Quantcast
Channel: Assombrado
Viewing all articles
Browse latest Browse all 851

O "Mistério" Sobre Tunguska! Pesquisadores Russos Dizem que a Suposta "Cratera" do Lago Cheko Não Teria Sido Originada em 1908!

$
0
0

Por Marco Faustino

Quando mencionamos algo relacionado a Rússia, geralmente causa um certo frenesi nas pessoas. Afinal, temos todo um estereótipo gravado em nossas mentes sobre os russos, e que deles se poderia esperar qualquer coisa. No fim do ano passado, por exemplo, muitos sites de notícias passaram a comentar sobre um eventual e polêmico "reality show" russo denominado "Game 2: Winter". As primeiras informações apontavam que o mesmo contaria com 30 participantes (15 homens e 15 mulheres), que tentariam sobreviver ao rigoroso inverno siberiano, com temperaturas inferiores a -40ºC, durante cerca de nove meses, com a promessa que um ou mais vencedores compartilhariam uma premiação de cerca de US$ 1,6 milhão (aproximadamente R$ 5,5 milhões pela cotação atual). A polêmica, é claro, veio por parte dos organizadores que, em algumas poucas entrevistas para sites internacionais de notícias, teriam declarado que durante o "reality show" seriam permitidos assassinatos, estupros, entre as mais diversas violações aos direitos humanos. Em nossa postagem, no entanto, vocês puderam conferir a realidade sobre toda essa história, que estava sendo propagada sem quaisquer filtros. Nós mostramos o suposto local em que esse "reality show" seria realizado, as pessoas que estavam envolvidas e suas respectivas qualificações, e se tudo aquilo seria realmente viável ou seria colocado em prática conforme estava sendo divulgado. Vale a pena conferir o conteúdo completo da postagem (leia mais: Será Verdade que um "Reality Show" na Rússia Vai Permitir que "Estupros e Assassinatos" Sejam Cometidos Pelos Participantes?).

Aproveitando o calor e as altas temperaturas que vinham fazendo em boa parte do Brasil, em contraste com o frio congelante que estava fazendo na Europa, também publicamos no começo desse ano, uma postagem avaliando as probabilidades do questionável e amplamente debatido "Aquecimento Global" desencadear um surto mortal de varíola, um desastre nuclear, e até mesmo o colapso de cidades na Rússia. Grande parte desses desastres seriam ocasionados pelo derretimento do gelo do "permafrost" (também chamado de pergelissolo, consistindo de um tipo de solo formado por gelo, rocha, e sedimentos, que armazena uma grande quantidade de carbono e metano), consequentemente deixando o solo instável, e fazendo com que casas e prédios simplesmente viessem abaixo. Isso poderia causar um forte impacto econômico e até mesmo político no aparente inabalável território comandando por Vladimir Putin, atual presidente da Federação Russa. Uma matéria bem interessante, visto que esse é um assunto recorrente, e que com certeza será destaque daqui alguns meses, mais precisamente durante o verão na Europa (leia mais: O "Aquecimento Global" Poderia Desencadear um Surto Mortal de Varíola, um Desastre Nuclear, e o Colapso de Cidades na Rússia?).

Continuando a falar sobre a Rússia, entra ano e sai ano, e quase sempre temos alguma notícia envolvendo o que é considerado um dos maiores "mistérios" do século XX, e que nesse ano completará 109 anos, desde sua ocorrência em 30 de junho de 1908. Conseguem advinhar o que aconteceu nessa data? Acertou quem respondeu o que ficou conhecido como "Evento de Tunguska". Uma enorme explosão que aconteceu em uma floresta remota da Sibéria, em uma área próxima ao rio Podkamennaya Tunguska. A teoria mais aceita até hoje para explicar esse evento, é que a explosão teria sido resultado de uma grande bola de fogo entre 50 e 100 metros de diâmetro. Essa explosão foi tão forte que teria destruído cerca de 2.000 quilômetros quadrados de taiga, também conhecida como floresta boreal ou floresta de coníferas, e derrubando por volta de 80 milhões de árvores. Na tentativa de provar a queda de um objeto celeste, uma corrente de cientistas acredita que um lago nas proximidades teria sido originado pelo meteorito de Tunguska, quer dizer, uma parte teria explodido em milhões de pedaços a cerca de 10 km acima da superfície (reduzindo-se a poeira cósmica), e um pedaço bem maior teria caído a 8 km ao norte dessa explosão. Para vocês terem uma ideia, até hoje existem especulações que esse o evento tenha sido causado por OVNIs, pela fúria de deuses, devido a um miniburaco negro, por antimatéria e inclusive pelo famoso "raio da morte de Tesla". Curiosamente, esse assunto ganhou novo fôlego na mídia, a partir de um novo estudo apontando que a bacia desse lago não teria sido criada pelo evento de Tunguska. Isso alimentou, é claro, novas especulações e até mesmo manchetes em sites de notícias internacionais dizendo que a explosão não teria sido resultado de um meteorito. Será mesmo? Vamos saber mais sobre esse assunto?

As Novas Informações Sobre o "Evento de Tunguska" Publicadas Por Diversos Sites de Notícias Internacionais: Não Teria Caído um Meteorito?


Não adianta falar sobre esse assunto, sem explicar para vocês o que se sabe até hoje sobre o "Evento de Tunguska", não é mesmo? Afinal de contas, para que vocês compreendam melhor o que está sendo divulgado, é necessário dar um pulo no passado, e ter uma noção do que realmente pode ter acontecido e os estudos realizados por pesquisadores ao longo do tempo. Sem essas informações em mente, vocês estariam fadados a acreditar somente em uma linha de raciocínio e seriam induzidos erronemente a acreditar apenas nos títulos das notícias publicadas por tabloides e sites de notícias mais populares. Contudo, antes de começarmos a destrinchar esse assunto, vamos conferir o que vem sendo propagado pela mídia internacional a respeito desse novo estudo. Vamos utilizar como base o que foi publicado pelo "The Siberian Times", que é uma das fontes mais interessantes quando o assunto é a Rússia, e que publicou resumidamente o que se sabe até hoje sobre Tunguska.

