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O Estranho Caso das Fotos de "Fantasmas de Crianças" Tiradas no Cemitério Central de Salto, no Uruguai

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Por Marco Faustino

Inicialmente não havia considerado fazer essa postagem, porque estava convicto que se tratava de um caso bem superficial. Ontem (6), o Mateus chegou a me enviar o endereço de um site de notícias uruguaio apontando para algumas informações sobre esse caso. Ele achava que, de qualquer forma, seria interessante trazer esse assunto para o blog AssombradO.com.br. Resolvi dar um voto de confiança em relação ao assunto, e iniciei minha jornada de pesquisas. Assisti cerca de três trechos de programas de televisão do Uruguai, que "debateram" esse caso em cadeia nacional, em um total de aproximadamente 70 minutos. Isso sem contar, é claro, a leitura de notícias, que foram amplamente divulgadas durante todo o mês de maio. Afinal, sempre prezo por reunir o maior número possível de informações para que vocês tenham uma base suficiente e segura para formar a própria opinião, muito embora eu tenha o hábito de quase sempre fazer um comentário final.

Basicamente, tudo teria começado entre o final de abril e começo de maio desse ano quando um grupo de estudantes de um colégio chamado Liceo Nº 2 "Dr. Antonio M. Grompone" realizou uma visita de cunho escolar ao Cemitério Central de Salto. Essa visita era guiada por José Buslón, um professor de história desse mesmo colégio, devido a uma espécie de projeto, que ele vem realizando há cinco anos, com o objetivo de conhecer os símbolos que estão no "patrimônio cultural" da cidade de Salto, no Uruguai. Explicaremos mais detalhadamente sobre esse projeto ao longo da postagem. A questão é que nesse dia alguns estudantes tiraram fotos desse cemitério, e aparentemente uma das alunas, uma menina chamada Camila Pereira, só foi olhar mais atentamente suas fotos ao chegar em sua casa. Na foto, ela percebeu a presença do que seria uma menino, que estaria "trajando roupas antigas", e que estaria dentro de um panteão de uma família local, trancado com cadeado. A foto começou a circular dentro do grupo de uma determinada rede social que eles possuem, viralizou e acabou parando na imprensa uruguaia, que não fez por menos, explorando o assunto das mais diversas formas possíveis.

O caso ficou ainda mais estranho quando novas fotos foram tiradas, em uma visita posterior, e o rosto do que seria um "fantasma", mas dessa vez de uma menina, surgiu diante dos celulares de mais dois alunos. Essa história estava ficando cada vez mais estranha. Enfim, nessa postagem você irá conhecer alguns detalhes muito interessantes sobre esse caso, que se você já tinha ouvido ou lido sobre ele, ficará um tanto quanto surpreso pela quantidade de informações adicionais que temos para vocês. Aliás, até mesmo uma possível explicação sobre esse caso surgiu, e pouco foi comentada. Portanto, com certeza vale a pena conferir o que preparamos com muito carinho e dedicação para que vocês possam conhecer verdadeiramente o que aconteceu em Salto. Vamos saber mais sobre esse assunto?

A Cidade de Salto e o Colégio Liceo Nº 2 "Dr. Antonio M. Grompone"


A cidade de Salto, anteriormente denominada como "Salto Oriental", é a capital do departamento de Salto, no Uruguai, situada a cerca de 500 km de Montevidéu, capital do país. Localiza-se na margem oriental do rio Uruguai, praticamente ao lado da cidade de Concordia, na Argentina. O nome do local provém do fato de que o rio Uruguai possuía uma elevação derivada das rochas em seu leito, antes de ser construída, é claro, a represa de Salto Grande. De acordo com o último censo realizado em 2011, a cidade tem uma população de pouco mais de 106.000 habitantes.

A cidade de Salto não é um destino turístico considerado "popular" entre os estrangeiros que visitam o país, porém, em contrapartida, entre os uruguaios é um destino muito apreciado e procurado para simplesmente relaxar. A região possui uma boa estrutura direcionada ao turismo, e pode revelar boas surpresas aos viajantes, sendo uma ótima opção para as férias em família.

