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Fazenda de Corpos: Estudando a Morte

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Como é o processo de decomposição do corpo humano? Como saber as causas da morte de uma pessoa? Responder essas perguntas são alguns dos objetivos das Fazendas de Corpos, instalações onde corpos humanos são deixados no ambiente para serem estudados pela ciência...

Fala Assombrados! A muitos anos atrás era exibido no canal History Channel uma série em horário nobre chamada Maravilhas Modernas, e eu adorava assistir. Um episódio em especial me chamou a atenção: Lixo Biológico. Mostrava fazendas de corpos e empresas especializadas em descartar restos humanos. A Fazenda de Corpos me marcou muito, pois não fazia ideia que existia algo assim. Desta forma, eu sempre quis trazer uma postagem sobre o assunto para vocês e finalmente esse dia chegou. Vamos entender mais sobre a morte?

A Criação da Primeira Fazenda de Corpos

A história das fazendas de corpos começa com algumas instituições visionárias e se desenvolve a partir daí. A primeira fazenda de corpos norte-americana foi a localizada perto do Centro Médico da Universidade do Tennessee.

Foi inaugurado em 1971 por um médico chamado William M. Bass, que observou a necessidade de estudos forenses sobre a decomposição de corpos humanos e outros fatos post mortem que podem ser de grande valor para os investigadores e médicos legistas.

É claro que nem todos sempre estiveram envolvidos com a ideia de fazendas de corpos, de modo que o início humilde dessa instituição começou com apenas um pequeno trecho de grama, e a Dr. Bass só teve permissão para trabalhar com um só cadáver.

A experiência cresceu e se tornou uma instalação de quase 1 hectare e meio que abriga e favorece a decomposição de dezenas de corpos, até 40 de cada vez, em nome da ciência médica.

"The Body Farm", como é chamado esses lugares, recebeu esse apelido de um romance homônimo de 1995, no qual foi apresentado. Os Estados Unidos atualmente possuem apenas alguns dessas instituições, mas muitos argumentam que sua contribuição para a ciência e a justiça criminal são inestimáveis.

William M. Bass foi quem criou a primeira fazenda de corpos


Objetivos

- O objetivo principal das fazendas de corpos é estudar, acima de tudo, a taxa de decomposição dos corpos humanos, que é altamente variável. Há muitos fatores que influenciam a taxa em que um cadáver se decompõe, se desintegra e, finalmente, retorna à terra como parte dos processos biológicos que sustentam a vida. A idéia é que várias condições e ambientes podem levar a diferentes taxas e tipos de decomposição, e colocando corpos nessas várias circunstâncias, podemos estudá-los e nos tornar significativamente mais bem versados ​​em nosso conhecimento dos mortos. Fatores como chuva, umidade, temperatura, vegetação circundante, o efeito estufa, a quantidade de luz solar direta e um número quase incalculável de outras variáveis ​​alteram o processo de decomposição quando se trata de restos humanos , e as fazendas de corpos assumem a difícil tarefa de tentar entender todas elas.

- Fornecer informações para investigadores e médicos legistas, assim procuram identificar causa da morte, procurando marcas de tipo, facadas e porretes. Através do estudo dos ossos podem descobrir a idade, raça, sexo e estatura.

- Banco de dados contemporâneo. Com o passar do tempo, o corpo humano muda. A anatomia dos homens de centenas de anos atrás são diferentes dos contemporâneos. Assim, cadáveres atuais são excelentes banco de dados para estudos. Principalmente por causa da obesidade, nossa anatomia está mudando bastante

- Hoje, essas instituições não apenas conduzem experimentos científicos, mas também servem como campos de treinamento da polícia, onde detetives de homicídios e outros que serão chamados às cenas dos crimes mais terríveis podem aprender.

- Novos objetivos surgiram, como por exemplo, a criação de aparelhos que detectam corpos enterrados a partir da emissão dos gases emitidos no local

Diversos cadáveres em uma Fazenda de Corpos. Eles estão protegidos com grades para evitar os abutres


Como Corpos Chegam a Fazenda de Corpos?

De dois lugares: doações à ciência pelos bravos homens e mulheres que gostariam de dar seus corpos ao vasto conjunto de conhecimentos anatômicos e antropológicos que acumulamos até agora, assim como outra fonte que você não esperaria ou pensaria: cadáveres não requeridos.

Todos os dias, médicos legistas de várias cidades e vilas norte-americanas, lidam com cadáveres. Corpos entram, corpos saem e muitos desses cadáveres acabam não sendo identificados, ou ninguém chega para reivindicá-los. Frequentemente, esses cadáveres são emprestados a centros de pesquisa médica em universidades, mas às vezes acabam em fazendas de corpos.

Isso faz sentido, claro, quando percebemos que os consultórios dos médicos lidam com centenas de corpos que vêm e vão por mês, se não mais, e eles precisam dar um fim a esses corpos, já que os cadáveres têm uma data de validade.