Em uma notícia publicada anteontem (23), no site de notícias "The Siberian Times", e intitulada "Beautiful and mysterious: but was Lake Cheko formed from the exploding Tunguska meteorite?" ("Bonito e misterioso: porém, o Lago Cheko foi formado a partir do meteorito que explodiu sobre Tunguska?", em português) era mencionado que cientistas russos teriam refutado a teoria de uma respeitada equipe italiana, ao provar que o um remoto lago azul (o lago Cheko) era mais antigo do que o evento ocorrido em 1908. Assim sendo, o chamado "Evento de Tunguska", que está prestes a completar 109 anos, continuaria sendo um desafio intrigante para a ciência moderna e tema de uma grande divergência entre os pesquisadores.

Imagem aérea do lago Chake, na Rússia
De acordo com a notícia, em 30 de junho de 1908, uma grande bola de fogo teria cruzado o céu acima da taiga siberiana e sobre o rio Podkamennaya Tunguska. Em seguida, uma mega explosão aconteceu e chegou a ser ouvida em vilarejos a 1.200 quilômetros de distância, sendo que suas consequências sobre a pressão atmosférica foram detectadas na Grã-Bretanha. Aproximadamente 2.000 km² de floresta foram literalmente "achatados" (cerca de 80 milhões de árvores), e milhares de carcaças de renas carbonizadas foram encontradas no solo. A explosão teria ocorrido a cerca de 10 km da superfície e teria sido equivalente a 185 bombas de Hiroshima. Felizmente, isso aconteceu em uma das regiões mais remotas da Sibéria e não havia relatos de pessoas mortas devido ao incidente.

Aproximadamente 2.000 km² de floresta foram literalmente "achatados"
(cerca de 80 milhões de árvores), e milhares de carcaças de renas carbonizadas foram encontradas no solo.

A explosão teria ocorrido a cerca de 10 km da superfície e teria sido equivalente a 185 bombas de Hiroshima. Felizmente, isso aconteceu em uma das regiões mais remotas da Sibéria e não havia relatos de pessoas mortas devido ao incidente
Para as testemunhas tudo aquilo aparentou ser o Armagedom. Uma das pessoas que teria presenciado o ocorrido, a 65 km de distância, estava sentado em uma cadeira, e acabou sendo derrubada devido a onda de calor. "De repente... o céu estava dividido em dois, e bem acima da floresta toda a parte norte do céu parecia estar coberta de fogo... naquele momento houve um estrondo no céu e um forte impacto. O estrondo foi seguido por um barulho como pedras caindo do céu, ou de armas disparando. A terra tremeu.", teria dito uma das testemunhas.

"Eu fiquei tão quente, que não estava aguentando, era como se minha camisa estivesse pegando fogo. Queria arrancar minha camisa e jogá-la no chão e, então, o céu se fechou. Houve uma espécie de forte golpe, e fui jogado há alguns metros", completou.

Imagem de satélite do Google Maps apontando para o local considerado como o epicentro do evento de Tunguska
Naquela época, nos dias posteriores ao incidente, nuvens prateadas e brilhantes, pores-do-sol coloridos e uma estranha luminescência noturna foram mencionadas em diversas partes da Europa. Teria ficado tão claro à meia-noite, que era possível jogar críquete e golfe. O impacto foi percebido tanto pelo Observatório Astrofísico Smithsoniano quanto pelo Observatório Mount Wilson, na Costa Leste e Oeste dos Estados Unidos. O céu noturno teria ficado tão iluminado, que as pessoas conseguiam ler durante a noite.

Inicialmente, a história foi reportada como se um meteorito tivesse caído na região de Krasnoyarsk, porém após algum tempo os jornais começaram a especular se poderia ter sido uma erupção vulcânica ou até mesmo um "OVNI". Outras possíveis "explicações" também foram mencionadas no decorrer do tempo: um cometa feito de gelo e não de rocha teria evaporado na atmosfera; a crença do povo Evanki que acreditava que a responsabilidade era do deus Ogdy, o deus do fogo (ou do trovão); um possível buraco negro que teria colidido com a Terra; a explosão nuclear provocada por um "OVNI" ou que o mesmo pudesse ter destruído um meteorito que poderia destruir o planeta. Na parte final dessa postagem vamos comentar sobre algumas dessas teorias, que são bem exóticas diga-se de passagem.

Segundo a crença do povo Evanki a responsabilidade pelo evento de Tunguska
era do deus Ogdy, o deus do fogo (ou do trovão)

O povo Evanki ainda habita algumas regiões da Rússia, China, Mongólia e Ucrânia
Ainda segundo o "The Siberian Times" a investigação do incidente demorou décadas, e somente após a Revolução Russa de 1917, que as primeiras expedições começaram a ser realizadas pelo mineralogista russo Leonid Kulik. Suas investigações teriam levado a um enigma, que até hoje intrigaria os cientistas: se foi um meteorito, onde estava a cratera e o material extraterrestre?

Uma década atrás, uma equipe de pesquisa da Universidade de Bolonha, na Itália, liderada por Luca Gasperini, apontou a pequena bacia, com cerca de 500 metros de diâmetro do lago Cheko, como sendo a cratera do impacto. O lago está localizado a cerca de 8 km do suposto marco zero do evento de Tunguska, e o local não tinha sido anteriormente marcado em mapas.

Uma década atrás, uma equipe de pesquisa da Universidade de Bolonha, na Itália, liderada por Luca Gasperini, apontou a pequena bacia, com cerca de 500 metros de diâmetro do lago Cheko, como sendo a cratera do impacto
Além disso, as medidas sísmicas realizadas no fundo do lago datavam de aproximadamente um século, e a profundidade do mesmo, no formato de uma cratera, era mais profunda do que tipicamente encontrado na região. Eles também tinham concluído que havia uma densa camada de pedras debaixo do solo e dos sedimentos, que seriam os resquícios da explosão do meteorito.

