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A Saga em Busca de Respostas Sobre a "Espada Romana Descoberta em Oak Island" Continua

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Por Marco Faustino  

Enquanto muitas pessoas no mundo ficaram maravilhadas com a possibilidade da história ser reescrita ao imaginar que os romanos poderiam ter "descoberto" ou ao menos visitado a América, indo muito além do que se anteriormente pensava, outros buscavam respostas mais concretas sobre isso. Em nossa primeira postagem sobre esse assunto, conhecemos a história de uma "espada romana" supostamente encontrada em Oak Island, cuja origem teria sido a partir de um naufrágio romano na costa de uma das ilhas mais intrigantes e misteriosas do mundo. Foi nessa mesma postagem que ficamos sabendo sobre a existência de mais espadas semelhantes e as mais diversas possibilidades. Dentre elas que a espada poderia não ser tão antiga quanto dizem ser.

Toda essa história ganharia um contorno ainda mais peculiar, uma vez que uma imagem de um outro artefato que teria sido encontrado na Nova Escócia, por volta de 1800, na verdade, de acordo com o site do Museu Britânico, teria sido encontrado nos arredores da pequena cidade de Kirkham, no condado de Lancashire, na Inglaterra, ou seja, a mais de 2.500 km de distância e do outro lado do Oceano Atlântico. Além disso, uma recente publicação realizada por J. Hutton Pulitzer em seu blog chamado "Investigating History Daily", nos fornece mais detalhes sobre a suposta espada romana. Vamos continuar sabendo mais sobre esse assunto?

Um Suposto Artefato Romano Encontrado em Oak Island Seria a Bossa de um Escudo Romano que Pertence ao Acervo do Museu Britânico?


Antes de mais nada, precisamos dizer que a saliência de metal de um escudo, mais conhecida como bossa ou umbo, é uma peça geralmente feita de metal, presa na parte frontal do escudo, usado na "parede" de escudos como arma. A bossa ou umbo era utilizada na Grécia antiga, nos escudos usados pelos hoplitas, e mais tarde foi adotada pelas legiões romanas, que golpeavam com a bossa como forma de abrir espaço para atacar com a espada ou o gládio.

A bossa ou umbo era utilizada na Grécia antiga, nos escudos usados pelos hoplitas, e mais tarde foi adotada pelas legiões romanas,
que golpeavam com a bossa como forma de abrir espaço para atacar com a espada ou o gládio
Em muitas notícias sobre a "descoberta" de uma "espada romana" em Oak Island, também é dito que outros objetos de origem romana teriam sido encontrados nas proximidades da ilha, ou seja, na região da Nova Escócia. Tais descobertas como a bossa (ou umbo) e moedas de ouro da Roma Antiga ajudariam, é claro, a solidificar todo um contexto em torno da espada. Por seguinte, isso também ajudaria fundamentar a teoria de que os romanos teriam descoberto ou pelo menos visitado a América (segundo J. Hutton Pulitzer).

Nesta parte da postagem vamos comentar justamente sobre essa bossa de um escudo romano, que faria parte do conjunto de artefatos "descobertos" na Nova Escócia. Isso porque o incansável antropólogo Andy White descobriu uma possível farsa na imagem divulgada do mesmo. Em sua pesquisa, ele se deparou com a mesma imagem divulgada no "Boston Standard" sendo também referente a bossa de um escudo romano do século 2, porém a bossa pertence ao acervo do Museu Britânico, um dos museus mais respeitados e visitados do mundo.

Imagem divulgada no "Boston Standard" referente ao que seria uma bossa de um escudo romano que teria sido
supostamente encontrada na região da Nova Escócia, a mesma onde se localiza Oak Island
Para piorar a situação, na página referente ao artefato, no Museu Britânico, é citado que o mesmo foi descoberto após uma escavação realizada em Kirkham, cidade inglesa no condado de Lancanshire. A bossa teria sido adquirida pelo Museu Britânico em 1814, após ser comprada de um peregrino chamado Edward Towneley.

A imagem de uma bossa de um escudo romano que teria sido supostamente encontrado em Oak Island, na verdade,
de acordo com o Museu Britânico, teria sido encontrado em Kirkham, no condado de Lancashire, na Inglaterra
Essa bossa é feita de uma liga de cobre, possui cerca de 18,5 cm, e nela está gravada uma espécie de cenário de guerra mostrando o Deus Marte rodeado por troféus de batalha, águias, Vitórias aladas (Vitória é o nome atribuído pelos romanos a deusa grega "Nice", que personificava a vitória, força e velocidade, representada por uma mulher alada) e outras figuras humanas. Ainda é dito que a mesma pertence ao período Romano-Britânico, e teria saído do centro de um escudo romano auxiliar.

