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Por Marco Faustino
Nos últimos dias, notei uma verdadeira "enxurrada" de notícias sobre uma determinada empresa norte-americana, que basicamente teria recebido uma autorização das autoridades dos Estados Unidos, para iniciar procedimentos para "trazer os mortos de volta à vida". Pelo menos era isso que os títulos chamativos das notícias associadas as imagens de capa, que mostravam zumbis ou personagens principais da série que retrata um "apocalipse zumbi" chamada "The Walking Dead", queriam dizer, tentando assim despertar a atenção do público para o assunto. Apesar de notícias sobre tentativas de prolongamento da vida não serem incomuns, e inclusive já realizamos diversas postagens sobre esse assunto, desde um cientista que teria injetado uma bactéria em si mesmo, até o extremo de tentar transplantar uma cabeça humana, essa ganhou uma pouco mais de notoriedade, porque envolvia uma permissão de autoridades norte-americanas.
Enquanto boa parte dos cientistas está preocupada em buscar a cura para doenças que afligem a humanidade, de modo a dar uma expectativa de vida maior as pessoas ou então desenvolver tecnologias para que possamos explorar nossa galáxia com o objetivo de prolongar a existência da nossa espécie diante de um cenário apocalíptico, seja ele qual for, outros parecem ter objetivos um pouco maiores. Nessa postagem comentaremos sobre uma empresa de biotecnologia norte-americana chamada Bioquark, que vem sendo divulgada por boa parte da mídia brasileira e internacional, como a empresa que dará o "primeiro passo para o fim da humanidade por meio de um apocalipse zumbi". Entretanto, será mesmo esse o objetivo da Bioquark? Ela está sozinha nesse projeto? O que existe de verdade e o que existe de exagero em toda essa história? Vamos saber mais sobre esse assunto?
Na maioria dos países, para ser "oficialmente declarado como morto", você tem que se encontrar em um quadro de perda completa e irreversível das funções cerebrais, cujo termo mais conhecido seria "morte cerebral" (também chamada de morte encefálica). E, embora isso soe como se fosse um "fim da linha", uma empresa dos Estados Unidos acredita que isso não deveria acontecer dessa maneira. A Bioquark, uma empresa do ramo da saúde, que está voltada para tecnologias, que eles mesmo denominam de "reparação" e "reanimação", alega que a morte pode não ser tão "irreversível" assim, e que estariam aptos a testar isso na prática.
"Ouvimos constantemente, por parte da comunidade médica, que a morte cerebral é 'irreversível' e deve ser considerada o fim da linha. Será que é mesmo? Será que chegamos a um ponto de vista tecnológico que nos permita ampliar os limites do que é possível, para ver se é realmente esse o caso?", disse Ira Pastor, CEO (executivo-chefe) da Bioquark, que alega ter mais de 25 anos de experiência na indústria biofarmacêutica, algo que transmitiria seriedade às metas aparentemente utópicas da organização.
"Embora seja verdade que os seres humanos não possuam capacidades regenerativas substanciais no sistema nervoso central (SNC), muitas espécies não-humanas, tais como anfíbios, planárias, e determinadas espécies de peixes, podem reparar, regenerar e remodelar partes substanciais dos seus cérebros e do tronco cerebral, mesmo após um trauma crítico que possa comprometer suas vidas", completou.
De acordo com o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), a confirmação de uma morte costumava ser algo simples, uma vez que para alguém ser declarado morto bastava o coração da pessoa parar de bater, não responder mais a estímulos e parar de respirar. A falta de oxigênio, na qual ocorre como resultado da falta de fluxo sanguíneo, rapidamente leva à perda permanente da função do tronco cerebral.
Entretanto, atualmente, a confirmação da morte é bem mais complicada, porque é possível manter o coração batendo, mesmo após o tronco cerebral (também conhecido como tronco encefálico) ter parado permanentemente de funcionar. Isso pode ser feito, por exemplo, mantendo uma pessoa em um respirador artificial, no qual permita que o corpo e o coração sejam oxigenados artificialmente. No Reino Unido, Estados Unidos, e entre tanto outros países, uma pessoa é declarada como "morta" quando sua função do tronco cerebral é permanentemente perdida. Assim sendo, a morte cerebral é amplamente aceita como argumentação para o "fim da linha", tal como a morte cardíaca.
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, a morte cerebral é a definição legal de morte. É a completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro. Isto significa que, como resultado de severa agressão ou ferimento grave no cérebro, o sangue que vem do corpo e supre o cérebro é bloqueado e o cérebro morre. Em nosso país, atualmente o diagnóstico de morte cerebral é realizado seguindo o "Termo de Declaração de Morte Encefálica", onde o exame clinico é feito por dois médicos distintos, em diferentes intervalos de tempo (de no mínimo seis horas), sendo obrigatória a utilização de exames complementares. Uma vez repetido o protocolo, e obtendo-se o mesmo resultado, encerra-se a fase clínica e passa-se aos exames complementares.