Imagem do epicentro do evento de Tunguska mostrando o poder que a explosão teve
ao simplesmente aplainar as árvores ao seu redor

Mapa morfobatimétrico do lago Cheko obtido por meio da análise de dados sobre
uma fotografia aérea tirada durante a expedição da equipe italiana em 1999
Eles relataram que a reflexão sísmica e os dados magnéticos revelaram uma anomalia próxima ao centro do lago, a menos de 10 metros abaixo do solo. Esta anomalia era compatível com a presença de um objeto pedregoso enterrado e dava suporte a teoria de que o lago Cheko fosse um lago criado a partir de uma cratera de impacto. A equipe italiana também tinha argumentado anteriormente, que as árvores literalmente achatadas demonstravam que "dois corpos teriam entrado na atmosfera". Um teria explodido a cerca de 8 km acima do solo, enquanto o outro teria atingido a Terra onde o lago Cheko está agora.

Os efeitos da explosão ocorrida em Tunguska podem ser percebidas até os dias de hoje
Cientistas russos, no entanto, recentemente (mais precisamente durante uma expedição realizada em julho de 2016) teriam examinado o lago Cheko, e questionaram a teoria italiana. Eles sugeriram que a região tinha sido mal mapeada e não seria nenhuma surpresa que o o lago Cheko não aparecesse em mapas antigos. Os pesquisadores de Krasnoyarsk e Novosibirsk estimaram a idade do lago ao analisar os sedimentos do seu leito, e realizaram análises geoquímicas e bioquímicas. Outros cientistas do Instituto de Geologia e Mineralogia, o braço siberiano da Academia Russa de Ciências, concluíram a análise radioscópica das amostras dos seus núcleos.

O estudo indicava que a amostra mais profunda que foi obtida, a cerca de 1,2 m abaixo do leito do lago, tinha cerca de 280 anos, o que significava que o lago provavelmente seria ainda mais antigo, visto que os pesquisadores não conseguiram extrair amostras ainda mais profundas. Assim sendo, geologicamente o lago aparentava ser novo, mas não o bastante para ter sido criado a partir do evento de Tunguska.

Fotografia recente do lago Cheko tirada durante uma expedição em julho de 2016
"Além disso, existem outros lagos profundos, e praticamente redondos na reserva de Tunguska, que se parecem com o lago Cheko e provavelmente têm a mesma origem geológica", disse através de um comunicado, o Centro de Expedição da Sociedade Geográfica de Rússia, no Distrito Federal Siberiano. Os detalhes completos da pesquisa são aguardados para serem publicados em periódicos científicos no mês de junho ou julho desse ano.

Uma investigação anterior do lago feita por cientistas soviéticos em 1961 havia refutado a origem moderna do lago Cheko, argumentando que a presença de depósitos de sedimentos espessos no leito do lago sugeria uma idade de pelo menos 5.000 anos. Outras investigações já tinham apontado para pequenos vestígios de silicato e magnetita no solo da região do evento de Tunguska.

O estudo indicava que a amostra mais profunda que foi obtida, a cerca de 1,2 m abaixo do leito do lago, tinha cerca de 280 anos, o que significava que o lago provavelmente seria ainda mais antigo, visto que os pesquisadores não conseguiram extrair amostras ainda mais profundas
De qualquer forma, a teoria mais provável é que aparentemente um objeto celeste explodiu e foi destruído na atmosfera terrestre. Apenas pequenas partículas de poeira cósmica teriam caído em nossa superfície. Um estudo de 2013, por exemplo, encontrou amostras de rochas de origem meteórica com vestígios de um mineral de carbono chamado "lonsdaleíta", que é conhecido por se formar quando os meteoritos caem na Terra. Porém, essas rochas estariam relacionadas ao evento de Tunguska ou alguma outra chuva de meteoros? Outro enigma seria o que teria provocado o surgimento do lago, visto que ele não aparentava ser antigo, mas ter apenas algumas centenas ou milhares de anos.

Vale ressaltar nesse ponto, que essa não é uma disputa política ou patriótica sobre quem tem razão sobre a verdadeira origem do lago Chake. Em 1960, estudando a região de Tunguska, dois cientistas russos, V.A. Koshelev e K.P. Florensky, anunciaram a descoberta de um pequeno depósito de água, o lago Cheko, situado cerca de 8 km a noroeste do provável epicentro do incidente. Na época, Koshelev sugeriu a possibilidade de que esse lago fosse uma cratera de impacto meteórico, talvez associada à queda de um objeto em Tunguska, no ano de 1908. No entanto, o geólogo e astrônomo soviético Kirill Pavlovich Florensky (1915-1982) recusou a ideia, pois acreditava, com base no estudo das camadas de sedimentos no fundo do lago, que a formação do lago fosse anterior ao evento de Tunguska.

A Distorção dos Fatos Por Parte de Inúmeros Sites de Notícias Internacionais


Enfim, é importante mencionar também, que antes dessa publicação realizada pelo "The Siberian Times" tivemos diversos outros sites de notícias, que divulgaram essa informação com os mais variados, chamativos e apelativos títulos, tais como: "Tunguska Event: Russian Scientists Debunk Meteorite Theory" publicado pelo "Sputinik", "Russian scientists ‘debunk’ evidence meteorite caused world’s biggest-ever explosion … so what DID trigger Tunguska event blast, the size of 185 atomic bombs?", publicado pelo britânico "The Sun" e "Tunguska Event Meteorite Theory Debunked By Russian Scientists", publicado pelo "The Inquisitr". Como vocês puderam perceber, todos os títulos davam a nítida impressão que esse novo estudo tinha derrubado a hipótese do evento de Tunguska ter sido causado por um corpo celeste, ou seja, abria novamente as portas para todo e qualquer tipo de especulação.

