Quantcast
Channel: Assombrado
Viewing all articles
Browse latest Browse all 852

A Macabra Arte de Glessner Lee: A Mulher que se Dedicou a Recriar Cenas de Crimes Horripilantes em Pequenas "Casas de Boneca"!

$
0
0

Por Marco Faustino

Ao longo dessa segunda semana do mês de outubro tentei focar em assuntos, que não costumam ser divulgados pela mídia brasileira ou internacional. Na última quarta-feira (11), véspera dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, comentei sobre as crenças dos seres humanos e o impacto das mesmas nos próprios seres humanos e na natureza. Inicialmente, falamos sobre uma antiga tradição de curar através das palavras, muitas vezes por meio de sussurros, que é mantida na Bielorrússia. A tradição é secreta, protegida, e não é transmitida para estrangeiros. O conhecimento sagrado vem sendo transmitido de geração em geração, de avôs(ós) para netos(as), e tudo que é falado é escolhido com muito cuidado. Aparentemente, as palavras certas têm o poder de curar pessoas e animais, proteger as famílias de eventuais problemas financeiros, do mau tempo, e até mesmo de doenças rogadas por bruxas e feiticeiros. Contudo, ano após ano, o número de pessoas que possuem esse conhecimento vem diminuindo, fazendo com que uma tradição milenar corra o risco de desaparecer para sempre. Posteriormente, falamos que em muitos países do mundo a crença de que animais possuem poderes mágicos, tanto para bem, quanto o mal, vem fazendo com que inúmeras espécies corram risco de extinção, ou seja, também de desaparecerem para sempre da face da Terra. Vale muito a pena conferir aquela matéria (leia mais: O Poder da Crença! O Segredo Milenar de Curar Através das Palavras e a Matança de Animais Devido as Crenças ao Redor do Mundo!).

Agora, nessa sexta-feira, que é feriado prolongado para muitas pessoas em nosso país, resolvi trazer ao conhecimento de vocês a arte singular, ainda que um pouco macabra, de uma senhora chamada Frances Glessner Lee, que faleceu em 1962, mas que entrou para a história mundial ao simplesmente recriar cenas de crimes, nos mínimos detalhes, para treinar investigadores policiais de departamentos de homicídios. O objetivo era que eles pudessem "prender o culpado, soltar o inocente, e encontrar a verdade em poucas palavras." Esses dioramas, que na verdade representam crimes que realmente aconteceram, porém no tamanho de casas de bonecas (sendo que muitos realmente parecem mesmo casas de bonecas), foram criados na primeira metade do século XX, e ainda são utilizados no treinamento forense até hoje. Aliás, eles foram fundamentais para ajudar a revolucionar o campo emergente da investigação de homicídios. Praticamente todo o material criado por ela estará em exposição na Galeria Renwick, na capital norte-americana de Washington, entre os dias 20 de outubro de 2017 e 28 de janeiro de 2018. Aliás, é justamente um pouco da história de Frances Glessner Lee e seus incríveis dioramas, que vocês conferem a partir de agora. Vamos saber mais sobre esse assunto?

A Incrível História de Frances Glessner Lee e Seu Inestimável Legado para a Investigação Forense


A cozinha está bem abastecida, repleta de mantimentos e eletrodomésticos. Há um fogão, uma geladeira cheia de comida, uma mesa com um rolo de macarrão e uma tigela, além de uma pia. O calendário na parede, contendo a imagem de uma caravela, nos diz que estamos em abril de 1944. Porém, há um "pequeno" detalhe: cada um dos itens está em miniatura, e foi feito à mão. Além disso, há uma bonequinha deitada no chão, aparentemente morta, cuja causa da morte é desconhecida.

Esse é apenas um dos exemplos da "Nutshell Studies of Unexplained Death", uma série de dioramas em escala 1/12, baseados em casos de investigação criminal da vida real. Eles foram usados, e continuam sendo estudados até hoje, para treinar investigadores na arte de coletar evidências, documentar a cena do crime de forma meticulosa e observar atentamente cada detalhe. Aliás, os dioramas foram criados por uma das figuras mais improváveis e influentes em termos de análise da cena de um crime: uma mulher chamada Frances Glessner Lee.

