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Kpa-Dwa: A Intrigante História Sobre a "Múmia de um Gigante da Patagônia" com 2 Cabeças e Quase 4 Metros de Altura!

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Por Marco Faustino

Acredito que a primeira vez, que falei sobre supostos "gigantes" sendo relacionados a civilizações antigas foi em outubro de 2015, quando, na época, um determinado site de notícias da cidade de Cuenca, no Equador, havia publicado uma espécie de matéria sobre esqueletos "surpreendentemente altos" descobertos nas regiões equatoriana e peruana da Amazônia (lembrando que a Amazônia não é completamente brasileira, apesar da maior parte estar compreendida em nosso território). Assim sendo, de acordo com uma equipe de pesquisa liderada pelo antropólogo britânico Russell Dement, os esqueletos estariam sendo analisados, naquela época, na Alemanha. Lembro muito bem que, naquela matéria abordei todos os detalhes que estavam sendo mencionados pelo site "Cuenca High Life" e, ainda por cima, tentei entrar em contato com a Universidade Livre de Berlim, que nunca retornou o contato. Aliás, aquela história nunca teve um desfecho e vocês poderão entender o motivo disso ao acompanhar tudo o que trouxe ao conhecimento de vocês na ocasião (leia mais: "Gigantes" na Amazônia? A Estranha Matéria Publicada Por Um Site de Notícias de Cuenca, no Equador). Na matéria também aproveitei a para mostrar o ser humano mais alto já registrado em nossa história. Isso não quer dizer, que no passado alguém não tivesse superado sua marca, mas era possível ter uma clara noção das dificuldade que um corpo humano possuía para lidar com 2.72 metros de altura!

Recentemente, também tivemos um caso, que foi amplamente noticiado pela mídia internacional, onde dizia que arqueólogos chineses teriam encontrado os restos mortais de "gigantes" que viveram há 5.000 anos na Terra, porém toda a história beirava fortemente um"clickbait" promovido pela mídia. O motivo? As medidas dos ossos mostravam, que ao menos um homem teria atingido a marca de 1,90 m, sendo que alguns outros teriam alcançado 1,80 m ou mais. Segundo Fang Hui, diretor da Escola de História e Cultura da Universidade de Shandong, na China, essa medida seria baseada apenas na estrutura óssea. Se a pessoa estivesse viva, sua altura certamente excederia 1,90 m. Por outro lado, os moradores de Shandong acreditavam que a altura fosse uma de suas características marcantes, sendo que estatísticas oficiais corroboravam nesse sentido. Em 2015, a altura média dos homens na faixa de 18 anos em Shandong era de 1,75 m, em comparação com uma média nacional de 1,72 m. Talvez isso não fosse tão alto quanto muitos esperavam, mas talvez fosse para os padrões chineses. Contudo, a utilização da palavra "gigante" obviamente chamava a atenção das pessoas. Fui o responsável por redigir o texto, com muita cautela, que posteriormente foi gravado pelo Mateus (saiba mais: Restos de Gigantes que Viveram há 5.000 Anos Encontrados na China! - M.A #201).

Agora, um membro da nossa Sociedade Secreta dos AssombradOs, chamado Luiz de Freitas, nos alertou para uma estranha notícia que havia sido publicada no site brasileiro do History Channel sobre a "impressionante múmia de um gigante patagônico de duas cabeças." A notícia também foi disseminada através da página do canal, no Facebook, onde citava que o corpo teria cerca de 3,66 metros de altura. Sem dúvida alguma, aquela era uma marca impressionante e uma alegação fantástica, razão pela qual a notícia foi compartilhada mais de 8.800 vezes e recebido mais de 29 mil reações. Contudo, será que essa história é mesmo verdadeira? Haveria mesmo a múmia de um gigante patagônico de duas cabeças, e quase quatro metros de altura? Será que ela está tão bem preservada assim ao ponto de reescrever nossa história e tudo o que sabemos sobre o corpo humano? Será que o gigante pertencia a uma raça diferente? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Como Essa Notícia Foi Divulgada no Site Brasileiro e na Página do Facebook do History Channel?


É importante vocês terem em mente, que o conteúdo publicado no site do History Channel, em 99,99% dos casos, não é gerado pelo próprio site, mas terceirizado. Além disso, para compor o texto, que quase sempre possui entre 4 a 6 parágrafos bem rasos, é utilizado apenas uma única fonte. Por sua vez, essas fontes quase sempre são referentes a sites com baixíssimo índice de credibilidade ou destinados a pura e exclusiva viralização de manchetes fantásticas ou fantasiosas, que beiram ou chegar a atravessar o liminar do que é conhecido como "clickbait".

Infelizmente, o site do History Channel não possui nenhuma preocupação em prestar uma informação completa sobre o que divulga e nem mesmo se preocupa em checar a credibilidade de suas fontes. Portanto, sempre desconfiem de títulos muito chamativos e alarmistas que sejam divulgados por eles, verifiquem de qual site partiu a informação, se o mesmo é confiável e consultem outros sites não somente em português, mas em outros idiomas (utilizem o Google Translator se for necessário) para saber mais do assunto.

