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Túmulo de Criança que Morreu Afogada "Enche de Água" Há 94 anos e Moradores Acreditam que é Milagrosa, em Santa Leopoldina/ES!

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Por Marco Faustino

É sempre muito interessante quando temos casos brasileiros para contar para vocês, principalmente quando nos avisam sobre os mesmos. Um exemplo disso foi aquela postagem, que fizemos em relação a um recente caso de um suposto "fenômeno paranormal", que estaria acontecendo em uma casa do município de Ronda Alta, no estado do Rio Grande do Sul. Segundo informações da Rádio Comunitária Navegantes, aparentemente, de maneira "inexplicável", os objetos mudariam de lugar, e pegariam fogo sozinhos. A pedido de uma vizinha, uma equipe de reportagem da própria rádio foi até o local com o intuito de registrar esses fenômenos. Aparentemente, os tais fenômenos teriam começado quando eles ainda moravam na zona rural. A família teria notado barulhos inexplicáveis, pedras caindo em cima da casa, e fortes estalos no imóvel, que os perturbavam. Então, os incidentes teriam começado a se intensificar, até o dia em que a mãe, que é uma senhora viúva, foi com seu filho até a cidade para receber a aposentadoria. Ao chegar em casa ela colocou o dinheiro em cima de um móvel, e foi realizar suas tarefas diárias. Em um determinado momento, foi sentido um forte cheiro de queimado, e ao procurarem de onde o cheiro vinha, perceberam que o dinheiro havia pegado fogo. A pior parte é que a família tentou se mudar para o meio urbano, mas os supostos fenômenos teriam continuado. Apesar da boa reportagem realizada pela equipe da Rádio Navegantes, em nenhum momento eles conseguiram registrar nenhum fenômeno no interior da casa. Aparentemente, na absoluta maioria das vezes isso aconteceria apenas longe dos olhos dos familiares. De qualquer forma, a polícia civil está investigando o caso e existe a suspeita que alguém esteja por trás desses incêndios. Vale a pena conferir a postagem (leia mais: Fenômeno Poltergeist? Coincidência? Família Alega que Objetos se Movem e Pegam Fogo Sozinhos em uma Casa de Ronda Alta/RS!).

Agora, muitos de vocês nos pediram para que comentássemos sobre uma situação que estaria acontecendo há quase um século, no município de Santa Leopoldina, no Espírito Santo, onde o túmulo de uma garotinha de pouco mais de 4 meses de idade, que teria morrido afogada em janeiro de 1923, se tornou uma espécie de atração considerada "milagrosa" da cidade. O motivo? Bem, a garotinha em questão, de nome Maria Gilda, teria nascido em 4 de setembro de 1922, e morreu menos de 5 meses depois, no dia 19 de janeiro de 1923. Sua avó, Maria Zelinda Avancini, ao buscar uma toalha, teria deixado a criança sozinha em uma bacia, e quando voltou Maria Gilda já estava morta. Maria Gilda fazia parte de uma das famílias mais tradicionais da cidade, os Reinsen. Segundo o livro "O Município de Santa Leopoldina", do escritor Francisco Schwarz, Maria Zelinda foi a mulher mais caridosa que o município já teve, e o sepultamento de Maria Gilda foi um comoventes e que mais movimentou a população da cidade. Reza a lenda, que a mãe da garotinha, no dia do seu sepultamento levou a bacia com água onde a filha tinha morrido e após descer o seu caixão, ela teria jogado a água sobre o mesmo dizendo: "Já que você levou a minha filha, agora minha filha vai levar você". Desde então conta-se que sempre há a presença de água na sepultura da menina. Algumas pessoas acreditam que a água seja milagrosa, que cura doenças, muito embora as autoridades não recomendam o consumo da água, até mesmo em razão de produtos químicos jogados por agentes de saúde para evitar a proliferação de mosquitos. Será que essa água é mesmo milagrosa? Vamos saber mais sobre esse assunto?

