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Um Mistério sem Fim? Cientistas Disseram que as "Explosões Rápidas de Rádio" Poderiam Estar Impulsionando Sondas Espaciais Alienígenas?

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Por Marco Faustino

A última vez que escrevi sobre algum assunto relacionado a Astronomia foi em relação ao que chamei de o "grande anúncio da NASA", que foi justamente a descoberta de sete planetas de tamanhos semelhantes à Terra em uma espécie de mini sistema solar, cuja estrela hospedeira era uma anã super fria (denominada TRAPPIST-1). Essa estrela tem aproximadamente o tamanho de Júpiter, e possui menos que a metade de temperatura superficial do nosso Sol (lembrando que a temperatura média da superfície do Sol é de 5.500ºC). Ninguém esperava encontrar nada ou pouquíssima coisa orbitando essa estrela, porém os astrônomos descobriram essa espécie de mini sistema solar composto por esses sete exoplanetas, sendo que os seis mais próximos da estrela possuem tamanhos e massas que são semelhantes à da Terra, além de possivelmente terem estruturas rochosas. É muito importante ressaltar, que isso não significa que temos plena e total certeza, que esses sete exoplanetas sejam iguais a Terra, que sejam realmente rochosos, que possuam água em estado líquido ou até mesmo, que possuam qualquer forma de vida em sua superfície. O que temos atualmente são fortes possibilidades, baseadas em modelos matemáticos, mas não há um certeza absoluta sobre isso, entenderam? Na época, fiz questão de alertar vocês sobre esse ponto, para evitar que fossem enganados por manchetes sensacionalistas ou clickbaits, tais como: "Cientistas descobrem sistema com sete planetas iguais à Terra" ou "Cientistas descobrem sete planetas idênticos e habitáveis ao redor de um estrela". Não é bem assim que as coisas funcionam, e o mais próximo que podíamos dizer naquela ocasião, é que esses planetas eram potencialmente habitáveis, e possivelmente semelhantes à Terra, em razão de uma série de fatores como tamanho, massa e distância da estrela hospedeira, por exemplo. Porém, isso ainda não é suficiente para cravarmos sobre questões mais complexas de serem respondidas, sendo que mais estudos deverão ser feitos ao longo do tempo (leia mais: O "Grande Anúncio da NASA": A Descoberta de Sete Planetas de Tamanhos Semelhantes à Terra em uma Espécie de Mini Sistema Solar!).

Agora, estou voltando novamente para comentar sobre um outro caso relacionado a Astronomia, mas dessa vez envolvendo FRBs. Para quem nunca ouviu falar nisso, e acredita que esse seja um termo de outro mundo, saiba que FRB é o acrônimo em inglês para "Fast Radio Burst" ("Explosão Rápida de Rádio" ou "Rajada Rápida de Rádio", em português). Geralmente existe um determinado número que o acompanha, que por sua vez está relacionado a data em que esses pulsos extremamente rápidos de rádio são detectados pelos radiotelescópios espalhados pelo mundo, e que normalmente duram apenas alguns milissegundos. Apesar da estimativa de que esses fenômenos astrofísicos ocorram cerca de 10.000 vezes por dia, desde 2001 até hoje, ou seja em 15 anos, só conseguimos detectar menos de 30 ocorrências, o que tornam esses fenômenos muito raros e ao mesmo tempo muito difícies para serem estudados. Essas rajadas rápidas liberam tanta energia em um único milissegundo, quanto o nosso Sol em um período de dias ou semanas, sendo que ninguém até hoje conseguiu comprovar a origem das mesmas, principalmente pela raridade em termos de detecção desse fenômeno. Se vocês voltarem no tempo, mais precisamente em 27 de dezembro do ano passado, poderão conferir uma interessante matéria que fiz sobre a FRB 121102, que se tornou a queridinha dos astrônomos. A razão disso? Bem, ao contrário das outras estudadas até hoje, a FRB 121102 foi detectada mais de uma vez, sempre de um mesmo local, uma galáxia anã, localizada a 3 bilhões de anos-luz da Terra. Apesar de não saberem exatamente o que poderia estar gerando esse intrigante fenômeno, uma coisa era certa: não se tratava, por exemplo, de um evento cataclísmico, ou seja, que acontecesse uma única vez, assim como acontece no caso de explosão de uma estrela em supernova ou o nascimento de um buraco negro (leia mais: Um Mistério Chamado "FRB 121102": Contato Extraterrestre ou Tão Somente uma Jovem Estrela de Nêutrons?).

