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Túmulo que Chora? Moradores Alegam que "Água Milagrosa" Verte do Túmulo de um "Benzedor" no Cemitério de Sarapuí/SP!

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Por Marco Faustino

Em março do ano passado, fiz um matéria sobre uma situação que estava supostamente acontecendo há quase um século, no município de Santa Leopoldina, no Espírito Santo, onde o túmulo de uma garotinha de pouco mais de 4 meses de idade, que teria morrido afogada em janeiro de 1923, tinha se tornado uma espécie de "atração" considerada "milagrosa" da cidade. O motivo? Bem, a garotinha em questão, de nome Maria Gilda, teria nascido em 4 de setembro de 1922, e morreu menos de 5 meses depois, no dia 19 de janeiro de 1923. Sua avó, Maria Zelinda Avancini, ao buscar uma toalha, teria deixado a criança sozinha em uma bacia, e quando voltou Maria Gilda já estava morta. Maria Gilda fazia parte de uma das famílias mais tradicionais da cidade, os Reinsen. Segundo o livro "O Município de Santa Leopoldina", do escritor Francisco Schwarz, Maria Zelinda teria sido a mulher mais caridosa que o município já teve, e o sepultamento de Maria Gilda foi um dos enterros mais comoventes, e que mais movimentaram a população da cidade. Reza a lenda, que a mãe da garotinha, no dia do seu sepultamento levou a bacia com água onde a filha tinha morrido e, após descer o seu caixão, ela teria jogado a água sobre o mesmo dizendo: "Já que você levou a minha filha, agora minha filha vai levar você". Desde então, passou a ser contado, que sempre há a presença de água na sepultura da menina. Algumas pessoas acreditam que a água seja milagrosa, que cure doenças, muito embora as autoridades não recomendem o consumo da água, até mesmo em razão de produtos químicos jogados por agentes de saúde para evitar a proliferação de mosquitos. Complicado, não é mesmo, mas vale a pena conferir a matéria, que foi bem curtinha (leia mais: Túmulo de Criança que Morreu Afogada "Enche de Água" Há 94 anos e Moradores Acreditam que é Milagrosa, em Santa Leopoldina/ES!).

Agora, eis que me deparei, sem querer, com um caso que foi bem comentado há cerca de cinco anos, em 2013, sobre um "túmulo que chora", no Cemitério Municipal de Sarapuí, uma cidade no interior do Estado de São Paulo, onde estaria enterrado um antigo "benzedor" da cidade. O túmulo verteria água, considerada milagrosas por moradores locais, sendo que o "fenômeno", ao menos até aquele momento já estava acontecendo há 7 anos, ou seja, desde 2005/2006. Contudo, ao assistir um vídeo realizado no ano passado, percebi que a água do referido túmulo continuava vertendo do mesmo, ou seja, o tal "fenômeno" estaria acontecendo há cerca de, pelo menos, 12 anos. Evidentemente, isso me chamou a atenção, razão pela qual resolvi trazer esse assunto ao conhecimento de vocês. E, para completar, acabei encontrando uma recente atualização de toda essa história. Será que a água é realmente milagrosa? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Um Pouco Sobre a Cidade de Sarapuí, no Interior do Estado de São Paulo


Sarapuí é um município do Estado de São Paulo, localizado na região metropolitana de Sorocoba, e que fica a aproximadamente 160 km a oeste da capital paulista (cerca de 3h de carro). Segundo dados do IBGE, a cidade tem uma população estimada de 10.034 habitantes, de maioria católica (83%), sendo que 64,6% das casas possuem esgotamento sanitário adequado, ao menos em relação aos dados coletados no ano em 2010, é claro. Ainda segundo o IBGE, em 2015, 20,9% da população exercia alguma atividade formal, sendo que salário médio mensal era de 1,9 salários mínimos (32,8% da população tinha um rendimento mensal per capita de meio salário mínimo, em 2010).



Foto mostrando a Igreja Nossa Senhora das Dores (Igreja Matriz) de Sarapuí/SP
As primeiras incursões na região aconteceram no século XVIII, através das diversas trilhas de tropas de muares que, das regiões sulinas, alcançaram as feiras de Sorocaba. Diversos núcleos foram surgindo com pequenas roças cultivadas para subsistência. Em um desse "pousos", conhecido por "Fazendinha", no território de Itapetininga, foi estabelecido um pequeno centro de abastecimento dos tropeiros e consequente aglomerado de povoadores, que construíram uma capela dedicada à Nossa Senhora das Dores, em 1832, em terrenos doados pelo Capitão Luiz Vieira, proprietário de extensa área na região.Inicialmente dedicados à pecuária, os proprietários locais passaram a se dedicar à cultura de diversos produtos, principalmente algodão, consumido em larga escala em Sorocaba onde se iniciava a indústria têxtil.

As lavouras exigiram um grande número de mão-de-obra, aumentando a comunidade. Esse período, de maior progresso da povoação possibilitou a criação do Distrito de Paz, em 1844, elevado a Município em 1872, com o nome de Sarapuí, de origem indígena "çarapó-y", que significa rio dos sarapós, espécie de peixes escorregadios de água doce. Contudo a implantação da Estrada de Ferro Sorocabana, longe do núcleo urbano, provocou um êxodo de sua população que procurou as frentes de desbravamento abertas pela ferrovia. O declínio econômico levou, em 1934, a redução de Sarapuí à condição de Distrito, restaurado quatro anos depois.

Foto da edificação onde abriga a Delegacia de Polícia de Sarapuí/SP
O site da prefeitura de Sarapuí, infelizmente, não fornece maiores detalhes históricos ou econômicos do município. Em um artigo da Wikipédia, que carece totalmente de fontes, é mencionado que Sarapuí seria considerada a "capital da melancia", em razão do clima e do solo propícios ao cultivo da fruta, e não muito mais do que isso. Enfim, agora que vocês conhecem um pouco mais do lugar onde a estranha situação vem acontecendo, vamos a mesma.

A Reportagem Exibida pelo Programa "Balanço Geral", da Record TV, em Julho de 2013, Sobre o "Túmulo que Chora"


Para tentar entender um pouco melhor essa história, é interessante assistir uma reportagem realizada pelo programa "Balanço Geral", da Record TV, em meados de julho de 2013 que, naquela época, ainda era apresentado pelo jornalista Geraldo Luís. A reportagem é muito longa e cansativa, porém irei resumi-la para vocês.

Inicialmente, o apresentador Geraldo Luís mencionou, que havia água "jorrando" do túmulo de Sarapuí. Então, fomos apresentados a repórter Lorena Coutinho, responsável pela reportagem, que tinha ido conferir de perto toda aquela situação. Em conversa com algumas senhoras, próximo a uma banca de jornal, a repórter perguntou se já tinham ouvido falar de um túmulo, que "escorria lágrimas". A resposta? Não, nunca. Essa primeira parte é muito curiosa, porque em uma cidade pequena, geralmente a notícia sobre algo rapidamente se propaga, mas nenhuma das três mulheres sabia sobre o que a repórter estava falando.

