Sem dormir, com fome e ofegando por ar, o ex-piloto da RAF, Frank Smythe estava sozinho no Monte Everest. Um por um, seus colegas montanhistas haviam voltado, congelados e exaustos, e a expedição britânica ao Everest, que havia começado como um grande ataque rumo ao cume, ao estilo militar, havia sido reduzida para apenas um homem. A data era 1 de junho de 1933, a era da escalada à altitudes altas estava em sua infância e o Everest, o pico mais alto do mundo, ainda estava por ser conquistado.
Smythe estava agora na chamada "zona da morte" - área acima de 7.924 metros onde a quantidade de oxigênio no ar é insuficiente para sustentar a vida humana. "Fraco como um gatinho", ele forçou para a frente, mas a cada passo ele afundava mais profundo na neve. O cume estava a apenas 304.8 metros de seu alcance, mas era como se estivesse a milhares de quilômetros.
Smythe foi "superado por um sentimento de desesperança e cansaço". Suas pernas tremeram e sentiu que estava sufocando.
Ele fez uma última tentativa para avançar, mas se detendo por alguns momentos "Bem na fronteira entre a vida e a morte", em um lugar tão elevado que homem algum jamais havia alcançado, ele finalmente concluiu que o cume do Everest "não seria conquistado por mera carne e sangue". Smythe já havia ganhado um lugar nos livros de história. Mas o que aconteceu em seguida, fez de seu caso um dos mais comentados sobre esforço no folclore de escalada.
Fraco e desesperadamente faminto, ele enfiou a mão no bolso para pegar um pedaço de de bolo de hortelã de Kendal. "Eu tirei do meu bolso e cuidadosamente, dividi em duas metades, me virando com a outra metade em minha mão para oferecer ao meu companheiro."
Smythe estava completamente sozinho, em um dos lugares mais inóspitos do planeta. Mas, surpreendentemente, em toda a parte da sua escalada solitária, ele teve uma forte sensação de que "estava sendo acompanhado por uma segunda pessoa". E tão real parecia ser essa presença a Smythe que ele acreditava que esta também precisava de alimento.
No momento que ele segurou o pedaço do bolo de hortelã, ele descreveu a presença como "tão perto e tão forte" que foi "quase um choque não encontrar ninguém a quem compartilhar". Smythe, mais tarde, revelou que o companheiro fantasmagórico havia se juntado a ele quase em seguida que ele havia se separado de seu último companheiro restante.
Mas depois de finalmente conseguir retornar ao acampamento, ele inicialmente ficou muito envergonhado de falar abertamente sobre o fenômeno por medo do ridículo. De fato, ele só inseriu sua experiência no registro oficial, depois de muita insistência pelo líder da expedição.
Ele escreveu: "o tempo todo que eu estava subindo sozinho, eu tinha um forte sentimento de que eu estava acompanhado por uma segunda pessoa. A sensação era tão forte que eliminou completamente a solidão que eu em contrapartida, deveria sentir.
Até parecia que eu estava amarrado por uma corda ao meu "companheiro", e se eu escorregasse "ele" iria me segurar. Lembro-me de constantemente, olhar por cima do meu ombro."
A sensação continuou até que ele desceu o suficiente para ver o acampamento. Mas soa tão extraordinária a história de Smythe, quanto de nenhuma forma é única.
Um Fenômeno Antigo e Frequente
Na verdade, é um fenômeno generalizado que até tem um nome: "O Fator do Terceiro Homem" (ou "A lenda do Terceiro Homem", termo que é um pouquinho melhor conhecido em português.)
Acredita-se que o termo tenha sido cunhado após a história bíblica em que Cristo ressuscitado aparece a dois de seus discípulos na estrada de Emaús, onde passeia junto ao lado deles, fator que tem sido experimentado por montanhistas, exploradores polares, mergulhadores, prisioneiros de guerra, navegadores solitários, astronautas e pelos sobreviventes do 11 de Setembro.
Todos escaparam de eventos traumáticos, apenas para contar histórias semelhantes de terem experimentado a presença de um companheiro e ajudador. A presença oferece um senso de proteção, alívio, orientação e esperança, deixando a pessoa convencida de não estava sozinha.
O encontro mais famoso - e mais tarde gravado no verso do poema de T.S. Eliot "The Waste Land"
("Quem é o terceiro que caminha sempre ao seu lado?") - é o de Sir Ernest Shackleton.