Aliás, é possível fazer o chamado "enoturismo" (atividade turística que se baseia na viagem motivada pela apreciação do sabor e aroma dos vinhos e das tradições e cultura da localidades que produzem esta bebida), e conhecer um pouco mais sobre a região onde foram plantadas as primeiras mudas de "tannat", uma variedade de uva de origem francesa, mas que se tornou tão popular no Uruguai, que o país já produz mais do que a própria França, ou seja, é considerada a "queridinha" do país. Vale ressaltar, que a cidade é cercada por uma espécie de "cinturão" de fazendas envolvidas na produção tanto de uvas quanto de frutas cítricas.

A "tannat", uma variedade de uva de de origem francesa, se tornou tão popular no Uruguai,
que o país já produz mais do que a própria França
A vinícola Bertolini & Broglio é uma das vinícolas da região de Salto, estando localizada a 18 km da cidade.
O sistema educacional do Uruguai também é bem simples de se entender. A chamada "educação secundária", que seria equivalente ao nosso "Ensino Médio" tem duração de 6 anos, divididos em dois ciclos de três anos. O primeiro ciclio é obrigatório. O segundo ciclo é voltado para a preparação para a universidade. É justamente dentro desse contexto, que chegamos até ao Colégio Liceo Nº 2 "Dr. Antonio M. Grompone", fundado em 1963, e localizado atualmente entre os cruzamentos da "Avenida Paraguay" e "Camino del Exodo" na cidade de Salto.

A instituição de ensino passou por algumas reformulações acadêmicas, e desde 2006 oferece aos mais de 1.400 alunos do primeiro ao sexto ano do "Ensino Médio", opções para estudarem pela manhã, durante a tarde e também durante a noite (nesse último caso somente para alunos do quinto e sexto ano). É importante mencionar também, que o Liceo Nº 2 "Dr. Antonio M. Grompone"é um colégio de ensino público.

Agora que vocês conhecem um pouco mais sobre a cidade de Salto, bem como sobre o Colégio Liceo Nº 2 "Dr. Antonio M. Grompone", acredito que possamos contar para vocês como toda essa história começou a circular na mídia uruguaia, não é mesmo? Vamos conferir então o que passou a ser divulgado.

A Repercussão da Primeira Foto em que Apareceria o "Fantasma" de um Menino


Conforme dissemos no começo dessa postagem, toda essa história teria começado entre o final de abril e começo de maio desse ano quando um grupo de estudantes do Colégio Liceo Nº 2 "Dr. Antonio M. Grompone" realizou uma visita de cunho escolar ao Cemitério Central de Salto. Essa visita era guiada por José Buslón, um professor de história desse mesmo colégio, devido a uma espécie de projeto que ele vem realizando há cinco anos, com o objetivo de conhecer os símbolos, que estão no "patrimônio cultural" da cidade, e em um dos cemitérios mais antigos da região norte do Uruguai.

Para que vocês tenham uma ideia, no departamento de Salto, existem cerca de 25 cemitérios conhecidos. O Cemitério Central de Salto é listado como um desses cemitérios que possuem os maiores valores patrimoniais e culturais devido as suas obras arquitetônicas, que são feitas, em sua maioria, em mármore e bronze, sendo que boa parte desse material veio da região de Carrara, na Itália, para a construção de mausoléus e túmulos.

O Cemitério Central de Salto é listado como um dos cemitérios que possuem os maiores
valores patrimoniais e culturais devido as suas obras arquitetônicas
O cemitério começou a ser construído em 1870, e estima-se que cerca de 15.000 pessoas já tenham sido enterradas no local, que abriga panteões de valores inestimados com grande simbolismo maçônico, assim como obras cristãs, de longa data, que tinham o intuito de atender as famílias fundadoras de Salto. O Cemitério Central de Salto também já foi declarado como "Monumento Histórico Nacional" do Uruguai.

A orientação do professor era bem simples, os estudantes deveriam prestar atenção nos símbolos, flores e estátuas, visto que, segundo ele, "todos querem expressar alguma coisa". Assim sendo, eles levaram câmeras digitais e celulares para registrar a visita. Tudo o que viram ou pensaram ter visto foi documentado naquela ocasião. De acordo com as diretrizes previamente estabelecidas, o trabalho era para ser apresentado com ênfase nos detalhes. Então, foi por esta mesma razão, que os alunos começaram a analisar as imagens com mais atenção ao chegarem em suas casas. Porém, uma aluna chamada Camila Pereira, de 16 anos, acabou vendo o "impensável": a "imagem de uma criança" apareceu dentro do Panteão da Família Ventura-Gonçalvez, que estava fechado com cadeado.