Infelizmente, o site do History Channel não possui nenhuma preocupação em prestar uma informação completa sobre o que divulga e nem mesmo se preocupa em checar a credibilidade de suas fontes.
Assim sendo, sempre tenham um pé e meio atrás em relação ao site e a página do History Channel no Facebook, porque ambos são destinados apenas a viralização e não ao fornecimento de um conteúdo devidamente pesquisado. Ao longo da última década, o History vem se tornando cada vez mais uma fonte de desinformação do que informação, devido a exibição de inúmeros "mockumentários", séries contendo opiniões de supostos "especialistas", que não possuem quaisquer qualificações técnicas e acadêmicas e, para piorar, a disseminação de conteúdo sem qualquer análise mais cautelosa através das redes sociais.  Isso fica bem explícito pelo fato das notícias não apresentarem a data em que foram publicadas no site. Na verdade, essa é uma estratégia utilizada por sites destinados a divulgação de conteúdo viral, geralmente falso ou distorcido, para sempre poderem republicar nas redes sociais a mesma notícia após alguns meses. Uma vez que elas não possuem data no site e a população geralmente tem memória curta, as pessoas sempre acham que o conteúdo é novo, sendo que pode ter sido publicado há dois ou três meses até cinco anos atrás.

No caso do gigante da Patagônia, a notícia foi publicada no dia 4 de setembro, tanto no site quanto na página brasileira do Facebook pertencente ao History Channel. Para compor o texto foram utilizadas pouquíssimas informações de uma notícia publicada no Infobae, um portal de notícias argentino, no dia 15 de agosto desse ano. Acreditem, foram mesmo pouquíssimas informações. De qualquer forma, esse é um assunto recorrente na internet, e de vez em quando o mesmo surge através de algum site de "curiosidades" ou "mistérios".

No caso do gigante da Patagônia, a notícia foi publicada no dia 4 de setembro,
tanto no site quanto na página brasileira do Facebook pertencente ao History Channel.
Confiram o que foi publicado no site do History:

"Em um museu modesto de Baltimore, nos Estados Unidos, estão expostos os restos mumificados de um homem gigante, de 3,66 metros, que é, na verdade, um autêntico fenômeno da natureza, não somente por sua estatura, mas também porque tem duas cabeças.

Trata-se de uma verdadeira lenda, cujas origens remontam ao ano de 1.500, quando Fernando de Magalhães chegou ao litoral da Patagônia argentina, durante a expedição que buscava uma passagem entre o Oceano Atlântico e o Pacífico. 


As lendas da época situam Kap-Dwa, o gigante de duas cabeças, na região patagônica. Não há registros que permitam estabelecer sua procedência com precisão. Por isso, sua existência seria explicada por duas histórias.

Notícia publicada no site brasileiro do History Channel
Uma delas diz que Kap-Dwa foi encontrado por marinheiros espanhóis um século depois de Magalhães visitar as praias do sul argentino, em 1670. Na época, ele havia sido capturado e transportado em um navio, onde morreu perfurado por uma lança enquanto lutava por sua liberdade.

A outra história conta que o gigante de duas cabeças foi encontrado morto em uma praia, com uma lança atravessada no peito. De acordo com essa versão, ele era oriundo de terras paraguaias, onde foi mumificado por nativos do local que o adoravam como uma divindade.
"

Se vocês prestarem bem a atenção é possível para notar a confusão que eles conseguiram fazer em apenas cinco parágrafos. No texto menciona-se que são os restos mumificados de um homem gigante, um autêntico fenômeno da natureza, mas que se trata de uma lenda, e que ainda por cima não há registros que permitam estabelecer sua procedência. Isso não faz nenhum sentido, entendem? É afirmado algo sem nenhuma prova do que se afirma, e isso em termos de história é bem delicado.

De Onde Partiu a Informação Publicada no Site Brasileiro do History Channel?

 
Agora, para vocês terem um comparativo adequado, confiram o que foi publicado no site do Infobae, fonte utilizada pelo site brasileiro do History Channel, que não é um site dedicado a trazer temas históricos a população, mas um portal de notícias variadas:

"Em um pequeno museu de Baltimore, nos Estados Unidos, ou melhor, em uma 'loja de horrores', estão preservados os restos mumificados de um gigante de 3,66 metros com duas cabeças, que asseguram ter origem patagônica.

No texto publicado pelo Infobae é mencionado, que em um pequeno museu de Baltimore, nos Estados Unidos, ou melhor, em uma "loja de horrores", estão preservados os restos mumificados de um gigante de 3,66 metros com duas cabeças, que asseguram ter origem patagônica
Para entender o início da lenda devemos voltar alguns séculos, quando o marinheiro português Fernão de Magalhães chegou ao litoral da Patagônia, entre 1510 e 1520, em busca de uma passagem entre o Atlântico e o Pacífico, que atualmente possui o seu nome (o estreito de Magalhães, que é uma passagem navegável de aproximadamente 600 km imediatamente ao sul da América do Sul continental). Porém, essa jornada não serviu apenas para encontrar o famoso estreito, mas para colocar essa parte do mundo como um dos epicentros da vida "gigantesca".