Diorama "The Kitchen" ("A Cozinha", em português) de Frances Glessner Lee
A cozinha está bem abastecida, repleta de mantimentos e eletrodomésticos. Há um fogão, uma geladeira cheia de comida, uma mesa com um rolo de macarrão e uma tigela, além de uma pia
O calendário na parede, contendo a imagem de uma caravela, nos diz que estamos em abril de 1944.
Porém, há um "pequeno" detalhe: cada um dos itens está em miniatura, feito à mão, é uma bonequinha está deitada no chão, aparentemente morta, e a causa é desconhecida.
O início da vida de Glessner Lee seguiu uma trajetória não tão surpreendente assim para uma menina de uma família rica, nos Estados Unidos, no final do século XIX. Ela nasceu em Chicago, em 1878, e foi educada em casa juntamente com seu irmão, o George. O irmão acabou frequentando a Univesidade de Havard, mas Glessner Lee não teve o mesmo privilégio que o irmão. O motivo? Bem, seus pais não achavam necessário que terceiros educassem as mulheres.

Assim sendo, sem muitas opções, ela acabou se casando com um advogado e teve três filhos. Eles se divorciaram em 1914, e foi um pouco mais tarde, que Glessner Lee acabou se afastando radicalmente das expectativas geradas em torno dela.

O início da vida de Glessner Lee seguiu uma trajetória não tão surpreendente assim para uma menina de uma família rica, nos Estados Unidos, no final do século XIX. Ela nasceu em Chicago, em 1878, e foi educada em casa juntamente com seu irmão, o George. Na foto acima vemos a antiga casa onde Frances Glessner Lee morava em Chicago
O irmão acabou frequentando a Univesidade de Havard, mas Glessner Lee (na foto) não teve o mesmo privilégio que o irmão. O motivo? Bem, seus pais não achavam necessário que terceiros educassem as mulheres.
Através de seu irmão, Glessner Lee tornou-se amiga de um outro "George", dessa vez, George Burgess Magrath, um estudante de medicina de Harvard, que posteriormente se tornaria o médico-legista chefe do Condado de Suffolk, no estado norte-americano de Massachusetts. Foi a partir dele, que ela aprendeu sobre a investigação forense de cenas de crime, e o quão era difícil resolver casos misteriosos. Isso porque, em grande parte, a investigação das cenas de crimes não tinha metodologia e treinamento adequados.

Ao escrever sobre seus dioramas para o "The Journal of Criminal Law, Criminology e Police Science", em 1952,  Glessner Lee enfatizou a importância de manter uma mente aberta: "... muitas vezes o investigador tem um 'pressentimento', e acaba procurando e encontrando apenas a evidência para apoiá-lo, desconsiderando qualquer outra evidência que possa estar presente. Esta atitude seria calamitosa ao investigar um caso real."

Através de seu irmão, Glessner Lee tornou-se amiga de um outro "George, dessa vez, George Burgess Magrath (na foto), um estudante de medicina de Harvard, que posteriormente se tornaria o médico-legista chefe do Condado de Suffolk, no estado norte-americano de Massachusetts
Assim que ela teve acesso a sua parte na herança familiar, Glessner Lee teve os recursos necessários para apoiar formalmente o desenvolvimento da investigação forense. Ela ajudou a fundar o Departamento de Medicina Legal de Harvard, em 1931, chegou a doar uma coleção de livros e manuscritos, em 1934, que acabariam se tornando a Biblioteca Magrath de Medicina Legal, e realizou uma contribuição financeira substancial na ordem de US$ 250.000 ao departamento que ajudou a fundar, em 1936 (vale ressaltar nesse ponto que o valor doado seria atualmente superior a US$ 4,3 milhões).