É importante mencionar também, que antes dessa publicação realizada pelo "The Siberian Times" tivemos diversos outros sites de notícias, que divulgaram essa informação com os mais variados, chamativos e apelativos títulos, a exemplo do que foi publicado pelo agência de notícias Sputnik
Os títulos e as conotações foram totalmente distorcidos, uma vez que o questionamento principal era sobre a origem do lago Cheko, não sobre o que teria ou não caído em Tunguska. Os pesquisadores, a princípio, não disseram absolutamente nada contra a principal corrente sobre um objeto celeste ter caído em 1908, na região de Tunguska. Eles apenas questionaram um estudo anterior, ou seja, eles estavam dizendo que, independentemente da causa da explosão, a bacia do lago Cheko seria geologicamente bem mais antiga e não teria sido formada em 1908. Uma prova cabal disso é justamente o comunicado do Centro de Expedição da Sociedade Geográfica de Rússia, no Distrito Federal Siberiano, cujo título era "ОЗЕРО ЧЕКО СТАРШЕ ТУНГУССКОГО МЕТЕОРИТА" ("O Lago Cheko é Mais Antigo que o Meteorito de Tunguska", em português). Conseguiram notar a distorção entre o que foi originalmente publicado, e que começou a ser veiculado por muitos sites de notícias internacionais?

Uma prova cabal disso é justamente o comunicado do Centro de Expedição da Sociedade Geográfica de Rússia, no Distrito Federal Siberiano, cujo título era "ОЗЕРО ЧЕКО СТАРШЕ ТУНГУССКОГО МЕТЕОРИТА" ("O Lago Cheko é Mais Antigo que o Meteorito de Tunguska", em português)
Entretanto, será mesmo que essa explosão teria sido causada por um asteroide ou cometa? É exatamente isso que vocês conferem a partir de agora, começando pelo estudo italiano de 2007.

Entenda o que Tinha Sido Divulgado pela Equipe Italiana em 2007, Onde Dizia que a Bacia do Lago Cheko Seria Compatível com a Queda de um Meteorito


No dia 7 de novembro de 2007, foi publicada uma notícia no site da National Geographic dizendo que, quase um século após uma misteriosa explosão na Rússia aplainar um enorme trecho de floresta na Sibéria, os cientistas descobriram o que eles acreditavam ser uma cratera criada pelo objeto cósmico responsável pela explosão. Naquele estudo, uma equipe de cientistas italianos utilizou imagens acústicas para investigar o fundo do lago Cheko, a cerca de 8 km ao noroeste do suposto epicentro da explosão.

Imagem aérea do lago Cheko durante uma expedição realizada em 1999 por uma equipe de pesquisadores
da Universidade de Bolonha, na Itália
"Quando nossa expedição esteve em Tunguska, não tínhamos a menor ideia de que o Lago Cheko fosse uma cratera", disse Luca Gasperini, geólogo do Instituto de Ciências Marinhas de Bolonha, principal autor do estudo.

"Pesquisávamos seu leito procurando por partículas extraterrestres aprisionadas na lama. Nós mapeamos a bacia e coletamos amostras. Conforme examinávamos os dados, não conseguíamos acreditar no que estava sendo sugerido. O formato de funil da bacia e amostas de seus depósitos sedimentares sugerem que o lago seja uma cratera de impacto", continuou.

No estudo, uma equipe de cientistas italianos utilizou imagens acústicas para investigar o fundo do lago Cheko,
a cerca de 8 km ao noroeste do suposto epicentro da explosão
De acordo com os cientistas, a bacia do lago Cheko não é circular, profunda e íngreme como uma típica cratera de impacto. Em vez disso, é alongada e superficial, com cerca de 500 metros de comprimento e uma profundidade máxima de 50 metros. Ele também não tem uma margem de detritos normalmente encontrados em típicas crateras de impacto, assim como a Cratera de Barringer (também conhecida simplesmente por "Cratera do Meteoro", localizada no estado norte-americano do Arizona).

A equipe de Gasperini mencionou que o formato incomum da bacia era o resultado de um fragmento arremessado a partir da explosão de Tunguska, que se arrastou profundamente pelo solo, deixando uma longa depressão, assim como uma espécie de trincheira.

A equipe de Gasperini mencionou que o formato incomum da bacia era o resultado de um fragmento arremessado a partir da explosão de Tunguska, que se arrastou profundamente pelo solo, deixando uma longa depressão, assim como uma espécie de trincheira
"Nós sugerimos que tenha sido um fragmento de 10 metros de largura, que escapou da explosão e continuou na mesma direção. Estava relativamente lento, a cerca de 1 km/s", disse Luca Gasperini. Assim sendo, o lago estaria localizado ao longo da mais provável trajetória do corpo cósmico, que provavelmente "colidiu de forma suave" no terreno pantanoso.

"Isso colidiu de forma suave no terreno pantanoso e liquefeito abaixo do permafrost, liberando CO2 (dióxido de carbono), vapor de água e metano, que ampliou o buraco, daí a formato e o tamanho da bacia, incomuns para uma cratera de impacto. Nossa hipótese é a única que leva em consideração a morfologia do leito do Lago Cheko", continuou.

Em uma expedição anterior, os cientistas russos estudaram o lago Cheko e concluíram que ele havia sido formado antes de 1908, indicando que não foi formado pelo evento de Tunguska. A equipe tinha medido a altura dos sedimentos no fundo do lago, e determinou que os depósitos estavam acumulando a uma taxa de 1 cm por ano. Portanto, o lago Cheko teria muitos séculos de idade. Contudo, a equipe de Gasperini argumentou que os depósitos mais antigos encontrados pelos russos já estavam lá quando a explosão ocorreu.

Luca Gasperini, geólogo do Instituto de Ciências Marinhas de Bolonha
(Foto tirada em uma expedição realizada em 2008 ao lago Cheko)
"Encontramos evidências de que apenas a camada mais alta, com cerca de um metro de profundidade de detritos, tinha vindo, na verdade, devido ao afluxo do rio. Os sedimentos mais profundos são depósitos que precedem 1908. Eles foram o alvo sobre o qual o impacto ocorreu, de modo que o Lago Cheko tem apenas um século de idade", completou. Os resultados da equipe são baseados em uma expedição de 1999 até Tunguska, e apareceu na edição de agosto da revista Terra Nova.