Antonio Pigafetta, marinheiro leal de Magalhães, escreveu no livro de registros da viagem: 'Nós vimos próximo da praia (na Terra do Fogo) um homem tão grande, que nossa cabeça atingia apenas a sua cintura'. Antonio e a tripulação os chamaram de 'Patagões'. Alguns historiadores asseguram, que a nome vem do grande tamanho de seus pés, outros dizem que foi decorrente de um romance popular na época, o 'Primaleón', que incluía uma raça de selvagens chamados de 'Patagônios'. Por uma razão ou outra, foi assim que originou-se o nome Patagônia.

Ilustração se referindo a captura do gigante de acordo com a primeira versão da lenda
Imagem de corpo inteiro do suposto gigante em exposição nos Estados Unidos
A questão é que, gigantes ou não, a Patagônia foi marcada por essas lendas e há uma história particular que coloca esta região do mundo como a progenitora de um fenômeno único: Kap Dwa, o gigante com duas cabeças. A realidade é que não existe um documento confiável daquela época, que ajude a verificar a origem desse ser, sua existência ou aparição, sendo assim baseada em duas histórias.

De acordo com a primeira, Kap Dwa foi encontrado por marinheiros espanhóis mais de um século após a visita de Magalhães, por volta de 1670, em uma praia do Sul. Então, ele foi capturado e levado para um navio, onde ele foi amarrado a um mastro. Porém, ele conseguiu escapar dos laços e começou a lutar por sua liberdade, mas acabou sendo morto devido a uma lança que atravessou seu peito. Então, ele foi mumificado de modo a chegar na costa da Grã-Bretanha, onde se tornou um fenômeno, e mais tarde, no início do século XIX, chegou aos Estados Unidos, onde continuou sua jornada como uma raridade circense.

Publicidade sobre o "Kap-Dwa" na década de 1960 (à esquerda),
e uma publicidade mais recente do local onde atualmente se encontra (à direita)
A segunda história alega que o gigante foi encontrado morto em uma praia com uma lança cravada no peito. De acordo com esta versão, sua origem seria o Paraguai, onde os nativos mumificaram seu corpo e o veneraram até que George Bickle, capitão da embarcação britânica Olive Branch, conhecesse a história e roubasse o cadáver para transportá-lo para o Reino Unido. Em 1914, após passar por diversas feiras de espetáculos, os restos mortais foram parar no píer Birnbeck, na cidade de Weston-super-Mare, onde ficou em exposição por 45 anos, até que Lord Thomas Howard o comprou em 1959. Essa segunda versão pertence a Robert Gerber, colecionador norte-americano de raridades, que atualmente possui o corpo, e que passa todos os dias em frente à vitrine que protege o Kap Dwa, em sua loja de horrores, conhecida como 'Bob's Side Show'.

Notaram a diferença? A texto publicado pelo Infobae também carece de uma pesquisa mais aprofundada sobre o assunto, mas possui uma qualidade informativa superior, data, outras imagens que não foram publicadas etc. Sendo assim, nada mais justo do que ir atrás dessas informações, e mostrar a vocês se elas realmente procedem ou não.

Começando a Desvendar a Realidade Por Trás de Toda Essa História Sobre um Gigante de Duas Cabeças da Patagônia: O Relato de Antonio Pigafetta


Vamos começar a destrinchar essa história pelo chamado "Relazione del primo viaggio intorno al mondo", que é o relatório da expedição do navegador português Fernão de Magalhães, escrito por Antonio Pigafetta (um marinheiro, geógrafo e escritor italiano, que pagou de seu próprio bolso uma expressiva quantia para acompanhar e auxiliar o capitão português a serviço da Espanha, Fernão de Magalhães em sua viagem ao redor do mundo), e que foi publicado entre 1524 e 1525.

Curiosamente, o relato original está escrito em uma mistura do italiano falado naquela época, em Veneza, com palavras em espanhol. O mesmo permanece entre os mais importantes documentos de viagem de sua época. Apesar do texto original já ter sido traduzido em alguns outros idiomas, é necessário ter cautela para acabar não traduzindo ou interpretando uma palavra fora do seu real contexto.

Fernão de Magalhães, o navegador português a serviço da Espanha
Antonio Pigafetta, um marinheiro, geógrafo e escritor italiano, que pagou de seu próprio bolso uma expressiva quantia para acompanhar e auxiliar o capitão português a serviço da Espanha, Fernão de Magalhães em sua viagem ao redor do mundo
Assim sendo, voltando consideravelmente no tempo, no ano de 1520, Fernão de Magalhães tirou um tempo de sua agitada agenda de navegação ao redor do mundo, e parou no que atualmente é a Patagônia, onde ele teria encontrado um gigante nu, dançando e cantando na praia. Magalhães ordenou que um dos seus homens permanecesse em contato com o mesmo para corresponder a dança e ao canto, em uma demonstração de amizade. A estratégia funcionou, e o homem conseguiu levar o gigante até uma pequena ilha, onde o capitão (Magalhães) o aguardava.

