Por Marco Faustino
No ano passado, mais precisamente no dia 31 de julho, foi publicada uma notícia nesse blog sobre um homem chamado "Jeffrey Alan Lash", que teria sido encontrado morto em seu próprio carro, em estado avançado de descomposição, em Los Angeles, nos Estados Unidos. O Departamento de Polícia de Los Angeles, no entanto, se surpreendeu ao se deparar com cerca de 1.200 armas de fogo, que incluíam rifles, escopetas e pistolas, aproximadamente 6,5 toneladas de munições, arcos, flechas, facas e, aproximadamente cerca de US$ 230.000 em dinheiro vivo. Muitas dessas armas ainda se encontravam ainda em suas respectivas caixas, com as etiquetas dos preço, além de diversos veículos, alguns modificados para serem utilizados nos mais diversos tipos de terrenos, e todos em nome desse homem. A situação ficaria ainda mais estranha, quando o advogado de uma mulher chamada Catherine Nebron, teria declarado que Jeffrey, que na época possuía 60 anos, seria um ser "humano-alienígena", uma espécie "híbrida", que trabalhava como agente secreto para diversas agências governamentais dos Estados Unidos. Curiosamente, Catherine alegava que estava ao lado de Jeffrey ao longo dos últimos 17 anos, mas o homem não tinha renda mensal compatível, que pudesse justificar o patrimônio bélico que tinha sido encontrado.
Essa história teve uma grande repercussão nos Estados Unidos naquela época, e por algum motivo acabamos não acompanhando o desfecho do caso, como sempre fazemos questão de fazer, ao menos desde o fim do ano passado, em nossas postagens. Entretanto, no mês passado, um inscrito e seguidor do nosso canal no YouTube chamado Felipe Oliveira nos enviou um email dizendo acreditar que tinha, de acordo com suas próprias palavras, encontrado uma "conclusão" sobre o caso relacionado ao Jeffrey Alan Lash, no Reddit. De acordo com Felipe, Jeffrey seria um estelionatário que enganava as mulheres com o objetivo que elas dessem dinheiro para ele poder comprar as armas. Como acabamos de mencionar, o endereço para consulta sobre o assunto era de um tópico no Reddit, uma espécie de fórum de discussões conhecido pelas especulações que são originadas por lá, ou seja, a princípio, geralmente o Reddit não é uma fonte jornalística nada confiável, e deve ser despreza na maioria das vezes.
De qualquer forma, o Mateus me enviou esse email do Felipe Oliveira, com a intenção que fizéssemos um "Minuto AssombradO", porém resolvi dar uma pesquisada mais aprofundada, e acabei encontrando um material muito interessante para mostrar e contar a vocês, algo que merecia uma postagem completa. Algo que fosse digno da leitura de vocês, nosso leitores. Enfim, será que finalmente esse caso terá um desfecho? Será que Jeffrey Alan Lash realmente era um "humano-alienígena", que trabalhava para agências secretas governamentais norte-americanas? Vamos saber mais sobre esse assunto?
No dia 21 de julho, uma terça-feira, o site do jornal Palisadian-Post noticiou um estranho e inusitado acontecimento que tinha ocorrido no domingo anterior (19). O Departamento de Polícia de Los Angeles (sigla em inglês, LAPD) tinha retirado mais de 1.200 armas de fogo, e cerca de duas toneladas de munição de uma casa pertencente a um condomínio de casas em Highlands, no bairro Pacific Palisades (uma comunidade a cerca de cinco minutos do centro de Pacific Palisades), na cidade de Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos. Os vizinhos estavam em choque com a dimensão da operação policial.
Antes de mais nada, é interessante ressaltar que o Palisadian-Post faz a cobertura das notícias de um bairro nobre chamado Pacific Palisades, na cidade de Los Angeles, na Califórnia. O local fica entre Santa Monica e Malibu no alto da montanhas, sendo bem famoso, uma vez que celebridades como Joan Rivers, Kate Hudson, e Bradley Cooper moram na região. Aliás, a cantora Rihanna possui uma mansão de verão nesse bairro. Entretanto, visto que o acesso não é fácil, esse é um bairro bem reservado, com uma pequena vila comercial bem charmosa, e poucos restaurantes para atender prioritariamente os moradores locais. Portanto, uma operação dessa magnitude era para deixar qualquer um assustado, ainda mais os moradores de Pacific Palisades.
"Esse é o caso de estocagem de armas mais incomum que eu já vi em 27 anos de trabalho no Departamento de Polícia de Los Angeles. O número de armas foi recorde para mim", disse a Capitã Tina Nieto, em entrevista ao Palisadian-Post.
Ainda de acordo com Tina Nieto, além do estoque de armas, a polícia também contou e retirou milhares de dólares em espécie. A operação de remoção durou boa parte do domingo, grande parte devido ao que a polícia chamou de "situação extrema de estocagem". Dentro da casa de 185 m², com dois quartos e três banheiros, foram encontradas armas, caixas de munição e itens aleatórios, que estavam empilhados em cada cômodo.
Após as armas e produtos químicos potencialmente perigosos terem sido encontrados na casa, na tarde do dia anterior (18), o Departamento de Polícia de Los Angeles ordenou uma evacuação dos vizinhos próximos assim como a paralisação do tráfego da Palisades Drive. O esquadrão anti-bombas foi chamado, a Unidade Especializada em Materiais Perigosos (Hazmat) foi acionada, assim como unidades de cães farejadores (K9) e dezenas de veículos da polícia e de serviços de emergências foram deslocados até o local.
Foi justamente nesse dia, que o corpo em avançado estado decomposição de um homem, que morava com uma mulher chamada Catherine Nebron, que era proprietária daquela mesma casa, foi encontrado em um carro estacionado na Palisades Drive.
"Se ele estava realmente trabalhando disfarçado para alguma agência governamental ou não, ele estava convencido que estava, e ele convenceu minha cliente também", completou. Aliás, o homem teria mencionado algo semelhante aos vizinhos.
"Falei com ele somente uma ou duas vezes. Ele mencionou em um determinado momento, que ele estava atualmente trabalhando ou costumava trabalhar com a CIA ou era uma espécie de agente secreto. Eu acreditava que ele estava fora de si. Ele era estranhho e me fazia sentir desconfortável", disse um vizinho, que preferiu não se identificar, mas que morava no mesmo condomínio de casas que o casal.
"Recebi um telefonema de Catherine por volta das 23h30 daquela noite. Ele me disse: 'É urgente! Você precisa vir até aqui. A situação está ruim", disse esse amigo, que é médico e pediu para não ser identificado. Ao chegar no local, em Highlands, ele encontrou o noivo de Catherine Nebron no banco do passageiro de um utilitário (SUV).
"Levei cerca de 90 segundos para assimilar a situação. Catherine não estava ciente de que ele já havia morrido", continuou. O amigo disse que passou cerca de uma hora e meia realizando procedimentos para tentar salvar a vida do homem, sem sucesso, e fez o seu melhor para acalmar Catherine, que estava chorando e sofrendo muito diante da situação. Quando ele perguntou se seria ele ou a própria Catherine que ligariam para o 911 (número do principal serviço de emergência nos Estados Unidos), a amiga disse que eles não podiam ligar.
"Ela disse que ele tinha lhe dado instruções muito específicas sobre o que fazer e o que não fazer caso ele viesse a morrer", completou o amigo, acrescentando que, na opinião dele, o homem tinha morrido de causas naturais, alegando que ele estava doente e era apenas uma questão de tempo.
O amigo não confirmou os rumores que o corpo do homem estava envolto em um saco plástico ou embalado com gelo seco. Ele disse que, após tentar ajudar por cerca de duas horas em uma situação completamente desesperadora, "só que queria dar o fora daquele maldito local".
De acordo com o advogado de Catherine, ela se afastou durante alguns dias após a morte de seu noivo, e quando voltou, ela ficou chocada ao ver que seu corpo ainda estava dentro do carro. Teria sido quando Catherine o contratou para representá-la. Vale ressaltar nesse ponto, que Harland Braun é um advogado criminalista bem renomado na Califórnia. Assim sendo, sua cliente posteriormente informou que havia armas na casa, e ele acompanhou e informou o Departamento de Polícia de Los Angeles a respeito das mesmas.
"Catherine acreditava que havia cerca de 500 armas de fogo na casa, mas esse número acabou se transformando em 1.500. Muitas delas estavam trancadas em cômodos e ela não sabia sobre elas e não tinha acesso a esses cômodos", disse Harland Braun, acrescentando que esse caso ficava cada vez mais estranho.
De qualquer forma, conforme já mencionamos, a notícia sobre um imenso arsenal em uma casa de um condomínio de alto padrão deixou a comunidade, que é bem reservada, em estado de choque e assustada.
"Sabíamos que o cara que morava lá era um colecionador, mas é chocante descobrir que alguém que morava tão próximo tinha centenas de armas e possivelmente explosivos", disse Linnard Lane, em entrevista ao Palisadian-Post, e que morava algumas casas abaixo de onde as armas foram encontradas.
"Temos uma associação de moradores bem atenta, e os vizinhos se conhecem, mas ninguém sabia nada sobre isso", continuou.
"Se alguém quiser ter armas em casa, tudo bem, mas ter centenas e centenas delas? Quantas armas você precisa? Quer dizer, aqui é Palisades, e temos um grande número de famílias e crianças nesse condomínio", completou Linnard Lane, acrescentando que ele era um dos moradores que recebeu a ordem de evacuação do Departamento de Polícia de Los Angeles no sábado (18), e só teve permissão para voltar para casa por volta das 23h do domingo (19).
"Todos do Departamento de Polícia de Los Angeles agiram de forma rápida e eficiente, e não poderia ter sido melhor", finalizou Linnard Lane, apesar do evidente transtorno.
Andrea Manning, que morava no condomínio há anos, expressou seu alívio pelo arsenal de armas não estar mais a poucas casas de distância de onde ela morava.
"É um grande benefício para nossa comunidade, que eles tenham removido todas aquela armas de lá", disse Andrea, em entrevista para o Palisadian-Post.
De acordo com a Capitã Tina Nieto, uma autópsia tinha sido realizada, mas nenhuma causa da morte ainda havia sido determinada, visto que o corpo estava em avançado estado de decomposição. Não havia a suspeita de assassinato, e a morte não estava sendo investigada como se fosse homícidio. O Departamento de Polícia de Los Angeles também estava catalogando e rastreando as armas para saber se elas estavam legalizadas.
No dia 22 de julho, um dia após a notícia ter sido publicada no Palisadian-Post, o site do jornal "Los Angeles Times" noticiou que os policiais estavam tentando entender como o cadáver de um homem acabou indo parar dentro de um veículo abandonado e determinar a razão pela qual ele tinha tantas armas. O Escritório do Médico-Legista mencionou que eles ainda precisavam o identificar formalmente, porém fontes policiais disseram que os detetives tinham uma ideia do seu nome.
Diversos vizinhos disseram, que o homem era conhecido apenas como "Bob" e o descreveram como um fanático por armas, que alegava que tinha trabalhado tanto para o FBI quanto para a CIA. Sua noiva havia morado com ele em Palisades Drive por anos.
"Ele dizia coisas malucas para as pessoas tal como ele atuava em missões noturnas nadando até Catalina. Ele vinha e nos dizia que iria nos mostrar como fazer movimentos de auto-defesa", disse uma vizinha, que preferiu não se identificar.
"O problema é que a verdade pode ser inacreditável. Ela vai falar com a polícia de Los Angeles, mas quem vai acreditar nisso", disse Harland Braun, acrescentando que o misterioso passado de homem seria a razão pela qual sua noiva não informou as autoridades competentes sobre a sua morte. Harland ainda disse que o falecido, cujo nome ele disse que não conseguia se lembrar no momento, vinha sofrendo de câncer.
De acordo com o L.A Times e as informações fornecidas por Harland Braun, no dia 4 de julho (divergência de data), esse homem, Catherine Nebron e dois amigos estavam em um estacionamento do supermercado Bristol Farms, na Wilshire Boulevard, em Santa Mônica, quando o homem começou a se sentir febril e doente. Eles tentaram diminuir a temperatura corporal dele com gelo, mas não tinha funcionado e ele teria morrido. Assim sendo, sua cliente não tinha certeza do que fazer com o corpo, mas percebeu que a mesma agência que o estava vigiando saberia que ele tinha morrido e buscaria o seu corpo. Portanto, Catherine estacionou o veículo na Palisades Drive e o deixou lá, porque ela "acreditava que eles estavam o monitorando".
O chefe do Departamento de Polícia de Los Angeles, Kirk Albanese, disse que os detetives não acreditavam que a morte fosse resultado de um assassinato. Ele disse que o homem estava sofrendo de um câncer em estágio terminal, e que ele não trabalhava para uma agência de segurança governamental, apesar das alegações do homem sobre seu próprio passado. Contudo, muitas perguntas ainda permaneciam sobre a razão pela qual o homem possuía tantas armas em casa.
"Não acreditamos que as armas sejam ilegais. Estamos retirando-as da casa por uma questão de segurança pública", disse o Sargento David Craig, da Divisão de Narcóticos do Departamento de Polícia de Los Angeles, acrescentando que os investigadores recolheram as armas para garantir que as munições e os armamentos não fossem roubadas da casa.
"Não havia armas ou itens estranhos, os quais poderíamos dizer que tivéssemos um colecionador por aqui", disse David Dwyer, acrescentando que o homem, que se apresentava como "Bob Smith", tinha uma boa aparência, mas era reservado e não gostava de ser incomodado. A associação de moradores nunca teve uma razão para questionar se "Bob Smith" era seu verdadeiro norma, uma vez que Catherine Nebron era a proprietária da casa.
A situação ficaria ainda mais estranha quando a KTLA, emissora de TV afiliada da CW, sediada em Los Angeles, publicou uma notícia ainda mais bombástica sobre esse caso naquele mesmo dia. Afinal, foi a própria KTLA, que começou a dar mais ênfase que o homem era um ser híbrido "humano-alienígena".
A KTLA contou a história de uma mulher chamada Dawn VadBunker, 39 anos, moradora da cidade de Oxnard, na Califórnia, e que estava desaparecida desde o dia que o homem, agora identificado por Jeffrey Lash, 60 anos, tinha morrido. Lash ainda não tinha sido oficialmente identificado como sendo o homem cujo corpo foi informado à polícia em 17 de julho, mas seu "ex-advogado" confirmou seu nome para a KTLA.
"Não consigo acreditar nisso. Isso é pior que o filme 'No Limite da Realidade', e estamos vivendo um inferno", disse Laura VadBunker, em entrevista para a KTLA, por telefone. De acordo com a KTLA, Dawn VadBunker trabalhava para Catherine Nebron.
De acordo com Laura VadBunker, sua filha estava junto de Catherine Nebron no momento em Jeffrey Lash morreu, inclusive tentando ajudá-lo, mas sem sucesso. O advogado de defesa de Catherine, Harland Braun, chegou a mencionar que Lash não queria que ninguém o levasse até um hospital e que ninguém deveria ligar para o 911.
"Ele era metade alienígena e metade humano, e estava aqui para salvar o mundo", disse Laura VadBunker. De qualquer forma, Catherine Nebron teria viajado ao Oregon juntamente com Dawn VadBunker, cuja família relatou seu desaparecimento cerca de dois dias depois. Harland Braun confirmou que Catherine fugiu para Oregon na companhia de Dawn, e devido a família de Dawn ter informado sobre seu desaparecimento, isso fez com que fosse aberta uma investigação por parte da polícia de Oxnard.
Harland Braun chegou a dizer que cerca de 6 toneladas de armas tinha sido retiradas da casa onde Jeffrey Lash morava, porém o Departamento de Polícia de Los Angeles informava que tinha sido pouco mais de 2 toneladas. O advogado também alegou que a polícia tinha encontrado cerca de US$ 230.000 em espécie, porém sua cliente não sabia sobre nada disso.
Ainda segundo a KTLA, Dawn VadBunker ainda não tinha retornado do Oregon ou sequer ligado para parentes ou seus filhos. De acordo com a mãe, ela enviou uma carta na qual confirmava que ela estava presente quando "Bob" morreu e que ele "tinha lutado para ficar vivo".
Confira abaixo o conteúdo da carta:
"Querida Mãe e Pai
Enquanto escrevo isso, tenho certeza que ambos estão muito magoados e confusos.
Por favor, saiba que estou segura e sempre estarei. Preciso de um tempo para me curar para que eu possa ajudar melhor esse mundo.
Nosso querido amigo Bob partiu desse mundo para trabalhar no Paraíso. Ele partiu diante de uma grande luta, e sei que ele ainda está trabalhando no Paraíso, ao lado de Deus, para continuar salvando nosso belo mundo.
Não posso ajudar até que eu cure a mim mesma. Estarei indo a um lugar de cura onde outras pessoas, assim como eu, vão me ajudar a me curar e ser forte para qualquer tarefa em que eu possa ser necessária!
Não fique com raiva, isso não vai ajudar. Ninguém, exceto eu mesma, fez essa escolha por mim. Isso é o que deve ser feito.
Só sei que estou fazendo tudo isso pelo bem desse mundo.
Tenho um pedido para ambos, que tomem conta da minha querida Melody.
Por favor, mantenha-a em segurança e diga-lhe que não estou longe. Tudo que ela precisa fazer é acreditar e saber que eu a amo.
Vamos sempre estar juntos.
Nesse altura dos acontecimentos não sei onde Catherine possa estar. Tenho certeza que ela está segura, e fazendo o que ela precisa para se curar. Por favor, deixe-a fazer isso. Qualquer papelada dela pode ser entregue ao seu advogado, Stan Yates - em Ventura.
Até que eu os veja novamente, eu amo vocês, estou aqui e lembre-se de serem gratos a Deus por cada segundo que temos nesse planeta.
Sua filha,
DMV"
Vale lembrar que a transcrição da carta é maior do que a imagem dela, porque ela foi escrita em duas folhas, e só encontrei a imagem da primeira página. A pessoa chamada Melody é a filha adolescente de Dawm VadBunker. Além disso, a carta foi postada na cidade de Sacramento, capital da Califórnia, no dia 16 de julho, um dia antes de Catherine Nebron voltar para Pacific Palisades e entrar em contato com o advogado Harland Braun.
Curiosamente, é possível perceber que o desaparecimento de Dawn VadBunker foi noticiado pela imprensa norte-americana, bem antes da notícia da morte de Lash, bem no início do mês. Talvez tenha sido o desaparecimento de Dawn, que acabou motivando uma investigação ainda maior, pelo menos pela ávida impresa. É difícil dizer o que teria realmente desencadeado toda essa investigação, e por quanto tempo mais o corpo de Jeffrey Lash ficaria dentro de um utilitário sem levantar suspeitas de uma comunidade em que todos se conhecem. No mínimo estranho, não é mesmo? Assista também a uma das primeiras reportagens sobre o assunto da KTLA, publicada em um canal de terceiros, no YouTube (em inglês):
Posteriormente, Laura VadBunker também chegou a dar declarações para sites de teóricos da conspiração dizendo que Jeffrey Lash era um reptiliano, que tinha 500 anos de idade, e disse que os Estados Unidos sofreriam uma grande mudança em 8 anos, ou seja, por volta de 2023.
Apesar das declarações serem estranhas, algo ainda mais bizarro é que raramente alguém soube do paradeiro de Dawn VadBunker depois disso. Seu perfil no Facebook, assim como da mãe foram desativados, e toda essa história caiu no esquecimento da imprensa. O inusitado é que em nenhum momento Dawn VadBunker foi chamada pelo Departamento de Polícia de Los Angeles para prestar esclarecimentos, como se ela não tivesse a menor importância. Enfim, vamos seguir em frente.
O caso rapidamente chegou na Costa Leste dos Estados Unidos, no dia seguinte (23), através do site do jornal "New York Daily News" informando que mais de 1.200 armas, aproximadamente 7 toneladas de munição, além de arcos, flechas e machetes tinham sido apreendidas pela polícia de Los Angeles. Os policiais também teriam encontrado um veículo Toyota SUV projetado para ser conduzido em ambientes aquáticos (uma espécie de "veículo anfíbio"), entre os 14 veículos que estariam registrados em nome de Jeffrey Alan Lash.
Entretanto, do outro lado dos Estados Unidos, voltando a Califórnia, o site do jornal do Palisadian-Post tinha mais uma revelação para fazer. Segundo o Palisadian-Post, Jeffrey Alan Lash também tinha morado em um apartamento na Coastline Drive, no bairro de Sunset Mesa, por cerca de 10 anos, antes que ele fosse convidado a se mudar, cerca de 4 meses antes de sua morte, por sua "colega de quarto".
Paul Aguilar, da imobiliária "Coastline Property Management", disse que o contrato de locação estava em nome de uma colega de quarto chamada "Jocelyn". O apartamento de dois quartos e dois banheiros era alugado por cerca de US$ 3.700 por mês e possuía uma vista privilegiada para o mar. Vale ressaltar nesse ponto, que a região de Sunset Mesa tem um código postal (CEP) referente a Malibu, mas é considerada pelos vizinhos como parte de Pacific Palisades.
"Ele morava com uma colega de quarto, a Jocelyn, e eles pareciam se dar bem. Porém, nos últimos meses, conforme sua saúde foi piorando, ele mal conseguia subir e descer as escadas. Eu o ajudava o tempo todo com suas compras e dizia para ele procurar por um lugar mais acessível para morar", disse Paul Aguilar, acrescentando que Jocelyn não tinha ideia que Lash tinha morrido até então, justamente quando Aguilar ligou para ela para ter certeza que estava bem.
"Ela não fazia ideia, o que achei bem estranho, porque isso estava passando em todos os noticiários locais", disse Aguilar, acrescentando que ela ficou bem chateada ao saber da morte de Lash.
Segundo Aguilar, quando Lash se mudou para o apartamento há 10 anos, ele se apresentou simplesmente como "Bob". Aguilar mencionou que Bob falava para os vizinhos que esse era um nome de fachada, uma vez que ele tinha trabalhado para a CIA e não podia revelar sua verdadeira identidade.
"Acrescentamos a palavra 'Skinny' ao seu nome, quando ele começou a perder muito peso devido à sua doença, então ele era conhecido como 'Skinny Bob'", continuou Aguilar.
Ele descreveu Lash como amigável, mas acrescentou que ele era bem reservado. Ele também mencionou que cada vez que ele o via, Lash sempre estava vestido de preto. Lash parecia um pouco paranóico, sempre olhando para os lados antes de entrar no seu apartamento. Assim como muitas outras pessoas que conheciam Lash, Aguilar também tinha ouvido histórias sobre a suposta época que Lash teria trabalhado na CIA.
"Ele contava para todo mundo sobre o tempo que trabalhou para a CIA. Ele tinha levado um tiro na cabeça, e ficou em coma por um longo tempo. Ele disse que depois que saiu do coma, ele foi pago pela CIA e então dispensado, mas ainda precisava manter o anonimato ao olhos do público", disse Aguilar, acrescentando que demorou cerca de 9 anos para que ele finalmente conhecesse o nome verdadeiro de Bob.
"Lash entrou em pânico e implorou para que ninguém chamasse a polícia. Então, pedi para ver sua carteira de identidade", mencionou Aguilar. Lash relutantemente entregou sua identidade, e foi então que Aguilar viu seu nome, Jeffrey Alan Lash, entregando-a de volta.
"Na manhã seguinte, Lash reapareceu e agindo de forma desesperada, não queria que as seguradoras fossem chamadas, então ele resolveu cuidar de todos os prejuízos sem que houvesse qualquer envolvimento externo. Acredito que ele pagou a todos em dinheiro vivo", seguiu dizendo Aguilar.
"Essa história é definitivamente estranha, especialmente quando ouvi sobre armas, mas particularmente, a coisa mais estranha é: De onde ele tirava todo esse dinheiro?", indagou Aguilar, acrescentando que antes de Lash se mudar oficialmente há 4 meses, ele tirou todas as suas coisas do apartamento da Jocelyn. Além disso, ele deixou uma caminhonete na garagem, e se recusou a retirá-la.
"Ele sempre estava dirigindo esses 'monster trucks' e tentou deixar um deles na propriedade após ter deixado o local. Era um Toyota preto bem grande, com um estepe na parte traseira. Eu disse que ele tinha que retirá-lo, caso contrário eu teria que rebocá-lo. Ele continuou recusando até que eu o ameacei", contou Aguilar, acrescentando que Lash retirou a caminhonete e começou a deixá-la estacionada em tempo integral na Coastline Drive, mudando-a de lugar toda semana para evitar receber uma multa.
Ao longo dos 10 anos que Lash efetivamente morou no apartamento, Aguilar disse que sempre havia uma mulher de cabelo loiro ao lado de Lash. Aguilar então, depois da morte de Lash, passou a desconfiar que essa mulher fosse Catherine Nebron.
"Uma mulher que aparentemente era sua namorada ou noiva sempre estava com ele, e especialmente esses quatro últimos meses quando eles vinham aqui e mudavam o carro para outro local. Eu sempre a via com ele. Porém, nunca conversamos e na verdade nunca fui apresentado a ela", disse Aguilar.
No início da manhã do dia 23 de julho, uma quinta-feira, após assistir ao noticiário e reconhecer Lash como sendo o "Skinny Bob", Aguilar ligou para os detetives do Departamento de Polícia de Los Angeles para que eles investigassem a caminhonete aparentemente abandonada na Coastline Drive.
Os detetives do Departamento de Polícia de Los Angeles tiraram fotos do carro, e de acordo com Aguilar, eles planejavam removê-lo do local tão logo fosse possível. Apesar do comportamento estranho de Lash, Aguilar disse que também acreditava que Lash era da CIA.
"A história da CIA soa realmente idiota, mas você nunca sabe. Com todo o dinheiro que ele tinha e com todo o mistério sobre quem ele era, tenho que admitir que eu acreditei um pouco nele", finalizou Paul Aguilar.
Correndo por fora estava a KTLA, que no mesmo dia (23) publicou uma notícia em seu site com declarações do advogado de defesa de Catherine Nebron dizendo que as armas encontradas valiam um total de US$ 5.000.000. Porém, não apenas isso. A KTLA teria entrevistado Shirley Anderson, 93 anos, uma espécie de "ex-namorada" do pai de Lash. Shirley disse que ela e o pai de Lash nunca souberam onde Jeffrey Lash morava ou tinha qualquer forma de entrar em contato com ele.
Quando o pai de Lash estava morrendo, Shirley disse que não conseguiu entrar em contato com Lash, e que ele não compareceu ao funeral do pai. O casal teria visto Jeffrey Lash apenas quando ele apareceu aleatoriamente na casa deles. Shirley mencionou que o viu pela última vez em 2010.
Em entrevista para o jornal Los Angeles Times, Shirley disse que Lash tinha crescido em um bairro modesto chamado Westchester tendo uma mãe pianista e pai microbiologista, que era dono de um laboratório. Lash teria largado a UCLA (Universidade da Califórnia) em meados da década de 80, e passou a ser uma "pessoa solitária" desde então. Shirley também mencionou que ela não tinha ideia de qualquer provento independente, que pudesse permitir ao Lash gastar milhões de dólares em armas.
Um advogado que representou Lash em 2009 também achou o comportamento do seu cliente bem estranho. De acordo com documentos judiciais, Lash foi acusado por "porte de arma escondida" após ser parado pela polícia da cidade de Culver. Segundo esse advogado, uma vez que Lash tinha a munição e as armas de fogo devidamente acondicionadas no interior do veículo, o caso foi arquivado. Ainda de acordo com esse advogado, Lash se recusou a dar qualquer informação de contato para o seu escritório de advocacia, e disse que ligaria uma vez por dia para obter uma atualização sobre o caso.
Um terceiro advogado, chamado Robert Rentzer, disse a KTLA que ele tinha representado Lash por quase 20 anos, muitas vezes os casos estavam relacionados a armas de fogo. De acordo com Robert, Lash seria simplesmente um colecionador de armas de fogo e um homem muito reservado.
"Muitas pessoas o taxariam de 'esquisito' devido ao seu intenso desejo por privacidade. Algumas pessoas o consideravam um pouco estranho", disse Rentzer, em seu escritório na cidade de Tarzana, acrescentando que a crença que Lash fosse um agente secreto ou um extraterrestre era hilária. No entanto, ele disse que não sabia o que Lash fazia para viver ou como ele acabou adquirindo sua extensa coleção de armas.
"Eu sabia que ele tinha esse... fetiche por armas, em excesso. Não conheço ninguém que tenha esse número exagerado de armas. E a coleção dele só aumentou cada vez mais ao longo do tempo", continuou Rentzer, acrescentando que ficou surpreso com a quantia em dinheiro encontrada na casa, assim como a grande quantidade de munição.
"Não tenho conhecimento se alguma vez ele realizou algum disparo. Ele era muito orgulhoso pela forma como ele as acondicionava", disse Rentzer, mostrando um papel que Lash tinha escrito à mão listando muitas de suas armas, e forneceu uma foto granulada, preta e branca, de Lash. Robert Rentzer disse que a foto era da carteira de motorista de Lash, de 1996.
"Ele devia ter 42 anos quando a carteira foi expedida, e Lash parece bem jovem na foto. No entanto, a foto parece muito do que me lembro de como o Jeff parecia", completou Rentzer.
Por outro lado, o advogado de Catherine Nebron, Harland Braun seguia firme em suas declarações para a imprensa. Ele disse que não sabia para quem Lash realmente trabalhava, alegando que não havia evidências de que Jeffrey estivesse vendendo armas ou drogas.
"Ele poderia estar trabalhando para qualquer pessoa. É difícil imaginar, no entanto, que é pura imaginação da sua cabeça, porque há muito dinheiro envolvido. Há quase US$ 5 milhões em armas de fogo que foram apreendidas pela polícia", disse Harland Braun, alimentando as especulações.
Fotos tiradas pela polícia mostravam dezenas e mais dezenas de caixas de munição, um contador de dinheiro com milhares de dólares empilhados ao redor, e muitas pilhas de rifles e armas de fogo. Harland Braun tinha ouvido dizer que havia pelo menos 4 SUVs da Toyota modificados para combate e capazes de operar em diversos tipos de terreno, incluindo o deserto e o meio aquático.
Assista também a uma reportagem feita pela CNN, e publicada no dia 27 de julho de 2015, em seu próprio canal no YouTube (em inglês):
"Se realmente encontramos um carro projetado para andar na água, isso é realmente bizarro. O real problema é que se ele estava trabalhando para uma agência governamental, seja norte-americana ou estrangeira, eles nunca vão confirmar isso", completou Braun.
Enquanto isso, vizinhos de Jeffrey Alan Lash tentavam entender quem era o homem que conviveu com eles por tanto tempo. Uma vizinha chamada Tracy Landau deu uma entrevista para o Palisadian-Post, no dia 30 de julho, contando um pouco mais sobre a rotina de Jeffrey e Catherine. Os vizinhos diziam que Catherine usava frequentemente o banheiro de uma piscina comunitária, e que ela e "Bob" também usavam a cozinha e o banheiro de um vizinho ao invés do que tinham em casa.
"Achávamos isso estranho", disse Tracy Landau, que costumava ver Catherine na piscina. Os vizinhos também disseram que ele já estava doente há algum tempo.
"As pessoas disseram que o viram morrer lentamente ao longo de um ano", completou.
No dia 13 de agosto, o Palisadian-Post publicou mais uma notícia sobre o homem que a mídia norte-americana passou a chamar de Jeffrey Alan Lash, mas que ainda não tinha sido identificado oficialmente pelo Escritório do Médico Legista do Condado de Los Angeles. Mesmo assim, o advogado de Catherine, Harland Braun, disse que cerca de nove pessoas passaram a alegar que eram primos de Lash, e já tinham se adiantado judicialmente pela disputa do patrimônio deixado por Lash.
O advogado disse que todos queriam uma parte do que havia sido deixado por Lash, e que eles estavam tendo "reuniões a portas fechadas" a respeito de quem ficaria com o dinheiro e a coleção de armas.
"As armas estão em posse do Departamento de Polícia de Los Angeles, e estão pendentes de liberação. Nesse caso em particular há uma quantia significativa de dinheiro envolvida e esses nove primos surgiram desde a sua morte, alegando laços familiares, e querendo tudo o que estava dentro da casa", disse Harland Braun, acrescentando que essas pessoas tinham surgido do nada.
"A casa de Nebron tinha sido muito danificada durante o tempo que Lash morou com ela, cerca de US$ 300.000 de prejuízo. Ela o apoiou e dava dinheiro para ele, no qual ele usava para comprar armas, assim sendo ela tinha certo um envolvimento financeiro com Lash", disse Harland Braun.
Detetives disseram ao Palisadian-Post que mais coisas poderiam ser descobertas nas próximas semanas, dependendo de eventuais outros locais onde Lash morava, e o que ele poderia estar escondendo. Desde a morte de Lash, Braun tinha contratado um investigador particular para inspecionar e monitorar essas "descobertas", por assim dizer.
"Ela não está atualmente morando na casa, porque eles ainda estão em processo de investigação sobre o patrimônio pertencente ao Jeffrey, e removendo as coisas da casa de Catherine. Ela provavelmente vai voltar depois que tudo estiver limpo e renovado. Eles estão, inclusive, instalando um novo ar condicionado", completou.
No dia 26 de agosto, mais de mês após as primeiras notícias sobre esse caso terem sido divulgadas, uma equipe do Palisadian-Post foi autorizada a entrar na casa onde Jeffrey Alan Lash morava com Catherine Nebron. E acreditem, o cenário parecia de terror.
Durante cerca de três horas de um passeio exclusivo na casa onde tinham sido encontradas 1.200 armas, 6 toneladas de munição e US$ 230.000 em dinheiro, o Palisadian-Post pode testemunhar as condições que Catherine Nebron era mantida como "refém" dentro de sua própria casa. Jeffrey não era um agente disfarçado como ele alegava ser, mas uma espécie de "carrasco" carismático que tinha encantado e enganado diversas mulheres para que lhe dessem dinheiro.
Quando os advogados descobriram que o jornal tinha descoberto os nomes de outras duas outras amantes de Lash, ele concordaram em permitir que o Palisadian-Post fizessem um passeio pela casa onde Catherine morava, no dia 24 de agosto. Também deram entrevistas exclusivas sobre os relacionamentos de Lash com empresárias bem sucedidas, que disseram que financiavam seus hábitos obsessivos. A pedido dos advogados, o jornal concordou em não divulgar os nomes completos das mulheres que tinham se envolvido com Lash.
