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Segunda "Esfera de Dyson"? Conheça a EPIC 204278916: Mais uma Estrela com Estranhas Variações de Luminosidade!

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Por Marco Faustino

Se existe um assunto exaustivamente comentado tanto em nosso blog, quanto no canal AssombradO, no Youtube, com certeza é sobre a estrela KIC 8462852. Se você acompanha de perto nossas postagens e nossos vídeos, com certeza se lembrará dela, porém se você está chegando agora e não faz a menor ideia, fique calmo(a), que iremos contar para você um pouco sobre ela, logo no início dessa postagem.

Inicialmente, podemos dizer que a KIC 8462852 é uma estrela muito interessante, uma vez que sua variação de luminosidade levantou a hipótese de que uma "megaestrutura alienígena", denominada de "Esfera de Dyson", estaria sendo construída ao seu redor. A "Esfera de Dyson" seria uma "fantástica estrutura" supostamente construída por seres extraterrestes de civilizações Kardashev Tipo II (saiba mais sobre civilizações Kardashev, clicando aqui), com o objetivo de captar toda a energia de uma estrela, sendo composta por painéis solares gigantescos ao seu redor que, aos poucos, bloqueariam o brilho do corpo celeste. Ela possui esse nome por ter sido proposta em 1960, pelo físico britânico Freeman Dyson. Essa hipótese, é claro, foi considerada inicialmente por muitos entusiastas pertencentes ao SETI, porém sempre foi vista como a última possibilidade a ser considerada no Universo pela absoluta maioria dos astrônomos.

Se a KIC 8462852 já era um verdadeiro mistério e um quebra-cabeça muito complicado para se montar, visto que estão faltando diversas peças dentro da caixa, bem talvez você fique um pouco surpreso ao saber que recentemente foi publicado um estudo sobre uma outra estrela, dessa vez chamada EPIC 204278916, que está apresentando variações de luminosidade ainda maiores que a KIC 8462852. Isso levou a dezenas de sites de notícias a especularem sobre possibilidade da existência de uma "segunda Esfera de Dyson" ao redor da mesma. Confesso que o título dessa postagem é um pouco engraçado (para não dizer exagerado), porque sequer ficou provada a remota possibilidade da existência de uma eventual estrutura totalmente hipotética ao redor da KIC 8462852, quanto mais aplicar essa possibilidade em relação a qualquer outra estrela. Contudo, resolvi entrar na "brincadeira", inclusive propagada por sites de cunho extremamente científico, em mencionar uma eventual segunda "megaestrutura alienígena". O motivo da "brincadeira"é que os pesquisadores, ao menos dessa vez, parecem que tem uma explicação muito plausível para essa variação de luminosidade da EPIC 204278916. Embora as pessoas tenham o direito de acreditar que ao redor dessa estrela também exista uma civilização avançada explorando e absorvendo a energia da mesma, como redator, minha missão é fornecer um conteúdo bem pesquisado para vocês, sem me isentar, é claro, de emitir meus comentários sobre o tema que me disponho a escrever. Vamos saber mais sobre esse assunto?

Um Breve Resumo Sobre a Estrela KIC 8462852


Desde setembro do ano passado a KIC 8462852 tem deixado muitos astrônomos ao redor do mundo sem saber o que pensar sobre ela, e diversos artigos e estudos, revisados ou não por pares, já foram publicados com o intuito de tentar explicar o que acontece com a mesma. Até mesmo a "NASA", através do astrofísico Massimo Marengo, professor associado da Universidade Estadual do Iowa, nos Estados Unidos, entrou nessa história dizendo que a variação de luminosidade seria devido a um "enxame de cometas".

Até mesmo a "NASA", através do astrofísico Massimo Marengo, professor associado da Universidade Estadual do Iowa, nos Estados Unidos, entrou nessa história dizendo que a variação de luminosidade seria devido a um "enxame de cometas"
Pouco tempo depois surgiu um estudo de Bradley E. Schaefer (ganhador do Prêmio Nobel de Física em 2011), professor de astronomia e astrofísica da Universidade Estadual de Louisiana, nos Estados Unidos, que consultou o arquivo de placas fotográficas da Universidade de Harvard, e disse que a curva de luz da KIC 8462852, entre 1890 e 1989, apontava para uma tendência secular altamente significativa de redução, sendo que isso era totalmente sem precedentes para qualquer estrela do tipo F.