Em conversa com algumas senhoras, próximo a uma banca de jornal, a repórter perguntou se já tinham ouvido falar de um túmulo, que "escorria lágrimas". A resposta? Não, nunca. Essa primeira parte é muito curiosa, porque em uma cidade pequena, geralmente a notícia sobre algo rapidamente se propaga, mas nenhuma das três mulheres sabia sobre o que a repórter estava falando.
Posteriormente, em conversa com uma outra senhora, a mesma também disse que nunca tinha ouvido falar. É possível ver que, por diversas vezes, a repórter aparentemente tenta induzir as pessoas a responder o que ela quer, ou seja, que somente o fato de ouvir falar sobre essa história seria de "arrepiar".

Posteriormente, em conversa com uma outra senhora, a mesma também disse que nunca tinha ouvido falar.
Somente três outras mulheres, aparentemente responsáveis pelo serviço de varredura pública, responderam que já teriam ouvido falar sobre o assunto. Uma delas disse, que não tinha visto pessoalmente, porém a outra teria ouvido de uma senhora, no cemitério, que o tal túmulo "chorava". Já a terceira mulher confirmou que saía água do túmulo ao ponto de formar uma poça.

Somente três outras mulheres, aparentemente responsáveis pelo serviço de varredura pública, responderam que já teriam ouvido falar sobre o assunto. Uma delas disse, que não tinha visto pessoalmente...
...porém a outra teria ouvido de uma senhora, no cemitério, que o tal túmulo "chorava".
Já a terceira mulher confirmou que saía água do túmulo ao ponto de formar uma poça.
Em seguida, um funcionário da delegacia da cidade chamado Sandro disse, que a pessoa enterrada no túmulo que "chorava" era um tio de sua mãe chamado "Pedro Pirico", mas que ele não tinha certeza. Disse apenas que algumas pessoas tomavam ou passavam a água no corpo na esperança de curar enfermidades, porém ele nunca fez questão de se aprofundar no assunto. Ele disse que a história tinha causado um certo rebuliço três anos atrás, e depois acalmou, ou seja, ninguém mais teria tocado no assunto, até aquele dia. Na época, ou seja, três anos antes, as pessoas acreditavam que a água estava saindo devido alguma infiltração durante o período de chuva.

Em seguida, um funcionário da delegacia da cidade chamado Sandro disse, que a pessoa enterrada no túmulo que "chorava" era um tio de sua mãe chamado "Pedro Pirico", mas que ele não tinha certeza. Disse apenas que algumas pessoas tomavam ou passavam a água no corpo na esperança de curar enfermidades, porém ele nunca fez questão de se aprofundar no assunto.
Após uma longa interrupção para falar de um outro caso sobre um "túmulo gelado" em outra cidade, Lorena voltou a falar sobre o caso de Sarapuí. Para tentar ajudar a "desvendar o mistério" a repórter mencionou que contaria com a ajuda de um morador local chamado Rogério, que teria visto o túmulo vertendo água. É justamente esse um dos pontos mais interessantes da reportagem. Palavras de Rogério: "até a Sabesp, sei lá quem que foi lá e fez uma análise, e disse que a água é natural". Ele também disse que a água era cíclica, ou seja, as pessoas coletavam a água até esgotar, e depois de um tempo (não foi mencionado quanto tempo), voltava a verter água novamente.

Para tentar ajudar a "desvendar o mistério" a repórter mencionou que contaria com a ajuda de um morador local chamado Rogério, que teria visto o túmulo vertendo água.
Em seguida, Lorena e Rogério vão até o Cemitério Municipal de Sarapuí, que fica bem próximo da praça central da cidade. Durante o caminho, Lorena disse que nada era seria mostrado se fosse mentira, ou seja, que o programa prezaria pela veracidade do que apresentava. Então, ela foi recepcionada pelo Ezequias (o mesmo que foi citado na notícia do G1), que trabalhava no setor administrativo do cemitério.

Essa é uma segunda parte interessante, porque aparentemente foi o Rogério que entrou em contato com o Balanço Geral, porém o assessor do prefeito já sabia da ida ou presença da equipe de reportagem na cidade, e enviou o Ezequias para ficar de prontidão na porta do cemitério. Segundo Lorena, as coisas "corriam rápido na cidade". Essa é uma contradição interessante, visto que muitos moradores não sabiam da existência do caso relacionado ao "túmulo que chorava".

Durante o caminho, Lorena disse que nada era seria mostrado se fosse mentira, ou seja, que o programa prezaria pela veracidade do que apresentava. Então, ela foi recepcionada pelo Ezequias (o mesmo que foi citado na notícia do G1), que trabalhava no setor administrativo do cemitério.
Ezequias disse que tudo teria começado há 7 anos (em relação ao ano de 2013). Ele também disse que, mesmo sem chover, em um período de estiagem, vertia água do túmulo. Ele alegou que o túmulo já teria sido aberto, e retiraram mais de 100 litros de água, em uma certa época (não disse quando isso aconteceu). Posteriormente, o túmulo foi fechado, e voltou a verter água.

Nesse ponto já havia transcorrido cerca de 20 minutos de reportagem, e a repórter insistia em perguntar se o túmulo "lacrimejava" ou "chorava", porém ninguém entendia exatamente do que ela estava falando. Ezequias também disse, que muitas pessoas pegavam a água para tomar ou passar na pele.

Ezequias disse que tudo teria começado há 7 anos (em relação ao ano de 2013). Ele também disse que, mesmo sem chover, em um período de estiagem, vertia água do túmulo. Ele alegou que o túmulo já teria sido aberto, e retiraram mais de 100 litros de água, em uma certa época (não disse quando isso aconteceu). Posteriormente, o túmulo foi fechado, e voltou a verter água.
Finalmente, Lorena, Rogério e Ezequias foram até o túmulo. Lorena parou para entrevistar uma senhora de 61 anos, que estava visitando o túmulo de uma amiga, interrompendo a oração, e perguntou se a mesma já tinha ouvido falar sobre um túmulo que chorava no cemitério. A resposta? Não, nunca, e sequer tinha ouvido falar de uma história como essa.

Posteriormente, a mesma senhora acompanhou a equipe de reportagem e constatou mesmo que era água líquida. Já uma outra senhora, que também estava visitando o cemitério, alegou que já tinha visto, e que a situação era inexplicável.

