "O comandante Yohanan Danino cuprimentando o cidadão Oren Halivni". É difícil apontar que qualquer coisa que venha do Jaime Maussan seja sem querer, ou seja, é bem possível que isso tenha sido citado para tentar "aumentar a credibilidade" do registro.

É difícil saber maiores detalhes, mas em nenhuma foto, vídeo ou postagem, Oren denota que seja ou tenha sido um policial ou militar. Aliás, ele aparece como sendo um autônomo, aparentemente um eletricista ou que possua uma empresa no ramo de energia, algo assim. Resumindo? Um cidadão comum, que pegou uma câmera, deu zoom da própria câmera e de forma trêmula (mais uma vez) registrou imagens parecidas com as obtidas pelo Sr. Geraldo.

Além disso, quando foi mencionado pelo "Tecer Milenio TV", que Oren seria um policial, provavelmente a "equipe" se baseou na imagem de capa do seu perfil no Facebook, onde é possível vê-lo apertando a mão de Yohanan Danino, ex-comandante de polícia de Israel, que atuou entre 2011 e 2015
De qualquer forma, a parte dos "especialistas mexicanos"é totalmente dispensável e não acrescenta absolutamente nada ao caso. Já os especialistas brasileiros fazem parte ou prestam consultoria para a revista UFO. Independentemente das qualificações que possuam, é bem complicado analisar e dar alguma certeza diante da qualidade com que isso foi filmado, em razão do tempo de filmagem, e uma série de outros detalhes. Além disso, nenhuma outra pessoa que não esteja envolvida no ramo da Ufologia foi consultada. Nenhum observatório, nenhum astrônomo, nenhum metereologista etc. Sem uma maior gama de análises e opiniões de terceiros, principalmente que não estejam nesse ramo, é difícil ter uma maior base de informações para entendermos o que estamos vendo, não é mesmo?

Em relação ao "objeto" em si, enviei os vídeos para serem assistidos e analisados por algumas pessoas acostumadas a elucidar casos envolvendo supostos avistamentos de OVNIs, porém ainda não obtive respostas. Assim que eu recebê-las, irei publicar uma atualização nessa mesma postagem, combinado? Já no YouTube, um usuário chamado "leo23D" disse que o "objeto" poderia se tratar tão somente de uma nuvem carregada de resíduos cristalizados de substâncias deixadas no ar por aeronaves, dessa forma a mesma acabaria refletindo a luz solar (lembrando que o "objeto" israelense parece mesmo uma pequena nuvem). Quem parecia concordar com isso, em um outro comentário, foi um usuário chamado "Bruno Costa" dizendo que, certa vez, ele viu algo muito parecido, também no período da tarde, e quando o Sol desapareceu ele notou que era apenas uma nuvem (lembrando que a Letícia disse ter visto o objeto tão somente devido a luz do Sol). Bem, não é difícil imaginar algo nesse sentido. Há quem diga também, em outras redes sociais e fóruns de discussão, que poderia ser um mero balão metálico. Enfim, vou aguardar por maiores respostas e quem sabe análises futuras sobre o que poderia seja esse "objeto". O que não podemos fazer nesse momento, é claro, é banalizar o termo "OVNI", mais do que já vem sendo feito ao longo dos últimos anos.

Para finalizar, só temos que agradecer e incentivar o Sr. Geraldo que continue observando o céu, possa adquirir ou montar um equipamento de gravação mais adequado e com maior qualidade em um futuro próximo (até mesmo procurando tutoriais nesse sentido no próprio YouTube), e que continue incentivando a Letícia, visto o Sr. Geraldo não deixa de ser uma inspiração para quem acha que observar o céu é necessário muita coisa. Muitas vezes falta determinação, sendo que isso, com certeza, o Sr. Geraldo e sua filha tem de sobra.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://meiobit.com/85810/analise-samsung-galaxy-5/
https://www.facebook.com/oren.halivni
https://www.facebook.com/oren.halivni/videos/10154972628782692/
https://www.youtube.com/watch?v=-6W9AdexW4o
https://www.youtube.com/watch?v=0M7-uERnVdE
https://www.youtube.com/watch?v=wDBTJUuzmt4
https://www.youtube.com/watch?v=wOk0G9aAc5w

Europa ou Encélado? Um Duelo de Titãs Promovido pela NASA! Qual das Duas Luas Poderia ser Potencialmente Habitável ou Habitada?

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Por Marco Faustino

E aqui estamos, mais um anúncio da NASA! Se não me falha a memória, a última vez que comentei sobre algo assim, foi quando a agência espacial norte-americana divulgou um estudo publicado na revista Nature, um dos periódicos científicos mais renomados do mundo, sobre a descoberta de sete exoplanetas - que nada mais são do que planetas que orbitam uma estrela que não seja o nosso Sol - ao redor de uma estrela anã super fria. Essa estrela está localizada a cerca de 40 anos-luz de distância da Terra, relativamente perto de nós. A princípio, não parece ser muita coisa, não é mesmo? Porém, essa estrela tem aproximadamente o tamanho de Júpiter, e possui menos que a metade de temperatura superficial do nosso Sol (lembrando que a temperatura média da superfície do Sol é de 5.500ºC). Ninguém esperava encontrar nada ou pouquíssima coisa orbitando essa estrela, porém os astrônomos descobriram uma espécie de mini sistema solar composto por esses sete exoplanetas, sendo que os seis mais próximos da estrela possuem tamanhos e massas que são semelhantes à da Terra, além de possivelmente terem estruturas rochosas. É muito importante ressaltar, no entanto, que isso não significa que temos plena e total certeza, que esses sete exoplanetas sejam iguais a Terra, que sejam realmente rochosos, que possuam água em estado líquido ou até mesmo, que possuam qualquer forma de vida em sua superfície (leia mais: O "Grande Anúncio da NASA": A Descoberta de Sete Planetas de Tamanhos Semelhantes à Terra em uma Espécie de Mini Sistema Solar!).

Agora, a NASA convocou uma coletiva de imprensa para detalhar as novas descobertas em relação aos chamados "mundos oceânicos", mais especificamente a lua Europa, de Júpiter, e a lua Encélado, de Saturno, visto que ambas são fortes candidatas para abrigar uma possível vida extraterrestre, ainda que de forma microbiana, em seus respectivos oceanos subsuperficiais. Segundo a NASA, em relação ao nosso Sistema Solar, esses mundos completamente gelados são as melhores chances que temos para respondermos a velha e tão sonhada pergunta: Estamos realmente sozinhos? Não existe nenhuma espécie de vida no Universo, senão no planeta Terra? Por mais que pareça improvável e distante, essas novas descobertas alimentam expectativas não somente sobre essa possível existência de vida, mas sobre o que devemos procurar quando nossos olhos estiverem focados no chamado "Universo observável". De qualquer forma, todo esse questionamento virou um duelo de titãs. Qual planeta teria uma lua potencialmente habitável? Qual delas poderia ser realmente habitada? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Os Rumores que Antecederam a Coletiva de Imprensa Convocada pela NASA: Quais Eram as Principais Apostas?


Nesta quinta-feira (13), a NASA convocou uma coletiva de imprensa, às 15h (horário de Brasília) para discutir os novos resultados sobre "mundos oceânicos" (ou mundos-oceanos, como preferirem). A agência espacial norte-americana afirmou que as novas descobertas seriam provenientes da sonda espacial Cassini e do Telescópio Espacial Hubble.

"Essas novas descobertas ajudarão a fornecer informações para a exploração futura de mundos-oceanos, incluindo a missão da Europa Clipper, que está sendo planejada para ser lançada na década de 2020, e a busca mais ampla pela vida além da Terra", comentou a NASA.

Veja alguns dos nomes que participariam da coletiva de imprensa:
  • Thomas Zurbuchen, administrador associado do Diretório de Ciência do "Quartel-General" da NASA em Washington;
  • Jim Green, diretor da Divisão de Ciência Planetária do "Quartel-General" da NASA;
  • Mary Voytek, astrobióloga sênior do "Quartel-General" da NASA;
  • Linda Spilker, cientista de Projeto da Cassini no JPL (Laboratório de Propulsão a Jato), em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia.
  • Hunter Waite, líder da equipe do Espectrômetro de Massa Neutra e Iônico (INMS), do Instituto de Pesquisa Southwest (SwRI), em San Antonio;
  • Chris Glein, associado da equipe do Cassini INMS no SwRI;
  • William Sparks, astrônomo do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial, em Baltimore.
Nesta quinta-feira (13), a NASA convocou uma coletiva de imprensa, às 15h (horário de Brasília) para discutir os novos resultados sobre "mundos oceânicos" (ou mundos-oceanos, como preferirem). A agência espacial norte-americana afirmou que as novas descobertas são provenientes da sonda Cassini (à esquerda) e do Telescópio Espacial Hubble (à direita)
A coletiva de imprensa seria realizada no Auditório James Webb, no "quartel-general" da NASA, na capital norte-americano, Washington, e incluiria a participação remota de especialistas por todo o país. A equipe incluiria diversos membros da equipe da Cassini, o que levantou a especulação de que o anúncio poderia ser alguma revelação sobre a sexta lua mais próxima de Júpiter, a enigmática Europa ou até mesmo Encélado, a sexta maior lua de Saturno.

Uma vez que Europa pode potencialmente ter mais água líquida do que temos disponível na Terra, algumas pessoas, é claro, especularam que o anúncio poderia estar relacionado a uma evidência de "vida extraterrestre", ainda que microbiológica.

Vale lembrar, por exemplo, que os astrônomos acreditam na existência de um imenso oceano em Europa, que esteja em contato com o manto rochoso, tornando possível uma série de reações químicas nesse sentido. Assim sendo, o anúncio poderia estar relacionado as plumas de água avistadas pelo Telescópio Espacial Hubble, com a ajuda de um espectrógrafo, no ano de 2012.

O anúncio poderia estar relacionado as plumas de água avistadas pelo Telescópio Espacial Hubble, com a ajuda de um espectrógrafo, no ano de 2012. Essa imagem mostra a localização do vapor de água detectado sobre o Polo Sul de Europa, naquele ano.
Concepção artística de uma pluma de vapor d´água sendo ejetado na superfície da gélida lua Europa,
localizada a cerca de 800 milhões de km do Sol
Entretanto, nem todos fizeram essa mesma aposta. Keith Cowing, analista do site "Astrobiology Web" e ex-funcionário da NASA, acreditava que os cientistas tinham descoberto atividade química dentro das fendas hidrotermais de Encélado. Acredita-se que Encélado possa manter condições adequadas para a existência de vida, possuindo atividade hidrotermal e um imenso oceano sob sua crosta gelada.

Entretanto, nem todos fizeram essa mesma aposta. Keith Cowing, analista do site "Astrobiology Web" e ex-funcionário da NASA, acreditava que os cientistas tinham descoberto atividade química dentro das fendas hidrotermais de Encélado
A possível descoberta da atividade química no interior dessas fendas hidrotermais é incrivelmente tentadora para os cientistas, uma vez que parte da comunidade científica acredita que a vida na Terra tenha começado de maneira similar. Confira abaixo o que Keith Cowing escreveu em seu texto intitulado "Hydrothermal Activity in The Seas of Enceladus: Implications For Habitable Zones" ("Atividade Hidrotérmica nos Mares de Encélado: Implicações para Zonas Habitáveis", em português) para o site "Astrobiology Web":

"Na quinta-feira, a NASA vai anunciar a evidência de que a atividade hidrotermal na superfície de um oceano coberto de gelo em Encélado, uma das luas de Saturno, é provavelmente a geração de metano a partir de dióxido de carbono. Esse processo é um indicativo de possíveis zonas habitáveis no interior do oceano de Encélado.

"Na quinta-feira, a NASA vai anunciar a evidência de que a atividade hidrotermal na superfície de um oceano coberto de gelo em Encélado, uma das luas de Saturno, é provavelmente a geração de metano a partir de dióxido de carbono. Esse processo é um indicativo de possíveis zonas habitáveis no interior do oceano de Encélado", disse Keith Cowing.
Porém, antes de continuarmos, vale lembrar que 'habitável' não significa 'habitado'.

A NASA baseia essa determinação na quantidade de hidrogênio nas plumas que emanam do Polo Sul de Encélado. A grande quantidade de hidrogênio é uma forte sugestão de um processo hidroterminal constante, no qual o oceano sob a superfície de Encélado está interagindo com a rocha e compostos orgânicos. A quantidade de hidrogênio presente está em desequilíbrio, isto é, se não houvesse um processo que gerasse constantemente hidrogênio, os níveis observados provavelmente seriam inferiores ao que estão sendo vistos. Algo está 'bombeando' isso para fora.

A lua Encélado é conhecida por ter um oceano sob a sua superfície gelada. A pequena lua constantemente pulveriza o conteúdo do seu oceano para o espaço a partir de fendas no Polo Sul, uma região apelidada de 'listras de tigre' devido a sua aparência. A sonda espacial Cassini sobrevoou diversas vezes essas plumas e coletou amostras de suas composições. Com base nesses estudos sobre as plumas foi previamente determinado que o oceano de Encélado interage com um fundo rochoso.


Encélado é conhecida por ter um oceano sob a sua superfície gelada. A pequena lua constantemente pulveriza o conteúdo do seu oceano para o espaço a partir de fendas no Polo Sul, uma região apelidada de "listras de tigre" (na imagem) devido a sua aparência.
Durante o último e mais próximo sobrevoo (cerca de 49 km de distância) da sonda Cassini em Encélado, em 28 de outubro de 2015, o Espectrômetro de Massa Neutra e Iônico (INMS) foi configurado para melhor compreender a quantidade de hidrogênio nas plumas. Uma quantidade significativa foi encontrada. Alguma coisa está criando esse hidrogênio. O mecanismo exato desse processo não é conhecido, mas a atividade hidrotermal é altamente suspeita.

Fendas hidrotermais foram encontradas em muitos locais na Terra, onde a água superaquecida das profundezas do planeta atinge o oceano. Devido as temperaturas e pressão desses respiradouros, algumas reações químicas interessantes ocorrem. Muitos astrobiologistas sugeriram que essas fontes hidrotermais podem ser onde a vida originou-se em nosso planeta. A evidência fóssil desses respiradouros hidrotermais fornecem algum crédito a essa teoria.

Concepção artística mostrando o sobrevoo da sonda Cassini sobre as fendas hidrotermais no Polo Sul de Encélado
Curiosamente, assim como existem muitos mecanismos que poderiam estar acontecendo em Encélado, que envolvem geoquímica (isto é, sem a existência de vida), existem alguns mecanismos possíveis que poderiam ser sugestivos de processos biológicos. Há formas de vida na Terra que usam hidrogênio para produzir metano e dióxido de carbono em um processo conhecido como metanogênese [CO2 + 4H2 -> CH4 + 2H20]. Assim sendo, se condições semelhantes existem em Encélado, surge a questão da habitabilidade. Porém, novamente, isso poderia ser apenas um processo químico que acontece sem qualquer processo vivente envolvido.

Em nosso planeta, esses respiradouros hidrotermais frequentemente hospedam ecologias complexas com alguns microorganismos que derivam energia diretamente da química mineralógica que circunda esses respiradouros em vez de obter energia do Sol. Por sua vez, formas de vida maiores alimentam-se desses microrganismos e podem surgir comunidades inteiras. Diferentemente das interações ecológicas que estamos acostumados a ver na superfície da Terra, onde a vida depende diretamente da luz do Sol, essas comunidades hidrotermais profundas são capazes de prosperar sem qualquer energia do Sol. Existem também sistemas hidrotermais que atuam próximo ou até mesmo na superfície da Terra, que também abrigam formas de vida que dependem de processos químicos, em vez da luz solar como fonte de energia.

Fendas hidrotermais foram encontradas em muitos locais na Terra, onde a água superaquecida das profundezas do planeta atinge o oceano. Devido as temperaturas e pressão desses respiradouros, algumas reações químicas interessantes ocorrem.
A vida na Terra pode prosperar em locais excepcionalmente quentes, cáusticos e remotos, que nunca consideraríamos habitáveis. Chamamos essas formas de vida de 'extremófilos'. Contudo, para essas formas de vida, isso não é algo realmente extremo. É normal. Então, será que existe algum tipo de processo químico mineral único agindo em Encélado, nas fendas hidrotermais, ou há um processo biológico envolvido? Será que são ambos os casos? Essa pesquisa da equipe da Cassini não responde diretamente a essa pergunta. Porém, algo está claramente acontecendo nas profundezas dos mares de Encélado.  

A NASA não encontrou vida em Encélado, e nem mesmo encontrou evidência indireta de vida em Encélado. O que a Cassini pode ter encontrado é a evidência de que pode haver locais em Encélado que são semelhantes aos lugares na Terra onde conhecemos que existe vida. Tudo o que foi encontrado são possíveis semelhanças.

Tendo dito isso, as ramificações vão muito além de Encélado. Outra lua de Saturno, a Mimas, pode ter um oceano subsuperficial. Há muito interesse em Europa, lua de Júpiter, que também é conhecida por ter um oceano subsuperficial e plumas de água. Há também evidências de que as luas jovianas próximas, Ganimedes e Calisto, também tenham oceanos subsuperficiais. Ceres e Plutão podem ter oceanos também.


Tendo dito isso, as ramificações vão muito além de Encélado.
Outra lua de Saturno, a Mimas (na imagem), pode ter um oceano subsuperficial
Há também evidências de que as luas jovianas próximas,
Ganimedes (imagem superior) e Calisto (imagem inferior), também tenham oceanos subsuperficiais
Novamente, 'habitável' não significa 'habitado'. Porém, quanto mais mundos nós descobrimos ser potencialmente habitáveis, maiores são as chances de que possamos encontrar mundos que sejam realmente habitados. Considerando que o número de mundos gelados dentro do nosso Sistema Solar com oceanos subsuperficiais conhecidos ou suspeitos continua aumentando, pode-se pensar que as probabilidades estão ficando cada vez melhores."

Agora, será que alguém acertou na previsão sobre o que seria anunciado na coletiva de imprensa da NASA? É justamente isso que vocês vão descobrir a partir de agora!

Conheça o Tão Aguardado Anúncio da NASA! Quem Realmente Acertou em Suas Previsões? Poderíamos ter Descoberto Alguma Evidência de Vida Extraterrestre?


Bem, não importa quem apostou em Encélado ou Europa. Aparentemente, ambos se deram muito bem dessa vez, visto que o anúncio da NASA teve relação com essas duas luas. Para tentarmos entender um pouco melhor essa questão, vamos começar com o comunicado de imprensa da NASA sobre o assunto, que foi publicado poucos minutos após a transmissão ao vivo ter iniciado.

De acordo com o comunicado de imprensa, duas missões veteranas da NASA estão fornecendo novos detalhes sobre as luas geladas e oceânicas de Júpiter e Saturno, aumentando ainda mais o interesse científico sobre as mesmas e de outros "mundos oceânicos" em nosso Sistema Solar e além dele. As descobertas foram apresentadas em artigos publicados nessa quinta-feira por pesquisadores da missão Cassini da NASA, em relação a Saturno (Encélado), e do Telescópio Espacial Hubble, em relação a Júpiter (Europa). Nos artigos, os cientistas da Cassini anunciaram que uma forma de energia química, na qual a vida pode se alimentar, aparentemente existe em Encélado, sendo que os pesquisadores do Hubble relataram evidências adicionais de plumas emergindo de Europa.

Essa ilustração mostra o "mergulho" da sonda espacial Cassini através da pluma de Encélado, em 2015.
"Isso é o mais próximo que chegamos, pelo menos até o presente momento, em relação a identificação de um local com alguns dos ingredientes necessários para um ambiente habitável", disse Thomas Zurbuchen, administrador associado do Diretório de Ciência do "Quartel-General" da NASA em Washington.

"Esses resultados demonstram a natureza interconectada das missões científicas da NASA, que estão nos aproximando de responder se estamos realmente sozinhos ou não", completou.

Imagem térmica da região apelidada de "listras de tigre" no Polo Sul de Encélado
O artigo dos pesquisadores da missão Cassini, publicado na revista Science, indicou que o gás hidrogênio, que potencialmente poderia fornecer uma fonte de energia química para a vida, está sendo propagado no oceano subsuperficial de Encélado, através de uma atividade hidrotermal no leito oceânico. A ampla presença de hidrogênio no oceano de Encélado significa que os micróbios - caso existam - poderiam utilizá-lo para obter energia, combinando o hidrogênio com o dióxido de carbono dissolvido na água. Essa reação química é conhecida como "metanogênese", porque produz metano como um subproduto, estando assim na raiz da árvore da vida na Terra, e podendo ter sido crítica para a origem da vida em nosso pleneta.

A vida tal como a conhecemos, requer três ingredientes primários: água líquida; uma fonte de energia para o metabolismo; e os ingredientes químicos corretos, principalmente carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre. Com essa descoberta, a Cassini mostrou que Encélado, uma pequena e gélida lua, tem quase todos esses ingredientes para essa habitalidade. A Cassini ainda não apontou para a existência de fósforo e enxofre no oceano, mas os cientistas suspeitam que eles estejam presentes, uma vez que se acredita que o núcleo rochoso de Encélado seja quimicamente semelhante aos meteoritos que contêm esses dois elementos.

Imagem obtida da transmissão ao vivo da NASA mostrando uma simulação da sonda espacial Cassini
sobrevoando um dos polos de Encélado, através de suas plumas.

O artigo dos pesquisadores da missão Cassini, publicado na revista Science, indicou que o gás hidrogênio, que potencialmente poderia fornecer uma fonte de energia química para a vida, está sendo propagado no oceano subsuperficial de Encélado, através de uma atividade hidrotermal no leito oceânico
 "A confirmação de que a energia química para a vida existe dentro do oceano de uma pequena lua de Saturno é um marco importante na nossa busca de mundos habitáveis além da Terra", disse Linda Spilker, cientista de Projeto da Cassini no JPL (Laboratório de Propulsão a Jato), em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia.

A sonda espacial Cassini detectou o hidrogênio na pluma de gás, e material gelado pulverizado a partir de Encélado durante o último e mais próximo sobrevoo (cerca de 49 km de distância), em 28 de outubro de 2015. A Cassini também coletou amostras durante esse sobrevoo. A  partir dessas observações, os cientistas determinaram que quase 98% do gás da pluma é água, cerca de 1% é hidrogênio e o restante é uma mistura de outras moléculas, incluindo dióxido de carbono, metano e amônia.

A vida tal como a conhecemos, requer três ingredientes primários: água líquida; uma fonte de energia para o metabolismo; e os ingredientes químicos corretos, principalmente carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre. Com essa descoberta, a Cassini mostrou que Encélado, uma pequena e gélida lua, tem quase todos esses ingredientes para essa habitalidade.
A medição foi realizada pelo Espectrômetro de Massa Neutra e Iônico (INMS), que originalmente foi projetado para detectar elementos da atmosfera da lua Titã, de Saturno. Após a surpreendente descoberta de uma enorme pluma de gelo em 2005, emanando das fissuras aquecidas do Polo Sul, os cientistas voltaram seus detectores para Encélado. Infelizmente, a Cassini não foi projetada para detectar sinais de vida na pluma de Encélado. Na verdade, os cientistas sequer tinham conhecimento dessa pluma até que a sonda espacial chegasse até Saturno.

"Embora não possamos detectar a vida, descobrimos que há uma fonte de alimento para isso, seria como uma loja de doces para micróbios", disse Hunter Waite, autor principal do artigo envolvendo a sonda espacial Cassini.

Esse gráfico ilustra a forma como os cientistas da sonda espacial Cassini acreditam que a água interage com a rocha no fundo do oceano da lua gelada de Saturno, Encélado, produzindo hidrogênio.

As novas descobertas são uma linha independente de evidências de que a atividade hidrotermal está ocorrendo no oceano de Encélado. Os resultados anteriores, publicados em março de 2015, sugeriram que a água quente está interagindo com a rocha sob o mar. Os novos resultados apoiam essa conclusão e acrescentam, que a rocha parece estar reagindo quimicamente para produzir o hidrogênio.

Já o artigo que detalha as descobertas do Telescópio Espacial Hubble, publicadas no periódico "The Astrophysical Journal Letters", relata as observações de Europa, em 2016, nas quais uma provável pluma foi vista emergindo a partir da superfície da lua, na mesma localização onde o Hubble já tinha visto em 2014. Essas imagens reforçam a evidência de que as plumas de Europa podem ser um fenômeno real, acontecendo intermitentemente em uma mesma região da lua.

A nova pluma surgiu a cerca de 100 quilômetros acima da superfície de Europa, enquanto que a observada em 2014 foi estimada em 50 quilômetros de altura. Ambas correspondem à localização de uma região excepcionalmente quente, que contém características que parecem ser rachaduras na crosta gelada da lua, vistas no fim da década de 1990 pela sonda espacial Galileu da NASA. Os pesquisadores especulam que, assim como ocorre em Encélado, isso poderia ser evidência de água emergindo do interior da lua.

Possíveis plumas foram detectadas pelo Telescópio Espacial Hubble em 2014 e posteriormente em 2016
"As plumas de Encélado estão associadas a regiões mais quentes, de modo que, após o Hubble ter visualizado essa nova característica de pluma em Europa, examinamos essa localização no mapa térmico da Galileu. Descobrimos que a candidata a pluma em Europa estava sobre a mesma anomalia térmica", disse William Sparks, astrônomo do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial, em Baltimore.

Os pesquisadores disseram que, se as plumas e a região quente estiverem interligadas, isso pode significar que a água expelida através da crosta gelada da lua está aquecendo a superfície circundante. Outra hipótese é que a água ejetada pela pluma caia sobre a superfície como uma névoa fina, alterando a estrutura dos grãos de superfície, e permitindo-lhes reter mais calor do que o ambiente ao seu redor.

Os pesquisadores disseram que, se as plumas e a região quente estiverem interligadas, isso pode significar que a água expelida através da crosta gelada da lua está aquecendo a superfície circundante
Tanto nas observações de 2014 quanto em 2016, a equipe usou o Espectrógrafo de Imagem do Telescópio Espacial Hubble (STIS) para detectar as plumas na luz ultravioleta. Conforme Europa passa em frente a Júpiter, quaisquer características atmosféricas ao redor das extremidades da lua acabam ofuscando uma certa quantidade de luz de Júpiter, permitindo que o STIS observe tais as características em sua silhueta. William Sparks e sua equipe continuam utilizando o Hubble para monitorar Europa e observar novas plumas e suas respectivas frequências.

A região destacada em verde evidencia as plumas que o Hubble observou em Europa (à esquerda). Essa mesma área corresponde a uma "região quente" na superfície de Europa observada pela sonda espacial Galileu (à direita).
A exploração futura da NASA em relação aos mundos oceânicos é possível devido ao monitoramento do Hubble em relação a Europa e da investigação a longo prazo da sonda espacial Cassini em relação a Encélado. Ambas as investigações, no entanto, estão formando as bases para a missão da Europa Clipper da NASA, no qual está planejada para ser lançada na década de 2020.

"Se houver plumas em Europa, assim como nós suspeitamos fortemente, com a Europa Clipper estaremos prontos para elas", disse Jim Green, diretor da Divisão de Ciência Planetária do "Quartel-General" da NASA.

Alguns Pontos Importantes que Você Precisa Saber e que Foram Discutidos na Coletiva de Imprensa Convocada Pela NASA! Qual Lua é Mais Promissora? Europa ou Encélado?


A maioria dos sites internacionais de notícias e inclusive muitos sites brasileiros, provavelmente vão replicar a mesma informação e dizer que a NASA "afirmou" que Encélado tem plenas condições de abrigar vida extraterrestre, e que talvez esse seja a melhor escolha a ser feita em termos de exploração espacial. Para ser bem sincero, no início da coletiva, Encélado soava como uma grande surpresa, talvez a maior delas diante dos dois anúncios que tinham para ser feitos. A NASA até criou um modelo para explicar o funcionamento das plumas dessa emblemática lua de Saturno. Porém, essa empolgação praticamente para por aí, e vou explicar o porquê. Das duas luas, Encélado e Europa, a mais provável de existir vida, ainda que microbiana, seria Europa. A razão disso? Um dos principais fatores para a existência de vida: o tempo.

Recentemente, alguns cientistas começaram a suspeitar que a Encélado possa ser relativamente "nova", com cerca de 100 milhões de anos. Ela teria nascido do colapso de um antigo sistema de satélites de Saturno, e o mesmo processo, coincidentemente, teria dado origem aos famosos anéis do planeta. Caso isso se confirme futuramente, talvez não tenha havido tempo suficiente para a vida se desenvolver por lá. Entenderam o esquema? Por outro lado, Encélado preenche os três requisitos básicos de habitabilidade: água líquida (os pesquisadores estimam que o oceano seja um pouco mais alcalino que os nosso, com pH entre 9 e 11, em contraste com pH 8 da Terra), compostos orgânicos (um exemplo disso seria o metano) e uma fonte de energia (uma atividade hidrotermal produzindo hidrogênio a partir da água). Confira também um vídeo publicado no canal "Space Videos", no YouTube, sobre esses mundos oceânicos (em inglês, mas vale a pena ser visto):



Encélado, no entanto, apesar desse imenso contraste de opiniões, terá que esperar. A Cassini, além de não estar equipada para estudar moléculas orgânicas complexas, está chegando ao fim de sua vida útil, e mergulhará no planeta gasoso no dia 15 de setembro desse ano. Assim sendo, a mais promissora acabou sendo Europa, uma enigmática lua Júpiter, que não fica muito atrás. Estima-se que Europa seja tão antiga quanto ao nosso planeta, ou seja, muito mais tempo que Encélado teria para começar a desenvolver vida. De qualquer forma, caso os cientistas estejam certos ao pressupor que o surgimento da vida dependa apenas de condições similares às que reinavam no fundo dos oceanos da Terra há 4 bilhões de anos, tanto Europa quanto Encélado são ótimas apostas para a busca por sinais de vida extraterrestre em nosso Sistema Solar. Não sabemos o que vamos encontrar, mas será que ainda teremos fichas para apostar até lá? Enfim, confira agora alguns pontos interessantes a serem mencionados dessa coletiva de imprensa:
  • Inicialmente foi mencionado que a Cassini conseguiu detectar hidrogênio molecular no Polo Sul de Encélado, e que isso teria consequências muito importantes;
  • A estratégia da NASA para descobrir vida extraterrestre é entender como a vida funciona na Terra, ou seja, basicamente, a atividade hidrotermal no leito dos nossos oceanos. Isso seria uma espécie de novo entendimento sobre a existência de vida em mundos oceânicos;
  • Tudo teria começado com a sonda espacial Galileu, que gerou uma espécie de assinatura magnética sobre Europa indicando o que seria uma corrente oceânica sob a crosta gelada. Posteriormente, a Cassini também observou isso em Encélado. Basicamente, a capa de gelo protege Encélado, assim como a nossa atmosfera faz pelo nosso planeta, ou seja, é importante entender o que acontece dentro desses oceanos, visto que Encélado e Europa são bem similares de muitas formas;
  • A Cassini vem orbitando Saturno por quase 13 anos, sendo que a detecção de hidrogênio na pluma de Encélado possivelmente veio de uma fonte hidrotermal no interior da lua. O hidrogênio poderia ser uma fonte de alimento para micróbios (uma energia química, sem depender da luz do Sol). Além disso, Encélado teria quase todos os ingredientes para abrigar vida: dióxido de carbono, metano, amônia e agora, o hidrogênio;
  • O hidrogênio seria produzido no leito rochoso de Encélado, algo semelhante ao que acontece na Terra. Um dos pesquisadores chegou a dizer que, de acordo com os dados, ele era "encorajado a pensar" que poderia haver até "camarões" em Encélado, porém a questão básica era se Encélado conseguiu ter tempo suficiente para gerar vida;
  • Já o Telescópio Hubble vem observando a lua Europa, de Júpiter, por muitos anos. Existe uma forte coincidência entre imagens térmicas de Europa e Encélado, ou seja, ambas estariam associada com fontes de calor. Essa anomalia poderia estar vindo de dentro de ambas as luas ou a partir da superfície, porém, nesse último caso, isso mudaria as características térmicas da superfície;
  • Segundo um dos pesquisadores, a vida seria completamente diferente da nossa nesses mundos oceânicos. Além disso, devido a uma série de fatores, a superfície de Europa se moveria cerca de 30 metros para cima a cada 2 ou 3 dias, e isso poderia ser "parecido com nossas placas tectônicas". Qual a importância disso? Bem, sabemos que o movimento das placas tectônicas é importante na renovação de elementos do núcleo do nosso planeta para a superfície, portanto, uma espécie de "capa tectônica de gelo" poderia ser essencial para garantir a sobreviência e evolução da vida em mundos oceânicos;
  • Por fim, é difícil estimar qual das luas teria mais probablidade de abrigar vida, mas talvez Europa estivesse um pouco a frente, por ser mais antiga.
Na prática e de forma bem simplificada, Encélado praticamente ganhou, mas não levou. Ainda teremos que esperar para saber se Encélado abriga ou não vida extraterrestre, se vale ou não apenas investigar mais a fundo dependendo do que for encontrado em Europa ou se essa pequena lua de Saturno irá nos apresentar mais evidências que nos faça urgentemente planejar uma missão até a mesma para ver o que encontramos em seu mundo gelado. De qualquer forma, em termos de mundos gelados e com oceanos subsuperficiais, Europa continua sendo a melhor aposta. Resta apenas sabermos o que vamos encontrar, se é que vamos encontrar algo.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino
Revisão: Mônica Leão

Fontes:
http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/04/13/deteccao-de-hidrogenio-indica-que-lua-encelado-tem-ambiente-favoravel-a-microbios-diz-nasa/
http://astrobiology.com/2017/04/hydrothermal-activity-in-the-seas-of-enceladus-implications-for-habitable-zones.html
http://edition.cnn.com/2017/04/13/us/nasa-europa-enceladus-ocean-worlds-announcement-trnd/
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-4399300/NASA-reveal-new-results-ocean-worlds.html
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-4404840/Nasa-uncovers-alien-habitat-one-Saturn-s-moons.html
http://www.popularmechanics.com/space/solar-system/news/a26044/cassini-evidence-hydrothermal-vents-enceladus/
http://www.spaceref.com/calendar/calendar.html?pid=9444
http://www.theverge.com/2017/4/13/15270854/nasa-enceladus-ocean-hydrothermal-vents-alien-life-conditions-cassini-saturn
https://www.nasa.gov/press-release/nasa-missions-provide-new-insights-into-ocean-worlds-in-our-solar-system

Conheça o Cemitério Okunoin: O Maior Cemitério do Japão! Um Local Repleto de Crenças e que Abriga as Almas de 200.000 Monges!

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Por Marco Faustino

Para muitas pessoas o cemitério é um lugar triste, sombrio e amedrontador. Algumas dessas pessoas têm razão em dizer isso devido ao estado de conservação, que muitos deles se encontram. Em maio do ano passado, por exemplo, fiz uma postagem sobre o estado que se encontrava o "Cementerio General del Sur" ("Cemitério Geral do Sul", em português), localizado na Região Metropolitana de Caracas, na Venezuela, onde nem mesmo os mortos conseguem descansar em paz. Criminosos bêbados circulavam (e com certeza ainda devem circular) pelos corredores do cemitério, tanto a pé, quanto de moto, praticando todo o tipo de crime: assaltos, sequestros, estupros, assassinatos etc. Além disso, as ossadas de entes queridos, de quaisquer pessoas, são roubadas e utilizadas em plena luz do dia por praticantes de "seitas satânicas", em rituais um tanto quanto obscuros. Quando isso não acontece, os ossos são vendidos para as mais diversas finalidades, alimentando financeiramente as organizações criminosas, que controlam inúmeras favelas ao redor do cemitério. Aquele não era um caso onde fantasmas ou espíritos poderiam assombrar um cemitério, mas sim de um medo real, um que se esconde atrás de cada sepultura ou imagem sacra de um dos maiores e mais antigos cemitérios da Venezuela, e com certeza um dos mais perigosos do mundo. É uma matéria que vale muito a pena que você leia, uma vez que mostra exatamente um lado humano pouco comentado (leia mais: A Triste Situação do "Cemitério Geral do Sul" na Venezuela: Um Lugar Onde Nem Mesmo os Mortos Descansam em Paz).

Agora, e se eu contar para vocês que existe um lugar bem especial no mundo, um cemitério onde a paz, a tranquilidade e o bem-estar simplesmente reinam em meio aos mortos? Um local que, segundo a tradição local, não existe morte, apenas uma longa fila de espera de almas aguardando pela chegada de Maitreya, chamado popularmente de "Buda do Futuro" (também chamado de "Miroku Bosatsu", o Salvador). No Extremo Oriente, a chegada do Maitreya está associada ao início de uma nova era, na qual o mundo será transformado em um paraíso, onde os bons e os maus serão julgados. Acredite, esse local existe e chama-se "Okunoin", o maior cemitério do Japão. Um lugar repleto de histórias, crenças e que abriga as almas de 200.000 monges! Esse cemitério fica localizado em Monte Koya (também conhecido como Koyasan), basicamente na sede do Budismo Shingon, que por sua vez é uma das maiores escolas budistas japonesas, sendo um dos ramos do budismo Vajrayana juntamente com o budismo tibetano, e popularmente chamado de "budismo esotérico japonês". Aliás a palavra "shingon"é a leitura japonesa dos kanji para a palavra chinesa "zhen yan", literalmente significando "palavra verdadeira", que por sua vez é a tradução chinesa da palavra sânscrita "mantra".

Situado a 800 metros de altura em meio à floresta do monte Kii, que também abriga a rota de Kumano Kodo (uma espécie de "Caminho de Santiago", no Japão), Monte Koya é um lugar no qual o ritmo de vida é marcado pelas orações dos monges. Fundado no ano de 816 pelo monge budista Kukai (também conhecido como Kobo Daishi), Monte Koya foi construído como um local de retiro e treinamento, no qual os monges poderiam meditar longe das distrações da então capital, Kyoto. Após mais de 1.200 anos, cerca de 117 templos ainda estão em funcionamento (sendo que é possível pernoitar em 52 deles), atraindo 15 milhões de visitantes anualmente. Assim sendo vamos contar para vocês um pouco sobre o Monte Koya e, em seguida vamos abordar as histórias e crenças do Cemitério Okunoin! Vamos saber mais sobre esse assunto?

Conheça um Pouco Sobre "Monte Koya" (Koyasan), Localizado na Prefeitura de Wakayama, ao Sul de Osaka


Para vocês terem uma ideia da importância de Monte Koya, a localidade foi declarada como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em 2014, algo que acabou impulsionando substancialmente o turismo na região. Pessoas de todas as partes do Japão e do mundo viajam durante horas para chegar à paisagem natural distante dos sofisticados trens-bala japoneses.

Um dos aspectos mais atraentes dessa localidade, além das rotas de caminhada, é pernoitar em um dos 52 tempos budistas - dos 117 que seguem em funcionamento - que oferecem essa possibilidade (esses templos que oferecem hospedagem são conhecidos como "shukubo"). Eles abriram suas portas aos peregrinos há um bom tempo, uma vez que não existia outro local para que eles se hospedassem na região. Desde então permanecem à disposição de devotos e curiosos, que acordam e vão dormir com mantras budistas, compartilham com os monges seus mantimentos, compostos em sua maioria por verduras e produtos da terra fértil, além de um excelente tofu de gergelim. Curiosamente, em alguns templos é permitido até mesmo ingerir bebidas alcóolicas.


Mapa turístico do vilarejo de Monte Koya onde é possível notar a demarcação de alguns templos onde é possível pernoitar, assim como alguns outros elementos, como estacionamentos, delegacia de polícia, centros de informação e finalmente o Cemitério Okunoin
Embora a maior parte dos turistas que viajam até Monte Koya seja japonesa (cerca 218.352 visitantes pernoitaram na região, em 2014), os estrangeiros são cada vez mais comuns em Monte Koya. Segundo as estatísticas do governo de Wakayama, cerca de 54.511 turistas estrangeiros se hospedaram na localidade em 2014, algo que representava um aumento de 5,2% em relação ao ano anterior.

Em entrevista publicada no site da revista Época, no ano de 2015, Yoshinobu Nisaka, governador de Wakayama, disse que o crescimento foi motivado em grande parte "pela forte ajuda da internet na divulgação de Monte Koya". De acordo com o governador, a grande diferença entre a localidade e outras cidades turísticas do Japão é que em Monte Koya as pessoas precisam andar para aproveitar cada um dos cantos, ou seja, um local de retiro, treinamento, meditação e paz. Confira também um vídeo, publicado naquele mesmo ano, mostrando inúmeras imagens desse vilarejo, através de um canal de terceiros, no YouTube (o vídeo conta com um fundo musical):



Conforme dissemos anteriormente, o vilarejo de Monte Koya foi fundado no ano de 816 pelo monge budista Kukai (também conhecido como Kobo Daishi), para que os monges pudessem meditar longe das distrações da então capital, Kyoto. Uma das estruturas mais icônicas do local é uma pagoda vermelha de 48,5 metros de altura, erguida como símbolo do centro principal de treinamento dos monges.

No interior do templo encontra-se um enorme Buda Vairocana dourado, rodeado de outras imagens e flores. Foi nesta figura que Kukai baseou a doutrina esotérica que trouxe da China. Aliás, era justamente nesse templo principal onde morava originalmente o herdeiro de Kukai. Em seu interior encontra-se o maior jardim de rochas do Japão, chamado de Banryutei, com 2.349 m².

Uma das estruturas mais icônicas do local é uma pagoda vermelha de 48,5 metros de altura,
erguida como símbolo do centro principal de treinamento dos monges.
Em seu interior encontra-se o maior jardim de rochas do Japão, chamado de Banryutei, com 2.349 m²
Vale ressaltar nesse ponto que "pagoda"é um termo que se refere a um tipo de torre com múltiplas beiradas, comum na China, no Japão, na Coreia do Norte, na Coreia do Sul, no Nepal e em outras partes da Ásia. Em muitos contextos, é usado como sinônimo de estupa. Muitas das pagodas foram construídas para fins religiosos, geralmente budistas, por isso localizavam-se dentro ou próximas a templos.

Além disso pagodas costumam atrair raios devido à altura. Essa tendência fez com que as pessoas vissem as pagodas como lugares carregados espiritualmente. Muitos delas têm uma antena no topo, conhecida como "finial", que tem valor simbólico dentro do budismo: por exemplo, ela pode conter formas representando um lótus. O finial também funciona como um para-raios, protegendo a pagoda de danos que os raios possam causar.

Vale ressaltar nesse ponto que "pagoda"é um termo que se refere a um tipo de torre com múltiplas beiradas, comum na China, no Japão, na Coreia do Norte, na Coreia do Sul, no Nepal e em outras partes da Ásia. Muitas das pagodas foram construídas para fins religiosos, geralmente budistas, por isso localizavam-se dentro ou próximas a templos.
Ao buscar mais informações sobre Monte Koya descobri que no ano passado, uma equipe de brasileiros do site "Chicken or Pasta?", um site dedicado a viagens, estilos de vida, gastronomia, artes, cultura, música e diversão, foi visitar Monte Koya e pernoitou em um templo budista. Essa equipe também deu uma passada no Cemitério Okunoin (algo que comentaremos na segunda parte dessa postagem). Assim sendo, achei interessante compartilhar um pouco da experiência deles com vocês. Irei escrever apenas um resumo aqui para não nos alongarmos muito, e também para evitar de copiar deliberamente um material que não é meu. Contudo, vocês podem conferir o artigo completo, intitulado "Dormindo com os monges num templo budista", no site do "Chicken or Pasta?", combinado?

No texto é mencionado que Monte Koya possui uma população de apenas 3.000 habitantes, a maior parte monges, que têm permissão para se casar, ter filhos e até comer carne, mas por lá a prática mesmo é o vegetarianismo. Durante a visita, a equipe do "Chicken or Pasta?" ficou hospedada no Kumagaiji, um templo de arquitetura clássica japonesa construído no ano 837. Os sapatos não passam da entrada. Lá dentro, é permitido andar apenas com os chinelos fornecidos pelo próprio templo ou então com os pés descalços.

Durante a visita, a equipe do "Chicken or Pasta?" ficou hospedada no Kumagaiji,
um templo de arquitetura clássica japonesa construído no ano 837 (foto: site "Chicken or Pasta?")
Dentro do templo Kumagaiji é permitido andar apenas com os chinelos fornecidos pelo próprio templo
ou então com os pés descalços (foto: site "Chicken or Pasta?")
Kumagaiji é dividido em duas partes: a de hospedagem e o templo propriamente dito. Havia uma grande casa, onde ficavam os quartos espalhados em dois andares. No local havia uma sala de convivência, banheiros, chuveiros e os onsen (uma espécie de casa de banho).

Kumagaiji também contava com uma pequena loja de itens relacionados ao Budismo e ao templo e, para aqueles que não desgrudam da internet, Wi-fi! Além disso tudo, Kumagaiji também tinha um belíssimo e pequeno lago cheio de carpas e, finalmente, o templo onde são realizadas as cerimônias.

Entrada do templo Kumagaiji (foto: site "Chicken or Pasta?")
Entrada do jardim do templo Kumagaiji (foto: site "Chicken or Pasta?")
A cozinha é vegetariana, saborosa e servida simpaticamente pelos monges. São eles também que arrumam as camas, um futon fininho (uma espécie de cama tipicamente japonesa) com travesseiros que possuem prenchimento de sementes, que são colocados no meio do tatame. Também são fornecidas toalhas e um kimono para cada pessoa.

A equipe se surpreendeu com a qualidade, além da quantidade. Arroz, muito tofu, legumes, algas, tortinhas e a adaptação ocidental era um avocado com queijo. Para acompanhar, o habitual chá quente. E, claro, come-se ajoelhado no tatame com os pratos servidos em pequenas bandejas numa mesa bem baixa. Curiosamente, muitos pratos servidos em Kumagaiji tiveram que ser adaptados para agradar melhor os turistas, visto que muitas vezes eles voltavam intocados para a cozinha, algo que deixava os monges tristes.

De acordo com a equipe, a pernoite no Kumagaiji custou cerca de US$ 100 (aproximadamente R$ 320 pela cotação atual) incluindo jantar e café da manhã, porém esse valor varia consideravelmente de acordo com o templo que a pessoa desejar se hospedar. A maneira mais fácil para fazer a reserva em um desses templos é via Japanican ou então consultar o site oficial do vilarejo.

Detalhe da porcelada no qual a comida é servida no templo Kumagaiji (foto: site "Chicken or Pasta?")
A equipe se surpreendeu com a qualidade, além da quantidade. Arroz, muito tofu, legumes, algas, tortinhas e a adaptação ocidental era um avocado com queijo. Para acompanhar, o habitual chá quente. E, claro, come-se ajoelhado no tatame com os pratos servidos em pequenas bandejas numa mesa bem baixa (foto: site "Chicken or Pasta?")
Já em relação ao vilarejo em si, foi mencionado que existe apenas uma rua principal cheia de templos, mausoléus, santuários, mas também algumas lojas de souvenirs, cafés e alguns poucos restaurantes. O vilarejo abriga construções que chegam a ter quase 1.000 anos, mas muitos lugares foram reconstruídos, já que a maioria é de madeira e muitos foram destruídos ou queimados diversas vezes.

Já em relação ao vilarejo em si, foi mencionado que existe apenas uma rua principal cheia de templos, mausoléus, santuários, mas também algumas lojas de souvenirs, cafés e alguns poucos restaurantes
O vilarejo abriga construções que chegam a ter quase 1.000 anos, mas muitos lugares foram reconstruídos, já que a maioria é de madeira e muitos foram destruídos ou queimados diversas vezes
Um dos templos localizado na principal rua de Monte Koya (foto: site "Chicken or Pasta?")
"Danjo Garan-on" foi o primeiro complexo de templos construído por Kobo Daishi. Atualmente conta com cerca de 20 templos e construções, incluindo a magnífica pagoda vermelha "Konpon Daito" de 45 metros de altura que, originalmente foi construída antes do ano 1.000, mas foi reconstruída várias vezes. A última reconstrução foi feita em 1932.

Quem quiser mergulhar mais a fundo na história de Monte Koya, deve visitar o Museu Reihokan, que preserva a religião e os tesouros locais. São 3 exposições, sendo duas temporárias e uma permanente com diversas estátuas, mandalas, ferramentas religiosas, pinturas e um livro que descreve a "Imagem da Reclinação do Buda Sakyamuni em seu Último Dia". Os mais dispostos podem dedicar um dia de trekking em uma parte da trilha da Kokechi, rota que faz parte da Kumano Kodo (trilha de caminhada de peregrinos, irmã japonesa do Caminho de Santiago). A caminhada, no entanto, não é recomendada para iniciantes. Também há na cidade aulas de yoga e meditação em inglês. Os anúncios podem ser vistos espalhados por todo vilarejo.

O Cemitério Okunoin: O Maior Cemitério do Japão!


De acordo com a superstição da escola budista Shingon, não há mortos em Okunoin, mas apenas espíritos em "estado de espera". Conforme a história é contada, certo dia, "Kukai" (774-835), mais conhecido no Japão sob o nome de "Kobo Daishi", fundador da comunidade religiosa do Monte Koya, entrou em meditação aguardando a chegada de Maitreya, o "Buda do Futuro" (também chamado de "Bosatsu Miroku", o Salvador).

Da mesma forma as "almas em trânsito" descansando nos túmulos ou de quem os cabelos ou cinzas foram colocados por seus entes queridos em frente ao Mausoléu Kukai também aguardam por esse dia. Até que esse dia chegue, que para muitos é visto como um "profecia apocalíptica", o número de túmulos em Okunoin continua aumentando, e já conta com mais de 200.000.

Mapa turístico mostrando alguns templos e principais túmulos do Cemitério Okunoin
Ao cruzar a ponte "Ichinohashi", a tradicional entrada de Okunoin, é como cruzar uma ponte entre dois mundos. Antes de entrar no entanto, os visitantes devem juntar as mãos e se curvar para mostrar seu respeito a Kukai. Do outro lado, a atmosfera é diferente, o ar é sagrado. Os cedros vertiginosos escondem o céu e o fim do caminho pavimentado construído através da floresta. Os estilos presentes nos memoriais são bem variados, mas os cenotáfios (memorial fúnebre erguido para homenagear alguma pessoa ou grupo de pessoas cujos restos mortais estão em outro local ou estão em local desconhecido) são uma atração à parte.

Ao cruzar a ponte "Ichinohashi", a tradicional entrada de Okunoin, é como cruzar uma ponte entre dois mundos. Antes de entrar no entanto, os visitantes devem juntar as mãos e se curvar para mostrar seu respeito a Kukai
Para vocês terem uma ideia, existe um memorial no formato de um foguete, um memorial em homenagem as vítimas da bomba de Hiroshima e Nagasaki, da Batalha de Bornéu, entre outros. Existem também alguns bem curiosos, como um memorial dedicado aos funcionários da multinacional do ramo automobilístico Nissan, e até mesmo de uma companhia de pesticidas, que certa vez resolveu adicionar um momento em homenagem a todos os cupins, que eles mataram em razão de seus produtos.

Para vocês terem uma ideia, existe um memorial no formato de um foguete (na foto), um memorial em homenagem as vítimas da bomba de Hiroshima e Nagasaki, da Batalha de Bornéu, entre outros.
Existem também alguns bem curiosos, como um memorial dedicado aos funcionários
da multinacional do ramo automobilístico Nissan...
...e até mesmo de uma companhia de pesticidas, que certa vez resolveu adicionar um momento em homenagem a todos os cupins que eles mataram em razão de seus produtos.
Deixando de lado o caminho principal e se aventurando entre os túmulos esquecidos com pedras erodidas ou cobertas de musgo, é possível notar que, pouco a pouco, a natureza tenta retomar aquilo que é dela por direito.

Por outro lado, a entrada secundária do cemitério, localizada em frente ao ponto de ônibus, leva aos túmulos mais recentemente construídos com granito refinado, como se estivessem envernizadis, artificiais, tirando toda a individualidade de seus residentes eternos. Outro sinal de modernidade é que as oferendas mudaram, e as latas de refrigerante se juntaram ao incenso e sutras (palavras atribuídas ao Buda ou aos seus discípulos imediatos).

Os cedros vertiginosos escondem o céu e o fim do caminho pavimentado construído através da floresta
Deixando de lado o caminho principal e se aventurando entre túmulos esquecidos com pedras erodidas ou cobertas de musgo, é possível notar que, pouco a pouco, a natureza tenta retomar aquilo que é dela por direito
Os estilos presentes nos memoriais são bem variados, mas os cenotáfios (memorial fúnebre erguido para homenagear alguma pessoa ou grupo de pessoas cujos restos mortais estão em outro local ou estão em local desconhecido) são uma atração à parte
Ao longo do caminho principal, não é possível deixar de notar alguns "acessórios" colocados em estátuas de Budas, que muitas vezes possuem uma espécie de babador vermelho. São oferendas que as mães deixam para proteger seus filhos nesse mundo ou para lhes trazer sorte na vida após a morte (iremos entrar em maiores detalhes sobre isso daqui a pouco).

Ao longo do caminho principal, não é possível deixar de notar alguns "acessórios" colocados em estátuas de Budas, que muitas vezes possuem uma espécie de babador vermelho
Seguindo o caminho em direção ao Norte, após atravessar uma determinada ponte, se alcança a terceira e última ponte, a "Gobyonohashi", que anuncia a passagem para um nível mais intenso e sagrado do que o anterior. A passarela, na qual as 36 tábuas estão esculpidas com divindades budistas, é considerada como tal. Mais um vez é necessário juntar as mãos e se curvar para mostrar seu respeito a Kukai.

Seguindo o caminho em direção ao Norte, após atravessar uma determinada ponte, se alcança a terceira e última ponte, a "Gobyonohashi" (na foto), que anuncia a passagem para um nível mais intenso e sagrado do que o anterior
Aliás, essa área requer o máximo de respeito possível. Um pouco mais à esquerda, existe uma cabana de madeira, que abriga a pedra Miroku, que, quando levantada, pesa os pecados da pessoa. Através de pequenas lacunas nas paredes, é possível acessar a pedra, sendo que é costume tentar levantá-la com uma mão para colocar no alto de uma espécie de prateleira. Vocês podem conferir como os turistas se espremem para ter essa experiência, através de um vídeo publicado em um canal de terceiros, no YouTube:



Acredita-se que a pedra aparente ser mais leve para as pessoas boas e mais pesadas para as pessoas más, e que ela pode fornecer uma conexão com o Miroku Bosatsu.

Um pouco mais à esquerda, existe uma cabana de madeira (na foto), que abriga a pedra Miroku, que, quando levantada, pesa os pecados da pessoa. Através de pequenas lacunas nas paredes, é possível acessar a pedra, sendo que é costume tentar levantá-la com uma mão para colocar no alto de uma espécie de prateleira
Acima de tudo, Okunoin é um lugar da contemplação. No entanto, existe um único túmulo, que é inacessível aos meros mortais: o mausoléu Kobo Daishi (o local também é conhecido como "Gobyo").  De qualquer forma, os monges acreditam que ele não está morto, tão somente meditando sem dar um único suspiro. Todos os dias, refeições são depositadas na porta em apoio ao seu esforço, enquanto monges e leigos refletem em silêncio e recitam sutras em voz baixa. Todo mundo é livre para venerar Kobo Daishi, mas seja o que for que realmente estiver acontecendo em seu interior, as portas permanecem fechadas.

Dia e noite, enfrentando nuvens de mosquitos no verão ou dias sombrios de neblina, os visitantes reúnem-se a qualquer tempo em Okunoin, especialmente durante o Obon (um festival japonês em homenagem aos mortos e os espíritos dos ancestrais, algo equivalente ao que conhecemos como Finados, mas que ocorre no 15º dia do sétimo mês lunar, ou seja, essa data pode variar de ano para ano, mas geralmente ocorre por volta do dia 15 de julho ou agosto, visto que depende da região do Japão em que é comemorado).

Dia e noite, enfrentando nuvens de mosquitos no verão ou dias sombrios de neblina, os visitantes reúnem-se a qualquer tempo em Okunoin, especialmente durante o Obon (um festival japonês em homenagem aos mortos e os espíritos dos ancestrais, algo equivalente ao que conhecemos como Finados, mas que ocorre no 15º dia do sétimo mês lunar, ou seja, essa data pode variar de ano para ano)
Um dia não é suficiente para entender a dimensão de Okunoin, e muitas vidas seriam necessárias para descobrir todos os seus segredos. Apesar disso, estranhamente para um cemitério, dizem que sua tranquilidade acalma as almas. Provavelmente porque, impassível em seu retiro, Kobo Daishi. está cuidando delas.

Ainda no interior do cemitério é possível encontrar o chamado "Torodo Hall" (Salão das Lanternas). É o principal local de Okunoin destinado a veneração de Kobo Daishi, e que foi construído em frente ao mausoléu. Dentro do salão existem mais de 10.000 lanternas, que foram doados por adoradores e são mantidas eternamente acessas. Também é possível encontrar 50.000 estátuas minúsculas que foram doadas ao cemitério Okunoin por ocasião do 1150º aniversário da entrada de Kobo Daishi, em meditação, no ano de 1984.

Ainda no interior do cemitério é possível encontrar o chamado "Torodo Hall" (Salão das Lanternas). É o principal local de Okunoin destinado a veneração de Kobo Daishi, e que foi construído em frente ao mausoléu
Dentro do salão existem mais de 10.000 lanternas, que foram doados por adoradores e são mantidas eternamente acessas
Alguns guias turísticos sugerem visitar o cemitério de Okunoin à noite. Uma visita noturna realmente proporciona uma atmosfera especial, que é bem diferente de uma visita diurna, porém é importante notar que algumas partes do caminho são mal iluminadas. É possível aventurar-se por todo o caminho até mausoléu durante a noite, mas nem o Torodo Hall e nem mesmo quaisquer outros salões ou instalações ficam abertas. Nesse sentido, vocês podem conferir um vídeo publicado em um canal de terceiros,no YouTube, logo abaixo, que retrata como é passear pelo Cemitério Okunoin, durante a noite:



Durante a visita a Okunoin, equipe do site "Chicken or Pasta?" percorreu os cerca de 2 km da trilha pavimentada que leva até o mausoléu de Kobo Daishi durante a noite. Eles contaram que existe diariamente um passeio noturno guiado para quem quiser entender mais a história do cemitério, mas que eles acabaram não fazendo. Para entrar também é necessário lavar previamente as mãos.

Durante a visita a Okunoin, equipe do site "Chicken or Pasta?" percorreu os cerca de 2 km da trilha pavimentada que leva até o mausoléu de Kobo Daishi durante a noite (foto: site "Chicken or Pasta?")
Para entrar no Cemitério Okunoin também é necessário lavar as mãos (foto: site "Chicken or Pasta?")
Entretanto, talvez o que mais chame a atenção em Okunoin sejam as estátuas "Jizos" ou "Jizo Bosatsu". Nesse ponto é interessante ressaltar, que em muitos cemitérios japoneses, incluindo o cemitério Okunoin, existem estátuas de tamanhos variados, que se destacam por seus babadores e gorros vermelhos. Misturadas entre as lápides cinzentas e estupas, algumas destas figuras têm as bochechas rosadas, sendo possível notar o uso de "batom vermelho" nos lábios.

Misturadas entre as lápides cinzentas e estupas, algumas destas figuras têm as bochechas rosadas,
sendo possível notar o uso de "batom vermelho" nos lábios
Esses ícones lúdicos e pungentes são os "Jizos" ou "Jizo Bosatsu", em alusão a uma divindade do budismo, que tem sido parte da cultura japonesa durante séculos. Tal como acontece com muitas divindades em panteões asiáticos, "Jizo Bosatsu" desempenha diversas "tarefas": A figura pode ser masculina ou feminina, sendo um guardião de viajantes e almas perdidas. Contudo, é o papel como protetor das crianças - especialmente de crianças que não tiveram a chance de nascer, morreram durante o parte, pouco após o mesmo ou que morreram quando eram bem novinhas - que explica o vestido espirituoso, uma adaptação moderna de Jizo, que é própria do budismo japonês.

Os visitantes do cemitério adornam as figuras em Okunoin com oferendas, assim como os monges que cuidam do mesmo. Porém, os presentes e adornos mais pungentes vêm dos pais, seja diante do luto em perder um(a) filho(a), seja em agradecimento por uma jovem vida que foi salva. Gorros e lenços são adicionados para proteger a divindade dos elementos, sendo que os babadores simbolizam a proteção das crianças por parte de Jizo.

Os visitantes do cemitério adornam as figuras em Okunoin com oferendas,
assim como os monges que cuidam do mesmo
Gorros e lenços são adicionados para proteger a divindade dos elementos,
sendo que os babadores simbolizam a proteção das crianças por parte de Jizo
A história de Jizo tem origem em conto do século XIV chamado "Sai no Kawara" ("leito do rio do mundo inferior", em português), um lugar muito parecido com o rio Styx na mitologia grega, ou até mesmo o purgatório na tradição cristã. Segundo a lenda, as crianças que são abortadas, nascem mortas ou morrem antes de seus pais, entram em um limbo, uma espécie de inferno, nas margens de um rio rochoso. Nesse local elas são forçadas a construir torres de pedras para reparar o pecado de causar tal sofrimento, e para ajudar a aumentar o mérito de seus pais no além. Os demônios aparecem todas as noites e destroem as torres, forçando as crianças a reconstruí-las constantemente. Jizo é o único Bosatsu, que recusou a iluminação para prover uma escapatória dessa inglória tarefa, escondendo crianças nas mangas de seu roupão, e levando-as ao equivalente budista do paraíso, um dever que ele prometeu cumprir infinitamente.

Embora muitas colorações sejam encontradas nos adornos dos Jizos, o tom mais comum é o vermelho, a cor da tradição mitológica japonesa, que muitas vezes pode ser rastreada até a antiga prática de repelir demônios. Ao longo do tempo, o vermelho passou a representar tanto a morte quanto a vida, assim como visto nos símbolos japoneses dos portões torii dos santuários xintoístas ao Sol Nascente da bandeira nacional.

Embora muitas colorações sejam encontradas nos adornos dos Jizos, o tom mais comum é o vermelho, a cor da tradição mitológica japonesa, que muitas vezes pode ser rastreada até a antiga prática de repelir demônios
Uma adaptação mais contemporânea do Jizo surgiu, quando a figura veio ocupar lugar de destaque em relação ao Mizuko-Kuyo, ou o "serviço memorial para um feto", como uma maneira de ritualizar o sofrimento do aborto espontâneo, do aborto propriamente dito ou do nascimento de uma criança morta. A realização dessas cerimônias se expandiu nos últimos anos, uma vez que é uma maneira de aliviar a dor dos pais e de lamento diante dessa perda singular. Isso é algo realizado por todo o Japão, e aos poucos está espalhando pelo Ocidente, conforme as tradições do budismo japonês são propagadas.

Uma adaptação mais contemporânea do Jizo surgiu, quando a figura veio ocupar lugar de destaque em relação ao Mizuko-Kuyo, ou o "serviço memorial para um feto", como uma maneira de ritualizar o sofrimento do aborto espontâneo, do aborto propriamente dito ou do nascimento de uma criança morta.
Em Okunoin, também há uma grande pirâmide inteiramente composta de pequenas estátuas Jizo, semelhantes a crianças. É um "muenzuka" ("Monte dos Anônimos", em português), uma pilha para os espíritos que não têm família ou alguém para cuidar pessoalmente de seus túmulos.

Em Okunoin, também há uma grande pirâmide inteiramente composta de pequenas estátuas Jizo. É um "muenzuka" ("Monte dos Anônimos", em português), uma pilha para os espíritos que não têm família ou alguém para cuidar pessoalmente de seus túmulos
A estrutura não é tão antiga, possui apenas 30 ou 40 anos, mas é possível ver as fileiras inferiores, adornadas com babadores vermelhos, subindo cada vez mais conforme o tempo passa. Uma maneira visualmente poderosa de lembrar e horar aqueles que partiram ou foram esquecidos de alguma outra forma.

Como Chegar ao Monte Koya (Koyasan) para Conhecer o Vilarejo e o Cemitério Okunoin?


Chegar em Monte Koya (Koyasan) é relativamente simples, porém pode se tornar uma odisseia dependendo da região do Japão onde a pessoa more e principalmente seja um turista de primeira viagem. De qualquer forma, a melhor opção é conseguir chegar até a cidade de Osaka, a partir da estação Namba, de onde saem trens da Nankai diretamente para a estação Gokurakubashi, na cidade de Koya. Essa é uma estação ferroviária essencial, e que serve como porta de entrada para o vilarejo em questão.

De qualquer forma, a melhor opção é conseguir chegar até a cidade de Osaka, a partir da estação Namba, de onde saem trens da Nankai diretamente para a estação Gokurakubashi, na cidade de Koya (foto: site "Chicken or Pasta?")
Ao contrário do que aparece no mapa, o percurso entre a estação Namba e Gokurakubashi é feito em aproximadamente 2h ao viajar através de um trem expresso da Nankai, ao custo de ¥2.800 (aproximadamente R$ 80) por pessoa. Esse valor inclui a passagem de ida e volta, funicular (uma espécie de teleférico) e utilização de ônibus no vilarejo por cerca de 24h
A estação de Gokurakubashi serve como porta de entrada para o vilarejo de Monte Koya
O percurso entre a estação Namba e Gokurakubashi é feito em aproximadamente 2h ao viajar através de um trem expresso da Nankai, ao custo de ¥2.800 (aproximadamente R$ 80) por pessoa. Esse valor inclui a passagem de ida e volta, funicular (uma espécie de teleférico) e utilização de ônibus no vilarejo por cerca de 24h. 

Chegando na estação de Gokurakubashi é necessário pegar o tal funicular que leva a pessoa até a estação ferroviária do vilarejo de Monte Koya. Esse trajeto é feito em torno de apenas 5 minutos.

Chegando na estação de Gokurakubashi é necessário pegar o tal funicular,
que leva a pessoa até a estação ferroviária do vilarejo de Monte Koya
Esse trajeto é feito em torno de apenas 5 minutos
Foto da estação ferroviária do vilarejo de Monte Koya
Chegando na estação ferroviária do vilarejo de Monte Koya é necessário pegar um ônibus até Senjuinbashi, a região central da cidade, um trajeto que demora entre 10 a 11 minutos. De lá, você pode se encaminhar para o templo que desejar ou aproveitar os outros encantos que o vilarejo tem para oferecer.

Chegando na estação ferroviária do vilarejo de Monte Koya
é necessário pegar um ônibus até Senjuinbashi, a região central da cidade...
...um trajeto que demora entre 10 a 11 minutos
Bem, esperamos que vocês tenham gostado de conhecer mais esse pedacinho do Japão e principalmente sobre o seu maior cemitério que, ao contrário da primeira imagem que nos vem a cabeça, é um lugar de tranquilidade, serenidade e acolhimento. Com certeza é um lugar que vale a pena ser visitado durante pelo menos um dia, visto que não tenho dúvidas que será uma experiência intensa e inesquecível para qualquer pessoa e enriquecedora não somente culturalmente, mas espirtualmente falando. Acreditar ou não no que é proposto pela Escola Shingon se torna praticamente secundário diante de um reduto de paz, um dos poucos que ainda verdadeiramente temos no mundo.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://epocanegocios.globo.com/Vida/noticia/2015/12/monte-koya-um-destino-turistico-e-de-peregrinacao-que-completa-1200-anos.html
http://www.amusingplanet.com/2016/03/japans-largest-cemetery-okunoin-with.html
http://www.atlasobscura.com/articles/jizo-cemetery-statues
http://www.atlasobscura.com/places/okunoin-cemetery
http://www.bbc.com/travel/story/20160308-an-eerie-night-with-200000-dead-monks
http://www.howto-osaka.com/en/traffic/station/koyasan.html
http://www.japan-guide.com/e/e4901.html
http://www.nankaikoya.jp/en/stations/koyasan.html
http://www.thewholeworldisaplayground.com/visit-okunoin-cemetery-mount-koya-japan/
https://bugfox.net/fun/2007/11/24/koya-san-the-okunoin-cemetery/
https://chickenorpasta.com.br/2016/dormindo-com-os-monges-num-templo-budista
https://kencantravel.wordpress.com/tag/okunoin/
https://troutfactory.wordpress.com/2006/06/24/koya-san-vi-okunoin/
https://www.japan-experience.com/city-koyasan/okunoin
https://www.japan-rail-pass.com/japan-by-rail/itineraries/mount-koya
https://www.japanhoppers.com/pt/kansai/koyasan/kanko/1076/
https://www.travelyesplease.com/travel-blog-okunoin-cemetery-koyasan/

Sereias: Lenda, Fotos, Vídeos, Relatos e Análises. Será que elas existem?

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Ser fantástico, meio mulher, meio peixe, fascina os homens com seu canto, levando-os a morte. Vamos ver alguns relatos de avistamentos, fotos e vídeos. Analisaremos, e então responderemos se elas existem...

Fala Assombrados! Chegou a hora de falarmos sobre sereias, aquele ser mitológico que é metade mulher metade peixe. As sereias ganharam destaque novamente com o lançamento da novela da Globo "A Força do Querer", onde a personagem Ritinha, vivida por Isis Valverde trabalha como sereia no aquário de Belém do Pará. Nesta postagem vou falar um pouco da mitologia, características, da Iara, a sereia Brasileira e vou mostrar fotos e filmagens de supostas sereias ao redor do mundo. É claro que vou falar do polêmico documentário Sereias exibido no Discovery Channel e por fim explicar algumas coisas. 

Sereias: Mitologia Grega

Assombrados, as sereias foram descritas por diversos povos ao redor do mundo, como os japoneses, assírios, franceses, africanos entre outros.  vamos conhecer a lenda da sereia, mas para ficar mais interessante, tente visualizar tudo que vou descrever agora:

Imagine você navegando pelo mar aberto, com a imensidão azul a sua frente. Então começa a ouvir uma música maravilhosa, uma melodia incrível, que chama instantaneamente a sua atenção. Olha a sua volta e procura de onde ela vem e observa uma ilha no horizonte. Você navega em direção a ilha. Sua mente em êxtase nessa música. Conforme se aproxima, aquela ilha e canto tornam-se mais fortes e você de tão enfeitiçado, não vê uma enorme rocha e se choca contra ela. Seu navio começa a afundar, mas antes de submergir, consegue observar quem está cantando aquela música: uma bela mulher, que da cintura para baixo é um peixe, e a observa, até sua vista ser encoberta pela água e você ser levado pela morte. Pronto, pode voltar para o mundo real.

Essa é a lenda das sereias, filhas do rio Aqueloo e da musa Terpsícore, e que habitavam uma ilha do Mediterrâneo, em algum lugar do Mar Tirreno, cercada de rochas e recifes ou nos rochedos entre a ilha de Capri e a costa da Itália. Os marinheiros que passavam por lá eram enfeitiçados com seus cantos, e morriam.

Na Grécia, as sereias eram mulheres que ofenderam a deusa Afrodite e foram viver numa ilha isolada. Se assemelham às harpias, mas possuem penas negras, uma linda voz e uma beleza única.

A mais antiga referência as sereias está no livro Odisséia, de Homero, que conta a história de Ulisses que era rei da ilha de Ítaca e se juntou a outros gregos na guerra contra Troia, mas depois que eles vencem a guerra, Ulisses e seus homens acabaram passando incríveis aventuras tentando voltar pra casa navegando pelo Mediterrâneo. Cada capítulo da Odisséia, narra uma situação que Ulisses enfrentou, até finalmente conseguir voltar pra casa, para seu reino e para sua esposa Penélope.

O capitulo XII narra que Ulisses e seus homens nesta jornada tentando voltar pra casa, iriam navegar próximos a ilha de Capri, uma ilha rochosa cheia de sereias. Ulisses sabe que as sereias tem um poder de encanto sobre os homens e eles iriam acabar jogando o navio contra as pedras, e todos morreriam. A saída de Ulisses foi colocar uma cera que tapou os ouvidos dos marinheiros enquanto passavam nos arredores da ilha. Contudo Ulisses não colocou nenhuma tapagem no seu próprio ouvido, todavia ele pediu para ser amarrado no mastro da embarcação, e deu ordens que só fosse desatado quando tivessem concluído a passassem por aquela ilha.O texto disse que enquanto passavam próximos a ilha, Ulisses ouviu as Sereias e gritava desesperadamente para ser desamarrado, mas seu homens não o ouviam, assim como também não ouviam as sereias que encantavam Ulisses. Assim Ulisses foi capaz de ouvir o canto da sereia e sobreviver.

Ulisses amarrado para escapar das sereias


Características das Sereias:

- As sereias são seres aquáticos com a cabeça e o torso de uma mulher e a cauda de um peixe. Uma curiosidade é que na mitologia grega era um ser que continha o corpo de um pássaro e a delicadeza de uma mulher. Ao longo do tempo, transfiguram-se na Idade Média em mulheres metade peixe
- Sereia modernas estão sendo representadas com caudas de golfinho
- São dotadas de uma grande beleza
- Cantam com tanta doçura que atraem os tripulantes dos navios que passam por elas, fazendo os navios colidiram com os rochedos e afundarem
- Seus únicos apetrechos são pentes e espelhos
- Supõe-se que podem causar e acalmar tempestades à vontade e que, como a Esfinge, elas podem levar homens a armadilhas com questões e enigmas.
- Segundo a lenda, o único jeito de derrotar uma sereia, seria cantar melhor do que ela.

Sereia é um ser metade mulher, metade peixe, que encanta os homens com seu canto.


Iara, a Sereia Brasileira

Iara ou Uiara (do tupi y-îara, "senhora das águas") ou Mãe-d'água, segundo o folclore brasileiro, é uma linda sereia que vive no rio Amazonas, sua pele é parda, possui cabelos longos e verdes, e olhos castanhos.

Lendas são histórias contadas de geração para geração verbalmente, e, comumente, sofrem variações.

Em uma delas, cronistas dos séculos XVI e XVII registraram que, no princípio, o personagem era masculino e chamava-se Ipupiara, homem-peixe que devorava pescadores e os levava para o fundo do rio. No século XVIII, Ipupiara vira a sedutora sereia Uiara ou Iara. Pescadores de toda parte do Brasil, de água doce ou salgada, contam histórias de moços que cederam aos encantos da bela Iara e terminaram afogados de paixão. Ela deixa sua casa no leito das águas no fim da tarde. Surge sedutora à flor das águas: metade mulher, metade peixe, cabelos longos enfeitados de flores vermelhas. Por vezes, ela assume a forma humana e sai em busca de vítimas.

O Brasil tem a sua própria sereia, a Iara. Pescadores de toda parte do Brasil, de água doce ou salgada, contam histórias de moços que cederam aos encantos da bela Iara e terminaram afogados de paixão. Ela deixa sua casa no leito das águas no fim da tarde. Surge sedutora à flor das águas: metade mulher, metade peixe, cabelos longos enfeitados de flores vermelhas. Por vezes, ela assume a forma humana e sai em busca de vítimas.


A Sereia de Fiji

O site As Sereias contou tão bem essa história que reproduzo abaixo um trecho para vocês:

"Em meados de julho de 1842, um jovem cavalheiro com o nome Dr. J. Griffin, um membro do Liceu Britânico de História Natural, chegou a Nova York com uma curiosidade notável: uma sereia de verdade supostamente capturada perto das ilhas Fiji no Sul do Pacífico. A imprensa estava esperando por ele, pois durante todo o verão eles estiveram recebendo cartas do médico descrevendo sua sereia. Ao chegar no hotel, os repórteres estavam esperando-o, pedindo para ver a sereia. A contragosto, o homem mostrou a criatura, que convenceu a todos com a sua “autenticidade”.

Logo depois, o empresário P.T. Barnum visitou os principais jornais da cidade, onde explicou que estava tentando convencer o Dr.Griffin para exibir sua sereia em seu museu. Infelizmente, o médico não estava disposto a fazê-lo. Barnum ofereceu aos jornais o uso de uma xilogravura de uma bela e seminua sereia. Os jornais, cada um pensando que tinha o desenho exclusivo, aceitaram a oferta e no domingo 17 de Julho de 1843, xilogravuras de sereias apareceram em todos os jornais. Simultaneamente, Barnum distribuiu dez mil cópias de um panfleto sobre sereias por todas a cidade.

Com toda essa publicidade, a curiosidade para ver a sereia de Fiji (ou Feejee) foi o tema principal das conversas de toda a cidade. Todos queriam ver por si mesmos. Então Dr.Griffin concordou em exibí-la durante uma semana no Concert Hall, na Broadway. Enormes multidões apareceram na exposição, e Dr.Griffin deu paletras para multidões sobre suas experiência como explorador, contando também suas teorias da história natural. Essas eram um tanto peculiares. Por exemplo, seu principal argumento era  de que as sereias deveriam ser reais uma vez que todas as coisas na Terra também existiam no oceano – como cavalos marinhos, leões marinhos, cães marinhos, etc. Desse modo, deveríamos assumir que também há “humanos marinhos”."

Robert Ripley apresenta uma "sereia" no seu programa "Acredite se Quiser"

O Caso da Mulher que Afirma ser uma Sereia

Tudo começou quando um motorista avistou uma mulher praticamente nua (estava usando apenas um top esportivo de cor preta) e visivelmente encharcada, caminhando no meio da estrada Millerton, próximo de um lago de mesmo nome, nos arredores da cidade de Friant, no Condado de Fresno, no estado norte-americano da Califórnia, as 3h15 da madrugada do dia 4 de abril. Naturalmente preocupado com a segurança da mulher, o motorista ligou para a polícia, e a conduziu para o Hospital Saint Agnes. No entanto, ao chegarem no hospital, os detetives foram incapazes de descobrir seu nome real ou quem eram seus familiares, porque ela não fornecia respostas claras. Quando alguma pergunta era mais direta, ela simplesmente respondia: "Eu não sei". Ela também não tinha carteira de motorista ou identidade.

A mulher era branca, tinha por volta de 30 anos, 1,63m de altura, 68 quilos e tinha os cabelos e os olhos castanhos. Porém, as notícias sobre ela se multiplicaram na mídia norte-americana, principalmente da Costa Oeste, por outros motivos. A mulher disse que tinha estado no lago Millerton, por isso estava molhada, que seu nome era "Joanna" e pasmem, ela alegou que era uma sereia. Como se isso não bastasse, a polícia declarou que a mulher tinha membranas nos dedos de ambos os pés (membranas interdigitais). Os detetives não conseguiram identificar sua identidade através de suas digitais, mas acreditavam que ela tinha chegado na região na semana anterior em uma espécie de "visita para conhecer o local e quem sabe se mudar futuramente".

No dia seguinte, na quarta-feira, os policiais receberam uma pista sobre os familiares dessa mulher e disseram que ela tinha 33 anos e era moradora do estado da Virgínia, porém não revelaram seu nome verdadeiro ou maiores detalhes, porque desconfiavam que ela podia ter sido vítima de um crime. Alguns usuários das redes sociais, principalmente do Facebook, onde diversas postagens de emissoras de TV locais viralizaram, disseram que conheciam a mulher. Uma dessas pessoas disse que a mulher era simpática, tranquila e educada, e além disso frequentava de vez em quando um Starbucks da região. Aparentemente, essa pessoa já tinha conversado com a mulher anteriormente, e disse que ligaria para o Departamento de Polícia do Condado de Fresno para contar o que sabia.

Por fim, apesar da polícia ainda não ter divulgado se conseguiu reunir a mulher com sua família, acabou pedindo desculpas pela forma como se referiu a mulher que, segundo eles, teriam usado uma "linguagem insensível" para tratar de um caso tão delicado.

Essa moça afirma ser uma sereia e tem até membranas interdigitais entre os dedos dos pés!



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Relatos de Avistamentos de Sereias

Com o desenvolvimento das grandes navegações, tudo era novidade para os marinheiros, que não sabiam o que iam encontrar pela frente ao se lançar ao mar. É claro que se depararam com muita coisa que nunca viram em seus países e muitos relatam terem visto sereias. Até mesmo Cristóvão Colombo escreveu que viu três sereias perto do Haiti. Ele achou suas sereias menos bonitas e mais masculinas do que esperava.

Outros exemplos são os relatos por Sir Richard Whitburne, que viu uma quando descobria a Terra Nova em 1610, e a tripulação de Henry Hudson viu outra.

Os homens de Hendrik [Henry] Hudson viram uma sereia em 15 de junho de 1608: "do umbigo para cima, suas costas e seios eram como os de uma mulher (...) sua pele era muito branca e o longo cabelo, de cor negra, caía para trás. Ao mergulhar, viram sua cauda, que era como a cauda de um golfinho, mas pintada como a de uma cavala."

Em 1620, o capitão Richard Whitbourne viu uma sereia quando estava à beira da baía de St. John, na Terra Nova. Seu rosto era belo, mas tinha listras azuis na pele no lugar de cabelo. As proporções de sua cauda eram "como uma flecha de farpas largas".

Em 1614, o capitão John Smith, navegando nas Índias Ocidentais, viu uma sereia "nadando com toda a graça possível perto da costa". Observou que as orelhas eram muito longas, mas que de resto ela era bela. Seu cabelo era verde e ela era um peixe da cintura para baixo.

E existem vários outros relatos, que você pode ler nos links disponíveis na bibliografia. O interessante é que todos os homens que alegaram ver sereias não ficaram loucos com seu canto, senão não iriamos tomar conhecimento dessas histórias :)

Fotos de Sereias

Na internet encontramos várias e várias fotos de supostas sereias. Selecionei somente algumas abaixo:

Múmia sereia do Templo Myouchi. Os proprietários do templo a mantém em um pequeno baú de madeira, longe do público.







Sereias Registradas em Vídeos

Você ler os relatos de avistamentos é uma coisa, ver fotos é legal, mas registrar em vídeo é melhor ainda. Pesquisei no Youtube e encontrei alguns vídeos bem interessantes. Selecionei alguns para vocês.

- Pescadores: No 1º vídeo, vemos um navio de pescadores no meio do mar que estão içando sua rede, e nela vem uma criatura desconhecida. O susto foi tão grande que fez os pescadores largarem a rede.

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- Mar da Groenlândia 2013: A filmagem feita com uma sonda submarina em 06/03/2013 por Dr. Torsten Schmidt (Geólogo Marinho). Ele estava a 3.000 metros de profundidade na costa da Groenlândia quando fez o vídeo.


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- Kirvat Yam- Israel: Um dos registros mais incríveis de uma sereia foi feito em Kiryat Yam, Israel. Nesse vídeo vemos um rochedo e nele uma sereia, que ao perceber a filmagem foge para o mar. Incrível!

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- Sereia Encontrada em Manaus: Reportagem feita pelo Chumbo Quente conta a história de uma sereia encontrada em Manaus. Já passou de 6 milhões de visualizações no Youtube!

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- Varsóvia (2015): O vídeo teria sido feito na Polônia, porém não havia informações sobre a data ou local exatos. No vídeo é possível ver, ainda que sem muitos detalhes, um ser misterioso sendo carregado e também dois homens a sua espera, próximos da maca, ambos usando roupas semelhantes aquelas utilizadas por paramédicos. Em determinado momento é possível ver claramente uma espécie de barbatana caudal (popularmente conhecido como "rabo de peixe") na parte inferior do corpo, sendo que a parte superior é semelhante ao peitoral de um ser humano adulto. Após ser colocada na maca, a criatura é levada até um local desconhecido e a gravação é encerrada.

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Sereias: O Documentário que Chocou o Mundo

O canal Animal Planet algum tempo atrás fez renascer com força total o mito das sereias com a exibição do documentário Sereias (Mermaids: The Body Found). Nele é afirmado que elas existem, são mostradas gravações com celulares, reconstituições e cientistas da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration - Orgão Federal Americano) dão depoimentos falando sobre suas pesquisas sobre as sereias. Incrível, as sereias existem! Será que é verdade? Existem sereias mesmo?

Com o sucesso do documentário, fizeram uma continuação chamada "Sereias: Uma Nova Evidência", que você pode assistir abaixo:

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Explicando Fotos, Vídeos, Relatos...

Eu poderia colocar as fontes bibliográficas aqui e terminar a matéria, mas como não quero enganar meus leitores, eu tenho que revelar algumas verdades: todos os vídeos e fotos que você viu até agora são na verdade montagens e fraudes...

A Dr. Becky Davis, cientista da NOAA no documentário,
na verdade é a atriz Kosha Engler. Dúvida, clica aqui!
- Documentário Sereias e Sereias: Novas Evidências: Os vídeos da sereia na rede e da sereia registrada no fundo do mar na Groenlândia são trechos do documentário que citei acima: Sereias e sua continuação Sereias: Uma Nova Evidência. Na realidade é tudo uma fraude. Os cientistas na verdade são atores e tudo foi encenado.

No documentário é mostrado um misterioso som encontrado no fundo do oceano e o relacionam às sereias. É mentira. O som chama-se Bloop e fiz uma matéria sobre o assunto, que você pode ler aqui.

Este tipo de gênero de cinema é chamado de "Mockumentary" (mock=falso, simulado).

A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) precisou negar, em comunicado, a existência das sereias, depois da exibição deste documentário.

Existem vários outros exemplos de mockumentary, como os filmes: A Bruxa de Blair, REC, Atividade Paranormal, O Caçador de Trolls e Holocausto Canibal. O Contatos de 4º Grau eu me recuso a acreditar que é :). Resumindo: são filmes que parecem reais.

- Kirvat Yam- Israel: surgiu em novembro de 2009 e foi feito pelo ex-militar Shlomo Coheen. A coincidência é que um mês antes, o prefeito da cidade israelense de Kiryat Yam, situada em Raifa Bay, às margens do mar Mediterrâneo, Shmuel Sisso, chamou a a atenção do mundo quando instituiu que a Administração Pública concederia um prêmio - de um milhão de dólares - a qualquer pessoa que provasse a presença/existência de sereias nas praias da região. Golpe de sorte do ex-militar ou fraude? O quadro "Detetive Virtual" do Fantástico desvendou a fraude.

- Sereia de Manaus e Muitas Fotografias: Criaram uma boa história e exibiram uma "sereia" feita pelo artista plastico americano Juan Cabana, que adora sereias, fadas, elfos e faz destes seres a inspiração para suas esculturas. Ele usa carne, pele, cola, órgãos, couro e outros materiais para deixá-las bem realista. Além disso, fotografa sempre as esculturas em seus ambientes naturais, como oceanos e florestas. Quase todas as fotos que utilizei aqui, são na verdade esculturas feitas por ele. Quem quiser ver suas criações, pode acessar o site theFeejeeMermaid.com

- Sereia de Varsóvia:  Tudo não passou de uma ação publicitária criada pelo diretor artístico galês, Gerald Tyler, para promover o Festival "Novos Varsovianos", que acontece justamente em Varsóvia, na Polônia.

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- Sereia de Fiji: Tudo história e golpe de marketing de Barnum! Ele sabia que a sereia de Fiji era uma farsa (aliás, existiam várias sereias de Fiji!) e foi ele quem enviou as cartas para os jornais e criou o personagem Dr. Griffin, cujo verdadeiro nome era Levi Lyman, e ele era cumplice de Barnum.

Barnum consultou um naturalista sobre a autenticidade da sereia. O profissional havia lhe assegurado que era falsa. No entanto, Barnum percebeu que não era importante se a sereia era ou não real. Tudo o que importava era que o público fosse levado a acreditar que fosse real.

A criatura era um exemplar de uma forma de arte tradicional aperfeiçoada por pescadores no Japão e Índia orientais que construíam falsas sereias costurando a parte superior de corpos de macacos com a calda de peixes. Eles muitas vezes criavam esses animais para uso em cerimônias religiosas. Acredita-se que a sereia de Fiji tenha sido feita por volta de 1810 por um pescador japonês.

É possível que ela tenha sido destruída quando o Museu de Barnum foi incendiado em 1865. No entanto, é provável que ela estivesse no Museu de Kimball, que também foi incendiado no início dos anos de 1880.

Mais tarde, as sereias de P. T. Barnum passaram para a coleção de Ripley, o fundador do programa “Acredite se Quiser”.

Existiam várias Sereias de Fiji. Acredita-se que a original foi queimada junto com o museu


- Os Relatos: Nunca sabemos ao certo o que os marinheiros viram, mas muitos dizem que podem ser peixes-bois e outros mamíferos aquáticos semelhantes, hoje classificados cientificamente como "sirenídeos" ou ainda focas e outros pinípedes.

Dugongo, mamífero do oceano Índico, vulgarmente conhecido por homem-peixe e vaca-marinha. Pode ter enganado muitos marinheiros e feito eles pensarem ser sereias...
Hipótese do Macaco Aquático

Eu sei que você está triste, desapontado, me xingando dizendo que eu estou louco, que as sereias existem sim, então para te acalmar eu vou dizer que tem alguns cientistas que acreditam que elas podem existir.

Uma das teorias é a Hipótese do Macaco Aquático: ancestrais mais ou menos próximos dos humanos teriam adotado, durante um certo período, um estilo de vida semiaquático na costa africana, seja pela necessidade de buscar alimento na água ou de defender-se de predadores.

De qualquer modo, esse fato pode ter influenciado sua evolução, gerando uma subespécie anfíbia, enquanto outros hominídeos mantiveram uma existência puramente terrestre.

Embora tenha sido abandonada ao longo dos anos, ao menos três estudiosos – Max Westenhofer, ideólogo, Sir Alister Hardy, biólogo marinho, e Elaine Morgan, escritora feminista – se dedicaram a desenvolver essa teoria.

Há múltiplas explicações que justificam a Hipótese do Macaco Aquático, entre elas:

1. O fato de sermos os únicos primatas que não tem o corpo totalmente recoberto por pelos, uma condição só existente em ambientes aquáticos ou subterrâneos.

2. Os humanos são os únicos mamíferos bípedes. Essa transformação não ocorreria facilmente na savana africana, onde evoluíram os primeiros homens. Já na água, o corpo humano tende a manter essa posição.

3. A respiração do ser humano é diferente da de outros mamíferos, já que temos a capacidade de controlá-la voluntariamente. Tal como os mamíferos marinhos, podemos inalar o ar necessário para mergulhar e depois voltar à superfície para respirar.

4. Assim como os mamíferos aquáticos, e ao contrário dos terrestres, os humanos possuem uma reserva de gordura que retêm durante todo o ano.

5. As lágrimas, a sudorese excessiva e a porção de pele que separa o polegar do dedo indicador sugerem antepassados aquáticos segundo os adeptos da teoria.

6. Por último, nossa facilidade de nadar, em comparação à falta de jeito de muitos mamíferos terrestres na água, sugere que evoluímos de seres aquáticos.

Como muitos já perceberam, existem alguns problemas com a teoria já que existem muitos mamíferos aquáticos totalmente peludos, como lontras e castores. Por outro lado, nenhum mamífero aquático é bípede, e o mais importante, em nenhum momento foram encontrados vestígios fósseis que comprovem a existência de “macacos aquáticos” ou sereias.

Macaco Aquático seria uma subespécie anfíbia.
Mermaid Melissa

Enquanto não capturamos uma sereia, apresento para vocês a sereia Melissa, uma mergulhadora loira decidiu se tornar uma sereia de verdade. Nascida Melissa Dawn, a moça trocou de nome legalmente para Mermaid Melissa. A moça respira o tema, tanto que  ela usa a cauda de peixe todo santo dia.

Com quase 450 vídeos postados no Youtube desde 2006, Melissa tem ótimos números, seus vídeos já foram vistos mais de 290 milhões e ela possui quase 500 mil inscritos em seu canal. Na descrição dos seus vídeos ela diz que eles ajudam a mostrar que devemos preservar os oceanos.