"Foi aqui que Catherine morou por 3 anos", disse Ross ao abrir a porta de um banheiro, não muito maior do que um armário de empregada. Ele disse que Catherine dormia em tapetes de ioga.
De acordo com Harland Braun, tudo teria começado em 2011, quando o primeiro andar, de uma casa de 3 andares, inundou e Lash teria confinado Catherine, para seu próprio bem, no banheiro do segundo andar da casa. Bilhetes motivacionais escritos à mão, alguns contendo provérbios, eram colados nas paredes do banheiro. Em um pedaço antigo de papel era possível ler: "Orientações para o Isolamento de Catherine". Não estava claro se o bilhete tinha sido escrito por Lash ou pela própria Catherine.
O vaso sanitário do espaço que tinha para viver não funcionava, porque não havia água encanada na casa. Com caixas e armas empilhadas até o teto, Catherine tinha que esgueirar para sair da casa, uma espécie de labirinto, para usar o banheiro de uma vizinha, que concordava em deixar que ela tomasse banho em sua casa.
O então "quarto" de Catherine tinha um certo toque feminino, um tapete de banheiro de cor turquesa, um papel de parede de cor pêssego e um par de botas em um canto. A pequena prateleira de madeira ao lado do chuveiro inutilizável estava repleta de papéis e recibos, a maioria em nome de "Jeff Lash" ou "Steve Green", outro nome usado por Lash além de "Bob Smith", e uma revista recente da "People". De acordo com Ross, um vizinho gentil de vez em quando dava uma revista para Catherine.
Scott Ross disse que Lash tinha construído um complexo de paredes dentro da casa, colocando fechaduras nas portas, em um esforço para isolar Catherine, impedindo-a de acessar os demais cômodos de sua própria casa. "O Departamento de Polícia de Los Angeles teve que derrubar as portas e arrombar cadeados para entrar", disse Ross.
A rotina diária de Catherine foi planejada e aprovada por Lash, que era o principal responsável ao fazer com que ela sacasse dinheiro ou preenchesse cheques para ele poder continuar esbanjando em compras.
"Se ele pedisse US$ 2.000 para ela, ela simplesmente dizia 'tudo bem'. Ela não questionava nada", continuou Ross. O dinheiro de Catherine era basicamente usado para comprar caminhonetes, armas, computadores e diversos outros objetos de alto valor aquisitivo.
De acordo com seu advogado, quando Catherine terminava suas tarefas diárias, ela costumava voltar para casa e passava o tempo assistindo DVD's. Além disso, é possível que ele talvez tenha batido uma vez em Catherine e feito ameaças caso ela não fizesse o que ele tinha dito, visto que ele teria alguém na "agência", que mataria alguém próximo a ela. Resumindo, ela acreditava nele.
"Seu encarceramento era mental e físico, porque depois de um tempo, como você consegue sair disso? Seria praticamente preciso que ele morresse", disse Harland Braun, acrescentando que quase dois meses após a morte de Lash, Catherine estava começando a aceitar que as histórias que ele contava não eram verdadeiras.
"Espero que não seja verdade, assim não preciso sentir medo", teria dito Catherine ao seu advogado, que acrescentou: "Ela se sente livre agora".
O Palisadian-Post descobriu que Nebron não era a única mulher que Lash tinha seduzido para financiar suas paixões. Uma moradora de Los Angeles, que tinha um relacionamento de 31 anos com Lash, também abriu coração e o bolso para o "conquistador".
Na verdade, de acordo com seu advogado, Robert Cohen, Michelle L. pode ter gastado mais de US$ 1 milhão ao financiá-lo. Lash viveu com a mulher, que é proprietária de uma consultoria de informática, entre 1986 e 1998, antes de se mudar para a casa de Catherine Nebron nos seus últimos 17 anos de sua vida.
"Em algum dia de 1998, ele disse a Michelle que ele estava saindo por duas semanas, mas então de repente se mudou para a casa de Catherine", disse Robert Cohen, acrescentando que com o passar dos anos, Michelle continuou esperando que ele voltasse para ela.
Quando o advogado foi questionado se a casa de Michelle estava em um estado semelhante em relação a casa de Catherine, ou seja, repleta de coisas empilhadas, Cohen hesitou em responder, mas deu uma pista sobre como a casa se encontrava. "Michelle também adquiriu muita coisa ao longo dos anos, e eles estiveram juntos por muito tempo", continuou.
Mesmo após Lash ter se mudado para a casa de Catherine, não passou um dia sequer durante duas décadas de relacionamento, que Michelle L. não tivesse falado ou se encontrado com ele, até o dia que ele morreu, é claro.
"Essa situação é particularmente difícil, porque seu amor de longa data faleceu e ela também descobriu que Catherine era uma outra amante dele", disse Cohen. Ao contrário de Catherine, que o chamava de Bob, Michelle L. o conhecia pelo seu nome de batismo, Jeffrey Lash, e Cohen dizia que, segundo seu entendimento, os dois tinham um relacionamento amoroso e carinhoso.
"Michelle está se recuperando do choque, do medo, e do sofrimento gerado por tudo isso. Ainda estamos tentando entender quem é esse senhor, que levou Michelle a insanidade", completou.
Aliás, Michelle nunca desistiu de Lash. Sua devoção ficava evidente devido a um "ritual diário", que os vizinhos de Catherine achavam muito suspeito. Toda noite, pelo menos durante 15 anos, Michelle L. dirigia até Highlands em um carro da Mercedes Benz, sem placa, e deixava sacolas verdes na porta da casa de Catherine. Os vizinhos nunca descobriram o que estava dentro dos sacos ou quem era aquela mulher misteriosa, mas eles pensaram que poderia ser drogas ou alguma outra atividade ilegal. Segundo Robert Cohen, a verdade era muito mais mundana.
"Michelle ia até a casa de Catherine todos os dias levando sacos de comida, mantimentos, dinheiro e gelo, uma vez que ele não podiam usar a geladeira, e para ver se ele estava bem. Porém, ela não tinha ideia a respeito de seu noivado com Catherine, por isso tem sido difícil para ela, mais do que nunca", disse Cohen. Apesar do advogado dizer que Lash era persuasivo e tinha um controle psicológico sobre Michelle L., ele alegou que em seu relacionamento não havia nenhuma espécie de "controle físico", assim como acontecia com Catherine.
"Não sei se houve algum abuso ou comportamento agressivo, mas definitivamente houve manipulação e persuasão da parte dele sobre Michelle. Ela não era restringida a determinadas áreas em sua casa, e tinha a liberdade de ir e vir quando quisesse", disse Cohen, acrescentando que depois de falar as testemunhas, os investigadores descobriram que Lash tinha diferentes personalidades.
"Os investigadores notaram que Lash tratava cada pessoa que conhecia de uma forma muito diferente. Michelle tem sorte de não ter vivenciado nenhum dos lados negativos de Jeffrey", continuou Cohen. No entanto, sua vida foi restrita devido ao compromisso com o homem que ela amavava.
"Por 31 anos ela nunca tirou férias, porque sempre estava disponível para ele todos os dias, ela precisava falar com Catherine todos os dias. Ela agora está se sentindo um pouco livre para fazer o que ela quiser, para cuidar de si mesma. Porém, vai levar um bom tempo para ela se recuperar", seguiu dizendo.
"Ela está lidando com toda essa confusão de um homem com quem ela acreditava ter uma conexão verdadeira, e ela está sofrendo por um amor perdido. Isso levará muito tempo para ser superado", finalizou.
Conforme dissemos anteriormente, além de viver ao lado de Catherine Nebron por 17 anos, e morar com Michelle L. por pelo menos 12 anos antes disso, Lash também morava com uma mulher chamada Jocelyne E. por cerca de 10 anos, em Sunset Mesa. Desde a revelação da "segunda casa" de Jeffrey, os advogados e vizinhos começaram a sugerir que Lash também tinha um relacionamento íntimo com essa outra mulher.
"Não ficaria surpreso se houvesse mais mulheres que estão muito envergonhadas de vir à público nesse momento. Michelle não sabia que Catherine era a namorada dele e Catherine dizia a Michelle que era uma ex dele", disse Harland Braun, advogado de Catherine.
Assim como Catherine e Michelle L., Jocelyne E. também era financeiramente bem sucedida. Ela tinha pedido para que Lash deixasse o apartamento dela cerca de 4 meses antes de sua morte, em parte devido as suas condições de saúde e incapacidade de subir e descer as escadas que levavam até o seu apartamento.
"Acredito que ele estava enganando essas mulheres, mas também enganando a si mesmo, porque ele acreditava que tudo o que estava fazendo e dizendo era completamente normal. Acho que nunca saberemos a verdade", completou Harland Braun.
Conforme as mulheres da vida de Lash tentavam lidar com a agitação emocional de sua morte e traições, a limpeza da casa de Catherine, em Pacific Palisades, continuava.
"Em meus 37 anos nunca vi nada assim", disse o investigador Scott Ross, que atuou como investigador principal em casos de grande repercussão como o julgamento de Michael Jackson, o caso de um assassinato envolvendo o ator Robert Blake, e de um escândalo envolvendo o Departamento de Polícia de Los Angeles.
Scott Ross passava em meio a rifles, bestas, flechas, facas, espadas, escopos de rifle, revistas e munição. Também havia um urso em tamanho real e um majestoso leão que estava em meio a pilhas de caixas e sacolas na sala de estar, que parecia ter servido como alvo para a besta de Lash ou de outros arcos e flechas. Porém, armas não eram a única obsessão de Lash.
Além de acumular um grande número de armas e gadgets tecnológicos, Lash acumulava roupas (muitas roupas de camuflagem e jaquetas pretas), milhares de livros (de todos os assuntos, inclusive livros de Harry Potter), CD's e DVD's.
"Havia cerca de 50 a 60 mil CD's e 20 a 25 mil DVD's", disse Ross. Ao abrir uma caixa aleatoriamente era possível encontrar um escopo de rifle, um computador pessoal e uma roupa de camuflagem, tudo embrulhado na embalagem original.
"Não há nenhuma razão para isso", disse Ross, balançando a cabeça para os lados.
"As mulheres estão trabalhando em conjunto sobre suas histórias, e todos nós estamos nos preparando para enfrentar esssa situação", disse Harland Braun, acrescentando que Catherine estava reagindo bem a sua liberdade recém-descoberta. Ela estava hospedada em um hotel próximo da sua casa, até que tudo estivesse limpo e habitável, por assim dizer.
Robert Cohen disse que Michelle L. continou trabalhando apesar do trauma sofrido e estava tentando lidar com a situação da melhor forma possível. "Os 10 dias que Catherine estava no Oregon, e Lash tinha falecido, foi a primeira vez em 31 anos que ela não conseguia falar com ninguém, e estava enloquecendo por isso. Agora que ela voltou a conversar com Catherine, ela está melhorando consideravelmente", disse Cohen.
O Palisadian-Post ainda questionou se a história de Catherine daria um livro ou um filme no futuro. Harland Braun disse que pessoas estavam oferecendo propostas para livros e scripts de filmes sobre Catherine, mas a questão era: Qual era o final?
Nos dias 27 e 28 de agosto do ano passado, mais informações sobre o caso "Jeffrey Alan Lash" foram publicadas pela KTLA. De acordo com a emissora, o corpo encontrado teria sido confirmado oficialmente pelas autoridades da Califórnia, de que realmente era de um homem chamado "Jeffrey Alan Lash".
Durante semanas foi mencionado, que a identidade do corpo em avançado estado de decomposição não tinha como ser determinada, porém, aparentemente essa história teria mudado no dia 12 de agosto. De acordo com a tenente Elissa Fleak, do Escritório do Médico Legista do Condado de Los Angeles, o corpo seria mesmo do homem, cujo nome já era proferido há tempos pela mídia, porém por alguma razão a causa da morte de Lash ainda não tinha sido determinada.
Catherine Nebron também teria dito ao seu advogado, que não era incomum ouvir Lash no telefone, supostamente conversando com a Secretária de Estado, Condoleezza Rice ou o ex-diretor da CIA, David Petraeus.
Um vizinho de Jocelyn, uma das muitas mulheres de Jeffrey, disse que o homem dirigia carros com as janelas pintadas de preto. Esse vizinho, chamado David Brody, disse que os carros não tinham placas, e que Jeffrey encobria o número do chassi do carro. Ele dizia que tinha trabalhado para a CIA.
Os vizinhos disseram que ele sempre aparecia com um carro novo e sempre equipado como se estivesse pronto para ir em uma expedição. Ele estacionava aleatoriamente o veículo no bairro, porque ele não queria que ninguém soubesse onde ele morava.
Segundo o jornal "Los Angeles Times", a polícia disse que Lash tinha câncer, mas ele teria dito aos seus vizinhos que ele sofria de intoxicação por gás neurotóxico devido ao tempo pelo qual trabalhou na CIA.
O marido de uma das mulheres aparentemente atraídas pelas histórias contadas por Jeffrey Alan Lash, o culpava por ter destruído o seu casamento. Jim Curry disse que a KTLA, que seu mundo virou de cabeça para baixo, quando sua esposa Dawn Marie VadBunker conheceu Lash enquanto trabalhava para Catherine Nebron, a noiva do próprio Lash.
Danw Vadbunker teria começado a trabalhar para Catherine cerca de quatro anos antes de Lash morrer, como administradora de uma propriedade na cidade de Ventura. O trabalho dela também envolvia a locação de garagens em toda região Sul da Califórnia, onde Lash podia guardar seus dezenas de veículos.
"A história era que, uma vez que 'Bob' era um agente da CIA, ele teria outros agentes que talvez precisassem de veículos", disse Jim Curry.
De acordo com Jim, todos os contatos entre Dawn VadBunker e Catherine Nebron teriam sido realizados apenas por telefone durante anos. As duas teria se encontrado pessoalmente, pela primeira vez, somente no início desse ano. Então, três meses antes da morte de Lash, VadBunker finalmente chegou a conhecê-lo. O Jeffrey se apresentou como "Bob".
"Ela estava muito animada para conhecer esse cara sobre quem Catherine tanto falava e, em seguida, as coisas começaram a mudar", continuou.
Jim contou que Catherine teria dito a Dawn, que Lash era metade alienígena e tinha trabalhado para a CIA. Essa informação teria transformado sua esposa em uma pessoa diferente. "Toda essa baboseira sobre um cara da CIA começaram a me encher, e isso era simplesmente estranho", seguiu dizendo.
Jim Curry e Dawn VadBunker tinham se casado há pouco mais de ano, quando ela de repente o deixou em 14 de junho. Jim foi pego completamente de surpresa diante da decisão de Dawn.
"Uma semana antes ela me dizia que nunca tinha estado tão feliz na vida dela", completou, acrescentando que Catherine, Dawn e Jeffrey Lash regularmente se encontravam em um supermercado da Bristol Farms, em Santa Mônica.
"As mulheres estavam com Lash quando ele morreu, em 4 de julho, em seu utilitário estacionado no supermercado", disse Jim.
Jim Curry disse que ainda estava se perguntando o que tinha acontecido com a esposa. A mulher, mãe de dois filhos, nunca mais teria retornado do Oregon e não teria entrado em contato com ele. De acordo com o Departamento de Polícia de Oxnard, ela teria enviado uma carta aos pais, que vivem em Oxnard, "expressando seu profundo pesar devido a toda a preocupação que ela tinha gerado para os familiares". Quanto ao Lash, Jim acreditava que ele era apenas um homem paranóico, que gastou tempo e dinheiro, se preparando para um cenário apocalíptico.
No dia 17 de setembro do ano passado, o jornal Palisadian-Post publicou uma entrevista com Michelle L., uma das mulheres do homem que ficou conhecido como Jeffrey Alan Lash. Michelle, que morou com Lash de 1986 a 1998, alegava ter gastado mais de US$ 1 milhão para satisfazer os caprichos de Lash, e disse que sua casa em Los Angeles era uma espécie de "mini-versão" da casa de Catherine Nebron. Além disso, ela alegava que Lash tinha causado cerca de US$ 100.000 de prejuízos em sua casa.
Durante uma entrevista sobre seu relacionamento com Lash, a empresária relevou como eles se conheceram, o que ela deixava na frente da casa de Catherine todas as noites, durante anos, como ela soube da morte de Lash, e os rumores que Lash fosse "metade alienígena".
Michelle conheceu Lash pela primeira vez, após tentar convencê-lo sobre uma oportunidade de negócio sobre marketing multinível, em 1984. Eles conversaram por diversas vezes no telefone, então se encontraram e se apaixonaram.
"Ele tinha uma atitude que atraía a pessoa. Ele era totalmente enérgico, totalmente cheio de si. Ele fazia você se sentir como se fosse a única pessoa na Terra. Ele era extremamente extrovertido, não era uma pessoa solitária ou reclusa, como tem sido retratado na mídia", disse Michelle sobre o homem que ela considerava muito carismático.
No início, seu relacionamento floresceu de uma maneira comum - eles iam ao cinema, passeavam de bicicleta, faziam caminhadas ou até mesmo andavam de patins.
"Era tudo tão normal, exceto que não tão normal assim", acrescentou dizendo que no começo ela tinha certas dúvidas sobre as coisas que ele lhe contava. Na categoria "não tão normal", Lash também costumava levá-la para deserto para atirar.
"Ele disse que queria me manter segura, então ele me fez aprender a atirar. Eu não estava realmente interessada nisso, apenas fiz isso por ele", continuou Michelle.
O homem que ela descreveu como "totalmente brilhante", e profundamente espiritual" também era reservado em relação ao seu verdadeiro nome, e ele a mantinha distante de qualquer pessoa da vida dele. Ele conheceu sua família, mas ela nunca conheceu ninguém da vida dele. Segundo Lash, isso era por questões de segurança.
"Isso era estranho", admitiu Michelle.
Lash mudou-se para seu apartamento em 1985, porque "alguma coisa tinha acontecido", e ele precisava de um lugar para ficar. Michelle pagou todas as contas e, quando comprou uma casa de três quartos em 1987, Lash, e as coisas dele, foram com ela.
"Ele definitivamente tinha um monte de coisas, e ocupou quase todos os armários da casa", disse Michelle. Ao menos Lash era perfeccionista, e os itens foram perfeitamente acondicionados em cada armário e em cada gaveta. Michelle tinha o quarto dela, Lash tinha um quarto só para ele, e eles compartilhavam o quarto principal da casa. Desde o início, ele manteve seu quarto trancado, e Michelle não tinha acesso ao mesmo.
"E eu estava pagando por isso", acrescentou Michelle, que normalmente dava o dinheiro em espécie para ele fazer as tais compras. Lash dizia que precisava de todas aquelas coisas para trabalhar. Porém, o que ele dizia que fazia para viver?
"Ele trabalhava em negociações anti-terroristas e resgastes", disse Michelle, acrescentando que ele tinha convicção poderosa, que o tornava crível.
"Tudo o que ele pedia era para um propósito específico. Ele precisava de todos esses computadores, porque ele disse que tinha que manter tudo o que fazia separado. Todos eles eram colocados em lugares diferentes. Ele dizia: 'Preciso de seis desse aqui, quatro daqueles e dez daqueles outros', e eu me ficava pensando 'Por quê?', mas tinha medo de perguntar", contou Michelle.
"Ele não era fisicamente abusivo, mas era muito assustador quando ficava bravo. Eu fazia qualquer coisa para não irritá-lo", disse Michelle, que era forçada a manter as cortinas fechadas o tempo todo. Lash também a advertiu para que nunca tocasse em nenhuma de suas coisas, até mesmo itens que ela tinha comprado a pedido dele.
"Ele me fez sentir como se eu tivesse tocado nas suas coisas, e eu me sentia tão errada, ficava tão mal. Costumava me sentir péssima quando encostava em alguma coisa. Sentia como se eu tivesse feito alguma coisa realmente errada", continuou.
Apesar do medo, Michelle permaneceu leal a Lash. Em um determinado ponto, Lash cogitou casamento, mas Michelle não sentiu a necessidade de um pedaço de papel para validar seu relacionamento.
"Estávamos comprometidos um com o outro e concordamos que não ficaríamos com mais ninguém. Ser leal e honrada era muito importante para ele", seguiu dizendo. Tempos depois, ela perceberia que sua conversa sobre fidelidade realmente significava que ela é que precisava ser leal a ele, não ao contrário.
Quanto aos estranhos rumores sobre Lash, Michelle disse que não ele acreditava que fosse um alienígena, ele teria apenas especulado sobre isso. Lash era um homem profundamente espiritual, que acreditava na reencarnação. Ele acreditava que tinha reencarnado muitas vezes, e acreditava que uma pessoa poderia reencarnar em algo diferente de um ser humano. No caso dele, Lash acreditava que pudesse ter reencarnado "metade alienígena".
"Com certeza ele era estranho", completou Michelle, acrescentando que sua persuasão o tornava quase inquestionável para algumas pessoas.
No início de seu relacionamento, Lash passou a dar aulas de auto-defesa e Michelle o ajudava, convidando pessoas que ela conhecia. Uma dessas pessoas era justamente a Catherine Nebron, que ela conhecia antes conhecer o Lash. Michelle e Lash saíam para jantar com Nebron e seu então marido.
"Éramos amigos", disse Michelle.
Algumas vezes Lash pagava o jantar quando eles saíam, mas era só isso que ele pagava. Michelle disse que pagava a hipotece, comprava os mantimentos, e dava dinheiro para o Lash fazer suas próprias compras. Em 1998, ele disse a Michelle que estava indo até casa de Catherine Nebron para um projeto de duas semanas.
"Ele nunca concluiu o projeto", ironizou.
Esse foi o ano em que Michelle começou suas jornadas diárias até Palisades, um ritual que intrigou vizinhos do condomínio em Highlands, que por sua vez disseram que viam uma mulher largando sacos de lixo verdes todas as noites. Michelle gargalhou nessa parte da entrevista, admitindo que algumas das coisas que ela viu na mídia sobre ela e o Lash estava longe de serem verdade.
"Nunca me deparei com um saco de lixo verde. Costumava levar sacolas de supermercado da Whole Foods e da Vons, e tirava o lixo em sacolas brancas ou pretas", disse Michelle.
Ela disse que no início, ela ia até Palisades todas as noites, sendo que ela e Lash saíam para jantar, assim como saíam nos fins de semana. Eles comiam em restaurantes de Palisades, tal como o Tivoli, assim como comiam em restaurantes caros.
"Catherine não saía conosco", esclareceu Michelle. Aliás, suas visitas noturnas não eram as únicas vezes em que ela se dirigia para Palisades. "Recebia ligações o dia todo dizendo: 'Largue tudo, preciso de um kit de ferramentas' ou 'Preciso ir à loja da Apple e comprar um carregador'", continuou.
Ela pediu a Lash que não a tirasse de seu trabalho, menos que fosse uma emergência que ameaçasse sua vida, porém essas eram as emergências que ameaçavam a vida dele. Ela e seu amor de longa data falavam várias vezes ao dia, mas isso acabou mudando.
De acordo com Michelle, Lash começou a adoecer por volta de 2002 ou 2003, e ele quase teria morrido em 2008. Depois disso nunca mais se recuperou. A partir de então, eles pararam de sair e, em vez disso, ela simplesmente entregava mantimentos, centenas de itens que ela comprava para ele, entre eles gelo (a geladeira não funcionava) e dinheiro.
Ela disse que Lash exigiu que ela levasse cerca de US$ 1.785 por semana para sua alimentação, alegando que ele precisava de um chefe de cozinha para preparar refeições saudáveis, especialmente preparadas, porque cozinhar não era permitido na casa de Nebron. Cozinhar também não era permitido na casa de Michelle. Outras despesas incluíam cerca de U$ 9.800 por o ano para uma"unidade de armazanamento" para um veículo, que ele nunca dirigiu, mas ele alegava que "tinha que ter".
Ela disse que seus protestos foram recebidos com críticas por parte de Lash, visto que era uma questão "vida ou morte". Ela acreditou nele.
Eventualmente, ele ficou tão doente que teve problemas para falar, e Michelle não conseguia entender o que ele estava dizendo. Em vez de falar com Lash, ela começou a falar com Nebron, discutindo com ela o levaria para ele, todos os dias.
"Cuidei dele, o ajudei, tentei fazer com que ficasse bem, e gastei muito dinheiro tentando mantê-lo vivo. Até onde eu sabia é que ele estava tentando melhorar e voltar para casa, para mim", disse Michelle de forma melancólica.
"Não havia nada nefasto acontecendo. Estávamos apenas tentando viver nossas vidas e ajudá-lo a melhorar", disse Michelle em resposta a algumas teorias que estavam sendo veiculadas na mídia.
E por qual razão ela não parou de ceder as suas exigências? De acordo com Michelle, ela muitas vezes queria apenas entrar em seu carro e se afastar de toda aquela loucura, mas sentia que seria inconcebível afastar-se de um homem totalmente doente, que ela considerava honrado.
Certo dia, em julho, Michelle fez sua ligação diária para Catherine Nebron, mas ela não atendeu. Após passarem alguns dias, e por não saber o que estava acontecendo, ela começou a entrar em pânico.
"Pensei que ele e Catherine tinham desaparecido", contou.
Ele foi até a casa de Catherine diversas vezes, e até mesmo viu o utilitário onde Lash foi encontrado morto, mas ela não o viu, porque seu corpo estava coberto por cobertores. Michelle teria ligado para o ex-marido de Catherine diversas vezes, mas não obteve nenhuma resposta sobre ele. Finalmente, o ex-marido de Catherine ligou para ela e deu a notícia: Lash estava morto. Logo em seguida, ela digitou o nome de Lash no Google.
Foi assim que Michelle ficou sabendo sobre a história do corpo em decomposição, e que sua amiga de longa data, Catherine Nebron estava noiva do homem que ela considerava seu namorado. Ela também descobriu sobre uma outra mulher com quem Lash estava morando, Jocelyne.
"Se eu sabia que ele tinha 14 carros? Não. Se eu sabia que ele tinha US$ 230.000 em dinheiro? Não. Se eu sabia sobre as outras mulheres? Não", enfatizou Michelle.
As revelações chocantes balançaram com seu mundo, mas ela estava colocando tudo nos eixos. Embora tivesse dúvidas sobre algumas das coisas que ele lhe dissera ao longo dos anos, a única coisa que ela realmente acreditava sobre ele é que ele era honrado. "Porém, ele nunca terminou comigo e nunca me contou sobre as outras mulheres", acrescentou. Deixando de lado a dor, Michelle notou que ela e Catherine Nebron passaram anos cuidando e dando dinheiro ao Lash.
"Eu dei 31 anos de minha vida para ele e Catherine deu 17 anos de sua vida para ele, nós duas demos muito suporte financeiro para ele", completou Michelle. Além disso, o fato de que membros distantes da família de Lash estavam querendo uma parte do patrimônio deixado por ele não parecia justo para ela.
Enquanto Catherine Nebron ainda estava esvaziando caixas e sacolas cheias das coisas de Lash de sua casa, Michelle já tinha completado essa parte do processo. Não havia mais nada dele em sua casa.
Apesar de todo o desgosto que ela vinha passado desde a notícia sobre a morte de Lash e sua vida secreta com outras mulheres, ela estava tentando pensar positivo.
"Durante 17 anos nunca pude sair de madrugada, porque ele exigia que eu estivesse presente para 'guardar' seus pertences e para ir até Palisades todas as noites. Não tive férias em 17 anos. Agora eu posso sair à noite, posso ver um filme, sair com um amigo ou viajar nos fins de semana. Tenho a minha liberdade", finalizou Michelle.
Em um artigo intitulado "Baby, I’m a Secret Agent, Alien-Hybrid Here to Save the World", um correspondente da revista Playboy chamado Zaron Burnett III, foi investigar o caso envolvendo Jeffrey Alan Lash mais de perto, e entrevistou algumas pessoas para entender o que de fato tinha ocorrido. Inicialmente pensei apenas resumí-lo para vocês, mas o material é tão interessante que resolvi traduzí-lo na íntegra para que vocês tenham a mesma experiência que tive ao ler o artigo. Vale muito a pena ler. Vamos ao texto (algumas outras imagens, em relação as que originalmente pertencem ao artigo, serão acrescentadas):
"Por que um homem moribundo mentiria sobre o que iria acontecer com seu próprio cadáver?
Catherine Nebron-Gorin estava preparada. Ela sabia que esse dia chegaria. Ela não era uma agente bem treinada da CIA conforme seu noivo alegava que era, mas ela tinha um mantra pessoal para motivá-la: 'Se ele pode, eu posso'.
De volta à Califórnia, a mãe da assistente pessoal ficou preocupada quando não ouviu falar da filha. Os dias passaram e, em 10 de julho ela reportou o desaparecimento da filha para a polícia. A notícia virou nacional: "Mulher desaparecida em circunstâncias suspeitas"
Quatro dias depois, um oficial da polícia encontrou seu carro e a localizou em um hotel. Ela disse que seu nome era Dawn Marie VadBunker. Vinte minutos depois, a mãe da mulher, Laura, acordou com um telefonema e soube que sua filha não estava mais desaparecida. Ela tinha sido encontrada sã e salva no Oregon.
No dia seguinte, Catherine Nebron-Gorin deixou sua assistente pessoal, Dawn Marie, e viajou para Los Angeles sozinha. Uma carta escrita à mão por Dawn Marie foi enviada para sua família. O carimbo postal era de 15 de julho, e foi enviada da cidade Sacramento, (capital da Califórnia), que está localizada a meio caminho entre e o Oregon e Los Angeles. A carta deixou a mãe de Dawn Marie preocupada ao saber que ela estava "com pessoas de mentalidade semelhante" em um lugar "onde ela poderia se curar." Foi a última vez que a mãe teria ouvido falar dela.
No dia 17 de julho, Catherine Nebron-Gorin voltou para casa e encontrou o corpo do noivo onde estava, dentro do utilitário, debaixo do sol de verão, parcialmente mumificado embaixo dos cobertores. Ela telefonou para o advogado dela. Ela lhe contou o que tinha acontecido. Ele ligou para o Departamento de Polícia de Los Angeles, e disse aos policiais onde eles poderiam encontrar um cadáver.
Na manhã seguinte, as manchetes internacionais diziam: '1.200 armas. US$ 230.000 em dinheiro. Cadáver encontrado em utilitário. Deixado para apodrecer durante semanas. Estacionado em uma rua de um bairro nobre de Los Angeles'.
Rumores rapidamente se espalharam. O homem tinha alegado que ele era um híbrido alienígena. Ele disse que era um super-espião, que estava lutando para salvar o mundo. Ele teria confidenciado isso a poucas pessoas. Disse a eles que trabalhava para uma agência secreta, uma que lidava com alienígenas.
O advogado próprio advogado de Catherine Nebron-Gorin avisou ao mundo: 'Ele poderia estar trabalhando para qualquer um'. Logo foi noticiado que o homem poderia ter diversos depósitos espalhados por Los Angeles. Ninguém sabia ao certo quantos seriam, mas acreditavam que teriam mais armas, juntamente com veículos de assalto anfíbios, e utilitários customizados com vidros à prova de balas.
Um garçom chamado Francesco Schiff apareceu na mídia. Ele disse aos jornalistas que o homem comia obsessivamente no mesmo restaurante, chamado Casa Nostra, com um padrão regular e fiel. Ele sempre pedia filé mignon cru. O homem acreditava era importante ter uma dieta rica em cortes sangrentos de carne. Pouco antes de morrer, ele teria comido bifes de búfalo crus.
Sua dieta de carne crua alimentou teorias na internet de que ele era um híbrido alienígena. Certamente, parte-reptiliano. Existem amplas e complexas teorias sobre alienígenas que mudam de forma, e conspiraram durante séculos para governar a Terra, disfarçados de pessoas da elite e de famílias reais. Os alienígenas que mudam a forma são chamados Reptilianos.
A história de alienígena partiu de Laura VadBunker, a mãe da assistente pessoal. Ela disse à imprensa que estava com medo por sua filha, porque Dawn Marie VadBunker tinha dito a ela que seu chefe era um alienígena. Na verdade, ela havia dito que ele era um reptiliano, e sua noiva também era uma alienígena, de um planeta aquático. A filha de VadBunker alegou que ela o tinha visto mudar para sua forma alienígena reptiliana.
Quando comecei a minha investigação, algumas semanas após sua morte, o corpo do falecido estava listado no Escritório do Médico Legista como desconhecido. Estava aguardando identificação do Departamento de Polícia de Los Angeles. A autópsia ainda não tinha sido divulgada. Naturalmente, isso alimentou especulações. Pessoas em fóruns de discussão diziam, obviamente, que o homem era metada alienígena, e o departamento de polícia ainda não sabia como fazer para encobrir tudo isso.
Outros, não tão céticos e nem tão paranóicos, meramente cínicos, diziam que não havia autópsia porque o falecido não tinha parentes próximos, e o departamento de polícia queria ficar com os US$ 5 milhões em armamentos dele. Isso obviamente seria mais fácil de acontecer em relação a um "João Ninguém".
Você pode estar se perguntando: Você acabou de dizer que 1.200 armas valem US$ 5 milhões? E espera um momento, 1.200 armas? Por que os federais não se envolveram na história? O Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos dos Estados Unidos (sigla em inglês, ATF) não deveria estar a par da misteriosa morte de um homem que tinha um pequeno arsenal em um condomínio de casas de Los Angeles? E com quem vão ficar todas essas armas?
Por enquanto, uma coleção de primos (nove, de acordo com a última contagem) tinham surgido na mídia para reivindicar o patrimônio deixado pelo estimado primo, o homem misterioso desse conto, até porque US$ 5 milhões tendem a chamar a atenção das pessoas.
Essa história é tão implacavelmente estranha, que alguma parte dela deve ser verdadeira. Cada pedaço dessa história que investigo, cada fato que eu verifico, só faz o mistério aumentar e ficar cada vez mais estranho.
Quando você leva em consideração todas as perguntas que a história desse homem levanta, você termina com uma investigação sobre o que acreditamos, o que queremos acreditar e como os outros tentarão controlar o que acreditamos para o benefício deles. Essa história diz mais sobre nós do que jamais revelará sobre o falecido no centro dela. Contudo, há respostas. Existem verdades a serem encontradas dentro do redemoinho misterioso e bizarro.