No final da Expedição Transantártica Imperial de 1914-1916, no ponto onde Shackleton e dois de
seus tripulantes sobreviventes enfrentaram a morte quase certa, ele relatou uma presença invisível, se juntando a eles. Seu navio, o Endurance, estava cercado por gelo e Shackleton e outros dois partiram a pé para atravessar as rachaduras traiçoeiras e os glaciares da Geórgia do Sul visando chegar a uma estação baleeira.
A marcha levou 36 horas, e alguns anos que mais tarde Shackleton confidenciou a uma jornalista que "pareceu-me que éramos quatro, não três". Embora Shackleton não dissesse nada aos seus companheiros na época, os outros mais tarde admitiram que também experimentaram uma sensação de que "havia outra pessoa com a gente".
Certamente, todos os três não poderiam ter imaginado a mesma coisa...?
Depois, nas décadas seguintes às experiências misteriosas de Shackleton na Geórgia do Sul, houve uma enxurrada de relatórios sobre o "terceiro homem".
Ocorreram em todo o mundo sob condições extremas, mas também muito diferentes. Algumas, como a de Shackleton, parecem ser corroboradas por mais de uma testemunha. Então, por que a súbita proliferação de histórias do terceiro homem?
Uma teoria é que a própria natureza da exploração é alterada em torno desse tempo. Em vez de grandes navios que transportam dezenas de homens, ou enormes colunas de soldados, exploradores começaram a viajar sozinhos ou em pequenos grupos.
Henry Stoker, um comandante de submarinos e parente distante de Bram Stoker, o criador de Drácula, escreveu sobre como ele e outros dois fugiram de um campo de prisioneiros de guerra turco e tentaram atravessar a 563 quilômetros de terreno acidentado, para chegar à costa, sem mapas ou bússolas e apenas escassas rações de passas e cacau em pó.
Fome, sede, dores e desânimo, Stoker ficou convencido de que um quarto homem havia se juntado a eles e encontrou sua presença profundamente reconfortante. Quando ele mais tarde discutiu isso com seus colegas, percebeu que eles também haviam experimentado a mesma coisa.
O fenômeno continua até hoje
Peter Hillary, filho de Edmund, experimentou uma presença estranha durante uma expedição ao Pólo Sul em novembro de 1998, recorrendo a última viagem de Scott pela Antártida.
No caso dele, Hillary sabia que a entidade que lhe apareceu e o guiou: era sua falecida mãe, que morreu em um acidente de carro mais de 20 anos antes. "Era como se ela tivesse ido lá fora para me fazer companhia," ele disse.
Em uma linha similar, a mergulhadora Stephanie Schwabe escapou da morte certa, quando ela ouviu a voz de seu falecido marido e parceiro de mergulho Rob Palmer. Mergulhando em uma caverna subaquática de uma ilha no Sul das Bahamas em agosto de 1997, Stephanie perdeu a linha de guia - barbante que leva de volta à entrada - e começou a entrar em pânico. Convencida de que ia morrer, e ainda desesperada com a perda do marido, ela desistiu da vida. Então, no auge do seu desespero e tristeza:
"de repente me senti relaxada e parecia que meu campo de visão havia se tornado mais brilhante." Ela acredita que a presença era de seu marido e ouvia-o mentalmente se comunicando com ela, para que se acalmasse e incutindo a crença de que ela iria sobreviver. Acalmada pela presença, Stephanie se viu com renovada determinação. Desta vez ela devagar e metodicamente analisou a caverna - e quando ela viu o relance de uma linha branca, a presença deixou-a. Nadou imediatamente para a linha, ela seguiu-a até a superfície e saiu ilesa.
Para outros, o terceiro homem não é tão pessoal, ou fácil de identificar. Mas não menos eficiente. Na manhã de 11 de setembro de 2001, Ron DiFrancesco estava na sua mesa no Euro Brokers, uma empresa de negociação financeira no 84º andar da torre sul do World Trade Center.
Quando o primeiro avião atingiu a torre norte às 08:46 no que viria a se tornar a maior ataque terrorista jamais realizado em solo americano, DiFrancesco e seus colegas inicialmente disseram que não havia nenhuma ameaça a sua construção e permaneceram em suas mesas.