Um Pouco Sobre o Município de Santa Leopoldina, no Espírito Santo


Santa Leopoldina é um município brasileiro do estado do Espírito Santo que, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) tem uma população estimada atual de 12.887 habitantes, localizada a cerca de 50 km a noroeste de Vitória, a capital do estado. Devido ao seu grande valor histórico, o município faz parte das rotas turísticas, como a Rota do Imigrante e a Rota Imperial. A cidade também é conhecida por ter o melhor carnaval de rua da Região Serrana, cuja cultura preserva o antigo carnaval de rua, com fantasias e marchinhas de época.

Imagem do Google Maps mostrando a distância de Santa Leopoldina até Vitória, capital do Espírito Santo
Foto atual de um trecho da cidade de Santa Leopoldina, no Espírito Santo
Conta-se que por volta do ano de 1535 foi aberto um sítio, no lugar onde o município se encontra, denominado "Una de Santa Maria", que foi habitado por índios até 1759. Porém, em consequência do decreto do Marquês de Pombal, que obrigava os padres jesuítas a deixarem as aldeias, aqueles que não morreram abandonaram o sítio, e refugiaram-se em matas virgens. Depois vieram outros fazendeiros que abriram fazendas com mão de obra escrava. De qualquer forma, a colonização sistemática de Santa Leopoldina foi iniciada em 1856, quando foi autorizada a demarcação de uma área de 567 km², às margens do Rio Santa Maria, para a fundação de uma colônia de imigrantes.

No ano de 1857, chegaram os primeiros imigrantes suíços e, em seguida, vieram alemães, pomeranos, austríacos, entre outras nacionalidades. Curiosamente, em 1860, Dom Pedro II chegou até a localidade de canoa acompanhado pela comitiva, na qual se destacava o Marques de Tamandaré. Ele percorreu alguns trechos do território em colonização, tendo o inesquecível Dr. Luiz Holzmeister como intérprete. Com o progresso da colônia, tornou-se inevitável à formação de um povoado no local em que havia permanente baldeamento de mercadorias entre os dois sistemas de transporte que se completavam.

Porto de Cachoeiro em 1873
Estação Telegráfica de Benevente, em 1874
Com os primeiros ranchos de tropa, armazéns de carga e postos de abastecimento, surgiu o Porto de Cachoeiro que, em 1867, tornou-se a sede oficial da colônia com a denominação de "Cachoeiro de Santa Leopoldina". Esse nome de "Cachoeiro" era devido a localização da sede, que se encontrava no local onde o rio deixava de ser "encachoeirado". Assim sendo, durante mais ou menos 50 anos, o movimento de exportação e importação foi firmemente mantido. Cachoeiro de Santa Leopoldina chegou a ser a 3ª colônia mais populosa do império. O comércio intenso fez com que, em 1882, a colônia se emancipasse. Já a cidade foi criada oficialmente em 17 de abril de 1887

Cachoeiro de Santa Leopoldina teve um grande destaque naquela época. Apenas 11 anos após a grande invenção de Alexandre Graham Bell, o telefone dava os primeiros passos no Rio de Janeiro, e já funcionava em Santa Leopoldina, passando pelas ruas Costa Pereira e Taunay Telles, nos termos da autorização da Câmara Municipal constante do Ofício nº 79, de 31 de outubro de 1887. Em 1889, instalou-se a Comarca pelo Dr. Domingos Marcondes de Andrade, seu primeiro Juiz de Direito, cargo que no ano seguinte foi exercido pelo jovem Graça Aranha, que então se inspirou para escrever o famoso romance Canaã.

Santa Leopoldina é conhecida como uma das primeiras colônias do estado do Espírito Santo.
O município é bastante conhecido em literaturas, como no livro "O Cannã", de Graça Aranha.
Foto da Igreja Matriz de Santa Leopoldina, no Espírito Santo
A cidade tornou-se o maior empório comercial do Espírito Santo. Grandes firmas da Europa despachavam seus viajantes diretamente ao Porto de Cachoeiro. Só depois que faziam esta praça é que visitavam Vitória, a capital do estado. O grande movimento assegurou uma posição social de destaque. Suas festas eram muito concorridas. As ruas ficavam multicoloridas de confetes e serpentinas na época do Carnaval. Em 1943, a cidade passou a ser chamada apenas de Santa Leopoldina.