E a garota também tem um negócio de sucesso. Depois de conseguir seu certificado de mergulhadora em 2005, a sereia da vida real atingiu seu sonho e se transformou em uma performer aquática em tempo integral, fazendo apresentações ao redor de todo mundo desde então, seja em tanques de água ou em aquários. Ela possui uma piscina para ensaios em sua garagem e um quarto repleto de rabos de peixe cintilantes – cada um pesando mais de 27 quilos, pouco mais do que um filhote de golfinho.

Ela tem um site onde você pode saber mais sobre sua vida e como contratá-la.

“Mermaid começou como um apelido – eu era conhecida por meus mergulhos livres e pelas minhas performances ao vivo em aquários. Em 2006, eu comecei a compartilhar meus vídeos no YouTube e as pessoas adoraram. Ao assumir minha alcunha e transformá-la em algo real, pude levar minhas apresentações para um novo nível. Depois de alguns anos, isso se tornou minha profissão em tempo integral”, disse Melissa em entrevista para o DailyMail.



Conclusão

Assombrados, as sereias não existem. 

No inicio as sereias eram vistas pelos marinheiros como grande ameaça a vida, podendo com seu canto enfeitiça-los e levá-los a morte. Atualmente as sereias ganharam outro status, e representam na cultura contemporânea o sexo e a sensualidade.

Nosso fascínio por esse ser mitológico continua grande, visto que muitos filmes e séries sobre o tema já foram produzidos, e que pessoas as redor do mundo ganham a vida se apresentando como sereias...

Fontes (acessadas em 19/05/2014):
- Fantastipedia: Sereias
- Wikipedia.pt: Sereias 
- Assombrado.com.br: Múmias de Sereias
- Assombrado.com.br: Documentario Sereias
- Assombrado.com.br: A Arte de Juan Cabana
- Assombrado.com.br: Sereias: A Nova Evidência
- Sobrenatural.Org: As Sereias Fiji
- Sofa da Sala: A Sereia de Israel
- Animal Planet: Seis fatos que justificariam a existência das sereias
- Wikipedia.pt: Iara
- Rusmea: A academia de sereias de Manila
- InfoEscola: Sereias
- MegaCurioso: Conheça Melissa, a Pequena Sereia da vida real
- Documentário: Sereias
- Documentário: Sereias: Novas Evidências
- As Sereias: A HISTÓRIA REAL DA SEREIA DE FIJI

A Casa dos Horrores de Oklahoma: A Crueldade de Pessoas ao se Vestirem de "Bruxa" e "Demônio" Para "Amedrontar" uma Menininha de 7 Anos

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Por Marco Faustino

Ao longo de quase dois anos que escrevo para esse blog - inicialmente simplesmente por vontade de agregar conteúdo ao traduzir textos por mera liberalidade, e posteriormente sendo contratado para elaborar notícias e matérias com um conteúdo mais robusto - já vi praticamente de tudo. Porém, se tem algo que nunca vi ter qualquer tipo de limite, sem dúvida alguma é a natureza covarde e cruel de alguns seres humanos. Quando o caso é aqui no Brasil, mesmo estando muito claro que ocorreu maus-tratos contra crianças, principalmente abaixo dos dez anos de idade, existe todo um aparelhamento que, na prática, protege mais quem executou a perversidade do que aquele que sofreu e aquele que deseja repassar essa informação para as demais pessoas. Quem escreve a verdade sempre paga um preço caro que não deveria. Então, muitas vezes deixo de escrever sobre determinados casos nacionais, visto que não tenho cobertura ou apoio jurídico necessário (mesmo quando o conteúdo é meramente adaptado de fontes nacionais e com autorização para replicação de imagens, vídeos e textos). Essa situação, no entanto, é muito diferente em países como os Estados Unidos, onde a identidade do criminoso geralmente é prontamente divulgada e estampada em jornais e telejornais. Isso não é feito apenas como uma medida de mera exploração midiática, mas como forma de outras pessoas saberem e, quem sabe, conhecer alguém que possa ter informações úteis ou conhecer outras pessoas que sofreram nas mãos dessas pessoas. Chegamos ao ponto de pensar que muitas vezes passar uma vida inteira na prisão seria pouco diante do crime cometido. Assim sendo, quando algo acontece no exterior, é menos problemático para ser exposto, por assim dizer.

Recentemente, a mídia norte-americana passou a divulgar, que uma senhora chamada Geneva S. Robinson, 51 anos, moradora da cidade de Oklahoma, capital do estado norte-americano de mesmo nome, e seu namorado Joshua Granger, 33 anos, acabaram sendo condenados pela Justiça por abuso infantil. Os promotores disseram que Geneva Robison coordenava uma "casa os horrores" onde a vítima, uma menininha de apenas 7 anos de idade, tinha sido "repetidamente aterrorizada", e que "bruxas" e "criaturas" viviam no sótão no período em que a menina morou na casa, durante alguns meses no ano de 2014. Ainda de acordo com os promotores, Geneva muitas vezes se vestia como uma bruxa chamada "Nelda", enquanto Joshua se disfarçava como um demônio chamado "Coogro". Durante o julgamento, a promotoria revelou, pela primeira vez, um vídeo de partir o coração, no qual mostrava Geneva aterrorizava psicologicamente a menina, que era sua própria netinha, vestida como "Nelda". Para vocês terem uma ideia da gravidade do que aconteceu, Geneva foi condenada a prisão perpétua, enquanto Joshua foi condenado a 30 anos de reclusão por compactuar e permitir que todo aquele espetáculo de horrores continuasse acontecendo. De qualquer forma, para vocês entendam como tudo isso aconteceu é necessário voltar um pouco no tempo. Vamos saber mais sobre esse assunto?

As Primeiras Informações Sobre Esse Caso Monstruoso que Ocorreu no Estado Norte-Americano de Oklahoma


No dia 1º de outubro de 2014, uma quarta-feira, um site de notícias chamado "NewsOK" mencionou que uma mulher havia sido presa no dia anterior (30 de setembro), depois uma menina de apenas 7 anos de idade disse à polícia, que essa mulher em questão havia abusado dela de diversas formas, incluindo chicotadas e queimaduras (ao utilizar um cigarro, algo que só saberíamos quase três anos depois).

Na época, de acordo com a polícia, Geneva Robinson, com 49 anos, moradora da cidade de Oklahoma, acabou sendo presa quando levou essa menina, sob seus cuidados, até um hospital alegando que ela não "conseguia mais controlar a criança". Ainda segundo a polícia, a menina aparentava estar desnutrida, tinha hematomas e cortes por todo o corpo, e mostrava sinais de ter sido amarrada.

Imagem do Google Maps mostrando a cidade de Oklahoma em relação a outras cidades e estados norte-americanos
Visão aérea de uma parte da cidade de Oklahoma, nos Estados Unidos
A menina contou a um funcionário do Departamento de Serviços Humanos (DHS) do Estado do Oklahoma, que Geneva se vestia como uma bruxa, usando uma máscara verde, um chapéu e um roupão, e a levava para a garagem, onde ela a amarrava e a fazia dormir em cima de calças jeans. A menina ainda disse que Geneva, ao se vestir de bruxa, dizia que se chamava "Nelda".

Para piorar a situação, Geneva amarrava uma coleira rosa de cachorro na menina, e ao mesmo tempo nas estruturas do teto da garagem, passando a guia por baixo de suas axilas. E se você já considera isso assustador, saiba que Geneva ainda dizia para a menina, que "as criaturas do sótão viriam para pegá-la". A menininha também disse, que algumas vezes Geneva batia nela com um chicote de cavalo na cor laranja e preto, e descreveu momentos onde ela foi queimada e ameaçada com uma faca.

A menina contou a um funcionário do Departamento de Serviços Humanos (DHS) do Estado do Oklahoma, que Geneva se vestia como uma bruxa, usando uma máscara verde, um chapéu e um roupão, e a levava para a garagem, onde ela a amarrava e a fazia dormir em cima de calças jeans
Quando a polícia chegou até a casa de Geneva, eles encontraram a coleira de cachorro e um chicote na garagem, além do traje de bruxa no quarto da mulher. Uma das outras três crianças que moravam com Geneva disse à polícia, que ela cortou seu dedo com uma tesoura (no sentido de ferido) e ameaçou cortá-lo fora, porque a criança (um menino) tinha cortado o cabelo de uma das bonecas.

Uma das crianças também teria dito que Geneva tratava a menina de 7 anos de forma diferente das demais ao fazê-la comer uma comida diferente ou então comer na garagem. Na época, a polícia não informou se a mulher era mãe de alguma daquelas crianças. De qualquer forma, todas as crianças ficaram sob custódia do Departamento de Serviços Humanos do Estado do Oklahoma.

Quando a polícia chegou até a casa de Geneva (na foto), eles encontraram a coleira de cachorro e um chicote na garagem, além do traje de bruxa no quarto da mulher. Uma das outras três crianças que moravam com Geneva disse à polícia, que ela cortou seu dedo com uma tesoura (no sentido de ferido) e ameaçou cortá-lo fora, porque a criança (um menino) tinha cortado o cabelo de uma das bonecas
Geneva tinha sido presa sob a acusação de abuso infantil e levada para a prisão do Condado de Oklahoma. Naquela mesma quarta-feira foi estabelecida uma fiança de "módicos" US$ 10.000 (aproximadamente R$ 32.000 pela cotação atual). Vocês também podem assistir a um vídeo publicado em um canal de terceiros, no YouTube, onde o sargento Gary Knight do Departamento de Polícia da Cidade de Oklahoma explica toda essa situação (em inglês):



Entretanto, a história não para por aí, até mesmo porque diversos veículos de comunicação dos Estados Unidos também cobriram essa história naquela época. Um deles foi a KFOR, emissora de TV local, afiliada da NBC. Em uma reportagem publicada naquele mesmo dia foi acrescentado que, Geneva, ironicamente levou a criança ao Hospital Memorial Griffin, um hotel psiquiátrico na cidade de Norman, que fica localizada a cerca de 32 km ao sul do centro da cidade de Oklahoma, justamente por "não conseguir controlá-la", como se a criança tivesse problemas psicológicos.

Em uma reportagem publicada naquele mesmo dia foi acrescentado que, Geneva, ironicamente levou a criança ao Hospital Memorial Griffin, um hotel psiquiátrico na cidade de Norman, que fica localizada a cerca de 32 km ao sul do centro da cidade de Oklahoma, justamente por "não conseguir controlá-la", como se a criança tivesse problemas psicológicos
Após uma conversa com a criança e estranhar toda aquela situação, no entanto, o hospital decidiu chamar o DHS. Disse ainda, que no boletim de ocorrência gerado pela polícia, constava que os tornozelos da criança apresentavam cortes e que os mesmos estavam infeccionados, além da presença de marcas nos pulsos, denotando que possivelmente estivesse amarrada. Assista essa reportagem realizada pela KFOR, que foi publicada em um canal de terceiros, no YouTube (em inglês, mas comentaremos um pouco sobre ela a seguir):



Diversos vizinhos disseram que nunca tinham visto quaisquer comportamentos estranhos em relação a Geneva e que nenhuma das outras três crianças que moravam na casa apresentavam sinais de maus-tratos.

"É algo que simplesmente não acredito, porque eu via as crianças e elas pareciam bem, pareciam felizes", disse uma moradora chamada Campbell.

"Não acredito nisso. Ela é muito legal e cuida dessas dessas crianças", disse um outro morador chamado Finley.

Diversos vizinhos disseram que nunca tinham visto quaisquer comportamentos estranhos em relação a Geneva e que nenhuma das outras três crianças que moravam na casa apresentavam sinais de maus-tratos
"De maneira alguma isso é verdade", disse um morador chamado Joshua. Porém, aqui vai um pequeno detalhe. Esse Joshua é justamente o namorado de Geneva, e que recentemente foi condenado a 30 anos de reclusão. Na época ele negou que Geneva fizesse algo assim, e disse que a menina era uma criança problemática.

A casa onde Geneva e Joshua moravam e onde os crimes teriam sido cometidos
principalmente contra uma das netas de Geneva Robinson
"De maneira alguma isso é verdade", disse um morador chamado Joshua. Porém, aqui vai um pequeno detalhe. Esse Joshua é justamente o namorado de Geneva, e que recentemente foi condenado a 30 anos de reclusão
Aparentemente, a fiança foi paga e Geneva saiu em liberdade. De qualquer forma, ela não ficou livre por muito tempo. No último dia do ano de 2014, ou seja em 31 de dezembro, ela voltou a ser presa. E não foi somente ela, mas seu namorado, Joshua Granger, com 31 anos, também foi preso naquela ocasião. De acordo com a KWTV, emissora de TV local afiliada da CBS, a curiosidade é que eles não foram presos na mesma casa onde os abusos teriam sido cometidos. Eles tinham se mudado para uma outra casa, do outro lado da rua. Embora houvesse pessoas dentro da casa, eles inicialmente se recusaram a atender a porta.

"Bem, se isso vai proteger as crianças, façam tudo o que tiverem que fazer" disse Russell Humphries, um vizinho que morava do outro lado da rua. Tanto ele quanto os outros vizinhos disseram que nunca ouviram quaisquer gritos ou agitação vindos da casa, e ficaram chocados ao ouvir sobre as novas alegações.
No último dia do ano de 2014, ou seja em 31 de dezembro, Geneva voltou a ser presa. E não foi somente ela, mas seu namorado, Joshua Granger, com 31 anos, também foi preso naquela ocasião
De acordo com o mandado de prisão expedido naquele mesmo dia, em 7 de outubro, o Departamento de Polícia de Oklahoma recebeu um DVD de um assistente social do DHS contendo um vídeo extraído de um celular. Esse vídeo mostava Geneva Robinson usando um traje de bruxa, aterrorizando seus netos e segurando um deles pelo rosto e pelo cabelo. O vídeo também mostrava que Joshua Granger assistia tudo aquilo sem fazer absolutamente nada.

"Bem, se isso vai proteger as crianças, façam tudo o que tiverem que fazer" disse Russell Humphries,
um vizinho que morava do outro lado da rua
"Não consigo acreditar. Realmente pensei que tudo tinha sido investigado e acabado. Estava aqui quando a prenderam pela primeira vez. Acreditei que fosse simplesmente um engano", disse um vizinho que não quis ser identificado. Confiram a reportagem realizada pela KWTV, que foi publicada em um canal de terceiros, no YouTube (em inglês):



"Estou literalmente sem palavras depois disso, Tenho dois filhos, e não consigo me imaginar fazendo isso com eles", disse Ruben Herrera, que mora do outro lado da rua. Dessa vez, a maior parte dos vizinhos não quis mostrar o rosto diante das câmeras, mas disseram que tinham visto recentemente diversos policiais disfarçados nas redondezas, vigiando a casa de Geneva Robinson. Eles disseram que a mulher nunca mais deveria ter contato com as crianças com idades entre 5, 6, 7 e 8 anos.

Imagem da garagem onde a menininha de 7 anos dormiu durante meses amarrada e sob constante terror psicológico
"Estou literalmente sem palavras depois disso, Tenho dois filhos, e não consigo me imaginar fazendo isso com eles", disse Ruben Herrera, que mora do outro lado da rua
O site de notícias "NewsOK" acrescentou que dessa vez que, na sexta-feira (2 de janeiro de 2015), foi estabelecida uma fiança de US$ 200.000 (aproximadamente R$ 640.000) para que cada um dos acusados fossem soltos e ambos foram encaminhados para a prisão do Condado de Oklahoma. De acordo com o site, em um dos depoimentos, a menina disse que Geneva tinha batido mais de 1.000 vezes nela com o chicote. Além disso, a menina disse que Geneva não a deixava ir para a escola, não a alimentava regularmente, e a fazia trabalha para comer, ter roupas limpas e tomar banho. De forma sombria, a menina acrescentou que Geneva usava um alicate para "puxar" os dedos das mãos e dos pés da menina.

Querem saber o tamanho das acusações que pesavam contra ambos? Pois bem, no dia 9 de janeiro de 2015, o site de notícias "NewsOK" publicou que Geneva Robinson e Joshua Granger tinham sido acusados pela Corte Distrital do Condado de Oklahoma em 17 acusações de abuso infantil e 10 de negligência infantil. Joshua também foi acusado de alguns outros crimes, incluindo fraturas no dedo e na região pélvica em uma das crianças.

A Negligência Cometida pelo Departamento de Serviços Humanos do Estado do Oklahoma (DHS) Vem à Tona: Geneva Robinson Teria Feito a Mesma Coisa com os Próprios Filhos


Até então existiam apenas as declarações de vizinhos, que alegaram que nunca tinham ouvido absolutamente nada de errado, e que não acreditavam que a "bondosa" senhora poderia fazer algo assim com crianças, "aparentemente felizes". Pois é, mas o lado negro dessa história era muito maior do que se imaginava, visto que uma névoa muito cinzenta pairou sobre o DHS. No dia 23 de fevereiro de 2015, o site de notícias "NewsOK" publicou que o DHS havia perdido uma oportunidade para minimizar o sofrimento da menina, ao longo de meses, quando nenhuma atitude foi tomada em relação a um vídeo onde mostrava sua avó, vestida de bruxa, segurando a menina com força. A mãe da menina havia ligado para o principal número de atendimento da DHS, em junho de 2014, explicando que sua filha, a pequena Katie, estava chorando no vídeo, dizendo que ela seria uma boa menina.

"Eles não fizeram nada. A investigação aponta que o Departamento de Serviços Humanos tinha conhecimento de um vídeo supostamente retratando o abuso psicológico e físico da criança", disse David Prater, então Promotor do Condado de Oklahoma, que estava processando Geneva Robinson e seu respectivo companheiro.

"Eles não fizeram nada. A investigação aponta que o Departamento de Serviços Humanos tinha conhecimento de um vídeo supostamente retratando o abuso psicológico e físico da criança", disse David Prater (na foto), então Promotor do Condado de Oklahoma, que estava processando Geneva Robinson e seu respectivo companheiro
"O DHS não fez nada até que o Departamento de Polícia da Cidade de Oklahoma abrisse uma investigação criminal, e questionasse a razão pela qual o DHS não tomou qualquer medida para proteger a criança", continuou.

Uma porta-voz do DHS defendeu a decisão da agência de não tomar nenhuma atitude em junho de 2014, dizendo que a pessoa que ligou deu apenas informações muito limitadas sobre o vídeo.

"A ligação... não descrevia qualquer abuso ou negligência ocorrendo no vídeo. Nós ouvimos novamente a ligação. Revisamos as informações fornecidas na ligação e analisamos que a pessoa em questão agia de forma apropriada", Sheree Powell, porta-voz do DHS, acrescentando que a pessoa que ligou disse somente que a avó tinha segurado a menina pela camiseta.

Uma porta-voz do DHS chamada Sheree Powell (na foto) defendeu a decisão da agência de não tomar nenhuma atitude em junho de 2014, dizendo que a pessoa que ligou deu apenas informações muito limitadas sobre o vídeo
Em depoimento a Justiça, um detetive de polícia disse que o vídeo mostrava que a avó segurava a menina de 7 anos pelo rosto e pelos cabelos, arrastando a garotinha pela sala. Já um promotor, em uma audência preliminar realizada na semana anterior, disse que outras crianças presentes na sala eram avisadas para que não olhassem para a "bruxa" durante o vídeo.

"Nós gostaríamos que a pessoa que ligou... tivesse dado maiores informações ou que ela acompanhasse de perto esse caso por conta própria, caso estivesse preocupada com essa questão. Infelizmente, isso não aconteceu", disse Sheree Powell. O DHS se envolveu apenas quatro meses depois, quando a avó levou a menina desnutrida, machucada e cheia de cicatrizes a um hospital psiquiátrico, dizendo que não podia mais controlar a menina. Uma enfermeira descreveu a menina estando tão magra, que parecia uma vítima do Holocausto.

Assim sendo, o DHS foi chamado pelos funcionários do hospital. Então, o DHS levou a menina sob custódia, além de uma irmã e dois irmãos. As quatro crianças estava morando com ela, por aproximadamente um ano, depois que seus pais se separaram.  As circunstâncias incomuns do caso de abuso infantil acabaram atraindo a atenção internacional naquela época, mas de forma muito limitada.

Uma enfermeira descreveu a menina estando tão magra, que parecia uma vítima do Holocausto.
Novas informações também foram surgindo, visto que novos depoimentos da menina revelavam que a avó abria a portão do sótão, com a menina amarrada pelos braços em uma coleira de cachorro, no teto da garagem, para que a "bruxa Nelda" pudesse sair para comê-la.  A menina também disse aos investigadores que Nelda morava no sótão, mas que possuía o corpo de sua avó e a obrigava a fazer coisas ruins. Ela contou que disseram para ela, que Nelda guardava sachês de ketchup e mostarda no bolso, porque a bruxa os usava para comer as crianças más, e que a ela tinha uma cova na Califórnia, repleta dos ossos dessas crianças. A polícia também informou, que Geneva Robinson após ser presa, admitiu se passar por "Nelda", mas ela alegou que estava tentando fazer com que as crianças se comportassem direito e fossem dormir cedo.

David Prater e demais promotores que estavam cuidando do caso, assim como a polícia da cidade de Oklahoma ficaram bem incomodados que o DHS não fez absolutamente nada depois de ser informado sobre o vídeo, em junho de 2014. O DHS sequer teria pedido para ver o vídeo naquela época.

David Prater e demais promotores que estavam cuidando do caso, assim como a polícia da cidade de Oklahoma ficaram bem incomodados que o DHS não fez absolutamente nada depois de ser informado sobre o vídeo, em junho de 2014. O DHS sequer teria pedido para ver o vídeo naquela época
"Acredito... que o Departamento de Serviços Humanos tinha informações suficientes para investigar", disse David Prater, lembrando que o DHS obteve o vídeo da mãe, Rebecca Charlene Wilson, 27 anos, no início de outubro de 2014, após a avó ter sido presa. Na época, a mãe morava na cidade de Altus, no Condado de Jackson, localizada a 220 km a nordeste da cidade de Oklahoma.

Um supervisor da Infância e da Juventude do DHS havia "deixado de lado" a queixa em junho de 2014, porque a mãe não tinha provas de que seus filhos "estavam realmente sendo feridos ou correndo risco naquele momento". Apesar da mãe ter admitido que ela e seu marido tinham se separado, e ela não tinha visto seus filhos durante 8 meses, ela disse durante a ligação para o DHS, que tinha visto a avó bater com uma colher de madeira e um mata-moscas, no bumbum das crianças, durante o verão de 2013. Ela descreveu que as repetidas batidas foram fortes o suficiente para deixar hematomas.

"Acredito... que o Departamento de Serviços Humanos tinha informações suficientes para investigar", disse David Prater, lembrando que o DHS obteve o vídeo da mãe, Rebecca Charlene Wilson, 27 anos, no início de outubro de 2014, após a avó ter sido presa. Na época, a mãe morava na cidade de Altus, no Condado de Jackson, localizada a 220 km a nordeste da cidade de Oklahoma
Apesar disso tudo, a porta-voz da DHS disse que os críticos estavam sendo injustos com eles.

"Você não pode usar o que aconteceu no passado para avaliar alguma coisa. Muitas vezes as pessoas que ligam para nós possuem informações que lhe são dadas naquele momento. Eles não sabem o que vai acontecer nos próximos três ou seis meses", disse Sheree Powell.

"Tudo o que a pessoa que ligou disse era que o vídeo mostrava a avó usando um traje de bruxa, que segurava a menina pela camiseta e que não parecia que a avó estava de brincadeira. A pessoa que ligou não descreveu nenhum abuso que ocorre no vídeo, apenas que encontraram o vídeo em um celular, que não tinha certeza a quem pertencia, e que não tinha nenhuma ideia de quando tinha sido gravado", completou.

"Você não pode usar o que aconteceu no passado para avaliar alguma coisa. Muitas vezes as pessoas que ligam para nós possuem informações que lhe são dadas naquele momento. Eles não sabem o que vai acontecer nos próximos três ou seis meses", disse Sheree Powell
A mãe não foi localizada para comentar o que exatamente ela se lembrava ter dito para o DHS em relação ao vídeo. As tentativas de entrar em contato com ela através de seu advogado e através do Facebook foram inúteis. Os números de telefone listados nos boletins de ocorrência, não estavam mais funcionando. Ela apenas disse aos investigadores, que o DHS informou em junho de 2014, que sua queixa não seria investigada, porque não havia data no vídeo.

Agora, como a mãe conseguiu o vídeo não ficou claro. A mãe disse ao DHS que encontrou o celular em sua casa. Por outro lado, uma das filhas de Geneva Robinson admitiu que gravou o incidente em 2013, e que iria mostrar o vídeo para o DHS, mas que estava com medo de retaliação por parte de Geneva. O pai das crianças disse aos investigadores, que Geneva Robinson havia feito essa "coisa de Nelda" para ele e seus irmãos quando eles estavam crescendo. Ele disse que deixou as crianças com ela, em 2013, porque ele pensou que ela tinha mudado. Na época, Geneva teria dito para o filho que estava tomando remédios. Resumindo, o contato familiar mais próximo da avó é o pai das crianças. Rebecca seria tão somente a nora de Geneva, o que poderia explicar a impotência de lidar com a mesma, visto que nem mesmo uma das filhas de Geneva tinha coragem para encará-la.

Em outubro de 2015, o site de notícias "NewsOK" informou que Geneva Robinson e seu parceiro Joshua Granger tinham renunciado ao direito de uma audiência prelimiar, onde um juiz ouviria as testemunhas de defesa e acusação para determinar se havia ou não provas suficientes para um julgamento. Os documentos em poder da Justiça indicavam que o abuso teria ocorrido entre junho e setembro de 2014, muito embora houvesse indícios que isso poderia estar acontecendo há mais tempo. Geneva estava sendo respondendo por 13 acusações de abuso infantil e cinco acusações de negligência infantil. Joshua estava respondendo por 4 acusações de abuso infantil e cinco acusações de negligência infantil.

Em outubro de 2015, o site de notícias "NewsOK" informou que Geneva Robinson e seu parceiro Joshua Granger tinham renunciado ao direito de uma audiência prelimiar, onde um juiz ouviria as testemunhas de defesa e acusação para determinar se havia ou não provas suficientes para um julgamento
Geneva estava sendo respondendo por 13 acusações de abuso infantil e cinco acusações de negligência infantil. Joshua (na foto) estava respondendo por 4 acusações de abuso infantil e cinco acusações de negligência infantil
Basicamente as acusações estavam centradas nos maus-tratos e nos abusos cometidos contra a pequena Katie de 7 anos e um irmão da menininha (neto de Geneva), cujo nome não foi mencionado, de apenas 6 anos. Nesse último caso, havia a acusação de que Geneva havia cortado (no sentido de ferido) um dedo do garoto ao utilizar uma tesoura. Na ocasião, os promotores acabaram retirando do processo uma criança, que não teria sido levada ao hospital ao fraturar o osso pélvico, uma vez que não havia sido constatada nenhuma fratura.

O Julgamento de Geneva Robinson e Joshua Granger


Após muito sem notícias sobre Geneva Robinson e Joshua Granger o site de notícias "NewsOK" publicou novidades sobre esse caso no dia 3 de fevereiro desse ano. No dia anterior (2), Geneva se declarou culpada diante de cinco acusações de abuso infantil. Ela admitiu que arranhava o pescoço da menininha, batia no seu rosto, golpeava a menina usando rolo para massas, e cortava seu cabelo enquanto ela dormia.

A juíza distrital Michele McElwee aceitou suas respectivas
declarações, sendo que ambos optaram para que
a própria juíza decidisse em relação as suas penas
"Geneva não estava fazendo uma pegadinha ou de brincadeira ao se vestir de bruxa para brincar com as crianças. Na verdade, ela acreditava ser mesmo uma bruxa, e realizava atos de terror ou perniciosos enquanto estava vestida de Nelda", declararam promotores do Condado de Oklahoma.

O namorado de Geneva Robinson, Joshua Granger, também se declarou culpado por uma acusação de abuso infantil, admitindo que ele ajudou Geneva a assustar a vítima "causando danos psicológicos".

A juíza distrital Michele McElwee aceitou suas respectivas declarações, sendo que ambos optaram para que a própria juíza decidisse em relação as penas que deveriam cumprir. A sentença estava prevista para sair no dia 28 de março, sendo que a juíza poderia fazer com que ambos passassem o resto de suas vidas na prisão. Como parte de um acordo realizado pela acusação, os promotores dispensaram oito acusações de abuso infantil e cinco acusações de negligência infantil contra Geneva. Eles também dispensaram três acusações de abuso infantil e cinco acusações de negligência infantil contra Joshua.

"Os acusados costumavam usar trajes assustadores para assustar as crianças. A ré Geneva usava um traje de bruxa e o réu Granger pode ser melhor descrito como algum tipo de traje de demônio", escreveu Merydith Easter, assistente da promotoria distrital, em um dos documentos do processo. Os promotores disseram que Joshua se autodenominava como "Coogro", quando usava a fantasia.

Geneva Robinson chegou a dizer para a juíza que estava recebendo tratamento na prisão por transtorno bipolar e esquizofrenia. Ela também disse que recebeu tratamento na década de 1970, no estado norte-americano Texas. Os promotores planejavam incluir o depoimento de um dos filhos adultos de Geneva, que apontou que esse mesmo comportamento dela já havia acontecido durante sua infância. Além disso, os promotores disseram que Geneva tinha "se envolvido na bruxaria desde muito cedo e tentava lançar feitiços contra as pessoas."

As Sentenças Aplicadas Contra Geneva Robinson e Joshua Granger e o Aterrorizador Vídeo, que Finalmente Foi Divulgado Após Quase Três Anos


Para ser bem sincero, apenas as emissoras de TV KFOR, KWTV e o site de notícias "NewsOK" que realmente podem ter dito que fizeram uma cobertura jornalística desse caso, visto que praticamente toda a mídia norte-americana ficou em silêncio diante desse absurdo. Porém, recentemente, o caso rapidamente ganhou a mídia internacional e foi amplamente propagado pelos quatro cantos dos Estados Unidos, porque finalmente saíram as sentenças do Geneva e Joshua, e houve a liberação do vídeo, que há quase três anos "a população aguardava para assistir". Afinal de contas, o que Geneva realmente aparecia fazendo?

Geneva Robinson chegando ao tribunal na quinta-feira passada (13)
Joshua Granger chegando ao tribunal na quinta-feira passada (13)
O vídeo gravado a partir de um celular foi mostrado a juíza durante a audiência para determinar a sentença de Geneva e Joshua, na quinta-feira passada (13). O vídeo mostrava Geneva vestindo o que parecia ser um "traje de bruxa". Era possível vê-la arrastando a Katie, uma menininha de apenas 7 anos, sua própria neta, pela sala enquanto os outros netos presenciavam a cena e chorando diante das cenas de verdadeiro terror. Até mesmo os cachorros se mostravam muito agitados com a situação. Também é possível ver Joshua Granger ao fundo, praticamente fornecendo apoio ao abuso.

A cena caótica tornou-se uma peça crucial nas evidências coletadas pela acusação. Vocês podem conferir o vídeo em questão, logo abaixo, no canal do site NewsOK, no YouTube (em inglês e possui cenas que podem ser fortes e impactantes para algumas pessoas):



Esse é um trecho do que foi mencionado durante a gravação:

Geneva Robinson (a avó): Você mente, mente, mente!
Katie (a menininha de apenas 7 anos): Eu prometo, bruxa, não vou fazer nada para a vovó. Não vou bater na vovó. Não vou ser má.
Geneva Robinson: Eu quero seu rosto.
Katie: Eu prometo que não vou bater na vovó
Geneva Robinson: Me dê um garfo e uma faca.

Também é possível ouvir Joshua Granger dizendo: "Vovó está doente por sua culpa. Você vai com a bruxa". Durante a audiência, Merydith Easter, assistente da promotoria distrital, contou a juíza sobre a "casa do horrores", que a vítima, a pequena Katie, morou durante meses em 2014. Confira também uma matéria realizada sobre esse julgamento pela KWTV, e publicada em um canal de terceiros, no YouTube (em inglês):


Assim como essa outra matéria da emissora norte-americana KFOR (News Channel 4):



"O que ela fez foi horrível e afetará para sempre essa criança e seus irmãos. Ela merece ter a mesma quantidade de misericórdia que ela mostrou a essa criança, ou seja, nenhuma", disse Merydith Easter.

"A vítima foi chutada, golpeada, chicoteada, queimada e 'repetidamente aterrorizada'. A vítima também foi informada que bruxas e criaturas vivam no sótão", completou.

Antes de anunciar sua decisão, a juíza mostrou duas fotos da vítima: uma antes do abuso e outra depois do abuso sofrido na casa da avó. A juíza disse que foto tirada antes do abuso, quando a vítima tinha 5 anos de idade, mostrava a menina com o cabelo comprido, um largo sorriso e "olhos brilhantes". Já a foto tirada após o abuso, mostava a vítima com o cabelo cortado bem rente a cabeça, sem nenhum sorriso no rosto e coberta de hematomas e bolhas na pele.

"O que ela fez foi horrível e afetará para sempre essa criança e seus irmãos. Ela merece ter a mesma quantidade de misericórdia que ela mostrou a essa criança, ou seja, nenhuma", disse Merydith Easter.
"Você sabe o que morreu?", perguntou a juíza para Geneva Robinson. "Aqueles olhos brilhantes de uma menina inocente", completou a juíza. Geneva foi condenada a prisão perpétua e Joshua acabou sendo condenado a 30 anos de prisão por ter ajudado a companheira a assustar a vítima. Durante a audiência para determinar a sentença, Granger alegou que o incidente mostrado no vídeo tinha sido a única vez que ele viu Geneva vestida de bruxa. Ele disse que queria assustar a criança para que ela deixasse de se comportar mal.

"Elas são crianças inocentes, e foram simplesmente aterrorizadas. É de partir o coração vê-las contar o que aconteceu com elas", disse Merydith Easter, em entrevista para a KFOR. Merydith acrescentou que Geneva assombrou as crianças pelo resto de suas vidas, e que não entendia o horror que ela infligiu a vítima. A KFOR ainda informou que Geneva tinha sido condenada a três prisões perpétuas, ou seja, a punição por seus crimes teria sido realmente exemplar.

A advogada de defesa, Tanya Jones, disse a juíza que Geneva Robinson não tinha "recursos" para controlar a criança. Ele teria tido uma infância difícil e abusiva, e que isso a teria deixado sem capacidade de desempenhar um bom papel de mãe. Além disso a advogada disse que estavam procurando por misericórdia, visto que ninguém tinha morrido. Vejam bem algo muito peculiar que ela disse, logo abaixo:

"Ela entende que foi longe demais", disse Tanya Jones, acrescentando para a juíza, que Geneva "lidou com a situação com um punho de ferro, porque ela cresceu em uma época onde a disciplina física era comum." Tano Geneva quanto Joshua ainda podem recorrer em relação as sentenças. Porém, vocês acham mesmo que a culpa de Katie ter sofrido nas mãos da avó é da sociedade? Bem, esse é um assunto para os meus comentários finais.

Comentários Finais


Quando surgem casos assim sempre encontro dificuldades para começar a comentar sobre os mesmos, visto que é tão indignante e revoltante, que minha cabeça simplesmente fervilha em um caldeirão de palavras e sentimentos que se misturam, ou seja, é complicado ter que lidar com esses sentimentos e escrever de forma racional. No entanto, sei que não estou sozinho nessa jornada. Ao ler diversos comentários de leitores norte-americanos, nas notícias e artigos que foram publicados sobre esse assunto ao longo do tempo, pude perceber que dezenas de leitores faziam os mesmos questionamentos, que tive ao pesquisar para trazer esse caso para vocês. Onde estão os pais dessa criança? Fugiram? Se esconderam? Desapareceram do mapa? Onde estão as entrevistas deles? Ninguém foi atrás? Aliás, e os vizinhos, simplesmente nunca escutaram aqueles gritos sistemáticos e rotineiros de pavor durante as sessões de terror, e mais de mil vezes que a menina foi chicoteada? É um bairro residencial, não há comércio, as casas são feitas de madeira, ou seja, paredes finas que, durante a noite, deixariam facilmente passar o choro, a agonia e o desespero daquela menina. Sinceramente? Muito provavelmente ouviram sim, sabiam o que poderia estar acontecendo e num primeiro momento, diante da prisão de Geneva e a liberdade de Joshua, saíram em defesa da "bondosa senhora". Agora, quando ambos foram presos, e havia um vídeo provando tudo aquilo, muito além das palavras da menina e das evidências encontradas na casa de Geneva, bem, aí quase nenhum morador preferiu mostrar o rosto. Um rosto de vergonha, de descaso, porque sabiam que outras pessoas iriam questionar o porquê não falaram absolutamente nada. Ninguém naquela rua pode se atrever a dizer que sentia mais medo do que aquela garotinha constantemente amarrada na garagem de casa, sozinha, no escuro.

Para piorar a situação, os filhos de Geneva também já tinham sido aterrorizados quando eram crianças. Ela repetiu o mesmo comportamento sádico e doentio com os netos. Ela teve todo tempo do mundo para, no mínimo, refletir o que ela tinha feito, mas não fez absolutamente nada. O pai das crianças, filho de Geneva, simplesmente entregou seus filhos para aquele monstro disfarçado de ser humano, dizendo acreditar que ela tinha mudado. Lógico que ele sabia que Geneva não tinha mudado, provavelmente ele só não queria ter despesa e ter que cuidar, alimentar, dar banho, levar na escola, ou seja, ele não queria ser pai. Porém, ainda assim, ele teve quatro filhos com a Rebecca seguidamente entre 2009 e 2012, quatro gravidezes consecutivas. Na prática, ficou bem claro que os pais não queriam as crianças, visto que Rebecca, que ficou sem ver os filhos durante oito meses, já tinha visto os filhos apanhando e a única atitude que ela tomou foi ligar para DHS. Ela não recorreu a polícia, a nenhuma outra autoridade, nada. Por sua vez o DHS adotou o mesmo comportamento esperado quando se trata de "direitos humanos" ou "serviços humanos": protegeu o criminoso. Não investigou, não quis saber de nada, e nem mesmo pediu para um assistente social ou um policial ao menos dar uma olhada por "desencargo de consciência". Pelo contrário, eles esperavam que a pessoa que ligou investigasse e fizesse tudo por eles para depois aparecerem na mídia e dizer que estão fazendo um ótimo serviço. Aliás, nem mesmo se deram ao trabalho de pedir o vídeo e dar uma olhada, se é que não viram, visto que há uma certa névoa sobre essa questão, e ainda assim consideraram tudo aquilo normal: é apenas uma "brincadeirinha de vovó para netinha".

Outro detalhe que pode ter passado desapercebido é a declaração da porta-voz da DHS, a Sheree Powell, dizendo que não se pode utilizar o que aconteceu no passado para prever o futuro. Na visão dela, diante da proteção a um criminoso, se uma pessoa abusar de 10 crianças e for solta, não podemos imaginar que voltará a abusar de mais uma, e nem precisamos nos preocupar com isso. Entenderam a gravidade da declaração? Essa é a mentalidade dela e do local que ela representa. Além disso, também tivemos as declarações da advogada de defesa daquele monstro, a Tanya Jones, que tentou fazer a mesma coisa que aconteceu recentemente em relação a um ator, que não citarei o nome, que foi acusado de assédio sexual: a culpa não é de Geneva, é da geração que ela nasceu onde castigo físico era normal, ou seja, a culpa é de todos os norte-americanos da mesma idade que ela, não dela. Como assim normal? Normal para quem? Para a advogada? Quer dizer que todos avós da idade de Geneva se fantasiam de bruxa, queimam, amarram, e aterrorizam com alicate seus netos? Quer dizer que todos os pais antigamente faziam isso com seus filhos? É isso mesmo? Sério? A juíza, é claro, com extremo bom senso deu a sentença de prisão perpétua para Geneva e aplicou uma pena considerável em Joshua, que mal sabe falar, mas gostava de aterrorizar crianças. A advogada de defesa ainda tentou alegar, que não houve morte, mas houve sim. Geneva e Joshua assassinaram a sangue frio, sem chance de defesa das vítimas, de forma premeditada e cruel, e por motivo torpe, as inocências de todas aquelas crianças, principalmente de Katie. Eles assassinaram os sentimentos de afeto e carinho que elas tinham, assassinaram a infância delas, e dilaceraram seus corações. Particulamente, Geneva vem cometendo tais assassinatos ao longo de sua vida, mas agora passará o resto de seus dias na prisão, longe de qualquer chance de matar novamente. Ambos deveriam ter mais companhia nessa jornada atrás das grades, mas dessa vez o silêncio será um grito de dor e remorso, além de um forte lembrete para todos aqueles que se calaram.

Até a próxima, AssombradOs.

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://kfor.com/2014/10/01/oklahoma-city-woman-accused-of-dressing-as-witch-to-abuse-child/
http://kfor.com/2017/04/13/oklahoma-city-grandmother-who-pleaded-guilty-to-dressing-as-witch-to-abuse-child-sentenced-to-prison/
http://newsok.com/article/5347371
http://newsok.com/article/5381320
http://newsok.com/article/5383006
http://newsok.com/article/5395458
http://newsok.com/article/5452553
http://newsok.com/article/5536715
http://newsok.com/okc-woman-who-used-witch-persona-in-child-abuse-sentenced-to-three-life-terms/article/5545493
http://www.news9.com/story/26683352/child-says-okc-woman-dressed-up-as-witch-abused-her
http://www.news9.com/story/27739822/new-evidence-revealed-in-okc-witch-torture-case
http://www.news9.com/story/35155107/video-reveals-disturbing-abuse-of-child-by-witch-grandmother

Será Verdade que os Cientistas Estão Pretendendo "Clonar" Jesus Cristo a Partir dos Ossos de João Batista ou do Santo Sudário?

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Por Marco Faustino

Quando tocamos no tema religião é sempre algo muito sensível para a absoluta maioria das pessoas. Isso é compreensível, porque estamos entrando em um campo repleto de crenças, fé e esperança de uma vida melhor para si mesmo(a) e para aqueles que a pessoa ama. Assim sendo, sempre tento abordar esses assuntos da forma mais limpa e imparcial possível. A questão não é defender e nem mesmo acusar qualquer crença, mas ter um olhar criterioso e apontar dados e informações, que muitas vezes as pessoas não possuem qualquer tipo de conhecimento. Então, naturalmente, quando alguém não tem informações suficientemente claras a respeito de um determinado assunto, tende a agir meramente por suas emoções diante do que acredita ser uma ofensa. De qualquer forma, acredito que ao realizar um trabalho e mostrar uma pesquisa bem feita sobre um tema específico, ainda que tenha cunho religioso, é praticamente "meio caminho andado" na direção de uma plena compreensão. Essa não é a primeira vez que abordo assuntos espinhosos, e provavelmente não será a última caso o Google/YouTube assim permitam, é claro, uma vez que estamos em uma época de caça às bruxas, onde qualquer coisa, a qualquer momento pode ser "censurado financeiramente" falando, se é que vocês me entendem. Portanto, acredito fielmente que todas as pessoas, independentemente de suas crenças, se sentem confortáveis em ler o material que sempre trazemos para vocês com muita responsabilidade, dignidade e acima de tudo respeito, porque essa é a base para conquistar dia após dia a confiança e a credibilidade de cada um de vocês, nossos leitores.

Dessa vez, o assunto dessa postagem é meio polêmico, mas talvez não exatamente pelo tema, mas como ele passou a ser propagado por alguns sites de notícias brasileiros, sites internacionais de cunho bem alarmista e principalmente, como não podia deixar de ser, tabloides britânicos. Assim sendo, recentemente começaram a ser propagadas notícias com os seguintes títulos: "Cientistas Querem clonar Jesus a Partir de Ossos de João Batista", "Pesquisador Propõe Clonar Jesus a Partir do DNA de João Batista e de Tiago" ou então "Cientistas Querem Clonar Jesus Cristo Através dos Restos de seu DNA Deixado Aqui na Terra". Nessas notícias era mencionado que um cientista chamado George Busby, professor da Universidade de Oxford (Inglaterra), havia publicado recentemente um artigo na revista acadêmica "The Conversation" dizendo que estava prestes a encontrar amostras do DNA de Jesus Cristo. A ideia seria clonar Jesus Cristo, em uma tentativa que, a princípio, utilizaria o DNA encontrado no Santo Sudário, ato que a Igreja Católica - guardiã do material - não havia autorizado. Então, o material genético que os cientistas tentariam utilizar nesse experimento seria a ossada encontrada de João Batista, primo de Jesus. Agora, será que toda essa história é realmente verdade? Os pesquisadores querem mesmo cloná-lo a partir do seu DNA, em uma espécie de projeto sobre a "Segunda Vinda de Jesus Cristo"? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Algumas Considerações Iniciais: A "Ideia" de Querer Clonar "Jesus Cristo" Não é Bem uma Novidade na Internet


Antes de começarmos é necessário fazer algumas ponderações sobre esse assunto um tanto quanto polêmico. Primeiramente, é importante mencionar que essa "ideia" de querer clonar Jesus Cristo não é nova. Se vocês fizerem uma rápida busca no Google encontrarão sites mencionando sobre diversos supostos "projetos" nesse sentido  Um desses supostos projetos, para vocês terem uma noção, data do ano 2000, e citava que o "DNA de Jesus Cristo seria extraído a partir do Santo Sudário, inserido dentro de um óvulo não fertilizado e implantado dentro do útero de uma jovem virgem". Se tudo transcorresse conforme o planejado, a criança, ou seja, o segundo Jesus Cristo, nasceria em 25 de dezembro de 2001. Como vocês podem perceber, isso não aconteceu.

Um desses supostos projetos, para vocês terem uma noção, data do ano 2000, e citava que o "DNA de Jesus Cristo seria extraído a partir do Santo Sudário (na foto), inserido dentro de um óvulo não fertilizado e implantado dentro do útero de uma jovem virgem"
Além disso, também já tivemos até supostos projetos envolvendo a extração de DNA da icônica "Lança do Destino" que, segundo o Evangelho de João, teria sido uma lança utilizada pelo centurião romano chamado "Longinus", que por sua vez teria perfurado Jesus Cristo durante a crucificação. De qualquer forma, essa lança é considerada praticamente uma lenda, visto que há diversas pontas de lança, supostamente romanas, que alegam ser a "Lança do Destino" espalhadas ao redor do mundo. Sinceramente, nem compensa ir atrás para desmentir cada vez que isso surge na internet, visto que, infelizmente, praticamente todos os sites que falam sobre isso são altamente questionáveis ou especulativos, exceto, é claro, aqueles que possuem uma opinião mais racional sobre o assunto.

A suposta "Lança do Destino" localizada no Tesouro Imperial, no Palácio Hofburg em Viena, na Áustria
Outra suposta "Lança do Destino" localizada em  Vagharshapat (antigamente chamada de Echmiadzin), na Armênia
Outro ponto interessante a ser comentado é sobre o site "The Conversation", que vem sendo citado pelos sites que estão propagando toda essa história. Esse site não é bem uma revista acadêmica ou um repositório totalmente confiável de artigos escritos por acadêmicos. Aliás, isso também não quer dizer que sejam artigos científicos ou estudos revisados por pares, pelo contrário, uma vez que o "The Conversation"é um local destinado a "notícias independentes" e "pontos de vista" de acadêmicos.

Quando alguém lê uma notícia atribuindo valores a pessoas, artigos ou sites, a pessoa tende a acreditar que seja algo mais científico e mais credível por assim dizer, mesmo que essa pessoa não seja muito adepta da relação amigável entre ciência e religião. Conforme mencionamos anteriormente, o "The Conversation"é uma espécie de canal de mídia independente e sem fins lucrativos, que utiliza o conteúdo fornecido pela comunidade acadêmica e de pesquisa.

O "The Conversation"é uma espécie de canal de mídia independente e sem fins lucrativos,
que utiliza o conteúdo fornecido pela comunidade acadêmica e de pesquisa
Historicamente, quando um veículo de comunicação ou um site de notícias menciona ser "independente", sempre aparece envolvido em confusões. O "The Conversation", por exemplo, é acusado de ser "unilateral" e repleto de "refugiados de esquerda de organizações de mídia comercial". Há quem acuse que, durante o auge da crise financeira da Grécia, "um número impressionante de cientistas sociais e economistas gregos dispararam a escrever artigos pró-Syriza (um partido político de esquerda da Grécia). Enfim, de qualquer forma sempre tenham atenção em sites que se digam "independentes", porque isso geralmente mascara a real finalidade dos mesmos.

Como Tudo Isso Começou? O Texto Publicado pelo Pesquisador George Busby no Site "The Conversation" Fala Alguma Sobre "Clonar" Jesus Cristo?


Agora que você já está munido com algumas informações iniciais importantes e pertinentes a esse assunto, vamos conferir o que o pesquisador George Busby escreveu em seu artigo publicado no site "The Conversation", no dia 12 de abril desse ano, intitulado: "Can we ever find Jesus’s DNA? I met the scientists who are trying to find out" ("Podemos encontrar o DNA de Jesus? Conheci os cientistas que estão tentando descobrir", em português). Leiam o texto abaixo:

"Foi a primeira parada em uma viagem extraordinária. Em uma brilhante, mas muito fria tarde de janeiro no início deste ano, estive em uma pequena ilha no Mar Negro, próxima a Sozopol, na Costa Leste da Bulgária. A ilha de Sveti Ivan tem sido um destino para os viajantes: ela ostentava um templo de Apolo em tempos antigos. Porém, eu estava lá para falar com um antigo arqueólogo búlgaro sobre a descoberta mais importante de sua carreira.

A ilha de Sveti Ivan tem sido um destino para os viajantes: ela ostentava um templo de Apolo em tempos antigos
Em 2010, Kasimir Popkonstantinov descobriu o que ele acredita ser os ossos de um dos mais famosos de todos os santos: João Batista. Estava interessado em saber o que a análise de DNA poderia nos dizer sobre esses ossos, entre outras coisas. Juntamente com Joe Basile, especialista em estudos bíblicos, estive viajando ao redor do mundo gravando um documentário sobre a evidência científica que correlaciona artefatos religiosos e arqueológicos ao próprio Jesus Cristo.

Kasimir Popkonstantinov realizou sua descoberta quando estava escavando uma igreja do século VI nessa ilha, construída sobre uma basílica no século anterior. Conforme ele cuidadosamente raspou através da lama onde deveria estar o altar, ele se deparou com uma laje de pedra e ficou maravilhado ao encontrar uma pequena caixa de mármore logo abaixo. Ele imediatamente soube o que era aquilo. Para que uma igreja fosse consagrada nessa região da Europa, no século V, era necessário contar com uma relíquia de um santo ou de uma pessoa religiosa. Essa caixa, conhecida como relicário, teria que abrigar tal relíquia. 

O professor Kasimir Popkonstantinov e o relicário de mármore, onde possivelmente se encontravam os ossos de João Batista
Ele continuou a escavar em volta e encontrou uma outra caixa menor, a cerca de um metro de distância. Na borda inferior havia uma inscrição: "Que Deus o salve, servo Tomé. Para São João." Posteriormente, quando Kasimir abriu o relicário, ele encontrou cinco fragmentos de ossos. O epitáfio na caixa menor, provavelmente usado para transportar os ossos durante a viagem, foi a peça chave de evidência, que o levou a acreditar, que os ossos talvez pudessem ser os de João Batista. A descoberta é extremamente importante, em parte porque João Batista foi um discípulo de Jesus, e seu primo, o que significa que eles compartilhariam o DNA.

Graças a uma série de avanços científicos, a área relacionada a DNA ancestral - a extração e análise de material genético de ossos e fósseis de organismos desenterrados do solo - está crescendo. Agora temos sequências de DNA de centenas de pessoas mortas há muito tempo, e a análise dessas sequências está refinando ainda mais nossa compreensão da história humana."

DNA Como Prova de Identidade


"Inicialmente, estava cético sobre o que os ossos búlgaros poderiam nos ensinar. Para começar, nenhum teste de DNA pode provar que estes eram os restos mortais de João Batista, Jesus ou qualquer outra pessoa específica. Não podemos extrair e analisar uma amostra de DNA desconhecida e dizer magicamente que pertencia a este ou aquele personagem histórico. Para fazer isso, precisaríamos ter uma amostra de DNA que, sem qualquer sombra de dúvidas, fosse de João Batista, e assim poderíamos comparar com os ossos em questão. Portanto, sequenciar apenas o DNA não seria muito útil.

 O amanhecer no Monte das Oliveiras com vista para a antiga cidade de Jerusalém
Outra consideração importante é o risco de contaminação. Em um cenário ideal, o material antigo que desejemos utilizar para a análise genética deve estar intocado por qualquer pessoa, desde que a pessoa em questão tenha morrido. As melhores amostras nesse sentido são extraídas do solo, colocadas em um saco e, em seguida, enviadas diretamente para um laboratório especializado em DNA ancestral. Nos 500 anos entre a morte de João e seus ossos serem selados na igreja, inúmeras pessoas podem ter manuseado os mesmos, e deixado vestígios de seus respectivos DNAs.

Entretanto, isso não significa que tudo está perdido. O DNA se degrada ao longo do tempo, assim podemos testar qualquer DNA extraído de restos mortais antigos a procura de indicadores de degradação. Isso significa que podemos diferenciar a contaminação moderna de genomas antigos. Também podemos tentar extrair DNA do interior dos ossos e sequência o DNA das pessoas que são conhecidas por terem entrado em contato com os artefatos para ajudar a distinguir o DNA ancestral e os agentes contaminantes modernos."

O Que o DNA Pode Nos Dizer


"O DNA deve ser usado como uma ferramenta adicional para a Arqueologia. Na minha opinião, há dois benefícios claros, que a análise de DNA pode trazer para essa questão em particular. Podemos comparar o DNA de uma relíquia com o DNA de outras relíquias. Se encontrarmos outras relíquias supostamente de João Batista, ou um parente próximo assim como Jesus, então poderíamos usar a genética para comparar os dois para ver se eles são prováveis de terem vindo das mesmas pessoas ou de pessoas relacionadas. Além disso, temos coleções crescentes de DNA coletadas de pessoas em todo o mundo, algo que podemos usar para fazer uma suposição sobre as origens geográficas das relíquias.

Então, o que os ossos búlgaros nos disseram? A datação por radiocarbono sugeriu que eles tinham 2.000 anos de idade. Sua sequência de DNA aparentou mostrar uma afinidade às populações modernas do Oriente Médio. Infelizmente, quando falei com o geneticista que fez a pesquisa, ele me disse que, desde então, descobriram que a sequência de DNA correspondia à pessoa que extraiu o material ósseo, o que significava que uma contaminação era mais do que provável. Além disso, eles só tinham uma pequena quantidade de material para trabalhar, por isso era improvável que sejamos capazes de usar o DNA para sabermos realmente a quem os ossos pertenciam.

Posteriormente, quando Kasimir abriu o relicário, ele encontrou cinco fragmentos de ossos (na foto). O epitáfio na caixa menor, provavelmente usado para transportar os ossos durante a viagem, foi a peça chave de evidência, que o levou a acreditar, que os ossos talvez pudessem ser os de João Batista
Entretanto, também visitei outros cientistas que possuíam outras relíquias, onde a análise de DNA poderia ser possível. Por exemplo, pesquisas recentes identificaram o DNA de diversas pessoas no Sudário de Turim (também conhecido como Santo Sudário), que é um pedaço de pano que alguns acreditam que Jesus foi enrolado quando o desceram da cruz.

Em Jerusalém, também nos encontramos com um homem que está em processo de sequenciamento de material do "Ossuário de Tiago", uma caixa de calcário do primeiro século que pode ter armazenado os ossos do irmão de Jesus. Encontramos também um arqueólogo em Israel, com diversos cravos de crucificação, sendo que um deles ainda estava cravado em um osso do calcanhar de uma pobre alma crucificada. Infelizmente, é impossível extrair o DNA a partir de ferro enferrujado.

O "Ossuário de Tiago" (na foto), uma caixa de calcário do primeiro século que pode ter armazenado os ossos do irmão de Jesus
Embora a análise de DNA não possa provar que esses são os artefatos que alguns acreditam que sejam, a esperança é que esses e outros itens possam um dia fornecer uma visão sobre as relações entre eles e seus descendentes modernos. Vamos supor por um momento que a contaminação pudesse ser completamente descartada, e que a análise de DNA demonstrasse que o DNA do Sudário era uma correspondência familiar com o DNA do "Ossuário de Tiago", e que ambos estivessem relacionados com os ossos búlgaros. Poderia ser o DNA de Jesus e sua família? Para responder a isso, tudo que você precisa é um pouco de crença."

Enfim, conforme vocês puderam acompanhar, em nenhum momento do artigo é mencionado que George Busby tivesse pretensão de "clonar" Jesus Cristo. Além disso, até mesmo tentar identificar possíveis descendentes é algo bem remoto e difícil por uma série de fatores mencionados no artigo. De qualquer forma, vamos saber uma rápida análise dessa história.

Uma Rápida Análise do que Foi Mencionado por George Busby


Não sei se foi somente impressão minha, mas me senti um pouco frustrado ao chegar ao final do artigo escrito pelo George Busby. Se formos realmente colocar no papel as evidências cientifícas, que realmente poderiam nos dizer alguma coisa, nesse exato momento e diante do seu texto, não teríamos praticamente nada.

George Busby é apontado como pesquisador associado
em Estatística Genômica da Universidade de Oxford
Aparentemente, dependemos de um futuro, que não podemos precisar quando, no qual tenhamos provas convicentes, que determinados restos mortais possam ser realmente de algum familiar de Jesus Cristo ou até mesmo do próprio Jesus Cristo, para então tentar extrair um DNA bem degradado e passível de um alto índice de contaminação, apenas para tentar identificar os eventuais descendentes de sua família.

E olha que não estou e nem entrarei no mérito sobre a existência ou natureza divina de Jesus, e nem mesmo se tais relíquias, artefatos ou até mesmo o Santo Sudário, que vira e mexe, é alvo de polêmicas e teorias de que tudo não passaria de uma grande farsa, sejam realmente verdadeiras ou tão antigas quanto se acredita.

É importante destacar que o autor do artigo, George Busby é apontado como pesquisador associado em Estatística Genômica da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Também é mencionado que ele foi um consultor pago pela produtora TIJAT (This is Just a Test), a companhia por trás do documentário exibido pelo History Channel. Em seu perfil no site "The Conversation", no qual ele possui apenas três artigos publicados, ele cita que vem "tentando entender a razão pela qual algumas pessoas na África simplesmente parecem não contrair a malária, mesmo que vivam em uma região altamente endêmica. A resposta é muito complicada, mas é claro que existe um componente genético." Além disso, ele escreveu que "está interessado em usar a genética para entender a história humana", e que teríamos o registro de nossa ancestralidade dentro de cada um de nós.

É importante destacar que o autor do artigo, George Busby é apontado como pesquisador associado em Estatística Genômica da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Também é mencionado que ele foi um consultor pago pela produtora TIJAT (This is Just a Test), a companhia por trás do documentário exibido pelo History Channel
Em seu perfil no site "The Conversation", no qual ele possui apenas três artigos publicados, ele cita que vem "tentando entender a razão pela qual algumas pessoas na África simplesmente parecem não contrair a malária, mesmo que vivam em uma região altamente endêmica. A resposta é muito complicada, mas é claro que existe um componente genético."
De acordo com George, o objetivo seria aprender como a história afetou nossos genes, não somente do ponto de vista evolutivo, mas para descobrir como as relações genéticas entre as populações podem ajudar a interpretar estudos epidemiológicos genéticos no caso de doenças infecciosas.

Não é à toa, que ele aparece como tendo um PhD pelo Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford, tendo trabalhado no laboratório de um pesquisador chamado Cristian Capelli, também na Universidade de Oxford, usando técnicas genéticas evolutivas para explorar os movimentos ancestrais de pessoas ao redor do Mediterrâneo. Atualmente, no entanto, George estaria trabalhando no Centro Wellcome Trust de Genética Humana, da Universidade de Oxford.

Não é à toa, que George Busby aparece como tendo um PhD pelo Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford, tendo trabalhado no laboratório de um pesquisador chamado Cristian Capelli, também na Universidade de Oxford, usando técnicas genéticas evolutivas para explorar os movimentos ancestrais de pessoas ao redor do Mediterrâneo
Em seu artigo, como era de se esperar, George Busby foi criticado pela pouca profundidade do mesmo. Um comentário em particular me chamou a atenção, visto que foi o único comentário entre 65 (até o fechamento dessa postagem), que George Busby respondeu. Um usuário chamado John Dakin citou que o artigo era "bizarro". Primeiramente, porque o George afirmou, sem nenhuma qualificação, que Jesus de Nazaré e João Batista eram primos, porém a única garantia disso seria o Evangelho Segundo Lucas, Capítulos 1 e 2. Segundo John, esses capítulos contêm a narrativa da infância de Lucas, sendo que as narrativas da infância de Mateus e Lucas são altamente questionáveis e se contradizem em diversos detalhes importantes.

Ainda de acordo com John, George mencionava Joe Basile, seu parceiro no documentário, como alguém que fosse um especialista em estudos bíblicos, mas o endereço apontado por ele remetia a uma conta no Twitter, onde Joe Basile dizia ser apenas um "pastor da Igreja Encounter Road -  Clovis/Visalia & The Valley", no estado norte-americano da Califórnia. Assim sendo, seria difícil determinar o que Joe alegava ter de conhecimento para alegar que era um especialista em estudos bíblicos. Por fim, John ainda questionou o final do artigo, onde George mencionava que era necessário ter "um pouco de crença" ou um "pouco de fé".

Em seu artigo, como era de se esperar, George Busby foi criticado pela pouca profundidade do mesmo.
Um usuário chamado John Dakin citou que o artigo era "bizarro".
Em sua resposta, George inicialmente disse que John estava certo ao dizer que o Evangelho de Lucas sugeriria que Maria, mãe de Jesus, e Isabel, mãe de João Batista, eram primas, e que essa era a base de sua declaração sobre o parentesco de ambos. Disse também que ele poderia ter o ponto de vista de que as narrativas de infância estivesse cheias de contradições e fossem potencialmente um mito, visto que muitos consideram que a Bíblia inteira seja um mito. Na verdade, algumas pessoas questionam até mesmo se Jesus existiu como figura histórica. Posteriormente, George mencionou que seu artigo queria demonstrar que, sendo geneticista e havendo o DNA de Jesus e João Batista, ele poderia analisá-lo e entender como ambos estão relacionados.

George disse que no artigo, que ele abordava isso por um outro ângulo. Ele sugeria (com grandes ressalvas) que poderíamos obter DNA de uma relíquia que poderia ter pertencido a Jesus e uma relíquia que poderia ter pertencido a João Bastista, para então avaliar se eles eram primos do ponto de vista genético. Isso seria interessante, visto que a Bíblia, sendo ou não apenas um mito, menciona essa relação.

Já sobre Joe Basile, George disse que ele era realmente um pastor da Califórnia, e ele não via, a princípio, como isso o desqualificaria como especialista em estudos bíblicos, pois isso depende da definição particular de "estudioso". Joe teria passado anos estudando, ensinando e pregando a Bíblia. Então, na opinião de George, isso tornaria o Joe, "um estudioso".

Resposta de George Busby para o usuário John Dakin
Em relação a sua frase final, George disse que o Cristianismo, assim como toda religião, é baseado na crença. Segundo George, a questão é que a ciência nunca será capaz de provar que um osso, cravo ou determinada roupa pertencia a uma pessoa em específico, que viveu há 2.000 anos. Porém, poderia fornecer algum detalhe arqueológico, ou até mesmo talvez genético. Portanto, se alguém quiser pensar que a combinação de evidências científicas e bíblicas apontam para ser Jesus e sua família, então é crença e não ciência que ajudar essa pessoa.

Bem, como vocês podem notar até o momento, o documentário exibido pelo History Channel teria sido produzido pela empresa TIJAT, sediada em Los Angeles, na Califórnia, que costuma prestar serviço para canais como Discovery, Animal Planet, National Geographic, além de criar campanhas publicitárias para empresas multinacionais. Entre os principais personagens, temos um pastor jovial, moderno, repleto de tatuagens (nada contra, visto que também possuo tatuagens) de uma igreja que possui dois "campus" coincidentemente também no Estado da Califórnia. Outro destaque seria o George Busby, o PhD pelo Departamento de Zoologia de Oxford, mas que aparece como pesquisador associado em Estatística Genômica, uma credencial bem mais imponente. É o mesmo George o responsável por dizer que a definição de estudioso é pessoal, ou seja, não importa onde a pessoa estudou, os congressos, seminários que frequentou, nada, isso é bobeira. Assim sendo, em um mundo que cada vez mais clama por experiência, qualificação e veracidade do que é divulgado, cada um pode se considerar como quiser como estudioso.

De qualquer forma, encontrei um material bem interessante que foi publicado no dia 14 de abril, cerca de dois dias antes do documentário ser exibido no History Channel, pelo site de notícias Visalia Times-Delta, justamente sobre o pastor Joe Basile.

Quem é o Pastor Joe Basile?


Na matéria publicada pelo site Visalia Times-Delta, inicialmente foi feito o seguinte questionamento: "Como você vai de um rapper de Chicago para um especialista em estudos bíblicos requisitado pelo History Channel para ir à Terra Santa para fazer um especial de Domingo de Páscoa sobre o DNA de Jesus?" Também foi mencionado que vem sendo uma longa e incrível jornada para Joe Basile, que foi escolhido para trabalhar com o geneticista George Busby, em uma combinação de fé e ciência em busca do DNA de Jesus.

"O History Channel realmente queria precisão. Usamos a Bíblia como um mapa combinado com a ciência. Meu papel era ter certeza de que não saíssemos dos limites", disse o pastor Joe Basile.

De acordo com o Visalia Times-Delta, os dois especialistas usaram os mais recentes avanços científicos em termos de DNA, para investigar as relíquias sagradas mais famosas do mundo, incluindo o Sudário de Turim, o Sudário de Oviedo e os recém-descobertos ossos do primo de Jesus, João Batista (detalhe que não há nenhuma confirmação nesse sentido). O resultado poderia ser visto no especial denominado "The Jesus Strand: A Search for DNA", com cerca de 2h, que seria (e foi, diga-se de passagem) exibido nos Estados Unidos no último domingo (16).

Foi mencionado que vem sendo uma longa e incrível jornada para Joe Basile (à direita), que foi escolhido para trabalhar com o geneticista George Busby (à esquerda), em uma combinação de fé e ciência em busca do DNA de Jesus
"Ter sido escolhido para um projeto como esse soa muito bom para ser verdade. Eu mesmo disse à igreja, que isso provavelmente não era real, mas eles estavam interessados em mim", disse o pastor Joe, repleto de tatuagens pelo corpo. Depois de ter sido entrevistado e escolhido como um especialista em estudos bíblicos para o especial, ele passou 25 dias com George Busby, e uma equipe de filmagem indo a locais sagrados da Espanha e Itália, até Israel e as margens do Mar Negro.

Ao extrair e analisar amostras de relíquias sagradas em cada local, eles esperavam recuperar uma amostra de DNA, que possivelmente pertencesse a Jesus ou a um membro de sua família. O objetivo era ver se eles poderiam encontrar uma fita de DNA de Jesus, o que poderia ajudar a identificar os seus descendentes, e fornecer uma nova visão sobre o homem que muitos consideram ser a pessoa mais importante na história.

"Fomos capazes de ir a lugares que ninguém mais tem acesso, e dar uma olhada em artefatos que são incríveis. Foi um momento de mudança de vida para mim", disse o pastor Joe. Eles deram uma olhada em algumas das mais bíblias e textos antigos da Biblioteca Bodleian, na Universidade de Oxford, uma das mais célebres bibliotecas do mundo. Em Turim, na Itália, eles foram autorizados a fazer testes no Sudário de Turim, registrado na Bíblia como a mortalha que envolveu Jesus.

O pastor Joe Basile ao lado do geneticista George Busby na Ilha Sveti Ivan, na costa da Bulgária
"O Vaticano só permitiu dois testes. Eles nos deram acesso ao testes deles e fizemos alguns testes por conta própria", continuou. No Norte da Espanha, eles viram o Sudário de Oviedo, o pano que a "tradição e os estudos científicos" alegam ter sido usado para cobrir e limpar o rosto de Jesus após a crucificação. Na ilha de Sveti Ivan, na costa da Bulgária, no Mar Negro, eles testaram os ossos encontrados em 2010, que se acredita serem os de João Batista.

"George e eu tínhamos que descobrir - eu a partir da Bíblia, ele a partir da ciência - o que era genuíno", acrescentou, uma vez que a ciência e a religião nem sempre concordam em relação a artefatos históricos. Por sua vez, John Verhoff, produtor executivo de programação do History Channel, explicou o desafio.

O pastor Joe Basile no interior da biblioteca Bodleian, na Universidade de Oxford, na Inglaterra
"Devido ao tremendo salto na tecnologia do DNA nos últimos anos, houve uma discussão para ver se poderíamos acessar algumas das relíquias religiosas mais famosas e testar o DNA. A ideia era ver se poderíamos revelar novas informações sobre as relíquias, bem como encontrar algo que pudesse apontar para a figura histórica de Jesus. Queríamos ver se a ciência poderia aprofundar nossa compreensão de Jesus, o homem", disse John Verhoff, uma vez que o canal queria mostrar uma visão equilibrada.

"Joe tem uma fé poderosa, bem como curiosidade genuína. Ele estava aberto a investigar a figura histórica de Jesus. Joe era alguém que poderia equilibrar o aspecto religioso dessa viagem, juntamente com o histórico e científico", completou John.

"Todas as noites, estive estudando sobre tudo o que os especialistas falariam no dia seguinte - escrituras, história, localização, idiomas. Eu vi todos os meus estudos ganharem vida. A viagem inteira me surpreendeu. Meu objetivo era que Jesus saísse das páginas e voltasse à vida. Acho que encontramos algumas coisas interessantes", disse o pastor Joe, que não quis revelar naquele momento o que seriam essas coisas, visto que as pessoas precisariam assistir ao documentário.

O pastor Joe Basile em sua igreja a "Encounter Road Church", em Clovis, na Califórnia
O texto publicado pelo Visalia Times-Delta também menciona que Joe Basile cresceu em uma grande família católica italiana-americana em Chicago, o caçula de 10 filhos. Depois de ter o que ele descreveu como um "poderoso momento em uma igreja protestante evangélica", Joe entrou em uma espécie de "jornada espiritual". Ele se matriculou na Trinity International University como estudante de estudos bíblicos, tornando-se a primeira pessoa em sua família a se formar na faculdade.

"Sinceramente, foi um tremendo desejo por respostas, que começou com minha primeira Bíblia. Eu criei minha própria concordância por trás das minhas passagens bíblicas, nas quais forneciam respostas claras a questões urgentes. Toda vez que eu fazia isso, eu dava aquela Bíblia para um novo Cristão e criava uma nova", disse o pastor Joe.

"Sinceramente, foi um tremendo desejo por respostas, que começou com minha primeira Bíblia. Eu criei minha própria concordância por trás das minhas passagens bíblicas, nas quais forneciam respostas claras a questões urgentes. Toda vez que eu fazia isso, eu dava aquela Bíblia para um novo Cristão e criava uma nova", disse o pastor Joe
Joe Basile começou uma igreja em sua cidade natal, mudou-se para Los Angeles para iniciar uma igreja e foi abordado para participar de três reality shows sobre religião, que nunca foram vendidos. Mais recentemente ele esteve na cidade de Fresno como pastor da Primeira Igreja Batista de Fresno, e dois anos atrás começou sua igreja na cidade de Clovis.

Quando o pastor da "Road Chuch" em Visalia aposentou-se, as duas igrejas fundiram-se. Joe Basile também já esteve no programa do Jim Franklin, na rádio KMJ diversas vezes, sendo convidado a defender a "ressurreição de uma perspectiva intelectual". Sua igreja está presente na TV, no canal CW, todos os domingos de manhã. Portanto, ele era uma escolha praticamente lógica para ser explorada pelo History Channel.

Foto de um dos cultos realizados dentro da igreja coordenada pelo pastor Joe Basile
Durante a viagem, o pastor não-convencional também conseguiu se divertir e rir de si mesmo.

"Sou italiano, mas nunca fui à Itália. Todos eles são esbeltos, bonitos e altos. O que aconteceu comigo?", disse o pastor Joe, também esperando que o especial estimulasse maiores investigações.

"Cresci muito. Meu coração está repleto. As pessoas foram maravilhosas. Sinto-me honrado. Isso mostra que, para um cara que mora no Vale, Deus pode me usar para fazer coisas muito legais", finalizou.

O Documentário Exibido Pelo History Channel no Domingo de Páscoa Desse Ano (16)


Diante de tanta discussão e nenhuma delas apontando, que quaisquer cientistas tivessem alguma intenção de "clonar" Jesus Cristo, resolvi assistir ao documentário exibido pelo History Channel. Vocês até podem se perguntar como assistí-lo, porém até onde sei ele não foi exibido no Brasil. Então tive que me virar para poder trazer o conteúdo desse documentário, de 2h de duração, para vocês. Afinal de contas, faço isso não por mim, mas por cada um que dedica uma parte do seu tempo em acompanhar o que escrevo e consequentemente o meu trabalho. Então, vamos acompanhar um grande resumo que fiz de tudo que foi exibido no mesmo.

O documentário exibido pelo History Channel intitulado "The Jesus Strand: A Search for DNA"
No início do documentário são apresentados os dois personagens principais do mesmo, ou seja, o Dr. George Busby e o pastor Joe Basile, sendo que esse último é apontado como especialista em Koine Greek, o idioma original no qual o Novo Testamento teria sido escrito. De qualquer forma, ficou bem claro no início do documentário, que a jornada de ambos estaria em busca de conhecermos quem seria os descendentes de Jesus vivendo entre nós, um homem considerado como um dos mais importantes da história. Simplificando, mais uma vez não tinha nada a ver com clonagem.

No início do documentário são apresentados os dois personagens principais do mesmo, ou seja, o Dr. George Busby...
...e o pastor Joe Basile, sendo que esse último é apontado como especialista em Koine Greek,
o idioma original no qual o Novo Testamento teria sido escrito
Rapidamente, o assunto abordado se volta para a mais emblemática evidência da existência de Jesus Cristo: o Sudário de Turim (também conhecido como "Santo Sudário"), uma peça retangular de linho de 4,5 metros de comprimento por 1,1 de largura, que mostra a imagem de um homem, que aparentemente sofreu traumatismos físicos de maneira consistente com a crucificação.

Atualmente, o Santo Sudário é mantido na Catedral de Turim, em um vidro à prova de balas, selado e com a temperatura controlada, sendo que a última vez que foi exibido ao público teria sido em 2015. O objetivo então, seria tentar extrair alguma amostre da DNA do Santo Sudário. Porém, diante dessa restrição de acesso, seria praticamente impossível coletar algo diretamente desse sudário.

O Sudário de Turim (também conhecido como "Santo Sudário"), uma peça retangular de linho
de 4,5 metros de comprimento por 1,1 de largura...
...que mostra a imagem de um homem, que aparentemente sofreu traumatismos físicos de maneira consistente com a crucificação
Atualmente, o Santo Sudário é mantido na Catedral de Turim, em um vidro à prova de balas, selado e com a temperatura controlada, sendo que a última vez que foi exibido ao público teria sido em 2015
No documentário também é mostrado o Laboratório de Genética e Genômica BreedOmics, localizado na Universidade de Pádua, no qual ambos tiveram acesso, e conversaram o Dr. Gianni Barcaccia, responsável pelo laboratório. Ele mostrou onde as amostras do Santo Sudário, coletadas em 1978 e 1988, ficam armazenadas.

Joe Basile chegou a ficar empolgado, visto que o Santo Sudário realmente conteria partículas sangue, ainda que a quantidade fosse mínima. O Dr. Gianni Barcaccia também mencionou que não era possível reproduzir o o Santo Sudário, garantindo que nenhum artista teria pintado o tecido em questão.

No documentário também é mostrado o Laboratório de Genética e Genômica BreedOmics, localizado na Universidade de Pádua, no qual ambos tiveram acesso, e conversaram o Dr. Gianni Barcaccia, responsável pelo laboratório
O Dr. Gianni Barcaccia mostrou onde as amostras do Santo Sudário, coletadas em 1978 e 1988, ficam armazenadas
Joe Basile chegou a ficar empolgado, visto que o Santo Sudário
realmente conteria partículas sangue, ainda que a quantidade fosse mínima
Entretanto, procurando com cautela as palavras diante do questionamento feito por Joe Basile se o sudário era realmente autêntico, o Dr. Gianni Barcaccia disse que, com base nos dados que possuem, ele podia dizer que não era uma "farsa do período medieval" e que o sudário tinha 2.000 anos de idade, sendo que ambos teriam acesso as amostras para analisá-las. Nesse ponto uma amostra de puro DNA teria sido extraída para análise.

Uma amostra de DNA puro teria sido extraída para análise
Imagem do Dr. George Busby entregando a amostra para ser devidamente analisada
Em seguida é apontada uma das contovérsias sobre o Santo Sudário, o caminho percorrido pelo mesmo e as dúvidas que pairam sobre sua real representação. Vamos pular alguns pontos para não nos alongarmos muito, afinal de contas são 2h de especial.

Então, ambos se encaminham para Biblioteca Bodleian, a principal biblioteca de pesquisa da Universidade de Oxford, e uma das mais antigas da Europa, conforme havia sido mencionado pelo site Visalia Times-Delta. Obviamente, Joe Basile ficou muito empolgado em acessar todo aquele material antigo e de certa forma restrito ao acesso público. Aliás, ele também passou a explicar para George a importância de tudo aquilo que estava diante deles. Simplificando, as bíblias e manuscritos antigos poderiam conter informações valiosas sobre a família de Jesus.

Então, ambos se encaminham para Biblioteca Bodleian, a principal biblioteca de pesquisa da Universidade de Oxford, e uma das mais antigas da Europa, conforme havia sido mencionado pelo site Visalia Times-Delta
Joe Basile ficou muito empolgado em acessar todo aquele material antigo e de certa forma restrito ao acesso público. Aliás, ele também passou a explicar para George a importância de tudo aquilo que estava diante deles
Depois dessa rápida passagem pela Inglaterra, a equipe foi para a Bulgária para investigar os supostos ossos de João Batista, mais precisamente até a ilha de Sveti Ivan, e foram recebidos pela Dra. Rossina Kostova e o Dr. Kazimir Popkonstantinov, ambos da Universidade de Veliko Tarnovo. Durante o trajeto, George e Joe foram informados que antigamente a ilha era utilizada para finalidades militares, e que a exploração arqueológica da mesma foi possível apenas na última década.

Depois dessa rápida passagem pela Inglaterra, a equipe foi para a Bulgária para investigar os supostos ossos de João Batista, mais precisamente até a ilha de Sveti Ivan, e foram recebidos pela Dra. Rossina Kostova e o Dr. Kazimir Popkonstantinov, ambos da Universidade de Veliko Tarnovo
Durante o trajeto, George e Joe foram informados que antigamente a ilha era utilizada para finalidades militares, e que a exploração arqueológica da mesma foi possível apenas na última década
Também é mencionado no documentário que os ossos foram enviados para a análise em um dos mais renomados laboratórios de datação por radiocarbono, na Universidade de Oxford, e que os resultados apontaram que eles eram da primeira metade do primeiro século, ou seja, coincidia com a época que João Batista viveu. Já em uma análise de DNA realizada na Universidade de Copenhague, apontou que os ossos seriam de uma única e mesma pessoa. O objetivo de George e Joe seria tentar buscar alguma relação "de sangue" entre os supostos ossos de João Batista e o Santo Sudário.

Reconstituição feita em computador para mostrar a localização das duas caixas
encontradas pelo Dr. Kazimir Popkonstantinov
Local exato onde o Dr. Kazimir Popkonstantinov encontrou a caixa contendo os supostos ossos de João Batista
Imagem mostrando o interior da caixa contendo os supostos ossos de João Bastista
Momento da abertura da respectiva caixa no ano de 2010
Posteriormente, eles puderam conferir de perto esses mesmos ossos, que estão guardados em uma pequena igreja na cidade de Sozopol, na Bulgária. É explicado também, que os ossos são de cada uma das partes do corpo de uma pessoa, e que a igreja local acreditava que sejam mesmo de João Batista, assim como os pesquisadores búlgaros.

Entretanto, George ao conversar com um outro pesquisador envolvida na análise desses ossos, ficou sabendo que o DNA encontrado nas amostras era de um dos cientistas envolvidos no projeto, ou seja, o material estava comprometido, contaminado, por assim dizer.

Posteriormente, eles puderam conferir de perto esses mesmos ossos,
que estão guardados em uma pequena igreja na cidade de Sozopol, na Bulgária
É explicado também, que os ossos são de cada uma das partes do corpo de uma pessoa, e que a igreja local acreditava que sejam mesmo de João Batista, assim como os pesquisadores búlgaros
Detalhe dos ossos e até mesmo de um dente que foram encontrados
Entretanto, George ao conversar com um outro pesquisador envolvido nas análises desses ossos, ficou sabendo que o DNA encontrado nas amostras era de um dos cientistas envolvidos no projeto, ou seja, o material estava comprometido, contaminado, por assim dizer
Assim sendo, George e Joe viajaram para Jerusalém, em Israel, onde família de Jesus teria vivido e morrido. Ambos visitaram primeiramente a Basílica do Santo Sepulcro, onde, segundo a tradição católica conta, Jesus teria sido crucificado, sepultado e, "ao terceiro dia", teria ressuscitado.

Assim sendo, George e Joe viajaram para Jerusalém, em Israel, onde família de Jesus teria vivido e morrido
Ambos visitaram primeiramente a Basílica do Santo Sepulcro, onde, segundo a tradição católica conta,
Jesus teria sido crucificado, sepultado e, "ao terceiro dia", teria ressuscitado
Após uma explicação de Joe sobre a crucificação e a importância do sacrifício de Jesus, ambos foram até a Universidade de Tel Aviv para conversar com o Dr. Israel Hershkovitz, apontado como especialista em ossos e relíquias. Ele tinha em sua posse três cravos, que poderiam ter sido usados na crucificação de Jesus e, caso estivessem em boas condições, poderiam conter ter traços de DNA para compará-los aos demais materiais que estavam verificando ao longo da jornada deles.

Um dos cravos ainda estava preso ao osso, sendo que também foi apontado que essa era a primeira evidência física no mundo de que se utilizavam cravos na crucificação, visto que havia apenas relatos históricos.

Após uma explicação de Joe sobre a crucificação e a importância do sacrifício de Jesus, ambos foram até a Universidade de Tel Aviv para conversar com o Dr. Israel Hershkovitz, apontado como especialista em ossos e relíquias
Um dos cravos ainda estava preso ao osso, sendo que também foi apontado que essa era a primeira evidência física no mundo de que se utilizavam cravos na crucificação, visto que havia apenas relatos históricos
Aliás, a parte interessante nesse ponto é a declaração do Dr. Israel Hershkovitz apontando que, a forma como o cravo estava no osso, não indicava que Jesus teria sido crucificado da maneira como todas as pessoas pensam, mas possivelmente em duas toras de madeira em formato de "X", com cada pé ao lado de uma tora de madeira fincada diretamente no chão, ao contrário da simbologia cristã tradicional (em formato de "T"). A iconografia da crucificação pode ter sido alterada para simbolizar o cristão olhando para cima, sendo levantado cada vez mais no alto, em direção a Jesus ou a Deus.

Aliás, a parte interessante nesse ponto é a declaração do Dr. Israel Hershkovitz apontando que, a forma como o cravo estava no osso, não indicava que Jesus teria sido crucificado da maneira como todas as pessoas pensam...
...mas possivelmente em duas toras de madeira em formato de "X", com cada pé ao lado de uma tora de madeira fincada diretamente no chão, ao contrário da simbologia cristã tradicional (em formato de "T")
Joe Basile, por sua vez, disse que no Novo Testamento, escrito em seu idioma original, o "Koine Greek" menciona que a crucificação de Jesus teria ocorrido em um "stauros", palavra que significaria "cruz" ou "estaca", e que não havia nenhuma razão no idioma original para ser identificado como algo em formato de "X".

Joe Basile, por sua vez, disse que no Novo Testamento, escrito em seu idioma original, o "Koine Greek" menciona que a crucificação de Jesus teria ocorrido em um "stauros", palavra que significaria "cruz" ou "estaca", e que não havia nenhuma razão no idioma original para ser identificado como algo em formato de "X"
De qualquer forma, o Dr. Israel Hershkovitz mencionou que não acreditava que cravo com o osso seria realmente de Jesus. Tudo seria da mesma época e encontrado em Jerusalém, mas eles tinham o nome de quem havia morrido gravado no ossuário, ou seja tinham absoluta certeza que não era de Jesus Cristo. Então, ele mencionou a existência de mais dois cravos, que "as pessoas acreditavam que pertenciam a Jesus Cristo".

Então, ele mencionou a existência de mais dois cravos, que "as pessoas acreditavam que pertenciam a Jesus Cristo"
Os cravos teriam sido encontrados no local onde Caiaphas foi enterrado. Para quem não sabe, Caiaphas foi sacerdote judeu do alto escalão, que se dizem ter organizado o plano para matar Jesus. No documentário é questionado se os cravos poderiam ter sido colocados como uma espécie de amulento para proteger Caiaphas em sua morte ou então sido colocados como uma espécie de troféu em seu túmulo.

No documentário é questionado se os cravos poderiam ter sido colocados como uma espécie de amulento para proteger Caiaphas em sua morte ou então sido colocados como uma espécie de troféu em seu túmulo
Entretanto, quando Joe perguntou ao George se era possível extrair amostras de DNA dos cravos, George disse que não teria como visto que estavam muito oxidados, ou seja, enferrujados, fora que muitas pessoas deviam ter tocado nos cravos ao longo do tempo, ou seja, havia um alto risco de contaminação. O próprio Dr. Israel Hershkovitz disse que a chance de extrair DNA dos cravos era zero. Algo bem decepcionante.

Entretanto, quando Joe perguntou ao George se era possível extrair amostras de DNA dos cravos, George disse que não teria como visto que estavam muito oxidados, ou seja, enferrujados, fora que muitas pessoas deviam ter tocado nos cravos ao longo do tempo, ou seja, havia um alto risco de contaminação
O próprio Dr. Israel Hershkovitz disse que a chance de extrair DNA dos cravos era zero.
Algo bem decepcionante
Após uma conversa entre Joe e George, estando diante do Mar da Galiléia, ambos retornaram para Jerusalém para visitar um geólogo, o Dr. Aryeh Shimron, que é especialista em "túmulos judaicos". Foi mencionado no documentário, que existem ossuários em duas caixas feitas de calcário, onde estariam os restos mortais da família de Jesus Cristo, visto que haveria inscrições de nomes dos familiares conhecidos de Jesus, os mesmos que seriam mencionados na Bíblia.

Após uma conversa entre Joe e George, estando diante do Mar da Galiléia, ambos retornaram para Jerusalém para visitar um geólogo, o Dr. Aryeh Shimron, que é especialista em "túmulos judaicos"
Foto do local onde os ossuários teriam sido encontrados
Foi mencionado no documentário, que existem ossuários em duas caixas feitas de calcário, onde estariam os restos mortais da família de Jesus Cristo, visto que haveria inscrições de nomes dos familiares conhecidos de Jesus, os mesmos que seriam mencionados na Bíblia.

Então, o Dr. Aryeh Shimron mostrou evidências físicas, pequenas amostras do que foi coletado e que supostamente pertenceria a família de Jesus, para a admiração, é claro de George e Joe.

Contudo, Joe ressaltou que na inscrição de uma das caixas havia a expressão, "Judas, filho de Jesus", o que não era compatível com os registros bíblicos, visto que nenhum dos evengelhos menciona que Jesus teria tido um único filho. Então, Joe não sabia dizer o quão a descoberta poderia ser confiável.

Então, o Dr. Aryeh Shimron mostrou evidências físicas, pequenas amostras do que foi coletado
e que supostamente pertenceria a família de Jesus...
...para a admiração, é claro de George e Joe
Em seguida, foi mencionado que na Bíblia havia diversas passagens citando a existência não apenas um único sudário, mas dois sudários. Nesse caso, o segundo sudário teria coberto o rosto de Jesus Cristo após a sua crucificação. Acredita-se que ele seja o que atualmente se conhece como "Sudário de Oviedo", que se encontra na Catedral de Oviedo, na Espanha.

Nesse sentido, Joe conversou remotamente com o historiador Mark Guscin, que acreditava que o tecido que se encontrava na Espanha seria realmente o sudário que teria coberto o rosto de Jesus. Aliás, esse sudário ainda conteria sangue, algo que poderia ser comparado com o Sudário de Turim.

Joe conversou remotamente com o historiador Mark Guscin, que acreditava que o tecido que se encontrava na Espanha seria realmente o sudário que teria coberto o rosto de Jesus. Aliás, esse sudário ainda conteria sangue, algo que poderia ser comparado com o Sudário de Turim
Acredita-se que o tecido seja o que atualmente se conhece como "Sudário de Oviedo",
que se encontra na Catedral de Oviedo, na Espanha
Foi mencionado que na Bíblia havia diversas passagens citando a existência não apenas um único sudário, mas dois sudários. Nesse caso, o segundo sudário teria coberto o rosto de Jesus Cristo após a sua crucificação.
Assim sendo, Joe e George se separaram. Joe se encaminhou para a Espanha, enquanto George voltou para a Itália para finalizar o sequenciamento das amostras do Sudário de Turim. Durante sua jornada até a Espanha, Joe conversou com o próprio Mark Guscin pessoalmente.

Durante sua jornada até a Espanha, Joe conversou com o próprio Mark Guscin pessoalmente
É possível notar que o Sudário de Oviedo é mantido em condições muito semelhantes ao Sudário de Turim, porém ao menos nesse caso Joe teve ao menos acesso visual ao mesmo. Mark explicou que, a princípio, as pessoas poderiam pensar que se tratava apenas um pedaço de pano velho, mas que havia vestigíos de sangue e fluídos do pulmão como ocorreria em casos de asfixia.

Então, após uma análise forense eles teriam descoberto que a pessoa a quem pertencia aquele sudário havia realmente morrido por asfixia, e outros elementos que eram compatíveis com quem tivesse sido crucificado.

É possível notar que o Sudário de Oviedo é mantido em condições muito semelhantes ao Sudário de Turim, porém ao menos nesse caso Joe teve ao menos acesso visual ao mesmo
Mark explicou que, a princípio, as pessoas poderiam pensar que se tratava apenas um pedaço de pano velho, mas que havia vestigíos de sangue e fluídos do pulmão como ocorreria em casos de asfixia
Além disso, o tipo sanguíneo (AB) encontrado no Sudário de Oviedo era mesmo encontrado no Sudário de Turim. Esse também seria o mesmo tipo sanguíneo mais comum no Oriente Médio. De qualquer forma, a Igreja não permitia extrair quaisquer amostras do Sudário de Oviedo para realização de testes. Segundo Mark, a conclusão era que os dois sudários pertenciam ao mesmo corpo. Disse ainda, que a conclusão natural era que o Sudário de Oviedo pertencia a Jesus Cristo.

Além disso, o tipo sanguíneo (AB) encontrado no Sudário de Oviedo era mesmo encontrado no Sudário de Turim
Por outro lado, em Pádua, na Itália, foi verificado que o material presente na amostra coletada era "DNA mitocondrial", sendo que esse DNA seria transferido geneticamente de mãe para filho, por muitas gerações. Isso foi considerado como uma "descoberta sensacional". O Dr. Gianni Barcaccia disse que eles obtiveram inúmeras sequências compatíveis com povos do Oriente Médio.