Felizmente, já haviam começado a desocupar o prédio, quando o segundo avião da United Airlines, chocou contra a torre sul em 9:03, cortando a torre entre os andares 77 e 85. A asa cortou o escritório da Euro Brokers. Graças a ter deixado o escritório, DiFrancesco foi arremessado contra a parede e foi regado com destroços, mas sobreviveu ao impacto devastador.
O andar de onde havia acabado de sair não existia mais. Ele rumou até uma escada de emergência e, seguindo o conselho de outros reunidos lá, decidiu subir e esperar por serviços de emergência para resgatá-los do telhado.
Quando que ele chegou ao 91°, a intensificação da fumaça o levou a entrar em pânico e ele mudou de curso, tateando e descendo a escadaria.
No 79º andar, ele caiu no piso de concreto com uma dúzia de outros, ofegando por ar. Eles foram impedidos de descerem mais devido a uma parede desabada, e mesmo através da poeira e da fumaça, o pânico era evidente em seus olhos. Alguns choravam, alguns ficaram inconsciente. E então algo extraordinário aconteceu. DiFrancesco ouviu uma voz - não de alguém de seu grupo - tratando ele pelo primeiro nome, dizendo para se levantar. A voz era insistente mas encorajadora e foi acompanhada por um vívido senso de presença física.
"Alguém me levantou. Fui levado para as escadas. Não acho que alguém pegou a minha mão, mas eu definitivamente fui levado." O auxiliar benevolente guiou DiFrancesco pelas escadas, insistindo para que ele caminhasse através dos fogos - o que ele fez, cobrindo o rosto - antes de continuar o seu caminho para baixo. Quase uma hora depois que o segundo avião bateu, DiFrancesco chegou ao chão. Mas quando se dirigia para uma saída, o prédio começou a ruir. Ele ouviu "um rugido impiedoso", viu uma bola de fogo e caiu inconsciente, acordando depois no hospital.
Ron DiFrancesco foi a última pessoa a sair da torre sul. Muita gente tomou decisões em frações de segundo naquele dia, que determinou se viveriam ou morreriam. O que é diferente sobre DiFrancesco é que em um momento crítico, ele recebeu ajuda de uma fonte aparentemente externa. Um homem profundamente religioso, DiFrancesco está convencido que ele experimentou uma intervenção divina.
Mas o que mais pode ter causado a chegada apropriada do terceiro homem?
De acordo com o alpinista Greg Child, resolver o mistério do terceiro homem é como um "detetive perseguindo o homem invisível; Não há nenhuma impressão digital, nenhuma evidência sólida. As pistas jazem profundas dentro de nós. Cada vez mais, a ciência também aponta para esse lado.
Enquanto alguns rejeitam as sensações alegando serem alucinações ou divagações de uma mente decadente, a riqueza pura de evidências anedóticas sugere o contrário. A maioria dos casos ocorrem na ausência de delírio, e se a sensação fosse uma forma de loucura, porque dariam tais instruções claras e concisas?
Para aqueles que não acreditam em anjos da guarda ou deuses, a explicação mais provável é uma sugerida pelos cientistas da Suíça. Em um ambiente de laboratório, eles foram capazes de evocar uma presença tão grande em uma epilética mulher de 22 anos, estimulando eletricamente a parte do cérebro dela. Cada vez que eles estimularam a junção temporo-parietal esquerda - uma parte do cérebro envolvida na organização de informações sensoriais - a mulher virou a cabeça para o lado, convencida de que lá estava "alguém".
Quando a corrente elétrica foi desligada, ela virou a cabeça de volta novamente, relatando que havia deixado de sentir a sensação. Esse mecanismo tem sido chamado de "interruptor". Embora as pessoas na vida cotidiana não sejam eletricamente estimuladas, cientistas acreditam que aqueles sob estresse físico extremo, nos limites da sua resistência, têm acesso a essa opção. De repente, eles ficam cientes de estarem na presença de algum bem maravilhoso.
O célebre montanhista Reinhold Messner disse: "Eu acho que é muito natural. Acho que todos os seres humanos têm sentimentos semelhantes se eles próprios são expostos a tais situações precárias." Mas se o terceiro homem é uma presença gerada pela mente humana em momentos de grande estresse, ou um guia celestial enviado lá de cima, é certamente verdadeiro para quem o experimenta. E muitos não teriam sobrevivido se não tivessem sido conduzidos de volta da beira do abismo.