Finalmente, Lorena, Rogério e Ezequias foram até o túmulo.
Lorena parou para entrevistar uma senhora de 61 anos, que estava visitando o túmulo de uma amiga, interrompendo a oração, e perguntou se a mesma já tinha ouvido falar sobre um túmulo que chorava no cemitério. A resposta? Não, nunca, e sequer tinha ouvido falar de uma história como essa.
Posteriormente, a mesma senhora acompanhou a equipe de reportagem e constatou mesmo que era água líquida.
Já uma outra senhora, que também estava visitando o cemitério, alegou que já tinha visto, e que a situação era inexplicável.
Então, a reportagem é interrompida, e a imagem volta para o estúdio, onde Geraldo Luís apresentou um frasco de vidro contendo água, supostamente do túmulo de Sarapuí. Muitos, através das redes sociais, teriam passado a desafiar o apresentador a beber a tal água. Em uma aparente conversa com o diretor do programa, chamado Virgílio, Geraldo perguntou qual era o laudo da Sabesp em relação a água. Segundo o Virgílio, a Sabesp teria mencionado, que não haveria nenhum cano ou nascente embaixo do túmulo. Além disso, a água seria limpa, completamente pura.

Após longo minutos, Geraldo abriu o frasco para "cheirar a água". De acordo com Geraldo, ao contrário do que muita gente fala, que água não tem cheiro, água teria cheiro sim. Em seguida, ele afirmou, que água tinha cheiro e sabor. Em relação aquela contida no frasco, no entanto, ele não emitiu nenhuma opinião.

Em uma aparente conversa com o diretor do programa, chamado Virgílio, Geraldo perguntou qual era o laudo da Sabesp em relação a água. Segundo o Virgílio, a Sabesp teria mencionado, que não haveria nenhum cano ou nascente embaixo do túmulo. Além disso, a água seria limpa, completamente pura.
Após longo minutos, Geraldo abriu o frasco para "cheirar a água". De acordo com Geraldo, ao contrário do que muita gente fala, que água não tem cheiro, água teria cheiro sim. Em seguida, ele afirmou, que água tinha cheiro e sabor. Em relação aquela contida no frasco, no entanto, ele não emitiu nenhuma opinião.
Ao retornar para a reportagem, Lorena mencionou que a pessoa enterrada no local tinha o poder de curar outras pessoas e, por isso, a água estaria "jorrando" do túmulo. Já Rogério apontou, novamente, que muitas pessoas passavam a água em seus corpos e, segundo essas pessoas, se curavam do problema que tinham. Lorena também entrevistou um coveiro do cemitério, que não teve seu nome divulgado. Ele alegou que trabalhava há 10 anos no cemitério. Segundo o coveiro, certa vez um pedreiro foi abrir a parte superior do túmulo, e teria visto que havia muita água acumulada. Ele também disse, que a água viria debaixo do contrapiso do túmulo.

Ao retornar para a reportagem, Lorena mencionou que a pessoa enterrada no local tinha o poder de curar outras pessoas e, por isso, a água estaria "jorrando" do túmulo. Já Rogério apontou, novamente, que muitas pessoas passavam a água em seus corpos e, segundo essas pessoas, se curavam do problema que tinham.
Lorena também entrevistou um coveiro do cemitério, que não teve seu nome divulgado. Ele alegou que trabalhava há 10 anos no cemitério. Segundo o coveiro, certa vez um pedreiro foi abrir a parte superior do túmulo, e teria visto que havia muita água acumulada. Ele também disse, que a água viria debaixo do contrapiso do túmulo.
Lorena colocou diversas vezes a mão na terra misturada com água, para mostrar que a mesma chegava a formar um poça, e chegou a dizer que era água de verdade, que sequer possuía lodo. O coveiro alegou que não havia encanamento ou nascente de água no lugar, e que o responsável pela empresa de saneamento básico já teria ido ao local. Porém, essa parte é muito confusa, porque o homem era visivelmente tímido e falava muito baixo. A repórter praticamente respondia por ele no microfone.

Ao ser questionado sobre a conclusão do tal responsável, o coveiro simplesmente disse: "É um mistério, né...". Aliás, havia até mesmo uma mangueira, de alguns centímetros de comprimento, ao lado do túmulo, para facilitar a retirada da água por parte de populares.

Lorena colocou diversas vezes a mão na terra misturada com água, para mostrar que a mesma chegava a formar um poça, e chegou a dizer que era água de verdade, que sequer possuía lodo.
Aliás, havia até mesmo uma mangueira, de alguns centímetros de comprimento, ao lado do túmulo,
para facilitar a retirada da água por parte de populares.
Enfim, a reportagem terminou, e o Geraldo Luís, no estúdio, disse que a água passaria por análise para saber o que existia na mesma. Ele ainda fez menção de que poderia tomar a água, mas, ao final, ele não tomou uma gota sequer. A própria produção recomendou o apresentador a não tomar a água.

Enfim, a reportagem terminou, e o Geraldo Luís, no estúdio, disse que a água passaria por análise para saber o que existia na mesma. Ele ainda fez menção de que poderia tomar a água, mas, ao final, ele não tomou uma gota sequer. A própria produção recomendou o apresentador a não tomar a água.
Entretanto, não pensem que o Balanço Geral iria parar por aí, porque eles resolveram exibir mais uma reportagem sobre esse assunto.

A Segunda Reportagem Exibida Pelo Balanço Geral Sobre o "Túmulo que Chora" de Sarapuí


Cerca de algumas semanas depois, no início de agosto daquele mesmo ano, a repórter Lorena Coutinho voltou ao Cemitério Municipal de Sarapuí. O motivo? Coletar uma amostra de água. Essa é uma parte curiosa, porque se já havia água do túmulo naquele frasco, qual seria a necessidade de voltar? Nesse ponto, muitas pessoas provavelmente apontariam a necessidade de ter um frasco estéril e livre de possíveis contaminantes, que interferissem na amostra. Porém, para ser bem sincero, muito provavelmente o frasco do apresentador continha apenas água comum. Não irei me alongar muito nessa nova reportagem, apenas comentarei as partes mais relevantes, combinado?

Cerca de algumas semanas depois, no início de agosto daquele mesmo ano, a repórter Lorena Coutinho voltou ao Cemitério Municipal de Sarapuí. O motivo? Coletar uma amostra de água. Essa é uma parte curiosa, porque se já havia água do túmulo naquele frasco, qual seria a necessidade de voltar?
Posto isso, dessa vez muitas pessoas na cidade finalmente sabiam sobre o caso, graças a repercussão da reportagem do Balanço Geral, é claro. Ao longo da reportagem, Lorena chegou a entrevistar uma senhora chamada Clarice, proprietária de um bar da cidade, que mencionou ter conversado com os netos do tal Pedro, o homem que teria sido enterrado no local, no Dia de Finados do ano anterior (2012). Segundo ela, os netos não sabiam explicar o "fenômeno", ou seja, que tudo seria um completo mistério. Ela também informou que Pedro teria sido enterrado diretamente na terra, sendo que teriam construído um túmulo acima de onde ele estaria enterrado, para abrigar o corpo de outra pessoa. O espaço nunca teria sido usado, porque acumulava água.