Por fim, poderiamos dizer que a principal renda do município é o turismo, visto que a cidade, denominada como "Filha do Sol e das Águas", possui diversas cachoeiras, com acomodações e lazer, além de possuir excelentes pousadas e venda de artesanato local.

Cachoeira da Fumaça do Parque Ribeirão dos Pardos, em Santa Leopoldina, no Espírito Santo
Cachoeira Moxafongo, em Santa Leopoldina, no Espírito Santo
Um dos principais pontos para visitação é o Museu do Colono, localizado no centro da cidade. Com mais de 100 anos de construção, a antiga casa da Família Holzmeister deu lugar ao museu, que preserva os traços do século passado, porcelanas, pinturas, instrumentos musicais e todo um acervo de bens pessoais, além de possuir em seu térreo uma galeria, para exposição de obras. Santa Leopoldina é um verdadeiro paraíso ecológico com uma rica fauna e flora além da diversidade étnica, que conferem à região uma grande potencialidade de turismo, cultura, lazer e prática de esportes radicais.

O Caso Envolvendo o Túmulo de Maria Gilda: A Água Presente no Túmulo Seria Mesmo Milagrosa?


Apesar de termos recebido muitas mensagens apontando para uma recente matéria publicada sobre esse caso no site da Gazeta Online, considerado o maior portal de notícias de Espírito Santo, vale lembrar que a mesma é apenas uma republicação de uma antiga matéria de dezembro de 2015, porém do mesmo autor, o jornalista Kaique Dias (isso é informado na mais recente publicação).

No texto é apontado que, dentro do cemitério municipal de Santa Leopoldina, algo bem inusitado chama atenção até hoje e, inclusive, atrai pessoas de diversas partes do país, que buscam ficar curadas das mais diversas doenças: o túmulo de Maria Gilda, que "enche de água há mais de 90 anos". A história que é contada oralmente, de geração em geração, menciona que a menina morreu afogada em uma bacia, quando tinha pouco menos de 5 meses de idade.

Maria Gilda teria nascido em 4 de setembro de 1922 e morreu menos de 5 meses depois, no dia 19 de janeiro de 1923. A avó, Maria Zelinda Avancini, teria ido buscar uma toalha, e teria deixado a criança sozinha em uma bacia. Quando voltou Maria Gilda já estava morta
Dentro do cemitério municipal de Santa Leopoldina, algo bem inusitado chama atenção até hoje e, inclusive, atrai pessoas de diversas partes do país, que buscam ficar curadas das mais diversas doenças: o túmulo de Maria Gilda, que "enche de água há mais de 90 anos"
Maria Gilda fazia parte de uma das famílias mais tradicionais da cidade, a família Reinsen
Conforme mencionamos anteriormente, a menininha teria nascido em 4 de setembro de 1922 e morreu menos de 5 meses depois, no dia 19 de janeiro de 1923. A avó, Maria Zelinda Avancini, teria ido buscar uma toalha, e teria deixado a criança sozinha em uma bacia. Quando voltou Maria Gilda já estava morta. Além disso, Maria Gilda fazia parte de uma das famílias mais tradicionais da cidade, a família Reinsen (lembrando que a cidade tem um histórico de colonização europeia, principalmente austríaca e alemã).

De acordo com a matéria, o surpreendente desse história é que mesmo em longos períodos de estiagem, existe a presença de água na sepultura da criança. O mistério em torno do túmulo invariavelmente atrai turistas, e acabou ajudando a manter ativo o "Circuito de Cemitérios" até 2011, uma rota que visava valorizar personalidades no Estado enterradas em Santa Leopoldina (iremos comentar sobre isso daqui a pouco). Segundo, Jefferson Rodrigues, guia de turismo da região, não foi feito um estudo aprofundado sobre a água na sepultura de Maria Gilda.