Tradução/Adaptação: rusmea.com & Mateus Fornazari
Fontes:
http://www.dailymail.co.uk/news/article-1197394/The-Third-Man-Factor-How-dire-peril-felt-sudden-presence-inspiring-survive.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Ernest_Shackleton
http://en.wikipedia.org/wiki/Third_Man_factor
Smythe estava agora na chamada "zona da morte" - área acima de 7.924 metros onde a quantidade de oxigênio no ar é insuficiente para sustentar a vida humana. "Fraco como um gatinho", ele forçou para a frente, mas a cada passo ele afundava mais profundo na neve. O cume estava a apenas 304.8 metros de seu alcance, mas era como se estivesse a milhares de quilômetros.
Fator do Terceiro Homem: Pessoas em perigo relataram a presença de outra pessoa que os ajudou a sobreviverem. |
Ele fez uma última tentativa para avançar, mas se detendo por alguns momentos "Bem na fronteira entre a vida e a morte", em um lugar tão elevado que homem algum jamais havia alcançado, ele finalmente concluiu que o cume do Everest "não seria conquistado por mera carne e sangue". Smythe já havia ganhado um lugar nos livros de história. Mas o que aconteceu em seguida, fez de seu caso um dos mais comentados sobre esforço no folclore de escalada.
Fraco e desesperadamente faminto, ele enfiou a mão no bolso para pegar um pedaço de de bolo de hortelã de Kendal. "Eu tirei do meu bolso e cuidadosamente, dividi em duas metades, me virando com a outra metade em minha mão para oferecer ao meu companheiro."
Smythe estava completamente sozinho, em um dos lugares mais inóspitos do planeta. Mas, surpreendentemente, em toda a parte da sua escalada solitária, ele teve uma forte sensação de que "estava sendo acompanhado por uma segunda pessoa". E tão real parecia ser essa presença a Smythe que ele acreditava que esta também precisava de alimento.
No momento que ele segurou o pedaço do bolo de hortelã, ele descreveu a presença como "tão perto e tão forte" que foi "quase um choque não encontrar ninguém a quem compartilhar". Smythe, mais tarde, revelou que o companheiro fantasmagórico havia se juntado a ele quase em seguida que ele havia se separado de seu último companheiro restante.
Mas depois de finalmente conseguir retornar ao acampamento, ele inicialmente ficou muito envergonhado de falar abertamente sobre o fenômeno por medo do ridículo. De fato, ele só inseriu sua experiência no registro oficial, depois de muita insistência pelo líder da expedição.
Fenômeno compartilhado: Sir Ernest Shackleton (segundo da esquerda) e sua equipe toda sentiu outra pessoa com eles durante uma traiçoeira expedição à Antártida. |
Ele escreveu: "o tempo todo que eu estava subindo sozinho, eu tinha um forte sentimento de que eu estava acompanhado por uma segunda pessoa. A sensação era tão forte que eliminou completamente a solidão que eu em contrapartida, deveria sentir.
Até parecia que eu estava amarrado por uma corda ao meu "companheiro", e se eu escorregasse "ele" iria me segurar. Lembro-me de constantemente, olhar por cima do meu ombro."
A sensação continuou até que ele desceu o suficiente para ver o acampamento. Mas soa tão extraordinária a história de Smythe, quanto de nenhuma forma é única.
Um Fenômeno Antigo e Frequente
Na verdade, é um fenômeno generalizado que até tem um nome: "O Fator do Terceiro Homem" (ou "A lenda do Terceiro Homem", termo que é um pouquinho melhor conhecido em português.)
Acredita-se que o termo tenha sido cunhado após a história bíblica em que Cristo ressuscitado aparece a dois de seus discípulos na estrada de Emaús, onde passeia junto ao lado deles, fator que tem sido experimentado por montanhistas, exploradores polares, mergulhadores, prisioneiros de guerra, navegadores solitários, astronautas e pelos sobreviventes do 11 de Setembro.
Todos escaparam de eventos traumáticos, apenas para contar histórias semelhantes de terem experimentado a presença de um companheiro e ajudador. A presença oferece um senso de proteção, alívio, orientação e esperança, deixando a pessoa convencida de não estava sozinha.
O encontro mais famoso - e mais tarde gravado no verso do poema de T.S. Eliot "The Waste Land"
("Quem é o terceiro que caminha sempre ao seu lado?") - é o de Sir Ernest Shackleton.
