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Será Possível? Empresas Russas Planejam Enviar Cadáveres Congelados ao Espaço Para Tentar Ressuscitá-los no Futuro!

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Por Marco Faustino

Muitas pessoas se perguntam até hoje o que realmente acontece após alguém morrer. Existem inúmeras religiões ou crenças, que tentam responder a isso de inúmeras formas, porém, para a Ciência, ao menos para a "convencional", e que funciona perfeitamente até hoje, não acontece absolutamente nada. Cada vida humana é única e termina seu ciclo na natureza da mesma forma que qualquer outro animal. Eis a razão pela qual algumas empresas e cientistas gastam anos de suas vidas para tentar prolongar a vida dos demais ou então buscar uma forma de ressuscitá-los no futuro ao preservar seus corpos (no sentido biológico da questão). Já alguns outros tentam substituir partes comprometidas dos corpos de seres humanos, ainda que para isso seja necessário colocar uma cabeça em um corpo diferente. Esse último caso, por exemplo, está relacionado ao famoso transplante de cabeça humana, que foi amplamente divulgado pelo "Dr." Sergio Canavero ao longo dos últimos anos, sendo que a última estimativa fornecida era de que o procedimento fosse realizado em dezembro desse ano, embora isso seja altamente improvável por diversos motivos anteriormente comentados (leia mais: Transplante de Cabeça: Sergio Canavero Confirma Polêmica Operação nos Próximos 10 Meses e Anuncia Transplante de Cérebro!).

Também existe o caso daquela empresa de biotecnologia norte-americana chamada "Bioquark" que, no passado, foi divulgada por boa parte da mídia brasileira e internacional, como a empresa que daria o "primeiro passo para o fim da humanidade por meio de um apocalipse zumbi." No último mês de junho, no entanto, diversos sites de notícias publicaram que as primeiras tentativas de "trazer as pessoas volta do mundo dos mortos" seriam realizadas no decorrer do ano. Curiosamente, o presidente-executivo da Bioquark, um homem chamado Ira Pastor, revelou que testaria um método envolvendo células-tronco, sem precedentes, em "pacientes" de um país da América Latina, cujo nome não havia sido divulgado, mas que os detalhes seriam confirmados nos meses seguintes. De acordo com Ira Pastor, a Bioquark havia desenvolvido uma "série de injeções" que podiam "reiniciar o cérebro", e eles planejavam testar diretamente em seres humanos. O detalhe mais estranho é que eles não estavam planejando testar primeiramente as tais injeções em animais, como habitualmente acontece em pesquisas científica dessa natureza. Fizemos uma ampla pesquisa naquela época para mostrar a realidade por trás de toda essa história para vocês (leia mais: Uma Empresa de Biotecnologia Norte-Americana Estaria Mesmo Pronta para Começar a "Ressuscitar os Mortos" na América Latina?).

Agora, eis que surge uma história muito interessante e peculiar na mídia internacional. Uma empresa russa de criogenia teria anunciado planos de enviar cadáveres de pessoas e animais para o espaço após congelar seus respectivos corpos. Esse "funeral incomum" estaria sendo oferecido a pessoas que acreditam que um dia haja esperança de trazê-los de volta à vida. Assim sendo, os especialistas de uma empresa chamada KriosRus estariam vendo o espaço como se fosse um território próspero para futuros "funerais". Aliás, o custo para preservar tão somente um "cérebro humano", e mantê-lo no espaço seria no mínimo de US$ 250.000 (aproximadamente R$ 785.000 pela cotação atual). Contudo, será que isso é mesmo uma realidade? É possível ressuscitar aqueles que já se foram em um futuro próximo? Será que realmente essa promessa será cumprida? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Como Toda Essa Recente História Vem Sendo Divulgada Pelos Tabloides Britânicos?


Por volta do dia 31 de agosto desse ano, os principais tabloides britânicos, a exemplo do Daily Mail, divulgaram que uma empresa de criogenia com sede em Moscou, na Rússia, mencionou que corpos humanos congelados, amostras de DNA, e até mesmo corpos de animais de estimação poderiam ser enviados para o espaço sideral. Essa empresa chamada KrioRus teria feito um acordo com uma outra chamada Space Technologies, que na verdade seria uma espécie de consórcio de ciência e tecnologia, para permitir o envio de tais elementos ao espaço.

"Os satélites com as criocápsulas serão lançados em órbita por foguetes russos", teria dito Yulia Arkhipova, diretora-geral da Space Technologies (embora seu nome aparentemente seja Maria Arkhipova, e não Yulia, conforme vem sendo mencionado).

Por volta do dia 31 de agosto desse ano, os principais tabloides britânicos, a exemplo do Daily Mail, divulgaram que uma empresa de criogenia com sede em Moscou, na Rússia, mencionou que corpos humanos congelados, amostras de DNA, e até mesmo corpos de animais de estimação poderiam ser enviados para o espaço sideral
Essa empresa chamada KrioRus teria feito um acordo com uma outra chamada Space Technologies, que na verdade seria uma espécie de consórcio de ciência e tecnologia, para permitir o envio de tais elementos ao espaço
"Os satélites com as criocápsulas serão lançados em órbita por foguetes russos", teria dito Yulia Arkhipova, diretora-geral da Space Technologies (embora seu nome aparentemente seja Maria Arkhipova, e não Yulia, conforme vem sendo mencionado)
Desde 2005, a KrioRus alega ter congelado os corpos e os cérebros de 54 pessoas, 8 cachorros, 9 gatos, 3 pássaros e, peculiarmente, até mesmo uma chinchila de estimação. Atualmente, os planos seriam de simplesmente lançar esses corpos no espaço sideral. Por outro lado, a empresa que a KrioRus teria feito esse acordo teria começado a operar somente no ano passado. Até o presente momento, a mesma não possui foguetes ou veículos de lançamento, mas vem sendo divulgado que, em breve, o consórcio deve obtê-los.

Já em relação aos planos futuristas, esses "corpos congelados" não estariam apenas orbitando o planeta Terra, mas seriam mantidos em compartimentos seguros. No entanto, eis que reside um grande problema em toda essa história: maiores detalhes sobre tais procedimentos são completamente escassos, ou seja, nada é detalhado publicamente.