William Hartmann, cientista sênior do Instituto de Ciências Planetárias na cidade de Tucson, no estado norte-americano do Arizona, disse que as novas descobertas eram convincentes, mas não abordavam todas as questões que ainda existiam sobre o evento.

"É um resultado animador que pode lançar uma nova luz sobre a explosão de Tunguska. Certamente isso assegura que novos estudos serão feitos na região", disse William Hartmann.

William Hartmann, cientista sênior do Instituto de Ciências Planetárias na cidade de Tucson, no estado norte-americano do Arizona, disse que as novas descobertas eram convincentes, mas não abordavam todas as questões que ainda existiam sobre o evento
"Porém, isso gera uma pergunta na minha cabeça: se um grande fragmento colidisse contra o solo, normalmente esperaríamos que milhares de fragmentos menores igualmente colidissem contra o solo ao longo da trajetória e muitas buscas falharam em encontrar tais fragmentos de meteoritos. Então, por que não existem pedaços menores?", questionou.

"Encontrar fragmentos da explosão é considerado um ponto chave para determinar qual tipo de objeto causou o impacto. Um asteroide provavelmente deixaria alguns resquícios, enquanto um cometa poderia ser aniquilado na explosão", continuou. No entanto, segundo Luca Gasperini, a hipótese sobre uma eventual cratera era consistente com ambas as possibilidades.

Cartaz expondo o estudo preliminar realizado por uma equipe italiana da Universidade de Bolonha
durante uma expedição a Tunguska, em 1999
Gráfico publicado pela revista Nature para explicar a teoria sobre a formação do lago Cheko. Uma parte do meteorito teria explodido em milhões de pedaços a cerca de 10 km acima da superfície (reduzindo-se a poeira cósmica), e um pedaço bem maior teria caído a 8 km ao norte dessa explosão
"Se o corpo fosse um asteroide, um fragmento que sobreviveu a entrada poderia estar enterrado abaixo do lago. Se fosse um cometa, sua assinatura química poderia ser encontrada nas camadas mais profundas de sedimentos", disse Luca Gasperini, acrescentando que ele e seus colegas estavam planejando voltar na Sibéria no ano seguinte para procurar por mais pistas, e talvez mais conclusivas, para solucionar o quebra-cabeças centenário.

"Queremos cavar profundamente o fundo do lago para testar definitivamente nossa hipótese, e tentar resolver o mistério sobre Tunguska", completou. No ano seguinte, Luca Gasperini e sua equipe, fizeram imagens, pela primeira vez, do fundo do lago Cheko (clique aqui para conferir as imagens).

Imagem do lago Cheko realizada por Luca Gasperini e sua equipe em 2008,
a uma profundidade de aproximadamente 40 metros
Naquele mesmo ano, ou seja, em 2008, no entanto, Gareth Collins, especialista em impactos planetários do Colégio Imperial de Londres, na Inglaterra, e alguns outros pesquisadores publicaram uma refutação a proposta da equipe italiana, alegando que "árvores maduras não afetadas" estavam próximas do lago, ou seja, elas teriam sido destruídas se um grande pedaço de rocha tivesse caído por perto, assim como uma série de outros questionamentos. Essa refutação também foi publicada pela revista Terra Nova.

Gareth Collins, especialista em impactos planetários do Colégio Imperial de Londres, na Inglaterra
Cabe acrescentar que, naquela época, ao pesquisar em mapas geográficos da região anteriores a 1908, os pesquisadores italianos localizaram um mapa militar da época czarista de 1883, onde não existia um registro do lago. Pessoas nativas da região também teriam confirmado que o lago teria sido formado depois da explosão de 1908. Além disso, pesquisas feitas pelas paleobotânicas italianas Carla Alberta Accorsi e Luíza Forlandes, também da Universidade de Bolonha, verificaram que os depósitos do lago não superavam um metro de espessura, característica compatível com a de uma formação mais recente. Situação confusa e contraditória, não é mesmo?

Em 2013 Surgiu um Estudo que Prometia Solucionar Definitivamente o Misterioso "Evento de Tunguska"


Em uma notícia publicada pelo site da revista Nature, em 10 de junho de 2013, era informado que inúmeras  expedições científicas não conseguiram recuperar quaisquer fragmentos, que pudessem ser atribuídos conclusivamente ao objeto, que teria explodido sobre Tunguska. Centenas de esferas magnéticas microscópicas foram encontradas nas décadas de 1950 e 1960 em amostras de solo de Tunguska, mas havia um debate contínuo se os mesmos pertenceriam a um meteoro vaporizado. A falta de amostras permitiu uma grande especulação sobre a causa do evento, com algumas das explicações mais "exóticas" invocando antimatéria e buracos negros, porém a maioria dos geocientistas acreditava que tivesse sido um asteroide ou um cometa.

A novidade naquela época era que pesquisadores liderados por Victor Kvasnytsya do Instituto de Geoquímica, Mineralogia e Formação de Minério da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia, em Kiev, disseram que encontraram uma evidência conclusiva sobre o evento de Tunguska. No que Victor Kvasnytsya descreveu como a análise mais detalhada do que qualquer amostra candidata ao evento de Tunguska, os pesquisadores concluíram que seus fragmentos de rocha - cada um com menos de 1 milímetro de largura - vieram de um meteoro rico em ferro, que teria causado a explosão. O estudo foi publicado no periódico "Planetary and Space Science".

Victor Kvasnytsya disse que cientista ucraniano Mykola Kovalyukh, que havia falecido no ano anterior, coletou os fragmentos em 1978 a partir de campos de turfa próximos ao epicentro da explosão. Uma investigação sobre os fragmentos nos anos seguintes à sua descoberta descobriu que eles continham uma forma de carbono chamado lonsdaleíta, porém os grãos continham menos irídio do que era tipicamente encontrado em meteoritos, assim sendo os pesquisadores concluíram que os fragmentos eram rochas terrestres alteradas pelo impacto.