No final da Expedição Transantártica Imperial de 1914-1916, no ponto onde Shackleton e dois de
seus tripulantes sobreviventes enfrentaram a morte quase certa, ele relatou uma presença invisível, se juntando a eles. Seu navio, o Endurance, estava cercado por gelo e Shackleton e outros dois partiram a pé para atravessar as rachaduras traiçoeiras e os glaciares da Geórgia do Sul visando chegar a uma estação baleeira.
A marcha levou 36 horas, e alguns anos que mais tarde Shackleton confidenciou a uma jornalista que "pareceu-me que éramos quatro, não três". Embora Shackleton não dissesse nada aos seus companheiros na época, os outros mais tarde admitiram que também experimentaram uma sensação de que "havia outra pessoa com a gente".
Certamente, todos os três não poderiam ter imaginado a mesma coisa...?
Depois, nas décadas seguintes às experiências misteriosas de Shackleton na Geórgia do Sul, houve uma enxurrada de relatórios sobre o "terceiro homem".
Ocorreram em todo o mundo sob condições extremas, mas também muito diferentes. Algumas, como a de Shackleton, parecem ser corroboradas por mais de uma testemunha. Então, por que a súbita proliferação de histórias do terceiro homem?
Uma teoria é que a própria natureza da exploração é alterada em torno desse tempo. Em vez de grandes navios que transportam dezenas de homens, ou enormes colunas de soldados, exploradores começaram a viajar sozinhos ou em pequenos grupos.
Henry Stoker, um comandante de submarinos e parente distante de Bram Stoker, o criador de Drácula, escreveu sobre como ele e outros dois fugiram de um campo de prisioneiros de guerra turco e tentaram atravessar a 563 quilômetros de terreno acidentado, para chegar à costa, sem mapas ou bússolas e apenas escassas rações de passas e cacau em pó.
Fome, sede, dores e desânimo, Stoker ficou convencido de que um quarto homem havia se juntado a eles e encontrou sua presença profundamente reconfortante. Quando ele mais tarde discutiu isso com seus colegas, percebeu que eles também haviam experimentado a mesma coisa.
O fenômeno continua até hoje
Ajudante pessoal: Peter Hillary , à esquerda, disse que sentiu a presença de sua mãe morta quando ele estava lutando em uma expedição à Antártida. |
No caso dele, Hillary sabia que a entidade que lhe apareceu e o guiou: era sua falecida mãe, que morreu em um acidente de carro mais de 20 anos antes. "Era como se ela tivesse ido lá fora para me fazer companhia," ele disse.
Em uma linha similar, a mergulhadora Stephanie Schwabe escapou da morte certa, quando ela ouviu a voz de seu falecido marido e parceiro de mergulho Rob Palmer. Mergulhando em uma caverna subaquática de uma ilha no Sul das Bahamas em agosto de 1997, Stephanie perdeu a linha de guia - barbante que leva de volta à entrada - e começou a entrar em pânico. Convencida de que ia morrer, e ainda desesperada com a perda do marido, ela desistiu da vida. Então, no auge do seu desespero e tristeza:
"de repente me senti relaxada e parecia que meu campo de visão havia se tornado mais brilhante." Ela acredita que a presença era de seu marido e ouvia-o mentalmente se comunicando com ela, para que se acalmasse e incutindo a crença de que ela iria sobreviver. Acalmada pela presença, Stephanie se viu com renovada determinação. Desta vez ela devagar e metodicamente analisou a caverna - e quando ela viu o relance de uma linha branca, a presença deixou-a. Nadou imediatamente para a linha, ela seguiu-a até a superfície e saiu ilesa.
Desastre: Sobreviventes do ataque terrorista ao World Trade Center relataram terem sido auxiliados por um anjo da guarda. |
Para outros, o terceiro homem não é tão pessoal, ou fácil de identificar. Mas não menos eficiente. Na manhã de 11 de setembro de 2001, Ron DiFrancesco estava na sua mesa no Euro Brokers, uma empresa de negociação financeira no 84º andar da torre sul do World Trade Center.
Quando o primeiro avião atingiu a torre norte às 08:46 no que viria a se tornar a maior ataque terrorista jamais realizado em solo americano, DiFrancesco e seus colegas inicialmente disseram que não havia nenhuma ameaça a sua construção e permaneceram em suas mesas.