Foto tirada pela aluna Camila Pereira durante a visita de um grupo de estudantes
do Colégio Liceo Nº 2 "Dr. Antonio M. Grompone" ao Cemitério Central de Salto
Em uma entrevista realizada por telefone para o programa "Desayunos Informales", de uma emissora de TV uruguaia chamada "Teledoce", no dia 6 de maio, Camila disse que era a primeira vez que ela tinha ido ao Cemitério Central de Salto, e apesar de ter tirado outras fotos do local, apenas em uma delas aparecia o que poderia ser o "fantasma de um menino". Ela disse que estava assustada com essa situação, mas não teve nenhuma experiência "paranormal" durante sua visita ao cemitério, e nunca havia registrado algo assim antes.

O interessante dessa entrevista é que Camila Pereira menciona que a foto havia sido tirada no dia 29 de abril, uma sexta-feira, por volta das 10h30, a partir de um celular bem simples, e garantiu que a foto não havia sido manipulada digitalmente. O problema dessa versão é que todo e qualquer lugar aponta que a foto teria sido tirada no dia 2 de maio, uma segunda-feira. Teria Camila se enganado ou essa história estava mesmo mal contada? Confira o trecho referente a assunto do programa "Desayunos Informales" no Youtube:



Durante cerca de 20 minutos, o programa abordou esse assunto, e também contou com a presença de Guillermo Lockhart Quintana, apresentador de um programa chamado "Voces anónimas", da mesma emissora, que aborda assuntos considerados "sobrenaturais". O próprio Guillermo Lockhart chegou a mencionar que não havia indícios que a foto pudesse ter sido alterada, que havia sinceridade na voz de Camila, e que ela não teria benefício algum com essa foto. Naquela época, muitos apontavam que o imagem nada mais seria do que o reflexo de algum aluno justamente naquela parte que possui vidro. Porém, ele descartava essa hipótese ao mostrar uma outra imagem do reflexo de uma pessoa, naquele mesmo local, e que nada se parecia com a foto que estava sendo divulgada nas redes sociais uruguaias.

Guillermo Lockhart Quintana, apresentador de um programa chamado "Voces anónimas", da Teledoce
Ainda no dia 6 de maio, em entrevista para o programa "De Buena Fuente", da Rádio Carve 850 AM, o professor José Buslón mencionou que ninguém havia percebido aquele "menino" na foto de imediato, somente dois dias depois. Ele não se mostrava muito certo em relação ao dia, mas mencionou que teriam percebido apenas na segunda-feira, 2 de maio. No dia seguinte, um grupo de professores foi até o local para verificar se não se tratava de um reflexo, e foi verificado que não podia ser algo assim. De qualquer forma, essa versão apresentada por ele confere mais ou menos com a data mencionada por Camila Pereira.

Comparativo divulgado pelo professor José Buslón para afirmar que a imagem não se tratava de um reflexo
No dia anterior, ou seja, no dia 5 de maio, o "Esta boca es mía", um outro programa da emissora Teledoce também havia abordado esse assunto, porém o entrevistado era o professor de história José Buslón. Ele explicou que o objetivo não era registrar nenhum fenômeno paranormal, mas analisar uma estátua que se encontrava em frente ao panteão. Esse panteão em questão é envidraçado e possui um portão de ferro. Bem próximo da entrada há uma escultura de origem italiana que mostra "um anjo e uma mulher com uma expressão de dor".

O registro do suposto "fantasma" teria sido algo totalmente inesperado. Ele também garantiu que a hipótese de reflexo estava descartada. Era evidente, ao menos para ele, a presença de um menino vestindo roupas que se usavam antigamente, ou seja, no século 19. Ele também se mostrou um tanto quanto confuso em relação a acreditar ou não em fantasmas ou espíritos. Confira o trecho referente a assunto do programa "Esta boca es mía" no Youtube:



Uma parte desse programa me chamou muita atenção, quando uma mulher mencionou que havia relatos de visitantes, que costumavam ouvir o choro de um menino nesse mesmo cemitério, e que essa informação constava em uma matéria publicada no dia 5 de dezembro de 2010, no site do jornal "Diario El Pueblo". Evidentemente, fui verificar essa informação.

