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Por Marco Faustino
No mês passado fizemos uma postagem muito interessante mencionando alguma teorias que tentam explicar a origem da vida em nosso planeta, ou seja, de onde nós viemos. Assim sendo, demos uma ênfase maior em uma teoria chamada "Mundo de RNA". Basicamente essa teoria diz que o RNA, em um ambiente em que bases são combinadas aleatoriamente, ao acaso, mais cedo ou mais tarde irá chegar em uma combinação que realiza uma auto-replicação. A partir dessa etapa, a seleção natural entra em cena: as versões que se replicam melhor deixam mais descendentes e predominam sobre as que não se replicam. Esse processo levaria então ao surgimento do DNA e das proteínas, e daí até surgir uma vida unicelular e outras formas mais complexas de vida. O problema reside primordialmente na "fabricação" do RNA, Diversos aminoácidos (componentes das proteínas) e bases nitrogenadas (um dos componentes de ácidos nucleicos) já tenham sido encontrados em meteoritos, bem como em cometas artificiais produzidos em laboratório. Porém, a ribose, considerada o principal componente estrutural do RNA, uma vez que ela é responsável por "unir" os demais componentes (uma base nitrogenada e um fosfato), ainda não tinha sido detectada em materiais de origem extraterrestre ou criada em laboratório em "condições astrofísicas realísticas".
A grande sensação na época foi justamente na divulgação, que cientistas tinham obtido a ribose a partir de uma cometa artificial, ou seja, criado em laboratório e testado sobre essas tais "condições astrofísicas realísticas". Uma vez que os cientistas têm dificuldade em sintetizar RNA em um meio aquoso, e todas as evidências paleontológicas indicam que a vida na Terra teria começado nos oceanos, essa descoberta foi um passo fundamental em direção a essa teoria que vem ganhando cada vez mais força. Se toda a química e os blocos de construção necessários para a vida viessem prontos a partir de cometas, bem, então seria possível que a "vida" tivesse chegado até nosso planeta por meio deles. Resumindo, a Terra simplesmente teria sido "semeada" por cometas, que bombardearam nosso planeta ao longo de bilhões de anos.
O módulo Philae, da sonda Rosetta, ambos pertencentes a Agência Espacial Europeia (ESA) tinha a missão de analisar melhor um cometa apelidado de "67P/Churyumov-Gerasimenko" (também conhecido apenas como cometa 67P). Apesar dele ter detectado cerca de 16 compostos orgânicos enquanto "estava voando pelo superfície do cometa", seu pouso não foi tão suave quanto se calculava. Pelo contrário, o pequeno módulo "quicou" pela superfície do cometa. Isso fez com que os importantes instrumentos que ele carregava não pudessem realizar todos os experimentos que se tinha planejado anteriormente. Os cientistas não receberam amostras suficientes do sistema de perfuração e distribuição do Philae devido a inesperada "posição de pouso vertical" do módulo. A ESA chegou a anunciar no começo desse ano que tinha perdido as esperanças de recuperar contato com o módulo Philae, devido a distância da sonda em relação ao módulo, e de que a sonda Rosetta muito provavelmente irá terminar sua missão colidindo com o 67P/Churyumov-Gerasimenko em setembro desse ano.
Entretanto, um anúncio feito na última sexta-feira (27) pela própria ESA, serviu como uma espécie de prêmio de consolação, por mais que todos ainda considerem que a missão tenha sido um sucesso após uma viagem de 10 anos até que o módulo pudesse tocar no superfície do cometa em 12 de novembro de 2014. O anúncio estava relacionado a um artigo publicado no periódico Science Advances, no qual cientistas europeus e americanos analisaram novos dados do espectrômetro orbital da sonda Rosetta, o ROSINA (Rosetta Orbiter Spectrometer for Ion and Neutral Analysis, ou "Espectrômetro Orbital Para Análises Iônicas e Neutras", em português), e descobriram a presença da glicina (único aminoácido que é conhecido por ser capaz de formar sem a presença de água no estado líquido, sendo considerada precursora de diversas espécies químicas), do fósfóro (um elemento-chave em todos os organismos vivos conhecidos) e pelo menos mais dois compostos na atmosfera do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Isso reforça substancialmente a teoria que vida, tal como a conhecemos, possa ter tido ao menos uma "colaboração" de cometas. Vamos saber mais sobre esse assunto?
Imagino que eu possa ter "falado grego" para muitos que não estão habituados a esse assunto ou que até possuem interesse e pensam que não vão conseguir entender nada do que será postado. Porém, não é bem assim, e vamos explicar rapidamente para vocês um pouco do que aconteceu antes de chegar a esse artigo publicado no periódico Science Advances, bem como sua relevância científica.
O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko é um cometa do nosso Sistema Solar que possui período orbital atual de aproxidamente 6,5 anos, ou seja, ele demora mais ou menos 6 anos e 6 meses terrestres para dar uma ao redor do nosso Sol. Em termos práticos: se você o visse cruzando o céu hoje, provavelmente só veria ele novamente no final de 2022. Certo? Sua última passagem pelo seu periélio, ou seja, o ponto mais próximo que ele chegou em relação ao Sol, ocorreu em agosto de 2015.