De acordo com seus cálculos e diante do estudo que realizou, Bradley Schaefer calculou que seriam necessários 648.000 cometas, cada um com cerca de 200 quilômetros de largura, que teriam que passar de forma orquestrada em frente a essa estrela para causar uma diminuição em sua luminosidade ao longo de um século, ou seja, a hipótese da "NASA" seria altamente improvável. (Leia mais: A Saga da Estrela KIC 8462852: Novo Estudo Torna Improvável a Hipótese do "Enxame de Cometas" da NASA).

Bradley E. Schaefer, professor de astronomia e astrofísica da Universidade Estadual de Louisiana, nos Estados Unidos

Posteriormente, a astrônoma Tabby Boyajian, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, uma das principais responsáveis pela descoberta dessa variação de luminosidade da estrela KIC 8462852, realizou em maio desse ano uma campanha bem sucedida de arrecadação de fundos, através do site Kickstarter, e conseguiu garantir um ano de acesso à rede de telescópios "Las Cumbres Observatory Global Telescope Network".

Se o sistema detectar qualquer anomalia, um alerta será enviado para os demais astrônomos, que irão apontar os seus próprios telescópios para a estrela, para tentar compreender o que está realmente acontecendo com a KIC 8462852. (Assista também: KIC 8462852: Campanha Financia Busca por Respostas - #21 Minuto Assombrado).

A astrônoma Tabby Boyajian, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, uma das principais responsáveis
pela descoberta dessa variação de luminosidade da estrela KIC 8462852


Para jogar ainda mais "lenha na fogueira", um outro estudo recente, que não foi revisado por pares, realizado pelos astrônomos Ben Montet, do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), e Joshua Simon, do Instituto Carnegie, ambos nos Estados Unidos, disse que nos primeiros 1.000 dias (2.7 anos) da campanha do telescópio espacial Kepler, a KIC 8462852 teve sua luminosidade reduzida a uma taxa de aproximadamente 0,34% ao ano.

Assim sendo, nos 200 dias seguintes, algo dramático aconteceu, pois houve uma redução de brilho de cerca de 2%. Nos 200 dias finais de observação, a taxa voltou a ficar constante, com a taxa observada incialmente (entre 0,34% a 0,41%), ou seja, acumulando cerca de 3% de redução de sua luminosidade em um período de tão somente 4 anos.
Fotometria da KIC 8462852 a partir dos dados coletados pelo telescópio espacial Kepler. A análise revela uma diminuição lenta, porém constante, da luminosidade da estrela por cerca de 1000 dias, seguida de um período de declínio mais rápido.
Essa era considerada uma porcentagem absolutamente descomunal e inexplicável. Embora, a hipótese "extraterrestre" seja de longe a menos cogitada entres os astrônomos, todos estão muito ansiosos com o que ainda será descoberto sobre essa estrela. Para muitos deles, nada do que vimos ou conhecemos sobre o Universo até agora explica o fenômeno ou conjunto de fenômenos que faz com que KIC 8462852 se comporte bem diferente das outras estrelas que conhecemos. Só nos resta aguardar as cenas do próximos capítulos, que prometem ser bem emocionantes! (Assista também:KIC 8462852: Novo Estudo Mostra Redução do Brilho! Esfera de Dyson? - #376 Notícias Assombradas).

O Estudo Publicado Sobre a Estrela EPIC 204278916 e a Teoria que Pode Derrubar de Vez a Possibilidade de "Megaestrutura Alienígena"


Em um estudo publicado no repositório de artigos científicos ArXiv, que ainda não foi revisado por pares, intitulado "The peculiar dipping events in the disk-bearing young-stellar object EPIC 204278916", publicado no dia 29 de agosto desse ano, um grupo de pesquisadores de diversos institutos e departamentos de Astronomia ao redor do mundo, disse que ao longo de 78.8 dias de observação da estrela EPIC 204278916, a mesma apresentou uma redução do seu brilho de até 65% durante 25 dias consecutivos. Para vocês terem uma ideia do quão expressiva é essa taxa, vale lembrar que, quando um planeta passa na frente da estrela, o brilho dessa estrela normalmente reduz em cerca de 1%, sendo que em relação a KIC 8462852, a mesma vinha apresentando reduções de até 22%, ou seja, 65% é muita coisa mesmo, quase o triplo.