Para descrever a cena, havia o próprio Antonio Pigafetta, que por sua vez manteve um diário de viagem, e que se tornaria posteriormente o "Relazione del primo viaggio intorno al mondo" (também conhecido como "Magellan’s Voyage: A Narrative Account of the First Circumnavigation", em uma das edições traduzidas para o inglês). Acompanhe um trecho do livro sobre esse encontro (utilizando uma versão traduzida e editada em inglês por R.A. Skelton, e publicada pela Editora da Universidade de Yale, em New Haven, em 1969):

"Entretanto, um dia (sem que ninguém estivesse esperando), vimos um gigante que estava na praia, completamente nu, e que dançava, pulava e cantava. Enquanto cantava, ele jogava areia e poeira em sua cabeça. Nosso capitão enviou um de seus homens até ele, intimando-o a pular e cantar da mesma forma que ele, para tranquilizá-lo e mostrar amizade. Assim foi feito. 

Imediatamente, o homem do navio, dançando, levou esse gigante para uma pequena ilha, onde o capitão o aguardava. E, quando ele ficou diante de nós, ele começou a se maravilhar e a ficar com medo, e ergueu um dedo para cima, acreditando que tivéssemos vindo dos céus. E, ele era tão alto, que o mais alto de nós batia em sua cintura. De qualquer forma, ele tinha uma boa proporção corporal. Ele tinha um rosto bem grande e pintado ao redor do mesmo de vermelho; em volta dos olhos era pintado de amarelo, e no meio de suas bochechas havia dois corações pintados. Ele quase não tinha cabelo em sua cabeça, e o que tinha estava pintado de branco.

Capa do livro "Magellan’s Voyage: A Narrative Account of the First Circumnavigation", uma versão traduzida e editada em inglês por R.A. Skelton, e publicada pela Editora da Universidade de Yale, em New Haven, em 1969
Quando ele foi trazido ao capitão, ele estava coberto com a pele de um determinado animal, cuja pele estava habilmente costurada. E esse animal tem a cabeça e as orelhas tão grandes quanto de uma mula, um pescoço e corpo assim como de um camelo, as pernas de um cervo macho e a cauda assim como a de um cavalo. Há um grande número desses animais no referido local. 

Esse gigante tinha os pés cobertos com a pele do referido animal como se fossem sapatos, e ele carregava na mão um arco pequeno e grosso, com uma corda grossa, feita a partir dos intestinos do referido animal, com um monte de flechas de cana, que não eram muito longas e eram emplumadas assim como as nossas, mas não tinham pontas de ferro. Porém, na ponta, existiam pedras pequenas, pretas e brancas, e eram bem afiadas. Eram semelhantes as setas usadas pelos turcos.

Primeira parte do livro "Magellan’s Voyage: A Narrative Account of the First Circumnavigation",
onde menciona-se a suposta existência de "gigantes" na Patagônia
O capitão fez com que o gigante recebesse comida e bebida, então ele lhe mostrou outras coisas, entre elas um espelho de aço. Quando o gigante viu a si mesmo ficou muito apavorado, saltando para trás, e jogando quatro homens no chão. Depois disso, o capitão deu-lhe dois sinos, um espelho, um pente e um 'paternosters', e o enviou de volta à praia, fazendo com que ele fosse acompanhado por quatro homens armados. Um dos companheiros do gigante, que nunca viria ao navio, vendo o outro retornar com nossos homens, avançou e correu para o local onde viviam os outros gigantes. Eles se perfilaram, um após o outro, completamente nus, e começaram a pular e a cantar, levantando um dedo para o céu e mostrando ao nosso povo um certo pó branco feito de raízes de ervas, que eles mantinham em potes de barro, e fizeram sinais de que eles viviam daquilo, e que eles não tinham mais nada além desse pó. Com isso, nossos homens fizeram sinais de que eles deveriam vir aos navios, e que eles os ajudariam a abastecer suas provisões.

Então, esses homens vieram, carregando apenas arcos em suas mãos. Porém, suas esposas vieram logo após eles, carregadas feito burros, e transportando seus bens. E as mulheres não eram tão altas quanto os homens, mas um pouco mais gordas. Quando as vimos, ficamos maravilhados e atônitos, pois tinham seios com meio côvado de comprimento (cerca de 22,5 cm), rostos pintados, e vestidas como os homens. Porém, elas usavam uma pequena pele na frente para cobrir suas partes íntimas. Eles trouxeram com eles quatro desses pequenos animais dos quais eles faziam suas roupas, e os conduziram em uma coleira com uma corda. Quando essas pessoas desejavam capturar esses animais, cuja pele estavam vestindo, amarravam um dos jovens a um arbusto e, então, os grandes vinham brincar com os menores. Os gigantes escondidos na mata, matavam os maiores com suas flechas. Nossos homens pegaram dezoito desses gigantes, homens e mulheres, que foram divididos em duas partes, metade de um lado do porto e a outra metade do outro, para pegar os referidos animais.
Segunda parte do livro "Magellan’s Voyage: A Narrative Account of the First Circumnavigation",
onde menciona-se a suposta existência de "gigantes" na Patagônia
Terceira parte do livro "Magellan’s Voyage: A Narrative Account of the First Circumnavigation",
onde menciona-se a suposta existência de "gigantes" na Patagônia
Seis dias depois, nossos homem foram cortar madeira e viram outro gigante com o rosto pintado e vestido assim como os demais, que carregava um arco e flecha na mão. Ele se aproximou dos nossos homens, tocando sua cabeça várias vezes seguidas e posteriormente o seu corpo. Então, ele fez o mesmo com nossos homens. Uma vez feito isso, ele levantou as duas mãos para o céu. Ao ficar sabendo disso, o capitão enviou um barco para buscá-lo e o levou a uma das pequenas ilhas em que os navios estavam ancorados. Na ilha, o capitão fez com uma casa fosse construída para armazenar algumas coisas dos navios enquanto ele permanecia no local. O gigante era mais disposto que os demais, muito gracioso e amável, e adorava dançar e pular. E, quando dançava, ele afundava a terra até um palmo de profundidade onde seus pés tocavam. Ele ficou conosco por muito tempo e, ao final, nós o batizamos e o chamamos de John. O referido gigante pronunciava o nome de Jesus, o Pai Nosso, a Ave Maria e o seu próprio nome tão claramente quanto nós. Porém, ele tinha uma voz terrivelmente alta e forte. O capitão deu-lhe uma camiseta, um colete de pano, um chapéu, um espelho, um pente, sinos, entre outras coisas, e o enviou de volta para onde veio, sendo que ele ficou muito alegre e feliz..."