Ela chegou a realizar jantares para pesquisadores e os escutou falar sobre os casos investigados. E, assim como um investigador forense faria, ela absorveu os detalhes e identificou um culpado em muitos dos casos: a falta de ferramentas de treinamento.

Glessner Lee ajudou a fundar o Departamento de Medicina Legal de Harvard, em 1931, chegou a dar uma coleção de livros e manuscritos, em 1934, que acabariam se tornando a Biblioteca Magrath de Medicina Legal, e realizou uma contribuição financeiras substancial na ordem de US$ 250.000 ao departamento que ajudou a fundar, em 1936.
"Glessner Lee, em vez de usar suas habilidades domésticas bem refinadas para dar generosas festas para debutantes, magnatas e outros setores de sociedade, subverteu as noções tipicamente aplicadas a uma mulher de sua posição realizando jantares elaborados para pesquisadores que compartilhariam com ela, muitas vezes com detalhes sangrentos, as complexidades de sua profissão. Glessner Lee supervisionou todos os detalhes desses jantares, desde o menu até os arranjos florais. Ela provavelmente poderia dizer-lhe qual era o melhor vinho em meio a uma discussão sobre o corpo de uma pessoa estrangulada encontrado em um banheiro. Porém, Glessner Lee, que pode ter sido a inspiração para a personagem de Angela Lansbury em 'Murder She Wrote', queria fazer mais para ajudar a treinar os investigadores. Ela queria criar uma nova ferramenta para eles", escreveu a arquiteta e educadora Laura J. Miller, em seu excelente ensaio chamado "Denatured Domesticity: An account of femininity and physiognomy in the interiors of Frances Glessner Lee".

Contando com uma certa experiência em criar miniaturas, Glessner Lee começou a trabalhar em seu primeiro diorama. Ela escreveu, sem qualquer exagero: "nenhum esforço foi poupado para tornar cada detalhe perfeito e completo." Uma foto minúscula de casamento é exibida em cima de uma cômoda. Roupas íntimas aparecem estendidas em um varal através da janela. Pequenos jornais têm manchetes legíveis em diferentes tamanhos e fontes, assim como um jornal de verdade.

Ainda segundo Laura J. Miller, "o investigador forense assume a tediosa tarefa de classificar através dos detritos de uma vida doméstica arruinada... o investigador reivindica uma identidade específica e uma agenda: interrogar um espaço e seus objetos através de meticulosas análises visuais."

Contando com uma certa experiência em criar miniaturas, Glessner Lee começou a trabalhar em seu primeiro diorama. Ela escreveu, sem qualquer exagero: "nenhum esforço foi poupado para tornar cada detalhe perfeito e completo."
Uma foto minúscula de casamento é exibida em cima de uma cômoda. Roupas íntimas aparecem estendidas em um varal pela pela janela. Pequenos jornais têm manchetes legíveis em diferentes tamanhos e fontes, assim como um jornal de verdade.
Ainda segundo Laura J. Miller, "o investigador forense assume a tediosa tarefa de classificar através dos detritos de uma vida doméstica, arruinada... o investigador reivindica uma identidade específica e uma agenda: interrogar um espaço e seus objetos através de meticulosas análises visuais."
Os dioramas de cenas de crimes revolucionaram a investigação forense,
e se tornaram obras extremamente respeitadas no mundo acadêmico
Os dioramas não são apenas perfeitamente dimensionados e intensamente detalhados, mas também são altamente funcionais. As fechaduras nas portas e janelas, e até mesmo em uma pequena ratoeira funcionam. Uma pequena cadeira de balanço se move quando empurrada. E, uma vez que o propósito de cada um dos dioramas era recriar a cena de um crime que realmente aconteceu, cada corpo (desde as roupas manchas de sangue até o estado de decomposição dos mesmos) precisou ser feito com muita precisão.