Certo dia surgiu o interesse da ESA (Agência Espacial Europeia) em investigar um pouco mais a respeito dele, para obter informações sobre o ciclo de vida do cometa e dados preciosos a respeito da origem do Sistema Solar. Porém, havia uma audaciosa missão em mente: a ESA queria fazer um módulo pousar no 67P/Churyumov-Gerasimenko. Para isso ela lançou em 2004 a sonda espacial Rosetta, que carregava com ela o módulo Philae, que após uma espera de 10 anos, finalmente o módulo pousou em novembro 2014 em sua superfície, quer dizer, o módulo "quicou" por ela até pousar definitivamente, o que comprometeu consideravelmente sua missão (por mais que não deixem transparecer), que já era naturalmente muito complexa e arriscada.
Isso sem contar que o destino final de Philae acabou sendo uma área não planejada, montanhosa e com pouca exposição à luz solar, o que comprometia o módulo em carregar suas baterias. Confira uma reportagem feita pela emissora norte-americana de TV, a ABC, sobre esse acontecimento em novembro de 2014, em um canal de terceiros no Youtube (em inglês):
De qualquer forma, o módulo Philae tornou-se o primeiro objeto construído pela civilização humana a pousar na superfície de um cometa. Algo histórico e que ganhou muita repercussão na mídia naquela época. Desde então o Philae enviou dados referentes a descobertas de compostos orgânicos, e gerou especulações sobre vida extraterrestre no cometa. Até mesmo o professor Chandra Wickramasinghe diretor do Centro de Astrobiologia da Universidade de Buckingham, na Inglaterra, principal defensor da teoria da panspermia, chegou a apontar evidências que demonstravam que diversas características do cometa, assim como sua crosta negra orgânica, seriam melhores explicadas pela presença de organismos vivos sob a sua superfície gelada. Aliás, a sonda Rosetta até mesmo detectou a presença de moléculas de oxigênio entre os gases que cercam o cometa 67P.
O módulo Philae se comunicou por algumas vezes durante primeiro semestre do ano passado, porém a última comunicação do módulo com a sonda, e finalmente com a Terra, aconteceu em julho do ano passado. Conforme dissemos anteriormente, a ESA chegou a anunciar no começo desse ano que tinha perdido as esperanças de recuperar contato com o módulo Philae, devido a distância da sonda em relação ao módulo e também pelo fato de acreditarem que os painéis solares do módulo já estivessem cobertos de poeira do próprio cometa, impossibilitando assim que suas baterias recarregassem.
A sonda espacial Rosetta teve que ir se afastando gradualmente do cometa 67P, até ficar em uma distância segura devido a passagem do mesmo pelo seu períélio em agosto do ano passado. Isso porque nesse período de exposição mais próximo do Sol, o cometa estava mais ativo e liberando quantidades muito maiores de gases e vapor d'água, o que poderia comprometer totalmente a sonda espacial. Está previsto que sua missão termine em setembro desse ano*, uma vez que ela está indo rumo ao espaço profundo, muito longe do Sol para os painéis solares da própria Rosetta funcionarem como deveriam. A altenativa será pousá-la ou colidí-la no cometa 67P onde descansará ao lado do módulo, talvez pela eternidade.
O que acabamos de escrever é basicamente um resumo bem básico da saga da sonda espacial Rosetta e do seu módulo Philae. Entretanto, caso você ainda tenha alguma dificuldade para compreender esse assunto, faço um convite para que acesse os seguintes vídeos e postagens:
Vídeo:Pousamos no Cometa! Sabe por quê? (#02 - Notícias Assombradas)
Vídeo:As Conspirações em Torno do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko (#23 - Notícias Assombradas)
Vídeo: A Origem da Vida: Grande Novidade Indica que é o Universo! (#329 - Notícias Assombradas)
Postagem:O Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko Pode Abrigar Vida Alienígena?
Postagem:ESA Diz Ter Descoberto A Origem Dos Misteriosos Sons Do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko
Postagem:A Origem da Vida: Pesquisadores Descobrem que a Ribose, o "R" do RNA, Poderia se Formar Naturalmente no Espaço
De qualquer forma, tenho certeza que diante de todo esse material e esse pequeno resumo, vocês estarão prontos para o que comentaremos a seguir, sobre a descoberta de glicina e fósforo na atmosfera do cometa 67P, a importância disso para o meio científico, assim como em nossa tentativa científica de compreender a origem da vida em nosso planeta.
Foi através de um tuíte e uma postagem no site da própria ESA na última sexta-feira (27), que a comunidade científica soube que cientistas tinham pela detectado pela primeira vez, de forma direta, um aminoácido simples, porém fundamental, e uma rica seleção de moléculas orgânicas na atmosfera a partir do cometa 67P. Isso reforçava ainda mais a hipótese de que esses corpos celestes gelados possam ter semeado alguns dos ingredientes fundamentais para a existência da vida, tal como a conhecemos na Terra.