Victor Kvasnytsya disse que cientista ucraniano Mykola Kovalyukh, que havia falecido no ano anterior,
coletou os fragmentos em 1978 a partir de campos de turfa próximos ao epicentro da explosão
As descobertas publicadas na década de 1980, em russo, passaram praticamente despercebidas pelos cientistas ocidentais da época. Rntão, Kvasnytsya e seus colegas decidiram dar uma olhada nos fragmentos usando uma bateria de modernas técnicas analíticas. Usando microscopia eletrônica de transmissão (MET) eles descobriram que a modelagem e combinação de minerais dos grãos de carbono eram muito semelhante à de outros meteoritos ricos em ferro.

Usando microscopia eletrônica de transmissão (MET) os pesquisadores descobriram que a modelagem e combinação de minerais dos grãos de carbono eram muito semelhante à de outros meteoritos ricos em ferro
Entretanto, muitos cientistas e pesquisadores questionavam o que estava sendo apresentado, porque a equipe ainda não possuía provas conclusivas sobre o que estava apresentando. Os baixos níveis de irídio e ósmio nas amostras eram como "um sinal de alerta" que levantava dúvidas se os fragmentos tinham sido originados a partir de um asteroide. Além disso, os sedimentos de turfa nos quais as amostras foram encontradas não foram datadas de 1908, ao menos não de forma convicente. Era possível que os fragmentos pertencessem a outros meteoritos, que tivessem desfragmentado ao longo do tempo.

Na época, o site Ars Technica, chegou a comparar a explosão de Tunguska com o que ficou conhecido como o "meteoro de Chelyabinsk" em 15 de fevereiro de 2013, ou seja, no começo daquele ano. Embora muito menos poderoso do que o evento de Tunguska, o evento de Chelyabinsk foi semelhante. A entrada na atmosfera em um ângulo baixo partiu o objeto, deixando fragmentos que foram encontrados sobre a vasta extensão da Eurásia. Mais de 1.000 pessoas ficaram feridas, algumas atraídas em direção as janelas devido ao clarão provocado pela bola de fogo, e depois atingidas pela onda de choque que se seguiu.

Na época, o site Ars Technica, chegou a comparar a explosão de Tunguska com o que ficou conhecido como o "meteoro de Chelyabinsk" em 15 de fevereiro de 2013, ou seja, no começo daquele ano. Embora muito menos poderoso do que o evento de Tunguska, o evento de Chelyabinsk foi semelhante
Mais de 1.000 pessoas ficaram feridas, algumas atraídas em direção as janelas devido ao clarão provocado pela bola de fogo, e depois atingidas pela onda de choque que se seguiu. Os vidros das janelas de inúmeros prédios foram estilhaçados com grande intensidade
O grande problema é que a devastação de Tunguska não foi investigada durante os primeiros 19 anos, em parte devido à falta de recursos. Em contraste, o meteorito de Chelyabinsk atraiu atenção imediata. As câmeras de bordo dos veículos registraram a trajetória e o brilho da bola de fogo, enquanto as câmeras de segurança dos estabelecimentos forneceram pontos de referência. O ruído de baixa frequência do evento de Chelyabinsk viajou duas vezes ao redor do globo. Os dados demonstraram que a energia do impacto foi equivalente a uma bomba de 460 quilotons (TNT), que é cerca de 40 vezes a explosão de Hiroshima, porém nada comparável a Tunguska. Segundo a Nature, o evento de Tunguska teria liberado uma energia entre 3 a 5 megatons (sendo que alguns cientistas estimavam números ainda maiores para a explosão).

Uma Interessante Matéria Sobre o "Evento de Tunguska" Publicada no Ano Passado no Site da BBC


Uma matéria bem interessante sobre o evento de Tunguska foi publicada em 7 de julho do ano passado, no site da BBC. Além do que já contamos para vocês sobre esse assunto, o texto contava principalmente com declarações de Natalia Artemieva, cientista sênior do Instituto de Ciências Planetárias de Tucson, no estado norte-americano do Arizona. Também é apontado como foram as primeiras expedições e o provável cenário em que a explosão ocorreu. É exatamente isso que vocês conferem a partir de agora.

Inicialmente, devemos lembrar a vocês que a região de Tunguska da Sibéria é um lugar remoto, e possui um clima dramático, com um longo inverno hostil e um verão muito curto, quando o solo se transforma em um pântano lamacento e inabitável. Isso torna a área extremamente difícil de chegar.

"Quando a explosão aconteceu, ninguém se aventurou até ao local para investigar. Isso ocorreu, em parte, porque as autoridades russas tinham preocupações mais urgentes do que satisfazer a curiosidade científica. Houve apenas algumas publicações em jornais locais, porém nada foi noticiado sobre o assunto em São Petersburgo ou em Moscou", disse Natalia Artemieva. A luta política no país estava crescendo, sendo que a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa estavam prestes a começar.

Natalia Artemieva, cientista sênior do Instituto de Ciências Planetárias de Tucson,
no estado norte-americano do Arizona
Foi apenas algumas décadas mais tarde, em 1927, que uma equipe russa liderada por Leonid Kulik finalmente visitou o local. Ele havia se deparado com uma descrição do evento seis anos antes, e convenceu as autoridades russas de que uma expedição valeria a pena. Quando ele chegou lá, o dano era extremamente visível, mesmo quase 20 anos após a explosão.

Ele chegou a propor que um meteoro tivesse explodido na atmosfera. Ele ficou intrigado, no entanto, visto que não havia nenhuma cratera de impacto ou qualquer resquício meteórico. Para explicar isso, ele sugeriu que o solo pantanoso era muito "macio" para preservar o que tinha caído, e que todos os resquícios da colisão tinham sido enterrados. Kulik ainda esperava que pudesse descobrir o que tinha caído na região, assim como ele escreveu em suas conclusões em 1938.