Diorama de Glassner Lee conhecido como "Woodman's Shack" ("Cabana do Lenhador, em português)
Mais detalhes do diorama conhecido como "Woodman's Shack"
Mais alguns outros detalhes do diorama conhecido como "Woodman's Shack"
Glessner Lee criou cerca de dois dioramas por ano, com a ajuda de um carpinteiro, começando no início da década de 1940. Então, esses dois dioramas foram utilizados em seminários. Os alunos tinham cerca de 90 minutos para estudar ambos, e apresentar suas descobertas. Em seguida, os verdadeiros detalhes contidos em cada diorama eram explicados.

Nem todos representavam um caso envolvendo homicídio e, particularmente, um caso bem complicado envolvia simplesmente uma hemorragia cerebral. Contudo, Glessner Lee era inflexível ao dizer, que os dioramas não eram simplesmente enigmas para serem resolvidos.

Glessner Lee criou cerca de dois dioramas por ano, com a ajuda de um carpinteiro, começando no início da década de 1940.
Na foto acima temos Alton Mosher, o carpinteiro de Frances Glesser Lee
"É necessário que entendam, que esses modelos não são 'jogos para adivinhar quem é o criminoso'. Eles não podem ser resolvidos apenas olhando para eles. Eles se destinam a ser um exercício de observação, interpretação, avaliação e relatório. Não há 'solução' a ser determinada", escreveu Glessner Lee.

Frances Glessner Lee também fazia questão de mostrar com riqueza de detalhes o estado de decomposição do corpo das vítimas
Nenhum detalhe da cena de um crime escapava do olhar minucioso de Frances Glessner Lee
Foto do diorama conhecido como "Dark Bathroom" ("Banheiro Escuro", em português)
"É necessário que entendam, que esses modelos não são 'jogos para adivinhar quem é o criminoso'. Eles não podem ser resolvidos ao apenas olhar para eles. Eles se destinam a ser um exercício de observação, interpretação, avaliação e relatório. Não há 'solução' a ser determinada", escreveu Glessner Lee.
De acordo com Kimberlee Moran, Diretora de Ciência Forense da Universidade de Rutgers, no estado norte-americano de Nova Jersey, tanto o nível de detalhe quanto a forma são fundamentais para o ensino das habilidades necessárias.

"Felizmente, com os dioramas, você não pode mexer nas coisas as redor e bagunçar tudo como você faria em uma cena real ou encenada, então os dioramas acabam ensinando habilidades em termos de documentação, pensamento crítico, solução de problemas e observação", disse Kimberlee Moran. Aliás, apesar de suas intenções científicas e motivação em termos de justiça criminal, não há dúvida de que Glessner Lee também mostrou um incrível talento criativo.

Foto do diorama "Living Room" ("Sala de Estar", em português) de Glessner Lee
Detalhe de uma parte do diorama "Living Room")
Notem o nível de precisão, acabamento e detalhes, que estão em cada diorama de Glessner Lee.
No caso do diorama "Living Room" percebam a diferença entre as fontes e tamanhos das letras.
Mais uma foto mostrando a riqueza de detalhes do diorama "Living Room"
Foto mostrando a visão aproximada do corpo da vítima no diorama "Living Room"
"Frances Glessner Lee não pensou em si mesma como artista, provavelmente em grande parte, porque sua principal preocupação era que os dioramas fossem levados a sério como ferramentas científicas, mas isso não nega a arte dos mesmos, ou que, de fato, a origem de sua engenhosa solução foi sua habilidade feminina para o artesanato", disse Nora Atkinson, curadora da Galeria Renwick do Museu Smithsoniano Americano de Arte.

Nora Atkinson também apontou que, embora os dioramas fossem baseados em casos reais, Glessner Lee tomou todas as outras decisões pertinentes aos mesmos, incluindo onde objetos e outras peças do cenário deveriam aparecer, e que não fossem relacionadas as evidências específicas do crime.

"Devido sua atenção a esses detalhes e seleção de casos, seu trabalho brilha de uma maneira que poderia ser negligenciada se estes fossem examinados puramente de uma perspectiva científica. Há uma grande metáfora, que pode ser intuitiva nos dioramas, se tornando uma grande biografia", completou.