Essa matéria entitulada "Una noche en el cementerio" ("Uma noite no cemitério", em português) basicamente retratava a experiência de uma equipe do próprio jornal, que passou uma noite no Cemitério Central de Salto, na companhia de Álvaro Anchorena, o vigia noturno que já trabalhava há muitos anos naquele cemitério, e desde então já tinha visto de tudo: pessoas que conseguiam entrar no cemitério para roubar, profanando sepulturas, e "curandeiros" que entravam no local para fazer suas oferendas. Muitas vezes o vigia entrou em confronto com bandidos armados, sendo que ele mesmo não podia portar armas.

Entre as mais diversas histórias como da "La Llorona", que seria o fantasma de uma mulher assassinada ou que perdeu seus filhos, e assusta as pessoas com seu choro compulsivo e lamentos avassaladores, havia uma bem peculiar. Alguns vizinhos do cemitério diziam que durante a noite escutavam o choro de um menino vindo de dentro do cemitério, e até uma vez ligaram para a polícia dizendo que tinham ouvido esse choro em uma ponte próxima do cemitério. Na ocasião isso desencadeou uma operação de busca por parte da polícia, porém nenhuma criança foi encontrada abandonada, e nem mesmo morta no local relatado.

.Alguns vizinhos do Cemitério Central de Salto diziam que durante a noite escutavam
o choro de um menino vindo de dentro do cemitério
Em entrevista para o jornal uruguaio "El País", o professor José Buslón disse que a atividade realizada no cemitério era uma "caça aos símbolos" para que os alunos identificassem e fotografassem os símbolos que encontrassem e, em seguida, apresentassem em uma aula posterior aquela visita.

"Ficamos parados na frente do panteão para falar sobre as flores e suas características simbólicas. Os alunos fizeram seus registros fotográficos e fomos embora. Naquele dia, estávamos compartilhando as descobertas sobre os símbolos registrados pelos alunos", disse o professor.

Alunos e professores também tentaram encontrar uma explicação científica para a imagem. Em um primeiro momento, eles consultaram um "professor de desenho", que não encontrou nada suspeito na fotografia. Então eles começaram a fazer perguntas mais aprofundadas, que eram muito além dos limites da ciência. Foi neste contexto que eles decidiram procurar por uma ajuda externa.

Alunos e professores também tentaram encontrar uma explicação científica para a imagem. Em um primeiro momento, eles consultaram "professor de desenho", que não encontrou nada suspeito na fotografia.
"Neste sábado vamos ouvir membros do Centro Gnóstico de Salto para nos dar uma visão antropológica sobre o fenômeno. Além disso, deixamos claro que iremos continuar nosso estudo no local", completou, na época, o professor José Buslón, que desde 2011 coordena um projeto de pesquisa em conjunto com os alunos da terceira, quinta e sexta série do Ensino Médio, com o objetivo de conhecer os símbolos que estão no "patrimônio funerário" da cidade de Salto. O projeto tem uma finalidade acadêmica e pretende causar um certo um "impacto" sobre os alunos.

"Nós não estamos investigando assuntos paranormais ou qualquer coisa desse gênero. Porém, falando com os alunos, nós concordamos que não podemos dizer que nada aconteceu", finalizou José Buslón.

Segundo a página do Ministério do Turismo do Uruguai, o país será sede Encontro Iberoamericano de Cemitérios Patrimoniais em 2017, ou seja, ano que vem. O evento será organizado pela Rede Iberoamericana de Valorização e Gestão de Cemitérios Patrimoniais. Esse encontro acontecerá na capital do país, Montevidéu, porém as atividades podem se estender as mais diferentes cidades do interior do país.

A Nota Emitida por uma Representante da Família Proprietária do Panteão


Diante da grande repercussão através das redes sociais no Uruguai, bem como das rádios e emissoras de TV em torno desse assunto, a família atualmente responsável pelo panteão onde a foto havia sido tirada acabou se manifestando. Eles enviaram uma nota para o jornal uruguaio "La Prensa", assim como para outros veículos de comunicação, esclarecendo alguns pontos e também manifestando descontentamento diante da situação que havia sido criada. Confira o texto abaixo:

"Dada a repercussão que vem tendo a notícia da ocorrência de um possível 'evento sobrenatural', na sequência de fotografias tiradas por um professor e alunos dentro de um contexto de uma pesquisa de cunho histórico, no Panteão da nossa família, localizado no Cemitério Central de Salto, nós, por sermos a família proprietária do mesmo, gostaríamos de fazer as seguintes observações sobre o assunto.
  1. O Panteão em questão data do início do século XX, por volta de 1903, construído sob as ordens do Sr. Ventura Gonçalvez e de sua esposa, como uma espécie de homenagem, por entenderem que era a coisa certa a se fazer na época, para uma filho que havia morrido ainda jovem.
  2. A família Garbarini se envolveu com a família Gonçalvez, ou seja, Don Fabio Garbarini se casou com Ana Goncalves Portugal, no início do século XX, assim sendo o panteão hoje em dia pertence a linha sucessória da família Garbarini.
  3. Diante da repercussão das imagens do Panteão, que é uma propriedade privada, muito embora esteja localizado em um lugar público, pedimos o maior respeito possível quando forem divulgar imagens ou informações sobre o local, visto que é um lugar muito respeitado por parte de nossa família, e a memória de todos os nossos entes queridos que descansam em paz naquele local.
  4. Diante de alguns comentários divulgados na imprensa, queremos esclarecer que todos os símbolos contidos no Panteão, são símbolos cristãos e católicos, e não têm nenhum tipo de relação com os símbolos de outras organizações ou instituições existentes em nossa sociedade, as quais respeitamos profundamente suas convicções e crenças.
  5. Sobre a possibilidade do que tenha ocorrido, não iremos fazer quaisquer observações sobre o assunto, deixando que cada pessoa tire as suas conclusões sobre essa questão. Nossa família já possui uma opinião formada sobre o assunto, mas isso é reservado ao foro íntimo da família.
  6. Por fim, reiteramos o nosso pedido para que haja o maior respeito possível no tratamento do assunto, visto que é um lugar sagrado para nossa família e para a memória de todos os nossos parentes que descansam em paz no Panteão. Desde já agradecemos a divulgação dessa nota pelos meios de comunicação.

Atte. Flia. Garbarini
"

Novas Fotos São Tiradas do Panteão e Dessa Vez Aparece o "Rosto Fantasmagórico" de uma Menina


Aparentemente, o professor José Buslón não estava muito conformado com toda essa história, e voltou ao Cemitério Central de Salto para uma nova investigação acompanhado dos seus alunos. Nesse ponto não é possível afirmar se seriam os mesmos alunos ou não, visto que não foi mencionado pela imprensa. O que se sabe é que no dia 19 de maio, por volta das 13h40, outras duas fotos que foram tiradas por outras duas alunas, de seus respectivos celulares. Nessas fotos aparecem uma espécie de "rosto fantasmagórico" do que seria uma "menina". Vejam as imagens abaixo:

Uma das fotos que foram novamente tiradas do Panteão Ventura-Gonçalvez no dia 19 de maio desse ano

Imagem aproximada de uma foto tirada por outra aluna do professor José Buslón
Imagem aproximada de uma outra foto tirada por mais uma outra aluna do professor José Buslón
O professor disse que verificou previamente o interior do Panteão (olhando de fora para dentro, é claro), que novamente estava fechado com cadeado, e não havia a presença de ninguém. Assim sendo, seus alunos tiraram novas fotos, e apareceu justamente o que vocês estão vendo logo acima.

Não é preciso nem dizer o que aconteceu, não é mesmo? A imprensa uruguaia novamente repercutiu o assunto tanto através da mídia impressa quanto televisiva, e o professor José Buslón foi mais uma vez entrevistado praticamente pelos mesmos programas de TV do Uruguai. Abaixo você pode conferir mais um trecho do programa "Desayunos Informales" que foi ao ar no dia 20 de maio:



Na época, o professor José Buslón fez algumas declarações um tanto quanto "interessantes", visto que diante das análises que estavam fazendo em relação a esse assunto, eles tinham descoberto que cerca de sete meninos tinham sido enterrados naquele local entre os anos de 1916 a 1943, e que tinham morrido de forma prematura. No livro de registros apenas um caso constava a assinatura de um médico legista e a respectiva causa da morte, nos demais casos nada constava. Segundo ele, isso aumentava ainda mais o mistério em relação ao que tinha sido registrado pelas celulares, algo que não tinha "explicação racional".