Ao longo da reportagem, Lorena chegou a entrevistar uma senhora chamada Clarice, proprietária de um bar da cidade, que mencionou ter conversado com os netos do tal Pedro, o homem que teria sido enterrado no local, no Dia de Finados do ano anterior (2012).
Clarice disse que tinha coragem de beber a água, e assim o fez diante das câmeras. Porém, é muito difícil saber se aquela era mesmo a água do túmulo. Provavelmente, não.

Posteriormente, ela disse que tinha coragem de beber a água, e assim o fez diante das câmeras. Porém, é muito difícil saber se aquela era mesmo a água do túmulo. Provavelmente, não.
Assim sendo, que a equipe de reportagem resolveu ir atrás da família do Pedro, que estaria enterrado naquele local, e que morava a cerca de 10 minutos do centro (aproximadamente 15 km), em uma espécie de distrito da cidade. Na casa da família, a repórter conversou com uma senhora chamada Maria, ex-esposa do Pedro. Ela disse que a água teria começado a verter da carneira (o túmulo), cerca de 3 a 4 semanas após a sua construção (um claro sinal que algo acabou sendo remexido debaixo da terra), porém não sabia informar há quanto tempo isso acontecia.

Na casa da família, a repórter conversou com uma senhora chamada Maria, ex-esposa do Pedro. Ela disse que a água teria começado a verter da carneira (o túmulo), cerca de 3 a 4 meses após a sua construção, porém não sabia informar há quanto tempo isso acontecia.
Então, Lorena entrevistou uma outra senhora chamada Teresa, filha da Maria, e consequentemente de Pedro. Segundo Teresa, a família sempre teria visto água vertendo do túmulo, mas nunca se importaram com isso. Somente após 3 anos, que eles teriam resolvido abrir e verificaram que havia água. Aparentemente, a família teria retirado a água, esperado secar, fechado, e posteriormente, teria começado a minar água de uma outra parte do túmulo.

A administração do cemitério teria oferecido outro local, mas a família não quis aceitar. Teresa também confirmou que a própria família criou o buraco no túmulo para ver se continuaria saindo água, algo que continuou acontecendo. Contudo, é muito importante notar, que a água teria voltado a minar somente após alguns dias, cerca de 8 dias, segundo Teresa, ou seja, denota ser um processo lento.

Então, Lorena entrevistou uma outra senhora chamada Teresa, filha da Maria, e consequentemente de Pedro. Segundo Teresa, a família sempre teria visto água vertendo do túmulo, mas nunca se importaram com isso. Somente após 3 anos, que eles teriam resolvido abrir e verificaram que havia água.
Aliás, é interessante notar que Maria confirmou, que o marido era uma pessoa muito boa, caridoso, e que costumava ajudar as pessoas e, inclusive curar criações (provavelmente de animais). Maria, no entanto, não citou que o marido curava pessoas.

Aliás, é interessante notar que Maria confirmou, que o marido era uma pessoa muito boa, caridoso, e que costumava ajudar as pessoas e, inclusive curar criações (provavelmente de animais). Maria, no entanto, não citou que o marido curava pessoas.
Seguindo com a matéria, Lorena entrevistou uma moradora local, que disse ter chegado a conhecer o Pedro em vida. Ela também disse, que ele era uma pessoa muito boa, porém, curiosamente, disse que nunca conversou com ele. Também foi mencionado, que Pedro havia sido enterrado no ano 2000, porém segundo a moradora, somente após seis anos a morte de Pedro, é que a água teria começado a minar "misteriosamente".

Seguindo com a matéria, Lorena entrevistou uma moradora local, que disse ter chegado a conhecer o Pedro em vida. Ela também disse, que ele era uma pessoa muito boa, porém, curiosamente, disse que nunca conversou com ele.
Em seguida, a própria repórter resolveu provar um pouco da água, molhando a ponta do dedo e colocando na boca. No estúdio, Geraldo Luís exaltava a repórter dizendo: "Grande repórter, grande repórter". Lorena constatou que a água não era salgada, assim como uma lágrima, e que isso era mais do psicológico das pessoas. Aliás, ela foi bem além, e disse que parecia ser uma água natural e filtrada, como se saísse do filtro que as pessoas tinham em casa.
 
Em seguida, a própria repórter resolveu provar um pouco da água, molhando a ponta do dedo e colocando na boca. No estúdio, Geraldo Luís exaltava a repórter dizendo: "Grande repórter, grande repórter". Lorena constatou que a água não era salgada, assim como uma lágrima, e que isso era mais do psicológico das pessoas. Aliás, ela foi bem além, e disse que parecia ser uma água natural e filtrada, como se saísse do filtro que as pessoas tinham em casa.
Em seguida, um "técnico de análises clínicas" de um laboratório, cujo nome não foi mencionado, compareceu no cemitério para coletar uma amostra da água. Já no laboratório, Lorena disse que a análise "detalhada" ficaria pronta em apenas 5 dias.

Em seguida, um "técnico de análises clínicas" de um laboratório, cujo nome não foi mencionado,
compareceu no cemitério para coletar uma amostra da água.
Talvez o ponto mais interessante da reportagem seja realmente o final, uma vez que Lorena comentou que, a princípio, a água parecia bem limpa e cristalina, porém ao colocar uma quantidade maior em um pote, a mesma se apresentou turva, ou seja, que somente isso já seria motivo de desconfiança (isso também denota que a água contida no frasco do apresentador Geraldo Luís não era do túmulo).

Em conversa com uma biomédica do laboratório chamada Rita, a mesma informou que, para a água ser considerada potável, precisava seguir uma série de características exigidas pela legislação brasileira. Entre essas características estava o fato da água ser incolor, e não poderia ter qualquer tipo de material em suspensão. E sim, a água tinha material em suspensão. Segundo a biomédica, somente por esse fato, a água seria considerada inadequada para o consumo.

Em conversa com uma biomédica do laboratório chamada Rita, a mesma informou que, para a água ser considerada potável, precisava seguir uma série de características exigidas pela legislação brasileira. Entre essas características estava o fato da água ser incolor, e não poderia ter qualquer tipo de material em suspensão. E sim, a água tinha material em suspensão. Segundo a biomédica, somente por esse fato, a água seria considerada inadequada para o consumo.
Ao final do programa, no estúdio, o diretor informou ao Geraldo Luís, que a análise ficaria pronta em 10 dias, e que a Lorena voltaria no laboratório no dia 12 de agosto daquele ano. Esse retorno, no entanto, aparentemente, nunca aconteceu. Não encontrei nenhuma matéria ou vídeo do Balanço Geral mostrando o resultado da análise. Isso quer dizer que nunca houve resultado algum? Não. Isso quer dizer apenas que não encontrei nada nesse sentido publicamente na internet, visto que o resultado poderia ter sido mencionado em alguma outra edição.