A missão do Projeto ReAnimaé se dedicar a pesquisas clínicas em relação ao estado de morte encefálica, ou coma irreversível, em indivíduos se encaixem nos critérios da "Determinação Uniforme do Ato de Morte" (UDDA) nos Estados Unidos, que seria o equivalente ao nosso "Termo de Declaração de Morte Encefálica", mas que ainda estejam em suporte cardiopulmonar ou trófico. Assista um vídeo institucional da Bioquark de 2013 (em inglês):
Ira Pastor, CEO da Bioquark, disse em entrevista para o site DailyMail, que o projeto tem um "objetivo final de induzir eventos de regeneração e remodelação epimórficos e intercalados, que possam dar início a restauração da estrutura e da função do sistema nervoso central (SNC). Ele acrescentou que o "epimórfico" nesse contexto refere-se à capacidade das células em 'apagar seus históricos' e começar novamente uma vida.
"Para realizar uma iniciativa tão complexa, estamos combinando certas ferramentas biológicas regenerativas, com outros dispositivos médicos existentes normalmente utilizados para estimulação dos pacientes com outras graves desordens do estado de consciência", explicou Ira Pastor.
Talvez a parte mais polêmica dessa história seja envolvendo uma permissão concedida pelo Conselho de Revisão Institucional (IRB) do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH), tendo como objetivo a realização de testes clínicos envolvendo um "estudo de prova de conceito empregando multi-modalidades (utilizando peptídeos bioativos intratecais, células-tronco, laser transcraniano IV e estimulação do nervo mediano como adjuvantes) em casos de morte cerebral devido a lesão cerebral traumática com lesão axonal difusa". Vale ressaltar que o "IRB" nos Estados Unidos é como se fosse uma espécie de "Conselho de Ética". De qualquer forma, isso não é simplesmente pegar um cadáver de um necrotério e tentar ressuscitá-lo, conforme alguns sites tentam dizer por aí.
Tudo isso deu um nó na sua cabeça? Vamos tentar desatá-lo.
Uma prova de conceito, ou PoC (sigla em inglês para Proof of Concept) é um termo utilizado para denominar um modelo prático que possa provar o conceito (teórico) estabelecido por uma pesquisa ou artigo técnico. Pode ser considerado também uma implementação, em geral resumida ou incompleta, de um método ou de uma ideia, realizada com o propósito de verificar que o conceito ou teoria em questão é suscetível de ser explorado de uma maneira útil.
A lesão cerebral traumática (um exemplo de traumatismo cranioencefálico ou simplesmente TCE) ocorre quando um trauma súbito causa dano ao cérebro, como por exemplo, quando a cabeça bate violentamente ou quando um objeto atravessa o crânio e entra no tecido cerebral.
Agora que você já sabe o significado de ambas as lesões, vamos aos métodos que pretendem ser empregados nesse estudo, visto que a equipe estará utilizando quatro diferentes tipos de tratamentos ao longo de seis semanas:
"Isso representa a primeira tentativa desse gênero, e mais um passo para a eventual reversão da morte no decorrer de nossas vidas", disse Ira Pastor.
O ensaio clínico da 1ª fase é descrito como um "estudo de prova de conceito não aleatório" para determinar se é possível reverter a morte cerebral usando uma combinação de tratamentos que citamos acima. Na melhor das hipóteses, caso não haja uma reanimação verdadeira do sistema nervoso central, a equipe irá analisar se eles conseguem provocar quaisquer alterações nas meninges do cérebro, as camadas de tecido que ficam entre o crânio e a superfície do cérebro. A equipe estará observando, em especial, quaisquer melhorias na saturação de oxigênio no sangue, a pressão arterial e a respiração dos pacientes.
É muito importante destacar que é necessária a permissão das famílias dos pacientes, visto que não basta apenas haver uma permissão do Conselho de Revisão Institucional. Somente após essa etapa é que os pesquisadores vão tratar seus 20 pacientes, clinicamente mortos, ao longo de um período de seis semanas no Hospital Anupam, na cidade de Rudrapur, na Índia (curiosamente não será nos Estados Unidos). Nessa "jornada" também está envolvida uma empresa chamada "Revita Life Sciences", uma empresa de biotecnologia com sede na Índia, que é parceira no âmbito da "medicina regenerativa" da Bioquark, que por sua vez tem sede na Filadélfia, nos Estados Unidos. Logo, não é apenas uma empresa, mas sim duas empresas, em dois países diferentes, e pelo menos um hospital envolvido nessa história.
É bom deixar claro mais uma vez, que pacientes "clinicamente mortos" são aqueles pacientes que são mantidos vivos apenas através da ajuda de aparelhos, o que significa que eles não conseguem respirar ou muitas vezes fazer o sangue circular por conta própria, sendo que seus cérebros foram "completamente desligados" em relação ao pleno e normal funcionamento deles.