Foi apenas algumas décadas mais tarde, em 1927, que uma equipe russa liderada por Leonid Kulik finalmente visitou o local. Ele havia se deparado com uma descrição do evento seis anos antes, e convenceu as autoridades russas de que uma expedição valeria a pena. Quando ele chegou lá, o dano era extremamente visível, mesmo quase 20 anos após a explosão
"Devemos esperar encontrar, a uma profundidade de menos de 25 metros, massas trituradas deste ferro niquelífero, cujos pedaços individuais podem ter um peso de uma ou duas centenas de toneladas métricas", escreveu Kulik. Vale destacar nesse ponto, que até hoje nem ele e nem ninguém conseguiu encontrar pedaços irrefutáveis do que teria caído em 1908.

Confira também um trecho de um documentário produzido pelo History Channel (apesar da grande maioria dos documentários ultimamente ser amplamente questionável) sobre o evento de Tunguska, que foi publicado por um canal de terceiros, no YouTube, e que mostra imagens das primeiras expedições que foram realizadas até o local (em inglês, mas vale a pena conferir):



Pesquisadores russos disseram anos mais tarde de se tratava de um cometa, não um meteoro que causou todo aquele dano. Os cometas são compostos em grande parte de gelo - não de rocha, como os meteoritos - por isso a ausência de fragmentos de rochas alienígenas faria mais sentido desta forma. O gelo teria começado a evaporar quando entrou na atmosfera terrestre, e continuou a fazê-lo até atingir o solo. Porém, esse não foi o fim do debate. Uma vez que a identidade exata da explosão não estava clara, estranhas teorias alternativas logo começaram a aparecer (vamos conhecer algumas delas daqui a pouco).

De qualquer forma, Natalia Artemieva comentou que algumas etapas sobre o que havia acontecido estavam bem claras, algo que ela detalhou em um artigo publicado no periódico científico "Annual Review of Earth and Planetary Sciences". Primeiramente, o objeto teria entrado em nossa atmosfera entre 15 a 30 km/s, e ao contrário do que a maioria pensa, nem sempre o que vêm do espaço deixa uma cratera no chão, geralmente é o oposto disso. Nossa atmosfera é bem eficiente em nos proteger, partindo o objeto a poucos quilômetros da superfície da Terra, e produzindo, ocasionalmente, uma chuva de pedras menores que, ao colidirem contra o solo, provavelmente já estarão frias.

No caso de Tunguska, o meteoro deveria ser extremamente frágil, ou a explosão foi tão intensa, que simplesmente destruiu qualquer resquício do mesmo entre 8 a 10 km acima da superfície. Este processo explicaria a segunda etapa do evento, visto que a atmosfera vaporizou o objeto em pedaços minúsculos, enquanto a intensa energia cinética também os transformou em calor. "O processo é semelhante a uma explosão química: em explosões convencionais, a energia química ou nuclear é transformada em calor", disse Natalia Artemieva.

No caso de Tunguska, o meteoro deveria ser extremamente frágil, ou a explosão foi tão intensa, que simplesmente destruiu qualquer resquício do mesmo entre 8 a 10 km acima da superfície. Este processo explicaria a segunda etapa do evento, visto que a atmosfera vaporizou o objeto em pedaços minúsculos, enquanto a intensa energia cinética também os transformou em calor
O calor intenso resultou em ondas de choque que foram sentidas por centenas de quilômetros. Em outras palavras, quaisquer resquícios de qualquer objeto que tenha entrado na atmosfera da Terra em 1908, foram transformados em poeira cósmica nesse processo, isso explicaria até mesmo o porquê o céu noturno da Europa ficou mais claro do que o normal durante dias.

As Exóticas Hipóteses "Alternativas" que Surgiram ao Longo do Tempo para Explicar o "Evento de Tunguska"


Para mostrar a vocês as hipóteses "alternativas" e "especulativas" que surgiram para explicar o que teria acontecido em Tunguska, vou utilizar como base o excelente artigo escrito em 2008, por Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, um conhecido e respeitado astrônomo brasileiro, que infelizmente faleceu em julho de 2014. Ele foi fundador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), na cidade do Rio de Janeiro, e pesquisador e sócio titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IGHB). Também escreveu cerca de 98 livros e mais de 1.000 ensaios em revistas e jornais. Acredito que isso tenha um certo peso, não é mesmo?

É importante destacar que a compreensão científica do comportamento dos meteoritos na atmosfera da Terra era muito imprecisa nas primeiras décadas do século XX, em virtude da falta de conhecimento que se tinha. Além disso, conforme dissemos anteriormente, uma vez que a identidade exata da explosão não estava clara, estranhas hipóteses alternativas logo começaram a aparecer. Confira abaixo algumas dessas hipóteses:
  • Buraco negro: Em 1973, os físicos Albert A. Jackson IV and Michael P. Ryan Jr., ambos da Universidade do Texas, propuseram que a bola de fogo de Tunguska foi causada por um "microburaco negro" que atravessou o globo terrestre. Porém, não há nenhuma evidência de uma segunda explosão ocorrida quando o "microburaco negro" saiu da Terra. Como vocês podem imaginar, essa hipótese não teve uma aceitação universal. Além disso, a posterior descoberta por Stephen Hawking de que buracos negros irradiam energia indicava que um pequeno buraco negro teria "evaporado" antes que pudesse encontrar a Terra.
  • Antimatéria: Em 1965, Cowan, Atluri e Libby sugeriram que Tunguska foi causada pela aniquilação de um pedaço de antimatéria proveniente do espaço. No entanto, tal como acontece com as outras mirabolantes hipóteses dessa parte final da postagem, nenhum resíduo foi encontrado na área da explosão. Se tais resíduos existissem, eles estariam constantemente emitindo raios gama, em virtude do aniquilamento no meio interestelar. Porém, raios gama não foram detectados na região de Tunguska.

  • Explosão de uma nave alienígena: Essa talvez seja a mais emblemática das hipóteses, visto que muitos entusiastas do "fenômeno OVNI" há muito tempo sustentam que o evento de Tunguska foi o resultado da explosão de uma nave alienígena enviada para "salvar a Terra de uma ameaça iminente". Essa hipótese provém de uma história de ficção científica, chamada "Explosão", escrita por Aleksander Kazantsev, um engenheiro soviético, em 1946. A história foi inspirada pelo bombardeio de Hiroshima, um ano antes, em 1945. Porém, muitos relatos de Kazantsev foram posteriormente confundidos com as ocorrências reais em Tunguska.