Estima-se que a estrela denominada EPIC 204278916 seja do tamanho do nosso Sol, porém apenas com metade de sua massa (lembrando que a massa do nosso Sol é de 1,988 × 10³º kg). Ela foi descoberta pelo telescópio espacial Kepler em 2014, e desde então, uma equipe de astrônomos liderados por Simone Scaringi do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, em Garching, próximo de Munique, na Alemanha, vem monitorando suas variações de luminosidade, também conhecidas como "curvas de luz".

Conforme dissemos anteriormente, se um planeta faz com que o brilho de uma estrela reduza em 1%, o que seria tão grande a ponto de reduzir 65% de sua luminosidade? Estaríamos diante de uma segunda "Esfera de Dyson"?

Uma equipe de astrônomos liderados por Simone Scaringi do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, em Garching, próximo de Munique, na Alemanha, vem monitorando desde 2014, as variações de luminosidade, também conhecidas
como "curvas de luz", da estrela EPIC 204278916

O gráfico superior mostra a "curva de luz" da estrela EPIC 204278916 durante o período de observação de 78.8 dias, sendo que o gráfico inferior mostra somente um período de 25 dias, no quais foram apresentadas acentuadas reduções de luminosidade


A equipe por trás das mais recentes observações relacionadas a estrela EPIC 204278916 sugeriu que essas grandes reduções de luminosidade poderiam ser causadas pela existência de um disco protoplanetário, cuja "borda" estivesse voltada em direção a Terra. Essa orientação do disco protoplanetário pode significar não somente o bloqueio da luz da estrela em determinados momentos, mas como também de que estejamos no "ângulo errado" para estar "vendo" sua própria radiação infravermelha. Interessante, não é mesmo?

Antes de continuarmos, no entanto, precisamos explicar algumas coisas para vocês.

Um disco protoplanetário é um disco giratório de material denso (formado de gás e poeira), que tende a orbitar uma estrela recém-formada, cuja hipótese seria totalmente plausível neste caso, visto que a estrela EPIC 204278916 parece ser relativamente jovem - não muito mais antiga do que 11 milhões de anos. Para colocar isso em perspectiva, a idade estimada do nosso Sol é de cerca de 4,5 bilhões de anos.

Um disco protoplanetário é um disco giratório de material denso (formado de gás e poeira),
que tende a orbitar uma estrela recém-formada
O calor de uma estrela jovem do tipo solar faz com que a água nesse disco se mantenha no estado gasoso até uma distância de cerca de 3 unidades astronômicas (UA) da estrela - menos de 3 vezes a distância média entre a Terra e o Sol - ou cerca de 450 milhões de km. No caso do nosso Sistema Solar, por exemplo, considera-se que esta linha situava-se entre as órbitas de Marte e Júpiter durante a formação do Sistema Solar, e por isso os planetas rochosos - Mercúrio, Vênus, Terra e Marte - formaram-se no interior desta linha, enquanto os planetas gasosos - Júpiter, Saturno, Urano e Netuno - se formaram além dela. Existem, é claro, explicações muito mais técnicas sobre discos protoplanetários, mas é basicamente isso que você precisa saber para a compreensão dessa postagem.

É interessante mencionar também que "Objetos Estelares Jovens" (OEJ) são conhecidos por terem acentuadas reduções de luminosidade, assim como a EPIC 204278916 possui, sendo que recentemente vem sendo apontado, que todos os discos protoplanetários que as orbitam possuem uma grande variedade de angulações.  No caso dessa estrela é possível "ver" um pouco da emissão de infravermelho graças ao telescópio WISE, da NASA, sendo que observações de acompanhamento realizadas com o ALMA (Atacama Large Millimeter Array), o maior telescópio do mundo, situado no deserto do Atacama, no Chile, concluíram que o seu disco está inclinado a 57º ± 9º em relação a nossa linha de visão. Contudo, o mais importante é que ela também apresenta acentuadas reduções de sua luminosidade, até mesmo maiores do que a KIC 8462852.