Assim sendo, se os pesquisadores descobrirem como fazer com que os seus cérebros voltem a funcionar novamente, segundo eles, haveria uma esperança de que os pacientes pudessem recuperar algo que pelo menos se parecesse com uma vida. Por enquanto, os pesquisadores estão dando um passo de cada vez, visto que existe um longo caminho, aliás, um caminho muito longo mesmo em relação a esse tema.
"É uma visão de longo prazo a respeito de uma recuperação total desses pacientes ser uma possibilidade, embora não seja o foco desse primeiro estudo - mas é uma ponte para essa eventualidade", disse Ira Pastor.
"Através de nosso estudo, nós teremos uma visão única em relação ao estado de morte cerebral humana, que terá conexões importantes para o desenvolvimento terapêutico futuro para outras disordens graves do estado de consciência, tais como o coma, e os estados vegetativo (EV) e minimamente consciente (EMC), bem como um gama de condições degenerativas do sistema nervoso central, incluindo a doença de Alzheimer e de Parkinson", declarou Sergei Paylian, presidente e fundador da Bioquark.
Mesmo diante de toda a euforia de boa parte da mídia em divulgar apenas a parte mais popular dessa história, é importante ressaltar que apesar de ter sido declarado por Ira Pastor que eles esperam ver algum resultados nos primeiros dois ou três meses, os ensaios clínicos só devem começar em 2017. E como era de se esperar, isso foi recebido com cautela e com muito ceticismo por parte da comunidade médica.
O site Medical Daily chegou a dizer que os pesquisadores queriam descobrir se era possível "reiniciar o sistema nervoso central", depois de ter sido declarada a morte cerebral, ou seja, se as células-tronco injetadas iriam crescer e formar um novo cérebro, o que poderia, em parte, despertar a consciência do paciente clinicamente morto. O site ainda disse que esse era um caso clássico onde a vida imitava a arte, e comparou essa notícia com o filme Frankenstein de Mary Shelley.
É muito provável que essa pesquisa ainda demore longos e demorados anos até que possa ser aplicada amplamente. Além disso, o estudo de um único grupo não-aleatório estaria longe de ser um ensaio clínico aleatório, que é considerado como o melhor padrão dos ensaios clínicos.
"Embora tenha havido inúmeras demonstrações nos últimos anos, que o cérebro humano e o sistema nervoso podem não ser tão 'estáticos' e irreparáveis como normalmente se presume, a ideia de que a morte cerebral poderia ser facilmente revertida parece muito distante para ser alcançada diante das nossas habilidades e a compreensão da neurociência atual", disse o Dr. Dean Burnett, neurocientista do Centro Universitário de Cardiff para Formação Médica, no País de Gales, Reino Unido, em entrevista para o site DailyMail.
"O cérebro é um órgão muito exigente e muito complexo, porém isso também significa que é muito frágil", continuou, apontando que até mesmo uma breve interrupção do fornecimento de sangue poderia causar danos permanentes às partes ativas do cérebro.
"É verdade que algumas regiões do cérebro podem ter uma maior durabilidade, ou ter um suprimento de sangue mais assegurado, mas uma pessoa, apesar do mito, precisa de todo o seu cérebro funcionando. Não são apenas as células do cérebro que são importantes, são as formas incrivelmente complexas que estão ligadas a muitas outras regiões", completou.
"Preservar partes individuais pode ser útil, mas é um longo caminho para ressuscitar um cérebro funcionando plenamente, em um estado funcional, sem danos. Ainda não há nada que sugira que estamos sequer próximos desse ponto", finalizou.
Entretanto, como ressaltamos anteriormente, Ira Pastor espera ter os primeiros resultados no começo do ano que vem.
"Acreditamos estar muito próximos de um ponto no tempo em que a fronteira entre o coma, o coma irreversível ou morte cerebral irá se tornar 'turva', e espero ter essas tais perspectivas um tanto quanto promissoras em 2017", disse Ira Pastor, em entrevista para o site DailyMail.
"Considerando que 50.000 das 150.000 pessoas que morrem diariamente, não morrem devido ao envelhecimento natural do corpo, mas devido a diversos traumas agudos que levam rapidamente a morte cerebral, acreditamos que isso terá um grande impacto", completou.
Em entrevista para o site Health Aim, Ira Pastor foi enfático em dizer que o objetivo não era a vida eterna, mas sim de "trazer de volta da beira do precipício da morte, aqueles entes queridos que por algum motivo, estavam a caminho da 'morte definitiva'". Ele inclusive chegou a citar nomes como Einstein, Tesla, Da Vinci, e até mesmo Steve Jobs, como se os mesmos pudessem ser agraciados com mais 50 anos de vida pela frente caso já tivéssemos essa tecnologia ao nosso alcance.