Além disso, um dos tipos mitocondriais pertencia a um grupo étnico muito raro, chamado de "Drusos": uma pequena comunidade religiosa autônoma, que compartilharia as crenças do Cristianismo, Islamismo e Judaísmo. Isso poderia sugerir que Jesus Cristo pertenceria a esse grupo étnico em questão.

Por outro lado, em Pádua, na Itália, foi verificado que o material presente na amostra coletada era "DNA mitocondrial", sendo que esse DNA seria transferido geneticamente de mãe para filho, por muitas gerações
Além disso, um dos tipos mitocondriais pertencia a um grupo étnico muito raro, chamado de "Drusos": uma pequena comunidade religiosa autônoma, que compartilharia as crenças do Cristianismo, Islamismo e Judaísmo
Segundo o documentário essa seria uma descoberta estonteante, visto que a base do Cristianismo é a crença que Jesus era judeu. Por outro lado, os registros bíblicos deixavam muito claro que Jesus seria realmente judeu. Uma vez que tanto Joe quanto George ficaram intrigados com essa questão, eles resolveram voltar para Israel. Eles foram até um vilarejo nos arredores de Nazaré para visitar uma comunidade de drusos. Eles acabaram visitando uma família (Nasreen e Azmi) em particular, para perguntar por maiores informações sobre os drusos. Azmi mencionou que os drusos remontam o Antigo Egito, algo em torno de 3.000 anos atrás, inicialmente como uma religião secreta. Ainda de acordo com esse homem, a crença dos drusos se baseavam duas coisas principais: a crença em um único Deus e crença na reencarnação, ou seja, na imortalidade da alma.

De qualquer forma, Nasreen explicou não era possível se tornar um druso, apenas nascer druso. Assim sendo, seria difícil entender o aspecto de Jesus nesse contexto, porém seria interessante considerar que eles não era um grupo formal até o século X, cerca de 1.000 anos depois de Cristo, ou seja, será as que "regras" seriam assim tão rígidas antes?

Azmi mencionou que os drusos remontam o Antigo Egito, algo em torno de 3.000 anos atrás, inicialmente como uma religião secreta. Ainda de acordo com esse homem, a crença dos drusos se baseavam duas coisas principais: a crença em um único Deus e crença na reencarnação, ou seja, na imortalidade da alma
De qualquer forma, Nasreen explicou não era possível se tornar um druso, apenas nascer druso
George então coletou amostras de DNA de ambos para comparar com as amostras obtidas a partir do Sudário de Turim. Enquanto isso, o documentário mostrou uma série de possibilidades, sempre considerando o fator "drusos", ou seja, diante de apenas um única amostra realmente analisada durante todo o documentário.

Como resultado, nos últimos minutos desse longo documentário, é mencionado para essa família, que se o Sudário de Turim realmente pertencesse a Jesus, ele teria a mesma linhagem genética deles. Resumindo? Seria como se eles fossem possíveis parentes distantes de Jesus, ou melhor, descendentes de Jesus.

Como resultado, nos últimos minutos desse longo documentário, é mencionado para essa família, que se o Sudário de Turim realmente pertencesse a Jesus, ele teria a mesma linhagem genética deles
Resumindo? Seria como se eles fossem possíveis parentes distantes de Jesus, ou melhor, descendentes de Jesus
Ao final o documentário ainda foi apontado que toda essa jornada de George e Jose abria portas para que mais mistérios pudessem ser revelados no futuro. Enfim, de qualquer forma, tudo o que você leu acima é basicamente um grande resumo dessas 2 horas de documentário.

Imagem final do documentário mostrando que o mesmo foi produzido pela TIJAT

Não sei se vocês acharam interessante, mas é interessante ressaltar a seguir alguns pontos, principalmente para muitos de vocês que não tiveram acesso a esse documentário dublado ou legendado. No meu caso, uma vez que sou tradutor fui acompanhando, escrevendo, anotando cada ponto e copiando frame por frame para trazer esse conteúdo praticamente inédito no Brasil.

Podemos Concluir que Jesus era um Druso? Tudo Isso na Realidade Seria uma Grande Fachada com o Objetivo de Clonar Jesus Cristo?


Conforme vocês já devem imaginar, a resposta para essas duas perguntas é um belo e sonoro não. Primeiramente, o especial do History Channel só não foi mais enfadonhoso do que o filme "A Paixão de Cristo" do Mel Gibson, devido ao pastor Joe Basile, que nem de longe é possível dizer que seja um especialista renomado ou que pudesse fornecer informações bíblicas realmente importantes e vitais para um especial com essa dimensão ou proposta. Contudo, ele é da Califórnia, é um ótimo orador, está acostumado com câmeras, possui a mente aberta, tatuagens, faz um estilo quase "bad boy", mas que ainda assim acredita em Jesus, e prega o bem em sua igreja. Ele era o personagem perfeito para unir uma espécie de Cristianismo moderno, jovial, eloquente e arrebatador de rebanhos perdidos. Simplificando? Ele fugia completamente do estereótipo de um "pastor ou padre convencional", e com certeza isso traria dinâmica para o documentário. Claramente, não importava suas qualificações, tanto é que George saiu em sua defesa dizendo que a definição de "estudioso" era algo particular. Não, não é. Ele sabe muito bem disso, senão não estaria em Oxford.

Ironicamente, o próprio George não foi escolhido por suas qualificações, visto que ele sequer pegou em algum equipamento para analisar a única amostra que obtiveram em 25 dias, que se traduziram em 2h de documentário. Ele foi uma espécie de coadjuvante que deu apenas "uma olhada nos resultados", obtidos na Universidade de Pádua, e que não foram analisados em nenhum outro local, não houve nenhuma revisão de quaisquer outros pesquisadores etc. Aliás, nem mesmo sabemos de qual parte a amostra de DNA foi extraída, visto que, considerando o tempo, a quantidade de pessoas ao longo da história que manusearam o Sudário de Turim, seu comprimento, entre uma série de outros fatores, tudo isso poderia interferir substancialmente no resultado. George foi escolhido, porque era britânico, era de Oxford. Os Estados Unidos é o maior mercado midiático das Américas, e a Inglaterra, o maior da Europa. Sim, claro, ele possui suas qualificações e devemos respeitar isso, mas sequer foram exploradas. Ele acabou ficando pequeno diante do Joe Basile e da clara intenção do History Channel em não se aprofundar em nada sobre o assunto, apenas gerar entretenimento, que foi o que vimos. Não tivemos nenhuma amostra coletada diretamente do Santo Sudário, do Sudário de Oviedo, nenhuma outra análise adicional sobre os supostos ossos de João Batista, nada. Nada mesmo. Tudo se resumiu as citações de análises de terceiros, confiando plenamente neles, não nos principais personagens do documentário.

Para terem uma ideia, o final do episódio me causou espanto, não porque foi incrível e espetacular, mas pela completa e total falta de conhecimento da comunidade drusa, visto que há estudos apontando que a assinatura genética, ou seja, a diferenciação dos drusos para as demais comunidades do Oriente Médio, aconteceu primordialmente após o século XI, quando resolveram expor publicamente essa sociedade, e quando o processo de endogamia entre clãs drusos se acentuou drasticamente. Nada prova ou demonstra conclusivamente, que o Santo Sudário pertencia a um druso, assim como não indica que Jesus Cristo seria um druso. Existe um caminho imenso a ser percorrido para alguém poder dizer isso. Enfim, o final é desastroso. Quanto a questão sobre "clonar" Jesus Cristo chega a ser retórico comentar, visto que diante do que atualmente conhecemos, temos em mãos, e das restrições de acesso por parte da Igreja Católica, isso seria totalmente improvável, para não dizer impossível. Precisaria que algo totalmente surreal, inédito e realmente inacreditável acontecesse. E ainda assim, haveria todo um longo e monumental debate sobre o assunto. Então, não caiam nessa história, e nem mesmo a do History Channel.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
Documentário Jesus Strand: A Search for DNA
http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/efe/2015/02/06/estudo-estabele-consolidacao-de-diferencas-geneticas-dos-drusos-no-seculo-xi.htm
http://www.adventistas.com/novembro2000/clone2000.htm
http://www.catholic.org/news/hf/faith/story.php?id=74557
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-4419810/Scientists-religious-scholars-hunt-DNA-JESUS.html

http://www.efe.com/efe/brasil/tecnologia/estudo-estabele-consolida-o-de-diferen-as-geneticas-dos-drusos-no-seculo-xi/50000245-2530146
http://www.history.com/specials/the-jesus-strand-a-search-for-dna/full-special
http://www.thecommentator.com/article/5590/greek_crisis_foreshadows_new_european_order
http://www.visaliatimesdelta.com/story/life/inspire/2017/04/14/visalia-preacher-appears-history-channels-jesus-doc/100394612/
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Conversation_(website)
https://kehilanews.com/2016/09/25/the-original-language-of-the-new-testament/
https://noticias.gospelprime.com.br/cientistas-dna-jesus-ossada-joao-batista/
https://quadrant.org.au/opinion/tony-thomas/2014/02/rather-one-sided-conversation/
https://theconversation.com/can-we-ever-find-jesuss-dna-i-met-the-scientists-who-are-trying-to-find-out-72296
https://www.usatoday.com/story/news/nation-now/2017/04/16/calif-pastors-faith-joins-science-history-channels-hunt-jesus-dna/100547190/

O "Fantasma de um Homem" Subindo uma Escadaria Apareceu em uma Mansão "Mal-Assombrada" do Século XVII, na Inglaterra?

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Por Marco Faustino

Há quanto tempo eu não escrevia algo relacionado a supostos "fantasmas" e a Inglaterra com sua fortíssima "indústria do paranormal". A última vez que isso aconteceu foi em 9 de janeiro desse ano. Naquela época, uma mulher chamada Mary Ryan, 40 anos, passou a alegar que uma foto tirada na Torre de Londres poderia ter registrado o fantasma de um menino de 12 anos, chamado Edward V, solucionando assim um "misterioso assassinato", que teria ocorrido há 543 anos. Mary estava tirando fotos de armas antigas, que estavam em exibição na Torre de Londres, uma atração histórica da capital inglesa, porém, para variar, naquele momento ela não notou um rosto, que apareceu no reflexo do vidro, ou seja, apenas quando chegou em casa que ela notou uma espécie de "rosto fantasmagórico". Ela acreditava que o rosto pertenceria justamente ao Edward V, que foi enviado para a Torre de Londres juntamente com o irmão de 9 anos chamado Richard, por seu tio Richard III, no ano de 1483. Vale ressaltar nesse ponto, que é amplamente mencionado que eles teriam sido assassinados, uma vez que ambos nunca mais foram vistos novamente, mas Mary alega que sua foto poderia ser a primeira imagem registrada dessa tragédia relacionada ao jovem príncipe. Certa vez, Sir Thomas More, estadista e historiador do século XVI, alegou que os dois príncipes foram sufocados por seu tio e enterrados dentro da Torre de Londres. Embora isso nunca tenha sido provado, o desaparecimento de ambos é frequentemente citado como um dos "maiores mistérios do mundo".

Na segunda parte daquela postagem, comentei que em uma rápida pesquisa sobre esse assunto é possível notar, que ninguém sabe exatamente qual foi o destino de Edward V e Richard de Shrewsburry. Edward V, nascido em 2 de novembro de 1470, passou a ser rei da Inglaterra devido a morte do seu pai, o rei Edward IV, e "reinou" entre 9 de abril de 1483 até 26 de junho daquele mesmo ano. Contudo, ele nunca foi coroado, e seu reinado de apenas 86 dias foi dominado pela influência de seu tio e Lorde Protetor, Richard, Duque de Gloucester, que lhe sucedeu como Richard III em 26 de junho de 1483. Ironicamente o reinado de Richard III não duraria muito tempo, visto que ele morreria dois anos mais tarde. Edward e seu irmão mais novo, Richard de Shrewsbury, o primeiro Duque de York, foram os príncipes da torre, que desapareceram depois de serem enviados para alojamentos reais fortemente vigiados na Torre de Londres. A responsabilidade por suas mortes é amplamente atribuída a Richard III, mas a falta de evidências sólidas e de relatos contemporâneos conflitantes também sugerem outros possíveis suspeitos. Além disso, na foto, o rosto do suposto menino se parecia mais com uma estátua ou então a pintura de um quadro, podendo ser reflexo de algo que estivesse próximo ou atrás de Mary ou então simplesmente uma mera manipulação digital. De qualquer forma, vale muito a pena você conferir esse postagem em questão para conhecer maiores detalhes dessa história (leia mais: A Foto de um Suposto "Fantasma" de um Menino de 12 Anos Poderia Solucionar um "Assassinato" Ocorrido há mais de 500 anos?).

Agora, o registro em vídeo de um suposto "fantasma" de um homem subindo uma escadaria em uma mansão do século XVII, considerada "mal-assombrada", na Ingleterra, vem dando o que falar na Terra da Rainha. Dessa vez não tivemos o envolvimento direto de nenhuma agência de notícias britânica ou europeia de reputação questionável, e nem mesmo a participação direta de um tabloide que pudesse distorcer as informações publicadas. Isso não quer dizer, no entanto, que o registro tenha sido verdadeiro, uma vez que o mesmo foi obtido por um grupo de investigação paranormal, que por sua vez possui um programa em um canal de TV no Reino Unido. Considerando que uma programa destinada a investigação paranormal precisa que "coisas supostamente paranormais" aconteçam para manter a audiência e a permanência na grade de programação, é bom que vocês acompanhem essa postagem com cautela. Vamos saber mais sobre esse assunto?

Entenda o Caso: O Suposto "Fantasma" de um Homem Subindo uma Escadaria na Wentworth Woodhouse


Investigadores paranormais de um programa de TV chamado "Most Haunted" alegam ter registrado um fantasma em vídeo, pela primeira vez na história do programa. Descrito pela apresentadora Yvette Fielding como sendo o programa mais "irreverente" da atualidade, o vídeo mostra o que parece ser uma figura masculina andando por uma porta, descendo alguns degraus, para então subir uma escadaria logo a frente, em um corredor bem escuro na Wentworth Woodhouse, uma imensa casa de campo no vilarejo de Wentworth, próximo a cidade de Rotherham, no condado de South Yorkshire, na Inglaterra. A propriedade é considerada como a maior casa particular da Europa!

Imagem do Google Maps mostrando a localização da Wentworth Woodhouse
Foto mostrando a dimensão da Wentworth Woodhouse
A equipe estava investigando relatos de uma presença fantasmagórica no interior da área do estábulo da mansão do século XVII, após "dezenas de avistamentos inexplicáveis e assombrosos". Yvette Fielding, inclusive, chegou a dizer que o registro a deixou muito emocionada.

É interessante notar, que momentos antes de ocorrer esse suposto "avistamento", é possível ouvir um membro da equipe dizendo: "Se você estiver aqui, caminhe até esse corredor", logo após terem ouvido o som de "passos". Então, o aparenta ser uma "figura branca"é vista caminhando pela porta, no qual a câmera está apontada. Em seguida, um membro da equipe chamado Stuart corre atrás da figura, indo em direção a um outro cômodo, antes do suposto fantasma desaparecer. Confira tudo o que aconteceu em um vídeo divulgado pelo "Most Haunted" e que foi publicado em um canal de terceiros, no YouTube (em inglês, mas não é difícil de entender o que acontece):



"Em 17 anos que estamos fazendo o 'Most Haunted' sempre quisemos registrar um fantasma diante das câmeras", disse Yvette Fielding, em entrevista ao tabloide britânico Daily Mail.

"Nós registramos tantos tipos diferentes de fenômenos: objetos movendo-se por conta própria, vozes. Contudo, essa é a primeira vez que flagramos um homem andando, que aparentava estar andando em câmera lenta em direção a uma escadaria", acrescentou. Embora ela não tenha visto a figura no mesmo ângulo do que foi registrado pela câmera, ela alega ter visto de uma direção diferente.

Momentos antes de ocorrer esse suposto "avistamento", é possível ouvir um membro da equipe
dizendo: "Se você estiver aqui, caminhe até esse corredor", logo após terem ouvido o som de "passos"
Então, o aparenta ser uma "figura branca"é vista caminhando pela porta, no qual a câmera está apontada
Em seguida, um membro da equipe chamado Stuart corre atrás da figura,
indo em direção a um outro cômodo, antes do suposto fantasma desaparecer
"Estava caminhando em direção à escada a partir de uma direção diferente e, juntamente com outro membro da equipe, eu vi o formato escuro de um homem subindo as escadas. Quando vi a filmagem no final, sabia que tínhamos registrado algo. Porém, não tínhamos certeza se a câmera tinha registrado daquela mesma forma. Foi somente quando editamos que eu o vi, e desabei a chorar. Estava tão impressionada, que cheguei a soluçar", continuou.

"Em 17 anos que estamos fazendo o 'Most Haunted' sempre quisemos registrar um fantasma diante das câmeras", disse Yvette Fielding, em entrevista ao tabloide britânico Daily Mail.
Um membro da equipe chamado Karl, que ajudou a gravar o episódio, disse ao Daily Mail, que ele e Stuart entraram no corredor depois de ouvir passos enquanto estavam em uma sala ao lado.

"Estávamos olhando para o corredor e discutindo de onde ouvimos os passos quando, literalmente, do nada, vimos uma figura à distância subindo as escadas. Stuart correu logo depois, mas não conseguimos encontrar nada em nenhum dos cômodos", disse Karl, acrescentando que, quando eles contaram para a Yvette sobre o avistamento, ela alegou ter visto o que ela pensava ser o Stuart subindo as escadas.

"Eu disse: 'Você não pode ter visto o Stuart subindo as escadas, você deveria ter visto nós dois correndo e subindo as escadas'. Então ela disse: 'Eu vi o Stuart, porque eu perguntei se ele estava bem e ele me ignorou'. Porém, eu disse para ela que não tinha como, porque ele estava comigo naquele momento", continuou.

Imagem aproximada detalhando a "figura masculina", que a equipe do "Most Haunted" alega ter registrado
"Foi isso que tornou esse registro especial para mim, porque você sempre tenta fazer com que duas pessoas independentes vejam a mesma coisa sob ângulos diferentes. Nós nunca vimos algo assim antes, e realmente não temos uma explicação para o que vimos, mas ao repetir o vídeo, mostra claramente o avistamento em detalhes. É um lugar estranho, bem estranho", completou.

De acordo com o Daily Mail, a Wentworth Woodhouse foi construída em 1630 pelo primeiro Conde de Strafford. Naquela época havia muita movimentação no interior da mansão, funcionando quase como uma comunidade inteira, com centenas de pessoas morando no local. Atualmente, o local estaria abandonado, e nos últimos anos parte do terreno teria sido convertida em quadras de squash.

O cachorro de Yvette chamado Watson é mostrado como se estivesse vendo algo, justamente na mesmo local onde teria acontecido o registro de uma figura masculina subindo uma escadaria.
"As pessoas têm alegado testemunhar muitas ocorrências paranormais desde sombras escuras até portas batendo. Ao longo desses corredores, o espectro mais prevalecente é o de um homem grande, que ao ser visto desaparece em meio a noite sendo, portanto, um mistério. É uma figura que foi vista dentro e ao redor da mansão. Muitas pessoas viram-no como sendo uma grande figura de um homem andando interminavelmente pelos corredores. Não é de se admirar que tenhamos aproveitado a oportunidade de retornar a esta propriedade formidável. Quero saber a razão dele estar aqui e o porquê tantas pessoas o viram", disse Yvette Fielding.

Outras atividades paranormais aparente detectadas durante a investigação incluíram ruídos, portas batendo, objetos sendo arremessados e cadeiras inesperadamente aparecendo.

Podemos Dizer que o Registro Obtido pelo "Most Haunted"é Verdadeiro? Estamos Mesmo Diante de uma dos Melhores Vídeos de Fantasmas de Todos os Tempos?


As declarações de Yvette Fielding para o Daily Mail foram bem semelhantes aquelas que ela forneceu aos demais e principais tabloides britânicos. Curiosamente, no entanto, tivemos algumas declarações no mínimo curiosas a respeito do que ela acreditava ter visto durante a investigação. Além disso, os demais tabloides informaram que Karl Beattie era diretor do programa e marido de Yvette, porém o grau de relacionamento de Stuart Torevell não foi informado.

Em uma rápida pesquisa em mecanismos de busca podemos dizer que Stuart seria tão somente um operador de câmera, que trabalha para a empresa Antix Productions (fundada por Yvette Fielding e Karl Beattie em 2001), que por sua vez é responsável pelo programa "Most Haunted", assim como diversos outros programas que abordam o tema paranormal ou sobrenatural.

Yvette (à esquerda), seu cachorro Watson (no centro) e seu marido, o Karl (à direita)
Em entrevista para o tabloide britânico "The Sun", Yvette Fielding chegou a cogitar uma hipótese, no mínimo bem estranha, para explicar o que os três teriam visto. Segundo ela, poderia ter sido um "fenômeno" chamado "Stone Tape Replay", cuja teoria mencionava que "as pedras e o estrutura de uma edificação poderiam gravar imagens e sons e 'reproduzí-los' posteriormente." Assim sendo, as pessoas acreditariam que estão vendo ou ouvindo alguém quando não há ninguém no local. Yvette, apontada como sendo mãe de duas crianças, disse que já esteve sozinha e acreditou ter ouvido alguém dizendo "mãe". Ela estranhou sobre o porquê sua filha estaria chamando por ela, quando então percebeu que estava sozinha em casa. Ainda de acordo com ela, "esse tipo de coisa pode acontecer em uma casa mal-assombrada."

Apesar de Yvette não ter certeza do que realmente viu, ela ainda assim cogita apenas hipóteses de cunho sobrenatural. Em uma outra publicação realizada pelo "The Sun" sobre esse caso, ela fez o seguinte questionamento: "Teria sido a presença do espírito de uma pessoa morta há muito tempo, um doppelganger, Stone Tape Replay ou algo que nunca poderemos entender?"

Em uma outra publicação realizada pelo "The Sun" sobre esse caso, Yvette fez o seguinte questionamento: "Teria sido a presença do espírito de uma pessoa morta há muito tempo, um doppelganger, Stone Tape Replay ou algo que nunca poderemos entender?"
Agora, será mesmo que temos realmente uma presença fantasmagórica nesse vídeo? Muito provavelmente, não. Se vocês repararem bem, poderão notar que o suposto "fantasma"é extremamente semelhante ao Stuart Torevell, incluindo as roupas que ele estava usando naquela ocasião. É possível notar que o "fantasma" estava usando uma jaqueta e calça comprida exatamente como o Stuart. É possível notar, inclusive, o movimento da jaqueta franzindo em determinado momento.

Tudo indica, portanto, uma manipulação digital nesse vídeo divulgado pela equipe, ou seja, o "fantasma" em questão teria sido inserido durante a edição. Aliás, raramente você vê algum grupo de investigação paranormal fornecendo a gravação "bruta", sempre possui algum tipo de edição, algo que levanta uma série de questões sobre a veracidade do registro.

Se vocês repararem bem, poderão notar que o suposto "fantasma"é extremamente semelhante ao Stuart Torevell, incluindo as roupas que ele estava usando naquela ocasião. É possível notar que o "fantasma" estava usando uma jaqueta e calça comprida, exatamente como Stuart.
É possível notar, inclusive, o movimento da jaqueta franzindo em determinado momento
Ainda não está convencido(a)? Veja esse outro comparativo abaixo:

O suposto "fantasma" possui roupas com as mesmas características de Stuart, além de ser careca.
Quer dizer então, que o suposto fantasma tem uma jaqueta com as mesmas características daquela que Stuart estava usando, e ainda por cima estava com a gola levantada, sendo careca? Vocês também podem notar que o "fantasma" ainda consegue ser "iluminado" por uma luz de apoio deixada no local. Além disso, qual a necessidade de deixar a câmera fixa em um ponto? Talvez para gravar dois vídeos do mesmo local e sobrepor ambos usando transparência? Seria coincidência?  Acredito fielmente que não, tanto é que Yvette Fielding tentou apelar para possibilidades alternativas, visto que alguém em determinado momento poderia se dar ao trabalho de tentar entender o que foi registrado. Não importa quantos anos uma pessoa diga que tenha de "experiência", ou quanto tempo um determinado programa exista, uma vez que, conforme vocês podem notar, isso está bem longe de ser realmente um "fantasma" ou qualquer outro fenômeno de cunho paranormal ou sobrenatural. É quase uma afronta a inteligência de qualquer pessoa.

Vocês podem até dizer que diversas pessoas também já teriam visto essa mesma figura masculina, mas a questão é: quem são essas pessoas? Ao procurar por casos semelhantes de avistamentos de supostos "fantasmas" em Wentworth Woodhouse não se encontra praticamente nada sobre "fantasmas", ocorrência de fenômenos sobrenaturais no local, e nenhuma morte mais significativa ou que tenha sido muito marcante. Aparentemente, "essas declarações sobre mais pessoas que já teriam visto fantasmas" soa como a famosa frase que de vez em quando dizem por aí: "o assunto está bombando nas redes sociais", quando algumas vezes isso sequer reflete a realidade, apenas induz as pessoas a acreditarem na "repercussão mundial" de algo meramente local e sem expressividade.

Visão aérea da Wentworth Woodhouse
Uma forte hipótese da razão pela qual Wentworth Woodhouse foi especialmente escolhida nesse caso, é a repercussão que a mesma vem tendo na mídia britânica desde o fim do ano passado. A razão, no entanto, não é nada sobrenatural, mas financeira. Primeiramente, é importante dizer que a Wentworth Woodhouse é considerada a maior casa particular da Europa, com mais de 350 quartos, em um terreno com mais de 330.000 m² que demorou 25 anos para ser construída. Para vocês terem uma ideia, o local chegou a empregar mais de 1.000 funcionários ao mesmo tempo, incluindo um tratador de ursos e até um fabricante de camas.

Recentemente essa casa se viu mergulhada em uma polêmica, visto que a mídia britânica estava questionando a utilização do dinheiro dos contribuintes para comprar e reformar o imóvel. Isso porque a Wentworth Woodhouse Preservation Trust, uma empresa de caridade limitada por garantia, e que foi criada para garantir um futuro de longo prazo para a Wentworth Woodhouse, havia conseguido angariar no começo do ano passado, cerca de £7 milhões (cerca de R$ 28 milhões pela cotação atual) sendo £3.5 milhões (cerca de R$ 14 milhões) de dinheiro do governo, ou seja, dos impostos da população e o restante oriundo de diversas instituições e doadores particulares, para comprar a propriedade. Além disso, havia um cálculo dizendo que seria preciso mais £40 milhões (cerca de R$ 160 milhões) ao longo dos próximos 12 ou 15 anos para restaurá-la completamente.

Recentemente essa casa se viu mergulhada em uma polêmica, visto que a mídia britânica estava questionando a utilização do dinheiro dos contribuintes para comprar e reformar o imóvel
No fim do ano passado, um membro do parlamento britânico chamado Philip Hammond anunciou uma verba de £7.6 milhões (cerca de R$ 30 milhões) de dinheiro público para que a Wentworth Woodhouse Preservation Trust pudesse consertar o telhado evitando assim que a chuva e a umidade arruinasse completamente o interior da casa. Como justificativa da importância histórica da casa, ele citou que a mesma teria servido de inspiração para que Jane Austen, um dos maiores nomes da literatura inglesa, escrevesse um dos seus mais famosos livros: "Orgulho e Preconceito".

Entretanto, em nota ao jornal britânico "The Guardian", a Sociedade Jane Austen disse que não havia quaisquer provas que Jane Austen tivesse passado pela Wentworth Woodhouse ou de que um personagem tal como Fitzwilliam Darcy pudesse um dia ter morado no local. Isso criou uma grande saia justa, mas de qualquer forma o governo garantiu que parte da propriedade será aberta ao público, outra será dedicada a realização de eventos e casamentos, assim como haverá locais destinados a construção de escritórios e até casas e flats devem ser criados para que as pessoas possam passar as férias no local e desfrutar de toda a beleza e exuberância da propriedade.

Como justificativa da importância histórica da casa, Philip Hammond citou que a mesma teria servido de inspiração para que Jane Austen, um dos maiores nomes da literatura inglesa escrevesse um dos seus mais famosos livros: "Orgulho e Preconceito". Entretanto, em nota ao jornal britânico "The Guardian", a Sociedade Jane Austen disse que não havia quaisquer provas que Jane Austen tivesse passado por Wentworth Woodhouse ou de que um personagem tal como Fitzwilliam Darcy pudesse um dia ter morado no local
A confirmação definitiva da compra da propriedade foi anunciada no fim do mês de março desse ano, poucas semanas antes, do "Most Haunted" ter encontrado um suposto "fantasma" em Wentworth Woodhouse. Coincidência? Talvez não, afinal de contas, uma vez que agora a propriedade é do governo, e o mesmo está interessado em fazer dinheiro com o local, nada melhor do que, quem sabe, a criação de passeios noturnos guiados em buscas do "misterioso fantasma", não é mesmo?

É interessante notar que essa não é a primeira vez que Yvette e Karl apareceram na mídia nesses últimos tempos. No início desse mês, a dupla recebeu os holofotes dos tabloides britânicos ao mencionar que o Karl quase se feriu com uma faca que foi arremessada em sua direção durante uma de suas investigações. Dando uma espécie de spoiler sobre o que ainda seria exibido na série, Yvette disse que de vez em quando ficava realmente irritada com o Karl. Ela contou que certa vez eles estavam em um local particularmente assustador, e ele ficava gritando no escurto "Sim, venha, atire facas em mim!". Então, de acordo com Yvette, uma grande faca entalhada voou pelo ambiente e o atingiu na cabeça. Se o cabo não tivesse o atingido primeiro, ele teria morrido. Ela acrescentou que ocorrências como essa provam que o programa é verdadeiro.

"Quando as pessoas dizem 'Você forjou isso', eu digo: 'Por que atiraríamos facas no escuro?' Tivemos uma grande discussão em casa depois disso", disse Yvette.

"Quando as pessoas dizem 'Você forjou isso', eu digo: 'Por que atiraríamos facas no escuro?' Tivemos uma grande discussão em casa depois disso", disse Yvette.
Sinceramente? A resposta para essa mera questão pode ser basicamente uma: dinheiro. Conforme sempre menciono, existe uma fortíssima indústria do paranormal no Reino Unido onde muitas construções, principalmente bares, são centenárias e carregadas de história. Também não podemos nos esquecer de locais onde eram realizadas execuções públicas, que abrigavam antigas prisões, e onde pessoas morriam devido as doenças que as afligiam naquela época. Isso sem contar, é claro, com as instituições de saúde mental onde era feito de tudo, menos ajudar efetivamente o paciente a se recuperar.

Assim sendo, apesar de boa parte da população britânica aceitar o paranormal ou o sobrenatural de braços abertos, o público quer sentir medo, quer se sentir dentro do programa, tomar sustos, ver vultos, escutar passos, vozes ou batidas de portas. É quase o famoso "Panis Et Circenses" da Roma Antiga, visto que não importa quão deplorável seja o espetáculo, o sobrenatural sempre é deixado de lado. O que importa cada vez mais, infelizmente, é a audiência e um mero entretenimento.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://www.dailymail.co.uk/femail/article-4432040/Ground-breaking-footage-ghostly-figure.html
http://www.irishnews.com/magazine/entertainment/2017/04/14/news/yvette-fielding-reveals-row-after-husband-pushed-his-luck-with-knife-wielding-ghost-997259/
http://www.yorkshireeveningpost.co.uk/news/ghostly-sighting-caught-on-camera-at-yorkshire-stately-home-1-8505302
https://www.theguardian.com/books/2016/nov/23/jane-austen-inspiration-receives-76m-funding-in-autumn-statement-wentworth-woodhouse
https://www.theguardian.com/culture/2017/mar/27/wentworth-woodhouse-preservation-trust-south-yorkshire-grade-i-listed-georgian
https://www.theguardian.com/uk-news/2016/nov/24/inside-wentworth-woodhouse-a-key-piece-of-northern-heritage
https://www.thesun.co.uk/living/3381189/most-haunted-star-yvette-fielding-burst-into-tears-after-spotting-a-terrifying-ghostly-figure-in-a-derelict-stable-block-in-yorkshire/
https://www.thesun.co.uk/tvandshowbiz/3250762/most-haunteds-yvette-fielding-reveals-a-ghost-nearly-killed-her-husband-karl-after-it-threw-a-knife-at-his-head/
https://www.thesun.co.uk/tvandshowbiz/3380140/most-haunted-films-most-terrifying-scenes-yet-as-yvette-fielding-goes-ghost-hunting-in-a-spooky-stable-block/

O Misterioso Vídeo "I Feel Fantastic": Conheça todos os Detalhes de um dos Vídeos Mais Enigmáticos e Antigos da Internet!

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Por Marco Faustino

Provavelmente as atividades supostamente sobrenaturais ou paranormais relacionadas a bonecos(as) ou manequins estão no topo da lista da preferência dos nossos leitores e inscritos em nosso canal no YouTube. Somente na semana em que essa matéria foi originalmente publicada (vale lembrar que essa matéria foi originalmente publicada no dia 28 de setembro do ano passado) tivemos uma postagem relacionada ao caso de uma suposta menininha considerada santa que teria aberto os olhos, lá na Catedral de Guadalajara no México (leia mais: Será Verdade que os Olhos do "Corpo Embalsamado de uma Criança" Teriam Aberto Após 300 Anos, na Catedral de Guadalajara, no México?), assim como fizemos um especial que estava sendo muito aguardado por vocês, que era sobre "La Pascualita" (leia mais:O Caso "La Pascualita": Será Verdade que o "Manequim" de uma Loja Mexicana é uma "Noiva Embalsamada"?). No passado, por exemplo, chegamos a publicar uma história muito interessante sobre um manequim supostamente "possuído" que teria sido baleado no rosto após ter atacado cadetes durante a noite, no Colégio Militar do Exército da Bolívia. Lembram desse caso? Na época, Heriberto Ozinaga, diretor do Museu do Colégio Militar, disse que tudo isso não passava de histórias que eram contadas para assustar os novos cadetes, e que já eram contadas desde a década de 70 ou 80. Resumindo, isso não era nada recente, e no máximo a reportagem comentava sobre as lendas ou eventos sobrenaturais que "assombravam" os cadetes do Colégio Militar do Exército da Bolívia, em La Paz (leia mais: Um Manequim "Possuído" Teria Sido Baleado Após Ter Atacado Cadetes Durante a Noite, no Colégio Militar do Exército da Bolívia?).

Entretanto, um pouco antes do especial relacionado a "La Pascualita" ser publicado, nosso "patrão" Saul Mendez, da SSA (Sociedade Secreta dos AssombradOs), que por sua vez é um grupo fechado no Facebook, no qual participam todos aqueles, que voluntariamente contribuem para que possamos continuar nosso trabalho em trazer cada vez mais conteúdo e pesquisa para vocês (saiba mais como participar clicando aqui), comentou sobre um intrigante vídeo chamado "I Feel Fantastic". Esse vídeo é recorrente na internet, e sempre temos alguém que nos envia um email pedindo para que façamos alguma matéria sobre esse assunto. O motivo? Existem duas versões muito populares sobre esse vídeo. A primeira aponta que a pessoa que fez o vídeo seria um serial killer ("assassino em série", em português). Ele(a) teria matado suas vítimas e usado as roupas delas em uma ginoide (termo muitas vezes utilizado para se referir a robôs projetados para se parecerem com mulheres). O vídeo também mostraria a localização de onde os corpos estariam enterrados. O autor(a) odiaria o fato das vítimas chorarem muito, então ele(a) projetou a ginoide dizendo que se sentia fantástica, que era o que ele(a) queria ouvir de suas vítimas enquanto as assassinava. A segunda aponta que a ginoide teria ganhado vida, e teria simplesmente matado o(a) seu(ua) criador(a).

Diante daquela semana recheada de assuntos relacionados direta ou indiretamente com bonecos e manequins, resolvemos presentear vocês com uma matéria sobre o vídeo "I Feel Fantastic", e mostrar para vocês o que pode existir ou não de verdade sobre o mesmo. É possível que você já tenha ouvido falar sobre esse vídeo, mas temos certeza que vocês não vão se arrepender do conteúdo que preparamos para vocês. Vamos saber mais sobre esse assunto?

Conheça o Vídeo "I Feel Fantastic"


Evidentemente, é necessário que vocês conheçam esse vídeo, saber quem o publicou, e o suposto propósito dele. Portanto, confiram abaixo o vídeo que ficou conhecido por "I Feel Fantastic", que foi publicado no canal "Creepyblog", no YouTube, no dia 15 de abril de 2009:



Sinceramente, não senti absolutamente nada ao assistir esse vídeo, porém centenas de milhares de pessoas se sentem desconfortáveis, têm dores de cabeça e até mesmo enjôo ao assistí-lo. Muitas dizem que é transmitida uma sensação de agonia e mal-estar, atribuindo ao vídeo um caráter apavorante. Para vocês terem uma ideia, é difícil não encontrar esse vídeo na lista dos vídeos mais estranhos, bizarros e amedrontadores de todos os tempos na internet. Dá para notar a repercussão diante do número de visualizações que o mesmo já obteve, contando com mais de 10 milhões de acessos (eram 8 milhões em setembro do ano passado).

Não acontece praticamente nenhuma ação no vídeo. A câmera permanece fixa, e o que inicialmente muitos pensam ser um manequim, na verdade é uma ginoide, mas que não movimenta nada além de sua cabeça, lábios e mãos. Apesar disso causar uma certa "má impressão" em muitas pessoas, a reputação "assustadora do vídeo" viria de apenas dois elementos presentes no mesmo.

O primeiro está relacionado a uma cena filmada em um local aberto, onde a ginoide não aparece, possivelmente às margens de um bosque ou talvez seja apenas o quintal de alguém, no qual a câmera aproxima e foca no que seria uma pilha de gravetos, folhas e terra. Isso destoa totalmente do restante do vídeo e levou muitos a acreditaram que o autor do vídeo queria apontar para um lugar onde uma ou mais pessoas poderiam estar "enterradas" (essa cena aparece entre 1:47 e 1:59). De qualquer forma é importante ressaltar nesse ponto, que não há qualquer indicação explícita de um suposto assassinato nesse vídeo.

A cena filmada em um local aberto, onde a ginoide não aparece, possivelmente às margens de um bosque ou talvez seja apenas o quintal de alguém, no qual a câmera aproxima e foca no que seria uma pilha de gravetos, folhas e terra.
Já o segundo elemento é a letra da música que é cantada pela ginoide (se é que podemos chamar aquilo de letra). É possível notar algumas frases totalmente aleatórias e repetitivas, tais como: "I feel fantastic, hey, hey, hey" ("Eu me sinto fantástica, hey, hey, hey", em português), "You feel fantastic" ("Você se sente fantástico"), "Please leave, run, run, run" ("Por favor saia, corra, corra, corra"). Para muitos essa letra passou a ecoar como frases que evidenciavam ainda mais um suposto assassinato, embora, mais uma vez repito, não houvesse nenhuma indicação explícita sobre isso no vídeo em questão.

O Vídeo "I Feel Fantastic" Foi o Único Vídeo Publicado no Canal "Creepyblog"?


Um dado interessante é que esse vídeo entra para o seleto grupo de vídeos, que pertenceriam a canais que só teriam publicado um único vídeo muito estranho desde a sua criação. Um exemplo é o vídeo "Hi Walter! I got a new gf today!" com sua suposta única publicação denominada "Hi Walter! Its me Patrick!" desde outubro de 2009. Aliás, nós chegamos a fazer um vídeo a respeito desse caso (leia mais: "Hi Walter! Perturbador Vídeo é Real?").

Aproveitando a oportunidade, é interessante destacar que o caso "Hi Walter" foi resolvido no ano passado, sendo que fomos um dos poucos lugares que contou exatamente o desfecho daquela história (leia mais: O Misterioso Vídeo "Hi Walter!": Polícia Norte-Americana Investiga Vídeo Por Suposta Conexão com Desaparecimento de Menina!).

Outro dado interessante é que o vídeo "I Feel Fantastic" entra para o seleto grupo de vídeos,
que pertencem a canais que só teriam publicado um único vídeo muito estranho desde a sua criação
De qualquer forma, é difícil saber se o canal "Creepyblog" teria realmente publicado um único vídeo ao longo do tempo, visto que esses canais costumavam ter pouquíssimos acessos, e acabaram ganhando repercussão ao longo do tempo devido a matérias e vídeos realizados por terceiros, tal como estamos fazendo nesse exato momento.

Até mesmo serviços como a "Wayback Machine" (serviço que permite aos usuários visualizarem páginas da internet arquivadas esporadicamente ao longo dos anos) muitas vezes acabam não fornecendo maiores detalhes sobre esses canais do YouTube.

Mesmo serviços como a "Wayback Machine" (serviço que permite aos usuários visualizarem páginas da web arquivadas esporadicamente ao longo dos anos) muitas vezes acabam não fornecendo maiores detalhes sobre canais do YouTube
Por fim, podemos acrescentar apenas que o canal "Creepyblog" foi criado em 7 de abril de 2009, e esse suposto único vídeo foi publicado cerca de 8 dias depois, em 15 de abril de 2009. Desde então, segundo informações coletadas de fóruns de discussão, o canal nunca mais teria publicado absolutamente nada.

Analisando a Descrição do Vídeo


Outro ponto muito peculiar é a descrição desse vídeo. Apesar de não fazer parte da descrição, iremos adicionar algumas imagens para que a leitura não fique tão cansativa, combinado? Confira a tradução:

"Na mitologia grega, Pigmaleão foi um escultor altamente talentoso. Embora hábil em imitar a forma humana, e bem familiarizado com suas nuâncias, ele ficou enojado quando testemunhou as Propoetides se prostituindo. Essas mulheres foram punidas por Vênus por sua falta de adoração de forma ríspida e cruel e, em seguida, foram forçadas à prostituição. Vendo isso, o escultor Pigmaleão sentiu repulsa, e já não podia mais apreciar as mulheres. Aparentemente solitário, Pigmaleão procurou criar para si mesmo uma companheira perfeita, pura e imaculada. Ele usou suas habilidades específicas para este fim: ele criou uma estátua de uma noiva.

Pigmaleão por Jean-Baptiste Regnault, em 1786, no Musée National des Châteaux de Versailles et de Trianon
("Museu Nacional dos Palácios de Versalhes e do Trianon", em português)
O que você está prestes a assistir é um vídeo misterioso. Sua origem é atribuída por diversas vezes, e quase certamente de maneira hipotética, a diversos artistas abstratos ou surrealistas. A verdade é que, o que estamos vendo, e o que nós percebemos ser estranho e perturbador, é realmente algo belo para seu criador. Talvez o que estejamos vendo seja o trabalho de um Pigmaleão moderno. Para ele, sua voz inexpressiva, a palidez de sua pele e a vibração comparativa dos lábios pode ser, de fato, a própria personificação de uma mulher perfeita...

A pintura a óleo de Laurent Pécheux, em 1784, representando um clássico da paixão
do escultor pela sua obra, nesse caso o mito de Pugmaleão e Galatéia
Considere o imaginário do criador. Em qual mente isso parece belo? Em qual mente isso é puro, próximo da adoração? Será que estamos nos esquecendo de algo em relação a sua perspectiva?

Quem somos nós para ter medo ou julgá-los? Ele pode muito bem amá-la plenamente, talvez de forma mais completa do que qualquer um de nós poderia ter a esperança de ser amado. Na mente de seu criador, ela é quase uma deusa; a representação perfeita, não apenas de feminilidade, mas o auge do potencial humano. Um ser perfeitamente satisfatório.

Como é que esse tipo de amor incondicional se sente?

Bem, como ela se sente?

Fantástica.
"

Está se sentindo meio perdido diante dessa descrição? Vamos descomplicar para você. Segundo Ovídio, poeta romano contemporâneo de Augusto, Pigmaleão era um escultor e rei de Chipre que se apaixonou por uma estátua, chamada Galatéia, que esculpira ao tentar reproduzir a mulher ideal. A deusa Vênus teria ficado com pena dele e atendendo ao seu pedido, uma vez que não encontrou na ilha uma mulher que, em beleza e pudor, chegasse aos pés do que Pigmaleão esculpira, transformou a estátua numa mulher de carne e osso.

Estátua de Ovídio na cidade de Constança, na Romênia (em primeiro plano), uma vez que o poeta romano teria morrido nessa cidade (historicamente conhecida como Tomis) em 17 ou 18 d.C.
Pigmaleão casou-se com Galatéia e, nove meses depois, tiveram uma criança chamada Pafos (ou Paphos). Alguns dizem que teria sido uma menina, outros que seria um menino, porém o nome da criança teria sido atribuído a uma cidade, que hoje em dia é um destino dos sonhos para turistas apaixonados.

Imagem do Google Maps mostrando a localização da cidade de Paphos, no Chipre, um país insular no leste Mar Mediterrâneo,
sendo a terceira maior e mais populosa ilha no Mediterrâneo e um Estado-membro da União Europeia desde 2004
Diz a mitologia que Pigmaleão casou-se com Galatéia e, nove meses depois, tiveram uma criança chamada Pafos (ou Paphos). Alguns dizem que teria sido uma menina, outros que seria um menino, porém o nome da criança teria sido atribuído a uma cidade, que hoje em dia é um destino dos sonhos para turistas apaixonados.
Toda essa história foi narrada em um poema de Ovídio chamado "Metamorfoses", que é compreendido por cerca de 15 livros e cerca de 250 narrativas mitológicas. O poema narra a história do mundo desde sua criação até a deificação de Júlio César dentro de uma vaga estrutura mítico-histórica. A parte relacionada a Pigmaleão e sua estátua está compreendida no décimo livro. A "Metamorfoses" de Ovídio permanece até hoje como um dos trabalhos poéticos mais aclamados sobre mitologia, e um dos poemas mais influentes da história da poesia e da arte.

Toda essa história foi narrada em um poema de Ovídio chamado "Metamorfoses", que é compreendido por cerca de 15 livros e cerca de 250 narrativas mitológicas. O poema narra a história do mundo desde sua criação até a deificação de Júlio César dentro de uma vaga estrutura mítico-histórica
A mitologia em torno de Pigmaleão mostra o poder da expectativa sobre o comportamento das pessoas; tal fenômeno foi denominado de "Efeito Pigmaleão". Sob esta ótica, as pessoas tornam-se de acordo com a imagem que temos dela. Nos relacionamentos íntimos, como o namoro, acredita-se que a expectativa que cada um tem em relação ao outro possa exercer uma forte influência e está relacionada ao sucesso ou ao fracasso do namoro. A visão que uma pessoa tem em relação a outra acaba determinando uma verdade que a outra passa a demonstrar.

O "Efeito Pigmaleão" foi assim nomeado por Robert Rosenthal e Lenore Jacobson, renomados psicólogos norte-americanos, ao realizarem um importante estudo sobre como as expectativas dos professores afetam o desempenho dos alunos. Os professores que tinham uma visão positiva dos alunos estimulavam e conseguiam que seus alunos obtivessem bons resultados. No entanto, professores que tinham uma visão negativa de seus alunos, adotavam posturas que comprometiam o desempenho deles. Interessante, não é mesmo?

O "Efeito Pigmaleão" foi assim nomeado por Robert Rosenthal e Lenore Jacobson, renomados psicólogos americanos, ao realizarem um importante estudo sobre como as expectativas dos professores afetam o desempenho dos alunos
De qualquer forma, é importante que vocês entendam que Pigmaleão apaixona-se pela estátua porque ele lhe deu a forma de uma verdadeira donzela, nunca antes vista em outras mulheres. A ênfase é projetada na perfeição da estátua, e não no comportamento desviante de um personagem masculino. Pigmaleão não se apaixona pela estátua em si, mas pelo resultado de suas próprias qualidades artísticas. Ele tinha conseguido dar à estátua o aspecto de uma verdadeira donzela e assim presenteava a si mesmo com a realização do seu desejo não-expresso. A donzela era ele mesmo, porque ele a havia criado de acordo com as suas próprias concepções. Entenderam?

Por fim, é importante dizer que Pigmaleão não está associado com a "morte". Conforme dissemos anteriormente, a mitologia em torno de Pigmaleão basicamente mostra o poder da expectativa sobre o comportamento das pessoas, ou seja, mais uma vez não possui nada relacionado a assassinatos.

A Origem da Ginoide de "I Feel Fantastic"


Antes de comentarmos sobre as lendas em torno desse vídeo, é interessante que você conheça a origem dessa ginoide que aparece no vídeo. Apesar de ser um pouco estranho, é necessário voltar no tempo para compreender melhor seu propósito real.

Um Site Sobre o Universo dos Androides Chamado "Android World"


Se você gostasse de robôs e mais especificamente de androides na virada do século XXI, provavelmente você iria acessar um site chamado "Android World", cujo domínio foi registrado em 1997, e permanece sendo atualizado periodicamente até hoje, ou seja, é um site com 20 anos de existência. É justamente nesse site, logo em sua página principal, que encontramos as primeiras pistas sobre a ginoide que aparece no vídeo. Confira a imagem abaixo:

É justamente no site "Android World", logo em sua página principal,
que encontramos as primeiras pistas sobre a ginoide que aparece no vídeo
Ao lado da imagem da ginoide que aparece no vídeo "I Feel Fantastic"é possível ler o seguinte texto: "Tara foi construída por John Bergeron entre 2003 e 2004. John estava tentando dar um impulso a indústria de androides, assim como tenho tentado fazer. Ela é um pouco primitiva, mas isso já era esperado considerando o baixo orçamento disponibilizado ao John. Em 2004, John fez um vídeo onde mostra a Tara cantando. Algumas pessoas acham que é apavorante, mas acho apenas um pouquinho assustador. Você pode comprar este vídeo aqui por cerca de US$ 11 se estiver dentro dos Estados Unidos e US$ 19 se estiver fora dos Estados Unidos. Atualmente não possuo nenhum endereço de e-mail do John Bergeron."

Ao clicar no endereço para a comprar o vídeo, o usuário é redirecionado para a seguinte página:

Página para qual o usuário é redirecionado ao tentar adquirir os vídeos a partir do site "Android World"
Notaram alguma coisa interessante no título das músicas? Uma delas chama-se "Please" e talvez seja a mesma música do vídeo "I Feel Fantastic", simplesmente devido a frase "Please leave, run, run, run". Resumindo? O criador supostamente chamado de John Bergeron (considerando que esse não seja um pseudônimo) teria criado essa ginoide chamada "Tara" entre 2003 e 2004, e posteriormente teria gravado 5 vídeos com aproximadamente 3 minutos de duração com a mesma cantando algumas músicas, sendo que duas delas possuem uma variante cada.

Está curioso para ver uma pequena amostra de 15 segundos, que está disponível no site "Android World" em relação ao vídeo chamado "Brutal metal"? Assista abaixo:



Esse vídeo disponibilizado para download na página do site "Android World" nos revelava uma outra pista. Basicamente tínhamos um outro endereço virtual, possivelmente de seu criador. O único problema, no entanto, é que o site não existia mais. O motivo não está relacionado a ocultar pistas de um eventual assassinato, e sim pelo fato que o serviço de hospedagem gratuita chamado "GeoCities" ter encerrado suas atividades em 2009. Esse serviço era muito famoso e popular no passado, sendo oferecido por cerca de 10 anos pelo Portal Yahoo. Na época que foi anunciado o encerramento das atividades, cerca de 38 milhões de sites estavam hospedados por lá, sendo que atualmente esse serviço é oferecido apenas no Japão.

Assim sendo, surgiu um serviço de hospedagem chamado "GeoCities.ws", visando construir um arquivo de sites que eram hospedados no GeoCities. É importante ressaltar que não havia nenhuma relação formal entre o GeoCities e GeoCities.ws, uma vez que eram empresas completamente diferentes. Muitos sites foram automaticamente duplicados a partir GeoCities para GeoCities.ws, mesmo após muitos meses do encerramento das atividades do GeoCities. Portanto, será que haveria alguma chance de encontrá-lo? A resposta é um sonoro "Sim"!.

A Página "Android Music Videos" no GeoCities.ws


Aparentemente, a página "Android Music Videos" fez parte do grupo de sites que foram automaticamente duplicados pelo GeoCities.ws, sendo que é possível acessar normalmente essa cópia (clique aqui para acessá-la). Nessa página você se depara com informações muito interessantes.

Primeiramente, é informado que "Tara" seria um androide, um robô com aparência humana, tendo uma estrutura de metal e a pele de borracha sintética. Também é mencionado que Tara podia cantar, mas não podia fazer muito mais do que isso até aquela época. O criador pedia para que as pessoas aguardassem pelas próximas atualizações, que seriam feitas o mais brevemente possível, e que iriam adicionar muita expressividade ao androide nos próximos vídeos. Além disso, Tara não seria exposta ao público até que uma atualização de hardware fosse feita.

Algumas das fotos da ginoide "Tara", que foram divulgadas pela página "Android Music Videos"
Primeiramente é informado que "Tara" seria um androide, um robô com aparência humana, tendo uma estrutura de metal e a pele de borracha sintética. Também é mencionado que Tara podia cantar, mas não podia fazer muito mais do que isso até aquela época.
Na página, o criador John Bergeron aparece como designer de androides, programador, operador de câmera, editor de vídeo, músico, compositor, produtor e diretor, ou seja, ele seria o responsável pelas músicas e também pelos vídeos de Tara. Ainda segundo a página, todas as músicas foram produzidas através de software de computador, que na época não tinha tantos recursos como atualmente temos.

Na página, o criador John Bergeron aparece como designer de androides, programador, operador de câmara, editor de vídeo, músico, compositor, produtor e diretor, ou seja, ele seria o responsável pelas músicas e também pelos vídeos de Tara
Os cinco vídeos mencionados pelo site "Android World"estavam disponíveis para download, gratuitamente, pela plataforma chamada "Lulu.com" no passado, porém atualmente o endereço não está mais ativo. Se as pessoas quisessem adquirir os DVDs com os vídeos ou somente os CDs com as músicas poderiam adquiri-los através do site "Android World".

Considerando que a última atualização do site "Android Music Videos" de John Bergeron foi em fevereiro de 2006, e esses arquivos ainda estavam disponíveis para download, no mínimo até dezembro de 2007 (visto que não existe mais nenhuma outra cópia arquivada desse site entre 2007 e 2012), é bem possível que muitas outras pessoas tenham realizado o download desses vídeos de forma gratuita.

Cópia arquivada do endereço "http://www.lulu.com/content/231814", em 14 de dezembro de 2007
Curiosamente, uma amostra do vídeo "Electricity" ainda está disponível para download, assim como um trecho das músicas "Electricity" e "Brutal V1". Confira abaixo esse vídeo e ouça os trechos das respectivas músicas:



Confira um trecho da música Electricity (Metal Version):



Confira um trecho da música Brutal V1



Algo que poucos sabem, no entanto, é que John Bergeron possuía uma outra página chamada "Android Builder", que não consta no GeoCities.ws, mas que é possível ver como era a mesma através do serviço "Wayback Machine". E acreditem, ela remonta ao ano de 2001! Vamos conferir o que existia?

O Criador de Tara Seria Mesmo John Bergeron? Toda Essa História Seria Mesmo Tão Antiga Quanto as Informações Publicadas?


Conforme tudo indicava anteriormente, o criador de Tara seria mesmo John Bergeron. A razão para isso é uma página, que praticamente nenhum vídeo realizado sobre a mesma comenta, chamada "Android Builder", pertencente ao próprio John, e que ficou no ar no GeoCities (da Yahoo!) no mínimo entre 2001 e 2009. Ao utilizarmos o serviço "Wayback Machine", podemos acessar cerca de 14 screenshots entre 1 de maio de 2001 e 27 de outubro de 2009.

Em 2001, a página de John exibia cerca de 3 projetos envolvendo robótica. O primeiro deles era o projeto de mão robótica, criada principalmente a partir de uma estrutura interna de metal, envolvida em uma "luva de pele" removível, dando a aparência de uma mão humana, cujo material seria borracha sintética. O segundo projeto era de uma ginoide chamada Tara, um robô com aparência humana, e pele de borracha sintética. O terceiro projeto era de um robô com aparência mecanoide.

O primeiro deles era o projeto de mão robótica, criada principalmente a partir de uma estrutura interna de metal, envolvida em uma "luva de pele" removível, dando a aparência de uma mão humana, cujo material seria borracha sintética
O segundo projeto era de uma ginoide chamada Tara, um robô com aparência humana, e pele de borracha sintética
O terceiro projeto era de um robô com aparência mecanoide
Evidentemente, nosso interesse é apenas no segundo projeto. A cópia arquivada da página de 20 de novembro de 2001, nos revela informações preciosas sobre a ginoide Tara. Descobrimos, por exemplo, que o nome Tara é derivado de um "significado matemático" chamado "tera" (prefixo métrico reconhecido pelo Sistema Internacional de Unidades, com equivalência numérica igual a 1 trilhão). Seu criador, John Bergeron, menciona as seguintes utilizações possíveis da Tara:
  • Demonstração para parques temáticos, feiras e publicidade em geral;
  • Pesquisa relacionada ao processamento da visão por computação, interação humana (I.A.) etc.;
  • Uso doméstico ou para entretenimento;
  • Segurança. Um único operador humano poderia controlar diversos androides remotamente, mantendo-o em segurança em um local mais seguro. Aparência masculina, entre outras aparências são possíveis. Resulta em dissuasão, e possui uma aparência amigável;
  • Vídeos ou performances musicais ao vivo (principalmente se for modificada para tal finalidade).
John menciona que Tara é um robô controlado por computador com aparência humana, e que estava sendo aperfeiçoado com recursos adicionais. Além disso, encomendas especiais poderiam ser realizadas para atender as necessidades do comprador. Caso o comprador quisesse ver Tara pessoalmente, poderia agendar uma visita, em alguma localidade não mencionada no estado norte-americano de Vermont.

As primeiras versões de Tara criadas por John Bergeron na década de 1990
De acordo com a página, a cabeça de Tara possuía olhos azuis de cerâmica "incrivelmente realísticos". Eles não possuíam mini câmeras dentro deles, então a cabeça em si seria interessante para ser usada como demonstração, sendo possível assim adquirir somente a cabeça.

Entretanto, existia uma versão da cabeça de Tara com câmeras dentro dos olhos, sendo que um monitor de TV poderia exibir exatamente o que Tara estava vendo, ainda que a distância, e inclusive poderia gravar em fita cassete (VHS).

Uma das últimas versões criadas de "Tara" no ano de 2006
Na época, Tara já contava com movimentos da cabeça, braços, mãos e inclusive do lábios, que apenas abriam e fechavam enquanto ela falava, porém o planejamento era fazer com que ela tivesse maior expressividade no movimento da boca para ficar de acordo com a pronúncia das palavras. Diferentes cortes, comprimentos e cores de cabelo também estariam disponíveis. Os ouvidos de Tara contavam com microfones para uma eventual interação nesse sentido, sendo que ela poderia ser programada para falar em quaisquer idiomas.

O custo de Tara? Cerca de US$ 20.000 (cerca de R$ 70.000 pela cotação atual). Esse valor, ainda mais para a época, era muito alto, porém dependendo da utilização e do tempo pela qual Tara fosse utilizada, era até mesmo possível alugá-la. Lembrando, é claro, que um androide ou uma ginoide totalmente nova poderia ser construída por John de acordo com a necessidade do comprador.

Enfim, resta alguma dúvida que John Bergeron, por mais que seu rosto nunca tenha sido revelado e mesmo que tivesse sido apenas um pseudônimo, teria sido o criador da Tara? Aliás, mais uma vez é importante ressaltar que não há nenhum indicativo de um eventual assassinato relacionado a essa ginoide. De qualquer forma, poucos meses depois que o vídeo "I Feel Fantastic" foi publicado no Youtube pelo canal "Creepyblog", um outro canal, de um usuário chamado "Niyou77" alegou ser o proprietário de Tara. Estranho, não é mesmo? Será que isso pode ser verdade?

O Usuário "Niyou77"é o Proprietário de Tara? Seria ele o John Bergeron?


No dia 14 de janeiro de 2010, um usuário chamado "Niyou77" publicou no YouTube praticamente o mesmo vídeo anteriormente publicado pelo canal "Creepyblog", porém o título era um pouco diferente: "Fantastic Hey Hey Hey".

A descrição do mesmo era bem simplória e não acrescentava nada demais ao que já mostramos para vocês. No entanto, no dia 4 de maio de 2011, esse usuário postou mais quatro vídeos relacionados a Tara, justamente aqueles que faltavam em relação a informação sobre a existência de um total de 5 vídeos dessa ginoide. Assista cada um deles:









A descrição de todos os esses vídeos apenas dizia a seguinte frase: "my android" ("meu androide", em português). Isso levou muitas pessoas a deduzirem que "Niyou77" era o proprietário de Tara, visto que a maioria sequer sabia da existência de mais vídeos dela.

Essa hipótese foi reforçada com a publicação de mais vídeos relacionados a Tara, em 28 agosto de 2013, ou seja, mais de 5 anos após a última atualização da página "Android Music Videos". Confira esses outros vídeos:













Sinceramente, seria muito infantil considerar o usuário "Niyou77" como o proprietário de Tara ou sequer imaginar que ele pudesse ser John Bergeron por uma série de razões.

Primeiramente, porque os "novos vídeos" publicados em 2013 possuem a mesma qualidade daqueles que foram gravados em 2006, ou seja, 7 anos depois era de se esperar que a qualidade da gravação fosse bem melhor. Em segundo lugar, as mãos de quem manipula a Tara são de uma pessoa bem mais velha do que o usuário "Niyou77" aparentava ser na mesma época que gravou alguns vídeos para o seu canal. Veja esse comparativo abaixo:

As mãos de quem manipula a Tara (imagens superiores) são de uma pessoa bem mais velha do que o usuário "Niyou77", que aparentava ser bem mais novo na mesma época que gravou um vídeo para o seu canal (imagem inferior).
É claro que alguns poderiam dizer que o usuário "Niyou77" poderia ser, eventualmente, o filho de John Bergeron, mas isso é muito pouco provável. Esse usuário em questão acabou ficando famoso pelas descrições contidas nesses últimos vídeos publicados sobre a Tara. A razão? Veja abaixo algumas dessas frases que acompanhavam os vídeos:
  • "Pude ouvir meu androide se aproximando, então me escondi no meu armário e gravei este vídeo. Ela não se moveu e continua parada na frente da porta do armário. Alguém chame a polícia, por favor" (vídeo "standing around");
  • "Não consigo consertá-la, por favor me ajudem" (vídeo "my androis bit off my finger");
  • "Essa foi minha primeira tentativa de tentar matar o androide, que eu acidentalmente criei. Não tive muito sucesso" (vídeo "piercing the android");
  • "Esse vídeo demonstra o poder destrutivo terrível do androide, que eu acidentalmente criei, quando estava tentando criar um braço biônico para o meu pai" (vídeo "Tara, interactive android");
  • "Enviei meu androide para o espaço novamente, e ela apareceu com mais uma fita VHS. Alguém me ajude, ela não quer ir embora, só quero viver em paz" (vídeo "Tara Goes To Space").
Novamente vocês podem perceber que é impossível que o usuário "Niyou77" seja o proprietário de Tara, e muito menos ser o John Bergeron, não é mesmo? Nesse momento, no entanto, muitos de vocês podem estar se perguntando como ele teve acesso a esses vídeos, e a razão pela qual ele resolveu publicar tantos vídeos sobre a Tara. Bem, a resposta para essas questões iremos conferir a seguir.

Todo Esse "Terror" não era Nada Além de "Creepypastas", que Foram Publicadas Desde 2009, na Internet, Sobre o Vídeo "I Feel Fantastic"?


Antes de mais nada é necessário que você saiba o que é uma "creepypasta". Bem, "creepypasta"é o nome dado para as histórias de terror ou lendas urbanas que são divulgadas através da internet. Basicamente, são narrações escritas de modo bastante envolvente, normalmente relacionadas com conteúdos ou produtos da cultura popular, assim como músicas, filmes, videogames, personagens de desenhos animados, etc. O principal objetivo das "creepypastas"é assustar os leitores, além de se espalharem para o maior número possível de pessoas, através de compartilhamentos.

As "creepypastas" mais famosas estão relacionadas com supostos "episódios perdidos" de séries televisivas ou de desenhos animados, que mostram cenas em que os personagens supostamente cometem atos contra a própria vida ou cometem outros atos considerados bizarros. As histórias do "Slender Man" e do "Jeff the Killer" são alguns exemplos de "creepypastas" mais populares na internet.

As histórias do "Slender Man" e do "Jeff the Killer" são alguns exemplos de "creepypastas" mais populares na internet
Particularmente, sou indiferente a quem faça isso, porém enganar as pessoas ao tentar simular um conteúdo supostamente verídico é sempre muito complicado. De qualquer forma, no passado, as "creepypastas" tinham muita força e repercussão na internet, visto que criaram lendas que são propagadas até hoje, e muitas vezes por canais que não se preocupam com a veracidade do que estão divulgando. É justamente nesse cenário que as histórias relacionadas ao vídeo "I Feel Fantastic" se encaixam.

Conforme dissemos no início dessa matéria, uma das "creepypastas" criadas sobre esse vídeo dizia que a pessoa que fez o vídeo seria um serial killer ("assassino em série", em português). Ele(a) teria matado suas vítimas e usado as roupas delas em uma ginoide. O vídeo também mostraria a localização de onde os corpos estariam enterrados. O autor(a) odiaria o fato das vítimas chorarem muito, então ele projetou a ginoide dizendo que se sentia fantástica, que era exatamente o que ele(a) queria ouvir de suas vítimas enquanto as assassinava. A segunda versão apontava que a ginoide teria ganhado vida e teria simplesmente matado o(a) seu(ua) criador(a).

As histórias de terror relacionadas ao vídeo "I Feel Fantastic" são apenas "creepypastas"
Entretanto, existem outras "creepypastas" sobre esse vídeo, por exemplo, dizendo que Tara seria a esposa de John Bergeron, que foi assassinada por seu marido, que a escondeu e a enterrou no quintal de casa. Sinceramente? Eu poderia inventar qualquer coisa, dizer que ele matou sua sobrinha, neta, a família, sem que isso refletisse a realidade sobre os fatos. Entenderam?

Para vocês terem uma ideia, teve gente dizendo que John Bergeron assassinou uma mulher chamada Tara, que por razões desconhecidas, não conseguiu fazer jus ao seu padrão de perfeição. Então, John Bergeron teria construído um robô semelhante a Tara, vestindo-o em suas roupas, e o programando para cantar para ele. Talvez esse fosse um primeiro passo para trazê-la de volta a vida ou talvez para afastar a lembrança dos gritos de sua vítima.

No caso de "I Feel Fantastic" teve até mesmo um canal no YouTube dizendo que encontrou John Bergeron, e que ele evitou de comentar sobre Tara. Contudo, tenho 99,9999999% de certeza, que tenha sido mais uma "mentira" apenas para ganhar visualizações sobre essa antiga história. Confira o vídeo onde seria possível escutar a voz de John Bergeron (em inglês), lembrando que é muito improvável que seja algo verdadeiro:



No vídeo, o suposto John Bergeron desconversa sobre o assunto, e tão somente por isso foi exaltado como o suposto criador da ginoide Tara. A questão é que o vídeo não prova absolutamente nada, visto que não fornece nenhum dado comprobatório do que está alegando ser verdade. Logo, é impossível atestar que a gravação seja verdadeira, ou seja, que realmente tenha a participação do criador de Tara.

Eis que temos um ponto muito interessante para comentar, visto que, em um mero comentário de um usuário chamado "XSeveredX", na rede social Reddit, no ano de 2011, é possível notar o começo de toda essa repercusão do vídeo "I Feel Fantastic". O usuário mencionou que tinha pesquisado muito sobre o vídeo, e que o mesmo tinha sido originalmente postado no YouTube com uma descrição que constava apenas a frase "Não fiz isso" ou alguma coisa nesse sentido. O "Youtuber" que publicou não respondia a nenhuma pergunta, e foi necessário repetir a mesma pergunta por mais de cinco vezes até que ele ficasse irritado o suficiente para responder que tinha encontrado o vídeo a partir de alguma empresa especializada em vídeos raros ou estranhos.

O usuário "XSeveredX" mencionou que tinha pesquisado muito sobre o vídeo, e que o mesmo tinha sido originalmente postado no YouTube com uma descrição que constava apenas a frase "Não fiz isso" ou alguma coisa nesse sentido
O usuário "XSeveredX" mencionou ter encontrado o site da empresa (por mais que ele não lembrasse do nome da mesma de cabeça), mas pertencia a uma coletânea de 20 DVDs contendo vídeos estranhos. Ele disse acreditar que o vídeo pertencia ao DVD nº 17, intitulado "creepy singing robot". Também foi mencionado que o usuário enviou diversos emails para a empresa, porém nunca obteve nenhuma resposta. Ainda segundo "XSeveredX", o vídeo original havia sido removido por esse "Youtuber", porque provavelmente ele tinha se cansado das pessoas perguntando sobre o vídeo, que passou a ser amplamente republicado.

Foi nessa mesma época, entre 2009 e 2011, que surgiram as primeiras creepypastas sobre o tema, e que permanecem circulando até hoje pela internet. Resumindo, não importa o quão estranha e assustadora foi a versão que você leu ou escutou, é muito improvável que ela seja verdadeira. Assim sendo, o usuário "Niyou77" simplesmente teria se aproveitado de uma maior repercussão na época para se promover. Simples assim.

No fim de novembro de 2015, tivemos até mesmo um usuário russo chamado "Brand-Smetana", cujo nome verdadeiro não iremos divulgar por questões morais, alegando que teria publicado a "versão completa e contínua" dos vídeos de John Bergeron, resultando em um total de 15 minutos relacionados a ginoide Tara, em seu canal no YouTube (clique aqui para assistir a essa versão). Enfim, de qualquer forma isso não muda absolutamente nada em relação a origem de Tara.

Comentários Finais


Há quem diga que a inspiração para o nome do vídeo "I Feel Fantastic" tenha vindo de uma música de mesmo nome do álbum "Our Bodies, Ourselves, Our Cybernetic Arms" do cantor Jonathan Coulton, em resposta a um artigo publicado pelo site "Popular Science", onde se discutia sobre o futuro dos produtos farmacêuticos, e as possibilidades de modular emoções humanas através dos medicamentos. Apesar de ser amplamente possível devido a conotação e contexto da época em relação ao usuário "Creepyblog", é muito pouco provável se formos correlacionar ao John Bergeron. Provavelmente, John tinha uma certa idade e queria revolucionar o mundo da personificação humana através da robótica. Algo que não é muito diferente do que acontece hoje em dia. Contudo, atualmente estamos muito mais preocupados e influenciados, que as máquinas dominem nosso mundo, do que debater a real importância delas em nossos meios sociais. Talvez essa fosse a maior preocupação daquela época, ou seja, o quão uma máquina poderia influenciar na vida de uma pessoa. Porém, atualmente pensamos de uma maneira muito mais global.

Infelizmente ou felizmente, dependendo do sentido que você queira imprimir, as histórias de terror relacionadas ao vídeo "I Feel Fantastic" são totalmente fantasiosas. Sei que muitos sites e muitos canais deixam margens para serem questionadas e eventualmente deixam uma espécie de "respiro" para que as lendas e as "creepypastas" se perpetuem, mas sinceramente não vejo nenhuma necessidade disso. John Bergeron, ainda que não tenha sido esse o seu verdadeiro nome, foi um visionário que perdeu horas trabalhando no que amava e acreditava. Foi um dos precursores da robótica, que merecia ser lembrado na história, assim como milhares de pessoas, inclusive brasileiros, que se dedicam, ainda que diante de poucos recursos, a criar algo que seja útil ou revolucionário para nossa sociedade. Não vejo razão para perpetuar histórias infantis sobre um suposto transgressor, que preferiu se manter no anonimato, do que ser julgado por diversas pessoas sem nome, que lhe apontaram o dedo e o acusaram injustamente de ser um assassino em série.

Talvez essa matéria não faça muito sentido ou até mesmo seja "desnecessária" para muitos, mas é importante lembrar que centenas de milhares de pessoas ainda acreditam na obscuridade infundada desse vídeo. Portanto, a matéria é uma espécie de correção, ainda que tardia, para uma série de absurdos que foram publicados e republicados em nome tão somente de reconhecimento ou dinheiro. A arma para combater o medo é o conhecimento, ou seja, o medo é facilmente imposto por imagens, gravações, composições musicais e toda uma ambientação propícia para que você se mantenha em alerta ao menor sinal de perigo. Contudo, quando você conhece exatamente o que enfrenta, e sabe exatamente o que esperar sem o risco de eventuais manipulações, esse medo desaparece. Não estou tentando ser desagradável ou tirar seu medo, pelo contrário, você pode continuar acreditando livremente nessa história ou então compreender tudo isso, e evitar condenar uma pessoa, que você nunca conheceu, e muito provavelmente nunca vai conhecer, por assassinato. O que você prefere?

Até a próxima, AssombradOs.

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://web.archive.org/web/20021007002705/http://www.geocities.com/androidbuilder/
http://web.archive.org/web/20011120134548/http://www.geocities.com/androidbuilder/tara.html
http://www.blumhouse.com/2016/04/12/i-feel-fantastic-the-horrifying-history-of-tara-the-android/
http://www.dprg.org/gallery/misc/0012.html
http://www.geocities.ws/androidmusicvideos/
http://www.jonathancoulton.com/wiki/I_Feel_Fantastic
http://www.urbandictionary.com/define.php?term=i%20feel%20fantastic
https://battlebears.vanillaforums.com/discussion/43642/information-about-i-feel-fantastic
https://silentthrill.wordpress.com/2016/01/17/tara-the-android/
https://www.jwz.org/blog/2013/06/i-feel-fantastic/
https://www.reddit.com/r/creepy/comments/j4wnp/i_feel_fantastic_creepy_android_singing/
https://www.reddit.com/r/creepy/comments/nqr1g/whats_the_story_behind_the_i_feel_fantastic_video/

Deixados Para Trás: O Dilema e o Descaso em Relação as Dezenas de Caixões Encontrados Durante uma Obra na Filadélfia, nos Estados Unidos

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Por Marco Faustino

Em maio do ano passado, eu pedi para que você fizesse um exercício de reflexão juntamente comigo. Pedi para que você imaginasse ter contratado uma empresa, para reformar a casa em que morou durante toda a sua infância, mas que atualmente você estava morando em outro lugar, enquanto a reforma não terminava, em um outro estado. Um belo dia você está preparando o almoço ou o jantar para seus filhos, a cerca de milhares de quilômetros de distância do local onde antigamente morava, e o seu telefone toca. Na linha está um dos operários que trabalha em sua reforma, e ele simplesmente diz que encontraram um pequeno caixão de bronze, e que dentro dele jaz o corpo de uma menininha, praticamente preservado, de cachinhos dourados e segurando uma rosa vermelha na mão. Você corre até o local, entra em contato com a prefeitura, e ela simplesmente diz que o problema é seu. Além disso, você descobre que ela é apenas"um corpo" deixado para trás, de uma imensa e antiga operação que removeu cerca de 150.000 corpos da cidade de São Francisco no início do século XX, porque os cemitérios estavam ocupando muito espaço, e atrapalhando os negócios dos empresários locais. Parece loucura? Pois é, mas acredite, tudo isso aconteceu de verdade (leia mais: O "Mistério" Sobre o Caixão de uma Menina Encontrado Durante a Reforma de uma Casa em São Francisco, nos Estados Unidos).

Sinceramente, não pensei que eu voltaria a escrever sobre algo assim, até que me deparei com um grande absurdo e quase uma verdadeira denúncia por parte do site de notícias Philly.com, no início do mês de novembro do ano passado, cujos desdobramentos se amplificaram de foram exponencial entre o fim de fevereiro e meados de março desse ano. O motivo? Bem, inicialmente foram encontrados diversos ossos e lápides durante uma construção de um prédio residencial na cidade de Filadélfia. A princípio, qualquer um pensaria que se tratava de um pequeno cemitério que ficou perdido ao longo do tempo. Então, bastava a prefeitura recolher os ossos, identificá-los e posteriormente dar novamente um enterro digno aos restos mortais de pessoas, que um dia viveram e morreram no local. Contudo, não foi bem isso que aconteceu. Diversos órgãos municipais e estaduais simplesmente lavaram suas mãos, dizendo que não era de responsabilidade de ninguém, e apenas disseram para a construtora enterrar novamente os ossos, ou seja, cavar, enterrar e cobrir tudo com concreto, que serviria de base para o prédio em questão, como se não fosse nem um pouco mórbido ou totalmente desrepeitoso. Para piorar a situação, ao longo do tempo, não foram apenas ossos e lápides que foram descobertas, mas caixões inteiros, muitos ainda intactos. Mais de 70 caixões foram recuperados de um cemitério, que era para ter sido desativado e realocado em outro há cerca de 150 anos atrás. E, ainda assim, não havia ninguém que se responsabilizasse por isso. Será que houve alguma esperança? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Como Tudo Isso Começou? O Prefácio de uma Situação Totalmente Caótica


Pode não ser todo dia que antigos ossos sejam desenterrados de forma inesperada na Filadélfia, no estado norte-americano da Pensilvânia, porém isso é algo que dificilmente passa desapercebido. Aliás, foi exatamente isso que aconteceu no fim de setembro do ano passado, durante a construção de um prédio residencial na chamada "Cidade Velha" (uma espécie de bairro/distrito da cidade).

Uma empreiteira contratada pela PMC Properties acabou atingindo um amontoado de ossos e lápides no solo, enquanto trabalhava nas obras relaciondas a fundação da construção e também da garagem do empreendimento. Um dos primeiros sites de notícia a reportar essa situação foi o "Philly.com", em um artigo intitulado: "Old bones found - and nobody's in charge" ("Antigos ossos encontrados, e ninguém se responsabiliza", em português).

Imagem do Google Maps mostrando a localização da cidade da Filadéfia em relação a Nova York,
Baltimore e a capital norte-americana, Washington
Imagem do Google Maps mostrando a localização do bairro denominado de "Old City" ("Cidade Velha", em português)
Foto mostrando um trecho da rua do Mercado no bairro Cidade Velha, na Filadélfia
De acordo com Christopher Del Brocco, gerente do projeto da rua Arch nº 218, uma "ligação anônima" repassou essa informação para a polícia, que entrou em contato com o Escritório do Médico Legista que, por sua vez, determinou que os ossos eram históricos, e os arqueólogos os identificaram como sendo prováveis restos mortais pertencentes ao Cemitério da Primeira Igreja Batista da cidade, estabelecida em 1707, um dos primeiros cemitérios da cidade da Filadélfia.

A Comissão de História e Museus do Estado, o Departamento Municipal de Licenças e Inspeções, e a Comissão Histórica da Filadélfia também foram informados pelo Escritório do Médico Legista. Todas as agências disseram que não havia nada que pudessem fazer. Todas disseram que não tinham jurisdição sobre essa questão. Como isso pode acontecer em relação a preservação histórica na Filadélfia, justamente uma cidade que promulgou um decreto de preservação histórica, em 1955, para proteger um dos locais mais ricos da nação em termos históricos, arquitetônicos e arqueológicos?

Imagem do Google Street View mostrando o andamento das obras na rua Arch nº 218, em outubro do ano passado
De acordo com Christopher Del Brocco (na foto), gerente do projeto da rua Arch nº 218, uma "ligação anônima" repassou essa informação para a polícia, que entrou em contato com o Escritório do Médico Legista que, por sua vez, determinou que os ossos eram históricos, e os arqueólogos os identificaram como sendo prováveis restos mortais pertencentes ao Cemitério da Primeira Igreja Batista da cidade
Para piorar a situação, nenhuma diretiva oficial foi dada a PMC ou a empreiteira responsável pela obra, a Fastrack Builders. Além disso, a Primeira Igreja Batista sequer foi informada. Ainda de acordo com a comissão histórica, a chamada "Lei de Preservação de Locais de Sepultamentos Históricos", de 1994, também não se aplicava ao Distrito Histórico da Cidade Velha. O absurdo chegou ao ponto de Christopher Del Brocco, gerente do projeto, divulgar que "a cidade disse para ele apenas se certificar de enterrar novamente os ossos quando a escavação terminasse."

"Eles ainda estão ativamente profanando esse cemitério. Esse cemitério é histórico, e ninguém parece se importar. Eles estão profanando os Pais Fundadores e ninguém dá a mínima. É uma vergonha", disse na época, Douglas Mooney, presidente do Fórum Arqueológico da Filadélfia.

"Eles ainda estão ativamente profanando esse cemitério. Esse cemitério é histórico, e ninguém parece se importar. Eles estão profanando os Pais Fundadores e ninguém dá a mínima. É uma vergonha", disse na época, Douglas Mooney (na foto), presidente do Fórum Arqueológico da Filadélfia.
O advogado Mark Zecca, que representou a Comissão Histórica de Filadélfia por muitos anos, quando foi membro do Departamento Jurídico da cidade nos anos de 1990 e 2000, criticou fortemente todas as agências.

"Isso está errado. Eles deveriam ter protegido o local, não pertubando as ossadas, emitindo uma ordem de interrupção dos trabalhos e entrado na Justiça. A Vara de Órfãos tem jurisdição para isso. Os grupos interessados deveriam ter sido notificados para que eles pudessem participar das audiências do tribunal. A comissão histórica poderia ter tido autoridade para convocar uma audiência", disse Mark Zecca, que agora atende em um escritório particular.

O advogado Mark Zecca (à esquerda), que representou a Comissão Histórica de Filadélfia por muitos anos, quando foi membro do Departamento Jurídico da cidade nos anos de 1990 e 2000, criticou fortemente todas as agências
Entre o fim de setembro e fim de outubro do ano passado, nenhuma agência da cidade havia contatado a Primeira Igreja Batista. A igreja havia vendido sua propriedade na Cidade Velha em meados do século XIX e, na época (no início de novembro do ano passado), estava arrendando quarteirões em algumas ruas da cidade. Roy Harker, administrador da Primeira Igreja Batista, disse que todo o cemitério deveria ter sido supostamente realocado para Cemitério Monte Moriá, em 1859, e que a igreja não mantinha nenhum registro sobre as pessoas que ali estavam enterradas.

"Nesse momento, a Primeira Igreja Batista é uma congregação muito pequena. Não temos recursos (entenda como dinheiro) para fazer nada", disse Roy Harker. Já a PMC disse que eles fizeram exatamente o que as autoridades municipais sugeriram, ou seja, guardar os ossos para que fossem enterrados novamente.

Foto bem antiga mostrando a "Primeira Igreja Batista" da Filadélfia
Foto do Cemitério Histórico Monte Moriá onde acredita-se haver cerca de 85 mil túmulos
O cemitério, diga-se de passagem, encontra-se em estado de abandono conforme vocês podem ver nesse vídeo.
"Eles estão sendo tratados, de acordo como eles foram instruídos a serem tratados pela cidade de Filadélfia", disse Jonathan Stavin, vice-presidente executivo da PMC.

"Não está sob a jurisdição de ninguém. Portanto, cabe a incorporadora (PMC) determinar como seguir em frente. Estamos em contato com a incorporadora em relação a como proceder", disse Karen Guss, porta-voz do Departamento Municipal de Licenças e Inspeções.

"Assim que viram os ossos, a Comissão Histórica da Filadélfia e o Departamento Municipal de Licenças e Inspeções deveriam tê-los informado para comparecer a Vara de Órfãos e os informado sobre a situação para saber como proceder após isso", disse Mark Zecca.

"A comissão histórica deveria saber que existem leis especiais para lidar com um cemitério. Meu deus. Entre a Segunda e Terceira na rua Arch? Cara, você está falando da Casa de Betsy Ross. Você está falando sobre Igreja Cristã. Você está falando de muita coisa por aqui", continuou. No entanto, Christopher Del Brocco disse que apenas o médico legista e um inspetor do Departamento Municipal de Licenças e Inspeções tinham comparecido no local.

Foto mostrando os executivos da incorporadora PMC. Da esquerda para direita: Jonathan Stavin, vice-presidente executivo, Ron Caplan, presidente, Greg Webster, chefe de operações e Jerry Novick, outro vice-presidente executivo do Conselho Geral
Howard Pollman, porta-voz da Comissão de História e Museus do Estado, que tem ampla autoridade em questões de preservação, disse que ninguém entrou em contato com seu escritório, exceto pelo médico-legista da cidade.

"Nem a cidade, nem a comissão histórica, e nem mesmo o Departamento Municipal de Licenças e Inspeções", disse Howard Pollman, acrescentando que a "Lei de Preservação de Locais de Sepultamentos Históricos" se aplica apenas quando quando os restos mortais são perturbados em projetos públicos. O empreendimento da rua Arch nº 218, infelizmente, era privado.

Curiosamente, no entanto, Mark Zecca assinalou que a incorporadora provavelmente não tinha permissão para reenterrar os ossos.

"O fato de ter sido emitida uma licença (para construção) não tem nenhuma relevância. A permissão não foi emitida para perturbar um cemitério. Se eles descobriram um cemitério por acaso, o Departamento Municipal de Licenças e Inspeções deve emitir uma ordem para interromper os trabalhos", disse Mark.

Howard Pollman (de camisa social azul na foto), porta-voz da Comissão de História e Museus do Estado, que tem ampla autoridade em questões de preservação, disse que ninguém entrou em contato com seu escritório, exceto pelo médico-legista da cidade
Jonathan Farnham, diretor executivo da Comissão Histórica da Filadélfia, disse que a comissão não tinha nenhuma autoridade sobre a matéria.

"A Comissão Histórica não tinha autoridade legal para obrigar a incorporadora a parar a construção e analisar os restos mortais", escreveu Jonathan Farnham em um email enviado ao site de notícias Philly.com, observando que o cemitério ficava debaixo de "um local não incorporado", limitando assim o poder da comissão. Além disso, ele comentou que a existência de um cemitério não era uma infomação "nova". Isso havia sido discutido em uma reunião da comissão em setembro de 2015. Durante a reunião em questão, a comissão foi informada sobre o cemitério e foi avisada que os restos mortais tinham sido reenterrados no Cemitério Monte Moriá, há 150 anos.

Segundo Mark Zecca, a "nova" informação é que foram descobertas ossadas no local. Ainda segundo ele, alguém deveria ter corgitado a hipótese de que alguns restos mortais poderiam se encontrar no local, mas aparentemente isso não passou pela cabeça de ninguém.

Jonathan Farnham (de termo e gravata cinza na foto), diretor executivo da Comissão Histórica da Filadélfia, disse que a comissão não tinha nenhuma autoridade sobre a matéria
Paul Steinke, diretor executivo da Aliança para Preservação da Grande Filadélfia, disse que "em uma cidade tão histórica e antiga quanto a Filadélfia, deveríamos ter um arqueólogo profissional na equipe da Comissão Histórica de Filadélfia, para cumprir efetivamente o objetivo histórico da comissão. Eles precisam mesmo de ajuda profissional." Ele também criticou as atuais regras operacionais da comissão e os regulamentos taxando-os de confusos.

"Precisamos dar uma olhada nos regulamentos porque as regras atuais não são claras", completou.

Enquanto isso, um número indeterminado de restos mortais e lápides se acumulava na rua Arch nº 218. Christopher Del Brocco passou a colocar tudo "em uma caixa" como forma de armazenamento, tal como ele disse que foi instruído a fazer "pela própria cidade." Ironicamente, todos os oficiais contatados pelo site de notícias Philly.com se negaram ter dado tal recomendação, embora o porta-voz da Comissão de História e Museus do Estado disse que não era novidade que dissessem aos incorporadores para reenterrar os restos mortais no próprio local.

Christopher Del Brocco passou a colocar tudo "em uma caixa" como forma de armazenamento,
tal como ele disse que foi instruído a fazer "pela própria cidade."
Ironicamente, todos os oficiais contatados pelo site de notícias Philly.com se negaram ter dado tal recomendação, embora o porta-voz da Comissão de História e Museus do Estado disse que não era novidade que dissessem aos incorporadores para reenterrar os restos mortais no próprio local
"Isso é o que vai acontecer. Eles vão descansar no fundo da escavação do edifício, debaixo do piso de concreto da garagem. Eles ficarão por lá para sempre", disse Christopher Del Brocco.

A Corrida Para Tentar Recuperar a Dignidade das Pessoas que Não Foram Realocadas para o Cemitério Monte Moriá, na Filadélfia


No dia 13 de março desse ano, o site de notícias Philly.com voltou a comentar sobre as obras na rua Arch nº 218. Dessa vez, o artigo escrito jornalista Stephan Salisbury, mencionou que os arqueólogos estavam em uma verdadeira corrida contra o tempo para escavar o que poderiam ser centenas de caixões de um cemitério histórico diante de um prazo bem apertado concedido pela incorporadora responsável pelo projeto. A PMC decidiu dar aos arqueólogos um pouco de tempo, cerca de seis dias, para que eles removessem os restos mortais de um cemitério pertencente a Primeira Igreja Batista.

Dessa vez, o artigo escrito jornalista Stephan Salisbury, mencionou que os arqueólogos estavam em uma verdadeira corrida contra o tempo para escavar o que poderiam ser centenas de caixões de um cemitério histórico diante de um prazo bem apertado concedido pela incorporadora responsável pelo projeto
A PMC decidiu dar aos arqueólogos um pouco de tempo, cerca de seis dias, para que eles removessem os restos mortais de um cemitério pertencente a Primeira Igreja Batista
Jonathan Stavin, vice-presidente executivo da PMC, disse que a incorporada também levaria o caso até a Vara de Órfãos para obter a permissão para reenterrar os restos mortais no Cemitério Monte Moriá, onde todo o antigo cemitério deveria ter sido realocado em 1859. Agora, aparentemente, familiares e vizinhos separados por mais de 150 anos, seriam finalmente reunidos. Na Filadélfia, no entanto, esse resultado ostensivamente positivo é altamente incomum para ossos ancestrais e artefatos históricos descobertos inesperadamente durante um projeto de construção, um acontecimento infelizmente frequente.

Muitas vezes, essas importantes pistas sobre o passado da cidade e os restos mortais de seu povo são silenciosamente coletados pelas construtoras e jogados em aterros sanitários, saqueados, quebrados ou despedaçados por escavadeiras e brocas perfuradoras. Em praticamente todos os locais - Kensington, Cidade Velha, Society Hill, Sudoeste da Filadélfia, Germantown, Filadélfia Ocidental - o passado humano acumulado, que remonta aos dias coloniais e além, está em todos os lugares sob os pés daqueles vivem acima do solo, e praticamente tudo isso sem nenhuma proteção por parte das autoridades municipais. Vale ressaltar nesse ponto, que a Declaração de Independência dos Estados Unidos e a Constituição Norte-Americana foram assinadas na Cidade Velha (Old City, em inglês).

Muitas vezes, essas importantes pistas sobre o passado da cidade e os restos mortais de seu povo são silenciosamente coletados pelas construtoras e jogados em aterros sanitários, saqueados, quebrados ou despedaçados por escavadeiras e brocas perfuradoras
Vale ressaltar nesse ponto, que a Declaração de Independência dos Estados Unidos e a Constituição Norte-Americana foram assinadas na Cidade Velha (Old City, em inglês)
"Acredito que nesse exato momento estamos sofrendo uma devastadora perda em relação a história. Nos últimos dois anos, ficou exponencialmente muito pior. Com toda a construção em andamento, a perda potencial de recursos arqueológicos é simplesmente gigantesca e, uma vez que ninguém está supervisionando nada, nem mesmo sabemos o que estamos perdendo", disse Douglas Mooney, presidente do Fórum Arqueológico da Filadélfia.

"Sem dúvida alguma, a Filadélfia é a cidade mais importante do período colonial. Há extensas coleções arqueológicas na Filadélfia, que estão muito mais preservadas do que em qualquer outra cidade do Leste dos Estados Unidos", disse Carmen Weber Creamer, que prestou serviço como a única arqueóloga contratada pela cidade, em todos os tempos, no final da década de 1980.

