Por Marco Faustino
E aqui estamos, mais um anúncio da NASA! Se não me falha a memória, a última vez que comentei sobre algo assim, foi quando a agência espacial norte-americana divulgou um estudo publicado na revista Nature, um dos periódicos científicos mais renomados do mundo, sobre a descoberta de sete exoplanetas - que nada mais são do que planetas que orbitam uma estrela que não seja o nosso Sol - ao redor de uma estrela anã super fria. Essa estrela está localizada a cerca de 40 anos-luz de distância da Terra, relativamente perto de nós. A princípio, não parece ser muita coisa, não é mesmo? Porém, essa estrela tem aproximadamente o tamanho de Júpiter, e possui menos que a metade de temperatura superficial do nosso Sol (lembrando que a temperatura média da superfície do Sol é de 5.500ºC). Ninguém esperava encontrar nada ou pouquíssima coisa orbitando essa estrela, porém os astrônomos descobriram uma espécie de mini sistema solar composto por esses sete exoplanetas, sendo que os seis mais próximos da estrela possuem tamanhos e massas que são semelhantes à da Terra, além de possivelmente terem estruturas rochosas. É muito importante ressaltar, no entanto, que isso não significa que temos plena e total certeza, que esses sete exoplanetas sejam iguais a Terra, que sejam realmente rochosos, que possuam água em estado líquido ou até mesmo, que possuam qualquer forma de vida em sua superfície (leia mais: O "Grande Anúncio da NASA": A Descoberta de Sete Planetas de Tamanhos Semelhantes à Terra em uma Espécie de Mini Sistema Solar!).
Agora, a NASA convocou uma coletiva de imprensa para detalhar as novas descobertas em relação aos chamados "mundos oceânicos", mais especificamente a lua Europa, de Júpiter, e a lua Encélado, de Saturno, visto que ambas são fortes candidatas para abrigar uma possível vida extraterrestre, ainda que de forma microbiana, em seus respectivos oceanos subsuperficiais. Segundo a NASA, em relação ao nosso Sistema Solar, esses mundos completamente gelados são as melhores chances que temos para respondermos a velha e tão sonhada pergunta: Estamos realmente sozinhos? Não existe nenhuma espécie de vida no Universo, senão no planeta Terra? Por mais que pareça improvável e distante, essas novas descobertas alimentam expectativas não somente sobre essa possível existência de vida, mas sobre o que devemos procurar quando nossos olhos estiverem focados no chamado "Universo observável". De qualquer forma, todo esse questionamento virou um duelo de titãs. Qual planeta teria uma lua potencialmente habitável? Qual delas poderia ser realmente habitada? Vamos saber mais sobre esse assunto?
Os Rumores que Antecederam a Coletiva de Imprensa Convocada pela NASA: Quais Eram as Principais Apostas?
Nesta quinta-feira (13), a NASA convocou uma coletiva de imprensa, às 15h (horário de Brasília) para discutir os novos resultados sobre "mundos oceânicos" (ou mundos-oceanos, como preferirem). A agência espacial norte-americana afirmou que as novas descobertas seriam provenientes da sonda espacial Cassini e do Telescópio Espacial Hubble.
"Essas novas descobertas ajudarão a fornecer informações para a exploração futura de mundos-oceanos, incluindo a missão da Europa Clipper, que está sendo planejada para ser lançada na década de 2020, e a busca mais ampla pela vida além da Terra", comentou a NASA.
Veja alguns dos nomes que participariam da coletiva de imprensa:
- Thomas Zurbuchen, administrador associado do Diretório de Ciência do "Quartel-General" da NASA em Washington;
- Jim Green, diretor da Divisão de Ciência Planetária do "Quartel-General" da NASA;
- Mary Voytek, astrobióloga sênior do "Quartel-General" da NASA;
- Linda Spilker, cientista de Projeto da Cassini no JPL (Laboratório de Propulsão a Jato), em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia.
- Hunter Waite, líder da equipe do Espectrômetro de Massa Neutra e Iônico (INMS), do Instituto de Pesquisa Southwest (SwRI), em San Antonio;
- Chris Glein, associado da equipe do Cassini INMS no SwRI;
- William Sparks, astrônomo do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial, em Baltimore.
Uma vez que Europa pode potencialmente ter mais água líquida do que temos disponível na Terra, algumas pessoas, é claro, especularam que o anúncio poderia estar relacionado a uma evidência de "vida extraterrestre", ainda que microbiológica.