Nora Atkinson também apontou que, embora os dioramas sejam baseados em casos reais, Glessner Lee tomou todas as outras decisões pertinentes aos mesmos, incluindo onde objetos e outras peças do cenário deveriam aparecer, e que não fossem não relacionadas as evidências específicas do crime.
Glessner Lee escolheu definir as cenas de crime em locais, que eram bem distantes de sua própria educação privilegiada: uma casa de pensão, um salão etc. Na maioria dos casos, as residências das vítimas sugerem que as mesmas pertencem a classe operária ou média. Dos 19 dioramas ainda existentes (acredita-se que 20 foram construídos ao custo médio de US$ 6.000 cada um), 11 das vítimas são mulheres.

Foto do diorama "Striped Bedroom" ("Quarto listrado", em português) de Glessner Lee
Glessner Lee escolheu definir as cenas de crime em locais, que eram bem distantes de sua própria educação privilegiada: uma casa de pensão, um salão etc. Na maioria dos casos, as residências das vítimas sugerem que as mesmas pertencem a classe trabalhadora
Dos 19 dioramas ainda existentes (acredita-se que 20 foram construídos ao custo médio de US$ 6.000 cada um),
11 das vítimas são mulheres.
"Um esforço foi feito para ilustrar não somente a ocorrência de uma morte pelo status social e financeiro dos envolvidos, mas como o estado de espírito do mesmos no momento em que a morte aconteceu", escreveu Glessner Lee.

Glessner Lee evitou comparecer as convenções das mulheres de sua classe e de sua idade. Ela começou a criar os dioramas, quando tinha por volta de 60 anos (um artigo de revista da década de 1940 sobre ela, tinha a seguinte manchete "Vovó: Detetive aos Sessenta e Nove"). No entanto, graças a sua inventividade e criatividade, além do seu apoio financeiro a essa área, ela alterou os métodos de treinamento dos investigadores forenses até chegar ao ponto, que ela foi chamada de "Mãe da Investigação Forense". Em 1943, ela se tornou a primeira mulher nos Estados Unidos a ser nomeada como capitã de polícia.

Frances Glessner Lee entrou em um campo, que era dominado apenas por homens
Em 1943, ela se tornou a primeira mulher nos Estados Unidos a ser nomeada como capitã da polícia
Graças a sua inventividade e criatividade, além do seu apoio financeiro a essa área, Glessner Lee alterou os métodos de treinamento dos investigadores forenses até chegar ao ponto, que ela foi chamada de "Mãe da Investigação Forense"
Glessner Lee evitou comparecer as convenções das mulheres de sua classe e de sua idade. Ela começou a criar os dioramas, quando tinha por volta de 60 anos (um artigo de revista da década de 1940 sobre ela, tinha a seguinte manchete "Vovó: Detetive aos Sessenta e Nove")
Além disso, talvez existam mais pistas em seus dioramas do que Glessner Lee pretendia. Os dois modelos favoritos de Nora Atkinson são "Three Room Dwelling" ("Residência de Três Quartos", em português), o único que conta com um homicídio múltiplo, e o "Attic" ("O Sótão"). Segundo Nora, o primeiro, ao contrário dos demais, descreve "uma família jovem, aparentemente feliz, em uma casa de classe média bem organizada, cercada por uma pequena cerca branca, com brinquedos espalhados pela varanda. Já o segundo mostra uma mulher mais velha que parece ter se enforcado.

"Em razão da bagunça ao redor da sala, a evidência sugere que ela pode ter ficado desanimada devido a solidão. As antigas cartas espalhadas na sala e os objetos empoeirados e antiquados preenchem o espaço, uma espécie de metáfora sugerindo que ela mesma se sentiu antiquada e sem utilidade para alguém", disse Nora Atkinson.