Por outro lado, devido a gravidade e seriedade do assunto, o mesmo deveria ter sido publicado de forma ostensiva na internet, assim como essas duas reportagens foram. Afinal de contas, visualmente a água já seria imprópria para consumo humano e, presumivelmente, deveria haver inúmeros microrganismos e bactérias.

Ao final do programa, no estúdio, o diretor informou ao Geraldo Luís, que a análise ficaria pronta em 10 dias, e que a Lorena voltaria no laboratório no dia 12 de agosto daquele ano. Esse retorno, no entanto, aparentemente, nunca aconteceu. Não encontrei nenhuma matéria ou vídeo do Balanço Geral mostrando o resultado da análise.
De qualquer forma, a Record TV não foi o único veículo de comunicação a cobrir essa história.

A Notícia Publicada Pelo Portal G1, em Setembro de 2013


Uma outra notícia sobre esse assunto foi publicada pelo Portal G1, em 13 de setembro de 2013.  Na notícia foi mencionado que, no Cemitério Municipal de Sarapuí, o túmulo onde estava enterrado um antigo benzedor da cidade havia se tornado uma espécie de "atração". Isso porque a sepultura vertia água, e o líquido de origem misteriosa atraía pessoas de toda a região. Segundo a notícia, o tal "fenômeno" já ocorria há mais de sete anos. Aliás, o local tinha sido apelidado pelos visitantes de "túmulo que chora" (razão pela qual adotei essa expressão no título desta matéria).

Segundo a notícia, o tal "fenômeno" já ocorria há mais de sete anos. Aliás, o local tinha sido apelidado pelos visitantes de "túmulo que chora" (razão pela qual adotei essa expressão no título desta matéria).
O cemitério teria aproximadamente três mil jazigos, sendo o único da cidade (ao menos até a data da publicação da notícia). No local estariam enterradas personalidades, que fizeram história e contribuíram para o desenvolvimento da cidade. O tal benzedor, chamado Pedro Manoel dos Santos, teria morrido no ano 2000, sendo uma dessas personalidades. Seus restos mortais ocupariam o famoso túmulo. Segundo o fiscal do cemitério, Ezequias Martins, após cinco anos do falecimento de Santos, ou seja, em 2005, o túmulo começou a verter a água misteriosamente. Para verificar o que estava acontecendo, o túmulo foi aberto e, segundo testemunhas, cujos nomes não foram mencionados, foram retirados quase 100 litros de água. O túmulo teria ficado aberto durante 12 dias até toda a água secar. Depois de alguns dias, o mesmo teria sido fechado novamente, porém a água voltou a aparecer.

De acordo com o G1, a companhia de saneamento básico que atende a cidade, a Sabesp, esteve no local para verificar se havia alguma fonte de água ou encanamento, mas nada foi constatado. Para a água não acumular no interior da sepultura, foi aberto um pequeno furo para o escoamento da água. Já de acordo com os visitantes do túmulo, Pedro Santos era um homem bom e prestativo. Para fazer o benzimento dos devotos, usava somente água. A partir do início do vazamento na sepultura, muitas pessoas começaram a visitar o local levando flores, acendendo velas e fazendo pedidos em um ato de fé. Os visitantes acreditam que a água, que escorre do túmulo, é uma água que cura e um sinal referente ao benzedor. Dificilmente, seria possível ver a água escorrendo pelo furo do túmulo. Para retirar a água é necessário utilizar uma mangueira que é colocada no orifício. De acordo com o fiscal, a visitação estava cada vez mais frequente, por isso, a água não se acumula ao ponto de vazar pelo buraco.

Foi feito uma espécie de furo para que a água acumulada no interior do túmulo pudesse escoar. Para retirar a água é necessário utilizar uma mangueira que é colocada no orifício. De acordo com o fiscal, a visitação estava cada vez mais frequente, por isso, a água não se acúmula ao ponto de vazar pelo buraco.
Curiosamente, o G1 teria estado por três vezes no local para tentar flagrar o escoamento de água sem a intervenção da mangueira. No dia anterior a publicação da notícia (12), teria sido possível observar umidade em um espaço ao lado do furo. Já com a mangueira, o fiscal teria conseguido sugar uma pequena quantidade de água, que foi colocada em um copo.

Ainda segundo Martins, ele teria começado a fazer uma lista dos visitantes em um livro. O fiscal afirmou, que já registrou a presença de pessoas de diversas cidades, entre elas, Itapetininga, São Paulo, São Caetano do Sul, Salto de Pirapora, Embu das Artes, Alambari, Pilar do Sul (SP), Votorantim, Tatuí, Sorocaba, São Bernardo do Campo, Araçoiaba da Serra, todas no Estado de São Paulo, além de Maringá, no Paraná.

Curiosamente, o G1 teria estado por três vezes no local para tentar flagrar o escoamento de água sem a intervenção da mangueira. No dia anterior a publicação da notícia (12), teria sido possível observar umidade em um espaço ao lado do furo. Já com a mangueira, o fiscal teria conseguido sugar uma pequena quantidade de água, que foi colocada em um copo.
Um aposentado chamado José Teixeira, morador da cidade paulista de Alambari, resolveu ir até o município vizinho para conhecer a sepultura. Ele ficou impressionado.

"Para acreditar que isso realmente acontecia, tive que vir até Sarapuí para conhecer o túmulo", disse, na época, José Teixeira.

Para a dona de casa Benedita Aparecida Costa, a água fazia milagres. Ela sempre visitava o túmulo e pedia a cura para uma enfermidade nos olhos. Porém, nem todos acreditavam nessa história. Para a moradora Terezinha do Carmo Santos, tudo poderia ser apenas um vazamento, e que ainda não tinham encontrado o problema.

"A cura da água está no psicológico das pessoas e isso leva acreditar que a água traz algum benefício. Isso não passa de uma coincidência", disse Terezinha.

Para a moradora Terezinha do Carmo Santos, tudo poderia ser apenas um vazamento,
e que ainda não tinham encontrado o problema.
Segundo o então pároco da cidade, padre André Luiz Garcia, a água que vertia era um mistério, mas fisicamente ele acreditava, que o fenômeno podia ser uma transpiração do túmulo, que variava de acordo com o clima. Ainda segundo Garcia, a visita diária no túmulo dependia da fé de cada um.

"Não é a água que cura, mas sim a fé que a pessoa deposita naquela água, acreditando que ela pode ser curada da enfermidade", disse o padre.