Compreender os cometas e o potencial deles para semear a água ou a vida na Terra é visto por muitos como algo essencial. A Rosetta já havia mostrado anteriormente que a contribuição dos cometas em relação a água, pode não ter sido tão grande quanto se pensa, mas uma outra pergunta ainda permanecia no ar: Será que os cometas poderiam ter semeado a Terra com os "ingredientes necessários para a vida"? Embora já tenha sido detectada a presença de 140 moléculas orgânicas no meio interestelar, ou seja, no espaço, o mesmo não se podia dizer dos aminoácidos (componentes das proteínas).
Em relação a aminoácidos o que havia sido descoberto até então eram em meteoritos (sujeitos a contaminação no ambiente terrestre) ou então em cometas produzidos artificialmente em laboratório, mas não em uma detecção direta no espaço.
Entretanto isso mudou com a revelação que a sonda espacial Rosetta, mais precisamente através dos dados obtidos por seu espectrômetro orbital, o ROSINA (Rosetta Orbiter Spectrometer for Ion and Neutral Analysis, ou "Espectômetro Orbital Para Análises Iônicas e Neutras", em português) detectou por diversas vezes traços de glicina na atmosfera do cometa 67P. Segundo a ZME Science, a glicina é o menor dos 20 aminoácidos normalmente encontrados em proteínas, sendo um dos aminoácidos mais simples que temos conhecimento.
Nesse ponto é importante mencionar que através da missão Stardust da NASA foram coletadas amostras de gases e poeira de um cometa chamado "Wild 2" em 2004, sendo que o material caiu literalmente de paraquedas em nosso planeta em 2006. Naquela época, cientistas estavam mais uma vez buscando por mais informações para desvendar a história do nosso sistema solar.
Em 2009, foi anunciado que um "ingrediente" fundamental para a vida foi descoberto em uma amostra do próprio "Wild 2". Adivinha quem era? Acertou quem disse que era justamente a glicina. Contudo, uma vez que a mesma é encontrada em nosso ambiente terrestre, a equipe não descartava uma eventual contaminação por fontes terrestres. Eles até fizeram uma análise de isótopos de carbono, e essa análise apontava que glicina teria se originado mesmo a partir do cometa, não aqui da Terra. De qualquer forma, ainda havia uma certa desconfiança em virtude dessa possível contaminação. Portanto, essa recente detecção da sonda espacial Rosetta se tornou "a primeira vez" que a glicina foi encontrada sendo naturalmente vaporizada no espaço.
"Nós sabemos que a Terra foi constantemente bombardeada tanto por material asteroidal, quanto por material cometário. Já tiveram diversas alegações de que foram encontrados aminoácidos em meteoritos, mas todos eles sofreram com este problema de contaminação no ambiente terrestre. As amostras da missão Stardust - que são de um cometa, e não de um asteroide - provavelmente são menos suscetíveis a esse problema de contaminação terrestre, mas, mesmo assim, é um problema sério", disse Michael A'Hearn, astrônomo da Universidade Maryland, nos Estados Unidos, que não esteve envolvido com esse estudo recente, em entrevista para o site Space.com.
"Não é que isso não pudesse ter sido formado na Terra, visto que certamente poderia, apenas não era necessário que acontecesse dessa forma. Basicamente, a Terra teve uma grande vantagem nisso", completou.
"Observamos uma forte correlação da glicina e a poeira do cometa, o que sugere que ela é provavelmente liberada a partir dos mantos de gelo dos grãos de poeira depois de terem sido aquecidos na atmosfera do cometa, talvez em conjunto com outros elementos voláteis", disse Kathrin Altwegg, principal pesquisadora do projeto ROSINA, no Centro do Espaço e da Habitabilidade da Universidade de Berna, na Suíça, e principal autora desse mais recente estudo.
Jason Dworkin, chefe de Astroquímica do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, em Maryland, nos Estados Unidos, disse que a pesquisa reforça as descobertas de sua equipe da sonda Stardust.
"É detecção muito impressionante e alguns resultados são importantes. Não sei se isso é bem uma surpresa, mas é algo ansiosamente aguardado. Será que esses resultados estão nos dizendo que os cometas têm apenas glicina e não há outros aminoácidos, ou que existem outros aminoácidos, mas suas concentrações são inferiores aos limites de detecção?", questiona Jason Dworkin, que não esteve envolvido com o mais recente estudo.
Ao mesmo tempo, os cientistas também detectaram a presenção de moléculas orgânicas de metilamina e etilamina, que são precursoras da formação da própria glicina. Ao contrário de outros aminoácidos, a glicina se diferencia por ser a única que tem se mostrado capaz de se formar sem a presença de água em estado líquido.
"A presença simultânea de metilamina e etilamina, e a correlação entre a poeira do cometa e glicina, também nos indica as possíveis formas pela quais a glicina foi formada. Trata-se da primeira detecção de total certeza de glicina na atmosfera de um cometa", continuou Kathrin Altwegg.
De acordo com Kathrin Altwegg, a glicina provavelmente não são formada no próprio cometa, mas nas grandes extensões de poeira e detritos que faziam parte do Sistema Solar antes dos corpos planetários serem formados.