O único detalhe mencionado é justamente o preço para preservar um cérebro humano e mantê-lo no espaço: no mínimo de US$ 250.000 (aproximadamente R$ 785.000 pela cotação atual). Nesse ponto é importante ressaltar, que muitos veículos de imprensa erraram ao mencionar, que esse seria o custo de preservação de um corpo humano inteiro no espaço, porém o preço é referente apenas a um cérebro humano, por mais mórbido que isso possa parecer.

Desde 2005, a KrioRus alega ter congelado os corpos e os cérebros de 54 pessoas, 8 cachorros, 9 gatos, 3 pássaros e, peculiarmente, até mesmo uma chinchila de estimação. Atualmente, os planos seriam de simplesmente lançar esses corpos no espaço sideral
Por outro lado, a empresa que a KrioRus teria feito esse acordo teria começado a operar somente no ano passado. Até o presente momento, a mesma não possui foguetes ou veículos de lançamento, mas vem sendo divulgado que, em breve, o consórcio deve obtê-los.
"As principais empresas espaciais russas estão desenvolvendo esses satélites, sendo que as tecnologias são singulares e são informações classificadas", teria mencionado Yulia Arkhipova (que na verdade é Maria Arkhipova), recusando-se a dar quaisquer pistas sobre quais seriam essa tais "empresas espaciais russas".

Vale ressaltar nesse ponto, que a criogenia é a arte de congelar corpos, preservando um determinado corpo com nitrogênio líquido. Atualmente, esse procedimento só pode ser realizado legalmente, quando alguém for declarado clinicamente morto (algo que já explicamos inúmeras vezes no passado, mas caso não se lembre, clique aqui para saber maiores detalhes sobre o que estamos falando). O processo de congelamento é iniciado assim que o paciente morre para evitar danos cerebrais, sendo que tais instalações (entenda como empresas, visto que existem apenas três principais e com instalações próprias ao redor do mundo) para a realização desse procedimento encontram-se somente nos Estados Unidos e na Rússia.

Vale ressaltar nesse ponto, que a criogenia é a arte de congelar corpos, preservando um determinado corpo com nitrogênio líquido. Atualmente, esse procedimento só pode ser realizado legalmente, quando alguém for declarado clinicamente morto
O processo de congelamento é iniciado assim que o paciente morre para evitar danos cerebrais, sendo que tais instalações (entenda como empresas, visto que existem apenas três principais e com instalações próprias ao redor do mundo) para a realização desse procedimento encontram-se somente nos Estados Unidos e na Rússia.
Detalhe de um compartimento contendo muito provavelmente um corpo humano,
que foi conduzido até as instalações da KrioRus
Durante o procedimento, o corpo é arrefecido (ou seja, resfriado) em uma espécie de "banheira de gelo" para reduzir gradualmente a sua temperatura. Então, os especialistas drenam o sangue e o substituem por um fluido anticongelante para impedir a formação de cristais no interior do corpo, algo que seria uma ameaça potencialmente perigosa para uma eventual reanimação do corpo.

A KrioRus cobra cerca de US$ 37.600 (aproximadamente R$ 120.000) para a preservação de um "corpo humano inteiro", e cerca US$ 12.560 (aproximadamente R$ 40.000) para a neuropreservação (ou seja, apenas o cérebro). A empresa também oferece serviços de criopreservação (também chamado de crioconservação) para animais de estimação: US$ 10.600 (cerca de R$ 33.000) para preservar um gato de pequeno porte, e por volta de US$ 25.800 (cerca de R$ 80.000) para preservar um cachorro de grande porte. Os restos mortais são atualmente mantidos em tanques criogênicos localizados em uma espécie de galpão, em um vilarejo russo cercado por casas de pessoas comuns, a uma distância de 80 km a nordeste de Moscou.

A Origem da Informação e a Realidade Por Trás de Toda essa História: Isso Realmente Tem Chances de Acontecer?


Bem, toda essa história começou a partir de um nota publicada no site da referida empresa do ramo espacial, a "Space Technologies" (oficialmente "Консорциум Космические технологии", em russo ou Consórcio de Tecnologias Espaciais", em português), que possui um site bem simples, diga-se de passagem, no dia 24 de agosto desse ano. No texto foi inicialmente mencionado, que no dia 10 de agosto, a "KrioRus" havia realizado uma espécie de parceria com a "Space Technologies" para lançar corpos humanos e de animais criopreservados e amostras de DNA em órbita terrestre a longo prazo.

Segundo a "Space Technologies", a tecnologia de criopreservação e o envio de pacientes criopreservados para a órbita terrestre seria uma inovação de cientistas russos, sendo uma proposta única no mundo atualmente. Foi enfatizado diversas vezes e até mesmo de maneira cansativa, que empresas russas com tecnologias geradas no próprio país estariam participando desse projeto, ou seja, tudo seria de propriedade intelectual de especialistas e empresas russas. A implementação do que eles chamaram de "inovação" também previa uma parceria público-privada de empresas russas.

Segundo a "Space Technologies", a tecnologia de criopreservação e o envio de pacientes criopreservados para a órbita terrestre seria uma inovação de cientistas russos, sendo uma proposta única no mundo atualmente. Foi enfatizado diversas vezes e até mesmo de maneira cansativa, que empresas russas com tecnologias geradas no próprio país estariam participando desse projeto.
Ainda de acordo com o texto, o projeto visava promover a ciência, a cosmonáutica e, inclusive, a economia da Rússia. As inovadoras tecnologias no âmbito desse acordo também indicavam angariar recursos financeiros para a economia do país, oferecendo investimentos nas empresas e instituições russas provenientes de qualquer lugar do mundo. Os serviços de criopreservação orbital, tanto de um corpo inteiro quanto do cérebro, estariam disponíveis para qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo.

O procedimento para o lançamento da carga (uma espécie de nano ou minisatélite) deveria seguir um protocolo rigoroso de requisitos técnicos e um cronograma de acordo com a legislação russa e internacional. Os nanosatélites com criocápsulas seriam fabricados na Rússia e lançados em órbita terrestre a partir de instalações de lançamento russas (perceberam como é repetitivo?). Qualquer carga útil poderia ser lançada em órbita individualmente ou incluída em qualquer outra carga maior. A escolha das opções afetaria apenas o custo de lançamento e a duração da preparação. O plano coletivo, por assim dizer, seria mais barato e mais rápido. Já o período de preparação para embarque de carga individual seria de aproximadamente dois anos. O lançamento do foguete teria seguro próprio e o cliente poderia escolher sua própria trajetória na órbita da Terra.