Imagem das figuras que teriam sido gravadas na bossa de um escudo romano encontrado em Kirkham
Segundo o curador do museu, a pessoa responsável na época da Roma Antiga por gravar essas imagens na bossa do escudo, não deixou espaço para os rebites, que tiveram de ser grosseiramente colocados ao longo do cenário decorativo. As bossas de metal em formato de cúpula nos escudos, de acordo com as informações contidas em sua respectiva página, teriam uma dupla função, tanto para de desviar os golpes de armas inimigas, quanto para ajudar a abrir espaço para atacá-lo.

A Península de Flyde, na região oeste
do condado de Lancashire, na Inglaterra
Você pode se perguntar, mas quando essa bossa foi descoberta? Pois bem, a resposta para essa pergunta, talvez esteja em um livro chamado "History of the Fylde of Lancashire" ("A História de Fylde de Lancanshire", em português). Podem estar achando o nome estranho, porém Fylde é o nome da planície costeira na região oeste do condado de Lancashire, que consiste basicamente em uma península de formato quadrangular com 33 km² de território. Portanto, esse livro conta um pouco sobre a história das cidades inglesas que se localizam nesta região em específico.

Vamos então consultar alguns trechos das páginas 363 e 364:

"A cidade de Kirkham foi provavelmente a mais antiga localidade habitada no distrito de Fylde; e embora seja impossível afirmar, que o próprio território da atual cidade foi um local permanente onde os romanos construíam suas habitações, uma vez que estradas criadas por eles passavam pelo local, assim como resquícios de seus utensílios domésticos, urnas funerárias e outras relíquias foram descobertos em seus arredores, há uma forte evidência presumível de que pelo menos um antigo assentamento estava bem próximo. Entre os vestígios dos antigos guerreiros desenterrados nas proximidades, pode-se mencionar uma grande quantidade de pedras elaboradas para fins de construção, e numerosos fragmentos de urnas encontrados a cerca de 800 metros de Kirkham.

Páginas 363 e 364 do livro chamado "History of the Fylde of Lancashire"
("A História de Fylde de Lancanshire", em português)
O "Mill Hill Field" também revelou testemunhas frequentes a antiga presença dos romanos, espécimes especialmente abundantes de sua cerâmica e cunhagem, mas talvez a maior curiosidade encontrada nas proximidades é a bossa ou umbo de um escudo, feito em latão, que foi retirado de um riacho deste local em específico durante o ano de 1792. O formato do mesmo é um pouco oval, tendo sua parte central em um formato semi-globular, enquanto o aro externo é plano. O diâmetro total é de 20 cm, sendo que a parte proemiente possui cerca de 13 cm. A parte horizontal e circular é perfurada em quatro lugares separados, aparentemente, para a passagem de correias ou rebites. Na região de maior superfície da bossa, existe a representação de uma figura humana empossada, com uma águia à esquerda, sendo adornado nas laterais com um atleta. Pássaros, espadas, escudos menores, entre outros, completam as decorações"

Será que resta alguma duvida que o livro retrata da mesma bossa que hoje se encontra no Museu Britânico? Assim sendo, a mesma teria sido descoberta em 1792 em Kirkham, na Inglaterra, e não na região da Nova Escócia, no Canadá.

Não obstante, Andy White ressaltou uma matéria escrita por Ellie Zolfagharifard, editora assistente da seção de ciência e tecnologia do Daily Mail, no qual também é creditada a imagem da bossa, como se tivesse sido supostamente encontrada na Nova Escócia, mas que agora sabemos que foi encontrada em Kirkham, na Inglaterra, e como se a imagem fosse protegida por direitos autorais cujo proprietário seria o site Investigating History Daily, que pertence ao J. Hutton Pulitzer.