Contudo, toda essa história não terminou tão bem assim. Para encurtar a mesma, no dia seguinte, o referido gigante voltou e trouxe alguns dos grandes animais acima mencionados e, em troca, o capitão lhe deu outras coisas, para que ele pudesse trazer mais animais. Porém, ele não voltou novamente. Supostamente os outros gigantes o mataram, porque ele teria ido visitar os europeus. Essa parte não está disponível publicamente no livro "Magellan’s Voyage: A Narrative Account of the First Circumnavigation", porém encontrei uma outra edição disponível no site "Open Library", traduzida por James Alexander Robertson, e publicada em 1906, para continuar essa história para vocês.

Trecho dando continuidade da narrativa de Antonio Pigafetta sobre supostos gigantes na Patagônia
Mais um trecho da narrativa de Antonio Pigafetta sobre supostos gigantes na Patagônia
Um dos últimos trechos da narrativa de Antonio Pigafetta sobre supostos gigantes na Patagônia
Quinze dias depois, outros quatro gigantes foram avistados. O capitão planeja manter os dois mais jovens para levá-los até a Espanha. Contudo, isso também não deu nada certo. Fernão de Magalhães mandou que fossem colocados grilhões de ferro nos pés dos gigantes (assim como era feito com os escravos), que inicialmente ficaram maravilhados com aquele "apetrecho", mas posteriormente perceberam que estavam sendo enganados. Houve muita confusão, uma certa luta corporal, até que dois dos quatro gigantes foram enviados para terra firme, visto que o capitão também planejava levar a esposa de um dos gigantes, que estava à bordo, mas no final das contas houve mais um confronto direto entre os europeus e os gigantes, sendo que um membro da tripulação foi ferido por uma seta, que perfurou a sua coxa, e acabou morrendo na praia.

Aparentemente, todos os gigantes conseguiram escapar ilesos, ou seja, fugiram e nunca mais foram vistos. Segundo o relato, os tais gigantes corriam mais rápidos que cavalos e pulavam constantemente, ou seja, eram alvos difíceis de serem acertados.

Os "Gigantes da Patagônia" que Não Eram Tão Gigantes Assim: Outras Expedições Visitaram o Local e Relataram Algo um Pouco Diferente dos Espanhóis


A questão, no entanto, é que Fernão de Magalhães e Antonio Pigafetta não foram os únicos navegadores ou exploradores a visitarem o que atualmente consideramos como a Patagônia. Cerca de um século depois, em 1628, o sobrinho de Sir Francis Drake (capitão e corsário que realizou a segunda circunavegação do mundo em uma única expedição, de 1577 a 1580, e foi o primeiro a completar a viagem como capitão enquanto liderava a expedição durante toda a circunavegação) detalhou a circunavegação de seu tio no livro "The World Encompassed". Confiram um trecho sobre o que ele escreveu em relação aos tais "gigantes":

"Magalhães não estava totalmente enganado ao citá-los como gigantes, porque eles diferem do tipo comum de homens, tanto em estatura, massa e força corporal, quanto no horror de suas vozes, mas, por outro lado, eles não são nada monstruosos, nem mesmo gigantes conforme foi relatado. Alguns homens ingleses são tão altos quanto alguns que pudemos ver, mas talvez os espanhóis não esperavam que os ingleses chegassem até lá para repreendê-los... Cinco côvados, ou seja, 2,3 metros, descreveria a altura total (ou um pouco mais) do mais alto deles. Porém, o certo é que as crueldades espanholas os tornaram mais monstruosos, tanto no pensamento quanto no comportamento, do que eles são fisicamente, e muito mais inóspitos para lidar com qualquer estrangeiros após isso"

Cerca de um século depois, em 1628, o sobrinho de Sir Francis Drake (capitão e corsário que realizou a segunda circunavegação do mundo em uma única expedição, de 1577 a 1580, e foi o primeiro a completar a viagem como capitão enquanto liderava a expedição durante toda a circunavegação) detalhou a circunavegação de seu tio no livro "The World Encompassed"
Apesar do sobrinho de Sir Francis Drake estar mais preocupado em desacreditar os espanhóis e culpá-los pela "monstruosidade" dos gigantes, o mesmo tinha reduzido a altura dos mesmo em mais de um metro. Isso, sem dúvida alguma, mudava muita coisa no rumo dessa história.