Resumindo, teríamos então 3 fotos tiradas por 3 pessoas diferentes, com 3 celulares diferentes, em 2 dias diferentes e 2 horários diferentes diante de um mesmo panteão, e dentro de um mesmo cemitério. Impressionante, não é mesmo? De qualquer forma, em nenhum momento o professor de história José Buslón, menciona que levaria as imagens para um perito analisar, apenas que as fotos certamente não tinham sido manipuladas digitalmente. Ele sempre fez questão de divulgar enfaticamente seu próprio trabalho, e o suposto estudo que vinha fazendo com seus alunos para tentar identificar "as pessoas" que aparecem nas imagens.

Aparentemente, o professor José Buslón não estava muito conformado com toda essa história, e voltou ao Cemitério Central de Salto para uma nova investigação e acompanhado dos seus alunos no dia 19 de maio desse ano
No dia 21 de maio, o jornal "El País" publicou uma matéria, na qual eles entrevistaram um homem chamado Wilson Garbarini, de 54 anos, um produtor rural, que pertence a atual família responsável pelo panteão. Cerca de um ano seu pai veio a falecer, e foi enterrado naquele mesmo panteão. Mesmo Wilson não acreditando em fenômenos sobrenaturais, ele admitiu que esse "tipo de coisa" existia. Também chegou a mencionar que não acreditava que as imagens tinham sido alteradas.

Wilson Garbarini se definiu como um homem temente a Deus, e apontou que as "figuras humanas calvas" que aparecem nas novas imagens se pareciam com pessoas que também era calvas em sua família, tais como o seu avô e o seu irmão que estão enterrados naquele mesmo local. Em relação a primeira foto que deu início a toda essa história, ele disse que se parecia com um tio dele que estava enterrado próximo ao panteão. Ele também disse que havia escutado que poderiam ser "almas que nunca conseguiram subir", e se lamentou que boa parte da história da sua família havia se perdido com o falecimento de um dos seus tios, visto que esse tio em questão se interessava muito pelo patrimônio e pela história da família.

Surge uma Possível Explicação para o Caso na Mídia do Uruguai


Após todos esses acontecimentos, finalmente surgiu uma possível explicação para esse caso na mídia uruguaia. No dia 23 de maio, o portal de notícias Montevideo, publicou uma matéria entitulada "Um fim para o mistério? Uma explicação racional do "fantasma" de Salto" ("Um final para o mistério? Uma explicação racional para o "fantasma" de Salto", em português).

Um escritor de livros e matemático uruguaio chamado Eduardo Cuitiño Bosio, mais conhecido por suas investigações a respeito do "Tesouro das Irmãs Masilotti", da real identidade de "Jack, o Estripador" e até mesmo do voo MH370 da Malaysia Airlines, aparentemente resolveu entrar nessa história para fornecer sua opinião sobre o assunto. Particularmente, não conheço o trabalho de Eduardo Cuitiño, e em razão do tempo para escrever essa postagem, não posso ler mais sobre seus livros. Porém, o que ele tinha a dizer era algo bem interessante.

Ele começou dizendo que fotos em formato "jpeg" não eram aceitas pela Justiça dos Estados Unidos, pela facilidade com que poderiam ser manipuladas por qualquer programa de edição de imagens. Somente as fotos em formato "raw" seriam aceitas por estarem em um "estado bruto" (uma espécie de negativo digital), uma "garantia de que não teriam sido manipuladas". Porém, somente profissionais da área, utilizando câmeras bem mais caras, utilizavam esse formato devido ao tamanho de cada fotografia. Seria impraticável para qualquer site de notícias publicar fotos nesse formato. Nesse ponto vale lembrar que o número de denúncias de fotos manipuladas em prêmios de fotojornalismo vem crescendo a cada ano e a discussão sobre a manipulação de imagens em um trabalho jornalístico é um tema bem acalorado. De qualquer forma, Eduardo Cuitiño fez questão de dizer que a foto provavelmente tinha sido tirada de forma despretensiosa por parte da aluna. A questão principal era que o formato não era confiável.

O escritor de livros e matemático uruguaio chamado Eduardo Cuitiño Bosio, mais conhecido por suas investigações a respeito do "Tesouro das Irmãs Masilotti", da real identidade de "Jack, o Estripador" e até mesmo do voo MH370 da Malaysia Airlines


Segundo Eduardo Cuitiño, esse não era um problema novo, visto que tudo isso era em razão da proliferação das "máquinas fotográficas digitais", principalmente "embutidas" nos celulares, visto que hoje em dia as pessoas utilizam livremente seus smartphones para tirar fotos. Ele ressaltou que apenas uma menina havia registrado aquela primeira imagem, porém, ninguém mais registrou absolutamente nada naquele dia.