Maria Arkhipova, o único rosto conhecido publicamente por trás da Space Technologies
Todo o equipamento com uma cápsula contendo um corpo ou um cérebro criopreservado apresentaria um revestimento térmico seguro, proporcionando também proteção para a cápsula em razão dos efeitos da radiação cósmica, e permitiria que a cápsula hermética com nitrogênio líquido fosse armazenada em um estado predeterminado e estável. No caso de um eventual vazamento de uma cápsula, uma telemetria de emergência seria enviada para a Terra, onde o rastreamento e o controle dos dispositivos seriam realizados para a solução de qualquer problema. Nesse caso, também estaria sendo planejado a implementação de satélites de reparo, atualmente em desenvolvimento. O custo de lançamento e manutenção de um corpo humano inteiro ainda não teria sido definido, apenas do cérebro (no mínimo US$ 250.000).

Por fim, o texto mencionou que qualquer pessoa poderia entrar em contato com especialistas da KrioRus a respeito dos detalhes dos termos de lançamento de criopacientes em órbita terrestre, e quaisquer pesquisas envolvidas no projeto, a partir do dia 21 de agosto desse ano.

Aparentemente, no entanto, essa abertura a questionamentos não serviu para muita coisa. Isso porque no dia 28 de agosto, o site do jornal "Russia Beyond The Headlines" (RBTH, sigla em inglês), uma espécie de "braço" do jornal Rossiyskaya Gazeta, que por sua vez pertence ao governo russo, publicou exatamente o que vem sendo publicado pelos tabloides britânicos. Houve pouquíssima diferença em relação ao material publicado.

Aparentemente, no entanto, essa abertura a questionamentos não serviu para muita coisa. Isso porque no dia 28 de agosto, o site do jornal "Russia Beyond The Headlines" (RBTH, sigla em inglês), uma espécie de "braço" do jornal Rossiyskaya Gazeta, que por sua vez pertence ao governo russo, publicou exatamente o que vem sendo publicado pelos tabloides britânicos
No caso do RBTH, por exemplo, foi mencionado que o congelamento de corpos e experiências criogênicas podiam ser necessárias para o desenvolvimento futuro de viagens espaciais para planetas ou galáxias distantes. Além disso, foi citado que, as pessoas que tomam a decisão de congelar seus corpos acreditam que os cientistas, futuramente, não se sabe exatamente quando, irão descobrir como aquecer novamente seus corpos e reanimá-los, na esperança que os mesmos sejam capazes de curar o câncer ou quaisquer outras doenças. Também foi publicado que a "Space Technologies" tinha sido registrada em 2016, e não tinha sua própria frota de foguetes ou veículos de lançamento. A empresa ainda não havia implementado um único projeto espacial sequer, mas havia anunciando planos bem ambiciosos, tais como: a criação do primeiro cosmódromo privado da Rússia, e uma nova estação orbital, a "MIR-2", um nome bem sugestivo e simbólico.

Portanto, foi justamente a partir da nota publicada pela duvidosa "Space Technologies", e da divulgação por parte do site do jornal "Russia Beyond The Headlines", que toda essa história foi parar na imprensa internacional. Contudo? Será que existe uma chance real de que esse projeto seja implementado futuramente? Bem, responder essa pergunta é muito complicado, visto que a "Space Technologies" surgiu do nada, com planos totalmente ambiciosos e sem anunciar quaisquer nomes de cientistas envolvidos. Infelizmente, é muita promessa para pouca coisa concreta até o momento. Existem inúmeras etapas em relação ao lançamento de satélites e a exploração comercial dos mesmos, por assim dizer. Portanto, apesar da notícia da notícia chamar a atenção por ser muito diferente do que estamos acostumados a ler, dificilmente ela será viável nos moldes propostos. Pode ser que, um dia, quem sabe, talvez, isso aconteça, mas com certeza não será tão rápido e tão cedo da forma que fizeram parecer.

Quem Está Por Trás da KrioRus? Alguns Detalhes Importantes que Vocês Precisam Saber Caso Queiram se Aprofundar Nesse Assunto


Nossa pequena jornada para saber quem está por trás da KrioRus e seus objetivos começa pelo artigo referente a mesma na Wikipedia. Apesar de ser particularmente contra as informações provenientes de enciclopédias virtuais, que podem ser facilmente alteráveis, o texto nos fornece um material inicial muito interessante, servindo assim como um belo ponto de partida. Aliás, vou tentar me limitar somente a KrioRus, visto que se fosse para falar sobre a história da criogenia ficaria um texto muito longo, ou seja, esse assunto daria um especial a parte, diga-se de passagem.

No texto da Wikipedia é citado que a KrioRus é a primeira empresa russa de criogenia, fundada em 2005, como um projeto de uma organização não governamental chamada de "Movimento Transhumanista Russo", sendo também é a única empresa desse ramo na Eurásia (o conjunto territorial formado pela Europa e a Ásia). A empresa armazena corpos (ou cérebros) de seus criopacientes (pessoas mortas e animais), em nitrogênio líquido, na esperança de que algum dia seja possível ressuscitá-los por meio das tecnologias, que também sejam futuramente criadas.

No texto da Wikipedia é citado que a KrioRus é a primeira empresa russa de criogenia, fundada em 2005, como um projeto de uma organização não governamental chamada de "Movimento Transhumanista Russo", sendo também é a única empresa desse ramo na Eurásia (o conjunto territorial formado pela Europa e a Ásia). Na foto aparece um funcionário rebastecendo os tanques com nitrogênio líquido.
A empresa armazena corpos (ou cérebros) de seus criopacientes (pessoas mortas e animais), em nitrogênio líquido, na esperança de que algum dia seja possível ressuscitá-los por meio das tecnologias, que também sejam futuramente criadas
Legalmente, a empresa possui o status de uma organização de pesquisa científica, envolvida em uma atividade não-convencional e seus serviços não estão sujeitos a certificação. Portanto, um dos maiores problemas com a atividade de KrioRus é a falta de legislação relacionada a criogenia. Além disso, empresa não garante a reanimação de seus criopacientes. Quando os clientes entram em contato com o KrioRus, eles assinam um contrato que envolve a realização de experimentos científicos sobre a preservação e reanimação de um ser humano e, ao mesmo tempo, a KrioRus exige que o cliente reconheça o fato de que a empresa não fornece garantias para reanimar o criopaciente. O acordo abrange a custódia dos corpos por até 100 anos, porém existe a possibilidade de extensão desse período de tempo.