Seria esse homem o que ele dizia ser: um super espião humano-alienígena-híbrido, que precisava de um arsenal de 1.200 armas, e vários veículos de assalto para proteger o mundo de uma invasão extraterrestre? Ou ele era apenas mais uma pessoa obsessiva por armas, um norte-americano excêntrico, que escrevia para sites obscuros, que se envolveu com advogados e abusou do amor das pessoas pelo mistério e pelo desejo de se sentir importante, enquanto ele espalhava o medo de forma sedutora, um sociopata que enriqueceu sua vida usando seus muitos poderes humanos de manipulação?
Uma mulher que o conhecia disse que ele era uma coisa ou outra. Não existia terceira via.
Seus vizinhos o chamavam de 'Skinny Bob', mas quando ele nasceu, em 3 de dezembro de 1954, seus pais o chamaram de Jeffrey Alan Lash.
Existe um homem que poderia me ajudar a fazer sentido toda essa estranha história: George Noory. Ele é o responsável pelo "Coast to Coast", um programa de rádio AM, que foca no paranormal, o extraterrestre, e coisas estranhas. Aposto que ele já tinha ouvido uma história como essa antes.
Quando liguei para o Noory, ele foi amigável, sincero e cooperativo. Ele também foi rápido para dizer, 'Que história bizarra você está se envolvendo'. Ele me disse que nunca tinha ouvido falar de uma história como aquela antes. Nunca. Perguntei para ele o que as pessoas que ligavam para o programa achavam. Qual era a reação deles? Ele me disse que, assim como ele, eles estavam pasmos.
'Alguém mencionou sobre o pai de Jeffrey Lash?', perguntei.
Noory disse que ainda não. Encontrei uma teoria em um fórum online. O pai do Lash era um microbiologista, que fundou seu próprio laboratório e o dirigiu ao longo de 30 anos. Porém, quando o pequeno Jeffrey nasceu, seu pai estava trabalhando com um cirurgião de mudança de sexo chamado Dr. Elmer Belt. Para algumas pessoas na internet, essa associação com o Dr. Belt só dava ainda mais credibilidade a teoria que o falecido era realmente um híbrido humano-alienígena. Um híbrido criado aqui na Terra pelo pioneiro da mudança de sexo, chefe do seu pai. Intenso, não?
Tudo isso é novidade para Noory. Ele contou como os microbiologistas acabavam morrendo. Muitas vezes, em circunstâncias suspeitas. Ele me disse que se eu fosse no Google, encontraria muita discussão sobre isso. Ele e seus ouvintes tinham especulado se as mortes de microbiologistas tinham como objetivo reduzir nossas chances de criar um antídoto. Porém, para quê serviria um antídoto? Eles não tinham certeza.
Noory também mencionou que médicos especializados em medicina natural estavam morrendo de forma suspeita, sendo que eles estavam relatando sobre essa história nas últimas três semanas. Ele me disse: 'Alguns deles morreram depois que os federais invadiram seus escritórios, isso é muito estranho'.
Uma coisa é certa: muitas pessoas morrem ou desaparecem, e suas mortes deixam perplexas as pessoas próximas. A ideia de que o governo ou forças secretas podem ser as responsáveis torna-se uma possibilidade legítima para eles. Para alguns, é quase reconfortante acreditar que um ente querido morreu por uma causa maior, devido as forças do mal.
Noory disse: 'Eis o que acho da história do Lash: é absolutamente bizarro. O fato de ele ter munições e um monte de dinheiro guardado por aí, como alguém acumula tudo isso?'
A cidade de Oxnard fica a aproximadamente 45 minutos ao norte de Los Angeles. Uma vez que você avista as montanhas de Santa Mônica, bem lá em cima, no topo do vale, a terra abaixo parece algo que um estudante de arte pintou, uma paisagem idealizada, uma miscelânea de terras agrícolas como se fosse um colcha de retalhos. A descida até Camarillo é tão íngreme que parece surreal. Abaixo, na parte inferior da montanha, se você vira a esquerda em direção a costa, Oxnard aguarda por você.
Quando localizei a casa dos VadBunkers, parecia tão suburbano que me parecia algo que já conhecia, unicamente na cidade no norte da Califórnia onde eu cresci. Parecia familiar. A família estava no quintal, apreciando o começo da tarde. Me senti mal em interrompê-los. Porém, tive que bater.
Um homem de meia idade atendeu à porta, e eu o saúdo com: 'Você deve ser o David'.
Tento ser o mais amigável possível, e o tranquilizo, 'Sou um jornalista fazendo uma matéria sobre Jeffrey Lash. Gostaria apenas de fazer algumas perguntas'. Dou meu cartão e peço que ele diga a Laura, que eu gostaria de entrevistá-la. Ele inspecionou o cartão e disse que talvez ela ligasse mais tarde.
Ficar parado na frente da casa da família VadBunker me fez relutante em acreditar na maioria das teorias da conspiração que cercam o caso. As pessoas na internet estava dizendo tanta coisa sobre tão pouco. Existe pouquíssima fundamentação nas teorias. Assim como um emaranhado de fios de açúcar, se tocar neles, eles se desintegram. No entanto, muitas vezes a pesquisa vale a pena.
Por um momento eu gostaria que alguns deles pudessem estar onde estou parado, vendo o que estou vendo e imediatamente entender o quão diferente um homem parece em sua porta, do que ele aparenta ser na internet, congelado em uma foto no Facebook.
Um dia depois, Laura VadBunker me ligou. Ela queria saber o que eu queria saber da parte dela. Digo que estou curioso sobre Dawn Marie, e queria ouvir a visão de uma mãe a respeito de sua filha. Ela confessa que tinha adotado Dawn Marie no início do ano. Confesso que eu já sabia disso, e achava tudo fascinante. Laura VadBunker ficou um pouco irritada, e disse que quisesse falar com ela, bem, aquele era o momento.
Dawn Marie entrou na vida da família VadBunker por causa de um amor. Laura contou a triste e estranha história de Dawn Marie como se fosse um conto de fadas de um reality show, que terminou terrivelmente mal. 'Ele estava namorando o nosso filho. Nós ajudamos ela e seus filhos a comprar uma casa. Porém, então, ele (o filho de Laura, marido de Dawn Marie) nos deixou (muito provavelmente no sentido de morte). Ela perdeu a casa, e perdeu o carro. Quase tudo'.
Entretanto, ao contrário de todas as outras vezes em sua vida, desta vez quando Dawn Marie tropeçou, os VadBunkers estavam lá para apoiá-la. Eles sabiam que ela tinha tido uma infância difícil, marcada por abusos, e que Dawn Marie não tinha mais contato com sua mãe biológica. Então, ela se deparou com a família VadBunker. E mesmo após o casamento com o filho deles ter sido desfeito, após conhecer Dawn Marie por sete anos, em 27 de março de 2015, os VadBunkers tornaram o sentimento deles por ela oficial, e adotaram Dawn Marie, uma mãe solteira de 39 anos de idade. Ela agora era a irmã legítima do seu ex-marido.
Pouco tempo depois que ele foi adotada, ela começou a ajudar a cuidar de Jeffrey Alan Lash. Os VadBunkers notaram como a nova filha deles havia mudado. Tudo começou com seu novo emprego. E o tempo que ela passou com o homem que ela chamava de Bob.
Laura contou que Dawn Marie começou trabalhando para Catherine Nebron-Gorin como sua assistente pessoal. Ela precisava de ajuda para tomar conta de suas propriedades. Não era nada muito massante ou que estivesse sendo lucrativo, mas Nebron-Gorin precisava de alguém para ajudá-la. Laura disse que ainda tinha caixas de contratos e outras papeladas das propriedades de Nebron-Gorin, que Dawn Marie trouxe para casa e deixou por lá.
Durante os primeiros anos que trabalhou para ela, Dawn Marie nunca conheceu Nebron-Gorin ou seu noivo misterioso. Isso parecia estranho, então pedi para que ela esclarecesse esse ponto. Ela disse que não podia explicar isso de modo que fizesse sentido, chamando a atenção para a aura de segredos que cercava Nebron-Gorin e Lash. Eventualmente, Dawn Marie começou a se encontrar com Nebron-Gorin em cafeterias para conferirem a papelada. Conforme Laura lembra, há cerca de seis meses, Dawn Marie foi finalmente trazida para o verdadeiro círculo de confiança. Ela conheceu Bob, também conhecido por Jeffrey Alan Lash.
Laura diz que a personalidade de Dawn Marie mudou. Suas crenças passaram a ser outras. Ela mudou sua dieta. Queria comer apenas alimentos crus. Dawn Marie disse que isso era sugestão de Bob. Ele só comia carne crua. Tinha que ter sangue.
Dawn Marie se gabou com Laura sobre o quanto ela era importante na vida de Bob, dizendo a sua mãe: 'Eu estou curando ele. Estou ajudando a salvar o mundo'. Ela também contou a sua família adotiva sobre histórias estranhas sobre seu novo chefe secreto. Laura não sabia o que fazer a respeito disso. De qualquer forma, não demorou muito tempo até que ela conhecesse Bob pessoalmente.
Laura foi chamada para realizar uma sessão de cura 'Reiki' em Bob. Era uma quinta-feira. Sentou-se em um utilitário junto com ele, leu sua energia e tentou fornecer a cura que podia. Laura me disse: 'Ele era o homem mais doente vivo que eu já vi'.
Estava claro para ela que Bob estava morrendo 'e não havia nada que pudéssemos fazer sobre isso'. Ele mal conseguia se mover. Ele teve que ser ajudado para entrar e sair do veículo onde ela realizou a cura Reiki. Bob pediu que ela voltasse e realizasse uma segunda sessão. Essas foram as duas únicas vezes que ela teria se encontrado com o noivo da chefe de Dawn Marie.
Pergunto a Laura como o Bob era. Ela pensa por um momento. 'Ele era extremamente brilhante. Ele contava histórias e, em seguida, dizia se você tinha passado no teste dele. E eu não sabia que estava sendo testada. Achava ele muito charmoso'.
Tenho que perguntar, 'Você conheceu Bob. Você leu a energia dele. Você acha que ele era metade alienígena?'
'Pensei sobre isso por um bom tempo. Ou ele acreditava nisso 100%, ou ele era 100% sociopata. Era um ou outro. Não existia terceira via', disse Laura sem medo de errar.
'Dawn Marie acreditava que Bob, também conhecido como Jeffrey Lash, era um legítimo alienígena híbrido?', perguntei, tentando entender o que cada mulher acreditava.
'Um dia ela chegou em casa muito emotiva e chorando'. Ela disse: 'Há um Deus, há um Deus, há um Deus'. Eu disse, 'Certo... o que está acontecendo?' E ela disse 'Vi o Bob, e realmente, ele tem olhos amarelos. Ele tem tipo o corpo de um réptil'. Então eu disse, 'Como isso aconteceu?' E ela me disse: 'Eu o vi assim no utilitário'. E eu meio que 'Certo...' Então comecei a ser muito cautelosa com ela, mentalmente e emocionalmente dizendo. Vi grandes mudanças em seis semanas, que eu não conseguia explicar. Ela era dedicada a Catherine e Bob. 'Foi como se ela tivesse desistido de sua vida inteira para fazer isso', disse Laura.
No início de nossa conversa, Laura expressou seu estado de choque em como duas mulheres inteligentes pudessem ser atraídas e acreditar em um homem que lhes dizia que era um híbrido metade alienígena trabalhando para salvar o mundo. Devo admitir que também achava difícil de acreditar. Mas vamos ser sinceros. Aparentemente, Jeff Lash tinha lábia. A maioria dos caras não conseguiria fazer com que as mulheres embarcassem naquela viagem alienígena. Contudo, Lash conseguiu.
Quando eu pergunto a Laura se ela acreditava que Bob era ou não um alienígena, Laura hesita. Ela diria que não. Não parecia real, mas não descartava a hipótese. Sua resposta nasce de uma mistura estranha de ceticismo e crença. 'Nosso governo diz que não existe Área 51. Nosso governo disse que não existem OVNIs. Nosso governo diz que nunca resgastamos alienígenas. Bem, todos nós sabemos que se você pesquisar sobre isso, vai ver que é 100% mentira. Por qual razão, aparentemente, nós, como seres humanos, não podemos aceitar a verdade de que não somos os únicos aqui', disse Laura.
Laura alega que um homem apareceu e disse que ele trabalhava com Jeffrey Alan Lash na Agência de Inteligência de Defesa (DIA). Laura disse que Lash 'dizia para Dawn que ele era meio alienígena, meio homem. Ele era um híbrido. Ele era um agente da alta segurança de uma agência governamental que não conhecíamos. E a única coisa que eu posso pensar que seria maior do que a CIA, é o DIA. Houve também um homem que nos enviou uma foto, e disse que Bob trabalhou para o DIA em 1996'.
'Sim. Sob um nome diferente. Não era Jeffrey Lash', disse Laura. 'O homem era de uma outra agência que lidava com extraterrestres e coisas assim. Pelo que sei, devido as conversas com Bob, era que ele estava trabalhando com alienígenas. Porém, você não encontra essas informações na internet sobre Bob ou Catherine, apenas o que parentes dizem. Isso parece bem estranho pra mim', completou.
Pergunto a Laura sobre esse homem do DIA, mas ela não tinha nenhuma maneira pela qual eu pudesse verificar sobre esse cara ou sobre a história que Bob teria trabalhado para o DIA.
Mais tarde, depois de falar com Laura, liguei para o DIA para confirmar se Lash já tinha trabalhada para a agência. Como vocês podem imaginar, a mulher do RH com quem falei disse alegremente: 'Sinto muito, não podemos responder a sua pergunta'.
Claro, não é nenhuma surpresa que uma das agências de inteligência mais secretas dos Estados Unidos não confirmariam ou negariam a existência de um possível agente, mesmo estando morto.
A outra racionalização que Laura usava para legitimar a ideia de que Lash era um híbrido alienígena, era o fato de que sua filha ainda estava desaparecida. Laura disse que sua filha adotiva estava se escondendo de alguma coisa. Ela achava que ela estava com medo. Laura disse que ela ainda recebia os extratos bancários de Dawn Marie, e que ela não tinha gastado um dólar sequer desde o dia que desapareceu. Laura pergunta: Quem está bancando a alimentação dela? Quem está oferecendo abrigo para ela? Ela pode ser sua filha adotiva, mas uma mãe é sempre uma mãe.
'No que diz respeito à minha filha estar desaparecida, não acredito que ela esteja realmente abandonada. Acredito que ela está sendo muito bem cuidada, porque caso contrário ela estaria aqui. Ela está tendo apoio de alguma forma. E ela estiver escondendo? Seria do governo? A Catherine estaria bancando isso? Tenho um milhão de perguntas', disse Laura.
Misturada com a sua confusão, Laura sentia-se traída pela capacidade de Dawn Marie em descartá-la de sua vida tão facilmente depois de tudo que ela e a família VadBunker fizeram pela filha adotiva. No entanto, Laura estava preocupada com a segurança de Dawn Marie. Para encontrar um lugar que suas emoções fizessem algum sentido, Laura deixava um espaço aberto para a dúvida: talvez o chefe de sua filha fosse realmente um híbrido alienígena trabalhando com o governo. Caso contrário, por qual razão minha filha não voltaria para casa? Dawn Marie deve estar se escondendo de alguma coisa ou de alguém.
Laura, até aquele momento, não tinha ouvido mais falar dela.
Existia outra possibilidade, é claro. A chefe de Dawn Marie poderia estar cuidando dela. Nebron-Gorin poderia estar a protegendo e bancando sua alimentação. Tanto quanto sabemos, Nebron-Gorin tem condições para sustentar a si mesma e outra pessoa. Seu advogado, Harland Braun, disse recentemente à imprensa: 'Nebron-Gorin ainda acredita, que seu falecido noivo estava trabalhando para a CIA'. Talvez Nebron-Gorin se sentisse culpada por arrastar sua assistente pessoal para esse inferno de super espiões e agentes secretos, de operações secretas, se escondendo em meio a escuridão, e ela estivesse pagando para esconder a pobre menina enquanto ela mesma tentava se afastar disso tudo. Talvez a carta escrita à mão que Dawn Marie enviou a sua mãe adotiva fosse autêntica. Talvez ela estivesse "com pessoas de mentalidade semelhante em um lugar onde pudesse se curar."
Tudo o que sabemos com certeza é que Nebron-Gorin estava de volta a Los Angeles. Ela estava trabalhando com seu advogado, Braun, para fazer algum sentido ao caos que ela chamava de sua vida. Sua casa era uma cena de crime que tinha sofrido US$ 300.000 em prejuízos devido a reformas mal feitas, assim como paredes e portas erguidas por Lash para garantir que ele se sentisse seguro em sua casa. Agora, seu noivo está morto. Sua assistente pessoal estava desaparecida ou escondida. E Nebron-Gorin estava no centro de um dos casos mais estranhos que aconteceram em Los Angeles desde Charles Manson.
O Departamento de Polícia de Los Angeles agiu rápido em determinar que não havia sido assassinato. Todas as evidências estavam sugerindo isso. Assim sendo, pelo menos Nebron-Gorin não era suspeita de homicídio.
Os detetives espalhados pela internet especularam se Nebron-Gorin e Lash eram parceiros de espionagem. Talvez ela fosse o seu contato. Outros achavam que ela era a fachada dele, uma vez que ele seria um agente de controle da mente. Ele poderia ter sido um futuro assassino presidencial, diziam. Todo mundo nos fóruns trabalhvam tanto com tão pouca informação, que muitas vezes soava como se alguém tentasse descrever a década de 70 em um único episódio de 'The Brady Bunch'
Algo que continuo me perguntando sobre isso é bem simples: Por que ele precisava ou queria tantas armas? Como um sujeito poderia comprar tantas armas malucas e não chamar a atenção do FBI ou da ATF? Como diabos um homem construiu um enorme arsenal em uma casa sem que ninguém notasse?
Quando liguei para a ATF, a mulher com quem falei disse que a ATF responderia a todas as perguntas que pudessem responder, mas que era preciso entender que havia uma investigação em andamento por parte do Departamento de Polícia de Los Angeles, e que a agência talvez não fosse capaz de responder a todas as perguntas. Marquei um horário, e fui até o escritório da ATF, na cidade de Glendale.
Esperando no lobby, fiquei surpreso por todos serem casuais. Você meio que espera que o ATF seja como um centro de comando semi-militarizado, assim como nos filmes. Porém, como tudo neste caso, nada é aquilo que você espera.
A agente especial Meredith Davis sai do elevador e imediatamente percebo que estou encrencado. Ela é atraente. Nossa Burnett, você é jornalista. Você não pode deixar o governo distraí-lo ao jogar uma agente atordoante na sua frente para responder as suas perguntas.
Ela sorri, se apresenta, e não consigo ouvir nada além do que a luz do Sol em seu sotaque sulista. Se eu tivesse que adivinhar, diria que ela é texana. Atrás de seu sorriso amplo e amigável, vejo seus olhos me avaliarem. Acima de tudo, essa agente especial é totalmente profissional. Fico me questionando quantas das minhas perguntas ela vai responder.
Em seu escritório, a agente especial Davis me mostra fotos que documentam uma nova tendência em armas. As pessoas estão fabricando suas próprias armas, não aquelas impressas em 3D, mas criando-as usando metal a partir de um design projetado em computador. É uma maneira de contornar a compra e registro legal das armas. Onde há interessados, há sempre um novo negócio.
Uma vez que não estou familiarizado com a complexidade das leis federais sobre armas, Davis generosamente se ofereceu para explicar como funciona o licenciamento e o registro de armas nos Estados Unidos. Espero que ela também me diga se, e de que forma a ATF poderia estar envolvida no mistério sobre Lash.
Assim que chegamos no assunto relacionado ao armamento de Lash, comecei com uma simples questão de jurisdição, 'Por que esse é um caso do Departamento da Polícia de Los Angeles e não do FBI?'
'Por que você acha que seria do FBI e não da Polícia de Los Angeles? Do meu ponto de vista, eu não vejo o porquê seria do FBI', Davis se esquiva com facilidade da minha pergunta.
'Você está certa, não há crime específico. Há apenas um cadáver. Contudo, havia a busca por uma mulher desaparecida de Oxnard que chamou a atenção nacional para o caso. Claro, ela foi encontrada sem quaisquer ferimentos, portanto também não havia nenhum crime. Porém, o que você pensa a respeito de uma pessoa tão bem armada assim? Talvez ele fosse um dos principais distribuidores da Costa Oeste para atiradores amadores, sobrevivencialistas, e extremistas paranóicos. Isso também é coisa de Hollywood?', perguntei.
'Não vejo nenhum crime federal. Quem seria o acusado nesse caso?', disse Davis, se recusando a aceitar qualquer especulação inútil sem provas. Ela adere à realidade de provas concretas dizendo: 'Não há necessidade de maiores investigações sobre algo legalmente obtido'.
Se você está se questionando como pode ser legal um homem comprar, registrar e armazenar um arsenal de 1.200 armas em uma residência de Los Angeles, você está prestes a aprender que não é tão difícil assim.
Na Califórnia, a lei estadual exige um período de espera de 10 dias sempre que você compra uma arma. Durante esse tempo, o FBI faz uma verificação para garantir que você não esteja impedido de possuir uma arma de fogo. Outros estados seguem somente o período de espera federal de 72 horas. Ao final dos três dias, um comerciante de armas pode optar por entregar ou não a arma de fogo ao novo proprietário. No entanto, às vezes, depois que o proprietário da arma toma posse da nova arma de fogo, o FBI descobre que a pessoa não está legalmente autorizada a possuir uma arma de fogo. O FBI então solicita que a ATF apreenda a arma de volta. Isso é raro de acontecer na Califórnia devido ao período de espera mais longo, de 10 dias.
Na Califórnia, onde Lash presumivelmente comprou suas armas, todas as compras de armas de fogo exigem uma FFL (Federal Firearms License). Isso inclui vendas particulares. Se um pai morrer e deixar uma arma de fogo de herança para o filho, tal transação precisa de uma FFL. Se você tiver algum impedimento, você não pode tomar posse da arma. Há nove razões que desqualificam uma pessoa para obter uma licença de arma. Elas incluem razões como: ser um criminoso, ser um estrangeiro ilegal (sem piadas, por favor) ou se a pessoa for uma fugitiva da justiça, ter uma condenação por agressão doméstica ou estiver sujeita a uma ordem de restrição doméstica.
'Assim sendo, de acordo a lei federal e estadual, Jeffrey Alan Lash comprou e licenciou suas armas legitimamente. Pode-se pensar que tantas armas registradas com o mesmo nome, ou uma pessoa constantemente comprando tantas armas, particularmente rifles de longa distância, possa chamar a atenção de uma ou mais das agências estaduais e federais que verificam os donos de armas e os respectivos registros. Porém, Lash nunca gerou uma visita do FBI ou da ATF. Por quê? Como alguém como Lash fica fora do radar de todos? Que tipo de registro nacional de armas que a ATF possui e monitora?'
A resposta de Davis é bem direta. 'Não há registro desse tipo. Não é permitido pela lei federal que mantenhamos qualquer tipo de registro eletrônico de armas de fogo ou histórico delas'
'Então, vocês podem manter um registro em papel, mas não podem manter nenhum registro eletrônico? Isso não prejudica a verificação do FBI?', perguntei
Ela acena com a cabeça, pacientemente. 'Sim, Cumprimos nossas obrigações dentro dos limites da Constituição dos Estados Unidos'.
'Então, como a ATF rastreia armas e os compradores de armas', pergunto sem saber se queria ouvir mesmo a resposta. Davis respira. Seus olhos brilham como se estivesse esperando por esse momomento para ajudar a ATF ser melhor compreendida por um leigo como eu.
'A lei federal exige que os fabricantes e importadores coloquem o nome do fabricante, o número de série, o modelo, o calibre, a cidade e o estado do fabricante ou do importador em cada arma que fabricam. Além disso, o país de origem, caso seja importada. Uma vez que os fabricantes são obrigados a colocar essas informaçãos, podemos fazer um rastreamento. Nesse caso, estamos falando sobre o Sr. Lash, mas isso pode ser aplicado a qualquer pessoa, e qualquer arma que você encontrar na rua. Você a pega. Você vê que tem o nome Colt do lado dela. Você liga para a Colt e diz: 'Olha, aqui está o número de série. E eles dizem a quem venderam ou a quem a enviaram'. Assim sendo, entramos em contato com a loja de armas. E a loja de armas identifica quem foi o último comprador legal. Em um mundo perfeito, essa pessoa está com a posse da arma de fogo. Na Califórnia, se foi vendida novamente, então precisa de um outro formulário, o 4473, ainda que fosse uma venda particular. Se fosse no Texas, você não seria obrigado a preencher nenhuma papelada em relação a uma venda particular. Você poderia ficar parado em uma esquina com uma AK-47 na mão para vender', disse Davis.
'Calma, espera um pouco. No Texas, ao lado da banquinha de limonada de uma garotinha, uma cara poderia ter uma banquinha para vender suas armas no jardim de casa?', questionei.
'Sim!', ela disse. Nós dois rimos, embora não fosse tão engraçado se você parar bem para pensar.
um programa chamado E-trace', disse Davis.
Davis e a ATF são fãs programa estadual chamado de 'E-trace', porque a lei federal proíbe um banco de dados nacional. Se um estado opta pelo registro, o estado precisa armazenar seus próprios registros e pode torná-los disponíveis para agências federais, assim como a ATF. O programa E-trace permite um processamento mais rápido do que a triagem através de registros em papel.
'Você acha que se todas as armas dele tivessem sido compradas na Califórnia, todas as permissões e licenças exigidas levantariam alguma suspeita - alguém notaria o mesmo nome aparecendo, uma vez após outra, mês após mês, conforme ele fosse criando seu arsenal. Porém, ninguém notou nada sobre Jeffrey Alan Lash', comentei não formulando exatamente uma pergunta.
Davis explicou. 'Você pode comprar tantas armas quanto quiser. Não há nenhuma lei federal sobre quantas armas você pode comprar ao mesmo tempo, e não há nenhuma lei federal sobre quantas armas você pode ter em sua casa, escritório ou no seu barco. Simplesmente não existe. Agora, os estados podem regular isso'
Eu pergunto, 'Se é perfeitamente legal para alguém acumular um arsenal de 1.200 armas, como vocês distinguem alguém com intenção maliciosa, que acumula um monte de armas, e alguém que é simplesmente um colecionador de armas? Existe algum padrão discernível que desencadeie um alerta vermelho? Existe um ponto que uma pessoa passa um limite, cruza uma linha ou possui tantas permissões de armas que provoca uma visita domiciliar do FBI ou da ATF?'
'Nós monitoramos o que chamamos de vendas múltiplas. Se uma pessoa compra duas ou mais pistolas - uma pistola ou um revólver - dentro de um período de cinco dias úteis consecutivos, um formulário de vendas múltiplas precisa ser preenchido. Descobrimos que a preponderância da evidência é que as pessoas que compram mais de uma arma ao mesmo tempo podem estar envolvidas em algum tipo de atividade ilegal que precisa ser monitorada', disse Davis.
Esse 'acompanhamento de vendas múltiplas' parece ser destinado a gangues de rua.
Contudo, se alguém como Lash for paciente e comprar uma arma por semana, ninguém jamais precisaria preencher esse formulário. Se alguém for esperto o suficiente para evitar os registros de múltiplas compras, e não tiver nenhuma pendência com o FBI, por não atender a nenhuma das nove razões para desqualificá-lo, um cidadão norte-americano pode armazenar armas pela eternidade, ou pelo menos, assim como Lash fez, até o dia que ele morreu.
'Tudo isso relacionado a armas de fogo é um comércio legal. É uma mercadoria, assim como leite', disse Davis.
'E a munição? E se alguém comprar grandes quantidades de munição?', pergunto.
'Munições não são algo que possuem números de séries gravadas, assim como as armas de fogo. Se um lojista sentir que alguém está comprando por razões nefastas, eles costumam ligar', respondeu Davis.
'Os vendedores de armas de fogo têm uma linha direta com o FBI?', pergunto.
'Existe uma linha direta com a ATF', respondeu Davis.
'E se alguém for um ex-agente do governo - digamos, um agente da CIA, já que isso é o que Lash alegava ser - isso passaria por uma verificação no FBI?', perguntei.
'Não. O emprego não é um impedimento em uma compra de armas', respondeu Davis.
'Mas se fossem ex-militares - constaria no registro de alguém comprando armas, certo?', perguntei.
'Uma dispensa desonrosa é um impedimento para a compra de armas de fogo', respondeu Davis.
'Então, não temos ideia de quantos ex-agentes do FBI têm armas, não temos ideia de quantos ex-agentes da CIA têm estoques de armas? Não há como saber caso um ex-oficial de polícia seja demitido e resolva começar uma farra de compra de armas?', perguntei.
'Não, não temos nenhum tipo de banco de dados como esse', respondeu Davis. Obviamente, esse cara não era um terrorista, talvez ele fosse apenas um amante de armas.
'Essa não é a primeira pessoa que me deparo com muitas armas. O número não é surpreendente para mim', comentou Davis.
'Onde isso começaria a ficar espantoso? Cerca de 10.000 armas seria espantoso?', perguntei.
'Sim, isso são muitas armas', Davis riu. É bom saber que há um número obsceno de armas que uma pessoa pode possuir.
'Para um indivíduo rico que coleciona armas de fogo é normal ter uma coleção de até 2.000 armas - já vi isso diversas vezes. Agora, são colecionadores bem ricos. Eles não têm um iate. Algumas pessoas escolhem ter um iate. Algumas pessoas escolhem comprar um cavalo de corrida ou um jatinho. Eles optam por comprar armas de fogo únicas e personalizadas. Isso não é inerentemente ilegal. Está previsto na Constituição', disse Davis.
Tenho que concordar com Davis, 'Verdade. Tecnicamente, as armas não são mais perigosas do que a água. Você pode matar uma pessoa com dois galões de água'
'Claro', ela riu novamente, algo que me surpreende. Normalmente, qualquer menção casual de como você pode matar uma pessoa com água tende a fazer com que as demais pessoas se sintam desconfortáveis. Porém, ela não é como a maioria das pessoas. Se você julgar Davis por seu cabelo loiro e seu sorriso, ela não olha para mim como alguém que pudesse estocar e comercializar armas. E é assim que as aparências enganam você. A agente especial Meredith Davis tem uma vitalidade formidável. Ela é como um girassol de aço.
Ela finaliza explicando-me que Lash não estava no radar de ninguém. 'Quando as pessoas vêem o número de armas, é impressionante. Mas não é como se fosse 1.200 quilos de maconha ou cocaína - algo que é proibido ou algo que é inerentemente ilegal. As armas são coisas que sempre fizeram parte de nossa cultura. Não é uma mercadoria ilegal. É exatamente o que ele escolheu para gastar seu dinheiro', disse Davis.
Esta lógica surge muitas vezes ao tentar explicar quem era Jeffrey Alan Lash.
Como Lash conseguiu obter todas aquelas armas de fogo?
Algumas dessas perguntas podem ser respondidas pelo advogado de Lash, Bob Rentzer. O advogado de Los Angeles trabalhou em alguns casos de pessoas famosas em sua carreira, como o caso de Rodney King, e agora que ele parece estar se aproximando da aposentadoria, dando uma volta da vitória.
Nos últimos 15 anos, Rentzer se considerou o advogado de plantão da Lash, apesar de não ter visto nem ouvido falar de seu cliente em aproximadamente uma década.
Para vocês terem uma ideia, 15 anos atrás, Jeffrey Alan Lash sofreu um roubo, e uma grande quantidade de armas foi roubada dele. Ele prestou queixa na polícia. E ele apresentou uma papelada alegando que suas armas tinham seguro. Davis recebeu o dinheiro do seguro. Então, após o roubo, suas armas foram encontradas nos arredores de Los Angeles pelo Departamento de Polícia de Los Angeles, e acabaram sendo devolvidas para ele.
Entretanto, depois que a companhia de seguros descobiu que Lash estava na posse de algumas armas, que ele alegou anteriormente terem sido roubadas, a empresa apresentou acusações de fraude contra Lash. Todas as suas armas foram confiscadas e apreendidas pelo tribunal como prova no caso. Com sua ajuda legal, Rentzer conseguiu que os tribunais do condado devolvessem as armas roubadas de Lash para ele. A lembrança de perder suas armas, duas vezes - primeiro através de roubo, e em segundo lugar nos tribunais - permaneceria com Lash, e o motivaria no futuro.
Esse caso não tem nada a ver com a sua morte. É apenas uma prova de que o Departamento de Polícia de Los Angeles estava ciente de que Jeffrey Alan Lash era um cidadão muito bem armado.
Por ele ter passado um tempo com o homem misterioso, que estava no centro de toda essa loucura, perguntei ao Rentzer: 'Como era Jeffrey Alan Lash?'
'Quando fomos até a Estação de Lost Hills para recuperamos o que acreditava ser algumas centenas de armas naquela época, eles, na verdade, estavam enchendo um caminhão quando chegamos. Não havia somente o pessoal do Xerife, mas pessoas estavam sendo levadas sob custódia. Eles estavam manuseando as armas. Tudo aquilo explodiu na minha mente. Porém, todas as armas foram embrulhadas e depois lacradas. Elas nunca tinham sido usadas. Nunca tinham sido limpas, eram itens totalmente de colecionador. Ele ficou bem chateado, porque ele viu que tinham desempacotado uma delas, e disse que, 'na visão dele, aquilo tinha destruído a condição primitiva e original da arma', disse Rentzer.
Então, Lash era um daqueles garotos que preferiam deixar seus brinquedos em suas caixas, com o objetivo de protegê-los - é aqui que seu psicológico se torna complicado. Não especularemos a razão pela qual Lash queria que suas armas fossem intocadas, sem a mácula das mãos de prisioneiros estaduais. Porém, certamente isso mostra sua necessidade e seu profundo desejo por um certo nível de controle.
Ele me perguntou, 'Não quero que o Departamento de Polícia de Los Angeles venha e tire minhas armas de novo... O que eu faço? Quero ser discreto'. Eu disse a ele, 'Consiga um depósito e não diga a ninguém onde elas estão, incluindo a mim. Não quero saber onde elas estão'
Parece que Lash fez exatamente isso. O advogado de Nebron-Gorin, Braun, especulou que Lash podia ter pago antecipadamente o aluguel por dez anos em diversos depósitos que estavam repletos de armas, veículos de assalto e possivelmente materiais para construir explosivos, sendo que esses depósitos estariam por toda Los Angeles. Ninguém sabe onde eles estão. Nem mesmo o advogado de Lash.