Vale lembrar, por exemplo, que os astrônomos acreditam na existência de um imenso oceano em Europa, que esteja em contato com o manto rochoso, tornando possível uma série de reações químicas nesse sentido. Assim sendo, o anúncio poderia estar relacionado as plumas de água avistadas pelo Telescópio Espacial Hubble, com a ajuda de um espectrógrafo, no ano de 2012.
Concepção artística de uma pluma de vapor d´água sendo ejetado na superfície da gélida lua Europa, localizada a cerca de 800 milhões de km do Sol |
Confira abaixo o que Keith Cowing escreveu em seu texto intitulado "Hydrothermal Activity in The Seas of Enceladus: Implications For Habitable Zones" ("Atividade Hidrotérmica nos Mares de Encélado: Implicações para Zonas Habitáveis", em português) para o site "Astrobiology Web":
"Na quinta-feira, a NASA vai anunciar a evidência de que a atividade hidrotermal na superfície de um oceano coberto de gelo em Encélado, uma das luas de Saturno, é provavelmente a geração de metano a partir de dióxido de carbono. Esse processo é um indicativo de possíveis zonas habitáveis no interior do oceano de Encélado.
A NASA baseia essa determinação na quantidade de hidrogênio nas plumas que emanam do Polo Sul de Encélado. A grande quantidade de hidrogênio é uma forte sugestão de um processo hidroterminal constante, no qual o oceano sob a superfície de Encélado está interagindo com a rocha e compostos orgânicos. A quantidade de hidrogênio presente está em desequilíbrio, isto é, se não houvesse um processo que gerasse constantemente hidrogênio, os níveis observados provavelmente seriam inferiores ao que estão sendo vistos. Algo está 'bombeando' isso para fora.
A lua Encélado é conhecida por ter um oceano sob a sua superfície gelada. A pequena lua constantemente pulveriza o conteúdo do seu oceano para o espaço a partir de fendas no Polo Sul, uma região apelidada de 'listras de tigre' devido a sua aparência. A sonda espacial Cassini sobrevoou diversas vezes essas plumas e coletou amostras de suas composições. Com base nesses estudos sobre as plumas foi previamente determinado que o oceano de Encélado interage com um fundo rochoso.
Encélado é conhecida por ter um oceano sob a sua superfície gelada. A pequena lua constantemente pulveriza o conteúdo do seu oceano para o espaço a partir de fendas no Polo Sul, uma região apelidada de "listras de tigre" (na imagem) devido a sua aparência. |
Fendas hidrotermais foram encontradas em muitos locais na Terra, onde a água superaquecida das profundezas do planeta atinge o oceano. Devido as temperaturas e pressão desses respiradouros, algumas reações químicas interessantes ocorrem. Muitos astrobiologistas sugeriram que essas fontes hidrotermais podem ser onde a vida originou-se em nosso planeta. A evidência fóssil desses respiradouros hidrotermais fornecem algum crédito a essa teoria.
Concepção artística mostrando o sobrevoo da sonda Cassini sobre as fendas hidrotermais no Polo Sul de Encélado |
Em nosso planeta, esses respiradouros hidrotermais frequentemente hospedam ecologias complexas com alguns microorganismos que derivam energia diretamente da química mineralógica que circunda esses respiradouros em vez de obter energia do Sol. Por sua vez, formas de vida maiores alimentam-se desses microrganismos e podem surgir comunidades inteiras. Diferentemente das interações ecológicas que estamos acostumados a ver na superfície da Terra, onde a vida depende diretamente da luz do Sol, essas comunidades hidrotermais profundas são capazes de prosperar sem qualquer energia do Sol. Existem também sistemas hidrotermais que atuam próximo ou até mesmo na superfície da Terra, que também abrigam formas de vida que dependem de processos químicos, em vez da luz solar como fonte de energia.
A NASA não encontrou vida em Encélado, e nem mesmo encontrou evidência indireta de vida em Encélado. O que a Cassini pode ter encontrado é a evidência de que pode haver locais em Encélado que são semelhantes aos lugares na Terra onde conhecemos que existe vida. Tudo o que foi encontrado são possíveis semelhanças.
Tendo dito isso, as ramificações vão muito além de Encélado. Outra lua de Saturno, a Mimas, pode ter um oceano subsuperficial. Há muito interesse em Europa, lua de Júpiter, que também é conhecida por ter um oceano subsuperficial e plumas de água. Há também evidências de que as luas jovianas próximas, Ganimedes e Calisto, também tenham oceanos subsuperficiais. Ceres e Plutão podem ter oceanos também.