"Sem dúvida alguma, a Filadélfia é a cidade mais importante do período colonial. Há extensas coleções arqueológicas na Filadélfia, que estão muito mais preservadas do que em qualquer outra cidade do Leste dos Estados Unidos", disse Carmen Weber Creamer, que prestou serviço como a única arqueóloga contratada pela cidade, em todos os tempos, no final da década de 1980
Porém, essa coleções - depositadas na sujeira mundana da cidade - estão desaparecendo, apesar das leis da Filadélfia proclamarem especificamente que a preservação dos recursos arqueológicos é um "bem público no interesse da saúde, prosperidade e bem-estar do povo da Filadélfia."

Na verdade, as proteções arqueológicas podem se tornar uma enorme dor de cabeça para a cidade, uma vezes que os funcionários da atual administração do prefeito Jim Kenney se preparam para uma renovação de US$ 500 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão) em parques, playgrounds e centros de recreação. Douglas Mooney, que faz parte do comitê de designação histórica da Comissão Histórica da Filadélfia, traçou um rápido mapa preliminar para verificar a localização de antigos cemitérios. O que ele encontrou foi uma forte correlação com playgrounds e parques da cidade atual. Vocês podem acompanhar a realização dos trabalhos dos arqueólogos, através desse vídeo que foi publicado na conta do site Philly.com, no YouTube:



Assim como esse outro vídeo, uma espécie de "segunda parte":



O propósito da Comissão Histórica é identificar e proteger tais recursos. No entanto, a arqueologia - talvez porque seus tesouros não possam ser vistos, talvez porque seja caro - é mais frequentemente desprezada como se fosse um bastardo imundo em termos de preservação. Vale lembrar que no ossos encontrados na rua Arch, a Comissão Histórica da Filadélfia, o Departamento Municipal de Licenças e Inspeções, o Escritório do Médico Legista, e Comissão de História e Museus do Estado da Filadélfia disseram que não tinham nenhuma responsabilidade. Ajeenah Amir, porta-voz do prefeito Kenney, chegou a afirmar que: "Os cemitérios são regidos pela lei estadual e não estão dentro da nossa jurisdição local."

A principal responsável por lei, para coordenar a preservação arqueológica, a Comissão Histórica da Filadélfia, raramente se demonstrava estar ansiosa para sujar suas mãos com escavações. Os tesouros em potencial acabavam escorregando entre os dedos da história.

A Cobertura Por Parte da Grande Mídia Norte-Americana


Um dos principais veículos de comunicação dos Estados Unidos, a CNN, publicou uma notícia sobre esse caso, no dia 10 de março desse ano. No texto foi mencionado que, inicialmente, eles encontraram apenas alguns ossos. Posteriormente, descobriram um caixão inteiro. Então, outros foram surgindo. Quando se deram conta, dezenas de caixões começaram a surgir, sendo que a maioria estava enterrado a cerca de 2 metros de profundidade. Assim sendo os arqueólogos estavam tentavam classificar os restos mortais na esperança de ter uma ideia mais próxima da realidade de como era a vida na Filadélfia colonial.

Os historiadores disseram, conforme mencionamos anteriormente, que os caixões faziam parte do cemitério da Primeira Igreja Batista, estabelecida em 1707, na parte histórica da cidade, no que hoje era a rua Arch. Os registros indicavam que eles deveriam ter sido realocados pela cidade, para o Cemitério Monte Moriá, por volta de de 1859, mas o trabalho pelo visto, nunca foi realizado por completo.

No texto foi mencionado que, inicialmente, eles encontraram apenas alguns ossos. Posteriormente, descobriram um caixão inteiro. Então, outros foram surgindo. Quando se deram conta, dezenas de caixões começaram a surgir, sendo que a maioria estava enterrado a cerca de 2 metros de profundidade
Os historiadores disseram, conforme mencionamos anteriormente, que os caixões faziam parte do cemitério da Primeira Igreja Batista, estabelecida em 1707, na parte histórica da cidade, no que hoje era a rua Arch. Os registros indicavam que eles deveriam ter sido realocados pela cidade, para o Cemitério Monte Moriá, por volta de de 1859, mas o trabalho pelo visto, nunca foi realizado por completo
"Custa dinheiro realocar as sepulturas e às vezes isso não acontece. Os empresários decidem cortar as despesas. O problema é que, em se tratando dos restos mortais de entes queridos, cortar despesas é algo trágico", disse Lee Arnold, da Sociedade Histórica da Pensilvânia, em entrevista para a CNN.

A CNN informou que, até aquela data, os investigadores tinham encontrado 38 caixões no local, em um espaço de aproximadamente 12 por 7 metros de largura. No entanto, eles disseram que não tinham ideia de quantos mais poderiam surgir. Jonathan Stavin, vice-presidente executivo da PMC, proprietária do terreno, disse, por sua vez, acreditar que esse número cresceria.

"Todos ficaram um pouco surpresos, não esperávamos encontrar o que descobrimos, há camadas disso", disse Jonathan Stavin, acrescentando que as autoridades estavam financeiramente empenhadas em ajudar a reenterrar os corpos no Cemitério Monte Moriá.

"É a coisa certa a se fazer", completou.

A CNN informou que, até aquela data, os investigadores tinham encontrado 38 caixões no local, em um espaço de aproximadamente 12 por 7 metros de largura. No entanto, eles disseram que não tinham ideia de quantos mais poderiam surgir. Jonathan Stavin, vice-presidente executivo da PMC, proprietária do terreno, disse, por sua vez, acreditar que esse número cresceria
"Todos ficaram um pouco surpresos, não esperávamos encontrar o que descobrimos, há camadas disso", disse Jonathan Stavin, acrescentando que as autoridades estavam financeiramente empenhadas em ajudar a reenterrar os corpos no Cemitério Monte Moriá
No texto da CNN foi mencionado, que a empresa planejava construir um prédio residencial de 10 andares e 116 unidades no local. Também foi citado que os investigadores estavam enfrentando condições climáticas complicadas, em uma verdadeira corrida contra o tempo para encontrar e remover os restos mortais da forma mais eficiente possível. Contudo, Anna Dhody, diretora e curadora do Instituto e Museu Mütter, disse que o prazo, de praticamente apenas uma semana, poderia ser prorrogado.

"Não é certo deixar quaisquer restos mortais para trás. Não vamos parar até que terminemos", disse Anna Dhody. Os arqueólogos estavam em meio a uma camada rochosa ou de argila, que Dhody disse que não havia sinais que revelassem uma possível perturbação.

"Estamos bem confiantes de que não haja nada sob essa camada deposicional", acrescentou. Os investigadores estavam aproveitando a mão-de-obra da própria empresa para que o trabalho mais pesado pudesse ser feito, enquanto os especialistas faziam o trabalho de escavação mais detalhado.

"Não é certo deixar quaisquer restos mortais para trás. Não vamos parar até que terminemos", disse Anna Dhody. Os arqueólogos estavam em meio a uma camada rochosa ou de argila, que Dhody disse que não havia sinais que revelassem uma possível perturbação
"Isso é algo positivo para todos os possíveis projetos futuros, porque estamos treinando-os para procurar sítios arqueológicos no futuro. A Filadélfia é uma cidade histórica, não é a primeira vez que algo assim acontece e não será o última, os trabalhadores da construção civil são nossa primeira linha de visão. Envolvê-los e interessá-los é fundamental para preservar a nossa história", continuou.

"Há partes do cemitério que não conseguimos acessar devido ao outro prédio. Pode haver pessoas enterradas por lá, que não seremos capazes de acessá-las", completou, apontando que a quantidade de caixões poderia ser substancialmente maior se tivessem uma área maior para trabalhar.

Anna Dhody disse que o Instituto Mutter planejava estudar e analisar os caixões e os ossos, um processo que levaria muitos meses. Uma análise das ossadas poderia revelar suas idades, o sexo, a raça, possíveis traumas físicos, assim como uma miríade de outras pistas biológicas sobre seus hábitos cotidianos.

Anna Dhody disse que o Instituto Mutter planejava estudar e analisar os caixões e os ossos, um processo que levaria muitos meses. Uma análise das ossadas poderia revelar suas idades, o sexo, a raça, possíveis traumas físicos, assim como uma miríade de outras pistas biológicas sobre seus hábitos cotidianos
Kimberlee Moran, professora associada e diretora do Centro Forense da Universidade Rutgers, disse que a descoberta era uma enorme oportunidade educacional. Ela tinha cerca de uma dúzia de estudantes trabalhando para exumar os caixões.

"Alguns caixões são realmente lindos e estão perfeitamente intactos. Já outros são apenas um esboço no solo, eles desapareceram completamente", disse Kimberlee Moran, em entrevista à CNN, acrescentando que planejava criar turmas universitárias para que os alunos pudessem continuar as pesquisas em relação aos restos mortais.

Kimberlee Moran, professora associada e diretora do Centro Forense da Universidade Rutgers, disse que a descoberta era uma enorme oportunidade educacional. Ela tinha cerca de uma dúzia de estudantes trabalhando para exumar os caixões
"Não é todo dia que você encontra um cemitério histórico. É uma janela real para o passado e para a demografia da Filadélfia naquela época", completou.

O site de notícias da afiliada da NBC, na Filadélfia, apontou um panorama um pouco mais crítico do que esse, ao dizer que ao menos 60 pessoas já tinham emergido das escavações na rua Arch desde o final do mês anterior (por volta do dia 20 de fevereiro), sendo que 24 caixões tinham sido descobertos no dia 9 de março, um dia antes da publicação da CNN. Resumindo? Quase uma centena de pessoas.

Ao contrário da CNN, a NBC foi mais incisiva ao dizer que não havia regulamentos estaduais ou municipais sobre como lidar com ossos que fossem desenterrados, a menos que estivessem diante de um projeto do governo, ou seja, utilizando dinheiro público. Portanto, a empresa não tinha nenhuma obrigação de transformar a área em uma escavação arqueológica ou parar a construção. No curto texto também foram apontadas as declarações do Jonathan Stavin, vice-presidente executivo da PMC.

Ao contrário da CNN, a NBC foi mais incisiva ao dizer que não havia regulamentos estaduais ou municipais sobre como lidar com ossos que fossem desenterrados, a menos que estivessem diante de um projeto do governo, ou seja, utilizando dinheiro público
"Estamos tentando dar o nosso melhor para sermos respeitosos em relação ao que encontramos. Estamos dispostos a permitir que esse processo continue até que seja concluído. Temos nosso projeto para construir, mas estamos tentando fazer a coisa certa aqui", disse Jonathan Stavin.

Agora, querem saber a quantidade exata de caixões que foram recuperados? Cerca de 77. Cada um deles repletos ossos. Isso sem contar é claros as demais ossadas encontradas, e que não havia um sinal físico de um caixão, que obviamente já havia sido consumido pela terra ao longo do tempo.

Evidentemente, analisar e tentar coletar o máximo de informação possível sobre quem eram essas pessoas demanda muito tempo e dinheiro. Portanto, o Instituto e Museu Mütter, anunciou no dia 29 de março desse ano, que havia lançado uma campanha especial de financiamento coletivo para arrecadar fundos com o objetivo de analisar os restos mortais, e por fim pode reenterá-los da forma mais respeitosa possível. Segundo o comunicado, uma equipe de voluntários correu contra o tempo para remover os restos mortais de mais de 100 pessoas na rua Arch nº 218. Assim sendo, o Instituto Mütter esperava angariar esses fundos, uma vez que que o projeto voluntário despertou o interesse da população local.

Vocês também podem conferir algumas reportagens realizada pela imprensa norte-americana sobre o caso, a exemplo dessa reportagem divulgada pela agência de notícias Associated Press (em inglês):



Assim como essa reportagem realizada pela Fox News (em inglês):



"A escavação foi apenas o começo do projeto. Levará meses, senão anos para realizar toda a limpeza e análise dos restos mortais. E precisará do apoio financeiro de nossa comunidade, tanto local quanto de regiões mais distantes, para contribuir com todo esses esforços", disse Anna Dhody, diretora do Instituto Mütter.

"Os doadores poderão acompanhar o andamento do projeto pela internet, e através das nossas redes sociais onde vamos documentar e compartilhar o nosso processo, a partir do realocação dos restos mortais para uma nova instalação de armazenamento para a análise e, finalmente, poderem ser reenterrados no Cemitério Monte Moriá. Queremos compartilhar essa experiência de aprendizagem com os nossos doadores e seguidores. Nós queremos que vocês saibam onde e como suas doações estão sendo usadas, e como é importante o apoio de vocês em relação aos nossos esforços", continuou.

"A escavação foi apenas o começo do projeto. Levará meses, senão anos para realizar toda a limpeza e análise dos restos mortais. E precisará do apoio financeiro de nossa comunidade, tanto local quanto de regiões mais distantes, para contribuir com todo esses esforços", disse Anna Dhody, diretora do Instituto Mütter
"Esses são nossos antepassados. Essa é a nossa história. Eles podem ter vivido ou morrido durante algumas das principais crises de saúde pública da Filadélfia: a epidemia de febre amarela de 1793 ou a epidemia de cólera de 1832 ou 1849. Nós podemos ser capazes de determinar se alguns dos indivíduos morreram dessas doenças, examinando os restos mortais e pesquisando nos arquivos da cidade", completou.

A campanha aberta no site CauseVox pretende arrecadar cerca de US$ 20.000 (cerca de R$ 63.000 pela cotação atual), porém até o fechamento dessa postagem, apenas 70 doadores tinham resultado em um total de pouco mais de US$ 4.000. Apesar da média ser alta, a arrecadação está apenas em 21% do esperado. De qualquer forma, esperamos que eles consigam arrecar o necessário e restaurar a dignidade dessas pessoas. No entanto, a seguir vocês vão perceber que esse descaso do poder público na Filadélfia não é de hoje.

Um Descaso que se Repete ao Longo do Tempo


Quando o complexo leste da Shit Corner, na rua do Mercado, foi demolido em 2014, por exemplo, colecionadores de garrafas invadiram o local, arrancando artefatos de uma forma que surpreendeu os arqueólogos. O Fórum Arqueológico da Filadélfia tentou, sem sucesso, despertar a atenção da Comissão Histórica para proteger o local e autorizar o trabalho arqueológico, enviando um apelo por escrito a Jonathan Farnham, diretor executivo da mesma, descrevendo os riscos iminentes. A carta, no entanto, foi ignorada.

Jonathan Farnham disse que a Comissão Histórica "não identificou o potencial arqueológico do local, no momento em que foi designado" e, assim sendo, não poderia fazer nada.

"Os colecionadores de garrafas amadores cavaram em diversos pontos. Não havia documentação e não havia mapeamento local. Perdemos todas as informações", disse Jed Levin, arqueólogo do Fórum Arqueológico da Filadélfia. Um colecionador mostrou a Levin e seus colegas um vaso raro de cerâmica esmaltada, que lembrava muito a cerâmica afro-americana encontrada ao sul do Chesapeake, retirada de uma escavação particular ao longo da rua do Mercado. Era diferente de tudo que Levin tinha visto na cidade, e sugeria uma indústria de cerâmica produzida por negros, do século XVIII, na cidade - algo que seria uma completa surpresa. Agora, isso se tornou um mistério sem solução.

Imagens constrastando os arqueólogos (ao fundo) e os operários da Fastrack Builders (em primeiro plano)
Em 2016, a Comissão Histórica se recusou a designar como "histórico" o local do Antigo Cemitério Comum de Kensington, localizado abaixo de um desenvolvimento planejado entre os números 1934 e 1948 da avenida Frankford. A incorporadora, Ori Feibush, queria demolir duas garagens, cavar uma fundação e construir residências.

Kenneth Milano, historiador de Kensington, ouviu falar do projeto de construção e rapidamente nomeou o terreno, em uso ativo durante a primeira metade do século XIX, para designação histórica no Registro de Locais Históricos da Filadélfia. Milano disse acreditar que era importante ver se podiam obter informações sobre a comunidade. O cemitério tinha sido iniciado por trabalhadores, imigrantes alemães e, em muitos aspectos, os Pais Fundadores de Kensington.

Entretanto, a Comissão Histórica pareceu não entender o propósito básico de proteger esses recursos invisíveis e anônimos. David Schaaf, membro do comitê de designação histórica da comissão, questionou a nomeação. De acordo com uma ata de uma reunião da comissão, ele disse que tinha "dificuldade em identificar exatamente o material que a comissão histórica estaria protegendo".

Cerca de 77 caixões foram recuperados. Cada um deles repletos ossos. Isso sem contar é claros as demais ossadas encontradas, e que não havia um sinal físico de um caixão, que obviamente já havia sido consumido pela terra ao longo do tempo.
A incorporadora Ori Feibush contratou seu próprio arqueólogo, que fez uma pequena escavação de teste, descobrindo o crânio de um gato. "Eu não sei o que mais poderia ser feito", disse o advogado da Ori Feibush à Comissão Histórica. Depois de idas e vindas entre os membros, a comissão decidiu ignorar a recomendação de seu próprio comitê de designação histórica, o único órgão onde um arqueólogo profissional participa. O veredito? Nenhuma designação. O local permanece desprotegido, sendo que Ori Feibush até hoje diz que nenhum osso ou lápide apareceu.

Mesmo quando a Comissão Histórica recomenda especificamente para que um incorporador tenha cuidado em relação aos recursos arqueológicos, o resultado pode ser bem abaixo do ideal. Isso provou ser o caso em relação ao complexo residencial da rua One Water, próxima a ponte Benjamin Franklin, outro projeto da PMC. A PMC entrou em cena depois que um desenvolvimento anterior acabou não dando certo no local, no qual a comissão tinha determinado um estudo arqueológico e solicitado um relatório, em 2006, ao norte do local onde ficava o antigo estacionamento Hertz, onde a arqueóloga da cidade, Carmen Weber Creamer, liderou uma famosa escavação em 1987, descobrindo os resquícios de um antigo estaleiro bem debaixo do asfalto. O estacionamento Hertz se tornou o primeiro local arqueológico listado nos registros da cidade.

O relatório de 2006, para o que havia se tornado a rua One Water, apontou que havia uma alta probabilidade de que mais infraestruturas de transporte estavam debaixo dessa mesma rua. O relatório também disse que o prosseguimento das obras, ou seja, perfurar a rocha e inserir toneladas de concreto, poderia ser arqueologicamente apropriado desde que fosse monitorado de perto.

O Instituto e Museu Mütter anunciou no dia 29 de março desse ano, que havia lançado uma campanha especial de financiamento coletivo para arrecadar fundos com o objetivo de analisar os restos mortais, e por fim pode reenterá-los da forma mais respeitosa possível
Entretanto, a ideia de perfurar um antigo corpo d'água da cidade aterrorizou os membros do Fórum Arqueológico da Filadélfia, em 2012. Eles alertaram a Comissão Histórica, quando a PMC estava se preparando para iniciar as atividades na rua One Water, que a perfuração poderia ser calamitosa e os primeiros artefatos poderiam ser destruídos pelo processo de perfuração. De qualquer forma, a comissão deixou a incorporadora prosseguir.

"Nós dissemos 'Não faça isso'. A comissão nos desprezou completamente, eles fizeram 375 perfurações e, exatamente como dissemos, não havia como dizer o que a broca trouxe para a superfície. Não tinha nenhuma forma de apontar o que estava debaixo da terra. A forma como lidaram com a situação foi terrível, e tudo foi devastado pela broca", disse Douglas Mooney. O projeto avançou, porém nenhuma antiga evidência de quaisquer corpos d'água emergiu da lama.

Uma Pequena Esperança Fornecida Pelo Governo Federal dos Estados Unidos


Na Filadélfia, uma grande parte do passado, que não foi perdida, foi resgatada por regras federais, que exigem a exploração do que pode estar escondido debaixo do solo. Por exemplo, restos de um bloco inteiro do século XVIII, surgiram de uma escavação realizada no ano 2000, no Shopping Independence, que precedeu a construção do National Constitution Center. Brinquedos infantis, jornais legíveis, ferramentas de trabalho, as mais diversas vidas dos mais diversos moradores do bloco emergiram. Tudo isso graças aos requerimentos federais.

O que provavelmente é a primeira porcelana feita nos Estados Unidos - um simples vasilhame branco referido por um especialista como "o santo graal da cerâmica norte-americana" - foi encontrada em 2016, sob o Museu da Revolução Americana, entre as ruas 3 e Chesnut, o antigo local onde ficava uma instalação do Serviço Nacional de Parques. Mais uma vez, o governo federal exigiu que fosse realizada uma escavação.

O que provavelmente é a primeira porcelana feita nos Estados Unidos - um simples vasilhame branco referido por um especialista como "o santo graal da cerâmica norte-americana" - foi encontrada em 2016, sob o Museu da Revolução Americana, entre as ruas 3 e Chesnut, o antigo local onde ficava uma instalação do Serviço Nacional de Parques
Foto do Museu da Revolução Americana que foi inaugurado no dia 19 de abril desse ano
Muitas vezes esses artefatos são as únicas pistas que ajudam determinar o significado do passado e de quem viveu nos locais, de um simples trabalhador até um político poderoso, e nenhuma outra cidade do Leste dos Estados Unidos tem algo sequer próximo, em termos de potencial e tesouros arqueológicos enterrados, do que a Filadélfia. No entanto, Boston e Nova York possuem formas bem mais eficazes de lidar com essa situação. Boston, por exemplo, tem um cargo estabelecido de arqueólogo da cidade, que serve como educador público assim como regulador. Em Nova York, a Comissão de Preservação Landmarks possui um arqueólogo entre os membros de sua equipe.

O arqueólogo Jed Levin, que trabalhou em diversas cidades da Costa Leste, disse que em ambas as cidades os recursos arqueológicos são levados muito mais a sério do que na Filadélfia. Não que os conflitos entre o passado que está enterrado e o crescimento atual das cidades não ocorram nessas outras cidades, é claro.

"É a forma como eles são tratados quando algo assim ocorre. Eles realmente utilizam e impõe efetivamente as leis que eles têm", disse Jed Levin. A Filadélfia, no entanto, é no mínimo "irregular" nos quesitos de aplicação das leis e regras para proteger o passado enterrado.

"É a forma como eles são tratados quando algo assim ocorre. Eles realmente utilizam
e impõe efetivamente as leis que eles têm
", disse Jed Levin (à direita)
Dos 13 bairros/distritos históricos oficiais da cidade, só a "Society Hill"é designada como uma área com potencial arqueológico e, mesmo lá, a consideração pelo que pode estar debaixo da terra é minimizada. Como exemplo, em abril de 2013, a Comissão Histórica considerou um pedido de desenvolvimento em alguns pontos do bloco 500 da Rua South Front, um terreno baldio. A ata da reunião da Comissão História daquela época faz a seguinte menção: "Em uma rápida pesquisa, nada indica que algo incomum ou excepcional tenha ocorrido nesse locais, portanto, embora seja provável que artefatos arqueológicos sejam encontrados no local, parece improvável que eles revelem 'informações importantes pré-históricas ou históricas.'"

Para Douglas Mooney, isso ilustra exatamente a razão, pela qual um julgamento arqueológico profissional é necessário em relação a comissão e sua equipe.

"O que eles estão pensando em relação ao ponto de vista de investigação arqueológica é documentar o excepcional. O que eles não entendem é que, especialmente em um ambiente urbano como a Filadélfia, se tem uma coisa em que a arqueologia é realmente boa, é em documentar a vida cotidiana, a vida mundana. O mais importante é saber como era a vida na cidade, e o que não foi escrito. Você não pode fazer isso de outra forma", disse Douglas Mooney. A comissão, no entanto, aprovou as obras propostas na Rua South Front.

Imagem do Google Maps mostrando a localização do bairro/distrito denominado de Society Hill
Dos 13 bairros/distritos históricos oficiais da cidade, só a "Society Hill"é designada como uma área com potencial arqueológico e, mesmo lá, a consideração pelo que pode estar debaixo da terra é minimizada
O diretor executivo da Comissão, Jonathan Farnham, insiste que "artefatos da vida cotidiana de pessoas comuns são tão importantes, senão mais importantes, do que aqueles de figuras históricas famosas." Questionado se a comissão tinha planos de contratar um arqueólogo para a equipe, ele disse que não. Essa relutância acontece apesar de uma avaliação crítica da Comissão de História e Museus do Estado da Pensilvânia, que analisa o desempenho da Comissão Histórica de Filadélfia para garantir que a cidade e o estado permaneçam elegíveis para o recebimento de verbas federais a partir de um programa especial conhecido como "Certified Local Government Program"

Comentários de diversos grupos de preservação foram solicitados pela Comissão de História e Museus e incorporados a um relatório, concluído em maio de 2016. Muitos citavam a ausência de um arqueólogo na equipe ou que fosse membro da comissão, como uma "deficiência crítica" da própria comissão.

O relatório sugeriu que a comissão era sobrecarregada pelo "enorme volume de pedidos de licenças para a construção de edifícios", que "faz com que os escassos recursos existentes (verbas) para a equipe sejam destinados para recursos acima do solo, enquanto os recursos arqueológicos recebem apenas uma atenção superficial no processo de revisão de uma licença." Na prática, isso significa que os arqueólogos, caso estejam envolvidos no processo, são chamados no último momento, quando as escavadeiras e os trituradores estão a pleno vapor nos locais. Essa cena pode ser vividamente ilustrada pela corrida para exumar os caixões na rua Arch.

Infelizmente, no entanto, para cada local protegido, existem diversos lotes vazios. Qualquer um desses locais pode conter um "Santo Graal" de algum tipo, que pode ser destruído por uma retroescavadeira, permanecer enterrado ao ser sepultado em concreto ou estar abandonado em meio ao lixo urbano. Algo que poderia mudar todo o passado de um povo, permanece esquecido em meio a modernidade que um dia, invariavelmente, também se tornará passado.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://arch-street-bones-project-43170.causevox.com/
http://freepages.genealogy.rootsweb.ancestry.com/~mpom/first%20baptist%20church%20removals.html?cj=1&sid=89027X1542228Xb3aab119eb674e70ccfee9d66d506d87&netid=cj&o_xid=0007939049&o_lid=0007939049&o_sch=Affiliate+External
http://www.atlasobscura.com/articles/philadelphia-bones-archaeology-mutter-museum
http://www.atlasobscura.com/articles/philadelphia-construction-coffins
http://www.cnn.com/2017/03/10/us/coffins-philadelphia-construction/

http://muttermuseum.org/news/mutter-institute-launches-crowdfund-campaign/
http://www.nbcphiladelphia.com/news/local/Construction-Workers-Unearth-Centuries-old-Coffins-in-Philadelphia-415817663.html

http://philadelphia.cbslocal.com/2017/03/09/coffins-discovered-at-construction-site-in-old-city/
http://www.philly.com/philly/entertainment/20161102_Old_bones_turn_up_during_construction__regulatory_agencies_shrug.html
http://www.philly.com/philly/news/Race-to-dig-at-historic-cemetery-a-mere-hint-of-what-ails-Philadelphias-oversight-of-buried-treasures.html
https://billypenn.com/2017/03/10/why-old-dead-bodies-will-accidentally-surface-in-philadelphia-again/

https://hyperallergic.com/373393/the-arch-street-bones-project/

A Misteriosa "Vulture Stone": Um "Pilar de Pedra" Provaria que um Cometa Provocou um Verdadeiro Caos na Terra Há 13 Mil Anos?

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Por Marco Faustino

Sinceramente, algo muito estranho vem se passando nas universidades do Reino Unido ultimamente. No início desse mês, mais precisamente no dia 4 de abril, publiquei uma postagem comentando que havia sido divulgado no dia anterior (3), um estudo no periódico "Journal of Archaeological Science: Reports", realizado por arqueólogos, que teria revelado que determinadas pessoas da região de Yorkshire, um condado histórico na região Norte da Inglaterra e o maior do Reino Unido, teriam tanto medo dos mortos que desmembraram, quebraram e queimaram os corpos de pessoas mortas para terem absoluta certeza que elas não voltariam à vida, durante a Idade Média. Esse estudo promovido pela "Historic England" (um órgão executivo público não-departamental do governo britânico subsidiado pelo Departamento de Cultura, Mídia e Desportos) e pela Universidade de Southampton talvez pudesse representar a primeira evidência científica na Inglaterra, em relação a eventuais tentativas de impedir que os mortos caminhassem novamente, e prejudicassem os vivos. Aliás, essa prática seria vista como "algo muito comum" no folclore em diversas partes do mundo. Interessante, não é mesmo? No entanto, isso era mesmo verdade?

Pois bem, isso não era verdade, ou melhor, não era possível concluir e afirmar isso categoricamente. Era uma mera questão de alguém simplesmente ler esse estudo em questão, que estranhamente foi publicado justamente no dia seguinte a exibição do último episódio, da sétima temporada, da série norte-americana "The Walking Dead". Contudo, aparentemente, nenhum veículo de comunicação britânico leu o estudo, e praticamente nenhum lugar no mundo noticiou isso da forma correta ou pelo menos da forma menos errada e sensacionalista. Basicamente, a absoluta maioria se aproveitou de declarações unilaterais de um dos envolvidos no estudo, para disseminar um conteúdo totalmente deturpado e recheado de fotos de zumbis daquela mesma série televisiva. Até onde pude acompanhar, somente um único site, chamado "Mental Floss", chegou no mesmo ponto que mostrei a vocês. Evidentemente, fiz questão de destrinchar o assunto e explicar o que precisavam saber, assim como a respectiva tradução da conclusão do estudo (leia mais: Será Verdade que os Ingleses Mutilavam e Queimavam os Corpos dos Mortos Para Evitar que Ocorresse um "Apocalipse Zumbi"?).

Agora, surgiu uma nova polêmica e novamente envolvendo dois fatores principais: a completa falta de leitura de um estudo científico, e o envolvimento de mais uma universidade do Reino Unido. Apesar da estranha coincidência, dessa vez o estudo trata de alguns "pilares de pedra" dentre vários outros pilares dispostos de forma circular em Göbekli Tepe, um sítio arqueológico no topo de uma montanha na região Sudeste de Anatólia, na parte asiática da Turquia, a cerca de 12 km a nordeste da cidade de Şanlıurfa. É justamente dentro desse sítio, que se encontra um dos "objetos" de toda essa polêmica: a chamada "Vulture Stone" ("Pedra do Abutre" ou "Pilar do Abutre", em português), também conhecida como "Pilar 43", que deveria ser um pilar como qualquer outro, mas para algumas pessoas ele simboliza o registro de um evento cataclísmico, possivelmente um cometa que se chocou contra o nosso planeta. Esse abalo teria sido tão descomunal, que teria gerado uma espécie de "mini era glacial" no planeta, principalmente em áreas mais ao norte do globo, durante 1.400 anos (um período conhecido como "Dryas recente"), e com isso teria desencadeado as primeiras civilizações tal como conhecemos hoje em dia. Essa discussão sobre a queda de um cometa não é nova, porém a associação desse evento com a "Vulture Stone"é relativamente recente. Foi justamente sobre essa relação, que dois pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia, fizeram um estudo e o publicaram em um periódico científico revisado por pares. A mídia britânica novamente ficou em polvorosa, dizendo que os cientistas finalmente teriam confirmado essa relação, tão especulada no passado. Contudo, será mesmo que houve essa confirmação? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Um Rápido Resumo Sobre o Sítio Arqueológico de Göbekli Tepe


Conforme dissemos anteriormente, Göbekli Tepe é um sítio arqueológico no topo de uma montanha na região Sudeste de Anatólia, na parte asiática da Turquia, a cerca de 12 km a nordeste da cidade de Şanlıurfa. Esse sítio arqueológico é composto por duas fases de supostos usos ritualísticos, que remontam entre 10.000 e 8.000 anos a.C.

Na primeira fase, no período Neolítico Pré-Cerâmico A (PPNA), foram erguidos círculos de enormes pilares de pedra em formato de T (cada pilar com 6 metros de altura e pesando 20 toneladas), que são os megalitos mais antigos do mundo (pelo menos até onde os pesquisadores conhecem). Na segunda fase, no período Neolítico Pré-Cerâmico B (PPNB), os pilares erguidos eram menores e ficavam em salas retangulares com pisos de cal polido. Após esse período, o sítio foi abandonado.

Imagem do Google Maps mostrando a localização do sítio arqueológico Göbekli Tepe
Conforme dissemos anteriormente, Göbekli Tepe é um sítio arqueológico no topo de uma montanha na região Sudeste de Anatólia, na parte asiática da Turquia, a cerca de 12 km a nordeste da cidade de Şanlıurfa. Esse sítio arqueológico é composto por duas fases de supostos usos ritualísticos, que remontam entre 10.000 e 8.000 anos a.C.
É interessante notar que muitos dos pilares são decorados com pictogramas enigmáticos ou abstratos, sendo possível ver representações de animais esculpidos, e em relevo nos mesmos. Os pictogramas podem representar símbolos sagrados comumente conhecidos, assim como encontramos em pinturas rupestres neolíticas em outros lugares.

Já os relevos aparentam retratar mamíferos como leões, touros, javalis, raposas, gazelas e burros, tal como serpentes e outros répteis, artrópodes (assim como insetos e aracnídeos), e pássaros (particularmente abutres). Na época que o local foi erguido, possivelmente o território ao redor era uma grande floresta, e capaz de sustentar essa grande variedade de vida selvagem.

É interessante notar que muitos dos pilares são decorados com pictogramas enigmáticos ou abstratos, sendo possível ver representações de animais esculpidos, e em relevo nos mesmos. Na foto podemos ver a misteriosa "Vulture Stone", também conhecido como pilar 43
Já os relevos aparentam retratar mamíferos como leões, touros, javalis, raposas, gazelas e burros, tal como serpentes e outros répteis, artrópodes (assim como insetos e aracnídeos), e pássaros (particularmente abutres). Na época que o local foi erguido, possivelmente o território ao redor era uma grande floresta, e capaz de sustentar essa grande variedade de vida selvagem
Os detalhes sobre a real finalidade da estrutura permanecem um mistério até hoje. O local foi escavado por uma equipe arqueológica alemã sob a direção de Klaus Schmidt, um proeminente arqueólogo alemão, de 1996 até sua morte, em 2014. Schmidt acreditava que o local era uma espécie de santuário neolítico primitivo usado como um local sagrado, não como um assentamento. Ele considerava o local como um centro de culto aos mortos, e que os animais esculpidos estavam presentes justamente para protegê-los.

Os detalhes sobre a real finalidade da estrutura permanecem um mistério até hoje. O local foi escavado por uma equipe arqueológica alemã sob a direção de Klaus Schmidt (na foto), um proeminente arqueólogo alemão, de 1996 até sua morte, em 2014
Embora nenhuma sepultura ou tumba tenha sido encontrada até hoje, Schmidt acreditava que as mesmas ainda seriam descobertas em nichos localizados atrás das paredes dos círculos sagrados. Por outro lado, Steven Mithen, professor de Arqueologia na Universidade de Reading, na Inglaterra, surgeriu que no início da cultura Neolítica de Anatólia e do Oriente Próximo, os mortos eram deliberadamente expostos, com o objetivo de serem escarnados por abutres e outras aves que se alimentavam de carniça.

Concepção artística mostrando o que poderia teria sido a construção de Göbekli Tepe
Apesar de tudo isso ser uma mera especulação, uma vez que Göbekli Tepe foi bem pouco escavada até hoje (estima-se que apenas 5% do local tenha sido efetivamente exposto até hoje, apesar de quase duas décadas de escavações), o sítio arqueológico é considerado uma descoberta de grande importância, visto que poderia alterar profundamente a compreensão de uma fase crucial no desenvolvimento da sociedade humana.

Apesar de tudo isso ser uma mera especulação, uma vez que Göbekli Tepe foi bem pouco escavada até hoje, o sítio arqueológico é considerado uma descoberta de grande importância, visto que poderia alterar profundamente a compreensão de uma fase crucial no desenvolvimento da sociedade humana
É justamente nesse local que, conforme mencionamos anteriormente, se encontra a chamada "Vulture Stone" ("Pedra do Abutre" ou "Pilar do Abutre", em português), também conhecida como "Pilar 43", que deveria ser um pilar como qualquer outro, mas para algumas pessoas ele simboliza o registro de um evento cataclísmico, possivelmente um cometa que se chocou contra o nosso planeta.

Vocês também podem conferir um pouco mais sobre o que estamos falando através de um pequeno documentário de cerca de 20 minutos sobre Göbekli Tepe que passou no programa "Enigmas do Passado" do National Geographic (dublado em português, até 20:42):



Assim como no documentário "Civilização Perdida", do History Channel, que também abordou rapidamente sobre Göbekli Tepe (dublado em português):



Esse é o assunto principal da nossa postagem, mas seria complicado dizer isso sem antes comentar sobre o sítio arqueológico, não é mesmo? Fiquem tranquilos(as), que ainda vamos falar rapidamente sobre o período "Dryas recente", para que vocês não fiquem perdidos em meio a tantos termos e informações estranhas. A seguir, vamos ver como essa história está circulando na internet.

Como Essa História Envolvendo a "Vulture Stone" e um Evento Cataclísmico Devido a Suposta Queda de um Cometa Está Sendo Noticiado Pela Mídia Internacional?


Como exemplo, vamos citar o que foi divulgado pelo Daily Mail (DM), mas poderia ser por qualquer outro site de notícias, visto que as distorções foram amplamente divulgadas por sites como Yahoo! e até mesmo pela revista "New Scientist", que se baseou apenas nas informações fornecidas pela agência de notícias britânica "Press Association", que curiosamente também esteve envolvida no caso dos "zumbis ingleses". Aparentemente, a falta de leitura é um problema crônico dessa agência.

Com dois títulos diferentes (um no endereço e outro na própria publicação), ou seja, "Gravuras em pedra confirmam que cometa atingiu a Terra há 13.000 anos" (no endereço) e "O violento nascimento do homem moderno: as incríveis gravuras em pedra antiga, que revelam como o impacto de um cometa devastador há 13.000 anos matou milhares, alterou o clima e desencadeou o surgimento das primeiras civilizações" (na publicação), o DM começou dizendo que os cientistas acreditavam, que símbolos antigos esculpidos em pedra, em um sítio arqueológico na Turquia, contavam a história sobre o impacto de um cometa devastador, que desencadeou uma "mini era glacial" há mais de 13.000 anos.

O DM começou dizendo que os cientistas acreditavam, que símbolos antigos esculpidos em pedra, em um sítio arqueológico na Turquia, contavam a história sobre o impacto de um cometa devastador, que desencadeou uma "mini era glacial" há mais de 13.000 anos
A evidência das esculturas, feitas em um pilar de pedra conhecido como "Vulture Stone" ("Pedra do Abutre" ou "Pilar do Abutre", em português) sugeria que um enxame de fragmentos de cometa atingiram a Terra por volta de 11.000 a.C. Acreditava-se que uma imagem de um homem sem cabeça simbolizasse desastres humanos e uma extensa perda de vida. O evento devastador, que aniquilou criaturas como mamutes lanudos, também teria ajudado a desencadear o surgimento da civilização.

Os cientistas especularam durante décadas, que um cometa poderia ter causado a queda acentuada na temperatura durante um período conhecido como "Dryas recente". Esse período é visto como um momento crucial na história da humanidade, uma vez que coincide com os primórdios da agricultura e as primeiras civilizações neolíticas.

A evidência das esculturas, feitas em um pilar de pedra conhecido como "Vulture Stone" ("Pedra do Abutre" ou "Pilar do Abutre", em português) sugeria que um enxame de fragmentos de cometa atingiram a Terra por volta de 11.000 a.C. Acreditava-se que uma imagem de um homem sem cabeça simbolizasse desastres humanos e uma extensa perda de vida
Assim sendo, os cientistas estavam analisando os símbolos misteriosos esculpidos em pilares de pedra em Göbekli Tepe, na Turquia, para descobrir se eles poderiam estar relacionados as constelações. Engenheiros da Universidade de Edimburgo estudaram as gravuras de animais feitos em um pilar - conhecido como "Vulture Stone" - no sítio arqueológico.

Ao interpretar os animais como símbolos astronômicos, e usando software de computador para combinar suas posições com os padrões estelares, os pesquisadores dataram o evento em 10.950 a.C com uma margem de +/- 250 anos, sendo que o mesmo teria sido provavelmente resultante da fragmentação de um cometa gigante no Sistema Solar interior.

Ao interpretar os animais como símbolos astronômicos, e usando software de computador para combinar suas posições com padrões estelares, os pesquisadores dataram o evento em 10.950 a.C. Essa imagem mostra a posição do Sol e das estrelas durante o solstício de verão de 10.950 a.C.
O céu em 10.700 a.C (imagem superior) e 11.200 a.C. (imagem inferior), sendo avisto avistado a partir de Sanliurfa (próximo de Göbekli Tepe) e diante de uma margem de erro de mais ou menos 250 anos.
Além disso, teria sido por volta dessa mesma época, que o período chamado de "Dryas recente" teria começado, ao menos de acodo com os dados do núcleo de gelo da Groelândia, nos quais apontam que esse período teria iniciado em 10.890 a.C. Antes da queda do cometa, grandes campos de cevada e trigo permitiam que os caçadores itinerantes no Oriente Médio criassem campos base permanentes. Contudo, as gélidas condições criadas pelo impacto teriam forçado essas caçadores a se juntarem e encontrar novas maneiras de cultivar. Assim sendo, eles teriam desenvolvido a irrigação e a reprodução seletiva para enfrentar o clima severo formando as práticas agrícolas modernas.

O DM ainda apontou que, segundo os pesquisadores de Edimburgo, as gravuras esculpidas na rocha pareciam ter permanecido importantes para o povo de Gobekli Tepe durante milênios. Isso sugeria que o evento e clima frio que se seguiu, provavelmente gerou um sério impacto. A equipe sugeriu, que as imagens tinham a pretensão de registrar um evento cataclísmico. Além disso, o simbolismo nos pilares indicava que, as mudanças de longo prazo no eixo de rotação da Terra, foram registradas naquela época, usando uma forma inicial de escrita. O simbolismo sugeria que Gȍbekli Tepe era um observatório para meteoros e cometas.

O DM ainda apontou que, segundo os pesquisadores de Edimburgo, as gravuras esculpidas na rocha pareciam ter permanecido importantes para o povo de Gobekli Tepe durante milênios. Isso sugeria que o evento e clima frio que se seguiu, provavelmente gerou um sério impacto
A descoberta apoia uma teoria, que a Terra provavelmente experimentará períodos em que os impactos de cometas serão mais prováveis, devido à órbita da Terra, que interceptaria a órbita de anéis de fragmentos de cometas no espaço.

"Acredito que essa pesquisa, juntamente com a recente descoberta de uma ampla anomalia de platina em todo o continente norte-americano, virtualmente selam o caso em favor de um impacto de cometa no período Dryas recente. Nosso trabalho serve para reforçar essa evidência física. O que está acontecendo aqui é o processo de mudança de paradigma", disse o Dr. Martin Sweatman, da Escola de Engenharia da Universidade de Edimburgo, que participou do estudo.

A descoberta apoia uma teoria, que a Terra provavelmente experimentará períodos em que os impactos de cometas serão mais prováveis, devido à órbita da Terra, que interceptaria a órbita de anéis de fragmentos de cometas no espaço
"Parece que Göbekli Tepe era, entre outras coisas, um observatório para monitorar o céu noturno. Um de seus pilares parece ter servido como um memorial para este evento devastador - provavelmente o pior dia da história desde o fim da Era do Gelo", completou.

Uma Rápida Explicação Sobre o Período "Dryas Recente" e suas Controvérsias


Antes de mostrarmos a realidade por trás desse "estudo científico"é necessário darmos uma rápida passada e mostrar para vocês o que teria sido o período "Dryas recente". Tentarei não me alongar muito nessa parte, visto que a mesma é recheada de controvérsias por todos os lados.

Bem, o período "Dryas recente"é um período geológico compreendido entre 12.900 a.C. e 11.700 a.C., no qual aconteceu um declínio acentuado das temperaturas sobre a maior parte do Hemisfério Norte, no final do Pleistoceno, precedendo imediatamente o Holoceno, que por sua vez se estende até hoje. Todas as formas de vida que conhecemos estão presentes, com destaque para os seres humanos, visto que nossa civilização se organizou e foi capaz de produzir artefatos tecnológicos, como uma lança ou um computador moderno, algo que nenhuma outra espécie do planeta conseguiu realizar ao longo da história.

Bem, o período "Dryas recente"é um período geológico compreendido entre 12.900 a.C. e 11.700 a.C., no qual aconteceu um declínio acentuado das temperaturas sobre a maior parte do Hemisfério Norte, no final do Pleistoceno, precedendo imediatamente o Holoceno, que por sua vez se estende até hoje
 É interessante destacar nesse ponto que o "Dryas recente" marca um período emblemático de interrupção no aumento das temperaturas, que vinha ocorrendo durante o último período glacial, e durou apenas cerca de 1.400 anos, em constraste com as dezenas ou centenas de milhares de anos de eras glaciais anteriores. Resumindo? Algo muito específico e de curta duração teria acontecido nesse período. O problema é que até hoje ninguém sabe o que aconteceu, sendo justamente esse ponto o grande centro das atenções sobre esse assunto.

Acredita-se que todo esse caos climático, que afetou a agricultura, a fauna e flora, provocou o aumento do nível dos oceanos, entre outros efeitos diversos e complexos, tenha sido causado por um declínio na força de circulação meridional do Atlântico, que transporta água quente do Equador para o Polo Norte, que por sua vez teria sido provocada por repentino influxo de água gelada da América do Norte, a partir do Lago Agassiz, assim como a deglaciação dessa parte superior do próprio continente, no Atlântico Norte.

Acredita-se que todo esse caos climático, que afetou a agricultura, a fauna e flora, provocou o aumento do nível dos oceanos, entre outros efeitos diversos e complexos, tenha sido causado por um declínio na força de circulação meridional do Atlântico, que transporta água quente do Equador para o Polo Norte, que por sua vez teria sido provocada por repentino influxo de água gelada da América do Norte, a partir do Lago Agassiz, assim como a deglaciação dessa parte superior do próprio continente, no Atlântico Norte
Uma teoria alternativa sugere que essa força de circulação, conhecida como "Célula de Revolvimento Meridional do Atlântico", teria se deslocado para o norte, em resposta à alteração forçada da topografia devido ao derretimento da camada de gelo da América do Norte, trazendo assim mais chuva para o Atlântico Norte, que por sua vez teria resfriado a superfície do oceano o suficiente para retardar a circulação termohalina.

Meio complicado, não é mesmo? Por outro lado, há quem acredite em um hipótese bem mais simples: o impacto de um asteroide ou cometa na Terra. Contudo, provar qualquer uma dessas teorias não é tão simples quanto imaginá-las. Vamos conhecer algumas controvérsias geradas ao longo do tempo.

Uma teoria alternativa sugere que essa força de circulação, conhecida como "Célula de Revolvimento Meridional do Atlântico", teria se deslocado para o norte, em resposta à alteração forçada da topografia devido ao derretimento da camada de gelo da América do Norte, trazendo assim mais chuva para o Atlântico Norte, que por sua vez teria resfriado a superfície do oceano o suficiente para retardar a circulação termohalina
Essa história sobre o impacto de asteroide ou cometa teria começado em 2007, quando uma equipe de cientistas anunciou evidências de um grande impacto extraterrestre, que teria ocorrido há cerca de 12.900 anos. O impacto teria causado um súbito arrefecimento do clima norte-americano, matando mamutes e outras megafaunas. A evidência apresentada por esses cientistas, e que tem sido amplamente contestada desde a primeira vez que foi apresentada, incluiu diversos tipos de "marcadores de impacto", algumas vezes encontrados quando objetos extraterrestres colidem contra a Terra. Esses supostos marcadores incluem grãos incomuns de uma forma rica em titânio de magnetita mineral, pequenas esférulas magnéticas, e níveis elevados de irídio, um elemento relativamente raro, que é mais comum em objetos extraterrestres do que na crosta terrestre.

Esses pesquisadores descobriram que todos esses marcadores estariam inseridos em camadas incomuns de sedimentos escuros, ricos em matéria orgânica, que os cientistas geralmente chamam de "esteiras pretas". Eles observaram que esses estratos eram vestígios de antigos brejos e pântanos e, em muitos locais da América do Norte, especialmente no Sudoeste do Continente Americano, essas "esteiras pretas" começaram a se acumular no início do período "Dryas recente". Alguns paleontólogos observaram que essas "esteiras negras" muitas vezes são uma espécie de linha divisória entre os sedimentos mais antigos, contendo fósseis da megafauna da Era do Gelo, e os sedimentos mais jovens que não os possuem. Alguns arqueólogos também observaram que as "esteiras pretas" parecem marcar o desaparecimento da cultura Clóvis, porque as distintas pontas de lança que eles produziam são comuns nos sedimentos inferiores das camadas, mas não aparecem nas camadas superiores.

Essa história sobre o impacto de asteroide ou cometa teria começado em 2007, quando uma equipe de cientistas anunciou evidências de um grande impacto extraterrestre, que teria ocorrido há cerca de 12.900 anos. O impacto teria causado um súbito arrefecimento do clima norte-americano, matando mamutes e outras megafaunas
De acordo com a hipótese do impacto de um cometa, divulgada em 2007, grandes quantidades de calor geradas pela explosão do cometa, quebraram e derreteram grande parte da camada de gelo, em algum local sobre a parte leste do Canadá, fazendo com que o Atlântico Norte recebesse subitamente uma grande quantidade de água gelada, interrompendo a circulação oceânica, o que provocou um frio prologado, desaparecendo com a cultura Clóvis e arrematando a última megafauna da Era do Gelo. Entenderam o esquema? Essa explosão ainda teria gerado uma avassaladora onda de calor, viajando a centenas de quilômetros por hora, que teria provocado extensos incêndios florestais por todo o continente. Enfim, é basicamente isso que vocês precisam saber.

Conforme mencionei anteriormente, há quem tenha refutado toda essa história. Em janeiro de 2009, pesquisadores da Universidade de Bristol, na Inglaterra, publicaram um estudo colocando essa teoria à prova ao examinar os registros de carvão e pólen, de modo a avaliar como o regime de incêndios na América do Norte mudou entre 15 e 10 mil anos atrás, uma época de grandes e rápidas mudanças climáticas. Os resultados não forneciam evidências para incêndios em escala continental, mas apoiavam o fato de que o aumento de incêndios em larga escala em todas as regiões do mundo, durante a década anterior, estava relacionado a um aumento no chamado "Aquecimento Global".

Conforme mencionei anteriormente, há quem tenha refutado toda essa história. Em janeiro de 2009, pesquisadores da Universidade de Bristol, na Inglaterra, publicaram um estudo colocando essa teoria à prova ao examinar os registros de carvão e pólen, de modo a avaliar como o regime de incêndios na América do Norte mudou entre 15 e 10 mil anos atrás, uma época de grandes e rápidas mudanças climáticas. Os resultados não forneciam evidências para incêndios em escala continental.
Em dezembro daquele mesmo ano, uma equipe internacional de cientistas liderada por pesquisadores da Universidade do Havaí, em Manoa, nos Estados Unidos, também não encontrou evidências que apoiassem um evento de impacto extraterrestre no início do período "Dryas recente", há 13 mil anos. Além disso, eles adicionaram outros argumentos contra essa hipótese do cometa, uma vez que, por exemplo, não existe nenhuma cratera de impacto conhecida. Um evento dessa magnitude deveria ter provocado uma cratera bem generosa no solo. Há outros argumentos, mas vou pular essa parte para não ficar cansativo para vocês.

Em dezembro daquele mesmo ano, uma equipe internacional de cientistas liderada por pesquisadores da Universidade do Havaí, em Manoa, nos Estados Unidos, também não encontrou evidências que apoiassem um evento de impacto extraterrestre no início do período "Dryas recente", há 13 mil anos
Podemos ainda citar outro exemplo, diante de um estudo publicado por dois arqueólogos norte-americanos (um da Universidade do Arizona e outro da Universidade Metodista do Sul), em 2010, onde eles argumentaram que não há nada no registro arqueológico, que poderia sugerir um colapso repentino da cultura Clóvis.

Eles acreditavam que o desaparecimento das pontas de lança da cultura Clóvis era mais provável de ter sido uma escolha cultural do que um colapso da população. Eles concluíram que não havia dados convincentes para indicar que os Paleoindianos da América do Norte tiveram que lidar com ou foram afetados por uma catástrofe, extraterrestre ou de alguma outra forma, no Pleistoceno terminal.

Os arqueólogos acreditavam acreditavam que o desaparecimento das pontas de lança da cultura Clóvis era mais provável de ter sido uma escolha cultural do que um colapso da população. Eles concluíram que não havia dados convincentes para indicar que os Paleoindianos da América do Norte tiveram que lidar com ou foram afetados por uma catástrofe, extraterrestre ou de outra forma, no Pleistoceno terminal
Por outro lado, também conforme dissemos anteriormente, há que tente até hoje apresentar evidências para a teoria de um impacto cósmico. Um exemplo disso foi um estudo publicado em 2013 que, usando dados do núcleo de gelo da Groenlândia, Michail Petaev e seus colegas da Universidade de Harvard descobriram o que parecia ser evidência desse impacto. Eles descobriram que a concentração de platina aumentou em cerca de 100 vezes, há aproximadamente 12.900 anos.

As taxa de platina/irídio e platina/alumínio estavam muito elevadas, indicando, que a platina provavelmente não possuía uma fonte terrestre. Enquanto a maioria das rochas vulcânicas possui altas relações de Pt/Ir, suas taxas de Pt/Al são baixas. Por outro lado, as taxas de Pt/Ir e Pt/Al em meteoritos de ferro magmáticos são muito altas, sugerindo que a platina encontrada no núcleo de gelo teria vindo de um meteoro. De qualquer forma, Michail Petaev e seus colegas advertiram, que os próximos pesquisadores precisariam, essencialmente, localizar um local de impacto para confirmar essa hipótese.

Um exemplo disso foi um estudo publicado em 2013 que, usando dados do núcleo de gelo da Groenlândia (a foto ilustra um exemplo de núcleo de gelo obtido na Groelândia), Michail Petaev e seus colegas da Universidade de Harvard descobriram o que parecia ser evidência desse impacto
Evidentemente, fizemos um grande resumo sobre toda essa controvérsia para vocês, apontando os diversos lados dessa história. Porém, é importante destacar que essa é uma briga, que chamaríamos de "cachorro grande", ou seja, entre arqueólogos, paleontólogos, geólogos, astrônomos etc. Pesquisadores e cientistas munidos com muitos dados, muito tempo de pesquisa científica séria e robusta (apesar de algumas falhas ou falta de dados suficientemente claros e mais abrangentes), sendo submetidos o tempo todo a refutações e eventuais corroborações. Esse é um assunto complexo, que não se resolve da noite para o dia. Então, vocês já devem imaginar o que vem a seguir.

A Realidade Por Trás de Todo o Estudo Relacionado ao Sítio Arqueólogico "Göbekli Tepe" e a Possível Queda de um Cometa


O estudo que partiu da Universidade de Edimburgo, na Escócia, possui três pontos muito críticos. Vamos comentar sobre cada um deles para vocês entenderem exatamente os problemas apresentados.

O Primeiro Ponto: Os Autores do Estudo não São Arqueólogos, Geólogos, Paleontólogos e nem mesmo Astrônomos


Não há a participação de nenhum arqueólogo, paleontólogo, geólogo ou astrônomo nesse estudo. Os dois autores, o Dr. Dimitrios Tsikritsis e o Dr. Martin Sweatman, pertencem a Escola de Engenharia da Universidade de Edimburgo.

Não há a participação de nenhum arqueólogo, paleontólogo, geólogo ou astrônomo nesse estudo. Os dois autores, o Dr. Dimitrios Tsikritsis e o Dr. Martin Sweatman, pertencem a Escola de Engenharia da Universidade de Edimburgo (na foto)
Para vocês terem uma ideia, a única informação disponível é que o Dr. Dimitrios Tsikritsis pertenceria ao Instituto de Bioengenharia. Já o Dr. Martin Sweatman pertenceria ao Instituto de Materiais e Processos, possuiria interesse na área de Mecânica Estatística no campo da Engenharia Química, e teria PhD em Física Teórica pela Universidade de Bristol. Nenhum deles demonstra ter qualquer experiência em analisar símbolos antigos esculpidos em megalitos de quase 10.000 anos a.C., e não possuem qualquer experiência arqueológica prévia.

O Segundo Ponto: A Inspiração em Graham Hancock e Andrew Collins


Talvez o ponto mais extenso entre os três, é que estudo foi basicamente inspirado por um livro chamado "Göbekli Tepe: Genesis of the Gods: The Temple of the Watchers and the discovery of Eden" do autor Andrew Collins, que tem uma corrente de pensamento muito semelhante ao Graham Hancock. Calma, vou explicar essa situação para vocês e mostrar o quão caótico isso pode ser quando aplicado a um estudo teoricamente científico. Acompanhem a pequena saga logo abaixo:

Graham Hancock, 66 anos, é um escritor e jornalista britânico, que se "especializou" ao longo do tempo em "teorias não convencionais", que envolvem civilizações antigas, monumentos de pedras ou megalitos, estados alterados da consciência, mitos antigos e dados astronômicos/astrológicos do passado. Um dos principais temas abordados em seus livros seria uma espécie de conexão global com uma "cultura mãe" de onde ele acredita que todas as civilizações antigas surgiram. No entanto, seu trabalho é visto como um exemplo clássico de pseudoaqueologia, sendo que nada do que fez até hoje foi revisado por pares, e nem mesmo aceito em periódicos acadêmicos.

Graham Hancock, 66 anos, é um escritor e jornalista britânico, que se "especializou" ao longo do tempo em "teorias não convencionais", que envolvem civilizações antigas, monumentos de pedras ou megalitos, estados alterados da consciência, mitos antigos e dados astronômicos/astrológicos do passado
Em um artigo publicado no "The Guardian" em fevereiro de 2002, Graham Hancock, com 51 anos na época, fez a seguinte declaração: "Não sou um acadêmico; Não sou um arqueólogo. Eu sou um escritor, comunicando ideias ao público. Existe um modelo de como o passado é, e um monte de acadêmicos arqueólogos estão refinando esse modelo. Não se trata de mudar radicalmente o modelo. Não estou ciente de qualquer corrente que seja, sobre mudar radicalmente o modelo. Sério, sou apenas eu."

Agora repare em outro artigo postado em outubro de 2015, quando Graham Hancock foi entrevistado pelo britânico Daily Telegraph. No artigo escrito pelo jornalista Rupert Hawksley, o público é informado que Hancock não tem qualificações formais em Arqueologia, História ou Astronomia. Seu interesse de longa data em drogas alucinógenas também não colaborou em relação a sua reputação. Porém, o autor disse que nunca alegou ser um acadêmico. Ele se apresenta como um jornalista que está simplesmente relatando teorias por cientistas que acreditam que podem preencher algumas das lacunas na história da humanidade - buracos previamente conhecidos pelos acadêmicos do chamado "mainstream" (uma espécie de "principal corrente de pensamento").

No artigo escrito pelo jornalista Rupert Hawksley, o público é informado que Hancock não tem qualificações formais em Arqueologia, História ou Astronomia. Seu interesse de longa data em drogas alucinógenas também não colaborou em relação a sua reputação
Em um livro chamado "Fingerprints of the Gods", lançado em 1995, Hancock tentou sustentar que alguma civilização antiga e enigmática, porém altamente avançada, teria existido na pré-história, e teria servido como "civilização progenitora" comum a todas as civilizações antigas conhecidas. O autor propôs que, em algum momento por volta do fim da última Era do Gelo, essa civilização sucumbiu devido a um cataclisma, mas que transmitiu para os seus "herdeiros" um profundo conhecimento sobre astronomia, arquitetura e matemática.

A teoria basicamente baseia-se na ideia de que as principais interpretações de evidências arqueológicas são falhas e incompletas, e obviamente inúmeros pontos foram refutados dezenas de vezes ao longo dos anos por arqueólogos. De qualquer forma, Graham praticamente rascunhou nesse livro, que o tal cataclisma poderia ter sido devido a um "impacto cósmico" (ele meio que deixa isso em aberto). Para vocês terem uma ideia o livro teria feito muito sucesso e vendido mais 9 milhões de cópias. Então, ao longo de 20 anos, Graham acabou fazendo "escola", ou seja, mais escritores surgiram com pensamentos semelhantes ao dele. Um deles, como vocês devem imaginar, é justamente o Andrew Collins.

Em um livro chamado "Fingerprints of the Gods", lançado em 1995, Hancock tentou sustentar que alguma civilização antiga e enigmática, porém altamente avançada, teria existido na pré-história, e teria servido como "civilização progenitora" comum a todas as civilizações antigas conhecidas
O Andrew Collins possui até mesmo uma página dedicada a ele e seus livros dentro do site do Graham Hancock, onde ele é apontado como um escritor e explorador histórico que vive no Reino Unido, sendo o autor de mais de uma dúzia de livros que "desafiam a maneira como percebemos o passado". Novamente, pelo que tudo indica, estamos diante de alguém sem nenhuma qualificação acadêmica. Em alguns sites também é informado que ele se tornou um investigador do fenômeno OVNI na adolescência e que a investigação de um caso de abdução teria mudado a sua vida. Assim sendo, ele teria se tornado jornalista, escrevendo para a revista "Strange Phenomena", e procurou abertamente a ajuda de médiuns em uma tentativa de compreender melhor a relação entre "OVNIs, sítios pré-históricos, as energias terrestres e a mente humana". O próprio Google menciona, que Andrew Collins seria o fundador da "busca psíquica", método através do qual sonhos e visões são usados para descobrir artefatos ocultos e descobrir mistérios do passado e do presente.

Apesar do estudo dos engenheiros da Universidade de Edimburgo não mencionar o nome de Graham Hancock, ele se inspiraram e citaram claramente o Andrew Collins, juntamente com seu livro "Göbekli Tepe: Genesis of the Gods: The Temple of the Watchers and the discovery of Eden", publicado em 2014, em uma linha de pensamento muito similar ao livro "Magicians of the Gods", que seria lançado um ano depois (em 2015) pelo próprio Graham Hancock. Ambos tratam basicamente da suposta exploração do complexo megalítico de Göbekli Tepe, tentando responder quem o construiu, sua arquitetura, os detalhes das figuras esculpidas nas pedras e principalmente como isso teria sido construído como reação a um cataclisma global. Graham Hancock cita amplamente todos os estudos científicos que indicam isso, mas obviamente falha em mostrar o outro lado da moeda e quão controverso continua sendo esse assunto. Andrew Collins ganhou destaque porque, teoricamente, teria sido o primeiro a sugerir uma eventual relação entre Göbekli Tepe e um evento cataclísmico de ordem global provocado por um suposto cometa.

Apesar do estudo dos engenheiros da Universidade de Edimburgo não mencionar o nome de Graham Hancock, ele se inspiraram e citaram claramente o Andrew Collins, juntamente com seu livro "Göbekli Tepe: Genesis of the Gods: The Temple of the Watchers and the discovery of Eden", publicado em 2014...
... em uma linha de pensamento muito similar ao livro "Magicians of the Gods",
que seria lançado um ano depois (em 2015) pelo próprio Graham Hancock
Sei que me alonguei um pouco nessa parte, mas era necessário que você entendesse que a situação é realmente bem caótica em termos de credibilidade do estudo em questão, principalmente em relação a dois trechos onde fica bem fica explícita a influência da "escola" de Graham Hancock, e também do autor Andrew Collins.

O primeiro deles está na página 9, onde os autores do estudo dizem ser "muito provável", que imagens em baixo relevo de animais, nos pilares, representem constelações (asterismos), sendo que a "Vulture Stone" (pilar 43) teria uma datação correspondente ao ano 10.950 a.C com uma margem de +/- 250 anos. Aqui residem dois problemas. O primeiro é assumir que os desenhos realmente representem constelações, e não as diversas outras hipóteses já formuladas por arqueólogos. O segundo é que eles não fizeram nenhuma nova datação por radiocarbano desse pilar, simplesmente se basearam em uma "análise estatística". Além disso, eles fazem a seguinte declaração: "Entretanto, a nossa interpretação de alguns dos símbolos abstratos e a conexão com o período Dryas recente é bem especulativo nesse ponto."

Aqui residem dois problemas. O primeiro é assumir que os desenhos realmente representem constelações, e não as diversas outras hipóteses já formuladas por arqueólogos. O segundo é que eles não fizeram nenhuma nova datação por radiocarbano desse pilar, simplesmente se basearam em uma "análise estatística"
Já o segundo trecho vem logo a seguir, ainda na página 9, em relação ao pilar 18, que seria praticamente abstrato, sendo que uma "raposa" seria o único animal esculpido no pilar, cujo significado é desconhecido. Os autores questionaram que, considerando "o tema astronômico" e asterismos, se a raposa não poderia ter nenhum significado nesse sentido. Aliás, presumindo que o pilar 43 estivesse relacionado ao "hipotético" Dryas recente, e considerando que o principal fator desencadeador do mesmo estivesse relacionado a cometas, os autores acreditavam que valia a pena questionar se outros símbolos estariam relacionados a cometas e chuvas de meteoros. Assim sendo, até onde eles sabiam, o primeiro a propor isso teria sido o Andrew Collins, mas seus argumentos seriam limitados:
  • A "fivela de cinto", que consiste em formas aninhadas de "U"é uma boa representação do arco da onda de choque, que um bólido cria conforme ele penetra a atmosfera da Terra. Collins fornece uma comparação muito clara de ambos;
  • O simbolismo da raposa indica uma espécie de "pegadinha cósmica", e as caudas de raposa ocasionalmente foram usadas para representar cometas no folclore e na mitologia. Porém, acredita-se que os lobos eram mais frequentemente usados para simbolizar cometas. Talvez os mitos da raposa e do lobo estivessem relacionados.
Foto da do pilar 18 (à esquerda). Segundo os autores, a "fivela de cinto", que consiste em formas aninhadas de "U"é uma boa representação do arco da onda de choque, que um bólido cria conforme ele penetra a atmosfera da Terra (imagem do canto superior e inferior direito). O simbolismo da raposa indica uma espécie de "pegadinha cósmica", e as caudas de raposa ocasionalmente foram usadas para representar cometas no folclore e na mitologia
Nisso os autores dizem que a "fivela de cinto" seria uma "excelente semelhança" de uma onda de choque muito específica de um objeto esférico hipersônico, mas o Collins não aponta maiores detalhes ou fontes sobre essa alegação. Dizem também que o simbolismo da raposa é problemático e que talvez ela representasse uma constelação. Então, os autores dizem que as "cobras" são as representações mais usadas em Göbekli Tepe, embora nenhuma apareça no pilar 18.

De acordo com eles, cobras e serpentes representam muitas vezes morte e destruição na mitologia. Para completar, a serpente seria uma bom símbolo para representar a trajetória de um meteoro. Na parte final do "estudo" eles dizem acreditar que a raposa, por uma série de motivos, representaria o norte da constelação de Aquário.

De acordo com os autores, cobras e serpentes representam muitas vezes morte e destruição na mitologia.
Para completar, a serpente seria uma bom símbolo para representar a trajetória de um meteoro
Uma das coisas mais estranhas dessa história é o total desprezo pelas dezenas de outras interpretações sobre a simbologia das serpentes e suas mais variadas utilizações no decorrer da história da humanidade. Não somente em termos geográficos, mas também religiosos. Vale lembrar nesse ponto, que a serpente é o mais significativo e complexo de todos os símbolos animais e, talvez, o mais antigo. As serpentes esculpidas em chifres no paleolítico, na África, ou desenhadas nas paredes das rochas eram basicamente símbolos de fertilidade ou da chuva, e o simbolismo da fertilidade sexual ou agrícola permaneceu como um elemento básico na maioria dos cultos posteriores à serpente.

A serpente era, acima de tudo, um símbolo mágico da força da vida primitiva, às vezes uma imagem da própria divindade criadora. Enfim, eu poderia passar horas aqui falando sobre a simbologia das serpentes e, ainda assim, a parte referente sobre "morte e destruição" ocuparia bem menos que um parágrafo. Obviamente, os autores não tinham interesse nisso e, valendo-se de uma interpretação meramente especulativa e nem um pouco científica, taxaram as curvas sinuosas presentes nos pilares como cobras ou serpentes e adotaram a versão que eles quiseram. Aliás, desde quando um traçado sinuoso poderia representar a trajetória de um meteoro ou cometa?

O Terceiro Ponto: Segundo os Próprios Autores, o "Estudo" Não Pode Confirmar a Queda de um Cometa


Seria cômico se não fosse trágico. Lembram que os sites de notícias deram essa informação, dizendo que os cientistas confirmaram que a "Vulture Stone" representava a queda de um cometa, destruição, "mini era glacial", e teria desencadeado o surgimento das primeiras civilizações? Pois bem, reparem bem nos que os autores escreveram na conclusão do "estudo": "De acordo com o ponto de vista catastrofista, o evento 'Dryas recente' foi provavelmente causado por um 'encontro cometário com o complexo taurídeo.'Agora, podemos confirmar isso? Não."

Pois bem, reparem bem nos que os autores escreveram na conclusão do "estudo": "De acordo com o ponto de vista catastrofista, o evento 'Dryas recente' foi provavelmente causado por um 'encontro cometário com o complexo taurídeo.'Agora, podemos confirmar isso? Não."
Os autores ainda tentaram relevar a situação sobre o que "eles podiam dizer", mas ficou bem claro que eles não podiam confirmar absolutamente nada sobre a queda de um cometa ou meteoro. Sinceramente, não sei dizer como isso passou em um períodico revisado por pares. Poderia ser pela baixa notoriedade do períodico ou então focaram apenas em verificar o modelo "estatístico" utilizado e o programa de computador pra tentar simular o céu noturno há 13.000 anos atrás, algo considerado surreal, mas que eles acreditavam que o software utilizado por eles tinha a resposta para essa questão.

Simplificando Toda Essa História: Até Mesmo o Andrew Collins Rechaçou o "Estudo" e fez Questão de Mencionar que Tudo Isso Seria Apenas uma Simples Teoria


Nessa parte final da postagem, acho que seria interessante resumir e simplificar toda essa história para vocês, principalmente para aqueles que chegaram meio perdidos até esse ponto. Bem, vamos começar a tentar fazer um apanhado geral para vocês, utilizando como base o artigo escrito pelo Jason Colativo sobre esse assunto.

O artigo chamado "Decoding Göbekli Tepe with Archaeoastronomy: What Does the Fox Say?" ("Decodificando Göbekli Tepe com Arqueoastronomia: O que diz a Raposa?", em português) foi publicado no periódico "Mediterranean Archaeology and Archaeometry" Vol. 17, Nº 1, (2017), pp. 233-250. O mesmo foi escrito por Martin B. Sweatman e Dimitrios Tsikritsis, ambos engenheiros (ou seja, não são arqueólogos) da Escola de Engenharia da Universidade de Edimburgo. Por mais que os autores não citem Graham Hancock, eles citam Andrew Collins e listam em sua bibliografia a maioria dos mesmos artigos sobre o impacto de um suposto cometa no período Dryas recente, que Graham Hancock menciona. Além disso, existe mais uma evidência dessa proximidade de pensamento em relação a Hancock e especialmente Collins, quando os autores dizem que Göbekli Tepe deve se interpretado astronomicamente. No entanto, não é oferecida nenhuma boa garantia de que "se" a interpretação artística deles estiver correta, então o catastrofismo é verdadeiro e "as implicações são sensacionais."

O artigo chamado "Decoding Göbekli Tepe with Archaeoastronomy: What Does the Fox Say?" ("Decodificando Göbekli Tepe com Arqueoastronomia: O que diz a Raposa?", em português) foi publicado no periódico "Mediterranean Archaeology and Archaeometry" Vol. 17, Nº 1, (2017), pp. 233-250
Observe os problemas lógicos: Os autores presumiram que o cometa realmente atingiu a Terra (algo que não existe nenhum consenso até hoje), presumindo que Göbekli Tepe deveria ser entendido astronomicamente (algo que também não há nenhum consenso) e, portanto, eles usam essas suposições para provar que o cometa atingiu a Terra, e que isso foi registrado em Göbekli Tepe.

Os autores começam com uma suposição, em que não há fundamento sólido - a mesma que Graham Hancock usou a partir de fontes seletivas - que os animais encontrados nos pilares de Göbekli Tepe representam constelações do sistema de constelações babilônico/grego, particularmente Escorpião. Por diversas razões isso é profundamente incerto. Isso porque as constelações zodiacais, tal como as conhecemos, não são demonstradas em uma data tão longíqua quanto a Era do Gelo, principalmente pela pouca evidência da existência delas antes de 500 a 1.000 a.C. Ainda que acrescentemos mais 10.000 anos nessa conta, ainda sequer chegamos no momento em que os autores presumem que elas existiam no céu noturno.

Por mais que os autores reconheçam, ainda que de forma vaga, que isso é um problema, eles se relacionam com Hancock e Collins - às vezes quase literalmente - ao atribuir formatos a partir de animais e figuras dos pilares tentando encaixá-los em padrões estelares no céu moderno. Ambos os conjuntos de escritores enfatizam a importância do asterismo denominado de "O Bule de Chá" em relação a Sagitário e, estranhamente, também trazem à tona os potenciais alinhamentos astronômicos do sítio arqueológico para provar que podem estar certos.

Ambos os conjuntos de escritores enfatizam a importância do asterismo denominado de "O Bule de Chá" (na foto) em relação a Sagitário e, estranhamente, também trazem à tona os potenciais alinhamentos astronômicos do sítio arqueológico para provar que podem estar certos
Com base no pressuposto de que as figuras são estelares, os autores concluem que as imagens no pilar 43 representam o seu noturno em 10.950 a.C, o ano do cometa. Isso pressupõe uma exatidão excepcional, e todos nós sabemos que, devido ao lento deslocamento das estrelas, uma tolerância razoável poderia cobrir um longo período de ambos os lados dessa data. Uma vez que seja razoavelmente próximo de quando se acredita que o sítio tenha sido construído, imediatamente podemos nos perguntar o porquê devemos concluir que as imagens, mesmo que representem estrelas, estejam indicando um cometa em vez de, digamos, o céu no momento que os pilares foram erguidos.

Isso fica ainda pior com os autores argumentando que os símbolos específicos são "consistentes" com cometas, ou seja, "fivelas de cinto" e "cobras". A questão é, como se sabe que as pessoas que criaram Göbekli Tepe os usavam para essa finalidade? Os autores parecem acreditar que os formatos, em sua maioria curvos, se parecem exatamente com a trajetória de um cometa hipotético.

A questão é, como se sabe que as pessoas que criaram Göbekli Tepe os usavam para essa finalidade? Os autores parecem acreditar que os formatos, em sua maioria curvos, se parecem exatamente com a trajetória de um cometa hipotético
Agora, a pior parte mesmo é chancelar um "estudo" altamente especulativo como esse, e colocá-lo em um período científico como se fosse uma espécie de confirmação científica para algo que não se sabe até hoje. Para vocês terem uma ideia, até o próprio Andrew Collins ficou com um certo "pé atrás" perante toda essa história, e por incrível que pareça rechaçou o estudo. Vou terminar essa postagem com os três primeiros parágrafos que ele escreveu em uma sobre esse assunto. Confiram abaixo a tradução do mesmo:

"Uma nova teoria alega que a Vulture Stone (pilar 43) em Göbekli Tepe, é um retrato do céu em 10.950 a.C. mostrando a data e o horário do impacto de um cometa. A mesma interpreta o proeminente relevo de um abutre como sendo a constelação de Sagitário, algo defendido por Graham Hancock em 'Magicians of the Gods'. A mesma também interpreta todos os seus outros relevos esculpidos de animais como constelações, e identifica o objeto em formato de bola, acima da asa do abutre central do pilar, como sendo o Sol. Uma vez que esse artigo é escrito por dois acadêmicos e publicado em um jornal acadêmico suas alegações sensacionalistas e um tanto quanto rebuscadas foram disseminadas pelos meios de comunicação internacionais e até mesmo pela revista 'The New Scientist'

Embora, assim como observei em meu livro de 2014, chamado 'Göbekli Tepe: Genesis of the Gods', os primeiros pilares de Göbekli Tepe foram construídos quase certamente como uma resposta ao chamado 'evento do impacto de um cometa em 10.800 a.C' do período Dryas recente. Talvez os mesmos tivessem sido usados pelos xamãs para se opor as influentes ameaças de cometas. A aparência do pilar 43 muito provavelmente relaciona-se com as primeiras crenças e práticas neolíticas a respeito da viagem da alma do plano terrestre ao reino do mortos, algo que já foi aceito por alguns arqueólogos que trabalharam no sítio arqueológico. Essa nova teoria do impacto do cometa ignora o fato de que o professor Klaus Schmidt identificou o objeto em formato de bola, acima da asa do abutre, como sendo uma cabeça humana desencarnada, um símbolo abstrato da alma humana e não leva em consideração que as estrelas de Sagitário nunca foram vistas no antigo Oriente Próximo como um abutre, o pássaro mais comumente visto como guia das almas ou pássaro da alma no mundo Neolítico Pré-Cerâmico em sítios arqueológicos tais como: Göbekli Tepe, Nevali Çori e Çatal Höyük na Turquia, e Jerf el-Ahmar, no norte da Síria. Todas as indicações são de que o pilar 43 reflete a viagem da morte da alma ao mundo dos céus. Contudo, uma vez que essa nova teoria foi proposta por dois acadêmicos, ela ganhou as manchetes internacionais.

Para vocês terem uma ideia, até o próprio Andrew Collins (na foto) ficou com um certo "pé atrás" perante toda essa história, e por incrível que pareça rechaçou o estudo
Lembrem-se que isso é tão somente e simplesmente uma teoria. Só porque foi escrito por acadêmicos não a torna necessariamente correta. Além do mais, é apenas uma das diversas interpretações já aplicadas à extraordinária imagem esculpida na 'Vultore Stone' em Göbekli Tepe. Agora é a hora de criar teorias sobre as imagens esculpidas em Göbekli Tepe. Ainda mais importante é fazer previsões que possam ser confirmadas em futuras descobertas no sítio arqueológico. Os resultados das minhas próprias previsões sobre Göbekli Tepe e suas imagens serão publicada no novo livro chamado 'The Cygnus Key: The Denisovan Legacy, Göbekli Tepe and the Birth of Egypt', ainda esse ano"

Enfim, AssombradOs, acho que é isso. Finalmente chegamos ao fim dessa postagem, que acabou ficando mais longa do que eu previa. Eu podia ter colocado simplesmente o que estava sendo divulgado pela mídia internacional e destacar que os autores do estudo não podiam confirmar nada sobre a queda de um cometa. Porém, meu compromisso é com a veracidade dos fatos, mostrar exatamente quem são as pessoas envolvidas, e como determinados assuntos chegam de forma distorcida e fantasiosa até os olhos de vocês. Infelizmente, a informação no mundo está se tornando cada vez mais deturpada, com as pessoas se preocupando muito mais com o dinheiro que podem ganhar ao disseminar um conteúdo totalmente raso, do que realmente fornecer uma base de conhecimento para os leitores. Sempre que eu puder e tiver tempo disponível, tentarei elucidar essas questões para que vocês não sejam tão facilmente enganados.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://www.andrewcollins.com/page/articles/sagittarius.htm
http://www.arecatalog.com/Authors/Author/11/Andrew-Collins
http://www.bristol.ac.uk/news/2009/6123.html
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-4432554/Stone-carvings-confirm-comet-hit-Earth-13-000-years-ago.html
http://www.heraldsun.com.au/news/special-features/in-depth/the-comet-that-smashed-atlantis-is-on-its-way-back-did-it-is-it/news-story/a4bbdc9812695fd8e2a63b7208ea5e84?nk=9604f3487ff696433a8e1c6141f400a9-1493237215
http://www.jasoncolavito.com/blog/academic-journal-runs-article-claiming-gobekli-tepe-records-comet-strike-misses-fact-that-article-is-based-on-speculative-andrew-collins-book
http://www.sciencemag.org/news/2012/04/no-love-comet-wipeout
http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/asteroide_resfriou_o_planeta_ha_12_900_anos.html
https://badarchaeology.wordpress.com/2014/01/02/hancocks-fingerprints-of-the-gods-part-i-misunderstanding-early-modern-cartography/
https://br.noticias.yahoo.com/cometa-que-atingiu-terra-ha-13-mil-anos-causou-uma-mini-era-gelo-080705635.html
https://en.wikipedia.org/wiki/G%C3%B6bekli_Tepe
https://grahamhancock.com/author/andrew-collins/
https://grahamhancock.com/scientists-find-link-between-comet-and-asteroid-showers-mass-extinctions/
https://phys.org/news/2013-08-evidence-cosmic-impact-younger-dryas.html
https://tepetelegrams.wordpress.com/2017/04/21/archaeoastronomy-meteor-showers-mass-extinction-what-does-the-fox-say-and-what-the-crane-the-aurochs/
https://www.eurekalert.org/pub_releases/2009-12/uoha-aoe120709.php
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1994902/
https://www.newscientist.com/article/2128512-ancient-carvings-show-comet-hit-earth-and-triggered-mini-ice-age/
https://www.sciencedaily.com/releases/2010/09/100929171815.htm
https://www.theguardian.com/education/2002/feb/06/artsandhumanities.highereducation

Transplante de Cabeça: Sergio Canavero Confirma Polêmica Operação nos Próximos 10 Meses e Anuncia Transplante de Cérebro!

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Por Marco Faustino

Nossa! Faz tempo que não escrevia sobre o "Dr. Sergio Canavero", e confesso que estava quase sentindo falta dele. Acreditem, não é para menos, visto que sou responsável por sete das oito postagens sobre um assunto chamado "transplante de cabeça". Sei que muitos de vocês, em um passado recente, nos pediram para comentarmos sobre supostas novidades que a mídia começou a divulgar no primeiro trimestre desse ano, mas na verdade tínhamos apenas assuntos "reciclados": a mesma história estava sendo contada novamente pelos sites de notícias, apenas para ganhar alguns "trocados", em termos de acesso e publicidade, em seus respectivos veículos de comunicação. Nada além disso. A última atualização que tínhamos até ontem (27), era referente a uma postagem que fiz em novembro do ano passado, ou seja, cerca de seis meses atrás. Naquela ocasião, mostramos a vocês as novidades reveladas pelo Dr. Sergio Canavero durante uma conferência, na Faculdade Real de Médicos e Cirurgiões de Glasgow, na Escócia. Ele anunciou que seria utilizado um sistema de realidade virtual, comentou sobre a "nanolâmina" e também apontou os eventuais progressos com o "Texas-PEG", uma versão aprimorada do polietilenoglicol, ou simplesmente PEG, que poderia ajudar a reconectar a medula espinhal cortada, e que estaria sendo desenvolvida por uma equipe da Universidade de Rice, em Houston, no estado norte-americano do Texas.

Está se sentindo meio perdido em toda essa história? Então, recomendo que leia as seguintes postagens, que estão em ordem cronológica para que você não perder nenhum detalhe de todo esse caso, que vem se arrastando há um bom tempo. Sei que pode demorar um pouco, mas recomendo a leitura para que você esteja muito bem informado sobre esse assunto e não caia nas armadilhas midiáticas que frequentemente ocorrem sobre temas assim:
Agora, depois de muito tempo sem aparecer na mídia, o Dr. Sergio Canavero apareceu em uma entrevista divulgada na revista eletrônica "OOOM", no qual aparentemente ele tem um determinado contrato de imagem (incluindo uma espécie de "assessoria de imprensa"), e uma certa preferência na divulgação das novidades sobre o que muitos estão considerando como o primeiro transplante de cabeça do mundo. Vamos saber mais sobre esse assunto?

Fique por Dentro da Última Atualização que Fizemos Sobre o Transplante de Cabeça, e que Ocorreu em Novembro do Ano Passado (2016)


Se você já conhece essa história, lembra mais ou menos do assunto e está com preguiça de acompanhar todo esse caso desde o começo, é interessante que você saiba ao menos o que ocorreu na conferência realizada no ano passado, na Escócia. Conforme mencionamos anteriormente, o Dr. Sergio Canavero foi um dos palestrantes da Glasgow Neuro Conference 2016, que foi realizada entre os dias 18 e 19 de novembro do ano passado, na Faculdade Real de Médicos e Cirurgiões de Glasgow, na Escócia.

Conforme mencionamos anteriormente, o Dr. Sergio Canavero foi um dos palestrantes da Glasgow Neuro Conference 2016, que foi realizada entre os dias 18 e 19 de novembro do ano passado, na Faculdade Real de Médicos e Cirurgiões de Glasgow, na Escócia
Aparentemente, se fôssemos considerar as fotos que foram tiradas e publicadas na página oficial da conferência, no Facebook (clique aqui para ver mais fotos), tudo indicava que essa tivesse sido mais uma apresentação fantasiosa e teatral do Dr. Sergio Canavero, visto que normalmente ele apresenta sua iniciativa dessa forma. Infelizmente, não temos uma análise mais aprofundada do que aconteceu. Se ele viesse ao Brasil, com certeza estaríamos na sala de conferência anotando todos os detalhes e passando as nossas impressões para vocês.

Aparentemente, se fôssemos considerar as fotos que foram tiradas e publicadas na página oficial da conferência, no Facebook, tudo indicava que essa tivesse sido mais uma apresentação fantasiosa e teatral do Dr. Sergio Canavero, visto que normalmente ele apresenta sua iniciativa dessa forma.
Foto do Dr. Sergio Canavero durante a Glasgow Neuro Conference 2016
Um exemplo bem claro sobre a teatralidade do Dr. Sergio Canavero, foi a avaliação da mídia norte-americana quando ele tentou recrutar médicos na conferência anual da Academia Americana de Cirurgiões Neurológicos e Ortopédicos (AANOS), em junho de 2015, no Hotel Westin, na cidade de Annapolis, Maryland, nos Estados Unidos.

Na época, o evento foi considerado bem pequeno, talvez contando com mais ou menos 100 cirurgiões. Pode parecer pouco, mas a organizadora da conferência, Maggie Kearney, passou boa parte do dia evitando os repórteres na expectativa de uma sala lotada. Ela disse que em cerca de 15 anos não conseguia se lembrar de um único repórter, que tinha estado presente na conferência antes (leia mais: Transplante de Cabeça: Sergio Canavero Tenta Recrutar Médicos em Recente Conferência nos Estados Unidos). Querendo ou não, naquela época o assunto havia despertado um grande interesse da mídia.

O Dr. Sergio Canavero, no entanto, não convenceu a maioria dos repórteres e médicos presentes, e aparentemente mudou seu itinerário desde então, fazendo visitas a China, Índia e Reino Unido, talvez em busca de menos questionamentos e mais apoio a sua iniciativa, por assim dizer. A palestra de Sergio Canavero na Glasgow Neuro Conference 2016 era a segunda vez, em três meses, que ele conseguia uma maior visibilidade na poderosa e icônica mídia britânica.

A palestra de Sergio Canavero na Glasgow Neuro Conference 2016 era a segunda vez, em três meses, que ele conseguia uma maior visibilidade na poderosa e icônica mídia britânica
Mais uma foto do Dr. Sergio Canavero durante a Glasgow Neuro Conference 2016, mostrando
um esquema básico de como funcionaria o primeiro transplante de cabeça humana do mundo
Foto do Dr. Sergio Canavero juntamente com os organizadores
e alguns participantes da Glasgow Neuro Conference 2016
Entretanto, será que daquela vez o Dr. Sergio Canavero conseguiu convencer aqueles que estavam presentes? Será que ele apresentou novidades realmente revolucionárias de modo a dar mais um passo em direção ao polêmico e controverso transplante de cabeça humana? Bem, em novembro do ano passado, ele apresentou pela primeira vez, um sistema de realidade virtual para o transplante de cabeça desenvolvido por uma empresa chamada Inventum Bioengineering Technologies, de Chicago, no estado norte-americano do Illinois. Também pela primeira vez, ele apresentou o "projeto" da tão falada "nanolâmina", que estaria sendo desenvolvida pelo Dr. Farid Amirouche, da Universidade do Illinois, também nos Estados Unidos. Iremos conhecer um pouco mais sobre ambos daqui a pouco.

Em entrevista a Sky News, o Dr. Sergio Canavero disse que estava tentando fazer com que esse procedimento pudesse ser realizado nas mais diversas partes do mundo. Ele mencionou que a "Ásia" já estava se adiantando nesse sentido, e por isso as pessoas deveriam aguardar por mais notícias nos próximos meses. Além disso, segundo Sergio Canavero, o Reino Unido estava bem preparado para fazer isso. Confira um trecho dessa entrevista em um canal de terceiros, no YouTube (em inglês):



"A todos os críticos eu digo que venham e vejam o que acontece quando você é afetado por uma doença debilitante... Troque de lugar (com o Valery Spiridov) e, então, você me conta. Essa é minha contracrítica para os críticos", disse Canavero. O site BreakingNews.ie também publicou uma outra declaração do Dr. Sergio Canavero sobre o local onde esse procedimento seria realizado, uma vez que havia muita discussão nesse sentido. Vale ressaltar que Sergio Canavero sempre se mostrou bem aleatório nesse sentido.

"Há muitos países dispostos a me acompanhar além da Europa ou dos Estados Unidos. Atualmente, estou tentando levar o procedimento de Leste para Oeste. Vou dar o meu melhor para que isso aconteça aqui no Reino Unido", disse Sergio Canavero.

"Por qual razão? Bem, tive um retorno muito positivo da Grã-Bretanha e dos cirurgiões. Acredito que poderíamos ter um verdadeiro progresso se levarmos isso a sério aqui. Portanto, é hora de vocês, aqui na Grã-Bretanha, começarem a discutir todas as implicações éticas, e se vocês desejam que isso aconteça aqui, porque se o Reino Unido disser não, então isso será realizado em outro lugar. Contudo, a Europa e o Reino Unido realmente parecem os locais mais promissores", completou.

O Sistema de Realidade Virtual de uma Empresa Chamada Inventum Bioengineering Technologies


A empresa Inventum Bioengineering Technologies aparentemente é outra incógnita nessa equação, que não fecha sobre o transplante de cabeça. É possível notar que o domínio utilizado pela mesma, ou seja, o endereço "bioeng.tech" tinha criado em setembro do ano passado, e atualizado no começo do mês de novembro, coincidindo com a aparição pública do Sergio Canavero. A página oficial no Facebook aparece como sendo criada em outubro de 2014, porém é associada a uma empresa chamada Inventum Digital Inc, que se autointitula uma agência digital de criação, que gera e implementa soluções inovadoras e envolventes de mídia digital. Estranho, não é mesmo?

A empresa Inventum Bioengineering Technologies aparentemente é outra incógnita nessa equação,
que não fecha sobre o transplante de cabeça
Existe até mesmo uma página para a Inventum Bioengineering Technologies, no Facebook, que aparecia como se tivesse sido criada em novembro do ano passado, mas teve sua primeira foto de perfil inserida somente alguns meses antes, em 10 de setembro. Será que essa empresa poderia ser uma espécie de subsidiária da Inventum Digital Inc? Seria apenas uma fachada publicitária?

O canal oficial no YouTube até hoje possui vídeos bem aleatórios, sendo que alguns foram publicados há 2 anos. De qualquer forma, nada indica que a Inventum Bioengineering Technologies tenha qualquer experiência no ramo da medicina ou da bioengenharia. Infelizmente, diante da dimensão dessa história, soa muito pouco para fazer parte um procedimento tão complexo.

"Na preparação do paciente do HEAVEN para a transição para um novo corpo, o treinamento de realidade virtual será utilizado antes do procedimento cirúrgico para prevenir a ocorrência de reações psicológicas inesperadas. Estamos combinando os mais recentes avanços na realidade virtual para desenvolver o primeiro protocolo do mundo para a preparação do paciente para a liberdade corporal após o procedimento de transplante", disse Alexander Pavlovcik, suposto presidente executivo e co-fundador da Inventum Bioengineering Technologies, em texto publicado no site da revista OOOM.