Se o retrato feito por Rentzer a respeito de Lash como um colecionador de armas legalizadas fosse preciso, ainda restavam algumas perguntas: Seria Lash um agente secreto? Além disso, se alguém realmente soubesse que Lash era um humano híbrido esquisitão, você logo pensaria que essa pessoa seria seu advogado. Perguntei ao Rentzer sobre a humanidade de seu cliente.
'Como que Lash gostava de lidar com os assuntos, pessoalmente falando? Ele era um cliente agradável? Ele era um cliente exigente?'
'Ele era muito, muito legal comigo. Ele não exigia nada. Muito amigável. Na verdade, ele esteve na minha casa diversas vezes. Ele era sempre bem-vindo em casa. Digo-lhe que tínhamos uma relação advogado-cliente, mas também tivemos um relacionamento muito cordial e amigável. Gostávamos de sair para jantar juntos. Eu era amigo do pai dele - foi assim que conheci Jeff.
'O pai dele o recomendou como advogado?', perguntei.
'Sim, quando ele teve o problema em relação as armas, seu pai disse que ele deveria entrar em contato comigo', respondeu Rentzer.
'Seria seu pai o responsável para que ele tivesse tantas armas? Não fui capaz de encontrar qualquer registro de Lash, no qual ele tivesse um emprego fixo nas últimas três décadas. E não consigo imaginar como um homem desempregado poderia se dar ao luxo de comprar tantas armas de fogo', perguntei.
Parecia que o advogado de Lash estava bem mais antenado nas notícias, do que tentar se lembrar do passado. Eu tentei uma nova linha de abordagem: 'Lash nunca lhe disse como ele estava pagando pelas armas? Ele não precisava fornecer recibos para recuperar suas armas? Ele não mencionava no que trabalhava?'
'Não tinha ideia de como ele estava ganhando seu dinheiro. Ele nunca parecia ter um emprego. Até mesmo porque, ele sempre estava livre em todos os momentos durante o dia. Nunca foi como 'Vejo você depois do trabalho.' Acho que ele nunca usou a palavra trabalho em qualquer uma de nossas conversas', disse Rentzer.
'Ele alguma vez lhe disse que ele era um ex-agente secreto do governo?'
Rentzer ri com desdenho. 'Não. E se ele fosse... ele teria me contado. Isso é ridículo, filho. Eles nunca iriam apresentar acusações criminais sobre ele em qualquer um de seus casos, se ele fosse mesmo um agente do governo. Eles teriam instaurado um processo disciplinar contra ele quando esse caso foi apresentado criminalmente por fraude de seguros', disse Rentzer.
Esse era um dos primeiros argumentos racionais que eu tinha escutado sobre o porquê Jeffrey Alan Lash não era um agente secreto - ele tinha um registro criminal. Não era muita coisa. Em 2009, Lash foi parado pela polícia em seu veículo na cidade de Culver. Lash foi acusado de transportar uma arma escondida, que é um delito. No entanto, seu caso foi posteriormente arquivado, porque sua arma de fogo e a munição estavam devidamente acondicionadas. Porém, havia um boletim de ocorrência. De acordo com seu advogado de longa data, não haveria um se ele fosse um agente secreto.
'Como você descreveria Jeffrey Alan Lash para que alguém possa entender quem ele era?', perguntei.
Rentzer fez uma pausa, pensou por um momento e disse: 'Um homem brilhante, normal, comum, com um extraordinário interesse em armas'.
'Ele nunca lhe explicou a razão pela qual ele amava tanto as armas?', perguntei.
'Como você explica o amor? Ele amava armas. Você não pode explicar o amor, é um sentimento emocional', disse Rentzer.
Uma das primeiras pessoas a retratar profundamente Jeffrey Alan Lash foi um repórter da rádio 'KFI', Eric Leonard. Em uma entrevista exclusiva para a KFI-AM, Leonard contou aos ouvintes sobre Lash. O repórter de rádio disse que conversou com Lash em algumas ocasiões. A razão pela qual ele apareceu no programa 'The John and Ken Show', um programa de notícias, era para acabar com alguns dos rumores mais ultrajantes sobre o mistério envolvendo Lash, assim como dizer quem ele era.
O texto a seguir foi retirado da transcrição da entrevista para a rádio KFI-AM:
'Parte do meu trabalho é conhecer muitas pessoas incomuns', disse Leonard. 'E nessas viagens, acabei cruzando com esse cara'. Em seguida, ele conta tudo que ele conhecia sobre Jeffrey Alan Lash.
Um dos apresentadores perguntou a Leonard se Lash já tinha tido um emprego, e Leonard explicou da seguinte forma:
Para todos vocês que, assim como eu, não são bons em matemática isso resulta em US$ 1.56 milhão a US$ 2.08 milhões de dólares por ano. Isso certamente pagaria por um arsenal do tamanho do que Lash acumulou. As armas apreendidas, as 1.200 armas, foram estimadas em cerca de US$ 5 milhões.
Agora, será que Lash era um agente secreto do governo?
'Estou sendo bem claro sobre esse papo de alienígena', disse Leonard, recusando-se a ficar brincando com esse tipo de assunto. Parecia que estavámos praticamente certos sobre quem Jeffrey Alan Lash era, mas o único problema é que Rentzer e Leonard estavam errados.
É verdade que o pai de Lash era um cientista de sucesso. Contudo, ele não era um químico. Ele era um microbiologista. Esses caras muito raramente registram a patente de alguma coisa, certamente nada do que pesquisam valeria milhões e milhões de dólares para uma empresa farmacêutica.
Além disso, não havia registro de patentes em nome de seu pai. E essa não era uma coisa difícil de verificar através do Escritório de Patentes. Se Lash estivesse recebendo esses valores, haveria rastros sobre isso em algum lugar. Haveria algo no registro público, que corroborasse essa renda. Mas não havia nada disso em relação ao Jeffrey Alan Lash ou até mesmo seu pai.
Aliás, seu pai tinha uma namorada. Ela tinha 93 anos, e vivia modestamente. Ela disse que Lash não mantinha contato com a família há pelo menos uma década, e que ela não sabia nada sobre patentes ou milhões em um fundo fiduciário.
Então, ninguém sabia realmente como Lash poderia comprar todas essas armas. E a melhor resposta que tínhamos para o porquê de ele querer ter tantas armas ao seu redor era: ele as amava. Também ninguém parecia preocupado se Lash fazia parte de uma rede do submundo, ou que ele estava trocando armas com outros paranóicos assim como ele. Se seu arsenal era legítimo, as autoridades poderiam se importar menos com suas armas. Isso significava que suas armas ainda eram um beco sem saída. Porém, a verdade ainda estava lá fora.
Os profissionais do Palisadian-Post foram os primeiros a desvendar essa história. Trabalhando a partir de uma dica recebida pelo sua editora-chefe, o jornal comunitário tinha uma fotógrafa que se aproximou o suficiente para registrar fotos do Departamento de Polícia de Los Angeles retirando as armas da casa, assim como os possíveis explosivos e, é claro, os US$ 230.000 em dinheiro. (O Pali-Post publicou a maioria das fotos de suas armas e o dinheiro encontrados, que foram espalhadas por toda a internet.)
A repórter Alexandria Bordas e a editora-chefe Frances Sharpe foram as pessoas que pesquisaram a história de Lash para publicar no jornal. Bem conhecida na comunidade, Sharpe muitas vezes confiou em sua rede de contatos locais. Neste caso, ela passou essas dicas para sua jovem repórter para que ela seguisse o rastro do que estava acontecendo. Queria ouvir que teorias elas tinham formulado. Enviei um email para a repórter, Bordas, para tentar entrevistá-la. Talvez preocupada que eu estivesse tentando roubar sua grande história, ela convidou sua editora, Sharpe, para se juntar a nós em nosso bate-papo.
O escritório do Palisadian-Post ficava ao lado de uma biblioteca, localizado em um prédio de escritórios, que você se sente mais como se fosse encontrar com seu advogado ou com um cirurgião-dentista.
Quando conheci Bordas, ela era tão enérgica e dura conforme suas frases sugeriam. Ela segurou minha mão com um firme aperto de mão e se apresentou. Percebi que Bordas tinha aquele tipo de olhos que inspiravam confiança. Depois de me receber, ela me levou ao escritório da editora-chefe, e me apresentou a sua chefe, Sharpe. Ela é uma profissional amigável e competente, o tipo de pessoa que se podia dizer que estava nesse ramo há algum tempo.
Para quebrar o gelo, todos nós compartilhamos risadas sobre o quão estranha a história era. Quanto mais você sabia sobre a mesma, mais ela ficava estranha. Trocamos teorias, assim como fofocas da cidade. E uma vez que somos jornalistas, rapidamente matamos o melhor divertimento que existia, e concordamos que todos nós acreditávamos que a história humana híbrida alienígena era absolutamente ridícula. Dito isto, era terrivelmente divertido imaginar um médico trabalhando na década de 1950, secretamente misturando o DNA de um alienígena junto com o de um ser humano para criar um bebê e, em seguida, pedir ao seu assistente para assumir essa criatura como seu próprio filho. Esqueça a a MasterCard. Isso não tem preço.
Depois de descartarmos a hipótese alienígena, pensamos sobre a ideia de que Lash fosse um agente secreto que lutava para salvar a humanidade. É divertido, mas não havia muita evidência para apoiar tal teoria.
Então, qual era o lance dele?
Elas me disseram que tinham algo novo, que elas precisavam acompanhar de perto. Elas tinham recebido uma dica quente de um local que conhecia Lash e sua noiva Catherine Nebron-Gorin, mas elas não podiam comentar sobre. No entanto, saí com uma nova informação.
Toda noite, uma mulher loira descia de um Mercedes Benz, e parava em frente a casa de Catherine Nebron-Gorin. Assim como com todos os veículos de Lash, seu carro não tinha placas. Ela deixava um saco de lixo verde no degrau da frente. Então, ela se afastava. Ela fazia isso todas as noites. O ritual do saco do lixo verde parecia ser importante. Eu pergunto a elas o que elea achavam que tinha no saco. Deve-se assumir que não era algo terrivelmente pesado que essa mulher loira carregava todas as noites. Imaginamos dinheiro, drogas, todas as coisas óbvias.
Bordas disse que falou com um vizinho, que mencionou o ritual do saco de lixo verde. Eles disseram que também estavam curiosos sobre isso. Porém, eles nunca se aproximaram e abriram um saco. Então, Lash morreu. E os sacos pararam de aparecer. Sharpe saiu do escritório para verificar algo. Bordas e eu continuamos conversando; Nós dois concordamos. A melhor maneira de resolver este caso seria seguir o dinheiro. Parecia ser o único caminho que tinha sobrado.
Enquanto aguardava que o Departamento de Polícia de Los Angeles divulgasse o resultado de autópsia, procurava por provas de que Lash estava ganhando algum rendimento de seu pai ou de alguém de sua família. Não havia nada. Então eu vejo um e-mail novo de Bordas. Ela mencionou uma pista. Eles iriam publicar no dia seguinte. Ela não podia me dizer tudo, mas o que ela tinha encontrado era realmente grande. Convido-a para jantar para que eu pudesse ouvir as últimas notícias.
Nos encontramos em Westside, em um café sofisticado e aconchegante, que servia pratos saudáveis. Ela pediu um prato de arroz. Eu optei por massas e uma sopa. Foi uma má escolha. Parece bom, mas parecia que eu estava comendo belas fotos rasgadas de um livro de receitas. Encontro a distração bem-vinda no mistério do Lash, no qual praticamente começamos a falar ao mesmo tempo. Deixamos o nosso sabor de papel alimentar para relaxar na brisa da noite.
Bordas me disse que o Pali-Post seguiu o caminho do dinheiro, e ele não levou de volta ao pai de Lash. Ou a uma agência governamental secreta. Ou, como eu esperava, para um grupo extremista de sobrevivência. Em vez disso, o dinheiro levou a outra mulher.
Uma que não era a noiva de Lash, Catherine Nebron-Gorin.
Quando o Pali-Post entrou em contato com essa outra mulher, ela tinha um advogado, assim como todos os envolvidos. De seu advogado, Bordas ouviu um lado totalmente novo da história. Ela e sua editora-chefe, Sharpe, levaram as novas revelações para Harland Braun, advogado de Nebron-Gorin. O Pali-Post pediu para ele fizesse um comentário.
Braun viu os riscos e o possível perigo dessa outra mulher entrar na cena. Porém, isso também ajudava contra os nove primos reunidos apressadamente esperando para colocar as mãos em US$ 5 milhões em armas. Uma vez que ele é um advogado bem experiente de Los Angeles, Braun analisou todos os aspectos e trabalhou na nova revelação, tanto quanto ele podia, para atender da melhor forma possível os interesses da sua cliente.
Braun negociou para que o Pali-Post conseguisse ter um passeio exclusivo pela casa de Nebron-Gorin, onde o falecido tinha vivido. Bordas finalmente veria o interior da casa onde todas as suas armas eram guardadas e veria através do véu de segredos, que cercava a vida de Lash e Nebron-Gorin.
Conforme Bordas me contava sobre as atualizações do caso, pude ver a emoção em seus olhos. É absurdamente encantador e me fez gostar ainda mais dela. Porém, ela não contou as melhores partes. É assim que a coisa funciona. Pergunto a Bordas se a misteriosa loira dos sacos de lixo está envolvida. Ela apenas balançou a cabeça. Admiro seu profissionalismo tanto quanto estou morrendo de vontade de saber o que ela sabe.
No dia seguinte, assim que eu acordo, dirijo até Pacific Palisades e compro um jornal. Vejo que a história de Lash não estava no jornal. Droga. Conforme voltava para casa, recebo um e-mail de Bordas, marcado como: 'Breaking News'
Eu encosto o carro para poder lê-lo. Era a história. Toda a história. Ela tinha conseguido.
Alexandria Bordas e o Pali-Post desvendaram o mistério impenetrável de Jeffrey Alan Lash.
A outra mulher era a chave de tudo.
Jeffrey Alan Lash não tinha apenas uma outra mulher, mas algumas outras mulheres em sua vida. E elas, não ele, eram que pagavam por todas as suas armas, sua munição, seus veículos de assalto, tudo isso.
Ele não tinha apenas sua noiva Nebron-Gorin bancando sua vida e cuidando dele, havia também uma mulher chamada Michelle Lyons, com quem Lash era íntimo, e que também direcionava seu dinheiro para seu arsenal. Ela tinha dinheiro, porque ela era a única proprietária de um lucrativo serviço de consultoria que trabalhava principalmente com advogados. Seu advogado estimava que ela tinha comprado pelo menos um milhão de dólares em armas ao longo dos anos.
Assim como Lash, ela queria comprar as armas para que ela pudesse se sentir amada. Não um amor pelas armas de fogo - as armas eram um maneira dela demonstrar amor pelo homem que ela conhecia como Jeffrey Alan Lash. Há muito tempo, Lash convenceu Lyons de que a amava. Mas devido ao seu estilo de vida como um agente secreto, ela teria que manter seu amor em segredo.
Michelle Lyons sabia que ele morava com ela. Lyons era a loira no Mercedes Benz que não tinha placas. E os sacos verdes de lixo que ela deixava cair todas as noites? Eles estavam cheios de alimentos especiais para Lash comer no dia seguinte. De acordo com seu advogado, Robert Cohen, por 31 anos Lyons nunca tirou férias porque ela queria sempre estar disponível para Lash.
Pode parecer duvidoso, mas Michelle Lyons acreditava que Nebron-Gorin era só uma companheira de quarto e parceiro dos negócios da Lash. E que ela, Michelle, era o verdadeiro amor do agente secreto.
Mesmo estranho (se o termo ainda se aplica), as duas mulheres também falavam ao telefone todos os dias. Tanto Lyons quanto Nebron-Gorin secretamente acreditavam que eram as únicas na vida de Lash. E por mais de uma década, aparentemente, nenhuma mulher mencionou sua relação com Lash para a outra. Enquanto isso, Lash tinha as duas mulheres cuidando e comprando armas para ele.
A partir do que foi exposto pelo Pali-Post sobre o que tinha acontecido na casa, descobrimos que Lash tinha animais de plástico, de tamanho natural em sua sala de estar, presumivelmente, para serem seus alvos.
Lembre-se, ele é um agente secreto. Além disso, se ele tivesse essas mulheres comprando milhões de dólares em armas, seria de esperar que ele tivesse, no mínimo, uma boa lábia. Porém. havia também muita evidência de que ele não estava agradando as mulheres tanto quanto as estava usando para satisfazer suas fantasias paranóicas. Na verdade, Nebron-Gorin afirmava que, no seu caso, ela tinha sido vítima de um abuso implacável.
No final de um bilhete, parecia haver a caligrafia de uma mulher que dizia:
'Mantenha-se firme.
Se ele pode, eu posso.
Se ele pode, eu posso.'
Conforme relatado por seu advogado, até hoje Nebron-Gorin acreditava que seu noivo tinha trabalhado para a CIA, que ele era um agente secreto, e que ela estava o ajudando a salvar o mundo. Presumivelmente, a partir das histórias de sua assistente pessoal Dawn Marie, e compartilhadas com sua mãe adotiva, Nebron-Gorin também devia acreditar que Lash era um híbrido alienígena. Vai saber? Tudo o que sabemos é que ele a envolveu em sua fantasia, até o ponto que isso se tornou a fantasia dela também.
Há um termo psicológico para quando um refém se identifica com seu sequestrador. Chamamos isso de Síndrome de Estocolmo. Pelo pouco que sabemos, Nebron-Gorin exibia todos os principais comportamentos mais relevantes. Sua segurança e sua necessidade de ser forte pareciam ser as razões pelas quais Nebron-Gorin dormiu no chão do banheiro por anos. A fantasia de Lash exigia que essas mulheres lhe dessem toda a vida delas. E agora, ele tinha partido.
Também descobriram que poderia haver muitas outras mulheres na vida de Lash. Ele parecia gostar de um tipo específico: mulheres inteligentes, bem-sucedidas, leais, de mentalidade romântica, de meia-idade, que tinham muito dinheiro para jogar fora, e ninguém que as notasse ao gastarem o dinheiro delas.
Havia bilhetes amorosos de Michelle Lyons para Lash, indicando que ela sentia que tinham uma conexão amorosa muito profunda. Havia cartas de amor de outra mulher, Juliann. Antes de se mudar para a casa de Nebron-Gorin, Lash vivia com outra mulher chamada Jocelyn. É presumível que seu relacionamento era íntimo também. Havia um número desconhecido de mulheres, que o rodeavam, gastando milhares de dólares para para ajudá-lo a atingir o amor que ele tanto desejava, ao comprar armas para ele.
O Departamento de Polícia de Los Angeles finalmente divulgou o resultado da autópsia, identificando o falecido como sendo Jeffrey Alan Lash, porém nenhuma causa de morte foi determinada. Alguns mistérios ainda permaneciam no ar.
Quando a verdade finalmente emerge, ela estava longe de ser alienígena. Na verdade, era bem humano. Um homem encantador e iludido explorou e abusou das mulheres em sua vida para alimentar seus sonhos e ter acesso ao dinheiro e ao poder. Então, ele morreu.
Em vez de um híbrido humano alienígena trabalhando para salvar o planeta, Jeffrey Alan Lash era como um Charles Manson mais carismático e menos assassino. Ele convenceu as mulheres, que confiavam nele, que o mundo era falho, e ele era o seu salvador. Ele disse a pessoas solitárias que elas eram de vital importância. Ele disse que eles eram essenciais para ajudá-lo a salvar o mundo. Há mais de 50 maneiras de identificar um líder de culto. Aqui estão apenas algumas delas, e você vai notar que Lash se encaixa em todas elas. Se você verificar a lista completa, você verá que parece refletir sobre quem ele era.
Assim como os seguidores de Manson, as mulheres que amavam Jeffrey Alan Lash eram leais a ele. Você pode se perguntar se elas poderiam ou teriam matado por ele, mas ele nunca havia pedido para que elas cruzassem essa barreira e cometessem um homicídio. Como? Ninguém sabe. Em vez disso, ele insistiu que elas desistissem de suas próprias vidas. Ele pediu para que desistissem de suas próprias liberdades, assassinando todas as chances que tinham para amar e fazer amizades fora de sua influência. Elas ficaram felizes ao estrangularem décadas na ilusão de que elas amavam Jeffrey Alan Lash, e que ele as amava. Que o amor que tinham era especial. É por isso que elas compraram um arsenal de armas. Para dar o que ele queria, para expressarem o amor delas por ele, e fazer o suposto espião se sentir seguro. Nós sempre queremos proteger aqueles que amamos.
No final das contas, não há muito mistério nisso. É uma história tão humana como qualquer outra."
No dia 22 de junho desse ano, a KABC, emissora de TV afiliada da ABC, em Los Angeles, na Califórnia, reviveu essa história em uma espécie de atualização sobre o caso que tinha ocorrido no ano passado.
Segundo a jornalista Miriam Hernandez, a ex-noiva de Jeffrey Lash, Catherine Nebron, alegava (através de documentos judiciais) que o homem havia frustrado cerca de 2/3 de todas as ameaças de bomba e de ataques terroristas nos Estados Unidos após o 11 de setembro, afirmando que todos esses incidentes não se tornavam públicos. Nebron disse que ele citava nomes como Ronald e Nancy Reagan, a família Bush, e Condoleezza Rice.
Ela disse que Lash batia nela, a tornava seu robô, e a convencia, assim como outras mulheres a financiar suas compras de armas e mais de uma dúzia de veículos. Nebron disse que era tudo em nome da segurança nacional. "Não queríamos que as pessoas morressem ou as cidades explodissem, era muito real para nós. Nós pensamos que estávamos fazendo algo bom", disse Nebron.
No entanto, primos afastados de Lash alegavam que eles eram os legítimos herdeiros de seu patrimônio, e que pretendiam tomar medidas necessárias para enviar um recado aos legisladores. Eles queriam que as 891 armas e 8 toneladas de munição fossem jogadas no oceano ou derretidas. Sim, isso mesmo que você leu.
"Queremos que elas sejam destruídas ao vez de devolvermos para os comerciantes de armas ou leilões", disse Daniel Brookman, o advogado que representava os tais primos de Lash. De acordo com Brookman, as armas de Lash valiam cerca de US$ 5 milhões.
Um ano depois de uma autópsia ter dito que Lash morreu aos 60 anos devido a causas naturais, a polícia de Los Angeles disse que ele comprou legalmente as armas de fogo. O advogado de Nebron, Harland Braun, dizia que as armas poderiam ser vendidas.
"Elas podem ser vendidas através do Departamento de Justiça, e podem ser vendidas para os departamentos de polícia, mas não há nenhum sentido destruí-las", disse Harland Braun. De qualquer forma, o caso seria encaminhado para o tribunal de sucessões em julho desse ano.
No mês seguinte, mais precisamente no dia 14 de julho, o site do jornal NY Daily News publicou uma nova atualização sobre essa disputa que parecia não ter fim. Os supostos primos de Lash insistiam na ideia de que suas armas deveriam ser destruídas.
Segundo o site, o estranho caso envolvendo Lash teria levado a uma longa investigação, e teria levado meses para que o médico-legista descartasse homicídio. De acordo com registros publicados na internet, a causa oficial da morte de Lash estava listada como "natural" devido a uma doença cardiovascular. Com a investigação encerrada, um grupo de parentes de Lash estavam lutando contra Catherine Nebron para tomar posse dos bens apreendidos.
"Eles, como a maioria dos cidadãos, estão preocupados com os assassinatos em massa ocorridos em nosso país nos últimos anos, particularmente as recentes tragédias em Orlando e San Bernardino", disse Daniel Brookman.
"Mais importante ainda, na ausência de nossos líderes em fazer algo para reduzir a proliferação de armas automáticas, eles sentem que é hora dos cidadãos comuns tomarem uma posição e dar um exemplo para os seus líderes", completou.
Harland Braun, no entanto, voltou a repetir que sua cliente se opunha à destruição das armas.
"Elas estavam registrados em nome dele, mas ela é proprietária delas. Ela pagou pelas armas. Temos a intenção de repassar para comerciantes de armas e através do Departamento de Justiça, para vendê-las legalmente. Não há nenhuma AK 47", disse Braun, alegando também que os US$ 230.000 em dinheiro também pertenciam a sua cliente. Catherine aparecia no contrato de locação de uma casa de Lash, em Los Angeles, e tinha todos os registros bancários.
De qualquer forma, ambos (Daniel Brookman e Harland Braun) concordavam que Lash nunca teve o registro de um único emprego formal e nunca apresentou declaração de imposto de renda.
Confesse que não encontrei o resultado do embate entre os dois advogados perante a Justiça, porém encontrei uma interessante notícia que foi publicada no site de notícias Patch.com, no dia 10 de outubro, ou seja, pouco mais de um mês atrás. A notícia dizia que no dia 7 de outubro, Michelle Lyons havia movido uma ação na Suprema Corte de Los Angeles para tentar obter uma espécie de ressarcimento na ordem de US$ 2 milhões por todos os gastos e prejuízos que Jeffrey Lash teria lhe causado.
Curiosamente, Michelle repetiu o discurso anti-terrorista que vinha dando o tom das notícias publicadas em julho. Segundo Michelle, Lash teria gastado toda a fortuna dele "tentando acabar com um grupo terrorista". O homem teria prometido devolver todo o dinheiro que ela lhe dava, com juros, uma vez que trabalhava para o governo. Além disso, Michelle alegava que tinha se tornado "refém emocional" de Lash. Resumindo? Essa história sobre o patrimônio milionário deixado por Jeffrey Lash está longe de ter um desfecho.
Quando finalmente cheguei aos meus comentários finais, fiz questão de parar um pouco, deitar e pensar sobre toda essa história. Sem dúvida alguma, após aproximadamente 75 horas entre pesquisas e traduções com o objetivo de entregar um material o mais íntegro e honesto possível para vocês, o "caso Jeffrey Alan Lash" havia se tornado um dos mais estranhos, senão o mais estranho caso com que já me deparei até hoje. É fácil entender a razão pela qual todos ficam pasmos após lerem tudo isso. Alguns, talvez voltem o foco para o "pequeno arsenal" de Lash, já outros talvez se indaguem sobre a maneira pela qual mulheres foram tão fortemente convencidas por ele. Particularmente, tenho uma espécie de "forte intuição" de que Catherine, Michelle, Dawn, Jocelyn e Juliann não eram as únicas mulheres de sua vida. As demais caíram no esquecimento, ou melhor, não vieram à público (a exemplo de Dawn, Jocelyn e Juliann), e nem mesmo a mídia local fez questão de ir até elas. Talvez para negociar "passeios exclusivos" ou "vantagens futuras em outras matérias sobre outros assuntos" com diversos figurões do meio jurídico da Califórnia, que não estavam medindo esforços em dar declarações que aumentavam o mistério e ao mesmo tempo a fragilidade de suas clientes. Em um determinado momento, claramente é possível notar que Harland Braun declara, que a "namorada" e "ex-noiva" voltaram a ter contato para ficarem a par da história uma da outra. Só faltava dizer: "combinar a história que iriam contar". Afinal, juntas elas eram mais fortes. Você pode até acreditar que Lash fosse "metade extraterrestre", mas saiba que esse caso era uma espécie de jogo onde as apostas eram muito altas, tínhamos milhões em prêmios. Também tínhamos advogados, que geralmente defendiam celebridades norte-americanas das imbecilidades ou extravagâncias que faziam, e protegiam a imagem delas na mídia. Nenhum deles estava disposto a perder. Todos com muita influência em todas as esferas. Todos que não davam a mínima para quem Lash era, mas para o que dele deixou, independentemente ou não que tivesse sido adquirido com seu próprio dinheiro.
Posso imaginar as inúmeras perguntas que estão rondando a cabeça de vocês agora: Como Lash e Michelle andaram anos com carros sem placas e nunca foram parados pela polícia? Como os vizinhos em Highlands nunca ligaram uma única vez para a polícia ao desconfiarem da atitude mais do que suspeita de Lash e Catherine? Como o utilitário, que virou o sarcófago de Lash, permaneceu estacionado cerca de duas semanas sem levar uma única multa, sem ser rebocado ou ser denunciado por alguém? Onde foi parar Dawn VadBunker? Onde está sua versão, contada por ela mesmo, sobre o que tinha acontecido? E o depoimento da mulher chamada Jocelyn? E da mulher supostamente chamada Juliann? Onde estavam? Aparentemente a vida de Jeffrey Alan Lash nunca teve a menor importância para ninguém, tanto em vida quanto após a sua morte, e por razões bem distintas. Em vida, Lash era apenas um estelionatário que seduzia mulheres brancas, ricas, loiras e de meia idade para atender aos seus caprichos. Com certeza essa lábia deve ter falhado inúmeras vezes, a questão é que nem mesmo os fracassos de Lash vieram à tona. A questão é que seu fascínio era por armas, assim como milhões de norte-americanos, que geralmente param em uma ou duas, mas nada os impedem de adquirir 1.000 ou 10.000 armas ao longo da vida. É um hobby caro, mas não é ilegal. Além disso, em meio aos ricos e a tão sonhada privacidade que o dinheiro pode comprar, ninguém fazia muita questão de tomar conta da vida alheia. Lash era apenas um excêntrico branco e rico, que além de se misturar aos seus semelhantes, se tornou o líder "meio pertubado" e "inquestionável" deles. Já em sua morte, os advogados contratados, acostumados a escândalos envolvendo o alto padrão californiano e casos de assassinatos, fariam de tudo para abafar qualquer coisa que emergisse e prejudicasse financeiramente suas clientes. Porém, a mídia sempre foi mais rápida. Lash tinha uma pequena ficha criminal, e suas armas já era conhecidas da polícia. No entanto, ele não se safou porque era "meio alieníngena" ou um agente secreto do governo. Ele se safou porque era branco, e estava envolvido com mulheres ricas que acreditavam nele e o protegiam cegamente. Vocês acham mesmo que se ele fosse de cor negra e pobre receberia somente um "tapinha nas costas e um até breve"? É possível imaginar até o que aconteceria se fosse aqui no Brasil, não é mesmo?
Ironicamente "a vida imita a arte" ou "a arte imita a vida", tanto faz. Vocês lembram de um filme chamado "True Lies"? É filme de ação e comédia onde uma esposa (interpretada por Jamie Lee Curtis) acha sua vida entediante e chata, e acaba se envolvendo com um pretenso "espião" (interpretado Bill Paxton), com o intuito de trazer alguma emoção ao seu cotidiano. O "espião", na verdade, é um simples vendedor de carros, que inventa histórias mirabolantes para tentar conquistar mulheres emocionalmente carentes. A questão é que o marido dessa mulher acreditava que ela o estava traindo após 15 anos de casamento, sendo que ao longo de todo esse tempo, ela não sabia que seu marido (interpretado por Arnold Schwarzenegger, ex-governador da Califórnia, ironia?) era um verdadeiro agente secreto do governo, e especialista em combate ao terrorismo. Ela acreditava que seu marido trabalhava com informática. Enfim, é inevitável pensar que Jeffrey fez exatamente como aquele vendedor de carros, só que elevou e muito o patamar disso tudo e tomou gosto pelo que fazia, pela sua profissão de enganar mulheres. Talvez nem fizesse isso com a plena e total consciência de um criminoso da pior espécie. Talvez fizesse apenas para alimentar um desejo muito profundo, uma obsessão, um amor que ele tinha por algo, que calhou serem armas de fogo. Esses mesmas armas de fogo estão enraizadas nos Estados Unidos, tanto quanto o nosso coronelismo e nossas mílicias desde a época das sesmarias até os morros e becos das nossas cidades. Entretanto, Lash tinha prazo de validade, estava morrendo por dentro. Talvez já soubesse isso desde que nasceu. Sua vida estava próxima do fim. Já a das suas vítimas, estava apenas começando.
Alívio. Essa foi a principal palavra escolhida por Catherine e Michelle para definir a ausência de Lash. Nenhuma vez ninguém mencionou que sentia a falta de Lash, que sentia saudade do seu carinho, do seu abraço, do seu beijo ou até mesmo do sexo, pelo contrário, elas ganharam a liberdade, respiravam vida novamente. O jornalista da Playboy até mesmo fez um trocadilho infâme, que eu passei por cima, supondo que Lash fosse bom com sua língua, mas não no sentido de poder de convencimento. A questão é que Catherine e Michelle estavam aliviadas. Lash finalmente havia morrido. Porém, será que elas o mataram? Onde estava o depoimento do ex-marido de Catherine, aquele que era médico, mas que depois virou dentista e teria tentado reanimar Lash? Onde estavam as gravações das câmeras de segurança do supermercado Bristol Farms em Santa Mônica? Pelo visto não havia interesse algum na divulgação desses detalhes. Veja bem, isso não significa que Lash fosse algo a mais e nem mesmo extraterrestre. O foco dos figurões do mundo jurídico era no patrimônio deixado por Lash, tão somente isso. Poderia ser qualquer outra pessoa. Aliás, quem garante que qualquer outro cidadão na Califórnia não possua centenas de armas em casa, mas que não seja um "Don Juan" como ele? As leis sobre armas e munições foram "ligeiramente modificadas" através do voto popular nessas últimas eleições na Califórnia, mas estão muito longe de evitar que alguém tenha um arsenal de guerra em casa. Lash apenas encontrou a oportunidade de viver o sonho americano, e não desperdiçou um único segundo desse sonho. Se Lash, apesar da crise financeira que afetou o mercado norte-americano, principalmente o mercado imobiliário nos últimos anos, conseguiu fazer o que fez, imagina o que os filhos da América poderão fazer quando ela se tornar grande novamente.
Até a próxima, AssombradOs.
Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino
Fontes:
http://abc7.com/news/oxnard-mother-of-2-vanishes-on-way-to-work/849929/
http://heavy.com/news/2015/07/mystery-jeffrey-alan-lash-secret-government-agent-death-dead-guns-rifles-ammo-ammunition-cars-catherine-nebron-alien-fiancee-fbi-cia/
http://kfiam640.iheart.com/onair/john-and-ken-37487/the-incredibly-bizarre-tale-of-jeffrey-13792109
http://ktla.com/2015/07/22/dead-man-with-hundreds-of-weapons-linked-to-disappearance-of-oxnard-mother/
http://ktla.com/2015/07/23/jeffrey-alan-lash-pacific-palisades-mystery-man-weapons-cache/
http://ktla.com/2015/08/27/identity-of-mystery-man-with-palisades-weapons-cache-revealed-as-new-secrets-surface/
http://ktla.com/2015/08/28/palisades-man-who-amassed-millions-in-cash-weapons-convinced-women-he-was-alien-savior/
http://rigorousintuition.ca/board2/viewtopic.php?f=8&t=39086&start=60
http://touch.latimes.com/#section/-1/article/p2p-84038703/
http://www.latimes.com/local/lanow/la-me-ln-family-id-s-dead-man-with-cache-of-1-200-guns-20150722-story.html
http://www.nydailynews.com/news/national/dead-la-man-1-200-guns-identified-part-alien-article-1.2301594
http://www.palipost.com/breaking-news-dead-man-with-weapons-cache-had-2nd-residence-in-sunset-mesa-post-learns/
http://www.palipost.com/exclusive-mystery-man-jeffrey-lash-conned-lovers-for-cash-women-claim/
http://www.palipost.com/jeffrey-lashs-longtime-love-speaks-out/
http://www.palipost.com/over-1200-firearms-two-tons-of-ammo-thousands-in-cash-found-in-highlands-condo/
http://www.playboy.com/articles/jeffrey-alan-lash
http://abc7.com/news/ex-fiancee-claims-she-has-right-to-$5m-arsenal-mans-family-wants-to-destroy/1397697/
http://www.nydailynews.com/news/national/heirs-man-owned-5m-arsenal-weapons-destroy-article-1.2683635
http://patch.com/california/pacificpalisades/woman-says-pacific-palisades-man-found-weapons-cache-claimed-be
http://mynewsla.com/crime/2016/10/12/dead-mystery-man-cons-another-girlfriend-woman-sues-pacific-palisades-estate/
http://rigorousintuition.ca/board2/viewtopic.php?p=571446
No ano passado, mais precisamente no dia 31 de julho, foi publicada uma notícia nesse blog sobre um homem chamado "Jeffrey Alan Lash", que teria sido encontrado morto em seu próprio carro, em estado avançado de descomposição, em Los Angeles, nos Estados Unidos. O Departamento de Polícia de Los Angeles, no entanto, se surpreendeu ao se deparar com cerca de 1.200 armas de fogo, que incluíam rifles, escopetas e pistolas, aproximadamente 6,5 toneladas de munições, arcos, flechas, facas e, aproximadamente cerca de US$ 230.000 em dinheiro vivo. Muitas dessas armas ainda se encontravam ainda em suas respectivas caixas, com as etiquetas dos preço, além de diversos veículos, alguns modificados para serem utilizados nos mais diversos tipos de terrenos, e todos em nome desse homem. A situação ficaria ainda mais estranha, quando o advogado de uma mulher chamada Catherine Nebron, teria declarado que Jeffrey, que na época possuía 60 anos, seria um ser "humano-alienígena", uma espécie "híbrida", que trabalhava como agente secreto para diversas agências governamentais dos Estados Unidos. Curiosamente, Catherine alegava que estava ao lado de Jeffrey ao longo dos últimos 17 anos, mas o homem não tinha renda mensal compatível, que pudesse justificar o patrimônio bélico que tinha sido encontrado.
Essa história teve uma grande repercussão nos Estados Unidos naquela época, e por algum motivo acabamos não acompanhando o desfecho do caso, como sempre fazemos questão de fazer, ao menos desde o fim do ano passado, em nossas postagens. Entretanto, no mês passado, um inscrito e seguidor do nosso canal no YouTube chamado Felipe Oliveira nos enviou um email dizendo acreditar que tinha, de acordo com suas próprias palavras, encontrado uma "conclusão" sobre o caso relacionado ao Jeffrey Alan Lash, no Reddit. De acordo com Felipe, Jeffrey seria um estelionatário que enganava as mulheres com o objetivo que elas dessem dinheiro para ele poder comprar as armas. Como acabamos de mencionar, o endereço para consulta sobre o assunto era de um tópico no Reddit, uma espécie de fórum de discussões conhecido pelas especulações que são originadas por lá, ou seja, a princípio, geralmente o Reddit não é uma fonte jornalística nada confiável, e deve ser despreza na maioria das vezes.
De qualquer forma, o Mateus me enviou esse email do Felipe Oliveira, com a intenção que fizéssemos um "Minuto AssombradO", porém resolvi dar uma pesquisada mais aprofundada, e acabei encontrando um material muito interessante para mostrar e contar a vocês, algo que merecia uma postagem completa. Algo que fosse digno da leitura de vocês, nosso leitores. Enfim, será que finalmente esse caso terá um desfecho? Será que Jeffrey Alan Lash realmente era um "humano-alienígena", que trabalhava para agências secretas governamentais norte-americanas? Vamos saber mais sobre esse assunto?
Como Tudo Isso Começou a Ser Divulgado Pela Mídia Norte-Americana
No dia 21 de julho, uma terça-feira, o site do jornal Palisadian-Post noticiou um estranho e inusitado acontecimento que tinha ocorrido no domingo anterior (19). O Departamento de Polícia de Los Angeles (sigla em inglês, LAPD) tinha retirado mais de 1.200 armas de fogo, e cerca de duas toneladas de munição de uma casa pertencente a um condomínio de casas em Highlands, no bairro Pacific Palisades (uma comunidade a cerca de cinco minutos do centro de Pacific Palisades), na cidade de Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos. Os vizinhos estavam em choque com a dimensão da operação policial.
Foto de um trecho do bairro chamado Pacific Palisades, de Los Angeles, na Califórnia, Estados Unidos. |
Imagem do Google Maps mostrando a localização da comunidade de Highlands, em Pacific Palisades, em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos |
Imagem do Google Street View mostrando a Palisades Drive, a principal e sinuosa avenida que dá acesso a Highlands |
Ainda de acordo com Tina Nieto, além do estoque de armas, a polícia também contou e retirou milhares de dólares em espécie. A operação de remoção durou boa parte do domingo, grande parte devido ao que a polícia chamou de "situação extrema de estocagem". Dentro da casa de 185 m², com dois quartos e três banheiros, foram encontradas armas, caixas de munição e itens aleatórios, que estavam empilhados em cada cômodo.
Após as armas e produtos químicos potencialmente perigosos terem sido encontrados na casa, na tarde do dia anterior (18), o Departamento de Polícia de Los Angeles ordenou uma evacuação dos vizinhos próximos assim como a paralisação do tráfego da Palisades Drive. O esquadrão anti-bombas foi chamado, a Unidade Especializada em Materiais Perigosos (Hazmat) foi acionada, assim como unidades de cães farejadores (K9) e dezenas de veículos da polícia e de serviços de emergências foram deslocados até o local.
Foi justamente nesse dia, que o corpo em avançado estado decomposição de um homem, que morava com uma mulher chamada Catherine Nebron, que era proprietária daquela mesma casa, foi encontrado em um carro estacionado na Palisades Drive.
"Se ele estava realmente trabalhando disfarçado para alguma agência governamental ou não, ele estava convencido que estava, e ele convenceu minha cliente também", completou. Aliás, o homem teria mencionado algo semelhante aos vizinhos.
"Falei com ele somente uma ou duas vezes. Ele mencionou em um determinado momento, que ele estava atualmente trabalhando ou costumava trabalhar com a CIA ou era uma espécie de agente secreto. Eu acreditava que ele estava fora de si. Ele era estranhho e me fazia sentir desconfortável", disse um vizinho, que preferiu não se identificar, mas que morava no mesmo condomínio de casas que o casal.
"Recebi um telefonema de Catherine por volta das 23h30 daquela noite. Ele me disse: 'É urgente! Você precisa vir até aqui. A situação está ruim", disse esse amigo, que é médico e pediu para não ser identificado. Ao chegar no local, em Highlands, ele encontrou o noivo de Catherine Nebron no banco do passageiro de um utilitário (SUV).
"Levei cerca de 90 segundos para assimilar a situação. Catherine não estava ciente de que ele já havia morrido", continuou. O amigo disse que passou cerca de uma hora e meia realizando procedimentos para tentar salvar a vida do homem, sem sucesso, e fez o seu melhor para acalmar Catherine, que estava chorando e sofrendo muito diante da situação. Quando ele perguntou se seria ele ou a própria Catherine que ligariam para o 911 (número do principal serviço de emergência nos Estados Unidos), a amiga disse que eles não podiam ligar.
Imagem do Google Earth mostrando a localização aproximada do condomínio de casas, que foi palco de uma intensa atividade policial em julho de 2015 |
O amigo não confirmou os rumores que o corpo do homem estava envolto em um saco plástico ou embalado com gelo seco. Ele disse que, após tentar ajudar por cerca de duas horas em uma situação completamente desesperadora, "só que queria dar o fora daquele maldito local".
De acordo com o advogado de Catherine, ela se afastou durante alguns dias após a morte de seu noivo, e quando voltou, ela ficou chocada ao ver que seu corpo ainda estava dentro do carro. Teria sido quando Catherine o contratou para representá-la. Vale ressaltar nesse ponto, que Harland Braun é um advogado criminalista bem renomado na Califórnia. Assim sendo, sua cliente posteriormente informou que havia armas na casa, e ele acompanhou e informou o Departamento de Polícia de Los Angeles a respeito das mesmas.
"Catherine acreditava que havia cerca de 500 armas de fogo na casa, mas esse número acabou se transformando em 1.500. Muitas delas estavam trancadas em cômodos e ela não sabia sobre elas e não tinha acesso a esses cômodos", disse Harland Braun, acrescentando que esse caso ficava cada vez mais estranho.
De qualquer forma, conforme já mencionamos, a notícia sobre um imenso arsenal em uma casa de um condomínio de alto padrão deixou a comunidade, que é bem reservada, em estado de choque e assustada.
"Sabíamos que o cara que morava lá era um colecionador, mas é chocante descobrir que alguém que morava tão próximo tinha centenas de armas e possivelmente explosivos", disse Linnard Lane, em entrevista ao Palisadian-Post, e que morava algumas casas abaixo de onde as armas foram encontradas.
"Temos uma associação de moradores bem atenta, e os vizinhos se conhecem, mas ninguém sabia nada sobre isso", continuou.
De qualquer forma, conforme já mencionamos, a notícia sobre um imenso arsenal em uma casa de um condomínio de alto padrão deixou a comunidade, que é bem reservada, em estado de choque e assustada. |
"Todos do Departamento de Polícia de Los Angeles agiram de forma rápida e eficiente, e não poderia ter sido melhor", finalizou Linnard Lane, apesar do evidente transtorno.
Andrea Manning, que morava no condomínio há anos, expressou seu alívio pelo arsenal de armas não estar mais a poucas casas de distância de onde ela morava.
"É um grande benefício para nossa comunidade, que eles tenham removido todas aquela armas de lá", disse Andrea, em entrevista para o Palisadian-Post.
De acordo com a Capitã Tina Nieto, uma autópsia tinha sido realizada, mas nenhuma causa da morte ainda havia sido determinada, visto que o corpo estava em avançado estado de decomposição. Não havia a suspeita de assassinato, e a morte não estava sendo investigada como se fosse homícidio. O Departamento de Polícia de Los Angeles também estava catalogando e rastreando as armas para saber se elas estavam legalizadas.
As Novidades Publicadas Pela Imprensa Norte-Americana e as Declarações de Uma Mulher Chamada Laura VadBunker
No dia 22 de julho, um dia após a notícia ter sido publicada no Palisadian-Post, o site do jornal "Los Angeles Times" noticiou que os policiais estavam tentando entender como o cadáver de um homem acabou indo parar dentro de um veículo abandonado e determinar a razão pela qual ele tinha tantas armas. O Escritório do Médico-Legista mencionou que eles ainda precisavam o identificar formalmente, porém fontes policiais disseram que os detetives tinham uma ideia do seu nome.
Diversos vizinhos disseram, que o homem era conhecido apenas como "Bob" e o descreveram como um fanático por armas, que alegava que tinha trabalhado tanto para o FBI quanto para a CIA. Sua noiva havia morado com ele em Palisades Drive por anos.
"Ele dizia coisas malucas para as pessoas tal como ele atuava em missões noturnas nadando até Catalina. Ele vinha e nos dizia que iria nos mostrar como fazer movimentos de auto-defesa", disse uma vizinha, que preferiu não se identificar.
"O problema é que a verdade pode ser inacreditável. Ela vai falar com a polícia de Los Angeles, mas quem vai acreditar nisso", disse Harland Braun, acrescentando que o misterioso passado de homem seria a razão pela qual sua noiva não informou as autoridades competentes sobre a sua morte. Harland ainda disse que o falecido, cujo nome ele disse que não conseguia se lembrar no momento, vinha sofrendo de câncer.
De acordo com o L.A Times e as informações fornecidas por Harland Braun, no dia 4 de julho (divergência de data), esse homem, Catherine Nebron e dois amigos estavam em um estacionamento do supermercado Bristol Farms, na Wilshire Boulevard, em Santa Mônica, quando o homem começou a se sentir febril e doente. Eles tentaram diminuir a temperatura corporal dele com gelo, mas não tinha funcionado e ele teria morrido. Assim sendo, sua cliente não tinha certeza do que fazer com o corpo, mas percebeu que a mesma agência que o estava vigiando saberia que ele tinha morrido e buscaria o seu corpo. Portanto, Catherine estacionou o veículo na Palisades Drive e o deixou lá, porque ela "acreditava que eles estavam o monitorando".
O chefe do Departamento de Polícia de Los Angeles, Kirk Albanese, disse que os detetives não acreditavam que a morte fosse resultado de um assassinato. Ele disse que o homem estava sofrendo de um câncer em estágio terminal, e que ele não trabalhava para uma agência de segurança governamental, apesar das alegações do homem sobre seu próprio passado. Contudo, muitas perguntas ainda permaneciam sobre a razão pela qual o homem possuía tantas armas em casa.
"Não acreditamos que as armas sejam ilegais. Estamos retirando-as da casa por uma questão de segurança pública", disse o Sargento David Craig, da Divisão de Narcóticos do Departamento de Polícia de Los Angeles, acrescentando que os investigadores recolheram as armas para garantir que as munições e os armamentos não fossem roubadas da casa.
"Não havia armas ou itens estranhos, os quais poderíamos dizer que tivéssemos um colecionador por aqui", disse David Dwyer, acrescentando que o homem, que se apresentava como "Bob Smith", tinha uma boa aparência, mas era reservado e não gostava de ser incomodado. A associação de moradores nunca teve uma razão para questionar se "Bob Smith" era seu verdadeiro norma, uma vez que Catherine Nebron era a proprietária da casa.
O Estranho Desaparecimento de Dawn VadBunker e as Declarações de Sua Mãe, Laura VadBunker, Para a Imprensa
A situação ficaria ainda mais estranha quando a KTLA, emissora de TV afiliada da CW, sediada em Los Angeles, publicou uma notícia ainda mais bombástica sobre esse caso naquele mesmo dia. Afinal, foi a própria KTLA, que começou a dar mais ênfase que o homem era um ser híbrido "humano-alienígena".
A KTLA contou a história de uma mulher chamada Dawn VadBunker, 39 anos, moradora da cidade de Oxnard, na Califórnia, e que estava desaparecida desde o dia que o homem, agora identificado por Jeffrey Lash, 60 anos, tinha morrido. Lash ainda não tinha sido oficialmente identificado como sendo o homem cujo corpo foi informado à polícia em 17 de julho, mas seu "ex-advogado" confirmou seu nome para a KTLA.
"Não consigo acreditar nisso. Isso é pior que o filme 'No Limite da Realidade', e estamos vivendo um inferno", disse Laura VadBunker, em entrevista para a KTLA, por telefone. De acordo com a KTLA, Dawn VadBunker trabalhava para Catherine Nebron.
De acordo com Laura VadBunker, sua filha estava junto de Catherine Nebron no momento em Jeffrey Lash morreu, inclusive tentando ajudá-lo, mas sem sucesso. O advogado de defesa de Catherine, Harland Braun, chegou a mencionar que Lash não queria que ninguém o levasse até um hospital e que ninguém deveria ligar para o 911.
De acordo com Laura VadBunker, sua filha Dawn VadBunker (na foto) estava junto de Catherine Nebron no momento em Jeffrey Lash morreu, inclusive tentando ajudá-lo, mas sem sucesso |
Harland Braun chegou a dizer que cerca de 6 toneladas de armas tinha sido retiradas da casa onde Jeffrey Lash morava, porém o Departamento de Polícia de Los Angeles informava que tinha sido pouco mais de 2 toneladas. O advogado também alegou que a polícia tinha encontrado cerca de US$ 230.000 em espécie, porém sua cliente não sabia sobre nada disso.
O advogado também alegou que a polícia tinha encontrado cerca de US$ 230.000 em espécie, porém sua cliente não sabia sobre nada disso |
A Carta Supostamente Enviada por Dawn VadBunker
Ainda segundo a KTLA, Dawn VadBunker ainda não tinha retornado do Oregon ou sequer ligado para parentes ou seus filhos. De acordo com a mãe, ela enviou uma carta na qual confirmava que ela estava presente quando "Bob" morreu e que ele "tinha lutado para ficar vivo".
Suposta carta enviada por Dawn VadBunker para os seus pais |
"Querida Mãe e Pai
Enquanto escrevo isso, tenho certeza que ambos estão muito magoados e confusos.
Por favor, saiba que estou segura e sempre estarei. Preciso de um tempo para me curar para que eu possa ajudar melhor esse mundo.
Nosso querido amigo Bob partiu desse mundo para trabalhar no Paraíso. Ele partiu diante de uma grande luta, e sei que ele ainda está trabalhando no Paraíso, ao lado de Deus, para continuar salvando nosso belo mundo.
Não posso ajudar até que eu cure a mim mesma. Estarei indo a um lugar de cura onde outras pessoas, assim como eu, vão me ajudar a me curar e ser forte para qualquer tarefa em que eu possa ser necessária!
Não fique com raiva, isso não vai ajudar. Ninguém, exceto eu mesma, fez essa escolha por mim. Isso é o que deve ser feito.
Só sei que estou fazendo tudo isso pelo bem desse mundo.
Tenho um pedido para ambos, que tomem conta da minha querida Melody.
Por favor, mantenha-a em segurança e diga-lhe que não estou longe. Tudo que ela precisa fazer é acreditar e saber que eu a amo.
Vamos sempre estar juntos.
Nesse altura dos acontecimentos não sei onde Catherine possa estar. Tenho certeza que ela está segura, e fazendo o que ela precisa para se curar. Por favor, deixe-a fazer isso. Qualquer papelada dela pode ser entregue ao seu advogado, Stan Yates - em Ventura.
Até que eu os veja novamente, eu amo vocês, estou aqui e lembre-se de serem gratos a Deus por cada segundo que temos nesse planeta.
Sua filha,
DMV"
Vale lembrar que a transcrição da carta é maior do que a imagem dela, porque ela foi escrita em duas folhas, e só encontrei a imagem da primeira página. A pessoa chamada Melody é a filha adolescente de Dawm VadBunker. Além disso, a carta foi postada na cidade de Sacramento, capital da Califórnia, no dia 16 de julho, um dia antes de Catherine Nebron voltar para Pacific Palisades e entrar em contato com o advogado Harland Braun.
De acordo com a mãe, ela enviou uma carta na qual confirmava que ela estava presente quando "Bob" morreu e que ele "tinha lutado para ficar vivo" |
Posteriormente, Laura VadBunker também chegou a dar declarações para sites de teóricos da conspiração dizendo que Jeffrey Lash era um reptiliano, que tinha 500 anos de idade, e disse que os Estados Unidos sofreriam uma grande mudança em 8 anos, ou seja, por volta de 2023.
Apesar das declarações serem estranhas, algo ainda mais bizarro é que raramente alguém soube do paradeiro de Dawn VadBunker depois disso. Seu perfil no Facebook, assim como da mãe foram desativados, e toda essa história caiu no esquecimento da imprensa. O inusitado é que em nenhum momento Dawn VadBunker foi chamada pelo Departamento de Polícia de Los Angeles para prestar esclarecimentos, como se ela não tivesse a menor importância. Enfim, vamos seguir em frente.
Jeffrey Alan Lash Também Morava Com Outra Mulher em uma Outra Casa, em Pacific Palisades?
O caso rapidamente chegou na Costa Leste dos Estados Unidos, no dia seguinte (23), através do site do jornal "New York Daily News" informando que mais de 1.200 armas, aproximadamente 7 toneladas de munição, além de arcos, flechas e machetes tinham sido apreendidas pela polícia de Los Angeles. Os policiais também teriam encontrado um veículo Toyota SUV projetado para ser conduzido em ambientes aquáticos (uma espécie de "veículo anfíbio"), entre os 14 veículos que estariam registrados em nome de Jeffrey Alan Lash.
Entretanto, do outro lado dos Estados Unidos, voltando a Califórnia, o site do jornal do Palisadian-Post tinha mais uma revelação para fazer. Segundo o Palisadian-Post, Jeffrey Alan Lash também tinha morado em um apartamento na Coastline Drive, no bairro de Sunset Mesa, por cerca de 10 anos, antes que ele fosse convidado a se mudar, cerca de 4 meses antes de sua morte, por sua "colega de quarto".
Paul Aguilar, da imobiliária "Coastline Property Management", disse que o contrato de locação estava em nome de uma colega de quarto chamada "Jocelyn". O apartamento de dois quartos e dois banheiros era alugado por cerca de US$ 3.700 por mês e possuía uma vista privilegiada para o mar. Vale ressaltar nesse ponto, que a região de Sunset Mesa tem um código postal (CEP) referente a Malibu, mas é considerada pelos vizinhos como parte de Pacific Palisades.
Paul Aguilar, da imobiliária "Coastline Property Management" |
"Ela não fazia ideia, o que achei bem estranho, porque isso estava passando em todos os noticiários locais", disse Aguilar, acrescentando que ela ficou bem chateada ao saber da morte de Lash.
Segundo Aguilar, quando Lash se mudou para o apartamento há 10 anos, ele se apresentou simplesmente como "Bob". Aguilar mencionou que Bob falava para os vizinhos que esse era um nome de fachada, uma vez que ele tinha trabalhado para a CIA e não podia revelar sua verdadeira identidade.
"Acrescentamos a palavra 'Skinny' ao seu nome, quando ele começou a perder muito peso devido à sua doença, então ele era conhecido como 'Skinny Bob'", continuou Aguilar.
Ele descreveu Lash como amigável, mas acrescentou que ele era bem reservado. Ele também mencionou que cada vez que ele o via, Lash sempre estava vestido de preto. Lash parecia um pouco paranóico, sempre olhando para os lados antes de entrar no seu apartamento. Assim como muitas outras pessoas que conheciam Lash, Aguilar também tinha ouvido histórias sobre a suposta época que Lash teria trabalhado na CIA.
"Ele contava para todo mundo sobre o tempo que trabalhou para a CIA. Ele tinha levado um tiro na cabeça, e ficou em coma por um longo tempo. Ele disse que depois que saiu do coma, ele foi pago pela CIA e então dispensado, mas ainda precisava manter o anonimato ao olhos do público", disse Aguilar, acrescentando que demorou cerca de 9 anos para que ele finalmente conhecesse o nome verdadeiro de Bob.
"Lash entrou em pânico e implorou para que ninguém chamasse a polícia. Então, pedi para ver sua carteira de identidade", mencionou Aguilar. Lash relutantemente entregou sua identidade, e foi então que Aguilar viu seu nome, Jeffrey Alan Lash, entregando-a de volta.
"Na manhã seguinte, Lash reapareceu e agindo de forma desesperada, não queria que as seguradoras fossem chamadas, então ele resolveu cuidar de todos os prejuízos sem que houvesse qualquer envolvimento externo. Acredito que ele pagou a todos em dinheiro vivo", seguiu dizendo Aguilar.
"Essa história é definitivamente estranha, especialmente quando ouvi sobre armas, mas particularmente, a coisa mais estranha é: De onde ele tirava todo esse dinheiro?", indagou Aguilar, acrescentando que antes de Lash se mudar oficialmente há 4 meses, ele tirou todas as suas coisas do apartamento da Jocelyn. Além disso, ele deixou uma caminhonete na garagem, e se recusou a retirá-la.
"Ele sempre estava dirigindo esses 'monster trucks' e tentou deixar um deles na propriedade após ter deixado o local. Era um Toyota preto bem grande, com um estepe na parte traseira. Eu disse que ele tinha que retirá-lo, caso contrário eu teria que rebocá-lo. Ele continuou recusando até que eu o ameacei", contou Aguilar, acrescentando que Lash retirou a caminhonete e começou a deixá-la estacionada em tempo integral na Coastline Drive, mudando-a de lugar toda semana para evitar receber uma multa.
Lash retirou a caminhonete e começou a deixá-la estacionada em tempo integral na Coastline Drive, mudando-a de lugar toda semana para evitar receber uma multa |
"Uma mulher que aparentemente era sua namorada ou noiva sempre estava com ele, e especialmente esses quatro últimos meses quando eles vinham aqui e mudavam o carro para outro local. Eu sempre a via com ele. Porém, nunca conversamos e na verdade nunca fui apresentado a ela", disse Aguilar.
No início da manhã do dia 23 de julho, uma quinta-feira, após assistir ao noticiário e reconhecer Lash como sendo o "Skinny Bob", Aguilar ligou para os detetives do Departamento de Polícia de Los Angeles para que eles investigassem a caminhonete aparentemente abandonada na Coastline Drive.
Os detetives do Departamento de Polícia de Los Angeles tiraram fotos do carro, e de acordo com Aguilar, eles planejavam removê-lo do local tão logo fosse possível. Apesar do comportamento estranho de Lash, Aguilar disse que também acreditava que Lash era da CIA.
"A história da CIA soa realmente idiota, mas você nunca sabe. Com todo o dinheiro que ele tinha e com todo o mistério sobre quem ele era, tenho que admitir que eu acreditei um pouco nele", finalizou Paul Aguilar.
Surge uma Senhora Chamada Shirley Anderson, Ex-Namorada do Pai de Jeffrey Alan Lash, e um Ex-Advogado de Jeffrey
Correndo por fora estava a KTLA, que no mesmo dia (23) publicou uma notícia em seu site com declarações do advogado de defesa de Catherine Nebron dizendo que as armas encontradas valiam um total de US$ 5.000.000. Porém, não apenas isso. A KTLA teria entrevistado Shirley Anderson, 93 anos, uma espécie de "ex-namorada" do pai de Lash. Shirley disse que ela e o pai de Lash nunca souberam onde Jeffrey Lash morava ou tinha qualquer forma de entrar em contato com ele.
Quando o pai de Lash estava morrendo, Shirley disse que não conseguiu entrar em contato com Lash, e que ele não compareceu ao funeral do pai. O casal teria visto Jeffrey Lash apenas quando ele apareceu aleatoriamente na casa deles. Shirley mencionou que o viu pela última vez em 2010.
Supostas fotos de álbuns escolares de Jeffrey Alan Lash entre os anos de 1970 e 1972, da Westchester High School, Los Angeles, Califórnia |
Robert Rentzer, disse a KTLA que ele tinha representado Lash por quase 20 anos, muitas vezes os casos estavam relacionados a armas de fogo |
Um terceiro advogado, chamado Robert Rentzer, disse a KTLA que ele tinha representado Lash por quase 20 anos, muitas vezes os casos estavam relacionados a armas de fogo. De acordo com Robert, Lash seria simplesmente um colecionador de armas de fogo e um homem muito reservado.
"Muitas pessoas o taxariam de 'esquisito' devido ao seu intenso desejo por privacidade. Algumas pessoas o consideravam um pouco estranho", disse Rentzer, em seu escritório na cidade de Tarzana, acrescentando que a crença que Lash fosse um agente secreto ou um extraterrestre era hilária. No entanto, ele disse que não sabia o que Lash fazia para viver ou como ele acabou adquirindo sua extensa coleção de armas.
"Eu sabia que ele tinha esse... fetiche por armas, em excesso. Não conheço ninguém que tenha esse número exagerado de armas. E a coleção dele só aumentou cada vez mais ao longo do tempo", continuou Rentzer, acrescentando que ficou surpreso com a quantia em dinheiro encontrada na casa, assim como a grande quantidade de munição.
"Não tenho conhecimento se alguma vez ele realizou algum disparo. Ele era muito orgulhoso pela forma como ele as acondicionava", disse Rentzer, mostrando um papel que Lash tinha escrito à mão listando muitas de suas armas, e forneceu uma foto granulada, preta e branca, de Lash. Robert Rentzer disse que a foto era da carteira de motorista de Lash, de 1996.
Maiores detalhes sobre algumas das armas que Jeffrey Lash possuía |
Uma foto granulada, preta e branca, de Lash. Robert Rentzer disse que a foto era da carteira de motorista de Lash, de 1996 |
"Ele poderia estar trabalhando para qualquer pessoa. É difícil imaginar, no entanto, que é pura imaginação da sua cabeça, porque há muito dinheiro envolvido. Há quase US$ 5 milhões em armas de fogo que foram apreendidas pela polícia", disse Harland Braun, alimentando as especulações.
Fotos tiradas pela polícia mostravam dezenas e mais dezenas de caixas de munição, um contador de dinheiro com milhares de dólares empilhados ao redor, e muitas pilhas de rifles e armas de fogo. Harland Braun tinha ouvido dizer que havia pelo menos 4 SUVs da Toyota modificados para combate e capazes de operar em diversos tipos de terreno, incluindo o deserto e o meio aquático.
Assista também a uma reportagem feita pela CNN, e publicada no dia 27 de julho de 2015, em seu próprio canal no YouTube (em inglês):
"Se realmente encontramos um carro projetado para andar na água, isso é realmente bizarro. O real problema é que se ele estava trabalhando para uma agência governamental, seja norte-americana ou estrangeira, eles nunca vão confirmar isso", completou Braun.
Fotos tiradas pela polícia mostravam dezenas e mais dezenas de caixas de munição, um contador de dinheiro com milhares de dólares empilhados ao redor, e muitas pilhas de rifles e armas de fogo |
"Achávamos isso estranho", disse Tracy Landau, que costumava ver Catherine na piscina. Os vizinhos também disseram que ele já estava doente há algum tempo.
"As pessoas disseram que o viram morrer lentamente ao longo de um ano", completou.
A Disputa pelo Patrimônio Deixado por Jeffrey Alan Lash
No dia 13 de agosto, o Palisadian-Post publicou mais uma notícia sobre o homem que a mídia norte-americana passou a chamar de Jeffrey Alan Lash, mas que ainda não tinha sido identificado oficialmente pelo Escritório do Médico Legista do Condado de Los Angeles. Mesmo assim, o advogado de Catherine, Harland Braun, disse que cerca de nove pessoas passaram a alegar que eram primos de Lash, e já tinham se adiantado judicialmente pela disputa do patrimônio deixado por Lash.
O advogado disse que todos queriam uma parte do que havia sido deixado por Lash, e que eles estavam tendo "reuniões a portas fechadas" a respeito de quem ficaria com o dinheiro e a coleção de armas.
"As armas estão em posse do Departamento de Polícia de Los Angeles, e estão pendentes de liberação. Nesse caso em particular há uma quantia significativa de dinheiro envolvida e esses nove primos surgiram desde a sua morte, alegando laços familiares, e querendo tudo o que estava dentro da casa", disse Harland Braun, acrescentando que essas pessoas tinham surgido do nada.
"A casa de Nebron tinha sido muito danificada durante o tempo que Lash morou com ela, cerca de US$ 300.000 de prejuízo. Ela o apoiou e dava dinheiro para ele, no qual ele usava para comprar armas, assim sendo ela tinha certo um envolvimento financeiro com Lash", disse Harland Braun.
Detetives disseram ao Palisadian-Post que mais coisas poderiam ser descobertas nas próximas semanas, dependendo de eventuais outros locais onde Lash morava, e o que ele poderia estar escondendo. Desde a morte de Lash, Braun tinha contratado um investigador particular para inspecionar e monitorar essas "descobertas", por assim dizer.
"Ela não está atualmente morando na casa, porque eles ainda estão em processo de investigação sobre o patrimônio pertencente ao Jeffrey, e removendo as coisas da casa de Catherine. Ela provavelmente vai voltar depois que tudo estiver limpo e renovado. Eles estão, inclusive, instalando um novo ar condicionado", completou.
O Interior da Casa Onde Jeffrey Alan Lash Morava e as Condições que Catherine Nebron Vivia
No dia 26 de agosto, mais de mês após as primeiras notícias sobre esse caso terem sido divulgadas, uma equipe do Palisadian-Post foi autorizada a entrar na casa onde Jeffrey Alan Lash morava com Catherine Nebron. E acreditem, o cenário parecia de terror.
Durante cerca de três horas de um passeio exclusivo na casa onde tinham sido encontradas 1.200 armas, 6 toneladas de munição e US$ 230.000 em dinheiro, o Palisadian-Post pode testemunhar as condições que Catherine Nebron era mantida como "refém" dentro de sua própria casa. Jeffrey não era um agente disfarçado como ele alegava ser, mas uma espécie de "carrasco" carismático que tinha encantado e enganado diversas mulheres para que lhe dessem dinheiro.
Quando os advogados descobriram que o jornal tinha descoberto os nomes de outras duas outras amantes de Lash, ele concordaram em permitir que o Palisadian-Post fizessem um passeio pela casa onde Catherine morava, no dia 24 de agosto. Também deram entrevistas exclusivas sobre os relacionamentos de Lash com empresárias bem sucedidas, que disseram que financiavam seus hábitos obsessivos. A pedido dos advogados, o jornal concordou em não divulgar os nomes completos das mulheres que tinham se envolvido com Lash.
"Foi aqui que Catherine morou por 3 anos", disse Ross ao abrir a porta de um banheiro, não muito maior do que um armário de empregada. Ele disse que Catherine dormia em tapetes de ioga.
De acordo com Harland Braun, tudo teria começado em 2011, quando o primeiro andar, de uma casa de 3 andares, inundou e Lash teria confinado Catherine, para seu próprio bem, no banheiro do segundo andar da casa. Bilhetes motivacionais escritos à mão, alguns contendo provérbios, eram colados nas paredes do banheiro. Em um pedaço antigo de papel era possível ler: "Orientações para o Isolamento de Catherine". Não estava claro se o bilhete tinha sido escrito por Lash ou pela própria Catherine.