Enfim, como vocês puderam perceber, toda essa notícia está muito longe de qualquer "apocalipse zumbi" ou de qualquer história de terror envolvendo pessoas saindo de seus túmulos e vagando pelas ruas com o objetivo de comer a carne humana. Aliás, está mais para um experimento do "Fílósofo" da série "Gotham", do que "The Walking Dead" (por mais que nenhuma das duas séries sirvam como exemplos para essa história). O que você lê geralmente é apenas uma parte de todo um contexto, geralmente a mais popular ou a que renderia mais acessos para um determinado site de notícias. Gosto de trazer um conteúdo mais completo, para que vocês possam ver exatamente do que se trata o assunto. Nesse caso, existem mais questões éticas no âmbito da medicina, e até certo ponto envolvendo a religiosidade de cada pessoa, do que necessariamente um apelo singular de uma obra ficcional.
Toda essa história me lembra muito o caso do "transplante de cabeça", que foi pregado de maneira tão vibrante pelo Dr. Sérgio Canavero, lembram dele? Ele também tentava transmitir todo um apelo emocional, assim como faz o CEO da Bioquark, Ira Pastor, ao induzir ao público para apoiar a necessidade do progresso nesse campo da medicina, apontando que famílias poderiam resgatar seus entes queridos dos braços da Morte. Comovente, não é mesmo? Afinal, não estamos na pele de pais e mães que veem seus filhos durante dias, meses, anos ou até mesmo décadas, entubados em um quarto de hospital ou vice-versa. Curiosamente, tanto Ira Pastor quanto o Dr. Sérgio Canavero prometem uma revolução científica para 2017, sendo que aparentemente eles sempre vêm apostando as mesmas fichas há muito tempo. Nesse caso, tanto a Bioquark quanto a Revita Life Sciences se parecem mais com agências publicitárias do que empresas do ramo da bioengenharia.
Mesmo diante de tantos e inúmeros avanços nos últimos anos, estamos realmente muito longe de compreender toda a complexidade do cérebro humano, e muito além do que nossa humanidade nos permite aceitar em termos dos estados da consciência. Aliás, ter uma discussão aberta e ampla sobre esse assunto hoje em dia, seria praticamente um caos na Terra. Apesar de termos evoluído como espécie, boa parte devido a adaptações, algumas posições sobre aspectos sociais parecem imutáveis, ainda que vivêssemos em outro planeta. Acredito que o direito de viver ou morrer pertence exclusivamente a cada um de nós, assim como seria diante de um eventual desejo de querer reviver. De qualquer forma, os familiares e os amigos devem ter papel fundamental nesse processo, uma vez que viver, ainda que seja por uma única vez, seja devido a um Deus ou não, deve ser considerado como algo maravilhoso e uma experiência única. Aliás, bastaria apenas uma vida para entender, que uma eventual eternidade, não significa necessariamente viver.
Até a próxima, AssombradOs!
Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino
Fontes:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/146morte_encefalica.html
http://reanima.tech/research/bioquark-inc-and-revita-life-sciences-receive-irb-approval-for-first-in-human-brain-death-study/
http://reanima.tech/research/could-we-soon-reverse-death-reanimation-firm-is-looking-for-ways-to-bring-brain-dead-people-back-to-life/
http://reanima.tech/research/exclusive-by-2017-humans-will-uncover-the-secrets-of-life-says-death-reversion-proponent-ira-pastor/
http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/564197/morte+cerebral+ou+morte+encefalica+o+que+e.htm
http://www.beckersspine.com/spine/item/29548-bioquark-revita-life-sciences-partner-on-regenerative-medicine-for-spinal-cord-injuries-4-points.html
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-3553644/Could-death-soon-REVERSIBLE-Reanimation-firm-looking-ways-bring-brain-dead-people-life.html
http://www.healthaim.com/exclusive-2017-humans-will-uncover-secrets-life-says-death-reversion-proponent-ira-pastor/52956
http://www.independent.co.uk/news/science/us-companies-given-permission-to-try-and-bring-people-back-from-the-dead-a7013786.html
http://www.medicaldaily.com/brain-dead-back-life-coma-stem-cells-384654
http://www.parentherald.com/articles/41338/20160505/clinical-trial-brain-death-approved-bring-dead-back-life.htm
http://www.sciencealert.com/a-biotech-company-has-been-given-permission-to-try-and-bring-dead-brains-back-to-life
http://www.telegraph.co.uk/science/2016/05/03/dead-could-be-brought-back-to-life-in-groundbreaking-project/
https://clinicaltrials.gov/ct2/show/study/NCT02742857?term=bioquark&rank=1
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Por Marco Faustino
Nos últimos dias, notei uma verdadeira "enxurrada" de notícias sobre uma determinada empresa norte-americana, que basicamente teria recebido uma autorização das autoridades dos Estados Unidos, para iniciar procedimentos para "trazer os mortos de volta à vida". Pelo menos era isso que os títulos chamativos das notícias associadas as imagens de capa, que mostravam zumbis ou personagens principais da série que retrata um "apocalipse zumbi" chamada "The Walking Dead", queriam dizer, tentando assim despertar a atenção do público para o assunto. Apesar de notícias sobre tentativas de prolongamento da vida não serem incomuns, e inclusive já realizamos diversas postagens sobre esse assunto, desde um cientista que teria injetado uma bactéria em si mesmo, até o extremo de tentar transplantar uma cabeça humana, essa ganhou uma pouco mais de notoriedade, porque envolvia uma permissão de autoridades norte-americanas.