Tendo dito isso, as ramificações vão muito além de Encélado. Outra lua de Saturno, a Mimas (na imagem), pode ter um oceano subsuperficial |
Há também evidências de que as luas jovianas próximas, Ganimedes (imagem superior) e Calisto (imagem inferior), também tenham oceanos subsuperficiais |
Agora, será que alguém acertou na previsão sobre o que seria anunciado na coletiva de imprensa da NASA? É justamente isso que vocês vão descobrir a partir de agora!
Conheça o Tão Aguardado Anúncio da NASA! Quem Realmente Acertou em Suas Previsões? Poderíamos ter Descoberto Alguma Evidência de Vida Extraterrestre?
Bem, não importa quem apostou em Encélado ou Europa. Aparentemente, ambos se deram muito bem dessa vez, visto que o anúncio da NASA teve relação com essas duas luas. Para tentarmos entender um pouco melhor essa questão, vamos começar com o comunicado de imprensa da NASA sobre o assunto, que foi publicado poucos minutos após a transmissão ao vivo ter iniciado.
De acordo com o comunicado de imprensa, duas missões veteranas da NASA estão fornecendo novos detalhes sobre as luas geladas e oceânicas de Júpiter e Saturno, aumentando ainda mais o interesse científico sobre as mesmas e de outros "mundos oceânicos" em nosso Sistema Solar e além dele. As descobertas foram apresentadas em artigos publicados nessa quinta-feira por pesquisadores da missão Cassini da NASA, em relação a Saturno (Encélado), e do Telescópio Espacial Hubble, em relação a Júpiter (Europa). Nos artigos, os cientistas da Cassini anunciaram que uma forma de energia química, na qual a vida pode se alimentar, aparentemente existe em Encélado, sendo que os pesquisadores do Hubble relataram evidências adicionais de plumas emergindo de Europa.
Essa ilustração mostra o "mergulho" da sonda espacial Cassini através da pluma de Encélado, em 2015. |
"Esses resultados demonstram a natureza interconectada das missões científicas da NASA, que estão nos aproximando de responder se estamos realmente sozinhos ou não", completou.
Imagem térmica da região apelidada de "listras de tigre" no Polo Sul de Encélado |
A vida tal como a conhecemos, requer três ingredientes primários: água líquida; uma fonte de energia para o metabolismo; e os ingredientes químicos corretos, principalmente carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre. Com essa descoberta, a Cassini mostrou que Encélado, uma pequena e gélida lua, tem quase todos esses ingredientes para essa habitalidade. A Cassini ainda não apontou para a existência de fósforo e enxofre no oceano, mas os cientistas suspeitam que eles estejam presentes, uma vez que se acredita que o núcleo rochoso de Encélado seja quimicamente semelhante aos meteoritos que contêm esses dois elementos.
Imagem obtida da transmissão ao vivo da NASA mostrando uma simulação da sonda espacial Cassini sobrevoando um dos polos de Encélado, através de suas plumas. |
A sonda espacial Cassini detectou o hidrogênio na pluma de gás, e material gelado pulverizado a partir de Encélado durante o último e mais próximo sobrevoo (cerca de 49 km de distância), em 28 de outubro de 2015. A Cassini também coletou amostras durante esse sobrevoo. A partir dessas observações, os cientistas determinaram que quase 98% do gás da pluma é água, cerca de 1% é hidrogênio e o restante é uma mistura de outras moléculas, incluindo dióxido de carbono, metano e amônia.
"Embora não possamos detectar a vida, descobrimos que há uma fonte de alimento para isso, seria como uma loja de doces para micróbios", disse Hunter Waite, autor principal do artigo envolvendo a sonda espacial Cassini.
Esse gráfico ilustra a forma como os cientistas da sonda espacial Cassini acreditam que a água interage com a rocha no fundo do oceano da lua gelada de Saturno, Encélado, produzindo hidrogênio. |
As novas descobertas são uma linha independente de evidências de que a atividade hidrotermal está ocorrendo no oceano de Encélado. Os resultados anteriores, publicados em março de 2015, sugeriram que a água quente está interagindo com a rocha sob o mar. Os novos resultados apoiam essa conclusão e acrescentam, que a rocha parece estar reagindo quimicamente para produzir o hidrogênio.