Ainda foi dito, que ao contrário do "antigo processo de se tirar uma fotografia", a foto digital era um "processo lento", especialmente em locais escuros onde os sensores de câmera precisariam de mais tempo para registrar as informações para compor a imagem final. Como resultado, tudo que se movesse enquanto a foto é tirada com um celular comum, poderia ser distorcido principalmente em áreas escuras. Assim sendo, poderia sugerir a presença de um "espírito" na foto, ainda mais em um cemitério.

De acordo com o matemático, o panteão da família Ventura-Gonçalvez estava encoberto naquela manhã (sombreado). Se um dos alunos simplesmente se movimentasse, sua imagem refletida contra o acrílico ou vidro poderia aparecer de forma difusa na fotografia. Para ele, a pergunta não era se havia ou não alguma criança enterrada no local, mas como os alunos estavam vestidos naquela manhã, na qual visitaram o cemitério. Repararam que em nenhum momento, praticamente nenhum site de notícias mostrou isso?

Para Eduardo Cuitiño a pergunta não era se havia ou não alguma criança enterrada no local,
mas como os alunos estavam vestidos naquela manhã, na qual visitaram o cemitério
Pois é, mostraremos a vocês uma reportagem que foi gravada com o professor José Buslón e seus alunos,  justamente naquela primeira vez que foram visitar o cemitério, e uma aluna fotografou supostamente o "fantasma" de um menino. Confiram a matéria realizada pelo "Canal 4 Salto", na manhã em que a primeira foto foi tirada, na página desse canal no Facebook: https://www.facebook.com/411504218942994/videos/1034878306605579/

Repararam alguma coisa? Notaram que uma das estudantes que aparece no vídeo estaria vestida de um modo muito similar com o "fantasma" que aparece no vídeo? Procurem por uma menina que aparece usando um casaco bege com uma blusa branca por baixo. Não acharam? Vejam esse comparativo:


A questão é: Onde estava essa menina no momento em que a foto foi tirada? Até então essa questão não foi respondida nem por José Buslón, nem por nenhum aluno(a) da sua turma. Aliás, o rosto dessa menina levanta dúvidas até mesmo sobre as demais fotos que foram tiradas posteriormente. E aí, o que vocês acham? Bem estranho, não é mesmo? Desde então mais nenhuma foto tirada no Cemitério Central de Salto apresentou quaisquer anomalias, e parece que o assunto deu uma certa trégua na mídia uruguaia.

Será que as fotos são mesmo verdadeiras? Será que foram manipuladas digitalmente? Será que são verdadeiras, mas não passam de um mero reflexo? Aliás, dissemos anteriormente a "vida noturna" do Cemitério Central de Salto era um tanto quanto conrtubada, lembram? Qual será seu estado atualmente? Esse será o tema do meus comentários finais.

Comentários Finais


O Cemitério Geral de Salto nem de longe aparenta ser tão precário quantos alguns cemitérios que ouvimos falar em nosso próprio país. Também nem se compara, é claro, com a triste situação de abandono e criminalidade do "Cemitério Geral do Sul" na Venezuela. Entretanto, uma recente notícia publicada no site do jornal "El País", no dia 31 de maio, expôs a delicada situação do setor oeste do Cemitério Geral de Salto, onde caixões foram encontrados amontoados, com restos mortais de pessoas, bem como a presença de insetos e larvas. Um completo cenário de horror onde os funcionários do cemitério relataram, que a coleta desse material era feita apenas a cada 15 dias, e muitas vezes nem mesmo esse prazo era cumprido. Resolvi não postar a imagem que foi divulgada, mas qualquer um pode vê-la ao acessar o endereço que deixei para vocês logo acima. De qualquer forma, apesar de existir esse problema, a situação do cemitério "aparentemente ainda é aceitável", apesar do impacto que tal situação gera na população.