Já outro dos principais problemas enfrentados pela KrioRus é justamente em relação a sua atividade. Atualmente, a questão da possibilidade de "ressurreição" de um criopaciente está em aberto na comunidade científica. Infelizmente, não há casos conhecidos de "ressurreição" de criopacientes, e as empresas que trabalham com a criogenia, assim como KrioRus, não garantem que isso será mesmo possível. Do ponto de vista teórico e de pesquisa há uma série de argumentos tanto a favor de apoiadores da criogenia quanto a favor de quem é contra a técnica, mas não há resultados práticos.

Foto do interior de um dos tanques da KrioRus contendo desde corpos humanos até animais de estimação
Aliás, como curiosidade, os corpos são armazenados de cabeça para baixo, sendo pendurados pelos tornozelos. O motivo? Bem, a parte inferior do tanque é a mais fria, razão pela qual é a região mais próxima da cabeça
Compartimento especial onde são armazenados os cérebros humanos antes de serem colocados nos tanques da KrioRus
Uma das principais vantagens da KrioRus (se é que existe alguma vantagem) seria o preço cobrado pelos serviços, principalmente destinados a cidadãos russos e não americanos, que é bem menor de seus concorrentes. Ao contrário das empresas norte-americanas, o KrioRus foi fundada de tal forma que não está sujeita às regras que regem as atividades médicas e funerárias. Como resultado, a empresa não enfrenta problemas com regulamentações. Por outro lado, ela não se compara a maior empresa desse ramo, a norte-americana Alcor que, apesar de já ter enfrentado alguns escândalos ao longo de sua história, possui uma estrutura muito superior. A Alcor, por exemplo, realiza passeios em suas instalações, duas vezes na semana, demonstrando a sala de operação (onde a vitrificação e o congelamento são realizados), bem como as instalações de armazenamento de criopacientes a longo prazo, onde os mesmos podem ser vistos através de vidro à prova de balas. Já a KrioRus não permite tal acessibilidade.

Talvez seja justamente essa questão de acessibilidade que a KrioRus esteja tentando resolver ao longo do tempo. Em dezembro de 2015, por exemplo, foi publicada uma matéria sobre a empresa no site do jornal "Financial Times" (FT, sigla em inglês), onde foi realizada uma tentativa de mostrar como era KrioRus. Nessa matéria escrita por Courtney Weaver, correspondente do FT, é mencionado que a empresa mantinha na cidade de Sergiyev Posad, uma espécie de galpão contendo dois grandes tanques repletos de cérebros, corpos de três dúzias de seres humanos de nove países diferentes e uma coletânea de animais de estimação (gatos, cachorros e pássaros).



Um dos fundadores era um homem chamado Danila Medvedev (que atualmente ocupa o cargo de presidente do conselho administrativo e vice-presidente de desenvolvimento estratégico), com então 35 anos, e que acreditava que a Rússia rapidamente superaria os Estados Unidos na questão do "antienvelhecimento".

Danila Medvedev é filho de um cientista soviético, e cresceu lendo a ficção científica de Arthur C. Clarke e Robert Heinlein. Ele trabalhou em um banco de investimentos, apresentou seu próprio programa de televisão e ajudou a coordenar uma organização de combate ao tráfico de pessoas, mas seu trabalho atual havia se transformado em congelar pessoas. Inicialmente, ele ficou fascinado com a crença de que os seres humanos, caso fossem arrefecidos até -196ºC no momento em que a morte clínica fosse declarada, poderiam ressuscitar no momento em que a ciência avançasse o suficiente para curá-los da velhice ou de alguma doença.

Como estudante, ele começou a traduzir a literatura disponível sobre criogenia a partir do inglês para o russo e também começou a dar palestras. Em 2005, ele e outras oito pessoas fundaram a KrioRus. Ao longo da última década, a mesma havia se transformado em uma das maiores empresas desse ramo no mundo.

Danila Medvedev é filho de um cientista soviético, e cresceu lendo a ficção científica de Arthur C. Clarke e Robert Heinlein. Ele trabalhou em um banco de investimentos, apresentou seu próprio programa de televisão e ajudou a coordenar uma organização de combate ao tráfico de pessoas, mas seu trabalho atual havia se transformado em congelar pessoas
Foto de uma das salas da sede da KrioRus na cidade de Sergiyev Posad
Durante a maior parte do ano, as instalações eram vigiadas por um homem chamado Sergei, que foi resgatado e libertado pelo grupo antitráfico de Danila Medvedev após ser encontrado trabalhando de maneira forçada no Norte do Cáucaso. Porém, cerca de uma vez no mês, Danila ia no local para verificar os tanques contendo nitrogênio líquido e as demais instalações.

Aliás, como curiosidade, os corpos são armazenados de cabeça para baixo, sendo pendurados pelos tornozelos. O motivo? Bem, a parte inferior do tanque é a mais fria, razão pela qual é a região mais próxima da cabeça. Dentro dos tanques também existem animais, muito embora Danila tenha mencionado, que eles tentam não comentar muito sobre essa questão de que seres humanos estão armazenados juntamente com animais.

Durante a maior parte do ano, as instalações eram vigiadas por um homem chamado Sergei, que foi resgatado e libertado pelo grupo antitráfico de Danila Medvedev após ser encontrado trabalhando de maneira forçada no Norte do Cáucaso. Porém, cerca de uma vez no mês, Danila ia no local para verificar os tanques contendo nitrogênio líquido e as demais instalações
Vale ressaltar nesse ponto, que a ideia da criogenia surgiu pela primeira vez nos Estados Unidos, na década de 1960, após a publicação de um livro chamado "The Prospect of Immortality", de Robert Ettinger, um professor de física e matemática do estado norte-americano do Michigan, que argumentou que uma pessoa congelada no momento exato da morte poderia ser trazida de volta à vida. Posteriormente, sociedades de criogenia surgiram na Califórnia e no Michigan. O primeiro criopaciente, um professor de Psicologia da Universidade da Califórnia, foi criopreservado em 1967 e, em 1972, algumas pessoas também seguiram esse caminho.