Felizmente, já haviam começado a desocupar o prédio, quando o segundo avião da United Airlines, chocou contra a torre sul em 9:03, cortando a torre entre os andares 77 e 85. A asa cortou o escritório da Euro Brokers. Graças a ter deixado o escritório, DiFrancesco foi arremessado contra a parede e foi regado com destroços, mas sobreviveu ao impacto devastador.
O andar de onde havia acabado de sair não existia mais. Ele rumou até uma escada de emergência e, seguindo o conselho de outros reunidos lá, decidiu subir e esperar por serviços de emergência para resgatá-los do telhado.
Quando que ele chegou ao 91°, a intensificação da fumaça o levou a entrar em pânico e ele mudou de curso, tateando e descendo a escadaria.
No 79º andar, ele caiu no piso de concreto com uma dúzia de outros, ofegando por ar. Eles foram impedidos de descerem mais devido a uma parede desabada, e mesmo através da poeira e da fumaça, o pânico era evidente em seus olhos. Alguns choravam, alguns ficaram inconsciente. E então algo extraordinário aconteceu. DiFrancesco ouviu uma voz - não de alguém de seu grupo - tratando ele pelo primeiro nome, dizendo para se levantar. A voz era insistente mas encorajadora e foi acompanhada por um vívido senso de presença física.
"Alguém me levantou. Fui levado para as escadas. Não acho que alguém pegou a minha mão, mas eu definitivamente fui levado." O auxiliar benevolente guiou DiFrancesco pelas escadas, insistindo para que ele caminhasse através dos fogos - o que ele fez, cobrindo o rosto - antes de continuar o seu caminho para baixo. Quase uma hora depois que o segundo avião bateu, DiFrancesco chegou ao chão. Mas quando se dirigia para uma saída, o prédio começou a ruir. Ele ouviu "um rugido impiedoso", viu uma bola de fogo e caiu inconsciente, acordando depois no hospital.
Ron DiFrancesco foi a última pessoa a sair da torre sul. Muita gente tomou decisões em frações de segundo naquele dia, que determinou se viveriam ou morreriam. O que é diferente sobre DiFrancesco é que em um momento crítico, ele recebeu ajuda de uma fonte aparentemente externa. Um homem profundamente religioso, DiFrancesco está convencido que ele experimentou uma intervenção divina.
Mas o que mais pode ter causado a chegada apropriada do terceiro homem?
De acordo com o alpinista Greg Child, resolver o mistério do terceiro homem é como um "detetive perseguindo o homem invisível; Não há nenhuma impressão digital, nenhuma evidência sólida. As pistas jazem profundas dentro de nós. Cada vez mais, a ciência também aponta para esse lado.
Enquanto alguns rejeitam as sensações alegando serem alucinações ou divagações de uma mente decadente, a riqueza pura de evidências anedóticas sugere o contrário. A maioria dos casos ocorrem na ausência de delírio, e se a sensação fosse uma forma de loucura, porque dariam tais instruções claras e concisas?
Intervenção divina? O sobrevivente Ron DiFrancesco disse que foi auxiliado a sair do edifício em colapso por uma presença invisível |
Quando a corrente elétrica foi desligada, ela virou a cabeça de volta novamente, relatando que havia deixado de sentir a sensação. Esse mecanismo tem sido chamado de "interruptor". Embora as pessoas na vida cotidiana não sejam eletricamente estimuladas, cientistas acreditam que aqueles sob estresse físico extremo, nos limites da sua resistência, têm acesso a essa opção. De repente, eles ficam cientes de estarem na presença de algum bem maravilhoso.
O célebre montanhista Reinhold Messner disse: "Eu acho que é muito natural. Acho que todos os seres humanos têm sentimentos semelhantes se eles próprios são expostos a tais situações precárias." Mas se o terceiro homem é uma presença gerada pela mente humana em momentos de grande estresse, ou um guia celestial enviado lá de cima, é certamente verdadeiro para quem o experimenta. E muitos não teriam sobrevivido se não tivessem sido conduzidos de volta da beira do abismo.
Tradução/Adaptação: rusmea.com & Mateus Fornazari
Fontes:
http://www.dailymail.co.uk/news/article-1197394/The-Third-Man-Factor-How-dire-peril-felt-sudden-presence-inspiring-survive.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Ernest_Shackleton
http://en.wikipedia.org/wiki/Third_Man_factor