Já o artigo que detalha as descobertas do Telescópio Espacial Hubble, publicadas no periódico "The Astrophysical Journal Letters", relata as observações de Europa, em 2016, nas quais uma provável pluma foi vista emergindo a partir da superfície da lua, na mesma localização onde o Hubble já tinha visto em 2014. Essas imagens reforçam a evidência de que as plumas de Europa podem ser um fenômeno real, acontecendo intermitentemente em uma mesma região da lua.
A nova pluma surgiu a cerca de 100 quilômetros acima da superfície de Europa, enquanto que a observada em 2014 foi estimada em 50 quilômetros de altura. Ambas correspondem à localização de uma região excepcionalmente quente, que contém características que parecem ser rachaduras na crosta gelada da lua, vistas no fim da década de 1990 pela sonda espacial Galileu da NASA. Os pesquisadores especulam que, assim como ocorre em Encélado, isso poderia ser evidência de água emergindo do interior da lua.
Possíveis plumas foram detectadas pelo Telescópio Espacial Hubble em 2014 e posteriormente em 2016 |
Os pesquisadores disseram que, se as plumas e a região quente estiverem interligadas, isso pode significar que a água expelida através da crosta gelada da lua está aquecendo a superfície circundante. Outra hipótese é que a água ejetada pela pluma caia sobre a superfície como uma névoa fina, alterando a estrutura dos grãos de superfície, e permitindo-lhes reter mais calor do que o ambiente ao seu redor.
Os pesquisadores disseram que, se as plumas e a região quente estiverem interligadas, isso pode significar que a água expelida através da crosta gelada da lua está aquecendo a superfície circundante |
"Se houver plumas em Europa, assim como nós suspeitamos fortemente, com a Europa Clipper estaremos prontos para elas", disse Jim Green, diretor da Divisão de Ciência Planetária do "Quartel-General" da NASA.
Alguns Pontos Importantes que Você Precisa Saber e que Foram Discutidos na Coletiva de Imprensa Convocada Pela NASA! Qual Lua é Mais Promissora? Europa ou Encélado?
A maioria dos sites internacionais de notícias e inclusive muitos sites brasileiros, provavelmente vão replicar a mesma informação e dizer que a NASA "afirmou" que Encélado tem plenas condições de abrigar vida extraterrestre, e que talvez esse seja a melhor escolha a ser feita em termos de exploração espacial. Para ser bem sincero, no início da coletiva, Encélado soava como uma grande surpresa, talvez a maior delas diante dos dois anúncios que tinham para ser feitos. A NASA até criou um modelo para explicar o funcionamento das plumas dessa emblemática lua de Saturno. Porém, essa empolgação praticamente para por aí, e vou explicar o porquê. Das duas luas, Encélado e Europa, a mais provável de existir vida, ainda que microbiana, seria Europa. A razão disso? Um dos principais fatores para a existência de vida: o tempo.
Recentemente, alguns cientistas começaram a suspeitar que a Encélado possa ser relativamente "nova", com cerca de 100 milhões de anos. Ela teria nascido do colapso de um antigo sistema de satélites de Saturno, e o mesmo processo, coincidentemente, teria dado origem aos famosos anéis do planeta. Caso isso se confirme futuramente, talvez não tenha havido tempo suficiente para a vida se desenvolver por lá. Entenderam o esquema? Por outro lado, Encélado preenche os três requisitos básicos de habitabilidade: água líquida (os pesquisadores estimam que o oceano seja um pouco mais alcalino que os nosso, com pH entre 9 e 11, em contraste com pH 8 da Terra), compostos orgânicos (um exemplo disso seria o metano) e uma fonte de energia (uma atividade hidrotermal produzindo hidrogênio a partir da água). Confira também um vídeo publicado no canal "Space Videos", no YouTube, sobre esses mundos oceânicos (em inglês, mas vale a pena ser visto):
Encélado, no entanto, apesar desse imenso contraste de opiniões, terá que esperar. A Cassini, além de não estar equipada para estudar moléculas orgânicas complexas, está chegando ao fim de sua vida útil, e mergulhará no planeta gasoso no dia 15 de setembro desse ano. Assim sendo, a mais promissora acabou sendo Europa, uma enigmática lua Júpiter, que não fica muito atrás. Estima-se que Europa seja tão antiga quanto ao nosso planeta, ou seja, muito mais tempo que Encélado teria para começar a desenvolver vida. De qualquer forma, caso os cientistas estejam certos ao pressupor que o surgimento da vida dependa apenas de condições similares às que reinavam no fundo dos oceanos da Terra há 4 bilhões de anos, tanto Europa quanto Encélado são ótimas apostas para a busca por sinais de vida extraterrestre em nosso Sistema Solar. Não sabemos o que vamos encontrar, mas será que ainda teremos fichas para apostar até lá? Enfim, confira agora alguns pontos interessantes a serem mencionados dessa coletiva de imprensa:
- Inicialmente foi mencionado que a Cassini conseguiu detectar hidrogênio molecular no Polo Sul de Encélado, e que isso teria consequências muito importantes;
- A estratégia da NASA para descobrir vida extraterrestre é entender como a vida funciona na Terra, ou seja, basicamente, a atividade hidrotermal no leito dos nossos oceanos. Isso seria uma espécie de novo entendimento sobre a existência de vida em mundos oceânicos;
- Tudo teria começado com a sonda espacial Galileu, que gerou uma espécie de assinatura magnética sobre Europa indicando o que seria uma corrente oceânica sob a crosta gelada. Posteriormente, a Cassini também observou isso em Encélado. Basicamente, a capa de gelo protege Encélado, assim como a nossa atmosfera faz pelo nosso planeta, ou seja, é importante entender o que acontece dentro desses oceanos, visto que Encélado e Europa são bem similares de muitas formas;
- A Cassini vem orbitando Saturno por quase 13 anos, sendo que a detecção de hidrogênio na pluma de Encélado possivelmente veio de uma fonte hidrotermal no interior da lua. O hidrogênio poderia ser uma fonte de alimento para micróbios (uma energia química, sem depender da luz do Sol). Além disso, Encélado teria quase todos os ingredientes para abrigar vida: dióxido de carbono, metano, amônia e agora, o hidrogênio;
- O hidrogênio seria produzido no leito rochoso de Encélado, algo semelhante ao que acontece na Terra. Um dos pesquisadores chegou a dizer que, de acordo com os dados, ele era "encorajado a pensar" que poderia haver até "camarões" em Encélado, porém a questão básica era se Encélado conseguiu ter tempo suficiente para gerar vida;
- Já o Telescópio Hubble vem observando a lua Europa, de Júpiter, por muitos anos. Existe uma forte coincidência entre imagens térmicas de Europa e Encélado, ou seja, ambas estariam associada com fontes de calor. Essa anomalia poderia estar vindo de dentro de ambas as luas ou a partir da superfície, porém, nesse último caso, isso mudaria as características térmicas da superfície;
- Segundo um dos pesquisadores, a vida seria completamente diferente da nossa nesses mundos oceânicos. Além disso, devido a uma série de fatores, a superfície de Europa se moveria cerca de 30 metros para cima a cada 2 ou 3 dias, e isso poderia ser "parecido com nossas placas tectônicas". Qual a importância disso? Bem, sabemos que o movimento das placas tectônicas é importante na renovação de elementos do núcleo do nosso planeta para a superfície, portanto, uma espécie de "capa tectônica de gelo" poderia ser essencial para garantir a sobreviência e evolução da vida em mundos oceânicos;
- Por fim, é difícil estimar qual das luas teria mais probablidade de abrigar vida, mas talvez Europa estivesse um pouco a frente, por ser mais antiga.
Até a próxima, AssombradOs!
Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino
Revisão: Mônica Leão
Fontes:
http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/04/13/deteccao-de-hidrogenio-indica-que-lua-encelado-tem-ambiente-favoravel-a-microbios-diz-nasa/
http://astrobiology.com/2017/04/hydrothermal-activity-in-the-seas-of-enceladus-implications-for-habitable-zones.html
http://edition.cnn.com/2017/04/13/us/nasa-europa-enceladus-ocean-worlds-announcement-trnd/
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-4399300/NASA-reveal-new-results-ocean-worlds.html
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-4404840/Nasa-uncovers-alien-habitat-one-Saturn-s-moons.html
http://www.popularmechanics.com/space/solar-system/news/a26044/cassini-evidence-hydrothermal-vents-enceladus/
http://www.spaceref.com/calendar/calendar.html?pid=9444
http://www.theverge.com/2017/4/13/15270854/nasa-enceladus-ocean-hydrothermal-vents-alien-life-conditions-cassini-saturn
https://www.nasa.gov/press-release/nasa-missions-provide-new-insights-into-ocean-worlds-in-our-solar-system