"O sistema solar foi criado a partir do material que formou em um disco, uma nebulosa solar. É muito frio dentro dessas nuvens, tanto que a química realizada por lá é uma química catalítica nas superfícies dos grãos de poeira. E esses pequenos grãos de poeira (que possuem o tamanho de 1 mícron) são muito bons para transportar a química orgânica. A própria Terra era demasiadamente quente para que aminoácidos semelhantes sobrevivessem a sua própria formação. Somente os menores corpos celestes do sistema solar permaneceram frios", acrescentou Kathrin Altwegg.
"Outros aminoácidos mais complexos necessitam de água líquida, e por isso provavelmente teriam se formado na própria Terra", completou Altwegg. Esta ideia é corroborada pelo fato de que a Rosetta não identificou quaisquer outros aminoácidos, além da glicina, nos arredores do cometa 67P.
Vale ressaltar que a glicina foi detectada em torno do núcleo do cometa 67P pela primeira vez em outubro de 2014, quando a sonda espacial Rosetta estava a 10km de distância do mesmo. Naquela época, o cometa estava a cerca de 3 unidades astronômicas (UA), ou seja, cerca de 450 milhões de quilômetros do Sol. A segunda detecção aconteceu durante um sobrevoo entre 15 a 30 km de distância do cometa, em 28 de março de 2015, a cerca de 2 UA (cerca de 300 milhões de quilômetros).
Outras ocasiões em que a glicina foi encontrada em sua cauda, estão principalmente correlacionadas ao seu periélio (entre 9 de julho a 4 de agosto de 2015), quando a sonda espacial Rosetta estava a mais de 200 km do núcleo e rodeada por uma nuvem de poeira que, posteriormente, obrigou a sonda espacial a se afastar ainda mais por razões de segurança.
"A multiplicidade de moléculas orgânicas já identificados pelo ROSINA, incluindo sulfeto de hidrogênio (H2S) e cianeto de hidrogênio (HCN), agora unidos pela emocionante confirmação de ingredientes fundamentais como a glicina e fósforo, confirma a nossa ideia de que os cometas têm potencial para produzir moléculas essenciais para a química prebiótica", disse Matt Taylor, cientista do projeto Rosetta, da Agência Espacial Europeia (ESA).
"Demonstrar que os cometas são reservatórios de material primitivo do Sistema Solar, e as 'embarcações' que poderiam ter transportado estes ingredientes vitais para a Terra, é um dos principais objetivos da missão Rosetta, e estamos muito satisfeitos com este resultado", completou.
A sonda espacial Rosetta é a primeira sonda a levar esse tipo certo de instrumento (um espectrômetro orbital) próximo de um cometa. As próximas sondas poderiam examinar outros cometas ou até mesmo trazer amostras de volta para análise, para entendermos o quão representativo o cometa 67P é em relação aos demais, ou seja, se ele é apenas uma exceção ou se muitos outros possuem "ingredientes" semelhantes.
A descoberta também é importante para que os pesquisadores tentem entender as condições primordiais do nosso Sistema Solar, isso para não mencionar em quais condições que a Terra primitiva se encontrava ao ser bombardeada por cometas semelhantes.
"Para astrobiologia, esse é um cálculo muito importante. E não é referente a vida somente na Terra; o material nos cometas foi formado em uma nuvem protoestelar, e se pode ter acontecido aqui, em nossa nuvem protoestelar, poderia ter acontecido em qualquer lugar do universo. Então você pode perguntar a si mesmo: Quantos planetas Terra existem por aí? Em quantos a vida evoluiu ou evolui mais de uma vez?", disse Kathrin Altwegg.
Apesar de ainda estarmos longe de compreender toda a mecânica que "deu a vida" ao nosso planeta Terra, sem dúvida alguma tudo indica que os cometas podem ter desempenhado e ainda desempenhem papel fundamental para semear a vida tanto na Terra, quanto em outros planetas. Além disso, se algum material biológico "adormecido" realmente vier do espaço e conseguir sobreeviver a entrada em nossa atmosfera, fornecendo novo material ao já existente em nosso planeta, então cometas e asteroides poderiam não somente semear a vida, mas serem os responsáveis por evoluções ou extinções biológicas em massa.
De qualquer maneira, Rosetta e Philae mostraram que é possível estudar cometas muito mais de perto do que se imaginava anteriormente, e mãe e filho muito provavelmente irão dormir lado a lado em uma imensa rocha de 4km de diâmetro, se movimentando pelo espaço a uma velocidade de 135.000 km/h, até quem sabe colidirem algum dia com outro corpo celeste e encontrarem um novo lar. Os dados continuarão sendo analisados e não seria nenhuma surpresa se mais novidades e descobertas fascinantes surgissem ainda esse ano. Também não seria estranho de se imaginar que Rosetta e Philae talvez acabem parando daqui a dezenas ou centenas de milhares de anos em outro planeta, para cumprir uma última missão, a de semear apenas mais um ponto em nosso universo.
Até a próxima, AssombradOs!
Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino
Fontes:
http://advances.sciencemag.org/content/2/5/e1600285.full
http://gizmodo.com/rosetta-finds-building-blocks-for-life-on-comet-1779295180
http://www.independent.co.uk/news/science/rosetta-probe-discovers-evidence-of-lifes-building-blocks-on-comet-a7053051.html
http://www.inquisitr.com/3142922/rosetta-spacecraft-finds-key-building-blocks-of-life-hiding-in-comet-dust-did-an-extraterrestrial-object-bring-life-to-earth/
http://www.space.com/33011-life-building-blocks-found-around-comet.html
http://www.unibe.ch/news/media_news/media_relations_e/media_releases/2016_e/media_releases_2016/rosettas_comet_contains_ingredients_for_life/index_eng.html
http://www.zmescience.com/science/news-science/rosetta-comet-life-30052016/
https://cosmosmagazine.com/space/rosetta-finds-ingredients-life-comet-67ps-halo
https://www.sciencedaily.com/releases/2016/05/160527190550.htm
https://www.theguardian.com/science/2016/may/27/comet-67p-atmospehere-contains-chemicals-of-life-rosetta-mission-glycine
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Por Marco Faustino
No mês passado fizemos uma postagem muito interessante mencionando alguma teorias que tentam explicar a origem da vida em nosso planeta, ou seja, de onde nós viemos. Assim sendo, demos uma ênfase maior em uma teoria chamada "Mundo de RNA". Basicamente essa teoria diz que o RNA, em um ambiente em que bases são combinadas aleatoriamente, ao acaso, mais cedo ou mais tarde irá chegar em uma combinação que realiza uma auto-replicação. A partir dessa etapa, a seleção natural entra em cena: as versões que se replicam melhor deixam mais descendentes e predominam sobre as que não se replicam. Esse processo levaria então ao surgimento do DNA e das proteínas, e daí até surgir uma vida unicelular e outras formas mais complexas de vida. O problema reside primordialmente na "fabricação" do RNA, Diversos aminoácidos (componentes das proteínas) e bases nitrogenadas (um dos componentes de ácidos nucleicos) já tenham sido encontrados em meteoritos, bem como em cometas artificiais produzidos em laboratório. Porém, a ribose, considerada o principal componente estrutural do RNA, uma vez que ela é responsável por "unir" os demais componentes (uma base nitrogenada e um fosfato), ainda não tinha sido detectada em materiais de origem extraterrestre ou criada em laboratório em "condições astrofísicas realísticas".
A grande sensação na época foi justamente na divulgação, que cientistas tinham obtido a ribose a partir de uma cometa artificial, ou seja, criado em laboratório e testado sobre essas tais "condições astrofísicas realísticas". Uma vez que os cientistas têm dificuldade em sintetizar RNA em um meio aquoso, e todas as evidências paleontológicas indicam que a vida na Terra teria começado nos oceanos, essa descoberta foi um passo fundamental em direção a essa teoria que vem ganhando cada vez mais força. Se toda a química e os blocos de construção necessários para a vida viessem prontos a partir de cometas, bem, então seria possível que a "vida" tivesse chegado até nosso planeta por meio deles. Resumindo, a Terra simplesmente teria sido "semeada" por cometas, que bombardearam nosso planeta ao longo de bilhões de anos.
O módulo Philae, da sonda Rosetta, ambos pertencentes a Agência Espacial Europeia (ESA) tinha a missão de analisar melhor um cometa apelidado de "67P/Churyumov-Gerasimenko" (também conhecido apenas como cometa 67P). Apesar dele ter detectado cerca de 16 compostos orgânicos enquanto "estava voando pelo superfície do cometa", seu pouso não foi tão suave quanto se calculava. Pelo contrário, o pequeno módulo "quicou" pela superfície do cometa. Isso fez com que os importantes instrumentos que ele carregava não pudessem realizar todos os experimentos que se tinha planejado anteriormente. Os cientistas não receberam amostras suficientes do sistema de perfuração e distribuição do Philae devido a inesperada "posição de pouso vertical" do módulo. A ESA chegou a anunciar no começo desse ano que tinha perdido as esperanças de recuperar contato com o módulo Philae, devido a distância da sonda em relação ao módulo, e de que a sonda Rosetta muito provavelmente irá terminar sua missão colidindo com o 67P/Churyumov-Gerasimenko em setembro desse ano.
Entretanto, um anúncio feito na última sexta-feira (27) pela própria ESA, serviu como uma espécie de prêmio de consolação, por mais que todos ainda considerem que a missão tenha sido um sucesso após uma viagem de 10 anos até que o módulo pudesse tocar no superfície do cometa em 12 de novembro de 2014. O anúncio estava relacionado a um artigo publicado no periódico Science Advances, no qual cientistas europeus e americanos analisaram novos dados do espectrômetro orbital da sonda Rosetta, o ROSINA (Rosetta Orbiter Spectrometer for Ion and Neutral Analysis, ou "Espectrômetro Orbital Para Análises Iônicas e Neutras", em português), e descobriram a presença da glicina (único aminoácido que é conhecido por ser capaz de formar sem a presença de água no estado líquido, sendo considerada precursora de diversas espécies químicas), do fósfóro (um elemento-chave em todos os organismos vivos conhecidos) e pelo menos mais dois compostos na atmosfera do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Isso reforça substancialmente a teoria que vida, tal como a conhecemos, possa ter tido ao menos uma "colaboração" de cometas. Vamos saber mais sobre esse assunto?