Em um pedaço antigo de papel era possível ler: "Orientações para o Isolamento de Catherine". Não estava claro se o bilhete tinha sido escrito por Lash ou pela própria Catherine |
O então "quarto" de Catherine tinha um certo toque feminino, um tapete de banheiro de cor turquesa, um papel de parede de cor pêssego e um par de botas em um canto. A pequena prateleira de madeira ao lado do chuveiro inutilizável estava repleta de papéis e recibos, a maioria em nome de "Jeff Lash" ou "Steve Green", outro nome usado por Lash além de "Bob Smith", e uma revista recente da "People". De acordo com Ross, um vizinho gentil de vez em quando dava uma revista para Catherine.
Scott Ross disse que Lash tinha construído um complexo de paredes dentro da casa, colocando fechaduras nas portas, em um esforço para isolar Catherine, impedindo-a de acessar os demais cômodos de sua própria casa. "O Departamento de Polícia de Los Angeles teve que derrubar as portas e arrombar cadeados para entrar", disse Ross.
Scott Ross, investigador particular |
"Se ele pedisse US$ 2.000 para ela, ela simplesmente dizia 'tudo bem'. Ela não questionava nada", continuou Ross. O dinheiro de Catherine era basicamente usado para comprar caminhonetes, armas, computadores e diversos outros objetos de alto valor aquisitivo.
De acordo com seu advogado, quando Catherine terminava suas tarefas diárias, ela costumava voltar para casa e passava o tempo assistindo DVD's. Além disso, é possível que ele talvez tenha batido uma vez em Catherine e feito ameaças caso ela não fizesse o que ele tinha dito, visto que ele teria alguém na "agência", que mataria alguém próximo a ela. Resumindo, ela acreditava nele.
"Seu encarceramento era mental e físico, porque depois de um tempo, como você consegue sair disso? Seria praticamente preciso que ele morresse", disse Harland Braun, acrescentando que quase dois meses após a morte de Lash, Catherine estava começando a aceitar que as histórias que ele contava não eram verdadeiras.
"Espero que não seja verdade, assim não preciso sentir medo", teria dito Catherine ao seu advogado, que acrescentou: "Ela se sente livre agora".
Surge a História de Mais um Relacionamento de Jeffrey Alan Lash: Uma Mulher Chamada Michelle L.
O Palisadian-Post descobriu que Nebron não era a única mulher que Lash tinha seduzido para financiar suas paixões. Uma moradora de Los Angeles, que tinha um relacionamento de 31 anos com Lash, também abriu coração e o bolso para o "conquistador".
Na verdade, de acordo com seu advogado, Robert Cohen, Michelle L. pode ter gastado mais de US$ 1 milhão ao financiá-lo. Lash viveu com a mulher, que é proprietária de uma consultoria de informática, entre 1986 e 1998, antes de se mudar para a casa de Catherine Nebron nos seus últimos 17 anos de sua vida.
"Em algum dia de 1998, ele disse a Michelle que ele estava saindo por duas semanas, mas então de repente se mudou para a casa de Catherine", disse Robert Cohen, acrescentando que com o passar dos anos, Michelle continuou esperando que ele voltasse para ela.
Quando o advogado foi questionado se a casa de Michelle estava em um estado semelhante em relação a casa de Catherine, ou seja, repleta de coisas empilhadas, Cohen hesitou em responder, mas deu uma pista sobre como a casa se encontrava. "Michelle também adquiriu muita coisa ao longo dos anos, e eles estiveram juntos por muito tempo", continuou.
Mesmo após Lash ter se mudado para a casa de Catherine, não passou um dia sequer durante duas décadas de relacionamento, que Michelle L. não tivesse falado ou se encontrado com ele, até o dia que ele morreu, é claro.
"Essa situação é particularmente difícil, porque seu amor de longa data faleceu e ela também descobriu que Catherine era uma outra amante dele", disse Cohen. Ao contrário de Catherine, que o chamava de Bob, Michelle L. o conhecia pelo seu nome de batismo, Jeffrey Lash, e Cohen dizia que, segundo seu entendimento, os dois tinham um relacionamento amoroso e carinhoso.
"Michelle está se recuperando do choque, do medo, e do sofrimento gerado por tudo isso. Ainda estamos tentando entender quem é esse senhor, que levou Michelle a insanidade", completou.
Aliás, Michelle nunca desistiu de Lash. Sua devoção ficava evidente devido a um "ritual diário", que os vizinhos de Catherine achavam muito suspeito. Toda noite, pelo menos durante 15 anos, Michelle L. dirigia até Highlands em um carro da Mercedes Benz, sem placa, e deixava sacolas verdes na porta da casa de Catherine. Os vizinhos nunca descobriram o que estava dentro dos sacos ou quem era aquela mulher misteriosa, mas eles pensaram que poderia ser drogas ou alguma outra atividade ilegal. Segundo Robert Cohen, a verdade era muito mais mundana.
"Michelle ia até a casa de Catherine todos os dias levando sacos de comida, mantimentos, dinheiro e gelo, uma vez que ele não podiam usar a geladeira, e para ver se ele estava bem. Porém, ela não tinha ideia a respeito de seu noivado com Catherine, por isso tem sido difícil para ela, mais do que nunca", disse Cohen. Apesar do advogado dizer que Lash era persuasivo e tinha um controle psicológico sobre Michelle L., ele alegou que em seu relacionamento não havia nenhuma espécie de "controle físico", assim como acontecia com Catherine.
"Não sei se houve algum abuso ou comportamento agressivo, mas definitivamente houve manipulação e persuasão da parte dele sobre Michelle. Ela não era restringida a determinadas áreas em sua casa, e tinha a liberdade de ir e vir quando quisesse", disse Cohen, acrescentando que depois de falar as testemunhas, os investigadores descobriram que Lash tinha diferentes personalidades.
"Os investigadores notaram que Lash tratava cada pessoa que conhecia de uma forma muito diferente. Michelle tem sorte de não ter vivenciado nenhum dos lados negativos de Jeffrey", continuou Cohen. No entanto, sua vida foi restrita devido ao compromisso com o homem que ela amavava.
"Por 31 anos ela nunca tirou férias, porque sempre estava disponível para ele todos os dias, ela precisava falar com Catherine todos os dias. Ela agora está se sentindo um pouco livre para fazer o que ela quiser, para cuidar de si mesma. Porém, vai levar um bom tempo para ela se recuperar", seguiu dizendo.
"Ela está lidando com toda essa confusão de um homem com quem ela acreditava ter uma conexão verdadeira, e ela está sofrendo por um amor perdido. Isso levará muito tempo para ser superado", finalizou.
Uma Terceira e Quarta Namorada? A Mulher Identificada como "Jocelyne E." e uma Outra Chamada "Juliaan"
Conforme dissemos anteriormente, além de viver ao lado de Catherine Nebron por 17 anos, e morar com Michelle L. por pelo menos 12 anos antes disso, Lash também morava com uma mulher chamada Jocelyne E. por cerca de 10 anos, em Sunset Mesa. Desde a revelação da "segunda casa" de Jeffrey, os advogados e vizinhos começaram a sugerir que Lash também tinha um relacionamento íntimo com essa outra mulher.
"Não ficaria surpreso se houvesse mais mulheres que estão muito envergonhadas de vir à público nesse momento. Michelle não sabia que Catherine era a namorada dele e Catherine dizia a Michelle que era uma ex dele", disse Harland Braun, advogado de Catherine.
Assim como Catherine e Michelle L., Jocelyne E. também era financeiramente bem sucedida. Ela tinha pedido para que Lash deixasse o apartamento dela cerca de 4 meses antes de sua morte, em parte devido as suas condições de saúde e incapacidade de subir e descer as escadas que levavam até o seu apartamento.
"Acredito que ele estava enganando essas mulheres, mas também enganando a si mesmo, porque ele acreditava que tudo o que estava fazendo e dizendo era completamente normal. Acho que nunca saberemos a verdade", completou Harland Braun.
Uma Verdadeira Bagunça que Ainda Precisava Ser Organizada
Conforme as mulheres da vida de Lash tentavam lidar com a agitação emocional de sua morte e traições, a limpeza da casa de Catherine, em Pacific Palisades, continuava.
"Em meus 37 anos nunca vi nada assim", disse o investigador Scott Ross, que atuou como investigador principal em casos de grande repercussão como o julgamento de Michael Jackson, o caso de um assassinato envolvendo o ator Robert Blake, e de um escândalo envolvendo o Departamento de Polícia de Los Angeles.
Scott Ross passava em meio a rifles, bestas, flechas, facas, espadas, escopos de rifle, revistas e munição. Também havia um urso em tamanho real e um majestoso leão que estava em meio a pilhas de caixas e sacolas na sala de estar, que parecia ter servido como alvo para a besta de Lash ou de outros arcos e flechas. Porém, armas não eram a única obsessão de Lash.
Além de acumular um grande número de armas e gadgets tecnológicos, Lash acumulava roupas (muitas roupas de camuflagem e jaquetas pretas), milhares de livros (de todos os assuntos, inclusive livros de Harry Potter), CD's e DVD's.
"Havia cerca de 50 a 60 mil CD's e 20 a 25 mil DVD's", disse Ross. Ao abrir uma caixa aleatoriamente era possível encontrar um escopo de rifle, um computador pessoal e uma roupa de camuflagem, tudo embrulhado na embalagem original.
"Não há nenhuma razão para isso", disse Ross, balançando a cabeça para os lados.
"As mulheres estão trabalhando em conjunto sobre suas histórias, e todos nós estamos nos preparando para enfrentar esssa situação", disse Harland Braun, acrescentando que Catherine estava reagindo bem a sua liberdade recém-descoberta. Ela estava hospedada em um hotel próximo da sua casa, até que tudo estivesse limpo e habitável, por assim dizer.
Robert Cohen disse que Michelle L. continou trabalhando apesar do trauma sofrido e estava tentando lidar com a situação da melhor forma possível. "Os 10 dias que Catherine estava no Oregon, e Lash tinha falecido, foi a primeira vez em 31 anos que ela não conseguia falar com ninguém, e estava enloquecendo por isso. Agora que ela voltou a conversar com Catherine, ela está melhorando consideravelmente", disse Cohen.
O Palisadian-Post ainda questionou se a história de Catherine daria um livro ou um filme no futuro. Harland Braun disse que pessoas estavam oferecendo propostas para livros e scripts de filmes sobre Catherine, mas a questão era: Qual era o final?
Mais Informações Sobre o Caso Foram Publicadas pela KTLA: Uma Rara Foto de Jeffrey Alan Lash
Nos dias 27 e 28 de agosto do ano passado, mais informações sobre o caso "Jeffrey Alan Lash" foram publicadas pela KTLA. De acordo com a emissora, o corpo encontrado teria sido confirmado oficialmente pelas autoridades da Califórnia, de que realmente era de um homem chamado "Jeffrey Alan Lash".
Durante semanas foi mencionado, que a identidade do corpo em avançado estado de decomposição não tinha como ser determinada, porém, aparentemente essa história teria mudado no dia 12 de agosto. De acordo com a tenente Elissa Fleak, do Escritório do Médico Legista do Condado de Los Angeles, o corpo seria mesmo do homem, cujo nome já era proferido há tempos pela mídia, porém por alguma razão a causa da morte de Lash ainda não tinha sido determinada.
Rara foto de Jeffrey Alan Lash divulgada pela KTLA, de sua suposta carteira de motorista, no ano de 2010 |
Jeffrey Alan Lash Sofria de Intoxicação por Gás Neurotóxico?
Um vizinho de Jocelyn, uma das muitas mulheres de Jeffrey, disse que o homem dirigia carros com as janelas pintadas de preto. Esse vizinho, chamado David Brody, disse que os carros não tinham placas, e que Jeffrey encobria o número do chassi do carro. Ele dizia que tinha trabalhado para a CIA.
Os vizinhos disseram que ele sempre aparecia com um carro novo e sempre equipado como se estivesse pronto para ir em uma expedição. Ele estacionava aleatoriamente o veículo no bairro, porque ele não queria que ninguém soubesse onde ele morava.
Segundo o jornal "Los Angeles Times", a polícia disse que Lash tinha câncer, mas ele teria dito aos seus vizinhos que ele sofria de intoxicação por gás neurotóxico devido ao tempo pelo qual trabalhou na CIA.
O Depoimento do Marido de Dawn VadBunker
O marido de uma das mulheres aparentemente atraídas pelas histórias contadas por Jeffrey Alan Lash, o culpava por ter destruído o seu casamento. Jim Curry disse que a KTLA, que seu mundo virou de cabeça para baixo, quando sua esposa Dawn Marie VadBunker conheceu Lash enquanto trabalhava para Catherine Nebron, a noiva do próprio Lash.
Danw Vadbunker teria começado a trabalhar para Catherine cerca de quatro anos antes de Lash morrer, como administradora de uma propriedade na cidade de Ventura. O trabalho dela também envolvia a locação de garagens em toda região Sul da Califórnia, onde Lash podia guardar seus dezenas de veículos.
"A história era que, uma vez que 'Bob' era um agente da CIA, ele teria outros agentes que talvez precisassem de veículos", disse Jim Curry.
O casal Jim Curry (à esquerda) e Dawn VadBunker (à direita) |
"Ela estava muito animada para conhecer esse cara sobre quem Catherine tanto falava e, em seguida, as coisas começaram a mudar", continuou.
Jim contou que Catherine teria dito a Dawn, que Lash era metade alienígena e tinha trabalhado para a CIA. Essa informação teria transformado sua esposa em uma pessoa diferente. "Toda essa baboseira sobre um cara da CIA começaram a me encher, e isso era simplesmente estranho", seguiu dizendo.
Jim Curry e Dawn VadBunker tinham se casado há pouco mais de ano, quando ela de repente o deixou em 14 de junho. Jim foi pego completamente de surpresa diante da decisão de Dawn.
"Uma semana antes ela me dizia que nunca tinha estado tão feliz na vida dela", completou, acrescentando que Catherine, Dawn e Jeffrey Lash regularmente se encontravam em um supermercado da Bristol Farms, em Santa Mônica.
"As mulheres estavam com Lash quando ele morreu, em 4 de julho, em seu utilitário estacionado no supermercado", disse Jim.
Jim Curry disse que ainda estava se perguntando o que tinha acontecido com a esposa. A mulher, mãe de dois filhos, nunca mais teria retornado do Oregon e não teria entrado em contato com ele. De acordo com o Departamento de Polícia de Oxnard, ela teria enviado uma carta aos pais, que vivem em Oxnard, "expressando seu profundo pesar devido a toda a preocupação que ela tinha gerado para os familiares". Quanto ao Lash, Jim acreditava que ele era apenas um homem paranóico, que gastou tempo e dinheiro, se preparando para um cenário apocalíptico.
A Entrevista de Michelle L. Para o Jornal Palisadian-Post
No dia 17 de setembro do ano passado, o jornal Palisadian-Post publicou uma entrevista com Michelle L., uma das mulheres do homem que ficou conhecido como Jeffrey Alan Lash. Michelle, que morou com Lash de 1986 a 1998, alegava ter gastado mais de US$ 1 milhão para satisfazer os caprichos de Lash, e disse que sua casa em Los Angeles era uma espécie de "mini-versão" da casa de Catherine Nebron. Além disso, ela alegava que Lash tinha causado cerca de US$ 100.000 de prejuízos em sua casa.
Durante uma entrevista sobre seu relacionamento com Lash, a empresária relevou como eles se conheceram, o que ela deixava na frente da casa de Catherine todas as noites, durante anos, como ela soube da morte de Lash, e os rumores que Lash fosse "metade alienígena".
A Paixão Por Jeffrey Alan Lash
Michelle conheceu Lash pela primeira vez, após tentar convencê-lo sobre uma oportunidade de negócio sobre marketing multinível, em 1984. Eles conversaram por diversas vezes no telefone, então se encontraram e se apaixonaram.
"Ele tinha uma atitude que atraía a pessoa. Ele era totalmente enérgico, totalmente cheio de si. Ele fazia você se sentir como se fosse a única pessoa na Terra. Ele era extremamente extrovertido, não era uma pessoa solitária ou reclusa, como tem sido retratado na mídia", disse Michelle sobre o homem que ela considerava muito carismático.
No início, seu relacionamento floresceu de uma maneira comum - eles iam ao cinema, passeavam de bicicleta, faziam caminhadas ou até mesmo andavam de patins.
"Era tudo tão normal, exceto que não tão normal assim", acrescentou dizendo que no começo ela tinha certas dúvidas sobre as coisas que ele lhe contava. Na categoria "não tão normal", Lash também costumava levá-la para deserto para atirar.
Imagem do Google Maps mostrando a distância entre o centro de Los Angeles e o bairro Pacific Palisades |
O homem que ela descreveu como "totalmente brilhante", e profundamente espiritual" também era reservado em relação ao seu verdadeiro nome, e ele a mantinha distante de qualquer pessoa da vida dele. Ele conheceu sua família, mas ela nunca conheceu ninguém da vida dele. Segundo Lash, isso era por questões de segurança.
"Isso era estranho", admitiu Michelle.
Lash mudou-se para seu apartamento em 1985, porque "alguma coisa tinha acontecido", e ele precisava de um lugar para ficar. Michelle pagou todas as contas e, quando comprou uma casa de três quartos em 1987, Lash, e as coisas dele, foram com ela.
"Ele definitivamente tinha um monte de coisas, e ocupou quase todos os armários da casa", disse Michelle. Ao menos Lash era perfeccionista, e os itens foram perfeitamente acondicionados em cada armário e em cada gaveta. Michelle tinha o quarto dela, Lash tinha um quarto só para ele, e eles compartilhavam o quarto principal da casa. Desde o início, ele manteve seu quarto trancado, e Michelle não tinha acesso ao mesmo.
"E eu estava pagando por isso", acrescentou Michelle, que normalmente dava o dinheiro em espécie para ele fazer as tais compras. Lash dizia que precisava de todas aquelas coisas para trabalhar. Porém, o que ele dizia que fazia para viver?
"Ele trabalhava em negociações anti-terroristas e resgastes", disse Michelle, acrescentando que ele tinha convicção poderosa, que o tornava crível.
"Tudo o que ele pedia era para um propósito específico. Ele precisava de todos esses computadores, porque ele disse que tinha que manter tudo o que fazia separado. Todos eles eram colocados em lugares diferentes. Ele dizia: 'Preciso de seis desse aqui, quatro daqueles e dez daqueles outros', e eu me ficava pensando 'Por quê?', mas tinha medo de perguntar", contou Michelle.
Um Sentimento de Medo Surgiu no Relacionamento
"Ele não era fisicamente abusivo, mas era muito assustador quando ficava bravo. Eu fazia qualquer coisa para não irritá-lo", disse Michelle, que era forçada a manter as cortinas fechadas o tempo todo. Lash também a advertiu para que nunca tocasse em nenhuma de suas coisas, até mesmo itens que ela tinha comprado a pedido dele.
"Ele me fez sentir como se eu tivesse tocado nas suas coisas, e eu me sentia tão errada, ficava tão mal. Costumava me sentir péssima quando encostava em alguma coisa. Sentia como se eu tivesse feito alguma coisa realmente errada", continuou.
Apesar do medo, Michelle permaneceu leal a Lash. Em um determinado ponto, Lash cogitou casamento, mas Michelle não sentiu a necessidade de um pedaço de papel para validar seu relacionamento.
"Estávamos comprometidos um com o outro e concordamos que não ficaríamos com mais ninguém. Ser leal e honrada era muito importante para ele", seguiu dizendo. Tempos depois, ela perceberia que sua conversa sobre fidelidade realmente significava que ela é que precisava ser leal a ele, não ao contrário.
Quanto aos estranhos rumores sobre Lash, Michelle disse que não ele acreditava que fosse um alienígena, ele teria apenas especulado sobre isso. Lash era um homem profundamente espiritual, que acreditava na reencarnação. Ele acreditava que tinha reencarnado muitas vezes, e acreditava que uma pessoa poderia reencarnar em algo diferente de um ser humano. No caso dele, Lash acreditava que pudesse ter reencarnado "metade alienígena".
"Com certeza ele era estranho", completou Michelle, acrescentando que sua persuasão o tornava quase inquestionável para algumas pessoas.
A Entrada de Catherine Nebron na Vida de Michelle L.
No início de seu relacionamento, Lash passou a dar aulas de auto-defesa e Michelle o ajudava, convidando pessoas que ela conhecia. Uma dessas pessoas era justamente a Catherine Nebron, que ela conhecia antes conhecer o Lash. Michelle e Lash saíam para jantar com Nebron e seu então marido.
"Éramos amigos", disse Michelle.
Algumas vezes Lash pagava o jantar quando eles saíam, mas era só isso que ele pagava. Michelle disse que pagava a hipotece, comprava os mantimentos, e dava dinheiro para o Lash fazer suas próprias compras. Em 1998, ele disse a Michelle que estava indo até casa de Catherine Nebron para um projeto de duas semanas.
"Ele nunca concluiu o projeto", ironizou.
Michelle e Jeffrey Lash comiam em restaurantes de Palisades, tal como o Tivoli, assim como comiam em restaurantes caros |
"Nunca me deparei com um saco de lixo verde. Costumava levar sacolas de supermercado da Whole Foods e da Vons, e tirava o lixo em sacolas brancas ou pretas", disse Michelle.
Ela disse que no início, ela ia até Palisades todas as noites, sendo que ela e Lash saíam para jantar, assim como saíam nos fins de semana. Eles comiam em restaurantes de Palisades, tal como o Tivoli, assim como comiam em restaurantes caros.
"Catherine não saía conosco", esclareceu Michelle. Aliás, suas visitas noturnas não eram as únicas vezes em que ela se dirigia para Palisades. "Recebia ligações o dia todo dizendo: 'Largue tudo, preciso de um kit de ferramentas' ou 'Preciso ir à loja da Apple e comprar um carregador'", continuou.
Ela pediu a Lash que não a tirasse de seu trabalho, menos que fosse uma emergência que ameaçasse sua vida, porém essas eram as emergências que ameaçavam a vida dele. Ela e seu amor de longa data falavam várias vezes ao dia, mas isso acabou mudando.
De acordo com Michelle, Lash começou a adoecer por volta de 2002 ou 2003, e ele quase teria morrido em 2008. Depois disso nunca mais se recuperou. A partir de então, eles pararam de sair e, em vez disso, ela simplesmente entregava mantimentos, centenas de itens que ela comprava para ele, entre eles gelo (a geladeira não funcionava) e dinheiro.
Ela disse que Lash exigiu que ela levasse cerca de US$ 1.785 por semana para sua alimentação, alegando que ele precisava de um chefe de cozinha para preparar refeições saudáveis, especialmente preparadas, porque cozinhar não era permitido na casa de Nebron. Cozinhar também não era permitido na casa de Michelle. Outras despesas incluíam cerca de U$ 9.800 por o ano para uma"unidade de armazanamento" para um veículo, que ele nunca dirigiu, mas ele alegava que "tinha que ter".
Ela disse que seus protestos foram recebidos com críticas por parte de Lash, visto que era uma questão "vida ou morte". Ela acreditou nele.
Eventualmente, ele ficou tão doente que teve problemas para falar, e Michelle não conseguia entender o que ele estava dizendo. Em vez de falar com Lash, ela começou a falar com Nebron, discutindo com ela o levaria para ele, todos os dias.
"Cuidei dele, o ajudei, tentei fazer com que ficasse bem, e gastei muito dinheiro tentando mantê-lo vivo. Até onde eu sabia é que ele estava tentando melhorar e voltar para casa, para mim", disse Michelle de forma melancólica.
"Não havia nada nefasto acontecendo. Estávamos apenas tentando viver nossas vidas e ajudá-lo a melhorar", disse Michelle em resposta a algumas teorias que estavam sendo veiculadas na mídia.
E por qual razão ela não parou de ceder as suas exigências? De acordo com Michelle, ela muitas vezes queria apenas entrar em seu carro e se afastar de toda aquela loucura, mas sentia que seria inconcebível afastar-se de um homem totalmente doente, que ela considerava honrado.
O Desaparecimento de Jeffrey Alan Lash
Certo dia, em julho, Michelle fez sua ligação diária para Catherine Nebron, mas ela não atendeu. Após passarem alguns dias, e por não saber o que estava acontecendo, ela começou a entrar em pânico.
"Pensei que ele e Catherine tinham desaparecido", contou.
Ele foi até a casa de Catherine diversas vezes, e até mesmo viu o utilitário onde Lash foi encontrado morto, mas ela não o viu, porque seu corpo estava coberto por cobertores. Michelle teria ligado para o ex-marido de Catherine diversas vezes, mas não obteve nenhuma resposta sobre ele. Finalmente, o ex-marido de Catherine ligou para ela e deu a notícia: Lash estava morto. Logo em seguida, ela digitou o nome de Lash no Google.
Foi assim que Michelle ficou sabendo sobre a história do corpo em decomposição, e que sua amiga de longa data, Catherine Nebron estava noiva do homem que ela considerava seu namorado. Ela também descobriu sobre uma outra mulher com quem Lash estava morando, Jocelyne.
Ele foi até a casa de Catherine (na foto) diversas vezes, e até mesmo viu o utilitário onde Lash foi encontrado morto, mas ela não o viu, porque seu corpo estava coberto por cobertores |
As revelações chocantes balançaram com seu mundo, mas ela estava colocando tudo nos eixos. Embora tivesse dúvidas sobre algumas das coisas que ele lhe dissera ao longo dos anos, a única coisa que ela realmente acreditava sobre ele é que ele era honrado. "Porém, ele nunca terminou comigo e nunca me contou sobre as outras mulheres", acrescentou. Deixando de lado a dor, Michelle notou que ela e Catherine Nebron passaram anos cuidando e dando dinheiro ao Lash.
"Eu dei 31 anos de minha vida para ele e Catherine deu 17 anos de sua vida para ele, nós duas demos muito suporte financeiro para ele", completou Michelle. Além disso, o fato de que membros distantes da família de Lash estavam querendo uma parte do patrimônio deixado por ele não parecia justo para ela.
Enquanto Catherine Nebron ainda estava esvaziando caixas e sacolas cheias das coisas de Lash de sua casa, Michelle já tinha completado essa parte do processo. Não havia mais nada dele em sua casa.
Apesar de todo o desgosto que ela vinha passado desde a notícia sobre a morte de Lash e sua vida secreta com outras mulheres, ela estava tentando pensar positivo.
"Durante 17 anos nunca pude sair de madrugada, porque ele exigia que eu estivesse presente para 'guardar' seus pertences e para ir até Palisades todas as noites. Não tive férias em 17 anos. Agora eu posso sair à noite, posso ver um filme, sair com um amigo ou viajar nos fins de semana. Tenho a minha liberdade", finalizou Michelle.
A Matéria Sobre Jeffrey Alan Lash Publicada Pela Revista Playboy em Outubro do Ano Passado
Em um artigo intitulado "Baby, I’m a Secret Agent, Alien-Hybrid Here to Save the World", um correspondente da revista Playboy chamado Zaron Burnett III, foi investigar o caso envolvendo Jeffrey Alan Lash mais de perto, e entrevistou algumas pessoas para entender o que de fato tinha ocorrido. Inicialmente pensei apenas resumí-lo para vocês, mas o material é tão interessante que resolvi traduzí-lo na íntegra para que vocês tenham a mesma experiência que tive ao ler o artigo. Vale muito a pena ler. Vamos ao texto (algumas outras imagens, em relação as que originalmente pertencem ao artigo, serão acrescentadas):
"Por que um homem moribundo mentiria sobre o que iria acontecer com seu próprio cadáver?
Catherine Nebron-Gorin estava preparada. Ela sabia que esse dia chegaria. Ela não era uma agente bem treinada da CIA conforme seu noivo alegava que era, mas ela tinha um mantra pessoal para motivá-la: 'Se ele pode, eu posso'.
De volta à Califórnia, a mãe da assistente pessoal ficou preocupada quando não ouviu falar da filha. Os dias passaram e, em 10 de julho ela reportou o desaparecimento da filha para a polícia. A notícia virou nacional: "Mulher desaparecida em circunstâncias suspeitas"
Quatro dias depois, um oficial da polícia encontrou seu carro e a localizou em um hotel. Ela disse que seu nome era Dawn Marie VadBunker. Vinte minutos depois, a mãe da mulher, Laura, acordou com um telefonema e soube que sua filha não estava mais desaparecida. Ela tinha sido encontrada sã e salva no Oregon.
Quatro dias depois, um oficial da polícia encontrou seu carro e a localizou em um hotel. Ela disse que seu nome era Dawn Marie VadBunker. Vinte minutos depois, a mãe da mulher, Laura, acordou com um telefonema e soube que sua filha não estava mais desaparecida |
No dia 17 de julho, Catherine Nebron-Gorin voltou para casa e encontrou o corpo do noivo onde estava, dentro do utilitário, debaixo do sol de verão, parcialmente mumificado embaixo dos cobertores. Ela telefonou para o advogado dela. Ela lhe contou o que tinha acontecido. Ele ligou para o Departamento de Polícia de Los Angeles, e disse aos policiais onde eles poderiam encontrar um cadáver.
Na manhã seguinte, as manchetes internacionais diziam: '1.200 armas. US$ 230.000 em dinheiro. Cadáver encontrado em utilitário. Deixado para apodrecer durante semanas. Estacionado em uma rua de um bairro nobre de Los Angeles'.
As centenas de armas encontradas na casa onde Jeffrey Alan Lash morava |
Policiais precisaram de pelo menos dois dias para removerem todas as armas e eventuais explosivos da residência |
O advogado próprio advogado de Catherine Nebron-Gorin avisou ao mundo: 'Ele poderia estar trabalhando para qualquer um'. Logo foi noticiado que o homem poderia ter diversos depósitos espalhados por Los Angeles. Ninguém sabia ao certo quantos seriam, mas acreditavam que teriam mais armas, juntamente com veículos de assalto anfíbios, e utilitários customizados com vidros à prova de balas.
Um garçom chamado Francesco Schiff apareceu na mídia. Ele disse aos jornalistas que o homem comia obsessivamente no mesmo restaurante, chamado Casa Nostra, com um padrão regular e fiel. Ele sempre pedia filé mignon cru. O homem acreditava era importante ter uma dieta rica em cortes sangrentos de carne. Pouco antes de morrer, ele teria comido bifes de búfalo crus.
Sua dieta de carne crua alimentou teorias na internet de que ele era um híbrido alienígena. Certamente, parte-reptiliano. Existem amplas e complexas teorias sobre alienígenas que mudam de forma, e conspiraram durante séculos para governar a Terra, disfarçados de pessoas da elite e de famílias reais. Os alienígenas que mudam a forma são chamados Reptilianos.
A história de alienígena partiu de Laura VadBunker, a mãe da assistente pessoal. Ela disse à imprensa que estava com medo por sua filha, porque Dawn Marie VadBunker tinha dito a ela que seu chefe era um alienígena. Na verdade, ela havia dito que ele era um reptiliano, e sua noiva também era uma alienígena, de um planeta aquático. A filha de VadBunker alegou que ela o tinha visto mudar para sua forma alienígena reptiliana.
Quando comecei a minha investigação, algumas semanas após sua morte, o corpo do falecido estava listado no Escritório do Médico Legista como desconhecido. Estava aguardando identificação do Departamento de Polícia de Los Angeles. A autópsia ainda não tinha sido divulgada. Naturalmente, isso alimentou especulações. Pessoas em fóruns de discussão diziam, obviamente, que o homem era metada alienígena, e o departamento de polícia ainda não sabia como fazer para encobrir tudo isso.
Outros, não tão céticos e nem tão paranóicos, meramente cínicos, diziam que não havia autópsia porque o falecido não tinha parentes próximos, e o departamento de polícia queria ficar com os US$ 5 milhões em armamentos dele. Isso obviamente seria mais fácil de acontecer em relação a um "João Ninguém".
Você pode estar se perguntando: Você acabou de dizer que 1.200 armas valem US$ 5 milhões? E espera um momento, 1.200 armas? Por que os federais não se envolveram na história? O Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos dos Estados Unidos (sigla em inglês, ATF) não deveria estar a par da misteriosa morte de um homem que tinha um pequeno arsenal em um condomínio de casas de Los Angeles? E com quem vão ficar todas essas armas?
Por enquanto, uma coleção de primos (nove, de acordo com a última contagem) tinham surgido na mídia para reivindicar o patrimônio deixado pelo estimado primo, o homem misterioso desse conto, até porque US$ 5 milhões tendem a chamar a atenção das pessoas.
Essa história é tão implacavelmente estranha, que alguma parte dela deve ser verdadeira. Cada pedaço dessa história que investigo, cada fato que eu verifico, só faz o mistério aumentar e ficar cada vez mais estranho.
Quando você leva em consideração todas as perguntas que a história desse homem levanta, você termina com uma investigação sobre o que acreditamos, o que queremos acreditar e como os outros tentarão controlar o que acreditamos para o benefício deles. Essa história diz mais sobre nós do que jamais revelará sobre o falecido no centro dela. Contudo, há respostas. Existem verdades a serem encontradas dentro do redemoinho misterioso e bizarro.
Seria esse homem o que ele dizia ser: um super espião humano-alienígena-híbrido, que precisava de um arsenal de 1.200 armas, e vários veículos de assalto para proteger o mundo de uma invasão extraterrestre? Ou ele era apenas mais uma pessoa obsessiva por armas, um norte-americano excêntrico, que escrevia para sites obscuros, que se envolveu com advogados e abusou do amor das pessoas pelo mistério e pelo desejo de se sentir importante, enquanto ele espalhava o medo de forma sedutora, um sociopata que enriqueceu sua vida usando seus muitos poderes humanos de manipulação?
Uma mulher que o conhecia disse que ele era uma coisa ou outra. Não existia terceira via.
Seus vizinhos o chamavam de 'Skinny Bob', mas quando ele nasceu, em 3 de dezembro de 1954, seus pais o chamaram de Jeffrey Alan Lash.
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Existe um homem que poderia me ajudar a fazer sentido toda essa estranha história: George Noory. Ele é o responsável pelo "Coast to Coast", um programa de rádio AM, que foca no paranormal, o extraterrestre, e coisas estranhas. Aposto que ele já tinha ouvido uma história como essa antes.