Na preparação do paciente do HEAVEN para a transição para um novo corpo, o treinamento de realidade virtual será utilizado antes do procedimento cirúrgico para prevenir a ocorrência de reações psicológicas inesperadas,  disse Alexander Pavlovcik
Estamos combinando os mais recentes avanços na realidade virtual para desenvolver o primeiro protocolo do mundo para a preparação do paciente para a liberdade corporal após o procedimento de transplante, completou Alexander Pavlovcik
"O paciente será imergido em experiências de realidade virtual que envolverão atividades que exigem o uso de movimentos corporais. Essas experiências são desenvolvidas em referência às técnicas utilizadas na neuro(re)habilitação convencional, com o propósito de fornecer sensações mais realistas envolvidas nas funções motoras voluntárias. O paciente passará pelo treinamento de realidade virtual meses antes do início do procedimento HEAVEN, com o objetivo de se preparar de modo adequado para a normalidade da vida em um novo corpo", disse Kiratipath Iamsakul, suposto co-fundador e diretor do Departamento de Ciências da Inventum Bioengineering Technologies.

Confira o vídeo divulgado pela Inventum Bioengineering Technologies, em um canal de terceiros, no YouTube, mostrando rapidamente o esquema geral de funcionamento dessa realidade virtual (aliás, esse é o único vídeo divulgado até hoje sobre o caso, sendo que a primeira versão do mesmo não contava com introdução e final):



"O sistema de realidade virtual da Inventum prepara o paciente da melhor maneira possível para um novo mundo, que ele enfrentará com seu novo corpo. Um mundo em que ele será capaz de andar novamente", disse o Dr. Sergio Canavero.

"As simulações de realidade virtual são extremamente importantes, visto que esses sistemas permitem a interatividade ao realizar ações e o aprendizado de forma rápida e eficiente. Como cientista da computação, estou extremamente seguro de que seja uma tecnologia essencial para o projeto HEAVEN", disse Valery Spiridonov.

A "Nanolâmina" do Dr. Farid Amirouche, da Universidade do Illinois, nos Estados Unidos


Durante a conferência, o Dr. Sergio Canavero apresentou apenas o projeto da "nanolâmina", assim como algumas imagens de como esse dispositivo seria. No entanto, ele não exibiu nenhum instrumento físico ao presentes, apenas através de slides durante sua palestra.

Farid Amirouche professor de Engenharia Mecânica
e Bioengenharia na Universidade de Illinois, em Chicago
Na página da revista OOOM, Farid Amirouche é apresentado como professor de Engenharia Mecânica e Bioengenharia na Universidade de Illinois, em Chicago, e diretor do Laboratório de Pesquisa de Biomecânica e de Ortopedia. Segundo o que consta, ele teria desenvolvido um dispositivo de corte cirúrgico inteligente para o transplante de cabeça.

O dispositivo de corte poderia ser utilizado em neurocirurgia e para procedimentos cirúrgicos delicados - em que a profundidade, a velocidade, o material e o ângulo são os parâmetros primários - e que necessitem de cortes realizados com precisão da ordem de micrômetros ou até mesmo nanômetros.

"O cortador do sistema inclui suporte para uma lâmina descartável, em conjunto com uma lâmina de corte de diamante, além de um conjunto de lâminas que deslizam de dentro para fora em uma cabeça rotativa, com um suporte retrátil e ajustável para evitar que a lâmina avance mais do que o necessário em relação ao diâmetro do nervo",disse Farid Amirouche, identificado como o autor de 7 livros e mais de 240 artigos técnicos.

Um conjunto refletor de luzes é utilizado no suporte ajustável para uma fornecer uma luz adicional e detectar a superfície do nervo, assim como sua posição em relação à lâmina", completou.

Durante a conferência, o Dr. Sergio Canavero apresentou apenas o projeto da "nanolâmina",
assim como algumas imagens de como esse dispositivo seria.
"A exposição da lâmina bem como a sua velocidade de corte são ajustáveis para permitir que o cirurgião tenha a melhor forma de realizar o processo de corte em tempo real. A cabeça ajustável também pode vir equipada com uma câmara de aspiração com temperatura controlada para minimizar a perda de sangue e manter a integridade da estrutura do nervo durante a cirurgia", completou.

No entanto, o Dr. Sergio Canavero não exibiu nenhum instrumento físico ao presentes,
apenas através de slides durante sua palestra
"O professor Amirouche provavelmente desenvolveu a lâmina mais afiada e precisa do mundo, que permitirá um corte limpo da medula espinhal, com um impacto mínimo nos nervos. Um sistema de corte que é inovador e muito criativo. Esse é um outro marco na jornada para tornar possível o primeiro transplante de cabeça humana", disse o Dr. Sergio Canavero.

De qualquer forma, conforme mencionamos anteriormente, o Dr. Sergio Canavero não apresentou qualquer objeto físico durante essa conferência realizada em Glasgow, na Escócia. Porém, isso era meio que "previsível", diante de tanto falatório da parte dele.

Houve Progresso com o Texas-PEG?


Para terminar aquela atualização sobre como estava a situação da iniciativa, que visa realizar o primeiro transplante de cabeça humana do mundo, tive que falar, é claro, se houve algum progresso ou não do Texas-PEG, a versão aprimorada do polietilenoglicol, que tanto o Dr. Sergio Canavero menciona. Afinal, esse produto seria a "cola" para unir as duas extremidades da medula espinhal, que serão cortadas com a tal "nanolâmina" mencionada anteriormente.

Segundo o texto publicado na revista OOOM, o professor C-Yoon Kim, que aparece como pertencente a Universidade de Konkuk, em Seoul, na Coreia do Sul, teria repetido o procedimento com Texas-PEG em mais três ratinhos (sim ele já havia feito isso anteriormente): todos eles teriam recuperado completamente a função motora, e teriam sido capazes de se movimentarem e se alimentarem. O grupo de controle formado por outros três ratinhos não teria sobrevivido. C-Yoon Kim ainda teria dito que continuaria realizando o estudo em mais ratos, e que publicaria os resultados científicos em breve (conforme vocês podem perceber, isso não aconteceu).

O professor C-Yoon Kim, que aparece como pertencente a Universidade de Konkuk, em Seoul, na Coreia do Sul, teria repetido o procedimento com Texas-PEG em mais três ratinhos: todos eles teriam recuperado completamente a função motora, e teriam sido capazes de se movimentarem e se alimentarem
"Estes resultados provam que uma medula espinhal cortada pode ser reconstruída, e que o Texas-PEG vai desempenhar um papel fundamental no primeiro transplante de cabeça humana. Também haverá mais estudos no futuro sobre doadores mortos, antes da coleta de orgãos, mas os resultados atuais parecem bem promissores, e que estamos no caminho certo", disse o Dr. Sergio Canavero, que na época aparecia como como ex-diretor do Grupo de Neuromodulação Avançada de Turim, na Itália

C-Yoon Kim também é uma outra incógnita nessa história. Aparentemente, C-Yoon Kim teria trabalhado como pesquisador sênior no Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Nacional de Seoul, entre setembro de 2013 e setembro de 2015. Posteriormente, ele teria trabalhado como professor-pesquisador na Faculdade de Medicina da Universidade de Konkuk, entre setembro de 2015 e fevereiro de 2016.

Resumindo? Apesar de C-Yoon Kim, em seu perfil no Facebook, teoricamente mencionar que pertence a Faculdade de Medicina da Universidade CHA (Christianity Humanism Academia), parece haver um esforço para elevar suas credenciais atuais para dar "uma maior credibilidade a iniciativa" em realizar o primeiro transplante de cabeça humana. No mínimo, estranho.

A Recente Entrevista com o Dr. Sergio Canavero, que Foi Divulgada Pela Revista Eletrônica "OOOM"


Bem, agora que você se recordou um pouco sobre esse assunto, nada mais justo do que mostrar para vocês, na íntegra, como a entrevista do Dr. Sergio Canavero para a revista eletrônica "OOOM". Confira abaixo o texto completo e devidamente traduzido, é claro.

"Quatro anos atrás, seu anúncio foi divulgado em todos os meios de comunicação globais: o professor Sergio Canavero, renomado neurocirurgião de Turim, está planejando o primeiro transplante de cabeça humana. O clamor subsequente ressoou alto em toda a comunidade médica: muitos especialistas concordaram que tal empreendimento nunca seria bem sucedido, muito menos em qualquer ponto nas próximas décadas.

Quatro anos atrás, seu anúncio foi divulgado em todos os meios de comunicação globais: o professor Sergio Canavero, renomado neurocirurgião de Turim, está planejando o primeiro transplante de cabeça humana
Entretanto, juntamente com diversas equipes nos Estados Unidos, China e Coreia do Sul, o autor de mais de 140 publicações científicas continuou a perseguir o plano que ele chamou de HEAVEN (HEad Anatomosis VENture). Em seu protocolo GEMINI, Canavero esboça cada passo necessário do procedimento, em detalhes, disposto como se fosse um manual de instruções. Enquanto os veículos de comunicação divulgavam seu projeto em suas mais diversas características e o transmitia ao redor do mundo, da 'CNN' ao 'New York Times', do britânico 'The Independent' ao 'The Guardian', Sergio Canavero alcançou um marco após o outro. Em entrevista exclusiva à OOOM, o médico revela, pela primeira vez, fatos sobre um procedimento, que pode não só mudar fundamentalmente a medicina, mas também a vida de milhões de pessoas em cadeiras de rodas:
  • O primeiro transplante de cabeça humana do mundo será realizado dentro dos próximos 10 meses;
  • O procedimento será realizado na China;
  • O experiente cirurgião Xiaoping Ren da Universidade de Medicina de Harbin, um amigo próximo de Canavero, liderará a equipe cirúrgica no transplante de cabeça. Ele anteriormente fazia parte da equipe responsável pelo primeiro transplante de mão, nos Estados Unidos;
  • O primeiro paciente a receber o transplante de cabeça não será o russo Valery Spiridonov, mas um cidadão chinês;
  • Já existem potenciais candidatos para a operação;
  • Enquanto isso, o professor Sergio Canavero já está planejando seu próximo passo: o primeiro transplante de cérebro do mundo, programado para ocorrer, no máximo, em três anos. Ele já começou a montar uma equipe para esse procedimento;
  • Para esse propósito, já está em fase de planejamento a criação do primeiro instituto de extensão da vida - uma instalação em que tais procedimentos poderiam ser conduzidos no futuro.
Resultados incríveis. Xiaoping Ren vai anunciar o dia exato para o procedimento de transplante de cabeça, em uma coletiva especial de imprensa, que será realizada na China, nos próximos dois meses. Muitos experimentos já foram conduzidos e, de acordo com o professor Sergio Canavero, renderam 'resultados incríveis, algo que mudará o curso da medicina'. O Dr. Xiaoping Ren publicará suas descobertas em revistas médicas renomadas, em um futuro próximo. O primeiro transplante de cabeça do mundo supostamente coloca muito menos obstáculos cirúrgicos e médicos do que se imaginava anteriormente. A duração do procedimento supostamente será significativamente menor do que 72 horas.

Dois excelentes cientistas, e dois amigos próximos: o professor Sergio Canavero e seu parceiro chinês, o Dr. Xiaoping Ren, que liderará a equipe durante o primeiro procedimento de transplante de cabeça.
'Posso apenas dar os parabéns ao meu amigo e colega Xiaoping Ren. Sua realização é um golpe de mestre', disse Sergio Canavero, em uma entrevista exclusiva para a revista eletrônica 'OOOM', onde ele declarou, pela primeira vez, os fatos desse procedimento inovador.

P:Professor Sergio Canavero, há quatro meses, o jornal The New York Times anunciou em um parágrafo de cinco linhas, que o primeiro transplante de cabeça do mundo seria realizado em dezembro de 2017, na cidade chinesa de Harbin. Até agora, isso não foi confirmado. Essa informação procede?
R:
Sim, procede. O primeiro transplante de cabeça humana do mundo será realizado em menos de 10 meses. A equipe chinesa de médicos é liderada pelo Dr. Xiaoping Ren da Universidade de Medicina de Harbin, meu amigo, e um cirurgião extraordinariamente capaz. A operação será realizada em Harbin.

P:  O que você pode nos dizer de concreto sobre a operação?
R:No momento, não posso entrar em detalhes. Quando chegar a hora, a notícia oficial será anunciada pela equipe do Dr. Xiaoping, na China. No momento, só posso dizer que houve um grande progresso em experimentos médicos que pareciam impossíveis, mesmo recentemente, assim como alguns meses atrás. Os objetivos que foram alcançados, sem dúvida, vão revolucionar a medicina. Isso é o que eu posso dizer. Acabamos de submeter os resultados desses estudos para publicação em periódicos científicos renomados, por isso não queremos antecipar a próxima publicação.

"O primeiro transplante de cabeça humana do mundo será realizado em menos de 10 meses. A equipe chinesa de médicos é liderada pelo Dr. Xiaoping Ren da Universidade de Medicina de Harbin (na foto), meu amigo, e um cirurgião extraordinariamente capaz. A operação será realizada em Harbin", disse Sergio Canavero
P:Se o primeiro transplante de cabeça do mundo irá acontecer na China, então o candidato russo Valery Spiridonov não será o primeiro paciente dessa operaçãom que será realizada?
R:
Correto. O primeiro paciente será chinês.

P:Já existem candidatos?
R:Sim, existem muitos candidatos. O que não é surpreendente, considerando que muitos voluntários de todo o mundo se apresentaram. No entanto, a decisão final só é tomada imediatamente antes da operação, uma vez que também depende do doador do corpo, que tem de ser compatível com o receptor de muitas maneiras.

P:Você está envolvido nos preparativos?
R:Claro. Entretanto, Xiaoping Ren lidera a equipe na China, o que é necessário por várias razões, não somente no aspecto do idioma. Nos falamos pelo Skype diariamente e coordenamos todos os passos. Xiaoping Ren também fazia parte da equipe que realizou o primeiro transplante de mão dos Estados Unidos sendo que, o que ele realiza em seu hospital, é incrível.

"O primeiro paciente será chinês", disse Sergio Canavero
P:Um dos problemas centrais que um transplante de cabeça impõe é o desafio de reconectar a medula espinhal cortada de uma forma que o controle do corpo e dos membros, através dos nervos, torne-se possível novamente. Especialistas consideram esse problema impossível de resolver.
R:Este problema já foi resolvido. Publicamos um artigo na edição de setembro de 2016, no periódico científico 'Surgical Neurology International', no qual descrevemos como conseguimos restaurar totalmente a funcionalidade e a atividade motora de medulas espinhas totalmente cortadas em camundongos usando um fluído chamado 'Texas-PEG', que foi desenvolvido por uma equipe na Universidade de Rice, liderada pelo Prof. James Tour.  Em outras palavras, os camundongos foram capazes de correr novamente, assim que as medulas espinhas foram restauradas. Não pretendo antecipar a publicação, mas posso dizer: muitos estudos controlados foram realizados na Coreia do Sul e na China, em uma grande variedade de animais bem diferentes, e os resultados são incontestáveis: a medula espinhal - e com ela a capacidade de se movimentar - pode ser totalmente restaurada.

P:Esses resultados terão um impacto sobre as pessoas sentadas em cadeiras de rodas?
R:Com base no conhecimento disponível hoje, podemos presumir que vamos entrar em uma nova era, que irá assegurar a esperança para muitas pessoas.

P:Se o primeiro transplante de cabeça for realmente realizado, você irá revolucionar a medicina. Qual será o próximo passo?
R:O próximo passo já está em andamento. Atualmente estamos planejando o primeiro transplante de cérebro do mundo, e considero que estaremos prontos, no máximo, em três anos. Um transplante de cérebro tem muitas vantagens: primeiramente, não existe problema de rejeição, visto que o cérebro é, de certo modo, um órgão neutro. Se você transplantar uma cabeça com vasos, nervos, tendões e músculos, a rejeição pode representar um enorme problema. Esse não é o caso do cérebro. O que pode ser problemático, no entanto, é que nenhum aspecto do seu corpo externo original permanece o mesmo. Sua cabeça não está mais lá; seu cérebro é transplantado para um crânio inteiramente diferente.

"Com base no conhecimento disponível hoje, podemos presumir que vamos entrar em uma nova era, que irá assegurar a esperança para muitas pessoas", disse Sergio Canavero
P:Isso não impõe sérios problemas para a psique humana? Somos capazes de compreender cognitivamente tal situação? Somos capazes de lidar com isso?
R:Isso cria uma nova situação, que certamente não será fácil, mas pense sobre o que isso significa.

P:Em relação ao que você se refere?
R:Você já ouviu falar da empresa Alcor?

P:Você quer dizer a empresa americana especializada em congelamento e armazenamento de corpos após a morte?
R:Exatamente. Você preserva o corpo inteiro ou apenas o cérebro. O processo é chamado de vitrificação. Primeiramente, seu corpo é congelado a - 196ºC, então é submergido em nitrogênio líquido. Dito isto, a Alcor não sabe quantos clientes da empresa serão trazidos de volta à vida. Em entrevistas, os porta-vozes da empresa tendem a afirmar que essa tarefa cabe a um dos médicos e cientistas do futuro resolver. Isso é legal, no entanto, para aqueles que saibam o que fazer com esses cérebros congelados daqui 100 ou 200 anos. Tenho boas notícias para eles.

P: Isso quer dizer que...
R:Vamos tentar trazer o primeiro dos pacientes da empresa de volta à vida, mas não em 100 anos. Tão logo o o primeiro transplante de cabeça humana seja realizado, no máximo em 2018, seremos capazes de tentar reavivar a primeira cabeça congelada.

"Quando chegar a hora, a notícia oficial será anunciada pela equipe do Dr. Xiaoping, na China. No momento, só posso dizer que houve um grande progresso em experimentos médicos que pareciam impossíveis, mesmo recentemente, assim como alguns meses atrás", disse Sergio Canavero
P: Isso significa que você pretende transplantar um dos cérebros congelados para o corpo de um doador?
R:Exatamente. Podemos testar se o método funciona, se o congelamento dos cérebros realmente faz sentido ou se podemos descartar essa abordagem inteira.

P: Na prática, isso significa que o transplante de cabeça será realizado antes do transplante de cérebro. Uma vez que a primeira cabeça for transplantada, você vai voltar suas atenções para o cérebro?
R:O processo já está em andamento. Estamos trabalhando nisso em paralelo.

P: Como os pacientes estão sendo preparados para o primeiro transplante de cabeça?
R:Desenvolvemos um sistema de realidade virtual juntamente com a Inventum Bioengineering Technologies, nossos parceiros do Vale do Silício. O sistema é projetado para dar aos pacientes a primeira sensação tangível de como será quando eles forem capazes de andar e se mover. Naturalmente, a psique desempenha um papel importante no processo, e queremos estar preparados para todas as eventualidades. Juntamente com o presidente executivo da Inventum, Alexander Pavlovcik, desenvolvemos o primeiro protocolo mundial para permitir que os pacientes treinem para seus novos corpos meses antes da operação real. Um estudo científico sobre o assunto será publicado na 'Surgery Neurology International.'

Nesse ponto, vocês podem conferir um pouco mais sobre o trabalho do Dr. Xiaoping Ren, em uma matéria divulgada pelo WSJ, em seu próprio canal no YouTube, em 2015, onde ele já comentava sobre a questão relacionada ao transplante de cabeça (áudio e legendas em inglês):



P: Você também desenvolveu um bisturi especial para o transplante de cabeça?
R:O Prof. Farid Amirouche, um dos principais especialistas da Universidade de Illinois, em Chicago, e o diretor do laboratório de pesquisa biomecânica, desenvolveu um bisturi muito especial que permite que os cirurgiões façam incisões em escalas de micrômetros ou nanômetros, que são mais precisas do que qualquer outro instrumento. É, sem dúvida, a lâmina mais afiada e mais precisa do mundo. O bisturi torna possível o corte da coluna vertebral, por meio de um corte limpo e com impacto mínimo sobre os nervos.

P:  O que você consideraria um sucesso? Se o paciente vivesse por horas, dias ou anos?
R:Se ele vivesse tanto quanto pudesse sendo um paciente tendo um órgão transplantado. Horas ou dias não seria um sucesso, mas um período substancialmente maior seria.

P:Qual foi o fator decisivo para realizar o primeiro transplante de cabeça na China?
R:As condições na China são ideais para tornar a operação um sucesso. Havia um certo número de opções em jogo, mas com Harbin, nós escolhemos o melhor.

P:Você conhece o hospital?
R:Claro. A Universidade de Harbin até me nomeou como professor 'honoris causa'. A China irá fornecer o hospital e equipe do Dr. Xiaoping Ren conduzirá a operação. Vou ajudar, e o primeiro paciente será chinês. Ao se tornar o primeiro país a transplantar uma cabeça humana, a China vai provar que tem uma posição de liderança na medicina. A China ganhará o Prêmio Nobel. O país já garantiu seu status em ciência e tecnologia e agora vai reivindicar o status de ser uma superpotência na medicina também.

"As condições na China são ideais para tornar a operação um sucesso. Havia um certo número de opções em jogo, mas com Harbin, nós escolhemos o melhor", disse Sergio Canavero
P:Como você vai se preparar para o transplante de cabeça?
R:Aprendi chinês há cinco anos, mergulhei na maneira chinesa de pensar, e descobri que os chineses são inteiramente diferentes de nós em todos os aspectos. A China vai nos mostrar que não somos capazes de realizar tal procedimento no mundo ocidental.

P: Ao falar do país, o que você associa com a "China"?
R:Meu primeiro pensamento é o Dr. Xiaoping Ren. Nós somos bons amigos. No entanto, Xiaoping Ren não é o Xiaoping Ren como pessoa. Xiaoping Ren é a China. Há autoridades locais, há o governo, e há a liderança do Estado. A China tem a tecnologia e todos os recursos necessários para realizar a operação. É por isso que vamos realizar o procedimento na China. Estou grato à China, porque o país compreendeu imediatamente a dimensão desse empreendimento.

P: O seu transplante de cabeça pode fornecer respostas para a questão da vida eterna ou o que acontece após a morte? Se existe um paraíso ou não?
R:Em poucos meses, vamos separar um corpo de sua cabeça em um procedimento médico sem precedentes. Nessa fase, não há atividade de vida - nem no cérebro, nem em qualquer outro lugar do corpo. O paciente está morto, clinicamente morto. Se nós trouxermos essa pessoa de volta à vida, nós receberemos o primeiro relato real do que acontece realmente após a morte. O transplante de cabeça nos dá a primeira visão sobre a existência de uma vida após a morte, um paraíso, um futuro, seja o que for que você quiser chamar, ou se a morte é simplesmente apertar um interruptor de luz.

"Se nós trouxermos essa pessoa de volta à vida, nós receberemos o primeiro relato real do que acontece realmente após a morte. O transplante de cabeça nos dá a primeira visão sobre a existência de uma vida após a morte, um paraíso, um futuro, seja o que for que você quiser chamar, ou se a morte é simplesmente apertar um interruptor de luz", disse Sergio Canavero
P: Isso pode abalar toda a nossa concepção do mundo.
R:Estou também realizando esta operação para provar ou refutar, que nossa consciência é criada pelo cérebro. Se formos capazes de provar que nosso cérebro não cria a consciência, duas coisas acontecerão: as religiões serão varridas para sempre. Elas não serão mais necessárias, já que os humanos não precisarão mais ter medo da morte. Eles saberão como um fato científico, que nossa consciência - ou seja o que for - sobrevive à morte. Não precisaremos mais de uma Igreja Católica, nem de Judaísmo, nem do Islã, porque as religiões em geral serão obsoletas. Em segundo lugar, vamos nos perguntar qual é o significado da vida. Eu nasci, vivi, e morri, e durante esse tempo, envelheci e adoeci. Qual é o propósito da minha vida? Se tirarmos a esperança da equação humana da vida, então, o que resta?

P: Uma visão negativa...
R:Penso muito nisso. Será um momento significativo, uma virada na história humana, quando finalmente seremos capazes de provar o que especulamos, o que discutimos e questionamos durante séculos. Sou em prol da vida, acredito na vida.

A Reveladora Entrevista Concedida Pelo "Professor" Kim C-Yoon


Algo que poucos sabem, no entanto, é que justamente ontem (27), no mesmo dia que a revista eletrônica "OOOM" publicou a entrevista com Sergio Canavero, um site de notícias chamado "Korea Biomedical Review" (criado em meados do ano passado) publicou uma outra entrevista, mas dessa vez com Kim C-Yoon, uma das incógnitas dessa equação.

"Meu trabalho provou que poderíamos reunir a medula espinhal se for cortada de forma limpa, com o auxílio de polietilenoglicol (PEG), um adesivo químico que preserva as membranas das células nervosas", disse o Kim C-Yoon, "professor" da Universidade de Konkuk, em entrevista para a Korea Biomedical Review. No texto é mencionado que o professor Xiaoping Ren havia publicado dois artigos em 2014, após realizar 1.000 transplantes de cabeça em camundongos e macacos (algo que já havíamos comentado).

"O Professor Ren realizou transplantes de cabeça nesses animais, reconectando os vasos sanguíneos, enquanto eu restabelecia a medula espinhal gravemente danificada em camundongos e num cão. Ambas as pesquisas foram necessárias para realizar o primeiro transplante de corpo inteiro humano para o projeto 'HEAVEN'", continuou.

"Meu trabalho provou que poderíamos reunir a medula espinhal se for cortada de forma limpa, com o auxílio de polietilenoglicol (PEG), um adesivo químico que preserva as membranas das células nervosas", disse o Kim C-Yoon (na foto), "professor" da Universidade de Konkuk, em entrevista para a Korea Biomedical Review
Agora, vejam que interessante. Questionado sobre o motivo pelo qual o processo cirúrgico permanece muito lento, Kim citou problemas financeiros que acompanham essa complexa operação.

"Quase todos os países proíbem esse controverso processo cirúrgico; Portanto, ainda estamos tentando encontrar um lugar para realizar essa cirurgia. Muitas pessoas entendem isso da forma errada, acreditam que estamos buscando dinheiro ou fama com essa operação, mas isso está longe de ser verdade", disse Kim, citando um transplante duplo de mão, em 2015, que foi realizado nos Estados Unidos, em um menino de 8 anos chamado Zion, que havia sofrido sepse. Somente a cirurgia custou US$ 60 milhões, exigiu 50 médicos e levou 11 horas para terminar. O transplante de corpo inteiro custará US$ 178 milhões, requer 150 médicos, e levará aproximadamente 36 horas.

Kim C-Yoon é apontado como "professor" da Universidade de Konkuk (na foto), na Coreia do Sul
Na opinião de Kim, o propósito do primeiro transplante de corpo inteiro será um passo mais próximo do tratamento de mais pacientes com lesão medular, na recuperação da paralisia. Contudo, seus estudos estão enfrentando uma reação intensa, particularmente do grupo sul-coreano em defesa dos direitos dos animais (KARA), justamente devido aos seus experimentos com animais.

"Fico assustado sempre que as pessoas se concentram apenas nas questões éticas do transplante de corpo inteiro. O principal ponto é sobre como ajudar os doentes paralisados ​​a ter a oportunidade de andar novamente. Todo mundo tem o desejo de viver mais e mais saudável", acrescentou, citando o caso do Hospital W, em na cidade de Daegu, que recentemente realizou, com sucesso, o primeiro transplante de mão da Coreia do Sul. Graças à operação, a Coreia tornou-se um país que pode realizar transplantes de órgãos complexos.

Questionado sobre as semelhanças e dissimilaridades entre o transplante de corpo inteiro e transplante de mão, Kim respondeu que são quase idênticos. Na verdade, ele tentou compartilhar os resultados de suas pesquisas com os médicos responsáveis. No entanto, cientes da imagem negativa em torno de Kim, devido ao seu conturbado relacionamento com a KARA, os médicos disseram que não queriam se envolver nessa controvérsia.

Os estudos de Kim C-Yoon estão enfrentando uma reação intensa, particularmente do grupo sul-coreano em defesa dos direitos dos animais (KARA), justamente devido aos seus experimentos com animais
"É um desperdício de recursos. A Coreia do Sul possui uma das melhores tecnologias médicas do mundo, mas nenhum médico ou clínico se atreve a ser o primeiro a desafiar a moral convencional da sociedade", continuou.

Kim também expressou seus desejos de seguir o exemplo das empresas americanas e russas de criogenia, tais como a Alcor e KrioRus, para armazenar corpos (ou cérebros). Essas empresas internacionais usam a preservação em baixa temperatura (a -196 ° C) em nitrogênio líquido em pessoas que não podem ser mantidas vivas pela medicina contemporânea, com a esperança de que a reanimação e a restauração da saúde plena possam ser possíveis no futuro. Kim disse que enviou pedidos para que sua pesquisa fosse subsidiada, mas foi rejeitado quase que imediatamente. No momento, ele está colaborando com a Universidade de Rice, nos Estados Unidos para aproveitar ao máximo seu equipamento, topo de linha, com grafeno e outros materiais biocompatíveis.

Enfim, AssombradOs, acho que ficou claro que ainda existe muita névoa nessa história, e o Sergio Canavero parece bem mais um animador de auditório do qualquer outra coisa. Aparentemente, apesar das declarações, ele ainda não tem dinheiro e nem mesmo recursos tecnológicos suficientes para levar isso adiante, se é que ele realmente pretende fazer isso. Caso apareçam estudos científicos nesse sentido, provavelmente serão publicados pelo periódico com baixa expressividade. Vamos ver realmente o que acontecerá nos próximos meses, e se realmente o Dr. Xiaoping Ren, o único que aparentemente demonstra ter real capacidade médica nessa história, aparecerá em público e anunciará definitivamente uma data e que ele está realmente responsável por tal operação. Manteremos vocês informados tão logo seja possível.

Até a próxima, AssombradOs.

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
https://www.ooom.com/digital/sergio-canavero-a-revolution-in-medicine/
http://www.koreabiomed.com/news/articleView.html?idxno=513
http://www.newsweek.com/rat-head-transplant-sergio-canavero-xiaoping-ren-590925
http://www.assombrado.com.br/2016/11/transplante-de-cabeca-sergio-canavero.html
http://www.assombrado.com.br/2016/09/transplante-de-cabeca-video-de-cachorro.html
http://www.assombrado.com.br/2016/05/transplante-de-cabeca-as-ultimas.html
http://www.assombrado.com.br/2016/01/transplante-de-cabeca-sergio-canavero.html
http://www.assombrado.com.br/2015/09/transplante-de-cabeca-canavero-tera.html
http://www.assombrado.com.br/2015/09/transplante-de-cabeca-canavero-tera.html
http://www.assombrado.com.br/2015/08/transplante-de-cabeca-valery-spiridonov.html
http://www.assombrado.com.br/2015/06/transplante-de-cabeca-sergio-canavero.html

O Projeto Manhatran e a Construção das Primeiras Bombas Atômicas

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O projeto Manhattan foi o responsável por produzir as primeiras bombas atômicas do mundo. Em pouco menos de 3 anos, período recorde de tempo, milhares de instalações foram construídas nos mais diversos estados americanos e até em outros países, incluindo a maior construção do mundo na época e o primeiro reator atômico. Vamos conhecer o programa do início, desde a carta de 1939 que alertou os EUA do perigo, os principais locais, os modelos de bombas, as formas de obtenção do urânio-235 e do plutônio-239, o primeiro teste e finalmente terminar com o lançamento nas cidades de Hiroshima e Nagasaki.

Assombrados, o mundo está em alerta com a ameça iminente de uma guerra dos EUA e aliados contra a Coréia do Norte, o país mais fechado do mundo e que insiste em desafiar o mundo com seu programa nuclear para desenvolver a bomba atômica. Aproveitando isso, resolvi trazer para vocês a história da construção das primeiras bombas atômicas do mundo: o Projeto Manhattan. Vamos saber mais do assunto.

A Carta Einstein-Szilárd

Na década de 30, o cientista Enrico Fermi e seus pares descobriram a fissão nuclear, que é uma reação que ocorre no núcleo de um átomo que quando é atingido por um nêutron libera uma imensa quantidade de energia. Neste processo, a cada colisão são liberados novos nêutrons. Isso fez com que em 1938, com 37 anos, Fermi foi laureado com o Nobel de Física, por suas "demonstrações da existência de novos elementos radioativos produzidos pela irradiação de nêutrons, e por sua descoberta relacionada de reações nucleares provocadas por nêutrons lentos".

Assim, cientes do que havia sido descoberto, no ano seguinte, em agosto de 1939, os físicos proeminentes Leó Szilárd e Eugene Paul Wigner escreveram uma carta para alertar o presidente dos EUA alertando para o potencial de desenvolvimento de "bombas extremamente poderosas de um novo tipo". A carta pedia aos Estados Unidos a tomar medidas para adquirir estoques de minério de urânio e acelerar a pesquisa de Enrico Fermi e outros, em reação nuclear em cadeia. Como não tinham nome muito conhecido, eles levaram a carta para Albert Einster ler e assinar, o que ele fez.

Ela entregue ao presidente Franklin D. Roosevelt. Roosevelt, que se interessou pelo tema e pediu para seu pessoal investigar se aquilo procedia. O comitê relatou a Roosevelt em novembro que o urânio "seria uma possível fonte de bombas com um poder destrutivo muito maior do que qualquer coisa hoje conhecida." e recomendou investir em pesquisas sobre o urânio, especialmente o isótopo urânio-235 e o plutônio recém descoberto.

O programa então ficou nessa de pesquisa, mas nada de desenvolver alguma coisa. Era algo bem modesto. Em 9 de outubro de 1941, o presidente Roosevelt aprovou o programa atômico.

Até que em 7 de dezembro de 1941, os japoneses atacaram Pearl Harbor no Hawai e forçaram os americanos a entrar na 2ª Guerra. O projeto para a construção da bomba ganhou prioridade máxima e ficou conhecido como Projeto Manhattan.

A carta é frequentemente vista como uma das origens do Projeto Manhattan, o bem sucedido projeto nuclear que viria a produzir as bombas lançadas em Hiroshima e Nagasaki em 1945. Para ver ela em tamanho grande, clique aqui.


Projeto Manhattan

O Projeto Manhattan começou modestamente em 1939, mas cresceu e empregou mais de 130 000 pessoas e custou cerca de US$ 2 bilhões (equivalente a cerca de 26 bilhões de dólares em 2013). O chefe era o major-general Leslie Groves do Corpo de Engenheiros do Exército. Ele tinha ceticismo se o projeto funcionaria, então Enrico Fermi e Leo Szilard construíram o primeiro reator nuclear primitivo numa quadra de squatch na Univ. de Chicago. E nesse reator ele viram que uma reação em cadeia poderia ser obtida, possibilitando uma grande explosão. Era preciso somente obter o combustível, o Urânio-235, algo muito complicado.

O projeto foi dividido em duas partes: construção de fábricas e produção de materiais físseis, que consumiu mais de 90% do custo. O restando foi utilizado no desenvolvimento e produção das armas.

O brilhante físico americano Robert Oppenheimer dirigiu o Projeto Manhattan para o desenvolvimento da bomba atómica, durante a Segunda Guerra Mundial, no Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México. Ele ficou conhecido como pai da Bomba Atômica.

Os trabalhadores do projeto nada sabiam que estavam trabalhando na fabricação da bomba atômica. Somente algumas pessoas tinham conhecimento disso. Foram milhares de pessoas empregadas na construção de cidade no meio do nada! E essas construções aconteciam em tempo recordes. Um dos local criados, chamado Oak Ridge, chegou a ter uma população de mais de 80 mil pessoas!

Dois tipos de bomba atômica foram desenvolvidas durante a guerra. Um tipo relativamente simples de arma de fissão foi feito utilizando urânio-235, que foi a bomba que caiu sobre Hiroshima. Outra bomba criada foi a do tipo de implosão, mais complexa, usando o plutônio, que foi jogada em Nagasaki, no Japão.

Tudo foi construído em tempo recorde. Em 2 anos e meio, os cientistas conseguiram testar com sucesso a primeira bomba atômica, uma bomba de implosão chamada: The Gadget.

A pesquisa e produção ocorreu em mais de 30 locais nos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá.
Vamos conhecer agora os principais: dois onde o combustível era manufaturado, Oak Ridge e Hanford Site, e outro onde era projetada a bomba, Los Alamos.

Principais Locais do Projeto Manhattan




- Los Alamos (Projeto Y)

Em 25 de novembro de 1942, um terreno de 22.000 ha próximo a Albuquerque, no estado americano do Novo México foi comprado por US$440 000. Aqui foi estabelecido o Projeto Y, responsável pelo desenvolvimento do projeto da bomba. Aqui estavam concentrados os maiores cientistas americanos e os que fugiram da guerra e eram dirigidos por Oppenheimer. Por causa do segredo, Los Alamos era referida como "Site Y" (local Y) ou "the Hill" (a colina). É um grande centro de pesquisa militar até os dias de hoje.

Eles trabalharam no desenho da bomba e optaram por uma bomba do tipo de fissão usando Urânio-235. A bomba funciona simplificadamente como um longo cano onde dois pedaços de U-235 seriam colididos, liberando a energia.

Os cientistas então se debruçaram em saber quanto U-235 usariam, e era bastante, vários quilos para fabricar as primeiras bombas atômicas. O problema: obter esse isótopo não é nada fácil! Diversas Universidades americanas propuseram três técnicas diferentes para a separação: a separação electromagnética, a difusão gasosa e a difusão térmica. Um projeto de separação usando centrífugas foi mal sucedido.

Era hora de construir essas usinas e obter o elemento U-235. E tudo isso foi feito nas instalações de Oak Ridge, no Tenesse.

Laboratório de Los Alamos, chefiado por Oppenheimer, foi o responsável por fazer o design da bomba atômica


Oak Ridge (Obtendo o Urânio-235)

Em 29 de setembro de 1942, o governo americano comprou uma área de 24 200 ha de terra, a um custo de US$3,5 milhões perto de Oak Ridge, no estado americano do Tenesse. Cerca de mil famílias foram afetadas pela ordem de despejo, que entrou em vigor em 7 de outubro. Algumas famílias foram notificadas com apenas duas semanas para desocupar fazendas que tinham sido seus lares por gerações. A população de Oak Ridge logo se expandiu muito além dos planos iniciais, e passou das 80.000 pessoas em maio de 1945. E realmente era preciso muita gente, porque as instalações construídas para enriquecimento urânio, a Y-12 (magnetismo) e a K-25 (difusão gasosa), eram realmente enormes! Mas por que tinham de ser tão grandes?

Porque E os métodos conseguiam poucas gramas, assim, eles apelaram para a quantidade e construíram milhares de máquinas para conseguir o desejado isótopo.

Inicialmente foi construído a instalação responsável pela separação electromagnética usando os famosos calutrons, conhecida como Y-12. Eram fortes imãs que precisavam ser ajustados através de botões, tarefa executada por jovens mulheres. Cada calutron coletava por dia 10 gramas de U-235.

Como pouco Urânio-235 estava sendo obtido pela separação electromagnética, o exército americano resolveu realizar a difusão gasosa, e para isso construiu o maior prédio da Terra na época, o K-25. E assombrados, quando eu falo grande, era grande mesmo! Tinha o formato de U e media 804 metros de comprimento por 304 de largura, com uma área total de 609 km2. Ela usava 10% da energia elétrica dos EUA! Um outro edifício, o K-27, também foi construído para enriquecer urânio usando a difusão gasosa.

Depois foram construídas três instalações para obtenção do Urânio-235 através da difusão térmica, como a unidade S-50.

Os três métodos não conseguiam gerar U-235 com a pureza desejada, assim em abril de 1945 Robert Oppenheimer ordenou que todos os três processos de enriquecimento fossem executados em série. O processo de difusão térmica S-50 se tornou a primeira etapa de enriquecimento, alcançando níveis de enriquecimento de menos de 2% do urânio-235. Este material foi alimentado ao processo de difusão gasosa na planta K-25, que produziu um produto enriquecido a cerca de 23% do U-235. Esse produto foi, por sua vez, alimentado nos calutrons na Y-12, o que aumentou a concentração de U-235 em cerca de 84%.

O problema é que só produziram U-235 suficiente para uma única bomba atômica físsil. O projeto para bomba físsil de U-235 foi concluído em fevereiro de 1945 e era muito grande a confiança na arma, e ela foi chamada de Little Boy pelo seu pequeno tamanho, 3 metros de comprimento e 4.5 toneladas. Não dava para fazer um teste. E foi essa a bomba que foi lançada sobre Hiroshima, no Japão, em 6 de agosto de 1945.

Os estrategistas militares achavam que precisariam de mais de uma bomba para enfraquecer o inimigo. Era preciso outro combustível para fazer mais uma bomba. E durante o período de funcionamento de Oak Ridge, uma descoberta revolucionária em Los Alamos aconteceu. Os cientistas descobriram que o elemento sintético plutônio poderia ser usado como alternativa de combustível para bomba. Ele tinha duas vezes mais probabilidade de sofrer fissão do que o U-235 e podia ser produzido em larga escala por irradiação de urânio em reatores nucleares. Era preciso construir reatores nucleares, e eles foram construídos em Hanford Site. Uma nova configuração de bomba também foi desenvolvida, a de implosão.

Oak Ridge recebeu várias tecnologias de separação de urânio. A usina de separação eletromagnética Y-12 está no canto superior direito. A usinas K-25 e K-27 de difusão gasosa estão no canto inferior esquerdo, perto da usina S-50 de difusão térmica. (A X-10 foi usado como planta teste para a produção de plutônio, que seria feita em escala industrial em Hanford Site, Washington.)



Esquema simplificado de uma bomba de fissão, carregada com U-235. Little Boy, que foi lançada sobre Hiroshima, era desse tipo.

Hanford Site (Obtendo o Plutônio-239)


O projeto Manhattan não queria depender só do U-235 como combustível para a bomba atômica e foi atrás do Plutônio-239. Embora pequenas quantidades de plutônio existem na natureza, a melhor maneira de obter grandes quantidades do elemento é em um reator nuclear, em que o urânio natural é bombardeado com nêutrons. O urânio-238 é transmutado em urânio-239, que decai rapidamente, pela primeira vez para neptúnio-239 e, em seguida, em plutônio-239. Apenas uma pequena quantidade do urânio-238 irá ser transformada, de modo que o plutônio deve ser separado quimicamente a partir do restante do urânio, a partir de quaisquer impurezas iniciais, e a partir de produtos de fissão.

Construir um reator nuclear era essencial, o problema é que nunca tinham feito isso antes. Ainda em Oak Ridge, construíram um pequeno reator chamado Reator de Grafite X-10 para produção de plutônio-239, que seria feito em escala industrial em Hanford Site, em Washington.

No início de 1943 começou a construção de  um complexo de produção de plutônio, localizado perto de Richland no estado americano de Washington, propositalemnte bem distante de Oak Ridge. O local é isolado e perto do rio Columbia, que fornecia água suficiente para resfriar os reatores que produziam plutônio. O governo destinou US$5 milhões para a aquisição de 16 000 ha de terra na área. Cerca de 1 500 moradores de White Bluffs e Hanford, e povoações próximas, bem como os Wanapum e outras tribos que utilizam a área foram realocados.  Em abril de 1943 cerca de 25 000 trabalhadores viviam no local. Em julho de 1944, cerca de 1 200 edifícios foram erguidos e cerca de 51 000 pessoas viviam no campo da construção. No seu auge, o campo de construção foi a terceira cidade mais populosa do estado de Washington e operava uma frota de mais de 900 ônibus, mais do que a cidade de Chicago. Aqui foi construído o primeiro reator nuclear da história, o Metallurgical Laboratory and DuPont, pois o plutônio-239 é produzido pelo bombardeamento de um núcleo de U-238 com um nêutron, geralmente em reatores nucleares. Atualmente não resta muita coisa no local.

Apesar de um design escolhido para o reator de Oak Ridge, para facilitar a construção rápida, foi reconhecido que este seria impraticável para os reatores de produção maiores. Projetos iniciais por parte do Laboratório de Metalúrgica e da DuPont, hélio usado para refrigeração, antes que determinaram que um reator de refrigerado a água seria mais simples, mais barato e mais rápido para construir.

Foram construídos 3 reatores: Reator B, iniciado em 26 de setembro, Reator D foi iniciado em 17 de dezembro de 1944 e Reator F em 25 de fevereiro de 1945. Para separar o plutônio do urânio foram construídas as usinas T e U, em 200-West e um, a usina B, a 200-East.

Por fim, no complexo havia a área 300. Este continha edifícios para materiais de teste, preparação de urânio, e montagem e calibração de instrumentação. Um dos prédios abrigava o equipamento de conservas para as balas de urânio, enquanto outro continha um pequeno reator de teste.

Em 5 de fevereiro de 1945, Matthias entregou em mãos a primeira remessa de 80 gramas (2,6 ozt) de 95% de nitrato de plutônio puro para Los Alamos pelo correio em Los Angeles.

O projeto da bomba físsil que usava U-235 não era adequado para usar com plutônio, de modo que os cientistas de Los Alamos criaram um novo projeto da bomba, o de bomba de implosão. Só que não foi fácil e os cientistas tiveram muito trabalho para conseguir fazer o desenho desse tipo de bomba. Devido à complexidade de uma arma de estilo implosão, decidiu-se um teste inicial seria necessário. O chefe do projeto Manhattan,  major-general Leslie Groves aprovou o teste, que ganhou o codinome "Trinity". O local escolhido era perto de Alamogordo Army Airfield.

Mapa de Hanford Site. Ferrovias flanqueiam as usinas ao norte e ao sul. Reatores são os três quadrados vermelhos setentrionais, ao longo do rio Columbia. As usinas de separação são as menores de dois quadrados vermelhos do sul do grupo dos reatores. O quadrado vermelho inferior é a área 300.


Esquema simplificado de uma bomba de implosão, usando Plutônio-239 como combustível. Fat Man e The Gadget foram construídas dessa forma.
Trinity: O 1º Teste (Los Alamos - Alamogordo)

Uma vez que a quantidade de combustível - U-235 e Pu-239 - foi finalmente coletada pelas fábricas de Hanford Site e Oak Ridge, era hora de montar as bombas, uma de fissão outra de implosão.

Um teste usando a bomba de implosão seria feito. E se desse errado? O Major-General Groves não gostava da perspectiva de explicar a perda de um bilhão de dólares de plutônio para uma comissão do senado, caso algo desse errado.  Assim, um recipiente de contenção cilíndrico codinome "Jumbo" foi construído para recuperar o material ativo, no caso de um fracasso. Medindo 7,6 m de comprimento e 3,7 m de largura. No momento em que chegou, no entanto, a confiança no método da implosão era alto o suficiente, e a disponibilidade de plutônio era suficiente, Oppenheimer decidiu não usá-lo. Em vez disso, ele foi colocado no topo de uma torre de aço a 730 m da arma, como uma medida aproximada da explosão. No final, Jumbo sobreviveu, apesar de sua torre não, acrescentando credibilidade à crença de que o Jumbo teria contido com sucesso uma explosão fracassada.

Para o teste atual, a arma, apelidado de "the gadget", foi inçada no topo de uma torre de aço de 30 m, como a detonação em que altura lhe daria uma melhor indicação de como a arma se comportaria quando caísse de um bombardeiro. Detonação no ar maximizava a energia aplicada diretamente para o alvo, e gerou menos consequências nucleares.

The gadget foi montada sob a supervisão de Norris Bradbury no nas proximidades do McDonald Ranch House no dia 13 de julho, e precariamente içado até a torre no dia seguinte. Às 05:30 em 16 de julho de 1945, the gadget explodiu com uma energia equivalente a cerca de 20 quilotons de TNT, deixando uma cratera de Trinitite (vidro radioativo) no deserto de 76 m de largura. A onda de choque foi sentida mais de 160 km de distância, e a nuvem de cogumelo chegou a 12,1 km de altura. Foi ouvido tão longe como El Paso, Texas.

Groves publicou uma reportagem de capa de revista sobre a explosão de munição em Alamogordo Field, para despistar o que realmente tinha acontecido. A explosão foi um sucesso.

Atualmente esta área pertence a um complexo militar do estado norte-americano do Novo México, conhecido como "White Sands Missile Range" ("Campo de Teste de Mísseis de White Sands", em português). E acreditem, cerca de duas vezes no ano eles interrompem as atividades para a visitação pública. Qualquer pessoa pode conferir de perto o local onde foi a primeira bomba atômica do mundo foi detonada!

Abaixo você pode ver a filmagem real dessa explosão.

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Hiroshima e Nagasaki

Enquanto a bomba era construída, os EUA sabiam que tinham que adaptar aviões para o lançamento das bombas em Guerra. O avião escolhido para modificação foi o bombardeio B-29 e o lider era Paul Tibbets. Durante meses, os pilotos treinaram os lançamentos, usando bombas simuladas. Quando chegou a hora do ataque, os aviões e equipe voaram para a ilha de Tinian no Pacífico, onde os EUA haviam construído o maior aeroporto do mundo, e que ficava no raio de ação para atacar o Japão e tinha longas pistas para pouso e decolagem.

Em 6 de agosto de 1945, o 393° Esquadrão do bombardeio B-29 Enola Gay, pilotado e comandado por Tibbets, decolou com Parsons como armador e a bordo a Little Boy em seu compartimento de bombas. Hiroshima, um importante depósito do exército e porto de embarque, foi o alvo principal da missão, com Kokura e Nagasaki como alternativas. A bomba foi detonada em uma altitude de 530 m, a explosão que mais tarde foi estimada em o equivalente a 13 quilotons de TNT. Uma área de aproximadamente de 12 km2 foram destruídos. As autoridades japonesas determinaram que 69% dos edifícios de Hiroshima foram destruídos e outros 6-7% danificados. Cerca de 70.000 à 80.000 pessoas, ou cerca de 30% da população de Hiroshima, foram mortos imediatamente, e outro 70.000 feridos.

Na manhã de 9 de agosto de 1945, o B-29 Bockscar, pilotado pelo comandante do 393° Esquadrão de Bombardeio, major Charles W. Sweeney, decolou com um Fat Man a bordo. Desta vez, Ashworth serviu como armador e Kokura era o alvo principal. Sweeney decolou com a arma já armada, mas com a segurança dos plugues de elétrica ainda não plugados. Quando eles chegaram a Kokura, eles encontraram cobertura de nuvens que tinham obscurecido a cidade, proibindo o ataque visual exigido por ordens. Após três voos sobre a cidade, e com o combustível acabando, eles se dirigiram para o alvo secundário, Nagasaki. A Fat Man foi lançada ao longo da zona industrial a meio caminho do vale da cidade entre a Mitsubishi Steel e Arms Works no sul e no Mitsubishi-Urakami Ordnance Works no norte. A explosão resultante teve um rendimento de explosão equivalente a 21 quilotons de TNT, aproximadamente o mesmo que a explosão da Trinity, mas foi confinada ao Vale de Urakami, e uma grande parte da cidade foi protegida pelas colinas intervenientes. Cerca de 44% da cidade foi destruída; 35.000 pessoas foram mortas e 60.000 feridos.

Existe muita discussão da necessidade do lançamento dessas bombas.

A nuvem de cogumelo sobre Hiroshima (esquerda) após a queda da Little Boy e sobre Nagasaki, após o lançamento de Fat Man



Fontes: (Acessadas em 27/04/2017)
- Wikipedia.pt: Projeto Manhattan
- Wikipedia.pt: Hanford Site
- Wikipedia.pt: Argonne National Laboratory
- Wikipedia.pt: Plutônio-239
- Wikipedia.pt: Enrico Fermi
- Wikipedia.pt: S-50
- Wikipedia.pt: Calutron
- Wikipedia.pt: Fat Man
- Wikipedia.pt: Little Boy
- Wikipedia.pt: Reator B
- Wikipedia.pt: Carta Einstein-Szilárd
- Wikipedia.pt: Bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki
- A Teoria de Tudo: Robert Oppenheimer o pai da Bomba atômica
- Brasil Escola: Fissão Nuclear
- atomcentral: Trinity Atomic Test complete takes
- AssombradO.com.br: Visite o Local da Queda da Primeira Bomba Atômica (#90 Minuto Assombrado)
- AssombradO.com.br: Reator Nuclear de 2 Bilhões de Anos no Gabão: Civilização Avançada ou Natural?
- Documentário: O Projeto Manhattan
- Documentário: Oppenheiner e a Bomba Atômica
- Documentário: As Fábricas Secretas da Bomba Atomica
- Documentário: As Cidades Secretas da Bomba Atomica

O Mistério de Szenja: Uma Ursa Polar Morreu de "Coração Partido" ao ser Separada de Sua Companheira no SeaWorld, nos Estados Unidos?

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Por Marco Faustino

Ontem, no dia 1º de maio, comecei a procurar por assuntos interessantes, que fossem realmente relevantes e que agregassem conhecimento para vocês. Como sempre costumo dizer, meu objetivo é sempre trazer um conteúdo robusto, que possa ir além do assunto propriamente abordado, e não algo raso, ou seja, superficial e que você acabe esquecendo após algumas horas. Afinal de contas, estamos em um mundo, que cada vez mais valoriza apenas e tão somente o entretenimento. Essa não é a pior parte, visto que isso não exclusividade dos dias atuais, mas a descaracterização da informação por sites supostamente de notícias, blogs e até mesmo canais do YouTube. Muitas pessoas tentam dizer que pesquisam aquilo se propõe a oferecer, porém não é isso que acontece na prática, uma vez que a deturpação da informação é cada vez mais frequente. Evidentemente, não tenho a pretensão de ser ou me tornar um oásis para um mundo caótico, porém tenham sempre a certeza que serão bem informados nas postagens que publico e ofereço a vocês. Assim sendo, nada melhor do que escrever justamente no dia do trabalho para demonstrar, que um texto sério e comprometido com a verdade, não nasce em alguns minutos ou pode ser simplesmente copiado, e muitas vezes mal traduzido de uma ou duas fontes de tabloides ou agências de notícias, assim como a muitos fazem.

Nessa postagem vocês vão conhecer uma história que comoveu, revoltou e acabou gerando muita polêmica no mês passado, nos Estados Unidos, sendo que o caso repercutiu até mesmo no site da icônica e renomada revista People. Basicamente, essa história retrata o caso de uma ursa polar chamada Szenja, que morreu pouco tempo depois de ser separada do sua companheiro no parque aquático norte-americano SeaWorld, da cidade de San Diego, no Estado da Califórnia. Vale lembrar nesse ponto, que a empresa "SeaWorld Entertainment", responsável pelo parque aquático de San Diego, ainda possui mais dois parques SeaWorld (de um total de 12 instalações, que incluem aquários) nas cidades de Orlando, na Flórida e San Antonio, no Texas, sendo que todos eles são conhecidos pelas famosas apresentações e performances das orcas, que são incorretamente apelidadas de "baleias-assassinas", visto que esses animais nem mesmo são baleias, mas membros da família dos golfinhos.

Enfim, voltando ao assunto, a questão é que Szenja, 21 anos, acabou sendo separada no fim de fevereiro desse ano de sua companheira e "melhor amiga" chamada Snowflake, que tem a mesma idade dela, com quem vivia junto por cerca de 20 anos. O Seaworld transferiu Snowflake temporariamente para uma outra localidade para fins de reprodução, mesmo diante do apelo das organizações de direitos dos animais para que não fizesse isso, visto que poderia gerar um impacto muito negativo na saúde de Szenja. Pouco tempo depois, ou seja, no início do mês de abril, Szenja morreu de forma "repentina" e "inesperada", sendo encontrada morta dentro do recinto onde ficava. A PETA (sigla em inglês para "Pessoas por um Tratamento Ético aos Animais") entrou nessa história e, em carta aberta, afirmou categoricamente que o tratamento dado a Sjenza foi desumano, e que a atitude de transferir Snowflake fez com que a ursa polar "morresse de coração partido". Ela teria sofrido com a ausência da sua companheira e, não resistindo a solidão, acabou morrendo. Contudo, será que foi isso mesmo que aconteceu? Um animal pode mesmo morrer de "coração partido"? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Um Embate de Longa Data: A Conturbada Relação entre o SeaWorld e os Ativistas que Lutam Pelos Direitos dos Animais, nos Estados Unidos


Não é possível contar uma história como essa, sem antes mostrar a vocês um pouco de como é a relação entre o SeaWorld e as organizações que lutam pelos direitos dos animais. Não é uma relação difícil de entender, visto que os animais do parque aquático, assim como zoológicos convencionais, são mantidos em locais considerados muito pequenos e sob condições, que podem se tornar extramemente estressantes, assim como a realização constante de perfomances, gritos das pessoas, flashes de máquinas fotográficas ou smartphones, e todo um ambiente que é muito diferente do seu habitat natural. Por mais que alguns animais possam até nascer em cativeiro, suas necessidades biológicas muitas vezes acabam não sendo compatíveis com os locais onde são confinados.

Não é possível contar uma história como essa, sem antes mostrar a vocês um pouco de como é a relação entre o SeaWorld e as organizações que lutam pelos direitos dos animais. Não é uma relação difícil de entender, visto que os animais do parque aquático, assim como zoológicos convencionais, são mantidos em locais considerados muito pequenos e sob condições, que podem se tornar extramemente estressantes.
No caso do SeaWorld, a relação entre a empresa administradora e os ativistas piorou drasticamente com o lançamento de um documentário chamado "Blackfish", em 2013, dirigido por Gabriela Cowperthwaite. O documentário tratava basicamente sobre a vida de uma orca chamada Tilikum, que na época era uma atração do SeaWorld, e de toda a controvérsia sobre orcas mantidas em cativeiro.

Eu disse "na época", porque Tilikum acabou morrendo no início de janeiro desse ano. Ela ficou "famosa" por ter estado envolvida na morte de três pessoas, sendo que a última morte ocorreu em fevereiro de 2010, quando Tilikum matou sua treinadora, Dawn Brancheau, no SeaWorld.

No caso do SeaWorld, a relação entre a empresa administradora e os ativistas piorou drasticamente com o lançamento de um documentário chamado "Blackfish", em 2013, dirigido por Gabriela Cowperthwaite
O documentário apontou que as orcas sofriam um grande estresse, ainda quando filhotes, ao serem capturadas na natureza (assim como Tilikum, que foi capturada aos dois anos de idade, na Islândia, em 1983) ou ao serem separadas após a reprodução em parques aquáticos. O documentário também apresenta vaimagens de ataques a treinadores cometidos por Tilikum e outras baleias em cativeiro, além de entrevistas com testemunhas. Como era de se esperar houve muita controvérsia sobre o que foi apresentado. Vocês podem conferir o trailer legendado desse documentário, que se eu não me engano está disponível na NetFlix, através de um canal de terceiros, no YouTube (a legenda não está das melhores, mas dá para entender):



O documentário "Blackfish" acabou sendo criticado por Bridgette Pirtle, ex-treinadora do SeaWorld que, apesar de ter inicialmente elogiado a direção e a mensagem que o mesmo transmitia, se mostrou surpresa com o final. Segundo ela, não houve nenhum interesse real em revelar toda verdade, apenas ganhar dinheiro com as situações que tinham ocorrido no passado. Na época, Michael Scarpuzzi, então vice-presidente de operações zoológicas e treinador do SeaWorld de San Diego, disse que o documentário usava a morte de Dawn Brancheau e detalhes horripilantes "não para informar o público, mas, lamentavelmente, devido ao desejo de sensacionalizar". Michael disse que após o incidente, eles mudaram as instalações, os equipamentos e os procedimentos nos tanques das orcas, sendo que a apresentação educativa desses animais no SeaWorld passou a ser muito mais segura.

Em janeiro de 2014, a família da falecida treinadora Dawn Brancheau disse que, nem eles e nem a fundação batizada em seu nome, tinham quaisquer vínculos com o documentário, e que eles não acreditavam que o mesmo refletisse exatamente quem era Dawn Brancheau ou suas experiências.

Suposta foto de Tilikum aos dois anos de idade (à esquerda), coberta de lanolina, um óleo usado no corpo das orcas para transportá-las por um longo período sem contato com a água. E, uma das muitas de Tilikum ao lado da falecida treinadora Dawn Brancheau (à direita).
Em comunicado oficial, a SeaWorld Entertainment disse que o documentário era impreciso, enganoso, deturpado, e que não apontava para fatos importantes sobre o SeaWorld. Entre eles estaria, que o SeaWorld resgatava, reabilitava e devolvia à natureza centenas de animais selvagens a cada ano, e que o SeaWorld gastava milhões de dólares anualmente para conservação e pesquisa científica.

É interessante notar nesse ponto, que em uma pesquisa de opinião publicada em 31 de dezembro de 2013 (lembrando que o documentário foi lançado no início de janeiro de 2013), pelo jornal Orlando Business, foi perguntado aos leitores se o documentário "BlackFish" havia mudado a opinião deles sobre o SeaWorld, e a maioria apontou que não. Porém, posteriormente verificou-se que 180 dos 328 votos (cerca de 55%) se originaram de um único endereço IP pertencente ao SeaWorld. O SeaWorld se defendeu dizendo, que cada um dos votos que vieram de um dos seus domínios foram dados por membros da equipe, que eram apaixonados pelo incrível trabalho que o SeaWorld fazia e as experiências que os parques proporcionavam.

Fato é que toda essa polêmica mexeu nas contas do SeaWorld. A companhia aérea "Southwest Airlines" sofreu uma grande pressão para encerrar seu relacionamento de 26 anos com o SeaWorld, algo que acabou acontecendo em julho de 2014. Em novembro daquele mesmo ano, o SeaWorld anunciou que a presença de público nos parques tinha caído 5,2% em relação ao ano anterior, e que os lucros caíram 28% em relação ao trimestre anterior. Também naquele mês, as ações da empresa caíram 50% em relação ao ano anterior. De 2014 a 2015, o lucro líquido no segundo trimestre caiu 84%, de US$ 37,4 milhões para US$ 5,8 milhões, enquanto a receita caiu de US$ 405 milhões para US$ 392 milhões. Em agosto de 2015, o SeaWorld anunciou uma queda de 3% na receita, e uma queda de 84% na receita líquida do segundo trimestre de 2015, em relação ao ano anterior. O comparecimento do público também havia caído 1,6%, de 6,58 milhões para 6,48 milhões.

Fato é que toda essa polêmica mexeu nas contas do SeaWorld. A companhia aérea "Southwest Airlines" sofreu uma grande pressão para encerrar seu relacionamento de 26 anos com o SeaWorld, algo que acabou acontecendo em julho de 2014
Obviamente, nenhuma empresa sobrevive muito tempo sendo amplamente atacada e pressionada por todos os lados, até mesmo por parte da Assembleia Estadual da Califórnia, onde chegou a ser apresentada uma proposta de lei, em março de 2014, visando proibir a utilização de orcas em cativeiro para fins de entretenimento e aposentar todas que estivessem sendo atualmente utilizadas com esse propósito. Em outubro de 2015, também houve uma decisão tomada pela Comissão Costeira da Califórnia, que proibiu o parque de reproduzir orcas na Califórnia, caso um projeto chamado "Blue World", de US$ 100 milhões, fosse levado adiante. O projeto visava ampliar a capacidade dos tanques para duplicar a quantidade de orcas em cativeiro. Embora essa expansão tivesse sido autorizada, o parque ficaria proibido de reproduzir as orcas em cativeiro.

No mês seguinte (novembro), Joel Manby, presidente executivo da SeaWorld Parks and Resorts, anunciou durante uma reunião com investidores em Orlando, que o SeaWorld de San Diego começaria um processo de retirada de todas as apresentações envolvendo orcas a partir do ano seguinte (2016), e que não expandiria os tanques das orcas na Califórnia. Em entrevista a emissoras de TV locais, ele disse que estava ouvindo a voz dos visitantes, que estavam sempre evoluindo como empresa e sempre mudando. Ele também disse que os californianos queriam que os animais se comportassem como se estivessem na natureza, e não na forma de espetáculos visando o entretenimento.

No mês seguinte (novembro), Joel Manby (na foto), presidente executivo da SeaWorld Parks and Resorts, anunciou durante uma reunião com investidores em Orlando, que o SeaWorld de San Diego começaria um processo de retirada de todas as apresentações envolvendo orcas a partir do ano seguinte (2016), e que não expandiria os tanques das orcas na Califórnia
Em março de 2016, a SeaWorld anunciou que terminaria seu programa de reprodução de orcas em cativeiro através de inseminação artificial, e que proveria aos animais medicamentos para controle da natalidade. Além disso, a empresa voltou a afirmar, que começaria a eliminar gradualmente todas as performances ao vivo usando orcas. Apesar disso, algumas organizações em defesa do direito dos animais não ficaram muito satisfeitas com isso, a exemplo da PETA, mencionando que o SeaWorld deveria abrir mão completamente das ocas. Joel Manby respondeu que nenhum golfinho ou orca mantida em cativeiro foi liberada com sucesso na natureza (a exemplo da Keiko, que ficou famosa pelo filme "Free Willy").

Nesse ano, a poeira levantada pelo filme "Blackfish" ainda não assentou em relação ao SeaWorld, visto que, ao menos para a empresa, o ano começou bem conturbado com a morte da orca Tilikum, no dia 6 de janeiro, aos 36 anos (idade estimada). Tilikum, que era macho, estava há pelo menos 33 anos em cativeiro, sendo que 24 anos somente no SeaWorld de San Diego. Tilikum era um dos reprodutores mais prolíficos do parque, gerando 14 filhotes no total, e sendo bem conhecido pelo seu tamanho (cerca de 7 metros e 5 toneladas). Segundo o comunicado oficial, a orca estava doente há alguns meses e os veterinários estavam tratando Tilikum de uma persistente e complicada infecção bacteriana no pulmão. Organizações em defesa dos direitos dos animais disseram que a orca finalmente havia conseguido a tão sonhada liberdade.

Nesse ano, a poeira levantada pelo filme "Blackfish" ainda não assentou em relação ao SeaWorld, visto que, ao menos para a empresa, o ano começou bem conturbado com a morte da orca Tilikum, no dia 6 de janeiro, aos 36 anos (idade estimada)
No dia seguinte (7), o SeaWorld de San Diego anunciou o fim das apresentações das orcas em seu parque aquático, após anos de apelos e quedas consecutivas de público. Ao invés disso, o parque anunciou uma nova atração remodelada e chamada de "Orca Encounter" ("Encontro com as Orcas", em uma tradução livre para o português), que mostraria como as orcas se alimentavam, comunicavam entre si e navegavam. No entanto, os animais ainda receberiam comandos dos treinadores, ou seja, as pessoas ainda veriam as orcas saltando na água. Vale ressaltar que o parque possui ao todo 11 orcas, com idades que variam entre 2 e 52 anos. Agora, se formos considerar todos os parques, o SeaWorld possui um total de 22 orcas.

O SeaWorld também mencionou que as apresentações de orcas nos parques de San Antonio e Orlando também serão canceladas até 2019. Além disso, o SeaWorld que está sendo construído em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, a primeira franquia da empresa, não contará com a presença de orcas.

O Protesto Contra a Separação de Ursos Polares para Fins Reprodutivos e as Acusações de Espionagem contra o SeaWorld


No dia 2 de fevereiro desse ano, o site do jornal "The San Diego Union-Tribune" começou a contar uma história, que acabaria não terminando bem. Foi mencionado que Snowflake, uma ursa polar de 21 anos, pertencente ao SeaWorld de San Diego, seria transferida para fins reprodutivos ao "Pittsburgh Zoo & PPG Aquarium", no estado norte-americano da Pensilvânia (um distância de quase 4.000 km). Apesar de não ser a primeira vez que Snowflake faria essa viagem, visto que algo semelhante já tinha ocorrido em 2014, a PETA entrou nessa polêmica se opondo a essa iniciativa, porque a reprodução desses animais fazia com que existessem mais ursos polares em cativeiros, e em ambientes muito menores do que tipicamente existem na natureza.

Imagem aérea do SeaWorld de San Diego, nos Estados Unidos
Imagem do Google Maps mostrando a distância entre o SeaWorld de San Diego e o Pittsburgh Zoo & PPG Aquarium
No dia 2 de fevereiro desse ano, o site do jornal "The San Diego Union-Tribune" começou a contar uma história, que acabaria não terminando bem. Foi mencionado que Snowflake, uma ursa polar de 21 anos, pertencente ao SeaWorld de San Diego, seria transferida para fins reprodutivos ao "Pittsburgh Zoo & PPG Aquarium", no estado norte-americano da Pensilvânia (um distância de quase 4.000 km)
"Se os filhotes de Snowflake sobreviverem, o que é complicado, considerando que a taxa de mortalidade infantil de ursos polares em cativeiro é de 65%, esse é o futuro sombrio que os espera", escreveu Ingrid Newkirk, presidente da PETA, em uma carta ao Joel Manby, presidente executivo do SeaWorld, no qual o jornal teve acesso. Por sua vez, o SeaWorld disse que estava participando de um programa nacional para aumentar o número da população ameaçada de ursos polares, que os cientistas estimavam ser de 22.000 a 31.000 animais.

"Esse esforço em termos de reprodução do urso polar mantém o SeaWorld e o Jardim Zoológico de Pittsburgh na vanguarda da preservação e educação sobre a vida selvagem, e demonstra ainda mais o nosso compromisso de preservar as espécies em perigo", disse David Koontz, porta-voz do SeaWorld.

Apesar de não ser a primeira vez que Snowflake (na foto) faria essa viagem, visto que algo semelhante já tinha ocorrido em 2014, a PETA entrou nessa polêmica se opondo a essa iniciativa, porque a reprodução desses animais fazia com que existessem mais ursos polares em cativeiros, e em ambientes muito menores do que tipicamente existem na natureza
Entretanto, as ligações e os emails enviados pelo jornal para o Jardim Zoológico de Pittsburgh não tiveram retorno. Outro ponto peculiar é que foi a própria PETA a primeira a anunciar os planos do SeaWorld, que por sua vez disse que não havia decidido quando exatamente a transferência ocorreria, mas que isso realmente iria acontecer. De acordo com a WWF (sigla em inglês para "Fundo Mundial para a Vida Selvagem e Natureza"), os ursos polares são classificados como uma espécie "vulnerável", em uma escala de menor preocupação em relação as espécies ameaçadas de extinção, em grande parte devido a perda do habitat do gelo marinho.

Ingrid Newkirk também escreveu naquela época, que manter Snowflake longe de sua companheira, a Szenja, também com 21 anos de idade, era algo cruel, visto que ambas estavam juntas há 20 anos. Szenja permaneceria em San Diego, enquanto Snowflake viajaria até Pittsburgh. Confira um vídeo realizado pelo SeaWorld de San Diego, que foi publicado no YouTube, na conta do "SeaWorld Parks & Entertainment", mostrando a "comemoração" do aniversário de Snowflake, em dezembro do ano passado:



Assim como do aniversário de Szenja, em outubro do ano passado (em inglês):



Vale destacar nesse ponto, que Szenja nasceu na Alemanha, no Jardim Zoológico de Wuppertal, em outubro de 1995. Posteriormente, ela foi levada até San Diego, quando o parque abriu sua exposição chamada "Ártico Selvagem", em 1997. Já Snowflake nasceu no Jardim Zoológico de Buffalo, no estado norte-americano de Nova York, e também foi transferida para o SeaWorld de San Diego em 1997.

Ingrid Newkirk (na foto) também escreveu naquela época, que manter Snowflake longe de sua companheira, a Szenja,
também com 21 anos de idade, era algo cruel, visto que ambas estavam juntas há 20 anos.
Szenja permaneceria em San Diego, enquanto Snowflake viajaria até Pittsburgh.
Foto mostrando a ursa polar Szenja (ao fundo) juntamente com Snowflake (em primeiro plano)
Conforme mencionamos anteriormente, Snowflake e Szenja foram enviadas juntas para o Jardim Zoológico de Pittsburgh em 2014, e ficaram por lá por seis meses, para tentarem acasalar com Koda, um urso polar com 9 anos de idade. O SeaWorld disse que Koda será novamente o parceiro da Snowflake. A parte interessante é que esforço de 2014 não logrou êxito. Em 2015, o SeaWorld e o Jardim Zoológico de Cincinnati tentaram inseminar Snowflake artificialmente. O sêmen do doador era de um urso polar do Jardim Zoológico de Brookfield, em Chicago. Contudo, novamente, não houve nenhum êxito.

Até mesmo um vídeo dessa tentativa foi postado no YouTube. No vídeo, Justine O'Brien, do Centro de Pesquisas em Reprodução do SeaWorld e do Busch Gardens, disse que os ursos polares estavam sendo ameaçados de extinção, por isso era importante que os pesquisadores aprendessem o máximo possível sobre a biologia deles para ajudar a preservá-los. Você pode conferir esse vídeo através do canal do SeaWorld de San Diego, no YouTube (em inglês):



"Essa informação também é útil para administração das populações em zoológicos, assim como entender o que está acontecendo na natureza. Se existirem quaisquer problemas com a função reprodutiva, que estejam ocorrendo, as mesmas pode salientar o que vemos nas populações selvagens", disse Justine O'Brien.

De qualquer forma, a PETA também disse que o Zoológico de Pittsburgh não era mais certificado pelo Associação de Zoológicos e Aquários, a mais antiga organização dos Estados Unidos em relação a certificação de zoológicos e aquários, e que estabelece políticas sobre o bem-estar animal. Por sua vez, o zoológico de Pittsburgh disse em um comunicado de imprensa, em agosto de 2015, que eles estavam deixando a organização após desentendimentos sobre uma política para limitar o contato dos tratadores com os elefantes. Contudo, o SeaWorld disse que não estava preocupado com o Zoológico de Pittsburgh, uma vez que o mesmo era certificado pela Associação Humana Americana. Essa associação menciona em seu site, que é o maior certificador mundial do bem-estar animal.

"O Zoológico de Pittsburgh é uma excelente instalação zoológica com uma exibição de ursos polares de última geração. A equipe fornece a mais alta qualidade de cuidados e enriquecimento para todos os seus animais, incluindo os ursos polares", disse David Koontz.

Foto mostrando a ursa polar Snowflake em seu recinto denominado de "Ártico Selvagem"
Foto mostrando a ursa polar Snowflake (ao fundo), juntamente com Szenja (em primeiro plano)
Curiosamente, não há ursos polares machos no SeaWorld de San Diego. O último, o Charley, morreu em janeiro de 2012, depois de viver no parque por mais de 15 anos. Vale ressaltar que, segundo a Polar Bears International, uma organização em prol da preservação dos ursos polares - que recebeu cerca de US$ 15.000 do Fundo de Conservação do SeaWorld e do Busch Gardens, para apoiar pesquisas para monitoramento populacional de longo prazo - os ursos polares podem viver até 30 anos de idade em cativeiro e de 15 a 18 anos na natureza. Esses números, no entanto, são constantemente criticados pelas organizações em defesa dos direitos dos animais.

No dia seguinte, a KSWB, emissora de TV afiliada da FOX, sediada em San Diego, reforçou o coro ao dizer, que os ativistas em defesa dos direitos dos animais estavam pedindo que o SeaWorld de San Diego não enviasse Snowflake para o Jardim Zoológico de Pittsburgh, porque eles acreditavam que isso partiria o coração de sua companheira de longa data. De acordo com a KSWB, essa visita fazia parte do "Plano de Sobrevivência de Espécies", desenvolvido em 1981, e que tinha o objetivo de reproduzir em cativeiro espécies ameaçadas ou em risco de extinção na natureza. Confira a reportagem realizada pela KSWB, que foi publicada em um canal de terceiros, no YouTube (em inglês):



"Nós insistimos que vocês cancelem esse plano cruel, que deixaria a companheira de Snowflake, ao longo de 20 anos, Szenja, triste e sozinha, assim como condenaria quaisquer filhotes que nascessem posteriormente, a uma vida de confinamento para exibição pública. Em um momento que a 'Ringling Bros. e Barnum & Bailey Circus' anunciaram que vão encerrar suas atividades e vocês mesmos reconheceram que o programa de reprodução de orcas de vocês deve terminar devido a indignação pública, nunca ficou tão claro que as pessoas não apoiam manter animais em cativeiro e usá-los para o entretenimento. Snowflake e Szenja já foram privadas de tudo que fosse natural e importante para elas, por favor não adicionem ainda mais sofrimento e uma sentença para que mais ursos polares tenham esse destino sombrio, dando continuidade com esse plano mal concebido", disse Ingrid Newkirk, em um trecho da carta enviada ao SeaWorld.

"... desde 2008, o urso polar foi listado como "ameaçado" na Lista de Espécies Ameaçadas pelo Serviço para Peixes e Vida Selvagem dos Estados Unidos. Esse esforço em termos de reprodução do urso polar mantém o SeaWorld e o Jardim Zoológico de Pittsburgh na vanguarda da preservação e educação sobre a vida selvagem, e demonstra ainda mais o nosso compromisso de preservar as espécies em perigo", rebateu o SeaWorld. Os funcionários do parque ainda disseram que ursos polares geralmente eram animais solitários na natureza, e que Szenja seria tratada por uma equipe especial do SeaWorld enquanto Snowflake estivesse em Pittsburgh.

Em meio a toda essa polêmica, no final do mês de fevereiro, a mídia norte-americana, a exemplo do site do jornal "Orlando Sentinel", publicou que o SeaWorld admitiu que diversos funcionários da empresa se passaram por ativistas em prol dos direitos dos animais para espionarem essas organizações. Esse reconhecimento por parte do SeaWorld ocorreu cerca de sete meses após a PETA acusar o parque de espionagem. Na época, a PETA, que travou uma intensa campanha contra o SeaWorld, e divulgou provas de que um funcionário do SeaWorld de San Diego frequentou protestos e fez comentários inflamados nas redes sociais enquanto se passava por ativista. O funcionário, que foi colocado em licença administrativa, voltou a trabalhar na SeaWorld.

Em meio a toda essa polêmica, no final do mês de fevereiro, a mídia norte-americana, a exemplo do site do jornal "Orlando Sentinel", publicou que o SeaWorld admitiu que diversos funcionários da empresa se passaram por ativistas em prol dos direitos dos animais para espionarem essas organizações
Lendo uma declaração enquanto falava com analistas, Joel Manby disse que a diretoria da empresa "estava tomando medidas para acabar com a prática, na qual certos funcionários se passam como ativistas em prol dos direitos dos animais. Essa atividade tinha sido realizada em relação aos esforços para manter, defender e preservar a segurança dos funcionários, clientes e dos próprios animais diante de diversas ameaças." Esse reconhecimento aconteceu em um momento difícil para a empresa. O SeaWorld emitiu um relatório de ganhos no quarto trimestre do ano passado, que mostrou uma melhora no número de visitantes e da receita, mas depois disse aos analistas que o mau tempo e uma desaceleração em relação aos visitantes brasileiros prejudicaram a receita esse ano.

"O último relatório do SeaWorld confirma não somente que a empresa usou mais de um espião para se infiltrar e causar problemas na PETA, mas também que valoriza bem mais seus espiões do que os executivos, que foram demitidos em massa. Pelo menos um dos espiões ainda está trabalhando na empresa", disse a PETA, em nota enviada por email.

O SeaWorld contratou uma empresa de advocacia externa para conduzir uma investigação em julho do ano passado, depois que a PETA acusou o empregado Paul McComb de participar de seus eventos se passando por um ativista chamado Thomas Jones. As suspeitas de PETA foram levantadas após o homem ter sido preso juntamente com um grupo de manifestantes na "Parada das Rosas" de 2014, em Pasadena, mas ao contrário dos outros, ele foi liberado sem quaisquer acusações. Apesar das ações da empresa terem caído após o anúncio, os analistas de mercado acreditavam que a saúde financeira da empresa, e não o reconhecimento de casos de espionagem, tinha sido a responsável pela queda.

O SeaWorld contratou uma empresa de advocacia externa para conduzir uma investigação em julho do ano passado, depois que a PETA acusou o empregado Paul McComb (na foto) de participar de seus eventos se passando por um ativista chamado Thomas Jones
As suspeitas de PETA foram levantadas após o homem ter sido preso juntamente com um grupo de manifestantes na "Parada das Rosas" de 2014, em Pasadena (a foto mostra o carro do SeaWorld), mas ao contrário dos outros, ele foi liberado sem quaisquer acusações.
No dia 6 de março, a KNSD, emissora de TV afiliada da NBC, com sede em San Diego, divulgou em seu site uma petição online promovida pela Care2, uma espécie de rede social dedicada a ativistas do mundo inteiro, e que conta, de acordo com os dados do próprio site, com cerca de 38 milhões de membros e 529 milhões de assinaturas. A petição, que já contava com 45.000 assinaturas, pedia que o SeaWorld de San Diego não separasse Snowflake de sua "melhor amiga", a Szenja, uma vez que ambas estavam vivendo juntas há 20 anos.

"A maioria dos ursos polares são solitários, mas há exceções. Às vezes, ursos polares selvagens formam relacionamentos que podem durar anos. O estado de cativeiro pode ter criado um vínculo ainda mais forte entre Snowflake e Szenja", disse Sharanya Prasad, Gerente de Estratégias de Campanhas da Care2.

No dia 6 de março, a KNSD, emissora de TV afiliada da NBC, com sede em San Diego, divulgou em seu site uma petição online promovida pela Care2, uma espécie de rede social dedicada a ativistas do mundo inteiro. A petição, que já contava com 45.000 assinaturas, pedia que o SeaWorld de San Diego não separasse Snowflake de sua "melhor amiga", a Szenja, uma vez que ambas estavam vivendo juntas há 20 anos
"O plano do SeaWorld em transportar a Snowflake de um lado para o outro do país, em seu próprio benefício para adquirir novos ursos polares é cruel e irresponsável. É lamentável que Snowflake e Szenja tenham vivido suas vidas inteiras em cativeiro, e desumano que SeaWorld queira separá-las depois de uma amizade de 20 anos", disse Julie Stankiewicz, a autora da petição. De qualquer forma, não teve jeito, Snowflake acabou sendo transferida para Pittsburgh, no dia 26 de fevereiro. Alguns dias antes da divulgação da petição por parte da KNSD.

A Morte de Szenja: Será Possível que a Ursa Polar Tenha Realmente Morrido de "Coração Partido" ao ser Separada de Snowflake?


No dia 16 de abril, um domingo, os Estados Unidos acordaram com uma notícia que ninguém gostaria de dar: Szenja estava morta. Aliás, sua morte foi tratada como um evento "inesperado" pela direção do SeaWorld de San Diego. Na semana anterior da sua morte, tratadores e veterinários do SeaWorld notaram que Szenja havia perdido o apetite, assim como sua força. A equipe estava monitorando suas condições de saúde, mas ainda assim, sua morte foi encarada como uma surpresa. Uma necrópsia seria realizada para ajudar a determinar as causas de sua morte.

No dia 16 de abril, um domingo, os Estados Unidos acordaram com uma notícia que ninguém gostaria de dar: Szenja estava morta. Aliás, sua morte foi tratada como um evento "inesperado" pela direção do SeaWorld de San Diego. Na semana anterior da sua morte, tratadores e veterinários do SeaWorld notaram que Szenja havia perdido o apetite, assim como sua força
"Szenja era um membro amado da nossa família de animais, por isso esse é um dia muito difícil para todos nós. Szenja não só tocou os corações daqueles que cuidaram dela nas últimas duas décadas, mas também de milhões de visitantes, que tiveram a chance de vê-la pessoalmente. Estamos orgulhosos de ter sido uma parte de sua vida, e de saber que ela inspirou pessoas de todo o mundo a querer proteger os ursos polares na natureza", disse Al Garver, vice-presidente de operações zoológicas do SeaWorld de San Diego, em nota oficial.

A equipe estava monitorando suas condições de saúde, mas ainda assim, sua morte foi encarada como uma surpresa. Uma necrópsia seria realizada para ajudar a determinar as causas de sua morte
Entretanto, para Tracy Remain, vice-presidente executiva da PETA, Szenja morreu "de coração partido".

"Depois de perder sua companheira de 20 anos, quando o SeaWorld enviou Snowflake para o Zoológico de Pittsburgh, com o objetivo de gerar mais ursos polares miseráveis, Szenja fez o que qualquer um faria quando perde toda a esperança, ela desistiu. Isso deve servir de alerta para o SeaWorld: Parem de reproduzir e enviar animais por aí, encerrem as exposições dos animais, e levem os animais para os santuários. Até que isso aconteça, este navio continuará afundando", disse Tracy Remain, em nota oficial da PETA.

Entretanto, para Tracy Remain (à esquerda), vice-presidente executiva da PETA, Szenja morreu "de coração partido"
Para piorar a situação, em um outro ponto dos Estados Unidos, o urso polar mais velho do país, uma fêmea chamada Uulu acabou morrendo dois dias antes de Szenja, no dia 14 de abril, uma sexta-feira, no Zoológico de São Francisco, aos 36 anos de idade.

Para piorar a situação, em um outro ponto dos Estados Unidos, o urso polar mais velho do país, uma fêmea chamada Uulu acabou morrendo dois dias antes de Szenja, no dia 14 de abril, uma sexta-feira, no Zoológico de São Francisco, aos 36 anos de idade
Enfim, diante da morte de Szenja, uma pergunta não quis se calar: Seria possível que uma ursa polar tivesse morrido de "coração partido" ao ser separada de sua companheira? Essa pergunta acabou ecoando por diversos sites de notícias, saindo das manchetes locais e indo parar em sites de notícias nacionais e internacionais, e revistas renomadas, assim como a People.

Para responder a essa pergunta, vou usar o artigo escrito pelo Dr. Marc Bekoff, professor emérito de Ecologia e Biologia Evolutiva na Universidade do Colorado e co-fundador de uma organização não governamental chamada "Etologistas para o Tratamento Ético de Animais" (EETA). Ele é especialista no campo do comportamento dos animais, sendo que já publicou mais de 1000 ensaios (populares, científicos, e capítulos de livros), 30 livros, e editou três enciclopédias. Ele também possui uma espécie de "blog" chamado "Animal Emotions" dentro do site da revista norte-americana "Psychology Today".

O Dr. Marc Bekoff é um especialista no campo do comportamento dos animais, sendo que já publicou mais de 1000 ensaios (populares, científicos, e capítulos de livros), 30 livros, e editou três enciclopédias. Ele também possui uma espécie de "blog" chamado "Animal Emotions" dentro do site da revista norte-americana "Psychology Today"
De acordo com Marc, uma simples resposta para essa pergunta era: Sim, os animais não-humanos podem sofrer e morrer de coração partido. Se podemos, eles também podem. É amplamente conhecido que outros animais, incluindo nossos animais de estimação, assim como cães e gatos, podem sofrer de uma variedade de transtornos depressivos, incluindo transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

Marc também criticou a postura adotada por Al Garver, vice-presidente de operações zoológicas do SeaWorld de San Diego, dizendo que ele apenas seguiu a mesma linha adotada pelos zoológicos para fazer com que as pessoas pensem que eles fazem algo significativo para salvar outros animais. A palavra-chave em seu texto era "querer". Enquanto muitos podem "querer" salvar ursos polares e outros animais, pouquíssimos zoológicos, caso haja algum, realmente fazem alguma coisa que faça a diferença para os "parentes selvagens" dos animais de zoológico.

Embora se saiba que os ursos polares na natureza tendem a ser solitários, isso não tem absolutamente nada a ver com o modo como Szenja e outros ursos polares em cativeiro realmente vivem em suas jaulas de água. Eles convivem com outros animais, tornam-se fortemente ligados com eles, e sofrem com a perda deles, assim como aconteceu com a Szenja, quando a Snowflake foi arrancada dela. A declaração do SeaWorld sobre a morte de Szenja tinha sido totalmente vazia.

É amplamente conhecido que outros animais, incluindo nossos animais de estimação, assim como cães e gatos, podem sofrer de uma variedade de transtornos depressivos, incluindo transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)
O Dr. Marc Bekoff disse que a declaração de o Al Garver o fez lembrar o ensaio de uma cientista chamada Christie Wilcox, chamado "Bambi ou Bessie: Os Animais Selvagens são Mais Felizes?", onde ela alega: "O que sabemos até agora é que a evidência sugere que os animais selvagens podem ser tão felizes em cativeiro quanto na natureza, assumindo que eles sejam bem tratados... Animais de zoológicos com cuidados adequados e enriquecimento, por exemplo, possuem perfis hormonais semelhantes, vivem mais tempo, comem melhor e são mais saudáveis do que os seus homólogos selvagens. Por que? Porque a vida selvagem é difícil. Em cativeiro, é fácil."

Segundo Marc, um grande problema com o ensaio de Wilcox é que ela sugere que o estresse e a felicidade são mutuamente exclusivos, algo que muitas pesquisas mostram claramente que não são. Outro problema é sua atitude cavalheiresca sobre como a vida na natureza é totalmente miserável, e que ser "bem tratado", seja o que for que isso signifique, é uma condição melhor de vida, do que um indivíduo que estava destinado a viver como membro de uma determinada espécie. Sim, há sofrimento na natureza, e também há muita alegria e felicidade. Essa é a arrogância antropocêntrica de pensar que podemos ou devemos intervir e tornar as coisas "melhores" - o que quer que isso signifique - uma vez que uma grande variedade de padrões de comportamento e sistemas sociais diversos evoluíram em muitos seres sensíveis antes de nos tornarmos o principal fator negativo nas vidas e mortes de inúmeros indivíduos de numerosas espécies.

Segundo Marc, um grande problema com o ensaio de Wilcox (na foto) é que ela sugere que o estresse e a felicidade são mutuamente exclusivos, algo que muitas pesquisas mostram claramente que não são.
E, se a vida em cativeiro é tão fácil, por que tantos zoológicos têm programas de enriquecimento para ajudar animais, que estão entediados e frustrados, e que se engajam em rituais estereotipados repetitivos e comportamentos autodestrutivos? Administradores de zoológicos e aqueles que trabalham em zoológicos sabem que a vida em um zoológico não é "fácil", e alegar o contrário é completamente absurdo. Animais mantidos em zoológicos, que sofrem de uma série de transtornos comportamentais e psicológicos, são enviados para todos os lugares como se fossem máquinas reprodutivas, assim como Snowflake e, quando são considerados "animais excedentes" eles são mortos - "zootenizados", não eutanizados - mesmo que estejam saudáveis (leia mais: "Zoothanasia' Is Not Euthanasia: Words Matter" and "Killing Healthy Animals in Zoos: 'Zoothanasia' is a Reality", ambos os textos em inglês).

Os não-humanos podem morrer de um coração partido e os zoológicos precisam perceber que isso é uma realidade, não uma explicação "fofinha" sobre a morte. Em um artigo anterior chamado "Animais Tristes, de Luto e com o Coração Partido", o Dr. Marc Bekoff descreveu o profundo sofrimento que os animais sentem quando perdem um ente querido. Ele destacou as observações da Dra. Jane Goodall, uma etologista e antropóloga britânica, sobre Flint, um jovem chimpanzé que se retirou do seu grupo, parou de comer e morreu de coração partido logo após a morte de sua mãe, a Flo.