Lembro que foi gerada muita especulação naquela época de pessoas tentando associar as FRBs a existência de civilizações extraterrestres avançadas. Vale lembrar que uma possibilidade, que sempre circula em alguns sites de notícias, principalmente aqueles de vertente um pouco mais especulativa, é que tais sinais não tenham uma origem natural. Desde as primeiras descobertas das FRBs e outros "sinais transientes" (sinais aparentemente aleatórios ou temporários, também chamados de transitórios) os mesmos têm sido alvo das mais diversas especulações. Como vocês devem imaginar, algumas pessoas têm sugerido ao longo do tempo, que eles podem ser a prova da existência de civilizações extraterrestres. Talvez inspirados nessa corrente de pensamento, Manasvi Lingam, físico teórico da divisão de Astofísica Teórica do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian (CfA) e Avi Loeb, professor de Ciências da Universidade de Havard, nos Estados Unidos, elaboraram um estudo teorizando (na prática seria "especulando") sobre a possibilidade das FRBs terem origem extraterrestre. Assim sendo, eles imaginaram que as mesmas pudessem ser feixes artificiais para direcionar ou para alimentar sondas espaciais alienígenas, e fizeram todos os cálculos necessários nesse sentido. Então, eles descobriram que isso seria plenamente possível, porém isso algo muito além da nossa tecnologia atual. Vamos saber mais sobre esse assunto?

Qual Seria a Suposta e Remota Relação das FRBs e um Eventual Contato de Civilizações Extraterrestres?


Uma vez que sei que nem todo mundo tem paciência e disponibilidade de tempo para ler uma matéria mais densa sobre FRBs, vou colocar aqui basicamente a última parte daquela matéria sobre a FRB121102. Porém, vale lembrar que na postagem consta toda uma explicação, embora bem resumida, sobre estrelas de nêutrons, pulsares e FRBs, assim como mais detalhes sobre a FRB121102. Então, caso queiram saber um pouco mais, basta acessá-la, combinado?

Em 1967, depois de perceber uma estranha leitura de um radiotelescópio na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, a astrofísica Jocelyn Bell Burnell e sua equipe consideraram a possibilidade de que eles tinham recebido uma mensagem alienígena. Após um período de discussão a respeito do que realmente tinha sido captado, concluiu-se que as leituras observadas por Jocelyn estavam relacionadas a descoberta dos primeiros pulsares. Contudo, a possibilidade desses sinais serem de civilizações extraterrestres permaneceu viva na imaginação das pessoas (e também de parte da comunidade científica).

Em 1967, por exemplo, depois de perceber uma estranha leitura de um radiotelescópio na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, a astrofísica Jocelyn Bell Burnell (na foto) e sua equipe consideraram a possibilidade de que eles tinham recebido uma mensagem alienígena
Em um artigo intitulado "Cosmic Radio Plays An Alien Tune", e publicado pela revista New Scientist, em abril de 2015, por exemplo, a escritora e astrofísica Sarah Scoles explorou "possíveis e estranhos padrões" de algumas FRBs, que pareciam ser oriundas de algum ponto no interior da Via Láctea, e que talvez pudessem ser interpretadas como uma evidência de inteligência extraterrestre.