Contudo, a Sociedade de Criogenia da Califórnia logo encontrou problemas. Dirigido por um ex-técnico que consertava televisões chamado Robert Nelson, e que não possuía qualquer formação científica, a organização não tinha dinheiro suficiente para manter a criopreservação de seus pacientes. Então, eles começaram a preencher os tanques com múltiplos corpos, e utilizaram o dinheiro arrecadado com os novos pacientes para se manterem em atividade. Dois tanques, no entanto, apresentaram problemas, fazendo com que nove corpos viessem a se decompor. Nelson foi processado por alguns familiares e, em 1981, foi condenado a pagar cerca de US$ 800.000 em indenizações. Desde então, a reputação de criogenia nos Estados Unidos vem passando por altos e baixos, mas ainda assim conseguiu atrair algumas personalidades famosas ao longo do tempo.

Vale ressaltar nesse ponto, que a ideia da criogenia surgiu pela primeira vez nos Estados Unidos, na década de 1960, após a publicação de um livro chamado "The Prospect of Immortality" (á esquerda), de Robert Ettinger, um professor de física e matemática do estado norte-americano do Michigan. Na foto à direita vemos Robert em sua casa, em abril de 2010. Ele faleceu em julho de 2011, aos 92 anos.
O mesmo acontece em alguns outros países, embora de diferentes formas. Na Itália, o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi certa vez declarou que planejava financiar um instituto de pesquisa que permitisse, que as pessoas vivessem até os 120 anos de idade, enquanto o presidente autocrático do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, por exemplo, fundou sua própria academia de ciências dedicada a inventar o elixir da vida. Contudo, quando se trata de criogenia existe uma nova "guerra" e bem gélida tanto para pacientes quanto para os avanços científicos. A maior empresa do ramo é a Alcor, com sede em Scottsdale, no estado norte-americano do Arizona, que conta com mais de 140 clientes congelados em suas instalações.

Parte da vantagem competitiva do KrioRus reside em seus preços. Ao contrário de Alcor, que armazena seus corpos em compartimentos individuais, a KrioRus adota uma abordagem mais socialista e os armazena em tanques coletivos. Como resultado, na KrioRus, o procedimento de criopreservação custa cerca de US$ 36.000 para um corpo humano inteiro ou US$ 12.000 se for apenas o cérebro. Na Alcor, os valores são bem maiores, cerca de US$ 200.000 para um corpo humano inteiro e US$ 80.000 para o cérebro. Em sua defesa, a Alcor alega que os clientes pagam pelo "seguro de vida" e taxas adicionais de acordo com o serviço desejado.

Como resultado, na KrioRus, o procedimento de criopreservação custa cerca de US$ 36.000 para um corpo humano inteiro ou US$ 12.000 se for apenas o cérebro. Na Alcor, os valores são bem maiores, cerca de US$ 200.000 para um corpo humano inteiro e US$ 80.000 para o cérebro. Nesse ponto é interessante mencionar, que a Alcor alega que os clientes pagam pelo "seguro de vida".
Em ambos os países, no entanto, o processo de criopreservação, em grande parte, é o mesmo. Uma vez que um paciente é declarado clinicamente morto, o corpo deve ser resfriado nas horas seguintes para diminuir a temperatura corporal. A maioria das empresas permanece em estado de prontidão para retirar o corpo do hospital ou do necrotério o mais rapidamente possível para iniciar o processo. Ao longo de várias horas, o sangue do paciente é substituído por um crioprotetor, essencialmente um anticongelante químico que protege o tecido de danos provocados pelo congelamento. Em seguida, o paciente é arrefecido a -196ºC ao longo de vários dias usando nitrogênio.

Muitos pacientes optam por congelar apenas seus cérebros em vez de seus corpos inteiros. Alguns o fazem por razões financeiras, outros acreditam que toda identidade e memória humana são armazenadas no cérebro, e que um corpo tradicional não será necessário para o processo de reanimação. Devido ao seu preço "relativamente barato", a KrioRus atraiu um grupo diversificado de criopacientes provenientes de diversos países, incluindo os Estados Unidos, Holanda, Itália e Japão. Valeria Udalova, atual presidente executiva da KrioRus, e co-fundadora da empresa, possui o cérebro da mãe congelado dentro das instalações. Além disso, o cérebro da avó de Daniela Medvedev também está armazenado.

Valeria Udalova, atual presidente executiva da KrioRus, e co-fundadora da empresa,
possui o cérebro da mãe congelado dentro das instalações
Na época da realização dessa matéria, que foi publicada no site do Finacial Times, foi alegado que a KrioRus estava em processo de mudança para uma nova instalação de 3.300 m² na cidade de Tver, que também abrigaria um centro de oncologia e outro destinado aos cuidados de pacientes em estado terminal, sendo essa seria a primeira vez que uma instalação criogênica havia sido autorizada a trabalhar em conjunto com centros médicos. Também havia planos para a criação de unidades na China e na Suíça devido as legislações de ambos os países.

Curiosamente, Danila Medvedev previa que o primeiro transplante de cabeça seria realizado em breve (alguém se lembrou do "Dr." Sergio Canavero?), resultando em uma cabeça de pessoa rica sendo transplantada para o corpo de uma pessoa pobre. Ele também citou que sonhava em trazer corpos a partir de países distantes, tal como o Equador, por meio de aviões comerciais e, quem sabe, resgatar os corpos de membros de expedições a Antártica do início do século XX. Danila disse que, por viver 10 anos na Antiga União Soviética, 10 anos na década de 1990 e 10 anos na Rússia, ele sabia o quão as coisas mudavam rapidamente e tinha grandes ambições para o futuro.

Danila disse que, por viver 10 anos na Antiga União Soviética, 10 anos na década de 1990 e 10 anos na Rússia, ele sabia o quão as coisas mudavam rapidamente e tinha grandes ambições para o futuro
No fim da matéria do Financial Times, talvez tivemos um lampejo tenebroso dessas ambições da KrioRus. Danila Medvedev mencionou que estava tentando persuadir o governo da cidade de Moscou de que os 8.000 cadáveres de pessoas, que não eram reclamados em necrotérios a cada ano, deviam ser criogenicamente congelados nas novas instalações de Tver, por ser uma maneira mais barata de armazenar o corpos. Ele chegou a comentar. que se tivessem 8.000 pessoas criopreservadas, seria um grande passo, ou seja, se tornariam a maior empresa desse ramo.