Trecho da matéria do Daily Mail identificando a bossa de um escudo romano que estaria no Museu Britânico, e que teria
sido encontrado em Kirkham, na Inglaterra, como sendo um artefato romano descoberto em Oak Island, no Canadá
Isso alimenta uma série de possibilidades. Será que o "Boston Standard", devido a seu "baixo padrão editorial", não obteve a imagem real do artefato e colocou na matéria o primeiro que encontrou na internet? Se sim, por que J. Hutton Pulitzer não comentou nada sobre isso? Existe mesmo uma bossa que teria sido encontrada na Nova Escócia, no Canadá?

Será mesmo que Pulitzer encontrou uma bossa romana na Nova Escócia? Será que ele forneceu a imagem de um artefato, que se encontra no Museu Britânico, apenas para complementar sua teoria e assim enganando milhões de pessoas ao redor do mundo? Será que o Daily Mail errou ao colocar como se a imagem da bossa romana tivesse direitos autorais garantidos ao Pulitzer? Será que o renomado Museu Britânico, assim como historiadores locais de Lancanshire estariam completamente errados? Muito improvável, não?

Em sua defesa e durante uma troca de emails com Andy White, Pulitzer disse que seu site, o Investigating History Daily, forneceu apenas a imagem de uma bossa de um escudo para fins ilustrativos, que não havia sido marcada como se pertencesse ao site dele, contrariando, é claro, o que aparece no Daily Mail. Andy apontou novamente para o © (copyright) na notícia do DM, e eventualmente Pulitzer então teria percebido o problema e disse que pediu para os veículos de imprensa retirarem isso. Segundo o próprio Pulitzer, a foto da bossa é apenas ilustrativa, não se refere a que de fato teria sido encontrada em Oak Islando e ele não é o responsável pela descoberta desse artefato em específico.

Enfim, são muitas perguntas sem respostas, e questões que talvez sejam somente respondidas definitivamente quando Pulitzer apresentar ao mundo suas supostas "descobertas". Vamos aguardar, Assombrados!

A Mais Recente Publicação de  J. Hutton Pulitzer Sobre a "Espada Romana" Supostamente Descoberta em Oak Island


Em uma postagem feita no dia 22 de dezembro, no site Investigating History Daily, J. Hutton Pulitzer começou reforçando a seriedade do relatório, que teoricamente será divulgado no início de 2016, e que apresentará ao mundo, um conjunto de provas consistentes, sugerindo que antigos marinheiros romanos visitaram o Canadá durante o século 2 d.C ou até mesmo antes desse período.

Segundo ele, embora esse relatório aponte para "dezenas" de artefatos descobertos nos arredores de Oak Island, a espada romana é a mais cativante. Pulitzer ainda diz que essa espada, que ganhou grande notoriedade neste fim de ano, é uma espada cerimonial de gladiador "votiva", conforme teria sido verificado por uma autoridade em Antiguidades Romanas, que participou do estudo. Porém, ele não disse quem seria essa pessoa ou a organização a qual pertence.

De acordo com Pulitzer, a história mostra que muitos desses itens foram dados pelo Imperador aos comandantes da legião, possivelmente como de "proteção, força e liderança de Hércules" antes de começarem uma batalha ou de partirem em uma missão especial. Ele não diz quem seria esse Imperador, mas provavelmente ele está se referindo a Lúcio Aélio Aurélio Cômodo, o gladiador, que governou Roma entre 180 e 192. Ele era filho e sucessor do Imperador Marco Aurélio.

Quando tais espadas cerimoniais foram feitas eles usaram moldes sólidos. Em seguida foram trabalhadas a mão utilizando uma técnica de cera perdida, e por último adornadas com ouro, assim como vários artefatos egípcios, tornando-as muito raras e altamente valorizadas.

De acordo com Pulitzer, a história mostra muitos desses itens foram dados pelo Imperador aos comandantes da legião,
possivelmente como de "proteção, força e liderança de Hércules" antes de começarem uma batalha
ou que partiam em uma missão especial
Curiosamente ele disse que existem outras espadas iguais a que teria sido encontrada nos arredores de Oak Island, e que a espada, na verdade, talvez possa fazer parte de um "conjunto original de 10 peças". Quatro delas parecem ter sido recuperadas e verificadas, incluindo a de Oak Island, uma vez que elas foram feitas pela primeira vez durante o antigo Império Romano. Uma delas estaria em uma coleção particular na Flórida (muito provavelmente aquela espada da Flórida, lembram?) sendo que ela seria um teste perfeito e decisivo para a espada romana de Oak Island. As outras estariam em um museu particular na Holanda e em um museu na cidade de Nápoles, na Itália.