Quando liguei para o Noory, ele foi amigável, sincero e cooperativo. Ele também foi rápido para dizer, 'Que história bizarra você está se envolvendo'. Ele me disse que nunca tinha ouvido falar de uma história como aquela antes. Nunca. Perguntei para ele o que as pessoas que ligavam para o programa achavam. Qual era a reação deles? Ele me disse que, assim como ele, eles estavam pasmos.
George Noory, do "Coast to Coast", um programa de rádio AM, que foca no paranormal, o extraterrestre, e coisas estranhas |
Noory disse que ainda não. Encontrei uma teoria em um fórum online. O pai do Lash era um microbiologista, que fundou seu próprio laboratório e o dirigiu ao longo de 30 anos. Porém, quando o pequeno Jeffrey nasceu, seu pai estava trabalhando com um cirurgião de mudança de sexo chamado Dr. Elmer Belt. Para algumas pessoas na internet, essa associação com o Dr. Belt só dava ainda mais credibilidade a teoria que o falecido era realmente um híbrido humano-alienígena. Um híbrido criado aqui na Terra pelo pioneiro da mudança de sexo, chefe do seu pai. Intenso, não?
Tudo isso é novidade para Noory. Ele contou como os microbiologistas acabavam morrendo. Muitas vezes, em circunstâncias suspeitas. Ele me disse que se eu fosse no Google, encontraria muita discussão sobre isso. Ele e seus ouvintes tinham especulado se as mortes de microbiologistas tinham como objetivo reduzir nossas chances de criar um antídoto. Porém, para quê serviria um antídoto? Eles não tinham certeza.
Noory também mencionou que médicos especializados em medicina natural estavam morrendo de forma suspeita, sendo que eles estavam relatando sobre essa história nas últimas três semanas. Ele me disse: 'Alguns deles morreram depois que os federais invadiram seus escritórios, isso é muito estranho'.
Uma coisa é certa: muitas pessoas morrem ou desaparecem, e suas mortes deixam perplexas as pessoas próximas. A ideia de que o governo ou forças secretas podem ser as responsáveis torna-se uma possibilidade legítima para eles. Para alguns, é quase reconfortante acreditar que um ente querido morreu por uma causa maior, devido as forças do mal.
Noory disse: 'Eis o que acho da história do Lash: é absolutamente bizarro. O fato de ele ter munições e um monte de dinheiro guardado por aí, como alguém acumula tudo isso?'
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A cidade de Oxnard fica a aproximadamente 45 minutos ao norte de Los Angeles. Uma vez que você avista as montanhas de Santa Mônica, bem lá em cima, no topo do vale, a terra abaixo parece algo que um estudante de arte pintou, uma paisagem idealizada, uma miscelânea de terras agrícolas como se fosse um colcha de retalhos. A descida até Camarillo é tão íngreme que parece surreal. Abaixo, na parte inferior da montanha, se você vira a esquerda em direção a costa, Oxnard aguarda por você.
Quando localizei a casa dos VadBunkers, parecia tão suburbano que me parecia algo que já conhecia, unicamente na cidade no norte da Califórnia onde eu cresci. Parecia familiar. A família estava no quintal, apreciando o começo da tarde. Me senti mal em interrompê-los. Porém, tive que bater.
Um homem de meia idade atendeu à porta, e eu o saúdo com: 'Você deve ser o David'.
Tento ser o mais amigável possível, e o tranquilizo, 'Sou um jornalista fazendo uma matéria sobre Jeffrey Lash. Gostaria apenas de fazer algumas perguntas'. Dou meu cartão e peço que ele diga a Laura, que eu gostaria de entrevistá-la. Ele inspecionou o cartão e disse que talvez ela ligasse mais tarde.
Ficar parado na frente da casa da família VadBunker me fez relutante em acreditar na maioria das teorias da conspiração que cercam o caso. As pessoas na internet estava dizendo tanta coisa sobre tão pouco. Existe pouquíssima fundamentação nas teorias. Assim como um emaranhado de fios de açúcar, se tocar neles, eles se desintegram. No entanto, muitas vezes a pesquisa vale a pena.
Por um momento eu gostaria que alguns deles pudessem estar onde estou parado, vendo o que estou vendo e imediatamente entender o quão diferente um homem parece em sua porta, do que ele aparenta ser na internet, congelado em uma foto no Facebook.
Um dia depois, Laura VadBunker me ligou. Ela queria saber o que eu queria saber da parte dela. Digo que estou curioso sobre Dawn Marie, e queria ouvir a visão de uma mãe a respeito de sua filha. Ela confessa que tinha adotado Dawn Marie no início do ano. Confesso que eu já sabia disso, e achava tudo fascinante. Laura VadBunker ficou um pouco irritada, e disse que quisesse falar com ela, bem, aquele era o momento.
Foto de Dawn Marie VadBunker divulgada pela imprensa norte-americana |
Entretanto, ao contrário de todas as outras vezes em sua vida, desta vez quando Dawn Marie tropeçou, os VadBunkers estavam lá para apoiá-la. Eles sabiam que ela tinha tido uma infância difícil, marcada por abusos, e que Dawn Marie não tinha mais contato com sua mãe biológica. Então, ela se deparou com a família VadBunker. E mesmo após o casamento com o filho deles ter sido desfeito, após conhecer Dawn Marie por sete anos, em 27 de março de 2015, os VadBunkers tornaram o sentimento deles por ela oficial, e adotaram Dawn Marie, uma mãe solteira de 39 anos de idade. Ela agora era a irmã legítima do seu ex-marido.
Pouco tempo depois que ele foi adotada, ela começou a ajudar a cuidar de Jeffrey Alan Lash. Os VadBunkers notaram como a nova filha deles havia mudado. Tudo começou com seu novo emprego. E o tempo que ela passou com o homem que ela chamava de Bob.
Laura contou que Dawn Marie começou trabalhando para Catherine Nebron-Gorin como sua assistente pessoal. Ela precisava de ajuda para tomar conta de suas propriedades. Não era nada muito massante ou que estivesse sendo lucrativo, mas Nebron-Gorin precisava de alguém para ajudá-la. Laura disse que ainda tinha caixas de contratos e outras papeladas das propriedades de Nebron-Gorin, que Dawn Marie trouxe para casa e deixou por lá.
Durante os primeiros anos que trabalhou para ela, Dawn Marie nunca conheceu Nebron-Gorin ou seu noivo misterioso. Isso parecia estranho, então pedi para que ela esclarecesse esse ponto. Ela disse que não podia explicar isso de modo que fizesse sentido, chamando a atenção para a aura de segredos que cercava Nebron-Gorin e Lash. Eventualmente, Dawn Marie começou a se encontrar com Nebron-Gorin em cafeterias para conferirem a papelada. Conforme Laura lembra, há cerca de seis meses, Dawn Marie foi finalmente trazida para o verdadeiro círculo de confiança. Ela conheceu Bob, também conhecido por Jeffrey Alan Lash.
Laura contou que Dawn Marie começou trabalhando para Catherine Nebron-Gorin como sua assistente pessoal. Ela precisava de ajuda para tomar conta de suas propriedades |
Dawn Marie se gabou com Laura sobre o quanto ela era importante na vida de Bob, dizendo a sua mãe: 'Eu estou curando ele. Estou ajudando a salvar o mundo'. Ela também contou a sua família adotiva sobre histórias estranhas sobre seu novo chefe secreto. Laura não sabia o que fazer a respeito disso. De qualquer forma, não demorou muito tempo até que ela conhecesse Bob pessoalmente.
Laura foi chamada para realizar uma sessão de cura 'Reiki' em Bob. Era uma quinta-feira. Sentou-se em um utilitário junto com ele, leu sua energia e tentou fornecer a cura que podia. Laura me disse: 'Ele era o homem mais doente vivo que eu já vi'.
Estava claro para ela que Bob estava morrendo 'e não havia nada que pudéssemos fazer sobre isso'. Ele mal conseguia se mover. Ele teve que ser ajudado para entrar e sair do veículo onde ela realizou a cura Reiki. Bob pediu que ela voltasse e realizasse uma segunda sessão. Essas foram as duas únicas vezes que ela teria se encontrado com o noivo da chefe de Dawn Marie.
Pergunto a Laura como o Bob era. Ela pensa por um momento. 'Ele era extremamente brilhante. Ele contava histórias e, em seguida, dizia se você tinha passado no teste dele. E eu não sabia que estava sendo testada. Achava ele muito charmoso'.
Tenho que perguntar, 'Você conheceu Bob. Você leu a energia dele. Você acha que ele era metade alienígena?'
'Pensei sobre isso por um bom tempo. Ou ele acreditava nisso 100%, ou ele era 100% sociopata. Era um ou outro. Não existia terceira via', disse Laura sem medo de errar.
'Dawn Marie acreditava que Bob, também conhecido como Jeffrey Lash, era um legítimo alienígena híbrido?', perguntei, tentando entender o que cada mulher acreditava.
'Um dia ela chegou em casa muito emotiva e chorando'. Ela disse: 'Há um Deus, há um Deus, há um Deus'. Eu disse, 'Certo... o que está acontecendo?' E ela disse 'Vi o Bob, e realmente, ele tem olhos amarelos. Ele tem tipo o corpo de um réptil'. Então eu disse, 'Como isso aconteceu?' E ela me disse: 'Eu o vi assim no utilitário'. E eu meio que 'Certo...' Então comecei a ser muito cautelosa com ela, mentalmente e emocionalmente dizendo. Vi grandes mudanças em seis semanas, que eu não conseguia explicar. Ela era dedicada a Catherine e Bob. 'Foi como se ela tivesse desistido de sua vida inteira para fazer isso', disse Laura.
No início de nossa conversa, Laura expressou seu estado de choque em como duas mulheres inteligentes pudessem ser atraídas e acreditar em um homem que lhes dizia que era um híbrido metade alienígena trabalhando para salvar o mundo. Devo admitir que também achava difícil de acreditar. Mas vamos ser sinceros. Aparentemente, Jeff Lash tinha lábia. A maioria dos caras não conseguiria fazer com que as mulheres embarcassem naquela viagem alienígena. Contudo, Lash conseguiu.
Quando eu pergunto a Laura se ela acreditava que Bob era ou não um alienígena, Laura hesita. Ela diria que não. Não parecia real, mas não descartava a hipótese. Sua resposta nasce de uma mistura estranha de ceticismo e crença. 'Nosso governo diz que não existe Área 51. Nosso governo disse que não existem OVNIs. Nosso governo diz que nunca resgastamos alienígenas. Bem, todos nós sabemos que se você pesquisar sobre isso, vai ver que é 100% mentira. Por qual razão, aparentemente, nós, como seres humanos, não podemos aceitar a verdade de que não somos os únicos aqui', disse Laura.
Laura alega que um homem apareceu e disse que ele trabalhava com Jeffrey Alan Lash na Agência de Inteligência de Defesa (DIA). Laura disse que Lash 'dizia para Dawn que ele era meio alienígena, meio homem. Ele era um híbrido. Ele era um agente da alta segurança de uma agência governamental que não conhecíamos. E a única coisa que eu posso pensar que seria maior do que a CIA, é o DIA. Houve também um homem que nos enviou uma foto, e disse que Bob trabalhou para o DIA em 1996'.
'Sim. Sob um nome diferente. Não era Jeffrey Lash', disse Laura. 'O homem era de uma outra agência que lidava com extraterrestres e coisas assim. Pelo que sei, devido as conversas com Bob, era que ele estava trabalhando com alienígenas. Porém, você não encontra essas informações na internet sobre Bob ou Catherine, apenas o que parentes dizem. Isso parece bem estranho pra mim', completou.
Pergunto a Laura sobre esse homem do DIA, mas ela não tinha nenhuma maneira pela qual eu pudesse verificar sobre esse cara ou sobre a história que Bob teria trabalhado para o DIA.
Mais tarde, depois de falar com Laura, liguei para o DIA para confirmar se Lash já tinha trabalhada para a agência. Como vocês podem imaginar, a mulher do RH com quem falei disse alegremente: 'Sinto muito, não podemos responder a sua pergunta'.
Claro, não é nenhuma surpresa que uma das agências de inteligência mais secretas dos Estados Unidos não confirmariam ou negariam a existência de um possível agente, mesmo estando morto.
A outra racionalização que Laura usava para legitimar a ideia de que Lash era um híbrido alienígena, era o fato de que sua filha ainda estava desaparecida. Laura disse que sua filha adotiva estava se escondendo de alguma coisa. Ela achava que ela estava com medo. Laura disse que ela ainda recebia os extratos bancários de Dawn Marie, e que ela não tinha gastado um dólar sequer desde o dia que desapareceu. Laura pergunta: Quem está bancando a alimentação dela? Quem está oferecendo abrigo para ela? Ela pode ser sua filha adotiva, mas uma mãe é sempre uma mãe.
'No que diz respeito à minha filha estar desaparecida, não acredito que ela esteja realmente abandonada. Acredito que ela está sendo muito bem cuidada, porque caso contrário ela estaria aqui. Ela está tendo apoio de alguma forma. E ela estiver escondendo? Seria do governo? A Catherine estaria bancando isso? Tenho um milhão de perguntas', disse Laura.
Misturada com a sua confusão, Laura sentia-se traída pela capacidade de Dawn Marie em descartá-la de sua vida tão facilmente depois de tudo que ela e a família VadBunker fizeram pela filha adotiva. No entanto, Laura estava preocupada com a segurança de Dawn Marie. Para encontrar um lugar que suas emoções fizessem algum sentido, Laura deixava um espaço aberto para a dúvida: talvez o chefe de sua filha fosse realmente um híbrido alienígena trabalhando com o governo. Caso contrário, por qual razão minha filha não voltaria para casa? Dawn Marie deve estar se escondendo de alguma coisa ou de alguém.
Laura, até aquele momento, não tinha ouvido mais falar dela.
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Existia outra possibilidade, é claro. A chefe de Dawn Marie poderia estar cuidando dela. Nebron-Gorin poderia estar a protegendo e bancando sua alimentação. Tanto quanto sabemos, Nebron-Gorin tem condições para sustentar a si mesma e outra pessoa. Seu advogado, Harland Braun, disse recentemente à imprensa: 'Nebron-Gorin ainda acredita, que seu falecido noivo estava trabalhando para a CIA'. Talvez Nebron-Gorin se sentisse culpada por arrastar sua assistente pessoal para esse inferno de super espiões e agentes secretos, de operações secretas, se escondendo em meio a escuridão, e ela estivesse pagando para esconder a pobre menina enquanto ela mesma tentava se afastar disso tudo. Talvez a carta escrita à mão que Dawn Marie enviou a sua mãe adotiva fosse autêntica. Talvez ela estivesse "com pessoas de mentalidade semelhante em um lugar onde pudesse se curar."
Tudo o que sabemos com certeza é que Nebron-Gorin estava de volta a Los Angeles. Ela estava trabalhando com seu advogado, Braun, para fazer algum sentido ao caos que ela chamava de sua vida. Sua casa era uma cena de crime que tinha sofrido US$ 300.000 em prejuízos devido a reformas mal feitas, assim como paredes e portas erguidas por Lash para garantir que ele se sentisse seguro em sua casa. Agora, seu noivo está morto. Sua assistente pessoal estava desaparecida ou escondida. E Nebron-Gorin estava no centro de um dos casos mais estranhos que aconteceram em Los Angeles desde Charles Manson.
O Departamento de Polícia de Los Angeles agiu rápido em determinar que não havia sido assassinato. Todas as evidências estavam sugerindo isso. Assim sendo, pelo menos Nebron-Gorin não era suspeita de homicídio.
Os detetives espalhados pela internet especularam se Nebron-Gorin e Lash eram parceiros de espionagem. Talvez ela fosse o seu contato. Outros achavam que ela era a fachada dele, uma vez que ele seria um agente de controle da mente. Ele poderia ter sido um futuro assassino presidencial, diziam. Todo mundo nos fóruns trabalhvam tanto com tão pouca informação, que muitas vezes soava como se alguém tentasse descrever a década de 70 em um único episódio de 'The Brady Bunch'
Algo que continuo me perguntando sobre isso é bem simples: Por que ele precisava ou queria tantas armas? Como um sujeito poderia comprar tantas armas malucas e não chamar a atenção do FBI ou da ATF? Como diabos um homem construiu um enorme arsenal em uma casa sem que ninguém notasse?
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Quando liguei para a ATF, a mulher com quem falei disse que a ATF responderia a todas as perguntas que pudessem responder, mas que era preciso entender que havia uma investigação em andamento por parte do Departamento de Polícia de Los Angeles, e que a agência talvez não fosse capaz de responder a todas as perguntas. Marquei um horário, e fui até o escritório da ATF, na cidade de Glendale.
Esperando no lobby, fiquei surpreso por todos serem casuais. Você meio que espera que o ATF seja como um centro de comando semi-militarizado, assim como nos filmes. Porém, como tudo neste caso, nada é aquilo que você espera.
A agente especial Meredith Davis sai do elevador e imediatamente percebo que estou encrencado. Ela é atraente. Nossa Burnett, você é jornalista. Você não pode deixar o governo distraí-lo ao jogar uma agente atordoante na sua frente para responder as suas perguntas.
Ela sorri, se apresenta, e não consigo ouvir nada além do que a luz do Sol em seu sotaque sulista. Se eu tivesse que adivinhar, diria que ela é texana. Atrás de seu sorriso amplo e amigável, vejo seus olhos me avaliarem. Acima de tudo, essa agente especial é totalmente profissional. Fico me questionando quantas das minhas perguntas ela vai responder.
A agente especial Meredith Davis |
Uma vez que não estou familiarizado com a complexidade das leis federais sobre armas, Davis generosamente se ofereceu para explicar como funciona o licenciamento e o registro de armas nos Estados Unidos. Espero que ela também me diga se, e de que forma a ATF poderia estar envolvida no mistério sobre Lash.
Assim que chegamos no assunto relacionado ao armamento de Lash, comecei com uma simples questão de jurisdição, 'Por que esse é um caso do Departamento da Polícia de Los Angeles e não do FBI?'
'Por que você acha que seria do FBI e não da Polícia de Los Angeles? Do meu ponto de vista, eu não vejo o porquê seria do FBI', Davis se esquiva com facilidade da minha pergunta.
'Você está certa, não há crime específico. Há apenas um cadáver. Contudo, havia a busca por uma mulher desaparecida de Oxnard que chamou a atenção nacional para o caso. Claro, ela foi encontrada sem quaisquer ferimentos, portanto também não havia nenhum crime. Porém, o que você pensa a respeito de uma pessoa tão bem armada assim? Talvez ele fosse um dos principais distribuidores da Costa Oeste para atiradores amadores, sobrevivencialistas, e extremistas paranóicos. Isso também é coisa de Hollywood?', perguntei.
'Não vejo nenhum crime federal. Quem seria o acusado nesse caso?', disse Davis, se recusando a aceitar qualquer especulação inútil sem provas. Ela adere à realidade de provas concretas dizendo: 'Não há necessidade de maiores investigações sobre algo legalmente obtido'.
Se você está se questionando como pode ser legal um homem comprar, registrar e armazenar um arsenal de 1.200 armas em uma residência de Los Angeles, você está prestes a aprender que não é tão difícil assim.
Exemplo de FFL |
Na Califórnia, onde Lash presumivelmente comprou suas armas, todas as compras de armas de fogo exigem uma FFL (Federal Firearms License). Isso inclui vendas particulares. Se um pai morrer e deixar uma arma de fogo de herança para o filho, tal transação precisa de uma FFL. Se você tiver algum impedimento, você não pode tomar posse da arma. Há nove razões que desqualificam uma pessoa para obter uma licença de arma. Elas incluem razões como: ser um criminoso, ser um estrangeiro ilegal (sem piadas, por favor) ou se a pessoa for uma fugitiva da justiça, ter uma condenação por agressão doméstica ou estiver sujeita a uma ordem de restrição doméstica.
'Assim sendo, de acordo a lei federal e estadual, Jeffrey Alan Lash comprou e licenciou suas armas legitimamente. Pode-se pensar que tantas armas registradas com o mesmo nome, ou uma pessoa constantemente comprando tantas armas, particularmente rifles de longa distância, possa chamar a atenção de uma ou mais das agências estaduais e federais que verificam os donos de armas e os respectivos registros. Porém, Lash nunca gerou uma visita do FBI ou da ATF. Por quê? Como alguém como Lash fica fora do radar de todos? Que tipo de registro nacional de armas que a ATF possui e monitora?'
A resposta de Davis é bem direta. 'Não há registro desse tipo. Não é permitido pela lei federal que mantenhamos qualquer tipo de registro eletrônico de armas de fogo ou histórico delas'
'Então, vocês podem manter um registro em papel, mas não podem manter nenhum registro eletrônico? Isso não prejudica a verificação do FBI?', perguntei
Ela acena com a cabeça, pacientemente. 'Sim, Cumprimos nossas obrigações dentro dos limites da Constituição dos Estados Unidos'.
'Então, como a ATF rastreia armas e os compradores de armas', pergunto sem saber se queria ouvir mesmo a resposta. Davis respira. Seus olhos brilham como se estivesse esperando por esse momomento para ajudar a ATF ser melhor compreendida por um leigo como eu.
'A lei federal exige que os fabricantes e importadores coloquem o nome do fabricante, o número de série, o modelo, o calibre, a cidade e o estado do fabricante ou do importador em cada arma que fabricam. Além disso, o país de origem, caso seja importada. Uma vez que os fabricantes são obrigados a colocar essas informaçãos, podemos fazer um rastreamento. Nesse caso, estamos falando sobre o Sr. Lash, mas isso pode ser aplicado a qualquer pessoa, e qualquer arma que você encontrar na rua. Você a pega. Você vê que tem o nome Colt do lado dela. Você liga para a Colt e diz: 'Olha, aqui está o número de série. E eles dizem a quem venderam ou a quem a enviaram'. Assim sendo, entramos em contato com a loja de armas. E a loja de armas identifica quem foi o último comprador legal. Em um mundo perfeito, essa pessoa está com a posse da arma de fogo. Na Califórnia, se foi vendida novamente, então precisa de um outro formulário, o 4473, ainda que fosse uma venda particular. Se fosse no Texas, você não seria obrigado a preencher nenhuma papelada em relação a uma venda particular. Você poderia ficar parado em uma esquina com uma AK-47 na mão para vender', disse Davis.
'Calma, espera um pouco. No Texas, ao lado da banquinha de limonada de uma garotinha, uma cara poderia ter uma banquinha para vender suas armas no jardim de casa?', questionei.
'Sim!', ela disse. Nós dois rimos, embora não fosse tão engraçado se você parar bem para pensar.
um programa chamado E-trace', disse Davis.
Davis e a ATF são fãs programa estadual chamado de 'E-trace', porque a lei federal proíbe um banco de dados nacional. Se um estado opta pelo registro, o estado precisa armazenar seus próprios registros e pode torná-los disponíveis para agências federais, assim como a ATF. O programa E-trace permite um processamento mais rápido do que a triagem através de registros em papel.
'Você acha que se todas as armas dele tivessem sido compradas na Califórnia, todas as permissões e licenças exigidas levantariam alguma suspeita - alguém notaria o mesmo nome aparecendo, uma vez após outra, mês após mês, conforme ele fosse criando seu arsenal. Porém, ninguém notou nada sobre Jeffrey Alan Lash', comentei não formulando exatamente uma pergunta.
Davis explicou. 'Você pode comprar tantas armas quanto quiser. Não há nenhuma lei federal sobre quantas armas você pode comprar ao mesmo tempo, e não há nenhuma lei federal sobre quantas armas você pode ter em sua casa, escritório ou no seu barco. Simplesmente não existe. Agora, os estados podem regular isso'
'Se fosse no Texas, você não seria obrigado a preencher nenhuma papelada em relação a uma venda particular. Você poderia ficar parado em uma esquina com uma AK-47 na mão para vender', disse Davis. |
'Nós monitoramos o que chamamos de vendas múltiplas. Se uma pessoa compra duas ou mais pistolas - uma pistola ou um revólver - dentro de um período de cinco dias úteis consecutivos, um formulário de vendas múltiplas precisa ser preenchido. Descobrimos que a preponderância da evidência é que as pessoas que compram mais de uma arma ao mesmo tempo podem estar envolvidas em algum tipo de atividade ilegal que precisa ser monitorada', disse Davis.
Esse 'acompanhamento de vendas múltiplas' parece ser destinado a gangues de rua.
Contudo, se alguém como Lash for paciente e comprar uma arma por semana, ninguém jamais precisaria preencher esse formulário. Se alguém for esperto o suficiente para evitar os registros de múltiplas compras, e não tiver nenhuma pendência com o FBI, por não atender a nenhuma das nove razões para desqualificá-lo, um cidadão norte-americano pode armazenar armas pela eternidade, ou pelo menos, assim como Lash fez, até o dia que ele morreu.
'Tudo isso relacionado a armas de fogo é um comércio legal. É uma mercadoria, assim como leite', disse Davis.
'E a munição? E se alguém comprar grandes quantidades de munição?', pergunto.
'Munições não são algo que possuem números de séries gravadas, assim como as armas de fogo. Se um lojista sentir que alguém está comprando por razões nefastas, eles costumam ligar', respondeu Davis.
'Os vendedores de armas de fogo têm uma linha direta com o FBI?', pergunto.
'Existe uma linha direta com a ATF', respondeu Davis.
'Munições não são algo que possuem números de séries gravadas, assim como as armas de fogo. Se um lojista sentir que alguém está comprando por razões nefastas, eles costumam ligar', respondeu Davis. |
'Não. O emprego não é um impedimento em uma compra de armas', respondeu Davis.
'Mas se fossem ex-militares - constaria no registro de alguém comprando armas, certo?', perguntei.
'Uma dispensa desonrosa é um impedimento para a compra de armas de fogo', respondeu Davis.
'Então, não temos ideia de quantos ex-agentes do FBI têm armas, não temos ideia de quantos ex-agentes da CIA têm estoques de armas? Não há como saber caso um ex-oficial de polícia seja demitido e resolva começar uma farra de compra de armas?', perguntei.
'Não, não temos nenhum tipo de banco de dados como esse', respondeu Davis. Obviamente, esse cara não era um terrorista, talvez ele fosse apenas um amante de armas.
'Essa não é a primeira pessoa que me deparo com muitas armas. O número não é surpreendente para mim', comentou Davis.
'Onde isso começaria a ficar espantoso? Cerca de 10.000 armas seria espantoso?', perguntei.
'Sim, isso são muitas armas', Davis riu. É bom saber que há um número obsceno de armas que uma pessoa pode possuir.
'Para um indivíduo rico que coleciona armas de fogo é normal ter uma coleção de até 2.000 armas - já vi isso diversas vezes. Agora, são colecionadores bem ricos. Eles não têm um iate. Algumas pessoas escolhem ter um iate. Algumas pessoas escolhem comprar um cavalo de corrida ou um jatinho. Eles optam por comprar armas de fogo únicas e personalizadas. Isso não é inerentemente ilegal. Está previsto na Constituição', disse Davis.
Tenho que concordar com Davis, 'Verdade. Tecnicamente, as armas não são mais perigosas do que a água. Você pode matar uma pessoa com dois galões de água'
'Claro', ela riu novamente, algo que me surpreende. Normalmente, qualquer menção casual de como você pode matar uma pessoa com água tende a fazer com que as demais pessoas se sintam desconfortáveis. Porém, ela não é como a maioria das pessoas. Se você julgar Davis por seu cabelo loiro e seu sorriso, ela não olha para mim como alguém que pudesse estocar e comercializar armas. E é assim que as aparências enganam você. A agente especial Meredith Davis tem uma vitalidade formidável. Ela é como um girassol de aço.
Ela finaliza explicando-me que Lash não estava no radar de ninguém. 'Quando as pessoas vêem o número de armas, é impressionante. Mas não é como se fosse 1.200 quilos de maconha ou cocaína - algo que é proibido ou algo que é inerentemente ilegal. As armas são coisas que sempre fizeram parte de nossa cultura. Não é uma mercadoria ilegal. É exatamente o que ele escolheu para gastar seu dinheiro', disse Davis.
Esta lógica surge muitas vezes ao tentar explicar quem era Jeffrey Alan Lash.
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Como Lash conseguiu obter todas aquelas armas de fogo?
Algumas dessas perguntas podem ser respondidas pelo advogado de Lash, Bob Rentzer. O advogado de Los Angeles trabalhou em alguns casos de pessoas famosas em sua carreira, como o caso de Rodney King, e agora que ele parece estar se aproximando da aposentadoria, dando uma volta da vitória.
Nos últimos 15 anos, Rentzer se considerou o advogado de plantão da Lash, apesar de não ter visto nem ouvido falar de seu cliente em aproximadamente uma década.
Para vocês terem uma ideia, 15 anos atrás, Jeffrey Alan Lash sofreu um roubo, e uma grande quantidade de armas foi roubada dele. Ele prestou queixa na polícia. E ele apresentou uma papelada alegando que suas armas tinham seguro. Davis recebeu o dinheiro do seguro. Então, após o roubo, suas armas foram encontradas nos arredores de Los Angeles pelo Departamento de Polícia de Los Angeles, e acabaram sendo devolvidas para ele.
Entretanto, depois que a companhia de seguros descobiu que Lash estava na posse de algumas armas, que ele alegou anteriormente terem sido roubadas, a empresa apresentou acusações de fraude contra Lash. Todas as suas armas foram confiscadas e apreendidas pelo tribunal como prova no caso. Com sua ajuda legal, Rentzer conseguiu que os tribunais do condado devolvessem as armas roubadas de Lash para ele. A lembrança de perder suas armas, duas vezes - primeiro através de roubo, e em segundo lugar nos tribunais - permaneceria com Lash, e o motivaria no futuro.
Esse caso não tem nada a ver com a sua morte. É apenas uma prova de que o Departamento de Polícia de Los Angeles estava ciente de que Jeffrey Alan Lash era um cidadão muito bem armado.
Robert Rentzer, ex-advogado de Jeffrey Lash |
'Quando fomos até a Estação de Lost Hills para recuperamos o que acreditava ser algumas centenas de armas naquela época, eles, na verdade, estavam enchendo um caminhão quando chegamos. Não havia somente o pessoal do Xerife, mas pessoas estavam sendo levadas sob custódia. Eles estavam manuseando as armas. Tudo aquilo explodiu na minha mente. Porém, todas as armas foram embrulhadas e depois lacradas. Elas nunca tinham sido usadas. Nunca tinham sido limpas, eram itens totalmente de colecionador. Ele ficou bem chateado, porque ele viu que tinham desempacotado uma delas, e disse que, 'na visão dele, aquilo tinha destruído a condição primitiva e original da arma', disse Rentzer.
Então, Lash era um daqueles garotos que preferiam deixar seus brinquedos em suas caixas, com o objetivo de protegê-los - é aqui que seu psicológico se torna complicado. Não especularemos a razão pela qual Lash queria que suas armas fossem intocadas, sem a mácula das mãos de prisioneiros estaduais. Porém, certamente isso mostra sua necessidade e seu profundo desejo por um certo nível de controle.
Ele me perguntou, 'Não quero que o Departamento de Polícia de Los Angeles venha e tire minhas armas de novo... O que eu faço? Quero ser discreto'. Eu disse a ele, 'Consiga um depósito e não diga a ninguém onde elas estão, incluindo a mim. Não quero saber onde elas estão'
Parece que Lash fez exatamente isso. O advogado de Nebron-Gorin, Braun, especulou que Lash podia ter pago antecipadamente o aluguel por dez anos em diversos depósitos que estavam repletos de armas, veículos de assalto e possivelmente materiais para construir explosivos, sendo que esses depósitos estariam por toda Los Angeles. Ninguém sabe onde eles estão. Nem mesmo o advogado de Lash.
Se o retrato feito por Rentzer a respeito de Lash como um colecionador de armas legalizadas fosse preciso, ainda restavam algumas perguntas: Seria Lash um agente secreto? Além disso, se alguém realmente soubesse que Lash era um humano híbrido esquisitão, você logo pensaria que essa pessoa seria seu advogado. Perguntei ao Rentzer sobre a humanidade de seu cliente.
'Como que Lash gostava de lidar com os assuntos, pessoalmente falando? Ele era um cliente agradável? Ele era um cliente exigente?'
'Ele era muito, muito legal comigo. Ele não exigia nada. Muito amigável. Na verdade, ele esteve na minha casa diversas vezes. Ele era sempre bem-vindo em casa. Digo-lhe que tínhamos uma relação advogado-cliente, mas também tivemos um relacionamento muito cordial e amigável. Gostávamos de sair para jantar juntos. Eu era amigo do pai dele - foi assim que conheci Jeff.
'O pai dele o recomendou como advogado?', perguntei.
'Sim, quando ele teve o problema em relação as armas, seu pai disse que ele deveria entrar em contato comigo', respondeu Rentzer.
'Seria seu pai o responsável para que ele tivesse tantas armas? Não fui capaz de encontrar qualquer registro de Lash, no qual ele tivesse um emprego fixo nas últimas três décadas. E não consigo imaginar como um homem desempregado poderia se dar ao luxo de comprar tantas armas de fogo', perguntei.
Parecia que o advogado de Lash estava bem mais antenado nas notícias, do que tentar se lembrar do passado. Eu tentei uma nova linha de abordagem: 'Lash nunca lhe disse como ele estava pagando pelas armas? Ele não precisava fornecer recibos para recuperar suas armas? Ele não mencionava no que trabalhava?'
'Não tinha ideia de como ele estava ganhando seu dinheiro. Ele nunca parecia ter um emprego. Até mesmo porque, ele sempre estava livre em todos os momentos durante o dia. Nunca foi como 'Vejo você depois do trabalho.' Acho que ele nunca usou a palavra trabalho em qualquer uma de nossas conversas', disse Rentzer.
'Ele alguma vez lhe disse que ele era um ex-agente secreto do governo?'
Rentzer ri com desdenho. 'Não. E se ele fosse... ele teria me contado. Isso é ridículo, filho. Eles nunca iriam apresentar acusações criminais sobre ele em qualquer um de seus casos, se ele fosse mesmo um agente do governo. Eles teriam instaurado um processo disciplinar contra ele quando esse caso foi apresentado criminalmente por fraude de seguros', disse Rentzer.
Esse era um dos primeiros argumentos racionais que eu tinha escutado sobre o porquê Jeffrey Alan Lash não era um agente secreto - ele tinha um registro criminal. Não era muita coisa. Em 2009, Lash foi parado pela polícia em seu veículo na cidade de Culver. Lash foi acusado de transportar uma arma escondida, que é um delito. No entanto, seu caso foi posteriormente arquivado, porque sua arma de fogo e a munição estavam devidamente acondicionadas. Porém, havia um boletim de ocorrência. De acordo com seu advogado de longa data, não haveria um se ele fosse um agente secreto.