A escritora e astrofísica Sarah Scoles explorou "possíveis e estranhos padrões" de algumas FRBs, que pareciam ser oriundas de algum ponto no interior da Via Láctea, e que talvez pudessem ser interpretadas como uma evidência de inteligência extraterrestre
Entretanto, a probabilidade desses sinais estarem sendo enviados por extraterrestres é bem baixa. A razão é até bem simples, visto que as FRBs não são uma maneira eficaz de enviar uma mensagem. A Dra. Maura McLaughlin, da Universidade da Virgínia Ocidental, que fez parte da descoberta da primeira FRB (a FRB 010724, em 2007), em entrevista por email para o site Universe Today, em agosto do ano passado, explicou que é necessária muita energia para produzir um sinal que se propague através de muitas frequências (uma característica que difere das FRBs). E se essas rajadas rápidas de rádio viessem de fora de nossa galáxia, o que certamente parece ser o caso, elas teriam que ser incrivelmente energéticas para chegar até aqui.

"A quantidade total de energia necessária para produzir apenas um pulso FRB é equivalente ao que o Sol produz em um mês! Embora possamos imaginar que as civilizações extraterrestres enviem sinais de curta duração, o envio de um sinal nas bandas de rádio amplamente largas sobre as quais as FRBs são detectadas, exigiria uma quantidade incrivelmente imensa de energia. Imaginamos que as civilizações extraterrestres transmitam em uma faixa bem estreita de frequências de rádio, assim como uma estação de rádio aqui na Terra", disse a Dra. Maura McLaughlin.

A Dra. Maura McLaughlin, da Universidade da Virgínia Ocidental, que fez parte da descoberta da primeira FRB (a FRB 010724, em 2007), em entrevista por email para o site Universe Today, em agosto desse ano, explicou que é necessária muita energia para produzir um sinal que se propague através de muitas frequências (uma característica que difere das FRBs)
Enfim, independentemente desses sinais serem naturais ou de civilizações extraterrestres, eles apresentam algumas possibilidades bem interessantes para a pesquisa astronômica e o nosso conhecimento do Universo. O mais importante é que você saiba que a hipótese de contato extraterrestre é muito remota quando falamos de FRBs, justamente pela quantidade de energia empregada em um único pulso. Exceto, é claro, que estejamos completamente errados sobre o que sabemos até o presente momento sobre o Universo.

A questão básica é que quase sempre o pensamento que temos é voltado para comunicação com outras possíveis civilizações extraterrestres avançadas, porém, ao menos dessa vez, os cientistas resolveram adotar uma abordagem diferente no mais recente estudo intitulado "FAST RADIO BURSTS FROM EXTRAGALACTIC LIGHT SAILS" ("Explosões Rápidas de Rádio de Velas Extragaláticas", em português). Atualmente, é possível acessar esse estudo de forma gratuita, através do repositório eletrônico de acesso aberto arXiv, porém o mesmo foi aceito para ser publicado no periódico Astrophysical Journal Letters. É justamente sobre isso que vocês conferem a partir de agora.

As Explosões Rápidas de Rádio Poderiam Estar Impulsionando Sondas Espaciais Alienígenas?


No resumo do estudo que realizaram, Manasvi e Abraham examinaram a possibilidade de que as FRBs fossem originadas a partir de atividades desempenhadas por civilizações extragaláticas. Disseram também que a análise feita por eles mostra, que os feixes usando para alimentar grandes velas solares poderiam gerar parâmetros consistentes com as FRBs. O diâmetro característico do emissor desse feixe seria estimado através de uma combinação de restrições energéticas e de engenharia, sendo que em ambos os casos, curiosamente, produzem um resultado semelhante, e que está na escala de um grande planeta rochoso. Essas "coincidências" contribuem para a possibilidade que as FRBs possam ter origem artificial.