Está Perdido Sobre Esse Assunto? Um Resumo Sobre o Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko e a Importância da Sonda Rosetta e seu Módulo Philae
Imagino que eu possa ter "falado grego" para muitos que não estão habituados a esse assunto ou que até possuem interesse e pensam que não vão conseguir entender nada do que será postado. Porém, não é bem assim, e vamos explicar rapidamente para vocês um pouco do que aconteceu antes de chegar a esse artigo publicado no periódico Science Advances, bem como sua relevância científica.
O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko é um cometa do nosso Sistema Solar que possui período orbital atual de aproxidamente 6,5 anos, ou seja, ele demora mais ou menos 6 anos e 6 meses terrestres para dar uma ao redor do nosso Sol. Em termos práticos: se você o visse cruzando o céu hoje, provavelmente só veria ele novamente no final de 2022. Certo? Sua última passagem pelo seu periélio, ou seja, o ponto mais próximo que ele chegou em relação ao Sol, ocorreu em agosto de 2015.
Certo dia surgiu o interesse da ESA (Agência Espacial Europeia) em investigar um pouco mais a respeito dele, para obter informações sobre o ciclo de vida do cometa e dados preciosos a respeito da origem do Sistema Solar. Porém, havia uma audaciosa missão em mente: a ESA queria fazer um módulo pousar no 67P/Churyumov-Gerasimenko. Para isso ela lançou em 2004 a sonda espacial Rosetta, que carregava com ela o módulo Philae, que após uma espera de 10 anos, finalmente o módulo pousou em novembro 2014 em sua superfície, quer dizer, o módulo "quicou" por ela até pousar definitivamente, o que comprometeu consideravelmente sua missão (por mais que não deixem transparecer), que já era naturalmente muito complexa e arriscada.
Concepção artística do módulo Philae, que posteriormente, apesar dos problemas que teve durante a aterrissagem, conseguiu finalmente pousar e se fixar ao cometa 67P |
De qualquer forma, o módulo Philae tornou-se o primeiro objeto construído pela civilização humana a pousar na superfície de um cometa. Algo histórico e que ganhou muita repercussão na mídia naquela época. Desde então o Philae enviou dados referentes a descobertas de compostos orgânicos, e gerou especulações sobre vida extraterrestre no cometa. Até mesmo o professor Chandra Wickramasinghe diretor do Centro de Astrobiologia da Universidade de Buckingham, na Inglaterra, principal defensor da teoria da panspermia, chegou a apontar evidências que demonstravam que diversas características do cometa, assim como sua crosta negra orgânica, seriam melhores explicadas pela presença de organismos vivos sob a sua superfície gelada. Aliás, a sonda Rosetta até mesmo detectou a presença de moléculas de oxigênio entre os gases que cercam o cometa 67P.
O módulo Philae se comunicou por algumas vezes durante primeiro semestre do ano passado, porém a última comunicação do módulo com a sonda, e finalmente com a Terra, aconteceu em julho do ano passado. Conforme dissemos anteriormente, a ESA chegou a anunciar no começo desse ano que tinha perdido as esperanças de recuperar contato com o módulo Philae, devido a distância da sonda em relação ao módulo e também pelo fato de acreditarem que os painéis solares do módulo já estivessem cobertos de poeira do próprio cometa, impossibilitando assim que suas baterias recarregassem.
Gráfico mostrando de forma bem simplificada as etapas mais recentes da missão Rosetta, assim como a órbita do cometa, da Terra e de Marte |
O que acabamos de escrever é basicamente um resumo bem básico da saga da sonda espacial Rosetta e do seu módulo Philae. Entretanto, caso você ainda tenha alguma dificuldade para compreender esse assunto, faço um convite para que acesse os seguintes vídeos e postagens:
Vídeo:Pousamos no Cometa! Sabe por quê? (#02 - Notícias Assombradas)
Vídeo:As Conspirações em Torno do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko (#23 - Notícias Assombradas)
Vídeo: A Origem da Vida: Grande Novidade Indica que é o Universo! (#329 - Notícias Assombradas)
Postagem:O Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko Pode Abrigar Vida Alienígena?
Postagem:ESA Diz Ter Descoberto A Origem Dos Misteriosos Sons Do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko
Postagem:A Origem da Vida: Pesquisadores Descobrem que a Ribose, o "R" do RNA, Poderia se Formar Naturalmente no Espaço
De qualquer forma, tenho certeza que diante de todo esse material e esse pequeno resumo, vocês estarão prontos para o que comentaremos a seguir, sobre a descoberta de glicina e fósforo na atmosfera do cometa 67P, a importância disso para o meio científico, assim como em nossa tentativa científica de compreender a origem da vida em nosso planeta.
O Anúncio Feito pela Agência Espacial Europeia (ESA) na Última Sexta-Feira (27)
Foi através de um tuíte e uma postagem no site da própria ESA na última sexta-feira (27), que a comunidade científica soube que cientistas tinham pela detectado pela primeira vez, de forma direta, um aminoácido simples, porém fundamental, e uma rica seleção de moléculas orgânicas na atmosfera a partir do cometa 67P. Isso reforçava ainda mais a hipótese de que esses corpos celestes gelados possam ter semeado alguns dos ingredientes fundamentais para a existência da vida, tal como a conhecemos na Terra.