Uma equipe da Vigilância Sanitária esteve reunida com profissionais e responsáveis pela saúde pública. Uma amostra da água seria levada para o Instituto Adolfo Lutz, em Sorocaba, para análise. O local também seria interditado até que fosse conhecida a origem. A Vigilância Sanitária alertou, no entanto, que as pessoas não deviam consumir a água, uma vez que o solo do cemitério era um ambiente de possível contaminação.

Uma equipe da Vigilância Sanitária esteve reunida com profissionais e responsáveis pela saúde pública. Uma amostra da água seria levada para o Instituto Adolfo Lutz, em Sorocaba, para análise. A imagem acima reflete a sede do Instituto Adolfo Lutz em São Paulo.
Já a família do benzedor Pedro Manoel dos Santos não quis se manifestar sobre o assunto. De qualquer forma, não houve nenhuma atualização do G1 em relação a análise do Instituto Adolfo Lutz.

A Obsolência Programada da Informação e as Informações que Não Foram Mencionadas nas Reportagens Anteriores


Costumo dizer que existe algo, que chamo de "obsolência programada da informação", ou seja, uma vez que a "janela de lucratividade" com uma determinada notícia tenha passado, há uma estranha "perda de interesse" por parte de inúmeros veículos de comunicação de continuar cobrindo um determinado assunto. Provavelmente, você já percebeu isso, quando um assunto é muito comentado, por 2 a 7 dias e, posteriormente, cai no completo esquecimento.

Nesse caso do "túmulo que chora" de Sarapuí, nunca soubemos, efetivamente até hoje, o resultado das tais análises mencionadas pelo Balanço Geral/SP e Portal G1. Assim sendo, entrei em contato com a assessoria de imprensa da Sabesp para confirmar o que foi mencionado nesse caso, uma vez que o acesso ao túmulo continua sendo livre. Também entrei em contato com o Instituto Adolfo Lutz, em Sorocaba, para pedir maiores informações.

Assim sendo, entrei em contato com a assessoria de imprensa da Sabesp para confirmar o que foi mencionado nesse caso, uma vez que o acesso ao túmulo continua sendo livre.
Em nota oficial, a Sabesp nos informou que: "A Sabesp não tem rede de água passando pelo Cemitério Municipal de Sarapuí. A companhia faz análise apenas da água que produz para abastecimento da população. Em relação ao eventual uso de água não tratada, a empresa recomenda que ela não seja consumida em nenhuma hipótese, já que não há qualquer garantia sobre sua qualidade."

Resumindo? Nunca teria havido análise daquela água por parte da Sabesp, que confirmou apenas que não possui nenhuma rede de água passando por baixo do Cemitério Municipal de Sarapuí. Contudo, não foi mencionado se haveria ou não uma mina d'água naquele ponto. Aparentemente, as informações obtidas pelo Balanço Geral/SP e pelo Portal G1 foram provenientes de terceiros ou moradores locais, que ouviram dizer isso ou aquilo, e não diretamente e oficialmente da Sabesp. Agora, se um funcionário da empresa foi de maneira não oficial até local, disse alguma coisa nesse sentido para o coveiro ou fiscal é outra história. Oficialmente, a posição da Sabesp é apenas da ausência de rede de água pertencente a companhia de saneamento básico. Até o momento do fechamento dessa matéria não recebi qualquer posicionamento do Instituto Adolfo Lutz, de Sorocaba. Porém, caso isso aconteça, manteremos vocês informados, combinado?

Uma possível explicação para o evento "misterioso"é que aquele túmulo é um dos poucos que estão cobertos com aquela estrutura, que por sua vez é oca. Muitos túmulos ao redor do mesmo são descobertos, ou seja, é possível ver a terra, que é constantemente castigada pelo Sol. Na possibilidade da existência de outros pontos, onde a água poderia minar, algo que sabemos ser um processo bem lento, isso não aconteceria simplesmente porque não conseguiria formar umidade devido a exposição ao tempo. Uma vez que o túmulo de Pedro está coberto, a água teria conseguido minar livremente e lentamente naquele local.

Uma possível explicação para o evento "misterioso"é que aquele túmulo é um dos poucos que estão cobertos com aquela estrutura, que por sua vez é oca. Muitos túmulos ao redor do mesmo são descobertos, ou seja, é possível ver a terra, que é constantemente castigada pelo Sol.
Entretanto, é extremamente importante destacar que aquilo se trata de um túmulo. Pedro foi enterrado onde a água costuma minar. A terra de cemitério é uma terra contaminada, e está repleta de bactérias e microrganismos perigosos a saúde humana. E, mesmo assim, o local nunca foi realmente interditado, devidamente selado ou sequer uma placa de alerta foi colocada. É justamente isso, que iremos conferir a seguir.

Os Vídeo Disseminados no YouTube Sobre o "Túmulo que Chora" de Sarapuí


Desde 2013, alguns vídeos foram publicados no YouTube sobre o "túmulo que chora" de Sarapuí. Um deles foi publicado em 20 de julho de 2013, logo após a exibição da primeira reportagem do Balanço Geral/SP. No vídeo é possível ver um senhor chamado "João Batista" no chão, tentando sugar a água de dentro do túmulo com a boca, através de uma mangueira. É possível ver a dificuldade que era para retirar a água do túmulo.

Ainda no vídeo, temos uma pequena entrevista realizada com o Ezequias, o fiscal do cemitério. Ele disse que o Pedro Manuel dos Santos, "curava as pessoas com água, em relação a picada de cobra, e até animais". Curiosamente, temos o relato de uma moradora dizendo que uma outra mulher tinha sofrido um acidente e quebrado o braço, porém os médicos não tiraram o raio-x do ombro, onde teria ocorrido uma inflamação. Somente após um tempo que teriam tirado e raio-x e constatado isso (provavelmente, os médicos também devem ter passado alguma receita de medicamentos contra a inflamação para essa pessoa). Então, desesperada a mulher teria coletado a água do túmulo, passado no ombro e se curado "milagrosamente", e o que valia era a fé. Confira o mesmo logo abaixo, através de um canal de terceiros, no YouTube:



O responsável pela gravação do vídeo chegou a dizer que deveria mostrar isso para os "americanos" para trazer turismo para o Brasil. Já o Ezequias confirmou que Pedro estava enterrado diretamente na terra, ou seja, que a estrutura era oca, e ao ser perguntado se a água era potável, ele concordou com a cabeça, disse que já tinham feito análise, e voltou a dizer que a Sabesp já tinha feito análise (algo que, oficialmente, não ocorreu). Ao final do vídeo, o João Batista (o homem que tenta sugar a água do túmulo), deu a entender que uma pessoa, que teria nascido com deficiência e ficaria apenas acamada, também teria melhorado com o uso da água.