Visão lateral do diorama de Frances Glessner Lee chamado "Three Room Dwelling" ("Residência de Três Quartos", em português)
Visão superior do diorama "Three Room Dwelling" onde um casal aparece morto
No quarto ao lado do diorama "Three Room Dwelling"é possível encontrar um bebê, que foi morto com um
tiro na cabeça em seu próprio berço
Visão geral do quarto do bebê no diorama "Three Room Dwelling"
"Quando olho para essa família jovem e idealizada, penso na experiência de Frances sobre a 'felicidade' doméstica que, em vez disso, terminou em divórcio. E quando olho para essa idosa, lembro-me de que Frances só conseguiu finalmente seguir o que ela amava, quando ela chegou aos 60 e poucos anos e, para ela, a velhice significava liberdade", completou.

Diorama de Frances Glessner Lee chamado de "Attic" ("O Sótão")
Detalhe dos pés da senhora que aparece enforcada no diorama "O Sótão"
Detalhe das cartas encontradas espalhadas no chão no diorama "O Sótão"
Em 1945, os dioramas de Glessner Lee foram doados ao Departamento de Medicina Legal de Harvard para o uso em seminários de ensino e, quando esse departamento foi dissolvido em 1966, eles foram transferidos para o Escritório do Médico Legista de Maryland, onde permanecem expostos ao público, e continuam sendo utilizados no ensino da investigação forense.

Frances Glessner Lee nos deixou em 27 de janeiro de 1962, aos 83 anos. Em seu obituário publicado no jornal "The New York Times", um dia após a sua morte, foi citada uma frase dela, proferida durante uma entrevista para Harvester Company onde ela disse: "Felizmente, nasci com uma colher de prata na minha boca. Isso me deu tempo e dinheiro para seguir meu hobby em termos de detecção científica de crimes".

Em 1945, os dioramas de Glessner Lee foram doados ao Departamento de Medicina Legal de Harvard para o uso em seminários de ensino e, quando esse departamento foi dissolvido em 1966, eles foram transferidos para o Escritório do Médico Legista de Maryland, onde permanecem expostos ao público, e continuam sendo utilizados no ensino da investigação forense
Detalhe do local onde os dioramas de Frances Glessner Lee ficam expostos no Escritório do Médico Legista de Maryland
Frances Glessner Lee nos deixou em 27 de janeiro de 1962, aos 83 anos. Em seu obituário publicado no jornal "The New York Times", um dia após a sua morte, foi citada uma frase dela, proferida durante uma entrevista para Harvester Company onde ela disse: "Felizmente, nasci com uma colher de prata na minha boca. Isso me deu tempo e dinheiro para seguir meu hobby em termos de detecção científica de crimes".
Pela primeira vez, desde 1966, todos os 19 dioramas, que mais parecem pequenas casas de bonecas, serão exibidas ao público na Galeria Renwick, em Washington, D.C., nos Estados Unidos, entre os dias 20 de outubro de 2017 e 28 de janeiro de 2018.

Apesar de não estar lá para conferir tudo isso de perto, é possível notar cada detalhe, incrivelmente planejado, em cada foto. Caso viaje para a capital norte-americana nessas férias, e goste desse assunto, não deixe de conferir essa exposição!

Pela primeira vez, desde 1966, todos os 19 dioramas, que mais parecem pequenas casas de bonecas, serão exibidas ao público na Galeria Renwick, em Washington, D.C., nos Estados Unidos, entre os dias 20 de outubro de 2017 e 28 de janeiro de 2018


Como se não bastasse toda essa história de vida e contribuição para a investigação forense de cenas de crime, Frances Glassner Lee acabou influenciando outros artistas a criarem trabalhos semelhantes. É exatamente isso que iremos conferir, de forma bem rápida, a seguir!

A Influência de Frances Glessner Lee em Outros Artistas ao Redor do Mundo


Conforme dissemos anteriormente, a influência de Glessner Lee permanece viva fora do mundo do forense. Artistas como Ilona Gaynor, Abigail Goldman e Randy Hage assumiram projetos, que parecem ser inspirados em seus dioramas mortais. Contudo, um dos trabalhos que possui uma referência praticamente direta ao trabalho de Frances Glessner Lee é um espetáculo chamado "Speakeasy Dollhouse".