Outras quantidades relevantes, assim como a massa característica da vela solar, e a velocidade angular do feixe também foram estimadas. Usando a taxa de ocorrência de FRBs, também foram inferidos limites máximos na taxa de FRBs de civilizações extragaláticas em uma galáxia típica. A possibilidade de detectar sinais mais fracos foi brevemente discutida, sendo que tempo de espera para um evento FRB excepcionalmente brilhante na Via Láctea também foi estimado. Enfim, apesar de terem sido realizados diversos cálculos bem complexos, é importante ressaltar que estamos apenas no campo teórico.

Imagem artística mostrando uma vela solar sendo impulsionada com feixes de rádio a partir do seu planeta hospedeiro
De qualquer forma, tudo isso que falamos acima pode soar grego para vocês, o que é totalmente compreensível, então vamos simplificar toda essa história, usando como base uma notícia publicada pelo próprio Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian (CfA), na última quinta-feira (9).

A busca por inteligência extraterrestre vem procurando por muitos sinais diferentes de vida alienígena, desde transmissões de rádio até feixes de laser, porém sem sucesso.  Entretanto, a pesquisa recentemente publicada sugere que os fenômenos misteriosos chamados de "explosões rápidas do rádio" poderiam ser uma evidência de tecnologia extraterrestre avançada. Especificamente, essas explosões podem ser emissões de transmissores de tamanho planetário alimentando sondas interestelares em galáxias distantes.

"As explosões rápidas de rádio são extremamente brilhantes considerando a sua curta duração e origem a grandes distâncias, e não identificamos uma possível fonte natural com quaisquer convicções. Uma origem artificial vale a pena contemplar e verificar", disse Avi Loeb, que além de professor de ciências, também é um físico teórico do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, preside o Comitê Consultivo da Iniciativa Breakthrough Starshot, sendo diretor de de Ciência Teórica para todas as iniciativas da Fundação Breakthrough Prize.

"As explosões rápidas de rádio são extremamente brilhantes considerando a sua curta duração e origem a grandes distâncias, e não identificamos uma possível fonte natural com quaisquer convicções. Uma origem artificial vale a pena contemplar e verificar", disse Avi Loeb, que além de professor de ciências, também é um físico teórico do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian
Vale ressaltar nesse ponto que o Breakthrough Starshot é um programa de engenharia e pesquisa no valor de US$ 100 milhões, anunciado no ano passado, com o objetivo de validar o conceito de nanonaves impulsionadas pela luz. Essas naves seriam capazes de viajar a uma velocidade equivalente a 20% da velocidade da luz e capturar imagens de possíveis planetas e outros dados científicos no sistema estelar Alpha Centauri, apenas 20 anos após seu lançamento. O programa conta com o apoio de Pete Worden, ex-diretor do Centro de Pesquisa NASA AMES, e contará com a assessoria de um comitê de cientistas e engenheiros de nível internacional. O conselho é formado por nomes de peso como Stephen Hawking, Yuri Milner e Mark Zuckerberg. Vocês também podem conferir uma animação explicativa sobre o Breakthrough Starshot, que foi publicada em maio do ano passado, no canal Breakthrough, no YouTube:



Avi Loeb e o co-autor do estudo Manasvi Lingam examinaram a viabilidade de criar um transmissor de rádio forte o suficiente para que fosse detectável em tais distâncias descomunais. Eles descobriram que, se o transmissor fosse alimentado por energia solar, a área de absorção de luz solar teria que possuir o dobro do tamanho da Terra para gerar a quantidade necessária de energia. Um projeto de construção dessa magnitude está muito além da nossa tecnologia, mas dentro do reino das possibilidades de acordo com as leis da física, pelo menos as que conhecemos atualmente.

Ambos também consideraram se tal transmissor seria viável a partir de uma perspectiva de engenharia ou se tanta energia assim não acabaria derretendo a estrutura que fosse criada. Mais uma vez, eles descobriram que um dispositivo refrigerado a água, que fosse duas vezes o tamanho da Terra, poderia resistir ao calor. Então, eles se perguntaram: Por que construir algo assim? Eles argumentaram que o mais plausível uso de tal força seria para impulsionar velas solares interestelares. A quantidade de energia envolvida seria suficiente para impulsionar uma carga útil de um milhão de toneladas, ou seja, cerca de 20 vezes os maiores navios de cruzeiro da Terra.