Segundo Danila, as pessoas estão morrendo o tempo todo e algo precisa ser feito com os corpos. Para eles, o congelamento era uma forma de "educar" as pessoas. Por fim, ele mencionou acreditar que os cientistas pudessem reanimar um cérebro humano nos próximos 40 anos, ou seja, até a década de 2050, caso contrário isso aconteceria em algum momento do século XXI, caso a humanidade não fosse extinta por ela mesma, é claro. Um pouco sombrio, não é mesmo?

Em novembro do ano passado, foi a vez da revista "Bloomberg Businessweek" realizar uma matéria sobre a KrioRus. Apesar da matéria ter sido escrita por uma jornalista completamente diferente, a mesma apresenta muitas semelhanças com o texto publicado no site do Financial Times. Contudo, existem detalhes interessantes a serem mencionados. Foi citado por exemplo, uma "pesquisa recente" onde 18% dos russos teriam mencionado o desejo de viverem para sempre (apesar de não ter sido fornecida nenhuma outra informação sobre essa pesquisa).

Em novembro do ano passado, foi a vez da revista Bloomberg Businessweek realizar uma matéria sobre a KrioRus. Apesar da matéria ter sido escrita por uma jornalista completamente diferente, a mesma apresenta muitas semelhanças com o texto publicado no site do Financial Times
Também foi mencionado que a criogenia ia muito além do simples fato de congelar corpos, mas que os avanços tecnológicos poderiam permitir o congelamento de certos tecidos e orgãos humanos, gerando um eficiente banco de órgãos, algo que seria revolucionário em relação aos transplantes, eliminando longas filas de espera. Além disso, pacientes poderiam ser colocados em um estado criogênico temporário enquanto se recuperasse, de lesões traumáticas ou então durante uma viagem espacial. De qualquer forma, ficou claro que o objetivo final da KrioRus era mesmo a imortalidade.

Quanto a mudança para um complexo de 3.300 m² na cidade da Tver, a mesma ainda não tinha acontecido. Foi divulgado basicamente, que base das operações seria no Instituto Estatal de Agricultura de Tver. Em um terreno espaçoso, um grupo liderado pelo Instituto do Alto Volga, uma universidade local, planejava construir um centro avançado de tratamento do câncer com a primeira instalação de terapia de feixe de prótons da Rússia, assim como um centro de cuidados paliativos para casos incuráveis, ​​que pudesse oferecer a criogenia como um passo final adicional, uma vez que a morte não pudesse mais ser evitada. O texto dizia que a instalação KrioRus começaria modestamente, sendo que a primeira fase, que seria iniciada no final do ano passado, seria simplesmente um escritório com equipamentos básicos de laboratório, que também pode servir como base para o ensino de práticas criogênicas para pessoas de outros países.



Quanto a mudança para um complexo de 3.300 m² na cidade da Tver, a mesma ainda não tinha acontecido.
Foi divulgado que base das operações seria no Instituto Estatal de Agricultura de Tver.
Entretanto, para Olya Ivanova, responsável pela matéria publicada na Bloomberg Businessweek, esse era um cenário difícil de se imaginar. O motivo? Bem, o Instituto Estatal de Agricultura de Tver é uma universidade da era soviética, uma coleção de edifícios de blocos de concreto em uma floresta de abetos a cerca de 15 minutos do centro da cidade.

O diretor da instituição era Oleg Balayan, um homem que mantinha na sala de conferências perto do seu escritório, uma foto emoldurada de um MiG russo disparando um míssil. Ele explicou que tinha sido Tenente-general da Força Aérea Russa, que havia deixado as Forças Armadas em 2009, mas ainda era um piloto da reserva, assim como um membro importante do Partido Comunista.

Entretanto, para Olya Ivanova, responsável pela matéria publicada na Bloomberg Businessweek, esse era um cenário difícil de se imaginar. O motivo? Bem, o Instituto Estatal de Agricultura de Tver é uma universidade da era soviética, uma coleção de edifícios de blocos de concreto em uma floresta de abetos a cerca de 15 minutos do centro da cidade
De acordo com Oleg, além do terreno, o instituto tinha um corpo estudantil com grande interesse pelos estudos, laboratórios até, e até um certo conhecimento sobre o congelamento de materiais orgânicos (desenvolvendo, inclusive, uma técnica própria para o congelamento rápido de carne e vegetais para armazenamento e transporte). Havia também um departamento veterinário onde um professor estava usando terapia genética para restaurar a visão em cães cegos. Ao ser questionado o que atraiu um Tenente-general da Força Aérea Russa e uma figura política proeminante, que administra um importante instituto estatal para o campo do transhumanismo, Oleg respondeu que não tinha 18 anos, e que gostaria de viver eternamente, e que esse era ideia eterna para todas as pessoas, inclusive para a Federação Russa como um todo.

Confira também esse vídeo divulgado pela Ruptly TV, em seu próprio canal no YouTube, em 22 de novembro do ano passado, mostrando maiores detalhes dos equipamentos utilizados pela KrioRus (em russo, mas vale a pena conferir as imagens):



Assim como um vídeo divulgado pela própria Bloomberg, no YouTube, sobre a KrioRus, em 29 de novembro do ano passado (em russo, porém com legendas em inglês):



Ao final da matéria, Olya Ivanova citou que Danila Medvedev acreditava que Tver seria o futuro centro da Rússia, e que a nova instalação da KrioRus seria duas vezes maior que a Alcor e a o Cryonics Institute (outra empresa norte-americana do ramo da criogenia) combinadas. Ele também citou que durante anos o Movimento Transhumanista Russo havia motivado as pessoas a trabalharem por pouco ou nenhum dinheiro, mas que isso estava mudando, pois havia muitas pessoas querendo investir em seu negócio (já ouvimos essa história antes, não é mesmo?).

No início desse ano, mais precisamente no dia 10 de janeiro, foi a vez do britânico "Daily Mail" publicar uma matéria especial sobre a KrioRus, aproveitando o gancho que alguns britânicos estariam contratando os serviços da empresa Russa. Essa, sem dúvida alguma, foi a matéria que mais ilustrou as dependências da KrioRus, assim como algumas das pessoas e os animais de estimação que estão preservados de forma criogênica em suas instalações.