    Essa "hipótese de OVNI" usando força nuclear acabou sendo adaptada para a TV, sendo baseada nos escritores Thomas Atkins e John Baxter, no livro "The Fire Came By", de 1976. Em 1998, o documentário "The Secret KGB UFO Files", uma das maiores e mais elaboradas mentiras dos últimos tempos, e que acabou sendo difundido pela emissora norte-americana TNT, referiu-se a Tunguska como "o Roswell russo", informando que os destroços do "OVNI" tinham sido recuperados. Vale ressaltar novamente, que esse documentário é uma farsa.

    Em 2004, um grupo de cientistas russos do Tunguska Space Phenomenon Public State Fund alegou que foram encontrados destroços de uma nave espacial alienígena no local. Os defensores da hipótese "OVNI", no entanto, nunca foram capazes de fornecer qualquer prova significativa para as suas alegações. Curiosamente, no entanto, Tunguska está "relativamenre próximo" do Cosmódromo de Baikonur e, por isso, tem sido repetidamente contaminada por resíduos espaciais russos, especialmente pelo fracasso do lançamento do quinto voo de teste da nave Vostok, em 22 de dezembro de 1960. A carga útil caiu perto do considerado epicentro do evento de Tunguska, quando uma equipe de engenheiros foi enviada para recuperar a cápsula e os seus "passageiros" (dois cães que serviam de cobaias, e que acabaram sobrevivendo). 
  • O "Raio da Morte de Tesla": Também foi sugerido que a explosão Tunguska foi o resultado de uma experiência de Nikola Tesla com sua Wardenclyffe Tower (também conhecida como "Torre de Tesla", quando Robert Peary realizou a segunda expedição ao Polo Norte. Tesla tinha alegado que a torre poderia ser usada para transmitir energia eletromagnética a grandes distâncias, tendo alegado que enviou uma comunicação a Peary, aconselhando-o permanecer alerta para a ocorrência de fenômenos extraordinários como as auroras boreais quando estivesse a caminho do Polo Norte. 

    No entanto, o funcionamento da Torre de Tesla não era bem compreendida, e acredita-se que Tesla nunca tenha tentado usá-la com esse objetivo. Não se sabe se o mecanismo poderia produzir energia e transmití-la longitudinalmente para produzir um evento semelhante ao de Tunguska, equivalente a uma explosão termonuclear. O núcleo atômico nem sequer tinha sido descoberto, algo que só ocorreu na década seguinte. Se bem que, já, em 1891, com referência à estrutura do éter e ao eletromagnetismo, Tesla afirmava que deveria existir "um mundo infinitesimal, análogo ao macrocosmo".

    Independentemente disso, se fosse possível que a instalação de Tesla produzisse tal efeito, o principal argumento de que Tesla não foi responsável pelo evento de Tunguska é o fato de que ele ocorreu por volta das 7h da manhã (horário local na região de Tunguska). Considerando os dados (caso possam ser considerados realmente confiáveis), as experiências de Tesla teriam sido realizadas na madrugada de 30 de junho. Elas teriam ocorrido cerca de 6 horas antes do evento de Tunguska, ou seja, 1h da manhã daquele mesmo dia (horário local em Nova York).
Enfim, AssombradOs, a história sobre Tunguska nunca acaba e aparentemente mais um capítulo dessa história deve ser divulgado com maiores detalhes em meados desse ano, quando tipicamente os pesquisadores e a imprensa gostam de propagar estudos e matérias sobre o evento de Tunguska de modo a tentar solucionar e celebrar o aniversário de um dos fenômenos mais intrigantes do século XX. Segundo uma estimativa da NASA publicada em 2008, acredita-se que um asteroide do tamanho daquele, que teria caído em Tunguska, entraria em nossa atmosfera a cada 300 anos, ou seja, seria apenas uma questão de tempo até podermos presenciar isso novamente ou sermos eventualmente extintos por algo muito maior e não sobrar ninguém para contar a história.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://arstechnica.com/science/2013/06/mystery-solved-meteorite-caused-tunguska-devastation/
http://ec-rgo-sfo.com/novosti/1183-ozero-cheko-starshe-tungusskogo-meteorita
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL644117-5603,00-NATUREZA+DO+OBJETO+EXTRATERRESTRE+QUE+COLIDIU+EM+AINDA+E+MISTERIOSA.html
http://news.nationalgeographic.com/news/2007/11/071107-russia-crater.html
http://siberiantimes.com/science/casestudy/news/n0854-beautiful-and-mysterious-but-was-lake-cheko-formed-from-the-exploding-tunguska-meteorite/
http://www.bbc.com/earth/story/20160706-in-siberia-in-1908-a-huge-explosion-came-out-of-nowhere
http://www.dailymail.co.uk/news/article-4147034/Mystery-deepens-world-s-biggest-explosion-Russia.html
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-3681264/Biggest-explosion-documented-history-mystery-New-study-fails-cause-1908-Tunguska-blast-flatten-80-million-Siberian-trees.html
http://www.historyrundown.com/4-most-ridiculous-theories-about-the-tunguska-event/
http://www.inquisitr.com/3901193/tunguska-event-meteorite-theory-debunked-by-russian-scientists/
http://www.nature.com/news/rock-samples-suggest-meteor-caused-tunguska-blast-1.13163
http://www.space.com/5573-huge-tunguska-explosion-remains-mysterious-100-years.html
http://www.zmescience.com/research/tunguska-event-meteor-strike-study-052543/
https://science.nasa.gov/science-news/science-at-nasa/2008/30jun_tunguska
https://sputniknews.com/science/201701181049718416-tunguska-event-lake-cheko/
https://www.thesun.co.uk/news/2682299/russian-scientists-debunk-tunguska-event-meteorite-theory-mystery/

Viewing all articles
Browse latest Browse all 851


<script src="https://jsc.adskeeper.com/r/s/rssing.com.1596347.js" async> </script>