Enquanto, você respira um pouco diante de tanta informação, assista a um belíssimo vídeo, publicado pelo usuário Nicolas Bustos, no Youtube, mostrando a movimentação das antenas do ALMA (em time-lapse) - o céu noturno é espetacular e enlouquecedor:



O estudo, portanto, ofereceu duas explicações possíveis para essas acentuadas reduções de luminosidade: um disco interno "entortado", no qual estejam transitando aglomerados circunestelares em órbitas circulares ou então detritos, tais como detritos cometários, em uma órbita excêntrica.

O grande debate desse estudo sobre a EPIC 204278916 em relação a KIC 8462852 gira em torno das idades estimadas de ambas as estrelas e a ausência de radiação infravermelha proveniente da KIC 8462852. Vejam bem, estrelas jovens, assim como se presume ser a EPIC 204278916, com disco protoplanetário, devem emitir radiação infravermelha, sendo que observações realizadas com a ajuda do "Infrared Telescope Facility", da NASA, localizado em Mauna Kea, Havaí, nos Estados Unidos, já mostraram que a KIC 8462852 não emite radiação infravermelha.

Observações realizadas com a ajuda do "Infrared Telescope Facility", da NASA, localizado em Mauna Kea, Havaí, nos Estados Unidos, já mostraram que a KIC 8462852 não emite radiações infravermelhas.
As observações de infravermelho também não mostraram nenhuma evidência de poeira "quente", que deveria existir caso fosse considerada a hipótese de serem restos de colisão planetária. Além disso, estima-se que a KIC 8462852 possua centenas de milhões de anos, e não seja tão nova a ponto de ainda possuir um disco protoplanetário a orbitando. Isso sem contar, é claro, a diminuição de seu brilho, em cerca de 20% ao longo de um século. Contudo, os pesquisadores apontaram alguns caminhos interessantes.

Primeiramente, os pesquisadores acreditam que a KIC 8462852 possa ser bem mais jovem do que se acredita atualmente, ou seja, semelhante a idade da EPIC 204278916. Ainda que a KIC 8462852 não seja tão jovem assim, estrelas "mais adultas" são conhecidas por abrigarem anéis de "destritos, tais como detritos cometários" e poeira, que são chamados de discos circunstelares, que sempre incluem um amplo disco externo, tal como muitas vezes possuem um disco interno. Assim sendo, um desses discos circunstelares poderia estar orbitando a KIC 8462852 em uma órbita tão excêntrica, que esteja interferindo em sua observação de uma forma semelhante a um disco protoplanetário. Entenderam?

O astrofísico Ethan Siegel,
do blog "Starts With A Bang"
Segundo o astrofísico Ethan Siegel, do blog "Starts With A Bang", muitos discos são muito finos, e geralmente estamos acostumados a vê-los em um determinado ângulo. Porém, de vez em quando, nos deparamos com a situação de estarmos alinhados com a estrela, cujo disco esteja com sua borda voltada para nossa direção, o que significa que qualquer radiação infravermelha seria invisível para nós.

Além disso, se uma estrela acabar sendo mais jovem do que geralmente é aceito (algo que muitos observadores profissionais acreditam que seja), se possuir um disco cuja borda esteja volta em nossa direção (dessa forma não veríamos o fluxo de radiação infravermelha), e se houver, seja um disco interno "entortado" ou detritos, tais como detritos cometários, então simplesmente teríamos descoberto uma nova etapa na evolução inicial de uma classe de estrelas.

O estudo publicado no ArXiv ainda precisa passar pelo processo de revisão por pares. O mesmo foi publicado nesse repositório de artigos científicos justamente para que outros pesquisadores tenham a oportunidade de realizar novas observações complementares, e possam apontar eventuais falhas do estudo. Serão necessários outros estudos para explicar definitivamente a "estranheza" da KIC 8462852.

Entretanto, uma vez que o telescópio espacial Kepler deve fazer novas observações da EPIC 204278916 no ano que vem, e considerando que os pesquisadores já estão se preparando para apontar o "Las Cumbres Observatory Global Telescope Network" em direção a KIC 8462852, ao longo de um ano inteiro, talvez não tenhamos que esperar muito tempo por respostas! Isso, é claro, se novos estudos não forem publicados nesse último trimestre de 2016. Caso isso aconteça manteremos vocês informados! Combinado?