Essa, sem dúvida alguma, foi a matéria que mais ilustrou as dependências da KrioRus, assim como algumas das pessoas e os animais de estimação que estão preservados de forma criogênica em suas instalações
Foto mostrando uma parte das instalações da KrioRus, na Rússia
Mais uma foto mostrando as modestas instalações da KrioRus
Inicialmente, no entanto, o texto não acrescentou informações relevantes para nós, mencionando apenas que um cientista, um professor de medicina, um aposentado e um estudante, todos britânicos, tinham assinado um contrato com a KrioRus. O tal professor e o estudante teriam optado por congelar seus corpos inteiros após suas mortes, já o cientista e o aposentado teriam optado por congelar apenas seus cérebros.

Toda essa informação era fornecida pela Valeria Udalova, que obviamente não divulgou os nomes do clientes, e acrescentou que sua empresa já possuía 52 pessoas (corpos ou cérebros) e 20 animais criogenicamente preservados. Das 52 pessoas, 13 seriam estrangeiros: Três deles eram ucranianos, dois italianos e outros dos Estados Unidos, Austrália, Bielorrússia, Estônia, Israel, Holanda, Suíça e Japão.

Inicialmente, no entanto, o texto não acrescentou informações relevantes para nós, mencionando apenas que um cientista, um professor de medicina, um aposentado e um estudante, todos britânicos, tinham assinado um contrato com a KrioRus. O tal professor e o estudante teriam optado por congelar seus corpos inteiros após suas mortes, já o cientista e o aposentado teriam optado por congelar apenas seus cérebros
Das 52 pessoas, 13 seriam estrangeiros: Três deles eram ucranianos, dois italianos e outros dos Estados Unidos, Austrália, Bielorrússia, Estônia, Israel, Holanda, Suíça e Japão.
Segundo Valeria Udalova, nenhum deles estaria gravemente doente ou esperava morrer em breve, alegando que a perspectiva de voltar à vida no futuro era algo real. Para isso dependia apenas da evolução da chamada nanotecnologia, visto que não havia limite de tempo. Podia ser algo que demorasse mil anos, mas ela esperava que a ciência encontrasse uma maneira de trazê-los de volta à vida muito mais cedo, talvez em 40 anos, a mesma estimativa dada por Danila Medvedev.

Valeria também ressaltou que os preços cobrados pela KrioRus eram muito mais competitivos que os praticados pelos demais concorrentes (entenda-se como norte-americanos). Ela deixou claro que não atendia apenas quem era rico e que, se necessário, poderia parcelar os valores ao longo de dois ou três anos, porém o objetivo era receber o dinheiro com antecedência, com a pessoa ainda viva, "para que não houvesse despesas para os familiares do falecido ou o desinteresse pela criogenia".

Jane Emilia Haiko foi a primeira paciente norte-americana da KrioRus. Moradora de Sacramento, no estado da Califórnia, Jane, que era mãe de dois filhos, morreu em outubro de 2013, um dia antes de seu 71º aniversário
Valeria Udalova disse que não tinha corpos ou cérebros de crianças ou adolescentes, e que seu paciente mais novo tinha cerca de 23 anos. Contudo, eles mantinham uma amostra de DNA (um pedaço de pele) retirada de um bebê de 18 meses que morreu de câncer. Eles disseram aos pais que a personalidade do bebê ainda não se desenvolvia nessa idade, então os pais decidiram armazenar apenas a amostra de DNA.

Entre os animais havia sete cães, oito gatos, três pássaros e uma chinchila chamada Knopochka, ou Pequeno Button. A chinchila teve um acidente em 2014, quando simplesmente bateu a cabeça e morreu, um evento perturbador para os quatro filhos de seus donos, que optaram por congelar o animal de estimação para o futuro.

A cadela Alisa, pertencente a Valeria Udalova, foi o primeiro animal criopreservado na Rússia
Mais uma foto da cadela Alisa, que foi o primeiro animal criopreservado na Rússia
Entre os animais havia sete cães, oito gatos, três pássaros e uma chinchila chamada Knopochka, ou Pequeno Button. A chinchila teve um acidente em 2014, quando simplesmente bateu a cabeça e morreu, um evento perturbador para os quatro filhos de seus donos, que optaram por congelar o animal de estimação para o futuro
No texto do Daily Mail é mencionado, que muitos moradores da cidade de Sergiyev Posad, mais precisamente do subúrbio de Semkhoz, se opuseram a criação da instalação da KrioRus em 2012. Uma petição chegou a ser feita, porém foi ignorada pelas autoridades russas. Também foi mencionado que cada tanque da KrioRus tinha capacidade para armazenar 10 corpos humanos, além de diversos cérebros. Houve uma rápida discussão sobre empresas de criogenia que, em geral, estariam vendendo falsas esperanças aos clientes que estivessem assustados com a morte (algo que será abordado daqui a pouco).

Em sua defesa, Valeria Udalova disse que, no ano passado, a KrioRus havia celebrado 14 contratos e apenas uma pessoa morreu. Essa pessoa era uma italiana de 85 anos chamada Cecilia Lubei. Valeria Udalova disse que costumava instruir os médicos de seus clientes na implementação de procedimentos para garantir a preservação do corpo a partir do momento da morte, para que o mesmo pudesse ser transportado para a Rússia. Alternativamente, mediante o pagamento de uma taxa extra, médicos russos poderia ir até o país onde a pessoa morreu para a realização de tais procedimentos.

Em sua defesa, Valeria Udalova disse que, no ano passado, a KrioRus havia celebrado 14 contratos e apenas uma pessoa morreu. Essa pessoa era uma italiana de 85 anos chamada Cecilia Lubei (na foto).
Em relação aos procedimentos, dois deles eram essenciais: retirar o sangue do corpo e substituí-lo por uma solução de criopreservação, e o outro era a vitrificação, uma espécie de resfriamento profundo, para não haver cristalização dos tecidos. O sangue no candidato à ressurreição é substituído por uma solução de vitrificação especial projetada por um cientista siberiano, o Dr. Yuri Pichugin. A mesma solução também seria utilizada no "Cryonics Institute", nos Estados Unidos.