No YouTube, também é possível encontrar um outro vídeo, dessa vez publicado em 16 de agosto do ano passado, quando mais uma pessoa foi conferir de perto essa história. E, mesmo após 4 anos, as pessoas continuavam dizendo que a água era "milagrosa", uma água "santa".



Enfim, conforme vocês puderam perceber, não há qualquer aviso sobre os riscos de consumo daquela água, absolutamente nada, e as pessoas continuaram acreditando que a mesma seria, inclusive potável, devido a uma suposta análise da Sabesp, sendo que ninguém nunca mostrou um único laudo da companhia de saneamento básico, que atende o município ou obteve uma nota oficial da mesma, sendo que na nota que recebemos a Sabesp negou fazer quaisquer análises de águas que não sejam aquelas que utilizam para abastecer a população.

A Recente Reportagem do Programa "Revista de Sábado" da TV TEM


Recentemente, mais precisamente no dia 10 de março deste ano, o programa "Revista de Sábado" da TV Tem, o apresentador do mesmo, chamado Marcos Paiva, foi até o Cemitério Municipal de Sarapuí para conferir de perto toda essa história. Vocês podem conferir a reportagem, que foi publicada em um canal de terceiros, no YouTube:



A reportagem é bem curtinha, tem apenas cerca de 3 minutos, porém é fundamental para sepultar de vez toda essa história sobre a suposta "água milagrosa", e o "túmulo que chora".

Inicialmente, o apresentador Marcos Paiva entrevistou cerca de três senhoras. A primeira, chamada Evanir Pacheco, acreditava que tudo não passava de lenda. A segunda, a Laudiceia, não sabia dizer o que responder. Já a terceira, a Irene, ao ser questionada se ela tomaria a água do túmulo, foi bem categórica em dizer que jamais tomaria, visto que a água era contaminada. Finalmente, alguém disse o óbvio após tantos anos que essa história vem circulando na cidade e na internet.

Já a terceira, a Irene, ao ser questionada se ela tomaria a água do túmulo, foi bem categórica em dizer que jamais tomaria, visto que a água era contaminada. Finalmente, alguém disse o óbvio após tantos anos que essa história vem circulando na cidade e na internet.
Então, fomos apresentados a um rapaz chamado Lucas, que alegou ser guia turístico. Ele contou, de forma bem sorridente que, certa vez, estava com dor de ouvido, então ele pegou a água e colocou em seu ouvido. Durante sua conversa com os turistas, ele notou que a dor havia passado.

Essa parte é interessante e um tanto quanto preocupante. É possível notar claramente, que o túmulo, apesar de possuir água imprópria para consumo humano (o que já seria esperado ao se tratar de um cemitério) havia se tornado uma atração turística da cidade (leia-se como fonte de renda para profissionais e o comércio em geral). Então, a desculpa dele para justificar o que aconteceu seria a fé, ou seja, poderia funcionar ou não dependendo da pessoa.

Então, fomos apresentados a um rapaz chamado Lucas, que alegou ser guia turístico. Ele contou, de forma bem sorridente que, certa vez, estava com dor de ouvido, então ele pegou a água e colocou em seu ouvido. Durante sua conversa com os turistas, ele notou que a dor havia passado. Essa parte é interessante e um tanto quanto preocupante.
Em seguida, o apresentador conversou com o Marques, que trabalhava na Vigilância Sanitária de Sarapuí. O sorridente Marques parecia não se importar com a existência de uma mangueira parcialmente introduzida em um túmulo. Ele disse que o "pessoal" até aquele momento não havia detectado de onde vinha a água, citando que a Sabesp já teria ido ao local e dito que não haveria nenhum vazamento ou nada que passasse pelo local.

Entretanto, dessa vez não foi citada nenhuma análise por parte da Sabesp (o que coincide com a nota oficial), e nem mesmo foi alegado que a companhia teria dito, que não existia uma mina d'água. Evidentemente, a Sabesp não afirmaria ou negaria isso, porque para detectar seria necessário remover os restos mortais do Pedro, e cavar para ver de onde ver a água. Sabe quando isso será feito? Nunca.

Em seguida, o apresentador conversou com o Marques, que trabalhava na Vigilância Sanitária de Sarapuí. O sorridente Marques parecia não se importar com a existência de uma mangueira parcialmente introduzida em um túmulo. Ele disse que o "pessoal" até aquele momento não havia detectado de onde vinha a água, citando que a Sabesp já teria ido ao local e dito que não haveria nenhum vazamento ou nada que passasse pelo local.
Posteriormente, Marques disse que o município de Sarapuí ficava em cima de um aquífero (formação geológica subterrânea que funciona como reservatório de água, sendo alimentado pelas chuvas que se infiltram no subsolo), e poderia realmente existir um "veio" por baixo do túmulo. Então, Marques disse que em 2013 tinha sido feita uma análise da água pelo Instituto Adolfo Lutz. O resultado? Imprópria para consumo humano. E, finalmente, um apresentador de TV disse o que todos deveriam ter dito até hoje: "Não peguem aquela água para beber".

Então, Marques disse que em 2013 tinha sido feita uma análise da água pelo Instituto Adolfo Lutz. O resultado? Imprópria para consumo humano. E, finalmente, um apresentador de TV disse o que todos deveriam ter dito até hoje: "Não peguem aquela água para beber".
Agora, será que essa reportagem vai mudar o comportamento da população? Esse é um assunto para os meus comentários finais!

Comentários Finais


Ontem, quinta-feira (22) foi o Dia Mundial da Água, uma data que foi criada com o objetivo de alertar a população de todos os países do mundo sobre a importância da preservação da água para a sobrevivência de todos os ecossistemas do planeta. Aprendemos desde criança, logo nos primeiros anos de nossas vidas, que a água deve ser inodora (não tem cheiro), incolor (não tem cor), e insípida (não tem sabor). E existe uma razão fundamental para esse ensinamento. Para que as crianças não se deparem com uma fonte de água desconhecida, turva ou de gosto ruim, e tomem deliberadamente, uma vez que a mesma estaria potencialmente contaminada, levando a doenças e possivelmente ao óbito das crianças, causando uma dor infinita no seio de uma família. É um ensinamento básico para que, posteriormente ou eventualmente, essa criança cresça e descubra maiores informações sobre as águas, incluindo as minerais, que podem apresentar uma leve variação de sabor devido a sua composição, além de fontes de águas gaseificadas, ferruginosas, magnesianas, sulfurosas, entre outras. Porém, você não pode ensinar para uma criança que água tem cheiro, cor e sabor como se fosse a coisa mais normal do mundo para sua saúde. Não é. Somente em casos específicos, em locais previamente conhecidos, previamente analisados e comprovadamente potáveis, ou seja, livres de qualquer tipo de contaminação. Quando você apresenta ou realiza uma reportagem para um programa de cunho popularesco, sabidamente concebido para uma determinada faixa socioeconômica, é praticamente criminoso avalizar verbalmente ou textualmente, que a água proveniente do interior de um túmulo seja passível de ser consumida, e usar palavras como "limpa, natural e filtrada". E quando você tenta entender a razão pela qual uma parte da população se comporta de forma tão irracional, nota-se que a culpa não é apenas do governo, independentemente de sua esfera, mas da mídia, que muitas vezes se comporta como instrumento de alienação não somente política, mas cultural. O que acontece em Sarapuí, não é uma "história que o povo conta" ou a "história do grande interior paulista"é um crime contra a saúde pública, que vaza a céu aberto, 24 horas por dia, e ninguém faz absolutamente nada.