"Isso é grande o suficiente para transportar passageiros vivos através de distâncias interestelares ou até mesmo intergaláticas", acrescentou Manasvi Lingam.

Imagem artística mostrando um feixe de energia sendo disparado em relação ao espaço
Para alimentar uma vela solar, o transmissor precisaria focar um feixe continuamente na mesma. E como não vemos nada disso? Bem, segundo os autores do estudo, os observadores aqui da Terra veriam um breve "flash", porque a vela e seu planeta, estrela e galáxia hospedeiras estão se movendo em relação a nós. Os aspectos repetitivos do feixe que foram observados, mas não podem ser explicados por eventos catastróficos astrofísicos, podem fornecer pistas importantes sobre sua origem artificial.

Avi Loeb admitiu que o estudo é especulativo. Quando ele foi perguntado se ele realmente acreditava que quaisquer explosões rápidas de rádio poderiam ser geradas por extraterrestres, ele respondeu: "A ciência não é uma questão de crença, mas uma questão de evidência. Decidir o que é provável a frente do tempo limita as possibilidades. Vale a pena adicionar ideias e deixar os dados serem o juiz". Confiram também um vídeo explicativo sobre esse assunto, que foi publicado pelo canal Space.com, em sua respectiva conta, no YouTube (em inglês):



Interessantemente, ambos também extrapolaram o limite máximo de civilizações extraterrestres avançadas em uma galáxia como a nossa, e chegaram ao resultado de 10.000 civilizações. Para isso eles levaram em consideração o número estimado de planetas potencialmente habitáveis em nossa Via Láctea, ou seja, cerca de 10 bilhões segundo as estimativas atuais mais aceitas entre os astrônomos.

Vamos Simplificar Mais uma Vez? Isso Seria Realmente Possível na Prática?


Bem, uma vez que a postagem é destinada para qualquer pessoa, e de qualquer idade ler, mesmo que não seja tão interessada assim em Astronomia, mas que goste de saber sobre a existência de possíveis e eventuais seres extraterrestres, seria interessante simplificar mais uma vez essa história. O trabalho realizado por Avi Loeb e Manasvi Lingam especulou sobre uma possível fonte artificial para as explosões rápidas de rádios, e criaram um cenário no qual eles avaliaram a possibilidade das mesmas serem feixes de energia (de rádio) que estariam alimentando e impulsionando sondas espaciais alienígenas, nesse caso, velas solares. Isso seria "um pouco" semelhante ao que a Iniciativa Breakthrough Starshot pretende fazer daqui 20 anos, porém, evidentemente, em uma escala bem menor de tamanho, energia e distância.

A questão é que para alimentar e impulsionar uma sonda em meio interestelar você precisaria de um transmissor suficientemente grande e potente, além de um sistema de resfriamento igualmente eficaz para evitar que o calor derretesse a estrutura em questão. Diante das leis da física que temos hoje, de restrições energéticas e de engenharia, eles estimaram que seria necessário um transmissor com uma área de absorção da luz solar com cerca de 2 vezes o tamanho da Terra, para que então essa energia fosse convertida em um feixe de energia (de rádio) a ser disparado na direção da sonda em questão, e pasmem, de forma contínua. Obviamente, isso iria esquentar, portanto um sistema de resfriamento a base de água teria que ser também cerca de 2 vezes o tamanho da Terra. De qualquer forma, caso isso fosse possível, a energia seria suficiente para impulsionar uma sonda ou uma nave com até 1 milhão de toneladas. Como comparativo, a Estação Espacial Internacional (ISS) possui cerca de 420 toneladas, ou seja, também seria possível teorizar que seres vivos ou alienígenas pudessem ser transportados dessa forma. Entenderam o esquema?