A questão sobre as fotos que foram tiradas do panteão da família Ventura-Gonçalvez é um tanto quanto interessante, visto que o professor José Buslón alega realizar esse projeto há 5 anos, porém em nenhuma foto tirada nesse meio tempo apareceu um "fantasma". Curiosamente, em menos de um mês, cerca de 3 celulares diferentes registraram 3 "fantasmas". Isso acontece justamente quando se sabe que será realizado o Encontro Iberoamericano de Cemitérios Patrimoniais em 2017, no Uruguai, e diante de uma situação, provavelmente conhecida do próprio professor de história, em relação a precariedade da coleta de "escombro", por assim dizer, do Cemitério Geral de Salto. Por outro lado não podemos descartar a idoneidade do professor e de seus alunos e alunas, que realmente podem ter tirado suas fotos e não prestaram atenção no que havia sido fotogrado ou notado a posição que estavam em relação ao próprio reflexo. Agora, em relação a observação realizada pelo matemático Eduardo Cuitiño, apontando para uma reportagem realizada na mesma manhã em que a primeira foto havia sido tirada, e que mostrava aquela menina, bem, é realmente uma situação para se refletir.

Fato é que o professor José Buslón jamais mencionou enviar as fotos para que alguém realmente capacitado pudesse analisá-las, e nem mesmo a mídia se preocupou muito em abordar essa questão. Quando comentaram sobre isso foi de maneira totalmente superficial. José Buslón preferiu mencionar sempre o seu trabalho e os poucos recursos que tinha para tentar descobrir as eventuais crianças que teriam sido enterradas naquele local. Os programas televisivos chegaram ao ponto de mencionar sobre mundos paralelos, também falaram sobre a física quântica, e não faltaram aquelas pessoas para dizer que estavam comovidas com o lado familiar de toda essa questão. Muita emoção para pouca pesquisa. Esse é o típico caso onde as pessoas são direcionadas a pensar e a acreditar apenas em depoimentos de pessoas, como se da noite para o dia, ninguém mais mentisse no mundo. Aliás, qual a razão para mentirem? São alunos de uma escola pública uruguaia e um professor que estão dizendo isso. Devemos então acreditar piamente? Chegamos mesmo ao ponto dessa máxima credibilidade? Deixo sempre o espaço aberto para questionamentos, porém esse caso seria "cônico e cômico", se não fosse trágico.

Até a próxima, AssombradOs!

Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino

Fontes:
http://www.carve850.com.uy/2016/05/06/imagen-de-un-nino-aparecio-en-una-tumba-del-cementerio-central-de-salto/
http://www.diarioelpueblo.com.uy/generales/cumplio-50-anos-el-liceo-nº2-antonio-grompone-piloto-las-celebraciones-continuaran-con-actividades-todo-el-ano.html
http://www.diarioelpueblo.com.uy/generales/denuncian-basural-en-el-cementerio-con-restos-de-ataudes-ropas-y-cabellos-humanos-en-estado-de-descomposicion.html
http://www.diarioelpueblo.com.uy/titulares/una-noche-en-el-cementerio.html
http://www.elpais.com.uy/informacion/cementerio-convertido-basural-conmovio-salto.html
http://www.elpais.com.uy/informacion/misterio-cementerio-salto-foto-fantasma.html
http://www.elsalvador.com/articulo/internacional/estudiantes-habrian-captado-otro-fantasma-cementerio-uruguay-113265
http://www.imujer.com/actualidad-uy/166274/hay-un-fantasma-en-el-cementerio-central-de-salto
http://www.laprensa.com.uy/index.php/locales/82159-sobre-apariciones-fantasmales-en-cementerio
http://www.montevideo.com.uy/auc.aspx?308888
http://www.montevideo.com.uy/auc.aspx?309109
http://www.palabrascruzadas.uy/misterio-y-asombro-en-el-cementerio-central-de-salto/
http://www.teledoce.com/programas/desayunos-informales/segunda-manana/continua-el-misterio-en-el-cementerio-central-de-salto/
http://www.teledoce.com/programas/desayunos-informales/segunda-manana/un-fantasma-en-el-cementerio-central-de-salto/
http://www.uypress.net/uc_68994_1.html
https://es.wikipedia.org/wiki/Salto_(Uruguay)
https://www.facebook.com/411504218942994/videos/1034878306605579/
https://www.youtube.com/watch?v=Mpe37ecvwls
https://www.youtube.com/watch?v=TE0Nsc8Iw1k
https://www.youtube.com/watch?v=gfaNweyypUs
https://www.youtube.com/watch?v=htj6jpiuQq0

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