Primeiramente, 10% de etilenoglicol é perfundido nos vasos sanguíneos da cabeça do paciente, então aplica-se 30% de etilenoglicol. Em seguida, uma solução que consiste em 35% de etilenoglicol e 35% de sulfóxido de dimetilo é perfundida até a cabeça estar totalmente saturada. Ao mesmo tempo, o corpo é arrefecido de 0ºC a -127ºC. Posteriormente, tanto a solução final (fluido), quanto os tecidos da cabeça se endurecem e se transformam em um estado semelhante ao vidro chamado de "vitrificação". A diferença entre vitrificação e congelamento simples é que a vitrificação não produz cristais de gelo, ou seja, algo que seria o principal fator destrutivo para células e tecidos. Nem a cabeça ou o corpo do paciente é necessário ser mantido em tal solução, basta apenas infundi-los através dos vasos sanguíneos. Por fim, o resfriamento alcança -196ºC.

Em relação aos procedimentos, dois deles eram essenciais: retirar o sangue do corpo e substituí-lo por uma solução de criopreservação, e o outro era a vitrificação, uma espécie de resfriamento profundo, para não haver cristalização dos tecidos
Valeria Udalova também admitiu que havia objeções religiosas no processo de preservar os mortos, mas disse que ela mesma não era religiosa. Ela disse que parentes dos pacientes muitas vezes colocavam cruzes e pequenos símbolos juntamente com os corpos congelados, e tratavam os depósitos como cemitérios. Havia resistência também por parte da comunidade médica. Irina Siluyanova, chefe do Departamento de Bioética da Universidade Nacional de Pesquisa Médica da Rússia, disse que a ciência mundial reconheceu que os organismos humanos congelados não podem voltar à vida. Muitos médicos da própria Rússia acreditavam, que os criogenistas eram algo parecido com magos ou feiticeiros ou então aqueles que promovem a pseudociência.

Evgeny Alexandrov, chefe da Comissão de Combate à Pseudociência e Falsificação da Investigação Científica da Academia de Ciências da Rússia, advertiu que atualmente a ciência era capaz apenas de congelar e recuperar células únicas, em particular, muito importantes, tais como óvulos humanos, espermatozoides e órgãos individuais de alguns organismos inferiores, tais como os répteis, e que aqueles que promovem a criogenia simplesmente exploravam o medo humano da morte. Ele disse não conseguia imaginar nenhum fisiologista (especialista que estuda as múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres vivos) acreditando sinceramente que fosse possível reanimar as pessoas congeladas em um futuro vagamente distante. As promessas de uma vida para os mortos no futuro, incluiam, portanto, elementos de fraude. Além disso, qualquer tentativa de preservar as pessoas, congelando-as, seria baseada em pura adivinhação, uma vez que ninguém realmente tem experiência em reanimar um ser humano nessas condições propostas.

Evgeny Alexandrov, chefe da Comissão de Combate à Pseudociência e Falsificação da Investigação Científica da Academia de Ciências da Rússia, advertiu que atualmente a ciência era capaz apenas de congelar e recuperar células únicas, em particular, muito importantes, tais como óvulos humanos, espermatozoides e órgãos individuais de alguns organismos inferiores, tais como os répteis
Nikolay Shubin, chefe do Centro Científico e de Pesquisa Criobiológica do Instituto Russo de Citologia mencionou que ele aplaudia o desejo de avançar nessa direção, em realizar pesquisas científicas, mas que isso, na prática, era algo imoral, visto que não há sentido algum em manter cadáveres congelados, visto que você poderia injetar qualquer coisa, até mesmo platina, mas nada iria ajudar. Para ele, a morte é a morte, simples assim. Já o Dr. Alexander Chuykin, secretário científico do Instituto Pavlov de Fisiologia, disse que as chances de que os corpos congelados voltem a vida é praticamente zero.

O problema não seria apenas como descongelar o corpo, mas também em como revivê-lo. Além disso, dizer que os cérebros congelados poderiam ser colocados em um corpo clonado, seria algo ainda mais surreal, tão somente um conto de fadas. Na natureza seria até possível esfriar um corpo e, em seguida, devolvê-lo à vida, mas isso se aplica, por exemplo, a um sapo de sangue frio, não a corpos complexos de seres humanos de sangue quente. Existe um caminho, mas nenhuma tecnologia disponível atualmente, ou seja, manter corpos congelados, nesse momento, seria apenas um negócio visando vantagens financeiras, e uma ilusão para aqueles que acreditam em tais promessas.

Enfim, AssombradOs, se vocês acompanharam até essa última parte acho que ficou mais do que claro, que existe um longo caminho a ser percorrido e que existe uma enorme diferença entre planejar e efetivamente tornar algo possível. Infelizmente, a maioria das empresas russas ou que trabalham flertando com a pseudociência ao redor do mundo agem da mesma forma. Se projetam na mídia internacional com projetos e planos mirabolantes na tentativa de conseguir algum investimento externo, mas invariavelmente permanecem no mesmo nível tecnológico no decorrer dos anos. Acredito ser bem pouco provável que a técnica atualmente utilizada no congelamento de corpos permita que um dia os mesmos sejam descongelados e posteriormente reanimados. Soa ainda mais distante levar esses mesmos corpos ao espaço para sofrerem com a radiação e toda a turbulência de uma reentrada em nossa atmosfera. Realmente parece uma tentativa de ganhar dinheiro rápido com promessas vazias e megalomaníacas. Nada de anormal, no entanto, quando o assunto é Rússia, que tenta aparentar ser moderna, mas ainda permanece com a foice e o martelo cravados na alma.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://kosmotech.org/en/24-08-17-cryonics-in-orbit-is-already-a-reality/
http://kriorus.ru/en
http://www.dailymail.co.uk/news/article-4092268/Pay-10-000-freeze-BRAIN-implanted-new-body-die-Sinister-Russian-cryogenics-lab-Brits-frozen-tank-PETS-bargain-alternative-everlasting-life-technology.html
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-4839688/KrioRus-charges-250-000-space-funeral.html
https://en.wikipedia.org/wiki/KrioRus
https://satnews.com/story.php?number=1462974522&menu=2
https://www.bloomberg.com/features/2016-decapitate-and-chill/
https://www.ft.com/content/d634e198-a435-11e5-873f-68411a84f346
https://www.rbth.com/science_and_tech/2017/08/28/blast-off-into-eternity-russian-company-to-send-the-dead-into-space_829996
https://www.techsourceint.com/news/russian-company-to-send-the-dead-into-space

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