Foto bem antiga mostrando a Dra. Jane Goodall conhecendo o pequeno Flint, juntamente com sua mãe, a Flo.
Em seu livro chamado "Through a Window", a Dra. Jane Goodall escreveu:
"Nunca esquecerei ao assistir, três dias após a morte de Flo, Flint subindo lentamente em uma árvore alta perto do córrego. Ele caminhou ao longo de um dos ramos, depois parou e ficou imóvel, olhando para um ninho vazio. Depois de cerca de dois minutos, ele se virou e, com os movimentos de um homem idoso, desceu, andou alguns passos, e depois deitou-se com olhos arregalados olhando para frente. O ninho tinha sido um dia, aquele que ele e Flo tinham compartilhado um pouco antes de Flo morrer... Na presença de seu irmão mais velho, o Figan, Flint parecia ter melhorado um pouco em relação a sua depressão. Porém, de repente ele saiu do grupo e correu de volta para o lugar onde Flo tinha morrido e afundou-se em uma depressão cada vez mais profunda... Flint tornou-se cada vez mais letárgico, recusava comida e, com seu sistema imunológico enfraquecido, adoeceu. A última vez que o vi vivo, ele estava com um olhar profundo e pesado, magro e totalmente deprimido, amontoado em uma vegetação próxima de onde Flo tinha morrido... a última curta viagem que fez, parando para descansar a cada poucos metrros, foi justamente até o lugar onde o corpo de Flo tinha jazido. Lá ele ficou várias horas, às vezes olhando para a água. Ele lutou um pouco mais, depois enroscou seu corpo - e nunca mais se moveu."
Não há dúvidas de que Flint estava sofrendo e se sentindo totalmente perdido no mundo. A vida já não valia a pena ser vivida. A morte súbita de Szenja indica fortemente que ela, assim como Flint, sentiu falta de sua melhor amiga, e a vida simplesmente se tornou pesada demais para ser suportada. Perder a Snowflake, a melhor amiga de Szenja ao longo de 20 anos, fez com que o sentimento de mágoa fosse demasiadamente difícil de lidar.

O sofrimento, o luto e a morte de um coração partido mostram claramente que os animais não-humanos são socialmente conscientes do que está acontecendo em seus mundos, e que sentem emoções profundas quando a família e os amigos morrem. Claramente, nós não somos os únicos animais que possuem as capacidades cognitivas e emocionais para sofrer com a perda de outros indivíduos, seja qual for a espécie.

Comentários Finais


Sinceramente, ao terminar de escrever essa postagem, saí com a sensação de ter perdido alguém da minha família. Tive a estranha sensação de que as ursas polares Szenja e Snowflake e os chimpanzés Flint e Flo faziam parte do meu círculo social, mesmo sem conhecê-los. Aliás, é difícil não se emocionar com as palavras de Jane Goodall ao descrever os últimos momentos da vida de Flint, e seu luto que ele não conseguiu superar após a morte da mãe. Aliás, Flint e Szenja, ainda que sejam de espécies totalmente distintas, nos mostraram a força que laços de amizade podem ter em nossas vidas, e como perder alguém que seja importante para nós ou que já nos habituamos a conviver, pode impactar não somente em nossa qualidade de vida, mas selar o nosso próprio destino. Em relação especificamente a Snowflake, ela já tinha viajado a Pittsburgh, porém tinha ido juntamente com sua companheira de parque, a Szenja. Ao contrário de Snowflake, que teria a companhia ao menos de outro urso polar em Pittsburgh, Szenja ficou sozinha em sua pequena imensão gelada do caloroso Estado da Califórnia. Palavras tão contraditórias e opostas quanto sua situação de Szenja. Afinal de contas, era um espaço limitado no interior do SeaWorld de San Diego, onde ela morou até o fim de sua vida, o único lugar que lhe oferecido como um lar. Um local onde reinou a paixão e o amor dos visitantes, que inconscientemente financiaram sua permanência em uma prisão. Não sabemos se Szenja teria sido mais ou menos feliz na natureza. Não sabemos se ela teria vivido mais ou menos. A questão é justamente essa, nunca saberemos, porque ao final não existe mais nada, apenas um vidro no qual observamos esses animais, sem parar e olhar para o nosso próprio reflexo.

Essa postagem é tão emblemática, que é difícil apontar um lado totalmente certo e um lado totalmente errado. É estranho dizer isso, eu sei, mas é importante lembrar o caso da orca Keiko, um macho (não era fêmea como muitos pensam), que o mundo conheceu como Willy, na franquia de filmes chamada "Free Willy". As organizações em defesa dos direitos dos animais se mobilizaram para denunciar que Keiko estaria sofrendo maus-tratos em um parque aquático, no México, e lutaram incessantemente para libertá-lo na natureza. Foram investidos milhões de dólares, mas Keiko amava os seres humanos, queria a companhia deles, queria carinho e conforto, queria proteção e se recusava a conviver com outras orcas. Após cerca de seis anos de uma saga em busca de sua liberdade, que transformou-se em seu calvário, Keiko morreu no início da noite de 12 de dezembro de 2003, letárgico, apático e visivelmente magro, na costa da Noruega. Foi, inclusive, rapidamente enterrado para que o mundo não lembrasse dele como um imenso cadáver. A reabilitação se mostrou um verdadeiro fracasso. Lembro de ter visto um vídeo, de partir o coração, onde foi mostrado a treinadora dele, a Karla, inconsolável, dizendo que tinha perdido o amor da vida dela, que aquilo não tinha sido escolha dela, e que se tivessem deixado que ela ficasse com ele, assim o faria de alguma forma. Em seu canal do YouTube, a treinadora ainda menciona até hoje, mesmo após quase 14 anos de sua morte, que ainda sente falta dele e provavelmente sentirá enquanto viver. Keiko não estava em risco da forma como os ativistas convenceram o mundo e, por mais estranho que pareça, os ativistas tiveram mais responsabilidade pela morte de Keiko, do que o próprio parque aquático mexicano. Hoje em dia, não existe mais nada, apenas ossos enterrados na areia.

Evidentemente, não acho correto que animais, ainda mais de grande porte, sejam confinados durante décadas, e que sirvam tão somente para entretenimento, porém não podemos ser levianos e pregarmos sobre uma liberdade, que sabemos que o animal não terá plenamente. Queria ter uma solução para esse dilema, mas não tenho Acredito que as pessoas deveriam pelo menos minimizar o sofrimento do animal, nem que fosse ampliando consideravelmente o local onde ficam, e que pudessem ser tratados como indíviduos, não sendo treinados para serem estrelas de um espetáculo. Além disso, a reprodução em cativeiro com finalidade comercial também deveria ser proibida. Poderíamos ter um espécie de "admissão benéfica de culpa", onde as empresas reconhecessem os seus erros e garantissem uma vida digna aos membros animais de suas famílias, como eles mesmos gostam de dizer. Apesar do SeaWorld receber quase 7 milhões de visitantes por ano, e ter um faturamento superior a R$ 1 bilhão, não seria vergonha alguma sentar juntamente com os ativistas, promover uma campanha de transmitir uma imagem positiva do empreendimento, e aos poucos criar verdadeiros satuários onde as pessoas pudessem conhecer de perto os animais, tendo a certeza que estão sendo muito bem tratados e continuarão sendo pelo resto de suas vidas. Por outro lado, o ativismo também gera muito dinheiro. Somente a PETA recebe por volta de R$ 80 milhões por ano, e ainda tem fortes acusações de sacrificar dezenas de milhares de cães e gatos que eles mesmos não conseguem fazer com que as pessoas adotem. Assim sendo, em um universo onde mocinhos e bandidos vestem as mesmas roupas, o silêncio e o falatório se tornam armas mortais de nossa prepotência como salvadores de todas as espécies, que há muito tempo estamos ajudando a matar. Não ao pagar um ingresso ou fazer uma doação, mas por acreditarmos que não temos culpa de nada.

Até a próxima, AssombradOs.

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://fox5sandiego.com/2017/02/03/plan-to-use-seaworld-polar-bear-for-breeding-sparks-protest/
http://news.nationalgeographic.com/2017/01/seaworld-final-orca-show-california-killer-whales/
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http://sacramento.cbslocal.com/2017/04/18/szenja-seaworld-polar-bear-dies/
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http://www.care2.com/causes/seaworld-polar-bear-dies-after-separation-from-lifelong-partner.html
http://www.cnbc.com/2017/01/07/seaworld-san-diego-ending-killer-whale-shows.html
http://www.ibtimes.co.uk/polar-bear-dies-broken-heart-after-best-friend-shipped-off-by-seaworld-1617589
http://www.ibtimes.co.uk/seaworld-admits-using-employees-pose-animal-rights-activists-spy-foes-1546096
http://www.nbcsandiego.com/news/local/Petition-Asks-Sea-World-San-Diego-to-Not-Separate-Polar-Bear-Friends-415344823.html
http://www.nbcsandiego.com/news/local/Szenja-the-Polar-Bear-21-Passes-Away-SeaWorld-419767784.html
http://www.newsweek.com/seaworld-employee-spy-animal-rights-activists-430344
http://www.orlandosentinel.com/business/tourism/os-seaworld-employee-spy-20160225-story.html
http://www.ottawasun.com/2017/04/20/did-seaworld-polar-bear-szenja-die-of-a-broken-heart
http://www.sandiegouniontribune.com/business/tourism/sd-fi-seaworld-polarbear-20170418-story.html
http://www.sandiegouniontribune.com/business/tourism/sd-fi-snowflake-bear-20170202-story.html
http://www.seaworldofhurt.com/features/30-years-three-deaths-tilikums-tragic-story/
http://www.seaworldofhurt.com/seaworld-separate-polar-bear-best-friends/
https://patch.com/florida/lakeland/seaworld-s-tilikum-dies-after-lengthy-illness
https://seaworldcares.com/2016/12/Happy-Birthday-Snowflake/
https://www.psychologytoday.com/blog/animal-emotions/201704/did-szenja-the-polar-bear-die-broken-heart
https://www.thedodo.com/seaworld-last-orca-show-2182210171.html

Conheça a Enigmática "Crooked Forest": Centenas de Árvores em uma Floresta Foram Entortadas por "Forças Misteriosas", na Polônia?

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Por Marco Faustino

Nosso mundo é repleto de mistérios, enigmas e segredos, que muitas vezes envolve o fator humano e temos que confiar apenas no relatos de pessoas para tentar elucidar uma determinada questão. Contudo, algumas vezes somos praticamente brindados pela natureza com algumas formações (que podem ser ou não naturais), que nos fazem questionar como aquilo que vemos é possível existir. Esse é o caso da famosa, estranha e icônica "Crooked Forest" (mais conhecida simplesmente por "Floresta Torta", em uma tradução livre para o português), que por sua vez é um assunto, que vira e mexe vocês pedem para que façamos uma postagem ou um vídeo. Uma vez que não encontrei nenhuma postagem sobre esse assunto aqui no blog, e nem mesmo nenhum vídeo no canal AssombradO, no YouTube, falando sobre essa singular floresta na Polônia, resolvi trazer esse caso para vocês, embora isso não seja nenhuma novidade para muitas pessoas. É interessante ressaltar, que diversos sites de notícias, de curiosidades e até mesmo que abordam o tema sobre o fenômeno "OVNI" costumam repetir praticamente as mesmas informações, e praticamente ninguém acrescenta nenhum detalhe mais interessante ou relevante, que possa ajudar a desvendar um mistério, que acreditam ter mais de 80 anos de existência. Isso porque até hoje, não há praticamente nenhum dado concreto, que possa solucionar de vez esse caso.

Para vocês terem uma ideia, dizem que são cerca de aproximadamente 400 pinheiros (algumas fontes polonesas, incluindo a placa oficial instalada pelo governo polonês, no entanto, mencionam que seriam apenas 100 árvores), cujos troncos se curvam praticamente a 90º, criando protuberâncias cobertas pelas próprias cascas das árvores, que se arrastam acima do solo e, estranhamente, todas apontam na mesma direção: para o Norte. Uma vez que ninguém tem a confirmação exata da razão pela qual essas árvores foram "entortadas", por assim dizer, as mais bizarras teorias começaram a surgir ao longo do tempo. Há quem diga, por exemplo, que as árvores entortaram logo após o pouso de um "OVNI" (no sentido explícito de ser uma "espaçonave extraterrestre"). Já outras pessoas acreditam, que "flutuações nas forças gravitacionais" ou um "puxão gravitacional", que tivesse ocorrido uma única vez na região, poderiam ser os responsáveis pela curvaturas, mas não há nada que possa apoiar essa teoria. Vale lembrar nesse ponto, que a força da gravidade puxa os objetos para baixo, não para os lados. Pelo menos é isso que aprendemos na escola, não é mesmo?

De qualquer forma, nessa postagem você vai conhecer tudo o que precisa saber sobre essa floresta, bem como as teorias que circulam pela internet, desde as mais improváveis até as mais plausíveis e aceitas atualmente para explicar o fenômeno. Fato é, que a floresta se tornou uma espécie de ponto turístico da Polônia, um lugar único no mundo em relação a quantidade de árvores nesse formato. Será que realmente temos algo de sobrenatural ou assombroso nessa floresta? Será que as árvores foram entortadas por "forças misteriosas" ou temos alguma explicação bem mais plausível para oferecermos a vocês? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Um Pouco Sobre a "Floresta Torta" da Polônia


Para ser bem sincero, não há muito a ser falado sobre essa floresta. Portanto, provavelmente essa será uma postagem bem mais curta do que vocês estão acostumado da minha parte, mas espero que seja tão informativo quanto as demais. Basicamente, essa floresta de árvores "entortadas" fica localizada em uma pequena região da Polônia, próxima da cidade de Gryfino e da comunidade de Nowe Czarnowo.

Esse estranho conjunto acabou sendo apelidado, em algum momento da linha do tempo, de "Crooked Forest" (em inglês), "Krzywy Las" (em polonês) ou simplesmente "Floresta Torta" (em português) e, invariavelmente, sempre esteve envolto em uma certa "névoa sobrenatural". Apesar das inúmeras e inusitadas teorias, que foram propostas ao longo dos anos, ninguém sabe exatamente o que ou quem fez com que as árvores adotassem o formato curvado, em forma de "bengala".

Imagem do Google Maps mostrando que essa floresta de árvores "entortadas" (chamada de "Krzywy Las", em polonês) fica localizada
em uma pequena região da Polônia, próxima da cidade de Gryfino e da comunidade de Nowe Czarnowo
Imagem do Google Maps mostrando a distância entre a "Floresta Torta" (chamada de "Crooked Forest", em inglês) e Varsóvia, capital da Polônia. Vocês podem notar que a região fica muito próxima da fronteira com a Alemanha.
Conforme mencionamos anteriormente, a "Floresta Torta" consiste em aproximadamente 400 pinheiros (algumas fontes polonesas, no entanto, incluindo a placa oficial instalada pelo governo polonês, mencionam que seriam apenas 100 árvores, ocupando uma área de apenas 3.000 m²), que crescem com uma curvatura de 90º em sua base, sendo que a absoluta maioria estão "entortadas" em direção ao Norte.

Conforme mencionamos anteriormente, a "Floresta Torta" consiste em aproximadamente 400 pinheiros (algumas fontes polonesas, no entanto, incluindo a placa oficial instalada pelo governo polonês, mencionam que seriam apenas 100 árvores, ocupando uma área de apenas 3.000 m²)
As árvores crescem com uma curvatura de 90º em sua base,
sendo que a absoluta maioria estão "entortadas" em direção ao Norte
Mais uma imagem mostrando as árvores "tortas" da Polônia
Placa oficial instalada pelo governo polônes indicando o local exato da "Floresta Torta"
Um detalhe interessante, no entanto, é que essa mesma floresta cresce cercada por inúmeras outras árvores que estão crescendo normalmente na vertical, sem nenhum tipo de curvatura, ou seja, é apenas uma pequena área específica em que o "fenômeno" está presente. Além disso, nem todas possuem uma curvatura exata de 90º, conforme muitos sites insistem em mostrar para vocês.

Algumas árvores não apresentam a curvatura de 90º na base, assim como podemos ver nessa árvore em primeiro plano na foto, onde somente uma parte do tronco é curvado em uma espécie de "bengala" ou "cajado"
Um detalhe interessante, no entanto, é que essa mesma floresta cresce cercada por inúmeras outras árvores que estão crescendo normalmente na vertical, sem nenhum tipo de curvatura, ou seja, é apenas uma pequena área específica em que o "fenômeno" está presente. Na foto é possível vermos algumas árvores ligeiramente tortas, mas sem apresentar a famosa curvatura de 90º
Nem todas possuem uma curvatura exata de 90º em sua base ou ao longo do tronco,
conforme muitos sites insistem em mostrar para vocês
Uma vertente da história aponta que as árvores tenham sido plantadas entre 1925 e 1928, porém uma outra versão menciona que as mesmas teriam sido plantadas entre 1930 e 1934, quando a região da Pomerânia (uma região histórica e geográfica situada no norte da Polônia e da Alemanha na costa sul do mar Báltico) ainda estava sob o domínio alemão.

Em um determinado ponto, ambas as versões paracem entrar em consenso, pois é amplamente mencionado que essa curvatura teria começando com as árvores tinham entre 7 a 10 anos de idade. Assim sendo, alguma coisa ou alguém provocou um grande dano, que acabou resultando no formato que vemos atualmente. Além disso, as árvores possuem em média cerca de 15 metros de altura, e extensão da parte curvada pode chegar a 2,7 metros em alguns casos.

Em um determinado ponto, ambas as versões paracem entrar em consenso, pois é amplamente mencionado que essa curvatura teria começando com as árvores tinham entre 7 a 10 anos de idade.
Algumas fotos tiradas no período de inverno ou sob forte nevoeiro
deixam o aspecto da "Floresta Torta" bem mais sombrio
Algo muito pouco mencionado, é que essas árvores estranhamente curvadas existem em outras partes do mundo, mas não tão numerosas e dispostas de uma forma tão organizada quanto na Polônia. Caso um dia você visite o país e tenha interesse em visitar esse local, no noroeste do país, pode fazê-lo a qualquer momento, visto que não há nenhuma restrição de acesso.

Vocês podem ter uma noção de como é essa floresta, através de vídeo publicado por um casal de poloneses, que viajaram até essa localidade, e que foi publicado no YouTube (em polonês, com legendas em inglês, mas vale muito a pena assistir):



Entretanto, o ideal é que essa floresta seja visitada durante a primavera (no Hemisfério Norte, ou seja, entre 21 de março e 20 de junho), evitando assim se deparar com os pinheiros cobertos de neve, e as gélidas temperaturas da região.

As Hipóteses que Permeiam o Imaginário Popular e dos Cientistas


Infelizmente, é apenas isso que existe disponível para ser comentado sobre a "Floresta Torta", visto que até mesmo a absoluta maioria dos sites poloneses repetem essas mesmas informações que acabamos de dizer para vocês. Logo, nos resta apenas mencionar as "teorias", que irei chamar apenas de hipóteses, de como as árvores poderiam ter chegado ao ponto de ter esse formato curvado. A primeira delas seria praticamente "natural", e não tem muito mistério, muito embora seja improvável de ter realmente acontecido.

1. A Hipótese da Pressão Exercida Pelo Volume de Neve


Bem, algumas pessoas teorizam que um grande volume de neve poderia ter "achatado" as árvores por um longo período de tempo, enquanto eram apenas mudas. Esse fator combinado com um longo período de derretimento da neve durante a primavera, teria sido capaz de moldar permanentemente as árvores, se ainda houvesse uma espessa cama de neve sobre o troco, enquanto as árvores passassem por um repentino crescimento durante esse período. Ufa! Quantos elementos necessários para que isso acontecesse!

As imagens acima são meramente ilustativas e não refletem a "Floresta Torta" da Polônia. A foto da esquerda, por exemplo, foi tirada no Parque Nacional Banff, em Alberta, no Canadá. As imagens apenas ilustram o que algumas pessoas teorizam sobre um grande volume de neve, que poderia ter "achatado" as árvores polonesas por um longo período de tempo, enquanto eram apenas mudas
Entretanto, isso parece ser bem improvável de ter acontecido. Conforme mencionamos anteriormente, a "Floresta Torta"é cercada por pinheiros normais, ou seja, não há nenhuma anormalidade em seus troncos. Seria, portanto, muito incomum, que uma tempestade de neve afetasse apenas uma área específica de uma floresta, e não o restante dela. Afinal de contas, como explicar centenas de outras normais ao redor e apenas um "pequeno" conjunto de árvores tortas no meio delas?

2. A Hipótese dos Tanques Alemães na Segunda Guerra Mundial


Essa teoria é bem popular e menciona, que durante a invasão da Polônia, na Segunda Guerra Mundial, tanques alemães abriram caminho pela jovem floresta, aplainando as árvores de tal forma, que elas cresceram tortas. É impressionante imaginar as lagartas dos tanques "achatando" os troncos das árvores, que teriam sido plantadas há poucos anos, não é mesmo?

Essa teoria é bem popular e menciona, que durante a invasão da Polônia, na Segunda Guerra Mundial, tanques alemães abriram caminho pela jovem floresta, aplainando as árvores de tal forma, que elas cresceram tortas
Novamente, aqui reside um problema bem semelhante a primeira teoria: por que apenas uma pequena área foi afetada? Por mais que as datas pareçam de alguma forma com a invasão da Polônia por parte da Alemanha (dependendo da versão que você queira acreditar, lembrando que as árvores possuem uma idade estimada de aproximadamente 80 anos), soa improvável que tanques extremamente pesados deixariam os troncos apenas curvados. O mais provável é que as árvores fossem destruídas com a passagem desses tanques.

3. A Hipótese da Intervenção Humana Para a Fabricação de Móveis ou Meios de Transporte


A teoria mais aceita ultimamente, talvez seja a mais entediante delas, visto que ela propõe que essas curvaturas seriam o resultado da intervenção humana, ou seja, os próprios seres humanos que teriam feito com que as árvores ficassem daquele jeito. Isso poderia fazer sentido, porque as árvores são bem robustas.

Nesse caso, acredita-se que durante a década de 1930, os fazendeiros locais (ou carpinteiros) plantaram e manipularam as árvores com o objetivo de servirem como material de construção, como por exemplo, para a criação de móveis ou meios de transporte (tais como barcos, uma vez que a região fica próxima de rios e mares, e trenós, uma vez que tudo ao redor congela durante o inverno).

Nesse caso, acredita-se que durante a década de 1930, os fazendeiros locais (ou carpinteiros) plantaram e manipularam as árvores com o objetivo de servirem como material de construção, como por exemplo, para a criação de móveis ou meios de transporte
Para corroborar com essa teoria, ou seja, que havia uma técnica de plantio e dobra de árvores nesse sentido, existe o trecho de um artigo chamado "Wooden Vessel Ship Construction" ("Construção de uma Embarcação de Madeira", em português), e que pode ser lido no site da "Associação de História da Marinha e da Vida Marinha dos Estados Unidos" (NMLHA), onde consta a seguinte passagem:
"Os carvalhos das regiões do Norte da Europa eram bons para o desenvolvimento de pranchas longas e retas, mas o nodoso inglês 'hedgerow' era o melhor para a obtenção das madeiras curvadas naturais usadas para fortalecer o navio internamente. As árvores foram até mesmo deliberadamente dobradas em certos formatos, para que 'crescesse' um conjunto necessário de madeiras curvas. Estas madeiras curvadas eram conhecidas como madeiras de 'bússola'."
Exemplos de cortes curvos de madeira, utilizados no reforço interno de embarções,
principalmente de pequeno e médio porte
Conforme vocês podem perceber a utilização de madeira obtida a partir de troncos "naturalmente" ou "intencionalmente" tortos ou curvos, são úteis na construção de embarcações. Vale ressaltar que a "Floresta Torta" da Polônia não se encontra muito longe do mar.
A invasão da Polônia durante a Segunda Guerra Mundial teria provavelmente interrompido essa atividade, impedindo que os fazendeiros (ou carpinteiros) pudessem terminar o trabalho e, assim, deixando para trás essa floresta peculiar, que ainda vemos atualmente.

Vale ressaltar que as localidades vizinhas também foram devastadas durante a guerra, sendo que a vida só começou a voltar ao normal e os territórios serem novamente ocupados pela população por volta da década de 1970, quando uma nova usina de energia elétrica (a Estação de Dolna Odra) foi construída na região, que por sua vez fica ao lado da "Floresta Torta". Isso explicaria a razão pela qual nenhum dos habitantes locais faz a menor ideia do porque as árvores possuem esse estranho formato.

Vale ressaltar que as localidades vizinhas também foram devastadas durante a guerra, sendo que a vida só começou a voltar ao normal e os territórios serem novamente ocupados pela população por volta da década de 1970, quando uma nova usina de energia elétrica (a Estação de Dolna Odra, na imagem acima) foi construída na região, que aliás fica ao lado da "Floresta Torta"
Um blog chamado "TYWKIWDBI" ("Things You Wouldn't Know If We Didn't Blog Intermittently") chegou a postar a imagem de um trenó, que por sua vez teria sido enviada por um leitor, onde é possível ver uma estrutura curvada e natural de madeira, indicado que a mesma poderia ter sido obtida como "peça única", a partir de um processo semelhante aquele utilizado na "Floresta Torta", na Polônia. Bem interessante, não é mesmo?

Um blog chamado "TYWKIWDBI" ("Things You Wouldn't Know If We Didn't Blog Intermittently") chegou a postar a imagem de um trenó, que por sua vez teria sido enviada por um leitor, onde é possível ver uma estrutura curvada e natural de madeira, indicado que a mesma poderia ter sido obtida como "peça única"
Além disso, foi acrescentado que as árvores poderiam ter sido usadas na fabricação de móveis em um estilo arquitetônico e de design chamado de "Jugendstil", que teria sido bem popular nos países germânicos durante o final do século XIX, e princípio do século XX. Esse estilo era bem conhecido por apresentar numerosas características curvilíneas.

Outro detalhe interessante foi a postagem realizada pela responsável por um blog chamado "Garden History Girl", que ressaltou um comentário, de uma antiga postagem realizada pelo site "Discovery News" (que acabou mudando o nome para "Seeker"), onde um usuário chegou a mencionar que seu avô havia lhe ensinado a entortar as árvores, com a intenção de fazer as mudas crescerem no formato de "bengala". Apesar de não ter sido citada a finalidade, ficou bem claro a intervenção humana.

Além disso, foi acrescentado que as árvores poderiam ter sido usadas na fabricação de móveis em um estilo arquitetônico e de design chamado de "Jugendstil", que teria sido bem popular nos países germânicos durante o final do século XIX, e princípio do século XX. Esse estilo era bem conhecido por apresentar numerosas características curvilíneas.
Algo ainda mais ilustrativo viria na parte final dessa mesma postagem do blog "Garden History Girl", diante de uma foto publicada no site "Ancestry.com" onde é exibida a "Árvore Torcida de Shawnee", onde é possível ler o seguinte trecho abaixo:

"Em um momento de inspiração, dois homens da cidade de Shawnee (Frank Witherspoon e Gule Rinneger), iniciaram essa experiência em 1910 com dois olmos. Frank Witherspoon, o construtor da casa, e Gule Rinneger, o engenheiro da fábrica de gelo de Frank, em Shawnee, foram até as margens do rio North Canadian e desenterraram dois jovens olmos. Ambos foram trazidos de volta a Shawnee em uma carroça puxada por um cavalo.

Algo ainda mais ilustrativo viria na parte final dessa mesma postagem, diante de uma foto publicada no site "Ancestry.com",
onde é exibida a "Árvore Torcida de Shawnee". As mulheres que aparecem na foto não foram identificadas.
Frank Witherspoon decidiu que formaria um arco com as duas árvores, entrelaçando-as. Testemunhas disseram que Frank tinha 1,80m de altura, e que ele amarrou as duas juntas tão alto quanto conseguiu alcançar. Cordas e panos foram usadas na amarração. Apesar da jovem vizinhança insistir em cortas as cordas, Frank Witherspoon ganhou sua luta contra o processo normal da natureza, que tende a verticalidade das árvores. As árvores do "amor" cresceram mais próximas e cada vez mais unidas conforme os anos se passaram. Na verdade, estavam tão próximas que os especialistas disseram que se as cascas fossem raspadas, poderiam realmente se tornar uma só. Com o passar dos anos anos, o peso fez com que o casal se dobrasse. A metade sul do par cresceu de forma densa, se tornando mais torta, e puxou seu vizinho do norte para baixo, até seu próprio nível..."

Com o tempo essas árvores ganharam fama, e as fotos acabaram sendo replicadas localmente, em livros e boletins, sendo visitada por muitos populares, tal como por essas duas jovens que aparecem na foto em questão. A parte interessante é que isso aparentemente foi bem simples de ser feito e de forma aleatória no início do século XX, e bem antes da existência da "Floresta Torta" polonesa. Se repararem bem, é possível notar que uma das árvores possui uma curvatura bem semelhante aquelas encontradas na Polônia, o que denota fortemente, mais uma vez, uma mera intervenção humana.

4. A Hipótese da Mutação Genética 


Conforme vocês podem notar, o caso relacionado a "Floresta Torta" da Polônia continua sendo um tema bem popularm mesmo com o passar de todos esses anos. Uma prova disso é que recentemente, mais precisamente no dia 31 de março desse ano, o site do jornal "The New York Times" publicou um artigo justamente sobre essa floresta.

Para tentar responder a essa pergunta, ou seja, como as árvores polonesas teriam chegado naquele formato, eles consultaram o Dr. Bill Remphrey, um cientista aposentado da Universidade de Manitoba, no Canadá, que descobriu, no passado, uma mutação genética responsável por entortar os troncos e galhos de árvores chamadas de "aspen" (alguns sites apontam como "álamo-trémulo") resultando em deformações variadas. Será que o mesmo poderia ser aplicado as árvores polonesas?

Para tentar responder a essa pergunta, ou seja, como as árvores polonesas teriam chegado naquele formato, eles consultaram o Dr. Bill Remphrey, um cientista aposentado da Universidade de Manitoba, no Canadá, que descobriu, no passado, uma mutação genética responsável por entortar os troncos e galhos de árvores chamadas de "aspen", resultando em deformações variadas
Bem, muito provavelmente não. Segundo o Dr. Bill Remphrey, se a causa da "Floresta Torta" da Polônia fosse genética, era de se esperar que as curvas continuassem além da base, assim como ocorreram nos álamos estudados. Contudo, considerando o formato em que as mesmas continuam até hoje, algo ambiental provavelmente teria ocasionado essa curvatura.

O "The New York Times" também chegou a lembrar que os índios norte-americanos dobravam as árvores, no formato de símbolos, que eles usavam para se orientarem e se comunicarem na floresta. Contudo, essas árvores não são encontradas em grande número. As mesmas são basicamente isoladas, e não se encontram necessariamente em solo europeu.

O "The New York Times" também chegou a lembrar que os índios norte-americanos dobravam as árvores, no formato de símbolos, que eles usavam para se orientarem e se comunicarem na floresta. A foto acima é um exemplo disso.
Outra foto atribuída a manipulação de supostos nativos norte-americanos
Mais uma foto atribuída a manipulação de supostos nativos norte-americanos
"Uma vez que existem tantas árvores nesse formato, eu teria cautela em concluir que isso seja causado por intervenção humana, ainda que essa seja uma clara possibilidade. O que encontrei em relação ao álamo-trêmulo é que, mesmo depois de ter sido capaz de explicar com embasamento científico, muitas pessoas não acreditaram na explicação, e mantiveram suas teorias descabidas", disse o Dr. Bill Remphrey, por email. Ainda segundo ele, não há nenhuma explicação da razão pela qual as árvores polonesas apontam para o norte, mas ele especulou que fosse coincidência.

Na verdade, a pesquisa do Dr. Bill Remphrey está baseada no chamado "Crooked Bush" ("Bosque Torto", em português), um bosque de árvores da espécie "Populus tremuloides" ("aspen" ou "álamo-trêmulo") localizado na província de Saskatchewan, no Canadá. O local está a aproximadamente 20km a noroeste da cidade de Hafford e apenas 5km a sudoeste da comunidade de Alticane.

Na verdade, a pesquisa do Dr. Bill Remphrey está baseada na chamada "Crooked Bush", um bosque de árvores da espécie "Populus tremuloides" ("aspen" ou "álamo-trêmulo") localizado na província de Saskatchewan, no Canadá
Imagem do Google Maps mostrando a localização do "Crooked Bush"
A questão é que essas árvores eram proeminentes no folclore dos nativos que habitavam a região de Saskatchewan e, assim que foram descobertas, por volta da década de 1940, atraíram a atenção de inúmeros turistas.

Essas árvores eram proeminentes no folclore dos nativos que habitavam a região de Saskatchewan e, assim que foram descobertas, por volta da década de 1940, atraíram a atenção de inúmeros turistas
Outra foto mostrando o "Bosque Torto" de Saskatchewan, no Canadá
Mais uma foto mostrando o "Bosque Torto" de Saskatchewan, no Canadá
Por anos, os moradores locais especularam a razão pela qual as árvores cresciam "tortas", e fizeram isso a partir das mais diversas teorias: contaminação do solo, meteorito, maldições e diversas outras hipóteses paranormais. Até que veio a ciência e demonstrou que existe uma mutação genética envolvida em toda essa história. Apesar de ninguém ter feito nenhum teste nesse sentido em relação as árvores polonesas, vale lembrar que essa hipótese nem de longe é uma das mais fortes.

5. A Hipótese do Eventual Pouso de um "OVNI", Queda de Meteorito, ou "Puxão Gravitacional"


Conforme mencionamos no começo dessa postagem, uma vez que ninguém tem a confirmação exata da razão pela qual essas árvores foram "entortadas", por assim dizer, as mais bizarras teorias começaram a surgir ao longo do tempo. Há quem diga, por exemplo, que as árvores entortaram logo após o pouso de um "OVNI" (no sentido explícito de ser uma "espaçonave extraterrestre").

Entretanto, é muito importante ressaltar que não existe nenhum texto escrito ou testemunha, que tenha vivido entre 1925 a 1945, que possa indicar a origem exata da "Floresta Torta" e muito menos que um "disco voador" tenha pousado no local. A área é bem remota, a localidade não é conhecida por casos de avistamentos de objetos anômalos no céu, e ficou praticamente abandonada por décadas.

Há quem diga, por exemplo, que as árvores entortaram logo após o pouso de um "OVNI" (no sentido explícito de ser uma "espaçonave extraterrestre") ou após a queda de um meteorito
Já outras pessoas acreditam, que "flutuações nas forças gravitacionais" ou um "puxão gravitacional", que tivesse ocorrido uma única vez na região, poderiam ser os responsáveis pela curvaturas, mas não há nada que possa apoiar essa teoria. Vale lembrar nesse ponto, que força da gravidade puxa os objetos para baixo, não para os lados. Uma terceira possibilidade, e igualmente improvável, seria a queda de um meteorito, mas provavelmente teria havido um incêndio e o estrago teria sido bem maior. Aliás, não há nenhum indício que isso tenha acontecido.

Qual a Hipótese Mais Provável Para Explicar a "Floresta Torta" da Polônia?


Bem, conforme vocês puderam notar, a hipótese mais plausível até hoje é realmente a da intervenção humana para a fabricação de móveis ou meios de transporte. Porém, esse é um "mistério bem clássico", em que não há muito interesse das autoridades locais para que seja resolvido, uma vez que isso fomenta o turismo. As árvores são teoricamente protegidas pelo governo, uma espécie de patrimônio nacional, e não há nenhuma análise mais aprofundada sobre a genética das mesmas ou um estudo histórico mais robusto, que possa nos fornecer pistas mais sólidas sobre o que ou quem realmente fez isso e para qual finalidade. O que temos é uma forte e plausível hipótese, visto que árvores semelhantes também são encontradas em outros lugares do mundo, tais como em diversas áreas florestais da Rússia.

Apesar da paisagem pitoresca e ao mesmo tempo sombria, a "Floresta Torta" por si só, não consegue responder com precisão o que aconteceu em um passado ainda mais assustador devido a Segunda Guerra Mundial. Talvez, algum dia, alguém se disponha ou receba permissão para realmente estudar esse pequeno conjunto de árvores, mas é difícil, visto que, assim como o Dr. Bill Remphrey mencionou, as pessoas provavelmente continuarão acreditando em um eventual misticismo das árvores, mesmo que os grandes mestres por trás delas tenham sido nós mesmos. Se até hoje algumas pessoas acreditam que a Terra seja plana, não é difícil de imaginar que algumas outras acreditem que essas árvores serão eternamente inexplicáveis.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://thehigherlearning.com/2014/06/22/the-coolest-places-on-earth-the-crooked-forest-poland-pictures/
http://tywkiwdbi.blogspot.com.br/2011/05/crooked-forest-of-gryfino-poland.html
http://www.boredpanda.com/crooked-forest-krzywy-las-kilian-schonberger-poland/
http://www.core77.com/posts/27263/Polands-Forgotten-Crooked-Forest-What-Were-They-Going-to-Build-With-These-Strange-Trees
http://www.gardenhistorygirl.com/2011/08/crooked-forests.html
http://www.gryfino.pl/WrotaGryfina/chapter_56734.asp
http://www.iflscience.com/environment/what-could-have-caused-polands-crooked-forest/
http://www.rootsweb.ancestry.com/~okpcgc/photo_album/shawnees_twisted_trees.html
https://en.wikipedia.org/wiki/Dolna_Odra_Power_Station
https://en.wikipedia.org/wiki/Nowe_Czarnowo
https://web.archive.org/web/20160506211205/http://home.cc.umanitoba.ca/~remphre/crooked.shtml
https://www.nytimes.com/2017/03/31/science/crooked-forest-poland-theories.html

O "Fantasma" de uma Menininha Teria Sido Registrado por uma Câmera de Monitoramento Florestal em Cambridge, nos Estados Unidos?

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Por Marco Faustino

Alguém estava sentindo falta de um caso relacionado a um suposto "fantasma"? A última vez que fiz uma postagem relacionada a um caso supostamente "fantasmagórico" foi no dia 22 de abril desse ano. Na época, comentei sobre o registro em vídeo de um suposto "fantasma" de um homem subindo uma escadaria em uma mansão do século XVII, considerada "mal-assombrada", na Ingleterra, e que estava dando o que falar na Terra da Rainha. Daquela vez não tivemos o envolvimento direto de nenhuma agência de notícias britânica ou europeia de reputação questionável, e nem mesmo a participação direta de um tabloide, que pudesse distorcer as informações publicadas. Isso não queria dizer, no entanto, que o registro tivesse sido verdadeiro, uma vez que o mesmo foi obtido por um grupo de investigação paranormal, que por sua vez possui um programa em um canal de TV no Reino Unido. Considerando que um programa destinado a investigação paranormal precisa, que "coisas supostamente paranormais" aconteçam para manter a audiência, e a permanência na grade de programação, era extremamente recomendável que vocês acompanhessem aquela postagem com cautela. Lembro que praticamente destrinchei aquele caso para vocês, mostrando exatamente quem poderia ser o suposto "fantasma", e também a razão pela qual a Wentworth Woodhouse (a tal mansão "mal-assombrada") tinha recebido uma espécie de "destaque especial" em relação ao caso. Vale muito a pena vocês conferirem (leia mais: O "Fantasma de um Homem" Subindo uma Escadaria Apareceu em uma Mansão "Mal-Assombrada" do Século XVII, na Inglaterra?).

Recentemente, surgiu uma suposta "foto de fantasma", que foi obtida através de uma câmera de monitoramento florestal, na cidade de Cambridge, no estado norte-americano de Nova York, que estava começando lentamente a movimentar a mídia local. A imagem mostrava o que alguns estavam acreditando, que fosse o "fantasma" de uma garotinha, que teria sido fotografado por essa câmera em questão, em um cruzamento de duas rodovias nos arredores da referida cidade. Uma vez que nunca pretendi e nunca enganei vocês, seria justo dizer que esse caso teve apenas uma modesta, bem modesta mesmo, viralização em meados de abril desse ano, e somente agora estava recebendo um maior destaque de emissoras de TV locais, que estavam fazendo "de tudo para tentar solucionar o mistério" por trás da foto. Para me ajudar nessa jornada, contarei com uma ajuda muito especial de praticamente um especialista nessa área de desvendar fotos que circulam pela internet. Assim sendo, ao longo da postagem, vocês vão poder conferir exatamente o que vinha sendo mencionado pela mídia norte-americana, a possível e mais provável hipótese que explicaria todo esse "mistério", e seu respectivo desfecho! Vamos saber mais sobre esse assunto?

Como Esse Caso Estava Sendo Divulgado pela Mídia Norte-Americana?


Iniciaremos mais esse caso de suposto "fantasma", diante da repercussão (embora bem modesta), que isso vinha tendo na mídia norte-americana, basicamente destacando o que vinha sendo mencionado pelo canal "NEWS10 ABC", que por sua vez é formado pelas emissoras WTEN e WXXA, no estado norte-americano de Nova York. Essa cobertura começou no dia 1º de maio, quando o mesmo realizou uma reportagem, e a publicou em seu respectivo site na internet, intitulada: "Mysterious picture spurring questions in Cambridge" ("Imagem Misteriosa Provoca Questionamentos em Cambridge", em português). Vocês podem conferir essa reportagem através de um canal de terceiros, no YouTube (em inglês, mas iremos comentá-la a seguir):



O texto mencionava que a imagem misteriosa de uma menininha em uma área florestal, próxima a cidade de Cambridge, estava fazendo com que muitos moradores locais questionassem quem ela era e de onde ela teria vindo. Os proprietários do terreno apenas desejavam encontrar a família da menina, mas toda a cidade estava comentando o caso. Seria apenas uma criança perdida na floresta ou algo sobrenatural? Os moradores de Cambridge tinham as mais diversas opiniões sobre o caso.

O texto mencionava que a imagem misteriosa de uma menininha em uma área florestal, próxima a cidade de Cambridge, estava fazendo com que muitos moradores locais questionassem quem ela era e de onde ela teria vindo
"Acredito que seja um fantasma", disse uma moradora local, que ao ser questionada sobre o motivo, respondeu "Olhe para isso. Definitivamente, é um espírito", completou.

"Acredito que seja apenas uma garotinha brincando na floresta. Não acho que seja um fantasma", disse uma outra moradora.

"Não sei, é meio difícil acreditar no que você vê nas redes sociais hoje em dia", disse mais uma moradora.

Os moradores da cidade de Cambridge tinham as mais diversas opiniões sobre o caso
A foto em questão teria sido obtida através de uma câmera de monitoramento florestal (cujo termo em inglês é "trail cam"), nas proximidades da Rota 74, na cidade de Cambridge. Segundo o canal "NEWS10 ABC", a cidade inteira estava comentando sobre o assunto (iremos descobrir no decorrer dessa postagem, que essa não era bem a realidade da história). Eles só esqueceram de mencionar que, de acordo com o último censo realizado em 2014, a cidade contava com pouco mais de 1.800 habitantes.

Também foi mencionado que George Bell, chefe do Departamento de Polícia de Cambridge-Greenwich, que há 19 anos ocupa eesse mesmo cargo, nunca tinha visto algo parecido com isso, e que nunca tinha visto nenhum fantasma rondando as áreas florestais da região. Curiosamente, foi mencionado, que os novos proprietários tinham acabado de comprar esse terreno, com o objetivo de utilizá-lo como área de caça.

Também foi mencionado que George Bell, chefe do Departamento de Polícia de Cambridge-Greenwich, que há 19 anos ocupa esse mesmo cargo, nunca tinha visto algo parecido com isso, e que nunca tinha visto nenhum fantasma rondando as áreas florestais da região
Curiosamente, foi mencionado, que os novos proprietários tinham acabado de comprar esse terreno,
com o objetivo de utilizá-lo como área de caça
De acordo com George Bell, eles tinham posicionado e configurado as câmeras para terem certeza que os moradores locais não passariam por esses pontos. Então, em um determinado momento, eles teriam visto essa menina nas imagens. A reportagem deixou bem claro que o George Bell havia confirmado que a imagem era verdadeira, e que os proprietários simplesmente queriam informar a família da menina. Contudo, após semanas sem ninguém vir a público, o imaginário popular havia entrado em cena.

A reportagem deixou bem claro que o George Bell havia confirmado que a imagem era verdadeira, e que os proprietários simplesmente queriam informar a família da menina. Contudo, após semanas sem ninguém vir a público, o imaginário popular havia entrado em cena
"Não sei, tem algo assustador nessa cidade", disse um morador local, que prontamente acrescentou: "Eu diria que isso não tem como ser um fantasma, mas isso é o tipo de coisa que eu diria... Pois é, não sei."

"Não sei, tem algo assustador nessa cidade", disse um morador local
A polícia de Cambridge disse que ainda estavam tentando identificar a menina da foto, então caso as pessoas soubessem de alguma coisa, o ideal é que entrassem em contato diretamente com o departamento de polícia.

No dia seguinte (2), a "NEWS10 ABC" explorou novamente esse caso. Em um reportagem intitulada "Paranormal expert wants to view actual footage after mysterious photo of girl captured in Cambridge" ("Investigadores paranormais querem ver as imagens verdadeiras após a foto misteriosa de uma menina ter sido registrada em Cambridge", em português). Vocês também podem conferir essa reportagem através de um canal de terceiros, no YouTube (em inglês, mas também iremos comentá-la a seguir):



Novamente, foi mencionado no texto, que a foto havia gerado centenas de comentários e compartilhamentos nas redes sociais, sendo que algumas pessoas mencionavam que poderia ser algo sobrenatural, e que toda a cidade estava comentando sobre o assunto. Porém, o caso tinha chegado ao conhecimento de "investigadores paranormais".

"Gostaríamos de dar uma olhada nas imagens reais, que foram originadas a partir dessa câmera. Existem diversas localidades históricas, e nós registramos muitas coisas nesses lugares", disse Tania Woodward, presidente do Grupo de Pesquisa Paranormal Greenwich, acrescentando que a imagem por si só, não fornecia muita informação útil, e admitindo que imagens extraídas de câmeras de monitoramento florestal não registravam as melhores imagens possíveis.

"Gostaríamos de dar uma olhada nas imagens reais, que foram originadas a partir dessa câmera. Existem diversas localidades históricas, e nós registramos muitas coisas nesses lugares", disse Tania Woodward, presidente do Grupo de Pesquisa Paranormal Greenwich
Tania disse que gostaria de ter permissão para visitar a propriedade com sua equipe para determinar se havia alguma eventual atividade paranormal ou para ver se era realmente uma criança de verdade, que tinha sido flagrada pela câmera de monitoramento. Disse ainda, que tinha inúmeras perguntas para o proprietário, que por sua vez preferia se manter no anonimato, alegando ser uma "questão de privacidade".

"Quais são as crianças que moram por perto? Eles têm filhos? Qual o horário que a foto foi tirada? Onde a câmera foi colocada? Podemos dar uma olhada para ver o que está acontecendo e fazer uma pesquisa na região?", questionou Tania Woodward, acrescentando que a atividade paranormal na região, principalmente mais ao norte, era bem comum.

"Quais são as crianças que moram por perto? Eles têm filhos? Qual o horário que a foto foi tirada? Onde a câmera foi colocada? Podemos dar uma olhada para ver o que está acontecendo e fazer uma pesquisa na região?", questionou Tania Woodward
A polícia disse que, desde que a história começou a ser divulgada, eles receberam inúmeras ligações e emails sobre a foto. Diversas pessoas teriam sugerido que, conforme mencionava uma lenda local, uma menininha havia sido atingida e morta por um trem que costumava cruzar a região. Por outro lado, Tania Woodward acreditava que todo esse interesse era motivado pelos diversos programas do gênero que passam na televisão.

Começando a Mostrar a Realidade Por Trás de Toda Essa História, que Ninguém Fez Nenhuma Questão de Mostrar


Desde o começo, toda essa história era completamente fantasiosa e vou explicar vocês exatamente o porquê. Bem, essa história não começou a repercutir agora, mas no dia 12 de abril, através da página do "The Greenwich Journal and Salem Press", no Facebook, que é um dos mais antigos jornais que continuam sendo impressos nos Estados Unidos. Confira a postagem abaixo:

Postagem realizada pela página do "The Greenwich Journal and Salem Press", no Facebook, que é um dos mais antigos jornais que continuam sendo impressos nos Estados Unidos
Essa postagem contava com o seguinte texto: "Estamos pedindo a sua ajuda....
 
"Um leitor me pediu ajuda. Eles me alertaram sobre essa foto, que foi tirada por uma câmera de monitoramento florestal, próxima do cruzamento entre a Estrada Cambridge Center e a Rota 74, onde se encontram os trilhos da linha férrea. Essa câmera se encontra em um local, onde geralmente não é frequentado por ninguém, exceto pelos animais selvagens, mas a foto acabou surgindo na primeira semana de março. A menina aparece somente em um único frame e então desaparece. Houve uma série de teorias sobre quem ela é, e o que estava fazendo ali, mas tudo acabou sendo em vão. Agora, estamos pedindo a sua ajuda. Você conhece essa menina? Ela é uma moradora local? A foto está embaçada e tivemos dificuldade em vê-la, até que abríssemos a foto no computador.

Por favor, sinta-se à vontade para comentar e compartilhar."

Conforme vocês podem notar, a imagem foi compartilhada localmente mais de 1.000 vezes, mas ainda assim, em um período de duas semanas, aparentemente ninguém sabia dizer quem era a menina em questão. Apesar desse número de compartilhamentos aparentar ser expressivo, isso é praticamente nada em termos de viralização em redes sociais. Por outro lado, se fôssemos somar as populações das cidades de Cambridge e Greenwich, teríamos cerca de apenas 6.000 habitantes no total. Resumindo, era altamente improvável, que um dos jornais mais antigos do país, e com uma repercussão local de mais de 1.000 compartilhamentos, não encontrasse uma resposta para o "mistério". De qualquer forma, era nos comentários que residiam as melhores informações sobre o caso.

Alguns comentários realizados no dia 12 de abril na página do "The Greenwich Journal and Salem Press", no Facebook
Nos comentários acima, podemos ter uma ideia de como essa informação foi moldada pelo canal "NEWS10 ABC", visto que vocês vão reconhecer alguns detalhes que já mencionamos anteriormente.

No primeiro comentário é possível perceber que o autor da postagem respondeu ao leitor, que a imagem em questão havia sido realmente obtida a partir da câmera de monitoramento florestal, porém o autor simplesmente editou a imagem (cortando a parte inferior da mesma) para retirar o nome de quem a enviou. No segundo, um leitor comentou, que uma menina havia morrido após ter sido atingida por um trem na década de 1960, bem próximo da propriedade em questão. Já no terceiro é possível notar que a Tania Woodward, presidente do Grupo de Pesquisa Paranormal Greenwich, ofereceu ajuda para tentar solucionar o caso.

Entretanto, a melhor parte estaria por vir, com a revelação sobre quem pertencia a suposta câmera em questão. Confira mais alguns comentários, visto que, em seguida, comentaremos sobre eles:

Mais alguns comentários realizados no dia 12 de abril na página do "The Greenwich Journal and Salem Press", no Facebook
No primeiro comentário, a leitora Veronica Waldron-Atwell deu o seguinte testemunho: "Estávamos viajando em direção ao sul na Rota 74, no domingo passado. Estávamos dirigindo pela estrada Cambridge Center, virando a direita na estrada Whiteside. Vimos duas crianças brincando. Era um menino e uma menina. Passamos bem rapidamente. Notei que não havia mais ninguém com eles no local. Comentamos entre a gente, esperando que eles não caíssem dentro do rio. Por ser uma mãe, aquela situação parecia ser estranha, mas tinha me esquecido disso até ver essa postagem. Essa menina aparenta ter a mesma idade e aparência daquela que vimos no domingo. Acredito que a menina que vimos estava usando um casaco azul-claro."

Entretanto, a surpresa ficaria por conta da usuária "Eraina St. Gelais", que entrou nessa história dizendo que a imagem tinha sido obtida através da câmera do pai dela. Ela disse que a câmera tirava uma foto, toda vez que acontecia uma movimentação, e que a menina tinha aparecido uma única vez. Ela disse que perguntaram na vizinhança se alguém a conhecia, porém não obtiveram nenhum resultado positivo. Inicialmente, ela disse que a foto tinha sido tirada no dia 1º de março, por volta das 18h e com uma temperatura ambiente de -1ºC (no comentário está em fahrenheit, então converti para celsius). No entanto, ela posteriormente corrigiu essa informação dizendo que a foto tinha sido tirada nesse mesmo dia, as 17h44 e com uma temperatura ambiente de 2ºC. Ela ainda disse que tinha a foto original, mas que o nome na parte inferior havia sido removido, porque seus pais não queriam se expor publicamente na internet.

Eraina St. Gelais disse que a câmera tirava uma foto, toda vez que acontecia uma movimentação, e que a menina tinha aparecido uma única vez. Ela disse que perguntaram na vizinhança se alguém a conhecia, porém obtiveram nenhum resultado positivo
Nesse ponto é interessante ressaltar, que a usuária "Eraina St. Gelais" cursa "Ciências Forenses" na Faculdade Comunitária Hudson Valley, na cidade de Troy, em Nova York e, em seu perfil, era possível notar que ela aparentava gostar de assuntos "paranormais", e que tinha até mesmo o que parecia ser algumas sobrinhas ou afilhadas, com uma altura muito semelhante a da "menina fotografada" em questão.

Nesse ponto é interessante ressaltar, que a usuária "Eraina St. Gelais" cursa "Ciências Forenses" na Faculdade Comunitária Hudson Valley, na cidade de Troy, em Nova York e, em seu perfil, era possível notar que ela aparentava gostar de assuntos "paranormais", e que tinha até mesmo o que parecia ser algumas sobrinhas ou afilhadas, com uma altura muito semelhante a da "menina fotografada" em questão
Será que a Eraina teria manipulado digitalmente essa foto ou poderia ter sido apenas uma de suas sobrinhas ou afilhadas? Obviamente, diante de casos assim, com pouquíssimas informações disponíveis e imagens de baixa qualidade, é natural que seja questionada a veracidade do caso, não é mesmo?

A Realidade por Trás de Toda Essa História


Antes de contar a realidade para vocês sobre esse caso, sinto que é necessário mencionar alguns detalhes muito importantes sobre fotos de supostos "fantasmas", que são obtidas a partir de câmeras de monitoramento florestal. Para isso, eu conversei com o Janne Ahlberg, responsável pelo site chamado "HoaxEye", que é um dos melhores do mundo em revelar a verdade por trás de tantas fotos, que circulam atualmente na internet (convido fortemente para que vocês acessem o site dele). O motivo? Bem, o Janne é um dos principais responsáveis por revelar a verdade de fotos atribuídas a "Deep Weeb", de caráter horripilante, fantasmagóricas, históricas etc.

Um dos principais destaques do "HoaxEye"é uma foto muito famosa do suposto "fantasma" de uma menininha, que foi tirada próximo de um cervo, em meio a escuridão da noite, justamente a partir de uma câmera de monitoramento florestal. Observem a foto abaixo, provavelmente vocês vão conhecê-la de algum lugar:

Um dos principais destaques do "HoaxEye"é uma foto muito famosa do suposto "fantasma" de uma menininha, que foi tirada próximo de um cervo, em meio a escuridão da noite, justamente a partir de uma câmera de monitoramento florestal
De acordo com as informações do "HoaxEye", não há nada de paranormal sobre esta foto. Todos os links apontando para quaisquer artigos com essa imagem acima são tão somente clickbaits, ou seja, de pessoas que fazem você entrar no sites delas, e que lucram com a publicidade embutida que você acaba acessando e contribuindo sem saber. A fotografia nada mais é do que um trabalho artístico de um homem chamado William Harper, denominado "Runaway surveillance still 6". Vocês podem encontrar outras fotografias semelhantes e igualmente interessantes em seu próprio site.

Além disso, não é incomum surgirem casos estranhos na mídia, e que estejam relacionados a câmeras de monitoramento florestal. Já tivemos, por exemplo, o caso envolvendo um homem nu, que resolveu se exibir em frente a uma câmera da Estação Biológica Mountain Lake, no estado norte-americano da Virgínia, em outubro de 2016.

Já tivemos, por exemplo, o caso envolvendo um homem nu, que resolveu se exibir em frente a uma câmera da Estação Biológica Mountain Lake, no estado norte-americno da Virgínia, em outubro de 2016
Outro caso que chamou muito a atenção ocorreu cerca de um mês depois, quando populares foram flagrados vestidos de gorila em frente as câmeras de monitoramento florestal de um parque na cidade de Gardner, no estado norte-americano do Kansas.

Na época, havia sido relatado para o departamento de polícia local sobre a presença de um "leão da montanha". Naturalmente preocupados com esse relato, uma vez que algo semelhante já havia sido reportado no passado, os policiais foram dar uma olhada no que as câmeras tinham gravado. Para a surpresa deles, pessoas vestidas com roupas de animais posaram em frente as câmeras. Tudo não passava, é claro, de uma brincadeira.

Outro caso que chamou muito a atenção ocorreu cerca de um mês depois, quando populares foram flagrados vestidos de gorila em frente as câmeras de monitoramento florestal de um parque na cidade de Gardner, no estado norte-americano do Kansas
Durante minha conversa com o Janne Ahlberg, ele inicialmente também pensou que o suposto "fantasma" da menininha fizesse parte da obra de William Harper mas, assim como eu, não encontrou nenhuma referência. Ele ainda destacou que a foto tinha uma qualidade muito baixa, e havia sido recortada a "barra" (tal como é possível notar na foto do "gorila") contendo o nome, o horário, a data e a temperatura ambiente. Segundo ele, muito provavelmente o movimento ativou a câmera de monitoramento, o que explicava as regiões "embaçadas" da imagem. Contudo, diante de tantas farsas e tantas imagens que possuem uma explicação mundana, e que são obtidas a partir de tais câmeras, era muito improvável de ser um mero "fantasma". Seria necessário ter a foto original para que a mesma fosse analisada adequadamente.

Sinceramente, Janne foi muito solícito e simpático durante toda nossa conversa. Ele ainda me explicou que algumas câmeras de monitoramento desse tipo são programadas para tirar apenas uma única foto ou gravar um único vídeo, assim que algo ou alguém se movimenta, o que poderia explicar a única imagem que tínhamos disponível.

Durante a tarde de ontem, Janne também me chamou a atenção para uma notícia publicada pelo site de notícias "Upstate New York", no qual era mencionado que George Bell, chefe do Departamento de Polícia de Cambridge-Greenwich, havia recebido a ligação de um avô, dizendo que a menina que aparece na imagem era sua neta, que atualmente mora fora do estado de Nova York. Na época, no entanto, ele disse que estava caminhando nessa propriedade, enquanto a menina andava de quadriciclo. Curiosamente, pouco tempo depois, a página do "The Greenwich Journal and Salem Press", no Facebook, fez a seguinte atualização:

A mais recente publicação do "The Greenwich Journal and Salem Press", no Facebook
Conforme vocês podem notar, a página "The Greenwich Journal and Salem Press" repercutiu a mesma informação do site "Upstate New York", cuja fonte seria o próprio George Bell, chefe do Departamento de Polícia de Cambridge-Greenwich. Resumindo, teoricamente, o caso estaria solucionado. Não seria um fantasma, mas uma menina de carne e osso.

Para finalizar essa história, a "NEWS10 ABC" não poderia ficar de fora, é claro. Assim sendo, no final da tarde de ontem eles voltaram a publicar mais uma reportagem, dessa vez intitulada "Mysterious photo of little girl in Cambridge is not a spirit" ("Foto misteriosa de menininha em Cambridge não é um espírito", em português). Vocês podem conferir a reportagem em um canal de terceiros, no YouTube (em inglês):



O canal se lamentou ter que desapontar as pessoas ao dizer que a foto não se tratava de um fantasma, o que era bem previsível desde o começo. George Bell disse que tinha recebido ligações de diversos veículos nacionais de comunicação, e emails de médiuns alegando, que poderiam "ajudar o espírito da menininha a atravessar para o outro lado". Então, surgiu uma ligação - era o avô da menina.

"Não quero fornecer o nome até que possamos verificá-lo, mas é um empresário local, do sul do condado de Washington, que disse que na época que a foto foi tirada, ele e sua neta estavam andando em um quadriciclo", disse George Bell. A reportagem, no entanto, disse que as palavras corriam soltas em uma cidade pequena, e que eles descobriram que esse avô era Chic Wilson, o proprietário da estância de esqui (um resort) na Montanha Willard, na cidade de Greenwich.

Chic Wilson disse que não fazia ideia de que a foto estivesse causando tanto rebuliço até a última terça-feira (2), quando alguém colou uma cópia da foto na sua porta. Será mesmo? Será que mesmo após 2 meses, e mais de 1.000 compartilhamentos, e diante de cidades tão pequenas, Chic Wilson ou algum parente dele não tinha visto essa foto e reconhecido a menina? É difícil dizer até que ponto cada uma das pessoas envolvidas foi tão ingênua assim, em um mundo cada vez mais preenchido de textos distorcidos, além de fotos e vídeos falsos. De qualquer forma, caso encerrado.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://news10.com/2017/05/01/mysterious-picture-spurring-questions-in-cambridge/
http://news10.com/2017/05/02/paranormal-expert-wants-to-view-actual-footage-after-mysterious-photo-of-girl-captured-in-cambridge/
http://wharperphoto.com/section/310697-following-the-deer.html
http://www.kshb.com/news/local-news/gorillas-in-gardner-police-find-funny-photos-on-trail-cameras
http://www.newyorkupstate.com/adirondacks/2017/05/ghost_sighting_photo_of_mysterious_girl_in_upstate_ny_town_sparks_debate.html
https://motherboard.vice.com/en_us/article/wildife-camera-trap-shoots-rare-footage-of-naked-human
https://www.facebook.com/JournalPress/photos/a.129358047132270.23540.103579316376810/1294073433994053/?type=3
https://www.facebook.com/JournalPress/posts/1314490288619034
https://www.facebook.com/erainas311?fref=ufi&rc=p

Um "OVNI" Entrou em um Portal nos Céus do México? Outros em Formato de "Charuto" Apareceram na França, China e Austrália?

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Por Marco Faustino

Como não poderia deixar de faltar nessa semana, mais uma vez trazemos para vocês uma postagem sobre o tema relacionado ao fenômeno "OVNI". A última vez que escrevi sobre esse tema foi no dia 13 de abril, quando naquela ocasião comentei sobre um suposto "OVNI", que tinha sido registrado na cidade de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais. Tudo teria acontecido no mês anterior, mais precisamente no dia 12 de março, as 17h52 (horário inicialmente informado), quando um suposto "OVNI" foi filmado por um senhor chamado Geraldo Antonio Bruzinga, que habitualmente observava o céu diurno e noturno juntamente com sua filha, a Letícia, com apenas 11 anos de idade, no telhado de sua casa. Teria sido justamente a Letícia a responsável por avistar uma "luz brilhante no céu", que posteriormente veio acompanhada de uma outra "luz". Assim sendo, Letícia alertou seu pai, que foi rapidamente pegar o telescópio que possuem, para filmar o que consideraram como um "objeto voador não identificado".

Felizmente, Geraldo logrou êxito ao filmar pelo menos um dos objetos. Para complementar essa história, Marco Aurélio Leal, pertencente a G.E.P.U.S (Grupo de Estudos e Pesquisas Ufológicas de Sorocaba) foi pessoalmente conversar com Geraldo juntamente com alguns integrantes do grupo Fotrans (Fórum Permanente para Estudos de Fenômenos Transcendentes de Minas Gerais), de Belo Horizonte. O material teria sido enviado para três especialistas em análises de vídeo, além de especialistas mexicanos, e todos eles não conseguiram identificar o que o suposto "OVNI" poderia ser. Contudo, no decorrer da postagem, mostramos que o caso poderia ser bem mais mundano do que se imaginava (leia mais: Um "OVNI" Teria Sido Filmado em Plena Luz do Dia, no Céu de Belo Horizonte/MG? Um Outro Caso "Semelhante" Ocorreu em Israel?).

Recentemente, no entanto, recebemos inúmeras mensagens em nossa página no Facebook, emails e até mesmo um membro da nossa SSA (Sociedade Secreta dos AssombradOs) - um grupo fechado no próprio Facebook, no qual participam todos aqueles que gentilmente contribuem todo mês para que possamos sempre manter a qualidade do nosso canal no YouTube (saiba mais como participar ao clicar aqui) - questionou sobre a veracidade de um suposto "OVNI" esverdeado, que aparece em uma filmagem entrando e desaparecendo através de um portal. Assim como a absoluta maioria de vocês, o endereço para o vídeo era de uma postagem proveniente de página em tailandês, e que foi assistido milhões de vezes, assim como gerou dezenas de milhares de compartilhamentos. Esse é justamente um dos vídeos que iremos tentar desmistificar em nossa postagem. Já um outro vídeo vem viralizando nos últimos dias, ao alegar que um suposto "OVNI", de formato "cilíndrico e alongado", emitindo um intenso facho de luz teria sido flagrado na França, na Austrália e até mesmo na China. Agora, será que tudo isso é mesmo verdade? Será que existe alguma explicação bem mais mundana e definitiva sobre ambos os casos? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Um "OVNI" Foi Filmado Entrando e Desaparecendo Através de Portal nos Céus da Cidade de Sonora, no México?


Confesso que fiquei um pouco surpreso com a quantidade de pessoas que nos enviaram mensagens pedindo para que comentássemos sobre esse vídeo, que é bem curto diga-se de passagem e, em uma análise preliminar, denotava fortemente uma aparência de "CGI", ou seja, computação gráfica. Acredito que muitos podem estar conhecendo agora o blog AssombradO, assim como o canal no YouTube, e talvez não estejam acostumados a deixar de lado, quando algum vídeo assim começa a viralizar. Então, acredito que essa postagem seja mais dedicada a todos aqueles, que estão tendo esse primeiro contato com o imenso universo de vídeos virais, onde supostamente apareceriam "OVNIs", quando na verdade, a grande maioria é manipulação digital, mal-interpretado ou não há nenhum trabalho em tentar identificar, o que o "objeto" realmente possa ser. Porém, caso esteja nos acompanhando há algum tempo, a postagem talvez sirva como conhecimento adicional. Afinal de contas, conhecimento nunca é demais!

O primeiro ponto peculiar desse caso, é que a absoluta maioria das mensagens apontavam para um mesmo endereço: uma página no Facebook, em idioma tailandês. Confiram a imagem abaixo, que muito provavelmente é o mesmo local, a partir do qual vocês compartilharam o vídeo, em seus respectivos perfis, nessa rede social em questão:

Fato é que a absoluta maioria das mensagens apontavam para um mesmo endereço,
uma página no Facebook, no idioma tailandês
Apesar da página "Narurobloke" (น่ารู้รอบโลก) tentar se encaixar na categoria de "mídia/notícias", a mesma está muito longe disso. A página simplesmente é destinada a republicação de contéudos virais, assim como existem centenas de outras páginas, principalmente em tailandês, árabe e espanhol, que fazem tão somente isso. Se vocês traduzirem o que aparece na guia "Sobre" vão poder ler a seguinte frase: "Apresentando coisas interessantes ao redor do mundo". Nada além disso.

Esse nem é o maior problema. O complicado mesmo é não há nenhuma indicação de data, horário, local, quem filmou ou o que realmente aconteceu. Um vídeo totalmente aleatório. No entanto, mesmo assim muitos fizeram questão de compartilhá-lo. Basta ver os números que ele obteve até o presente momento: quase 18 milhões de visualizações, mais de 24.000 "likes" e mais de 30.000 compartilhamentos. É importante destacar nesse ponto, que não recomendo que você compartilhem vídeos assim, porque vocês acabam financiando todo um esquema muito maior. Mesmo que você não perceba isso, seu acesso vale dinheiro e, por mais que seja pouco, se torna muito dinheiro, quando algo assim se espalha para milhões de pessoas.

De qualquer forma, acompanhe o vídeo em questão, que pode ser assistido através de um canal de terceiros, no YouTube. Para vocês terem uma ideia, esse vídeo pertence a um usuário chamado "Alfred Sminow", que só tem 40 inscritos, e mais dois vídeos em sua conta com pouquíssimos acessos. Porém, essa publicação já rendeu mais de 140 mil visualizações desde o dia 11 de abril:



Diante da finalidade dessa página em tailandês, e da ausência de qualquer voz do autor da filmagem ou de pessoas ao seu redor, que pudesse indicar o idioma falado, e quiçá termos uma noção da região de onde o vídeo poderia ter vindo, tudo indicava que a página não era a responsável pelo vídeo, apenas estava republicando. Então, eis que começava a saga em busca de sabermos de onde o mesmo teria originalmente partido.

Voltando na linha do tempo, é possível perceber que usuários "carimbados", e que costumam propagar farsas, principalmente sobre o fenômeno "OVNI", já tinham publicado esse vídeo no passado recente. Como exemplo, podemos citar os hoaxers"UFO Today" (com mais de 140 mil visualizações), que já teve o canal suspenso em determinada ocasião pela divulgação de conteúdo falso e enganoso, e o "Secureteam10" (com mais de 570 mil visualizações).

Entretanto, ao consultar sites latino-americanos, a grande maioria apontava como fonte de vídeo, uma outra página no Facebook chamada "La Nota Prensa De Sonora", que também insiste em dizer que seria um veículo de mídia, mas não é bem isso. Ironicamente, o endereço do vídeo apontado pela página não tem nenhuma relação com o que apresentado. É um assunto totalmente diferente.

No entanto, ao consultar sites latino-americanos, a grande maioria apontava como fonte de vídeo, uma outra página no Facebook
chamada "La Nota Prensa De Sonora"
A postagem do "La Nota Prensa De Sonora" foi realizada entre os dias 10 e 11 de abril, sendo bem possível que o vídeo tenha sido copiado do usuário "Alfred Sminow", que até onde pesquisei, seria o mais antigo vídeo que cita a eventual data da filmagem: dia 3 de abril desse ano. A postagem do "La Nota Prensa De Sonora", no entanto, não menciona explicitamente que a gravação teria acontecido na cidade de Sonora, no México. Aliás, não seria de se estranhar que o vídeo fosse bem mais antigo, de meses ou anos atrás, visto que é comum haver um processo de "reciclagem" nesses casos.

De qualquer forma, nada indica que o vídeo seja autêntico, mas uma manipulação digital. Se vocês repararem, as árvores ao fundo aparecem muito desfocadas, porém o "objeto" possui uma definição e nitidez muito superior. A definição das árvores também não mudam, mesmo com uma aproximação ou diminuição do "zoom da câmera". Para ser bem sincero, o plano de fundo aparenta ser apenas uma mera foto, e todo o efeito trêmulo, assim como o "zoom", parece ter sido inserido posteriormente, incluindo a animação de um objeto entrando em um portal. Ainda que o plano de fundo fosse um vídeo, o resultado seria o mesmo. Tudo indica que o "objeto" foi inserido digitalmente.

Como se isso não bastasse, recentemente, alguns canais no YouTube, assim como páginas no Facebook e sites de notícias, tal como o Portal Terra, do México, começaram a apontar que o mesmo vídeo teria sido gravado na Tailândia, por volta do dia 24 de abril, ou seja, não faz nenhum sentido (assim como a referida página no Facebook, que muitos de vocês nos mandaram).

De qualquer forma, nada indica que o vídeo seja autêntico, mas uma manipulação digital. Se vocêa repararem, as árvores ao fundo aparecem muito desfocadas, enquanto o "objeto" possui uma definição e nitidez muito superior
Enfim, por mais que você não concorde, ainda existe todo um conjunto de fatores indicando que o vídeo seja uma farsa. Não há nome, horário, local exato dentro da suposta cidade (nem mesmo podemos afirmar que seja a cidade de Sonora no vídeo), quem fez o registro, nenhum outro vídeo ou testemunha ocular, que pudesse corroborar com o que é apresentado, e nenhuma fonte credível. Isso para não dizer sobre a péssima qualidade de gravação. O que temos apenas é a imagem do céu de algum ponto do planeta, o telhado de algumas casas e árvores embaçadas, nada além disso.

Hoje em dia é necessário que vocês fiquem muito atentos a esses detalhes, para não caírem em qualquer história ou vídeo que publicam por aí. Portanto, eu não teria receio algum de dizer que esse vídeo é manipulado digitalmente. Nada, absolutamente nada, indica que seja autêntico.

OVNIs em Formato de "Charuto" Teriam Sido Avistados na França, China e Austrália?


Enquanto o suposto "OVNI" anterior vem sendo amplamente compartilhado aqui no Brasil, um outro caso vem repercutindo e muito na mídia internacional, principalmente, é claro, como não podia deixar de ser, nos tabloides britânicos. Então, vou mostrar a vocês exatamente como o texto foi veiculado, usando como base o que foi publicado pelo Daily Mail (DM). Prestem bem atenção, pois é importante que você saibam como essas histórias acabam sendo disseminadas ao redor do mundo.

"Um novo vídeo misterioso surgiu na internet, no qual teóricos da conspiração acreditam que possa mostrar um OVNI nos céus da França. Um objeto incomum, em forma de charuto, que irradia feixes de luz, foi flagrado perto de Paris, e especialistas acreditam que se assemelha a objetos anteriormente vistos sobre a China e a Austrália. Não está claro o que seja esse objeto, e o responsável por divulgar o vídeo admitiu que poderia ser uma 'farsa'.

Um novo vídeo misterioso surgiu na internet, no qual teóricos da conspiração acreditam,
que possa mostrar um OVNI nos céus da França
A filmagem foi postada no YouTube, pelo Secureteam10, um canal conspiratório bem conhecido, que regularmente posta avistamentos de OVNIs. No vídeo, Tyler Glockner, responsável pelo canal, explicou que a filmagem foi enviada para ele através de e-mail, e que o remetente não tinha muita informação sobre a mesma, além do fato de ter sido gravado próximo a Paris, na semana anterior.



'Tentei procurar mais informações desde que recebi a filmagem, e não consegui encontrar uma cópia do vídeo original. Então, não sei, poderia ser uma farsa', disse Tyler Glockner.

'É sempre um sinal de alerta, quando um vídeo ou imagem de um OVNI vem de uma fonte anônima com pouca informação ou testemunho ocular. Nesse caso, é mencionado apenas que o vídeo é da França, o que não é muito útil', disse Nigel Watson, autor do livro 'Manual de Investigação de OVNIs', em entrevista para o Daily Mail.

Em um vídeo posterior, de 'atualização', o canal Secureteam10 fez comparações entre o avistamento de Paris, e avistamentos anteriores na China e na Austrália. Em 2010, um objeto similar, em formato de charuto, foi visto nos céus sobre um aeroporto na China, causando o fechamento do mesmo. Uma reportagem da ABC News afirmou que o estranho avistamento fez com que o aeroporto de Xiaoshan 'parasse de operar', em 7 de julho de 2010.



'Parece ser o mesmo OVNI. É inegável que seja exatamente a mesma nave ou alguma coisa parecida com isso", disse Tyler Glockner, referindo-se também a um avistamento anterior de um OVNI, sobre a Costa Dourada da Austrália, no início de 2014.

'Mais uma vez vemos o que parece ser um OVNI muito semelhante, pairando sobre a praia, em uma exibição misteriosa, que faz verdadeiramente os pelos do meu pescoço se eriçarem', continuou.

'Pelo menos com esses outros dois avistamentos de OVNI, estamos corroborando ainda mais com o avistamento em Paris. Estou definitivamente começando a acreditar que temos algo real, uma prova incontestável de OVNI aqui', completou. Porém, Nigel Watson não estava convencido sobre isso.

O teórico da conspiração também se referiu a um avistamento anterior de OVNI
sobre a Costa Dourada da Austrália, no início do ano de 2014
'O Secureteam10 relacionou a uma história de OVNI na China, em 2010, o que é um grande salto na imaginação para a maioria de nós, mas algo muito fácil para eles, que são obcecados por OVNIs, e que não se apoiam tão firmemente na realidade', disse Nigel Watson.

'Para mim, as imagens francesas parecem que foram filmadas através de uma janela, e estão refletindo as luzes dentro da sala. Uma vez que são apenas luzes, é difícil dizer sem maiores evidências. Quanto ao OVNI chinês de 2010, existem algumas explicações mundanas: alguns dizem que foi um avião particular ou o lançamento de um míssil DF-21 disparado no deserto de Gobi', completou."

Começando a Destrinchar Toda Essa História: Voltando um Pouco no Tempo Para Explicar o Caso que Teria Ocorrido na China


Convenientemente, o DailyMail omitiu quaisquer endereços virtuais que pudessem levar ao suposto caso que teria acontecido na China, mas não é tão descobrir assim o que foi publicado no passado. Assim sendo, em uma rápida pesquisa podemos encontrar uma notícia publicada no site "People's Daily Online", no dia 9 de julho de 2010, mencionando que um objeto voador não identificado teria interrompido o tráfego aéreo sobre Hangzhou, capital da província de Zhejiang, cerca de dois dias antes (7). O texto ainda dizia, que a informação partia do governo local.

Imagem do Google Maps mostrando a localização do Aeroporto Internacional de Xiaoshan (na imagem aparece como Aeroporto Internacional de Hangzhou)
Foto mostrando a áerea interna do Aeroporto Internacional de Xiaoshan
O "People's Daily Online" disse que, de acordo com um funcionário do Aeroporto Internacional de Xiaoshan, que não quis ser identificado, o aeroporto foi fechado depois que um "OVNI" foi detectado por volta das 21h, sendo que alguns voos que estavam chegando ao mesmo teriam sido redirecionados aos aeroportos das cidades de Ningbo e de Wuxi. Já os voos que partiam desse aeroporto teriam sofrido atrasos de 3 a 4h. Um membro da equipe no balcão de informações do aeroporto (que também não foi identificado) disse que eles não tinham "ideia" de quantos voos tinham sido afetados pelo fechamento. Posteriormente, o aeroporto retomou as operações, e mais detalhes seriam divulgados "em breve", após uma investigação.

Uma outra fonte não identificada, mas que segundo o "People's Daily Online" tinha "conhecimento do assunto", disse ao site de notícias, que as autoridades tinham descoberto que se tratava de um "OVNI", mas não era o momento apropriado para divulgar publicamente as informações, porque havia uma conexão militar, acrescentando que uma explicação oficial seria divulgada em breve.

Foto divulgada pelo site do jornal Metro Express e pelo site People's Daily Online para indicar o suposto "OVNI",
que teria provocado o fechamento do Aeroporto de Xiaoshan
Por volta das 23h do dia 7 de abril, um morador local teria escrito três mensagens em seu microblog no site "Sina.com" dizendo que o aeroporto estava fechado, mas as mensagens foram rapidamente apagadas. Essa pessoa teria pedido desculpas por volta da meia-noite, dizendo que a informação não havia sido confirmada, e pedindo para todos aqueles que a republicaram para que apagassem as respectivas mensagens. Ironicamente, o site "People's Daily Online" não mencionou qual seria esse blog e nenhum nome, no qual pudesse ser efetivamente confirmada a veracidade da história. É citado apenas como fonte, um jornal chinês chamado "Metro Express" e um outro chamado "China Daily".

Quem também embarcou nessa história foi o site da "ABC News", que no dia 14 de julho publicou uma notícia sobre esse caso, acrescentando informações adicionais. Inicialmente, a ABC News disse que uma aeronave, que estava prestes a pousar no Aeroporto Internacional de Xiaoshan, teria sido a primeira a detectar o objeto, por volta das 20h40, do dia 7 de julho de 2010, e notificado o controle de tráfego aéreo. No total, 18 voos teriam sido afetados e o aeroporto voltou a operar normalmente cerca de 1h depois. Confira o vídeo publicado pela ABC News, através de um canal de terceiros no DailyMotion (em inglês):



O texto ainda apontou algumas supostas declarações de usuários, que eles não citaram de onde essas declarações partiram, dizendo que o "OVNI" poderia ser um avião militar americano, mas outros acreditavam que os próprios militares chineses eram os responsáveis pelo tal "OVNI".

A ABC News também disse, que os moradores de Hangzhou teriam tirado diversas fotos de um objeto pairando no céu, "emitindo uma luz dourada e uma cauda semelhante a um cometa". Menos de um hora antes do aeroporto fechar, moradores também teriam visto um objeto voador emitindo raios luminosos nas cores vermelha e branca. Um morador local chamado "Ma Shijun" disse que estava passeando com sua esposa, quando viu o tal objeto.

A ABC News também disse, que os moradores de Hangzhou teriam tirado diversas fotos de um objeto pairando no céu, "emitindo uma luz dourada e uma cauda semelhante a um cometa"
Menos de um hora antes do aeroporto fechar, moradores também teriam visto um objeto voador
emitindo raios luminosos nas cores vermelha e branca
Mais uma foto apresentada pela ABC News,
como sendo o suposto "OVNI" do Aeroporto Internacional de Xiaoshan
"Senti um feixe de luz sobre a minha cabeça. Olhei para cima, e vi uma faixa de luz branca e brilhante voando pelo céu. Então, peguei a câmera e tirei a foto. O horário era 20h46. Contudo, se o objeto era um avião ou o 'OVNI' do Aeroporto de Xiaoshan, não tenho uma resposta clara", teria dito Ma Shijun, para a agência de notícias Xinhua. Ele foi apontando como o autor daquela primeira foto divulgada pelo site do jornal chinês "Metro Express", e republicada pelo "People's Daily Online".

Curiosamente, a ABC News tentou se resguardar ao dizer que as fotos tiradas por moradores de Hangzhou podiam não estar relacionadas ao "OVNI", que fechou o Aeroporto de Xiaoshan. Em relação a foto de "Ma Shijun", um homem chamado Zhu Jing, então curador do Planetário de Beijing, disse que o objeto se parecia tão somente com um avião com suas respectivas luzes estroboscópicas.

Infelizmente, é comum em muitos casos envolvendo avistamentos de supostos "OVNIs", que as pessoas e sites de notícias propaguem fotos e vídeos falsos ou que não reflitam exatamente o que aconteceu. Já em outros, as pessoas simplesmente divulgam uma foto manipulada digitalmente alegando que viram algo no céu, quando na verdade nunca existiu absolutamente nada (lembram daquele péssimo viral da "luz verde", aqui no Brasil?). Assim sendo, como se não bastasse, começaram a surgir vídeos na mídia chinesa mostrando o que teria sido o suposto "OVNI". Vocês podem conferir uma dessas reportagens através de um canal de terceiros, no YouTube (em chinês):



Contudo, o que é mostrado no vídeo acima denota fortemente ser apenas o lançamento de um foguete espacial ou um teste envolvendo um míssel balístico, nada além disso. Na realidade, a gravação não parece refletir o que teria acontecido no Aeroporto Internacional de Xiaoshan, principalmente se formos considerar os supostos relatos de moradores locais. Na época, surgiram até declarações de Ruan Zhouchang, porta-voz do referido aeroporto, que teria dito através de um intérprete: "Havia um objeto desconhecido, que foi avistado sobre o aeroporto. De acordo com nossos procedimentos, tivemos que fechar o espaço aéreo. As operações foram interrompidas das 20h45 até as 21h41." Porém, foram muitas informações desencontradas.

Talvez o "desfecho" desse caso tenha vindo na edição de novembro/dezembro de 2010, da revista "Skeptical Inquirer", onde foi informado que uma investigação oficial teria sido mesmo aberta por especialistas chineses em aviação sobre o incidente no Aeroporto Internacional de Xiaoshan. Eles teriam concluído que o objeto provavelmente era um "avião em procedimento de pouso, refletindo luz", que por sua vez, aparentemente, manteve esse procedimento por uma hora ou mais. Eles disseram que também poderia ter sido um "veículo voador inesperado", por mais que esse termo seja bem estranho. De qualquer forma, o objetivo de mostrar esse caso a vocês, era mostrar a realidade por trás das fotos que foram divulgadas sobre o caso, visto que elas estão sendo usadas para corroborar o vídeo do Secureteam10. É justamente sobre isso que vocês conferem a seguir.

A Realidade Por Trás das Fotos Relacionadas ao Suposto "OVNI" Chinês e Australiano, que Estão Sendo Utilizadas no Vídeo Publicado pelo Canal Secureteam10, no YouTube


Se alguém estava achando que as fotos anteriores refletiam verdadeiros "OVNIs" (no melhor sentido "extraterrestre" da expressão), e que todos eles podiam corroborar com o avistamento na França, bem sinto muito em desapontá-los, visto que a realidade é muito diferente do que o "Secureteam10" quis apontar em seus dois vídeos, que renderam pouco mais de 200.000 visualizações cada um. Nenhuma das três fotos possui qualquer relação com a China.

Nenhuma das três fotos possui qualquer relação com a China
A foto da esquerda está relacionada a um evento que ocorreu na Rússia, em 2008. A foto central e da direita foram postadas em abril de 2010, por um usuário chamado "greeneyedleo", no fórum de discussão chamado "Above Top Secret". Na época, o usuário disse que não era especialista em câmeras fotográficas, mas acreditava que eram fotos com longa exposição de helicópteros.

Para verdadeiramente corroborar com esse usuário, a foto da direita aparece na Wikipedia, com a seguinte descrição: "Helicópteros observando possíveis tumultos ou protestos após a eleição presidencial em Lille, na França. O helicóptero é equipado com um potente equipamento de luz, no qual é visto como se fosse uma linha, devido devido ao longo tempo de exposição dessa foto." Diga-se de passagem, a foto foi tirada pelo usuário "ChtiTux", no dia 6 de maio de 2007.

Para verdadeiramente corroborar com esse usuário, a foto da direita aparece na Wikipedia, com a seguinte descrição: "Helicópteros observando possíveis tumultos ou protestos após a eleição presidencial em Lille, na França. O helicóptero é equipado com um potente equipamento de luz, no qual é visto como se fosse uma linha, devido devido ao longo tempo de exposição dessa foto."
Isso quer dizer que todas essas três fotos seriam apenas helicópteros usados pela polícia ou até mesmo por militares? Exatamente isso. Não acredita? Confira então mais essas duas fotos publicadas no site de compartilhamento de imagens "Flick":

Foto publicada pelo usuário "Knoxley" no dia 4 de julho de 2007, mostrando o que acontecece quando a polícia flagra você soltando fogos, e diante do "obturador" da câmera aberto por poucos segundos
Foto publicada pelo usuário "Tony Lea" mostrando o feixe de luz de um helicóptero da polícia,
na região de Durham, Whitby, em Ontário, no Canadá
Algumas pessoas até podem alegar, que as fotos acima não possuem alguns pontos luminosos vermelhos acima do feixe luminoso, mas isso é facilmente explicado.

Na época, um usuário chamado "Zoucas", membro do Centro Brasileiro de Ufologia (CUB), cujo site não existe mais, fez um desenho para explicar como isso funcionava na prática, ou seja, como é tirar um foto com longa exposição de um helicóptero militar ou da polícia durante a noite, e que esteja com seu canhão de luz ativado, é claro. Confira logo abaixo:

Na época, um usuário chamado "Zoucas", membro do Centro Brasileiro de Ufologia (CUB), cujo site não existe mais, fez um desenho para explicar como isso funciona na prática, ou seja, como é tirar um foto com longa exposição de um helicóptero militar ou da polícia durante a noite, e que esteja com seu canhão de luz ativado, é claro
Interessante, não é mesmo? Também naquela mesma época, um homem chamado Bruce Maccabee, físico ótico norte-americano e diretor estadual da MUFON em Maryland, nos Estados Unidos, chegou a dizer em seu site, que a análise das fotografias, que estavam sendo apresentadas pela mídia naquele período eram consistentes com fotografias noturnas com longa exposição de um helicóptero que possuía um holofote (talvez um helicóptero da polícia perseguindo alguém). Isso não teria nenhuma relação do "OVNI", que teria provocado o fechamado do aeroporto (exceto se a perseguição estivesse acontecendo no espaço aéreo restrito). O palpite de Bruce era que diversas pessoas teriam visto o helicóptero, mas foram incapazes de compreender o que estava nos céus. Talvez, naquela época, helicópteros com tais equipamentos durante a noite não fossem tão comuns na região. Considerando a pouquíssima informação divulgada, era difícil cravar isso, mas muito provavelmente teria sido tão somente um helicóptero da polícia ou veículo militar da própria China.

Essa mesma situação se aplicaria ao suposto "OVNI" da Austrália e da França, ou seja, nada de extraterrestre ou realmente misterioso por aqui. Ah, quase ia me esquecendo. No caso da França, alguns ainda podem dizer que se trata de um vídeo, mas não é bem assim. É extremamente provável, que o "vídeo" nada mais seja do que uma sequência de fotos noturnas tiradas com longa exposição. Todos os demais efeitos, assim como o "tremido", teriam sido inseridos posteriormente para se parecer com um vídeo. Isso é algo muito comum e simples de fazer.

Essa mesma situação se aplicaria ao suposto "OVNI" da Austrália e da França,
ou seja, nada de extraterrestre ou realmente misterioso por aqui
Por fim, vale a pena ressaltar que o canal "Secureteam10"é um maiores dos hoaxers do YouTube, ao lado de canais como "Section 51", "UFO Today", entre tantos outros de uma longa lista. Não recomendo que vocês acreditem piamente em nada, que seja divulgado por esses canais ou de pessoas que utilizem vídeos deles para tentar convencer vocês, da existência de algo de sobrenatural ou extraterrestre por trás de uma imagem ou de vídeo. Sem dúvida alguma, não há boa intenção por trás disso, exceto a financeira.

Por falar nisso, não pense que o Tyler Glockner, responsável pelo canal "Secureteam10", estaria "explorando" unicamente o YouTube, muito pelo contrário. Mais de 2.200 pessoas doam dinheiro, por completa ingenuidade para ele, através de sua conta no Patreon. Isso resulta em, no mínimo, aproximadamente R$ 7.000 por mês, sendo que provavelmente esse valor deve ser cerca de 3 a 5 vezes maior que o mínimo apontado acima. Isso tudo para que ele continue propagando vídeos com conteúdos totalmente distorcidos ou manipulados digitalmente. A pior parte é que se for realmente feito um vídeo com o conteúdo dessa postagem, mostrando a realidade sobre os casos apresentados, provavelmente o mesmo vai monetizar menos que um lanche no McDonald's e ter cerca 8 vezes menos visualizações. Quem sabe um dia essa situação mude, não é mesmo?

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://abcnews.go.com/International/ufo-china-closes-airport-prompts-investigation/story?id=11159531
http://blogs.tn.com.ar/creeroreventar/2017/04/18/este_video_es_real_un_ovni_abre_un_portal_en_el_cielo_y_se_teletransporta/
http://en.people.cn/90001/90782/90872/7058628.html
http://forgetomori.com/2010/ufos/ufo-over-hangzhou-china-a-long-expos/
http://www.breitbart.com/national-security/2015/11/09/navy-launches-2nd-missile-off-west-coast/
http://www.csicop.org/si/show/hovering_ufo_closes_chinese_airport
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-4473502/Cigar-shaped-alien-spaceship-seen-Paris.html
http://www.fusionradio.mx/nota.cfm?id=30130
http://www.guruchuirer.com/informa.php?nc=6941
http://www.tvnotas.com.mx/noticias-noticias-mexico/objeto-volador-que-se-teletransporta-desata-el-terror-en-sonora
https://web.archive.org/web/20100725075700/http://www.brumac.8k.com/HangzhouPhotos2010/ChinesePhotosJul72010.html
https://www.facebook.com/RevistaDeNoticiasyMas/videos/619396554932255/
https://www.facebook.com/narurobloke/posts/911293389017940
https://www.flickr.com/photos/knoxley/3313598980
https://www.terra.com.mx/viral/captan-ovni-abriendo-puertas-a-otra-dimension-en-sonora-video,a4794beaedc3d0df1edf9cc96873d177dbbi1t8v.html

O Caso David Hahn: O Escoteiro Norte-Americano que Tentou Criar um "Reator Nuclear" no Quintal da Sua Própria Casa!