Enquanto boa parte dos cientistas está preocupada em buscar a cura para doenças que afligem a humanidade, de modo a dar uma expectativa de vida maior as pessoas ou então desenvolver tecnologias para que possamos explorar nossa galáxia com o objetivo de prolongar a existência da nossa espécie diante de um cenário apocalíptico, seja ele qual for, outros parecem ter objetivos um pouco maiores. Nessa postagem comentaremos sobre uma empresa de biotecnologia norte-americana chamada Bioquark, que vem sendo divulgada por boa parte da mídia brasileira e internacional, como a empresa que dará o "primeiro passo para o fim da humanidade por meio de um apocalipse zumbi". Entretanto, será mesmo esse o objetivo da Bioquark? Ela está sozinha nesse projeto? O que existe de verdade e o que existe de exagero em toda essa história? Vamos saber mais sobre esse assunto?
Na maioria dos países, para ser "oficialmente declarado como morto", você tem que se encontrar em um quadro de perda completa e irreversível das funções cerebrais, cujo termo mais conhecido seria "morte cerebral" (também chamada de morte encefálica). E, embora isso soe como se fosse um "fim da linha", uma empresa dos Estados Unidos acredita que isso não deveria acontecer dessa maneira. A Bioquark, uma empresa do ramo da saúde, que está voltada para tecnologias, que eles mesmo denominam de "reparação" e "reanimação", alega que a morte pode não ser tão "irreversível" assim, e que estariam aptos a testar isso na prática.
"Ouvimos constantemente, por parte da comunidade médica, que a morte cerebral é 'irreversível' e deve ser considerada o fim da linha. Será que é mesmo? Será que chegamos a um ponto de vista tecnológico que nos permita ampliar os limites do que é possível, para ver se é realmente esse o caso?", disse Ira Pastor, CEO (executivo-chefe) da Bioquark, que alega ter mais de 25 anos de experiência na indústria biofarmacêutica, algo que transmitiria seriedade às metas aparentemente utópicas da organização.
"Embora seja verdade que os seres humanos não possuam capacidades regenerativas substanciais no sistema nervoso central (SNC), muitas espécies não-humanas, tais como anfíbios, planárias, e determinadas espécies de peixes, podem reparar, regenerar e remodelar partes substanciais dos seus cérebros e do tronco cerebral, mesmo após um trauma crítico que possa comprometer suas vidas", completou.
De acordo com o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), a confirmação de uma morte costumava ser algo simples, uma vez que para alguém ser declarado morto bastava o coração da pessoa parar de bater, não responder mais a estímulos e parar de respirar. A falta de oxigênio, na qual ocorre como resultado da falta de fluxo sanguíneo, rapidamente leva à perda permanente da função do tronco cerebral.
Entretanto, atualmente, a confirmação da morte é bem mais complicada, porque é possível manter o coração batendo, mesmo após o tronco cerebral (também conhecido como tronco encefálico) ter parado permanentemente de funcionar. Isso pode ser feito, por exemplo, mantendo uma pessoa em um respirador artificial, no qual permita que o corpo e o coração sejam oxigenados artificialmente. No Reino Unido, Estados Unidos, e entre tanto outros países, uma pessoa é declarada como "morta" quando sua função do tronco cerebral é permanentemente perdida. Assim sendo, a morte cerebral é amplamente aceita como argumentação para o "fim da linha", tal como a morte cardíaca.
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, a morte cerebral é a definição legal de morte. É a completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro. Isto significa que, como resultado de severa agressão ou ferimento grave no cérebro, o sangue que vem do corpo e supre o cérebro é bloqueado e o cérebro morre. Em nosso país, atualmente o diagnóstico de morte cerebral é realizado seguindo o "Termo de Declaração de Morte Encefálica", onde o exame clinico é feito por dois médicos distintos, em diferentes intervalos de tempo (de no mínimo seis horas), sendo obrigatória a utilização de exames complementares. Uma vez repetido o protocolo, e obtendo-se o mesmo resultado, encerra-se a fase clínica e passa-se aos exames complementares.