Segundo, Jefferson Rodrigues, guia de turismo da região,
não foi feito um estudo aprofundado sobre a água na sepultura de Maria Gilda
"É curioso porque, se observarmos, o túmulo fica acima da terra em uma barra de concreto. E como tem água? Muita gente fala que é o coveiro, mas seria uma tradição de muito tempo se fosse verdade", indagou Jefferson.

A história sobre uma água que insiste permanecer na "parte oca" do túmulo de Maria Gilda acabou chamando a atenção de muitas pessoas, que não consideravam aquilo tão somente um mistério, mas também consideravam o fato como sendo um milagre. Por muitos anos, caravanas se dirigiram até Santa Leopoldina com pessoas doentes em busca da cura de diversas doenças, inclusive do câncer.

A história sobre uma água que insiste permanecer na "parte oca" do túmulo de Maria Gilda acabou chamando a atenção de muitas pessoas, que não consideravam aquilo tão somente um mistério, mas também consideravam o fato como sendo um milagre
Por muitos anos, caravanas se dirigiram até Santa Leopoldina com pessoas doentes em busca da cura
de diversas doenças, inclusive do câncer
De acordo com o antigo coveiro do cemitério municipal, o aposentado Luciano Lichtenheld, 70 anos, diversas pessoas visitavam o município em busca da chamada "água milagrosa".

"Veio uma senhora de Vitória e disse que o marido dela foi curado de câncer. Alguma coisa tem naquela água", lembrou Luciano. No entanto, o guia Jefferson Rodrigues explicou que atualmente não é recomendadoque as pessoas bebam a água do túmulo de Maria Gilda.

"A Secretaria de Saúde joga um produto para evitar a proliferação do mosquito da dengue. Já pensaram até em perfurar o túmulo para a água sair. Mas isso é tradição e a gente precisa preservar o que é da cultura", disse Jefferson.

"Veio uma senhora de Vitória e disse que o marido dela foi curado de câncer.
Alguma coisa tem naquela água
", lembrou Luciano.
Lembram do "Circuito de Cemitérios"? Então, essa ideia nasceu em 2009, e partiu do próprio Jefferson Rodrigues, quando era secretário de Turismo da cidade, e tinha objetivo de valorizar a história das pessoas que fizeram parte da história da cidade e do estado. Contudo, devido a falta de investimento, a rota acabou em 2011.

"No mundo inteiro existem rotas de cemitérios, como na Argentina, na Europa e até no Rio de Janeiro. Mesmo não tendo o circuito em si, as pessoas vão visitar, e percebi que o cemitério de Santa Leopoldina também era visitado. A pessoas vinham conhecer o túmulo da Maria Gilda, da família Reisen, e outras que fizeram história não só na cidade", completou.

Além de Maria Gilda, também é encontrado no município o túmulo do ex-jogador da seleção brasileira, José Fontana, o primeiro capixaba a participar e único a ganhar uma Copa do Mundo, em 1970.

Além de Maria Gilda, também é encontrado no município o túmulo do ex-jogador da seleção brasileira, José Fontana, o primeiro capixaba a participar e único a ganhar uma Copa do Mundo, em 1970
José Fontana morreu de um ataque cardíaco em 1980, quando tinha apenas 39 anos de idade. O atleta, que também atuou no Rio Branco e no Santo Antônio, era de Santa Teresa, mas tinha o desejo de ser enterrado com os avós em Santa Leopoldina.

Conforme vocês puderam perceber, aparentemente o túmulo de Maria Gilda não "enche de água" conforme muitos de vocês devem ter imaginado, o que temos, ao menos visivelmente na matéria, é uma pequena lâmina de água (nada indica que a parte oca fique totalmente repleta de água, sendo que é possível acessá-la externamente). Além disso, periodicamente agentes de saúde jogam produtos químicos para evitar a proliferação de mosquitos e consequentemente doenças como a dengue, por exemplo.

