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Pedro: O Mistério da Múmia sem Cérebro

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Em outubro de 1932 (outras fontes dizem ter sido em julho de 1934), dois mineradores nas montanhas de San Pedro, Condado de Carbon, Wyoming, EUA, encontraram algo mais raro do que ouro. Depois de detonar uma carga de explosivos em uma rocha, eles descobriram uma caverna escondida.

Em seu interior um corpo humano diminuto, com não mais que 36 centímetros (14 polegadas) de altura, mumificado naturalmente pelo clima do Wyoming.

A pequena múmia era única. Depois que os mineradores retiraram o pequeno corpo da caverna, este foi explorado como um espetáculo por vários empresários locais de Wyoming, antes de seu misterioso desaparecimento na década de 1950.

Antes de desaparecer, a múmia, que ficou conhecida pelo apelido de "Pedro", foi submetida a testes científicos rudimentares. No entanto, seu desaparecimento misterioso frustrou a solução do mistério mais convincente de todos: Pedro era um adulto ou uma criança?

Para alguns especialistas, Pedro seria o único exemplo preservado de uma raça pigmeu nativa norte-americana perdida, enquanto outros sustentavam que a múmia era, de fato, um trágica vítima infantil de uma desordem congênita rara.

Tentativas foram feitas usando evidências comparativas para responder a essas perguntas na ausência do corpo. Mas é possível resolver o mistério da múmia de San Pedro na sua ausência?

As montanhas de San Pedro.



A Descoberta de "Pedro"

Pedro em um mostruário. 
Durante o verão de 1934, Cecil Main e Frank Carr mineravam ouro nas montanhas de San Pedro. Eles estavam perseguindo um grande veio de ouro quando este desapareceu na face da rocha. Os dois mineradores não tiveram escolha a não ser explodir a rocha para alcançar o seu objetivo.

No entanto, uma vez que a poeira da explosão baixou, Main e Carr descobriram, para sua decepção, que o ouro havia desaparecido. Em vez disso, eles encontraram uma pequena caverna com cerca de 4 metros e meio de comprimento e 1 metro e meio de largura. Dentro dela, estava um achado muito incomum. Sentado de pernas cruzadas em uma saliência, com seu braço envolvendo o seu próprio torso, Cecil Main e Frank Carr haviam descoberto uma figura humana diminuta, com cerca de  36 centímetros de altura na posição sentada.

A criatura havia sido naturalmente mumificada pelo ambiente restando perfeitamente preservada. Sua carne marrom e enrugada, e até as unhas dos seus dedos, permaneceram intactas. No entanto, suas outras características eram curiosas. A cabeça estava coberta com uma substância gelatinosa. Por baixo disso, as características faciais da múmia pareciam incomuns.

O nariz era achatado, assim como o crânio, que terminava em uma testa baixa e chata. As pálpebras pesadas da múmia se arregalavam e a boca larga e de lábios finos escondia um conjunto completo de dentes.

A aparência da pequena múmia era contraditória: infantil, e ainda assim, antiga. Os dois mineradores imediatamente reconheceram que tinham um fenômeno nas mãos, um que as pessoas pagariam um bom dinheiro para ver. Então eles levaram "Pedro" como a múmia veio a ficar conhecida, a cerca de 100 quilômetros a sudoeste da cidade de Casper.

Virou Atração

Chapa de raio-x de Pedro.
E assim começou a carreira de Pedro como exibição em "sideshows"** os circuitos secundários de atrações de Wyoming. A múmia passou por várias mãos até 1936, onde esteve em exibição na vitrine de uma farmácia na cidade de Meeteetse. O dono da drogaria, Floyd Jones, ganhou um bom dinheiro com sua vitrine incomum vendendo lembranças e cartões postais. Dessa forma, a fama de Pedro começou a se espalhar.

**"Sideshows", espetáculos classe B, semelhantes aos ônibus cheios de estranhezas que rodavam pelo Brasil nas décadas de 1970-80. NDT.

Por fim, a Pedro voltou para Casper, para a sala de vendas de Ivan Goodman, um vendedor de carros. Goodman exibiu a múmia em um estojo de vidro, como parte de sua exibição de publicidade.

"É educativo! É científico! Vai surpreender e emocionar você. É um pigmeu preservado como realmente viveu!"

Declaravam os cartazes que acompanhavam Pedro, que dizia que a múmia tinha milhares de anos e era a progenitora da raça humana. Fotos de raio-x da múmia incluída nos pôsteres foram usadas para substanciar o chamariz.

A alegação era um absurdo. No entanto, os raios X eram genuínos, pois, nessa época, Pedro havia sido examinado pelo Museu Americano de História Natural, em Nova Iorque, que teve seus trabalhos verificados pelo Departamento de Antropologia da Universidade de Harvard. Esses dois institutos concordaram que a múmia não era uma farsa montada, como algumas pessoas alegavam, mas um espécime humano genuíno.

No entanto, os especialistas discordavam sobre o que exatamente Pedro era. Uma teoria é que ele era, na verdade, um bebê que havia sofrido de uma condição genética rara: anencefalia.

Pedro e Chiquita

Pedro teria cerca de 36 centímetros.
O pequeno tamanho de Pedro levou muitos a acreditar que ele era o que restava de um bebê antes mesmo dos especialistas o analisarem. Na verdade, alguns pensaram que ele era o cadáver de uma criança morta, roubada e modificada para enganar os crédulos.

No entanto, ainda que os testes científicos provassem que Pedro não era um corpo contemporâneo ou montado, vários antropólogos da Universidade de Wyoming e Harry Shapiro, do Museu Americano de História Natural, acreditavam que ele era um bebê.