Quando a artista e autora Cynthia von Buhler ficou sabendo das circunstâncias misteriosas, que cercaram o assassinato de seu avô em 1935, ela foi inspirada por Glessner Lee para criar suas próprias casas de bonecas artesanais para tentar dar sentido a isso. Ela projetou e construiu representações em pequena escala de cenas de sua história familiar: o estabelecimento destinado a venda ilícita de bebidas do avô, um quarto de hospital e um apartamento. Além, é claro, de bonecas feitas à mão para representar todo o seu drama familiar.

Quando a artista e autora Cynthia von Buhler (na foto) ficou sabendo das circunstâncias misteriosas, que cercaram o assassinato de seu avô em 1935, ela foi inspirada por Glessner Lee para criar suas próprias casas de bonecas artesanais para tentar dar sentido a isso
Assim como Glessner Lee, ela reconstruiu seus modelos a partir de entrevistas, fotos, registros policiais, relatórios de autópsias e outros documentos oficiais e familiares, ou seja, tudo aquilo que ela conseguiu ter acesso. A esperança era de que nesses espaços e, literalmente, ao reconstruir os eventos, fosse possível revelar novos aspectos da história.

Assim como Glessner Lee, Cynthia reconstruiu seus modelos a partir de entrevistas, fotos, registros policiais, relatórios de autópsias e outros documentos oficiais e familiares, ou seja, tudo aquilo que ela conseguiu ter acesso
A esperança era de que nesses espaços e, literalmente, ao reconstruir os eventos,
fosse possível revelar novos aspectos da história.
Mais uma imagem de uma das casas de bonecas criadas por Cynthia Von Buhler
Então, Cynthia Von Buhler elevou o nível de toda essa história ao dar boas-vindas às pessoas em sua própria casa de bonecas, porém em tamanho real. Em 2011, ela recriou seus modelos em escala humana em um bar temático especial em Nova York, contratando atores para representar as "bonecas" em uma experiência de teatro totalmente imersiva, que se desenrola ao redor dos visitantes, sendo que para cada um é atribuído um pequeno papel.

Foto referente ao espetáculo "Speakeasy Dollhouse: The Bloody Beginning"
Foto referente ao espetáculo "The Illuminati Ball"
Assim sendo, o espetáculo chamado "Speakeasy Dollhouse"é uma experiência absolutamente incrível e única. Dependendo da sua seriedade ao desempenhar o seu papel, você pode entrar cada vez mais fundo no mistério familiar de Cynthia Von Buhler. Atualmente, o espetáculo teatral imersivo em cartaz, por assim dizer, é o "The Illuminati Ball" (de tempos em tempos outras histórias ou narrativas são criadas), que conta com ingressos e datas limitadas tanto para esse ano, quanto para o ano que vem.

Enfim, espero que tenham gostado de saber sobre a história de Frances Glessner Lee, seus dioramas, a importância dos mesmos para a investigação forense, além de conhecer um pouco mais sobre o trabalho de outros artistas que se inspiraram em Glessner Lee, e criaram trabalhos ainda mais espetaculares. 

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://harvardmagazine.com/2005/09/frances-glessner-lee-html
http://mentalfloss.com/article/504015/frances-glessner-lees-crime-dioramas-are-getting-their-own-smithsonian-exhibition
http://www.atlasobscura.com/articles/frances-glessner-lee-crime-scence-forensics-investigation-dioramas
https://americanart.si.edu/exhibitions/nutshells
https://www.nlm.nih.gov/visibleproofs/galleries/biographies/lee.html
https://www.smithsonianmag.com/arts-culture/murder-miniature-nutshell-studies-unexplained-death-180949943/

Viewing all articles
Browse latest Browse all 852


<script src="https://jsc.adskeeper.com/r/s/rssing.com.1596347.js" async> </script>