'Como você descreveria Jeffrey Alan Lash para que alguém possa entender quem ele era?', perguntei.
Rentzer fez uma pausa, pensou por um momento e disse: 'Um homem brilhante, normal, comum, com um extraordinário interesse em armas'.
'Ele nunca lhe explicou a razão pela qual ele amava tanto as armas?', perguntei.
'Como você explica o amor? Ele amava armas. Você não pode explicar o amor, é um sentimento emocional', disse Rentzer.
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Uma das primeiras pessoas a retratar profundamente Jeffrey Alan Lash foi um repórter da rádio 'KFI', Eric Leonard. Em uma entrevista exclusiva para a KFI-AM, Leonard contou aos ouvintes sobre Lash. O repórter de rádio disse que conversou com Lash em algumas ocasiões. A razão pela qual ele apareceu no programa 'The John and Ken Show', um programa de notícias, era para acabar com alguns dos rumores mais ultrajantes sobre o mistério envolvendo Lash, assim como dizer quem ele era.
O repórter da rádio 'KFI', Eric Leonard |
'Parte do meu trabalho é conhecer muitas pessoas incomuns', disse Leonard. 'E nessas viagens, acabei cruzando com esse cara'. Em seguida, ele conta tudo que ele conhecia sobre Jeffrey Alan Lash.
'Lash era uma figura muito, muito interessante. Quando eu o encontrei pela primeira vez, cerca de 15 anos atrás, ele era uma pessoa muito rica, que era extremamente reservada sobre tudo em sua vida pessoal. Ele não queria que as pessoas que ele conhecia sequer soubessem seu nome. Ele era claramente paranóico. E essa paranóia piorou ao longo dos anos. Ele acreditava que se tornaria o alvo de forças malignas externas, que queriam pegar suas coisas, roubar seu dinheiro, pegar sua coleção de armas...'É assim que Eric Leonard descreve o mesmo homem que o advogado Bob Rentzer chamava de 'um homem brilhante, normal, comum, com um extraordinário interesse em armas'. Ambos os homens conheceram Lash quase na mesma época. No entanto, ao contrário Rentzer, o repórter de rádio Leonard afirma ter tido notícias de Lash ao longo dos últimos anos. Ele disse...
'Parece que ele disse a amigos e a outras pessoas que ele tinha ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), mas poderia ter sido outra coisa. Ele sabia, talvez, dois anos atrás, que ele iria sofrer de uma morte horrível, e ele tinha começado a planejar isso. Ele estava vivendo sua vida de uma maneira que todo mundo acharia muito incomum'Talvez Leonard tivesse realmente a confiança de Lash, e ele realmente sabia dos planos do homem, e de como ele queria morrer. Felizmente para os ouvintes, não satisfeitos em especular, Leonard descreveu a visão que tinha de Lash.
Isso é o que você chama de um eufemismo épico. Lash era um homem bem-armado, paranóico, que ficava escondido em uma casa de Los Angeles com um arsenal, que você poderia usar para tomar para si a maioria dos países do Caribe. Se ele fosse um pobre muçulmano, ou um negro de classe média, e a polícia encontrasse todas aquelas armas em sua casa, ele definitivamente não teria sido chamado de 'excêntrico inofensivo', como disse Leonard. No entanto, ele era um cara branco, bem-armado e rico.'Até onde sei, e das poucas interações que eu tive com ele, e certamente em relação as histórias que as pessoas que o conheciam muito melhor do que eu, me disseram, que ele era uma espécie de excêntrico inofensivo. Ele era alguém muito rico, e se ele não tivesse dinheiro e recursos, provavelmente ele teria sido tratado pela sociedade de uma forma muito, muito diferente'
Um dos apresentadores perguntou a Leonard se Lash já tinha tido um emprego, e Leonard explicou da seguinte forma:
'Até onde sei, ele nunca trabalhou um único dia. O dinheiro vinha do pai. Tinha mãe e pai. Ambos falecidos. Ele não tem parentes em nenhum lugar. Sem irmãos, sem irmãs. Ele estava no fim da linha sucessória. Ele era o único herdeiro da riqueza de sua família. Mas ele era extremamente evasivo sobre de onde isso vinha. O melhor que pude deduzir, é que seu pai trabalhava com ciência, e tinha patentes que foram licenciadas, e muitas, muitas, muitas mesmo eram utilizadas em produtos farmacêuticos. E os royalties gerados eram na ordem de milhões. Milhões, milhões e milhões de dólares. Quanto o conheci pela primeira vez ele estava ganhando algo em torno - e isso é apenas um palpite - algo em torno de trinta ou quarenta mil dólares por semana'.Finalmente temos alguns números mais sólidos. As pessoas pareciam convictas de que seu pai era a fonte de sua extrema riqueza. Faça-me um favor e lembre-se desse valor: US$ 30.000 a US$ 40.000. Isso que são US$ 30 mil por semana que Lash estaria recebendo por royalties de patentes de produtos farmacêuticos, que seu pai teria inventado.
Para todos vocês que, assim como eu, não são bons em matemática isso resulta em US$ 1.56 milhão a US$ 2.08 milhões de dólares por ano. Isso certamente pagaria por um arsenal do tamanho do que Lash acumulou. As armas apreendidas, as 1.200 armas, foram estimadas em cerca de US$ 5 milhões.
Agora, será que Lash era um agente secreto do governo?
'Até onde eu sei, é muito improvável'Então, Lash provavelmente não era um agente secreto. Certo. Porém, e os rumores alienígenas que circularam pela primeira vez devido a Laura VadBunker, a mãe de Dawn Marie, a assistente pessoal desaparecida?
'Estou sendo bem claro sobre esse papo de alienígena', disse Leonard, recusando-se a ficar brincando com esse tipo de assunto. Parecia que estavámos praticamente certos sobre quem Jeffrey Alan Lash era, mas o único problema é que Rentzer e Leonard estavam errados.
É verdade que o pai de Lash era um cientista de sucesso. Contudo, ele não era um químico. Ele era um microbiologista. Esses caras muito raramente registram a patente de alguma coisa, certamente nada do que pesquisam valeria milhões e milhões de dólares para uma empresa farmacêutica.
Além disso, não havia registro de patentes em nome de seu pai. E essa não era uma coisa difícil de verificar através do Escritório de Patentes. Se Lash estivesse recebendo esses valores, haveria rastros sobre isso em algum lugar. Haveria algo no registro público, que corroborasse essa renda. Mas não havia nada disso em relação ao Jeffrey Alan Lash ou até mesmo seu pai.
Aliás, seu pai tinha uma namorada. Ela tinha 93 anos, e vivia modestamente. Ela disse que Lash não mantinha contato com a família há pelo menos uma década, e que ela não sabia nada sobre patentes ou milhões em um fundo fiduciário.
Então, ninguém sabia realmente como Lash poderia comprar todas essas armas. E a melhor resposta que tínhamos para o porquê de ele querer ter tantas armas ao seu redor era: ele as amava. Também ninguém parecia preocupado se Lash fazia parte de uma rede do submundo, ou que ele estava trocando armas com outros paranóicos assim como ele. Se seu arsenal era legítimo, as autoridades poderiam se importar menos com suas armas. Isso significava que suas armas ainda eram um beco sem saída. Porém, a verdade ainda estava lá fora.
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Os profissionais do Palisadian-Post foram os primeiros a desvendar essa história. Trabalhando a partir de uma dica recebida pelo sua editora-chefe, o jornal comunitário tinha uma fotógrafa que se aproximou o suficiente para registrar fotos do Departamento de Polícia de Los Angeles retirando as armas da casa, assim como os possíveis explosivos e, é claro, os US$ 230.000 em dinheiro. (O Pali-Post publicou a maioria das fotos de suas armas e o dinheiro encontrados, que foram espalhadas por toda a internet.)
A repórter Alexandria Bordas e a editora-chefe Frances Sharpe foram as pessoas que pesquisaram a história de Lash para publicar no jornal. Bem conhecida na comunidade, Sharpe muitas vezes confiou em sua rede de contatos locais. Neste caso, ela passou essas dicas para sua jovem repórter para que ela seguisse o rastro do que estava acontecendo. Queria ouvir que teorias elas tinham formulado. Enviei um email para a repórter, Bordas, para tentar entrevistá-la. Talvez preocupada que eu estivesse tentando roubar sua grande história, ela convidou sua editora, Sharpe, para se juntar a nós em nosso bate-papo.
O escritório do Palisadian-Post ficava ao lado de uma biblioteca, localizado em um prédio de escritórios, que você se sente mais como se fosse encontrar com seu advogado ou com um cirurgião-dentista.
O escritório do Palisadian-Post ficava ao lado de uma biblioteca, localizado em um prédio de escritórios, que você se sente mais como se fosse encontrar com seu advogado ou com um cirurgião-dentista |
Para quebrar o gelo, todos nós compartilhamos risadas sobre o quão estranha a história era. Quanto mais você sabia sobre a mesma, mais ela ficava estranha. Trocamos teorias, assim como fofocas da cidade. E uma vez que somos jornalistas, rapidamente matamos o melhor divertimento que existia, e concordamos que todos nós acreditávamos que a história humana híbrida alienígena era absolutamente ridícula. Dito isto, era terrivelmente divertido imaginar um médico trabalhando na década de 1950, secretamente misturando o DNA de um alienígena junto com o de um ser humano para criar um bebê e, em seguida, pedir ao seu assistente para assumir essa criatura como seu próprio filho. Esqueça a a MasterCard. Isso não tem preço.
Francis Sharpe, editora-chefe do Palisadian-Post |
Depois de descartarmos a hipótese alienígena, pensamos sobre a ideia de que Lash fosse um agente secreto que lutava para salvar a humanidade. É divertido, mas não havia muita evidência para apoiar tal teoria.
Então, qual era o lance dele?
Elas me disseram que tinham algo novo, que elas precisavam acompanhar de perto. Elas tinham recebido uma dica quente de um local que conhecia Lash e sua noiva Catherine Nebron-Gorin, mas elas não podiam comentar sobre. No entanto, saí com uma nova informação.
Toda noite, uma mulher loira descia de um Mercedes Benz, e parava em frente a casa de Catherine Nebron-Gorin. Assim como com todos os veículos de Lash, seu carro não tinha placas. Ela deixava um saco de lixo verde no degrau da frente. Então, ela se afastava. Ela fazia isso todas as noites. O ritual do saco do lixo verde parecia ser importante. Eu pergunto a elas o que elea achavam que tinha no saco. Deve-se assumir que não era algo terrivelmente pesado que essa mulher loira carregava todas as noites. Imaginamos dinheiro, drogas, todas as coisas óbvias.
Bordas disse que falou com um vizinho, que mencionou o ritual do saco de lixo verde. Eles disseram que também estavam curiosos sobre isso. Porém, eles nunca se aproximaram e abriram um saco. Então, Lash morreu. E os sacos pararam de aparecer. Sharpe saiu do escritório para verificar algo. Bordas e eu continuamos conversando; Nós dois concordamos. A melhor maneira de resolver este caso seria seguir o dinheiro. Parecia ser o único caminho que tinha sobrado.
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Enquanto aguardava que o Departamento de Polícia de Los Angeles divulgasse o resultado de autópsia, procurava por provas de que Lash estava ganhando algum rendimento de seu pai ou de alguém de sua família. Não havia nada. Então eu vejo um e-mail novo de Bordas. Ela mencionou uma pista. Eles iriam publicar no dia seguinte. Ela não podia me dizer tudo, mas o que ela tinha encontrado era realmente grande. Convido-a para jantar para que eu pudesse ouvir as últimas notícias.
Nos encontramos em Westside, em um café sofisticado e aconchegante, que servia pratos saudáveis. Ela pediu um prato de arroz. Eu optei por massas e uma sopa. Foi uma má escolha. Parece bom, mas parecia que eu estava comendo belas fotos rasgadas de um livro de receitas. Encontro a distração bem-vinda no mistério do Lash, no qual praticamente começamos a falar ao mesmo tempo. Deixamos o nosso sabor de papel alimentar para relaxar na brisa da noite.
Bordas me disse que o Pali-Post seguiu o caminho do dinheiro, e ele não levou de volta ao pai de Lash. Ou a uma agência governamental secreta. Ou, como eu esperava, para um grupo extremista de sobrevivência. Em vez disso, o dinheiro levou a outra mulher.
Uma que não era a noiva de Lash, Catherine Nebron-Gorin.
Quando o Pali-Post entrou em contato com essa outra mulher, ela tinha um advogado, assim como todos os envolvidos. De seu advogado, Bordas ouviu um lado totalmente novo da história. Ela e sua editora-chefe, Sharpe, levaram as novas revelações para Harland Braun, advogado de Nebron-Gorin. O Pali-Post pediu para ele fizesse um comentário.
Braun viu os riscos e o possível perigo dessa outra mulher entrar na cena. Porém, isso também ajudava contra os nove primos reunidos apressadamente esperando para colocar as mãos em US$ 5 milhões em armas. Uma vez que ele é um advogado bem experiente de Los Angeles, Braun analisou todos os aspectos e trabalhou na nova revelação, tanto quanto ele podia, para atender da melhor forma possível os interesses da sua cliente.
Braun negociou para que o Pali-Post conseguisse ter um passeio exclusivo pela casa de Nebron-Gorin, onde o falecido tinha vivido. Bordas finalmente veria o interior da casa onde todas as suas armas eram guardadas e veria através do véu de segredos, que cercava a vida de Lash e Nebron-Gorin.
Conforme Bordas me contava sobre as atualizações do caso, pude ver a emoção em seus olhos. É absurdamente encantador e me fez gostar ainda mais dela. Porém, ela não contou as melhores partes. É assim que a coisa funciona. Pergunto a Bordas se a misteriosa loira dos sacos de lixo está envolvida. Ela apenas balançou a cabeça. Admiro seu profissionalismo tanto quanto estou morrendo de vontade de saber o que ela sabe.
No dia seguinte, assim que eu acordo, dirijo até Pacific Palisades e compro um jornal. Vejo que a história de Lash não estava no jornal. Droga. Conforme voltava para casa, recebo um e-mail de Bordas, marcado como: 'Breaking News'
Eu encosto o carro para poder lê-lo. Era a história. Toda a história. Ela tinha conseguido.
Alexandria Bordas e o Pali-Post desvendaram o mistério impenetrável de Jeffrey Alan Lash.
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A outra mulher era a chave de tudo.
Jeffrey Alan Lash não tinha apenas uma outra mulher, mas algumas outras mulheres em sua vida. E elas, não ele, eram que pagavam por todas as suas armas, sua munição, seus veículos de assalto, tudo isso.
Ele não tinha apenas sua noiva Nebron-Gorin bancando sua vida e cuidando dele, havia também uma mulher chamada Michelle Lyons, com quem Lash era íntimo, e que também direcionava seu dinheiro para seu arsenal. Ela tinha dinheiro, porque ela era a única proprietária de um lucrativo serviço de consultoria que trabalhava principalmente com advogados. Seu advogado estimava que ela tinha comprado pelo menos um milhão de dólares em armas ao longo dos anos.
Assim como Lash, ela queria comprar as armas para que ela pudesse se sentir amada. Não um amor pelas armas de fogo - as armas eram um maneira dela demonstrar amor pelo homem que ela conhecia como Jeffrey Alan Lash. Há muito tempo, Lash convenceu Lyons de que a amava. Mas devido ao seu estilo de vida como um agente secreto, ela teria que manter seu amor em segredo.
Michelle Lyons sabia que ele morava com ela. Lyons era a loira no Mercedes Benz que não tinha placas. E os sacos verdes de lixo que ela deixava cair todas as noites? Eles estavam cheios de alimentos especiais para Lash comer no dia seguinte. De acordo com seu advogado, Robert Cohen, por 31 anos Lyons nunca tirou férias porque ela queria sempre estar disponível para Lash.
Pode parecer duvidoso, mas Michelle Lyons acreditava que Nebron-Gorin era só uma companheira de quarto e parceiro dos negócios da Lash. E que ela, Michelle, era o verdadeiro amor do agente secreto.
Mesmo estranho (se o termo ainda se aplica), as duas mulheres também falavam ao telefone todos os dias. Tanto Lyons quanto Nebron-Gorin secretamente acreditavam que eram as únicas na vida de Lash. E por mais de uma década, aparentemente, nenhuma mulher mencionou sua relação com Lash para a outra. Enquanto isso, Lash tinha as duas mulheres cuidando e comprando armas para ele.
A partir do que foi exposto pelo Pali-Post sobre o que tinha acontecido na casa, descobrimos que Lash tinha animais de plástico, de tamanho natural em sua sala de estar, presumivelmente, para serem seus alvos.
Lembre-se, ele é um agente secreto. Além disso, se ele tivesse essas mulheres comprando milhões de dólares em armas, seria de esperar que ele tivesse, no mínimo, uma boa lábia. Porém. havia também muita evidência de que ele não estava agradando as mulheres tanto quanto as estava usando para satisfazer suas fantasias paranóicas. Na verdade, Nebron-Gorin afirmava que, no seu caso, ela tinha sido vítima de um abuso implacável.
No final de um bilhete, parecia haver a caligrafia de uma mulher que dizia:
'Mantenha-se firme.
Se ele pode, eu posso.
Se ele pode, eu posso.'
No final de um bilhete, parecia haver a caligrafia de uma mulher que dizia: 'Mantenha-se firme. Se ele pode, eu posso. Se ele pode, eu posso.' |
Há um termo psicológico para quando um refém se identifica com seu sequestrador. Chamamos isso de Síndrome de Estocolmo. Pelo pouco que sabemos, Nebron-Gorin exibia todos os principais comportamentos mais relevantes. Sua segurança e sua necessidade de ser forte pareciam ser as razões pelas quais Nebron-Gorin dormiu no chão do banheiro por anos. A fantasia de Lash exigia que essas mulheres lhe dessem toda a vida delas. E agora, ele tinha partido.
Também descobriram que poderia haver muitas outras mulheres na vida de Lash. Ele parecia gostar de um tipo específico: mulheres inteligentes, bem-sucedidas, leais, de mentalidade romântica, de meia-idade, que tinham muito dinheiro para jogar fora, e ninguém que as notasse ao gastarem o dinheiro delas.
Havia bilhetes amorosos de Michelle Lyons para Lash, indicando que ela sentia que tinham uma conexão amorosa muito profunda. Havia cartas de amor de outra mulher, Juliann. Antes de se mudar para a casa de Nebron-Gorin, Lash vivia com outra mulher chamada Jocelyn. É presumível que seu relacionamento era íntimo também. Havia um número desconhecido de mulheres, que o rodeavam, gastando milhares de dólares para para ajudá-lo a atingir o amor que ele tanto desejava, ao comprar armas para ele.
O Departamento de Polícia de Los Angeles finalmente divulgou o resultado da autópsia, identificando o falecido como sendo Jeffrey Alan Lash, porém nenhuma causa de morte foi determinada. Alguns mistérios ainda permaneciam no ar.
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Quando a verdade finalmente emerge, ela estava longe de ser alienígena. Na verdade, era bem humano. Um homem encantador e iludido explorou e abusou das mulheres em sua vida para alimentar seus sonhos e ter acesso ao dinheiro e ao poder. Então, ele morreu.
Em vez de um híbrido humano alienígena trabalhando para salvar o planeta, Jeffrey Alan Lash era como um Charles Manson mais carismático e menos assassino. Ele convenceu as mulheres, que confiavam nele, que o mundo era falho, e ele era o seu salvador. Ele disse a pessoas solitárias que elas eram de vital importância. Ele disse que eles eram essenciais para ajudá-lo a salvar o mundo. Há mais de 50 maneiras de identificar um líder de culto. Aqui estão apenas algumas delas, e você vai notar que Lash se encaixa em todas elas. Se você verificar a lista completa, você verá que parece refletir sobre quem ele era.
- Exige uma obediência cega e inquestionável.
- Exige admiração excessiva de seguidores e pessoas de fora.
- Tem um senso de direito - esperando ser tratado de forma especial em todos os momentos.
- Explora as outras pessoas, pedindo o dinheiro delas ou de parentes, e colocando outras pessoas em risco financeiro.
- É arrogante e altivo em seu comportamento ou atitude.
- Tem um senso exagerado de poder (direito), que lhe permite burlar regras e violar leis.
Assim como os seguidores de Manson, as mulheres que amavam Jeffrey Alan Lash eram leais a ele. Você pode se perguntar se elas poderiam ou teriam matado por ele, mas ele nunca havia pedido para que elas cruzassem essa barreira e cometessem um homicídio. Como? Ninguém sabe. Em vez disso, ele insistiu que elas desistissem de suas próprias vidas. Ele pediu para que desistissem de suas próprias liberdades, assassinando todas as chances que tinham para amar e fazer amizades fora de sua influência. Elas ficaram felizes ao estrangularem décadas na ilusão de que elas amavam Jeffrey Alan Lash, e que ele as amava. Que o amor que tinham era especial. É por isso que elas compraram um arsenal de armas. Para dar o que ele queria, para expressarem o amor delas por ele, e fazer o suposto espião se sentir seguro. Nós sempre queremos proteger aqueles que amamos.
No final das contas, não há muito mistério nisso. É uma história tão humana como qualquer outra."
O Caso Jeffrey Alan Lash: Um Ano Depois
No dia 22 de junho desse ano, a KABC, emissora de TV afiliada da ABC, em Los Angeles, na Califórnia, reviveu essa história em uma espécie de atualização sobre o caso que tinha ocorrido no ano passado.
Segundo a jornalista Miriam Hernandez, a ex-noiva de Jeffrey Lash, Catherine Nebron, alegava (através de documentos judiciais) que o homem havia frustrado cerca de 2/3 de todas as ameaças de bomba e de ataques terroristas nos Estados Unidos após o 11 de setembro, afirmando que todos esses incidentes não se tornavam públicos. Nebron disse que ele citava nomes como Ronald e Nancy Reagan, a família Bush, e Condoleezza Rice.
Ela disse que Lash batia nela, a tornava seu robô, e a convencia, assim como outras mulheres a financiar suas compras de armas e mais de uma dúzia de veículos. Nebron disse que era tudo em nome da segurança nacional. "Não queríamos que as pessoas morressem ou as cidades explodissem, era muito real para nós. Nós pensamos que estávamos fazendo algo bom", disse Nebron.
Catherine Nebron (à esquerda) e uma antiga foto de Jeffrey Lash (ao centro) |
"Queremos que elas sejam destruídas ao vez de devolvermos para os comerciantes de armas ou leilões", disse Daniel Brookman, o advogado que representava os tais primos de Lash. De acordo com Brookman, as armas de Lash valiam cerca de US$ 5 milhões.
Um ano depois de uma autópsia ter dito que Lash morreu aos 60 anos devido a causas naturais, a polícia de Los Angeles disse que ele comprou legalmente as armas de fogo. O advogado de Nebron, Harland Braun, dizia que as armas poderiam ser vendidas.
"Elas podem ser vendidas através do Departamento de Justiça, e podem ser vendidas para os departamentos de polícia, mas não há nenhum sentido destruí-las", disse Harland Braun. De qualquer forma, o caso seria encaminhado para o tribunal de sucessões em julho desse ano.
No mês seguinte, mais precisamente no dia 14 de julho, o site do jornal NY Daily News publicou uma nova atualização sobre essa disputa que parecia não ter fim. Os supostos primos de Lash insistiam na ideia de que suas armas deveriam ser destruídas.
Segundo o site, o estranho caso envolvendo Lash teria levado a uma longa investigação, e teria levado meses para que o médico-legista descartasse homicídio. De acordo com registros publicados na internet, a causa oficial da morte de Lash estava listada como "natural" devido a uma doença cardiovascular. Com a investigação encerrada, um grupo de parentes de Lash estavam lutando contra Catherine Nebron para tomar posse dos bens apreendidos.
"Eles, como a maioria dos cidadãos, estão preocupados com os assassinatos em massa ocorridos em nosso país nos últimos anos, particularmente as recentes tragédias em Orlando e San Bernardino", disse Daniel Brookman.
"Mais importante ainda, na ausência de nossos líderes em fazer algo para reduzir a proliferação de armas automáticas, eles sentem que é hora dos cidadãos comuns tomarem uma posição e dar um exemplo para os seus líderes", completou.
Harland Braun, no entanto, voltou a repetir que sua cliente se opunha à destruição das armas.
"Elas estavam registrados em nome dele, mas ela é proprietária delas. Ela pagou pelas armas. Temos a intenção de repassar para comerciantes de armas e através do Departamento de Justiça, para vendê-las legalmente. Não há nenhuma AK 47", disse Braun, alegando também que os US$ 230.000 em dinheiro também pertenciam a sua cliente. Catherine aparecia no contrato de locação de uma casa de Lash, em Los Angeles, e tinha todos os registros bancários.
De qualquer forma, ambos (Daniel Brookman e Harland Braun) concordavam que Lash nunca teve o registro de um único emprego formal e nunca apresentou declaração de imposto de renda.
Confesse que não encontrei o resultado do embate entre os dois advogados perante a Justiça, porém encontrei uma interessante notícia que foi publicada no site de notícias Patch.com, no dia 10 de outubro, ou seja, pouco mais de um mês atrás. A notícia dizia que no dia 7 de outubro, Michelle Lyons havia movido uma ação na Suprema Corte de Los Angeles para tentar obter uma espécie de ressarcimento na ordem de US$ 2 milhões por todos os gastos e prejuízos que Jeffrey Lash teria lhe causado.
Curiosamente, Michelle repetiu o discurso anti-terrorista que vinha dando o tom das notícias publicadas em julho. Segundo Michelle, Lash teria gastado toda a fortuna dele "tentando acabar com um grupo terrorista". O homem teria prometido devolver todo o dinheiro que ela lhe dava, com juros, uma vez que trabalhava para o governo. Além disso, Michelle alegava que tinha se tornado "refém emocional" de Lash. Resumindo? Essa história sobre o patrimônio milionário deixado por Jeffrey Lash está longe de ter um desfecho.
Comentários Finais
Quando finalmente cheguei aos meus comentários finais, fiz questão de parar um pouco, deitar e pensar sobre toda essa história. Sem dúvida alguma, após aproximadamente 75 horas entre pesquisas e traduções com o objetivo de entregar um material o mais íntegro e honesto possível para vocês, o "caso Jeffrey Alan Lash" havia se tornado um dos mais estranhos, senão o mais estranho caso com que já me deparei até hoje. É fácil entender a razão pela qual todos ficam pasmos após lerem tudo isso. Alguns, talvez voltem o foco para o "pequeno arsenal" de Lash, já outros talvez se indaguem sobre a maneira pela qual mulheres foram tão fortemente convencidas por ele. Particularmente, tenho uma espécie de "forte intuição" de que Catherine, Michelle, Dawn, Jocelyn e Juliann não eram as únicas mulheres de sua vida. As demais caíram no esquecimento, ou melhor, não vieram à público (a exemplo de Dawn, Jocelyn e Juliann), e nem mesmo a mídia local fez questão de ir até elas. Talvez para negociar "passeios exclusivos" ou "vantagens futuras em outras matérias sobre outros assuntos" com diversos figurões do meio jurídico da Califórnia, que não estavam medindo esforços em dar declarações que aumentavam o mistério e ao mesmo tempo a fragilidade de suas clientes. Em um determinado momento, claramente é possível notar que Harland Braun declara, que a "namorada" e "ex-noiva" voltaram a ter contato para ficarem a par da história uma da outra. Só faltava dizer: "combinar a história que iriam contar". Afinal, juntas elas eram mais fortes. Você pode até acreditar que Lash fosse "metade extraterrestre", mas saiba que esse caso era uma espécie de jogo onde as apostas eram muito altas, tínhamos milhões em prêmios. Também tínhamos advogados, que geralmente defendiam celebridades norte-americanas das imbecilidades ou extravagâncias que faziam, e protegiam a imagem delas na mídia. Nenhum deles estava disposto a perder. Todos com muita influência em todas as esferas. Todos que não davam a mínima para quem Lash era, mas para o que dele deixou, independentemente ou não que tivesse sido adquirido com seu próprio dinheiro.
Posso imaginar as inúmeras perguntas que estão rondando a cabeça de vocês agora: Como Lash e Michelle andaram anos com carros sem placas e nunca foram parados pela polícia? Como os vizinhos em Highlands nunca ligaram uma única vez para a polícia ao desconfiarem da atitude mais do que suspeita de Lash e Catherine? Como o utilitário, que virou o sarcófago de Lash, permaneceu estacionado cerca de duas semanas sem levar uma única multa, sem ser rebocado ou ser denunciado por alguém? Onde foi parar Dawn VadBunker? Onde está sua versão, contada por ela mesmo, sobre o que tinha acontecido? E o depoimento da mulher chamada Jocelyn? E da mulher supostamente chamada Juliann? Onde estavam? Aparentemente a vida de Jeffrey Alan Lash nunca teve a menor importância para ninguém, tanto em vida quanto após a sua morte, e por razões bem distintas. Em vida, Lash era apenas um estelionatário que seduzia mulheres brancas, ricas, loiras e de meia idade para atender aos seus caprichos. Com certeza essa lábia deve ter falhado inúmeras vezes, a questão é que nem mesmo os fracassos de Lash vieram à tona. A questão é que seu fascínio era por armas, assim como milhões de norte-americanos, que geralmente param em uma ou duas, mas nada os impedem de adquirir 1.000 ou 10.000 armas ao longo da vida. É um hobby caro, mas não é ilegal. Além disso, em meio aos ricos e a tão sonhada privacidade que o dinheiro pode comprar, ninguém fazia muita questão de tomar conta da vida alheia. Lash era apenas um excêntrico branco e rico, que além de se misturar aos seus semelhantes, se tornou o líder "meio pertubado" e "inquestionável" deles. Já em sua morte, os advogados contratados, acostumados a escândalos envolvendo o alto padrão californiano e casos de assassinatos, fariam de tudo para abafar qualquer coisa que emergisse e prejudicasse financeiramente suas clientes. Porém, a mídia sempre foi mais rápida. Lash tinha uma pequena ficha criminal, e suas armas já era conhecidas da polícia. No entanto, ele não se safou porque era "meio alieníngena" ou um agente secreto do governo. Ele se safou porque era branco, e estava envolvido com mulheres ricas que acreditavam nele e o protegiam cegamente. Vocês acham mesmo que se ele fosse de cor negra e pobre receberia somente um "tapinha nas costas e um até breve"? É possível imaginar até o que aconteceria se fosse aqui no Brasil, não é mesmo?
Ironicamente "a vida imita a arte" ou "a arte imita a vida", tanto faz. Vocês lembram de um filme chamado "True Lies"? É filme de ação e comédia onde uma esposa (interpretada por Jamie Lee Curtis) acha sua vida entediante e chata, e acaba se envolvendo com um pretenso "espião" (interpretado Bill Paxton), com o intuito de trazer alguma emoção ao seu cotidiano. O "espião", na verdade, é um simples vendedor de carros, que inventa histórias mirabolantes para tentar conquistar mulheres emocionalmente carentes. A questão é que o marido dessa mulher acreditava que ela o estava traindo após 15 anos de casamento, sendo que ao longo de todo esse tempo, ela não sabia que seu marido (interpretado por Arnold Schwarzenegger, ex-governador da Califórnia, ironia?) era um verdadeiro agente secreto do governo, e especialista em combate ao terrorismo. Ela acreditava que seu marido trabalhava com informática. Enfim, é inevitável pensar que Jeffrey fez exatamente como aquele vendedor de carros, só que elevou e muito o patamar disso tudo e tomou gosto pelo que fazia, pela sua profissão de enganar mulheres. Talvez nem fizesse isso com a plena e total consciência de um criminoso da pior espécie. Talvez fizesse apenas para alimentar um desejo muito profundo, uma obsessão, um amor que ele tinha por algo, que calhou serem armas de fogo. Esses mesmas armas de fogo estão enraizadas nos Estados Unidos, tanto quanto o nosso coronelismo e nossas mílicias desde a época das sesmarias até os morros e becos das nossas cidades. Entretanto, Lash tinha prazo de validade, estava morrendo por dentro. Talvez já soubesse isso desde que nasceu. Sua vida estava próxima do fim. Já a das suas vítimas, estava apenas começando.
Alívio. Essa foi a principal palavra escolhida por Catherine e Michelle para definir a ausência de Lash. Nenhuma vez ninguém mencionou que sentia a falta de Lash, que sentia saudade do seu carinho, do seu abraço, do seu beijo ou até mesmo do sexo, pelo contrário, elas ganharam a liberdade, respiravam vida novamente. O jornalista da Playboy até mesmo fez um trocadilho infâme, que eu passei por cima, supondo que Lash fosse bom com sua língua, mas não no sentido de poder de convencimento. A questão é que Catherine e Michelle estavam aliviadas. Lash finalmente havia morrido. Porém, será que elas o mataram? Onde estava o depoimento do ex-marido de Catherine, aquele que era médico, mas que depois virou dentista e teria tentado reanimar Lash? Onde estavam as gravações das câmeras de segurança do supermercado Bristol Farms em Santa Mônica? Pelo visto não havia interesse algum na divulgação desses detalhes. Veja bem, isso não significa que Lash fosse algo a mais e nem mesmo extraterrestre. O foco dos figurões do mundo jurídico era no patrimônio deixado por Lash, tão somente isso. Poderia ser qualquer outra pessoa. Aliás, quem garante que qualquer outro cidadão na Califórnia não possua centenas de armas em casa, mas que não seja um "Don Juan" como ele? As leis sobre armas e munições foram "ligeiramente modificadas" através do voto popular nessas últimas eleições na Califórnia, mas estão muito longe de evitar que alguém tenha um arsenal de guerra em casa. Lash apenas encontrou a oportunidade de viver o sonho americano, e não desperdiçou um único segundo desse sonho. Se Lash, apesar da crise financeira que afetou o mercado norte-americano, principalmente o mercado imobiliário nos últimos anos, conseguiu fazer o que fez, imagina o que os filhos da América poderão fazer quando ela se tornar grande novamente.
Até a próxima, AssombradOs.
Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino
Fontes:
http://abc7.com/news/oxnard-mother-of-2-vanishes-on-way-to-work/849929/
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