Tuíte realizado pela equipe da Missão Rosetta da Agência Espacial Europeia (ESA), na última sexta-feira (27) |
Em relação a aminoácidos o que havia sido descoberto até então eram em meteoritos (sujeitos a contaminação no ambiente terrestre) ou então em cometas produzidos artificialmente em laboratório, mas não em uma detecção direta no espaço.
Entretanto isso mudou com a revelação que a sonda espacial Rosetta, mais precisamente através dos dados obtidos por seu espectrômetro orbital, o ROSINA (Rosetta Orbiter Spectrometer for Ion and Neutral Analysis, ou "Espectômetro Orbital Para Análises Iônicas e Neutras", em português) detectou por diversas vezes traços de glicina na atmosfera do cometa 67P. Segundo a ZME Science, a glicina é o menor dos 20 aminoácidos normalmente encontrados em proteínas, sendo um dos aminoácidos mais simples que temos conhecimento.
Cientistas do Centro do Espaço e da Habitabilidade da Universidade de Berna, na Suíça trabalhando no espectrômetro orbital que atualmente a Sonda Rosetta leva consigo no espaço |
Em 2009, foi anunciado que um "ingrediente" fundamental para a vida foi descoberto em uma amostra do próprio "Wild 2". Adivinha quem era? Acertou quem disse que era justamente a glicina. Contudo, uma vez que a mesma é encontrada em nosso ambiente terrestre, a equipe não descartava uma eventual contaminação por fontes terrestres. Eles até fizeram uma análise de isótopos de carbono, e essa análise apontava que glicina teria se originado mesmo a partir do cometa, não aqui da Terra. De qualquer forma, ainda havia uma certa desconfiança em virtude dessa possível contaminação. Portanto, essa recente detecção da sonda espacial Rosetta se tornou "a primeira vez" que a glicina foi encontrada sendo naturalmente vaporizada no espaço.
"Nós sabemos que a Terra foi constantemente bombardeada tanto por material asteroidal, quanto por material cometário. Já tiveram diversas alegações de que foram encontrados aminoácidos em meteoritos, mas todos eles sofreram com este problema de contaminação no ambiente terrestre. As amostras da missão Stardust - que são de um cometa, e não de um asteroide - provavelmente são menos suscetíveis a esse problema de contaminação terrestre, mas, mesmo assim, é um problema sério", disse Michael A'Hearn, astrônomo da Universidade Maryland, nos Estados Unidos, que não esteve envolvido com esse estudo recente, em entrevista para o site Space.com.
"Não é que isso não pudesse ter sido formado na Terra, visto que certamente poderia, apenas não era necessário que acontecesse dessa forma. Basicamente, a Terra teve uma grande vantagem nisso", completou.
"Observamos uma forte correlação da glicina e a poeira do cometa, o que sugere que ela é provavelmente liberada a partir dos mantos de gelo dos grãos de poeira depois de terem sido aquecidos na atmosfera do cometa, talvez em conjunto com outros elementos voláteis", disse Kathrin Altwegg, principal pesquisadora do projeto ROSINA, no Centro do Espaço e da Habitabilidade da Universidade de Berna, na Suíça, e principal autora desse mais recente estudo.
Foto do prédio do Centro do Espaço e da Habitabilidade da Universidade de Berna, na Suíça |
"É detecção muito impressionante e alguns resultados são importantes. Não sei se isso é bem uma surpresa, mas é algo ansiosamente aguardado. Será que esses resultados estão nos dizendo que os cometas têm apenas glicina e não há outros aminoácidos, ou que existem outros aminoácidos, mas suas concentrações são inferiores aos limites de detecção?", questiona Jason Dworkin, que não esteve envolvido com o mais recente estudo.
Ao mesmo tempo, os cientistas também detectaram a presenção de moléculas orgânicas de metilamina e etilamina, que são precursoras da formação da própria glicina. Ao contrário de outros aminoácidos, a glicina se diferencia por ser a única que tem se mostrado capaz de se formar sem a presença de água em estado líquido.
"A presença simultânea de metilamina e etilamina, e a correlação entre a poeira do cometa e glicina, também nos indica as possíveis formas pela quais a glicina foi formada. Trata-se da primeira detecção de total certeza de glicina na atmosfera de um cometa", continuou Kathrin Altwegg.
De acordo com Kathrin Altwegg, a glicina provavelmente não são formada no próprio cometa, mas nas grandes extensões de poeira e detritos que faziam parte do Sistema Solar antes dos corpos planetários serem formados.
Kathrin Altwegg, principal pesquisadora do projeto ROSINA no Centro do Espaço e da Habitabilidade da Universidade de Berna, na Suíça, e principal autora desse mais recente estudo |
"Outros aminoácidos mais complexos necessitam de água líquida, e por isso provavelmente teriam se formado na própria Terra", completou Altwegg. Esta ideia é corroborada pelo fato de que a Rosetta não identificou quaisquer outros aminoácidos, além da glicina, nos arredores do cometa 67P.