É apenas uma questão de tempo até que a putrefação se estabeleça e a decomposição aconteça, e lamentavelmente, muitas pessoas que morreram simplesmente não têm ninguém para cuidar do seu corpo ou reivindicá-lo para fazer os arranjos funerários apropriados.

Ao contrário dos velhos tempos de pesquisa anatômica em que as instalações empregavam ladrões de cadáveres para pegar qualquer cadáver que pudessem encontrar, com a popularização da ciência moderna, as pessoas estão mais dispostas a doar seus corpos.

Isso, naturalmente, significa que há mais oferta e menos procura, o que significa que lugares como escolas de medicina podem ser mais seletivas quanto aos corpos que gostariam de escolher para suas pesquisas.

Existem vários fatores em que um possível receptor, seja uma fazenda de corpos ou uma instalação de pesquisa anatômica, deve levar em consideração quando se trata de aceitar a doação de um corpo. Por mais estranho que pareça, só porque alguém completou toda a documentação legal e escolheu doar seu corpo para essas instalações, não significa que será aceito.

Essas instituições devem considerar coisas como altura, peso, saúde e quão próxima da anatomia média a pessoa está antes de se tornar um espécime para estudo. As instalações de pesquisa anatômica devem almejar uma maioria de pessoas na maioria das vezes, de modo que suas descobertas possam ser generalizadas para a maioria das pessoas - espécimes diferentes não precisam ser aplicados.

E é aí que entram as fazendas de corpos. Elas aceitam os corpos que são rejeitados pelas faculdades de medicina. Outro fator importante é a distância, já que os corpos se deterioram rapidamente e precisam ser transportados para uma instalação próxima para minimizar a quantidade de deterioração desses cadáveres.

A Análise dos Corpos

Assim que um cadáver chega na fazenda, os cientistas o carregam para um laboratório local, onde ele é medido e fotografado. Também são coletadas amostras de cabelo e sangue, e um número de identificação é adotado no lugar do nome da pessoa.

Quando possível, eles colocam o corpo para deteriorar na mesma hora. Por uma questão de privacidade, os corpos são colocados no local virados para baixo. Uma estaca com sistema GPS marca o local.

Porém, quando não há funcionários suficientes para o carregamento, o cadáver é armazenado no refrigerador durante alguns dias para retardar a decomposição. O local em que os mortos ficam é monitorado 24 horas por câmeras.

Dependendo da pesquisa que está sendo feita, os corpos são deixados para apodrecer em diferentes circunstâncias. Alguns são intencionalmente deixados no sol ou na grama, enquanto outros ficam sob as sobras de um genebreiro ou de um carvalho. A maioria fica protegida por grades de metal, porém alguns ficam expostos para que os cientistas possam observar o efeito dos abutres por meio das gravações.

Atualmente, os mortos ficam todos nus, mas já foram feitas pesquisas para averiguar o impacto das roupas no processo de decomposição. O cheiro do local é uma mistura de raízes molhadas e carne rançosa.

Quando os corpos são deixados sem as grades, eles servem de banquete para os abutres. Utilizando as câmeras de segurança, os cientistas estudam as hordas de pássaros que invadem o local sempre que um novo defunto é descarregado. Eles não comem a pele, mas abrem orifícios para apanhar o “recheio”. Os urubus atacam as carcaças e as arrastam violentamente para arrancar os pedaços de carne.

As Etapas da Decomposição

São quatros estágios, que podem ser resumidos em: fresco, inchado, decomposto e seco. Vamos falar mais de cada uma

- 1º Estágio: Fresco - O primeiro estágio da decomposição começa logo após a morte. Uma vez que o coração parou de bater, as células não conseguem mais manter a homeostase (um estado de equilíbrio da temperatura, pH e outros fatores) logo começam a se romper. Isso inicia o processo de putrefação, visto que as bactérias começam a se alimentar do corpo.

- 2º Estágio: Inchado - Depois de alguns dias de comilança por parte dos microrganismos, inicia-se o segundo estágio: o inchaço. Conforme eles digerem os componentes sólidos da carcaça, são liberados gases – sulfeto de hidrogênio, dióxido de carbono e metano – o que faz com que o cadáver se expanda. Nessa fase, ele fica amarelo pelo processo de marmoreio e pode duplicar de tamanho.

Isso atrai as moscas, que botam ovos em todos os orifícios abertos, o que inclui olhos, ouvidos, nariz e boca. Pouco tempo depois, nascem as larvas, que cobrem todo o defunto. O rosto é o primeiro a ser consumido, pois abriga mais buracos e cria mais bichos.

- 3º Estágio: Decomposto - Três dias depois da decomposição, é chegado o terceiro estágio: purgação. Nele, o corpo começa a desinchar e encolher, já a pele se rompe para liberar a pressão e os fluidos. “O líquido é tão rico em nitrogênio que mata toda a vegetação ao redor. Todavia, após um ano, ele dá origem a grandes vegetações, pois age como fertilizante”, explica Wescott. Passadas algumas semanas, as bactérias e as larvas já terminaram de consumir a maior parte da carne.