Comentários Finais


Particularmente, gostei muito de uma frase do astrofísico Ethan Siegel, quando ele disse que a ciência não é aquilo que você espera, mas aquilo que as evidências apontam. É muito interessante pensar nas diversas possibilidades do que venha a ser a KIC 8462852, tanto que praticamente ofusca todo o estudo relacionado a EPIC 204278916. Aliás, a relação com da EPIC com a KIC, e o que a EPIC pode acrescentar para o entendimento da KIC é muito interessante. Porém, é quase semelhante, eu disse "quase" semelhante ao que foi proposto pelo astrofísico Massimo Marengo, ou seja, que algo totalmente natural esteja passando na frente dessa estrela. A diferença é que estamos falando a respeito de discos protoplanetários e discos circunstelares, mas o princípio é "quase" o mesmo. Será que ao invés de termos as teorias conspiratórias em relação a uma eventual e hipotética "megaestrutura alienígena" ao redor da KIC 8462852, a própria natureza esteja conspirando para fazer do disco dessa estrela muito mais frio, muito mais distante, e muito mais complexo para se observar? As acentuadas reduções de luminosidade da EPIC 204278916 podem ser apenas o começo de uma longa história de estrelas desse Universo, que apresentem esse mesmo comportamento, ao menos ao serem observadas aqui da Terra. Se não tivermos respostas em um curto prazo de tempo, é bem possível que esse fenômeno seja observado de forma recorrente. Assim sendo, com novos estudos, talvez tenhamos uma resposta definitiva.

Sinceramente? Não sei o que esperar da KIC 8462852. Não sou astrônomo, tão pouco astrofísico, mas isso não nunca me impediu de escrever sobre essa estrela, visto que vale a pena estudar sobre o assunto, pesquisar adequadamente todos os detalhes, e acabar descobrindo um mundo completamente novo. Talvez seja isso que a KIC queira nos dizer. Talvez seja uma mensagem, de que nossa prepotência como espécie em nos equiparar com eventuais outras raças tecnologicamente mais avançadas do que a nossa, esteja nos impedindo de observar o que realmente é necessário. Porém, realmente tenho que concordar que a ciência não se trata de expectativa. A expectativa é tão somente o intenso desejo de que algo aconteça, baseando-se ou não em probabilidades reais. No último dia de cada ano, por exemplo, temos a expectativa que o próximo ano seja melhor do que aquele que passou, e caso não tenha sido, que o próximo ao menos seja um suspiro de alívio, não é mesmo? Talvez a KIC 8462852, um número praticamente mágico que venho decorando ao longo de tanto tempo, seja apenas uma forma da natureza nos demonstrar o quão esplendorosa e enigmática ela pode ser. Quem realmente pode saber?

Acho que sentirei falta da KIC 8462852 quando os mistérios que a orbitam sejam definitivamente solucionados. Sentirei falta de escrever sobre ela, sobre os estudos incríveis de diversos profissionais altamente capacitados e inspiradores, que me fizeram apreciar ainda mais a Astronomia. Espero que outros números e outras estrelas sejam igualmente misteriosas no futuro, ao menos essa é a minha expectativa. No fundo, isso é quase uma lição de vida. Afinal de contas, não podemos tão somente esperar e acreditar que algo seja da forma como imaginamos, uma vez que esse algo sempre será da forma que as evidências apontam. A questão se torna basicamente em entendermos quais são exatamente essas evidências, e quando menciono "evidências", não estou me referindo a especulações, palpites, achismos ou suposições, mas todo um conjunto probatório coeso, que nos dê tranquilidade para sabermos em que direção devemos seguir. Espero não ter que me despedir da KIC 8462852, embora saibamos que, um dia, talvez muito em breve, inevitavelmente terei que dizer adeus.

Até a próxima, AssombradOs.

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
https://mic.com/articles/153359/the-discovery-of-a-baby-star-is-more-evidence-that-alien-megastructure-is-bs
http://www.forbes.com/sites/startswithabang/2016/08/31/a-young-dusty-disk-bearing-star-debunks-alien-megastructures-theory/?ICID=ref_fark#3b7ca9c669b0
http://www.sciencealert.com/researchers-just-found-a-second-dyson-sphere-star

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