No século XVII, o mito ainda estava vivo e entretinha os europeus. Horace Walpole, um historiador inglês e romancista gótico, publicou um relato chamado "An Account of the Giants Lately Discovered: In a Letter to a Friend in the Country" após o retorno do capitão John Byron, em 1766, que tinha circunavegado o mundo à bordo do HMS Dolphin. Havia vazado uma espécie de boato, que a tripulação tinha visto gigantes de 2,7 metros na América do Sul. Considerando que John Byron havia chegado em maio daquele ano e o texto de Horace foi publicado em julho, era possível notar como a "informação" tinha corrido solta por Londres. Em seu relato 31 páginas, Horace Walpole satirizou toda a ideia e sugeriu corajosamente, que um número limitado de mulheres gigantes poderiam ser "importadas para consertar a raça britânica".

Para vocês terem uma ideia, um ano depois, ou seja, em 1767, o explorador francês Louis de Bougainville chegou a mencionar que o patagônio mais alto que ele encontrou tinha apenas 1,75 m. Assim sendo, a visão "romântica" e "exagerada" do relato espanhol estava sucumbindo aos poucos.

Marinheiro inglês oferecendo pão a uma mulher gigante da Patagônia. Ilustração principal do livro "Viaggio intorno al mondo fatto dalla nave Inglese il Delfino comandata dal caposqadra Byron" (Florença, 1768), a primeira edição italiana de "John Byron’s A Voyage Round the World in His Majesty’s Ship the Dolphin"
O relato oficial da viagem de Byron surgiu apenas em 1773, e finalmente desfez todo aquele mito gerado inicialmente pela expedição espanhola. Confira o que foi escrito:

"Quando chegamos a uma pequena distância da costa, vimos, o mais próximo possível, cerca de quinhentas pessoas, algumas a pé, mas a maior parte a cavalo. Uma delas, que posteriormente aparentava ser o chefe, veio em minha direção: ele tinha uma estatura gigantesca, e parecia contextualizar os contos de monstros de forma humana. Se eu for levar em consideração a sua estatura em relação a minha, não deve ser muito inferior a 2,10 m... O Sr. Cumming (um dos oficiais de Byron) chegou com o tabaco (um presente), e não pude deixar de notar sua expressão atônita quando ele percebeu, mesmo tendo 1,87 m de altura, que era um pigmeu entre os gigantes. Essas pessoas podiam ser chamadas mais de gigantes do que homens altos... O menor deles era pelo menos 10 cm mais alto".

Detalhe de "O Encontro entre o Comodoro Byron e os Patagônios" do Volume 1 de "John Hawkesworth’s An Account of the Voyages Undertaken by the Order of His Present Majesty for Making Discoveries in the Southern Hemisphere and Successively Performed by Commodore Byron, Captain Wallis, Captain Carteret, and Captain Cook" (Londres, 1773)
Resumindo, não havia gigantes de 3,6 ou quase 4 metros de altura, mas seres humanos que possuíam pelo menos entre 1,97 e 2,10 metros. Algo que normalmente não se comenta quando se toca nesse assunto é que, naquela época, os europeus tinha estatura média de 1,55 m, ou seja, eram bem baixos se comparados a seres humanos de 1,97 m de altura. Atualmente, essa estatura mais alta chega a ser a média de altura de jogadores de vôlei que, ao serem entrevistados por repórteres, principalmente do sexo feminino, aparentam ser verdadeiros gigantes.

Enfim, na verdade, Fernão de Magalhães e os demais exploradores se depararam com os "Tehuelches", também chamados de "Patagões" ou "Patagônios", que são um grupo de etnias ameríndias da Patagônia (atualmente estima-se que a média de altura dos "Tehuelches" girava em torno de 1,80 m). Eles eram chamados de Patagões (ou seja, "pés grandes") pelos exploradores espanhóis, que encontravam grandes pegadas feitas pelas tribos nas praias da Patagônia. Na verdade, essas pegadas eram feitas pelas botas de couro de guanaco (um "parente" próximo da lhama), que os "Tehuelches" usavam para cobrir seus pés. O calçado era bem maior que seus próprios pés, de modo que aquecesse de forma mais eficaz e protegesse o contato com o gelo. Portanto, é possível imaginar o espanto dos exploradores europeus.

Enfim, na verdade, Magalhães e os demais exploradores se depararam com os "Tehuelches", também chamados de "Patagões" ou "Patagônios", que são um grupo de etnias ameríndias da Patagônia. Eles eram chamados de Patagões (ou seja, "pés grandes") pelos exploradores espanhóis, que encontravam grandes pegadas feitas pelas tribos nas praias da Patagônia
Obviamente, você pode se perguntar sobre essa média de altura mais elevada, mas existe uma explicação para isso que chama "Regra de Bergmann": animais, incluindo seres humanos, tendem a crescer mais em climas mais frios, e menos em climas mais quentes. Possuindo um grande corpo, você perde calor mais lentamente e, portanto, está melhor adaptado para sobreviver a temperaturas congelantes. Não é por acaso que o maior predador terrestre do mundo, o urso polar, se encontra no extremo norte, enquanto criaturas tropicais, que perdem calor mais rapidamente, estão melhor adaptadas às selvas tropicais. E, ao longo da evolução, os ambientes também podem exercer a mesma pressão sobre os seres humanos, ou seja, os nativos da Patagônia seriam naturalmente maiores que os europeus. Isso sem contar, é claro, com as diferenças de alimentação, eventuais anomalias genéticas etc.