Convido também vocês a assistirem um vídeo muito bem feito pelo canal "Physical Girl", no YouTube, que explica exatamente como a "luz" pode um impulsionar uma sonda especial. O vídeo está em inglês, inclusive possui legendas em inglês, mas vale muito a pena conferir caso você domine ainda que um pouco o idioma:



De acordo com uma notícia publicada no site "New Scientist", ninguém até hoje provou que a origem das FRBs são de civilizações extraterrestres, e nem mesmo que são de quaisquer outras fontes conhecidas. Assim sendo, "em teoria", poderia ser a primeira hipótese.

Em entrevista para o site Gizmodo, Andrew Siemion, diretor do Centro de Pesquisa SETI de Berkeley, na Califórnia, nos Estados Unidos, disse que as FRBs são diferentes de tudo o que já vimos antes e estão forçando os cientistas a considerarem muitas opções diferentes. Andrew Siemion, que não esteve envolvido no estudo, elogiou os astrônomos de Harvard pelo trabalho, mesmo que a abordagem não fosse nem um pouco convencional.

"Não podemos excluir a possibilidade de que sinais anômalos como as explosões rápidas de rádio sejam produzidos por uma tecnologia extraterrestre avançada e, mesmo que seja, sem dúvida alguma, uma possibilidade improvável, ela deve permanecer uma possibilidade até que possamos descartá-la. O estudo de Lingam e de Loeb apresenta uma ideia intrigante para uma tecnologia específica além dos sistemas tradicionais da comunicação ou de radar que podem produzir rajadas intermitentes do rádio: sistemas direcionados de propulsão energética.  Embora seja especulativo, este é um exemplo maravilhoso de uma abordagem pensativa e aberta, na qual devemos considerar todos os aspectos da Astronomia quando se procura por sinais em potencial de inteligência extraterrestre", disse Andrew Siemion.

Andrew Siemion, que não esteve envolvido no estudo, elogiou os astrônomos de Harvard pelo trabalho,
mesmo que a abordagem não fosse nem um pouco convencional.
Avi Loeb disse que sua teoria é um pouco fora do comum, mas que não podemos simplesmente desconsiderar sua teoria só porque soa estranho.

"O aspecto emocionante de fazer ciência é que se exclui possibilidades com melhores dados disponíveis. A história da ciência mostra que seria imprudente descartar possibilidades baseadas apenas no preconceito. Isso muitas vezes leva à estagnação em vez de progresso. Tendo elaborado um conjunto de parâmetros para a origem artificial da explosão rápida de rádio, eu não teria nenhum problema em aceitar uma explicação diferente, tão logo fosse validada por dados futuros. A ciência é uma experiência de aprendizagem. Nós descobrimos de maneira natural eliminando possíveis explicações através de observações, não de preconceito", disse Avi Loeb.

Porém, antes que vocês estejam pensando em dar três pulinhos de alegria, e dizer a plenos pulmões que as explosões rápidas de rádio poderiam estar impulsionando sondas extraterrestres no Universo, temos que mostrar que nem todo mundo vê o estudo com bons olhos. Lembrando mais uma vez que é especulativo.

"Acredito que essa é uma explanação extravagante, do que provavelmente seja um fenômeno natural. Gosto do pensamento fora da caixa, mas eu não apostaria qualquer quantia nessa explicação. Meu principal problema é que acionar uma vela solar usando ondas de rádio parece muito ineficiente. Considerando feixes espalhados proporcionalmente ao seu comprimento de onda e inversamente proporcional ao diâmetro do emissor, é necessário um grande emissor. Fazê-lo usando o laser - que é um dos muitos projetos, assim como o Breakthrough Starshot está pretendendo fazer (um milhão de vezes menor), gastaria menos energia", disse Anders Sandberg, pesquisador sênior do Instituto do Futuro da Humanidade, da Universidade de Oxford, na Inglaterra.