- 4º Estágio: Seco - A próxima etapa é a mais longa e predominante no Freeman Ranch: a deterioração avançada. As carcaças são deixadas para secar e mumificar sob o sol, porque o calor as torna inóspitas para os microrganismos e as moscas. Já as que ficam na sombra continuam sendo consumidas aos poucos. Por fim, depois de seis meses a um ano – varia conforme as condições climáticas –, inicia-se o último estágio: a secagem. Agora, o cadáver é reduzido a uma pilha de cartilagens, ossos e trapos de pele.

Em um determinado ponto, os ossos são levados para o laboratório, fervidos para retirar os traços de carne. Depois de limpos e secos, cada osso é cuidadosamente medido e numerado, e depois guardado em uma caixa a prova de ácidos.

Fazendas de Corpos Pelo Mundo

Complexos nos Estados Unidos:

- Universidade do Tennessee - Knoxville: Instalação de Antropologia Forense (FAC)
- Universidade de Western Carolina: Estação de Pesquisa de Osteologia Forense (FOREST)
- Universidade Texas State: O Centro de Pesquisa em Antropologia Forense Externa (FARF) - É a maior do mundo e é gerenciada por quatro funcionários em tempo integral, mas recebe dezenas de voluntários graduados ou não. Nela, encontram-se mais de 200 esqueletos contemporâneos.
- Universidade Southern Illinois: Complexo para Pesquisa de Antropologia Forense (CFAR)
- Universidade Sam Houston State no Sudeste do Texas: Instalação de Ciência Forense Aplicada (STAFS)
- Universidade Colorado Mesa: Estação de Pesquisa de Investigação Forense (FIRS)
- Faculdade Técnica  de Fox Valley: Treinamento de Campo Forense

- No Reino Unido:

- Pesquisa Tafonômica em Antropologia: Centro de Estudos Experimentais (TRACES)

Estudos levados a cabo pela Universidade Central Lancashire em 20019, em uma área arborizada de 5 hectares, dedicada a tafonomia de animais.

Existem relatos de que os ministros estão considerando os planos de abrir a primeira "instalação de tafonomia humana" (HTF) do Reino Unido, em uma tentativa de ajudar a polícia a resolver mais assassinatos.

- Holanda:

Em 17 de janeiro de 2017, o Centro Médico Acadêmico da Holanda anunciou a fundação de uma fazenda de corpos, a primeira da Europa. Uma parcela de terra de 500 metros quadrados será o local de enterros rasos de corpos de doadores.

- Austrália:

Universidade de Tecnologia de Sydney (UTS) Essa fazenda de corpos australiana, está localizada perto da nova sede da Universidade Corporativa de Tecnologia em Yarramundi. A localização exata é segredo.

Esta é a maior Fazenda de Corpos do mundo, localizada no Texas


Animais Também Estão no Local

Os animais também têm seu lugar na fazenda. Não estudam somente a decomposição do corpo humano, mas também, observam as formas pelas quais várias carcaças de animais se decompõem, como porcos e coelhos.

Frequentemente, eles estudam várias espécies simultaneamente para que possam observar as diferenças lado a lado, com uma comparação e um quadro de referência para os dados que estão coletando. Algumas descobertas bastante inovadoras foram estabelecidas através desta prática, mais notavelmente que animais e humanos se decompõem de forma diferente.

Um estudo observou que os animais, especialmente os porcos, apodrecem mais rapidamente quando as larvas e os insetos atacam em uma grande escala; os insetos consomem porcos mais rápido que as pessoas. Isso é de um peso enorme em casos judiciais em todo o mundo, já que os pesquisadores e aqueles que testemunham em julgamentos de assassinatos, frequentemente fazem referência a estudos de decomposição animal em seus depoimentos. E se alguém fosse injustamente condenado por testemunho desses?

Tradução/Adaptação:rusmea.com& Mateus Fornazari

Fontes (Acessadas em 29/06/2018):
- Documentário Maravilhas Modernas: Lixo Biológico
- ListVerse: 10 Creepy Facts About Body Farms, The Graveyards Of Science
MEgaCurioso: CONHEÇA OS MISTÉRIOS E OS SEGREDOS DA MAIOR FAZENDA DE CORPOS DO MUNDO
- FARF Universidade do Texas
- Stuff World: Corpses to be exposed to the elements at Australia's first body farm
- METRO: Britain’s first body farm is looking for volunteer corpses
- The Telegraph: Britain's first 'body farm': Police will solve murders by leaving dead volunteers to decompose in a field
- Forensicmag: Netherlands Starting Taphonomic Cemetery – First ‘Body Farm’ in Europe
- Daily Mail: 'There is flesh, facial features, fluid and flies, so many flies': How decomposing corpses inside Australia's first 'body farm' are kept in wire cages to help crack murder cases
- Mirror: Corpses left to rot on a farm in the name of science - and it's coming to the UK
- Folha de São Paulo: Fazenda de corpos

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