As pessoas também podem alegar que os gigantes ou o gigante encontrado por Fernão de Magalhães sofria de alguma desordem na glândula pituitária, visto que isso faria liberar níveis desenfreados do hormônio do crescimento, assim como aconteceu no caso de Robert Pershing Wadlow, o homem mais alto já registrado na história, que viveu apenas 22 anos, alcançando 2,72 metros de altura e pesando 220 kg no momento da sua morte. O corpo humano, no entanto, simplesmente não é destinado a crescer a tais alturas. Um exemplo disso foi o próprio Robert, que mal conseguia caminhar sem a ajuda de uma bengala, quanto mais correr mais rápido que um cavalo (conforme os tais gigantes patagônicos faziam segundo o relato dos espanhóis).

A família de Robert Pershing Wadlow. Da esquerda para direita, seu irmão Eugene, sua mãe Addie com o caçula Harold Jr.,o próprio Robert ao centro com sua irmã Betty, logo abaixo, que por sua vez está ao lado do pai, o Sr. Harold e a irmã Helen, mais a direita
Os gigantes pituitários normalmente têm uma vida muito mais curta do que um ser humano comum, porque seus corações, embora sejam proporcionalmente maiores, lutam para bombear o sangue através de seus corpos.  Antes que alguém possa imaginar outro cenário para explicar a tal "múmia patagônica"é muito improvável, por exemplo, que tenha havido a ocorrência de gêmeos siameses com alguma desordem na glândula pituitária entre os povos Tehuelches. Seria algo extremamente raro, sendo ainda mais improvável encontrar e manter os restos mortais em boas condições de um exemplar como esse até os dias de hoje, e sem maiores cuidados especiais.

Portanto, a suposta "múmia patagônica" soa muito mais ser uma fraude entre tantas alegações fantásticas que surgiram ao longo das décadas e dos séculos, do que qualquer outra coisa. Não existe nenhum documento histórico, minimamente confiável, que possa comprovar a origem da múmia. Além disso, motivos para considerá-la uma fraude não faltam.

Se não é um "Gigante", o que Está em Exibição em um "Museu" nos Estados Unidos? O Local é Mesmo um Museu? Tudo Não Passa de uma Fraude?


Acho que é possível notar e dizer, com uma boa margem de segurança, que a "múmia patagônica"é uma fraude. Agora, se a mesma é uma fraude taxidérmica, quem a fez e por qual razão? Bem, a única versão das histórias, que tentam explicar de onde veio a "múmia de um gigante de duas cabeças"é aquela apontando sua origem como sendo o Paraguai, onde os nativos teriam mumificado seu corpo e o venerado até que George Bickle, o capitão da embarcação britânica Olive Branch, tomasse conhecimento da história e roubasse o cadáver para transportá-lo para o Reino Unido. Só existe um único e grande problema nessa história: não há nenhuma prova documental que um capitão inglês chamado George Bickle tenha existido, ou seja, aparentemente esse nome teria sido inventado.

Independentemente da história sobre sua "origem", o "Kap-Dwa" (que significa "duas cabeças" em malaio, visto que "kepala"é cabeça e "dua"é o número "dois", o que torna a história ainda mais sem sentido quando aplicado a Patagônia) aparentemente circulou pelo Reino Unido no fim do século XIX. Obviamente, sempre há quem acredite, que se trate de um verdadeiro ser humano gigantesco de duas cabeças, porém é importante deixar bem claro, que nunca foi fornecida uma única evidência taxidérmica, que possa comprovar isso. Nunca foi feito nenhum exame, nenhuma investigação mais aprofundada, análise de DNA etc. Não existe absolutamente nada nesse sentido.

Foto do "gigante de duas cabeças",
que se encontra no interior da loja "The Antique Man", em Baltimore, nos Estados Unidos
Mais uma foto do "gigante de duas cabeças",
que se encontra no interior da loja "The Antique Man", em Baltimore, nos Estados Unidos
Houve até quem dissesse que estudantes da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, no estado norte-americano de Maryland, teriam realizado uma exame de ressonância magnética no corpo do "Kap-Dwa", porém não existe nenhuma informação pública disponível sobre isso, ou seja, tudo indica ser mais uma mentira. Também já foi mencionado ao longo do tempo, que dois médicos e um radiologista teriam inspecionado o corpo na década de 1930, e não teriam encontrado indícios de farsa, mas ninguém cita os nomes dos médicos, do radiologista, de alguma declaração dos mesmos em veículos de imprensa etc. Para piorar a situação, há quem acredite que o Kpa-Dwa tenha vindo da África ou até mesmo de Cuba!