Anders Sandberg, pesquisador sênior do Instituto do Futuro da Humanidade, da Universidade de Oxford, na Inglaterra
"As explosões de rádio também são de banda larga. Isso é muito diferente de um design de engenharia eficiente, que faria uso de uma faixa de frequência bem estreita , ue é fácil de gerar e permite ajustar a refletância da vela. Os autores sugerem algumas maneiras (reciclagem de fótons ou eficiência de custos), mas eles não me parecem argumentos particularmente sólidos", continuou

"É claro que civilizações avançadas podem ser capazes de construir centrais de energia solar de tamanho planetário para acelerar espaçonaves a velocidades relativistas. Contudo, por que todos eles - lembrando que as FRBs vêm de todas as direções do Universo - fariam uso de um modelo de rádio aparentemente ineficiente, usando apenas um propulsionador de tamanho planetário ao invés de um enxame de esferas de Dyson ou um minúsculo laser, e tendo valores de aceleração e temperatura próximos à da Terra? Não seria muito difícil para uma supercivilização construir um sistema de propulsão diferente, e que produzisse um tipo diferente de FRB, mas vemos o mesmo tipo de rajadas oriundas de todas as direções", completou.

"Muito do vemos na Astronomia poderiam ser na verdade artefatos ou civilizações avançadas? Nunca podemos descartar, mas compreendemos coisas como pulsares, galáxias, halos de matéria escura, formação de estrelas, evolução estelar e planetas bem o suficiente para dizer que é mais simples explicar suas propriedades por fenômenos naturais não planejados do que alguma engenharia alienígena. Segundo a Navalha de Occam, a engenharia alienígena precisa ser uma explicação mais simples do que uma explicação natural, antes que ela comece parecer plausível. O Universo está repleto de coisas estranhas. A inteligência, quase por definição, torna as coisas ainda mais improváveis do que aquilo que ocorre naturalmente. Porém, exceto que estejamos errados, realmente muito errados sobre as coisas mais estranhas que acontecem lá fora, elas são apenas coisas estranhas naturais", finalizou.

Imagem artística de uma vela solar em relação ao planeta Terra
Enfim, AssombradOs, vale lembrar também que existe todo um aspecto financeiro envolvido, uma vez que Avi Loeb, independentemente de todas suas qualificações também faz parte da Iniciativa Breakthrough Starshot. Essa iniciativa tem interesse na criação das chamadas velas solares, que possam alcançar mais rapidamente outros sistemas planetários e investigar mais de perto a possibilidade de serem potencialmente habitáveis, e se possuem ou alguma forma de vida extraterrestre. De qualquer forma, o estudo é interessante e nos faz especular uma série de intrigantes possibilidades que seriam teoricamente possíveis, mas muito além do que podemos fazer ou detectar atualmente!

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://gizmodo.com/wild-new-theory-suggests-radio-bursts-beyond-our-galaxy-1793130515
http://www.livescience.com/58213-could-mysterious-cosmic-light-flashes-be-powering-alien-spacecraft.html
http://www.popularmechanics.com/space/a25609/fast-radio-bursts-alien-space-travel/
http://www.sciencealert.com/harvard-physicists-just-proposed-that-mysterious-cosmic-radio-bursts-are-powering-alien-spaceships
http://www.smithsonianmag.com/smart-news/are-fast-radio-bursts-alien-spacecraft-its-unlikely-possible-180962493/
http://www.space.com/35996-fast-radio-bursts-powering-alien-spacecraft.html

https://arxiv.org/pdf/1701.01109.pdf
https://phys.org/news/2017-03-fast-radio-powering-alien-probes.html
https://www.newscientist.com/article/2124209-could-fast-radio-bursts-really-be-powering-alien-space-ships/
https://www.washingtonpost.com/news/morning-mix/wp/2017/03/10/delightful-thought-experiment-sailing-aliens-caused-furious-and-fast-radio-bursts/

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