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Por Marco Faustino

Provavelmente, assuntos relacionados as bombas atômicas e a energia nuclear nunca saíram da mídia desde a Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos detonaram duas ogivas nucleares sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki. Foi a partir desse ponto, que o mundo realmente conheceu os perigos e os horrores provocados pela exposição à radiação. Desde então, no entanto, exércitos de inúmeros países nunca verdadeiramente chegaram a um consenso sobre a proliferação de tais armamentos. Aliás, nossa própria civilização apesar de conseguir manipular e fazer um uso benéfico em relação a equipamentos que utilizem materiais radioativos, tanto na medicina quanto na geração de energia considerada "limpa", continua totalmente perdida, quando ocorre uma explosão ou um grande vazamento nuclear. Basta ver o que aconteceu em Chernobyl, Fukushima, e em inúmeras cidades consideradas "secretas" do que atualmente é a Rússia. Isso sem considerar as centenas de testes nucleares desumanos e praticamente criminosos, que a União Soviética promoveu no Campo de Testes Nucleares de Semipalatinsk (SNTS), também conhecido como "O Polígono", no Cazaquistão, onde a União Soviética conduziu mais de 450 testes nucleares até que o campo fosse desativado em 1991. Entre eles, cerca de 111 testes nucleares foram aqueles considerados atmosféricos, assim como aqueles realizados na superfície da terra. Vale a pena conferir o material, que já fiz sobre esse último caso (leia mais: Os Horrores de Semipalatinsk: Os Soviéticos Esconderam um Desastre Nuclear no Cazaquistão Cerca de 4 Vezes Pior que Chernobyl?).

Agora, você já se imaginou construindo um reator nuclear? Quando se fala sobre esse tema, logo você pensa em homens ou mulheres com jalecos brancos, óculos e luvas de proteção, além de anos e anos de estudo e décadas de experiência, não é mesmo? Porém, você sabia que certo dia, um escoteiro norte-americano chamado David Hahn resolveu tentar construir um reator nuclear, no quintal de sua própria casa? Sua ideia e proposta surgiu meramente de um livro de ciências, que ele adorava ler e resultou em um incidente, no qual seu "laboratório" improvisado chegou a ter cerca de 1.000 vezes mais a dose considerada aceitável de radiação. Isso aconteceu no ano de 1994, quando um adolescente chamado David Hahn, 17 anos, tentou construir um reator regenerador nuclear caseiro. Ele conduziu experimentos, obviamente em segredo, em um galpão de jardinagem, no quintal da casa de sua mãe, em Commerce Township, no estado do Michigan. Por mais que seu reator nunca tenha atingido a massa crítica, ele atraiu a atenção da polícia local, ao ser abordado em relação a um outro problema ao encontrarem um determinal material em seu veículo. David, no entanto, alertou que o material era radioativo, e o local acabou tendo que sofrer uma descontaminação por parte da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, cerca de 10 meses depois. Será que ele conseguiria mesmo levar seus planos adiante, se não tivesse se metido em confusão com a polícia? Quais eram seus planos? Vamos saber mais sobre esse assunto?

A Divulgação do Caso David Hahn: O Artigo do Jornalista Ken Silverstein Para a Revista Harper's, em 1998


Por mais incrível que isso possa parecer, inicialmente o incidente não foi amplamente divulgado, e acabou tornando-se mais conhecido após um artigo publicado pelo jornalista Ken Silverstein, na revista norte-americana "Harper's", no ano de 1998. David Hahn também foi o tema de um livro lançado em 2004, desse mesmo jornalista, chamado "The Radioactive Boy Scout" ("O Escoteiro Radioativo", em português). Então, para começarmos a entender esse caso, nada melhor do que voltar no tempo, até novembro de 1998, e contar para vocês o que o Ken Silverstein escreveu naquela época.

Por mais incrível que isso possa parecer, inicialmente o incidente não foi amplamente divulgado, e acabou tornando-se mais conhecido após um artigo publicado pelo jornalista Ken Silverstein (na foto), na revista norte-americana "Harper's", no ano de 1998
Em seu primeiro parágrafo, Ken Silverstein disse que uma localidade chamada "Golf Manor", era o tipo de lugar onde nada de incomum supostamente acontecia, o tipo de lugar onde as pessoas moravam, justamente porque ficava a mais de 50 km de distância da cidade de Detroit, assim como distante de todas as dificuldades da mesma. O tipo de lugar onde o dinheiro poderia comprar um terreno maior ou permitia a construção de um segundo banheiro e, dessa forma, tranquilizava os moradores, que seguramente estavam no seio da classe média norte-americana.

Aliás, Golf Manor até hoje é uma espécie de bairro (na verdade, é subdivisão) de Commerce Township, que por sua vez é uma espécie de subúrbio da cidade de Detroit. Ao menos naquela época, havia uma placa na entrada de Golf Manor que dizia: "Temos muitas crianças, mas nenhuma sobrando. Por favor dirija com cuidado", o que dava um certa nostalgia.

Imagem do Google Maps mostrando a distância entre Commerce Township e a cidade de Detroit,
no estado norte-americano do Michigan
Em seu primeiro parágrafo, Ken Silverstein disse que uma localidade chamada "Golf Manor", era o tipo de lugar onde nada de incomum supostamente acontecia, o tipo de lugar onde as pessoas moravam, justamente porque ficava a mais de 50 km de distância da cidade de Detroit, e afastada de todos os problemas das mesma (imagem ilustra tão somente a foto de uma casa para alugar em Commerce Township)
Contudo, o dia 26 de junho de 1995, não foi um dia normal para aquela pequena localidade. Naquele dia, cerca de onze homens invadiram o gramado de uma determinada casa. A atenção deles parecia estar voltada no quintal dessa casa em questão, mais especificamente em relação a um galpão de jardinagem, de madeira, que ficava próximo a uma cerca, que por sua vez dividia o terreno em relação a propriedade vizinha. Três homens pareciam estar vestidos com trajes espaciais, e estavam desmantelando o galpão com serras elétricas. Cada pedaço de maneira era colocada em grandes tambores de aço, com símbolos de radioatividade. Uma vizinha chamada Dottie Pease acompanhou tudo de perto, porém nunca havia notado qualquer movimentação incomum ao seu lado.

Um casal de meia-idade, Michael Polasek e Patty Hahn, morava na tal casa. Em alguns fins de semana, eles estavam acompanhados pelo filho adolescente de Patty, o David. Contudo, certa vez Dottie Pease alegou ter acordado tarde da noite, e visto o galpão emitindo um brilho misterioso. Ela disse que ficou bem nervosa com a situação, e foi imediatamente chamar o seu marido, o Dave. Gaguejando, ela disse que havia homens com trajes "engraçados"andando no lado de fora, e que ele tinha que tomar alguma atitude. Só havia um único problema. O que os homens de trajes engraçados" encontraram no galpão de jardingem estava perigosamente emitindo radiação, e colocando toda uma área com 40 mil habitantes em risco.

Contudo, o dia 26 de junho de 1995, não foi um dia normal para aquela pequena localidade. Naquele dia, cerca de onze homens invadiram o gramado de uma determinada casa. A atenção deles parecia estar voltada no quintal dessa casa em questão, mais especificamente em relação a um galpão de jardinagem, de madeira, que ficava próximo a uma cerca, que por sua vez dividia o terreno em relação a propriedade vizinha
Três homens pareciam estar vestidos com trajes espaciais, e estavam desmantelando o galpão com serras elétricas. Cada pedaço de maneira era colocada em grandes tambores de aço, com símbolos de radioatividade. Uma vizinha chamada Dottie Pease acompanhou tudo de perto, porém nunca havia notado qualquer movimentação incomum ao seu lado
Publicamente, os "homens de branco" disseram aos moradores locais que eles não tinham nada a temer, mas até o momento da publicação do artigo de Ken Silverstein, nem Dottie Pease ou qualquer outro morador sabia a verdadeira razão pela qual a Agência de Proteção Ambiental tinha invadido o bairro deles, ainda que brevemente. Quando questionados, a maioria dos moradores simplesmente falava sobre um vazamento de produtos químicos ou algo assim. A verdade, no entanto, era muito mais bizarra, a "limpeza" realizada em Golf Manor pelo "Superfundo" foi provocada por um adolescente chamado David Hahn, que tentou construir um reator regenerador nuclear, no galpão de jardinagem da sua mãe, como uma espécie de projeto para obter uma medalha de escoteiro. Nesse ponto vale destacar, que o "Superfundo"é um programa da Agência de Proteção Ambiental responsável por limpar alguns dos terrenos mais contaminados dos Estados Unidos, e responder a emergências ambientais, vazamentos de petróleo e desastres naturais.

Soava até mesmo estranho, que após 4 anos a história de David não tivesse ganhado a primeira página de diversos veículos de imprensa, e se tornasse algo lendário. Porém, na época, a Agência de Proteção Ambiental se recusou a fornecer o nome de David e, embora alguns repórteres locais soubessem do caso, nem ele ou sua família concordaram em ser entrevistados. Até mesmo os oficiais federais e estaduais, que supervisionaram a limpeza descobriram apenas uma pequena parte do que ocorreu no galpão, isso porque David, temendo repercussões legais, não disse quase nada sobre seus experimentos. Em 1996, Jay Gourley, correspondente do "Serviço de Notícias de Recursos Naturais", na capital norte-americana de Washington, encontrou um minúsculo artigo de jornal sobre o caso, e entrou em contato com David Hahn. Posteriormente, Jay passou sua pesquisa para o Ken Silverstein, que por sua vez conseguiu entrevistar os protagonistas dessa história, incluindo o David, que na época (em 1998), havia se tornado um marinheiro aos 22 anos, na cidade de Norfolk, no estado norte-americano da Virgínia.

A verdade, no entanto, era muito mais bizarra, a "limpeza" realizada em Golf Manor pelo "Superfundo" foi provocada por um adolescente chamado David Hahn, que tentou construir um reator regenerador nuclear, no galpão de jardinagem da sua mãe, como uma espécie de projeto para obter uma medalha de escoteiro
Ken Silverstein se encontrou com David na esperança de entender como um típico garoto suburbano, que normalmente aprenderia apenas trocar o óleo de um carro ou teria algumas lições de carpintaria poderia ter aprendido a construir um reator nuclear. Fazia ainda menos sentido se imaginássemos escoteiros apenas esfregando dois pedaços de madeira para fazer fogo. Porém, David não era esse tipo de adolescente, e nem escoteiro qualquer. Ele descobriu uma forma de enganar os funcionários da Comissão de Regulamentação Nuclear dos Estados Unidos (NRC) para lhe fornecer as informações cruciais de que necessitava na sua tentativa de construir um reator regenerador e, em seguida, obteve e purificou elementos radioativos como rádio e tório.

O jornalista chegou a ter acesso as fotografias da infância de David, em que ele aparentava ser perfeitamente normal, até mesmo angelical, com cabelos loiros e olhos castanhos escverdeados e, conforme crescia, seus braços e pernas ficavam cada vez mais delgados. Ken Silverstein esperava encontrar praticamente um gênio perdido, ou um obcecado por ciências na cidade de Norfolk, uma espécie de Einstein ou Kaczynski, mas tudo que ele viu foi apenas um garoto normal. David aparentava estar inicialmente desapaixonado pelo tema e, após cerca de cinco horas de conversas vazias e muitos cigarros, ele começou a contar como ele usava filtros de café e potes de pickles para lidar com substâncias mortíferas, como o rádio e o ácido nítrico, além das diversas histórias que contou para obter os materiais radioativos.

Sendo um adolescente tímido e retraído, David confidenciava seu projeto apenas para alguns amigos, mas nunca permitia que ninguém testemunhasse seus experimentos. Seu projeto de reator regenerador era um meio, ainda que pouco ortodoxo, de escapar do trauma que havia vivido na adolescência.

O jornalista chegou a ter acesso as fotografias da infância de David, em que ele aparentava ser perfeitamente normal, até mesmo angelical, com cabelos loiros e olhos castanhos escverdeados e...
...conforme crescia, seus braços e pernas ficavam cada vez mais delgados.
"Eu era muito emotivo quando criança, e aqueles experimentos foram uma forma de fugir disso. Eles me fizeram respeitável", disse David Hahn.

No livro "The Making of the Atomic Bomb", do autor Richard Rhodes, o mesmo observou que os perfis psicológicos dos físicos pioneiros norte-americanos eram notavelmente semelhantes. Geralmente, eles eram o filho mais velho de um pai que trabalhava, e tinha uma relação distante de afeto. Quase todos eram homens, leitores vorazes durante a infância, que costumavam se sentir solitários, o que os tornavam tímidos e distantes dos colegas de classe.

No livro "The Making of the Atomic Bomb" (à esquerda), do autor Richard Rhodes (à direita), o mesmo observou que os perfis psicológicos dos físicos pioneiros norte-americanos eram notavelmente semelhantes
Os pais de David, Ken e Patty Hahn, se divorciaram quando ele era criança. Ken era engenheiro automotivo da General Motors, assim como sua segunda esposa, Kathy Missig, com quem se casou logo após o divórcio. David morava com seu pai biológico e a madrasta em uma pequena casa de dois andares no subúrbio de Clinton Township, cerca de 40 km ao norte de Detroit. Ken trabalhava por muitas horas para a GM.

Com o cabelo cortado bem rente a cabeça, e uma tendência para camisas de mangas curtas, Ken irradiava uma frieza que, combinada com sua constante preocupação, com certeza pertubaria uma criança. Quando questionado sobre sua natureza retraída, Ken atribiu a responsabilidade a sua ascendência alemã. No entanto, apesar de toda a formalidade, era Kathy a principal responsável por disciplinar David.

Imagem do Google Maps mostrando a distância entre Clinton Township e Detroit,
no estado norte-americano do Michigan
David morava com seu pai biológico e a madrasta em uma pequena casa de dois andares no subúrbio de Clinton Township, cerca de 40 km ao norte de Detroit. Ken trabalhava por muitas horas para a GM
David passava fins de semana e feriados com sua mãe biológica e seu respectivo namorado, Michael Polasek, um operador de empilhadeira aposentado muito amável da GM, mas que adorava beber. Golf Manor era demograficamente semelhante a Clinton Township, mas as duas famílias eram bem diferentes emocionalmente falando. Infelizmente, Patty Hanh tirou a própria vida em 1996, mas Michael ainda vivia cercado por fotos dela. Disse que ela era uma linda pessoa, e que ela era tudo em sua vida. Ainda assim, ele ainda criava cinco gatos e mantinha a casa impecável.

Apesar de David ter precisado dividir suas atenções entre os dois lares, seus primeiros anos de vida foram aparentemente normais. Ele jogou beisebol e futebol, juntou-se aos escoteiros e passou horas intermináveis ​​explorando a natureza com seus amigos. Uma mudança repentina ocorreria aos 10 anos de idade, quando o pai de Kathy, também engenheiro da GM, deu a David um livro chamado "The Golden Book of Chemistry Experiments" ("O Livro de Ouro dos Experimentos Químicos", em português). O livro prometia abrir as portas para um mundo novo e encorajador.

Apesar de David ter precisado dividir suas atenções entre os dois lares, seus primeiros anos de vida foram aparentemente normais. Ele jogou beisebol e futebol, juntou-se aos escoteiros e passou horas intermináveis ​​explorando a natureza com seus amigos
O livro afirmava que "a química significava a diferença entre a pobreza e a fome, e a vida 'abundante'", oferecendo instruções sobre como criar um laboratório em casa, e realizar experimentos que iam desde a evaporação e filtração até fazer rayon (seda artificial) e álcool. David rapidamente se apaixonou pelo assunto, e aos 12 anos estava lendo os livros de química de seu pai sem maiores dificuldades. Quando passava a noite em Golf Manor, sua mãe muitas vezes acordava e se deparava como ele dormindo no chão da sala, rodeado por volumes abertos da Enciclopédia Britânica.

Uma mudança repentina ocorreria aos 10 anos de idade, quando o pai de Kathy, também engenheiro da GM, deu a David um livro chamado "The Golden Book of Chemistry Experiments" ("O Livro de Ouro dos Experimentos Químicos", em português). O livro prometia abrir as portas para um mundo novo e encorajador
O livro afirmava que "a química significava a diferença entre a pobreza e a fome, e a vida 'abundante'", oferecendo instruções sobre como criar um laboratório em casa (na imagem acima), e realizar experimentos que iam desde a evaporação e filtração até fazer rayon (seda artificial) e álcool
Na casa de seu pai, David montou um laboratório em seu pequeno quarto, onde ainda constavam livros tais como "Prudent Practices for Handling Hazardous Chemicals in Laboratories" e "The Story of Atomic Energy", nas prateleiras. Ele havia comprado béqueres, bicos de Bunsen, tubos de ensaio e outros itens comumente encontrados em um conjunto de química infantil. David, porém, não estava conduzindo as típicas experiências de adolescentes. Aos 14 anos, uma idade em que a maioria dos rapazes com uma inclinação para o campo da Química, estaria realizando experimentos rudimentares com pólvora, David havia fabricado nitroglicerina. Os pais de David ficavam admirados pelo seu interesse pela ciência, mas também ficavam preocupados devido aos vazamentos químicos e explosões que tinham se tornado uma rotina na casa do pai de David. Depois que ele destruiu seu quarto - as paredes tinham diversas marcas e o carpete estava tão manchado que precisou ser arrancado -, Ken e Kathy baniram seus experimentos para o porão.

Isso acabou sendo positivo para David. A ciência permitia que ele se distanciasse de seus pais, criasse e destruísse coisas, quebrasse as regras e escapasse para algo em que fosse um sucesso, sublimando o sentimento de fracasso, raiva e vergonha, em algumas grandes explosões. David acabou trabalhando em redes de fast-food, supermercados e lojas de móveis, mas o trabalho era apenas um meio de financiar seus experimentos. Por não ser um aluno entusiasmado, e sempre ter sido um orador terrível, David acabou ficando para trás em termos escolares. Durante seu primeiro ano na Escola de Ensino Médio Chippewa Valley (Chippewa Valley High School), ocasião na qual ele estava realizando experimentos nucleares secretamente em seu quintal, David quase falhou nos testes estaduais de matemática e interpretação de texto, que eram necessários para a graduação (embora ele tenha praticamente gabaritado o teste de ciências). Ken Gherardini, responsável por ensinar física conceitual ao David, lembrou dele como um excelente aluno, pelo menos nas raras ocasiões que ele estava interessado nos deveres de classe, exceto em seus próprios estudos.

Durante seu primeiro ano na Escola de Ensino Médio Chippewa Valley (Chippewa Valley High School), ocasião na qual ele estava realizando experimentos nucleares secretamente em seu quintal, David quase falhou nos testes estaduais de matemática e interpretação de texto, que eram necessários para a graduação (embora ele tenha praticamente gabaritado o teste de ciências)
"O sonho da vida dele era coletar uma amostra de cada elemento da tabela periódica. Não sei quanto a você, mas meu sonho na idade ele era de comprar um carro", disse Ken Gherardini, em entrevista ao jornalista Ken Silverstein.

A preocupação científica de David deixou cada vez menos tempo para os seus amigos, embora durante a maior parte do Ensino Médio ele tivesse uma namorada chamada Heather Beaudette, três anos mais nova. Heather disse que ele era doce e atencioso. Certa vez, ela retornou de uma longa viagem de uma semana pela Flórida, e encontrou uma pilha de longas cartas de amor, mas nem sempre os encontros eram perfeitos. A mãe de Heather, Donna Bunnell, disse: "Ele era um garoto legal, e sempre estava bem vestido, mas (nos dias anteriores ao seu segundo casamento), tivemos que dizer para ele não falar com ninguém. Ele podia comer e beber, mas pelo amor de Deus, que não falasse com os convidados sobre a composição química da comida."

A preocupação científica de David deixou cada vez menos tempo para os seus amigos, embora durante a maior parte do Ensino Médio ele tivesse uma namorada chamada Heather Beaudette, três anos mais nova. A mãe de Heather, Donna Bunnell (na foto), disse ele era um garoto legal e andava sempre bem visto, mas falava quase o tempo todo de assuntos científicos
Nem mesmo a sua tropa de escoteiros foi poupada do entusiasmo científico de David. Uma vez ele apareceu em uma reunião de escoteiros com um rosto brilhante, na cor laranja, causado por uma overdose de cantaxantina, que ele estava tomando para testar métodos de bronzeamento artificial. Em um certo verão no acampamento de escoteiros, os companheiros de David abriram um buraco na barraca comunitária, quando eles acidentalmente incendiaram o estoque de magnésio em pó, que ele trouxera para fazer fogos de artifício. Em um determinado ano, David foi expulso do acampamento. O motivo? Bem, enquanto a maioria dos seus amigos estava entrando secretamente no acampamento de escoteiras, que ficava relativamente próximo, David estava roubando diversos detectores de fumaça para desmontar as peças necessárias para seus experimentos.

"Nossas férias de verão foram destruídas, quando recebemos uma ligação nos dizendo para pegar o David mais cedo no acampamento", lembrou a madrasta, soltando um longo suspiro.

Nem mesmo a sua tropa de escoteiros foi poupada do entusiasmo científico de David. Uma vez ele apareceu em uma reunião de escoteiros com um rosto brilhante, na cor laranja, causado por uma overdose de cantaxantina, que ele estava tomando para testar métodos de bronzeamento artificial (imagem meramente ilustrativa para representar um grupo de escoteiros)
Até aquele ponto, no entanto, os materiais mais ilícitos de David eram fogos de artifício e bebidas com alto teor alcóolico. Porém, convencido de que as experiências de David e o comportamento cada vez mais errático eram sinais de que ele estava produzindo e vendendo drogas, Ken e Kathy começaram a verificar a biblioteca pública, onde David dizia que estudava. De vez em quando, David comparecia conforme havia mencionado, cercado por uma enorme pilha de livros de Química. De qualquer forma, isso não os acalmou e, preocupados com a integridade da própria residência, eles proibiram que David ficasse sozinho, trancando-o para fora de casa, mesmo que fosse por curtos períodos de tempos. Além disso, era determinado um horário para ele pudesse retornar. Kathy também começou a fazer buscas no quarto de David. Ela começou a eliminar os produtos químicos e os equipamentos que encontrava escondidos debaixo da cama e no fundo do guarda-roupa.

David, no entanto, não foi dissuadido. Certa noite, quando Ken e Kathy estavam sentados na sala de estar assistindo TV, a casa foi abalada por uma explosão no porão. Lá, eles encontraram David deitado semiconsciente no chão, com suas sobrancelhas saindo fumaça. Sem saber que o fósforo vermelho era pirofórico, Davi bateu com uma chave de fenda e o acendeu. Ele foi levado às pressas para o hospital para que seus olhos fossem adequadamente tratados, mas ele acabou tendo que fazer visitas regulares a um oftalmologista para remover cuidadosamente, as partículas plásticas do recipiente em que o fósforo estava, dos seus olhos.

David, no entanto, não foi dissuadido. Certa noite, quando Ken (na foto) e Kathy estavam sentados na sala de estar assistindo TV, a casa foi abalada por uma explosão no porão. Lá, eles encontraram David deitado semiconsciente no chão, com suas sobrancelhas saindo fumaça
Kathy então proibiu David de fazer experimentos em sua casa. Então, ele mudou sua base de operações para o galpão de jardinagem da sua mãe, em Golf Manor. Tanto Patty Hahn quanto Michael Polasek admiravam David pelas intermináveis horas que passava em seu novo laboratório, mas nenhum deles tinha ideia do que ele estava tramando. Claro, eles achavam estranho que David muitas vezes usasse uma máscara de gás no galpão, e às vezes descartasse suas roupas depois de trabalhar lá até as 2h da manhã, mas eles tinham sua própria forma de lidar com essa questão.

Michael chegou a dizer que David tentou explicar seus experimentos, mas que tudo soou muito estranho e confuso para ele. O adolescente dizia que seu projeto tinha algo a ver com "a criação de energia". David também dizia que algum dia o mundo ficaria sem petróleo, e que queria fazer algo em relação a isso.

Kathy então proibiu David de fazer experimentos em sua casa. Então, ele mudou sua base de operações para o galpão de jardinagem da sua mãe, em Golf Manor (na foto). Tanto Patty Hahn quanto Michael Polasek admiravam David pelas intermináveis horas que passava em seu novo laboratório, mas nenhum deles tinha ideia do que ele estava tramando
Assim como Michael, poucas pessoas em quem David confidenciou seus planos, entenderam o que ele estava fazendo. Ken Hahn, que havia feito cursos de química na faculdade, facilmente poderia ter acompanhado de perto algumas das coisas que David lhe disse, mas acreditou que o menino estivesse exagerando. "Nunca vi ele ficar verde ou brilhar no escuro. Provavelmente fui muito ingênuo em relação a ele", disse Ken Hahn.

Embora Ken estivesse imensamente orgulhoso dos experimentos de David a partir do momento que os mesmos passaram a ter uma certa notoriedade, no passado eles representaram uma espécie de ruptura educacional. Conforme os pais costumam fazer, Ken sentiu que a solução estava em um objetivo, que ele próprio não havia alcançado quando criança: a maior "patente" que se pode alcançar no programa dos Escoteiros dos Estados Unidos, ou seja, se tornar um "Eagle Scout" (algo como "Escoteiro Águia", em uma tradução livre para o português). Assim como os adolescentes costumam fazer, David subverteu esse objetivo.

Conforme os pais costumam fazer, Ken sentiu que a solução estava em um objetivo, que ele próprio não havia alcançado quando criança: a maior "patente" que se pode alcançar no programa dos Escoteiros dos Estados Unidos, ou seja, se tornar um "Eagle Scout" (algo como "Escoteiro Águia", em uma tradução livre para o português)
Além de mostrar o "espírito dos escoteiros", os "Eagle Scouts" precisam ganhar 21 medalhas de mérito. Cerca de 11 medalhas eram obrigatórias, tais como "Primeiros Socorros" e "Cidadania na Comunidade" (ao menos naquela época). As últimas 10, no entanto, eram opcionais.

Os escoteiros podiam escolher entre dezenas de opções, que iam desde "Empreendimentos nos Estados Unidos" até "Carpintaria". David escolheu ganhar uma medalha de mérito sobre energia atômica. Joe Auito, o então chefe dos escoteiros responsável por David, que morava em uma estrada rural, a mais ou menos uma hora ao norte de Detroit, chegou a mencionar, que ele era o único garoto a ter feito isso na história de Tropa 371 de Clinton Township.

Além de mostrar o "espírito dos escoteiros", os "Eagle Scouts" precisam ganhar 21 medalhas de mérito. Cerca de 11 medalhas eram obrigatórias, tais como "Primeiros Socorros" e "Cidadania na Comunidade" (ao menos naquela época).
As últimas 10, no entanto, eram opcionais.
O folheto sobre a medalha de mérito de David, em relação a energia atômica, era claramente em favor da mesma, o que não era nenhuma surpresa considerando que foi preparado com a ajuda da Westinghouse Electric, da Sociedade Nuclear Americana, do Instituto Elétrico Edison, e de um deteminado grupo de empresas, sendo que algumas possuíam centrais nucleares em atividade.

O folheto dizia que os Estados Unidos era uma democracia, e que "o povo decidia o que o país fazia". O material também sugeria, no entanto, que os críticos da energia atômica descendiam de uma longa linha de opositores descontentes, advertindo que: "se os Estados Unidos decidissem a favor ou contra usinas nucleares baseados no medo ou na má interpretação, seria algo errado. As pessoas deveriam saber primeiro a verdade sobre a energia atômica, antes que pudessem decidir utilizá-la ou não."

O folheto sobre a medalha de mérito de David, em relação a energia atômica, era claramente em favor da mesma, o que não era nenhuma surpresa considerando que foi preparado com a ajuda da Westinghouse Electric, da Sociedade Nuclear Americana, do Instituto Elétrico Edison, e de um deteminado grupo de empresas, sendo que algumas possuíam centrais nucleares em atividade
David recebeu sua medalha de mérito de Energia Atômica em 10 de maio de 1991, cinco meses antes de completar 15 anos. Para ganhá-la, ele fez um desenho mostrando como a fissão nuclear ocorria, visitou uma unidade de radiologia de um hospital para aprender sobre os usos médicos de radioisótopos, e construiu um modelo de reator usando suco enlatado, cabides, anéis de lata de refrigerante, fósforos de cozinha e elásticos. No entanto, David tinha ambições muito maiores, ele realmente queria construir um reator nuclear, nesse caso um reator regenerador nuclear.

David recebeu sua medalha de mérito de Energia Atômica em 10 de maio de 1991,
cinco meses antes de completar 15 anos
Para ganhá-la, ele fez um desenho mostrando como a fissão nuclear ocorria, visitou uma unidade de radiologia de um hospital para aprender sobre os usos médicos de radioisótopos, e construiu um modelo de reator usando suco enlatado, cabides, anéis de lata de refrigerante, fósforos de cozinha e elásticos (na foto)
Agora, o que é um reator regenerador? A descrição mais simples sobre isso vem da publicação que David obteve do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE): "Imagine que você tem um carro, e inicie uma longa viagem. Quando você começa, você tem metade de um tanque de gasolina. Quando você volta para casa, em vez de estar quase vazio, seu tanque de gasolina está quase cheio. Um reator regenerador é como esse carro mágico. Um reator regenerador não somente gera eletricidade, mas também produz um novo combustível."

Todos os reatores, convencionais ou regeneradores, dependem de diversos elementos naturalmente radioativos, geralmente o urânio-235 ou plutônio-239, como o "combustível" para uma cadeia sustentável de reações conhecida como fissão. A fissão ocorre quando um nêutron combina com o núcleo de um radioisótopo, digamos o urânio-235, transformando-o em urânio-236. Este novo isótopo é altamente instável e imediatamente se divide ao meio, formando dois núcleos menores, e liberando uma grande quantidade de energia radiante (uma delas é o calor) e diversos nêutrons. Esses nêutrons, por sua vez, são absorvidos por outros átomos de urânio-235 para iniciar o processo novamente.

Na prática,um reator regenerador geralmente é configurado de modo que um núcleo de plutônio-239 seja cercado por um "cobertor" de urânio-238. Quando o plutônio libera os nêutrons, eles são absorvidos pelo urânio-238 para se tornar urânio-239, que por sua vez decai emitindo raios beta, sendo transformado em neptúnio-239. Depois de outra etapa de "decaimento radioativo", o neptúnio torna-se plutônio-239, que pode reabastecer o núcleo de combustível.

Quando os nêutrons são liberados, eles são absorvidos pelo urânio-238 para se tornar urânio-239, que por sua vez decai emitindo raios beta, sendo transformado em neptúnio-239. Depois de outra etapa de "decaimento radioativo", o neptúnio torna-se plutônio-239, que pode reabastecer o núcleo de combustível
A indústria nuclear costumava criar tais reatores como uma "solução mágica" para as necessidades energéticas da população norte-americana. O governo abriu dois reatores regeneradores experimentais em um local de teste em Idaho, em 1961. Em 1963, a Detroit Edison inaugurou a usina "Enrico Fermi I", o primeiro e único reator regenerador comercial do país.

Na década seguinte, o Congresso dos Estados Unidos se apropriou de bilhões de dólares para a construção do reator regenerador de Clinch River, no Tennessee. As esperanças foram tão altas, que Glenn Seaborg, presidente da Comissão de Energia Atômica durante os anos em que Richard Nixon estava a frente da presidência dos Estados Unidos, previu que os reatores regeneradores seriam a espinha dorsal de uma economia nuclear emergente, e que o plutônio poderia ser "um candidato óbvio para substituir o ouro como padrão do sistema monetário nacional."

A indústria nuclear costumava criar tais reatores como uma "solução mágica" para as necessidades energéticas da população norte-americana. O governo abriu dois reatores regeneradores experimentais em um local de teste em Idaho, em 1961. Na foto aparece o primeiro deles, o Reator Regenerador Experimental I (EBR-1).
Imagem interna da unidade que abrigava o Reator Regenerador Experimental I
Foto da sala de controle do Reator Regenerador Experimental I
Tal otimistmo se provou ser injustificável. O primeiro reator regenerador de Idaho teve que ser desligado após sofrer um derretimento parcial do núcleo. O segundo gerava energia, mas nenhum combustível novo. Já a usina "Enrico Fermi I", localizada a apenas 100 km de Clinton Township, sofreu problemas considerados "mecânicos", acidentes, e custos acima do previsto. Para piorar a situação, a energia produzida era extremamente cara. Em 1966, o núcleo da usina nuclear sofreu um derretimento parcial após o mau funcionamento do sistema de arrefecimento. Seis anos depois, a usina foi fechada permanentemente. Em 1983, quando foram calculados os custos para conclusão do reator regenerador de Clinch River, e perceberam que o mesmo iria absorver grande parte do orçamento federal para pesquisa e desenvolvimento de energia, o Congresso finalmente desmantelou o programa relacionado a Clinch River.

Ainda que soubesse desses contratempos, David não seria de forma alguma dissuadido por eles. Sua inspiração vinha dos pioneiros nucleares do fim do século XIX e início do século XX: Antoine Henri Becquerel, físico francês que, junto com Pierre e Marie Curie, recebeu o Prêmio Nobel de Química, em 1903, por descobrir a radioatividade; Fredic e Irene Joliot-Curie, que receberam o prêmio, em 1935, por produzir o primeiro radioisótopo artificial; Sir James Chadwick, que ganhou o prêmio Nobel de Física no mesmo ano, por descobrir o nêutron; além de Enrico Fermi, que criou a primeira reação em cadeia nuclear sustentável do mundo, um passo crucial para a produção de energia atômica e bombas nucleares.

Ainda que soubesse desses contratempos, David não seria de forma alguma dissuadido por eles. Sua inspiração vinha dos pioneiros nucleares do fim do século XIX e início do século XX, tais como: Antoine Henri Becquerel (à esquerda), físico francês que, junto com Pierre e Marie Curie, recebeu o Prêmio Nobel de Química, em 1903, e Enrico Fermi (à direita), que criou a primeira reação em cadeia nuclear sustentável do mundo, um passo crucial para a produção de energia atômica e bombas nucleares
Ao contrário de seus predecessores, no entanto, David não tinha um grande apoio financeiro do Estado, nenhum laboratório (exceto um galpão embolorado), nenhum instrumento adequado ou dispositivos de segurança e, de longe, seu principal impedimento: nenhum meio legal de obter materiais radioativos. Para contornar esse último obstáculo, David inventou diversas histórias e utilizou diversas identidades, além de um kit de contador Geiger, que ele encomendou pelo correio, no qual ele montou e fixou ao painel de seu carro, um Pontiac 6000.

David não tinha a ideia de tentar construir um reator regenerador, quando ele começou com seus experimentos nucleares aos 15 anos de idade, mas dando um passo em direção a esse caminho, ele já estava determinado a "irradiar qualquer coisa" que pudesse. Para isso ele tinha que construir uma "arma", que pudesse bombardear isótopos com nêutrons. Então, David escreveu para diversos grupos - o Departamento de Energia (DOE), a Sociedade Nuclear Americana, o Instituto Elétrico Edson e o Fórum Industrial Atômico, um grupo industrial envolvido com energia nuclear -, na esperança de descobrir como ele poderia obter, a partir de fontes naturais e comerciais, as matérias-primas radioativas que ele precisava para construir sua arma de nêutrons e experimentá-la.

Então, David escreveu para diversos grupos - o Departamento de Energia (DOE),a Sociedade Nuclear Americana, o Instituto Elétrico Edson e o Fórum Industrial Atômico, um grupo industrial envolvido com energia nuclear -, na esperança de descobrir como ele poderia obter, a partir de fontes naturais e comerciais, as matérias-primas radioativas que ele precisava para construir sua arma de nêutrons e experimentá-la. A imagem acima foi extraída de um documentário produzido pela "Eagle TV", em 2003, ocasião em que David tinha 27 anos.
Ao escrever até 20 cartas por dia, e afirmando ser um professor de física na Escola de Ensino Médio Chippewa Valley, David disse que obteve ""toneladas" de informações desses e de outros grupos, embora algumas tivessem apenas um valor marginal. Para terem uma ideia, a Sociedade Nuclear Americana enviou ao David, um livro de professor chamado "Goin’ Fission", no qual Albert Einstein era apresentado como se fosse um personagem de desenho animado.

Outras organizações mostraram-se muito mais úteis, e nenhuma mais do que a Comissão de Regulamentação Nuclear (NRC). Mais uma vez apresentando-se como um professor de física, David conseguiu iniciar uma discussão científica por correio com Donald Erb, então diretor da Agência de Produção e Distribuição de Isótopos. Erb ofereceu a David dicas para isolar certos elementos radioativos, forneceu uma lista de isótopos que poderiam sustentar uma reação em cadeia, e forneceu uma informação que em pouco tempo se revelaria vital para os planos de David: "Nada produz nêutrons... tão bem quanto o berílio."

Ao escrever até 20 cartas por dia, e afirmando ser um professor de física na Escola de Ensino Médio Chippewa Valley, David disse que obteve ""toneladas" de informações desses e de outros grupos, embora algumas tivessem apenas um valor marginal. Outras organizações mostraram-se muito mais úteis, e nenhuma mais do que a Comissão de Regulamentação Nuclear (NRC).
Quando David perguntou a Erb sobre os riscos representados por tais materiais radioativos, o oficial da NRC garantiu ao "professor Hahn", que os "perigos reais eram muito pequenos", uma vez que a posse de quaisquer materiais radioativos em quantidade suficiente para representar qualquer ameaça real, estava sujeita ao licenciamento (ou algo equivalente) da Comissão de Regulamentação Nuclear. David disse que o NRC também enviou informações sobre preços e fontes comerciais de alguns dos produtos radioativos, que ele queria comprar, "obviamente para o benefício de seus impacientes alunos".

"A NRC me deu todas as informações que eu precisava. Tudo o que eu tinha que fazer era sair e pegar os materiais", disse David Hahn. Munido com as informações de seus amigos do governo e da indústria, David criou uma lista de fontes para 14 isótopos radioativos. O Amerício-241 ele descobriu que poderia ser encontrado em detectores de fumaça; o rádio-226, em antigos relógios de parede luminosos; o urânio-238 e pequenas quantidades de urânio-235, em um minério de cor negra chamado uraninita; e o tório-232, em lampiões do estilo Coleman.

"A NRC me deu todas as informações que eu precisava. Tudo o que eu tinha que fazer era sair e pegar os materiais", disse David Hahn. Munido com as informações de seus amigos do governo e da indústria, David criou uma lista de fontes para 14 isótopos radioativos
Para obter o amerício-241, David entrou em contato com empresas, que fabricavam detectores de fumaça, e alegou que precisava de um grande número de dispositivos para um projeto escolar. Uma empresa concordou em vender cerca de 100 detectores quebrados por um dólar cada. (lembrando que ele também tentou "coletar" detectores, enquanto estava no acampamento de escoteiros). David não sabia ao certo onde o amerício-241 estava localizado, então ele escreveu para uma empresa chamada BRK Electronics em Aurora, no estado norte-americano do Illinois.

Para obter o amerício-241, David entrou em contato com empresas, que fabricavam detectores de fumaça, e alegou que precisava de um grande número de dispositivos para um projeto escolar
Uma representante do serviço de atendimento ao cliente chamada Beth Weber escreveu uma outra carta respondendo, que ficaria feliz em ajudá-lo com "seu relatório". Ela explicou que cada detector continha apenas uma pequena quantidade de amerício-241, que estava selado em uma matriz de ouro, "para certificar-se que a corrosão não o desprendesse".

Graças a dica de Beth Weber, David extraiu os componentes do amerício e então os fundiu com a ajuda de um maçarico. É interessante ressaltar nesse ponto, que em um detector de fumaça, a radioatividade na fonte emite um fluxo constante de partículas alfa, que são detectados por um pequeno detector, produzindo assim uma pequena corrente. Se a fumaça preencher o espaço entra a fonte e o detector, a corrente diminui, então o alarme dispara.

Uma representante do serviço de atendimento ao cliente chamada Beth Weber escreveu uma outra carta respondendo, que ficaria feliz em ajudá-lo com "seu relatório". Ela explicou que cada detector continha apenas uma pequena quantidade de amerício-241, que estava selado em uma matriz de ouro, "para certificar-se que a corrosão não o desprendesse"
Graças a dica de Beth Weber, David extraiu os componentes do amerício
e então os fundiu com a ajuda de um maçarico
À medida que decai, o amerício-241 emite raios alfa compostos de prótons e nêutrons. David colocou o amontoado de amerício dentro de um bloco oco de chumbo com um minúsculo buraco em um dos lados, de modo que os raios alfa saíssem. Na frente do bloco de chumbo ele colocou uma folha de alumínio. Os átomos de alumínio absorvem os raios alfa e, no processo, expulsam os nêutrons. Como os nêutrons não têm carga e, portanto, não podem ser medidos por um contador Geiger, David não tinha como saber se a arma estava funcionando, até se lembrar que a parafina libera prótons, quando atingida por nêutrons. David apontou seu aparato em um pouco de parafina, e seu contador Geiger registrou o que supôs ser um fluxo de prótons. Sua arma de nêutrons, rude mas eficaz, estava pronta.

Com sua arma de nêutrons nas mãos, David estava pronto para irradiar. Ele poderia ter se concentrado na transformação de elementos anteriormente não-radioativos, mas ele quis usar a arma em radioisótopos para aumentar as chances de serem "fissionáveis". Ele acreditava que o urânio-235, que é usado em armas atômicas, forneceria a "maior reação". Ele percorreu centenas de quilômetros por toda a região norte do estado do Michigan em seu carro procurando pelas melhores pedras com seu contador Geiger, mas tudo que ele encontrou foi uma quantidade ínfima de uraninita nas margens do Lago Huron.

David percorreu centenas de quilômetros por toda a região norte do estado do Michigan em seu carro procurando
pelas melhores pedras com seu contador Geiger, mas...
...tudo que ele encontrou foi uma quantidade ínfima de uraninita nas margens do Lago Huron
Seguindo uma abordagem mais burocrática, ele escreveu para uma empresa, da então Checoslováquia, que vendia urânio a compradores comerciais e universitários, cujo nome foi fornecido, segundo ele, pela NRC. Alegando ser um professor, que comprava materiais para um laboratório da pesquisa nuclear, ele obteve algumas amostras de um minério preto - fosse uraninita ou o dióxido de urânio, porém ambos contendo pequenas quantidades de urânio-235 e urânio-238.

David pulverizou os minérios com um martelo, pensando que poderia usar o ácido nítrico para isolar o urânio. Incapaz de encontrar uma fonte comercial para o ácido nítrico - provavelmente porque ele é usado na fabricação de explosivos e, portanto, é rigorosamente controlado - David fez o seu próprio ácido nítrico ao aquecer salitre e bissulfato de sódio, e borbulhando o gás que foi liberado através de um recipiente com água. Então, ele misturou o ácido com o minério em pó, e "cozinhou" a mistura, resultando com algo parecido com um "milk-shake". Em seguida, ele passou esse "milk-shake" por um filtro de café, esperando que o urânio passasse pelo filtro. Porém, David calculou mal a solubilidade do urânio, e qualquer quantidade que estivesse presente ficou aprisionada no filtro, tornando ainda mais difícil purificá-lo.

Frustrado com a sua incapacidade de isolar suprimentos suficientes de urânio, David voltou sua atenção para o tório-232 que, quando bombardeado com nêutrons produz urânio-233, um elemento fisionável criado pelo homem (e, embora talvez ele não soubesse, o mesmo pode ser substituído por plutônio em reatores regeneradores). Descoberto em 1828 e nomeado devido ao deus nórdico Thor, o tório tem um ponto de fusão muito elevado, razão pela qual é usado na fabricação das peças de motores do avião, que alcançam temperaturas extremamente elevadas. No entanto, David sabia que o "manto" usado em lampiões comerciais - a parte que parece uma meia de boneca e conduz a chama - era revestido com um composto contendo tório-232. Ele comprou milhares de mantos de lampiões em lojas de artigos usados e, usando um maçarico, reduziu-os em uma pilha de cinzas.

Descoberto em 1828 e nomeado devido ao deus nórdico Thor, o tório tem um ponto de fusão muito elevado, razão pela qual é usado na fabricação das peças de motores do avião, que alcançam temperaturas extremamente elevadas
David sabia que o "manto" usado em lampiões comerciais - a parte que parece uma meia de boneca e conduz a chama - era revestido com um composto contendo tório-232. Ele comprou milhares de mantos de lampiões em lojas de artigos usados e, usando um maçarico, reduziu-os em uma pilha de cinzas.
David ainda tinha de isolar o tório-232 das cinzas. Felizmente, ele se lembrava de ler em um dos livros de química de seu pai, onde dizia que o lítio era propenso a se ligar ao oxigênio. Isso significava que, ao menos nesse contexto, que o mesmo roubaria o dióxido de tório do oxigênio e deixaria uma forma mais limpa de tório. David comprou o equivalente a US$ 1.000 em baterias de lítio e extraiu o elemento, cortando as baterias ao meio com um par de cortadores de fio. Ele colocou o dióxido de lítio e de tório juntos, em bola de papel alumínio, e aqueceu essa bola com um bico de Bunsen. O método de David purificou o tório a pelo menos 9.000 vezes o nível encontrado na natureza, e cerca de 170 vezes o nível que era necessário para o obter o licenciamento da NRC. Nesse ponto, David poderia ter usado sua arma de nêutros de amerício para transformar o tório-232 em urânio-233 fissionável. Porém, o amerício que ele tinha não era capaz de produzir nêutrons, então ele começou a preparar rádio, para uma arma irradiadora aprimorada.

O rádio foi utilizado na pintura, que resultou nos mostradores numéricos e ponteiros luminosos de relógios e painéis de instrumentos de carros e aeronaves até o fim da década de 1960, quando foi descoberto que muitas profissionais da área, que rotineiramente trabalhavam para dar o melhor acabamento possível, morriam de câncer ou sofriam severas deformações físicas (um episódio que ficou conhecido nos Estados Unidos como "radium girls").

O rádio foi muito utilizado em pinturas fim da década de 1960, quando foi descoberto que muitas profissionais da área, que rotineiramente trabalhavam para dar o melhor acabamento possível, morriam de câncer ou sofriam severas deformações físicas (um episódio que ficou conhecido nos Estados Unidos como "radium girls")
David começou a visitar antiquários e até ferros-velhos em busca de painéis ou relógios revestidos de rádio. Uma vez que encontrou tais itens, ele passou a desbastar a tinta dos instrumentos e armazená-los em frascos de comprimidos. O processo estava lento e demorado, até que um dia, dirigindo por Clinton Township para visitar a sua namorada, a Heather, ele percebeu que seu contador Geiger disparou ao passar por uma loja chamada "Gloria's Resale Boutique/Antique".

O processo estava lento e demorado, até que um dia, dirigindo por Clinton Township para visitar a sua namorada, a Heather, ele percebeu que seu contador Geiger disparou ao passar por uma loja chamada "Gloria's Resale Boutique/Antique"
O rádio foi utilizado na pintura, que resultou nos mostradores numéricos e ponteiros luminosos de relógios (que brilhavam no escuro),
e painéis de instrumentos de carros e aeronaves
A proprietária, Gloria Genette, ainda se lembrava do dia em que ela foi chamada em casa por um funcionário da loja, que disse que um jovem bem educado estava ansioso para comprar um antiho relógio de mesa, com um mostrador esverdeado, mas queria saber se ela poderia abaixar o valor. David acabou comprando o relógio por cerca de US$ 10. Em seu interior, ele descobriu um pequeno frasco de tinta de rádio deixado acidentalmente por um funcionário ou como cortesia para que o proprietário do relógio pudesse retocar o mostrador quando começasse a desaparecer. David ficou tão feliz que, naquele mesmo dia, horas mais tarde, passou na loja para deixar um bilhete para Gloria, dizendo que se ela recebesse outro "relógio luminoso", que era para entrar com contato com ele imediatamente.

A proprietária, Gloria Genette (na foto), ainda se lembrava do dia em que ela foi chamada em casa por um funcionário da loja, que disse que um jovem bem educado estava ansioso para comprar um antiho relógio de mesa, com um mostrador esverdeado, mas queria saber se ela poderia abaixar o valor. David acabou comprando o relógio por cerca de US$ 10.
Para concentrar o rádio, David conseguiu uma amostra de sulfato de bário, da ala de radiografia de um hospital local (a equipe entregou a substância, porque eles lembraram de seu projeto para obter a medalha de mérito), e o aqueceu até se liquifazer. Depois de misturar o sulfato de bário com as partículas de tinta de rádio, ele passou a mistura através de um filtro de café em um béquer. que começou a brilhar. Dessa vez, David julgou a solubilidade das duas substâncias corretamente; a solução de rádio passou para o béquer. Então, ele desidratou a solução em sais cristalinos, que ele poderia colocar em um outro bloco de chumbo para construir uma nova arma.

Notando ou não, ao manusear o rádio purificado, ele estava realmente se colocando em perigo. No entanto, ele passou a adquirir outro emissor de nêutrons para substituir o alumínio usado em sua arma de nêutrons anterior. Fiel às instruções de Erb, ele conseguiu uma tira de berílio (que é uma fonte muito mais rica de nêutrons do que o alumínio), do Departamento de Química da Faculdade Comunitária Macomb - um amigo que frequentava a faculdade furtou a tira para ele - e colocou em frente ao bloco de chumbo que continha o rádio. Sua arma de amerício havia se tornado uma arma muito mais poderosa de rádio. Assim sendo, David começou a bombardear o tório e o urânio em pó, na esperança de produzir pelo menos alguns átomos "fissionáveis". Ele mediu os resultados com seu contador Geiger mas, enquanto o tório parecia se tornar mais radioativo, o urânio mostrou ser uma grande decepção.

Depois de misturar o sulfato de bário com as partículas de tinta de rádio, ele passou a mistura através de um filtro de café em um béquer. que começou a brilhar. Dessa vez, David julgou a solubilidade das duas substâncias corretamente; a solução de rádio passou para o béquer
Mais uma vez, o "professor Hahn" entrou em ação, escrevendo para seu velho amigo Erb, na NRC, para discutir o problema. A NRC tinha a resposta. Os nêutrons de David eram muito "rápidos" para o urânio. Ele teria que retardá-los usando um filtro de água, deutério ou trítio. A água teria sido suficiente, mas David gostava de um desafio. Consultando sua lista de fontes radioativas comercialmente disponíveis, ele descobriu que o trítio, um material radioativo usado para aumentar o poder das armas nucleares, era encontrado nos sistemas de miras de armas de fogo, pressão e arcos, que brilhavam no escuro. David prontamente comprou as mesmas de lojas de artigos esportivos e através de catálogos por correspondência. Ele removeu o trítio contido em uma substância cerosa de dentro das miras e, em seguida, usando diversos pseudônimos, devolveu as mesmas para as lojas ou para os fabricantes para serem reparadas - cada vez coletando mais uma pequena quantidade de trítio. Quando conseguiu o suficiente, David besuntou a substância cerosa em cima de um tira de berílio e direcionou a arma em direção ao urânio em pó. Ele monitorou cuidadosamente os resultados com seu contador de Geiger durante várias semanas, e parecia que o pó estava se tornando cada vez mais radioativo.

Aos 17 anos, David se deparou com a ideia de construir um modelo de reator regenerador. Ele sabia que sem uma massa crítica de pelo menos 30 quilos de urânio enriquecido, ele não tinha chance alguma de iniciar uma reação em cadeia sustentável, mas estava determinado a chegar o mais longe possível tentando fazer com que seus vários radioisótopos interagissem uns com os outros. Seu plano era um esquema, que ele tinha visto em um dos livros da faculdade do seu pai. Ignorando quaisquer medidas de segurança, ele removeu o altamente radioativo rádio e o amerício de seus "casulos de chumbo" e, rodada após rodada de depuração e pulverização, ele misturou os isótopos com o berílio e aparas de alumínio, que foram envolvidos em uma folha de papel alumínio. O que antes eram as fontes de nêutrons para suas armas tornou-se um "núcleo" improvisado para seu reator. Ele rodeou essa bola radioativa com um "cobertor" composto de minúsculos cubos de cinzas de tório e pó de urânio, que foram organizados em um padrão alternado com cubos de carbono e tênuemente mantidos unidos com uma fita adesiva. Evidentemente, David monitorou o seu "reator regenerador", do laboratório em Golf Manor, com seu contador Geiger.

O que antes eram as fontes de nêutrons para suas armas tornou-se um "núcleo" improvisado para seu reator. Ele rodeou essa bola radioativa com um "cobertor" composto de minúsculos cubos de cinzas de tório e pó de urânio, que foram organizados em um padrão alternado com cubos de carbono e tênuemente mantidos unidos com uma fita adesiva.
Evidentemente, David monitorou o seu "reator regenerador", do laboratório em Golf Manor, com seu contador Geiger
"Era muito radioativo. O nível de radiação após algumas semanas era muito maior do que no momento da montagem. Sei que transformei alguns materiais radioativos. Mesmo que não houvesse nenhuma massa crítica, sei que algumas das reações que acontecem em um reator regenerador aconteceram", disse David Hahn.

Finalmente David, cujas precauções de segurança até então consistiam em usar um poncho improvisado de chumbo, jogar fora as suas roupas, ou trocar seus sapatos depois de uma sessão no galpão, começou a perceber que, reação sustentável ou não, ele poderia estar colocando a si mesmo e outros em perigo (uma dessas percepções veio depois que a radiação começou a ser detectada através do concreto).

Finalmente David, cujas precauções de segurança até então consistiam em usar um poncho improvisado de chumbo, jogar fora as suas roupas, ou trocar seus sapatos depois de uma sessão no galpão, começou a perceber que, reação sustentável ou não, ele poderia estar colocando a si mesmo e outros em perigo (uma dessas percepções veio depois que a radiação começou a ser detectada através do concreto)
Jim Miller, um amigo da escola e "profundo conhecedor" sobre energia nuclear, em quem David havia confidenciado seus planos, avisou-o de que os reatores verdadeiros usavam varetas de controle para controlar as reações nucleares. Jim recomendou que fosse usado cobalto, que absorvia os nêutrons, mas não os tornava fissionáveis. Então, David comprou um conjunto de brocas de cobalto em uma loja de ferramentas e inseriu entre os cubos de tório e urânio. Porém, o cobalto não era suficiente. Quando o contador Geiger começou a registrar radiação a uma distância de cinco casas da sua mãe, David percebeu que ele tinha "muita coisa radioativa em um só lugar" e começou a desmontar o reator. Ele colocou as pastilhas de tório em uma caixa de sapatos, que ele escondeu na casa de sua mãe, deixou o rádio e amerício no galpão, e empacotou a maior parte do equipamento restante, no porta-malas do seu Pontiac 6000.

Por volta das 2h40 da manhã, do dia 31 de agosto de 1994, a polícia de Clinton Township respondeu a um chamado sobre um rapaz, que havia sido visto em um bairro residencial, aparentemente roubando pneus de um carro. Quando a polícia chegou, David disse-lhes que estava esperando para encontrar um amigo. Os policiais não ficaram convencidos, e resolveram fazer uma busca em seu carro. Quando abriram o porta-malas descobriram uma caixa de ferramentas fechada com um cadeado e selada com fita adesiva por preocaução. O porta-malas continha mais de 50 cubos envoltos com um pó cinza misterioso, pequenos discos e objetos metálicos cilíndricos, mantos de lampiões, interruptores de mercúrio, mostradores de relógio, minérios, fogos de artifício, tubos de vácuo e diversos produtos químicos e ácidos. A polícia ficou totalmente desnorteada com a caixa de ferramentas, principalmente porque David alertou que a mesma era radioativa, e eles temiam que fosse uma bomba atômica.

A polícia ficou totalmente desnorteada com a caixa de ferramentas, principalmente porque David alertou,
que a mesma era radioativa, e eles temiam que fosse uma bomba atômica
Por razões que são difíceis de entender, o sargento Joseph Mertes, um dos oficiais que o prendeu, ordenou que carro contendo, o que ele observou em seu relatório como sendo "um potencial dispositivo explosivo improvisado" fosse rebocado para a sede da polícia. "Provavelmente, isso não deveria ter sido feito, mas achamos que o carro tinha sido usado para cometer um crime. Quando entrei as 6h30 da manhã já estava lá", disse Al Ernst, chefe de polícia da localidade, na época que o artigo do jornalista Ken Silverstein foi publicado.

A polícia chamou o Esquadrão Antibombas da Polícia Estadual do Michigan para examinar o carro e o Departamento Estadual de Saúde Pública (DPH) para fornecer assistência radiológica. A boa notícia era que a caixa de ferramentas de David não era uma bomba atômica. A má notícia era que o porta-malas de David continha materiais radioativos, incluindo concentrações de tório - "não encontradas na natureza, pelo menos não em Michigan" - e amerício. Essa descoberta desencadeou automaticamente no "Plano Federal de Resposta a Emergências Radiológicas", e oficiais estaduais logo seriam envolvidos em consultas telefônicas tensas com a Agência de Proteção Ambiental (EPA), com a Comissão de Regulamentação Nuclear (NRC), e até mesmo o FBI.

Em relação a polícia, David era bem pouco cooperativo e reservado. Ele forneceu o endereço de seu pai, mas não mencionou a casa de sua mãe ou seu galpão de jardinagem. Não até o dia de Ação de Graças (comemorado nos Estados Unidos na quarta quinta-feira do mês de novembro), quando Dave Minnaar, um especialista em radiologia do Departamento Estadual de Saúde Pública, finalmente conversou com David. O adolescente explicou que ele estava tentando fazer o tório de uma forma, que ele pudesse usar para produzir energia, e que esperava que "o sucesso de sua empreitada ajudasse a garantir a 'patente' máxima entre os escoteiros." Na ocasião, David finalmente admitiu ter um laboratório no quintal de casa.

Em relação a polícia, David era bem pouco cooperativo e reservado. Ele forneceu o endereço de seu pai, mas não mencionou a casa de sua mãe ou seu galpão de jardinagem. Não até o dia de Ação de Graças (comemorado nos Estados Unidos na quarta quinta-feira do mês de novembro), quando Dave Minnaar (na imagem acima), um especialista em radiologia do Departamento Estadual de Saúde Pública, finalmente conversou com David
Em 29 de novembro daquele mesmo ano (1994), especialistas em radiologia do Estado do Michigan examinaram o galpão. Eles descobriram formas de torta em alumínio, frascos de ácido, copos, caixas de leite e outros materiais espalhados, muitos dos quais contaminados com o que os relatórios oficiais subsequentes chamariam de  "níveis excessivos" de material radioativo, especialmente amerício-241 e tório-232. Quão contaminado? Bem, uma mera lata de legumes, por exemplo, registrou 50.000 microsieverts por minuto, cerca de 1.000 vezes maior do que os níveis normais de radiação de fundo. Um detalhe no entanto, era ainda mais sombrio. Embora Dave Minnaar não soubesse disso na época, eles realizaram essa busca muito após a mãe de David, alertada por Ken e Kathy, e com medo que o governo pudesse tomar a casa dela como consequência dos experimentos do filho, ter revistado o galpão e descartado muito do que ela encontrou, incluindo a arma de nêutros, o rádio, pastilhas de tório, que eram muito mais radioatvidas do que as autoridades públicas de saúde encontraram, e uma generosa quantidade de pó radioativo.

Após determinar que nenhum material radioativo tinha vazado para fora do galpão, as autoridades estatais selaram e pediram ajuda ao governo federal. A NRC costumava lidar com tais situações em relação a instalações de pesquisas e centras nucleares licenciadas, mas David, obviamente, não tinha nenhuma licença para isso. Então, foi determinado que a Agência de Proteção Ambiental (EPA), que responde a emergências envolvendo materiais atômicos perdidos ou abandonados, fosse contatada para fornecer assistência. Oficiais da Agência de Proteção Ambiental chegaram em Golf Manor, em 25 de janeiro de 1995 - cinco meses depois que David foi detido pela polícia - para conduzir sua própria busca no galpão. O "memorando" emitido pela agência, observou que as condições no local "apresentavam um risco iminente e substancial para a saúde pública, bem-estar ou para o meio ambiente", e que havia "exposição real ou potencial a populações humanas, animais ou a cadeia alimentar..." O memorando ainda afirmava que, condições climáticas adversas, tais como ventos fortes, chuva ou incêndio poderiam fazer com que os contaminantes se dispersassem ou fossem liberados no ambiente.

Uma limpeza promovida pelo Superfundo ocorreu entre 26 e 28 de junho de 1995, a um custo de cerca de US$ 60.000. Depois que os funcionários com "trajes espaciais" desmantelaram o galpão de jardinagem com serras elétricas, eles colocaram os pedaços de madeira em 39 barris selados, que foram transportados para a "Envirocare", uma instalação de descarte de material radioativo no chamado "Grande Lago Salgado", no estado norte-americano de Utah. Lá, os resquícios dos experimentos de David foram sepultados juntamente com toneladas de detritos de baixo nível de radioatividade das fábricas de bombas atômicas do governo, instalações de produção de plutônio e locais industriais contaminados. De acordo com a avaliação oficial, não houve danos visíveis à flora ou fauna em Golf Manor, mas cerca de 40.000 moradores locais poderiam ter sido colocados em risco durante os anos de experimentos de David, devido aos perigos impostos pela liberação de pó radioativo e radiação.

Uma limpeza promovida pelo Superfundo ocorreu entre 26 e 28 de junho de 1995,
a um custo de cerca de US$ 60.000 (algumas fontes mencionam cerca de US$ 70.000)
Depois que os funcionários com "trajes espaciais" desmantelaram o galpão de jardinagem com serras elétricas,
eles colocaram os pedaços de madeira em 39 barris selados
Foto do estado em que o galpão utilizado por David Hahn se encontrava em junho de 1995
Foto mostrando prateiras repletas de garrafas e vidros contendo produtos químicos
Em entrevista ao jornalista Ken Silverstein, Dave Minnaar se mostrou confuso e sem entender exatamente os planos de David Hahn, uma vez que ele não sabia que a mãe biológica dele havia feito uma verdadeira "limpa" no galpão, antes que a equipe de Dave realizasse uma varredura no local. Ele disse apenas que tais condições não eram sequer cogitadas pelas agências reguladoras, ou seja, simplesmente se presumia que uma pessoa comum não teria a tecnologia ou materiais necessários para realizar experimentos nessa área.

Todo o material foi transportado para a "Envirocare", uma instalação de descarte de material radioativo
no chamado "Grande Lago Salgado", no estado norte-americano de Utah
David acabou entrando em uma grave depressão depois que as autoridades federais fecharam seu laboratório. Anos de trabalhos meticulosos tinham sido jogados no lixo ou enterrados sob as areias de Utah. Os alunos em Chippewa Valley começaram a chamá-lo de o "Garoto Radioativo", e quando Heather enviou balões comemorativos do Dia dos Namorados para David, eles foram confiscados pelo diretor, que aparentemente temia, que eles tivessem sido inflados com gases químicos, que David precisasse para continuar seus experimentos. Para piorar a situação, alguns escoteiros locais tentaram negar (embora tenham falhado) a "patente" tão almejada por David, ao dizer que suas que suas atividades extracurriculares tinham colocado em risco a comunidade.

No outono de 1995, Ken e Kathy exigiram que David se matriculasse na Faculdade Comunitária Macomb. Ele se formou em Metalurgia, mas ignorou muitas de suas aulas e passava grande parte do dia na cama ou dirigindo em círculos ao redor do seu quarteirão. Finalmente, Ken e Kathy deram-lhe um ultimato: junte-se às Forças Armadas ou saia da casa. Eles ligaram para o escritório de recrutamento local, que enviou um representante para sua casa e o convocou quase todos os dias até que David finalmente cedeu.

No outono de 1995, Ken e Kathy exigiram que David se matriculasse na Faculdade Comunitária Macomb. Ele se formou em Metalurgia, mas ignorou muitas de suas aulas e passava grande parte do dia na cama ou dirigindo em círculos ao redor do seu quarteirão
Na época que o artigo foi publicado, ou seja, em 1998, o dever de David, sendo um humilde marinheiro, era de esfregar o convés e descascar batata. Porém, após companheiros pegarem no sono, David ficava estudando temas que o interessavam - esteróides, melanina, códigos genéticos, antioxidantes, protótipos de reatores, aminoácidos e direito penal. Ironicamente, no entanto, David estava servido à bordo do USS Enterprise, o primeiro porta-aviões de propulsão nuclear do mundo.

Por fim, é interessante notar, que todos os materiais radioativos que David utilizou em seus  experimentos podiam entrar no corpo por ingestão, inalação ou contato com a pele e, em seguida, se depositar nos ossos e órgãos, onde podiam causar uma série de doenças, incluindo o câncer. Por ser tão potente, o rádio que David foi exposto em um espaço relativamente pequeno e fechado era o mais preocupante de todos. Em 1995, a Agência de Proteção Ambiental providenciou que David fosse submetido a um exame completo na usina nuclear mais próxima, a da Fermi. David, com medo do que pudesse descobrir, recusou.

Ironicamente, no entanto, David estava servido à bordo do USS Enterprise,
o primeiro porta-aviões de propulsão nuclear do mundo
Após cerca de quatro anos servindo no USS Enterprise, David acabou se alistando no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos onde, alguns anos depois, ele foi honrosamente dispensado por motivos médicos e voltou para o Michigan. Posteriormente, ele foi diagnosticado como sendo um "esquizofrênico paranóico com transtorno bipolar", e tomou medicação para ambas as condições.

O Documentário Chamado "O Escoteiro Nuclear" Promovido pela Britânica "Eagle TV", em 2003


Se você acompanhou essa postagem até esse ponto, é importante destacar que muitas imagens acima foram retiradas de um documentário chamado "The Nuclear Boy Scout" ("O Escoteiro Nuclear", em português), com aproximadamente 25 minutos, que foi divulgado em 2003, que foi realizado pela "Eagle TV", uma produtora britânica, que foi exibido pelo canal 4, no Reino Unido e pelo canal francês M6. Contudo, vocês podem conferí-lo através de um canal de terceiros no YouTube (em inglês, com legendas em inglês):



Vale muito a pena que vocês confiram esse documentário, porque ele mostra em vídeo tudo aquilo que vocês já leram anteriormente, de uma forma muito mais interativa e dinâmica, é claro. Além disso, o mesmo conta com a opinião de diversas pessoas que tiveram um grau de envolvimento com esse caso, incluindo o pai de David.

No ano seguinte a exibição desse documentário (2004), o jornalista Ken Silverstein publicou um livro sobre esse assunto, chamado "The Radioactive Boy Scout" ("O Escoteiro Radioativo", em português), que possui mais de 200 páginas, ou seja, uma espécie de grande ampliação em relação ao seu artigo originalmente publicado em 1998. Evidentemente, comentar sobre esse livro tornaria essa postagem ainda mais longa, mas acredite, as informações que estou repassando para vocês são as mais completas possíveis em um espaço relativamente curto de tempo. Então, você estará muito bem informado apenas ao ler essa postagem. Caso queria se aprofundar consideravelmente sobre o assunto, e compreenda o idioma, recomendo a leitura do livro.

Um Novo Incidente Envolvendo David Hahn e as Autoridades Policiais em 2007, e um Interessante Artigo Publicado Pelo Britânico "Daily Mail", em 2013


No dia 4 de agosto de 2007, a agência de notícias Associated Press (AP) divulgou algo que, talvez, muitos jamais acreditariam tão facilmente assim. O homem que havia se tornado o tema de um livro chamado "The Radioactive Boy Scout" ("O Escoteiro Radioativo", em português) depois de tentar construir um reator nuclear em um galpão, quando adolescente, foi acusado pela polícia de roubar 16 detectores de fumaça. A polícia chegou a dizer que teria sido uma possível tentativa de realizar experimentos com materiais radioativos. Sim, exatamente isso que você leu.

David Hahn, na época com 31 anos, estava sendo mantido preso, com uma fiança estipulada em US$ 5.000 na prisão do condado de Macomb, depois que ele foi acusado pelos crimes de roubo. Richard Maierle, capitão da polícia de Clinton Township, disse que Hahn negou as acusações. Um funcionário do tribunal teria dito que Hahn não tinha advogado. A Associated Press ligou para a prisão em uma tentativa de falar com Hahn, mas um porta-voz do xerife disse que a prisão não repassava mensagens aos detentos.

David Hahn, na época com 31 anos, estava sendo mantido preso, com uma fiança estipulada em US$ 5.000 na prisão do condado de Macomb, depois que ele foi acusado pelos crimes de roubo. Richard Maierle, capitão da polícia de Clinton Township, disse que Hahn negou as acusações
Os investigadores de polícia disseram que David Hahn foi preso, depois que um funcionário pela manutenção o viu roubando um detector de fumaça do teto em um complexo de apartamentos onde ele morava. Posteriormente, foram encontraram outros detectores em seu apartamento no subúrbio de Detroit, em Clinton Township.

Na época, a polícia disse que o rosto de Hahn estava coberto
de feridas abertas, possivelmente devido à constante
exposição a materiais radioativos
Na época, a polícia disse que o rosto de Hahn estava coberto de feridas abertas, possivelmente devido à constante exposição a materiais radioativos, mas isso nunca ficou comprovado.

Richard Maierle mencionou que seu departamento evacuou o complexo de apartamentos e chamou a Esquadrão Antibombas da Polícia Estadual que, por sua vez, não encontrou materiais perigosos. Ele também disse que as autoridades ficaram sabendo que David Hahn havia retornado para a região em janeiro daquele ano, após servir a Marinha dos Estados Unidos.

"Por causa de seu passado, estávamos um pouco preocupados. Não queríamos que locais radioativos começassem a surgir", disse Richard Maierle, acrescentando que seu próprio departamento alertou o FBI quando descobriram que ele estava de volta ao Michigan.

Posteriormente, David Hahn se declarou culpado pelos crimes de roubo. Ele acabou sendo sentenciado a 90 dias de reclusão, mas o cumprimento da pena de acabou sendo adiado devido a problemas de saúde do próprio David, visto que ele ficou sob tratamento na unidade psiquiátrica do Hospital de Administração de Veteranos local.

Cerca de seis anos depois, em novembro de 2013, o britânico "Daily Mail" resolveu publicar um artigo sobre o caso de David Hahn. Assim sendo, em entrevista ao tabloide, David disse inicialmente que, naquela época, seus experimentos estavam apenas no papel, mas que ainda gostava de se manter informado sobre assuntos científicos. Ele chegou a mencionar podia ter havido algumas questões de segurança, mas que o valor da descontaminação, considerado bem alto para os padrões da época, teria sido exagerado, porque, segundo ele, estava apenas construindo um reator nuclear modelo, e ele nunca chegou a ver o galpão brilhando no escuro. David também contou sobre suas ambições, e que a mais recente delas era criar uma lâmpada que duraria cerca de 100 anos. Ele acreditava fielmente que isso fosse possível.


David disse que tinha dificuldade em fazer amigos, porque não encontrava pessoas com quem pudesse conversar no mesmo nível que ele, e que também tivessem os mesmos interesses. Naquela época, ele estava se correspondendo com o proprietário de uma loja de produtos radiológicos, que já teria trabalhado na famosa "Área 51", e um engenheiro nuclear da cidade de Albuquerque, no estado norte-americano do Novo México. Resumindo? David ainda demonstrava paixão pela energia nuclear.

Entretanto, ele disse que tudo começou com a Astronomia, que amava os planetas, e sempre achou que um dia o homem iria para Marte ou uma das luas de Júpiter. Aos sete anos de idade, ele disse que ficava vidrado nos quadrinhos do Homem-Aranha, e na figura de Peter Parker, o gentil fotógrafo, transformado pela mordida de uma aranha irradiada.

O artigo ainda apontou que David estava fazendo cursos na Faculdade Comunitária Macomb. Primeiramente, ele cursou Ciências Aplicadas, depois Comunicações e Artes Performáticas, e naquele ano em questão, ou seja, em 2013, estava cursando Engenharia Automotiva. No que talvez fosse uma das suas últimas declarações públicas, David disse que sabia que sua vida era "esporádica e caótica", mas esperava por algo melhor, e esperava chegar lá através do estudo. Sua ambição era se matricular na Universidade Estadual do Michigan, e criar a tal lâmpada que brilharia por 100 anos.

"Tento aprender o máximo que posso. Quero deixar uma marca na vida. Acho que causei um pequeno caos, mas ainda não deixei uma marca", disse David Hahn.

A Morte de David Hahn


David Charles Hahn, que ganhou alguma notoriedade em 1994, por tentar construir um reator regenerador nuclear caseiro como parte de seu projeto para obter uma medalha de mérito dos escoteiros, morreu aos 39 anos, no dia 26 de setembro do ano passado, sendo que morte quase passou desapercebida pela mídia norte-americana.

Na época, David estava morando em Shelby Township, também no estado do Michigan, e muitos especularam que sua morte teria sido devido a exposição à radiação, que ele sofreu ao longo do tempo. Daviu foi enterrado no Cemitério Militar dos Grandes Lagos, no pequeno vilarejo de Holly.

Na época, David estava morando em Shelby Township, também no estado do Michigan, e muitos especularam que sua morte teria sido devido a exposição à radiação, que ele sofreu ao longo do tempo
Daviu foi enterrado no Cemitério Militar dos Grandes Lagos, no pequeno vilarejo de Holly
De qualquer forma, sua morte estava sendo investigada pelo médico-legista do condado de Macomb, e não se sabia, ao menos não oficialmente, se essa exposição poderia ter contribuído ou não para a sua morte. A investigação, no entanto, foi concluída em 2 de dezembro do ano passado.

Em uma notícia publicada em meados de março desse ano, no site de tecnologia "Ars Technica", foi divulgado que Kenneth Hahn, pai de David, entrou em contato com o site para confirmar que seu filho morreu de intoxicação por álcool, e que suas experiências nucleares anteriores não desempenharam nenhum papel em sua morte. Ele disse que encontrou um pedido de informação por parte do site em conta de e-mail, enquanto excluía mensagens antigas.

Em uma notícia publicada em meados de março desse ano, no site de tecnologia "Ars Technica", foi divulgado que Kenneth Hahn, pai de David, entrou em contato com o site para confirmar que seu filho morreu de intoxicação por álcool, e que suas experiências nucleares anteriores não desempenharam nenhum papel em sua morte
Citando um exame toxicológico e a autópsia do próprio filho, Kenneth Hahn disse que David tinha um nível bem perigoso de teor de álcool no sangue, cerca 0.404, no final da noite de 26 de setembro de 2016. Segundo ele, a "lesão por radiação" que David apresentava no pulso remontava a sua adolescência e não era algo recente.

"David estava fazendo compras no Walmart, era por volta das 22h30, e acredito que ele tenha ido comprar algo para comer. Eles o encontraram no banheiro cerca de 20 minutos depois, morto, não havia como reanimá-lo", disse Kenneth Hahn, acrescentando que não sabia sobre a morte do filho até que polícia de Shelby Township batesse à sua porta poucas horas depois, por volta de 2h da manhã, para dar a notícia.

Citando um exame toxicológico e a autópsia do próprio filho, Kenneth Hahn disse que David tinha um nível bem perigoso de teor de álcool no sangue, cerca 0.404, no final da noite de 26 de setembro de 2016. Segundo ele, a "lesão por radiação" que David apresentava no pulso remontava a sua adolescência e não era algo recente.
Antes de sua morte, Kenneth Hahn acompanhou seu filho no Hospital de Administração de Veteranos para exames de rotina a cada trimestre. A equipe médica não encontrou nenhum efeito persistente da exposição anterior à radiação. Kenneth também disse que estava orgulhoso do seu filho e muito triste por ele ter partido, visto que ele poderia ter feito muito mais nesse mundo. Pai e filho viviam apenas a 800 metros um do outro.

Comentários Finais


É muito importante destacar, ainda que particularmente considere desnecessário mencionar, que você não deve manipular, tentar adquirir ou extrair materiais radioativos, mesmo que você tenha a melhor das intenções. Você também não deve tentar recriar qualquer um dos experimentos mencionados, visto que ninguém, absolutamente ninguém, precisa de um reator caseiro totalmente inseguro, principalmente um que seja composto de folhas de papel alumínio e fita adesiva. Além disso, um outro detalhe primordial, é que as poucas tentativas de construir um reator regenerador nuclear acabaram resultando em alguns dos episódios mais tensos da era nuclear. Basta ver os casos que não vingaram ou resultaram em sérios problemas para as unidades que abrigavam tais reatores. É necessário ter respeito pela radiação, visto que ela não ocasiona apenas a morte de pessoas, mas deixa marcas profundas, sequelas físicas e mentais em descedentes, através de aberrações cromossômicas, e expõe pessoas inocentes a um desastre praticamente invisível, sem gosto e sem cheiro.

De qualquer forma, o experimento de David é uma indicação assustadora, de quão fácil determinados materiais radioativos podiam, e talvez ainda possam ser adquiridos ao redor do mundo, e estocados sem que ninguém perceba ou se importe em perceber o que está acontecendo. Apesar de ser péssimo na escola, assim como em matemática, a aptidão de David para a ciência era fenomenal. A partir de um livro de experimentos químicos da década de 1960, ele rapidamente catalisou os princípios e as habilidades em manipular as reações, e expandiu seu conhecimento através de muitas horas de uma verdadeira e profunda pesquisa em uma biblioteca. Mesmo com medidas mínimas ou praticamente inexistentes de segurança, ele seguiu em frente, inabalável, na certeza que estava fazendo algo pelo mundo, algo pelo qual seria reconhecido e respeitado. Acima de tudo, David também ganhava destaque na chamada engenharia social. Apesar da rígida disciplina imposta e da ausência de afeto, principalmente paterno, ele conseguia manipular as pessoas. Ele conseguia conseguir seduzir autoridades reguladoras e indústrias, mesmo diante de uma escrita precária, para receber todo o apoio e dicas extremamente valiosas para o seu projeto.

Entretanto, ironicamente não podemos chamá-lo de "maluco" ou "lunático". Quando David percebeu que seu experimento estava fora de controle, notando que não havia nenhuma pessoa próxima que pudesse efetivamente ajudá-lo e nem mesmo as páginas dos livros eram suficientes para conter o que estava gradativamente piorando, e sendo detectado relativamente longe da casa de sua mãe, David parou. Tentou desmantelar seu "reator nuclear" da forma que podia. Ele sabia que tinha ido longe de mais. Você pode dizer o mesmo daquele cientista que resolver realizar testes em uma determinada noite na Central Nuclear de Chernobyl? Aquele cientista, no auge de sua arrogância como detentor do conhecimento científico, condenou centenas de milhares de vidas, em um evento que ecoa até hoje no coração da Europa. Você pode dizer o mesmo dos cientistas que conduziram os testes nucleares em Semipalatinsk, no Cazaquistão, que sabiam que estavam muito próximos de quase 1,5 milhão de pessoas? Esses são apenas alguns exemplos, existem dezenas na história da energia nuclear. Por mais que David fosse excêntrico, solitário e que tenha sofrido uma grande negligência afetiva por parte de seus pais, visto que o pai era bem fechado, e a mãe tinha problemas com álcool e até mesmo de ordem psicológica, ele não aceitou o risco que ele estava colocando a si mesmo, sua família e sua comunidade. O drama pessoal de David é tão complicado, quanto o potencial desastre que poderia ter acontecido. E, no final, com apenas 39 anos de vida ele acabou morrendo sozinho, em um banheiro de um supermercado. Talvez essa seja a pior ironia da energia nuclear: um dos poucos que teve coragem de respeitá-la é considerado por muitos até hoje como um maluco. Aqueles que mataram milhões, ainda são lembrados como contribuidores da paz mundial, como se fossem heróis.

Até a próxima, AssombradOs.

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://brasilrad.com.br/artigos/radioatividade-na-sua-casa/
http://knowledgenuts.com/2013/12/11/the-boy-scout-who-attempted-to-make-a-nuclear-reactor/
http://www.csmonitor.com/2004/0316/p16s03-bogn.html
http://www.dailymail.co.uk/news/article-2506549/Uh-oh-Radioactive-Boy-Scout-built-nuclear-reactor-Detroit-shed-sparking-evacuation-40-000-wants-invent-lightbulb-lasts-100-years.html
http://www.dangerouslaboratories.org/radscout.html
http://www.eagletv.co.uk/home/nuclear.htm
http://www.foxnews.com/story/2007/08/04/radioactive-boy-scout-charged-in-smoke-detector-theft.html
http://www.foxnews.com/story/2007/10/04/radioactive-boy-scout-sentenced-to-0-days-for-stealing-smoke-detectors.html
http://www.pbs.org/newshour/rundown/building-a-better-breeder-reactor-1/
https://arstechnica.com/science/2016/11/this-fall-the-radioactive-boy-scout-died-at-age-39/
https://arstechnica.com/tech-policy/2017/03/radioactive-boy-scout-died-of-alcohol-poisoning-not-radiation-father-says/
https://harpers.org/archive/1998/11/the-radioactive-boy-scout/

O Colapso de um Túnel com Material Radioativo Provoca Tensão no "Depósito Nuclear de Hanford", o Mais Contaminado dos Estados Unidos!

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Por Marco Faustino

Confesso para vocês, que essa postagem não estava nos meus planos, e que ela é uma completa coincidência. Não posso falar que seja uma "feliz coincidência", visto que ao falar de eventuais vazamentos nucleares, não há motivo algum para quaisquer comemorações, muito pelo contrário. É essencial explicar exatamente o que está acontecendo para a população, a gravidade que isso representa ou pode vir a representar, e evidentemente providenciar soluções rápidas e efetivas para que o problema seja minimizado. Vale lembrar que onteontem (9), publiquei uma extensa matéria, bem completa, que provavelmente é o maior e melhor conteúdo em português sobre o caso relacionado ao escoteiro norte-americano chamado David Hahn, que aos 17 anos tentou construir um reator regenerador nuclear caseiro. Ele conduziu experimentos, obviamente em segredo, em um galpão de jardinagem, no quintal da casa de sua mãe, em Commerce Township, no estado do Michigan. Por mais que seu reator nunca tenha atingido a massa crítica, ele atraiu a atenção da polícia local, ao ser abordado em relação a um outro problema ao encontrarem um determinal material em seu veículo. David, no entanto, alertou que o material era radioativo, sendo que os policiais pensaram que se tratava de uma "bomba nuclear". Além disso, o galpão acabou tendo que sofrer uma descontaminação por parte da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, cerca de 10 meses depois. Será que ele conseguiria mesmo levar seus planos adiante, se não tivesse se metido em confusão com a polícia? A resposta para essa e inúmeras perguntas você encontra na referida postagem (leia mais: O Caso David Hahn: O Escoteiro Norte-Americano que Tentou Criar um "Reator Nuclear" no Quintal da Sua Própria Casa!).

Uma vez que fiquei extramente focado na segunda-feira (8), e na manhã seguinte (9) para finalizar a matéria sobre o David Hahn e apresentá-la ao conhecimento de vocês, acabei não notando um assunto, que vem gerando muita preocupação nos Estados Unidos, mais precisamente no "Depósito Nuclear de Hanford" (muitos sites de notícias brasileiros estão erroneamente divulgando como se o local fosse uma central ou usina nuclear, algo que não é, e nunca foi, visto que a instalação não foi criada com o propósito de geração de energia elétrica), e principalmente nas cidades que ficam relativamente próximas ao local. O motivo? Bem, na manhã da última terça-feira (9), um túnel subterrâneo dessa instalação colapsou, em um trecho de cerca de seis metros de extensão, justamente onde ficariam armazenados resíduos nucleares altamente radioativos. Como resultado, o material teria sido exposto, colocando em risco não somente os funcionários que trabalham no local, mas também as populações de cidades próximas, devido as ventos que poderiam conduzir as partículas para essas cidades, e provocar a temida "precipitação radioativa". O túnel que desmoronou fica localizado ao lado da Unidade de Extração de Plutônio e Urânio (PUREX, sigla em inglês), fazendo com que fosse declarada uma "situação de emergência". Agora, será que isso é motivo para pânico? As populações de cidades próximas, que somam quase de 300.000 pessoas, correm algum perigo? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Entenda o Caso: O Colapso de um Túnel no "Depósito Nuclear de Hanford"


Antes de começarmos, é importante que você compreenda que não estamos falando da capital e nem do distrito federal chamado Washington D.C (abreviação de Distrito de Columbia), mas do 42º estado norte-americano localizado na região dos "estados do Pacífico", e que de acordo com o último censo realizado em 2010, possui pouco mais de 7,3 milhões de habitantes.

Se estivéssemos olhando para o mapa dos Estados Unidos, veríamos o estado de Washington no "canto superior esquerdo do mapa", fazendo fronteira com o Canadá, enquanto a capital norte-americana estaria no "canto superior direito", relativamente próxima da cidade da Filadélfia. Portanto, são localidades completamente opostas.

Imagem do Google Maps mostrando a distância entre o estado de Washington,
e a capital norte-americana, Washington D.C
Bem, agora que isso está devidamente esclarecido, saiba que a manhã da última terça-feira (9) tinha tudo para ser outra qualquer no estado norte-americano de Washington, exceto por um boletim de emergência divulgado pelo site oficial do "Depósito Nuclear de Hanford".

Confira abaixo o que dizia boa parte do texto original:

"O Escritório de Operações de Richland do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOR) ativou o Centro de Operações de Emergência de Hanford as 8h26 da manhã (horário local), após um alerta ser declarado. Existe uma preocupação sobre uma subsidência do solo, que cobre os túneis ferroviários próximos a uma antiga instalação de processamento químico. Os túneis contêm materiais contaminados. As ações tomadas para proteger os funcionários do local incluem:
  • As equipes da instalação foram evacuadas;
  • Como precaução, os trabalhadores em áreas potencialmente afetadas do Sítio de Hanford foram mantidos dentro dos prédios;
  • O acesso a área denominada '200 East Area' de Hanford, que fica localizada na região central da instalação, foi restrita para proteger os funcionários."
A manhã da última terça-feira (9) tinha tudo para ser outra qualquer no estado norte-americano de Washington, exceto por um boletim de emergência divulgado pelo site oficial do "Depósito Nuclear de Hanford"
O boletim ainda dizia, que ainda não seria necessário tomar nenhuma atitude em relação aos moradores dos condados de Benton e Franklin, um modo sutil para dizer que não ainda era necessário evacuá-los, ou seja, para não gerar pânico, é claro.

Conforme os minutos foram passando, esse boletim foi recebendo novas informações. Uma nova atualização saiu as 9h39, dizendo que o Corpo de Bombeiros de Hanford já estava presente no local, e as atualizações seriam publicadas tão logo fosse possível. Os trabalhadores nas proximidades ainda estavam sendo mantidos no interior dos prédios como medida de precaução.

Uma nova atualização saiu as 9h39, dizendo que o Corpo de Bombeiros de Hanford já estava presente no local,
e as atualizações seriam publicadas tão logo fosse possível
O boletim emitido na manhã da última terça-feira (9) dizia que ainda não seria necessário tomar nenhuma atitude em relação aos moradores dos condados de Benton e Franklin, um modo sutil para dizer que não ainda era necessário evacuá-los, ou seja, para não gerar pânico, é claro
A situação, no entanto, ficaria um pouco mais caótica, as 10h13, quando equipes no local passaram a reportar que o solo havia cedido em uma área de aproximadamente 6 x 6 metros, sobre um dos túneis ao lado da Unidade de Extração de Plutônio e Urânio (PUREX, sigla em inglês). Porém, oficialmente, ão havia nenhuma indicação de vazamento de agentes contaminantes até aquele momento. Ainda foi mencionado, que as equipes estavam tentando se aproximar do local para realizar uma inspeção visual mais próxima.

A situação, no entanto, ficaria um pouco mais caótica, as 10h13, quando equipes no local passaram a reportar que o solo havia cedido em uma área de aproximadamente 6 x 6 metros (na foto), sobre um dos túneis ao lado da Unidade de Extração de Plutônio e Urânio, a PUREX
A parte interessante é que esse afundamento do solo, por assim dizer, teria sido descoberto pelos próprios trabalhadores durante uma vistoria de rotina, visando evidentemente a segurança do local. Esse túneis possuem centenas de metros de extensão e aproximadamente 2,5m de terra cobrindo os mesmos. A profundidade desse "buraco" em questão, aparentava estar no nível do túnel.

As 10h54, esses números foram atualizados, quando citaram que os túneis da PUREX estavam localizados a leste da instalação, estendendo-se para o sul. Havia dois túneis: um com cerca de 110 metros de comprimento, e outro com aproximadamente 520 metros de comprimento. Os mesmos foram usados a partir da década de 1950 para armazenar equipamentos contaminados. Esse verdadeiro "buraco" de 6 x 6 metros estava localizado no chamado túnel nº 2, em uma área bem próxima de onde os dois túneis se interligavam.

Imagem divulgada mostrando não somente a área ocupada pelo Sítio de Hanford, assim como seus limites (linha tracejada) com os condados de Franklin, Benton e Grant. Além, é claro, do local exato onde encontra-se a instalação denominada de PUREX
Havia dois túneis: um com cerca de 110 metros de comprimento, e outro com aproximadamente 520 metros de comprimento. Os mesmos foram usados a partir da década de 1950 para armazenar equipamentos contaminados
Esse verdadeiro "buraco" de 6 x 6 metros estava localizado no chamado túnel nº 2, em uma área bem próxima de onde os dois túneis se interligavam (nessa imagem não aparece o tal buraco, apenas a localização do túnel nº 2)
Mais uma atualização saiu as 11h13, quando foi informado que algumas equipes presentes em Hanford estavam investigando pessoalmente, por assim dizer, se tinha havido alguma contaminação nas áreas ao redor da PUREX. No entanto, em uma área próxima ao local do incidente, as equipes estavam usando o TALON, que é um dispositivo de exploração remota capaz de monitorar a condição radiológica e registrar imagens em vídeo. Esse equipamento, uma espécie de robô, permitia que as equipes se mantivessem afastadas a uma distância de até 800 metros do local.

Essa aparente serenidade, no entanto, não refletia na imprensa local, principalmente através da jornalista investigativa chamada Susannah Frame que, através da sua conta no Twitter, começou a comentar como estava a situação no local. Susannah pertence a KING-TV, que por sua vez é uma emissora de TV norte-americana afiliada da NBC, com sede na cidade de Seattle, no estado de Washington, e foi uma das principais responsáveis por trazer as primeiras informações e fotos relacionadas ao caso, além do que estava sendo oficialmente mencionado.

No entanto, em uma área próxima ao local do incidente, as equipes estavam usando o TALON, que é um dispositivo de exploração remota capaz de monitorar a condição radiológica e registrar imagens em vídeo. Esse equipamento, uma espécie de robô, permitia que as equipes se mantivessem afastadas a uma distância de até 800 metros do local
Em um dos seus tweets (ou tuítes, como preferirem), ela mencionou a declaração de um dos funcionários, que não foi identificado, mas que estava trabalhando em Hanford no momento do incidente. "Essa é maior ação que já vi em Hanford, nos meus 35 anos trabalhando aqui", teria declarado esse funcionário em questão.

Susannah posteriormente mencionou, que os trabalhadores mais antigos acreditavam que aquela tinha sido a primeira vez que o Centro de Operações de Emergência de Hanford tinha sido acionado diante de um possível vazamento nuclear. Ainda de acordo com a jornalista, essa fonte disse que algumas equipes estavam fazendo obras em uma estrada próxima, e que talvez as vibrações geradas pela mesma poderiam ter resultado no colapso da estrutura.

Susannah pertence a KING-TV, que por sua vez é uma emissora de TV norte-americana afiliada da NBC, com sede na cidade de Seattle, no estado de Washington, e foi uma das principais responsáveis por trazer as primeiras informações e fotos relacionadas ao caso, além do que estava sendo oficialmente mencionado
No entanto, o site do jornal Tri-City Herald foi um dos primeiros a realmente dimensionar tudo o que estava realmente acontecendo. Foi mencionado que cerca de seis trabalhadores estavam próximos do local quando a descoberta relacionada ao afundamento do solo foi feita, sendo que eles foram imediatamente evacuados. Posteriormente, a ABC News acrescentou que estava ocorrendo um passeio guiado no momento em que tudo aconteceu. O grupo foi imediatamente evacuado como "medida de precaução".