Vale ressaltar que a glicina foi detectada em torno do núcleo do cometa 67P pela primeira vez em outubro de 2014, quando a sonda espacial Rosetta estava a 10km de distância do mesmo. Naquela época, o cometa estava a cerca de 3 unidades astronômicas (UA), ou seja, cerca de 450 milhões de quilômetros do Sol. A segunda detecção aconteceu durante um sobrevoo entre 15 a 30 km de distância do cometa, em 28 de março de 2015, a cerca de 2 UA (cerca de 300 milhões de quilômetros).
Outras ocasiões em que a glicina foi encontrada em sua cauda, estão principalmente correlacionadas ao seu periélio (entre 9 de julho a 4 de agosto de 2015), quando a sonda espacial Rosetta estava a mais de 200 km do núcleo e rodeada por uma nuvem de poeira que, posteriormente, obrigou a sonda espacial a se afastar ainda mais por razões de segurança.
"A multiplicidade de moléculas orgânicas já identificados pelo ROSINA, incluindo sulfeto de hidrogênio (H2S) e cianeto de hidrogênio (HCN), agora unidos pela emocionante confirmação de ingredientes fundamentais como a glicina e fósforo, confirma a nossa ideia de que os cometas têm potencial para produzir moléculas essenciais para a química prebiótica", disse Matt Taylor, cientista do projeto Rosetta, da Agência Espacial Europeia (ESA).
Matt Taylor, cientista do projeto Rosetta, da Agência Espacial Europeia (ESA) |
A sonda espacial Rosetta é a primeira sonda a levar esse tipo certo de instrumento (um espectrômetro orbital) próximo de um cometa. As próximas sondas poderiam examinar outros cometas ou até mesmo trazer amostras de volta para análise, para entendermos o quão representativo o cometa 67P é em relação aos demais, ou seja, se ele é apenas uma exceção ou se muitos outros possuem "ingredientes" semelhantes.
A descoberta também é importante para que os pesquisadores tentem entender as condições primordiais do nosso Sistema Solar, isso para não mencionar em quais condições que a Terra primitiva se encontrava ao ser bombardeada por cometas semelhantes.
"Para astrobiologia, esse é um cálculo muito importante. E não é referente a vida somente na Terra; o material nos cometas foi formado em uma nuvem protoestelar, e se pode ter acontecido aqui, em nossa nuvem protoestelar, poderia ter acontecido em qualquer lugar do universo. Então você pode perguntar a si mesmo: Quantos planetas Terra existem por aí? Em quantos a vida evoluiu ou evolui mais de uma vez?", disse Kathrin Altwegg.
Apesar de ainda estarmos longe de compreender toda a mecânica que "deu a vida" ao nosso planeta Terra, sem dúvida alguma tudo indica que os cometas podem ter desempenhado e ainda desempenhem papel fundamental para semear a vida tanto na Terra, quanto em outros planetas. Além disso, se algum material biológico "adormecido" realmente vier do espaço e conseguir sobreeviver a entrada em nossa atmosfera, fornecendo novo material ao já existente em nosso planeta, então cometas e asteroides poderiam não somente semear a vida, mas serem os responsáveis por evoluções ou extinções biológicas em massa.
De qualquer maneira, Rosetta e Philae mostraram que é possível estudar cometas muito mais de perto do que se imaginava anteriormente, e mãe e filho muito provavelmente irão dormir lado a lado em uma imensa rocha de 4km de diâmetro, se movimentando pelo espaço a uma velocidade de 135.000 km/h, até quem sabe colidirem algum dia com outro corpo celeste e encontrarem um novo lar. Os dados continuarão sendo analisados e não seria nenhuma surpresa se mais novidades e descobertas fascinantes surgissem ainda esse ano. Também não seria estranho de se imaginar que Rosetta e Philae talvez acabem parando daqui a dezenas ou centenas de milhares de anos em outro planeta, para cumprir uma última missão, a de semear apenas mais um ponto em nosso universo.
Até a próxima, AssombradOs!
Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino
Fontes:
http://advances.sciencemag.org/content/2/5/e1600285.full
http://gizmodo.com/rosetta-finds-building-blocks-for-life-on-comet-1779295180
http://www.independent.co.uk/news/science/rosetta-probe-discovers-evidence-of-lifes-building-blocks-on-comet-a7053051.html
http://www.inquisitr.com/3142922/rosetta-spacecraft-finds-key-building-blocks-of-life-hiding-in-comet-dust-did-an-extraterrestrial-object-bring-life-to-earth/
http://www.space.com/33011-life-building-blocks-found-around-comet.html
http://www.unibe.ch/news/media_news/media_relations_e/media_releases/2016_e/media_releases_2016/rosettas_comet_contains_ingredients_for_life/index_eng.html
http://www.zmescience.com/science/news-science/rosetta-comet-life-30052016/
https://cosmosmagazine.com/space/rosetta-finds-ingredients-life-comet-67ps-halo
https://www.sciencedaily.com/releases/2016/05/160527190550.htm
https://www.theguardian.com/science/2016/may/27/comet-67p-atmospehere-contains-chemicals-of-life-rosetta-mission-glycine