A espada que se encontra na Itália, em determinado momento, tornou-se uma espécie de atração tão famosa em Nápoles, que o museu encomendou uma réplica de ferro fundido. Teria sido a partir dela que algumas outras teriam sido produzidas, e mais tarde passariam a ser vendidas como réplicas em lojas de antiguidade.

Aliás, tudo isso se encaixa com a especulação de Andy White, uma vez que ele disse que a "fonte" das espadas seria a região de Nápoles, Pompéia ou Herculano. O maior problema é que se a espada é tão famosa em Nápoles, por que não há nenhuma imagem dela na internet? Até agora não foi encontrada nenhuma menção a ela em livros ou em sites de museus italianos. Vale ressaltar que David Kenney, proprietário da espada da Flórida, havia informado a Andy White que nunca testou as "propriedades metalúrgicas" de sua espada.

Segundo Pulitzer, a espada tem sido comprovada por ser autêntica tanto pelas pelas autoridades em Antiguidades Romanas quanto por tecnologias como o teste de XRF. Ela também teria sido cuidadosamente examinada para ser mostrada na série "A Maldição de Oak Island" do History Channel.

Foto da "empunhadura" da espada romana supostamente encontrada na costa de Oak Island,
que foi tirada na casa de Dan Blankenship
Entretanto, o mais incrível disso tudo é que Pulitzer disse que todas as espadas compartilham uma característica especial muito semelhante, uma certa "qualidade mágica" embutida na espada. Qual seria essa "qualidade mágica"? A espada teria um dispositivo de navegação oceânica antigo embutido que faria a espada sempre apontar para o Norte verdadeiro. Tais qualidades magnéticas são encontradas somente em itens autênticos da antiguidade, não de ferro fundido ou réplicas de pedra fabricadas.

Para fins de complementação, vale destacar aqui que as bússolas não apontam para o ponto cardeal Norte, na verdade elas apontam para o Norte magnético, que está localizado em posição ligeiramente diferente do Norte verdadeiro (por onde passa o eixo de rotação da Terra). Dependendo da sua localização é preciso fazer uma correção (que varia com a latitude do observador), sendo que plantas e mapas de cidades normalmente mostram a diferença de localização em ângulos. Assim sendo, o Norte verdadeiro (ou geográfico) é uma convenção humana que segue as linhas de longitude para encontrá-lo.

Pulitzer termina sua postagem dizendo que a descoberta de uma espada romana em Oak Island é apenas 1/50 da totalidade de evidências que apontam que os romanos teriam visitado o Canadá antes ou durante o século 2 d.C. Segundo ele, o relatório não só contém a história completa e detalhes científicos da espada romana de Oak Island, mas também as evidências sobre o DNA dos povos antigos da região, a botânica, a linguística, os símbolos de pedra, arqueoastronomia, evidências estruturais e arquitetônicas, além de outros artefatos, incluindo moedas. Entretanto, as duas descobertas mais importantes talvez sejam os túmulos e um naufrágio romano, sendo que este último seria de onde a espada romana de Oak Island teria originado.

No momento, as equipes de acadêmicos e de pesquisa que participam do estudo, estão trabalhando diligentemente com especialistas e autoridades europeias em antiguidades, para confirmar a qual legião romana estes artefatos encontrados pertecem, e razões pelas quais eles estariam em uma missão rumo as Américas.

E assim, Assombrados, a nossa saga em busca da verdade sobre a "espada romana" supostamente encontrada em Oak Island continua. Assim que tivermos maiores informações, atualizaremos vocês, muito provavelmente em uma outra postagem sobre esse assunto, combinado?

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://www.britishmuseum.org/research/collection_online/collection_object_details.aspx?objectId=1363361&partId=1
https://archive.org/stream/historyoffyldeof00portiala#page/362/mode/2up
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bossa_(arma)

http://www.andywhiteanthropology.com/blog/just-for-the-record-the-roman-shield-from-nova-scotia-is-actually-from-england
http://www.andywhiteanthropology.com/blog/not-only-is-the-sword-roman-its-magical-too
https://medium.com/@InvestigatingHistory.org/how-can-a-sword-cut-history-2b7cca649a49#.bkb82x3ck
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-3364818/Did-ROMANS-discover-America-Sword-Oak-Island-suggests-ancient-mariners-set-foot-New-World-Columbus-according-radical-theory.html

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