Para piorar a situação, há quem acredite que o Kpa-Dwa tenha vindo da África ou até mesmo de Cuba!
As questionáveis histórias sobre a origem do "Kap-Dwa" e sua propagação ao redor do mundo como sendo uma mera atração de espetáculos circenses ou então dos chamados "shows de horrores" ou "freak shows" prejudicam consideravelmente a sua credibilidade. Aliás, algumas pessoas sugerem que o "Kap-Dwa" tenha sido um dos projetos de P. T. Barnum, um empresário do ramo do entretenimento norte-americano, lembrado principalmente por promover fraudes famosas, tais como a "Sereia de Fiji" e o "Jackalope" (o cruzamento folclórico entre uma lebre e um antílope).

Curiosamente, reparem no aspecto meio artificial (aparentando ser arte feita de papel ou borracha) que a "múmia" tinha entre 1968 e 1972, na imagem abaixo. Bem estranho, não é mesmo?

Curiosamente, reparem no aspecto meio artificial (aparentando ser arte feita de papel ou borracha) que a "múmia" tinha entre 1968 e 1972, na imagem acima. Bem estranho, não é mesmo?
Para completar, é necessário dizer que a tal múmia é mantida como se fosse um objeto qualquer em uma redoma de vidro, sem nenhum cuidado especial, dentro de uma loja chamada "The Antique Man", que na verdade não é bem um museu como vocês imaginam, mas uma espécie de coletânea de objetos que, em grande parte, não são antiguidades reais, mas reproduções artísticas ou imitações baratas dos itens originais.

O local estaria mais para um antiquário (ainda que muito questionável em relação a procedência dos objetos) e uma "loja dos horrores", do que um museu de verdade. Aliás, a própria loja indica o que é em sua fachada: um mercado de pulgas (comércio de bens antigos, usados e outras mercadorias).



O local estaria mais para um antiquário (ainda que muito questionável em relação a procedência dos objetos) e uma "loja dos horrores", do que um museu de verdade. Aliás, a própria loja indica o que é em sua fachada: um mercado de pulgas (comércio de bens antigos, usados e outras mercadorias).
Foto mostrando a parte interna da loja "The Antique Man", em Baltimore, nos Estados Unidos
Mais uma foto mostrando o Kpa-Dwa a partir de um ângulo bem diferente
Geralmente, aqueles que tentam manter um certo "mistério" sobre o mesmo, citam que o "Kpa-Dwa" está em um museu justamente para passar um certo ar de credibilidade. Agora, se a múmia tivesse alguma chance de ser real, vocês acham mesmo que estaria em um mercado de pulgas, em Baltimore, nos Estados Unidos? Com certeza algum museu de verdade já teria adquirido essa múmia no passado, e a mantido sob condições de refrigeração e iluminação adequadas, de modo a preservá-la por muitas e muitas décadas.

Portanto, AssombradOs, não há muito mais do que falar sobre isso. Infelizmente, nada indica que a "múmia" seja verdadeira. Muito provavelmente, a tal "múmia" foi fabricada em tempos modernos na Europa ou nos Estados Unidos (ou quem sabe no Sudeste Asiático, basta lembrar da "Sereia de Fiji"), e não foi originalmente encontrada de forma natural em terras estrangeiras, muito menos em um passado distante. Qualquer outra pessoa, que tenta alega que a múmia seja autêntica, que apresente provas, documentos, análises laboratoriais e perícias realizadas por antropólogos renomados. Simples assim. Fora isso é apenas mais uma mera história fantasiosa entre tantas que correm livremente pelo mundo. Sem dúvida alguma é muito legal e divertido imaginar essa possibilidade, mas não é tão legal ser privado de toda essa explicação.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://cryptidz.wikia.com/wiki/Kap-Dwa
http://forbiddenarchaeology2016.weebly.com/blog-posts-about-giants/kap-dwa-the-real-story-behind-the-two-headed-giant-by-tucker-kovalchek
http://greaterancestors.com/kap-dwa-the-12-foot-two-headed-giant/
http://www.ancient-origins.net/unexplained-phenomena/tales-two-headed-giant-are-legends-kap-dwa-real-008594/page/0/2
http://www.cadena3.com/contenido/2017/08/16/Kap-Dwa-el-misterioso-gigante-patagonico-de-dos-cabezas-190050.asp
http://www.dicionarioinformal.com.br/patag%C3%A3o/
http://www.freaklore.com/kap-dwa-two-headed-giant-displayed-for-all-to-see
http://www.sideshowworld.com/40-ATS/Two-Headed/Mummy.html
http://www.theantiquemanltd.com/
https://archive.org/stream/magellansvoyagea01piga_0?ref=ol#page/60/mode/2up
https://books.google.com.br/books?id=sclFZPrPVhsC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false
https://ia600602.us.archive.org/29/items/magellansvoyagea01piga_0/magellansvoyagea01piga_0.pdf
https://pt.wikipedia.org/wiki/Patagónia
https://seuhistory.com/noticias/impressionante-mumia-do-gigante-patagonico-de-duas-cabecas
https://www.cascada.travel/en/News/Truth-About-Patagonias-Giants
https://www.wired.com/2014/09/fantastically-wrong-giants-of-patagonia/

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