Quando a primeira reportagem do Balanço Geral foi exibida, praticamente ninguém na cidade, que é bem pequena, conhecia ou tinha ouvido falar no "túmulo que chorava". Houve uma insistência irritante e descabida por parte da repórter em tentar validar a história a qualquer custo, o tempo inteiro, durante mais de meia hora. Para piorar a situação, em nenhum momento foi mostrado qualquer laudo ou nota oficial emitida pela Sabesp, a companhia de saneamento básico responsável pelo tratamento de água e esgoto da cidade. Resumindo? Toda essa história, inclusive aquela publicada pelo Portal G1, foi inicialmente validada pela palavras de um "fiscal" do cemitério, de olhar "marejado", e de um popular trajando boné e agasalho de um time de futebol e óculos escuros. Esse mesmo "fiscal" apareceu em um outro vídeo, concordando com a cabeça, quando questionado se a água era potável. Obviamente não era, e não precisava ser especialista em análise laboratorial para constatar isso. O simples fato de se tratar de um cemitério, e de estar em contato com uma terra contaminada, já a tornaria não potável. Porém, o que vimos durante a primeira reportagem foi uma grande homenagem a mais pura, cristalina e límpida ignorância humana. Nesse ponto, muitos podem alegar que a água surgiu exatamente abaixo do túmulo de um "benzedor" da cidade. No entanto, na primeira reportagem praticamente ninguém sabia quem era essa pessoa ou quem a mesma foi em vida. Na segunda, surgiram pessoas que o conheciam, mas nunca conversaram ou trocaram apenas algumas palavras com seus netos. Chegaram até mesmo a entrevistar a esposa e a filha do tal "benzedor", sendo que a esposa, muito humilde, disse que ele benzia criações de animais, mas não falou nada sobre pessoas. Aliás, caso vocês não saibam, qualquer pessoa na face da Terra, desde que bem intencionada, pode benzer outra pessoa. Isso não torna ninguém "santo" ou "milagreiro". Outro detalhe é que o "benzimento"é totalmente subjetivo. Uma pessoa pode estar seguindo um tratamento médico contra o câncer, mas por ouvir dizer que a casca do limão do Alto Juquiá de Pirapunhã do Norte (um localidade que acabei de inventar), quando benzidos pela rezadeiras da tribo dos índios Engodus (outro nome que inventei) cura o câncer; tenta comprar o limão a todo custo, pagando o preço que for e, após dois meses consumindo a "casca benzida" acreditar que o mesmo foi o responsável pela cura, como se o tratamento médico não significasse nada.

Sinceramente, a mídia promoveu um verdadeiro desastre desde 2013, que só não foi maior pelo final da segunda reportagem do Balanço Geral. Porém, ainda assim, não encontrei nenhum comentário sobre as análises realizadas supostamente pela Sabesp (algo que sabemos que nunca teria acontecido) e pelo Instituto Adolfo Lutz até março deste ano, através da reportagem da TV TEM. É justamente essa última reportagem que mais me espanta. Não pela mídia que, ao menos dessa vez, cumpriu seu papel de concessão pública, e informou corretamente a população que não deveria consumir aquela água em letras garrafais, mas pelo representante da Vigilância Pública de Sarapuí, que agiu com naturalidade ao lado de uma mangueira usada por populares para extrair água do túmulo. E quando você se pergunta o porquê essas coisas acontecem, a resposta está no comportamento do guia turístico, que alegou ter feito uma demonstração do "poder milagroso" da água para turistas na cidade. Sarapuí é uma cidade pacata do interior, que vem tendo parte de seu cotidiano alimentado por pessoas desesperadas em busca de um milagre em suas vidas, cuja administração, aparentemente, permite que as mesmas consumam uma água não potável, passível de inúmeras contaminações. Em nenhum momento se vê qualquer placa ou aviso para que as pessoas não consumam aquela água. Apesar de placas muitas vezes serem ignoradas pelas pessoas, isso era o mínimo que uma administração decente e responsável poderia fazer, uma vez que não se pode abrir o túmulo, exumar os restos mortas do indivíduo ali enterrado e escavar para descobrir a origem da eventual mina d'água. Aliás, nem mesmo a família se importa. Possivelmente também acredita que seu familiar esteja fazendo o bem, mesmo do "outro lado da vida". É inacreditável ver pessoas sendo exaltadas pelo seu trabalho ao provar a água de um túmulo ou oferecer um copo de água do mesmo para qualquer pessoa. Porém, isso é um reflexo do nosso país, que permite que esses profissionais continuem exercendo e praticando o que acreditam ser jornalismo. Esse é o reflexo distorcido e turvo que uma parte da população tem da realidade que vive. Um país que dão bonecas para meninas que tem seus pés mergulhados em esgoto em favelas ou comunidades esquecidas pelo poder público, bolas para meninos, que brincam próximos a aterros sanitários, e dão água extraída de túmulos para as crianças, adultos e idosos acamados e deficientes beberem como demonstração de fé. Sinceramente, ao me deparar com situações assim, tenho muitas dúvidas se Deus é realmente brasileiro. Por outro lado, tenho a absoluta convicção que vivemos em um verdadeiro Inferno.

Até a próxima, AssombradOs.

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/2013/09/tumulo-que-chora-e-atracao-em-cemiterio-de-sarapui.html
http://recordtv.r7.com/video/teste-pode-revelar-o-misterio-do-tumulo-que-chora-52a909cf596f9994e70123ca/
http://www.sabesp.com.br/calandraweb/toq/2012/Sarapui.pdf
https://gshow.globo.com/TV-Tem/Revista-de-Sabado/noticia/povo-fala-o-que-voce-acha-do-tumulo-que-chora.ghtml
https://noticias.r7.com/balanco-geral/videos/misterio-conheca-o-tumulo-que-chora-no-interior-de-sp-17102015
https://www.saneamentobasico.com.br/sp-tumulo-que-chora-e-atracao-em-cemiterio-de-sarapui/
https://www.youtube.com/watch?v=A0oSINcBjL4
https://www.youtube.com/watch?v=WCHw1G-Lqp8

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