Harry Shapiro supostamente realizou os raios X iniciais e uma análise pulmonar de Pedro. A partir desses resultados, ele concluiu que a múmia era, na verdade, um bebê sofrendo de anencefalia.

anencefalia é uma incapacidade congênita que ocorre no útero e leva à ausência de parte do cérebro, crânio e couro cabeludo do feto. Mesmo que uma criança que sofra de tal doença sobreviva ao nascimento, ela não poderia sobreviver à infância.

Deixando de lado o tamanho, partes do crânio de Pedro pareciam estar faltando, deixando exposto a parte do pouco cérebro que havia, sendo evidências convincentes em apoio à teoria de Shapiro.

Na década de 1950, Goodman perdeu Pedro, provavelmente para um vigarista de Nova Iorque e a múmia nunca foi recuperada. O antropólogo moderno George Gill continua a defender a anencefalia, usando as evidências antigas e o material comparativo recente. George Gill, que trabalha para a Universidade de Wyoming, se envolveu no caso da múmia de San Pedro em 1971.

Na década de 1990, após uma aparição na TV, ele foi abordado por uma família nativa americana que entregou a ele os restos preservados de um bebê. Um bebê notavelmente semelhante a Pedro.

Chiquita.

A menina, apelidada de "Chiquita", era mumificada como Pedro. Medindo apenas centímetros de altura, seus braços e pernas também estavam na mesma posição da múmia de San Pedro.

"Em nenhum outro lugar em Wyoming nós temos um enterro assim. Nunca sentado com as pernas cruzadas e os braços cruzados sobre o peito", disse Gill. "Há uma conexão clara entre os dois, além de estar na mesma região."

Enquanto Chiquita não tinha sido colocada em uma caverna (a família que a protegeu a manteve em seu sótão), os restos mortais eram preciosos o bastante para que guardassem por 500 anos.

Pois embora Gill só tenha podido analisar Chiquita em três ocasiões diferentes, ele pôde estabelecer sua data de nascimento como sendo em algum momento do século XVI. Apesar de seu cabelo loiro, seu DNA também revelou que a pequena múmia era de origem nativa americana. Mas, o mais interessante de tudo, o antropólogo foi capaz de estabelecer que ela morreu de anencefalia.

As semelhanças com Pedro conferem credibilidade à teoria da anencefalia. No entanto, sem o corpo de Pedro, não se pode provar que ele sofria da mesma condição - especialmente porque há evidências que sugerem que Pedro não era uma criança.

Nimerigar

Segundo as lendas, Nimerigar variava
entre 20 centímetros e três metros de altura.
A altura total de Pedro era estimada em 14 polegadas no total (35,56 centímetros) o tamanho certo para um bebê. No entanto, ele também exibia características associadas a um adulto. A múmia tinha um conjunto completo de dentes e os raios X também revelavam o que pareciam ser restos de comida sólida no estômago.

Além disso, havia sinais em seu corpo que ele não teve uma morte natural. A espinha da múmia parecia estar danificada, sua clavícula quebrada e seu crânio destruído por um golpe que poderia resultar no tecido cerebral exposto.

Alguns especialistas reconciliaram essa discrepância entre o tamanho e o desenvolvimento de Pedro declarando que o mesmo era, na verdade, um anão adulto.

Lendas nativas americanos locais falam de uma raça mítica de pessoas pequenas; os Nimerigar que viviam na área de Wind River e nas montanhas de San Pedro no Wyoming. As lendas rezam que o Nimerigar variava entre 20 centímetros e três metros de altura.

Eles eram dotados de poderes mágicos e artes curativas, mas também eram extremamente cruéis e daí o seu nome que significa "Comedores de Pessoas". Como acontece nos contos de fadas europeus, não era prudente cruzar com um Nimerigar que atacaria aqueles que os desagradassem com dardos envenenados.

Os Nimerigar também supostamente matavam pessoas de sua comunidade com um golpe na cabeça, que sofressem com a idade ou doenças debilitantes.

Isso poderia explicar a lesão na cabeça de Pedro. Essa lesão, combinada com o tamanho e a sua aparência incomum, levou à especulação de que a múmia era um representante de uma raça perdida que inspirou as lendas dos Nimerigar.

Evidência física para uma raça de pessoas pequenas existe nos EUA. Em 1876, o The Anthropological Journal e o New York Times relataram um cemitério com 2 hectares e meio com 75.000 a 100.000 "pigmeus" em Coffee County, Tennessee. Foi descoberto que os falecidos "foram enterrados em posição sentada ou em pé".

Ainda que se pensasse que eram crianças, os crânios tinham dentes do siso, levando os investigadores a deduzir que, na verdade, pertenciam a "uma tribo anã de pessoas, com cerca de um metro de altura". Um achado similar também foi relatado quarenta anos antes em um local próximo a Cochocton, em Ohio.

No entanto, nenhuma dessas "pessoas pequenas" foi encontrada mumificada ou enterrada nas mesmas circunstâncias que Pedro. O caso permanece em aberto, não importando quais sejam as semelhanças entre a múmia perdida, Chiquita, raças míticas ou reais de pigmeus... Sem o corpo real da Múmia de San Pedro, o melhor que qualquer um pode fazer é especular.

Tradução/Adaptação: rusmea.com & Mateus Fornazari

Fontes:
https://en.wikipedia.org/wiki/San_Pedro_Mountains_Mummy
https://historydaily.org/native-american-little-people-and-the-pedro-mountain-mummy
https://www.tn.gov/content/dam/tn/environment/archaeology/documents/tennesseearchaeologyjournal/arch-journal_volume-7-issue-1.pdf
https://www.newspapers.com/clip/7886175/mummified_pygmy_found/

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