A missão do Projeto ReAnimaé se dedicar a pesquisas clínicas em relação ao estado de morte encefálica, ou coma irreversível, em indivíduos se encaixem nos critérios da "Determinação Uniforme do Ato de Morte" (UDDA) nos Estados Unidos, que seria o equivalente ao nosso "Termo de Declaração de Morte Encefálica", mas que ainda estejam em suporte cardiopulmonar ou trófico. Assista um vídeo institucional da Bioquark de 2013 (em inglês):
Ira Pastor, CEO da Bioquark, disse em entrevista para o site DailyMail, que o projeto tem um "objetivo final de induzir eventos de regeneração e remodelação epimórficos e intercalados, que possam dar início a restauração da estrutura e da função do sistema nervoso central (SNC). Ele acrescentou que o "epimórfico" nesse contexto refere-se à capacidade das células em 'apagar seus históricos' e começar novamente uma vida.
"Para realizar uma iniciativa tão complexa, estamos combinando certas ferramentas biológicas regenerativas, com outros dispositivos médicos existentes normalmente utilizados para estimulação dos pacientes com outras graves desordens do estado de consciência", explicou Ira Pastor.
A Polêmica Envolvendo Uma Permissão Concedida pelo Conselho de Revisão Institucional, do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos
Talvez a parte mais polêmica dessa história seja envolvendo uma permissão concedida pelo Conselho de Revisão Institucional (IRB) do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH), tendo como objetivo a realização de testes clínicos envolvendo um "estudo de prova de conceito empregando multi-modalidades (utilizando peptídeos bioativos intratecais, células-tronco, laser transcraniano IV e estimulação do nervo mediano como adjuvantes) em casos de morte cerebral devido a lesão cerebral traumática com lesão axonal difusa". Vale ressaltar que o "IRB" nos Estados Unidos é como se fosse uma espécie de "Conselho de Ética". De qualquer forma, isso não é simplesmente pegar um cadáver de um necrotério e tentar ressuscitá-lo, conforme alguns sites tentam dizer por aí.
Tudo isso deu um nó na sua cabeça? Vamos tentar desatá-lo.
Uma prova de conceito, ou PoC (sigla em inglês para Proof of Concept) é um termo utilizado para denominar um modelo prático que possa provar o conceito (teórico) estabelecido por uma pesquisa ou artigo técnico. Pode ser considerado também uma implementação, em geral resumida ou incompleta, de um método ou de uma ideia, realizada com o propósito de verificar que o conceito ou teoria em questão é suscetível de ser explorado de uma maneira útil.
A lesão cerebral traumática (um exemplo de traumatismo cranioencefálico ou simplesmente TCE) ocorre quando um trauma súbito causa dano ao cérebro, como por exemplo, quando a cabeça bate violentamente ou quando um objeto atravessa o crânio e entra no tecido cerebral.
Agora que você já sabe o significado de ambas as lesões, vamos aos métodos que pretendem ser empregados nesse estudo, visto que a equipe estará utilizando quatro diferentes tipos de tratamentos ao longo de seis semanas:
- A injeção de peptídeos (cadeias simples de proteínas) dentro da medula espinhal, diariamente.
- A injeção de células-tronco no cérebro, duas vezes por semana.
- A terapia de laser transcraniano, um tratamento não-invasivo que utiliza a luz para penetrar no crânio e ativar os processos naturais de recuperação do corpo, e que foi testado em casos de AVC, pacientes do Mal de Parkinson, e até mesmo em casos de enxaqueca no passado.
- A estimulação nervosa, outro tratamento não-invasivo, que envolve dar impulsos elétricos no nervo mediano do membro superior.
"Isso representa a primeira tentativa desse gênero, e mais um passo para a eventual reversão da morte no decorrer de nossas vidas", disse Ira Pastor.
O ensaio clínico da 1ª fase é descrito como um "estudo de prova de conceito não aleatório" para determinar se é possível reverter a morte cerebral usando uma combinação de tratamentos que citamos acima. Na melhor das hipóteses, caso não haja uma reanimação verdadeira do sistema nervoso central, a equipe irá analisar se eles conseguem provocar quaisquer alterações nas meninges do cérebro, as camadas de tecido que ficam entre o crânio e a superfície do cérebro. A equipe estará observando, em especial, quaisquer melhorias na saturação de oxigênio no sangue, a pressão arterial e a respiração dos pacientes.
Os Pesquisadores Estariam "Brincando de Deus"?
É muito importante destacar que é necessária a permissão das famílias dos pacientes, visto que não basta apenas haver uma permissão do Conselho de Revisão Institucional. Somente após essa etapa é que os pesquisadores vão tratar seus 20 pacientes, clinicamente mortos, ao longo de um período de seis semanas no Hospital Anupam, na cidade de Rudrapur, na Índia (curiosamente não será nos Estados Unidos). Nessa "jornada" também está envolvida uma empresa chamada "Revita Life Sciences", uma empresa de biotecnologia com sede na Índia, que é parceira no âmbito da "medicina regenerativa" da Bioquark, que por sua vez tem sede na Filadélfia, nos Estados Unidos. Logo, não é apenas uma empresa, mas sim duas empresas, em dois países diferentes, e pelo menos um hospital envolvido nessa história.