Ainda de acordo com o Tri-City Herald, cerca de 3.000 trabalhadores da chamada "200 East Area", incluindo cerca de 1.000 trabalhadores da instalação de vitrificação de Hanford foram ordenados a permanecerem dentro dos prédios. Uma vez que os sistemas de ventilação foram desativados, como "medida de precaução", os equipamentos que geravam calor foram desligados.

Ainda de acordo com o Tri-City Herald, cerca de 3.000 trabalhadores da chamada "200 East Area", incluindo cerca de 1.000 trabalhadores da instalação de vitrificação de Hanford foram ordenados a permanecerem dentro dos prédios
Uma vez que os sistemas de ventilação foram desativados, como "medida de precaução",
os equipamentos que geravam calor foram desligados
Nesse ponto vale destacar, que a jornalista Susannah Frame publicou uma mensagem interna, que pedia aos funcionários para não se alimentarem ou ingerirem líquidos até segunda ordem.

Nesse ponto vale destacar, que a jornalista Susannah Frame publicou uma mensagem interna, que pedia aos funcionários para não se alimentarem ou ingerirem líquidos até segunda ordem
Depois que uma inspeção aérea foi realizada no meio da manhã mostrou que o teto do túnel havia sido destruído, todos os trabalhadores ao norte da "Barricada Wye" (uma espécie de bloqueio militar, considerando o "portão de acesso" dessa localidade), além do Observatório LIGO, foram recomendados que permanecessem abrigados dentro dos prédios. Lembrando que o Observatório LIGO fica localizado a apenas 20 minutos de carro (cerca de 25 km de distância) do centro de Richland e Benton, as cidades mais próximas desse observatório.

Depois que uma inspeção aérea foi realizada no meio da manhã mostrou que o teto do túnel havia sido destruído, todos os trabalhadores ao norte da "Barricada Wye" (uma espécie de bloqueio militar, considerando o "portão de acesso" dessa localidade)...
...além do Observatório LIGO, foram recomendados que permanecessem abrigados dentro dos prédios. Lembrando que o Observatório LIGO fica localizado a apenas 20 minutos de carro (cerca de 25 km de distância) do centro de Richland e Benton, as cidades mais próximas desse observatório.
Isso é um burocrático de entender, mas vou tentar explicar. O alerta inicial emitido foi classificado como sendo um dos níveis mais baixos em termos de emergência, ou seja, quando não se espera que um "evento afete pessoas que estejam fora do limite da instalação". Posteriormente, esse alerta foi ampliado para uma "Situação de Emergência", quando "o evento está afetando ou poderia portencialmente afetar as pessoas fora do limite da instalação, mas não além das fronteiras do Sítio de Hanford". Oficialmente, não houve quaisquer menções do Observatório LIGO, talvez porque o mesmo fique bem perto de populações urbanas, mas burocraticamente dentro dos limites estabelecidos.

Oficialmente, ao meio-dia, os funcionários ao norte da Barricada Wye, e que não estavam presentes na área "200 East Area" foram liberados mais cedo do trabalho como "medida de precaução". No entanto, o pessoal que estava na área do incidente permanecia no interior dos prédios. A atualização fazia questão de mencionar, que não havia nenhuma indicação de vazamento nuclear a partir do buraco que foi aberto no túnel da PUREX, mas que as equipes continuavam monitorando a qualidade do ar das proximidades. Além disso, ninguém foi autorizado a entrar em Hanford além das barreiras de segurança, e os vôos sobre o sítio foram restritos durante boa parte da manhã (continuavam restritos até o fechamento dessa postagem). Confira também uma reportagem publicada no canal do YouTube da KHQ6, emissora de TV afiliada da NBC, em Spokane, Washington, mostrando um pouco como foi aquela manhã em Hanford (em inglês, mas vale a pena conferir):



Curiosamente, o trabalho continuou normalmente em uma usina nuclear, fora dos limites impostos pelas barricadas de segurança. Os trabalhadores dessa usina, a Estação Geradora Columbia, não foram instruídos a permanecerem dentro dos prédios. De acordo com a Energy Northwest, responsável pela usina em questão, a mesma fica localizada a cerca de 20 km da PUREX.

Curiosamente, o trabalho continuou normalmente em uma usina nuclear, fora dos limites impostos pelas barricadas de segurança. Os trabalhadores dessa usina, a Estação Geradora Columbia, não foram instruídos a permanecerem dentro dos prédios. De acordo com a Energy Northwest, responsável pela usina em questão, a mesma fica localizada a cerca de 20 km da PUREX
Os condados de Franklin e Benton também ativaram seus centros de operações de emergência, mas disseram que suas populações não precisavam tomar nenhuma ação preventiva. O Distrito Escolar de Richland disse aos pais dos alunos e outras pessoas que estavam preocupadas com a situação, que não havia perigo de que qualquer contaminação radioativa pudesse chegar às suas escolas, e que eles não tinham sido afetados de forma alguma pelo incidente.

A Universidade Estadual de Washington, também assegurou aos estudantes e ex-alunos que não havia perigo algum em seu campus de Richland. Por volta das 13h35 todos os funcionários da "200 East Area", que não eram essenciais as operações ou que não fossem responsáveis pela segurança também foram liberados mais cedo e instruídos a irem para suas casas.

Foto tirada no local do incidente, mostrando o buraco que se abriu logo acima do túnel nº 2
Ainda de acordo com o site do jornal Tri-City Herald, o Departamento de Energia dos Estados Unidos disse que, até as 17h de terça-feira, nenhum sinal de vazamento de partículas radioativas na atmosfera havia sido detectado (algo que permanece até o fechamento dessa postagem). Além disso, no início da noite foi divulgado, que o incidente estava passando de uma "fase de emergência" para uma "fase de recuperação". Uma equipe especializada estava se preparando para cobrir o buraco com terra limpa, até que uma solução final pudesse ser colocada em prática.

Isso efetivamente aconteceu. Por volta das 20h (horário local) de terça-feira (9), começou o trabalho de preparação para estabilizar e preencher o buraco sobre o túnel nº 2. Naquela mesma noite, uma estrada de cascalho começou a ser construída até a seção desmoronada. A estrada iria fornecer um caminho seguro para os trabalhadores realizarem os procedimentos necessários da melhor forma possível nessa operação.

O preenchimento do buraco acabou sendo escolhido como a melhor opção. As outras duas possibilidades consistiam em cobrir o mesmo com uma lona ou construir uma estrutura sobre o buraco. Até mesmo um vídeo dessa operação foi publicado no canal HanfordPlateau, do YouTube:



Na manhã seguinte (10), por volta das 9h, cerca de 50 caminhões contendo terra e areia começaram a ser despejados no buraco. Um outro vídeo também foi publicado no canal HanfordPlateau, do YouTube, também mostrando essa operação:



De qualquer forma, vale a pena repetir que, até o fechamento dessa postagem, não houve nenhuma alteração em relação a eventuais detecções de partículas radioativas no ar. As autoridades afirmam com veemência que não houve qualquer tipo de vazamento nesse sentido.

Um Pouco Sobre o "Depósito Nuclear de Hanford" e o Material Radioativo que Está Armazendo no Local onde o Túnel Colapsou


Se você está achando que um mero "buraco" no Depósito Nuclear de Hanford, poderia ser algo inofensivo, acredite, o local é realmente perigoso em relação ao seu passado e o que mesmo ainda abriga. Nessa parte da postagem, vamos contar rapidamente um pouco sobre esse local e o que está armazenado naquele ponto onde ocorreu o incidente. Você vai acabar se surpreendendo com alguns números.

O Sítio de Hanford (também chamado de "Depósito Nuclear de Hanford" ou "Reserva Nuclear de Hanford") ocupa uma área de 1.518 km², praticamente o mesmo tamanho da cidade de São Paulo (que possui 1.521 km²), e fica localizando dentro do condando de Benton, em Washington. Esse sítio era ainda maior, possuía cerca de 1.770 km², e incluía áreas dos condados de Grant e de Franklin.

O Sítio de Hanford (também chamado de "Depósito Nuclear de Hanford" ou "Reserva Nuclear de Hanford") ocupa uma área de 1.518 km², praticamente o mesmo tamanho da cidade de São Paulo (que possui 1.521 km²), e fica localizando dentro do condando de Benton, em Washington (a foto acima mostra apenas duas "pequenas áreas" do Sítio de Hanford)
Uma parte do terreno foi devolvida a iniciativa privada, e atualmente conta com pomares e campos irrigados, muito embora a localidade seja um ambiente desértico, com uma baixíssima precipitação anual, e não há permissão para que civis passem ou trafeguem livremente pelo local, exceto que estejam em pesseios guiados.

A criação de Hanford começou em março de 1943 e chegou a empregar cerca de 44 mil trabalhadores (em junho de 1944). A construção das instalações nucleares avançou rapidamente. Antes do fim da Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1945, já havia sido construído cerca de 554 prédios em Hanford, incluindo três reatores nucleares (105-B, 105-D e 105-F) e três instalações de processamento de plutônio.

Vale ressaltar nesse ponto, que a localidade surgiu como parte do "Projeto Manhattan", sendo o lar do primeiro reator de produção de plutônio em larga escala no mundo (o reator 105-B). O plutônio fabricado no local foi usado na primeira bomba nuclear, testada no Sítio Trinity, e na chamada "Fat Man", a bomba que foi detonada sobre Nagasaki, no Japão.

Vale ressaltar nesse ponto, que a localidade surgiu como parte do "Projeto Manhattan", sendo o lar do primeiro reator de produção de plutônio em larga escala no mundo, o reator 105-B (na foto, mostrando sua construção)
Durante a Guerra Fria, o projeto foi expandido, totalizando nove reatores nucleares e cinco grandes complexos de processamento de plutônio, que produziram plutônio para a maior parte das mais de 60 mil armas construídas para o arsenal nuclear dos Estados Unidos.

A tecnologia nuclear desenvolveu-se rapidamente durante este período, e os cientistas de Hanford produziram as principais realizações tecnológicas da época. Muitos procedimentos iniciais de segurança e práticas de deposição de resíduos radioativos eram inadequados, e documentos governamentais confirmaram que as operações em Hanford teriam liberado quantidades significativas de materiais radioativos no ar e no rio Columbia.

Foto antiga mostrando uma "fazenda de tanques subterrâneos", com 12 dos 177 tanques de armazenamento
de resíduos gerados em Hanford
A instalação denominada de PUREX foi a principalmente responsável pela produção de plutônio-239 durante a Guerra Fria, um material fissionável que pode ser utilizado em bombas para criar explosões nucleares. Varetas de combustível de urânio foram irradiadas em reatores nucleares em Hanford para formar o plutônio-239, e posteriormente encaminhadas para a unidade da PUREX para o seu devido processamento. As varetas de combustível foram dissolvidas em ácido para separar o plutônio do urânio e dos rejeitos nucleares.

A planta da PUREX ocupa um espaço maior do que três campos de futebol, erguendo-se a 20 metros acima do solo e 12 metros abaixo dele, possuindo mutos de concreto de até 6 metros de espessura para proteger os trabalhadores da radiação proveniente da edificação. De acordo com o site oficial, essa instalação foi construída durante o início da década de 1950, e entrou em operação em 1956. Desde esse ano até 1972, e novamente entre 1983 e 1988, a PUREX processou cerca de de 75% do plutônio produzido em Hanford. Alguns cientistas acreditam que mais plutônio foi processado na PUREX, do que em qualquer outra instalação no planeta, uma vez que processou mais de 70 mil toneladas de varetas de combustível de urânio durante suas operações.

Foto antiga mostrando o interior da instalação denominada PUREX
A edificação está vazia há quase 20 anos, mas permanece altamente contaminada. Diversos vagões ferroviários que foram utilizados para transportar as varetas de combustível irradiadas dos reatores nucleares de Hanford para serem processadas na PUREX, acabaram sendo temporariamente enterrados dentro de túneis próximos a unidade. Assim como o restante das estruturas de Hanford, a PUREX está programada para ser descontaminada, demolida e alguns dos seus destroços removidos. Os vagões enterrados juntamente à instalação também deverão ser descontaminados, removidos e permanentemente enterrados. É mais uma questão de tempo, muito tempo mesmo, e dinheiro.

Agora, quer saber o que existe debaixo do túnel nº 2, onde um buraco de 6 x 6 metros foi descoberto na manhã de terça-feira (9)? Bem, a PUREX foi a última de cinco instalações de processamento de plutônio-239 que foram construídas. Muitas vezes essas instalações eram chamadas de cânions, porque eram construções compridas, estreitas e tetos bem altos. O urânio irradiado era levado por vagões de trem, evidentemente sobre trilhos, mas os mesmos tiveram uma segunda utilidade.

Uma espécie de extensão foi construída para acessar um novo sistema de descarte de grandes peças de equipamentos altamente radioativos. Além disso, dois túneis foram construídos para armazenar os resíduos. Um motor elétrico controlado remotamente empurrava os vagões ferroviários carregados com material altamente contaminados da instalação para os túneis.

Infográfico mostrando as características do túnel onde ocorreu o colapso de um trecho do mesmo
O túnel onde ocorreu o incidente era o mais antigo dos dois (não sei a razão pela qual chamam de nº 2 se é o mais antigo, talvez seja pelo tamanho menor), com cerca de 110 metros de extensão e foi construído basicamente com vigas de madeira, muito embora o Departamento de Energia dos Estados Unidos diga que concreto também foi utilizado. Em seguida, o mesmo foi coberto com 2,5m de terra. De acordo com o grupo "Heart of America Northwest", esse túnel possui cerca de 6,7 metros de altura por 5,8 metros de largura. Entre junho de 1960 e janeiro de 1965, oito vagões carregados com resíduos radioativos foram empurrados para dentro do mesmo.

Um outro túnel acabou sendo criado em 1964, bem mais reforçado, com vigas de aço e concreto armado em forma de arco. O mesmo possui 520 metros de extensão e cerca de 28 vagões contendo equipamentos contaminados, embora tenha sido projetado para armazenar até 40 vagões. O último vagão, aparentemente, teria sido colocado no início da década de 1990.

Um relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos, realizado em 1997, apontava que a inspeção desses mesmos túneis não eram viável, uma vez que os níveis de radiação eram superiores a cinco roentgens por hora. Um roentgen, ou rad, é uma unidade de medida de exposição radioativa. Para vocês terem uma ideia, cinco roentgens é o limite anual para um trabalhador, que preste serviços em instalações nucleares nos Estados Unidos.

Imagem aérea do buraco que se formou sobre um trecho do chamado túnel nº 2
Entretanto, isso nem chega perto do que ainda está armazenado em Hanford. Estima-se que o sítio contenha cerca de 211 milhões de litros de resíduos radioativos armazenados em tanques, debaixo da terra, sendo que alguns desde a Segunda Guerra Mundial. Se as autoridades ficaram assim por oito vagões em um túnel (no máximo 36 se somássemos com o outro túnel), imagina o que aconteceria se houve um colapso geral desses tanques de armazenamento? Complicado, não é mesmo?

Autoridades Norte-Americanas, Especialistas e Movimentos Antinucleares Comentaram Sobre o Caso


Apesar do Departamento de Energia dos Estados ter mencionado que Rick Perry, Secretário de Energia - que estava visitando o Laboratório Nacional de Idaho, na cidade de Idaho Falls, a uma distância de 1.600 km a sudoeste do local do incidente - ter sido avisado sobre a emergência, o destaque acabou sendo outros membros do governo norte-americano, assim como governadores e senadores.

Rick Perry (de óculos, na foto), Secretário de Energia, estava visitando o Laboratório Nacional de Idaho,
na cidade de Idaho Falls, a uma distância de 1.600 km a sudoeste do local do incidente
O governador de Washington, Jay Inslee, disse que o Departamento de Energia o notificou da emergência na terça-feira pela manhã. Em seguida, houve um telefonema da Casa Branca também para alertá-lo sobre a situação.

"Esta é uma situação séria, e garantir a segurança dos trabalhadores e da comunidade é a principal prioridade. Continuaremos monitorando esta situação e ajudaremos o governo federal a cuidar desse caso", declarou Jay Inslee.

De acordo com a KING-TV, Jay Inslee aparentava estar bem mais preocupado com a situação do que estava sendo oficialmente divulgado. O motivo era justificável, visto que se você ainda continua pensando, que era apenas um buraco sem muita importância, pense duas vezes. As agências que responderam a essa emergência incluíram, além do Departamento de Energia dos Estados Unidos, os departamentos de polícia e os corpos de bombeiros das cidades de Richland, West Richland e Kennnewick, assim como dos condados de Benton, Franklin e Grant; a Patrulha do Estado de Washington; e autoridades estaduais de Washington e do Oregon. Resumindo, tinha muita gente envolvida em tudo isso.

"Esta é uma situação séria, e garantir a segurança dos trabalhadores e da comunidade é a principal prioridade. Continuaremos monitorando esta situação e ajudaremos o governo federal a cuidar desse caso", declarou Jay Inslee
"Acredito que sempre que há uma falha de contenção, existe uma certa preocupação", disse o governador, acrescentando que o Estado de Washington também estava monitorando a qualidade do ar, independentemente das autoridades federais, o que demonstrava uma certa desconfiança, mas que podia ser entendida como uma "medida de precaução". Além dele, a governadora do Oregon, Kate Brown, disse que também estava monitorando a situação, visto que o rio Columbia passa por Hanford e, em seguida, ao longo da fronteira entre Washington e o Oregon.

"O incidente deve servir como um lembrete que, as soluções temporárias que o Departamento de Energia usou por décadas para conter resíduos radioativos em Hanford têm uma vida útil limitada, sejam túneis subterrâneos para armazenar equipamentos contaminados ou tanques de aço envelhecidos repletos do mais alto nível de resíduos radioativos", declarou o senador Ron Wyden, do estado norte-americano do Oregon.

"Quanto maior for o tempo necessário para limpar Hanford, maior será o risco para os trabalhadores, a população, e o meio ambiente", completou.

"Quanto maior for o tempo necessário para limpar Hanford, maior será o risco para os trabalhadores, a população, e o meio ambiente", declarou o senador Ron Wyden, do estado norte-americano do Oregon
A senadora Patty Murray, do estado de Washington, disse que enviou a sua "mais profunda gratidão as primeiras equipes que estavam no local, e a todos aqueles que estavam trabalhando arduamente para tentar descobrir a gravidade da situação."

Aparentemente, quem estava mais preocupado com essa situação eram as autoridades do Estado do Oregon. O site do jornal "Statesman Journal", sediado na cidade de Salem, no Oregon (não confundam com a famosa cidade de Salem, do estado de Massachusetts), apontou a preocupação do Departamento Estadual de Energia, através do seu porta-voz, o Jonathan Modie.

"Estamos monitorando de perto esse incidente. Se houver alguma detecção de radioatividade dentro de um raio de 80 km da instalação, trabalharemos com nossos parceiros no Departamento de Energia do Oregon, no Departamento de Energia de Washington e do departamento federal de energia. Provavelmente, enviaremos equipes para a área para coletar amostras de ar, água, solo e vegetação", disse Jonathan Modie.

A senadora Patty Murray, do estado de Washington, disse que enviou a sua "mais profunda gratidão as primeiras equipes que estavam no local, e a todos aqueles que estavam trabalhando arduamente para tentar descobrir a gravidade da situação."
O "Statesman Journal" também confirmou que a Administração Federal de Aviação (FAA) tinha imposto uma restrição temporária de vôo, ou zona de exclusão aérea, sobre Hanford as 10h35 da manhã de terça-feira (9), algo que estava previsto para durar até às 17h de ontem (10), mas ao consultar o site da FAA, podemos perceber que essa restrição continua e está prevista para durar até 23h59 dessa quinta-feira.

O "Statesman Journal" também confirmou que a Administração Federal de Aviação (FAA) tinha imposto uma restrição temporária de vôo, ou zona de exclusão aérea, sobre Hanford as 10h35 da manhã de terça-feira (9), algo que estava previsto para durar até às 17h de ontem (10), mas ao consultar o site da FAA, podemos perceber que essa restrição continua e está prevista para durar até 23h59 dessa quinta-feira
No texto publicado no site é mencionado que Hanford possui mais de 9.000 funcionários no total, alguns dos quais moravam no condado de Morrow, no Oregon, sendo que o senador Bill Hansell representava a região. "Minha região do Oregon seria a primeira a ser afetada. Obviamente, estamos muito preocupados e acompanhando as atualizações", disse Bill Hansell.

Cerca de 29.000 habitantes moram nas comunidades vizinhas de Boardman, Irrigon, Hermiston e Umatilla. Além da segurança, autoridades do Oregon disseram que sua maior preocupação era com as fazendas, produtores de leite, e empresas da laticínos dessas comunidades, visto que o condado de Morrow é o lar, por exemplo, da Threemile Canyon Farms, uma das maiores empresas desse ramo, nacionalmente falando.

"Se ocorresse um vazamento, nós coletaríamos amostras do leite para ter certeza que é seguro. Certamente não permitiríamos que ele fosse enviado para nenhum lugar", disse Bruce Pokarney, porta-voz do Departamento de Agricultura do Oregon.

O condado de Morrow é o lar, por exemplo, da Threemile Canyon Farms,
uma das maiores empresas desse ramo, nacionalmente falando.
O site também lembrou que o governo federal produziu plutônio para o programa de armas nucleares do país em Hanford, por mais de 40 anos, conforme já mencionamos anteriormente, criando enormes quantidades de resíduos radioativos e quimicamente perigosos. No entanto, estima-se que cerca de 1,6 trilhões de litros de líquidos contaminados foram despejados no solo por todo o país, causando uma extensa contaminação da água subterrânea, sendo que centenas de instalações antigas ainda estariam contaminadas.

"Descobrimos que, as coisas que foram feitas na década de 1940, foram erros absolutamente gigantescos. Estamos fazendo uma limpeza ambiental desde então", disse Bill Hansell. No mês passado, autoridades do Oregon cobraram do governo federal para que o mesmo continue financiando a limpeza, anualmente bilionária (cerca de US$ 2 bilhões todos os anos com um claro viés de alta a cada "novidade" que é descoberta), de Hanford.

"Descobrimos que, as coisas que foram feitas na década de 1940, foram erros absolutamente gigantescos. Estamos fazendo uma limpeza ambiental desde então", disse Bill Hansell
Edwin Lyman, cientista sênior da "Union of Concerned Scientists" ("União de Cientistas Preocupados", em uma tradução livre para o português), disse que o colapso do túnel era uma grande preocupação devido ao potencial de vazamento de radioatividade.

"Isso é um alerta para que acordem sobre a existência de riscos em todos os complexos de armas nucleares, que são possivelmente quiescentes, e que podem surgir a qualquer momento. Não acredito que o Departamento de Energia esteja provendo recursos suficientes para resolver essas questões com a urgência que elas precisam", disse Lyman.

Edwin Lyman, cientista sênior da "Union of Concerned Scientists" ("União de Cientistas Preocupados", em uma tradução livre para o português), disse que o colapso do túnel era uma grande preocupação devido ao potencial de vazamento de radioatividade
Outro incidente que custou caro ocorreu em um depósito subterrâneo de resíduos nucleares no estado norte-americano do Novo México, em fevereiro de 2014, quando um tambor cheio de resíduos radioativos explodiu. A instalação foi forçada a fechar por quase três anos e reabriu em janeiro. "Ainda não sabemos quais serão as consequências do que aconteceu em Hanford, mas isso tem potencial de se tornar um vazamento ambiental muito mais sério. Eles vão precisar estabilizar esse local", completou.

Um relatório de avaliação de risco publicado de 2015, justamente sobre Hanford, que foi preparado para o Departamento de Energia dos Estados Unidos, pelo Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Vanderbilt, disse que "diversos pedaços de detritos perigosos e equipamentos contendo ou contaminados com resíduos perigosos/mistos" foram colocados no túnel nº 2 da PUREX.  O consórcio de pesquisadores que preparou o relatório disse que o edifício da PUREX e os dois túneis têm "potencial para consequências significativas no local." Eles descreveram os riscos básicos envolvendo a PUREX, dizendo que um terremoto ou outro fenômeno natural "causaria uma falha estrutural do edifício ou dos túneis, e liberaria grande parte dos contaminantes radiológicos dispersáveis."

O relatório também resumiu o progresso na limpeza ambiental a longo prazo de Hanford, dizendo que mais de US$ 100 bilhões devem ser gastos com a limpeza durante os próximos 50 anos.

Um relatório de avaliação de risco publicado de 2015, justamente sobre Hanford, que foi preparado para o Departamento de Energia dos Estados Unidos, pelo Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Vanderbilt, disse que "diversos pedaços de detritos perigosos e equipamentos contendo ou contaminados com resíduos perigosos/mistos" foram colocados no túnel nº 2 da PUREX
"Somente os dois túneis combinados têm aproximadamente tanto ou mais isótopo césio-137, do que foi liberado no ambiente durante o acidente de Fukushima", disse Lyman, referindo-se aos detalhes contidos no relatório, acrescentando que, embora as circunstâncias em Hanford sejam muito diferentes do desastre nuclear de 2011, no Japão, ele acreditava que somente isso ilustrava, que o mesmo não era um local de rejeitos inofensivos e de baixo nível, mas que havia muito com o que se preocupar. O colapso do túnel também refletia problemas maiores em instalações que possuem resíduos nucleares em todo o país.

"O maior problema é a falta de atenção e recursos por parte do Departamento de Energia para lidar com os problemas desse legado. Porém, o departamento é incubido dessa responsabilidade. Eles têm esse problema e precisam fornecer os recursos para resolver essas questões", completou. Alguns dos outros locais nucleares com alto nível de resíduos radioativos incluem um sítio em Savannah River, na Carolina do Sul, e uma planta de reprocessamento nuclear fechada há muito tempo em West Valley, Nova York.

"Em alguns casos, eles estão lidando com um legado de decisões ruins, que foram tomadas décadas atrás, em nome da segurança nacional. Ainda estamos pagando o preço por isso, e continuaremos pagando", acrescentou.

Alguns dos outros locais nucleares com alto nível de resíduos radioativos incluem um sítio em Savannah River, na Carolina do Sul (foto superior), e uma planta de reprocessamento nuclear fechada há muito tempo em West Valley, Nova York (foto inferior)
"A decisão original de usar esses túneis como lixeiras, não era incomum. Na verdade, em todo o complexo nas primeiras décadas do programas de armas nucleares, eles não pensaram sobre o que fariam mais adiante para a eliminação de resíduos nucleares", continuou.

Lyman disse que outros problemas não abordados em Hanford e Savannah River - as duas principais instalações onde o plutônio foi fabricado para armas nucleares - incluem tanques, que estão repletos de resíduos líquidos com alto nível radioativo e são, em alguns casos, instáveis. Alguns desses tanques geram hidrogênio, logo haveria uma ameaça de explosão. Além disso, alguns deles também estariam vazando.

"Existe um gigantesco legado de todos os tipos de resíduos radioativos. Não há outra solução senão gastar dinheiro e tempo para estabilizá-los, embalá-los, e encontrar um lugar estável para eliminá-los a longo prazo", finalizou Lyman.

Segundo a KIRO7, emissora de TV afiliada da CBS, em Seattle, no estado de Washington, o movimento antinuclear "Beyond Nuclear" mencionou que o incidente ajudava a mostrar "como o gerenciamento de resíduos radioativos estava totalmente fora de controle." A notícia publicada também mencionava, que o procurador-geral do estado de Washington, Bob Ferguson, já havia entrado com uma ação judicial no último outono contra o Departamento de Energia e a empreiteira contratada, a Washington River Protection Solutions, alegando que os vapores liberados de tanques subterrâneos de resíduos nucleares representavam um sério risco para os trabalhadores.

A notícia publicada também mencionava, que o procurador-geral do estado de Washington, Bob Ferguson, já havia entrado com uma ação judicial no último outono contra o Departamento de Energia e a empreiteira contratada, a Washington River Protection Solutions, alegando que os vapores liberados de tanques subterrâneos de resíduos nucleares representavam um sério risco para os trabalhadores


Bob Ferguson disse que desde o início da década de 1980, centenas de trabalhadores foram expostos a vapores que escaparam dos tanques e, aqueles que respiraram os vapores, desenvolveram hemorragias nasais, dores no peito e no pulmão, dores de cabeça, tosse, dor de garganta, olhos irritados e dificuldade respiratória. Por outro lado, advogados do Departamento de Energia disseram que não há provas de que os trabalhadores tenham sido prejudicados devido a tais vapores.

Como o Plutônio Pode Prejudicar o Corpo de um Ser Humano?


Na parte final dessa postagem, vamos entender um pouco sobre como o plutônio pode prejudicar uma pessoa e os danos que o mesmo pode causar. A base para isso será um artigo bem curto que foi publicado pelo site Live Science, justamente devido a intensificação que esse assunto teve e continua tendo na mídia norte-americana.

De acordo com o site Live Science, todo material radioativo, conforme decai, pode causar danos. Uma vez que isótopos radioativos instáveis ou versões de um elemento com diferentes pesos moleculares decaem em versões ligeiramente mais estáveis, eles liberam energia. Essa energia extra pode matar diretamente as células ou danificar o DNA de uma célula, gerando mutações que podem eventualmente levar ao câncer. O plutônio, uma das substâncias radioativas que está presente em Hanford, tem uma meia-vida de 24.000 anos, o que significa que esse é o tempo que ele leva para que metade do material decaia em substâncias mais estáveis. Assim sendo, ele permanece no ambiente, e no corpo, por um longo tempo.

Plutonium-239, 1941. A primeira amostra em que a fissão nuclear foi detectada, na Universidade da Califórnia.
O item acima fica em exposição no Museu Nacional de História Americana, em Washington, D.C
A exposição ao plutônio pode ser letal para as criaturas vivas. Um estudo publicado em 2011, no periódico "Nature Chemical Biology" descobriu que as células das glândulas adrenais de ratos transportavam plutônio para as células. O plutônio entrou nas células do corpo, primordialmente ao tomar o lugar natural do ferro nos receptores. Esse estudo descobriu que o plutônio também pode permanecer preferencialmente no fígado e nas células sanguíneas. Quando inalado, o plutônio também pode causar câncer de pulmão. No entanto, de acordo com os cientistas responsáveis pelo estudo, uma vez o corpo humano ainda prefere ligeiramente o ferro ao plutônio em seus processos biológicos, essa preferência poderia potencialmente fornecer caminhos para tratar a exposição ao plutônio, inundando tais receptores e impedindo que o plutônio fosse absorvido pelas células.

Além disso, um estudo publicado em 2005, no periódico "Current Medicinal Chemistry" descobriu que existem alguns tratamentos de curto prazo para a exposição ao plutônio. Estudos realizados nas décadas de 1960 e 1970 identificaram agentes como o dietilenetriaminapentaacético (DTPA), que pode ajudar o corpo a remover plutônio mais rapidamente. Outras drogas, como as usadas no tratamento de transtornos do processamento de ferro, como a beta talassemia, ou medicamentos de fortalecimento ósseo, que tratam a osteoporose, também podem ser úteis para a exposição ao plutônio.

O urânio, outro elemento radioativo que muito provavelmente está presente em concentrações perigosas nos túneis da PUREX, também pode ter efeitos nocivos para a saúde humana. Os isótopos de urânio têm meias-vidas que variam de 4,5 bilhões de anos a 25 mil anos. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, o maior risco de saúde que as pessoas enfrentam depois de terem sido expostos ao urânio se concentra nos rins. As pessoas expostas ao urânio também podem ter problemas pulmonares, como tecido cicatricial (fibrose) ou enfisema (grandes sacos aéreos nos pulmões). Em doses elevadas, o urânio pode levar a falência renal e pulmonar. No entanto, estudos descobriram que as pessoas que bebem água de poço contendo baixas doses de urânio não apresentam alterações significativas na função renal.

O urânio, outro elemento radioativo que muito provavelmente está presente em concentrações perigosas nos túneis da PUREX, também pode ter efeitos nocivos para a saúde humana. Os isótopos de urânio têm meias-vidas que variam de 4,5 bilhões de anos a 25 mil anos
O urânio também pode decompor-se em radônio, que tem sido associado a um aumento do risco de câncer em vários estudos, particularmente em mineiros que estão expostos a níveis mais elevados. Além disso, formas radioativas de iodo e césio, por exemplo, e que podem estar presentes em Hanford, também podem causar sérios problemas como o câncer de tireóide.

Enfim, AssombradOs, de qualquer forma resta apenas aguardar os desdobramentos desse caso, na esperança, é claro, que as autoridades estaduais e federais realmente estejam sendo transparentes e resolvam o quanto, de forma definitiva, a situação de Hanford. Se algumas vibrações tiverem sido realmente a causa do colaso daquele túnel, isso mostra claramente a fragilidade de todo o sistema de contenção e o risco real que centenas de milhares de norte-americanos estão correndo. Enfim, caso haja mais alguma novidade relevantes, manteremos vocês informados através dessa mesma postagem, combinado?

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://abcnews.go.com/US/hanford-nuclear-emergency/story?id=47323670
http://tfr.faa.gov/save_pages/detail_7_2817.html
http://touch.latimes.com/#section/-1/article/p2p-93263685/
http://www.businessinsider.com/hanford-nuclear-site-tunnel-collapse-2017-5
http://www.cbc.ca/news/technology/hanford-us-nuclear-waste-radioactive-contamination-tunnel-1.4107595
http://www.efe.com/efe/brasil/mundo/eua-declaram-emergencia-em-central-nuclear-por-colapso-de-tunel/50000243-3261464
http://www.independent.co.uk/news/world/americas/washington-nuclear-tunnel-collapse-hanford-latest-news-updates-plutonium-plant-disaster-a7726866.html
http://www.king5.com/news/local/hanford/tunnel-collapses-at-hanford-no-radiation-released-officials-say/438227872
http://www.kiro7.com/news/local/hanford-evacuates-staff-over-contamination-concerns/520876290
http://www.livescience.com/59042-how-does-plutonium-damage-the-body.html
http://www.popsci.com/tunnel-collapse-nuclear-hanford
http://www.sciencealert.com/a-tunnel-full-of-radioactive-waste-has-caved-in-at-one-of-the-most-contaminated-nuclear-sites-in-the-us
http://www.spokesman.com/stories/2017/may/09/tunnel-with-nuclear-waste-collapses-in-washington-/#/0
http://www.spokesman.com/stories/2017/may/10/hanford-update-workers-building-road-to-reach-coll/
http://www.statesmanjournal.com/story/tech/science/environment/2017/05/09/oregon-activates-emergency-operation-center-after-tunnel-collapses-hanford-nuclear-reservation/101470768/
http://www.tri-cityherald.com/news/local/hanford/article149475209.html
http://www.tri-cityherald.com/news/local/hanford/article149695314.html
http://www.zerohedge.com/news/2017-05-09/emergency-alert-declared-hanford-nuclear-facility-washington-evacuation-ordered
https://energy.gov/em/hanford-site
https://web.archive.org/web/20170510013509/http://www.hanford.gov/c.cfm/eoc/?page=290
https://www.rt.com/usa/387760-hanford-tunnel-collapse-nuclear/
https://www.theatlantic.com/science/archive/2017/05/hanford-tunnel-collapse/526041/
https://www.washingtonpost.com/news/post-nation/wp/2017/05/09/tunnel-collapses-at-hanford-nuclear-waste-site-in-washington-state-reports-say/

"Annabelle Peruana"? Conheça a Boneca Supostamente "Possuída" que Estaria Aterrorizando uma Família no Distrito de Callao, no Peru!

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Por Marco Faustino

Essa semana foi extremamente densa com assuntos voltados a energia nuclear, algo que resultou em duas postagens bem extensas, e que acabaram sendo muito bem recebidas por vocês. Na terça-feira (9) escrevi sobre o David Hahn, que ao longo do tempo recebeu o apelido de "Escoteiro Nuclear" ou "Escoteiro Radioativo" por ter sido apaixonado por um campo, que nem todos os adolescentes adoram ou têm interesse, ou seja, o universo da energia atômica. Aos 17 anos de idade, ele tentou construir um "reator regenerador nuclear" caseiro, em uma pequena construção de madeira, no qual o utilizou como se fosse um pequeno laboratório, no quintal da casa de sua mãe, em Commerce Township, no estado norte-americano do Michigan. O caso é relativamente desconhecido, possui alguns desdobramentos bem interessantes e até mesmo um documentário de curta duração foi realizado sobre esse assunto (leia mais: O Caso David Hahn: O Escoteiro Norte-Americano que Tentou Criar um "Reator Nuclear" no Quintal da Sua Própria Casa!).

Já o segundo caso aconteceu recentemente, e coincidentemente na manhã da última terça-feira (9), quando um túnel subterrâneo do "Depósito Nuclear de Hanford" colapsou, em um trecho de cerca de seis metros de extensão, justamente onde ficariam armazenados resíduos nucleares altamente radioativos. Como resultado, o material teria sido exposto, colocando em risco não somente os funcionários que trabalham no local, mas também as populações de cidades próximas, devido aos ventos que poderiam conduzir as partículas para essas cidades, e provocar a temida "precipitação radioativa". O túnel que desmoronou fica localizado ao lado da Unidade de Extração de Plutônio e Urânio (PUREX, sigla em inglês), fazendo com que fosse declarada uma "situação de emergência". Assim sendo, fiz uma postagem bem completa sobre esse assunto, incluindo não somente o que aconteceu, mas o que estava armazenado no túnel em questão, a repercussão entre autoridades e especialistas, além de contar rapidamente para vocês sobre o que o plutônio e o urânio podem causar no corpo humano. Vale a pena conferir (leia mais: O Colapso de um Túnel com Material Radioativo Provoca Tensão no "Depósito Nuclear de Hanford", o Mais Contaminado dos Estados Unidos!).

Entretanto, fiquem calmos, porque se vocês acompanharam as duas últimas postagens, essa provavelmente será um verdadeiro passeio, visto que iremos voltar a falar sobre a América Latina e, de quebra, um dos assuntos preferidos de milhares de leitores aqui do blog, no qual tenho um imenso carinho, e inscritos em nosso canal no YouTube: bonecas (preferencialmente e supostamente "possuídas", é claro)! O caso que iremos abordar nessa postagem estaria acontecendo em uma casa do distrito de Callao, no Peru, onde uma família estaria vivenciando "fenômenos paranormais" após uma boneca chamada "Sarita" ter sido levada para casa. Familiares alegam que acordam com hematomas e marcas pelo corpo e, como se não bastasse, a boneca sempre se moveria sozinha de lugar. O medo teria tomado conta dessa família e o simples ato de dormir teria virado um martírio. Ao consultar uma "médium" para tentar resolver o caso, uma "angeóloga" chamada Soralla, a mesma teria mencionado que sentiu a presença de uma mulher em um dos quartos. A proprietária da casa mencionou que seria sua cunhada que, no passado, teria tirado sua própria vida. Estranho, não é mesmo? Será que tudo isso estaria realmente acontecendo no local? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Entenda o Caso: A Divulgação Por Parte da Mídia Peruana


Acredito que a última vez que comentei sobre bonecas tenha sido sobre um caso envolvendo algumas comunidades remotas na Nicarágua, quando na ocasião uma série de "possessões demoníacas" estaria acontecendo em uma delas. Infelizmente, praticamente nenhum lugar falou a verdade sobre aquela história, visto que existia todo um contexto muito mais mundano por trás dos casos. De qualquer forma, a realidade por trás da história é algo que vocês podem conferir em nossa postagem (leia mais: Uma Boneca "Amaldiçoada" Seria Responsável por Estranhos Casos de "Possessões Demoníacas" em uma Comunidade Remota, na Nicarágua?).

Agora, eis que a mídia peruana começou a divulgar um estranho caso sobre uma determinada boneca, em que o site do jornal "El Popular" apelidou de "Annabelle Peruana". Na "notícia" que publicaram sobre o mesmo foi mencionado que uma família do distrito de Callao, estaria extremamente preocupada devido as supostas atividades paranormais, que estariam acontecendo na casa onde moram. Vale ressaltar nesse ponto que o distrito de Callao é um dos sete distritos formam a Província Constitucional de Callao, contando com pouco mais de 400.000 habitantes, e a presença do principal aeroporto do país, o Aeroporto Internacional Jorge Chávez.

Imagem do Google Maps mostrando o distrito de Callao, que é um dos sete distritos formam
a Província Constitucional de Callao, que conta com pouco mais de 400.000 habitantes e...
...o principal aeroporto do país, o Aeroporto Internacional Jorge Chávez.
Segundo o site, tudo teria começado quando Ivonne Núñez, a mãe dessa família, recebeu uma boneca que, ao pressionar o peito, rezava a oração do "Pai Nosso". Eles lhe deram o nome de "Sarita", e a mantiveram na sala de estar por muitos anos. Porém, existia algo nela que os assustava: a boneca mudaria de posição sem que ninguém tocasse nela.

Ivonne e seus três filhos estariam muito preocupados com tal situação, porque se eles decidissem deixar a Sarita em um canto da casa, no dia seguinte ela apareceria em cima da mesa, dos demais móveis ou começava a rezar sozinha. Então, a família passou a acreditar que havia uma presença paranormal em casa.

Tudo teria começado quando Ivonne Núñez, a mãe dessa família, recebeu uma boneca que, ao pressionar o peito, rezava a oração do "Pai Nosso". Eles lhe deram o nome de "Sarita", e a mantiveram na sala de estar por muitos anos.
Ivonne e seus três filhos estariam muito preocupados com tal situação, porque se eles decidissem deixar a Sarita em um canto da casa, no dia seguinte ela apareceria em cima da mesa, dos demais móveis ou começava a rezar sozinha
Para tentar resolver a situação, a família Núñez teria entrado em contato com a "médium" Soralla de Los Angeles, que anteriormente já havia realizado uma "limpeza espiritual" na casa. Soralla teria detectado a presença de um fantasma em um dos quartos que, para Ivonne, se tratava de sua cunhada, que tirou a própria vida naquele mesmo local. Curiosamente, no entanto, o "El Popular" não faz nenhuma menção a agressões físicas.

Entretanto, o site do jornal "Diario Correo" fez questão de mencionar essa parte da história, ao dizer que um dos filhos de Ivonne, a Angie, 20 anos, sofreria agressões noturnas (acordaria com hematomas e marcas pelo corpo), e tinha a sensação de que alguém a observava durante a noite. Já o site do jornal "Ojo" mencionou que a boneca tinha o cabelo loiro, "assim como a Annabelle" (irei comentar sobre isso na parte final dessa postagem), que estava na casa há sete anos, e que de vez em quando a família ouvia ruídos estranhos pela casa.

O site do jornal "Ojo" mencionou que a boneca tinha o cabelo loiro, "assim como a Annabelle"
Para completar nossa saga pela mídia peruana, vale destacar o que foi noticiado pelo site do jornal Trome, quando o mesmo mencionou que, "um vídeo que tratava do assunto havia viralizado nas redes sociais" (a famigerada frase, que nem sempre reflete a repercussão de uma história). O texto publicado pelo Trome acrescentava uma outra informação interessante: aparentemente não era apenas a Angie que sofria com agressões noturnas, mas um outro filho chamado Steven, 18 anos, que acordava com hematomas e arranhões no corpo, sem motivo aparente.

Conforme vocês podem perceber, cada veículo de comunicação deu uma notícia de uma forma um pouco diferente em termos de conteúdo, mas todos apontavam para um mesmo vídeo no YouTube. O vídeo em questão era uma reportagem realizada pelo programa "De Película", uma espécie de revista eletrônica apresentada por Verónica Ayllón, da ATV (Andina de Radiodifusión y Television), uma conhecida emissora de TV do Peru.

Confira a essa reportagem diretamente no canal do programa, no YouTube (em espanhol, mas não se preocupem, irei destrinchá-lo para vocês):



O repórter Mario Muguerza teria visitado a casa, e passado "uma noite inteira" dentro da mesma. É justamente sobre essa reportagem, que vocês conferem a partir de agora.

A Reportagem do Programa "De Película" que Foi Exibida no Domingo Passado (7)


Essa reportagem foi exibida por volta das 14h (horário local) do domingo passado (7) no Peru, mas foi publicada no YouTube apenas no dia seguinte (8). Desde então, o vídeo tem apenas cerca de 80 mil visualizações (no momento do fechamento dessa postagem), sendo que a absoluta maioria dos comentários são de usuários, que não acreditam na história da família, e acham tudo não passa de armação. Portanto, o vídeo não está "viralizando" conforme quase todos os veículos de comunicação peruanos disseram, e nem demonstrando tanto interesse assim dos seus telespectadores.

A reportagem foi realizada pelo programa "De Película", uma espécie de revista eletrônica apresentada por Verónica Ayllón (na foto), da ATV (Andina de Radiodifusión y Television), uma conhecida emissora de TV do Peru
De qualquer forma, a reportagem começa com o repórter Mario Muguerza em frente a uma casa de número 991, no distrito de Callao onde, segundo suas próprias palavras, haveria uma "boneca possuída". Em seguida, é mostrada uma boneca com cabelo loiro, olhos azuis, roupas bem coloridas e com um bordado em formato de coração no peito, em cima de um móvel, em uma das salas da casa (aparentemente a sala de jantar).

De qualquer forma, a reportagem começa com o repórter Mario Muguerza em frente a uma casa de número 991, no distrito de Callao onde, segundo suas próprias palavras, haveria uma "boneca possuída"
Em seguida, é mostrada uma boneca com cabelo loiro, olhos azuis, roupas bem coloridas e com um bordado em formato de coração no peito, em cima de um móvel, em uma das salas da casa (aparentemente a sala de jantar)
Ainda é mencionado que ela teria um olhar penetrante e, que ao apertar o seu peito, ela rezava a oração do "Pai Nosso". Porém, há sete anos, desde que a mesma entrou na casa, eventos estranhos teriam começado a acontecer.

Ainda é mencionado que ela teria um olhar penetrante e, que ao apertar o seu peito, ela rezava a oração do "Pai Nosso"
Inicialmente, a Ivonne, que aparece como proprietária da boneca, confirmou que a mesma era encontrada em posições e lugares diferentes da casa. Apesar dos filhos terem medo e pedirem para que a mãe se livrasse da boneca, Ivonne disse que ainda a mantém em casa, porque seria uma lembrança de sua sobrinha.

Inicialmente, a Ivonne, que aparece como proprietária da boneca,
confirmou que a mesma era encontrada em posições e lugares diferentes da casa
Algumas vezes, a boneca apareceria sentada em cima da mesa da sala de jantar
Apesar dos filhos terem medo e pedirem para que a mãe se livrasse da boneca,
Ivonne disse que ainda a mantém em casa, porque seria uma lembrança de sua sobrinha
Em seguida, o repórter diz que a família estaria vivendo um verdadeiro inferno, e que as principais vítimas seriam os filhos de Ivonne. Steven, 18 anos, é apontado como um rapaz que consegue sair do próprio corpo enquanto dorme, porém que acorda, ocasionalmente com hematomas e arranhões pelo corpo, sem motivo aparente. A última agressão física sofrida por Steven teria ocorrido há uma semana, quando ele notou um arranhão próximo do seu pescoço e atrás de um dos ombros.

Em seguida, o repórter disse que a família estaria vivendo um verdadeiro inferno,
e que as principais vítimas seriam os filhos de Ivonne. Um deles era um rapaz chamado Steven.
Steven, 18 anos, é apontado como um rapaz que consegue sair do próprio corpo enquanto dorme, porém que acorda, ocasionalmente, com hematomas e arranhões pelo corpo, sem motivo aparente
A última agressão física sofrida por Steven teria ocorrido há uma semana,
quando ele notou um arranhão próximo do seu pescoço e atrás de um dos ombros
Outra vítima seria a Angie, de 20 anos, que escutava ruídos estranhos durante a noite, sem motivo aparente. Ela mostrou que seriam sons de batidas, sempre três toques, nos móveis de seu quarto. Eles começariam em uma cômoda e posteriormente passariam para um guarda-roupas. Ela também sentia uma estranha presença, uma espécie de vulto negro, em um canto do seu quarto, que lhe observava fixamente durante a noite.

Outra vítima seria a Angie, de 20 anos, que escutava ruídos estranhos durante a noite, sem motivo aparente.
Ela mostrou que seriam sons de batidas, sempre três toques, nos móveis de seu quarto.
Ela mostrou que seriam sons de batidas, sempre três toques, nos móveis de seu quarto.
Eles começariam em uma cômoda e posteriormente passariam para um guarda-roupas.
Ela também sentia uma estranha presença, uma espécie de vulto negro, em um canto do seu quarto,
que lhe observava fixamente durante a noite
Enquanto estavam gravando, o repórter mencionou que a luz do primeiro andar teria apagado sozinha, e que ao tentar religar a luz, os interruptores não funcionavam. Um deles ficava no primeiro andar. e o outro em uma espécie de porão. Posteriormente, um outro membro da equipe do programa "De Película", um assistente chamado Jorge, teria começado a gravar com seu celular e percebido uma estranha luz de cor avermelhada no teto da casa, que teria desaparecido sozinha e, em seguida, a luz do primeiro andar teria voltado a cair.

Enquanto estavam gravando, o repórter mencionou que a luz do primeiro andar teria apagado sozinha, e que ao tentar religar a luz, os interruptores não funcionavam. Um deles ficava no primeiro andar. e o outro em uma espécie de porão.
Posteriormente, um outro membro da equipe do programa "De Película", um assistente chamado Jorge, teria começado a gravar com seu celular e percebido uma estranha luz de cor avermelhada no teto da casa, que teria desaparecido sozinha e, em seguida, a luz do primeiro andar teria voltado a cair.
A reportagem então apresentou uma "médium" chamada Soralla de Los Angeles, que já teria estado na casa realizando uma limpeza espiritual. A Ivonne teria gravado essa sessão, em que "orbes luminosos" teriam aparecido no vídeo. A reportagem mencionou, que segundo "especialistas", esses orbes seriam "entidades".

A Ivonne teria gravado essa sessão, em que "orbes luminosos" teriam aparecido no vídeo.
A reportagem mencionou, que segundo "especialistas", esses orbes seriam "entidades"
De acordo com Soralla, naquela ocasião muitas entidades teriam se manifestado. Já em seu retorno a casa, a "médium" Soralla percorreu alguns cômodos e inicialmente realizou uma oração para que os anjos protegessem a todos com a ajuda de um "pêndulo para radiestesia".

Já em seu retorno a casa, a "médium" Soralla percorreu alguns cômodos e inicialmente realizou uma oração para que os anjos protegessem a todos com a ajuda de um "pêndulo para radiestesia"
Em determinado momento, Soralla disse ter sentido a estranha presença de uma mulher em um quarto da casa e, pouco tempo depois, deixou o local, porque seu braço estava doendo muito. Ao conversar com Ivonne, a mesma disse que pertencia a sua cunhada que, há muitos anos, tirou sua própria vida. Soralla disse que a mulher era alta, magra e tinha o cabelo comprido. Já Ivonne confirmou que essas eram características físicas de sua irmã.

Entretanto, de acordo com Soralla, esse não seria o maior problema. Ela disse que também sentia a presença de um homem, com cerca de 1,80m de altura, e que aparentemente era uma entidade maligna.

Em determinado momento, Soralla disse ter sentido a estranha presença de uma mulher em um quarto da casa e, pouco tempo depois, deixou o local, porque seu braço estava doendo muito
Entretanto, de acordo com Soralla, esse não seria o maior problema. Ela disse que também sentia a presença de um homem, com cerca de 1,80m de altura, e que aparentemente era uma entidade maligna
Para realizar a "limpeza espiritual" da casa, Soralla improvisou um pequeno altar na sala, com uma imagem do arcanjo miguel no centro, além de sete velas azuis e uma branca ao seu redor. Com a ajuda de um sino e incenso de mirra, ela então começou a fazer o seu "ritual de purificação".

Para realizar a "limpeza espiritual" da casa, Soralla improvisou um pequeno altar na sala, com uma imagem do arcanjo miguel no centro, além de sete velas azuis e uma branca ao seu redor
Com a ajuda de um sino e incenso de mirra, ela então começou a fazer o seu "ritual de purificação"
No final da reportagem, o repórter Mario Muguerza deixou a câmera posicionada em direção as velas para que elas se consumissem até o final, onde também era possível ver a boneca ao fundo, sobre um dos móveis da sala. Contudo, algo estranho teria acontecido, visto que a luz que iluminava a boneca teria começado a piscar e passos teriam sido escutados.

No final da reportagem, o repórter Mario Muguerza deixou a câmera posicionada em direção as velas para que elas se consumissem até o final, onde também era possível ver a boneca ao fundo, sobre um dos móveis da sala
Contudo, algo estranho teria acontecido, visto que a luz que iluminava a boneca teria começado a piscar
e passos teriam sido escutados
Assim sendo, Soralla tentou entrar em contato com a "entidade" que estaria na casa, novamente com a ajuda de seu pêndulo. Enquanto a médium dizia o que estava "captando" da "entidade", os familiares começaram a chorar, porque a mesma teria mencionado algo relacionado a "asma", uma doença respiratória na qual o filho de sua cunhada estaria sofrendo, e que Soralla não saberia disso.

Enquanto a médium dizia o que estava "captando" da "entidade", os familiares começaram a chorar, porque a mesma teria mencionado algo relacionado a "asma", uma doença respiratória na qual o filho de sua cunhada estaria sofrendo, e que Soralla não saberia disso
Nas últimas frases do repórter Mario Muguerza, foi proferido o que é mais comuns em reportagens desse gênero, ou seja, que absolutamente tudo que aconteceu foi verídico, real etc. Enfim, será mesmo? A seguir vocês conferem uma rápida análise de toda essa história.

Algumas Considerações Sobre o que Foi Divulgado e Apresentado em Vídeo Sobre a Boneca "Sarita"


Sinceramente, algumas pessoas preferem acreditar somente no que as outras contam, e isso sem dúvida alguma é um grande problema. Quando você trata de supostos casos paranormais, sempre surgem "especialistas" e "investigadores" justamente para tentar investigar o que acontece, não é mesmo? O próprio nome diz tudo: investigação. Isso não quer dizer, que somente o que é mencionado pelas pessoas envolvidas deve ser levado em consideração, visto que, isso é muito subjetivo. Preferir acreditar somente no que as pessoas dizem, não prestando atenção aos fatos apresentados e a forma como eles acontecem, seria o mesmo que polícia prender deliberadamente uma pessoa sem apresentar nada que justifique isso.

Essa é a razão pela qual sempre há uma grande complexidade ao lidar com pessoas, uma vez que as mesmas podem falar o que quiserem, diante de um público que acredite piamente no que está acontecendo, mesmo diante de inúmeras edições que uma reportagem invariavelmente sofre, visto que o conteúdo apresentado se torna automaticamente uma "verdade". Contudo, conforme mencionei anteriormente, prefiro me ater aos fatos que, nesse caso, me lembra muito aquela história da casa do Chile. Aliás, diga-se de passagem, o caso do Chile se provou ser uma grande farsa (clique aqui para saber maiores detalhes). Portanto, acompanhe algumas considerações sobre toda essa história envolvendo a boneca "Sarita".

Vamos começar pelo apelido que a mesma ganhou: "Annabelle Peruana". Bem, chamar a "Sarita" de "Annabelle Peruana"é "força muito a barra". Primeiramente, ela sequer tem a mesma aparência, altura, expressão e dezenas de outros detalhes da boneca que Hollywood criou. Em segundo lugar, nem de longe ela tem a mesma aparência da "Annabelle" original, que por sua vez sequer é tão única assim. Existem centenas ou milhares iguais a "Annabelle originalmente e supostamente possuída", visto que ela nada mais é do que uma "Raggedy Ann" (basicamente uma boneca de pano, que possui o cabelo composto geralmente por fios de lã de cor vermelha, e tem um nariz triangular). A mídia peruana exagerou e muito nessa história.

Bem, chamar a "Sarita" de "Annabelle Peruana"é "força muito a barra". Primeiramente, ela sequer tem a mesma aparência, altura, expressão e dezenas de outros detalhes da boneca que Hollywood criou. Em segundo lugar, nem de longe ela tem a mesma aparência da "Annabelle" original.
Outro detalhe a ser considerado, é que a boneca estaria na casa há sete anos, e desde então estariam ocorrendo problemas com a família. Quais exatamente seriam esses problemas? A mudança de lugar da boneca? As agressões físicas noturnas? Somente isso? Aliás, o que foi mostrado é que a boneca mudaria de lugar dentro daquela mesma sala, mas não foi mencionado, por exemplo, que ninguém a encontrou dentro do quarto dos filhos. A boneca é quem agredia os filhos ou "alguém"?

Além disso, existe apenas o relato verbal, não foi apresentada nenhuma marca no corpo que pudesse indicar uma agressão. Curiosamente, caso eles mostrassem, isso poderia resultar em um problema maior. Qual? Bem, imagine uma mãe que declara publicamente que seus filhos apanham durante sete anos e são mostrados os hematomas para todo o país? Vocês acham que as autoridades iriam acreditar em quem? Nos fantasmas? Aliás, qual mãe (pelo menos uma que se importasse com seus filhos) permitiria que os mesmos apanhassem por "algo desconhecido" por tanto tempo assim? Ivonne aparece dizendo que gosta da boneca, porque é uma lembrança de sua sobrinha, mas e os filhos? Bem, na minha visão, ou ela sabe o que realmente acontece ou então é uma péssima mãe mesmo.

Aliás, o que foi mostrado é que a boneca mudaria de lugar dentro daquela mesma sala, mas não foi mencionado, por exemplo, que ninguém encontrou a boneca dentro do quarto dos filhos. A boneca é quem agredia os filhos?
Mais um detalhe a se considerar é que a reportagem inteira é totalmente teatral, repleta de edições, simulações, efeitos visuais etc. Isso destroi a seriedade e a reputação de qualquer assunto que você queira mostrar como se fosse algo verdadeiramente paranormal ou sobrenatural. É a velha questão do entretenimento. Aparentemente, precisa ser teatral e fazer parecer um circo para dar audiência, sem pouco importar com uma análise minimamente decente. As quedas de luz, por exemplo, seriam facilmente explicáveis: ou foram totalmente armadas ou denotam simplesmente um problema na fiação elétrica da casa, uma vez que, conforme podemos perceber, é uma casa humilde e, em alguns momentos podemos ver a fiação exposta. Porém, há quem prefira acreditar em um fantasma.

Agora, algumas outras coisas realmente afrontam a inteligência do telespectador. Aquele foco de luz avermelhado no teto, claramente vinha de uma fonte luminosa abaixo da mesma, basta ver rastro deixado pelo feixe de luz que o acompanha. Não dá para dizer que algo assim é misterioso, denota claramente uma farsa, e uma má-intenção de quem filmou isso.

Agora, algumas outras coisas realmente afrontam a inteligência do telespectador. Aquele foco de luz avermelhado no teto, claramente vinha de uma fonte luminosa abaixo da mesma, basta ver rastro deixado pelo feixe de luz que o acompanha
Outro ponto totalmente questionável são os tais "orbes". Muita gente insiste em dizer, que orbes luminosos são "entidades espirituais" ou "fantasmas". A explicação mais comum e técnica para tais "orbes" são bem mundanas. Geralmente é apenas ou sujeira ou poeira no sensor de uma câmera, que inclusive pode assumir uma aparência acinzentada e distorcida em uma fotografia, assim como comumente acontece com os "orbes luminosos" registrados em vídeos de cunho "paranormal".

No caso de fotos realizadas por celulares o efeito ficaria ainda mais evidente devido a dificuldade em realizar a limpeza adequada, principalmente do sensor interno.

A Ivonne teria gravado essa sessão, em que "orbes luminosos" teriam aparecido no vídeo.A reportagem mencionou, que segundo "especialistas", esses orbes seriam "entidades"
Os orbes são artefatos que podem resultar de retrorreflexão de partículas sólidas, tais como poeira ou pólen, ou partículas líquidas, especialmente gotículas de água provenientes, por exemplo, de uma chuva (imagem superior). Dependendo de como a foto é tirada, as partículas de poeira também projetar sombras diretas e definidas sobre o sensor, o que dá a impressão de uma figura "fantasmagórica" (imagem inferior). Algo bem fácil de compreender, não é mesmo?
Por fim, é necessário dizer a mistura de rituais que a "médium" e "angeóloga" Soralla fez (a angeologia é um ramo da teologia que estuda os anjos). Uma espécie de ritual envolvendo velas, imagem de São Miguel Arcanjo, sinos e incensos e, além disso, algo que ficou muito complicado de acreditar: a movimentação intencional do pêndulo de radiestesia em sua mão.

Apesar da ciência explicar como o movimento do pêndulo naturalmente acontece, quando alguém o segura com a mão aparentemente parada (o mesmo princípio que se aplica a tábua Ouija, ou seja, o famoso efeito ideomotor), no caso de Soralla fica muito claro em diversos momentos, que ela movimenta de forma internacional o pêndulo, ou seja, ela corrompe todo o processo de veracidade por ela mesma. Observe entre 5:43 e 5:51, sendo que é possível ver essa movimentação intencional em diversos trechos. Precisa ser muito ingênuo para não acreditar, que ela estava movendo o pêndulo.

Apesar da ciência explicar como o movimento do pêndulo naturalmente acontece quando alguém o segura com a mão aparentemente parada (o mesmo princípio que se aplica a tábua Ouija, ou seja, o famoso efeito ideomotor), no caso de Soralla fica muito claro em diversos momentos, que ela movimenta de forma internacional o pêndulo, ou seja, ela corrompe todo o processo por ela mesma
Isso sem contar, é claro, toda a parte final em que a boneca foi intencionalmente iluminada para ter uma aparência mais sombria e tentar ser o centro das atenções. Aliás, esse é um dos maiores problemas dessa reportagem. Afinal de contas, se considerássemos tudo isso realmente verdade (por mais improvável que seja), quem estaria provocando todos os fenômenos? A boneca? O espírito da cunhada, que ninguém sabe exatamente o nome ou quando morreu? O espírito de um homem que ninguém sabe quem é? Aliás, quem é exatamente essa família que há sete anos convive com isso?

Isso sem contar, é claro, toda a parte final em que a boneca foi intencionalmente iluminada
para ter uma aparência mais sombria e tentar ser o centro das atenções
Enfim, ficou muito confuso quando Soralla se tornou muito mais o objeto da reportagem do que a boneca. Particulamente, considero essa reportagem um verdadeiro desastre, e aparentemente é apenas mais uma forma de entretenimento como tantas outras que a mídia costuma fazer sobre o mundo paranormal ou sobrenatural. Evidentemente, vocês são livres para acreditar no que quiserem, porém eu jamais teria coragem de dizer para vocês, que esses "fenômenos paranormais" são reais diante do que foi apresentado, exceto é claro, que eu acreditasse somente no que pessoas dizem. De qualquer forma, espero que tenham gostado do caso!

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://diariocorreo.pe/miscelanea/conoce-a-sarita-la-annabelle-peruana-que-atormenta-a-una-familia-video-748404/
http://los40.cl/los40/2017/05/10/actualidad/1494429749_603855.html
http://ojo.pe/misterios/ya-conoces-a-sarita-la-muneca-poseida-que-se-encuentra-en-el-peru-video-241443/
http://trome.pe/viral/youtube/youtube-video-viral-anabelle-peruana-terrorifica-historia-detras-muneca-estremece-callao-video-fotos-49304
http://www.atv.pe/actualidad/familiares-despiertan-con-moretones-329212
http://www.contextotucuman.com/nota/79325/sarita-la-annabelle-peruana-que-atormenta-a-toda-una-familia-.html
http://www.elpopular.pe/virales/2017-05-09-conoce-el-caso-de-la-annabelle-peruana-la-muneca-que-atemoriza-toda-una-familia-video
https://www.debate.com.mx/sexyeinsolito/Anabelle-Peruana-Muneca-poseida-causa-terror-a-familia-20170510-0242.html
https://www.radiosantiago.cl/archivo/13914
https://www.youtube.com/watch?v=W13VZPkTgSU

Conheça o Lacrimatório: A Estranha História Sobre um Recipiente que Serviria Para Coletar as Lágrimas dos Enlutados na Era Vitoriana!

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Por Marco Faustino

Já estamos quase na metade do ano, como o tempo passa rápido! Enfim, nessa nova e verdadeira missão em tentar conciliar assuntos de cunho paranormal e sobrenatural ou que envolvam mistérios e terror, mas que ao mesmo tempo sejam considerados "amigáveis", agregando conhecimento e conteúdo para vocês, vamos comentar sobre algo que provavelmente vocês nunca ouviram falar: o lacrimatório. Esse é um nome que até hoje algumas pessoas costumam atribuir a pequenos recipientes de vidro ou cerâmica, que teriam sido encontrados desde a Grécia e a Roma Antiga, e que se presume terem sido utilizados para coletar as lágrimas vertidas pelos enlutados (pessoas que se encontram em luto, ou seja, daqueles que sofrem com a morte de alguém) nos funerais. No entanto, o termo é um tanto quanto contraditório, uma vez que não existem evidências na Antiguidade, que sugiram tal uso desses recipientes cerâmicos e vítreos exercendo um papel de "coletores de lágrimas". Algo ainda mais estranho é que os lacrimatórios são extremamente populares em antiquários espalhados pelo mundo, chegando a custar valores que variam entre R$ 400 a R$ 5.000, dependendo de sua idade, quantidade de peças, características e obviamente o quão única uma peça pode ser.

Entretanto, para entender como os lacrimatórios se tornaram artigos bem valorizados atualmente, e como eles teriam sido realmente usados durante o século XIX, na chamada Era Vitoriana, é necessário voltar um pouco no tempo. É importante que vocês saibam, por exemplo, que os vitorianos eram especialistas na arte do luto: vestiam roupas pretas por longos períodos, entrelaçavam o cabelo humano em uma espécie de grinalda muito bem elaborada, e supostamente choravam (ao menos é o que se conta em diversos sites na internet), em delicados frascos de vidro chamados de "coletores de lágrimas". Durante o século XIX, e especialmente nos Estados Unidos durante e depois da Guerra Civil, os "coletores de lágrimas" também teriam sido supostamente usados como "medida" do tempo de luto. Uma vez que as lágrimas derramadas dentro desses frascos evaporavam, isso significava que o período de luto de uma pessoa havia terminado. Sem dúvida alguma, essa é uma excelente história para ser contada por aí, não é mesmo? Contudo, será que isso realmente existiu na prática? Será mesmo que os gregos e os romanos foram os precursores dessa estranha prática de lidar com o luto? Por que algumas pessoas estão dispostas a pagar pequenas fortunas por frascos tão pequenos que conteriam, supostamente e ainda que simbolicamente, resquícios das dores sofridas por outras pessoas? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Um Pouquinho Sobre a Era Vitoriana


Para vocês poderem entender melhor a situação e a associação do lacrimatório com a "Era Vitoriana"é necessário contar rapidamente sobre o conturbado período, que representa simplesmente os anos de reinado da rainha Vitória, em meados do século XIX, entre junho de 1837 a janeiro de 1901. Foram 63 anos e 7 meses considerados de prosperidade e paz para o povo britânico, com os lucros adquiridos a partir da expansão do Império Britânico no exterior, bem como o auge e a consolidação da Revolução Industrial, além do surgimento de novas invenções. Isso permitiu que uma grande e escolarizada classe média se desenvolvesse.

A "Era Vitoriana" representa simplesmente os anos de reinado da rainha Vitória (à esquerda, em 1887), em meados do século XIX, de junho de 1837 a janeiro de 1901. A foto à direita mostra um trecho de Londres, em 1888.
Na "Era Vitoriana" houve um aumento demográfico sem precedentes no Reino Unido. A população aumentou de 13,9 milhões em 1831 para 32,5 milhões em 1901. Existiam diversas razões, que talvez justificassem o aumento da taxa de natalidade. Uma delas era a biológica. Uma vez que as condições de vida melhoraram, a porcentagem de mulheres capazes de engravidar aumentou. Uma outra explicação também podia ser social. No século XIX, o número de casamentos também aumentou e a população em geral costumava casar bem cedo.

Não irei entrar em detalhes sobre a sociedade vitoriana, porque é algo bem complexo e fugiria totalmente ao propósito dessa postagem. Saiba apenas que era basicamente uma sociedade considerada moralista, mas ao mesmo tempo hipócrita, visto que prostituição e o trabalho infantil eram recorrentes por todos os cantos.

Uma vez que as condições de vida melhoraram, a porcentagem de mulheres capazes de engravidar aumentou. Além disso, o número de casamentos também aumentou e a população em geral costumava se casar bem cedo
De qualquer forma, essa era uma época bem estranha. Os enforcamentos eram verdadeiras atrações turísticas de Londres, o Tâmisa era considerado um rio "morto" devido ao esgoto que era despejado a céu aberto, muitos cadáveres eram empilhados em valas comuns, e os cemitérios estavam superlotados. Sinceramente, era um verdadeiro caos.

Aliás, foi no fim da "Era Vitoriana", que talvez tenha surgido o assassino em série mais famoso de todos os tempos, e que provavelmente você já ouviu falar: "Jack, o Estripador", que teria assassinado brutalmente pelo menos quatro prostitutas em Londres, sendo que sua identidade é motivo de muita discussão até hoje. Naquela época, a investigação criminal da Polícia Metropolitana, criada em 1829, era muito deficiente: não se tiravam impressões digitais e acreditava-se que, ao fotografar os olhos da vítima, poderiam descobrir as últimas cenas vistas por ela.

Aliás, foi no fim da Era Vitoriana, que talvez tenha surgido o assassino em série mais famoso de todos os tempos, e que provavelmente você já ouviu falar: "Jack, o Estripador", que teria assassinado brutalmente pelo menos quatro prostitutas em Londres, sendo que sua identidade é motivo de muita discussão até hoje.
Agora, se tem algo que as pessoas eram obcecadas naquela época era a "morte", algo que estava bem presente na sociedade vitoriana. A expectativa média de vida em 1830, em Londres, das classes consideradas mais poderosas e ricas era de apenas 44 anos, sendo que a de empresários era de somente 25 anos. Essa situação piorava drasticamente entre as classes trabalhadoras, visto que não ultrapassava os 22 anos de idade. Além disso, 57% das crianças de classes trabalhadoras morriam antes de completarem 5 anos. Complicado, não é mesmo?

Ao contrário do que acontece atualmente, na "Era Vitoriana" a maioria das pessoas morria em casa, o que fazia com que houvesse uma maior proximidade com a morte, e que se criassem certos rituais sobre isso. Por exemplo, quando alguém estava prestes a morrer, era costume chamar toda a família, que se reunia em volta da cama do ente querido, para esperar pelas suas últimas palavras.

A expectativa média de vida em 1830, em Londres, das classes consideradas mais poderosas e ricas era de apenas 44 anos, sendo que a de empresários era de somente 25 anos
Essa situação piorava drasticamente entre as classes trabalhadoras, visto que não ultrapassava os 22 anos de idade. Além disso, 57% das crianças das classes trabalhadoras morriam antes de completarem 5 anos
Devido à elevada mortalidade infantil e ao fato de esta ser, em muitos casos, uma das poucas ocasiões em que a família estava toda reunida, começou a surgir o costume de tirar fotografias aos falecidos. Porém, tirar fotos na Londres vitoriana era muito caro. Quando alguém morria naquela época, os familiares costumavam juntar suas economias para guardar uma recordação do ente querido. Muitas vezes, portanto, a única foto da pessoa era tirada já sem vida, ao lado dos filhos e do cônjuge.

Devido à elevada mortalidade infantil e ao fato de esta ser, em muitos casos, uma das poucas ocasiões em que a família estava toda reunida, começou a surgir o costume de tirar fotografias aos falecidos
Ainda havia regras bastante restritas no que dizia respeito ao luto. As viúvas tinham de usar vestimentas de luto, geralmente roupas pretas, durante muitos meses e até mesmo anos após a morte dos maridos, e não podiam socializar durante esse período. A própria rainha Vitória manteve um luto de 40 anos até o fim de sua própria vida, usando roupas pretas durante durante todo esse período, devido a morte do seu marido, o príncipe Alberto, em 1861.

Foto das cinco filhas da rainha Vitória em frente ao busto do falecido pai, o príncipe Alberto, em março de 1962
É interessante notar que o chamado "vitorianismo" (termo que engloba os componentes morais, culturais, sociais e materiais vigentes no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, no período em que reinou a rainha Vitória) transcendeu em diversos momentos as fronteiras britânicas, e um pouco dos seus padrões de comportamento ao lidar com a morte, assim como o vestuário utilizado na época influenciou outros países. Um deles era uma ex-colônia britânica recém independente, os Estados Unidos da América.

É justamente o contexto fúnebre e sombrio dessa época, que muitos sites na internet se aproveitam para contar histórias sobre supostos objetos utilizados naquela época. Vale lembrar que a "Era Vitoriana"é considerado um período bem obscuro em determinados pontos, ou seja, não seria de se estranhar que lacrimatórios fossem utilizados naquela época, e que as viúvas desconsoladas buscassem formas mais "positivas" de lidar com a dor que sentiam.

A Origem do Termo "Lacrimatório": Será que os Lacrimatórios Foram Realmente Mencionados na Bíblia, Encontrados em Túmulos Gregos e Romanos, e Usados na Era Vitoriana?


Peculiarmente, o Antigo Testamento da Bíblia parece mencionar a coleta de lágrimas em um "frasco" no Salmo 56:8, quando Davi ora a Deus: "Registra, tu mesmo, o meu lamento; recolhe as minhas lágrimas em teu odre; acaso não estão anotadas em teu livro?"

Peculiarmente, o Antigo Testamento da Bíblia parece mencionar a coleta de lágrimas em um "frasco" no Salmo 56:8, quando Davi ora a Deus: "Registra, tu mesmo, o meu lamento; recolhe as minhas lágrimas em teu odre; acaso não estão anotadas em teu livro?"
Nesse ponto é interessante notar que Davi sabia muito bem o que era um odre. Era um recipiente onde se colocava água, óleo ou vinho. Nômades do Saara, como os tuaregues, ainda usam odres feitos com a pele inteira de um cabrito ou de uma ovelha. É possível colocar nesses recipientes grandes quantidades de água, dependendo do tamanho do animal. Os odres são conhecidos por manter a água fresca, mesmo no calor intenso do deserto, e como vocês podem notar, não se parecem em nada com frascos de vidro ou cerâmica.

Já o sentido aplicado a frase é que Deus entende perfeitamente a dor que aflige seus servos e, com compaixão, se lembra de suas lágrimas e sofrimento, guardando-as, de forma figurada, em seu odre. Não há nenhuma relação direta com a morte, mas uma relação muito mais cotidiana e rotineira das dificuldades enfrentadas na vida de uma pessoa.

Nesse ponto é interessante notar que Davi sabia muito bem o que era um odre. Era um recipiente onde se colocava água, óleo ou vinho. Nômades do Saara, como os tuaregues, ainda usam odres feitos com a pele inteira de um cabrito ou de uma ovelha
Existe também uma outra referência: "E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o unguento." (Lucas 7:37-38).

Entretanto, aqui é necessário mais uma vez atenção. Alguns intelectuais acreditam que a "pecadora" em questão teria derramado o conteúdo de seu "frasco de lágrimas" nos pés de Jesus. Porém, a passagem seria uma espécie de "licença artística" ao dizer que ela lavou seus pés com suas lágrimas, conforme elas caíam de seus olhos, ou talvez uma "forma poética" de dizer que ela estava chorando enquanto ela lavava seus pés com unguentos. Isso não significa, no entanto, que existia uma frasco ou recipiente para essa finalidade ou que fosse usado para guardar as lágrimas de alguém que chorava por um ente querido falecido. Para completar, Plínio, o Velho, posteriormente escrevendo no primeiro século, afirmou que unguentos eram melhor mantidos em vasos de alabastro.

Essa passagem bíblica (Lucas 7:37-38) seria uma espécie de "licença artística" dizer que ela lavou seus pés com suas lágrimas, conforme elas caíam de seus olhos, ou talvez uma "forma poética" de dizer que ela estava chorando enquanto ela lavava seus pés com unguentos.
Apenas para não deixar vocês meio perdidos é necessário explicar alguns termos. O primeiro é o unguento, que pode ser tanto uma essência, na qual se perfuma o corpo, quanto um medicamento de uso externo que tem por base uma substância gordurosa. Já o alabrasto foi um tipo de cerâmica usada na Antiguidade para armazenar óleo e perfume. Agora faz mais sentido, não é mesmo?

Algumas pessoas também alegam, que os frascos ou recipientes de lágrimas eram predominantes na história do Antigo Egito, no entanto, falham em apresentar provas efetivas sobre a existência arqueológicas das mesmas. Os egípcios gostavam muito de cosméticos e perfumes, portanto os recipientes encontrados em suas tumbas e nas ruínas das cidades seriam justamente por esse motivo.

Algumas pessoas também alegam, que os frascos ou recipientes de lágrimas eram predominantes na história do Antigo Egito, no entanto, falham em apresentar provas efetivas sobre a existência arqueológicas das mesmas. Os egípcios gostavam muito de cosméticos e perfumes, portanto os recipientes encontrados em suas tumbas e nas ruínas das cidades seriam justamente por esse motivo.
Reza a lenda, que os chamados "frascos de lágrimas" também seriam bem comuns na Grécia ou até mesmo em Roma, na época de Cristo, quando se dizia que os enlutados preenchiam pequenas garrafas de vidro ou copos com lágrimas, e os colocavam em túmulos funerários como símbolos de respeito. Às vezes, algumas mulheres seriam até mesmo pagas para chorarem nesses recipientes, enquanto caminhavam ao longo da procissão de luto. Aquelas que chorassem mais alto e produzissem mais lágrimas ganhariam uma recompensa maior. Quanto maior a angústia e a quantidade de lágrimas produzida, mais importante e valorizada seria a vida, ainda que simbólica, da pessoa falecida. Contudo, na verdade, essas garrafas não continham lágrimas, mas unguentos perfumados. Cientistas realizaram testes químicos nesses frascos e refutaram a teoria romântica, revelando vestígios de óleos e essências, em vez de lágrimas.

Conta-se também que os "frascos de lágrimas" reapareceram durante a Era Vitoriana, quando aqueles de luto pela perda de entes queridos coletariam suas lágrimas em garrafas com rolhas especiais, que permitiam que as lágrimas se evaporassem. Aparentemente, quando as lágrimas evaporavam, o período de luto também terminava. Em algumas histórias da Guerra Civil dos Estados Unidos, dizia-se que mulheres choravam em frascos de lágrimas e os guardavam até que seus maridos retornassem das batalha. Suas lágrimas mostrariam aos homens o quanto suas esposas os adoravam e sentiam a falta deles.

Em algumas histórias da Guerra Civil dos Estados Unidos, dizia-se que mulheres choravam em frascos de lágrimas e os guardava até que seus maridos retornassem das batalha. Suas lágrimas mostravam aos homens o quanto suas esposas os adoravam e sentiam a falta deles
Na verdade, esses frascos eram usados para guardar vinagres e sais perfumados, perfumes ou para perfumar lenços umedecidos. Esses pequenos frascos muitas vezes também ficavam pendurados na cintura das mulheres responsáveis por uma grande casa ou castelo. Além disso, sabe aquela história de quando as lágrimas evaporavam, o período de luto também terminava? Pois é, ao aplicar isso na "Era Vitoriana"é totalmente incoerente. Os vitorianos seguiam o que a rainha Vitória ditava, e queriam imitá-la, assim como sua corte real. Suas diretrizes de luto eram muito rigorosas e, até onde se sabe, a rainha Vitória nunca usou um lacrimatório.

Ilustração de uma mulher chorando, que foi publicada na revista Harper’s New Monthly, em 1850
A icônica "moda do luto" sendo retratada na revista Harper’s Bazaar, em 1891
Para piorar a situação, outros tipos de frascos que são confundidos com "frascos de lágrimas" são os frascos descartáveis. Esses frascos delgados e compridos, que muitas vezes tinham detalhes dourados, serviam para armazenar essências aromáticas, geralmente de pétalas de rosas ou lavanda. A razão de serem descartáveis é bem simples de entender. Assim que uma dama voltava de uma loja, que vendia essas essências nesses frascos, ela colocava o conteúdo em seu próprio frasco mais "chique" e mais adornado por pura vaidade ou então transferia para os frascos que muitas vezes ficavam presos na cintura das castelãs.

Outros tipos de frascos que são confundidos com "frascos de lágrimas" são os frascos descartáveis. Esses frascos delgados e compridos, que muitas vezes tinham detalhes dourados, serviam para armazenar essências aromáticas, geralmente de pétalas de rosas ou lavanda
A grande maioria desses frascos, ainda em estado bruto, foram feitos na Alemanha, mais voltado para a população comum do que os mais abastados. Os frascos eram vendidos em mercados, feiras, e lojas com o objetivo de serem meros refis, daí a razão de serem descartáveis.

A grande maioria desses frascos, ainda em estado bruto, foram feitos na Alemanha, mais voltado para a população comum do que os mais abastados. Os frascos eram vendidos em spas, feiras, e lojas com o objetivo de serem meros refis, daí a razão de serem descartáveis
A maioria dos frascos tem entre 17 e 20 cm, com uma base quadrada e uma parte superior redonda e lisa. Esses frascos eram geralmente feitos de vidro de vidro soprado transparente, mas também podiam ser encontrados em tons de azul, âmbar, verde, entre outras cores. Os frascos também eram decorados a mão com esmalte brilhante, com detalhes em dourado e diversos desenhos ovais, entrelaçados, flores e espirais.

A maioria dos frascos tem entre 17 e 20 cm, com uma base quadrada e uma parte superior redonda e lisa. Esses frascos eram geralmente feitos de vidro de vidro soprado transparente, mas também podiam ser encontrados em tons de azul, âmbar, verde, entre outras cores
Os frascos também eram decorados a mão com esmalte brilhante, com detalhes em dourado e diversos desenhos de ovais,
entrelaçados, flores e espirais
Resumindo? Esses frascos simples de cerâmica ou de vidro eram destinados a conter óleos essenciais baratos, sendo que os óleos mais caros mereciam frascos mais elaborados. No entanto, o mistério e fascínio de ter um frasco para coletar lágrimas dos enlutados deve soar atraente de alguma forma, uma vez que esses itens são comercializados até hoje, encontrando pessoas dispostas a pagar pequenas fortunas por eles. Por outro lado, os lacrimatórios nunca existiram de fato.

Conforme vocês notaram, uma vez que esses recipientes eram comumente encontrados em túmulos,  os primeiros estudiosos apelidaram romanticamente esses recipientes de "lacrimatórios" ou "coletores de lágrimas". Esse termo um tanto quanto incorreto, vem ajudando os vendedores de frascos antigos ao longo dos anos, que fazem disso uma verdadeira estratégia de marketing, uma vez que sabem muito bem a real finalidade dos recipientes.

O Lacrimatório Sendo Usado Como uma Mera Estratégia de Marketing


Christian Harding, proprietário de uma loja de objetos estranhos e colecionáveis chamada "The Belfry", na cidade de Seattle, no estado norte-americano de Washington, costuma dizer que sempre há interessados em comprar lacrimatórios, ao menos algumas pessoas sempre perguntam sobre os mesmos a cada semana que passa. Então, ele precisa explicar que os mesmos nada mais são do que frascos descartáveis de perfumes. De qualquer forma, o termo "coletor de lágrimas" ou "lacrimatório"é muito forte e acabou se tornando praticamente uma "verdade" presente em inúmeros antiquários.

Christian Harding, proprietário de uma loja de objetos estranhos e colecionáveis chamada "The Belfry" (na imagem do Google Street Views), na cidade de Seattle, no estado norte-americano de Washington, costuma dizer que sempre há interessados em comprar lacrimatórios, ao menos algumas pessoas sempre perguntam sobre os mesmos a cada semana que passa
Então, ele precisa explicar que os mesmos nada mais são do que frascos descartáveis de perfumes. De qualquer forma, o termo "coletor de lágrimas" ou "lacrimatório"é muito forte e acabou se tornando praticamente uma "verdade" presente em inúmeros antiquários
Já Nathan Graves, proprietário de uma loja de artigos um tanto quanto macabros chamada "Cemetery Gates", em Nashville, no Tennessee, se deparou pela primeira vez com os "coletores de lágrimas", enquanto pesquisava sobre joias utilizadas durante o período de luto. Ele ficou desconfiado, porque os frascos pareciam idênticos aos que ele tinha visto em lojas de antiguidades, mercados de pulgas e vendas de quintal.

"Sempre pensei neles como coleção de amostras de perfume de avós. A ideia de que as pessoas estavam coletando lágrimas neles parecia folclore. Os termos 'vitoriano' e 'luto', em geral, passaram a se referir a qualquer coisa antiga, sentimental ou composta por materiais de cor preta. Acredito que algumas pessoas têm a tendência de romantizar os objetos e suas histórias", disse Nathan Graves.

Já Nathan Graves, proprietário de uma loja de artigos um tanto quanto macabros chamada "Cemetery Gates" (na foto), em Nashville, no Tennessee, se deparou pela primeira vez com os "coletores de lágrimas", enquanto pesquisava sobre joias utilizadas durante o período de luto
"É uma bela ideia, mas ninguém realmente chorou nos frascos. Ao longo dos anos, depois de ler muitos artigos diferentes e falar com outros colecionadores, percebi que as histórias eram, de fato, apenas lenda", concordou Christian Harding. Agora, vem a parte mais sensacional desse história. Quando surgem colecionadores ansiosos para adicionar curiosidades vitorianas em suas coleções, Christian Harding disse que explica a verdadeira utilização dos frascos decorados, mas muitos clientes não querem acreditar nessa história, sendo que alguns simplesmente não se importam.

"Provavelmente, devo ter vendido dúzias deles", disse Katie Kierstead, proprietária de uma loja online, uma espécie de antiquário vitoriano. Ela disse que se apaixonou tanto pela presunção poética quanto qualquer outra pessoa. Ela disse também que fez suas pesquisas sobre o assunto, e regularmente os coloca para vender na seção de perfumes.

"Eles têm o mesmo valor para colecionadores de frascos de perfumes, quanto para alguém interessado em luto", completou.

"Provavelmente, devo ter vendido dúzias deles", disse Katie Kierstead, proprietária de uma loja online, uma espécie de antiquário vitoriano. Ela disse que se apaixonou tanto pela presunção poética quanto qualquer outra pessoa
Ela disse também que fez sua pesquisa sobre o assunto, e regularmente os coloca para vender na seção de perfumes."Eles têm o mesmo valor para colecionadores de frascos de perfumes, quanto para alguém interessado em luto", completou.
Entretanto, nem todos os vendedores são tão transparentes e teoricamente honestos como esses que acabamos de mencionar, o que ajudou o conto sobre os "coletores de lágrimas" a persistir até os dias de hoje. Grande parte da informação disponível na internet, que ainda correlaciona os frascos à história de luto nos leva até a "Tear Catcher Gifts", uma empresa que vende frascos modernos de lágrimas destinadas a serem dadas como presentes em ocasiões especiais com valores entre US$ 8 (cerca de R$ 25 pela cotação atual) e US$ 32 (cerca de R$ 100,00).

O surpreendente acrítico artigo na Wikipedia sobre o "coletor de lágrimas", pelo menos até o fechamento dessa postagem, lista apenas duas fontes: o site da própria "Tear Catcher Gifts", e um outro registrado em um endereço de e-mail da própria "Tear Catcher Gifts".

Grande parte da informação disponível na internet, que ainda correlaciona os frascos à história de luto nos leva até a "Tear Catcher Gifts", uma empresa que vende frascos modernos de lágrimas destinadas a serem dadas como presentes em ocasiões especiais com valores entre US$ 8 (cerca de R$ 25 pela cotação atual) e US$ 32 (cerca de R$ 100,00)
De acordo com um artigo publicado em 2004, em um site chamado "Belgrado News", os proprietários da "Timeless Traditions", o maior distribuidor atacadista de frascos modernos da "Tear Catcher Gifts", foram inspirados pelo best-seller chamado "Divine Secrets", de Ya-Ya Sisterhood, publicado em 1996, em que um personagem dá um lacrimatório para a sua mãe.

"Procurei por eles em todos os lugares. Não encontrei os frascos, mas encontrei muitas mulhares que tinham lido o livro e estavam procurando por eles também. O objetivo era ocupar e saturar o mercado o mais rapidamente possível para manter a concorrência afastada", disse Jacqueline Bean, uma das proprietárias, em entrevista para o site "Belgrado News".

Como resultado, frascos semelhantes estão disponíveis em dezenas de lojas na internet, sites de compra e venda de produtos, e em lojas espalhadas pelo mundo. Eles ainda contam com a "ajuda" de diversos outros sites pretensamente "informativos", que parecem existir apenas para induzir as pessoas a comprarem os lacrimatórios.

Antigos e supostos lacrimatórios vitorianos e da "Guerra Civil Norte-Americana" que estão à venda no eBay, um dos maiores site de compra e venda de produtos do mundo. A questão é que os lacrimatórios nunca existiram, e ainda assim alguns são vendidos desse forma por pequenas fortunas. O mais barato na imagem custa o equivalente a R$ 400,00. Já uma coleção de 8 peças sai por quase R$ 3.000,00.
"É por isso que eu acho importante, que os acadêmicos se envolvam publicamente nesse assunto", disse Nuri McBride, uma colecionadora de perfumes e pesquisadora, que escreve sobre fragrâncias e rituais funerários em um site chamado Death/Scent.

"A Internet é, de muitas maneiras, sua própria máquina de criação de folclores. Se certas informações forem compartilhadas uma grande quantidade de vezes, passam a ser consideradas verdadeiras", continuou. Como não concordar com ela nesse aspecto, diante de tantas farsas que circulam hoje em dia?

"É por isso que eu acho importante, que os acadêmicos se envolvam publicamente nesse assunto", disse Nuri McBride, uma colecionadora de perfumes e pesquisadora, que escreve sobre fragrâncias e rituais funerários em um site chamado Death/Scent.
"Um historiador de cosméticos ou um especialista em vidro vitoriano poderia dizer a um cliente em 30 segundos, que os frascos não são lacrimatórios. As descrições pitorescas que aparecem em anúncios do eBay sobre esposas e noivas da Guerra Civil dos Estados Unidos são, na melhor das hipóteses, totalmente falsas. Porém, precisamos ter uma postura de interagir uns com os outros para que isso seja evitado", completou. Já Christian Harding espera que que tais interações aconteçam com mais frequência à medida que mais pessoas se interessem em colecionar objetos da chamada "Era Vitoriana".

"Há cinco anos, desde que minha loja foi aberta, parece que a situação piorou", disse Christian Harding, que segue educando os clientes, assim como Nathan Graves e Katie Kierstead. Enquanto isso, a "Tear Catcher Gifts" segue afirmando que "a verdade científica será eventualmente descoberta, mas até lá cada um de nós pode escolher em que acreditar."

Enfim, AssombradOs, espero que vocês tenha gostado do tema e consequentemente das informações aqui fornecidas. Sempre que você desejar comprar um objeto considerado antigo, pesquise muito sobre o mesmo e não se deixe levar por paixões. Infelizmente, o passado prega muitas peças devido a má-interpretação e a falta de estudos mais aprofundados em determinadas áreas. De qualquer forma, é bom ressaltar que os lacrimatórios nunca existiram, porém encontram pessoas até hoje dispostas a pagar um bom dinheiro por eles. Aparentemente, quem vende e oculta a real finalidade dos mesmos acredita apenas em uma coisa: no dinheiro.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://www.atlasobscura.com/articles/tearcatchers-victorian-myth-bottle
http://www.belgrade-news.com/people/article_ff86b820-5387-5476-9e8d-ba599e562f11.html
https://cleopatrasboudoir.blogspot.com/2009/07/tear-bottles-sentimental-gift-or-genius.html
https://mapadelondres.org/era-vitoriana-londres/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Era_vitoriana

https://web.archive.org/web/20170515073007/https://en.wikipedia.org/wiki/Tear_catcher
https://www.pinterest.com/pin/339529259378057168/
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