Ainda que nenhum produto químico fosse jogado na água, temos que considerar que a mesma é uma água proveniente de ambiente totalmente insalubre, úmido e repleto de fungos e bactérias, ou seja, independentemente da crença, o consumo dessa água seria totalmente reprovável. Pensem bem, vocês beberiam a água presente dento de um túmulo? Enfim, para a nossa maior alegria, no entanto, a matéria contava com um vídeo muito interessante sobre o assunto. Será que alguma evidência seria apresentada para demonstrar que água teria mesmo poderes curativos?

A Matéria em Vídeo Publicada pela Gazeta Online, no Dailymotion


Para evitar qualquer tipo de enrolação, abaixo vocês conferem a matéria realizada em vídeo, que por sua vez foi publicado pela Gazeta Online, no Dailymotion (um site de compartilhamento de vídeos, assim como o YouTube), em 8 de dezembro de 2015 (fiquem calmos que iremos comentar sobre o mesmo):



No vídeo podemos conferir inicialmente as declarações do guia de turismo Jefferson Rodrigues, contando um pouco sobre como surgiu sua ideia de criar o chamado "Circuito de Cemitérios", em Santa Leopoldina, algo que não teve continuidade apesar de ainda constar na página da prefeitura da cidade. Ele disse que a ideia surgiu durante uma viagem que ele fez até a Chapada Diamantina, mais precisamente até a cidade baiana de Mucugê, onde ele perguntou o que podia fazer ou visitar no local, e foi sugerido que ele visitasse o cemitério local. Assim sendo, ao retornar, Jefferson disse que pesquisou mais sobre o assunto, viu que em outros países os cemitérios eram valorizados como pontos turísticos em relação as pessoas famosas e importantes que foram enterradas, e resolveu implementar isso em Santa Leopoldina.

Em seguida, o coveiro Adriano Freitas contou a mesma história, que é contada há dezenas de anos pelos coveiros mais antigos sobre Maria Gilda, acrescentando um detalhe muito interessante. Ele contou que a mãe da garotinha, no dia do seu sepultamento, levou a bacia com água onde a filha tinha morrido e após descer o caião, ela teria jogado a água sobre o mesmo dizendo: "Já que você levou a minha filha, agora minha filha vai levar você".

Adriano contou que a mãe da garotinha, no dia do seu sepultamento, levou a bacia com água onde a filha tinha morrido e após descer o caião, ela teria jogado a água sobre o mesmo dizendo: "Já que você levou a minha filha, agora minha filha vai levar você"
Jefferson Rodrigues disse que Maria Gilda pertencia a família Reisen, que juntamente com a família Vervloet, seriam as mais poderosas de Santa Leopoldina, acrescentando que a presença de água seria um mistério. Ele disse que uma possibilidade seria dos coveiros jogarem água intencionalmente no local para manterem a lenda viva, mas que isso seria bem remoto.

Em sua defesa, Adriano Freitas disse que ao longo dos seus cinco anos, que o mesmo vem trabalhando no cemitério, ele não jogou um único copo de água no túmulo. Aliás, ao ser questionado se ele já havia bebido aquela água, ele disse que não, e que também não acreditava, mas que cada um tinha sua crença.

Imagem mostrando que apenas uma pequena tampa de mármore
protege o local do acesso externo de visitantes e curiosos
Jefferson acrescentou que diversas caravanas visitavam o túmulo de Maria Gilda nas décadas de 60 e 70, e as pessoas diziam que a água curava "micoses". Luciano Lichtenheld, um antigo coveiro da cidade, foi bem mais além sobre os supostos poderes curativos da água. Ele disse que um homem de Cachoeiro de Itapemirim, uma cidade a 160 km de distância a sudoeste de Santa Leopoldina, mencionou que sua esposa não tinha cura, mas não mencionou qual seria a doença que a esposa sofria. Então, ele levou uma garrafinha de água do túmulo, e deu para sua esposa beber. Após cerca de dois ou três meses, esse homem foi com a esposa até o médico, e ela não tinha mais nada.