É bom deixar claro mais uma vez, que pacientes "clinicamente mortos" são aqueles pacientes que são mantidos vivos apenas através da ajuda de aparelhos, o que significa que eles não conseguem respirar ou muitas vezes fazer o sangue circular por conta própria, sendo que seus cérebros foram "completamente desligados" em relação ao pleno e normal funcionamento deles.
Sergei Paylian, presidente e fundador da Bioquark |
"É uma visão de longo prazo a respeito de uma recuperação total desses pacientes ser uma possibilidade, embora não seja o foco desse primeiro estudo - mas é uma ponte para essa eventualidade", disse Ira Pastor.
"Através de nosso estudo, nós teremos uma visão única em relação ao estado de morte cerebral humana, que terá conexões importantes para o desenvolvimento terapêutico futuro para outras disordens graves do estado de consciência, tais como o coma, e os estados vegetativo (EV) e minimamente consciente (EMC), bem como um gama de condições degenerativas do sistema nervoso central, incluindo a doença de Alzheimer e de Parkinson", declarou Sergei Paylian, presidente e fundador da Bioquark.
Mesmo diante de toda a euforia de boa parte da mídia em divulgar apenas a parte mais popular dessa história, é importante ressaltar que apesar de ter sido declarado por Ira Pastor que eles esperam ver algum resultados nos primeiros dois ou três meses, os ensaios clínicos só devem começar em 2017. E como era de se esperar, isso foi recebido com cautela e com muito ceticismo por parte da comunidade médica.
A Recepção dessa Notícia por Parte da Comunidade Médica
O site Medical Daily chegou a dizer que os pesquisadores queriam descobrir se era possível "reiniciar o sistema nervoso central", depois de ter sido declarada a morte cerebral, ou seja, se as células-tronco injetadas iriam crescer e formar um novo cérebro, o que poderia, em parte, despertar a consciência do paciente clinicamente morto. O site ainda disse que esse era um caso clássico onde a vida imitava a arte, e comparou essa notícia com o filme Frankenstein de Mary Shelley.
É muito provável que essa pesquisa ainda demore longos e demorados anos até que possa ser aplicada amplamente. Além disso, o estudo de um único grupo não-aleatório estaria longe de ser um ensaio clínico aleatório, que é considerado como o melhor padrão dos ensaios clínicos.
"Embora tenha havido inúmeras demonstrações nos últimos anos, que o cérebro humano e o sistema nervoso podem não ser tão 'estáticos' e irreparáveis como normalmente se presume, a ideia de que a morte cerebral poderia ser facilmente revertida parece muito distante para ser alcançada diante das nossas habilidades e a compreensão da neurociência atual", disse o Dr. Dean Burnett, neurocientista do Centro Universitário de Cardiff para Formação Médica, no País de Gales, Reino Unido, em entrevista para o site DailyMail.
O Dr. Dean Burnett, neurocientista do Centro Universitário de Cardiff para Formação Médica |
"É verdade que algumas regiões do cérebro podem ter uma maior durabilidade, ou ter um suprimento de sangue mais assegurado, mas uma pessoa, apesar do mito, precisa de todo o seu cérebro funcionando. Não são apenas as células do cérebro que são importantes, são as formas incrivelmente complexas que estão ligadas a muitas outras regiões", completou.
"Preservar partes individuais pode ser útil, mas é um longo caminho para ressuscitar um cérebro funcionando plenamente, em um estado funcional, sem danos. Ainda não há nada que sugira que estamos sequer próximos desse ponto", finalizou.
Entretanto, como ressaltamos anteriormente, Ira Pastor espera ter os primeiros resultados no começo do ano que vem.
"Acreditamos estar muito próximos de um ponto no tempo em que a fronteira entre o coma, o coma irreversível ou morte cerebral irá se tornar 'turva', e espero ter essas tais perspectivas um tanto quanto promissoras em 2017", disse Ira Pastor, em entrevista para o site DailyMail.
"Considerando que 50.000 das 150.000 pessoas que morrem diariamente, não morrem devido ao envelhecimento natural do corpo, mas devido a diversos traumas agudos que levam rapidamente a morte cerebral, acreditamos que isso terá um grande impacto", completou.
Em entrevista para o site Health Aim, Ira Pastor foi enfático em dizer que o objetivo não era a vida eterna, mas sim de "trazer de volta da beira do precipício da morte, aqueles entes queridos que por algum motivo, estavam a caminho da 'morte definitiva'". Ele inclusive chegou a citar nomes como Einstein, Tesla, Da Vinci, e até mesmo Steve Jobs, como se os mesmos pudessem ser agraciados com mais 50 anos de vida pela frente caso já tivéssemos essa tecnologia ao nosso alcance.