Luciano contou que inicialmente o homem teria prometido uma rosa a Maria Gilda, caso a esposa fosse curada. Assim sendo, o homem voltou ao cemitério para deixar uma rosa em seu túmulo. Luciano também disse que tanto ele quanto o homem choraram de emoção com toda aquela história, que continuava o arrepiando até hoje. Ele também contou a história de uma senhora, moradora da cidade de Vitória, que lhe contou que o marido havia sido curado do câncer. Interessante, não é mesmo?

Luciano também contou a história de uma senhora, moradora da cidade de Vitória
que lhe contou que o marido havia sido curado do câncer
Infelizmente, no entanto, há pouquíssima informações sobre Maria Gilda. No site da prefeitura de Santa Leopoldinaé informado apenas que a menininha era filha do farmacêutico Silvestre Ferreira e de Lucia Reisen, sendo neta de Maria Zelinda Avancine e José Reisen. Ainda é mencionado, que em sua homenagem foi construído o mausoléu, onde a cruz esta sob uma armação de concreto. A parte interna concretada é oca e, justamente por este motivo, permanentemente estaria "cheia de água", mesmo nos grandes períodos de estiagem. Aliás, consta no site que Maria Gilda teria se afogado em uma banheira.

Aparentemente, não temos nenhum documento oficial apontando sobre as causas da morte de Maria Gilda, algo que provavelmente ficou apenas na memória dos seus habitantes, que com o tempo podem ou não acrescentar ou retirar detalhes do que se conta, de forma não-intencional, é claro. Lembro quando fiz o especial sobre a "Busby Stoop Chair", a lendária e secular cadeira mais amaldiçoada do mundo, e pude perceber que a lenda atual era bem diferente do que foi registrado em livros históricos. Para piorar a situação, mesmo com pouco tempo após os fatos, os livros históricos tinham dificuldades em contar o que poderia realmente ter acontecido, em razão da memória da população não ser tão boa após algumas dezenas de anos. Resumindo? Pode não ter acontecido exatamente desse jeito que se conta hoje em dia. Vale lembrar que o livro "O Município de Santa Leopoldina", do escritor Francisco Schwarz, foi publicado em 1992, quase 70 anos após o ocorrido.

Agora, se a água é ou não milagrosa é uma questão de crença. Contudo, devido ao ambiente em que ela se encontra, obviamente não é recomendado que ninguém beba aquela água. É diferente de uma fonte natural de água limpa, que alguém considere como curativa devido suas propriedades químicas, entendem? Além disso, conforme vocês puderam perceber, o acesso até o local onde a água permanece é de fácil acesso, ou seja, qualquer um poderia jogar água naquele local para alimentar esse mistério, excluindo a possibilidade que debaixo do túmulo haja uma espécie de mina de água, é claro. Também não há nenhuma análise química da água, que atualmente é contaminada por produtos químicos, e nenhum outro dado concreto que comprove que a mesma é milagrosa. De qualquer forma, essa será uma excelente história para se contar e ouvir por muitos e muitos anos. Por fim, gostaríamos de parabenizar ao Kaique Dias e ao Wing Costa por essa matéria muito bem produzida e editada, que proporcionou toda essa postagem sobre o assunto.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://novo.gazetaonline.com.br/especiais/capixapedia/2017/03/tumulo-de-crianca-afogada-em-1923-enche-de-agua-ate-hoje-em-santa-leopoldina-1014032355.html
http://www.cidades.ibge.gov.br/v3/cidades/municipio/3204500
http://www.dailymotion.com/video/x3h8tak_tumulo-de-crianca-afogada-aparece-cheio-de-agua-em-santa-leopoldina_news
http://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/2016/11/ex-jogador-da-selecao-brasileira-fotografos-e-escritores-saiba-quais-famosos-estao-enterrados-no-es.html
http://www.gazetaonline.com.br/_conteudo/2015/12/noticias/cidades/3917173-tumulo-de-crianca-afogada-em-1923-enche-de-agua-ate-hoje-em-santa-leopoldina.html
http://www.santaleopoldina.es.gov.br

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