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Enfim, como vocês puderam perceber, toda essa notícia está muito longe de qualquer "apocalipse zumbi" ou de qualquer história de terror envolvendo pessoas saindo de seus túmulos e vagando pelas ruas com o objetivo de comer a carne humana. Aliás, está mais para um experimento do "Fílósofo" da série "Gotham", do que "The Walking Dead" (por mais que nenhuma das duas séries sirvam como exemplos para essa história). O que você lê geralmente é apenas uma parte de todo um contexto, geralmente a mais popular ou a que renderia mais acessos para um determinado site de notícias. Gosto de trazer um conteúdo mais completo, para que vocês possam ver exatamente do que se trata o assunto. Nesse caso, existem mais questões éticas no âmbito da medicina, e até certo ponto envolvendo a religiosidade de cada pessoa, do que necessariamente um apelo singular de uma obra ficcional.
Toda essa história me lembra muito o caso do "transplante de cabeça", que foi pregado de maneira tão vibrante pelo Dr. Sérgio Canavero, lembram dele? Ele também tentava transmitir todo um apelo emocional, assim como faz o CEO da Bioquark, Ira Pastor, ao induzir ao público para apoiar a necessidade do progresso nesse campo da medicina, apontando que famílias poderiam resgatar seus entes queridos dos braços da Morte. Comovente, não é mesmo? Afinal, não estamos na pele de pais e mães que veem seus filhos durante dias, meses, anos ou até mesmo décadas, entubados em um quarto de hospital ou vice-versa. Curiosamente, tanto Ira Pastor quanto o Dr. Sérgio Canavero prometem uma revolução científica para 2017, sendo que aparentemente eles sempre vêm apostando as mesmas fichas há muito tempo. Nesse caso, tanto a Bioquark quanto a Revita Life Sciences se parecem mais com agências publicitárias do que empresas do ramo da bioengenharia.
Mesmo diante de tantos e inúmeros avanços nos últimos anos, estamos realmente muito longe de compreender toda a complexidade do cérebro humano, e muito além do que nossa humanidade nos permite aceitar em termos dos estados da consciência. Aliás, ter uma discussão aberta e ampla sobre esse assunto hoje em dia, seria praticamente um caos na Terra. Apesar de termos evoluído como espécie, boa parte devido a adaptações, algumas posições sobre aspectos sociais parecem imutáveis, ainda que vivêssemos em outro planeta. Acredito que o direito de viver ou morrer pertence exclusivamente a cada um de nós, assim como seria diante de um eventual desejo de querer reviver. De qualquer forma, os familiares e os amigos devem ter papel fundamental nesse processo, uma vez que viver, ainda que seja por uma única vez, seja devido a um Deus ou não, deve ser considerado como algo maravilhoso e uma experiência única. Aliás, bastaria apenas uma vida para entender, que uma eventual eternidade, não significa necessariamente viver.
Até a próxima, AssombradOs!
Criação/Tradução/Adaptação: Marco Faustino
Fontes:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/146morte_encefalica.html
http://reanima.tech/research/bioquark-inc-and-revita-life-sciences-receive-irb-approval-for-first-in-human-brain-death-study/
http://reanima.tech/research/could-we-soon-reverse-death-reanimation-firm-is-looking-for-ways-to-bring-brain-dead-people-back-to-life/
http://reanima.tech/research/exclusive-by-2017-humans-will-uncover-the-secrets-of-life-says-death-reversion-proponent-ira-pastor/
http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/564197/morte+cerebral+ou+morte+encefalica+o+que+e.htm
http://www.beckersspine.com/spine/item/29548-bioquark-revita-life-sciences-partner-on-regenerative-medicine-for-spinal-cord-injuries-4-points.html
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-3553644/Could-death-soon-REVERSIBLE-Reanimation-firm-looking-ways-bring-brain-dead-people-life.html
http://www.healthaim.com/exclusive-2017-humans-will-uncover-secrets-life-says-death-reversion-proponent-ira-pastor/52956
http://www.independent.co.uk/news/science/us-companies-given-permission-to-try-and-bring-people-back-from-the-dead-a7013786.html
http://www.medicaldaily.com/brain-dead-back-life-coma-stem-cells-384654
http://www.parentherald.com/articles/41338/20160505/clinical-trial-brain-death-approved-bring-dead-back-life.htm
http://www.sciencealert.com/a-biotech-company-has-been-given-permission-to-try-and-bring-dead-brains-back-to-life
http://www.telegraph.co.uk/science/2016/05/03/dead-could-be-brought-back-to-life-in-groundbreaking-project/
https://clinicaltrials.gov/ct2/show/study/NCT02742857?term=bioquark&rank=1